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EDUCAÇÃO INCLUSIVA

CAPÍTULO 3 – COMO TRABALHAR COM O


ALUNO COM DEFICIÊNCIA?
Marilu Palma / Denise Ferreira da Rosa

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Introdução
Entender como trabalhar com o aluno com deficiência requer uma análise teórica de novos conceitos e dos
princípios políticos e filosóficos da Educação Especial na política de inclusão. Dessa forma, a prática pedagógica
tem sido desafiadora para os profissionais da área, afinal, muitos são os questionamentos que surgem diante dos
desafios da Educação Inclusiva: como dar aula em uma turma que integra um aluno com deficiência? O indivíduo
com deficiência consegue acompanhar o conteúdo? Como avaliar esse aluno? Além disso, como organizar a sala
de aula para receber o aluno deficiência?
A inclusão é a chave para que os estudantes com deficiência possam aprender dentro da sala de aula regular, por
isso, os professores e as próprias instituições de ensino precisam investir conhecimentos e esforços para tornar
esse processo mais produtivo para todas as pessoas envolvidas.
Sendo assim, ao longo deste capítulo, iremos conhecer alguns princípios da avaliação, como se organiza o
Atendimento Educacional Especializado, qual é a sua função e como ele pode ajudar o professor. Além disso,
também conheceremos alguns direitos dos alunos com deficiência e dos educadores, bem como aspectos
relacionados a diversidade na aprendizagem. Para finalizarmos, acompanharemos uma introdução sobre as
deficiências auditiva e visual.
Vamos em frente!

3.1 Conceito e avaliação de inteligência: processos


cognitivos
Enxergarmos o indivíduo como um ser único e com maneiras específicas de aprender, sentir, perceber,
comunicar e se relacionar, efetiva a ideia de analisarmos conceitos básicos de inteligência e suas relações com a
cognição e os processos de aprendizagem em uma proposta de Educação Inclusiva.
De acordo com Flavell, Miller e Miller (1999), as concepções sobre inteligência, na visão de Piaget, não são inatas
ao ser humano e ao seu desenvolvimento, mas estão vinculadas as estruturas biológicas, sensoriais ou
neurológicas do Homem, determinando a origem de estruturas mentais. Para os pensadores clássicos, a
inteligência era uma condição para responder os testes de inteligência, visto que esta era medida pelo quociente
intelectual (QI), evidenciando o sucesso ou o fracasso do indivíduo.
Dessa forma, podemos entender a inteligência como algo dinâmico e amplo, que se manifesta de forma prática.
Por isso, os recursos cognitivos nos processos de ensino e aprendizagem estão interligados aos componentes
que proporcionam a construção de domínios cognitivo, afetivo e social e psicomotor.
Gardner (2011) desmistificou a ideia da existência de uma única inteligência, a qual pudesse ser medida a partir
de testes que avaliariam o potencial do sujeito. Entre as muitas teorias existentes, o autor nos apresentou a
Teoria das Múltiplas Inteligências, que contribui para a valorização das potencialidades, respeitando as
dificuldades e as limitações do processo de desenvolvimento e aprendizagem de todos, inclusive das pessoas que
apresentam alguma deficiência.

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Figura 1 - As inteligências são múltiplas.
Fonte: Ollyy, Shutterstock, 2018.

Para melhor compreensão da Teoria das Múltiplas Inteligências relacionada as potencialidades, são relevantes
algumas caracterizações:
• Inteligência Linguística: refere-se à habilidade do indivíduo de aprender códigos de comunicação;
• Inteligência Lógico-Matemática: consiste na habilidade de usar o raciocínio lógico;
• Inteligência Espacial: é responsável pela habilidade de localização e de criar imagens mentais;
• Inteligência Corporal-Cenestésica: consiste na habilidade do uso do corpo para expressar ideias e
sentimentos;
• Inteligência Musical: envolve a habilidade de perceber, discriminar e expressar sons;
• Inteligência Interpessoal: está relacionada à habilidade de se relacionar com o outro;
• Inteligência Intrapessoal: habilidade de autoconhecimento;
• Inteligência Naturalista: sensibilidade com o meio ambiente e seus elementos.
Essa variedade de inteligências humanas possibilita um novo olhar para o processo educacional, sendo professor
e aluno partes dessa construção. Nesse caso, o papel do professor deve ser o de mediador, ou seja, promotor de
novas aprendizagens. Assim, na perspectiva da política de Educação Inclusiva, todo professor tem o
compromisso de desenvolver competências e propor situações de aprendizagem significativa. Quanto aos alunos

com deficiência, o professor precisa identificar e conhecer as potencialidades e necessidades específicas desse

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com deficiência, o professor precisa identificar e conhecer as potencialidades e necessidades específicas desse
indivíduo, bem como planejar os recursos e as estratégias de ensino que proporcionem a aprendizagem efetiva.
Com isso, o estudante poderá superar ou compensar as dificuldades existentes, oportunizando meios para que
todos possam aprender, de acordo com as suas potencialidades.
Nesse sentido, o planejamento deve envolver metodologias que tornem a aprendizagem significativa,
proporcionando oportunidades para que os alunos desenvolvam o máximo de suas habilidades, além do
emprego de diferentes formas de avaliação dos conhecimentos.
Para desenvolver as habilidades e estimular o processo de aprendizagem, os educadores precisam compreender
o processo cognitivo dos alunos.
Vamos estudar melhor sobre o assunto a partir de agora!

