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Introdução
Entender como trabalhar com o aluno com deficiência requer uma análise teórica de novos conceitos e dos
princípios políticos e filosóficos da Educação Especial na política de inclusão. Dessa forma, a prática pedagógica
tem sido desafiadora para os profissionais da área, afinal, muitos são os questionamentos que surgem diante dos
desafios da Educação Inclusiva: como dar aula em uma turma que integra um aluno com deficiência? O indivíduo
com deficiência consegue acompanhar o conteúdo? Como avaliar esse aluno? Além disso, como organizar a sala
de aula para receber o aluno deficiência?
A inclusão é a chave para que os estudantes com deficiência possam aprender dentro da sala de aula regular, por
isso, os professores e as próprias instituições de ensino precisam investir conhecimentos e esforços para tornar
esse processo mais produtivo para todas as pessoas envolvidas.
Sendo assim, ao longo deste capítulo, iremos conhecer alguns princípios da avaliação, como se organiza o
Atendimento Educacional Especializado, qual é a sua função e como ele pode ajudar o professor. Além disso,
também conheceremos alguns direitos dos alunos com deficiência e dos educadores, bem como aspectos
relacionados a diversidade na aprendizagem. Para finalizarmos, acompanharemos uma introdução sobre as
deficiências auditiva e visual.
Vamos em frente!
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Figura 1 - As inteligências são múltiplas.
Fonte: Ollyy, Shutterstock, 2018.
Para melhor compreensão da Teoria das Múltiplas Inteligências relacionada as potencialidades, são relevantes
algumas caracterizações:
• Inteligência Linguística: refere-se à habilidade do indivíduo de aprender códigos de comunicação;
• Inteligência Lógico-Matemática: consiste na habilidade de usar o raciocínio lógico;
• Inteligência Espacial: é responsável pela habilidade de localização e de criar imagens mentais;
• Inteligência Corporal-Cenestésica: consiste na habilidade do uso do corpo para expressar ideias e
sentimentos;
• Inteligência Musical: envolve a habilidade de perceber, discriminar e expressar sons;
• Inteligência Interpessoal: está relacionada à habilidade de se relacionar com o outro;
• Inteligência Intrapessoal: habilidade de autoconhecimento;
• Inteligência Naturalista: sensibilidade com o meio ambiente e seus elementos.
Essa variedade de inteligências humanas possibilita um novo olhar para o processo educacional, sendo professor
e aluno partes dessa construção. Nesse caso, o papel do professor deve ser o de mediador, ou seja, promotor de
novas aprendizagens. Assim, na perspectiva da política de Educação Inclusiva, todo professor tem o
compromisso de desenvolver competências e propor situações de aprendizagem significativa. Quanto aos alunos
com deficiência, o professor precisa identificar e conhecer as potencialidades e necessidades específicas desse
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com deficiência, o professor precisa identificar e conhecer as potencialidades e necessidades específicas desse
indivíduo, bem como planejar os recursos e as estratégias de ensino que proporcionem a aprendizagem efetiva.
Com isso, o estudante poderá superar ou compensar as dificuldades existentes, oportunizando meios para que
todos possam aprender, de acordo com as suas potencialidades.
Nesse sentido, o planejamento deve envolver metodologias que tornem a aprendizagem significativa,
proporcionando oportunidades para que os alunos desenvolvam o máximo de suas habilidades, além do
emprego de diferentes formas de avaliação dos conhecimentos.
Para desenvolver as habilidades e estimular o processo de aprendizagem, os educadores precisam compreender
o processo cognitivo dos alunos.
Vamos estudar melhor sobre o assunto a partir de agora!
pensamento, pela vontade e pelas inteligências, sendo estes componentes essenciais para o equilíbrio e a
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pensamento, pela vontade e pelas inteligências, sendo estes componentes essenciais para o equilíbrio e a
harmonia da condição de bem-estar social dos sujeitos. Nesse contexto, o afetivo e o social interferem nos
processos de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano. Considerando a complexidade de ambos, a
afetividade parece ser uma condição que não pode estar ausente no percurso. Por isso, consideram-se três
momentos de grande impacto na evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão (MAHONEY; ALMEIDA,
2005).
Como podemos ver, os três domínios apresentam relação com o processo de aprendizagem. Portanto, as
alterações nesses domínios podem ser a origem das dificuldades de aprendizagem dos alunos, fato que evidencia
a importância da mediação e dos conhecimentos por parte do professor.
