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PROCESSO CIVIL

PROCESO DE CONHECIMENTO E EXECUÇÃO

Prof. Leonardo Fetter


PROCESSO CIVIL

ATOS PROCESSUAIS ................................................................................................................................. 5


1.1Nulidades ................................................................................................................................................. 6
1.2Ineficácia ................................................................................................................................................. 8
1.3Processo calendário ................................................................................................................................ 8
PROCESSO DE CONHECIMENTO .......................................................................................................... 10
2.1Procedimentos no novo processo civil .................................................................................................. 10
PETIÇÃO INICIAL ...................................................................................................................................... 10
EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL................................................................................................................ 12
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL ................................................................................................. 13
CITAÇÃO.................................................................................................................................................... 15
6.1Formas de citação ................................................................................................................................. 16
6.2Nulidade da citação ............................................................................................................................... 17
MECANISMOS DE SOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS ................................................................. 18
07.1 Negociação......................................................................................................................................... 18
7.2 Conciliação ........................................................................................................................................... 18
DO DESINTERESSE DAS PARTES ......................................................................................................... 19
8.1Ausência das partes na audiência ........................................................................................................ 20
8.2Prazo para defesa ................................................................................................................................. 21
8.3Mediação ............................................................................................................................................... 22
8.4Funções do mediador ............................................................................................................................ 22
ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI Nº 13.129/15 23
9.1A conciliação e a mediação judiciais no CPC e na Lei nº 13.140/15 .................................................... 24
9.2A mediação extrajudicial dos direitos disponíveis e indisponíveis transacionáveis .............................. 25
LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS .......................................................................... 25
CUSTAS PROCESSUAIS .......................................................................................................................... 29
11.1 Justiça gratuita ............................................................................................................................... 30
11.2 Má-fé na relação processual .......................................................................................................... 32
11.2 Responsabilidade por dano processual ......................................................................................... 33
11.3 Dever de colaboração .................................................................................................................... 33
11.4 Processo eletrônico ........................................................................................................................ 34
JULGAMENTO CONFORME ESTADO DO PROCESSO: EXTINÇÃO PARCIAL OU TOTAL DO
PROCESSO .......................................................................................................................................... 35
12.1 Julgamento liminar de improcedência do pedido ............................................................................... 36
CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO ....................................................................................................... 36
13.1 Dos prazos ..................................................................................................................................... 37
13.2 Prazos especiais ............................................................................................................................ 37
13.3 Das preliminares na contestação ................................................................................................... 38
13.4 Reconvenção ................................................................................................................................. 39
COMPETÊNCIA ......................................................................................................................................... 41
14.1 Suspeição e impedimento do juiz................................................................................................... 42
14.2 Incompetência ................................................................................................................................ 43
14.3 Modificação de competência .......................................................................................................... 44
FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO ........................................................................................ 46
15.1 Suspensão do processo ................................................................................................................. 47
REVELIA .................................................................................................................................................... 49
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES ............................................................................................................ 51
DESPACHO SANEADOR .......................................................................................................................... 52
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO.................................................................................................................... 53
TEORIA GERAL DA PROVA ..................................................................................................................... 54
20.1 Objeto da prova .............................................................................................................................. 55
20.2 Quem requer a produção de provas? ............................................................................................ 56
20.3 Ônus da prova ................................................................................................................................ 56
20.4 Provas ilícitas ................................................................................................................................. 57
20.5 Suspensão do processo ................................................................................................................. 58
20.6 Produção antecipada de provas ..................................................................................................... 58
20.7 Tipos de provas que podem ser antecipadas ................................................................................ 59
20.8 Competência .................................................................................................................................. 59
20.9 Petição............................................................................................................................................ 60
PROVAS EM ESPÉCIE ............................................................................................................................. 60
21.1 Ata notarial ..................................................................................................................................... 61
21.2 Depoimento pessoal ....................................................................................................................... 62
21.3 Da confissão ................................................................................................................................... 63
21.4 Exibição de documento ou coisa ................................................................................................... 64
21.5 Prova documental .......................................................................................................................... 66
21.6 Prova testemunhal ......................................................................................................................... 68
21.7 Prova pericial .................................................................................................................................. 71
21.8 Inspeção judicial ............................................................................................................................. 74
EXTINÇÃO DO PROCESSO ..................................................................................................................... 75
22.1 Sentença terminativa ...................................................................................................................... 75
22.2 Sentença definitiva ......................................................................................................................... 77
22.3 Requisitos da sentença .................................................................................................................. 77
22.4 Sentença ilíquida ............................................................................................................................ 78
22.5 Sentença extra petita, ultra petita ou citra petita ............................................................................ 79
22.6 Da coisa julgada formal .................................................................................................................. 79
22.7 Da coisa julgada material ............................................................................................................... 79
REEXAME NECESSÁRIO ......................................................................................................................... 80
ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO......................................................................................................... 81
24.1 Alegações Finais ............................................................................................................................ 81
25.1 Intervenção de terceiros na execução ........................................................................................... 85
25.2 Litisconsórcio na execução ............................................................................................................ 85
REQUISITOS DA EXECUÇÃO .................................................................................................................. 86
26.1 Inadimplemento do devedor ........................................................................................................... 86
26.2 Titulo executivo .............................................................................................................................. 87
26.2.1 Requisitos do título executivo ......................................................................................................... 88
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ..................................................................................................... 88
27.1 Responsabilidade patrimonial de terceiros .................................................................................... 91
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA................................................................................................................... 93
28.1 Liquidação provisória ..................................................................................................................... 94
28.2 Liquidação de sentença parcialmente ilíquida ............................................................................... 95
28.3 Liquidação por arbitramento........................................................................................................... 95
28.5 Liquidação por procedimento comum ................................................................................................ 95
28.7 Liquidação de sentença genérica em ação civil pública ................................................................ 96
28.8 Liquidação na fase de execução .................................................................................................... 96
MEIOS DE EXECUÇÃO ............................................................................................................................. 97
29.1 Execução de título extrajudicial: regras gerais ............................................................................... 97
29.2 Execução por quantia certa............................................................................................................ 99
29.2.2 Processo de execução para entrega de coisa certa ..................................................................... 109
29.3 Processo de execução para entrega de coisa incerta ................................................................. 110
29.4 Processo de execução de obrigação de fazer e não fazer .......................................................... 110
29.5 Execução contra fazenda pública ................................................................................................ 111
29.6 Execução de alimentos ................................................................................................................ 112
FRAUDE A EXECUÇÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES ................................................................. 112
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA............................................................................................................ 115
31.1 Cumprimento de sentença: obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa certa .................. 116
31.2 Cumprimento de sentença de quantia certa ................................................................................ 116
31.3 Cumprimento de sentença de quantia certa contra fazenda pública ........................................... 117
31.4 Cumprimento de sentença de prestação de alimentos ................................................................ 118
PROTESTO DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO E NEGATIVAÇÃO DO NOME DO
DEVEDOR ........................................................................................................................................... 118
A HIPOTECA JUDICIÁRIA ....................................................................................................................... 119
SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DAS EXECUÇÕES .................................................................................... 120
35.1 Suspensão das execuções .......................................................................................................... 120
35.2 Extinção das execuções ............................................................................................................... 121
DEFESA DO EXECUTADO ..................................................................................................................... 122
36.1 Embargos à execução .................................................................................................................. 122
36.2 Procedimento dos embargos ....................................................................................................... 125
36.3 Impugnação ao cumprimento de sentença .................................................................................. 129
36.3.1 Procedimento da impugnação ao cumprimento de sentença ....................................................... 131
EXCEÇÕES E OBJEÇÕES DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ......................................................................... 132
DEFESA DO EXECUTADO APÓS A APRESENTAÇÃO DOS EMBARGOS ......................................... 133
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 135
01 ATOS PROCESSUAIS

O processo consiste em uma sucessão de atos. Atos processuais são os atos


humanos realizados no processo, os quais devem ser praticados em conformidade
com o que determina a lei. “No entanto, o CPC flexibiliza essa regra, em especial no
artigo 190, ao permitir que, nos processos em que se admite a autocomposição, as
partes capazes possam estipular mudanças no procedimento e convencionar sobre
o seu ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou depois do
processo, com o controle do juiz” (GONÇALVES, 2016, p. 307).
Um ato processual não se assemelha a um fato processual, visto que esses
se realizam independentemente da vontade do agente, ocorrendo naturalmente,
porém causando algum efeito ao processo, como a morte de uma das partes, por
exemplo.

a) Atos processuais das partes: previsto no artigo 200 do NCPC, se


subdivide em declarações unilaterais, que são os atos realizados apenas pela parte,
como no caso da petição inicial, ou bilaterais, que requerem a manifestação de
ambas as partes, como no caso do acordo. São atos que geram imediatamente a
constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Os atos das partes
também podem ser classificados em atos postulatórios, que exprimem a pretensão
das partes (petição inicial), instrutórios, que visam provar as respectivas alegações,
ou dispositivos, que são os atos que finalizam o processo.

b) Atos processuais do juiz: o pronunciamento do juiz poderá ser feito


através de sentenças, decisões interlocutórias e despachos. De acordo com art.
203, §1º, sentença é o meio pelo qual o juiz, através dos artigos 485 e 487, finaliza a
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Decisão
interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no conceito de sentença
(§ 2º). E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo, de
ofício ou a requerimento da parte (§ 3º).
c) Atos processuais dos auxiliares de justiça: são os atos praticados pelo
escrivão ou chefe de secretaria. Estão disciplinados nos artigos 206 a 2011 do
NCPC.

Questão 01 - XX Exame:
Rafael e Paulo, maiores e capazes, devidamente representados por seus
advogados, celebraram um contrato, no qual, dentre outras obrigações, havia a previsão de
que, em eventual ação judicial, os prazos processuais relativamente aos atos a serem
praticados por ambos seriam, em todas as hipóteses, dobrados. Por conta de desavenças
surgidas um ano após a celebração da avença, Rafael ajuizou uma demanda com o objetivo
de rescindir o contrato e, ainda, receber indenização por dano material. Regularmente
distribuída para o juízo da 10ª Vara Cível da comarca de Porto Alegre/RS, o magistrado
houve por reconhecer, de ofício, a nulidade da cláusula que previa a dobra do prazo. Sobre
os fatos, assinale a afirmativa correta.

A) O magistrado agiu corretamente, uma vez que as regras processuais não podem ser
alteradas pela vontade das partes.
B) Se o magistrado tivesse ouvido as partes antes de reconhecer a nulidade, sua decisão
estaria correta, uma vez que, embora a cláusula fosse realmente nula, o princípio do
contraditório deveria ter sido observado.
C) O magistrado agiu incorretamente, uma vez que, tratando-se de objeto disponível,
realizado por partes capazes, eventual negócio processual, que ajuste o procedimento às
especificidades da causa, deve ser respeitado.
D) O juiz não poderia ter reconhecido a nulidade do negócio processual, ainda que se
tratasse de contrato de adesão realizado por partes em situações manifestamente
desproporcionais, uma vez que deve ser respeitada a autonomia da vontade.

1.1 Nulidades

Um ato processual será considerado nulo quando não observar todos os


requisitos de validade e acarretar algum prejuízo. Se o juiz identificar uma nulidade
durante o processo, ordenará que seja corrigida, avaliando, inclusive, se os atos
posteriores que dele dependam também devem ser reparados (artigo 282 do
NCPC). A nulidade de um ato só poderá anular os atos posteriores que dele
dependam, não prejudicando os atos posteriores independentes, conforme disciplina
o artigo 281 do NCPC.
Após o encerramento do processo ainda haverá a possibilidade de ser
alegada alguma nulidade absoluta, através da ação rescisória, entretanto, passado o
prazo para a propositura da ação, a nulidade restará sanada. Já a nulidade relativa
deverá ser alegada na primeira oportunidade, sob pena de preclusão.
Enquanto a nulidade não for identificada e o juiz não a reconhecer ela será
considerada um ato válido, produzindo seus efeitos normalmente.
A nulidade, nesse caso, diz respeito apenas aos atos praticados pelo juiz ou
seus auxiliares, sendo que os atos praticados pelas partes, caso estejam em
desconformidade com os requisitos legais, apenas não irão gerar efeitos, sendo atos
ineficazes e não nulos.
São exemplos de atos nulos:

- As decisões prolatadas por juízes impedidos ou por juízos


absolutamente incompetentes;
- Falta de intervenção do Ministério Público, quando obrigatória;
- A citação realizada sem obediência às formalidades legais;
- A sentença que não observe a forma prescrita em lei. (GONÇALVES,
2016, p. 322).

A nulidade absoluta poderá ser decretada de ofício ou por qualquer uma das
partes (exceto em alguns casos), já a relativa só poderá ser alegada pela parte
interessada/prejudicada.
De acordo com o artigo 277 do NCPC, o ato será considerado válido pelo juiz,
desde que tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo que tenha
sido realizado de forma contrária a lei. Isso porque adota-se o princípio da
instrumentalidade das formas, que diz que a forma é necessária apenas para que o
ato alcance o seu objetivo, sendo que se atingir o objetivo por outro meio não existirá
o vício. Exemplo: o réu é citado de forma incorreta, mas comparece à audiência e se
defende. O ato que inicialmente era nulo se tornará válido.
Questão 02 - XX Exame (Salvador):
No decorrer da tramitação de uma ação, em que se discutiam as declarações de
última vontade contidas em um testamento, foi alegada, pela parte interessada, a ausência
de intervenção obrigatória do Ministério Público, requerendo, como consequência, a
anulação de todo o procedimento. Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta.

A) A alegação está correta, uma vez que compete ao Ministério Público intervir nas causas
concernentes a disposições de última vontade, sob pena de nulidade.
B) O advogado da parte contrária pode arguir a inexistência de obrigatoriedade de
intervenção, uma vez que, nesse caso, cabe ao parquet avaliar a presença do interesse
público ou social, decidindo ou não pela intervenção.
C) Não há nulidade na situação narrada, pois a obrigatoriedade de intervenção do Ministério
Público se limita às ações em que haja interesse de incapaz ou participação da Fazenda
Pública.
D) A alegação de nulidade está correta, de modo que o juiz deverá invalidar todo o
processo, desde a distribuição.

1.2 Ineficácia

A ineficácia de um ato processual ocorre quando não há a observância de


alguma forma essencial ou estrutural do processo.
A ineficácia, diferentemente da nulidade, não será sanada pelo decurso do
tempo, podendo ser alegada a qualquer momento, ou seja, não gera a preclusão.
Se for identificada a ineficácia no curso do processo, o juiz determinará que o
ato seja sanado, com a renovação dos atos viciados e os seus subsequentes, e se o
processo já estiver encerrado poderá ser alegada através de uma ação declaratória
de ineficácia, impugnação ao cumprimento de sentença ou ação de embargos à
execução.

1.3 Processo calendário

Os atos processuais serão praticados em dias úteis, das 06 às 20 horas,


conforme o artigo 212 do NCPC. Esse prazo poderá ser prorrogado no caso de
finalização de algum ato iniciado dentro do horário, quando o adiamento prejudicar a
diligência ou causar grave dano (§1º), exceto no caso dos atos (não eletrônicos) que
dependam de protocolo, sendo que esses só poderão ser realizados dentro do
horário de expediente do respectivo órgão. Já os atos processuais realizados por
meio eletrônico poderão ocorrer até as 24 horas do último dia do prazo,
independentemente do horário (artigo 213 do NCPC).

No período das férias forenses, feriados ou dias úteis fora do horário


mencionado anteriormente os atos processuais não serão praticados, exceto no
caso das citações, intimações, penhoras e tutelas de urgência, independentemente
de autorização judicial.
Ainda, durante as férias forenses também serão praticados outros atos
processuais, conforme o artigo 215 do NCPC.

Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não


se suspendem pela superveniência delas:
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à
conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento;
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e
curador;
III - os processos que a lei determinar.

Para efeito forense, além dos declarados em lei, também consideram-se


como feriados, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente nos
órgãos jurisdicionais (artigo 216 do NCPC).
Em regra, os atos processuais se realizarão na sede do juízo (cartório ou vara
judicial). Porém, de acordo com o artigo 217 do NCPC, também podem se realizar
em outro lugar, em razão do interesse da justiça (cartas precatórias), bem como
diante da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo
juiz (testemunha que não tem condições de se locomover).
02 PROCESSO DE CONHECIMENTO

2.1 Procedimentos no novo processo civil

A partir da entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil, as


disposições relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais (do
antigo CPC, que foram revogadas) passam a seguir o procedimento comum ou um
dos procedimentos especiais regulados em outras leis, conforme dispõe o artigo
1.046.
Desta forma, conforme o § 1o, do referido artigo, o procedimento sumário
deixa de existir nos novos processos, contudo, as ações propostas que não foram
sentenciadas até a entrada em vigor do NCPC, seguirão o rito sumário normalmente.
Os procedimentos podem ser classificados em:
a) Comuns: segue sempre o mesmo padrão, são aqueles que a lei não definir o
procedimento especial. É encontrado no Livro I, Título I, da Parte Especial do
CPC.
b) Especiais: possuí procedimento especifico, encontrado no Título III, do
mesmo livro.

03 PETIÇÃO INICIAL

O juiz não age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessário a iniciativa
da parte (ou do Ministério Público, arts. 177 e 720) a partir da formulação do pedido,
a petição inicial é a peça exordial para a inauguração do processo civil,
independente do rito. Será a responsável pela instauração da demanda e da tutela
pública ou privada.
Conforme artigos 319 e 320 do CPC, a petição inicial deverá conter alguns
requisitos:

Art. 319. A petição inicial indicará:


I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e
a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou
de mediação.
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o
autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua
obtenção.
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto
no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis
à propositura da ação.

O NCPC traz uma inovação referente a qualificação das partes na petição


inicial, tratado no artigo 319, inciso II, refere que a petição agora deverá indicar além
do nome, prenomes, estado civil, profissão, domicilio e residência do autor e do réu,
deverá mencionar também a existência de união estável, o CPF ou CNPJ e o email
(pelo qual poderá ser feita intimação ou citação, de acordo com o artigo 246, inciso
V do NCPC).
A petição não será indeferida, se na falta da indicação de uma dessas
informações, ainda seja possível a citação do réu, ou então se a obtenção de tais
informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça,
conforme §§ 2º e 3º, do artigo 319 do NCPC. Ainda, o juiz tem o dever de, quando o
réu não for encontrado, ou não houver dados suficientes sobre sua localização,
requisitar informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de
concessionárias de serviços públicos (art. 256, §3º), podendo essas diligências
serem requeridas ao juiz, na petição inicial (art. 319, VII e 334, do CPC).
Além do mais, a petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não de que
lhe seja designada audiência de conciliação ou mediação (art. 334), bem como,
deverá juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo
(art. 105, §2º). A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão,
decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente (art. 287, I c/c
art. 104).
Assim, a indicação e a qualificação completa das partes deverá conter: os
nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da

Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu.

Para as pessoas jurídicas deve ser indicado: nome da empresa, sede, número
de inscrição no CNPJ, endereço eletrônico, representante da pessoa jurídica
(colocar a qualificação do representante). Se o autor for absolutamente ou
relativamente incapaz, deverá ser indicado a pessoa que o representa ou assiste.

04 EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL

O juiz poderá determinar que o autor emende ou complete a inicial – salvo na


hipótese do inciso VI, do artigo 319 (refere as provas que o autor produzirá), ou na
ausência de documento indispensável à propositura da ação, que ensejará na
resolução sem mérito – no prazo de 15 dias, indicando precisamente o que deve ser
corrigido ou completado na inicial, conforme artigo 321:

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve
ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a
petição inicial.

Assim, se o juiz verificar que petição inicial não preenche os requisitos dos
artigos 319 e 320 do CPC, ou apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento, determinará que o autor emende ou a complete, no prazo de
15 dias. Observe que o juiz precisa indicar o que deve ser emendado, sendo vedado
ordem genérica.
Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a inicial. Já, do não
recebimento da inicial, o autor poderá apelar da decisão no prazo de 15 dias (art.
331).
O prazo para emendar a petição inicial não é preclusivo, “se o autor a
emendar depois de quinze dias, o juiz receberá a emenda, salvo se tiver proferido a
sentença de indeferimento” (GONÇALVES, 2016, p. 423).

05 INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL

A petição inicial pode conter vícios que são insanáveis, como por exemplo,
ilegitimidade de parte, neste caso, como o vício não pode ser regularizado, ocorrerá
o indeferimento liminar, julgando extinto o processo, sem resolução do mérito
(através da sentença), portanto o recurso cabível é a apelação, no prazo de 15 dias,
sendo que o juiz poderá retratar-se da decisão no prazo de 05 dias.
As hipóteses de indeferimento estão dispostas no artigo 330:

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.

Considera-se inepta a petição que não conter causa de pedir ou pedido, o


pedido for indeterminado, se da narração dos fatos não decorrer logicamente a
conclusão e contiver pedidos incompatíveis entre si.
O Juiz julgará, como regra, a extinção sem resolução de mérito (art. 485) a
petição que for inepta, sempre que o autor formular pedido genéricos e
indeterminados, salvo as hipóteses do artigo 324, §1º do NCPC:

Art. 324. O pedido deve ser determinado.


§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens
demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do
ato ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender
de ato que deva ser praticado pelo réu.
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.

O juiz poderá julgar liminarmente improcedente o pedido, independentemente


da citação, quando contrariar (art. 332):

I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior


Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

Ou poderá julgar liminarmente improcedente o pedido, se verificar a


ocorrência de decadência ou prescrição (art. 332, §1º), julgando com resolução de
mérito (art. 487).
O autor terá prazo de quinze dias para interpor apelação contra decisão
proferida, caso não seja interposta, o réu será intimado do trânsito em julgado da
sentença, nos termos do artigo 241. Caso haja interposição do recurso, o juiz poderá
retratar-se, não havendo retratação, o réu será intimado para apresentar
contrarrazões de apelação no prazo de quinze dias (ainda que não tenha sido citado
para apresentar contestação). Ex.: João entra com uma ação, o juiz julgou de forma
liminar a improcedência da ação, o autor apela, e o réu que nem sabia da existência
dessa ação será chamado para apresentar contrarrazões.
No caso de sentença reformada: “Sendo a sentença reformada pelo tribunal,
o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos,
observados o disposto no artigo 334 do CPC” (MOTA et al, 2016, p.684).
06 CITAÇÃO

No Código de Processo Civil anterior o pedido de citação era essencial na


petição inicial, sob pena de ter que emendar a inicial, contudo, no novo CPC, não
mais se exige tal pedido, como pode-se conferir no quadro comparativo abaixo:

Nota-se que no lugar do requerimento de citação no CPC de 1973, hoje se


prevê que o autor deverá manifestar seu interesse ou não na audiência de
conciliação ou de mediação, não mencionando mais o dever do autor de requerer a
citação.
6.1 Formas de citação

O NCPC trouxe uma inovação quanto ao meio de citação (art. 246), a


possibilidade de utilização da fé pública do escrivão ou do chefe de secretaria para
citação.
O escrivão ou o chefe de secretaria fará a citação no balcão do fórum,
certificando no processo que a parte está sendo citada.
As demais formas de citação continuam da mesma forma (art. 246):

Art. 246. A citação será feita:


I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em
cartório;
IV - por edital;
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
§ 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte,
as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos
sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de
citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse
meio.
§ 2o O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal,
aos Municípios e às entidades da administração indireta.
§ 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados
pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio
em condomínio, caso em que tal citação é dispensada.

A chamada citação por hora certa, nada mais é do que após duas tentativas
de citação pelo oficial de justiça, poderá o réu ser citado por hora certa, desde que
seja suspeito de ocultação.
A citação por edital antes, no antigo CPC, ocorria no diário oficial e no jornal
local, agora ela ocorrerá em duas plataformas digitais, no site do Tribunal de
Justiça (se em âmbito estadual) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), sendo
FACULTATIVA a publicação em jornal local.
“Despacho que ordena a citação interrompe a prescrição, ainda que ordenado
por juízo incompetente. Ao proferi-lo, o juiz, implicitamente, está recebendo a petição
inicial, o que pressupõe que ela esteja em ordem” (GONÇALVES, 2016, p. 397). Os
efeitos da citação estão elencados no artigo 240 do CPC:

Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente,
induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o
devedor, ressalvado o disposto nos
§ 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a
citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de
propositura da ação.
§ 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências
necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto
no § 1o.
§ 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao
serviço judiciário.
§ 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à decadência e aos
demais prazos extintivos previstos em lei.

6.2 Nulidade da citação

O NCPC ao falar de citação, trouxe diversas novidades. Anteriormente o réu,


na contestação alegava nulidade da citação e o juiz poderia reconhecer essa
nulidade e intimar o réu da decisão, sendo que a partir disso começava a correr o
prazo de contestação novamente, contudo, no novo CPC, diz que o comparecimento
espontâneo do réu, supre a nulidade da citação, vide o artigo 239:

Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou


do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial
ou de improcedência liminar do pedido.
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou
a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação
de contestação ou de embargos à execução.
§ 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de:
I - conhecimento, o réu será considerado revel;
II - execução, o feito terá seguimento.

Decorre do princípio da instrumentalidade, expressamente convencionado no


artigo 188, do NCPC, o quer dizer que:

A desobediência a determinada forma prescrita na lei processual não


invalidará o ato que tenha atingido o resultado para o qual foi previsto. Por
exemplo: a lei impõe determinadas formalidades para a citação do réu.
Ainda que desobedecidas, o ato será válido se o réu comparecer ajuízo
(CPC, art. 239, § 1°). A finalidade da citação é dar ciência ao réu da
existência do processo; e, se ele compareceu, é porque tomou
conhecimento (GONÇALVES, 2016, p. 40).

Desta forma, estando o réu habilitado no processo, começara a correr os


prazos, ainda que ele apenas tenha se habilitado para dizer que a citação é nula ou
que não foi citado, ou seja, não poderá se habilitar no processo e esperar o juiz
decidir se há ou não nulidade, deverá desde já observar o prazos processuais.
07 MECANISMOS DE SOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS

Como regra geral, cabe apenas ao Poder Judiciário intervir nas relações
jurisdicionais, porém de acordo com o artigo 3º, § 2º, do NCPC, admite-se também
que os conflitos sejam solucionados de forma consensual, sempre que possível,
através dos meios que serão estudados a seguir.