3.1.1 Diferentes processos cognitivos


As pessoas são únicas, ou seja, por mais que tenhamos características comuns de comportamento e fisionomia,
temos elementos que nos diferem completamente uns dos outros, como nossa forma de agir, sentir, pensar e
aprender. Essas diferenças são demarcadas pela genética, que herdamos de nossos antepassados (família); por
estímulos do ambiente em que vivemos, isto é, a comunidade que estamos inseridos e as pessoas do nosso
convívio; e pela interação que temos com o mundo. Assim, cada aprendizagem envolve diferentes
conhecimentos e saberes, tornando-se um complexo processo que abrange três domínios de aprendizagem:
cognitivo, psicomotor e afetivo.
O domínio cognitivo se caracteriza pela aquisição, organização e utilização do conhecimento. Nesse sentido, são
diversos os processos que permitem ao indivíduo a apreensão do meio. Segundo Pantano (2009, p. 23), “[...] o
processo de aprendizagem necessariamente envolve compreensão, assimilação (memória), atribuição de
significado e estabelecimento de relações entre o conteúdo a ser aprendido e os conteúdos a ele relacionados e já
armazenados”. Dessa forma, para a aquisição do conhecimento, o indivíduo conta com esses processos, como a
atenção, a percepção, a representação, a memória, a linguagem, o raciocínio e a tomada de decisão.
Em relação ao domínio psicomotor, entende-se que está diretamente relacionado à capacidade do indivíduo de
se movimentar, explorar o ambiente e interagir com o mundo e as pessoas que o cercam. Rosa Neto (2002)
enfatiza que a atividade motora é significativa para o desenvolvimento global da criança, pois é através da
exploração motriz que ela desenvolve a consciência de si mesma e do meio em que vive. Aquisições motoras
estão, assim, vinculadas ao desenvolvimento da percepção corporal e espaço-temporal, o que constituirão
componentes de domínio básico para aprendizagens concretas e simbólicas na formação escolar.
Dessa maneira, a psicomotricidade se desenvolve na relação harmoniosa entre os sete aspectos que atuam ora
em conjunto, ora separadamente: tônus, equilíbrio, esquema corporal, organização espaço-temporal,
lateralidade, praxia global e praxia fina.
• Tônus: está relacionado ao músculo;
• equilíbrio: posição estável, sem oscilações;
• esquema corporal: consciência do corpo;
• organização espaço-temporal: organização no espaço, orientação com relação à objetos e pessoas;
• lateralidade: preferência por um lado do corpo;
• praxia global: colocação de movimentos amplos e voluntários;
• praxia fina: colocação de movimentos das mãos.
Compreendendo a Psicomotricidade como uma ciência que está relacionada ao processo de maturação — em
que o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas —, percebemos que ela ainda é sustentada
por três conhecimentos básicos: movimento, intelecto e afeto. Assim, a educação psicomotora é fundamental no
desenvolvimento da criança, uma vez que é através do relacionamento com o meio que o indivíduo estimula suas
inteligências.
Já por domínio afetivo se entende que é aquele relacionado à sensibilidade corporal e à interpretação subjetiva
das experiências do sujeito. Esse domínio influencia e é influenciado pela percepção, pela memória, pelo

pensamento, pela vontade e pelas inteligências, sendo estes componentes essenciais para o equilíbrio e a

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pensamento, pela vontade e pelas inteligências, sendo estes componentes essenciais para o equilíbrio e a
harmonia da condição de bem-estar social dos sujeitos. Nesse contexto, o afetivo e o social interferem nos
processos de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano. Considerando a complexidade de ambos, a
afetividade parece ser uma condição que não pode estar ausente no percurso. Por isso, consideram-se três
momentos de grande impacto na evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão (MAHONEY; ALMEIDA,
2005).
Como podemos ver, os três domínios apresentam relação com o processo de aprendizagem. Portanto, as
alterações nesses domínios podem ser a origem das dificuldades de aprendizagem dos alunos, fato que evidencia
a importância da mediação e dos conhecimentos por parte do professor.
A seguir, veremos as dificuldades de aprendizagem mais comuns no processo de escolarização dos alunos com
deficiência.

3.1.2 Dificuldades funcionais de aprendizagem


As dificuldades de aprendizagem ocorrem como consequência de um desequilíbrio, uma alteração em um ou
mais domínios. Quando um aluno não consegue ou demonstra não aprender os conteúdos escolares no mesmo
tempo de seus colegas, é comum dizermos que esses estudantes possuem dificuldades de aprendizagem. Alguns
fatores que podem estar relacionados à dificuldade de aprendizagem são a mudança de escola, a troca de
professores, o nascimento de um irmão, a separação dos pais, a perda de um familiar, a falta de sono, além de
problemas de saúde, familiares, desnutrição, entre outros que podem alterar o comportamento e as condições de
aprendizagem dos sujeitos.
As dificuldades que se fazem presentes na vida escolar do aluno sem uma causa evidente, como a relação com
alguma deficiência ou Transtorno do Espectro Autismo, são denominados Transtornos Funcionais de
Aprendizagem. Estes podem ser:
• disgrafia: incapacidade de escrever corretamente a linguagem oral, evidenciada pelas trocas
ortográficas;
• dislexia: transtorno de aprendizagem da leitura e da escrita em nível severo;
• discalculia: transtorno específico da habilidade em aritmética ou matemática;
• transtorno do déficit de atenção: relaciona-se à falta de concentração, organização, noção de espaço e
tempo, esquecimento, dificuldade de memorização e planejamento.
Com relação ao déficit de atenção, ele pode se caracterizar como:
• desatenção: o aluno apresenta dificuldade em manter a atenção e seguir instruções, bem como
apresenta desorganização e distração;
• hiperatividade/impulsividade: o estudante demonstra inquietação, ou seja, dificuldade de
permanecer na mesma atividade e posição por um longo período, assim como também interrompe a fala
e as ações das outras pessoas, demonstrando impaciência;
• misto: ocorre quando o sujeito é desatento e hiperativo/impulsivo (FACION, 2013).
Como podemos ver, existe uma grande diferença entre os transtornos de aprendizagem e as dificuldades de
aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem são transitórias e podem ser vivenciadas por qualquer pessoa
ao longo do processo de escolarização, pois se relacionam aos fatores emocionais, sociais ou econômicos que o
indivíduo vivencia. Além disso, elas podem ser superadas ou acarretarem outras dificuldades. Os transtornos de
aprendizagem, por sua vez, estão relacionados a uma das áreas específicas do conhecimento e acompanham o
indivíduo por toda a vida.
Considerando-se, então, que o processo de aprendizagem é bastante complexo, veremos sobre as práticas
pedagógicas com o item a seguir, as quais ajudam os professores a lidarem com diferentes tipos de alunos.

