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Faculdade Dehoniana

ECLESIOLOGIA
Ricardo Rodolfo Silva
31/05/2019

UMA ECLESIOLOGIA PARA OS TEMPOS MODERNOS

O presente trabalho tem o intuito de apresentar uma eclesiologia atual no pensamento do


cardeal Ratzinger, no qual colabora de forma magistral para o pensamento moderno e no
conhecimento da Igreja como povo de Deus. A proposta do cardeal é justamente colocar em
evidência o conceito de Igreja e qual a sua finalidade no mundo hoje e como ela deve dialogar em
um mundo onde as transformações se dão de forma rápida a vivência de um profundo relativismo.
Desta forma, a Igreja tem um papel muito importante mediante a sua postura e a sua orientação em
relação ao homem em sua construção nesse mundo. O que podemos perceber de concreto no
pensamento de Ratzinger em relação a Igreja são duas perspectivas: o primeiro o significado da
Igreja, suas implicações, o objetivo no qual ela consiste, sua origem e sua finalidade, entendendo-
a a partir de dentro. O segundo ponto elucida como a Igreja deve estar presente no mundo em meio
a pluralidade, à mudança de época, no qual busca dar uma resposta a partir do conhecimento de si
mesma, da realidade que a circunda e firmar sua identidade e missão. Assim, mediante a proposta
de confeccionar um artigo de atualidade eclesial da disciplina de Eclesiologia, a intenção é esforçar
por responder a seguinte questão: o que a Igreja é e deve ser no mundo de hoje1?
Assim, a proposta desse artigo não está na sua cronologia de forma completa, embora é
necessário, pois para compreender o significado do que é a Igreja é importante remontar ao
Evangelho, pois é nele que encontramos a raiz, origem e a natureza da Igreja. Ratzinger em seu
estudo propõe duas vertentes fundamentais em relação a definição da Igreja: a primeira em relação
a Jesus e a segunda em relação ao apóstolo Paulo, no qual se tem a definição de Igreja como corpo
místico de Cristo. Ratzinger estrutura muito bem tudo isso, onde ele diz que a primeira vertente é a
base para a segunda, referindo-se à relação de Jesus com a Igreja. Um ponto muito importante
agregado a esse estudo é de que o que Jesus pregava não era imediatamente a Igreja, mas sim, o
Reino de Deus. Mediante a isso é possível compreender o que foi afirmado no sentido de que Jesus
anunciava o Reino e o que veio foi a Igreja.
Mas, uma leitura mais aguçada dos Evangelho demonstra ao contrário dessa afirmação, ou
seja, não corresponde à realidade, em quem fundamenta isso é o cardeal Ratzinger quando diz que
por meio da leitura dos Evangelhos sob o prisma histórico aponta que a contraposição entre Reino
e Igreja não corresponde à realidade, pois para o judaísmo a atividade de reunir e purificar os
homens para o Reino faz parte do Reino de Deus2. A missão de Jesus nesse mundo foi a de reunir
aqueles que estavam separados e formar um novo povo, o grupo dos doze, do qual Ele se apresenta
como patriarca, o novo Israel que esse grupo deveria ser. Esse simbolismo, remete justamente que
Jesus quer estabelecer uma nova comunidade, onde este novo só se legitimará enquanto tal,
quando aderir a sua Pessoa. Outra evidência da união do povo a Jesus é quando pedem para Ele
os ensine a rezar, pedido esse, feito logo a formação dos setenta e dois, mostrando assim por meio
dos discípulos uma busca de unidade, sinalizada pela oração comum para constituir uma nova
Comunidade que nasce da pessoa de Jesus e solidificada pela oração3.
Um ponto forte que é muito importante destacar é a Eucaristia como expressão que segundo
Ratzinger é a conclusão de uma aliança e como aliança funda de forma concreta um novo povo, do
qual torna-se povo por meio da aliança com Deus4. Jesus ao instituir uma Igreja, uma comunidade
de salvação, mostra que Ele quer um novo Israel e um novo povo de Deus, do qual considera a

1
Alexandre Tavares ALVES, Eduardo Almeida da ROCHA, A Igreja no pensamento do Cardeal Ratzinger: uma proposta
para a eclesiologia, in Rhema (online) 15 (2011), p. 109-110, disponível em:
<https://seer.cesjf.br/index.php/RHEMA/article/download/146/pdf_15 >, acesso em: 15 de maio de 2019.
2 Joseph RATZINGER, Compreender a Igreja hoje: vocação para comunhão, 2006, p.13.
3
Alexandre Tavares ALVES, Eduardo Almeida da ROCHA, A Igreja no pensamento do Cardeal Ratzinger: uma proposta
para a eclesiologia, in Rhema (online) 15 (2011), p. 111, disponível em:
<https://seer.cesjf.br/index.php/RHEMA/article/download/146/pdf_15 >, acesso em: 15 de maio de 2019.
4 Idem, p.16
2