A seguir, veremos as dificuldades de aprendizagem mais comuns no processo de escolarização dos alunos com
deficiência.
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3.1.3 Avaliação em um planejamento inclusivo
Atualmente, a prática da avaliação tem sido uma preocupação nas instituições de ensino, pois precisa ser
pensada e praticada fora da lógica da homogeneização, oferecendo oportunidades para que todos possam
aprender. Assim, faz-se urgente a necessidade de se construir uma escola democrática, acessível e baseada na
perspectiva da inclusão, permitindo que a diversidade dos alunos possa ser atendida.
O processo de avaliação deve identificar, a partir da interação do aluno com o professor, as mudanças ocorridas
no comportamento do estudante e o conhecimento que ele apresenta sobre determinados assuntos que antes
não possuía. Com relação aos materiais, é essencial observar como o aluno está manipulando os objetos e se faz
uso adequado destes.
A avaliação sendo concebida como um elemento do planejamento, direciona as ações a partir do conhecimento
das potencialidades e dificuldades do aluno. Dessa forma, a avaliação da aprendizagem escolar deve ser
inclusiva, ou seja, deve avaliar todos os alunos, em todos os aspectos: comportamento, aprendizagem, vida
diária, socialização, entre outros. Além disso, acredita-se ser impossível encontrar a didática ideal, uma vez que
sempre precisaremos de inovação e adaptação, pois “[...] os procedimentos didáticos ganham em especificidade
na medida da consideração de cada uma das necessidades apresentadas pelos alunos” (BEYER, 2010, p. 72).
Levando em consideração a avaliação e as práticas pedagógicas inclusivas, veremos, na sequência, sobre o
Atendimento Educacional Especializado.
VOCÊ SABIA?
No Brasil, as primeiras instituições especializadas foram criadas na época do Brasil Império,
mas existem até hoje. O Instituto Benjamin Constant (IBC) foi criado em 1854, com o nome de
Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Três anos mais tarde, foi criado o Instituto Nacional da
Educação dos Surdos (INES), em 1857, com o nome de Instituto dos Surdos Mudos. As duas
instituições são do Rio de Janeiro. Para saber mais sobre, acesse o link oficial das duas
organizações: <http://www.ibc.gov.br/> e <http://www.ines.gov.br/>.
Os indivíduos que apresentavam condições de ir à escola, formavam uma turma, denominada Classe Especial.
Esse espaço era responsável por “treinar” os sujeitos com deficiência para frequentarem a classe regular. Sendo
assim, aqueles alunos que aprendiam conteúdos curriculares e demonstravam condições para aprenderem mais,
eram encaminhados para a turma regular. Contudo, caso não demonstrassem essa capacidade, permaneciam na
Classe Especial.
Após o ano de 2008, com a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
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Após o ano de 2008, com a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, temos um grande investimento para a inclusão dos indivíduos com deficiência em turmas regulares. A
partir de então, todos em idade escolar passam a frequentar a escola e o Atendimento Educacional Especializado
(AEE), que pode ser realizado na própria escola ou em outros espaços, como em centros de atendimento. É
importante considerar, ainda, que essas pessoas passam a frequentar a escola regular, mas isso não quer dizer
que não possam frequentar, também, outras instituições, como a APAE.
O AEE, de acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, não deve
substituir o ensino comum, sendo que sua função é complementar ou suplementar. Portanto, as atividades
realizadas na Sala de Recursos Multifuncional (SRM) devem ser diferentes daquelas desenvolvidas na sala de
ensino comum (BRASIL, 2008).
VOCÊ SABIA?
O Ministério da Educação, desde o ano de 2005, disponibiliza materiais para as SRM através do
Programa de Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais, que tem como objetivo
apoiar a escola na organização e oferta do AEE, sendo disponibilizados para as escolas
equipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de acessibilidade. Para
maiores informações, visite o link: <http://portal.mec.gov.br/acompanhamento-da-
frequeencia-escolar/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541
/17430-programa-implantacao-de-salas-de-recursos-multifuncionais-novo>.
O AEE, então, deve ser oferecido aos alunos público-alvo da Educação Especial, prioritariamente na SRM da
escola em que o aluno frequenta ou na escola mais próxima. Além disso, pode ser realizado no Centro de
Atendimento Educacional Especializado, no turno inverso à escolarização.