07.1 Negociação

A negociação é o método que visa auxiliar as partes no objetivo de encontrar


uma solução adequada para os conflitos, ou seja, é a base que dá fundamento as
demais técnicas.
Para a efetivação de uma negociação será necessário o envolvimento das
partes, tendo como estratégias, entre outras, a cooperação, a capacidade de superar
a desconfiança e a animosidade (GARCEZ, 2004).

7.2 Conciliação

Os Tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos


(composição e organização definida pelo CNJ), locais onde se realizarão sessões e
audiências de conciliação e mediação, conforme o que estabelece o artigo 165, do
NCPC.
Essa audiência não será realizada pelo juiz, na sala de audiências, mas pelos
conciliadores ou mediadores, nos centros judiciários de solução consensual de
conflitos, que serão criados pelos tribunais. A redação peremptória do art. 165,
caput, não deixa dúvida quanto à obrigatoriedade imposta aos tribunais de que criem
tais centros. Sem eles, não haverá como realizar adequadamente a audiência inicial
do procedimento comum. Onde houver mais de uma vara, caberá ao Centro, que
deverá ocupar espaço próprio, realizar todas as audiências do art. 334, para todos
os juízos (GONÇALVES, 2016, p. 40).
O conciliador atuará preferencialmente nos casos em que NÃO houver
vinculo anterior entre as partes, podendo sugerir soluções ao litigio, já o mediador
atuará preferencialmente nos casos em que houver vinculo anterior entre as partes
litigantes, auxiliando-os a entender as questões em conflitos, apenas auxiliando para
que as próprias partes encontrem uma solução consensual.
Os mediadores e conciliadores, formados por cursos do CNJ, é que
comandarão tais audiências, não os juízes, esses apenas homologarão os acordos,
quando houver. Os mediadores e conciliadores serão escolhidos pelas partes em
comum acordo (art. 168), não havendo acordo, haverá distribuição entre aqueles
cadastrados no registro do tribunal.

08 DO DESINTERESSE DAS PARTES

Já no início da fase postulatória o Juiz marcará audiência de mediação ou


conciliação, atendendo o que prevê o artigo 3º, §2º e 3º do NCPC:

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.


§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos
conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de
conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores
públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo
judicial.

O autor deverá demonstrar na petição inicial que tem interesse na audiência


de mediação e conciliação. Contudo, ainda que diga que não tem interesse, o juiz
marcará audiência e mandará citar o réu, que também deverá se manifestar sobre o
seu interesse na autocomposição, somente não será designada quando o juiz
entender que a autocomposição é inviável naquela lide ou se AMBAS as partes
disserem que não tem interesse.
Se o autor omitir na inicial seu interesse ou não pela audiência, o juiz
entenderá sua omissão como concordância com o ato, então, caso o réu venha a
dizer que não tem interesse, será designada audiência mesmo assim, ou ainda, se o
autor disser que não quer, mas o réu se manifestar pela realização da audiência de
conciliação ou mediação, ela será designada pelo juiz.
De acordo com o artigo 334 do NCPC, o juiz ao receber a petição e não for
caso de improcedência liminar, deverá designar a audiência de conciliação ou
mediação com antecedência mínima de 30 dias, sendo que o réu terá que ser
citado, pelo menos 20 dias antes da audiência e sua manifestação de desinteresse
ou interesse deverá ser apresentada até 10 dias antes (§5º) da audiência. Em caso
de litisconsórcio, todos deverão manifestar o desinteresse (§6º).
Ainda, o artigo 166 do NCPC, diz que a conciliação e a mediação serão
informadas pelos princípios da independência, imparcialidade, autonomia da
vontade, confidencialidade, oralidade, informalidade e da decisão informada.

8.1 Ausência das partes na audiência

O comparecimento das partes é obrigatório, sob pena de ato atentatório


contra à dignidade da justiça e sob pena de multa de 2% da vantagem econômica
pretendia ou do valor da causa.
As partes devem comparecer e estarem acompanhadas de seus respectivos
advogados ou defensores públicos. Contudo, se a parte não puder comparecer,
poderá ser representada por seu advogado, desde que tenha procuração com
poderes específicos (art. 334, §10º).
Questão 03 - XX Exame:
Distribuída a ação, Antônia (autora) é intimada para a audiência de conciliação na
pessoa de seu advogado. Explicado o objetivo desse ato pelo advogado, Antônia informa
que se recusa a participar da audiência porque não tem qualquer possibilidade de
conciliação com Romero (réu). Acerca da audiência de conciliação ou de mediação, com
base no CPC/15, assinale a afirmativa correta.

A) Romero deverá ser citado para apresentar defesa com, pelo menos, 15 (quinze) dias de
antecedência.
B) A audiência não será realizada, uma vez que Antônia manifestou expressamente seu
desinteresse pela conciliação.
C) Ainda que ambas as partes manifestem desinteresse na conciliação, quando a matéria
não admitir autocomposição, a audiência de conciliação ocorrerá normalmente.
D) Antônia deve ser informada que o seu não comparecimento é considerado ato atentatório
à dignidade da justiça, sob pena de multa.

8.2 Prazo para defesa

Começará a correr o prazo para defesa no primeiro dia útil subsequente em


que as partes não realizarem o acordo em audiência, ou, caso haja auto
composição, o processo será extinto, homologada sentença pelo juiz, tornando-se
título executivo judicial (art. 515, II).
Se na petição inicial o autor se manifestou pela não realização da audiência
de mediação ou conciliação, no primeiro dia útil subsequente ao protocolo do pedido
de cancelamento do réu (quanto a audiência de conciliação e mediação) começará a
correr o prazo para contestar.
Em caso de litisconsórcio, para ter o prazo em dobro, deverão ter diferentes
procuradores, com escritórios diversos. Para a audiência de conciliação ou
mediação, todas partes deverão se manifestar, o silêncio de alguma acarreta na
designação da audiência, pelo juiz. Em caso de cancelamento, todos os réus
litisconsortes devem manifestar que não querem.
Nesses casos, o prazo começará a contar desde a manifestação de cada réu,
diferente do antigo Código, onde o prazo começava a correr do último litisconsorte,
ficando um prazo único para todos os réus. Agora, no NCPC, o prazo é diferente
para cada réu, começando a correr a partir do primeiro dia útil subsequente ao
protocolo de cancelamento da audiência de cada um.

8.3 Mediação

Trata-se de um meio de solução de conflitos. Seu conceito está disciplinado


no parágrafo único, do artigo 1º, da Lei nº 13.140/15, que assim dispõe:
“Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem
poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia”.
De acordo com o artigo 2º da Lei nº 13.140/15, a mediação deverá seguir os
seguintes princípios:

I - Imparcialidade do mediador;
II - Isonomia entre as partes;
III - Oralidade; IV - Informalidade;
V - Autonomia da vontade das partes;
VI - Busca do consenso;
VII - Confidencialidade;
VIII - Boa-fé.

Essa técnica poderá tratar de todo um processo ou apenas de uma parte


dele. A audiência de conciliação ou mediação poderá ser realizada também por meio
eletrônico, conforme o artigo 334, §7º, do NCPC.
O objeto da mediação pode ser tanto questões que tratam de direitos
disponíveis, quanto de direitos indisponíveis, conforme o artigo 3º, da Lei nº
13.140/15.

8.4 Funções do mediador

O mediador será indicado pelo tribunal ou pelas partes. Ele intermediará a


conversação entre os litigantes, visando o entendimento e o acordo entre eles, com
o objetivo de resolver o conflito.
No momento da escolha do mediador é importante observar as hipóteses de
suspeição e impedimento do juiz, visto que nesse caso se aplicam as mesmas
normas, devendo ser observados os artigos 144 e 145 do NCPC. Assim, o mediador
tem a obrigação de revelar, antes de assumir o posto, qualquer circunstância que
comprometa a sua imparcialidade, dando a oportunidade para que as partes se
manifestem sobre a sua aceitação ou não.
Depois de mediar algum processo, o mediador fica impedido, pelo período de
um ano, de figurar nas demandas que envolvam as partes que mediou. Fica
impedido, ainda, de ser arbitro ou testemunha nos processos em que tenha atuado.
Para os efeitos penais, o mediador e os que o auxiliaram são igualados a um
servidor público.
A audiência de mediação será marcada pelo juiz, após serem observados os
requisitos da petição inicial e não sendo caso de indeferimento preliminar. A partir da
primeira sessão o procedimento tem 60 dias para ser finalizado, exceto no caso de
ambas as partes concordarem pela prorrogação.
Havendo êxito e sendo feito acordo entre as partes, o processo será
arquivado pelo juiz, ou, em caso de pedido das partes, o juiz, antes do
arquivamento, homologará o acordo através da uma sentença.
Caso não tenha ocorrido a citação do réu no momento da solução do conflito,
não serão cobradas custas judiciais finais.

ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES


09
INTRODUZIDAS PELA LEI Nº 13.129/15

A arbitragem, que está disciplinada na Lei nº 9.307/96, é uma técnica de


solução de conflitos, onde as partes, através de um acordo, escolhem uma terceira
pessoa que ficará encarregada de decidir a demanda, atuando como uma espécie
de juiz. Porém, não é para qualquer conflito que se admite a referida técnica, sendo
que existem algumas limitações, precisando, assim, de autorização judicial.
A Lei nº 13.129/15 trouxe algumas modificações a esse instituto em relação a
sua aplicação:
Recentemente, através da edição da Lei 13.129/15 foi ampliada a aplicação
da arbitragem para dispor sobre a escolha de árbitros quando as partes recorrem a
órgão arbitral, a interrupção da prescrição pela instituição da arbitragem. Ademais,
regulamenta a concessão de tutelas de urgência, carta arbitral, bem como a
sentença arbitral. (MOTA et al, 2016, p. 573).
De acordo com o artigo 31 da Lei 13.129/15, a sentença proferida pelo juiz
arbitral constituirá título executivo se for condenatória, mas o conteúdo da referida
sentença poderá ser averiguado pelo Poder Judiciário, em se tratando dos
elementos de regularidade.
E diferentemente da mediação, na arbitragem apenas podem ser apreciados
os direitos disponíveis, que são os patrimoniais.

9.1 A conciliação e a mediação judiciais no CPC e na Lei nº 13.140/15

A conciliação e a mediação também podem ser utilizadas em relações


envolvendo pessoas jurídicas de Direito Público.
O artigo 174 do NCPC, dispõe que:

Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão


câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução
consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio
de conciliação, no âmbito da administração pública;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de
conduta.

Também encontra amparo legal nos artigos 32 e seguintes da Lei nº


13.140/15.
A criação dessas câmaras não obriga que todos os conflitos do Poder Público
sejam apreciados por elas, visto que são facultativos, e com a ressalva de que
estejam previstos no regulamento do ente federado. Ainda, exclui-se os conflitos que
apenas podem ser decididos pelo Poder Legislativo.
Poderá haver mediação coletiva de casos referentes a prestação de serviços
públicos.
Quando instaurados os procedimentos de mediação e arbitragem na
administração pública ocorre a suspensão da prescrição.
Também poderão ser criadas câmeras para resolver os conflitos entre
particulares nas questões que se referem a atividades supervisionadas ou reguladas
pelo Poder Público.
9.2 A mediação extrajudicial dos direitos disponíveis e indisponíveis
transacionáveis

A mediação também pode ocorrer extrajudicialmente, no caso de as partes


tentarem resolver o conflito, através da mediação, antes de adentrarem na esfera
judicial.
Poderá atuar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz, não
precisando ter feito nenhum curso específico, desde que tenha a confiança das
partes e seja capacitado para fazer mediação (artigo 9º, da Lei nº 13.140/15). A
escolha do mediador será feita livremente pelas partes.
O convite feito pela parte interessada na mediação extrajudicial à outra parte
poderá ser feito através de qualquer meio de comunicação, devendo ser estipulado
o objetivo para a negociação, a data e o local do primeiro encontro.
Diante disso, a parte contrária poderá aceitar ou recusar expressamente a
mediação ou até mesmo não responder, caso em que será considerado rejeitado,
visto que a lei estipula o prazo de 30 dias para resposta (artigo 21, parágrafo únicos,
da Lei nº 13.140/15).
Se a parte convidada não comparecer à primeira reunião de mediação e não
houver cláusula punitiva regulando essa possibilidade, ficará obrigada ao pagamento
de cinquenta por cento das custas e honorários sucumbenciais caso venha a ser
vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior, que envolva o escopo da
mediação para a qual foi convidada (artigo art. 22, § 2º, IV, da Lei).

10 LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

O litisconsórcio ocorre quando duas ou mais pessoas são partes em um


mesmo processo, tendo interesses em comum. O instituto do litisconsórcio está
previsto no artigo 113 do NCPC, que disciplina que:

Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em


conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à
lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.

No caso de haver mais de um autor, o litisconsórcio será chamado de ativo,


havendo mais de um réu, litisconsórcio passivo, e se houver pluralidade de autores e
réus, será chamado de misto.
O litisconsórcio pode ser obrigatório ou não. No caso de ser obrigatório, tem-
se o litisconsórcio necessário ou obrigatório, acarretando, no caso de sua não
observância, a extinção do processo (artigo 115, parágrafo único, do NCPC). E não
existindo essa obrigatoriedade, tem-se o litisconsórcio facultativo.
O litisconsórcio necessário ou obrigatório decorre de expressa previsão legal,
como no caso do artigo 73 do NCPC, que exige que ambos os cônjuges ou
companheiros figurem conjuntamente em ações que versem sobre direito real
imobiliário ou, ainda, devido à natureza da relação entre as partes. Já o litisconsórcio
facultativo deriva apenas da vontade da parte autora, que pode optar por propor uma
única ação contra todos os réus que tenham ligação na demanda.
Ainda, o litisconsórcio poderá ser simples, quando a sentença não tiver que
ser igual para todos os litisconsortes, ou unitário, quando necessariamente precisar
ser igual para todos.
Questão 04 - XXII Exame:
Antônia contratou os arquitetos Nivaldo e Amanda para realizar o projeto de reforma
de seu apartamento. No contrato celebrado entre os três, foi fixado o prazo de trinta dias
para a prestação do serviço de arquitetura, o que não foi cumprido, embora tenha sido feito
o pagamento dos valores devidos pela contratante. Com o objetivo de rescindir o contrato
celebrado e ser ressarcida do montante pago, Antônia procura um advogado, mas lhe
informa que não gostaria de processar Amanda, por serem amigas de infância. Sobre a
hipótese apresentada, assinale a opção que indica o procedimento correto a ser adotado.

A) Será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, na medida em que


a hipótese tratada é de litisconsórcio simples. A sentença proferida contra Nivaldo será
ineficaz em relação a Amanda.
B) Não será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, uma vez que a
hipótese tratada é de litisconsórcio necessário. Caso a ação não seja ajuizada em face de
Amanda, o juiz deverá determinar que seja requerida sua citação, sob pena de extinção do
processo.
C) Será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, na medida em que
a hipótese tratada é de litisconsórcio facultativo. A sentença proferida contra Nivaldo será
eficaz em relação a Amanda, pois entre eles há comunhão de direitos ou de obrigações.
D) Não será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, uma vez que a
hipótese tratada é de litisconsórcio simples. A sentença proferida contra Nivaldo será
ineficaz.

Em relação a intervenção de terceiros, em regra, a decisão atinge apenas as


partes que integram a lide, ou seja, autor e réu. Porém existem casos em que a
sentença acaba atingindo também pessoas estranhas ao processo, violando ou
ameaçando algum direito seu. Nesses casos, o terceiro interessado pode vir a integrar
a demanda, seja voluntariamente ou diante da provocação de uma das partes.
A intervenção de terceiros pode se dar através das seguintes formas:

a) Assistência: Trata-se de uma intervenção voluntária, em que um terceiro


interessado no conteúdo da sentença intervém no processo a fim de assistir e ajudar
a parte com a qual tenha relação jurídica. Chama-se assistência simples.
Ainda, existe a assistência litisconsorcial, que é quando o assistente e uma
das partes tem um adversário em comum e o assistente visa defender um direito
seu. Nesse caso ele poderá pertencer tanto ao polo ativo, quando ao passivo.

b) Denunciação da lide: Aqui a intervenção é originada pela iniciativa de


uma das partes, que será chamado de denunciante, cujo objetivo é garantir o direito
de regresso no caso de improcedência do processo. Esse direito de regresso
somente será julgado pelo juiz se o denunciante perder a ação principal. Está
previsto no artigo 125 do NCPC.

c) Chamamento ao processo: Ocorre quando o réu chama a integrar o polo


passivo da demanda (apenas em processos de conhecimento) os demais devedores
da mesma dívida, configurando o litisconsórcio passivo. Assim, ao invés do réu
pagar integralmente a dívida no processo e depois ter direito de regresso contra os
outros devedores, ele já os chama para integrar o processo e ali mesmo ser
estipulada a responsabilidade de cada um. As hipóteses de chamamento ao
processo estão disciplinadas no artigo 130 do NCPC:

Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:


I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de
alguns o pagamento da dívida comum.
Questão 05 - XX Exame (Salvador)
Alessandra é fiadora no contrato de locação do apartamento de Mariana. Diante do
inadimplemento de vários meses de aluguel, Marcos (locador) decide ajuizar ação de
cobrança em face da fiadora. Alessandra, em sua defesa, alegou que Mariana também
deveria ser chamada ao processo. Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta.

A) O fiador se compromete com a dívida do afiançado, de modo que não pode exigir a sua
participação na ação de cobrança promovida.
B) Sendo certo que Alessandra não participou da relação jurídica existente entre Mariana e
Marcos, permite-se o chamamento ao processo do locatário a qualquer tempo.
C) Incorreta a atitude de Alessandra, pois o instituto apto a informar ao juízo o real devedor
da relação é a nomeação à autoria.
D) Alessandra deve viabilizar a citação de Mariana no prazo de 30 dias, sob pena de o
chamamento ao processo ficar sem efeito.

11 CUSTAS PROCESSUAIS

O processo envolve uma série de gastos e atividades, como a manutenção


dos prédios onde são desempenhas as atividades, os serviços dos juízes, peritos,
servidores, advogados, entre outros. Grande parte desses custos são pagos pelo
Estado através dos tributos, porém uma parcela é cobrada dos que utilizam
efetivamente os serviços, exceto nos casos da concessão da assistência judiciária
gratuita. Além das custas, o trâmite de um processo requer, ainda, o pagamento de
despesas, honorários advocatícios e multas, se descumprida alguma obrigação.
Esses encargos processuais estão disciplinados nos artigos 82 a 97 do NCPC.
Questão 06 - XX Exame (Salvador):
Em uma ação que tramita em determinada vara cível, a parte ré alegou falsidade de
diversos documentos apresentados pelo autor, que, por sua vez, afirmava serem autênticos.
Não sendo possível verificar a autenticidade dos documentos pela simples análise
superficial, o magistrado determinou que se procedesse à perícia dos documentos por
profissional qualificado. Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta.

A) O custo pelos serviços prestados pelo perito deverão ser rateados por ambas as partes.
B) O custo da perícia será adiantado pelo réu, uma vez afirmada por ele a falsidade do
documento.
C) O custo do serviço é da Fazenda Pública, porque a perícia foi determinada de ofício pelo
magistrado e não por qualquer das partes.
D) O pagamento do perito será custeado pelo fundo de custeio da Defensoria Pública, caso
uma das partes seja assistida pela Defensoria Pública e beneficiária da Justiça Gratuita.

11.1 Justiça gratuita

De acordo com o artigo 98 do NCPC, toda pessoa natural ou jurídica, tanto


brasileira, quanto estrangeira, que tenha insuficiência de recursos para o pagamento
das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios, tem direito à
justiça gratuita.
Embora tenha havido discordância quanto ao fato da pessoa jurídica também
poder ser beneficiária da justiça gratuita, predomina o entendimento de que a
pessoa jurídica também tem direito ao benefício, visto que, muito embora não possa
constituir família, pode muito bem possuir insuficiência de recursos (Súmula 481 do
STJ). O benefício da justiça gratuita está previsto no art. 5°, inciso LXXIV, da
Constituição Federal.
É concedido a qualquer das partes, podendo ser, inclusive, a um terceiro que
interveio no processo, desde que cumpra os requisitos impostos na lei.
O parágrafo 1º, do artigo 98, do NCPC, traz o rol de elementos
compreendidos pela Gratuidade da justiça, quais sejam:

I - as taxas ou as custas judiciais;


II - os selos postais;
III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a
publicação em outros meios;
IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá
do empregador salário integral, como se em serviço estivesse;
V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de
outros exames considerados essenciais;
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete
ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de
documento redigido em língua estrangeira;
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para
instauração da execução;
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para
propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes
ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da
prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à
efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual
o benefício tenha sido concedido.

A justiça gratuita pode também ser concedida em face de apenas um ato


processual ou até mesmo proporcionar um desconto (em termos percentuais) ou a
possibilidade de parcelamento dos custos que tiver que adiantar durante o processo.
O pedido ao benefício poderá ser feito em várias fases do processo, na inicial,
contestação, em recursos ou até mesmo na petição que traz um terceiro ao
processo.
No caso da pessoa natural, basta a alegação de ser hipossuficiente, não
podendo o juiz indeferir o benefício sem que esteja evidenciado no processo o
contrário. Nesse caso, ainda, antes do indeferimento, a parte tem a oportunidade de
provar o contrário.
Diferentemente é a situação da pessoa jurídica, que para fazer jus à justiça
gratuita deve provar ser financeiramente hipossuficiente.
Em regra, o benefício da gratuidade é apenas para a pessoa que a postulou,
não se expandido para o litisconsorte ou sucessor do beneficiário, por exemplo,
exceto no caso de o juiz expressamente ter-lhe conferido esse direito, após o
respectivo pedido.
No caso de a parte não ter mais direito ao benefício, ela terá de pagar as
despesas do processo ainda não quitadas, e em havendo má-fé, ficará obrigada ao
pagamento de uma multa consistente em até o décuplo do valor devido.
Diante da decisão de indeferimento ou de acolhimento do pedido de
revogação de justiça gratuita, caberá agravo de instrumento, exceto quando a
decisão for dada em sentença, hipótese em que caberá apelação.

Questão 07 - XXI Exame:


A sociedade Palavras Cruzadas Ltda. ajuizou ação de responsabilidade civil em face
de Helena e requereu o benefício da gratuidade de justiça, na petição inicial. O juiz deferiu o
requerimento de gratuidade e ordenou a citação da ré. Como a autora não juntou qualquer
documento comprobatório de sua hipossuficiência econômica, a ré pretende atacar o
benefício deferido. Com base na situação apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) O instrumento processual adequado para atacar a decisão judicial é o incidente de


impugnação ao benefício de gratuidade, que será processado em autos apartados.
B) A ré alegará na contestação que não estão presentes os requisitos para o deferimento do
benefício de gratuidade.
C) A ré alegará na contestação que o benefício deve ser indeferido, mas terá que apresentar
documentos comprobatórios, pois a lei presume verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida.
D) O instrumento processual previsto para atacar a decisão judicial de deferimento do
benefício é o agravo de instrumento.

11.2 Má-fé na relação processual

Conforme já visto no tópico referente ao respectivo princípio, as partes devem


sempre participar e agir em um processo de acordo com a boa-fé (artigo 5º, do
NCPC). As condutas tidas como de má-fé estão enumeradas no artigo 80 do NCPC,
sendo elas:

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:


I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Diante disso, as partes não podem agir processualmente com má-fé, sob
pena das responsabilidades civis cabíveis.

11.2 Responsabilidade por dano processual

A responsabilidade das partes por dano processual está disciplinada nos


artigos 79 a 81 do NCPC.
Conforme o artigo 79 do NCPC, responderá por perdas e danos aquele que
litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente.
Caso a parte atue de má-fé, visando prejudicar a parte contrária ou dificultar e
ofender o exercício jurisdicional, incorrendo nas hipóteses do artigo 80 do NCPC,
poderá vir a sofrer uma sanção, que consiste no pagamento de uma multa não
excedente a um e inferior a dez por cento sobre o valor atualizado da causa, bem
como indenizar a outra parte pelos prejuízos sofridos, arcando, ainda, com os
honorários advocatícios e as demais despesas efetuadas (artigo 81, caput, do
NCPC).
Se duas ou mais partes agirem de má-fé o juiz condenará cada uma
proporcionalmente de acordo com o seu interesse na causa ou solidariamente, no
caso dos que se juntaram para lesar a parte contrária.
No caso de o valor da causa ser irrisório ou inestimável, a multa será fixada
em até 10 vezes o valor do salário-mínimo.
Quem fixa o valor da indenização é o juiz, ou no caso de não ser possível
mensurá-lo, será liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos
próprios autos.

11.3 Dever de colaboração

Trata-se de um dever imposto às partes de colaborarem entre si, visando


atingir o mais rápido possível uma decisão de mérito justa e efetiva, conforme o
artigo 6º do NCPC.
Esse princípio, também conhecido como princípio da cooperação, tem origem
no direito europeu e disciplina que um processo se dá através da atividade conjunta
e cooperada do juiz e das partes.
Assim, não cabe apenas ao juiz o encargo de tutelar o processo a fim de
torna-lo célere e efetivo, mas também às partes, que devem ter uma participação
ativa e conjunta.

11.4 Processo eletrônico

O processo eletrônico ganhou forma com o objetivo de proporcionar maior


celeridade e efetividade ao processo. Essa forma processual está disciplinada na Lei
nº 11.419/06, e nos artigos 193 a 199 do NCPC.
Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, permitindo que
sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico
(artigo 193 do NCPC).
De acordo com o artigo 194 do NCPC, os sistemas de automação processual
deverão respeitar a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e de
seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento, observadas
as garantias da disponibilidade, independência da plataforma computacional,
acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que
o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções.
O ato processual eletrônico será registrado em padrões abertos, atendendo
os requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação
e, nos casos de segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de
chaves públicas unificada nacionalmente (artigo 195 do NCPC)
O Poder Judiciário deverá manter de forma gratuita, em suas unidades, à
disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos
processuais, consulta e acesso ao sistema, bem como documentos constantes no
processo. No caso de a unidade não possuir os referidos equipamentos será
admitida a prática de atos por meio não eletrônico.
Ainda, de acordo com o artigo 199 do NCPC, as unidades do Poder Judiciário
assegurarão às pessoas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede
mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à
comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica.
JULGAMENTO CONFORME ESTADO DO PROCESSO: EXTINÇÃO
12
PARCIAL OU TOTAL DO PROCESSO

Após as providências preliminares e sanadas eventuais irregularidades, o juiz


verificará se o processo ou alguns dos pedidos do autor estão aptos a serem
julgados, desde logo. Existem quatro possibilidades: a) a extinção do processo
ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487 incisos II e III
(conforme art. 354 do CPC); b) julgamento antecipado do mérito; c) julgamento
antecipado parcial do mérito; d) determinação de abertura da fase de instrução
depois do despacho saneador e organização do processo (GONÇALVES, 2016, p.
461).
O julgamento antecipado do mérito poderá ocorrer quando não houver
necessidade de produção de outras provas (art. 355, I, do CPC) ou quando o réu não
contestar e forem aplicados os efeitos da revelia (art. 355, II, do CPC), momento em
que o juiz proferirá sentença de procedência ou improcedência.

