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A C Ó R D Ã O
SBDI2
EMP/ds
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da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RO-1113000-33.2010.5.02.0000
II – AÇÃO CAUTELAR EM APENSO. "A ação
cautelar não perde o objeto enquanto
ainda estiver pendente o trânsito em
julgado da ação rescisória principal,
devendo o pedido cautelar ser julgado
procedente, mantendose os efeitos da
liminar eventualmente deferida, no
caso de procedência do pedido
rescisório ou, por outro lado,
improcedente, se o pedido da ação
rescisória principal tiver sido
julgado improcedente" (Orientação
Jurisprudencial nº 131 da SBDI2 do
TST). Assim, no caso em exame,
considerando o resultado do recurso
ordinário, impõese a procedência da
ação cautelar.
Ação cautelar julgada procedente.
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PROCESSO Nº TST-RO-1113000-33.2010.5.02.0000
V O T O
I – CONHECIMENTO.
Presentes os requisitos de admissibilidade
recursal: tempestivo (acórdão recorrido publicado em 28.10.2010 e
apelo interposto em 4.11.2010 – fl. 187 do sequencial nº 2), regular
a representação processual (fl. 19 do sequencial nº 2) e dispensado
o pagamento das custas processuais (fl. 171 do sequencial nº 2).
Conheço do recurso ordinário.
PROCESSO Nº TST-RO-1113000-33.2010.5.02.0000
IV – PREJUDICIAL DE DECADÊNCIA.
A Ré sustenta que a presente ação rescisória foi
ajuizada fora do prazo previsto no artigo 495 do CPC, na medida em
que "a primeira medida dentre as várias apresentadas pela recorrente
visando desconstituir a penhora realizada sobre seu imóvel, alegando
que o mesmo se tratava de bem de família, foi apresentada em
19/07/2002 (doc. 29 fls. 115/132), ocorrendo o seu trânsito em
julgado no ano de 2003 (doc. 29 fls. 149/151), (...) restando a
presente ação intempestiva" (fl. 197 do sequencial nº 2).
Mais uma vez sem razão.
O objeto da presente ação rescisória é
desconstituir a decisão do Juízo da 4ª Vara do Trabalho de São Paulo
em que rejeitados os embargos à adjudicação opostos pela ora Autora
(sequencial nº 9).
De acordo com a certidão do Diretor de Secretaria
do Juízo da 4ª Vara do Trabalho de São Paulo, o trânsito em julgado
da referida decisão ocorreu em 14.8.2008 (fl. 320 do sequencial nº
1).
Tendo em vista o ajuizamento da ação rescisória em
28.6.2010, é forçoso concluir pela observância do artigo 495 do CPC.
A questão relativa à preclusão da alegação de bem
de família está afeta ao mérito da ação rescisória.
Rejeito.
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PROCESSO Nº TST-RO-1113000-33.2010.5.02.0000
V – MÉRITO.
Rosa Nair Giarelli ajuizou ação rescisória em face
de Nair Rodrigues de Araújo, com base no inciso V do artigo 485 do
CPC, objetivando a desconstituição da sentença proferida pela 4ª
Vara do Trabalho de São Paulo em embargos à adjudicação, nos autos
da Reclamação Trabalhista nº 947/99, em que rejeitada a alegação de
bem de família do imóvel constrito.
Aduziu na petição inicial da ação rescisória que o
Juízo da 4ª Vara do Trabalho de São Paulo, ao rejeitar a alegação de
bem de família, ao fundamento de que o bem penhorado não era o único
imóvel da Executada e de que não observados os requisitos do artigo
1.711 do Código Civil, importou em ofensa aos artigos 1º e 5º da Lei
nº 8.009/1990.
Eis os termos da decisão rescindenda (sequencial
nº 9):
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PROCESSO Nº TST-RO-1113000-33.2010.5.02.0000
Pretende a autora, por meio desta ação rescisória, com base no art.
836 da CLT c/c art. 485 do CPC, rescindir a sentença proferida pelo MM.
Juízo da 4ª Vara de São Paulo nos autos do processo nº
00947.1999.004.02.00-9. Aponta a ocorrência de violação ao art. 1º da Lei
8.009/90, em razão do não reconhecimento do bem de família e
manutenção da adjudicação formalizada nos autos.
A violação à literal dispositivo de lei consiste na adoção de
entendimento manifestamente contrário à norma tida como vulnerada.
Pontes de Miranda, citado por Manoel Antonio Teixeira Filho, in Ação
Rescisória no Processo do Trabalho, 4ª edição, pág. 245, sustenta que ... ao
juiz da ação rescisória é que cabe dizer se existe ou não existe a regra
consuetudinário, ou o princípio geral de direito ou a regra jurídica
analógica.
O próprio Colendo Tribunal Superior do Trabalho já pacificou o
entendimento de que é necessário haver pronunciamento explícito na
decisão rescindenda acerca do conteúdo da norma tida por violada. Isso
significa que o Órgão julgador deve ter emitido entendimento sobre a
matéria aventada na ação rescisória. Tem-se, portanto, como pressuposto
necessário para que se configure a hipótese do inciso V do art. 485, do
CPC, o prequestionamento estabelecido na Súmula nº 298 do C. TST: :
98 - Ação rescisória. Violação de lei. Prequestionamento.