Aqui, cabe destacar que essa é a orientação legal para o atendimento, no entanto, é importante considerar que,
principalmente em escolas da zona rural, muitos alunos não têm transporte ou não possuem condições para
frequentarem o AEE em turno diferente da escola, por isso, acabam frequentando o atendimento no mesmo
turno da escolarização. Para isso, são retirados da sala de aula regular para o atendimento. Contudo, sabe-se que
para a aprendizagem do aluno, essa prática não é a mais adequada.
Outra informação importante de se considerar é que os alunos matriculados no ensino comum que frequentarem
o AEE serão contados duplamente no que se refere ao financiamento do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). O
financiamento da matrícula do aluno no AEE está vinculado à matrícula no ensino regular, de acordo com o que
for registrado no Censo Escolar do ano anterior.
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Na sequência, vamos entender como funciona o trabalho do professor do Atendimento Educacional
Especializado.
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Figura 2 - O professor do Atendimento Educacional Especializado deve planejar suas ações.
Fonte: Dusit, Shutterstock, 2018.
e econômicas. Sendo assim, “[...] o currículo deve ser apropriado como um instrumento para realização de um
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e econômicas. Sendo assim, “[...] o currículo deve ser apropriado como um instrumento para realização de um
projeto educacional dinâmico e comprometido com a diversidade e singularidades na apropriação do
conhecimento científico pelos alunos que compõem o tecido social na escola” (FERNANDES, 2013b, p. 160).
Relacionar o conhecimento sobre a união do currículo, a cultura e a inclusão é a concretização para que a
educação aconteça. Nesse contexto, alunos e professores possuem papeis específicos no desenvolvimento do
currículo escolar. Assim, um planejamento para a diversidade e, consequentemente, para a Educação Inclusiva,
implica em fazer uma avaliação pedagógica cuidadosa, valorizar as potencialidades, e não as limitações, bem
como dinamizar o currículo. Nessa prática pedagógica, todos os estudantes precisam ser contemplados no
exercício e enfrentamento de desafios, assim como do compartilhamento dos conhecimentos com diferentes
habilidades e/ou possibilidades.
Flexibilizar o currículo é, portanto, proporcionar aos alunos acesso ao conteúdo. Isso implica em oferecer uma
mesma proposta ao grupo como um todo, mas, ao mesmo tempo, atender as necessidades de cada um. Dessa
forma, a realização de adequações curriculares é o caminho para o atendimento das necessidades de
aprendizagem dos educandos. No entanto, para a identificação dessas necessidades, é preciso que os sistemas
educacionais passem a ter um olhar diferenciado para o ensino e a aprendizagem.
Práticas pedagógicas inclusivas prescindem que todos os alunos terão oportunidade de aprender os
conhecimentos, mesmo que de maneiras diferentes, sendo respeitados em seus ritmos e estilos de
aprendizagem. Assim, valoriza-se as potencialidades de cada um.
Figura 3 - O projeto pedagógico deve ser visto e pensado para além da missão, visão e valores da escola.
Fonte: ChristianChan, Shutterstock, 2018.
A escola que adota um currículo flexível não trata apenas das adequações realizadas no planejamento pelo
professor, mas, também, da reorganização das ações previstas no projeto pedagógico. Com isso, leva-se em
consideração todas as adequações necessárias para a inclusão e a efetiva participação de todos os alunos.
A seguir, veremos alguns recursos que auxiliam na participação dos alunos com deficiência, os quais podem ser
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A seguir, veremos alguns recursos que auxiliam na participação dos alunos com deficiência, os quais podem ser
utilizados na escola para facilitar o processo de inclusão.
Além da tecnologia assistiva, temos a comunicação alternativa ou aumentativa. Para nos comunicarmos,
utilizamos a fala, um olhar compartilhado, um texto, os gestos, as expressões faciais, o toque, a língua de sinais,
os símbolos, as imagens e até os dispositivos que geram discursos. Porém, a comunicação é considerada com
eficácia quando a intenção de um indivíduo é compreendida por outra pessoa. Assim, existem condições e
situações que a comunicação não acontece de forma natural, por isso, faz-se necessários recursos, serviços ou
equipamentos para efetivá-la. Esse conjunto de ferramentas e estratégias que o indivíduo utiliza para resolver os
desafios de comunicação é a comunicação alternativa ou aumentativa.
Esse tipo de comunicação busca a valorização de todas as formas de expressão dos sujeitos. Sua definição tem
relação com a organização, ou seja,
Dizemos que a comunicação é aumentativa quando o sujeito utiliza um outro meio de comunicação
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Dizemos que a comunicação é aumentativa quando o sujeito utiliza um outro meio de comunicação
para complementar ou compensar deficiências que a fala apresenta, mas sem substituí-la totalmente.