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com


resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349.

Destaca-se que o aluno não pode confundir a improcedência liminar do


pedido (quando o juiz julga improcedente a ação antes mesmo da citação do réu),
hipótese do art. 332 do CPC, com o julgamento antecipado do mérito previsto no art.
355, pois neste se pressupõem a citação do réu (GONÇALVES, 2016, p.462).
Inovação do novo CPC, o julgamento antecipado parcial do mérito tem
previsão no art. 356 e permite que, quando presentes as hipóteses do art. 355 do
CPC, o juiz julgue parcialmente o mérito dos pedidos que estão aptos a serem
julgados e determine a produção de provas dos demais. O julgamento antecipado
parcial ocorrerá por intermédio de decisão interlocutória e o recurso adequado será o
agravo de instrumento (art. 1.050, II, do CPC). Destaca-se que o julgamento
antecipado do mérito parcial poderá, inclusive, ser liquidado ou executado. Havendo
interposição de recurso de agravo de instrumento pendente de julgamento, a
liquidação será provisória, caso contrário será definitiva. Apesar de haver o
julgamento antecipado parcial do mérito, o processo terá apenas uma sentença, já
que é o ato adequado para encerrar a fase de conhecimento (GONÇALVES, 2016,
p.463).

12.1 Julgamento liminar de improcedência do pedido

O julgamento liminar de improcedência de pedido ocorre quando o juiz profere


sentença de mérito antes mesmo da citação do réu, nas causas que dispensam a
fase instrutória, quando o pedido do autor (art. 332, do CPC):
Do julgamento de improcedência liminar do pedido, caberá recurso de
apelação. Interposta a apelação o juiz poderá se retratar no prazo de cinco dias,
determinando o prosseguimento do processo. Não havendo retratação, determinará
a citação do réu para apresentar contrarrazões à apelação no prazo de quinze dias.
No julgamento da apelação, o tribunal poderá entender que não era hipótese de
julgamento de improcedência liminar, hipótese em que anulará a sentença e
determinará o retorno dos autos ao juízo ad quo a fim de que o processo tenha
seguimento.
Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da
sentença, nos termos do art. 241 do CPC.
O julgamento liminar de improcedência do mérito, poderá, também, ser
parcial, quando apenas um ou parte dos pedidos se mostre incontroverso
(GONÇALVES, 2016, p. 431-432).

13 CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO

A segunda fase postulatória, é a resposta do réu, que poderá ser através da


contestação ou da reconvenção.

O réu pode apenas defender-se das alegações e das pretensões contidas


na petição inicial. A peça de defesa por excelência é a contestação. Mas
pode não se limitar a defender-se e contra-atacar, por meio de uma ação
incidente autônoma, em que dirige pretensões contra o autor, apresentada
na contestação, denominada reconvenção. Ou, ainda, provocar a
intervenção de terceiros, por denunciação da lide ou chamamento ao
processo. Contudo, não pode mais valer-se da ação declaratória incidental,
das exceções rituais e da impugnação ao valor da causa, formas de
resposta previstas no CPC de 1973 e extintas no CPC atual (GONÇALVES,
2016, p. 434).

13.1 Dos prazos

Os prazos processuais serão contados somente em dia úteis (art. 219), sendo
de 15 dias para a contestação no procedimento comum (art. 335, do CPC), os
procedimentos especiais poderão ter prazo específicos para defesa. Eles começam
a correr, de acordo com o artigo 231 do Novo Código de Processo Civil:

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo


do prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação
ou a intimação for pelo correio;
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou
a intimação for por oficial de justiça;
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por
ato do escrivão ou do chefe de secretaria;
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação
ou a intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao
término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a
intimação for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não
havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente
cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de
carta;
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça
impresso ou eletrônico;
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos
autos, em carga, do cartório ou da secretaria.

13.2 Prazos especiais

a) Fazenda Pública, Ministério Público e Defensoria: no antigo CPC os


prazos eram em dobro para contestar e em quadruplo para recorrer, agora, no
NCPC, todos os prazos são e dobro somente, não existe mais prazo especial em
quadruplo.
b) Faculdades e entidades em apoio a Defensoria Pública: aos escritórios
de prática jurídica das faculdades, e as entidades que visam a assistência judiciaria
gratuita, serão aplicados prazo em dobro também (art. 186, §3º).

13.3 Das preliminares na contestação

A contestação poderá ter duas partes: defesa preliminar e defesa de mérito


(defesa direta e indireta).
Não há mais no novo CPC, como arguir exceção de incompetência em peça
separada, nem impugnação ao valor da causa e benefícios da justiça gratuita,
devendo ser arguida em preliminar de contestação (art. 337), sob pena de preclusão,
assim como, a convenção de arbitragem. Quando se referir de questões que o juiz
deve decidir de ofício – as de ordem pública, das quais não ocorre preclusão, como
a incompetência absoluta ou quando o juiz pronunciar, de ofício ou a requerimento, a
decadência ou a prescrição – não poderá fazer sem antes as partes se
manifestarem, com base no princípio do contraditório (art. 10).
A incompetência absoluta e relativa devem ser alegadas em preliminar de
contestação, contudo a incompetência absoluta, pode ser alegada a qualquer
momento e deve ser declarada de ofício, conforme artigo 64, §1º, do NCPC.

A ilegitimidade da parte também deverá ser arguida em sede de preliminar,


feito isso, o autor terá 15 dias para alterar a petição inicial e substituir o réu, o qual
deverá indicar na contestação o sujeito passivo da relação jurídica, sempre que tiver
conhecimento (arts. 338 e 339).

No CPC de 1973, não havia, de forma genérica, essa possibilidade. O que


existia era uma figura de intervenção de terceiros, denominada nomeação à
autoria (...). A nomeação à autoria foi substituída por um mecanismo mais
amplo e eficiente de correção do polo passivo no CPC atual, previsto nos
arts. 338 e 339. A sua amplitude é muito maior do que na lei antiga, na qual
a nomeação só cabia em casos restritos (GONÇALVES, 2016, p. 434).
Nestes casos, realizada a substituição, o autor deverá reembolsar as
despesas pagas pelo réu excluído, como também, deverá pagar os honorários de
seu advogado, que serão fixados de três a cinco por cento. Se o autor discordar ou
silenciar, o processo “prosseguirá contra o réu originário, e o juiz, no momento
oportuno, terá de apreciar a alegação de ilegitimidade de parte, extinguindo o
processo sem resolução de mérito, se a acolher” (GONÇALVES, 2016, p. 439).
Após as preliminares, o réu deverá manifestar-se sobre o mérito
propriamente, onde deverá debater especificadamente todas as alegações de fato
constantes na petição inicial, presumindo-se verdadeiras as que não forem
impugnadas ou forem, mas de forma genérica (art. 341) – salvo ao defensor público,
ao advogado dativo e ao curador especial, aos quais não se aplica ônus da
impugnação especificada.

Questão 08 - XXI Exame:


Lucas foi citado para apresentar defesa em ação de indenização por danos materiais,
em razão de acidente de veículo. Contudo, o proprietário e condutor do veículo que
causou o acidente era Cláudio, seu primo, com quem Lucas havia pego uma carona.
Lucas, em contestação, deverá

A) requerer a alteração do sujeito passivo, indicando Cláudio como réu.


B) requerer que Cláudio seja admitido na condição de assistente litisconsorcial.
C) denunciar Cláudio à lide.
D) requerer o chamamento de Cláudio ao processo.

13.4 Reconvenção

A reconvenção não é preliminar, mas está dentro da contestação, é um


contra-ataque do réu, onde o juiz deverá analisar os pedidos do autor e do réu, e
estando dentro da contestação, deverá haver valor da causa.

Reconvenção é uma nova ação, pois aciona o judiciário a proferir uma


resposta às pretensões formuladas pelo réu. A peculiaridade reside em que
não forma um novo processo. A ação principal e a reconvenção terão um
processamento conjunto e serão julgadas por uma só sentença
(GONÇALVES, 2016, p. 442-443).

A pretensão do réu deverá ser conexa com a ação principal ou com


fundamento da defesa, conforme artigo 343 do NCPC. A desistência ou extinção da
ação originária não afeta a reconvenção que será julgada da mesma forma.

Uma vez que a reconvenção não cria um novo processo, se o juiz indeferi-la
de plano, não estará proferindo sentença, pois não porá fim ao processo ou
à fase condenatória. O ato será decisão interlocutória (GONÇALVES, 2016,
p. 443).

A pretensão do réu poderá ser de natureza declaratória, constitutiva ou


condenatória, ainda que diversa da natureza da petição inicial. O réu poderá reconvir
sem contestar, conforme §6º, do artigo 343 do NCPC, contudo seu direito de
contestar irá precluir, uma vez que o prazo para reconvir e contestar são os
mesmos.

Se o réu não contestar, mas reconvir, não será revel, porque terá
comparecido ao processo, e se manifestado. Portanto, deverá ser intimado
de todos os atos processuais subsequentes: Mas serão presumidos os fatos
narrados na petição inicial? Depende. Se, ao reconvir, ele apresentou
fundamentos incompatíveis com os do pedido inicial, estes não se
presumirão verdadeiros. Contudo, naquilo em que não houver tal
incompatibilidade, haverá a presunção. (GONÇALVES, 2016, p. 444).

A reconvenção terá os mesmos requisitos que a petição inicial (artigo 319), e


o autor da ação originária, deverá apresentar resposta no prazo de quinze dias.
Questão 09 - XXII Exame:
João ajuizou ação indenizatória contra Maria, postulando a condenação ao
pagamento de R$ 100.000,00 a título de reparação por danos materiais e R$ 50.000,00 por
indenização de danos morais, em razão do descumprimento de um contrato firmado entre
eles, referente à compra e venda de dois imóveis, cujos valores eram R$ 500.000,00 e R$
200.000,00. Maria, citada, apresentou contestação e reconvenção, pedindo a declaração de
invalidade parcial do contrato relativo ao imóvel de R$ 200.000,00, bem como a condenação
de João ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 20.000,00. Diante
de tal situação, assinale a opção que apresenta o valor da causa da reconvenção.

A) O valor deve ser o mesmo da ação principal, qual seja, R$ 150.000,00, por ser ação
acessória.
B) Não é necessário dar valor à causa na reconvenção.
C) O valor deve ser de R$ 220.000,00, referente à soma do pedido de declaração de
invalidade parcial do contrato e do pleito de indenização por danos morais.
D) O valor deve ser de R$ 200.000,00, referente ao pedido de declaração de invalidade
parcial do contrato, sendo o pleito de indenização por danos morais meramente estimado,
dispensando a indicação como valor da causa.

14 COMPETÊNCIA

Competência é o limite de atuação dos órgãos jurisdicionais. Dentro de seu


campo de atuação é outorgado ao juiz poder para decidir sobre os conflitos.
O artigo 42 do NCPC dispõe que “as causas cíveis serão processadas e
decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de
instituir juízo arbitral, na forma da lei”.
De acordo com o artigo 43 do NCPC, a competência é definida no instante em
que ocorre a propositura da ação.
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da
distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado
e fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem
órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.

Existem 5 critérios de determinação da competência, quais sejam:

Territorial: Está baseado na circunscrição geográfica. É o critério de foro.


Encontrado no CPC/15 nos artigos 46 a 53.
Material: Tem por base o objeto litigioso, a pretensão que está sendo
discutida. Exemplo: causa de família, ou de trânsito, etc.
Valor da causa: Poderá ser um critério de determinação de competência, é
um dos motivos da obrigatoriedade do valor da causa na inicial. Ex: art. 3º
da Lei 9.099/95.
Funcional ou hierárquico: Tem por base as funções confiadas aos órgãos
jurisdicionais. Gera a chamada competência originária. Em razão da função
ou hierarquia move-se a causa no tribunal, por exemplo.
Pessoas: Os sujeitos da relação processual também podem influir na regra
de competência. Eis o que estabelece na Justiça Federal e nas Varas de
Fazenda pública. (MOTA et al. 2016, p. 596).

No caso de mais de um juiz se achar competente ou incompetente para um


mesmo processo ou quando houver controvérsia sobre reunião ou separação de
processos (artigo 66 do NCPC), ocorre o conflito de competência, que está
disciplinado nos artigos 951 a 959 do NCPC. Esse conflito pode ser alegado pelo
próprio juiz, pelo Ministério Público ou por uma das partes.
Quem julga o referido conflito é o tribunal, manifestando-se também sobre a
validade dos atos já realizados pela autoridade que considerar incompetente.

14.1 Suspeição e impedimento do juiz

A alegação de impedimento e suspeição deve ser feita por petição


específica, distinta da contestação, trata-se de um incidente processual, que tem por
objetivo arguir a imparcialidade do juiz, seja por algum impedimento (art. 144, do
CPC) ou por suspeição (art. 145, do CPC).
A petição deve ser apresentada no prazo de 15 dias, contatados a partir do
conhecimento do fato que gerador da imparcialidade, sendo assim, é possível arguir
a qualquer tempo ou grau de jurisdição.
A petição é endereçada ao próprio magistrado, o qual poderá rejeitar,
determinando a autuação em apartado da petição e, no prazo de quinze dias,
apresentará suas razões, acompanhadas de provas, remetendo imediatamente ao
tribunal para julgamento.
Algumas hipóteses ensejam o impedimento ou a suspeição do juiz. No caso
do impedimento, o juiz obrigatoriamente fica excluído do processo, não podendo
mais atuar nele. Caso atue, cabe ação rescisória, visando desfazer os efeitos da
sentença. Já na suspeição, a parte tem a opção de recusar o juiz ou não, podendo,
inclusive, ele próprio se declarar suspeito de ofício. Nesse caso, a sentença
proferida pelo juiz suspeito não acarreta a anulação.
As hipóteses de impedimento e suspeição estão disciplinadas nos artigos 144
e 145 do NCPC, respectivamente.

Questão 10 - XX Exame:
Durante uma ação de guarda a tramitar em uma vara de família, a ré, mãe da
criança, descobriu que o advogado do pai (autor) é filho adotivo do irmão do promotor de
justiça que atua no caso. Extremamente preocupada, informou o fato ao seu advogado.
Com base no CPC/15, como advogado da mãe, assinale a afirmativa correta.

A) Por causa do impedimento para que o promotor de justiça exerça suas funções, o fato
deverá ser informado ao juiz da causa em petição específica.
B) O advogado da mãe deverá arguir, por meio de exceção, o impedimento do promotor de
justiça.
C) As causas de impedimento direcionadas ao magistrado, como é o caso, não se estendem
aos membros do Ministério Público.
D) Não se trata de causa de impedimento porque o advogado do pai é parente colateral de
terceiro grau do promotor de justiça.

14.2 Incompetência

Caso não sejam observados os limites processuais, ocorre a chamada


incompetência do juízo. Essa incompetência pode ser relativa ou absoluta. Em
regra, a incompetência não faz com que o processo seja extinto, ainda que se trate
de incompetência absoluta, exceto em alguns casos, como quando for reconhecida a
incompetência territorial (artigo 51, inciso III, da Lei 9.099/95), na incompetência
internacional e na hipótese do § 1º do artigo 21 do Regimento Interno do Supremo
Tribunal Federal.
A competência absoluta trata dos casos de interesses públicos. A
incompetência aqui pode ser demonstrada a qualquer momento, por todas as partes,
podendo também ser declarada de oficio pelo juiz, conforme o artigo 64, § 1º do
NCPC, sendo então os autos enviados para o juízo competente.
Já a competência relativa disciplina os casos de interesses privados. Nesse
caso, para enviar os autos ao juiz competente, é necessário que a incompetência
primeiro seja acolhida, para posteriormente ser analisado o assunto.
Em relação as custas e honorários:

Na incompetência absoluta, responderá integralmente pelas custas, a parte


que deixar de alegar na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos
autos. Na relativa, o juiz não pode reconhecê-la de ofício (Sumula 33 do
STJ), salvo se houver contrato de adesão cujo foro de eleição seja abusivo
(MOTA et al. 2016, p. 596).

Embora o artigo 64 do NCPC discipline que ambas incompetências devem ser


apontadas na contestação, entende-se que a competência absoluta pode ser
demonstrada em preliminar de contestação e a relativa mediante exceção de
incompetência. Caso seja alegada depois da contestação, será cobrado custas
processuais da parte, ainda que ganhe o processo.

14.3 Modificação de competência

A modificação da competência poderá ocorrer apenas na competência


relativa, não sendo possível na competência absoluta. Está disciplinada nos artigos
54 a 63 do NCPC.

Haverá modificação de competência quando as regras de competência


relativa apontarem a competência de um foro X, mas determinadas
circunstâncias tornarem competente para a causa o foro Y, diferente
daquele previsto originariamente em lei. Só pode haver modificação de
competência de foro nos casos em que for relativa; nunca de juízo, pois
esta é sempre absoluta. (GONÇALVES, 2016, p. 137).

São causas de modificação de competência: prorrogação, derrogação,


conexão e continência:
a) Prorrogação: Conforme a Súmula 33 do STJ a incompetência relativa não
pode ser declarada de ofício, devendo o réu alega-la em preliminar de contestação.
No caso de o réu não alegar a referida incompetência nesse momento, o foro, que a
princípio era relativamente incompetente, automaticamente se tornará competente,
visto que terá ocorrido a preclusão (perda do direito de agir), não havendo mais a
possibilidade do réu ou outra parte alegar a incompetência.

b) Derrogação: Estabelece que as partes podem modificar a competência em


razão do valor e do território, elegendo, a partir de um acordo entre elas, o foro
competente para o julgamento de futuras demandas, em relação ao contrato por elas
celebrado. Essa eleição de foro só é possível nas ações oriundas de direitos e
obrigações, conforme disciplina o artigo 63 do NCPC, e só produzirá efeito se
constar de instrumento escrito e mencionar expressamente o negócio jurídico
determinado (artigo 63, §1º, NCPC).

c) Conexão: Está previsto no artigo 55 do NCPC e determina que duas ou


mais ações podem se reunir para julgamento conjunto, quando o pedido e a causa
de pedir lhes forem comuns. Assim, evita que ações iguais tenham julgamentos
diferentes, em razão das convicções diferenciadas dos juízes, além de proporcionar
economia processual. Não se aplica a conexão quando uma das ações já tiver sido
sentenciada, conforme a súmula 235 do STJ.
Aplica-se também a conexão nas seguintes hipóteses:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao
mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.

d) Continência: Está disciplinado no artigo 56 do NCPC e determina que


para haver a modificação de competência é necessário que duas ou mais ações
tenham identidade quanto às partes e a causa de pedir, e que o pedido de uma, por
ser mais amplo, abranja o das demais.
Aqui também ocorre a reunião de duas ou mais ações, visando evitar
decisões divergentes. As regras aplicadas à conexão aplicam-se também a
continência.

e) Prevenção: Visa confirmar e manter a competência de um juiz respectivo


quando houver mais de um juízo competente para o julgamento de uma mesma
causa. Está previsto no artigo 59 do NCPC, que diz que o que torna o juízo prevento
é o registro ou a distribuição da petição inicial.

Questão 11 - XX Exame (Salvador):


Abílio, advogado competente, recebe duas citações de processos de seus
clientes. Ao analisar as petições iniciais, bem como a distribuição dos processos, percebe
que o processo A, que deveria ter sido ajuizado na Comarca de Maré de Cima, o foi na
Comarca de Cipó do Mato, e que o processo B, que deveria correr em uma Vara de Família,
foi distribuído para uma Vara Cível. Abílio promete aos seus clientes que irá solucionar
esses problemas. De acordo com o regramento do CPC/15, assinale a opção que indica o
procedimento que ele deverá adotar.

A) Acrescentar uma preliminar de incompetência na contestação, em ambos os casos.


B) Redigir, no processo A, uma exceção de incompetência e, no processo B, uma preliminar
de incompetência da contestação.
C) Acrescentar, ao processo A, uma preliminar de incompetência na contestação e, ao
processo B, uma exceção de incompetência.
D) Redigir uma exceção de incompetência, em ambos os casos.

15 FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO

Proposta a ação, o juiz analisará se a petição preenche os requisitos


necessários, preenchendo, determinará que o réu seja citado, tornando a relação
processual completa.
A partir da propositura da demanda, incumbirá o juiz a zelar pelo
desenvolvimento do processo, através do impulso oficial, tomando alguns cuidados,
como por exemplo se houver litispendência, isto é, analisar qual a primeira citação
válida para definir o juízo competente, devendo o outro extinguir sem resolução do
mérito.
Quando um ato processual depende de iniciativa do autor, o juiz aguardará,
se o autor não fizer, o processo fica paralisado, neste caso o juiz deverá determinar
a intimação para dar andamento no prazo de cinco dias, sob pena de resolução de
mérito. Entretanto, o STJ exige que a extinção seja requerida pelo réu, de acordo
com o artigo 240, se o réu não requerer, o processo ficará paralisado por um ano, e
só então o juiz poderá decretar a extinção, de acordo com o artigo 485, inciso II, do
CPC.

15.1 Suspensão do processo

A suspensão do processo pode ser PRÓPRIA (paralisa inteiramente o


processo, salvo os urgentes, necessários para a preservação dos direitos das
partes, a fim de evitar danos irreparáveis), ou então IMPRÓPRIA (paralisa somente
o procedimento principal, uma vez que os incidentes tramitam regularmente, como a
arguição de impedimento ou de suspeição). Enquanto o processo estiver suspenso,
nenhum ato será praticado.
Das causas de suspensão, elencadas no artigo 313 do CPC, algumas são
aplicáveis a todos os tipos (I, II, III e VI), outras são específicas do processo de
conhecimento (IV e V), já as do processo de execução são tratadas no artigo 921:

Art. 313. Suspende-se o processo:


I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das
partes, de seu representante legal ou de seu procurador;
II - pela convenção das partes;
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência
ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de
outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou
a produção de certa prova, requisitada a outro juízo;
VI - por motivo de força maior;
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da
navegação de competência do Tribunal Marítimo;
VIII - nos demais casos que este Código regula.
(...)
a) Pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das
partes, de seu representante legal ou de seu procurador: desde o momento da
morte ou da perda de capacidade o processo considerar-se-á suspenso,
independentemente da determinação judicial, pois a suspensão é automática,
possuindo efeito ex tunc. Em caso de morte da parte, o processo seguirá através do
espólio ou herdeiros. Em caso de perda da capacidade processual ou morte do
representante legal ou advogado, o juiz fixará prazo para regularização, conforme
artigo 76 do CPC (GONÇALVES, 2016, p. 400).

b) Pela convenção das parte: as partes podem suspender o processo,


desde que ambas concordem, sendo que ao juiz é vedado indeferir no requerimento.
Entretanto esse prazo não poderá ser superior há seis meses, de acordo com o § 4o,
do artigo 313.

c) Pela arguição de impedimento ou de suspeição: se alguma das partes


apresentar arguição, o Tribunal poderá ou não receber o efeito suspensivo. Caso
receba, o processo ficará suspenso até que haja decisão do incidente, entranto, se
não for recebido com efeito suspensivo, o processo voltará a correr.

d) Pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas: a


suspensão ocorre quando há diversos processos que contenham controvérsias
sobre a mesma questão jurídica, seja a nível local, estadual ou nacional (art. 976 e
ss. do CPC). Nestes casos, qualquer interessado poderá solicitar ao STF ou STJ a
suspensão de todos os processos (individuais ou coletivos), conforme artigo 982.

e) quando a sentença de mérito depender do julgamento de outra causa


ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que
constitua o objeto principal de outro processo pendente: trata-se de uma
questão prejudicial externas, pois na conexão nem sempre será possível o
julgamento conjunto, pois cada uma das ações pode estar vinculada a determinado
juízo, por regras de competência absoluta. Para que não haja decisões conflitantes,
suspende-se uma até que a outra seja julgada (GONÇALVES, 2016, p. 400).
f) Quando a sentença de mérito tiver de ser proferida somente após a
verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a
outro juízo: trata-se de uma relação prejudicial interna, isto é, depende da
verificação de fato ou produção de prova requisitada pelo juiz. Tanto da interna,
quanto na externa, a suspensão não poderá ultrapassar o prazo de um ano, de

acordo com o § 4o, do artigo 313 (GONÇALVES, 2016, p. 400).

g) Por motivo de força maior: fato imprevisíveis e inevitáveis, como


catástrofes naturais.

h) Quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos


da navegação de competência do Tribunal Marítimo: “Quando há acidente ou
fato de navegação, o processo deverá ficar suspenso, aguardando a apuração pelo
Tribunal Marítimo. Mas as conclusões dele não vinculam o Poder Judiciário”
(GONÇALVES, 2016, p. 401).

i) Nos demais casos que este Código regula: como, por exemplo, a
existência de processo crime versando sobre o fato discutido na esfera cível (sendo
facultado ao juiz suspender, de acordo com o art. 315 do CPC). Se houver dúvida
quanto a sanidade mental do réu (art. 245, do CPC). Se houver instauração do
incidente de desconsideração da personalidade jurídica (art. 134, § 3o, do CPC).

16 REVELIA

A revelia é configurada pela inércia do réu, que deixa de apresentar defesa


em relação aos fatos narrados na inicial e ocorre quando: a) citado, o réu deixar de
apresentar defesa; b) comparecer aos autos, constituindo advogado, não apresentar
defesa; c) apresentar defesa de forma intempestiva; d) não impugnar
especificamente os fatos narrados na petição inicial.
A revelia do réu acarreta na presunção de veracidade dos fatos narrados na
petição inicial (art. 344 do CPC) e a desnecessidade de sua intimação para os
demais atos do processo caso não tenha constituído procurador nos autos, já que os
prazos fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão oficial (art. 346)
(GONÇALVES, 2016, p.449).

