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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.784.741 - SP (2018/0292834-2)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


RECORRENTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA EST DE MATO
GROSSO DO SUL
ADVOGADO : RODRIGO FLÁVIO BARBOZA DA SILVA - MS015803
RECORRIDO : MMR
REPR. POR : MMMR
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
INTERES. : A J R DE O
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO INDIVIDUAL. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. CIRURGIA
PLÁSTICA. DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. REVISÃO DO VALOR
FIXADO NA ORIGEM. EXCEPCIONALIDADE NÃO CONSTATADA, NO
CASO. SÚMULA 7/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MAJORADOS.
ART. 85, § 11, DO CPC/2015.
1. Cuida-se, na origem, de Agravo de Instrumento contra decisão proferida em
liquidação de sentença em Ação Civil Pública que reconheceu a exigibilidade de
obrigação de pagar quantia certa em relação a médico que realizou cirurgias que
causaram danos estéticos e morais em pacientes, condenando-se solidariamente o
órgão de classe profissional ora recorrente, por entender a existência de culpa e
demora na atuação fiscalizatória quanto ao exercício da profissão. A decisão
agravada fixou em R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) a indenização por danos
morais e estéticos em favor da parte autora.
2. O Tribunal de origem manteve decisão agravada nos seguintes termos:
"Destaque-se que a indenização pelo dano moral visa recompor o transtorno
psíquico sofrido, derivado do indigitado procedimento. A tal realidade, somem-se
os contornos fáticos da presente lide, os quais foram devidamente sopesados pelo
magistrado a quo para fins da fixação da verba indenizatória ora impugnada,
destacando-se que, conforme bem salientado pelo Ministério Público Federal,
constatou-se, através de perícia médica (fls.226/227), que apesar de não ter sido
constatada nenhuma seqüela física após a cirurgia plástica para redução das
mamas, a autora apresentou flacidez nas mamas, ressaltando que a mesma foi
submetida à cirurgia reparadora, por uma equipe médica., o que pode ter
atenuado as seqüelas posteriores à primeira cirurgia. No laudo psicológico
complementar, o psicólogo afirmou que devido a situação que a paciente foi
submetida, ela experimentou dores físicas e psicológicas que não foram
entendidas de maneira adequada pelo seu psique, o que por certo desencadeou
uma evolução mais acelerada da doença mental pré-existenle. Por fim. afirmou
que a agravada não tem condições de elaborar a dimensão da agressividade
experimentada com a cirurgia mal sucedida (fl.273/275). Diante do exposto, ficou
evidenciada que a ação do médico que operou a agravada foi desastrosa,
acarretando seqüelas e em decorrência delas graves problemas psicológicos.
Face tais circunstâncias, não podem prevalecer as assertivas postas pelo
agravante, no sentido de que não fora respeitada a moderação para a fixação dos
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danos e de que não teria a vítima buscado "diretamente" qualquer indenização,
cuja demora refletiria situação a influenciar na fixação do quantum indenizatório,
uma vez que já havia sido intentada a ação civil pelo Ministério Público Federal,
sendo perfeitamente justa a espera de seu julgamento para oportuna habilitação
para a liquidação e execução. Quanto aos danos estéticos, a indenização é
perfeitamente cabível, diante do conjunto probatório constante nos autos. Assim,
no tocante a indemzaçao por danos morais, esta acaba por se perfazer mediante
recomposição, ou seja, através da fixação de valor em pecúnia, forma de se
tentar minorar a contrariedade vivenciada, cujo montante há de ser compatível à
extensão do dano causado, ao abalo psíquico suportado, sem dar ensejo ao
enriquecimento sem causa, bem como ostentar feitio de reprimenda ao
responsável pela ocorrência fática, para que em tal conduta não venha a reincidir,
devendo ser de igual modo ponderada a situação econômica de ambas as partes.
(...) Desse modo, tendo cm vista o histórico dos dissabores passados pela
agravada e a condição desta, decorrentes da malsucedida intervenção cirúrgica
realizada pelo corréu Alberto Rondon, relatados em sede da decisão agravada, e
em especial considerando o conjunto probatório, entende-se dentro dos
parâmetros da razoabilidade e proporcionalidade a fixação procedida pela
instância a quo, a saber, o importe de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) a título
de danos morais e, ainda, a quantia, de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), para fins de
reparação pelos danos estéticos. Logo, deve ser mantido o montante
indenizatório, a título de reparação pelos danos morais e estéticos sofridos".
3. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que a revisão dos
valores fixados a título de danos morais somente é possível quando exorbitante ou
insignificante, em flagrante violação aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, o que não é o caso dos autos. A verificação da
razoabilidade do quantum indenizatório esbarra no óbice da Súmula 7/STJ.
4. Recurso Especial não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça: ""A Turma, por
unanimidade, não conheceu do recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a).
Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques,
Assusete Magalhães e Francisco Falcão (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator."

