Curso: História - Disciplina: Civilização Brasileira II Professora: Dra. Any Marise.
Resumo do texto: “Era o golpe de 64 inevitável?” de Jacob Gorender:
Iniciando a discussão sobre o assunto, Jacob Gorender - autor marxista
da historiografia brasileira - aborda a questão do inevitável e da inevitabilidade em curto prazo ao discutir o golpe de 64. Defende a categoria de inevitabilidade, como parte do pensamento historiográfico servindo-se do pensamento de Marx: “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não fazem sob circunstâncias de sua escolha...”. (p.109) Segundo aponta o autor sobre o golpe de 64: “até talvez dezembro de 1963 ou janeiro de 1964, ainda não era inevitável.” (p.109) Ele acrescenta a possibilidade do golpe ser evitado, se a esquerda fosse coesa e mobilizasse as forças reformistas, demonstrando superioridade contra os adversários militares. No entanto, os generais protagonistas do golpe confirmam que as articulações nos altos escalões funcionaram como se já estivessem programadas, contrapondo essa ideia o autor fala que houve muitos “vai-e- vens”. Jango tentou conciliar com as forças conservadoras, e conter as manifestações e reprimir o povo. Mas, Jango estava se preparando para o continuísmo e isso pode ser visto quando ele procura-se entender com as forças esquerdistas do PCB. São referencias chaves para essa discussão algumas citações do autor e destaca-se dentre elas, a ideia do golpismo não estar só com a direita, mas, também com os esquerdistas. Além disso, no contexto internacional, o fato dos Estados Unidos não aceitarem a instalação de um regime de esquerda no país, é considerado como força contrária ao regime comunista. Apesar de esquerdista o PCB e outras frentes favoráveis ao socialismo, não pensavam em implantar no país o regime socialista. Soma-se a isso, a falta de influencia e participação das massas trabalhadoras para tal revolução. Uma hipótese levantada pelo marxista é, se as correntes esquerdistas que defendiam as reformas de base, tivessem se mobilizado sairiam vencedora. Mas como a história trabalha com fatos, isso não ocorreu. Além disso, o autor destacou a atuação política de sargentos, marinheiros e soldados das Forças Armadas e das polícias militares descontentes com as políticas da época. Outro ponto considerado foi o fracasso de Jânio ao pressionar para governar com autoritarismo, ser uma semente germinada no golpe de 1964. Diante dessas evidencias, registra fatos e devem ser analisados à luz da conjuntura da época. Por exemplo, ele afirma não haver uma forte articulação dos militares golpistas. Entretanto, não inclui nesse caso, os membros da chamada “intelligentsia” do Instituto de Pesquisas e Estudo Sociais - IPES, dirigido por Golbery. Nele planos direitistas, foram preparados e medidas econômicas e políticas foram efetivadas na primeira ditadura militar com a instituição do AI-1. Há quem diga que a ditadura militar já estava efetivada, porém, Gorender acredita ser uma ditadura civil, aquela vivida nos tempos de Getúlio Vargas no Estado Novo. Após essas explicações, o historiador afirma: “No Brasil, o poder foi assumido, em 1964, pelas Forças Armadas, que institucionalizaram um processo de sucessão dos presidentes da República escolhidos entre os pares do alto comando, de tal maneira que não houve lugar para um caudilho militar.” (p. 113) E este é um ponto a considerar para se compreender a sucessão do governo militar para o governo democrático vigente. Desse modo, resgatando os apontamentos de Marx sobre a aparência e a essência, demonstra a ocorrência de um governo democrático “apenas na aparência” e explica ter sido a transição “pelo alto”, na essência, pelo fato de outros militares e aliados terem sido escolhidos após o governo do General Figueiredo, aparentando desse modo, uma “abertura democrática”. Para reforçar sua tese que o golpe não era inevitável, Gorender argumenta: “... tornou-se inevitável na curta conjuntura dos dois ou três meses que o antecederam.” (p.114) O autor entende que se as forças políticas reformistas se mobilizassem na época o golpe não aconteceria e aponta vários fatores que contribuíram para o enfraquecimento da esquerda. São destacadas as divisões democráticas e nacionalistas, as lutas internas, o enfraquecimento das frentes populares, as ambições de Brizola e Jango e de vacilos do partidão. Encerra o texto tratando o assunto da inflação, ser “herança do regime militar”, e apela pela defesa da liberdade democrática.
BIBLIOGRAFIA:
GORENDER, Jacob, “Era o golpe de 64 inevitável?”, in TOLEDO, Caio Navarro de
(org.), 1964: visões críticas do golpe. Democracia e reformas no populismo. Campinas: Unicamp, [19--], Pp. 109-116.