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“Nesse caso, a única coisa que nos resta é a impossibilidade de definir o termo.
Não se trata de urna situação muito satisfatória no que diz respeito à análise
social. Gostaria, desde o início, de adiantar a hipótese que guiará nossa
indagação teórica: o impasse que a teoria política experimenta em relação ao
populismo está longe de ser acidental, pois tem suas raízes fincadas na limitação
dos instrumentos ontológicos atualmente disponíveis para a análise política; o
populismo, enquanto locus de um empecilho teórico, reflete alguns dos limites
inerentes ao modo pelo qual a teoria política abordou a questão de como os
agentes sociais "totalizam" o conjunto de sua experiência política” p.
“encontrada nas imagens que tais palavras evocam, com total independência de
seu significado. O poder das palavras está unido às imagens que elas evocam e
é totalmente independente de seu real significado. Palavras cujo sentido é.
menos definido são, algumas vezes, aquelas que possuem a maior influência.
Tomemos como exemplo os termos democracia, socialismo, igualdade,
liberdade etc., cujo sentido é tão vago que livros volumosos não bastam para
defini-los com precisão. No entanto, é certo que um poder verdadeiramente
mágico está ligado a essas curtas sílabas, como se elas contivessem a solução
de todos os problemas. Elas sintetizam as mais diversas e inconscientes
aspirações, bem como a esperança de sua realização”
De acordo com Le Bon, esses recursos são três: afirmação, repetição e contágio.
''A afirmação pura e simples, mantida livre de todo raciocínio e de toda prova,
constitui um dos meios mais seguros de fazer com que uma ideia penetre na
mente das multidões. Quanto mais concisa uma afirmação, quanto mais
destituída de qualquer aparência de prova e demonstração, mais peso ela
carrega."
Quanto à repetição, "seu poder se deve ao fato de que uma afirmação repetida
se enraíza, a longo prazo, naquelas camadas profundas de nosso inconsciente,
nas quais se forjam as motivações de nossos atos. No final de um certo tempo
esquecemos quem é o autor da assertiva repetida e acabamos por acreditar
nela".
Finalmente o contágio:
As ideias, os sentimentos, as emoções e crenças possuem, nas multidões, um
poder contagioso tão intenso quanto o dos micróbios. O fenômeno é muito
natural, pois é observado até mesmo em animais quando eles se reúnem em
grande número [ ... ]. No caso dos homens reunidos em uma multidão, todas as
emoções se tomam contagiosas com rapidez, o que explica os pânicos
repentinos. Desordens cerebrais, tais corno a loucura, são contagiosas. A
frequência da loucura entre médicos especialistas em doenças mentais é
notória. De fato, recentemente têm sido citadas formas de loucura -a agorafobia,
por exemplo - que são transmissíveis dos homens para os animais.”
“O mais importante para nosso propósito é enfatizar o fato de que esse processo
associativo não opera unicamente em nível gramatical - o nível primariamente
estudado por Saussure – mas também em nível semântico”
Afirmação: para Le Bon, esta é uma operação ilegítima, cuja única função é
romper o liame entre aquilo que é afirmado e qualquer raciocínio que o apoie.
Para ele, afirmar algo que vá mais além da possibilidade de uma prova racional
só pode ser uma forma de mentir;
Afirmar algo que se situaria para além de qualquer prova poderia ser um primeiro
estágio da emergência de uma verdade, que somente poderia ser afirmada ao
se romper com a coerência dos discursos existentes. É claro que o exemplo a
que Le· Bon se refere - a afirmação sem prova como um modo de mentir - não
é algo impossível, mas constitui apenas uma instância numa série de outras
possibilidades que ele nem chega a considerar. Podemos dizer o mesmo sobre
a repetição. Algumas das colocações iniciais de Le Bon sobre ela podem ser
aceitas prontamente, a saber: é pela repetição que os hábitos sociais são
criados, e esses hábitos estão incrustados "naquelas profundas regiões de
nosso inconsciente, nas quais são forjadas as motivações de nossos atos".
Nesse sentido, poderíamos afirmar que a repetição exerce múltiplos papéis na
moldagem das relações sociais: através de um processo de erros e acertos,
torna possível o ajustamento de uma comunidade a seu meio.
O que ocorreria por exemplo se o contágio não fosse uma doença, mas a
expressão de um traço comum, compartilhado por um grupo de pessoas, difícil
de se verbalizar de maneira direta, e que somente pudesse ser expresso por
alguma forma de representação simbólica?