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3.1.3 Avaliação em um planejamento inclusivo
Atualmente, a prática da avaliação tem sido uma preocupação nas instituições de ensino, pois precisa ser
pensada e praticada fora da lógica da homogeneização, oferecendo oportunidades para que todos possam
aprender. Assim, faz-se urgente a necessidade de se construir uma escola democrática, acessível e baseada na
perspectiva da inclusão, permitindo que a diversidade dos alunos possa ser atendida.
O processo de avaliação deve identificar, a partir da interação do aluno com o professor, as mudanças ocorridas
no comportamento do estudante e o conhecimento que ele apresenta sobre determinados assuntos que antes
não possuía. Com relação aos materiais, é essencial observar como o aluno está manipulando os objetos e se faz
uso adequado destes.
A avaliação sendo concebida como um elemento do planejamento, direciona as ações a partir do conhecimento
das potencialidades e dificuldades do aluno. Dessa forma, a avaliação da aprendizagem escolar deve ser
inclusiva, ou seja, deve avaliar todos os alunos, em todos os aspectos: comportamento, aprendizagem, vida
diária, socialização, entre outros. Além disso, acredita-se ser impossível encontrar a didática ideal, uma vez que
sempre precisaremos de inovação e adaptação, pois “[...] os procedimentos didáticos ganham em especificidade
na medida da consideração de cada uma das necessidades apresentadas pelos alunos” (BEYER, 2010, p. 72).
Levando em consideração a avaliação e as práticas pedagógicas inclusivas, veremos, na sequência, sobre o
Atendimento Educacional Especializado.

3.2 Atendimento Educacional Especializado (AEE)


Ao longo da história da escolarização dos sujeitos com deficiência, diferentes foram os espaços que estes
frequentaram para aprender e diferentes eram as práticas realizadas com eles. Inicialmente, essas pessoas
frequentavam apenas instituições especializadas, em ambientes separados das escolas tradicionais.
Os sujeitos com deficiência tiveram atendimento educacional em diferentes espaços, sendo que ganham
destaque as instituições especializadas, como o Instituto Benjamin Constant (IBC), o Instituto Nacional da
Educação de Surdos (INES), o Instituto Pestalozzi, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e a
Sociedade Pestalozzi.

VOCÊ SABIA?
No Brasil, as primeiras instituições especializadas foram criadas na época do Brasil Império,
mas existem até hoje. O Instituto Benjamin Constant (IBC) foi criado em 1854, com o nome de
Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Três anos mais tarde, foi criado o Instituto Nacional da
Educação dos Surdos (INES), em 1857, com o nome de Instituto dos Surdos Mudos. As duas
instituições são do Rio de Janeiro. Para saber mais sobre, acesse o link oficial das duas
organizações: <http://www.ibc.gov.br/> e <http://www.ines.gov.br/>.

Os indivíduos que apresentavam condições de ir à escola, formavam uma turma, denominada Classe Especial.
Esse espaço era responsável por “treinar” os sujeitos com deficiência para frequentarem a classe regular. Sendo
assim, aqueles alunos que aprendiam conteúdos curriculares e demonstravam condições para aprenderem mais,
eram encaminhados para a turma regular. Contudo, caso não demonstrassem essa capacidade, permaneciam na
Classe Especial.

Após o ano de 2008, com a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

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Após o ano de 2008, com a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, temos um grande investimento para a inclusão dos indivíduos com deficiência em turmas regulares. A
partir de então, todos em idade escolar passam a frequentar a escola e o Atendimento Educacional Especializado
(AEE), que pode ser realizado na própria escola ou em outros espaços, como em centros de atendimento. É
importante considerar, ainda, que essas pessoas passam a frequentar a escola regular, mas isso não quer dizer
que não possam frequentar, também, outras instituições, como a APAE.
O AEE, de acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, não deve
substituir o ensino comum, sendo que sua função é complementar ou suplementar. Portanto, as atividades
realizadas na Sala de Recursos Multifuncional (SRM) devem ser diferentes daquelas desenvolvidas na sala de
ensino comum (BRASIL, 2008).

VOCÊ SABIA?
O Ministério da Educação, desde o ano de 2005, disponibiliza materiais para as SRM através do
Programa de Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais, que tem como objetivo
apoiar a escola na organização e oferta do AEE, sendo disponibilizados para as escolas
equipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de acessibilidade. Para
maiores informações, visite o link: <http://portal.mec.gov.br/acompanhamento-da-
frequeencia-escolar/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541
/17430-programa-implantacao-de-salas-de-recursos-multifuncionais-novo>.

De acordo com o Decreto n. 7.611/2011, em seu art. 3, são objetivos do AEE:

I – prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de


apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes;
II – garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular;
III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no
processo de ensino e aprendizagem; e
IV – assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de
ensino.