Brasília, 19 de março de 2019(data do julgamento).

MINISTRO HERMAN BENJAMIN


Relator

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.784.741 - SP (2018/0292834-2)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


RECORRENTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA EST DE MATO
GROSSO DO SUL
ADVOGADO : RODRIGO FLÁVIO BARBOZA DA SILVA - MS015803
RECORRIDO : MMR
REPR. POR : MMMR
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
INTERES. : A J R DE O

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Trata-se


de Recurso Especial (art. 105, III, "a", da CF) interposto contra acórdão assim ementado:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. DANOS MORAIS
E ESTÉTICOS. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO.
ATENDIMENTO AOS PADRÕES DA RAZOABILIDADE,
PROPORCIONALIDADE E AOS CONTORNOS FÁTICOS DA
DEMANDA. MANUTENÇÃO DO MONTANTE ARBITRADO PELA
INSTÂNCIA A QUO. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Agravo de instrumento interposto pelo Conselho Regional de
Medicina de Mato Grosso do Sul - CRM/MS contra decisão proferida em
liquidação de sentença, concernente a ação civil pública intentada para defesa de
direitos individuais homogêneos, versando a insurgência quanto à fixação do valor
a título de indenização por danos morais e estéticos, cujo importe não teria
atendido ao critério da moderação, tampouco aos contornos fáticos da lide,
pugnando por sua redução.
2. A ação civil pública originária foi ajuizada pelo Ministério
Público Federal em face do Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso do
Sul - CRM/MS e de médico então inscrito perante os quadros da autarquia, em
razão da realização de reiteradas cirurgias plásticas das quais derivaram danos
materiais, morais e estéticos cm diversos pacientes, tendo sido os corréus
condenados solidariamente à indenização pelas seqüelas advindas dos
procedimentos cirúrgicos indevidamente realizados pelo ex-médico.
3. Perfeitamente legítima a cumulação da indenização por dano
moral e estético, nos exatos termos constantes do provimento objeto do
cumprimento de sentença - cujo tema, em verdade, não mais se põe a debate-,
pois a primeira visa recompor o transtorno psíquico sofrido, derivado do indigitado
procedimento, ao passo que a segunda, afeta à mesma origem, objetiva reparar a
deformidade de sua imagem no meio íntimo e social.
Precedentes do STJ.
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4. Para fins de indenização por danos morais, tem-se traduzido a
recomposição na fixação de um valor em pecúnia, forma de se tentar minorar a
contrariedade vivenciada, cujo montante há de ser compatível à extensão do dano
causado, ao abalo psíquico suportado, sem dar ensejo ao enriquecimento sem
causa, bem como reprimir o responsável pela ocorrência fática, para que em tal
conduta não venha a reincidir, devendo ser de igual modo ponderada a situação
econômica de ambas as partes, observados os critérios de razoabilidade e
proporcionalidade. Precedentes do STJ.
5. Os danos morais e cslélicos foram vastamente comprovados
pela prova documental e pericial, fazendo jus a vítima à pretendida indenização.
6. A correção monetária em relação ao valor fixado a título de
dano moral e estético deve incidir a partir da condenação (Súmula 362 do
Superior Tribunal de Justiça, REsp 934969), e a correção monetária, em relação
ao valor lixado a título de dano material, deve incidir a partir da data do evento
danoso, ambas na forma do Manual de Orientação de Procedimentos para
Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução n° 267/2013 e com base no
IPCA, a elas não se aplicando os Índices de remuneração básica da caderneta de
poupança, por força da declaração de inconstitucionalidade parcial por
arrastamento do art. 5º da L. 11.960/09, no julgamento conjunto das Ações"
Diretas de Inconstitucionalidade n° 4.357, 4.372, 4.400 e 4.425 pelo Supremo
Tribunal Federal e conforme REsp 1270439, apreciado pelo STJ sob o regime do
artigo 543-C do CPC de 1973 (art. 1036 do Código de Processo Civil de 2015).
7. Os juros de mora, sobre os valores devidos a título de
indenização por danos morais, estéticos e materiais, devem incidir desde a data do
evento danoso (Súmula 54 do Superior Tribunal de Justiça) no percentual de
0,5%, com fundamento nos artigos 1.062 do antigo CC e 219 do CPC de 1973, até
a data da vigência do novo Código Civil (11.01.2003), oportunidade em que o
percentual passa a ser de 1%, ex vi dos artigos 406 do CC e 161, §1°, do CTN e,
a partir de 29.06.2009 (data da vigência da L. II .960/09), os juros devem ser
calculados com base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança, nos termos do art. 1°-F da L. 9.494/97, com redação da
L. 11.960/09 (STJ, REsp 1270439, representativo de controvérsia).
8. Manutenção da decisão agravada, revelando-se o importe fixado
em R$50.000,00, a titulo de indenização por danos morais, bem como a quantia de
RS30.000.00, pelos danos estéticos apurados, dentro dos parâmetros da
proporcionalidade e razoabilidade, atendendo, ainda, aos contornos fáticos da
demanda, reformando-se a decisão tão somente quanto à forma de incidência dos
consectários legais.
9. Agravo de instrumento parcialmente provido.