A qualquer momento o revel poderá intervir no processo, recebendo-o no


estado em que se encontrar, passando a ser intimado dos atos processuais, desde
que constitua advogado.
O art. 341 do CPC traduz a necessidade de contestar especificamente os
fatos narrados na petição inicial sob pena de presumir-se verdadeiros os fatos não
impugnados, ou seja, não poderá o réu apresentar defesa genérica, exceto quando
tratar-se de defensor público, advogado dativo e o curador especial.

Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as


alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras
as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se
aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.

Conforme já mencionado, a revelia acarreta a presunção de veracidade dos


fatos narrado na petição inicial e, sendo estes suficientes para convicção do juiz,
poderá ocorrer o julgamento antecipado do mérito, conforme termos do art. 355, II,
do CPC.

Os casos previstos nos incisos do art. 341 e no art. 345 são hipóteses que
afastam a aplicação da revelia.

Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou
estiverem em contradição com prova constante dos autos.

Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as


alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras
as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

Havendo pluralidade de réus, a defesa de um somente aproveitará aos


demais quando o fato contestado for atribuído, também, ao réu revel, caso contrário,
ocorrerá a aplicação dos efeitos da revelia.
Destaca-se que não se fala em revelia quando trata-se de ação de
execução, pois a citação do executado não é para apresentar defesa, mas para
cumprir a obrigação prevista no título executivo.
Nos casos de requerimento de tutela provisória cautelar antecedente
também são aplicados os efeitos da revelia, conforme comando do art. 307 do CPC:”
Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos
pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias”.

17 PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

Não havendo contestação e verificando o juiz a inocorrência do efeito da


revelia previsto no art. 344, o juiz determinará que o autor especifique as provas que
pretende produzir, se ainda não as tiver indicado. Ao réu revel também será
permitido a produção de provas, desde que se faça representar nos autos ao tempo
de praticar os atos processuais indispensáveis a essa produção (arts. 348 – 349 do
CPC).
Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor,
este será ouvido no prazo de quinze dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova.
Fato impeditivo é uma alegação que impede o direito do autor, como por exemplo, a
ausência de entrega de uma mercadoria ante a falta de pagamento, o autor fica
impedido de exigi-la já que não cumpriu com a sua parte (pagamento).
O fato modificativo, por exemplo, é quando o autor efetua a cobrança de
determinado valor, mas o réu apresenta recibo de pagamento parcial, modificando o
direito do autor, que terá limitado seu direito de receber.
Fato extintivo é aquele que extingue por total a pretensão do autor, como por
exemplo, o adimplemento integral da dívida.
Quando a alegação do réu for referente às matérias elencadas no art. 337 do
CPC, o juiz determinará a oitiva do autor, no prazo de quinze dias, permitindo-lhe a
produção de provas, conforme art. 351 do CPC.
Verificando o juiz que o processo apresenta vícios sanáveis, determinará sua
correção, nunca no prazo superior a trinta dias, por força do art. 352 do CPC.
Cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz
proferirá julgamento de acordo com o estado do processo.

18 DESPACHO SANEADOR

Passada a fase de providências preliminares e não sendo o caso de


julgamento antecipado do mérito, o juiz proferirá o despacho saneador, conforme art.
357 do CPC, que terá por objetivo:
A regra é que o despacho saneador seja proferido através de decisão
interlocutória, mas, havendo complexidade na matéria de fato ou de direito, poderá
ser agendada audiência para o saneamento do processo, onde as partes deverão
comparecer com o rol de testemunhas que desejam ouvir na audiência de instrução
e julgamento, caso seja necessária sua designação. (GONÇALVES, 2016, p.464).
O art. 357, §1º, do CPC prevê a possibilidade de as partes pedir
esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo de cinco dias, findo o qual a decisão
se torna estável. Contra o despacho saneador caberá agravo de instrumento quando
decidir matérias elencadas no rol do art. 1.015 do CPC.
As partes poderão apresentar ao juiz, para homologação, a delimitação
consensual das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV do
art. 357, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz (art. 357, §2º, do CPC).
Havendo necessidade de produção de prova testemunhal, o juiz fixará o prazo
não superior a quinze dias para que as partes apresentem o rol de testemunhas - até
dez, sendo no máximo três para cada fato, conforme art. 357, §6º, do CPC –
podendo o juiz delimitar o número de testemunhas levando em conta a
complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.

19 AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO

A audiência de instrução e julgamento poderá ser gravada pelo advogado, de


acordo com o artigo 367, §5 e 6, sem pedir autorização para o juiz.
Se as partes desejaram poderão transacionar a qualquer momento, até a
sentença, mesmo que a audiência de conciliação e mediação já tenha passado.
Ordem das provas:
I. Perito
II. Depoimento pessoal (autor, depois o réu)
III. Testemunhas (primeiro as testemunhas do autor)
Lembrando que, as partes podem alterar o ônus da prova de comum acordo.
A parte que for regularmente intimada para prestar depoimento pessoal e que
não comparecer, será aplicada pena de confissão.
De acordo com o artigo 362, o juiz só irá adiar a audiência de instrução
quando o advogado não comparecer, se o mesmo justificar a ausência. Nestes
casos, o juiz não nomeará advogado dadivo.
Se não houver justificativa por parte do advogado faltante, o juiz vai dispensar
os requerimentos do advogado, isto é, deixará de ouvir as testemunhas arroladas
por ele, nem irá fazer perguntas requeridas a outra parte ou às testemunhas da outra
parte, ainda, irá dispensar a prova requerida por ele.

20 TEORIA GERAL DA PROVA

A prova é a demonstração dos fatos, é forma como as partes vão mostrar


para o juiz quem é o real detentor do direito, elas podem ser de todas as formas
moralmente legitimas, isto é, ainda que não estejam especificadas no Código, as
provas podem ser das mais variadas formas, desde que não sejam ilícitas.
O juiz utilizará as provas constantes nos autos para formular sua decisão,
devendo sempre indicar as razões da formação de seu convencimento (art. 371),
podendo também utilizar provas de outro processo, inovação do NCPC, onde
poderá atribuir valor a prova produzida em outro processo, desde que seja
observado o contraditório (art. 372), neste caso, sendo a prova o depoimento de
uma testemunha, por exemplo, deverá o juiz reabrir a prova para que as parte
façam perguntas, uma vez que não puderam se manifestar no outro processo (de
onde a prova foi retirada), sob pena de violar a ampla defesa e o contraditório.
20.1 Objeto da prova

Para que se convença do direito, o juiz deverá analisar o direito


controvertido tão somente, pois esse é o objeto da prova, uma vez que os fatos
incontroversos são aqueles que não foram contestados ou de que não se há
dúvida da veracidade, não havendo necessidade de produção probatória, pois já
estão, digamos assim, “comprovados”. São fatos que não dependem de prova:

Art. 374. Não dependem de prova os fatos:


I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - admitidos no processo como incontroversos;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de
veracidade.

Fatos notórios são aqueles de conhecimento geral, que é sabido pelo


menos pelas pessoas da região, não precisa ser necessariamente de conhecimento
nacional ou global.
Fatos afirmados por uma parte e confirmados pela outra, ou ainda,
admitidos como incontroversos, ocorrem quando o autor diz que no dia do
acidente choveu e o réu afirma na contestação que realmente choveu, tornando
ofato incontroverso. Essa confissão pode ser também pela falta de impugnação
especifica, por exemplo, se o réu não negar ou afirmar que chovia durante o
acidente, simplesmente silenciar sobre, tornará o fato incontroverso também, pois
não negou que chovia. Somente será controverso, se o réu dizer ao contrário do
autor, negar que chovia, então caberá a produção de provas para verificar se de
fato chovia ou não na hora do acidente.
Quanto a presunção de veracidade, à revelia é um exemplo, pois o réu
não contesta o que o autor alega, presumindo-se verdadeiros os fatos narrados na
petição inicial.
Os fatos presumidos de forma absoluta não dependem de prova, contudo
cabe observar que a presunção existe em duas formas: presunção relativa (juris
tantum) e presunção absoluta (juris et de jure). A presunção absoluta não depende
de prova, já a relativa poderá se ter a produção de provas contraditórias, pois não
estará totalmente esclarecido.
20.2 Quem requer a produção de provas?

As partes, em regra, têm o dever de requer a produção das provas e cabe


ao poder judiciário deferir ou não. O juiz não pode substituir a vontade de uma das
partes determinando a produção de alguma prova que a parte não produziu ou
nem mesmo citou, exceto quando se tratar de direito indisponível, ocasião em que
poderá solicitar de oficio a produção de provas, tratando-se de uma exceção.
Cabe ao magistrado indeferir provas protelatórias ou inúteis, desde que
fundamente, observando o princípio da ampla defesa e do contraditório. Essa
fundamentação não poderá ser com mera indicação do dispositivo
correspondente, mas justificando o porquê de sua decisão, mostrando os
embasamentos que o levaram a decidir de tal forma.
Em tese as provas não possuem hierarquia, cabendo ao juiz determinar o
peso de cada uma, conforme o seu livre convencimento. Após a juntada aos autos,
as provas passam a ser do processo, não mais das partes, possibilitando assim
que o juiz analise todas sem diferenciar as partes que as produziram, inclusive
dando interpretação diferente daquele que a produziu, desde que o magistrado
demonstre as razões de sua convicção, utilizando-se de sua experiência comum
subministradas pela observação do que ordinariamente acontece (art. 375),
chama-se sistema da persuasão racional.

20.3 Ônus da prova

Caberá o ônus da prova ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito,


e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor, essa é a regra geral (art. 373). Contudo, caberá ao juiz determinar, por
decisão fundamentada, o ônus seja de forma diversa (na fase de saneamento),
quando for mais fácil da parte adversa produzir a prova do fato contrário, ocasião
em que deverá dar oportunidade a parte de se desincumbir do ônus de que lhe foi
atribuído. Além do mais, a distribuição diversa do ônus da prova poderá ser
determinada pelas próprias partes (através de um acordo antes ou durante o
processo), salvo quando recair sobre direito indisponível ou tornar excessivamente
difícil a outra parte o exercício do direito. Sendo assim, a inversão do ônus da
prova poderá ser por vontade das partes, determinação legal ou judicial.

Quem tem o ônus de provar e não o faz, tem consequências negativas no


processo, pois gera a improcedência do pedido. Da redistribuição do ônus da
prova caberá agravo de instrumento, por se tratar de decisão interlocutória (art.
1015, XI).

A lei processual formula uma série de regras aplicáveis somente na


hipótese de, no momento do julgamento, os fatos não terem ficado
suficientemente esclarecidos. São as regras do ônus da prova, cuja
função é indicar qual dos litigantes sofrerá as consequências negativas
advindas da falta de comprovação (GONÇALVES, 2016, p. 470).

Esgotadas as possibilidades das partes de produção de provas e ainda


houver dúvidas quantos aos fatos, poderá o juiz determinar de ofício a produção de
alguma prova que o auxilie no julgamento do mérito (art. 370).

20.4 Provas ilícitas

São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos,


segundo o inciso LVI, do artigo 5º da Constituição Federal.

A ilicitude da prova pode decorrer de duas causas: da obtenção por meios


indevidos (exs.: emprego de violência ou grave ameaça, tortura, entre
outras); e do meio empregado para a demonstração do fato (exs.: as
interceptações telefônicas, a violação de sigilo bancário, sem autorização
judicial, a violação de sigilo de correspondência).

A prova obtida por meios ilícitos ou as provas que dela derivem não são
admitidas em processo, exceto quando se tratar de legitima defesa própria ou de
terceiros. É a chamada teoria dos frutos da árvore contaminada.
20.5 Suspensão do processo

Quando há a necessidade de oitiva de testemunhas ou de alguma parte por


carta precatória (outra comarca) ou carta rogatória (outro país), conforme artigo 377
do NCPC, o processo fica suspenso até o cumprimento da carta expedida. Se não
for concedido efeito suspensivo a resposta à carta precatória poderá ser juntada aos
autos a qualquer momento, caso tenha sido estabelecido o efeito suspensivo, haverá
um prazo para resposta do juízo deprecado.
Há dois tipos de carta rogatória: a carta rogatória ativa, que é expedida no
Brasil (no juiz deprecante) e encaminhada para outro país para ser cumprida pelo
juiz deprecado e; a carta rogatória passiva, quando algum país estrangeiro expede
carta rogatória para oitiva de alguma testemunha no Brasil.
Nesses casos compete ao STJ autorizar o cumprimento da carta rogatória
passiva, chamado exequatur (art. 105, I, “i” da CF), mas cuidado, o STJ apenas vai
autorizar a execução da carta rogatória, pois quem vai de fato executar, escutar a
testemunha ou parte, será o juiz federal (art. 109, X da CF).

20.6 Produção antecipada de provas

Trata-se de uma ação autônoma, que pode ser de natureza preparatória ou


incidental, visa a produção de prova em momento anterior ao que deveria ser
produzida. A prova antecipada pode ser “para viabilizar a autocomposição ou outro
meio adequado de solução do conflito, ou para permitir ao interessado que tenha
prévio conhecimento dos fatos, que possa justificar ou evitar o ajuizamento da
ação” (GONÇALVES, 2016, p. 479).

A prova pode ser antecipada quando:

a) A prova pode se perder: haja fundado receio de que venha a tornar-se


impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação, é o
típico caso quando a testemunha é muito idosa ou está muito doente e teme-se que
ela não poderá ser ouvida em outra hora oportuna. Somente nessa situação será
considerada natureza cautelar, pois nas demais será de natureza satisfativa, já que
não servirá para afastar um risco, somente para esclarecer e fornecer informações.

b) Prova para autocomposição das partes: a prova a ser produzida seja


suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de
conflito, é quando a prova pode solucionar o conflito entre as partes durante a
mediação, conciliação ou outra forma de autocomposição.

c) Fatos que podem justificar ou evitar o ajuizamento: o prévio


conhecimento de fatos que possam justificar ou evitar o ajuizamento de uma ação,
é quando “a antecipação da prova servirá para que colha elementos necessários
para a ação principal”, essa antecipação pode fornecer elementos para que o
interessado ajuíze ou pelo contrário, deixe de ajuizar uma ação.

20.7 Tipos de provas que podem ser antecipadas

A antecipação de provas não tem restrições, pode ser documental,


testemunhal, pericial, ou algum outro meio idôneo de prova. Mesmo o depoimento
pessoal da parte diversa (prova testemunhal), quando ainda não se tiver sido
apresentada a contestação, poderá ser de relevante valor para o desfecho do
processo. Não será possível saber quais fatos são realmente controvertidos,
contudo, será possível, nesses casos, saber quais os fatos relevantes para causa
e como as partes irão prosseguir.

20.8 Competência

Em regra, a competência é do juízo do foro onde a prova antecipada deva


ser produzida ou do foro de domicílio do réu (§ 2º, do art. 381). Essa competência
não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser proposta (§ 3º,
do art. 381).
O juízo estadual será competente para a produção de prova antecipada
requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública
federal, se na localidade não houver vara federal.

20.9 Petição

O requerente deve apresentar as razões que justificam a necessidade de


antecipação da prova, mencionando com precisão os fatos sobre os quais a prova
deve recair. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de
interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo quando não
houver caráter contencioso entre as partes.
O juiz, na antecipação de tutela, não pode se pronunciar sobre a ocorrência
ou inocorrência do fato discutido em tela, nem sobre as respectivas consequências
jurídicas, sob pena de violar o devido processo legal e o princípio da ampla defesa
e do contraditório. “Apesar da vedação de defesa, o réu poderá arguir a
incompetência do juízo, ou o impedimento e a suspeição do juiz, já que isso
repercutirá sobre a própria validade das provas colhidas” (GONÇALVES, 2016, p.
482).
Neste procedimento não se admite defesa ou recurso, salvo contra decisão
que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada, ocasião em que caberá
recurso de apelação. Se a prova for indeferida parcialmente, NÃO caberá agravo
de instrumento, já que não é uma hipótese abrangida pelo artigo 1015 do novo
Código de Processo Civil. Claro que não se pode também violar o direito de
defesa, negando ao requerido o direito de contraditório. O que não haverá é a
instauração de controvérsia sobre o fato em si, ou seja, não irá se entrar no mérito,
pois isso é discutido na ação principal, mas o requerido pode alegar que a prova é
abusiva porque viola o sigilo fiscal e comercial da empresa, por exemplo.

21 PROVAS EM ESPÉCIE

As provas são os mecanismos usados no processo para investigação e


demonstração dos fatos. Não se pode confundir fonte de prova, que são os
elementos específicos e concretos, com os meios de provas, que são os tipos
genéricos que se admitem no processo, como ata notarial, depoimento pessoal,
confissão, exibição de documento ou coisa, prova documental, testemunhal,
pericial e inspeção judicial.
Um exemplo claro entre a diferença de meio de prova e fonte da prova é a
prova documental, a espécie é o meio de prova, já o documento em si, que
comprova o negócio jurídico discutido entre as partes, que será apreciado pelo
juízo e terá relevante valor para o processo, essa é uma fonte de prova.
O rol anteriormente descrito, de espécies de prova, não é taxativo, tendo
em vista o caráter genérico do artigo 369 do NPCP, no qual diz que outros meios
de prova também serão aceitos, desde que não violem a lei ou a moral.

As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os


moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz.

21.1 Ata notarial

A ata notarial é um documento lavrado pelo tabelião de notas


exclusivamente, conforme dispõe o artigo 7º, inciso III, da Lei n. 8935/1994, o qual
tornou-se, a partir da vigência do novo Código de Processo Civil, uma espécie de
prova devidamente regulamentada por lei. Ela tem a finalidade de atestar a
existência ou o estado de coisas. Da ata poderão constar dados representados por
imagem ou sons gravados em arquivos eletrônicos. Dispõe o artigo 384 do NCPC:

Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser


atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata
lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em
arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.

Para que o tabelião, que goza de fé pública, possa atestar algum fato, ele
precisa ter conhecimento, por isso é necessário que ele acompanhe ou presencie
pessoalmente. Ao fazer a ata o escrivão deverá descrever o fato apresentando, as
circunstâncias e o modo como ocorreram os fatos, informações necessárias para
que o acontecimento seja esclarecido.
Diferente das escrituras públicas (que são declarações de vontade das
partes), a ata notarial é a atestação de um “fato cuja existência ou forma de existir
é apreensível pelos sentidos (pela visão, pela audição, pelo tato etc)”.
(GONÇALVES, 2016, p. 494). Ela não é produzida em juízo, mas
extrajudicialmente.

21.2 Depoimento pessoal

“Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que


esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do
poder do juiz de ordená-lo de ofício”, é o que diz o caput, do artigo 385, do NCPC.
Trata-se de um meio de prova, pelo qual o juiz acolhe as declarações da parte
diversa, com a finalidade de obter informações relevantes sobre o fato objeto do
litigio.
O próprio juiz ouvirá as partes em audiência de instrução e julgamento, salvo
as hipóteses do artigo 453 do NCPC (nas quais são ouvidas por carta precatória,
por outro juízo, ou prestam depoimento antecipadamente).
Só cabe as próprias partes prestar o depoimento, autores e réus, no caso de
um terceiro, já configuraria prova testemunhal. Somente a parte poderá requerer o
depoimento pessoal da parte diversa, não podendo requerer o próprio depoimento.
Caso o juiz ouça de oficio as partes, ter-se-á um interrogatório, não depoimento
pessoal.
Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal não
comparecer, ou se comparecer, recursar-se a depor, aplicar-se-á pena, desde que
advertida da pena de confesso no ato da intimação. Em caso de pessoa jurídica, o
depoimento deverá ser prestado por seus representantes legais ou prepostos
indicados pelo contrato social, desde que tenham poderes para confessar e que,
obviamente, tenham conhecimento dos fatos.
As partes serão ouvidas em separado, sendo vedado quem ainda não
depôs, assistir ao interrogatório da outra parte. “Se a parte for absolutamente
incapaz, o depoimento será prestado por seu representante legal; se relativamente
incapaz, por ele mesmo (GONÇALVES, 2016, p. 494).
Somente não será obrigada a prestar depoimento pessoal nas hipóteses
elencadas no artigo 388, do NCPC:
Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos: I - criminosos ou
torpes que lhe forem imputados;
- a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;
- acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu
cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível; IV - que
coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas no inciso
III.
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de estado e de
família.

Outra inovação do NCPC foi a possibilidade de o depoimento ocorrer por


meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e
imagem em tempo real, inclusive durante a audiência de instrução e julgamento, a
fim de tornar o andamento do processo mais célere, é o que dispõe o §3º do artigo
385.

21.3 Da confissão

Ocorre a confissão quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu


interesse e favorável ao adverso, de forma judicial ou extrajudicial. Ela pode ser
espontânea, que será feita pela própria pessoa ou por representante com poderes
especiais, ou então será provocada, a qual constará no termo de depoimento
pessoal da parte (art. 390).

Não se confunde a confissão com a renúncia ao direito ou com o


reconhecimento jurídico do pedido, já que estes envolvem não apenas os
fatos controvertidos, mas o direito discutido. A renúncia e o
reconhecimento implicam a extinção do processo com resolução de
mérito, ao passo que a confissão é só mais um elemento, para que o juiz
forme a sua convicção e profira sentença (GONÇALVES, 2016, p. 512).

A confissão judicial é aquela feita durante o curso do processo, pode ser escrita
ou oral, durante o depoimento pessoal. Podendo ser espontânea ou provocada
(quando a parte responde perguntas formuladas). Já a extrajudicial é feita fora do
processo e precisa ser devidamente comprovada, por documentos ou testemunhas, e
só terá eficácia quando a lei não exigir prova literal dos fatos (art. 394).
A principal consequência da confissão está no artigo 374, inciso II do NCPC,
pois não dependem de prova os fatos afirmados por uma parte e confessados pela
parte contrária. Contudo o juiz não está obrigado a dar valor absoluto a confissão,
devendo levar em consideração os demais elementos de convicção, não devendo
considerar essa prova superior as demais.
A confissão judicial possuí algumas restrições a eficácia:

a) A confissão do confitente não prejudica os litisconsortes.


b) Nas ações que versem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre
imóveis alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro, salvo se o
regime de casamento for o de separação total de bens.
c) Não vale a confissão em juízo de direito indisponíveis.
d) Se a confissão for feita por quem não é capaz de dispor do direito a que
confessa.
e) A confissão pelo representante só é eficaz nos limites de seus poderes
específicos.
f) A confissão não supre a exigência de apresentação de instrumento
público, quando a lei exigir (art. 406).

A confissão pode ser anulada se decorrer de erro de fato ou de coação.


Podendo a legitimidade da ação anulatória ser transferida da pessoa do confitente
para seus herdeiros, em caso de falecimento (parágrafo único, do art. 392). Se
transitado em julgado sentença de mérito que se fundamentou na confissão viciada,
será cabível ação rescisória com base no art. 966, inciso III ou IV.
O ato de confissão deve ser considerado como um todo, é o que diz o artigo
395 do NCPC, que refere que a confissão é indivisível, não podendo a parte
contrária aceitar em partes, no que lhe beneficiar e o que lhe for desfavorável,
descartar, não podendo o juiz apreciar de forma isolada.
Poderá haver cisão se a parte aduzir fatos novos que constituam
fundamento de defesa. Por exemplo: se o réu, em sua contestação,
confessar que contraiu a dívida, mas aduzir que houve compensação, a
existência do débito será incontroversa, mas a compensação deverá ser
provada (GONÇALVES, 2016, p. 514).

21.4 Exibição de documento ou coisa

O antigo Código de Processo Civil já previa a exibição de documentos, o que


se manteve no atual CPC, onde é autorizado ao juiz ordenar que a parte exiba
documento ou coisa que se encontre em seu poder, caso esteja demonstrado o
relevante interesse em tal prova para a instrução do processo. A diferença entre o
antigo e NCPC está nas consequências de a parte não seguir as determinações do
juízo, isto é, a recusa ilegítima de exibição de documento ou coisa, acarreta na
admissão como verdadeiros os fatos que se pretendia demonstrar por meio da
coisa ou documento.
No parágrafo único do artigo 400, refere que além de admitir verdadeiros os
fatos que se pretendia provar, o juiz, se necessário, poderá adotar medidas
indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento ou
coisa seja exibido.
O pedido formulado pela parte para requerer a exibição deverá conter a
individuação do documento ou coisa, as circunstâncias em que se funda o
requerente para afirmar que tal documento ou coisa existe e está em poder da
parte diversa.
O requerido dará sua resposta em cinco dias após a intimação, ocasião em
que deverá afirmar se tem ou não o documento ou a coisa referida pela outra
parte, permitindo que o requerente prove que a declaração do requerido de
inexistência do documento ou coisa é verdadeira ou não.

No caso do terceiro se negar a obrigação o juiz determinará uma audiência


especial para colher o depoimento desse, das partes e testemunhas se houver,
proferindo uma decisão em seguida. Se o terceiro se negar, sem justo motivo, o juiz
poderá ordenar que o terceiro deposite em cartório ou outro lugar determinado no
prazo de 5 dias, a coisa ou documento, descumprindo tal decisão, caberá ao juiz
expedir mandado de apreensão, sem prejuízo do pagamento de multas ou outras
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias que ache
necessária para assegurar a efetivação de sua decisão.
O requerido pode ainda escusar-se de apresentar o documento, nas
hipóteses do art. 404 do CPC, quando concernente a negócios da própria
vida da família; a sua apresentação puder violar dever de honra; a
publicidade do documento redundar em desonra à parte ou a terceiro,
bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro
grau; ou lhes representar perigo de ação penal; se a exibição acarretar a
divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão, deva
guardar segredo; se subsistirem outros motivos graves que, segundo o
prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição; ou houver
disposição legal que justifique a recusa. Mas a escusa não será admitida
nas hipóteses do art. 399, se o requerido tiver obrigação legal de exibir;
se ele aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de
constituir prova; ou se o documento, por seu conteúdo, for comum às
partes (GONÇALVES, 2016, p. 587- 588).