O AEE, então, deve ser oferecido aos alunos público-alvo da Educação Especial, prioritariamente na SRM da
escola em que o aluno frequenta ou na escola mais próxima. Além disso, pode ser realizado no Centro de
Atendimento Educacional Especializado, no turno inverso à escolarização.
Aqui, cabe destacar que essa é a orientação legal para o atendimento, no entanto, é importante considerar que,
principalmente em escolas da zona rural, muitos alunos não têm transporte ou não possuem condições para
frequentarem o AEE em turno diferente da escola, por isso, acabam frequentando o atendimento no mesmo
turno da escolarização. Para isso, são retirados da sala de aula regular para o atendimento. Contudo, sabe-se que
para a aprendizagem do aluno, essa prática não é a mais adequada.
Outra informação importante de se considerar é que os alunos matriculados no ensino comum que frequentarem
o AEE serão contados duplamente no que se refere ao financiamento do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). O
financiamento da matrícula do aluno no AEE está vinculado à matrícula no ensino regular, de acordo com o que
for registrado no Censo Escolar do ano anterior.

Na sequência, vamos entender como funciona o trabalho do professor do Atendimento Educacional

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Na sequência, vamos entender como funciona o trabalho do professor do Atendimento Educacional
Especializado.

3.2.1 O professor de AEE


Para trabalhar como professor de AEE, o educador deve ter formação inicial em curso de licenciatura e formação
específica para a Educação Especial, não sendo obrigatória a formação inicial em Educação Especial.
No que se refere as atribuições do professor para o Atendimento Educacional Especializado, a Resolução n. 4, de
2009, em seu art. 13, apresenta as diretrizes para o AEE na Educação Básica. Alguns pontos mencionados são:
• identificar, organizar e elaborar recursos pedagógicos de acessibilidade, assim como estratégias para as
necessidades específicas dos alunos com deficiência;
• elaborar e executar um plano de Atendimento Educacional Especializado, a fim de avaliar a
aplicabilidade dos recursos pedagógicos;
• organizar o número de alunos atendidos na sala de recursos multifuncionais, assim como acompanhar a
aplicabilidade dos recursos pedagógicos nesse espaço;
• estabelecer parcerias intersetoriais na elaboração de estratégias e no desenvolvimento de recursos de
acessibilidade;
• orientar os professores e familiares quanto aos recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelos
alunos;
• ensinar quanto ao uso da tecnologia assistiva para ampliar as habilidades dos alunos, a fim de promover
autonomia e participação;
• interagir com os educadores da sala de aula comum, buscando a integração desses alunos nas atividades
escolares a partir da disponibilização dos recursos pedagógicos e de acessibilidade.

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Figura 2 - O professor do Atendimento Educacional Especializado deve planejar suas ações.
Fonte: Dusit, Shutterstock, 2018.

Além disso, as atividades desenvolvidas no Atendimento Educacional Especializado se diferem daquelas


ofertadas pela sala de aula regular e de um reforço escolar. Por isso, devem ser atividades que estimulem o
desenvolvimento e auxiliem a aprendizagem do conteúdo escolar, de recursos de comunicação e de serviços e
recursos de acessibilidade.
Vamos entender melhor sobre o assunto com o item a seguir.

3.2.2 Processos educativos na Educação Inclusiva: questões de avaliação e


currículo
Durante muitas décadas, compreendíamos o currículo como um documento inflexível que orienta a organização
escolar, fundamentado em procedimentos, técnicas e métodos para a transmissão de conteúdo. Dessa forma, a
aprendizagem a partir da memorização do que era ensinado se tornou comum. No entanto, atender ao indivíduo
em todas as suas dimensões é uma essencialidade dos tempos atuais.
Hoje em dia, a escola está atuando em uma política de educação para todos, ou seja, tem o compromisso de
atender as necessidades educativas de todos os alunos, independentemente de suas condições orgânicas, sociais

e econômicas. Sendo assim, “[...] o currículo deve ser apropriado como um instrumento para realização de um

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e econômicas. Sendo assim, “[...] o currículo deve ser apropriado como um instrumento para realização de um
projeto educacional dinâmico e comprometido com a diversidade e singularidades na apropriação do
conhecimento científico pelos alunos que compõem o tecido social na escola” (FERNANDES, 2013b, p. 160).
Relacionar o conhecimento sobre a união do currículo, a cultura e a inclusão é a concretização para que a
educação aconteça. Nesse contexto, alunos e professores possuem papeis específicos no desenvolvimento do
currículo escolar. Assim, um planejamento para a diversidade e, consequentemente, para a Educação Inclusiva,
implica em fazer uma avaliação pedagógica cuidadosa, valorizar as potencialidades, e não as limitações, bem
como dinamizar o currículo. Nessa prática pedagógica, todos os estudantes precisam ser contemplados no
exercício e enfrentamento de desafios, assim como do compartilhamento dos conhecimentos com diferentes
habilidades e/ou possibilidades.
Flexibilizar o currículo é, portanto, proporcionar aos alunos acesso ao conteúdo. Isso implica em oferecer uma
mesma proposta ao grupo como um todo, mas, ao mesmo tempo, atender as necessidades de cada um. Dessa
forma, a realização de adequações curriculares é o caminho para o atendimento das necessidades de
aprendizagem dos educandos. No entanto, para a identificação dessas necessidades, é preciso que os sistemas
educacionais passem a ter um olhar diferenciado para o ensino e a aprendizagem.
Práticas pedagógicas inclusivas prescindem que todos os alunos terão oportunidade de aprender os
conhecimentos, mesmo que de maneiras diferentes, sendo respeitados em seus ritmos e estilos de
aprendizagem. Assim, valoriza-se as potencialidades de cada um.

Figura 3 - O projeto pedagógico deve ser visto e pensado para além da missão, visão e valores da escola.
Fonte: ChristianChan, Shutterstock, 2018.

A escola que adota um currículo flexível não trata apenas das adequações realizadas no planejamento pelo
professor, mas, também, da reorganização das ações previstas no projeto pedagógico. Com isso, leva-se em
consideração todas as adequações necessárias para a inclusão e a efetiva participação de todos os alunos.