E que comunicação é alternativa quando utiliza outro meio para se comunicar ao invés da fala,
devido à impossibilidade de articular ou produzir sons adequadamente. (TETZCHNER; MARTINSEN,
1992, p. 22, tradução nossa).
A comunicação alternativa faz uso de diferentes recursos, que podem ser classificados em baixa tecnologia, por
meio de pranchas de comunicação, cartões de comunicação, mesa com símbolos, cartazes, agendas e pastas; e
alta tecnologia, através de microcomputadores, tablets e sintetizadores de voz.
No contexto educacional, a comunicação alternativa é um importante recurso para proporcionar a comunicação
entre professor, aluno e colegas, tornando o espaço da sala de aula interativo.
Agora que já entendemos um pouco mais sobre o Atendimento Educacional Especializado e os recursos
utilizados em sala de aula para melhor aprendizagem do aluno com deficiência, iremos conhecer mais sobre a
legislação educacional vigente no Brasil.
(UNESCO, 1998, p. 4). Dessa forma, temos a primeira indicação dos sujeitos com deficiência para ingressarem no
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(UNESCO, 1998, p. 4). Dessa forma, temos a primeira indicação dos sujeitos com deficiência para ingressarem no
ensino regular, garantindo o acesso e que suas necessidades básicas de aprendizagem sejam atendidas, assim
como as de qualquer outra pessoa.
A seguir, vamos conhecer sobre a Declaração de Salamanca.
É importante pensar que a declaração determina que seja adotado o princípio da educação inclusiva na forma de
lei ou política. Com isso, foram impressas as determinações de Educação Inclusiva. Assim, podemos perceber que
a Declaração de Salamanca, por tratar especificamente da conferência de Educação Especial, apresenta e nos
indica orientações que estão presentes na política educacional brasileira.
Na sequência, vamos aprender quanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Estatuto da Criança e
do Adolescente.
Nesse contexto, todas as crianças e adolescentes — inclusive aquelas que possam apresentar deficiências,
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Nesse contexto, todas as crianças e adolescentes — inclusive aquelas que possam apresentar deficiências,
transtornos ou altas habilidades — também possuem direitos assegurados pelo ECA, que buscam contemplar
suas necessidades, com o objetivo de diminuir a exclusão social e o preconceito como direito à vida e à saúde.
Em seu art. 11, parágrafo 2, a lei “[...] incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que
necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos a tratamento, habilitação e reabilitação”
(BRASIL, 1990). Já o direito à educação está garantido no art. 54, em que diz ser “[...] dever do Estado assegurar à
criança e ao adolescente: [...] III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1990).
É assegurado pelo ECA, também, o trabalho protegido ao adolescente com deficiência, o atendimento individual
e especializado em local adequado as condições do adolescente, os processos de adoção em que a criança ou
adolescente com deficiência que estiver na condição de adotando terá prioridade de tramitação, entre outros
direitos. Nesse sentido, a escola inclusiva se fundamenta na ideia de que a diversidade humana deve ser
reconhecida e valorizada.
Mais tarde em, 1996, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que determina os fins da
educação, os caminhos a serem percorridos e os meios adequados para atingi-los, ou seja, regulamenta a
Educação Escolar Nacional.
A Lei de Diretrizes e Bases, Lei n. 9.394/96, apresenta um capítulo para a Educação Especial, definindo-a como
uma modalidade de educação que se realiza preferencialmente na rede regular para alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidade ou superdotação. Em seu art. 59, assegura aos alunos:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas
necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão
do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo
o programa escolar para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o
respectivo nível do ensino regular.
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3.4.1 Introdução à deficiência auditiva
Para podermos compreender a maneira como as pessoas com deficiência auditiva aprendem, assim como para
pensarmos em estratégias pedagógicas a serem desenvolvidas com esses indivíduos, precisamos conhecer a
surdez e alguns elementos relacionados a essa condição.
Nesse sentido, o Decreto n. 5.626/2005, considera a:
[...] pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio
de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de
Sinais – Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total,
de quarenta e um 2. decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000
Hz, 000Hz e 3.000Hz. (BRASIL, 2005).
