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O álcool é muito usado como automedicação para alívio da ansiedade (i. é, como ansiolítico), e
as anfetaminas podem ser usadas como automedicação no transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade. No entanto, muitas vezes é difícil determinar se essas doenças são causas ou
efeitos do uso de drogas, porque as ações das próprias drogas, bem como a abstinência e a
dependência, podem revelar uma doença psiquiátrica em um indivíduo antes compensado.
A tolerância refere-se à diminuição do efeito de uma droga com o uso contínuo. A tolerância
ocorre quando a administração repetida de uma droga provoca um desvio da curva de dose-
resposta, de modo que seja necessária uma maior dose (concentração) da droga para produzir
o mesmo efeito.
A dependência física (ou dependência fisiológica) refere-se aos sinais e sintomas físicos
adversos provocados pela abstinência de uma droga.
A dependência psicológica ocorre sempre que uma droga afeta o sistema de recompensa
encefálico. As sensações agradáveis produzidas causam o desejo de continuar usando a droga.
Quando o uso da droga é interrompido, as adaptações ocorridas no sistema de recompensa
encefálico manifestam-se como disforia e fissura pela droga, como aconteceu com o Sr. B.
Assim, tanto a dependência física quanto a dependência psicológica são causadas por
alterações nos processos de homeostase, mas esses processos ocorrem em regiões diferentes
do encéfalo.
Na tolerância aprendida, uma droga produz alterações compensatórias que não têm relação
com sua ação. O mecanismo mais comum de tolerância aprendida é a tolerância
comportamental, na qual a pessoa aprende a modificar seu comportamento para ocultar os
efeitos da droga. Por exemplo, uma pessoa que já esteve alcoolizada várias vezes pode
aprender a ocultar os sintomas da intoxicação, como a fala arrastada e a falta de coordenação,
e assim parecer menos embriagada.
A segunda categoria das drogas de abuso comuns consiste em agentes que se ligam aos
mesmos receptores que as substâncias terapêuticas comumente prescritas, mas que não são
usados como agentes terapêuticos. Por exemplo, a heroína liga-se ao mesmo receptor da
morfina. O álcool, que se liga ao receptor de GABAA, e a nicotina, que se liga ao receptor
nicotínico da acetilcolina, imitam outros agonistas GABAérgicos e colinérgicos,
respectivamente. A cocaína e a anfetamina têm ações semelhantes às de outras drogas que
inibem os transportadores de recaptação da monoamina.
Nicotina
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3319241/mod_resource/content/1/Farmacologia%2
0da%20dependencia%20e%20abuso%20%20de%20drogas.pdf
O abuso de substâncias ocorre em todos os segmentos da sociedade.
A Dependência é a necessidade psicológica ou física de continuar consumindo a
substância. A dependência física é caracterizada pela síndrome de abstinência e pela
tolerância: ou seja, a necessidade de consumir a substância para evitar a síndrome de
abstinência.
Existem dois tipos de dependência:
- Dependência física;
- Dependência psíquica.
http://www.aberta.senad.gov.br/medias/original/201704/20170424-094615-001.pdf
A dependência de substâncias pode ser entendida como alterações cerebrais (neurobiológicas)
provocadas pela ação direta do uso prolongado de uma droga de abuso. Essas alterações são
influenciadas por aspectos ambientais (sociais, culturais, educacionais), comportamentais e
genéticos
Cada droga de abuso tem o seu mecanismo de ação particular, mas todas elas atuam, direta
ou indiretamente, ativando uma mesma região do cérebro: o sistema de recompensa cerebral.
Esse sistema é formado por circuitos neuronais responsáveis pelas ações reforçadas positiva e
negativamente. Quando nos deparamos com um estímulo prazeroso, nosso cérebro lança um
sinal: o aumento de dopamina , importante neurotransmissor do sistema nervoso central
(SNC), no núcleo accumbens , região central do sistema de recompensa e importante para os
efeitos das drogas de abuso.
As drogas de abuso agem no neurônio dopaminérgico, isto é, neurônios cujo principal
neurotransmissor é a dopamina, induzindo um aumento brusco e exacerbado de dopamina no
núcleo accumbens, mecanismo comum para praticamente todas as drogas de abuso. Esse sinal
é reforçador, associado a sensações de prazer, fazendo com que a busca pela droga se torne
cada vez mais provável.
Assim, as drogas de abuso, além de agirem sobre muitas estruturas do sistema nervoso
central, agem também sobre o sistema mesolímbico e o sistema mesocortical, que juntos
constituem o sistema de recompensa cerebral, sendo essa relação de fundamental
importância.
Como as drogas de abuso aumentam a liberação de dopamina no núcleo accumbens, as
pessoas podem usar drogas porque querem ter uma sensação de bem-estar, de alegria
(reforço positivo – adicionar algo). As pessoas também podem usar drogas porque estão
tristes, deprimidas ou ansiosas e querem aliviar essas sensações ruins, nesse caso, procuram a
droga pelo seu poder reforçador negativo (retirar algo). Essa propriedade reforçadora da
droga, que causa prazer ou alivia sensações ruins (por exemplo, a síndrome de abstinência na
ausência da droga), aumenta a chance da reutilização da droga.