A seguir, veremos alguns recursos que auxiliam na participação dos alunos com deficiência, os quais podem ser

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A seguir, veremos alguns recursos que auxiliam na participação dos alunos com deficiência, os quais podem ser
utilizados na escola para facilitar o processo de inclusão.

3.2.3 Serviços e recursos para a Educação Inclusiva


O Atendimento Educacional Especializado tem como objetivo primordial eliminar as barreiras de participação,
promovendo — através de serviços e recursos — a participação dos alunos. Contudo, para que o aluno participe,
ele precisa se comunicar e se locomover, fazendo uso desses recursos e serviços.
Os serviços podem ser compreendidos como os atendimentos realizados por profissionais capacitados, como a
Educação Especial, a fonoaudiologia, a terapia ocupacional, a fisioterapia, entre outros. Os recursos, por sua vez,
são equipamentos e mobiliários que mantêm ou melhoram as capacidades dos indivíduos com deficiência.
Ganham destaque nesse processo a tecnologia assistiva e a comunicação aumentativa e alternativa.
A tecnologia assistiva “[...] deve ser entendida como um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade
funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra impedida por
circunstância de deficiência” (BERSCH, 2006, p. 2). O principal objetivo é a promoção da autonomia dos sujeitos.
No AEE, o professor pode usar a tecnologia assistiva nas modalidades de comunicação aumentativa e alternativa,
adequação de materiais didáticos, recursos de informática e uso de mobiliários.
Alguns tipos de tecnologia assistiva são (BRASIL, 2007):
• auxílios para a vida diária e prática;
• recursos de acessibilidade ao computador;
• adequação postural (posicionamento para função);
• auxílios de mobilidade;
• sistemas de controle de ambiente;
• projetos arquitetônicos para acessibilidade;
• recursos para cegos ou pessoas com visão subnormal;
• recursos para surdos ou pessoas com déficits auditivos;
• adaptações em veículos.

VOCÊ QUER LER?


Para saber mais sobre a tecnologia assistiva, você pode visitar o site oficial. Lá, podemos
encontrar conceitos, explicações, categoriais, indicações de artigos, sites e programadas de
tecnologia assistiva. Acesse através do link: <http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html>.

Além da tecnologia assistiva, temos a comunicação alternativa ou aumentativa. Para nos comunicarmos,
utilizamos a fala, um olhar compartilhado, um texto, os gestos, as expressões faciais, o toque, a língua de sinais,
os símbolos, as imagens e até os dispositivos que geram discursos. Porém, a comunicação é considerada com
eficácia quando a intenção de um indivíduo é compreendida por outra pessoa. Assim, existem condições e
situações que a comunicação não acontece de forma natural, por isso, faz-se necessários recursos, serviços ou
equipamentos para efetivá-la. Esse conjunto de ferramentas e estratégias que o indivíduo utiliza para resolver os
desafios de comunicação é a comunicação alternativa ou aumentativa.
Esse tipo de comunicação busca a valorização de todas as formas de expressão dos sujeitos. Sua definição tem
relação com a organização, ou seja,

Dizemos que a comunicação é aumentativa quando o sujeito utiliza um outro meio de comunicação

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Dizemos que a comunicação é aumentativa quando o sujeito utiliza um outro meio de comunicação
para complementar ou compensar deficiências que a fala apresenta, mas sem substituí-la totalmente.
E que comunicação é alternativa quando utiliza outro meio para se comunicar ao invés da fala,
devido à impossibilidade de articular ou produzir sons adequadamente. (TETZCHNER; MARTINSEN,
1992, p. 22, tradução nossa).

A comunicação alternativa faz uso de diferentes recursos, que podem ser classificados em baixa tecnologia, por
meio de pranchas de comunicação, cartões de comunicação, mesa com símbolos, cartazes, agendas e pastas; e
alta tecnologia, através de microcomputadores, tablets e sintetizadores de voz.
No contexto educacional, a comunicação alternativa é um importante recurso para proporcionar a comunicação
entre professor, aluno e colegas, tornando o espaço da sala de aula interativo.
Agora que já entendemos um pouco mais sobre o Atendimento Educacional Especializado e os recursos
utilizados em sala de aula para melhor aprendizagem do aluno com deficiência, iremos conhecer mais sobre a
legislação educacional vigente no Brasil.

3.3 Educação para a cidadania, educação e direitos


humanos
O Brasil, como um país signatário das declarações internacionais, precisou se reestruturar para dar conta das
demandas presentes nessas declarações. Com isso, passa-se a pensar em políticas públicas de Educação
Inclusiva, ou seja, essas declarações produzem muitas mudanças na política educacional brasileira, sendo
necessário um grande investimento, principalmente financeiro, para dar conta do que é preciso fazer.
Sendo assim, para pensar na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, não
há como não se referir à Declaração Mundial de Educação para Todos, de 1990, e à Declaração de Salamanca, de
1994. Essas duas declarações nos apontam caminhos e demarcam objetivos que devem ser alcançados. Com isso,
os países repensam suas políticas educacionais.
Vamos conhecer mais sobre cada uma das declarações e as suas implicações na política educacional brasileira a
partir de agora!

3.3.1 Declaração Mundial de Educação para Todos


A Declaração Mundial de Educação para Todos foi criada na Conferência Mundial sobre a Educação para Todos,
realizada em Jomtien, na Tailândia, entre os dias 5 a 9 de março de 1990. O principal objetivo desse documento é
satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Para tanto, o plano de ações está organizado em 10 artigos:
• satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem;
• expandir o enfoque de atuação;
• universalizar o acesso à educação e promover a equidade;
• concentrar atenção na aprendizagem;
• ampliar os meios e o raio de ação da educação básica;
• proporcionar um ambiente adequado à aprendizagem;
• fortalecer alianças;
• desenvolver uma política contextualizada de apoio nos setores social, cultural e econômico;
• mobilizar os recursos financeiro e humano, tanto públicos e privados quanto voluntários;
• fortalecer a solidariedade internacional.
Nessa declaração, no que se refere aos sujeitos com deficiência, indica-se que as necessidades básicas de
aprendizagem “[...] requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à
educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo”

(UNESCO, 1998, p. 4). Dessa forma, temos a primeira indicação dos sujeitos com deficiência para ingressarem no

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(UNESCO, 1998, p. 4). Dessa forma, temos a primeira indicação dos sujeitos com deficiência para ingressarem no
ensino regular, garantindo o acesso e que suas necessidades básicas de aprendizagem sejam atendidas, assim
como as de qualquer outra pessoa.
A seguir, vamos conhecer sobre a Declaração de Salamanca.