A negação de exibição de documentos e a consequência de ser


considerados os fatos que se pretendia comprovar ou demonstrar com os
documentos ou coisa exigidos, não é absoluta, mas sim relativa, devendo o juiz
levar em consideração as demais provas, principalmente aquelas que contrariarem
a veracidade presumida. “Como a exibição dirigida contra a parte contrária tem
natureza de mero incidente, a solução será dada por decisão interlocutória, contra a
qual o recurso adequado será o de agravo de instrumento (art. 1.015, VI)”
(GONÇALVES, 2016, p. 587-588).

21.5 Prova documental

Na petição inicial ou contestação deverá a parte juntar os documentos que


comprovem suas alegações. É licito juntar em outro momento documentos novos,
desde que devidamente comprovado que o acesso aos documentos anteriormente
não era possível ou que só se teve conhecimento destes agora. Pode também
ocorrer de surgirem fatos posteriores a inicial e a contestação, ocasião em que
também será permitida a juntada dos documentos.
Caberá a parte diversa impugnar especificadamente a prova documental,
impugnando a admissibilidade, autenticidade veracidade (por meio de arguição de
falsidade) ou somente manifestar-se pelo conteúdo.
Fora as ocasiões que o documento é essencial para comprovação de um
negócio jurídico, a prova documental é apenas um meio de prova, que analisado no
processo como todas as demais provas, sem hierarquia de valoração, lembrando
que vigora no Brasil o princípio da livre convicção do magistrado.
A prova documental não é simplesmente a juntada de papéis aos autos, ela
pode ser das mais variadas formas, como fotografias, vídeos, áudios, filmagens,
CD e DVD, gravações eletrônicas, etc. O que a distingue das demais é que a prova
documental por si só já constituí a prova, não se faz necessária maiores extrações
pelo juízo, isto é, numa prova testemunhal o juiz terá que ouvir as testemunhas e
dessa declaração extrair sua convicção e entendimento; de uma prova pericial o
juiz dependerá da análise de outro profissional sobre determinado fato, para poder
fazer suas conclusões; da prova documental terá acesso imediato a própria prova.
Quando se tratar de documento público feito por oficial incompetente ou sem
observar as formalidades necessárias acarreta na eficácia probatória como se
documento particular fosse (art. 407).
Cessa a fé do documento público ou particular sendo-lhe declarada
judicialmente a falsidade quando formar documento não verdadeiro ou quando
houver a alteração de documento verdadeiro (art. 427). Nos casos de documento
particular, a parte deverá impugnar sua autenticidade e enquanto não se comprovar
sua veracidade, cessará a fé do documento; quando o documento é assinado em
branco, deverá ser impugnado seu conteúdo por preenchimento abusivo.
A falsidade deve ser arguida na contestação, na réplica, ou no prazo de 15
dias a partir da intimação da juntada do falso documento, a qual será resolvida
como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz decida como questão
principal. A parte deverá demonstrar os motivos que fundam a falsidade e os meios
que provará o alegado. Quando suscitado como questão principal, a declaração de
falsidade constará da parte dispositiva da sentença e sobre ela incidirá a autoridade
da coisa julgada.
O prazo de 15 dias para manifestação poderá ser dilatado pelo juízo, quando
esse entender que a quantidade e a complexidade da prova documental exige
maior prazo para análise e manifestação.
Incumbe o ônus da prova a parte que arguir quando se tratar de falsidade de
documento ou de preenchimento abusivo, ou então à parte que produziu o
documento quando se tratar de impugnação da autenticidade do documento.
Considera-se autor do documento aquele que o fez e o assinou; aquele por
conta de quem ele foi feito, estando assinado; aquele que, mandou fazer, não
firmou porque não se costuma assinar, como livros empresariais, assentos
domésticos.
Será considerado verdadeiro o documento quando o tabelião reconhecer a
firma do signatário; a autoria estiver identificada por qualquer outro meio legal de
certificação, inclusive meio eletrônico; não houver impugnação da parte diversa.
A prova documental, assim como a confissão, é indivisível, não pode a parte
aceitar somente os fatos que a ela são favoráveis e recusar os que são contrários
aos seus interesses, salvo se provar que estão incorretos ou que não ocorreram.
Uma grande inovação do NCPC, foi a seção dos documentos eletrônicos,
que agora expressamente prevê a utilização de documentos eletrônicos (que
deverão ser produzidos e conservados de acordo com a legislação especifica),
contudo dependerá da conversão à forma impressa e da verificação da
autenticidade antes da juntada aos autos. Caso não seja convertido, caberá ao juiz
apreciar o valor probante do documento eletrônico, assegurando as partes acesso
ao seu teor (art. 440).

21.6 Prova testemunhal

A prova testemunhal é um dos meios mais utilizados no processo civil,


consiste na inquirição em audiência de pessoas que não sejam as próprias partes,
que tenham presenciado ou possam contribuir sobre os fatos relevantes no
julgamento. Ela será sempre admissível, será indeferida somente quando o fato já
foi comprovado por documento ou confissão da parte; ou que só pode ser provado
por documento ou perícia.
É licito as partes provarem por meio de testemunha nos contratos simulados,
a divergência entre a vontade real e a vontade declarada em papel; ou então nos
contratos em geral, os vícios de consentimento.
Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes
impedidas ou suspeitas, de acordo com o artigo 447:

Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as


incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1o São incapazes:
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em
que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve
depor, não está habilitado a transmitir as percepções;
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que
lhes faltam.
§ 2o São impedidos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer
grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por
consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou,
tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de
outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante
legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou
tenham assistido as partes.
§ 3o São suspeitos:
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
§ 4o Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas
menores, impedidas ou suspeitas.
§ 5o Os depoimentos referidos no § 4o serão prestados independentemente
de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.

A testemunha não será obrigada a depor sobre fatos que lhe acarretem
grave dano ou ao seu cônjuge, companheiro, parentes consanguíneos ou afins, em
linha reta ou colateral, até terceiro grau; ou ainda, se pela profissão ou estado deva
guardar sigilo.
O rol de testemunhas juntado pela parte deverá conter, sempre que possível,
o nome, a profissão, o estado civil, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas, o número de registro de identidade e o endereço completo da residência e
do local de trabalho. A parte pode substituir sua testemunha em caso de morte,
enfermidade, tenha mudado de resistência ou local de trabalho e não for
encontrada, ou se por algum motivo não tenha condições de depor.
Lembrando que a partir do NCPC, cabe ao advogado da parte informar ou
intimar a testemunha por ele arrolada, dispensando, assim, a intimação pelo juiz
(art. 455). A inércia na realização da intimação, acarreta na desistência da
inquirição, pois é interesse da parte levar a testemunha que esclareça e comprove
os fatos que alega. Conforme §4º, do artigo 455, a intimação só será feita pela via
judicial quando:

I - for frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo;


II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao juiz;
III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em
que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em
que servir;
IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela
Defensoria Pública;
V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.

Outra inovação do NCPC é a possibilidade da testemunha, que residir em


local diverso da comarca em que tramita o processo, ser ouvida por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão e recepção de sons e
imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiência de
instrução e julgamento.
As testemunhas são ouvidas separadamente, inicialmente as testemunhas
do autor, depois as do réu, podendo o juiz alterar a ordem se as partes
concordarem expressamente com isso (parágrafo único, do artigo 456).
No início da inquirição a testemunha prestará o compromisso dizer a
verdade, e antes de depor será qualificada, declarará seus dados e informará se
tem parentesco com a parte ou se tem interesse no objeto do processo, podendo a
parte diversa contraditar a testemunha alegando incapacidade, impedimento ou
suspeição, sendo verdadeiras as alegações o juiz poderá ouvi-la como informante.
A partir do NCPC as partes poderão perguntar diretamente às testemunhas,
começando por quem as arrolou. O juiz indeferirá perguntas que induzirem a
resposta da testemunha, as que não tiverem relação com as questões de
discutidas no processo ou que sejam repetidas.
O depoimento das partes poderá ser documentado por meio de gravação,
digitado, registrado por meio de taquigrafia, estenotipia ou outro meio idôneo de
documentação, devendo ser assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos
procuradores das partes.
Quanto a acareação, poderá ser ordenada de ofício ou a requerimento das
partes, quando houverem declarações divergentes. Os acareados serão
reperguntados para que expliquem os pontos de divergência. Essa acareação
poderá ser por meio de videoconferência.

21.7 Prova pericial

A prova pericial é o meio utilizado quando a apuração dos fatos exige


estudos técnicos, conhecimento de profissionais especializados em determinadas
áreas. Nestes casos são nomeados peritos, que realizam exame, vistoria ou
avaliação. Quando a prova não for complexa, poderá o juiz de oficio ou a
requerimento das partes substituir a perícia por prova técnica simplificada, que
consiste na inquirição de especialista, com formação acadêmica especifica na área
do objeto em análise, podendo valer- se de recursos tecnológicos a fim de
esclarecer os pontos controvertidos da causa.
O exame ocorre em pessoas ou coisas, para que delas sejam extraídas
informações necessárias para solucionar o litigio, como exemplo, um médico que
analisa se determinada pessoa ficou incapacitada em decorrência do acidente
provocado pelo réu. Já a vistoria consiste na análise de bens, como por exemplo,
quando se quer constatar que avarias ocorridas no veículo. A avaliação refere-se a
atribuição de valore pecuniário a determinada coisa, por exemplo a um bem
sucessório.
De acordo com o §1º, do artigo 464, o juiz não determinará a inspeção pericial
somente quando:

I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;


II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.

O perito, logo que nomeado, receberá a data da entrega do laudo e caberá


as partes, dentro de 15 dias contados da intimação do despacho que nomeou o
perito, apresentar impedimento ou suspeição, indicar assistente técnico e
apresentar quesitos (que poderão ser indeferidos pelo juízo, caso sejam
impertinentes). Ciente da nomeação o perito apresentará em 05 dias:
I - proposta de honorários;
II- currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde
serão dirigidas as intimações pessoais.

Poderá o juiz determinar o pagamento da metade dos honorários do perito


antes dos trabalhos começarem sendo o restante pago posteriormente a sua
conclusão, depois de entregue o laudo e prestados os esclarecimentos
necessários. Contudo, se o perito apresentar um laudo deficiente ou não concluso,
o juiz determinará a redução da remuneração inicialmente arbitrada.
O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e
acompanhamento completo das diligências e dos exames que realizar, avisando-as
com antecedência mínima de 05 dias.
O perito também pode pedir substituição por impedimento ou suspeição, ou,
ainda, poderá ser substituído quando lhe faltar conhecimento técnico ou científico,
ou se deixar de cumprir suas obrigações no prazo, devendo restituir, em 15 dias, os
valores que já havia recebido, caso não o faça, será penalizado com a proibição de
atuar como perito judicial pelo prazo de 5 anos. Ademais, poderão as partes
executar o perito, na forma do artigo 513 e seguintes.

As partes podem escolher o perito, a partir do NCPC, indicando mediante


requerimento, desde que estejam em comum acordo, sejam capazes e a causa
possa ser resolvida por autocomposição. E mesmo indicando o perito, poderão
indicar também assistente técnico. Essa pericia consensual substitui a realizada por
perito nomeado pelo juiz.
O novo Código de Processo Civil estabelece como deverá ser o laudo
pericial:
Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da
qual se originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas
partes e pelo órgão do Ministério Público.
§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem
simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
§ 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como
emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do
objeto da perícia.
§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos
podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas,
obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da
parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo
com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos
necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.

Em caso de matérias mais complexas, que exigem conhecimentos de diversas


áreas, poderá ser determinado mais de um perito e consequentemente as partes
poderão indicar mais de um assistente técnico, conforme a especialização de cada
perito, por exemplo em caso de um acidente de transito, poderá haver um perito com
conhecimentos em engenharia, outro em medicina.
O juiz deverá analisar a prova pericial conforme o que estabelece o artigo 371
“juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento”, isto é, deverá indicar na sentença os motivos que o levaram a
considerar as conclusões do laudo.
Questão 12 - XXII Exame:
Carlos ajuizou, em 18/03/2016, ação contra o Banco Sucesso, pelo procedimento
comum, pretendendo a revisão de determinadas cláusulas de um contrato de abertura de
crédito. Após a apresentação de contestação e réplica, iniciou-se a fase de produção de
provas, tendo o Banco Sucesso requerido a produção de prova pericial para demonstrar a
ausência de abusividade dos juros remuneratórios. A prova foi indeferida e o pedido foi
julgado procedente para revisar o contrato e limitar a cobrança de tais juros. Sobre a
posição do Banco Sucesso, assinale a afirmativa correta.

A) Ele deve interpor recurso de agravo de instrumento contra a decisão que indeferiu a
produção de prova. Não o tendo feito, a questão está preclusa e não admite rediscussão.
B) Ele deve apresentar petição de protesto contra a decisão que indeferiu a produção de
prova, evitando-se a preclusão, com o objetivo de rediscuti-la em apelação.
C) Ele deve permanecer inerte em relação à decisão de indeferimento de produção de
prova, mas poderá rediscutir a questão em preliminar de apelação.
D) Ele deve interpor recurso de agravo retido contra a decisão que indeferiu a produção de
prova, evitando-se a preclusão, com o objetivo de rediscuti-la em apelação.

21.8 Inspeção judicial

Por fim, dentro os meios de provas elencados no Código de Processo Civil, o


qual não é taxativo, pois a lei é clara em dizer que outros meios de provas são
válidos, desde que não sejam ilícitos, temos a inspeção judicial, que nada mais é
do que o exame feito diretamente pela pessoa do juiz, tanto em pessoas ou coisa,
com a finalidade de aclarar os fatos discutidos no processo.
A inspeção pode ocorrer em qualquer fase do processo, de ofício ou a
requerimento, podendo, inclusive, ser assistido por peritos e pelas partes, que
poderão pedir esclarecimentos e fazer observações. O juiz irá no local onde se
encontra a coisa ou pessoa quando:

I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos


que deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis
despesas ou graves dificuldades;
III - determinar a reconstituição dos fatos.
Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado,
mencionando nele tudo o que for útil para esclarecer o processo, podendo, este
auto, ser instruído com desenho, gráfico ou fotografias.

22 EXTINÇÃO DO PROCESSO

22.1 Sentença terminativa

A sentença será terminativa quando o processo for extinto sem resolução de


mérito, hipóteses reguladas no art. 485 do CPC:
Não há impeditivos para que uma ação extinta sem resolução de mérito venha
a ser proposta novamente (art. 486, do CPC) (deverá ser distribuída por
dependência, art. 286, II, do CPC), ressalvados os casos de litispendência e a
necessidade de correção dos vícios que levaram à extinção nos casos dos incisos I,
IV, VI e VII (GONÇALVES, 2016, p. 402). Importante observar o que diz o art. 486,
§2º, do CPC, dispõe que a petição inicial não será despachada sem a prova do
pagamento ou do depósito das custas e honorários do advogado.

O indeferimento da petição inicial (art. 485, I, do CPC) está relacionado com


o art. 330 do CPC e pode ser reconhecido de oficio pelo juiz, antes ou após a citação
do demandado.
Quando o autor não promover os atos e diligências que lhe incumbir,
abandonando a causa por mais de trinta dias (art. 485, III) e quando o processo ficar
parado por mais de um ano por negligência das partes (art. 485, II), o processo será
extinto sem resolução de mérito, porém, as partes deverão ser previamente
intimadas, de forma pessoal, para suprir a falta em cinco dias, por força do art. 485,
§1º, do CPC.

Em relação à desistência (art. 485, VIII), existem algumas peculiaridades. É


sabido que o autor tem a faculdade de desistir da ação proposta sem que o mérito
seja julgado, contudo, tal faculdade não deve ser confundida com a renúncia, pois
nesta o autor abrirá mão do direito discutido, levando à extinção do processo com
julgamento de mérito (GONÇALVES, 2016, p. 404).
O autor tem direito a desistir da ação até a prolação da sentença, por força do
art. 485, §4º, do CPC.
Após o oferecimento da contestação, o autor somente poderá desistir da ação
com o consentimento fundamentado do réu, conforme art. 485, §3º, do CPC. Não
havendo consentimento ou com fundamento impróprio, o juiz estará autorizado a
homologar a desistência do autor.
Quando a extinção do processo sem julgamento do mérito ocorrer com
fundamento por algum dos incisos do art. 485 do CPC, interposta a apelação, o juiz
terá o prazo de cinco dias para retratar-se, conforme art. 485, §7º, do CPC.

22.2 Sentença definitiva

A sentença será definitiva quando o processo for extinto com resolução de


mérito, hipóteses reguladas no art. 487 do CPC:

O art. 487, I, do CPC (quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido formulado na


ação ou reconvenção) ocorre quando o juiz analisa o mérito e julga os pedidos
requeridos na petição inicial.
Destaca-se que nas hipóteses de homologação para o reconhecimento de
procedência de pedido e de transação será necessário que o direito seja disponível,
pois direitos indisponíveis não são passiveis de serem transacionados.

22.3 Requisitos da sentença

O primeiro passo a ser dado é o relatório, elemento essencial da sentença


que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e
da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do
processo.
Em seguida, faz-se necessária a motivação, ou seja, a sentença deve conter
os fundamentos em que o juiz analisará as questões de fato e de direito. Cabe
chamar atenção em uma total inovação do Código de Processo Civil no que tange as
hipóteses em que NÃO será considerada fundamentada qualquer decisão judicial,
seja interlocutória, sentença ou acordão quando:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem


explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de,
em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar
seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob
julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

Por fim, tem-se o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais


que as partes lhe submeterem, acolhendo, rejeitando o pedido ou extinguindo o
processo sem resolução de mérito. Cumpre ao juiz observar que a fundamentação
deve ter estreita relação com o dispositivo, ou seja, deve ser uma decorrência lógica
da fundamentação, fazendo ligação entre o fato concreto e as consequências
adequadas.

22.4 Sentença ilíquida

A sentença não pode ser ilíquida (regra geral), ainda que o pedido seja
genérico, o artigo 491, do NCPC, diz que:

Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido


genérico, a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice
de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a
periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando:
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;
II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de
realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida
na sentença.
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor
devido por liquidação.
§ 2o O disposto no caput também se aplica quando o acórdão alterar a
sentença.

Portanto, somente nas hipóteses dos incisos I e II que se admitirá a sentença


ilíquida, nestes casos a sentença deverá ser liquidada a requerimento do credor ou
do devedor, a qual será por arbitragem ou procedimento comum, quando houver
necessidade de alegar e provar fato novo, de acordo com incisos do artigo 509 do
NCPC.
22.5 Sentença extra petita, ultra petita ou citra petita

Sentença extra petita é aquela que “o juiz julga ação diferente da que foi
proposta, sem respeitar as partes, a causa de pedir ou pedido, tais como
apresentados na petição inicial” (GONÇALVES, 2016, p. 532), é o que trata a
primeira e última parte do caput do artigo 492 do NCPC, onde diz “É vedado ao juiz
proferir decisão de natureza diversa da pedida (...) ou em objeto diverso do que lhe
foi demandado”. Ao juiz só permitido inovar em relação aos fundamentos jurídicos do
pedido, já que é o detentor do conhecimento jura novit cúria. Caso profira uma
sentença extra petita, caberá nulidade.
Já a sentença ultra petita é aquela “em que o juiz julga a pretensão posta em
juízo, mas condena o réu em quantidade superior à pedida” (GONÇALVES, 2016, p.
532), sendo o vício menos grave que o anterior, pois concedeu aquilo que foi
postulado, contudo em quantidade superior, conforme artigo 492 quando diz
“condenar a parte em quantidade superior”.
A sentença infra ou citra petita é quando o juiz deixa de apreciar algum pedido
da parte, quando houver cumulação de pedidos. Cumpre a juiz apreciar todas as
pretensões formuladas pelo autor na inicial e pelo réu em reconvenção ou na própria
contestação. Neste caso, caberá embargos de declaração por omissão do juízo,
solicitando ao juiz para se pronunciar sobre a pretensão.

22.6 Da coisa julgada formal

A coisa julgada formal é tratada pela doutrina como um fenômeno interno,


pois ocorre quando não há mais possibilidade de modificação de sentença ou
acórdão. Tanto as sentenças terminativas quanto as definitivas fazem coisa julgada
formal.

22.7 Da coisa julgada material

A coisa julgada material é a impossibilidade de modificação da sentença com


efeitos externos ao processo, não podendo ser objeto de nova apreciação do
judiciário. O art. 502 do CPC define da seguinte forma: “Denomina-se coisa julgada
material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais
sujeita a recurso”.
Gonçalves (2016, p. 542) destaca que: “a coisa julgada material pressupõe
decisão de mérito, que aprecie a pretensão posta em juízo, favorável ou
desfavoravelmente ao autor”.
Cabe mencionar que a coisa julgada material acarreta no impedimento de
ajuizamento de nova demanda com os mesmos pedidos e causa de pedir – induz
litispendência.

Questão 13 - XXII Exame:


Gláucia ajuizou, em abril de 2016, ação de alimentos em face de Miguel com
fundamento na paternidade. O réu, na contestação, alegou não ser pai de Gláucia. Após a
produção de provas e o efetivo contraditório, o magistrado decidiu favoravelmente ao réu.
Inconformada com a sentença de improcedência que teve por base o exame de DNA
negativo, Gláucia resolve agora propor ação de investigação de paternidade em face de
Miguel. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) O magistrado deve rejeitar a nova demanda com base na perempção.


B) A demanda de paternidade deve ser admitida, já que apenas a questão relativa aos
alimentos é que transitou em julgado no processo anterior.
C) A questão prejudicial, relativa à paternidade, não é alcançada pela coisa julgada, pois a
cognição judicial foi restrita a provas documentais e testemunhais.
D) A questão prejudicial, relativa à paternidade, é atingida pela coisa julgada, e o novo
processo deve ser extinto sem resolução do mérito.

23 REEXAME NECESSÁRIO

Estarão sujeitos ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão


depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:

I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e


suas respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução
fiscal.
Nestes casos, se não for interposta apelação no prazo legal, o juiz ordenará a
remessa dos autos ao tribunal e se não fizer, deverá o presidente do respectivo
tribunal avocá-los.
Não se aplicará a remessa necessária quando a condenação for de mil
salário-mínimos para a União e respectivas autarquias e fundações de direito
público; de 500 sálarios-mínimos para os Estados, DF e respectivas autarquias e
fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados e;
100 sálarios-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e
fundações de direito público.
Também não se aplicará o reexame necessário em casos em que a sentença
estiver fundada em:

I - súmula de tribunal superior;


II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação,
parecer ou súmula administrativa.

24 ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO

24.1 Alegações Finais

No encerramento da audiência de instrução e julgamento as partes vão para


debates orais, que de forma escrita são chamados de Memoriais, conforme o artigo
364, o prazo é sucessivo de 15 dias, após a juntada dos memoriais de ambas as
partes o processo segue concluso para sentença.

Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do


réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua
intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada
um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz.
§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que formará
com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se
não convencionarem de modo diverso.
§ 2o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito,
o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas, que serão
apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se
for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias,
assegurada vista dos autos.
Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e
justificadamente cindida na ausência de perito ou de testemunha, desde
que haja concordância das partes.
Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da instrução, do
debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimento
para a data mais próxima possível, em pauta preferencial.
Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá
sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias.

TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO

25 AS PARTES NA RELAÇÃO PROCESSUAL EXECUTIVA

A legitimidade ativa para propor a execução está prevista no art. 778 do CPC,
que dispõe:

Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere
título executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão
ao exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por
morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for
transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do
executado.

Como regra geral, a execução poderá ser promovida pelo credor a quem a lei
confere um título executivo, uma vez que estará pleiteando em juízo direito próprio e
em nome próprio.
No que tange aos legitimados presentes no art. 778, II, são os denominados
sucessores “causa mortis”, isto porque com o falecimento do credor, o direito de
receber o crédito passou a seus sucessores. As pessoas elencadas neste inciso
podem propor a ação de execução se ao tempo do falecimento ainda não havia sido
proposta, ou ainda, seguir na execução quando o falecimento ocorrer durante a
tramitação processual mediante prévia habilitação. Importante referir que enquanto
não houver homologação da partilha de bens a legitimidade será do espólio (através
do inventariante) e após a homologação da partilha o credor será o herdeiro a quem
detenha o direito do crédito. Frisa-se que os herdeiros podem requerer a execução
individualmente ou em litisconsórcio, antes de homologada a partilha, caso o
inventariante se mantiver inerte a execução. (GONÇALVES, 2016, 718-719).
Também está no rol de legitimados o cessionário do título executivo, quando
este lhe for transferido por ato entre vivos. Quando a cessão do título ocorrer antes
do ajuizamento da execução, deverá o cessionário promover a execução juntando o
título executivo e a comprovação da cessão; sendo a cessão posterior à execução, o
cessionário deverá comprovar a cessão e requerer a substituição do polo ativo da
demanda na posição de exequente, sem necessidade de consentimento do credor,
conforme disposto no art. 286 do Código Civil:

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a
natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não
constar do instrumento da obrigação.

A sub-rogação legal ou convencional (hipóteses dos arts. 346 e 347 do CC)


ocorre quando um terceiro efetua o pagamento da dívida ao credor e assume, assim,
o direito de cobra-la perante o devedor. Importante realçar o caso da sub- rogação
na fiança, pois quando o fiador paga a dívida pelo afiançado está autorizado a
executa-lo nos autos do mesmo processo. É o que dispõe os arts. 831 do CC e 794
§2º do CPC:

Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos
direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores
pela respectiva quota.
Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro
sejam executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e
desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora.
§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos
do mesmo processo.

Além dos legitimados previstos no rol do art. 778, importante destacar ainda a
legitimidade do ofendido nos casos de sentença penal condenatória transitada em
julgado nos crimes de ação penal pública. Muito embora a vítima não figure como
sujeito ativo ou passivo da ação penal, pode promover a execução civil dos danos
sofridos, assim como aquele que não figura na ação civil coletiva, mas que também
pode requerer a liquidação e execução dos danos sofridos (GONÇALVES, 2016, p.
720-721)
Outro legitimado ativo da execução previsto na doutrina é o advogado. O art.
23 da Lei nº 8.906/94 conferiu ao advogado o direito de executar os honorários
advocatícios de sucumbência, vejamos:

Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou


sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para
executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório,
quando necessário, seja expedido em seu favor.

Os legitimados passivo da execução, estão previstos no art. 779 do CPC.