O uso repetido de drogas de abuso produz alterações no SNC que podem levar às alterações
comportamentais (tolerância e/ou sensibilização). Essas alterações comportamentais
contribuem para aumentar a saliência do incentivo e o desejo de consumir mais drogas.
Quando uma droga é administrada repetidamente e não provoca mais o mesmo efeito, ou é
preciso aumentar a dose para ter a mesma sensação, diz-se que a pessoa está “tolerante” ao
efeito da droga. Esse fenômeno, a tolerância, é comumente encontrado nas pessoas que se
tornaram dependentes das drogas
o s istema de recompensa é uma parte primitiva do
SN dos
mamíferos q ue assegura que comportamentos
fundamentais
à sobrevivência da espécie, tais c omo alimentação e
se xo,
sejam percebidos como prazerosos. Dessa forma,
aumenta a
possibilidade de que tais comportamentos s ej am
sempre
repetidos
• s ubstâncias psicoativas como a c ocaína e a
anfetamina agem
diretamente sobre esse sistema, e nquanto a
nicotina e os
opiáceos o estimulam indiretamente. As causas
naturais que
normalmente estim ulam o sistema de rec ompensa
c hegam a
aumentar em até 100% sua atividade.
http://www.aberta.senad.gov.br/medias/original/201704/20170424-094213-001.pdf
Drogas estimulantes São drogas que aumentam a atividade mental. Essas substâncias afetam o
cérebro, fazendo com que ele funcione de forma mais acelerada. Exemplos: cafeína, tabaco,
anfetaminas, cocaína e crack. As anfetaminas, assim como os outros estimulantes, costumam
ser utilizadas para se obter um estado de euforia, a fim de se manter acordado por longos
períodos de tempo ou para diminuir o apetite. Podem ser utilizadas, ainda, como medicação
para déficit de atenção e doenças neurológicas.
As drogas estimulantes aceleram o funcionamento do SNC, provocando agitação, excitação,
insônia, entre outros efeitos. alguns exemplos são cocaína, crack, anfetaminas e a nicotina.
Drogas alucinógenas (ou psicodislépticas) Drogas que alteram a percepção são chamadas de
substâncias alucinógenas (ou psicodislépticas). Exemplos: LSD, ecstasy, maconha e outras
substâncias derivadas de plantas ou cogumelos (ayahuasca, ibogaína, sálvia, mescalina,
psilocibina etc.).
https://www.who.int/substance_abuse/publications/en/Neuroscience_P.pdf
http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2010/RN1804/363%20revisao.pdf
O uso abusivo de derivados do álcool etílico (ou etanol) é hoje reconhecido pela Organização
Mundial de Saúde como uma doença e tem tratamento médico. O quadro de alcoolismo
configura-se quando a ingestão de derivados etílicos deixa de ser um hábito social e passa a
ser uma dependência, a ter caráter de obrigatoriedade
https://www.who.int/substance_abuse/publications/en/Neuroscience_P.pdf
Etanol
Mecanismo de acao: Aumenta os efeitos inibito´ rios de GABA e diminui os efeitos de excitac¸
a˜ o do glutamato. Efeitos de reforc¸ o provavelmente relacionados com maior atividade na via
mesolı´mbica da dopamina
Nicotina
Desenvolvimento de toleraˆ ncia atrave´ s de fatores metabo´ licos, assim como alterac¸ o˜ es
nos receptores. Abstineˆ ncia caracterizada por irritabilidade, hostilidade, ansiedade, disforia,
depressa˜ o, diminuic¸ a˜ o do ritmo cardı´aco, aumento do apetite.
Os efeitos do tabaco sobre a sau´ de sa˜ o bem conhecidos; difı´cil de dissociar os efeitos da
nicotina dos outros componentes do tabaco.
Cocaína
É possı´vel que ocorra toleraˆ ncia aguda a curto prazo. Na˜ o ha´ muitas provas de abstineˆ
ncia, mas a depressa˜oe´ comum entre pessoas dependentes que deixam de consumir a droga.
Foram encontradas deficieˆ ncias cognitivas, anomalias em regio˜ es especı´ficas do co´ rtex,
insuficieˆ ncias na func¸ a˜ o motora, e diminuic¸ a˜ o do tempo de reac¸ a˜ o
Anfetamina
Alucinógenos
Substaˆ ncias diferentes atuam sobre diferentes receptores do ce´ rebro tais como receptores
de serotonina, glutamato e acetilcolina
A toleraˆ ncia desenvolvese rapidamente a efeitos fı´sicos e psicolo´ gicos. Na˜ o ha´ provas de
abstineˆ ncia
Episo´ dios psico´ ticos agudos ou croˆ nicos, revivesceˆ ncia ou renovac¸ a˜ o de efeitos da
substaˆ ncia muito depois do seu consumo.