3.3.2 Declaração de Salamanca


A Declaração de Salamanca foi criada na Conferência Mundial de Educação Especial, realizada em Salamanca, na
Espanha, entre os dias 7 e 10 de junho de 1994, com a representação de 88 governos e 25 organizações
internacionais. Ela reafirma o compromisso assumido na Declaração de Educação para Todos e ressalta a
necessidade de ser providenciada a educação de crianças, jovens e adultos no sistema regular de ensino.
A Declaração de Salamanca considera que toda criança tem direito fundamental à educação, contudo, também
menciona que toda criança possui características, interesses e habilidades únicas, por isso, os sistemas
educacionais precisam levar em conta a diversidade. Além disso, as pessoas com necessidades educacionais
especiais devem ter acesso à escola regular, sendo que as escolas regulares inclusivas são mais eficazes ao
combate a atitudes discriminatórias (UNESCO, 1994).
Com isso, de acordo com a Unesco (1994), demanda-se aos governos que:
• atribuam altas prioridades política e financeira para que os sistemas de ensino se tornem aptos para
incluírem todas as crianças, deficientes ou não;
• adotem o princípio da Educação Inclusiva como lei ou política;
• invistam esforços em estratégias para a identificação e a intervenção precoces;
• garantam programas de formação de professores.

VOCÊ QUER LER?


Conhecer as orientações e determinações legais é essencial para a formação cidadã e
profissional de educadores. Dessa forma, saber a história, de onde vêm certas determinações e
como chegamos até elas, é de fundamental importância. Por isso, sugerimos a leitura na
íntegra da Declaração Mundial de Educação para Todos, disponível no link: <http://unesdoc.
unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf>; e da Declaração de Salamanca, disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>.

É importante pensar que a declaração determina que seja adotado o princípio da educação inclusiva na forma de
lei ou política. Com isso, foram impressas as determinações de Educação Inclusiva. Assim, podemos perceber que
a Declaração de Salamanca, por tratar especificamente da conferência de Educação Especial, apresenta e nos
indica orientações que estão presentes na política educacional brasileira.
Na sequência, vamos aprender quanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Estatuto da Criança e
do Adolescente.

3.3.3 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Estatuto da Criança


e do Adolescente
Em 1990, foi aprovada a Lei n. 8.069, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), referendando
a Doutrina da Proteção Integral a Crianças e Adolescentes e garantindo a universalidade dos direitos humanos.

Nesse contexto, todas as crianças e adolescentes — inclusive aquelas que possam apresentar deficiências,

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Nesse contexto, todas as crianças e adolescentes — inclusive aquelas que possam apresentar deficiências,
transtornos ou altas habilidades — também possuem direitos assegurados pelo ECA, que buscam contemplar
suas necessidades, com o objetivo de diminuir a exclusão social e o preconceito como direito à vida e à saúde.
Em seu art. 11, parágrafo 2, a lei “[...] incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que
necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos a tratamento, habilitação e reabilitação”
(BRASIL, 1990). Já o direito à educação está garantido no art. 54, em que diz ser “[...] dever do Estado assegurar à
criança e ao adolescente: [...] III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1990).
É assegurado pelo ECA, também, o trabalho protegido ao adolescente com deficiência, o atendimento individual
e especializado em local adequado as condições do adolescente, os processos de adoção em que a criança ou
adolescente com deficiência que estiver na condição de adotando terá prioridade de tramitação, entre outros
direitos. Nesse sentido, a escola inclusiva se fundamenta na ideia de que a diversidade humana deve ser
reconhecida e valorizada.
Mais tarde em, 1996, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que determina os fins da
educação, os caminhos a serem percorridos e os meios adequados para atingi-los, ou seja, regulamenta a
Educação Escolar Nacional.
A Lei de Diretrizes e Bases, Lei n. 9.394/96, apresenta um capítulo para a Educação Especial, definindo-a como
uma modalidade de educação que se realiza preferencialmente na rede regular para alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidade ou superdotação. Em seu art. 59, assegura aos alunos:

I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas
necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão
do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo
o programa escolar para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o
respectivo nível do ensino regular.

Conhecer os marcos legais, políticos e normativos possibilita entendermos sobre o atendimento e o


reconhecimento dos sujeitos deficientes enquanto educandos. Isto é, esse conhecimento nos possibilita
compreender a importância da Educação Inclusiva e nos remete a pensar as práticas pedagógicas desenvolvidas
com os sujeitos público-alvo.
Sendo assim, considerando o público-alvo da Educação Especial, a seguir, iremos estudar um pouco mais sobre a
diversidade na aprendizagem de sujeitos com deficiência auditiva e visual.

3.4 Diversidade na aprendizagem


Atualmente, temos um discurso amplamente difundido de respeito à diversidade, de gênero, religião, entre
outros. A diversidade, então, relaciona-se aos valores e as diferenças existentes entre as pessoas. Isso porque
somos todos diferentes e nossas características devem ser respeitadas e valorizadas. Assim, também precisamos
entender que há diversidade no que diz respeito a forma de aprendizagem.
A partir de agora, vamos introduzir nossos estudos a respeito dos sujeitos com deficiência auditiva e visual.