A parte recorrente alega, em Recurso Especial, a necessidade de reavaliação


do valor estabelecido pela instância ordinária a título de indenização por danos morais e danos
estéticos, considerando exagerados aqueles fixados nos autos (R$ 50.000,00 por danos
morais e R$ 30.000,00 por danos estéticos, totalizando R$ 80.000,00), afirmando haver

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ofensa ao art. 944 do Código Civil.
O Ministério Público emitiu parecer assim ementado (fl. 428, e-STJ):

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL


QUESTIONAMENTO ACERCA DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. ERRO
MÉDICO. DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. RESOLUÇÃO DO ACÓRDÃO
RECORRIDO QUE NÃO PODE SER REVERTIDA SF,M A APRECIACÃO
DF. FATOS F. PROVAS. SÚMULA 7. SITUAÇÃO CONCRETA QUE NÃO
AUTORIZA A FLEXIBILIZAÇÃO DA SÚMULA. POR NÃO SE TRATAR
DE FIXAÇÃO DE VALOR IRRISÓRIO OU EXCESSIVO PRECEDENTES.
- Parecer pelo desprovimento do recurso.

É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.784.741 - SP (2018/0292834-2)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Os autos


vieram conclusos a este Gabinete em 6.2.2019.
Trata-se, na origem, de Agravo de Instrumento contra decisão proferida em
liquidação de sentença em Ação Civil Pública que reconheceu a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia certa em relação a médico que realizou cirurgias que causaram danos estéticos e
morais em pacientes, condenando-se solidariamente o órgão de classe profissional ora
recorrente, por entender a existência de culpa e demora na atuação fiscalizatória quanto ao
exercício da profissão.
A decisão agravada fixou em R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) a indenização por
danos morais e estéticos em favor da parte autora.
O Tribunal de origem manteve decisão agravada nos seguintes termos:

Destaque-se que a indenização pelo dano moral visa recompor o


transtorno psíquico sofrido, derivado do indigitado procedimento.
A tal realidade, somem-sc os contornos fáticos da presente lide, os
quais foram devidamente sopesados pelo magistrado a quo para fins da fixação
da verba indenizatória ora impugnada, destacando-se que, conforme bem
salientado pelo Ministério Público Federal, constatou-se, através de perícia médica
(fls.226/227), que apesar de não ter sido constatada nenhuma seqüela física após
a cirurgia plástica para redução das mamas, a autora apresentou flacidez nas
mamas, ressaltando que a mesma foi submetida à cirurgia reparadora, por uma
equipe médica., o que pode ter atenuado as seqüelas posteriores à primeira
cirurgia.
No laudo psicológico complementar, o psicólogo afirmou que
devido a situação que a paciente foi submetida, ela experimentou dores físicas e
psicológicas que não foram entendidas de maneira adequada pelo seu psique, o
que por certo desencadeou uma evolução mais acelerada da doença mental
pré-existenle. Por fim. afirmou que a agravada não tem condições de elaborar a
dimensão da agressividade experimentada com a cirurgia mal sucedida
(fl.273/275).
Diante do exposto, ficou evidenciada que a ação do médico que
operou a agravada foi desastrosa, acarretando seqüelas e em decorrência delas
graves problemas psicológicos.
Face tais circunstâncias, não podem prevalecer as assertivas
postas pelo agravante, no sentido de que não fora respeitada a moderação para a
fixação dos danos e de que não teria a vítima buscado "diretamente" qualquer
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indenização, cuja demora refletiria situação a influenciar na fixação do quantum
indenizatório, uma vez que já havia sido intentada a ação civil pelo Ministério
Público Federal, sendo perfeitamente justa a espera de seu julgamento para
oportuna habilitação para a liquidação e execução.
Quanto aos danos estéticos, a indenização é perfeitamente cabível,
diante do conjunto probatório constante nos autos.
Assim, no tocante a indemzaçao por danos morais, esta acaba por
se perfazer mediante recomposição, ou seja, através da fixação de valor em
pecúnia, forma de se tentar minorar a contrariedade vivenciada, cujo montante há
de ser compatível à extensão do dano causado, ao abalo psíquico suportado, sem
dar ensejo ao enriquecimento sem causa, bem como ostentar feitio de reprimenda
ao responsável pela ocorrência fática, para que em tal conduta não venha a
reincidir, devendo ser de igual modo ponderada a situação econômica de ambas
as partes.
Ainda, consoante entendimento assente na doutrina e
jurisprudência pátrias, deve o importe arbitrado observar os critérios de
razoabilidade e proporcionalidade (STJ, AGAREsp 313672).
Desse modo, tendo cm vista o histórico dos dissabores passados
pela agravada e a condição desta, decorrentes da malsucedida intervenção
cirúrgica realizada pelo corréu Alberto Rondon, relatados em sede da decisão
agravada, e em especial considerando o conjunto probatório, entende-se dentro
dos parâmetros da razoabilidade e proporcionalidade a fixação procedida pela
instância a quo, a saber, o importe de R$50.000,00 (cinqüenta mil reais) a título de
danos morais e, ainda, a quantia, de R$30.000,00 (trinta mil reais), para fins de
reparação pelos danos estéticos.
Logo, deve ser mantido o montante indenizatório, a título de
reparação pelos danos morais e estéticos sofridos.

O recorrente interpõe o presente Recurso Especial argumentando a


necessidade de reavaliação do valor estabelecido pela instância ordinária a título de
indenização por danos morais e danos estéticos, considerando exagerados aqueles fixados nos
autos principais, afirmando haver ofensa ao art. 944 do Código Civil.
É inviável analisar a tese defendidas no Recurso Especial de que o valor fixado
a título de danos morais e estéticos seria excessivo, pois inarredável a revisão do conjunto
probatório dos autos para afastar as premissas fáticas estabelecidas pelo acórdão recorrido.
Ademais, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a revisão dos
valores fixados a título de danos morais somente é possível quando exorbitante ou
insignificante, em flagrante violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
o que não é o caso dos autos. A verificação da razoabilidade do quantum indenizatório

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Superior Tribunal de Justiça
esbarra no óbice da Súmula 7/STJ. A propósito:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DIREITOS


INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. DANOS MORAIS. VALOR
COMPATÍVEL COM O GRAVAME SUPORTADO PELA PACIENTE.
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7 DO STJ.
1. No caso em apreço, a paciente foi vítima de uma cirurgia
plástica mal sucedida na mama, o que lhe ocasionou sequelas físicas e transtornos
psicológicos graves. Dessa forma, a fixação de danos morais e estéticos em R$
60.000,00 (sessenta mil reais) não se mostra exorbitante.
2. Salvo em hipóteses de manifesta irrisoriedade ou exorbitância, o
STJ não pode, em Recurso Especial, modificar o valor da indenização por danos
morais e estéticos arbitrada nas instâncias ordinárias, com base nos elementos
probatórios coligidos (Súmula 7/STJ).
3. Recurso Especial não conhecido. (REsp 1.707.709/SP, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 19/12/2017).

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.


RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ERRO MÉDICO.
NEGLIGÊNCIA NO ATENDIMENTO MÉDICO. CERCEAMENTO DE
DEFESA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. REEXAME DO
CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ.
1. Trata-se de Ação indenizatória ajuizada por particular contra o
Município de Vargem Grande do Sul e Sigma Serviços em Saúde Ltda., buscando
indenização por danos materiais e morais, uma vez que estes teriam praticado ato
ilícito que resultou na morte do filho do recorrido por erro médico e atendimento
médico negligente.
RECURSO ESPECIAL DO MUNICÍPIO DE VARGEM
GRANDE DO SUL
2. Não há como aferir eventual ofensa ao art. 332 do CPC/1973
sem que se verifique o conjunto probatório dos presentes autos. A pretensão de
simples reexame de provas, além de escapar da função constitucional deste
Tribunal, encontra óbice na Súmula 7 do STJ, cuja incidência é induvidosa no caso
sob exame.
3. Ademais, o art. 130 do CPC consagra o princípio da persuasão
racional, habilitando o magistrado a valer-se do seu convencimento, à luz das
provas constantes dos autos que entender aplicáveis ao caso concreto. Não
obstante, a aferição acerca da necessidade de produção de determinado meio de
prova impõe o reexame do conjunto fático-probatório encartado nos autos, o que
é defeso ao STJ, ante o óbice erigido pela Súmula 7/STJ.
RECURSO ESPECIAL DE SIGMA SERVICOS EM SAUDE
LTDA.
4. Para modificar o entendimento firmado no acórdão recorrido,
averiguando se houve ou não nexo de causalidade entre a conduta dos médicos e
o dano provocado, seria necessário exceder as razões naquele colacionadas, o
que demanda incursão no contexto fático-probatório dos autos, vedada em
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Superior Tribunal de Justiça
Recurso Especial, conforme Súmula 7/STJ.
5. Para aferir a proporcionalidade do quantum de indenização por
danos morais decorrentes de responsabilidade civil, seria necessário exceder as
razões colacionadas no acórdão vergastado, o que demanda incursão no contexto
fático-probatório dos autos, vedada em Recurso Especial, conforme Súmula
7/STJ.
6. Ademais, o STJ consolidou o entendimento de que o valor da
indenização por danos morais só pode ser alterado nesta instância quando se
mostrar ínfimo ou exagerado, o que não ocorre in casu.
CONCLUSÃO
7. Recursos Especiais não conhecidos. (REsp 1.707.588/SP, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 19/12/2017)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. OMISSÃO INEXISTENTE.
REDUÇÃO DO QUANTUM FIXADO A TÍTULO INDENIZATÓRIO.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO E PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. O acórdão recorrido abordou, de forma fundamentada, todos os
pontos essenciais para o deslinde da controvérsia, razão pela qual não há que se
falar na suscitada ocorrência de violação do art. 535 do Código de Processo Civil.
2. A jurisprudência do STJ admite a revisão do quantum
indenizatório fixado a títulos de danos morais em ações de responsabilidade civil
quando configurada situação de anormalidade nos valores, sendo estes irrisórios
ou exorbitantes.
3. Na hipótese em questão, foi com base nas provas e nos fatos
constantes dos autos que o Tribunal de origem entendeu que é justo o valor de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais), arbitrado a título de indenização por danos morais,
eis que baseado nos danos sofridos em decorrência de morte ocasionada por erro
médico . Desta forma, a acolhida da pretensão recursal demanda prévio reexame
do conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado ante o óbice preconizado
na Súmula 7 deste Tribunal.
4. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1.496.167/AC,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe
19/12/2014).

Consubstanciado o que previsto no Enunciado Administrativo 7/STJ, condeno


o recorrente, sucumbente, ao pagamento de honorários advocatícios de 10% (dez por cento)
sobre o valor da verba sucumbencial fixada na origem.
Saliento que os §§ 3º e 11 do art. 85 do CPC/2015 estabelecem teto de
pagamento de honorários advocatícios quando a Fazenda Pública for sucumbente, o que deve
ser observado quando a verba sucumbencial é acrescida na fase recursal, como no presente
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caso.
Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial e condeno a parte
recorrente ao pagamento de honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por
cento) sobre a verba sucumbencial fixada na origem, observando-se eventual
concessão do benefício da Justiça Gratuita deferida nos autos.
É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2018/0292834-2 REsp 1.784.741 / SP

Números Origem: 00016740220014036000 00101929220124036000 00213437120164030000


16740220014036000 201603000213438 213437120164030000

PAUTA: 19/03/2019 JULGADO: 19/03/2019


SEGREDO DE JUSTIÇA
Relator
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ CARDOSO LOPES
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA EST DE MATO GROSSO DO SUL
ADVOGADO : RODRIGO FLÁVIO BARBOZA DA SILVA - MS015803
RECORRIDO : MMR
REPR. POR : MMMR
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
INTERES. : A J R DE O

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO -


Responsabilidade da Administração - Indenização por Dano Moral - Erro Médico

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a).
Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães e
Francisco Falcão (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator.

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