Art. 779. A execução pode ser promovida contra:


I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a
obrigação resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento
do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

O art. 779, II prevê a possibilidade de figurar como executado o espólio, os


herdeiros ou os sucessores do devedor. Caso a execução ocorra após o falecimento
do devedor e sem que haja ocorrido a partilha, deverá ser ajuizada em face do
espólio (representado pelo inventariante), possuindo o credor a legitimidade para
requerer a abertura do inventário. Após a partilha dos bens do falecido, o credor
deverá ajuizar a ação em face dos herdeiros e sucessores, sendo que cada um
deles responderá pela dívida de acordo com sua proporção da herança. Caso a
morte ocorra durante a tramitação da execução, deverá ser promovida a habilitação
dos sucessores. Importante destacar que a execução deverá respeitar os limites da
herança. (GONÇALVES, 2016, p.721-722).
Sobre a legitimidade passiva prevista no art. 779, III, (novo devedor que
assumiu com consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo) é
importante destacar a necessidade de concordância prévia do credor, já que o
devedor responde com seus bens pela execução.
O caso do art. 779, IV, do CPC é aquele em que figura no polo passivo da
execução o fiador do débito constante em título extrajudicial. É importante frisar que
o fiador, caso não tenha renunciado, tem direito ao benefício de ordem (827 CC),
podendo requerer que sejam executados primeiramente os bens do devedor, sitos
no mesmo munícipio, livres e desembargados (tantos quantos bastarem para
quitação do débito).

Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir,
até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do
devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere
este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres
e desembargados, quantos bastem para solver o débito.

A legitimidade prevista no art. 779, V (o responsável titular do bem vinculado


por garantia real ao pagamento do débito) refere-se aos casos em que determinada
pessoa oferece bem em garantia real de dívida, tornando-se responsável, até o
limite do valor do bem da garantia real, pelo adimplemento do débito.
Além dos legitimados no art. 779 do CPC, temos ainda a figura do avalista,
que é o indivíduo que presta garantia de adimplemento do título caso o devedor
principal não efetue o pagamento. No caso do avalista, a execução pode ser dirigida
diretamente contra a sua pessoa, ficando a critério do credor a inclusão ou não do
avalizado. Em caso de adimplemento do débito pelo avalista, a este sub-roga-se o
direito de seguir na execução, inclusive nos próprios autos, contra o avalizado.

25.1 Intervenção de terceiros na execução

Conforme Gonçalves a intervenção de terceiros é limitada no processo de


execução, não se aplicando a denunciação a lide nem o chamamento ao processo
(GONÇALVES, 2016, p.724). Para Talamini e Wambier (2014, p. 148-149) também
não se aplica a nomeação à autoria e a oposição. No que tange à assistência a
doutrina é divergente.

25.2 Litisconsórcio na execução

A possibilidade do litisconsórcio na execução é tema pacífico na doutrina.


Divide-se em duas possibilidades: litisconsórcio facultativo ou necessário. Será
facultativo quando o objeto for divisível, podendo o credor propor a execução em
face de apenas um devedor. Contudo, quando o objeto for indivisível, o litisconsórcio
será necessário.

26 REQUISITOS DA EXECUÇÃO

Para que seja possível o ajuizamento da ação de execução é necessário o


preenchimento dos requisitos: inadimplemento do devedor e título executivo que
represente uma obrigação liquida, certa e exigível.

26.1 Inadimplemento do devedor

Gonçalves (2016, p. 724-725) afirma que o inadimplemento do devedor é


configurado pelo descumprimento da obrigação no tempo, local e forma acordada
pelas partes, corroborando com o art.788 do CPC, que dispõe:

Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se o


devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar o recebimento da
prestação se ela não corresponder ao direito ou à obrigação estabelecidos
no título executivo, caso em que poderá requerer a execução forçada,
ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.

Caso a obrigação seja a termo, a mora resta configurada assim que vencido o
prazo estipulado no título, contudo, caso não haja prazo específico para o
cumprimento, o devedor deverá ser notificado para que seja constituído em mora.
Excepcionalmente poderá haver obrigações com termo certo de vencimento que
exijam a notificação prévia (GONÇALVES, 2016, p.724-725).
O lugar de cumprimento das obrigações é aquele que foi convencionado pelas
partes e inexistindo convenção à respeito observa-se o art. 327 do Código Civil.
Importante discorrer sobre os contratos bilaterais de prestações simultâneas,
pois nestes casos não será possível a nenhum dos contraentes ajuizar execução a
fim de exigir do outro obrigação não cumprida, caso também não tenha cumprida a
sua, conforme preceituado no art. 798, I “d” do CPC.
26.2 Titulo executivo

Conforme disposto anteriormente, o título executivo é requisito essencial do


processo de execução e sua criação somente ocorrerá através de lei. Deve-se
observar ainda o princípio da tipicidade, ou seja, os títulos executivos devem
obedecer rigorosamente ao padrão determinado na lei que os criou.

Quanto a cumulação de dois ou mais títulos na mesma execução não há


nenhum impedimento legal, desde que os títulos apresentem os requisitos de
cumulação previstos no art. 327 §1º e 780 do CPC.
O STJ editou a súmula nº 27 a fim de pôr fim às controvérsias: “Pode a
execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio”.

Outro aspecto relevante sobre os títulos executivos é a necessidade de


juntada nos autos do processo do documento original, não se admitindo cópia,
exceto em ocasiões extremas de impossibilidade de juntada da via original por
questões alheias à vontade do credor. Gonçalves exemplifica duas situações em que
são admitidas a cópia do título: quando a via original não está na posse do credor
por ter sido juntada nos autos de outro processo, devendo nesse caso a cópia ser
acompanhada de uma certidão atestando a situação, ou ainda, quando for o caso de
execução provisória de um título juntado nos autos do processo de conhecimento
pendente de julgamento de recurso no órgão ad quem. (GONÇALVES, 2016, p.729).

26.2.1 Requisitos do título executivo

O art. 783 do CPC dispõe que “A execução para cobrança de crédito fundar-
se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”. Para Gonçalves, os
requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade não são dos títulos propriamente ditos,
mas das obrigações que eles representam (GONÇALVES, 2016, p. 729).

27 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

O devedor responderá pelo cumprimento das suas obrigações com seu


patrimônio presente e futuro, consoante art. 789 do CPC.
Contudo, preocupou-se o legislador em preservar determinados bens,
tornando-os impenhoráveis.

O rol dos bens impenhoráveis encontra-se no art. 833 do CPC.

Art. 833. São impenhoráveis:


I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a
residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem
as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado,
salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal, ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou
outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do
executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas
forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40
(quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político,
nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime
de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao
próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de
penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de
sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta)
salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art.
528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os
equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a
pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais
bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia
a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar,
trabalhista ou previdenciária.

Os bens descritos no rol do art. 833 são absolutamente impenhoráveis e


caso o devedor não disponha de nenhum outro bem, a execução poderá tornar-se
infrutífera (sem resultado) (WAMBIER e TALAMINI, 2014, p. 151).
Importante destacar o art. 833, X, que versa sobre a impenhorabilidade de
bens depositados na caderneta de poupança até o limite de 40 salários mínimos.
Neste caso, quando o devedor possuir diversas cadernetas de poupança, o limite de
40 salários mínimos deve ser considerado com a soma de todas elas e havendo
saldo superior, o excedente é passível de penhora (GONÇALVES, 2016, p.742).
Outra ponderação importante sobre a impenhorabilidade de bens é o que
estabelece o art. 833 §1º “A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida
relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.”
O art. 833, §2º é categórico ao afirmar que a impenhorabilidade prevista nos
incisos IV e X não se aplica aos casos de penhora para pagamento de prestação
alimentícia. A segunda parte do inciso 2º do art. 833 refere-se à possibilidade de
penhora dos ganhos excedentes a 50 salários mínimos mensais, seja qual for a
origem da obrigação.
A Lei 8.009/90 tratou da impenhorabilidade do bem de família, tornando
impenhorável o imóvel residencial familiar por dividas de qualquer natureza, com
exceção daquelas previstas no art. 3º da mesma lei.

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial,
fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou
pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas
hipóteses previstas nesta lei.
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se
assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza
e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que
guarnecem a casa, desde que quitados.

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução


civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das
respectivas contribuições previdenciárias; (Revogado pela Lei
Complementar nº 150, de 2015)
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à
construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos
constituídos em função do respectivo contrato;
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o
bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou
conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;
(Redação dada pela Lei nº 13.144 de 2015)
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições
devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real
pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de
sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento
de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
(Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991)
Quanto à penhora dos bens móveis, deve-se observar a regra contida no art.
833, II, ou seja, somente não serão penhoráveis aqueles indispensáveis para uma
moradia digna.
Tratando-se de imóvel locado deve-se aplicar o disposto no art. 2º, parágrafo
único da lei 8.009/90: "No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos
bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do
locatário, observado o disposto neste artigo".
Por fim, cabe destacar que não permanece a impenhorabilidade do bem
quando o devedor oferece-o para penhora, entendendo-se como renúncia ao
benefício da impenhorabilidade.

27.1 Responsabilidade patrimonial de terceiros

Os terceiros sujeitos à execução estão arrolados no art. 790 do CPC:

Art. 790. São sujeitos à execução os bens:


I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito
real ou obrigação reipersecutória;
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou
de sua meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão
do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade
jurídica.

A responsabilidade do sucessor a título singular, prevista no art. 790, I, ocorre


quando no curso do processo de execução, o devedor aliena o bem litigioso a
terceiro. Conforme Gonçalves:

“A alienação da coisa litigiosa é ineficaz perante o credor, feita no curso da


ação fundada em direito real ou pretensão reipersecutória, desde que a
pendência da ação tenha sido averbada no respectivo registro público,
configura fraude à execução, nos termos do art. 792, I, do CPC”.
(GONÇALVES, 2016, p. 745) (grifo próprio).

Os bens dos sócios (art. 790, II) somente serão atingidos quando estes têm
responsabilidade patrimonial ou em caso de desconsideração da pessoa jurídica.
Tratando-se de empresa solvente, os bens destas respondem por suas obrigações.
A desconsideração da pessoa jurídica tem previsão no art. 50 do CC, que dispõe:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo


desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou
sócios da pessoa jurídica.

É autorizada a desconsideração da personalidade jurídica quando fica


evidente que os sócios usam da empresa para contrair dívidas sem que haja
responsabilidade de seu patrimônio pessoal. Nesses casos, o magistrado estenderá
a responsabilidade patrimonial aos sócios, que responderão pelos débitos da
empresa com seu patrimônio pessoal. Tratando-se de relação de consumo, o art. 28
do CDC, prevê a possibilidade da desconsideração da pessoa jurídica:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade


quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou
contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa
jurídica provocados por má administração.
§ 1° (Vetado).
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades
controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas
obrigações decorrentes deste código.
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.
O incidente de desconsideração de personalidade jurídica só poderá ser
decretado caso tenha sido promovido na forma dos art. 133 a 137 do CPC (por
intermédio de incidente próprio) (GONÇALVES, 2016, p.746).
Os bens do cônjuge ou companheiro respondem pela obrigação quando a
dívida contraída tiver revertido em proveito do casal ou da família, contudo, tal
presunção não é absoluta e poderá ser afastada por intermédio da interposição de
embargos de terceiro, quando restar comprovado que o cônjuge não auferiu
vantagens da dívida contraída.
São sujeitos à execução os bens alienados ou gravados com ônus real em
fraude à execução, já que as alienações com objetivo de fraudar à execução são
ineficazes diante do credor. Neste caso, o bem transferido ao terceiro continua
sujeito à execução, mesmo que de posse do adquirente ou cessionário. Caso o valor
do bem seja superior ao valor do débito, o excedente será restituído ao possuidor do
bem, e, sendo o bem de valor inferior, a execução prossegue contra os bens do
devedor, já que a responsabilidade do adquirente limita-se ao bem adquirido.
(Gonçalves, 2016, p. 146).
Os bens cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em
razão de reconhecimento em ação autônoma, de fraude contra credores, também
são passiveis de serem executados.
Por fim, são passiveis de execução os bens do responsável nos casos de
desconsideração da personalidade jurídica.

28 LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

Em regra, para que seja possível a execução de um título é necessária sua


liquidez, ou seja, deve ser possível identificar o objeto devido. Os títulos
extrajudiciais serão sempre líquidos, não sendo possível a liquidação de um título
executivo extrajudicial.
A liquidação de sentença se destina nos casos de sentença ilíquida, quando
impossível ao Judiciário determinar o quantum da indenização ou individualizar seu
objeto. Nesses casos, antes de iniciar a fase de cumprimento de sentença é
necessária uma etapa intermediária, a fim de liquidar o objeto.
Como já mencionado, a liquidação de sentença (arts. 509 a 512 CPC) é uma
fase posterior a fase de conhecimento, motivo pelo qual dispensa a citação do
devedor, que deverá ser intimado (através de seu advogado) para acompanha-la.
Ocorrerá a citação do executado, quando for o caso de liquidação de
sentença estrangeira, arbitral ou penal condenatória, por não se tratar de uma
continuação de processo de conhecimento.
O recurso adequado contra as decisões interlocutórias proferidas na fase de
liquidação de sentença é o agravo de instrumento, conforme previsão do art. 1.015
do CPC. (Gonçalves, 2016, p. 753-755).
Atualmente, o art. 509 do CPC prevê duas formas de liquidação de sentença:
por arbitramento e pelo procedimento comum.
Tanto o credor quanto o devedor detêm legitimidade para requerer a
instauração da liquidação de sentença, exceto na liquidação de sentença
condenatória das ações civis públicas, hipótese em que somente os credores terão
legitimidade, haja vista a impossibilidade do devedor de determinar os legitimados
ativos atingidos pela ação civil pública (GONÇALVES, 2016, p. 754).

28.1 Liquidação provisória

Poderá ser instaurada a liquidação provisória de sentença ilíquida nas


mesmas hipóteses em que se admitir a execução provisória, ou seja, quando há
interposição de recurso e este não é recebido com efeito suspensivo. Caso haja
provimento do recurso interposto com a modificação da sentença, a liquidação e
execução perderão seus efeitos, devendo as partes retornar ao status a quo.
O CPC (art. 512) ainda prevê a possibilidade de liquidação de sentença
mesmo quando o recurso tenha sido recebido com efeito suspensivo. Apesar de não
ser possível sua execução, a parte poderá, por sua conta e risco, promover a
liquidação a fim de ganhar tempo caso a sentença se confirme, momento em que
estará apta para executá-la. Como a liquidação, neste caso, ocorre por conta e risco
do requerente, em caso de não confirmação da sentença (reforma do julgamento) o
valor desembolsado para custear a liquidação será perdido. (GONÇALVES, 2016,
p.755).
Art. 512: A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso,
processando-se em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao
liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.

28.2 Liquidação de sentença parcialmente ilíquida

Quando a sentença proferida for apenas parcialmente ilíquida, o credor tem


a possibilidade de promover a execução da parte liquida e a liquidação da parte
ilíquida de forma concomitante (GONÇALVES, 2016, p.756).

28.3 Liquidação por arbitramento

A liquidação por arbitramento, prevista no art. 509, I do CPC é utilizada


quando necessária para verificação da extensão ou valor da obrigação do título
ilíquido. O art. 510 do CPC dispõe que na liquidação por arbitramento, o juiz intimará
as partes para apresentação de pareceres ou documentos no prazo que fixar, e se
ainda assim não tiver elementos suficientes para decidir de plano, nomeará perito,
observado o procedimento pericial. Na liquidação por arbitramento, não se fala em
demonstração de fatos novos, pois limita-se a apuração do quantum.
O art. 509,I, do CPC define as hipóteses em que a liquidação por arbitramento
poderá ser utilizada: a) quando determinado pela sentença; b) convencionado pelas
partes; c) exigido pela natureza do objeto da liquidação.
Poderá haver a conversão da liquidação por arbitramento em liquidação pelo
procedimento comum se ficar configurada a necessidade de produção de provas de
fatos novos (GONÇALVES, 2016, p.757).

28.5 Liquidação por procedimento comum

A liquidação por procedimento comum está prevista no art. 509, II e ocorre


quando há necessidade de alegar e provar fato novo. Tal característica é o que lhe
difere da liquidação por arbitramento. Entende-se por fato novo a matéria que não foi
apreciada pelo magistrado quando proferiu a sentença e que tenha relação ao
quantum.
Na liquidação por procedimento comum, o autor deverá apresentar os fatos
novos, o réu será intimado para apresentar defesa e serão admitidos todos os meios
de prova, podendo o juiz, inclusive, designar audiência de instrução e julgamento.
O julgamento da liquidação por procedimento comum ocorrerá por decisão
interlocutória e o recurso adequado para atacá-la é o agravo de instrumento (art.
1.015, p. único) (GONÇALVES, 2016, p.757).
Por fim, cabe destacar que existe a possibilidade de ser realizada mais de
uma liquidação por procedimento comum, tendo em vista os casos em que os danos
se prolongam no tempo. Por exemplo: Em um acidente de trânsito em que após a
liquidação da sentença, a vítima precisou realizar novo procedimento cirúrgico em
virtude das sequelas, para apurar este valor poderá ser instaurada nova liquidação
por procedimento comum.

28.7 Liquidação de sentença genérica em ação civil pública

Tendo em vista que quando ajuizada a ação civil pública é desconhecida a


identidade e quantidade das vítimas e a extensão dos danos, o juiz proferirá
sentença genérica, condenando ao pagamento de indenização àqueles que
demonstrem-se vítimas do dano discutido na ação civil pública.
A liquidação da ação civil pública será sempre individual e consistirá em
processo autônomo, limitando-se a apurar o quantum devido à vítima, que deverá
demonstrar a extensão dos danos e o nexo causal.
Destaca-se que ao contrário da liquidação por arbitramento e da liquidação
por procedimento comum, a liquidação nos casos de ação civil pública poderá ser
julgada improcedente caso fique evidenciado que o liquidante não sofreu nenhum
dano proveniente do fato ou ato julgado na ação civil pública. Após proferida a
sentença, se procedente, a parte obterá um título executivo. (GONÇALVES, 2016, p.
759).

28.8 Liquidação na fase de execução

Normalmente a liquidação de sentença ocorre após a fase de conhecimento e


antes da execução, contudo, durante a execução a sentença poderá perder sua
liquidez, necessitando a instauração da liquidação. É o que ocorre quando a
execução recaí sobre uma obrigação específica que não pode mais ser executada,
devendo ser convertida em perdas e danos e necessitando para tanto a liquidação
do quantum pecuniário (GONÇALVES, 2016, p. 759).

29 MEIOS DE EXECUÇÃO

29.1 Execução de título extrajudicial: regras gerais

Os títulos executivos extrajudiciais estão previstos no art. 784, do CPC. Todos


os meios de execução de título executivo extrajudicial deverão ser iniciados através
de petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC
(requisitos gerais da petição inicial), cumulados com o art. 798 do CPC (requisitos
gerais da execução), além dos requisitos específicos de cada meio de execução,
que serão estudados a seguir.
A petição inicial deverá indicar os fatos e fundamentos da execução, que
deverá se basear em um título executivo que reflete uma obrigação certa, liquida e
exigível (sob pena de nulidade, art. 803, I, CPC) e no inadimplemento do devedor.
Tratando-se de uma obrigação em pecúnia, deve acompanhar a inicial memória de
cálculo, conforme art. 798, I, “b” + 798, II, parágrafo único.
Atualmente, o exequente poderá requerer na petição inicial a inclusão do
executado no cadastro de inadimplentes, conforme previsão do art. 782, §3º, do
CPC.

A inicial deve conter ainda a indicação do valor da causa, informação sobre


o pagamento das custas processuais ou requerimento de assistência judiciária
gratuita (juntando aos autos declaração de hipossuficiência e comprovante de
renda), data e assinatura do advogado com indicação do número da OAB. (Não
esquecer de mencionar os documentos indispensáveis para propositura da ação,
como por exemplo a procuração, o título executivo, comprovante de pagamento de
custas iniciais ou declaração de hipossuficiência, caso seja conveniente).
Importante destacar que o exequente deverá promover a execução sempre
pelo meio menos gravoso ao executado, por força do art. 805 do CPC.

Ausente algum dos requisitos ou documentos indispensáveis, o juiz


determinará a intimação do exequente para que no prazo de quinze dias providencie
a emenda da petição inicial, sob pena de indeferimento. Caso a inicial esteja de
acordo com os requisitos legais, o juiz determinará a citação do executado.
No processo de execução são admitidas todas as formas de citação previstas
no CPC (art. 246), inclusive citação por edital e por hora certa, observado o teor da
súmula 196 do STJ: “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa,
permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para
apresentação de embargos”. A citação válida produz os mesmos efeitos que no
processo de conhecimento, previstos no art. 240 do CPC (induz litispendência,
interrupção da prescrição, constituição do devedor em mora). (Gonçalves, 2016,
p.767). Não ocorrendo a citação válida do executado, a execução será nula (art.
803, II, CPC).
A competência para julgar a execução está prevista no art. 781 do CPC,
podendo o juiz requisitar o uso da força policial, caso seja necessário, conforme
previsão do artigo 782, §2º, do CPC.
No processo de execução, o juiz poderá, de oficio ou a requerimento,
determinar as medidas necessárias ao cumprimento da ordem de entrega de
documentos e dados (art. 773 do CPC).
O executado cometerá ato atentatório à dignidade da justiça quando através
de conduta comissiva ou omissiva: a) fraudar a execução; b) se opor maliciosamente
à execução, empregando ardis e meios artificiosos; c) dificultar ou embaraçar a
realização da penhora; d) resistir injustificadamente às ordens judiciais; e) intimado,
não indicar ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os
respectivos valores, nem exiba prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão
negativa de ônus (art. 774 do CPC).

Para o exequente, a execução será disponível, ou seja, poderá desistir de


toda execução ou de parte dela, devendo-se observar quanto aos embargos as
regras do parágrafo único do art. 775: serão extintos se versarem exclusivamente
sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e os
honorários advocatícios; nos demais casos, a extinção dependerá da concordância
do embargante.
A execução será nula caso seja iniciada antes de instaurado a condição ou
de ocorrer o termo que dependi a, conforme art. 803, III, do CPC.

29.2 Execução por quantia certa

A execução por quantia certa tem o objetivo de compelir o devedor a pagar


determinada quantia em dinheiro. Na petição inicial, o exequente deverá juntar a
memória de cálculo do débito atualizado, por força do art. 798, I, “b” e parágrafo
único e terá a opção de indicar os bens que deseja penhorar, conforme art. 798, II,
“c” do CPC.
Caso a petição inicial não contenha os requisitos, o juiz concederá o prazo de
quinze dias para que o exequente providencie o saneamento. Ao receber a petição
inicial o juiz determinará a citação do devedor para pagar o débito em três dias, sob
pena de penhora, fixando desde já os honorários advocatícios.
No caso de execução por quantia certa, a citação implica no prazo de três
dias para pagar (a partir da efetiva citação do devedor) e o prazo de quinze dias para
oferecer embargos (contados da juntada do mandado aos autos),
independentemente de realizada ou não a penhora.

A súmula 196 do STJ dispõe: “ao executado que, citado por edital ou por hora
certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para
apresentação de embargos”.
Não ocorrendo o pagamento em três dias o oficial de justiça fará a penhora
dos bens indicados pelo credor na petição inicial e caso não haja indicação, fará a
penhora sobre os bens que localizar em diligência, observado o rol de bens
impenhoráveis previsto no art. 833 do CPC e da Lei n. 8.009/90.
O art. 830 do CPC dispõe que: “Se o oficial de justiça não encontrar o
executado, arrastar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução”.
Trata-se da hipótese de arresto, que ocorre antes de realizada a citação do devedor
a fim de evitar o desaparecimento dos bens. Com a citação do devedor, o arresto
converte-se em penhora.
Destaca-se que a penhora nada mais é do que a individualização dos bens
que serão afetados pelo pagamento da obrigação. Conforme já mencionado, é
facultado ao credor indicar na petição inicial os bens do devedor em que deseja que
recaía a penhora, observada a ordem do art. 835, do CPC:

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:


I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com
cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de
alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.

Não havendo indicação dos bens a serem penhorados na petição inicial e não
localizando o oficial de justiça bens em diligência, o juiz poderá (a pedido ou de
oficio) determinar a intimação do devedor para que indique bens passiveis de
penhora. O devedor cometerá ato atentatório à dignidade da justiça caso tenha bens
para indicar a penhora, mas não os indique.

O art. 845 § 1º do CPC prevê o procedimento da penhora quando recair sobre


bens imóveis ou veículos automotores.

Art. 845. Efetuar-se-á a penhora onde se encontrem os bens, ainda que sob
a posse, a detenção ou a guarda de terceiros.
§ 1o A penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem,
quando apresentada certidão da respectiva matrícula, e a penhora de
veículos automotores, quando apresentada certidão que ateste a sua
existência, serão realizadas por termo nos autos.

A penhora sobre veículos automotores ou imóveis poderá ocorrer através da


juntada nos autos da matrícula do imóvel ou da certidão do veículo comprovando
sua existência e propriedade – para atribuir efeito erga omnes à penhora é
necessária a averbação junto ao registro competente no caso dos bens registráveis.

Existe a possibilidade de penhora recair sobre créditos representados por


títulos como o cheque e nota promissória, por exemplo, e também de penhora no
rosto dos autos. Sobre a penhora no rosto dos autos, regulada pelo art. 860 do CPC,
Gonçalves explica:

A penhora no rosto dos autos é a que recai sobre eventual direito do


executado, discutido em processo judicial. Enquanto não julgado o crédito, o
devedor tem uma expectativa de direito, que só vai se transformar em direito
efetivo se a sua pretensão for acolhida. É possível efetuar a penhora dessa
expectativa, no processo em que o executado demanda contra terceiros.
Caso ele se saia vitorioso, a penhora terá por objeto os bens ou créditos
que lhe forem reconhecidos ou adjudicados; caso seja derrotado, ficará sem
efeito.
O nome vem de ela ser realizada nos autos do processo em que o
executado discute o seu direito. (GONÇALVES, 2016, p.775)

O art. 839, do CPC, dispõe que considerar-se-á feita a penhora mediante a


apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem
concluídas no mesmo dia.
O art. 854, do CPC, regula a penhora on-line, que ocorre quando o juiz
determina o bloqueio de valores diretamente da conta do devedor, através da
emissão de comandos às unidades supervisoras das instituições financeiras.

Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em


aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência
prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por
meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema
financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em
nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na
execução.
§ 1o No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o
juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o
que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo.
§ 2o Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será
intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente.
§ 3o Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que:
I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;
II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros.
§ 4o Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3o, o juiz
determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou
excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro)
horas.
§ 5o Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-
se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de
termo, devendo o juiz da execução determinar à instituição financeira
depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante
indisponível para conta vinculada ao juízo da execução.
§ 6o Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará,
imediatamente, por sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do
sistema financeiro nacional, a notificação da instituição financeira para que,
em até 24 (vinte e quatro) horas, cancele a indisponibilidade.
§ 7o As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento
e de determinação de penhora previstas neste artigo far-se-ão por meio de
sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro
nacional.
§ 8o A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao
executado em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em
valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese
de não cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, quando assim determinar o juiz.
§ 9o Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a
requerimento do exequente, determinará às instituições financeiras, por
meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema
bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do
órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado
causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a
responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei.

Recaindo a penhora on-line sobre valores impenhoráveis, caberá ao


executado informar ao juízo, no prazo de cinco dias (§3º), incumbindo ao magistrado
determinar a instituição financeira a proceder o desbloqueio dos valores no prazo de
24 horas (§4º).
O procedimento para modificação do bem penhorado está regulado nos arts.
847 a 853, do CPC. O art. 847, do CPC, dispõe que o executado poderá, no prazo
de dez dias contado da intimação da penhora, requerer a substituição do bem
penhorado, desde que comprove que lhe seja menos oneroso e não traga prejuízos
ao exequente. O art. 848, do CPC, prevê as hipóteses em que as partes poderão
requerer a substituição da penhora:

Art. 848. As partes poderão requerer a substituição da penhora se:


I - ela não obedecer à ordem legal;
II - ela não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial
para o pagamento;
III - havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido penhorados;
IV - havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens já penhorados ou
objeto de gravame;
V - ela incidir sobre bens de baixa liquidez;
VI - fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou
VII - o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das
indicações previstas em lei.
Parágrafo único. A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou por
seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da
inicial, acrescido de trinta por cento.

A segunda penhora somente será autorizada nas hipóteses previstas no art.


851 do CPC: a) quando a primeira for anulada; b) executados os bens, o produto da
alienação não bastar para o pagamento do exequente; c) o exequente desistir da
primeira penhora, por serem litigiosos os bens ou por estarem submetidos a
constrição judicial.
Conforme disposto no art. 874 do CPC, poderá ocorrer a ampliação ou
redução da penhora mediante requerimento da parte interessada, sempre que
verificada a desproporção entre o valor do bem penhorado e o valor da dívida. O art.
850, do CPC, prevê ainda: “Será admitida a redução ou a ampliação da penhora,
bem como sua transferência para outros bens, se, no curso do processo, o valor de
mercado dos bens penhorados sofrer alteração significativa”.
O art. 908, do CPC dispõe que havendo pluralidade de credores ou
exequentes, o dinheiro lhes será distribuído e entregue consoante a ordem das
respectivas preferencias.
A penhora considera-se perfectibilizada quando os bens são confiados ao
depositário, que deverá assinar o auto de penhora. A ordem de preferência dos
depositários está contida no art. 840, do CPC.

O oficial de justiça, ao proceder a penhora, deverá avaliar o bem e faltando-


lhe conhecimentos para tanto, deverá informar o juiz para que confie a avaliação a
um perito avaliador. A avaliação será dispensada nas hipóteses previstas no art.
871 do CPC.
Será admitida nova avaliação quando for verificada a ocorrência de erro ou
dolo do avaliador; quando após a avaliação for verificado que houve majoração ou
diminuição do valor do bem ou, ainda, se o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor
atribuído ao bem na primeira avaliação.
Se a penhora for realizada na ausência do executado, este deverá ser
intimado (através de seu advogado ou pessoalmente quando não estiver
representado nos autos) da penhora, a fim de apontar eventuais irregularidades ou
nulidades.
O art. 842, do CPC, determina a intimação do cônjuge do executado quando a
penhora recair sobre bem imóvel ou direito real sobre bem imóvel, exceto se forem
casados no regime de separação absoluta de bens. Importante ressaltar que a
intimação será necessária inclusive se o bem penhorado pertencer a apenas um dos
cônjuges.
O cônjuge poderá defender sua meação através de interposição de
embargos de terceiro ou através de embargos de devedor, quando quiser discutir o
débito e defender o patrimônio do devedor.
O exequente deverá promover a intimação do credor com garantia real,
conforme previsão do art. 799, I, do CPC, sob pena de ineficácia da alienação do
bem, consoante art. 804, do CPC.
Após a penhora dos bens e não havendo adimplemento da obrigação, segue-
se para a fase de expropriação dos bens.
A expropriação dos bens é o meio pelo qual o credor alcançará a satisfação
de seu crédito na execução por quantia certa e consiste na adjudicação, alienação e
apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou estabelecimento e de outros
bens.
Deve-se respeitar a seguinte ordem de preferência entre os meios de
expropriação: adjudicação dos bens, alienação (particular ou através de leilão
judicial) (GONÇALVES, 2016, p. 783).

A adjudicação ocorre quando o bem móvel ou imóvel penhorado é transferido


para o credor a fim de satisfazer seu crédito e nunca poderá ocorrer por valor inferior
ao da avaliação. Destaca-se que a qualquer tempo, após a avaliação do bem,
enquanto não for realizada a alienação particular ou o leilão judicial, os legitimados
poderão requerer a adjudicação.
São legitimados para adjudicação, além do exequente, os indicados no art.
889, incisos II a VIII, assim como os credores que hajam penhorado o mesmo bem,
cônjuge, companheiro, ascendente e descendente do executado. (GONÇALVES,
2016, p.783).
Havendo mais de um legitimado interessado na adjudicação do bem será
efetuado licitação entre eles, sendo deferida a preferência pela adjudicação àquele
que oferecer maior valor pelo bem, podendo a adjudicação ocorrer por valor superior
a avaliação, mas nunca inferior. No caso de empate na licitação, a preferência será
do cônjuge, companheiro, descendente e ascendentes do devedor.
No caso da adjudicação, quando o débito for inferior ao bem adjudicado, o
exequente deverá depositar a diferença do valor entre o débito e a avaliação. Sendo
o bem adjudicado pelos demais interessados, estes deverão depositar integralmente
o valor do preço em juízo.

Se a adjudicação for deferida aos demais legitimados, cumprir-lhes-á


depositar integralmente o preço em juízo. Salvo se o for em favor de algum
credor que tenha preferência, na forma do art. 908 do CPC, caso em que o
preço servirá para abater o débito desse credor, e não daquele que
promoveu a execução, onde a hasta for realizada. (GONÇALVES, 2016, p.
783).

Não havendo interessados na adjudicação do bem, o exequente poderá


requerer a alienação do bem, que far-se-á por iniciativa particular ou em leilão
judicial eletrônico ou presencial (art. 879, CPC).

Art. 879. A alienação far-se-á:


I - por iniciativa particular;
II - em leilão judicial eletrônico ou presencial.
Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer a
alienação por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro
público credenciado perante o órgão judiciário.

Na alienação por iniciativa particular, o juiz fixará as regras para a venda do


bem penhorado, além de fixar a forma de publicidade, preço mínimo, comissão de
corretagem (se for o caso), condições de pagamento e as garantias que devem ser
prestadas pelo adquirente, em caso de pagamento parcelado (art. 880, §1º). O preço
da venda no caso da alienação por iniciativa particular não poderá ser inferior ao
preço da avaliação, contudo, a questão é controvertida:

Embora a lei não o diga expressamente, o preço mínimo não poderá ser
inferior ao valor da avaliação, mas a questão é controvertida, havendo
aqueles que sustentam que, à míngua de exigência expressa, a venda
poderá ser feita por qualquer preço, desde que não seja vil, devendo o juiz
fixá-lo de antemão. Parece-nos temerária essa solução, diante de eventual
urgência do exequente em receber o que lhe é devido e da dificuldade do
juízo em estabelecer regras a respeito de preço mínimo (GONÇALVES,
2016, p. 784).

A alienação particular será formalizada através de termo nos autos, com a


assinatura do juiz, do exequente, do adquirente e do executado, se estiver presente.
O adquirente depositará o preço do bem em juízo e formalizada a transação
será expedida a carta de alienação do imóvel para o registro no Cartório de
Registros de Imóveis e o mandado de imissão na posse (no caso de bem imóvel).
No caso dos bens móveis, o juiz ordenará a entrega da coisa ao adquirente (art.
880, §2º, CPC).
Não havendo interessados na adjudicação do bem, nem interesse na
alienação particular, a expropriação do bem ocorrerá através de leilão judicial,
processo regulado pelos arts. 881 a 903 do CPC.

Art. 881. A alienação far-se-á em leilão judicial se não efetivada a


adjudicação ou a alienação por iniciativa particular.
§ 1o O leilão do bem penhorado será realizado por leiloeiro público.
§ 2o Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de
valores, todos os demais bens serão alienados em leilão público.

Com a reforma do CPC, o leilão judicial abrange tanto a expropriação de bens


imóveis como os móveis, diferentemente do que ocorria no CPC de 1973, onde
havia dois tipos de hasta pública: a praça (expropriação de bens imóveis) e o leilão
(expropriação de bens móveis).
A alienação judicial por meio eletrônico, vem regulada no art. 882, §1º e ss, do
CPC, que dispõe sobre a necessidade de observância das garantias processuais
das partes, de acordo com a regulamentação específica do CNJ. Gonçalves destaca
que se tratando de meio eletrônico faz-se necessário observar os princípios de
ampla publicidade, autenticidade e segurança e a legislação referente à certificação
judicial (GONALÇVES, 2016, p.784).
O leilão judicial presencial ocorrerá em local determinado pelo juiz, que
designará o leiloeiro (que por sua vez poderá ser indicado pelo exequente), duas
datas para a sua realização e as condições de pagamento com as devidas garantias.
Será necessário a publicação do edital do leilão com antecedência de, no mínimo,
cinco dias da data de sua primeira realização, devendo constar no edital todos os
requisitos previstos no art. 886 e 887, do CPC, sob pena de nulidade da
arrematação.
Além da publicação do edital, também é necessária a intimação das pessoas
arroladas no art. 889, do CPC, com antecedência mínima de cinco dias da data do
leilão judicial.
Na primeira realização do leilão, o preço mínimo de arrematação do bem será
o valor de avaliação. Não havendo interessados na aquisição do bem no primeiro
leilão judicial, no segundo, o bem poderá ser alienado por valor abaixo do previsto
na avaliação, desde que não seja por preço vil (preço inferior ao mínimo estipulado
pelo juiz e ao constante no edital e não constando no edital, considera-se vil o preço
inferior a 50% do valor de sua avaliação), conforme art. 891, do CPC.
Quando o bem penhorado pertencer a incapaz e não alcançar em leilão pelo
menos 80% do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e à administração de
depositário idôneo, adiando a alienação pelo prazo de um ano, conforme art. 896, do
CPC.
Conforme art. 892, do CPC, excetuado pronunciamento judicial em sentido
diverso, o pagamento será realizado de imediato pelo arrematante, por depósito
judicial ou por meio eletrônico, salvo quando o exequente for o próprio arrematante,
hipótese em que não estará obrigado a exibir o preço, exceto se superior ao valor de
seu crédito, devendo, neste caso, depositar a diferença em juízo, no prazo de três
dias, sob pena de tornar sem efeito a arrematação e, realizar-se novo leilão à sua
custa. (art. 892 §1º, CPC).
A legislação prevê a possibilidade da aquisição do bem penhorado através de
pagamento parcelado, devendo seguir o rito do art. 895, do CPC, mas, a proposta de
pagamento à vista sempre prevalecerá sobre a proposta de pagamento parcelado.
Efetivada a arrematação será lavrado auto devidamente assinado pelo
leiloeiro, arrematante e juiz, passando a fluir o prazo de dez dias para que se postule
a invalidade, ineficácia ou resolução da arrematação nos casos previstos no art.903,
§1º, do CPC. Não havendo impugnação no prazo de dez dias, a carta de
arrematação será expedida e conforme o caso, a ordem de entrega ou mandado de
imissão na posse.
Após a expedição da carta de arrematação, a invalidação somente poderá ser
postulada em ação própria, na qual o arrematante figurará como litisconsorte
necessário (GONÇALVES, 2016, p.787).
Por fim, as situações que permitem a desistência da arrematação pelo
arrematante estão previstas no art. 903, §5º, do CPC.
A apropriação de frutos e rendimentos de bens móveis ou imóveis também é
meio expropriatório de bens e vem regulado nos arts. 867 a 869, do CPC. Neste
caso, após o deferimento da penhora, o juiz nomeará administrador/depositário, que
será investido de todos os poderes que concernem à administração do bem e a
fruição de seus frutos e utilidades, perdendo o executado o direito de gozo do bem
até que o exequente seja pago do principal, custas, honorários e juros.
29.2.2 Processo de execução para entrega de coisa certa

O processo de execução para entrega de coisa certa fundada em título


executivo extrajudicial está prevista nos arts. 806 e ss do CPC. Gonçalves conceitua
a coisa certa: “A "coisa certa" a que alude a lei é a individualizada, determinada, no
momento da propositura da execução; distingue-se da "coisa incerta", que não está
determinada, mas é determinável pelo gênero e pela quantidade” (GONÇALVES,
2016, p.768).
Todas as regras gerais da execução previstas nos arts. 771 a 805 do
CPC são aplicáveis à execução para entrega de coisa certa. Verificar arts. 233
a 242 do CC que podem ser usados para fundamentar a ação.
Após receber a petição inicial, o juiz ordenará a citação do executado para
que no prazo de quinze dias (contagem conforme art. 231 CPC) efetue a entrega da
coisa, fixando os honorários advocatícios devidos caso o devedor efetive o
cumprimento da obrigação. Do mandado de citação constará ordem para imissão na
posse ou busca e apreensão, para o caso de inadimplemento da obrigação.
Destaca-se que poderá haver requerimento de fixação de multa astreinte, conforme
previsão do art. 806, §1º, CPC.
Com a citação, o executado poderá: a) entregar a coisa e satisfazer a
execução, conforme previsão do art. 807 do CPC: “Se o executado entregar a coisa,
será lavrado o termo respectivo e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-
se a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se
houver”; b) não entregar a coisa, hipótese em que a ordem de imissão na posse
(imóvel) ou de busca e apreensão (móvel) será cumprida. Se impossível a entrega
da coisa certa poderá haver conversão em perdas e danos (art. 809), e se alienada
a coisa, o mandado será dirigido contra o terceiro (art. 808), passando a fluir o prazo
para oposição de embargos. (GONÇALVES, 2016, p.768).
Nos embargos de execução para entrega de coisa certa, o embargante
poderá alegar qualquer matéria de defesa, como por exemplo realização de
benfeitorias úteis e necessárias no bem (que lhe confere o direito de retenção,
conforme art. 917, IV).
29.3 Processo de execução para entrega de coisa incerta

O art. 243 do Código Civil define o conceito de coisa incerta: “A coisa incerta
será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”.
A execução para entrega de coisa incerta tem previsão nos arts. 811 a 813 do
CPC, aplicando-se também as regras gerais da execução (arts. 771 a 805) e no que
couber, as regras da execução para entrega de coisa certa.
O executado será citado para entregar a coisa individualizada, se couber a ele
a escolha, nos termos do art. 811 do CPC. Cabendo individualização da coisa ao
exequente, este deverá indica-la na petição inicial.

Art. 811. Quando a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela
quantidade, o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe couber
a escolha.
Parágrafo único. Se a escolha couber ao exequente, esse deverá indicá-la na
petição inicial.
Art. 812. Qualquer das partes poderá, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar a
escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo
perito de sua nomeação.
Art. 813. Aplicar-se-ão à execução para entrega de coisa incerta, no que couber,
as disposições da Seção I deste Capítulo.

29.4 Processo de execução de obrigação de fazer e não fazer

As obrigações de fazer e não fazer vêm reguladas nos arts. 814 ao 823 do
CPC e também podem ser fundadas nos arts. 247 a 251 do CC. São aquelas em
que o devedor se compromete na realização de determinada prestação.
As obrigações de fazer fungíveis são aquelas que podem ser prestadas por
pessoas diversas do devedor (não são personalíssimas) correndo os custos à
expensas do executado, conforme previsão dos arts. 816 e 817 do CPC.
As obrigações de fazer infungíveis são aquelas que em razão das qualidades
pessoais do devedor somente podem ser prestadas por ele (são personalíssimas).
Sendo infungível a obrigação, não poderá ser prestada por terceiros e em caso de
impossibilidade de inadimplemento deverá ser convertida em perdas e danos.
(GONÇALVES, 2016, p.769).
As obrigações de não fazer são aquelas em que o título executivo impõe ao
devedor uma conduta negativa. Neste caso, o juiz determinará a citação do devedor
para que se abstenha de fazer determinada conduta, sob pena de multa.
Se o exequente requerer e for cabível, o juiz deferirá o desfazimento da coisa
por terceiro (a expensas do devedor). Não sendo possível o adimplemento da
obrigação de não fazer, poderá ser convertida em perdas e danos.

29.5 Execução contra fazenda pública

A execução contra fazenda pública fundada em título extrajudicial está


regulada no art. 910, do CPC, que determina sua citação para opor embargos à
execução em trinta dias.
Não havendo interposição de embargos ou rejeitados em decisão transitada
em julgado, será expedido precatório ou requisição de pequeno valor em favor do
exequente, observado o disposto no art. 100 da C.F. Destaca-se que não cabe
expropriação de bens contra a Fazenda Pública.
Nos embargos apresentados pela Fazenda Pública poderá ser alegado
qualquer matéria que lhe seja licito deduzir.

29.6 Execução de alimentos

A execução por quantia certa contra o devedor de alimentos fundada em


título executivo extrajudicial vem regulado a partir do art. 911 do CPC, mas se será
devidamente tratada nas aulas de Direito de Família.

30 FRAUDE A EXECUÇÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES

Inicialmente cumpre fazer a distinção entre as duas modalidades de fraudes.


Ambas visam o desfazimento do patrimônio pelo devedor, o que as diferencia é o
momento em que ocorre a alienação dos bens. A fraude contra credores ofende o
direito dos credores e o desfazimento dos bens ocorre antes de iniciado o processo
judicial, que não necessita ser necessariamente o processo de execução. Por sua
vez, a fraude contra execução atenta contra o credor e contra o Poder Judiciário, já
que a alienação dos bens ocorre somente após a intimação da ação de execução.
As hipóteses de fraude à execução estão previstas no art. 792 do CPC, que
dispõe:
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à
execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com
pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido
averbada no respectivo registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do
processo de execução, na forma do art. 828;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou
outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a
fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o
devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro
adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a
aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no
domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à
execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se
pretende desconsiderar.
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro
adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de
15 (quinze) dias.

A fraude contra credores tem previsão no Código Civil, art. 158:

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de


dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores
quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a
anulação deles.

Outra distinção importante entre a fraude contra execução e a fraude contra


credores é a forma de seu reconhecimento. A fraude contra execução pode ser
reconhecida nos próprios autos, ao passo que a fraude contra credores só pode ser
declaração em ação própria, denominada ação pauliana. A súmula 195 do STJ
dispõe: “Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra
credores”.
O art. 828 do CPC foi editado diante da possibilidade do devedor se desfazer
de seus bens no período entre o protocolo da inicial e a citação do devedor.

Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida
pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de
averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a
penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1o No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá
comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da
dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o
cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.
§ 3o O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a
requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
§ 4o Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens
efetuada após a averbação.
§ 5o O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não
cancelar as averbações nos termos do § 2o indenizará a parte contrária,
processando-se o incidente em autos apartados.

Conforme Gonçalves, o art. 828 permite que o exequente obtenha certidão


comprobatória da admissão da execução a fim de averbar no registro de
imóveis, de veículos ou de outros bens passiveis de penhora. Após a
averbação, é considerado frade à execução à alienação do bem gravado.
(GONÇALVES, 2015, p. 748). O §1º do art. 828 determina a necessidade de
comunicação ao juízo, no prazo de dez dias, da averbação. O §2º prevê o prazo de
dez dias para que haja levantamento das averbações excedentes, após a penhora
dos bens suficientes para garantir a execução.
Por fim, o art. 828 § 5º observou que aquele que promover a averbação
manifestamente indevida ou não cancelar as averbações no prazo previsto no §2º
(dez dias), indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos
apartados.
Ainda, no que tange a fraude contra execução, fica caracterizada a má-fé do
terceiro adquirente somente após o registro da penhora, que, no entanto, poderá
retroagir à data em que foi averbada a certidão prevista no art. 828, conforme
previsão da súmula 375 do STJ: “O reconhecimento da fraude à execução depende
do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro
adquirente”. (Gonçalves, 2015, p. 748).
O art. 792 §4º do CPC determina a intimação do terceiro adquirente antes da
declaração de fraude à execução, para, querendo, opor embargos de terceiro, no
prazo de quinze dias. Em sua defesa o terceiro deverá demonstrar que a aquisição
do bem não foi fraudulenta.
A consequência da declaração de fraude à execução ou fraude contra
credores é a ineficácia do negócio perante o credor. Gonçalves afirma que não se
trata de hipótese de nulidade ou anulação de ato de alienação, caso em que o bem
retornaria ao patrimônio do devedor, mas tão somente ineficácia do negócio perante
o credor, que poderá atingir o patrimônio do terceiro adquirente até o limite do valor
do bem adquirido. (GONÇALVES, 2015, p. 751).
No caso da fraude contra credores, o art. 178, II do CC prevê o prazo
decadencial de 4 anos para anulação do negocio jurídico.

31 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Para que seja iniciado o cumprimento de sentença é necessário a presença


de três requisitos: a) o título executivo judicial; b) inadimplemento do devedor; c)
iniciativa do exequente (513, §1º, do CPC).
No requerimento para cumprimento de sentença que ocorrer após um ano do
trânsito em julgado, a intimação deverá ser feita na pessoa do devedor através de
carta com aviso de recebimento, encaminhada no endereço constante nos autos,
observado o art. 274, parágrafo único e o art. 513, §3, §4 do CPC.
Nos casos em que a relação jurídica esteja sujeita a condição ou termo, o
cumprimento da sentença ficará condicionado à demonstração de que se realizou a
condição ou de que ocorreu o termo (art. 514 do CPC).

A competência para o julgamento do cumprimento de sentença está prevista


no art. 516 do CPC, contudo, deve-se observar que nas execuções de alimentos
decorrentes das relações de família, o credor poderá optar pelo foro de seu
domicilio, conforme art. 528, §9º, do CPC.

31.1 Cumprimento de sentença: obrigação de fazer, não fazer e entrega de


coisa certa

O cumprimento de sentença é a execução de um título executivo judicial


referente à condenação em uma obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa
certa.
No caso das obrigações de fazer e não fazer, o art. 497, do CPC, determina
que ao proferir a sentença de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz deverá fixar
tutela específica a fim de assegurar a obtenção da tutela pelo resultado pratico
equivalente. A execução será efetuada por intermédio de astreintes ou tutelas
inibitórias (BARROSO, LETTIÈRE, 2016, p. 174). No caso da obrigação de entrega
de coisa certa, não cumprida a obrigação de entregar a coisa no prazo estabelecido
na sentença, o art. 538 do CPC autoriza a expedição de mandado de busca e
apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa
móvel ou imóvel.

31.2 Cumprimento de sentença de quantia certa

O art. 523 §1º dispõe que: “Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do
caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários
de advogado de dez por cento.” Em caso de pagamento parcial do débito, devemos
aplicar o §2º, que dispõe: “Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput,
a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante”.
Para que o cumprimento de sentença seja iniciado é necessária a
manifestação do credor, através de petição nos mesmos autos, requerendo a
intimação do devedor para que efetue o pagamento do débito no prazo de quinze
dias. Juntamente com o requerimento deverá ser apresentado a memória de cálculo
atualizado do débito (conforme os requisitos do art. 524) e a indicação dos bens
passiveis de penhora.
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com
demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição
conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado,
observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária
utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

31.3 Cumprimento de sentença de quantia certa contra fazenda pública

Constituído o título judicial contra a Fazenda Pública, o cumprimento de


sentença deve constar cálculo discriminado do valor do débito de acordo com os
requisitos previstos no art. 534, do CPC.
A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por
carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de trinta dias e nos
próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir as matérias elencadas nos
incisos do art. 535, do CPC.
Se a Fazenda Pública não apresentar impugnação, será expedido o
precatório ou requisição de pequeno valor. Os precatórios referentes à créditos
alimentares terão preferência sobre os demais, conforme súmula n.º 144 do STJ:
“Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os
precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa”.
A requisição de pequeno valor (RPV) contra a Fazenda Pública da União
abrange as obrigações de até 60 salários mínimos, conforme art. 17, §1º da Lei n.º
10.259/2001. No caso de execução contra Fazenda Pública Municipal e Estadual, o
valor do RPV varia de acordo com a legislação editada por cada ente federado.
Enquanto os entes federados não editem a lei regulando o valor do RPV, será
considerado como tal a obrigação até 30 salários mínimos no caso da Fazenda
Municipal e de até 40 salários mínimos no caso das Fazendas Estaduais e Federais
(GONÇALVES, 2016, p.816).
Na obrigação limitada aos valores do RPV, haverá intimação da Fazenda
Pública para, no prazo de 30 dias, opor impugnação, não opondo o juiz emitirá a
requisição de pagamento, que deverá ser cumprida pela Fazenda Pública no prazo
de dois meses, sob pena de sequestro de bens (Lei n. 10.259/2001, art. 17).

31.4 Cumprimento de sentença de prestação de alimentos

O cumprimento de sentença de prestação de alimentos está regulado a partir


dos arts. 528 do CPC e será tratado na matéria de Direito de Família.