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3.4.1 Introdução à deficiência auditiva
Para podermos compreender a maneira como as pessoas com deficiência auditiva aprendem, assim como para
pensarmos em estratégias pedagógicas a serem desenvolvidas com esses indivíduos, precisamos conhecer a
surdez e alguns elementos relacionados a essa condição.
Nesse sentido, o Decreto n. 5.626/2005, considera a:

[...] pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio
de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de
Sinais – Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total,
de quarenta e um 2. decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000
Hz, 000Hz e 3.000Hz. (BRASIL, 2005).

A surdez, então, pode ser classificada a partir de suas causas, sendo elas:
• surdez congênita: a criança nasce surda, podendo essa deficiência estar relacionada a alguma doença
que a mãe teve durante a gravidez (rubéola e toxoplasmose, por exemplo) ou a algum trauma durante o
parto;
• surdez adquirida: ocorre após o nascimento e pode estar relacionada a problemas na parte interna do
ouvido, por exposição a ruídos altos;
• cultura surda: costumes, hábitos, piadas e histórias que a comunidade surda compartilha e transmite as
gerações seguintes.

VOCÊ SABIA?
A expressão “surdo-mudo” ou “mudo” são um equívoco e tornam a deficiência pejorativa. Os
sujeitos surdos não falam porque não ouvem, contudo, muitos surdos fazem treinamento
auditivo e reabilitação oral com fonoaudiólogos para desenvolverem a oralidade. Os que
conseguem esse desenvolvimento são chamados de “surdos oralizados”.

A identidade de um grupo social está na sua cultura, construída pelo ser humano, a qual inclui mitos, símbolos,
ritos, crenças e todo o conjunto de conhecimentos e comportamentos adquiridos ao longo dos anos. Assim, a
identidade cultural é o sentimento de identidade de um grupo, cultura ou indivíduo, conforme este é
influenciado por ela.
Assim, a identidade cultural surda pode ser dividida em seis tipos, sendo elas:
• surdo com identidade surda: identifica-se pela diferença, como o sujeito que apresenta uma diferença
linguística;
• identidade surda híbrida: surdos que nasceram ouvintes e se tornaram surdos, tendo oportunidade de
conhecer a estrutura da língua portuguesa;
• identidade surdaincompleta: pessoas que medicalizam a surdez e a negam como diferença,
acreditando que os ouvintes são superiores a eles;
• identidade surda flutuante: são indivíduos conformados e acomodados com as situações impostas
pelos ouvintes, migram entre a comunidade surda e ouvinte sem se definirem;
• surdo com identidade ouvinte: não aceita a surdez e não gosta de ser reconhecido como surdo;
• surdo genético: que nasce de pais surdos.

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• surdo genético: que nasce de pais surdos.

VOCÊ QUER LER?


O livro “LIBRAS? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da
realidade surda”, de Audrei Gesser, apresenta de forma descontraída, a partir de perguntas e
respostas, muitas das dúvidas relacionadas à surdez e à Língua Brasileira de Sinais. Vale a pena
a leitura para nos aprofundarmos quanto a temática!

É válido mencionar que os surdos têm sua cultura expressa através de símbolos, basicamente visuais, cuja
representação é a Língua Brasileira de Sinais. A LIBRAS, como comumente é conhecida, é tida como a língua
oficial da comunidade surda brasileira.

Figura 4 - A comunicação em língua de sinais.


Fonte: Shutterstock, 2018.

A abordagem educacional defendida e recomendada pela comunidade surda é por meio do bilinguismo. Nela, o
sujeito surdo está em contato com as duas línguas, a LIBRAS e o português na modalidade escrita.
É importante, portanto, no processo educacional, pensar em três momentos, principalmente durante o
Atendimento Educacional Especializado, para os alunos com surdez:
• explicação dos conteúdos e conhecimentos curriculares em LIBRAS;
• aprendizagem da LIBRAS;

• e ensino de língua portuguesa na modalidade escrita.

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• e ensino de língua portuguesa na modalidade escrita.
A seguir, vamos analisar um caso prático fictício para melhor compreendermos a atuação do professor no
contexto educacional do aluno surdo.

CASO
Maria é graduada em Pedagogia. Ao longo do seu processo de formação inicial, participou de
um grupo de pesquisas que possuía como foco o estudo e a alfabetização. Sendo assim, ela
desenvolveu o seu processo formativo com base nesses conhecimentos. Contudo, logo que
começou a trabalhar em uma escola da rede pública, Maria recebeu em sua turma de segundo
ano do Ensino Fundamental um aluno com surdez, usuário da LIBRAS, ainda não alfabetizado
na língua portuguesa na modalidade escrita. A professora ficou confusa, mas não se
desesperou e procurou a coordenação pedagógica da escola para aprender como trabalhar
com seu aluno.
Lá, Maria teve ajuda da professora de Educação Especial, que mencionou o que ela poderia
fazer, que recursos poderia utilizar, como poderia trabalhar com o estudante, entre outras
questões pertinentes ao assunto. Após algumas reuniões, as professoras formaram dois grupos
de estudos para aprenderem LIBRAS, envolvendo professores, funcionários e colegas. O aluno
com surdez, inclusive, participava de todos os encontros para auxiliar o trabalho da professora
de Educação Especial. Foi, portanto, uma experiência produtiva para todos os evolvidos, pois,
aos poucos, a comunidade escolar aprendeu a se comunicar com o indivíduo e ele mesmo
passou a fazer parte da escola como qualquer outro aluno, tendo sua diferença linguística
respeitada.
A professora Maria, com um trabalho conjunto com a professora de Educação Especial,
conseguiu alfabetizar seu estudante.