(Res. 8/1989 - DJ 14.04.1989. Nova redação em decorrência da
incorporação das Orientações Jurisprudenciais nºs 36, 72, 75 e
85, parte final, da SDI-II - Res. 137/2005, DJ 22.08.2005)
I - A conclusão acerca da ocorrência de violação literal de
lei pressupõe pronunciamento explícito, na sentença
rescindenda, sobre a matéria veiculada. (ex-Súmula nº 298 -
Res. 8/1989, DJ 14.04.1989)
II - O prequestionamento exigido em ação rescisória diz
respeito à matéria e ao enfoque específico da tese debatida na
ação e não, necessariamente, ao dispositivo legal tido por
violado. Basta que o conteúdo da norma, reputada como
violada, tenha sido abordado na decisão rescindenda para que se
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Constituição Federal, sendo oponível em qualquer fase do processo de
execução.
Ao contrário do decidido na decisão rescindenda, o
preenchimento dos requisitos do artigo 1.711 do Código Civil só tem
aplicação no caso de bem de família convencional, ao passo que a
proteção da Lei nº 8.009/1990 está ligada ao princípio da dignidade
da pessoa humana, assegurandose um patrimônio mínimo.
Nesse sentir, para a caracterização do bem de
família, de acordo com a referida Lei nº 8.009/1990, basta a
destinação de residência do bem imóvel, restando despiciendo o
registro na Circunscrição Imobiliária.
No que tange ao segundo fundamento adotado na
decisão rescindenda, ausência de demonstração de que o bem constrito
era o único imóvel de propriedade da então Embargante, constatase
que tal exigência é contrária ao texto da lei. Com efeito, dispõem
os artigos 1º e 5º da Lei nº 8.009/1990:
PROCESSO Nº TST-RO-1113000-33.2010.5.02.0000
Inferese que não há restrição à proteção legal do
bem de família à hipótese de o devedor possuir apenas um imóvel. A
impenhorabilidade recai sobre o imóvel utilizado pela entidade
familiar como moradia permanente.
Assim, o Juízo da 4ª Vara do Trabalho São Paulo,
ao rejeitar os embargos à adjudicação opostos pela ora Autora, ao
fundamento de que a proteção legal só se justificaria quando
demonstrado que o devedor possua apenas um imóvel e de que não
restariam observados os requisitos do artigo 1.711 do Código Civil,
incorreu em violação literal dos artigos 1º e 5º da Lei nº
8.009/1990.
Cito precedentes desta Subseção:
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PROCESSO Nº TST-RO-1113000-33.2010.5.02.0000
Ressalto que, justamente pelo fato de a aplicação
da Lei nº 8.009/1990 constituir matéria de ordem pública, não se
cogita de trânsito em julgado da matéria pela rejeição do argumento
da Executada em oportunidade anterior. Cabe destacar que, na decisão
rescindenda, o Juízo da 4ª Vara do Trabalho de São Paulo examinou a
matéria, afastando tal alegação com base em dispositivo do Código
Civil e interpretando a referida Lei nº 8.009/1990, autorizando o
manejo da presente ação rescisória.
Tampouco se cogita de ausência de pronunciamento
explícito na decisão rescindenda sobre os dispositivos legais
evocados, pois, de acordo com o item II da Súmula nº 298 desta Corte
Superior: "O pronunciamento explícito exigido em ação rescisória diz respeito à matéria e ao
enfoque específico da tese debatida na ação, e não, necessariamente, ao dispositivo legal tido por
violado. Basta que o conteúdo da norma reputada violada haja sido abordado na decisão rescindenda
para que se considere preenchido o pressuposto".
Não incide, ainda, o óbice da Súmula nº 410 do
TST, na medida em que a conclusão de violação literal de lei
prescinde do exame de documentos da ação matriz. Com efeito, apenas
a leitura da decisão apontada como rescindenda autoriza o resultado
ora exposto.
Ante o exposto, dou provimento ao recurso
ordinário, para rescindir a sentença de embargos à adjudicação,
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proferida nos autos da Reclamação Trabalhista nº 947/99, que tramita
na 4ª Vara do Trabalho de São Paulo, por violação literal dos
artigos 1º e 5º da Lei nº 8.009/1990, e, em juízo rescisório,
acolher os referidos embargos à adjudicação, para, reconhecendo a
natureza de bem de família do imóvel constrito, desconstituir a
adjudicação do imóvel localizado na Rua João Gomes Júnior, 935,
Jardim Bonfiglio, São Paulo/SP.
Devidos honorários advocatícios pela Ré, na ação
rescisória, na forma do item II da Súmula nº 219 do TST, consoante a
qual é devida a parcela nesta Justiça Especializada, em ação
rescisória, pela mera sucumbência, no importe de R$ 8.000,00, isenta
(arts. 3º, V, e 4º, § 3º, da Lei nº 1.060/50).
Invertido o ônus da sucumbência quanto às custas
processuais, das quais fica isenta a Ré (art. 3º, II, da Lei nº
1.060/50).
II AÇÃO CAUTELAR EM APENSO.
Nos termos da O.J. nº 131 da SBDI2 desta Corte, "a
ação cautelar não perde o objeto enquanto ainda estiver pendente o trânsito em julgado da ação
rescisória principal, devendo o pedido cautelar ser julgado procedente, mantendo-se os efeitos da
liminar eventualmente deferida, no caso de procedência do pedido rescisório ou, por outro lado,
improcedente, se o pedido da ação rescisória principal tiver sido julgado improcedente".
Assim, no caso em exame, considerando o resultado
do recurso ordinário, impõese a procedência da ação cautelar.
Custas pela Ré, no importe de R$ 20,00, isenta
(art. 3º, II, da Lei nº 1.060/50).
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Subseção II Especializada
em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por
unanimidade, conhecer do recurso ordinário, rejeitar as preliminares
suscitadas pela Ré, em contrarrazões, e, no mérito, dar provimento
ao apelo ordinário, para rescindir a sentença de embargos à
adjudicação, proferida nos autos da Reclamação Trabalhista nº
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