A surdez, então, pode ser classificada a partir de suas causas, sendo elas:
• surdez congênita: a criança nasce surda, podendo essa deficiência estar relacionada a alguma doença
que a mãe teve durante a gravidez (rubéola e toxoplasmose, por exemplo) ou a algum trauma durante o
parto;
• surdez adquirida: ocorre após o nascimento e pode estar relacionada a problemas na parte interna do
ouvido, por exposição a ruídos altos;
• cultura surda: costumes, hábitos, piadas e histórias que a comunidade surda compartilha e transmite as
gerações seguintes.
VOCÊ SABIA?
A expressão “surdo-mudo” ou “mudo” são um equívoco e tornam a deficiência pejorativa. Os
sujeitos surdos não falam porque não ouvem, contudo, muitos surdos fazem treinamento
auditivo e reabilitação oral com fonoaudiólogos para desenvolverem a oralidade. Os que
conseguem esse desenvolvimento são chamados de “surdos oralizados”.
A identidade de um grupo social está na sua cultura, construída pelo ser humano, a qual inclui mitos, símbolos,
ritos, crenças e todo o conjunto de conhecimentos e comportamentos adquiridos ao longo dos anos. Assim, a
identidade cultural é o sentimento de identidade de um grupo, cultura ou indivíduo, conforme este é
influenciado por ela.
Assim, a identidade cultural surda pode ser dividida em seis tipos, sendo elas:
• surdo com identidade surda: identifica-se pela diferença, como o sujeito que apresenta uma diferença
linguística;
• identidade surda híbrida: surdos que nasceram ouvintes e se tornaram surdos, tendo oportunidade de
conhecer a estrutura da língua portuguesa;
• identidade surdaincompleta: pessoas que medicalizam a surdez e a negam como diferença,
acreditando que os ouvintes são superiores a eles;
• identidade surda flutuante: são indivíduos conformados e acomodados com as situações impostas
pelos ouvintes, migram entre a comunidade surda e ouvinte sem se definirem;
• surdo com identidade ouvinte: não aceita a surdez e não gosta de ser reconhecido como surdo;
• surdo genético: que nasce de pais surdos.
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• surdo genético: que nasce de pais surdos.
É válido mencionar que os surdos têm sua cultura expressa através de símbolos, basicamente visuais, cuja
representação é a Língua Brasileira de Sinais. A LIBRAS, como comumente é conhecida, é tida como a língua
oficial da comunidade surda brasileira.
A abordagem educacional defendida e recomendada pela comunidade surda é por meio do bilinguismo. Nela, o
sujeito surdo está em contato com as duas línguas, a LIBRAS e o português na modalidade escrita.
É importante, portanto, no processo educacional, pensar em três momentos, principalmente durante o
Atendimento Educacional Especializado, para os alunos com surdez:
• explicação dos conteúdos e conhecimentos curriculares em LIBRAS;
• aprendizagem da LIBRAS;
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• e ensino de língua portuguesa na modalidade escrita.
A seguir, vamos analisar um caso prático fictício para melhor compreendermos a atuação do professor no
contexto educacional do aluno surdo.
CASO
Maria é graduada em Pedagogia. Ao longo do seu processo de formação inicial, participou de
um grupo de pesquisas que possuía como foco o estudo e a alfabetização. Sendo assim, ela
desenvolveu o seu processo formativo com base nesses conhecimentos. Contudo, logo que
começou a trabalhar em uma escola da rede pública, Maria recebeu em sua turma de segundo
ano do Ensino Fundamental um aluno com surdez, usuário da LIBRAS, ainda não alfabetizado
na língua portuguesa na modalidade escrita. A professora ficou confusa, mas não se
desesperou e procurou a coordenação pedagógica da escola para aprender como trabalhar
com seu aluno.
Lá, Maria teve ajuda da professora de Educação Especial, que mencionou o que ela poderia
fazer, que recursos poderia utilizar, como poderia trabalhar com o estudante, entre outras
questões pertinentes ao assunto. Após algumas reuniões, as professoras formaram dois grupos
de estudos para aprenderem LIBRAS, envolvendo professores, funcionários e colegas. O aluno
com surdez, inclusive, participava de todos os encontros para auxiliar o trabalho da professora
de Educação Especial. Foi, portanto, uma experiência produtiva para todos os evolvidos, pois,
aos poucos, a comunidade escolar aprendeu a se comunicar com o indivíduo e ele mesmo
passou a fazer parte da escola como qualquer outro aluno, tendo sua diferença linguística
respeitada.
A professora Maria, com um trabalho conjunto com a professora de Educação Especial,
conseguiu alfabetizar seu estudante.