O mais importante a se considerar no que se refere o atendimento dos alunos surdos é que “[...] as reflexões e a
tomada de decisão do professor a respeito das práticas mais adequadas a serem utilizadas com seu aluno serão
dependentes do sujeito concreto que ele tem diante de si, bem como as considerações sobre sua história de vida”
(FERNANDES, 2013a, p. 74).

VOCÊ QUER VER?


O filme A Família Belier, de Eric Lartigau, nos traz reflexões a respeito do significado da
participação da família da pessoa surda na inclusão social. Muitas concepções são
apresentadas sobre a questão do bilinguismo de acordo com o cotidiano. Além disso, a partir
de um sensível olhar pensante à inclusão da pessoa surda, podemos compreender a
importância e o significado da convivência com a diversidade. Vale a pena ver o filme e se
inteirar sobre o tema!

Pensar o processo de inclusão do aluno surdo em práticas pedagógicas que proporcionem a aprendizagem é um
desafio que provoca mudanças em toda a comunidade escolar. Mas, para além do aluno com deficiência auditiva,
temos, também, que pensar no processo de inclusão de outros alunos com deficiência, como aqueles com

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desafio que provoca mudanças em toda a comunidade escolar. Mas, para além do aluno com deficiência auditiva,
temos, também, que pensar no processo de inclusão de outros alunos com deficiência, como aqueles com
problemas visuais. Iremos estudar mais sobre isso com o item a seguir.

3.4.2 Introdução à deficiência visual


Historicamente, os sujeitos com deficiência sempre foram vistos como pessoas incapazes, sujeitos que se
encontram em desvantagem com relação aos demais. No entanto, essa é uma produção social, carregada de
estereótipos e mitos. Hoje, ainda que tenhamos uma grande carga de preconceito, avançamos em muitos
aspectos, principalmente no que diz respeito ao reconhecimento dos sujeitos com deficiência.

VOCÊ O CONHECE?
Tribo de Jah é uma banda de reggae brasileira, fundada na Escola de Cegos do Maranhão. Foi
nessa escola que os integrantes da banda se conheceram. Dos cinco integrantes, quatro são
cegos e um possui visão parcial em apenas um dos olhos. A formação da banda nos mostra a
capacidade que as pessoas com deficiência têm de desenvolverem atividades comuns.

A deficiência visual pode ser congênita ou adventícia. Ela é considerada congênita quando a criança nasce com o
problema, causado por lesões ou enfermidades que comprometem as funções do globo ocular. Já a deficiência
adventícia se caracteriza pela perda da visão em qualquer idade.
As principais causas da deficiência visual são a toxoplasmose, a rubéola, a má formação ocular, as lesões, a
meningite, a catarata, as síndromes e as doenças degenerativas.
As crianças com deficiência visual devem ser estimuladas a terem uma vida com autonomia para se
locomoverem e fazerem escolhas. No processo de escolarização, o uso de recursos tecnológicos, como leitores de
telas, audiodescrição, livros e materiais adaptados são importantíssimos para que os alunos possam ter acesso
aos conteúdos escolares. Além disso, o tato e a audição são essenciais para esses sujeitos.

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Figura 5 - É essencial o uso de diferentes tipos de materiais na Educação Inclusiva.
Fonte: littleman, Shutterstock, 2018.

É essencial, também, que o professor tenha conhecimento sobre o Sistema Braille, tanto para ensinar o aluno
como para poder acessar, planejar e propor materiais nesse código escrito. No processo de alfabetização, o
educador também deve considerar, assim como com as demais crianças, os conhecimentos já adquiridos desses
indivíduos e as experiências vivenciadas, trabalhando a partir desse ponto.
No Atendimento Educacional Especializado, as atividades buscam estimular a vida diária como orientação e
mobilidade; o ensino do Sistema Braille; o uso de recursos tecnológicos e de informática, como softwares
sintetizadores de voz; a adaptação de material para Braille, alto-relevo, produção e ampliação de livros didáticos,
de literatura e das atividades que serão realizadas no ensino comum; e o ensino do uso do Soroban.

VOCÊ QUER VER?


O curta-metragem As Cores das Flores foi produzido pela ONCE, uma organização espanhola
sem fins lucrativos que tem como missão melhorar a qualidade de vida das pessoas cegas. O
curta conta a história de Diego, um menino cego que precisa escrever uma redação com o tema
“as cores das flores”. Para conhecer a história completa e entender como foi realizado o
trabalho com Diego, veja o vídeo completo através do link: <http://labedu.org.br/as-cores-das-
flores/>.

É importante considerar, ainda, que os alunos com deficiência visual são sujeitos capazes, que experienciam o
mundo de uma maneira diferente. Assim, é importante possibilitar que eles utilizem essas experiências no

processo de ensino e aprendizagem, para que possam aprender e atingir os níveis mais elevados do processo de

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processo de ensino e aprendizagem, para que possam aprender e atingir os níveis mais elevados do processo de
escolarização.
Para além dessas deficiências, outras podem ser elencadas como um desafio para o planejamento dos projetos
pedagógicos dos professores. Sendo assim, é fundamental que o educador estude a respeito do assunto e se
aprofunde na temática para trabalhar com esses estudantes da melhor forma possível.

Síntese
Concluímos mais um capítulo a respeito da Educação Inclusiva. Aqui, aprendemos quanto ao Atendimento
Educacional Especializado e o trabalho feito nas escolas com as pessoas com deficiência. Agora, você conhece
alguns elementos importantes da prática pedagógica com alunos com deficiência.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• conhecer algumas orientações para o Atendimento Educacional Especializado;
• aprender conceitos importantes no que diz respeito ao atendimento dos sujeitos com deficiência;
• compreender o currículo e a avaliação na perspectiva inclusiva;
• reconhecer a importância das políticas públicas;
• conhecer alguns transtornos de aprendizagem e como o professor deve lidar com elas.

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