celebração da última ceia como ponto ápice, ou seja, esse novo povo de Deus só é um povo em
virtude do corpo de Cristo5. Aqui está a unicidade da Igreja e sua unidade, um corpo único.
A segunda vertente já sabida refere-se segundo Paulo, pois foi com ele que a Igreja é cunhada
como Corpo de Cristo, mas Paulo não traz nenhuma novidade a respeito disso, pois explicita apenas
de forma contundente aquilo que consiste em o surgimento da Igreja. É de salutar importância
destacar que Ratzinger considera que é por meio da Eucaristia que a Igreja se torna ela própria em
sua forma mais densa em todos os lugares, e, no entanto, apenas uma, como Ele próprio é apenas
um6. A Igreja católica tem sua identidade formada tendo em vista que o corpo de Cristo é formado
por diversos membros, sob uma só cabeça. A multiplicidade de dons sugere a multiplicidade de
culturas que se entendem e reclamam mutuamente. Neste aspecto, a Igreja já católica, já é
universal, desde o seu nascimento, sua origem. Toda identidade da Igreja justifica-se unicamente
neste relacionamento, no seu aspecto puramente cristológico7.
A concepção de Igreja no pensamento de Ratzinger é justamente fundada na Sagrada
Escritura, do qual possibilita uma visão de conjunto e a verdadeira compreensão de como a Igreja
está presente no mundo e a sua relação perante suas exigências.
A consciência de como a Igreja deve ser no mundo exige de Ratzinger uma concepção sobre
a Igreja, do qual ele argumenta que

Não é a Igreja simplesmente a continuação dessa atitude de Deus que se mistura com a
miserabilidade humana? Não é ela a continuação da comensalidade de Jesus com os pecadores?
Misturando-se à aflição do pecado a ponto de parecer sucumbir nele? Não se revela na santidade
imperfeita da Igreja diante das expectativas de pureza a verdadeira santidade de Deus, que é amor,
um amor que não se mantém na distância aristocrática do puro intocável, mas que se mistura à
sujeira do mundo para superá-la? Nessa perspectiva caberia à santidade da Igreja ser outra coisa
que não sustentáculo mútuo que se deve ao fato de todos serem suportados, afinal, por Cristo?
Confesso que, para mim, essa santidade imperfeita da Igreja é um consolo infinito 8.

Perante isso é possível vislumbrar o que Ratzinger pensa sobre qual o dever da Igreja no
mundo. Para ele há uma conexão sagrada, onde o homem coopera em tudo aquilo que lhe é próprio,
não tirando com isso a dignidade da Igreja, mas é reforçada e a estabelece. Sua linha de
pensamento aponta para algo muito importante e que é relevante destacar: “ é a realidade divina
que está imersa na realidade humana para santifica-la. A Igreja é no mundo sacramento, isto é,
sinal de Deus para a salvação humana e por isso deve sempre ter essa mentalidade resguardada.
Ela está no mundo, mas não e do mundo”9.
Aos que insistem numa visão incompleta de que a Igreja é construída por esforços humanos
e de que ela se tornara um empecilho para fé, ao invés de ser sua principal divulgadora. Ratzinger
por sua vez colabora de forma clara que

Uma Igreja que se baseia nas decisões da maioria, torna-se uma Igreja meramente humana. Reduz-
se ao nível do factível, do plausível, do que é fruto de meras opiniões. [...] uma Igreja que se faz a
si mesma tem o sabor do “si mesmo” que desagrada a outros “si mesmos” e bem cedo revela sua
insignificância. Reduz-se ao domínio do empírico com uma Igreja assim ninguém pode mais
sonhar10.

Frente a isso é importante ressaltar que a Igreja é no mundo sacramento, do qual aponta para
uma realidade que esta superior a si mesma, ou seja, ela reflete não a si mesma, mas Deus. Isso

5 Joseph RATZINGER, O novo povo de Deus, 1974, p. 80


6 Joseph RATZINGER, Compreender a Igreja hoje: vocação para comunhão, 2006, p. 21
7
Alexandre Tavares ALVES, Eduardo Almeida da ROCHA, A Igreja no pensamento do Cardeal Ratzinger: uma proposta
para a eclesiologia, in Rhema (online) 15 (2011), p. 112-113, disponível em:
<https://seer.cesjf.br/index.php/RHEMA/article/download/146/pdf_15 >, acesso em: 15 de maio de 2019.
8 Joseph RATZINGER, Introdução ao cristianismo: preleções sobre o símbolo apostólico com um ensaio introdutório,

2005, p. 252.
9 Alexandre Tavares ALVES, Eduardo Almeida da ROCHA, A Igreja no pensamento do Cardeal Ratzinger: uma proposta

para a eclesiologia, in Rhema (online) 15 (2011), p. 114, disponível em:


<https://seer.cesjf.br/index.php/RHEMA/article/download/146/pdf_15 >, acesso em: 15 de maio de 2019.
10 Joseph RATZINGER, Compreender a Igreja hoje: vocação para comunhão, 2006, p. 78
3

faz quebrar o questionamento de que ela é um obstáculo e com isso tendo uma visão mais positiva,
sendo ela ponte da fé e janela para que o homem e o mundo tenham capacidade de se inserir
dentro de um horizonte do qual possam superar-se em vista da meta definitiva, levando o homem
para além de si mesmo. Ratzinger aponta para isso quando diz que “ a Igreja não é uma comunidade
daqueles que não precisam de médicos” (Mc 2,17), mas comunidade de pecadores convertidos que
vivem da graça e a comunicam aos outros11.
A Igreja como Corpo de Cristo não se esgota no todo dos fiéis, mas ela vai além, possibilitando
assim Ratzinger desenvolver ainda mais seu pensamento quando afirma que “nas estruturas
humanas a Igreja é sempre reformada”12. É importante entender o raciocínio de que não é o homem
que faz a Igreja, pois ela é proveniente da fé e não de uma opinião, no que faz compreender que
ela não é fruto da inconstância e nem das moléstias humanas. Nessa perspectiva é possível
compreender que “ a Igreja, portanto, não é clube, não é um partido, nem um estado religioso dentro
do Estado terrestre, mas um corpo, o corpo de Cristo. E por isto a Igreja não é feita por nós, é
construída pelo próprio Cristo, ao purificar-nos pela Palavra e pelo sacramento, fazendo de nós os
seus membros13.
Uma questão importante é verificada em relação ao homem, ou seja, se o pensamento é de
que é o homem que faz a Igreja, teremos uma Igreja vazia, pois cada imporá sua maneira própria e
isso fará que a Igreja como Corpo de Cristo se torne uma associação ou um partido político, com
ideologias que suprimirá a ética cristã. Por isso é de alta relevância compreender que a Igreja quanto
mais próxima do Senhor, mais ela se tornará ela mesma em sua natureza e missão14, do qual o
cardeal afirma que “não precisamos de uma Igreja mais humana: precisamos de uma Igreja mais
divina, que será então realmente humana. É por isto que tudo o que é feito pelo homem dentro da
Igreja deve ser visto em seu caráter de puro serviço, subordinado ao essencial”15.
Diante de toda realidade apresentada sob a ótica do cardeal Ratzinger, fica clara a sua
postura de qual é o dever na Igreja no Mundo e aquilo que ela não deve ser. A eclesiologia apontada
por ele é muito objetiva, pois é ressaltado sua visão de integralidade, ou seja, o cardeal mostra o
empenho que se deve ter para que a Igreja não seja vista de forma fragmentada, mas que se tenha
uma visão integral, para que seja possível uma análise mais profunda e na mesma medida16. Por
isso o estudo da eclesiologia é fundamental, pois, nela é tratada de forma direta temáticas referente
a Igreja e sua missão no mundo e isso deve ser feito sob as perspectivas de seu agir, inseridas
dentro da eclesiologia proposta por Ratzinger que toca de modo claro a dinâmica da Igreja17.
Portanto, dentro do contexto de como deve ser a postura da Igreja no mundo, resta dizer
que ela deve dialogar com todas as estruturas, crentes e não crentes, internas e externas, sendo
continuadora da missão de Jesus no mundo de hoje e no seu trato com as pessoas, levando assim
o ser humano a buscar em suas inquietações mais profundas e colaborar na construção de um
mundo novo18.

11 Idem, p. 83.
12Joseph RATZINGER, Messori, V. A fé em crise? O cardeal Ratzinger se interroga, 1985, p. 33.
13Joseph RATZINGER, Compreender a Igreja hoje: vocação para comunhão, 2006, p. 91.
14 Alexandre Tavares ALVES, Eduardo Almeida da ROCHA, A Igreja no pensamento do Cardeal Ratzinger: uma proposta

para a eclesiologia, in Rhema (online) 15 (2011), p. 115, disponível em:


<https://seer.cesjf.br/index.php/RHEMA/article/download/146/pdf_15 >, acesso em: 15 de maio de 2019.
15 Joseph RATZINGER, Compreender a Igreja hoje: vocação para comunhão, 2006, p. 81.
16 Alexandre Tavares ALVES, Eduardo Almeida da ROCHA, A Igreja no pensamento do Cardeal Ratzinger: uma proposta

para a eclesiologia, in Rhema (online) 15 (2011), p. 115, disponível em:


<https://seer.cesjf.br/index.php/RHEMA/article/download/146/pdf_15 >, acesso em: 15 de maio de 2019.
17 Idem, p. 120.
18 Ibidem.
4

Referências:

ALVEZ, Alexandre Tavares, ROCHA, Eduardo Almeida da. A Igreja no pensamento do Cardeal
Ratzinger: uma proposta para a eclesiologia. In Rhema (online) 15 (2011), p. 109-121, disponível
em: <https://seer.cesjf.br/index.php/RHEMA/article/download/146/pdf_15 >, acesso em: 15 de maio
de 2019.

RATZINGER, Joseph. Introdução ao cristianismo: preleções sobre o símbolo apostólico com um


ensaio introdutório. São Paulo: Loyola, 2005.

_________________. Messori, V. A fé em crise? O cardeal Ratzinger se interroga. São Paulo: Epu,


1985.

_________________. O novo Povo de Deus. São Paulo: Paulinas, 1974.

_________________. Compreender a Igreja hoje: vocação para a comunhão. Petrópolis: Vozes,


2006.

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