O mais importante a se considerar no que se refere o atendimento dos alunos surdos é que “[...] as reflexões e a
tomada de decisão do professor a respeito das práticas mais adequadas a serem utilizadas com seu aluno serão
dependentes do sujeito concreto que ele tem diante de si, bem como as considerações sobre sua história de vida”
(FERNANDES, 2013a, p. 74).
Pensar o processo de inclusão do aluno surdo em práticas pedagógicas que proporcionem a aprendizagem é um
desafio que provoca mudanças em toda a comunidade escolar. Mas, para além do aluno com deficiência auditiva,
temos, também, que pensar no processo de inclusão de outros alunos com deficiência, como aqueles com
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desafio que provoca mudanças em toda a comunidade escolar. Mas, para além do aluno com deficiência auditiva,
temos, também, que pensar no processo de inclusão de outros alunos com deficiência, como aqueles com
problemas visuais. Iremos estudar mais sobre isso com o item a seguir.
VOCÊ O CONHECE?
Tribo de Jah é uma banda de reggae brasileira, fundada na Escola de Cegos do Maranhão. Foi
nessa escola que os integrantes da banda se conheceram. Dos cinco integrantes, quatro são
cegos e um possui visão parcial em apenas um dos olhos. A formação da banda nos mostra a
capacidade que as pessoas com deficiência têm de desenvolverem atividades comuns.
A deficiência visual pode ser congênita ou adventícia. Ela é considerada congênita quando a criança nasce com o
problema, causado por lesões ou enfermidades que comprometem as funções do globo ocular. Já a deficiência
adventícia se caracteriza pela perda da visão em qualquer idade.
As principais causas da deficiência visual são a toxoplasmose, a rubéola, a má formação ocular, as lesões, a
meningite, a catarata, as síndromes e as doenças degenerativas.
As crianças com deficiência visual devem ser estimuladas a terem uma vida com autonomia para se
locomoverem e fazerem escolhas. No processo de escolarização, o uso de recursos tecnológicos, como leitores de
telas, audiodescrição, livros e materiais adaptados são importantíssimos para que os alunos possam ter acesso
aos conteúdos escolares. Além disso, o tato e a audição são essenciais para esses sujeitos.
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Figura 5 - É essencial o uso de diferentes tipos de materiais na Educação Inclusiva.
Fonte: littleman, Shutterstock, 2018.
É essencial, também, que o professor tenha conhecimento sobre o Sistema Braille, tanto para ensinar o aluno
como para poder acessar, planejar e propor materiais nesse código escrito. No processo de alfabetização, o
educador também deve considerar, assim como com as demais crianças, os conhecimentos já adquiridos desses
indivíduos e as experiências vivenciadas, trabalhando a partir desse ponto.
No Atendimento Educacional Especializado, as atividades buscam estimular a vida diária como orientação e
mobilidade; o ensino do Sistema Braille; o uso de recursos tecnológicos e de informática, como softwares
sintetizadores de voz; a adaptação de material para Braille, alto-relevo, produção e ampliação de livros didáticos,
de literatura e das atividades que serão realizadas no ensino comum; e o ensino do uso do Soroban.
É importante considerar, ainda, que os alunos com deficiência visual são sujeitos capazes, que experienciam o
mundo de uma maneira diferente. Assim, é importante possibilitar que eles utilizem essas experiências no
processo de ensino e aprendizagem, para que possam aprender e atingir os níveis mais elevados do processo de
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processo de ensino e aprendizagem, para que possam aprender e atingir os níveis mais elevados do processo de
escolarização.
Para além dessas deficiências, outras podem ser elencadas como um desafio para o planejamento dos projetos
pedagógicos dos professores. Sendo assim, é fundamental que o educador estude a respeito do assunto e se
aprofunde na temática para trabalhar com esses estudantes da melhor forma possível.
Síntese
Concluímos mais um capítulo a respeito da Educação Inclusiva. Aqui, aprendemos quanto ao Atendimento
Educacional Especializado e o trabalho feito nas escolas com as pessoas com deficiência. Agora, você conhece
alguns elementos importantes da prática pedagógica com alunos com deficiência.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• conhecer algumas orientações para o Atendimento Educacional Especializado;
• aprender conceitos importantes no que diz respeito ao atendimento dos sujeitos com deficiência;
• compreender o currículo e a avaliação na perspectiva inclusiva;
• reconhecer a importância das políticas públicas;
• conhecer alguns transtornos de aprendizagem e como o professor deve lidar com elas.
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