PROTESTO DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO E


32
NEGATIVAÇÃO DO NOME DO DEVEDOR

A possibilidade de protesto da decisão judicial transitada em julgado está


prevista no art. 517 do CPC:

Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a


protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento
voluntário previsto no art. 523.
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de
teor da decisão.
§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três)
dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do executado, o
número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para
pagamento voluntário.
§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a
decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua
responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem do título
protestado.
§ 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por
determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo
de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que
comprovada a satisfação integral da obrigação.

O procedimento para efetivar o protesto é simples: o exequente deve


apresentar certidão com o teor da decisão judicial, comprovar o trânsito em julgado e
o transcurso do prazo de pagamento voluntário (art. 523 CPC).
A certidão deverá conter o nome do exequente e do executado e a
qualificação de ambos, o número do processo judicial, valor da dívida e o decurso do
prazo do pagamento voluntário. Caso o executado efetue o adimplemento da
obrigação de modo integral, poderá requerer ao juiz que, no prazo de três dias,
expeça oficio ao tabelionato, ordenando o cancelamento do protesto, ou ainda, caso
ingresse com ação rescisória da decisão, poderá requerer tal anotação à margem do
título protestado (GONÇALVES, 2016, p. 800).
Além do protesto, o CPC prevê a possibilidade da negativação do nome do
executado no cadastro dos inadimplentes até que efetive o pagamento do valor
devido, garanta o cumprimento de sentença ou até que o processo seja extinto por
outro motivo, conforme art. 782, §3º, do CPC. (BARROSO; LETTIÈRE, 2016, p.169).

Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos
executivos, e o oficial de justiça os cumprirá.
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do
nome do executado em cadastros de inadimplentes.

33 A HIPOTECA JUDICIÁRIA

A hipoteca judiciária, após seu registro, visa garantir ao credor hipotecário o


direito de preferência sobre o produto da excussão do bem gravado e tem previsão
no art. 495 do CPC (GONÇALVES, 2016, p.539).

Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação


consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de
fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como
título constitutivo de hipoteca judiciária.

Em síntese, a hipoteca judiciária é um direito real de garantia em que o bem


do devedor fica vinculado ao cumprimento de determinada obrigação em caso de
inadimplemento, a fim de assegurar o crédito do credor.
35 SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DAS EXECUÇÕES

35.1 Suspensão das execuções

A suspensão da execução vem regulada nos arts. 921 a 923 do CPC:

Art. 921. Suspende-se a execução:


I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber;
II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os
embargos à execução;
III - quando o executado não possuir bens penhoráveis;
IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de
licitantes e o exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação
nem indicar outros bens penhoráveis;
V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1
(um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição.
§ 2o Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o
executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o
arquivamento dos autos.
§ 3o Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a
qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis.
§ 4o Decorrido o prazo de que trata o § 1o sem manifestação do exequente,
começa a correr o prazo de prescrição intercorrente.
§ 5o O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias,
poderá, de ofício, reconhecer a prescrição de que trata o § 4o e extinguir o
processo.

Os arts. 313 e 315 do CPC são as hipóteses de suspensão do processo


previstas na parte geral do código, como por exemplo: a morte ou perda de
capacidade processual de uma das partes, por convenção, arguição de impedimento
ou suspensão, dentre outros. Destaca-se a necessidade de uma leitura cuidadosa
dos referidos artigos a fim de que o aluno domine o conteúdo.
No caso de concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução ou a
impugnação, a execução ficará suspensa, no todo ou em parte, até o julgamento dos
embargos/impugnação ou revogação do efeito concedido.
A hipótese mais frequente de suspensão da execução é a inexistência de
bens do devedor, neste caso, a execução ficará suspensa pelo prazo de um ano,
período o qual se suspenderá a execução, consoante art. 921 §1º. Decorrido o prazo
de um ano sem localização de bens passiveis de penhora, o juiz determinará o
arquivamento dos autos (§2º), mas nada impede seu posterior desarquivamento se a
qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis (§3º). Transcorrido o prazo de
um ano previsto no §1º sem que haja manifestação do exequente, começará a fluir o
prazo de prescrição intercorrente. Sobre a prescrição intercorrente, Gonçalves
explica:

Não existindo bens, o processo fica suspenso pelo prazo de um ano,


durante o qual não corre o prazo de prescrição intercorrente. Decorrido o
prazo, para que a prescrição continue suspensa, é preciso que o exequente
se manifeste, realizando as diligências necessárias e tomando as
providências para que a execução possa ter andamento. Se ele o fizer,
manifestando-se em termos de prosseguimento, a prescrição não corre,
ainda que o processo venha a ser suspenso por mais um período, por
continuarem inexistindo bens, Todavia se, passado um ano não houver
manifestação do exequente, a execução continuará suspensa, mas o prazo
de prescrição intercorrente terá início. Consumada a prescrição, o juiz
poderá decretá-la de ofício, depois de ouvir as partes, que terão prazo de 15
dias para manifestar-se. (GONÇALVES, 2016, p. 823-824).

Com o parcelamento do débito (previsto no art. 916 CPC) a execução


também deve ser suspensa até o adimplemento das parcelas.
Outra hipótese de suspensão da execução está prevista no art. 922, que
dispõe: “Convindo às partes, o juiz declarará suspensa a execução durante o prazo
concedido pelo exequente para que o executado cumpra voluntariamente a
obrigação. Parágrafo único: Findo o prazo sem cumprimento da obrigação, o
processo retomará o seu curso”.
O art. 923 do CPC dispõe que não serão praticados atos processuais
enquanto estiver suspensa a execução, podendo o juiz, entretanto, ordenar
providências urgentes, salvo nos caso de arguição de impedimento ou suspeição.

35.2 Extinção das execuções

Os motivos que levam a extinção da execução estão previstos no art. 924 do


CPC, o rol apresentado é exemplificativo, já que existem outras formas que
acarretam na extinção da execução, como por exemplo, o acolhimento dos
embargos.
Art. 924. Extingue-se a execução quando:
I - a petição inicial for indeferida;
II - a obrigação for satisfeita;
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
IV - o exequente renunciar ao crédito;
V - ocorrer a prescrição intercorrente.
Art. 925. A extinção só produz efeito quando declarada por sentença.

O art. 925 determina a necessidade de sentença para que a extinção da


execução produza efeitos.

36 DEFESA DO EXECUTADO

36.1 Embargos à execução

A propositura de embargos à execução é o meio adequado para defesa do


executado na ação de execução fundada em título executive extrajudicial. Trata-se
de uma ação autônoma, mas vinculada à execução (deve ser proposta no juízo da
execução e a distribuição deve ser por dependência com tramitação em autos
apartados), tem natureza de processo de conhecimento e se presta para
desconstituir ou declarar a nulidade ou inexistência do crédito. Sua previsão legal
está contida no art. 914 e seguintes do CPC.

Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou


caução, poderá se opor à execução por meio de embargos.
§ 1o Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados
em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que
poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua
responsabilidade pessoal.
§ 2o Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo
deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do
juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da
penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo
deprecado.

Conforme o art. 914§2º, no caso de execução por carta, os embargos


poderão ser propostos tanto no juízo deprecante quanto no deprecado, mas a
competência para julga-los será a do deprecante, exceto se os embargos versarem
unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens
efetuados no juízo deprecado.
Importante destacar que o caput do art. 914 previu a possibilidade da
interposição dos embargos independentemente de penhora, depósito ou caução.
Nesses termos, mesmo que o devedor não tenha bens, o prazo de embargos fluirá a
partir do momento da citação, observado as regras pertinentes constantes no art.
231 do CPC.
O prazo para apresentação dos embargos é de quinze dias, conforme
preceitua o art. 915 do CPC e observado o art. 231 do CPC que fixa as regras para a
contagem do prazo.
Deve-se destacar que o comparecimento espontâneo do executado supre a
falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação
dos embargos à execução, conforme art. 239, §1º, do CPC.

Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou


do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial
ou de improcedência liminar do pedido.
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou
a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação
de contestação ou de embargos à execução.

Gonçalves destaca que devido à natureza de ação autônoma, não se aplica


aos embargos à execução o prazo em dobro para litisconsortes com advogados
distintos, de escritórios diferentes, previsto no art. 229 do CPC, não se aplicando
também o art. 231, §1 º, do CPC:

“Não se aplica ao prazo dos embargos o art. 229 do CPC. Ele não se
modifica se houver litisconsortes com advogados diferentes, de escritórios
distintos, porque os embargos são nova ação, e não incidente da execução.
Também não se aplica o art. 231, § 1°, do CPC: havendo mais de um
executado, o prazo correrá para cada qual independentemente,
conforme forem sendo citados e o comprovante da citação for sendo
juntado aos autos. Para que o prazo tenha início, não é necessário que
todos os executados já tenham sido citados. O prazo para cada um será
autônomo. Há, no entanto, uma exceção a essa regra: se os executados
litisconsortes forem cônjuges ou companheiros, o prazo de embargos
contar-se-á da juntada aos autos do último comprovante de citação
(art. 915, § 1°, do CPC)”. (GONÇALVES, 2016, p. 789/790).

Caso o executado reconheça o crédito do exequente no prazo dos embargos


e comprove o depósito de 30% do valor da execução (acrescido de custas e
honorários), poderá requerer o parcelamento do restante em até 6 parcelas mensais,
acrescidas de correção monetária e juros de um por cento por mês (art. 916 CPC).
Com o deferimento do pedido de parcelamento, a execução ficará suspensa até a
quitação integral do débito.

Importante destacar que o credor não poderá opor-se ao parcelamento, pois


se trata de um direito que a lei confere ao devedor, mas será intimado (art. 916 §1º)
para manifestar-se em 5 dias sobre o preenchimento dos pressupostos. Caso o
devedor não tenha observado os requisitos do art. 916, poderá o credor manifestar-
se negativamente acerca do parcelamento do débito.

Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e


comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução,
acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá
requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas
mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao
mês.
§ 1o O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento
dos pressupostos do caput, e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco)
dias.
§ 2o Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar
as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levantamento.
§ 3o Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e
serão suspensos os atos executivos.
§ 4o Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o
depósito, que será convertido em penhora.
§ 5o O não pagamento de qualquer das prestações acarretará
cumulativamente:
I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do
processo, com o imediato reinício dos atos executivos;
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das
prestações não pagas.
§ 6o A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao
direito de opor embargos
§ 7o O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.

O inadimplemento de qualquer das prestações do parcelamento acarretará no


vencimento antecipado das prestações subsequentes e no prosseguimento do
processo com o imediato reinicio dos atos executivos, além de multa de 10% sobre o
valor das prestações não pagas.
O art. 917 do CPC prevê as teses de defesa que o executado poderá alegar
nos embargos. A Fazenda Pública, além das teses previstas no art. 917 do CPC,
poderá alegar as teses elencadas no art. 910, §2º, do CPC.

Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:


I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II - penhora incorreta ou avaliação errônea;
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução
para entrega de coisa certa;
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em
processo de conhecimento. (...)

Quando o fundamento dos embargos for o excesso da execução (art. 917, III,
CPC), o embargante deverá, OBRIGATORIAMENTE, informar o valor que entende
devido e acostar aos autos cálculo discriminado, conforme art. 917, §3º, do CPC,
sob pena de rejeição liminar (art. 917, §4ª, I, CPC).
A natureza de ação de conhecimento dos embargos à execução, permite,
inclusive, prova pericial ou oral, a fim de que se produza uma sentença de mérito.
Gonçalves destaca ainda que nos embargos à execução, o magistrado terá
de examinar se estão preenchidos os pressupostos processuais e as condições da
ação, como por exemplo: tempestividade, legitimidade, interesse de agir, e, no
mérito dos embargos poderá analisar, a requerimento do embargante, as condições
e pressupostos da ação executiva. Além disso, poderá ser objeto dos embargos as
questões ligados à existência, constituição e extinção do débito, admissão e
questões processuais da execução (GONÇALVES, 2016, p.792).

36.2 Procedimento dos embargos

A petição inicial deve preencher os requisitos previstos no art. 319 do CPC


(requisitos gerais da petição inicial), devendo o embargante postular a intimação do
embargado para apresentar impugnação, querendo.

Ainda, deverão ser juntados aos embargos as cópias das peças processuais
relevantes do processo de execução, que poderão ser autenticadas pelo próprio
advogado, além do instrumento de procuração e o comprovante de recolhimento de
custas processuais ou declaração de hipossuficiência e comprovante de renda,
quando requerido o benefício da justiça gratuita. Poderão ser juntados documentos
complementares comprobatórios das alegações apresentadas.

Art. 319. A petição inicial indicará:


I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e
a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou
de mediação.
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o
autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua
obtenção.
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto
no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

Sobre o valor da causa, Gonçalves ensina:

“Deve, ainda, indicar o valor da causa, que corresponderá ao benefício


econômico que se pretende auferir com os embargos e que nem sempre
coincidirá com o valor da execução. Pode ocorrer, por exemplo, que o
devedor impugne apenas uma parte do débito, caso em que os embargos
terão o valor apenas do montante controvertido” (GONÇALVES, 2016,
p.792).
O art. 919 do CPC aponta que, em regra, os embargos à execução não terão
efeito suspensivo, ou seja, a execução poderá prosseguir normalmente. Contudo,
como exceção, o juiz poderá atribuir o efeito suspensivo, a requerimento do
embargante, quando verificados os requisitos para concessão da tutela provisória e
desde que a execução esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficiente.
A decisão que determinar o efeito suspensivo dos embargos poderá ser modificada
ou revogada a qualquer tempo, desde que haja requerimento da parte,
circunstâncias que determinem a modificação dos efeitos e decisão fundamentada.
Conforme art. 1.015, X, do CPC, da decisão que defere ou indefere o efeito
suspensivo, cabe agravo de instrumento. Caso os embargos sejam parciais e o juiz
conceda o efeito suspensivo, a execução poderá prosseguir no tocante a parte
incontroversa. Sendo vários devedores, o efeito suspensivo concedido aos
embargos oferecidos por um dos executados não se aproveita aos demais quando o
fundamento versar exclusivamente ao embargante, mas tratando-se de fundamento
que seja comum, o efeito suspensivo poderá ser estendido.

Por fim, cabe destacar que o efeito suspensivo não obstará a efetivação dos
atos de substituição, reforço ou redução da penhora e avaliação dos bens (919, §5º).

Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.


§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo
aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela
provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito
ou caução suficientes.
§ 2o Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos
efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou
revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito
apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte
restante.
§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos
executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram
quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao
embargante.
§ 5o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos
de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos
bens.

Gonçalves afirma que concedido o efeito suspensivo e julgados


improcedentes os embargos, a execução poderá prosseguir ainda que haja
apelação, uma vez que esta não tem efeito suspensivo (GONÇALVES, 2016, p.793).
O art. 918 elenca as situações de indeferimento liminar dos embargos:

Art. 918. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:


I - quando intempestivos;
II - nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar
do pedido;
III - manifestamente protelatórios.
Parágrafo único. Considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o
oferecimento de embargos manifestamente protelatórios.

Importante mencionar o art. 918, III, que versa sobre os embargos


manifestamente protelatórios (com objetivo único de procrastinação, com
impertinência de argumentos), eis que é considerado ato atentatório a dignidade da
justiça.
Se houver algum vício sanável na petição inicial dos embargos, o juiz poderá
determinar a emenda no prazo de 15 dias.
Conforme art. 920, I, recebidos os embargos, o exequente será intimado para
impugnar em 15 dias. Conforme Gonçalves, havendo mais de um embargado, sendo
os advogados de escritórios distintos e tratando-se de processo físico, o prazo de
impugnação será contado em dobro (aplicação do art. 229 CPC). Novamente
destaca-se que o prazo para opor embargos é simples, pois trata-se de ação
autônoma (Gonçalves, 2015, p. 794).
A falta de impugnação aos embargos acarreta na revelia do embargado
(credor) e serão presumidos verdadeiros os fatos alegados na inicial, desde que as
alegações não sejam contrarias àquilo que consta no titulo executivo, já que este
goza de certeza, liquidez e exigibilidade. Gonçalves explica:

Uma vez que os embargos têm natureza de ação, a falta de impugnação do


credor implicará revelia. Questão mais complexa é a de saber se ela produz
os seus efeitos tradicionais, sobretudo a presunção de veracidade dos fatos
alegados na inicial. A questão é complexa porque o título que embasa a
execução, e contra o qual o embargante pugna, goza de certeza, liquidez e
exigibilidade. Bastaria a falta de impugnação para retirar-lhe tais
qualidades? Parece-nos que a falta de impugnação fará presumir a
veracidade dos fatos alegados na petição inicial, que não sejam
contrariados por aquilo que consta do título executivo. Por exemplo: não
haverá presunção de veracidade se o embargante alegar que o título tem
determinado valor, ou data de vencimento, se dele consta outra coisa. Mas
haverá se o embargante alegar, por exemplo, que o bem penhorado é
imóvel residencial de família, e isso não for contrariado pelo embargado.
(Gonçalves, 2016, p.794).

Apresentada a impugnação, o rito será da ação de conhecimento, sendo o


embargante intimado para apresentação de réplica, com posterior análise sobre os
requerimentos de produção de prova (havendo requerimento será designada
audiência de instrução e julgamento e não havendo os embargos serão julgados
antecipadamente) e posterior sentença, com fundamento nos arts. 485 ou 487 do
CPC.
Em caso de julgamento improcedente dos embargos, a execução terá
seguimento, tendo em vista que o recurso de apelação, em regra, não tem efeito
suspensivo. Já o julgamento procedente dos embargos poderá acarretar na extinção
da execução, modificação do valor executado ou desconstituição de algum ato
processual. (Gonçalves, 2016, p. 795).

36.3 Impugnação ao cumprimento de sentença

A impugnação é o meio adequado de defesa do devedor no cumprimento de


sentença (titulo executivo judicial), tratando-se de incidente da fase de cumprimento
de sentença, julgado por intermédio de decisão interlocutória.
Existe uma única hipótese em que a impugnação será ação incidental:
quando versar sobre declaração de inexistência ou extinção do título (art. 525, VII)
(GONÇALVES, 2016, p.802).
O prazo para apresentação de impugnação ao cumprimento de sentença é de
15 dias após o decurso do prazo para pagamento voluntário, independentemente de
penhora ou nova intimação, conforme art. 525 do CPC:

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento


voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios
autos, sua impugnação.

Gonçalves adverte que o prazo em dobro previsto no art. 229 do CPC aplica-
se ao prazo de impugnação, mas não ao prazo de embargos, pois este se trata de
ação autônoma e aquele de mero incidente (GONÇALVES, 2016, p.803). Assim
como nos embargos, a impugnação ao cumprimento de sentença não necessita de
prévia garantia do juízo, conforme previsão legal do art. 525 do CPC.
A impugnação ao cumprimento de sentença, como regra, não tem efeito
suspensivo, contudo, o juiz poderá concedê-lo conforme os mesmos requisitos dos
embargos (requerimento do impugnante; garantia do juízo; fundamentação
relevante; possibilidade de dano grave de difícil ou incerta reparação).
Na impugnação ao cumprimento de sentença existem limitações quanto as
matérias de defesa, que estão previstas no art. 525, §1º, do CPC:

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento


voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios
autos, sua impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo
correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes à sentença.

Quando a impugnação versar sobre excesso da execução, deve-se observar


o art. 525, §4º do CPC, que determina a necessidade do executado declarar de
imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e
atualizado de seu cálculo, sob pena de rejeição liminar.

Se o executado não cumprir a determinação e o excesso de execução for o


único fundamento da impugnação, ela será rejeitada liminarmente. Se
houver outros fundamentos, a impugnação será recebida, mas a alegação
de excesso de execução não será examinada. (GONÇALVES, 2016, p.
806).

Destaca-se que todos os meios de prova são admitidos na impugnação ao


cumprimento de sentença, inclusive prova pericial e, havendo necessidade,
audiência de instrução e julgamento.

36.3.1 Procedimento da impugnação ao cumprimento de sentença

A impugnação ao cumprimento de sentença ocorre por intermédio de petição


direcionada ao juízo da execução, devendo seu mérito basear-se de acordo com os
fundamentos do art. 525, §1º, do CPC. Além disso, caso o impugnante deseje,
deverá formular o pedido do efeito suspensivo. No caso da impugnação do
cumprimento de sentença, por se tratar de incidente processual, não há necessidade
de recolhimento de custas processuais.
Caso a impugnação esteja de acordo com os requisitos legais, o juiz a
receberá e determinará a intimação do impugnado (exequente) para apresentar sua
resposta no prazo de quinze dias.
Estando o processo maduro para julgamento, assim o juiz procederá, caso
contrário, determinará a realização das provas necessárias. Destaca-se que a regra
é o julgamento do incidente através de decisão interlocutória (recurso adequado:
agravo de instrumento), exceto quando do acolhimento das alegações do
impugnante acarretar em extinção da execução (alegação de prescrição ou
pagamento, por exemplo), hipótese em que a decisão terá caráter de sentença.
(GONÇALVES, 2016, p. 808-809).
No caso de acolhimento da impugnação ao cumprimento de sentença com
extinção da execução, haverá fixação de honorários advocatícios.
Cabe destacar que a impugnação meramente protelatória será considerada
ato atentatório á dignidade da justiça e ensejará na aplicação de multa, conforme art.
918, III, parágrafo único cumulado com art. 774, do CPC.
Os atos supervenientes a impugnação de sentença poderão ser alegados
através de petição nos autos, no prazo de 15 dias a partir da ciência ou intimação do
ato, conforme preceitua o art. 525, § 11 do CPC:

§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo


para apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à
validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos
executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição,
tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze)
dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do
fato ou da intimação do ato.

37 EXCEÇÕES E OBJEÇÕES DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

A objeção de pré-executividade ocorre quando dispensada a garantia do juízo


para apresentação da defesa do executado quando fundamentada exclusivamente
em vícios de ordem pública que devem ser reconhecidos de oficio.
As causas que podiam ser reconhecidas de imediato pelo magistrado
(mediante análise dos documentos juntados, sem a necessidade de produção de
provas) também dispensavam a garantia prévia do juízo para o recebimento da
defesa, caracterizando a exceção de pré-executividade.
Atualmente, o CPC não exige garantia prévia do juízo para apresentação dos
embargos à execução ou a impugnação ao cumprimento de sentença, motivo pelo
qual a exceção e objeção de pré-executividade ficaram obsoletas.
Gonçalves afirma que tal instituto não perdeu completamente sua utilidade,
mas certamente seu uso ficou muito reduzido. Vejamos:

Não nos parece, porém, que esses mecanismos devam desaparecer por
completo, pois podem continuar tendo alguma utilidade. Por exemplo,
quando transcorrido o prazo da impugnação ou dos embargos in albis
houver matéria de ordem pública não sujeita à preclusão, que não tenha
sido examinada pelo juiz, o interessado poderá valer-se de tais incidentes
para alegá-las. No entanto, a utilidade desses incidentes ficou muito
reduzida. Uma vez que, para se defender, seja por meio da impugnação no
cumprimento de sentença, seja por meio de embargos, no processo de
execução, o executado não sofre mais nenhuma constrição, não se justifica
mais a utilização das objeções e exceções de pré-executividade, a menos
que não seja mais possível ao executado valer-se dos meios tradicionais.
(GONÇALVES, 2016, p. 810).
O CPC não previu o procedimento das exceções e objeções de pré-
executividade, entendendo a doutrina que poderão ser apresentadas por simples
petição a ser juntada nos autos, mas pode o juiz determinar sua tramitação em
apenso, caso a juntada tenda a causar tumulto no andamento processual.
Proposta a exceção e objeção de pré-executividade caberá ao juiz analisar se
a matéria é cabível e, recebendo a petição, determinar a intimação do credor para
manifestar-se; não sendo o caso, porém, indeferirá de plano a petição.
A doutrina majoritária entende que a exceção e objeção de pré- executividade
não têm efeito suspensivo (Gonçalves, 2016, p. 811).
Em regra, a exceção e objeção de pré-executividade são julgadas por decisão
interlocutória (recurso adequado: agravo de instrumento), contudo, quando o
acolhimento da petição acarretar em extinção da execução, esta deverá ser
declarada por sentença.

DEFESA DO EXECUTADO APÓS A APRESENTAÇÃO DOS


38 EMBARGOS

Em regra, a defesa do executado ocorre através de embargos de terceiros ou


das exceções e objeções de pré-executividade.
Embora não caracterize mecanismo de defesa do devedor, as ações de
conhecimento podem ser utilizadas para, por exemplo, declarar a inexigibilidade de
determinado título, impactando sobre a execução.
É possível que o devedor, por exemplo, perca o prazo de embargos e ajuíze
uma ação de conhecimento visando a desconstituição do título, caso em que se
julgada procedente impactará na ação de execução, pois não poderá ter
seguimento.
A ação de conhecimento utilizada pelo devedor, em regra, não suspenderá a
execução, isto porque, o art. 784, §1º do CPC dispõe que a propositura de qualquer
ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-
lhe a execução.
A doutrina ressalva que, ajuizada a ação de conhecimento antes da execução
do título ou durante o prazo de embargos, poderá ser atribuído o efeito suspensivo à
execução desde que estejam presentes as mesmas circunstancias que autorizam o
efeito suspensivo nos embargos, de acordo com o art. 919, §1º, do CPC. Não será
concedido o efeito suspensivo se a ação de conhecimento for ajuizada após o
decurso do prazo dos embargos (GONÇALVES, 2016, p.796).
A ação de conhecimento deverá ser reunida à ação de execução quando seu
objeto for a desconstituição ou a declaração de inexigibilidade do débito constante
no título objeto da execução, por força do art. 55, §2º, I, do CPC.

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao
mesmo ato jurídico;

Se o devedor opor embargos à execução e estes forem julgados


improcedentes (transitado em julgado), o devedor não poderá ajuizar ação de
conhecimento se os fundamentos forem idênticos aos dos embargos, somente se
existir nova causa de pedir.

Questão Gabarito
1 C
2 B
3 D
4 B
5 D
6 A
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11 A
12 C
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REFERÊNCIAS

BARROSO, Darlan; Lettière, Juliana Francisca. Prática processual no novo


processo civil. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil


Esquematizado. (Coord.) Pedro Lenza. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

MOTA, André; SOBRAL, Cristiano; FIGUEIREDO, Luciano; FIGUEIREDO,


Roberto; DOURADO, Sabrina. Prática Civil. 3. ed. Recife: Armador, 2016.

Talamini, Eduardo; Wambier, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo


civil: execução. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

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