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A IMPORTÂNCIA DOS HÁBITOS ALIMENTARES: CONCEITOS,

FUNCIONALIDADES E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE

Aurora Britto de Andrade1;


Geisiane dos Santos Silva 2;
Weena Rebeca Damasceno3;

RESUMO: Neste artigo é apresentado uma revisão da literatura sobre a importância de hábitos
alimentares e suas principais implicações, com o objetivo de conceituar o tema de forma
didática. Foi realizado um levantamento de artigos científicos e manuais que compuseram o
corpo teórico do texto utilizando como fonte de pesquisa artigos e revisões nas bases de dados
eletrônicas disponíveis a partir da plataforma CAPES e periódicos, trazendo versões em
português e inglês. Os assuntos abordados foram: hábitos alimentares, comportamento
alimentar e seus impactos na saúde e; doenças crônicas não transmissíveis. Os temas descritos
se complementam, de forma que os conceitos e suas principais abordagens foram explicitados
no decorrer do texto.
PALAVRAS-CHAVE: Hábitos alimentares; Saúde e Nutrição; Alimentação.

ABSTRACT: This article presents a review of the literature on the importance of eating habits
and its main implications, in order to conceptualize the theme in a didactic way. A survey of
scientific articles and manuals that compose the theoretical body of the text using as research
source articles and reviews in the electronic databases available from the CAPES platform and
periodicals, bringing versions in Portuguese and English. The subjects discussed were: eating
habits, eating behavior and its health impacts; chronic noncommunicable diseases. The themes
described are complemented, so that the concepts and their main approaches were explained in
the course of the text.
KEY WORDS: Eating habits; Health and Nutrition; food.

1
Mestranda do Curso de Pós Graduação em Ciência de Alimentos da Universidade Federal da Bahia. Engenheira
de Alimentos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). E-mail: aurorabrittoandrade@gmail.com
2
Mestranda do Curso de Pós Graduação em Ciência de Alimentos da Universidade Federal da Bahia. Engenheira
de Alimentos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). E-mail: geeise_santos@hotmail.com
3
Mestranda do Curso de Pós Graduação em Ciência de Alimentos da Universidade Federal da Bahia. Engenheira
de Alimentos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). E-mail: weenarpd.rd@gmail.com

1
INTRODUÇÃO
A alimentação consiste na ingestão de alimentos que contêm e fornecem os nutrientes
necessários para as atividades biológicas e físico-químicas do organismo. Os alimentos
contêm composições e propriedades diferentes, e de acordo com o modo de preparo realizado
pode alterar os aspectos físicos e sensoriais, podendo influenciar além da decisão de escolha do
produto, na saúde e o bem-estar do ser vivo. Por esta razão, padrões de alimentação mudam
constantemente, e com isso o desequilíbrio na oferta de nutrientes, e a demanda/consumo de
alimentos mais carregados de sabor artificial e mais calóricos (BRASIL, 2014).
O ato de alimentar-se está inserido num contexto que vai além da necessidade biológica
do indivíduo, é construído a partir de costumes, vida social, procedimentos culinários,
processos culturais, valores sociais e religiosos e é norteado pela relação do indivíduo e o
ambiente em que está introduzido na sociedade que parte de preceitos base, dentro de uma
esfera política, econômica, social e religiosa que norteiam o modo de vida e hábitos da
população (CARVALHO, 2011).
Dentro do contexto de alimentação, é importante conceituar comportamento alimentar,
que segundo Matias et al. (2010) é um conjunto de reações relacionadas ao alimento, que
começa com a decisão, disponibilidade, modo de preparo, utensílios, horários e divisão das
refeições e encerra com a ingestão. Pita (2010), por sua vez, conceitua hábito alimentar como
os meios pelos quais os indivíduos respondem a pressões sociais e culturais, selecionam,
consomem e utilizam porções do conjunto de alimentos disponíveis, ou seja, é a atitude do
indivíduo frente ao alimento. Resumidamente, Leônidas e Santos (2011) relatam que hábito,
prática ou comportamento alimentar são todas as formas de convívio com o alimento, ou seja,
as práticas alimentares não se resumem apenas aos alimentos que são ingeridos ou que se deixa
de ingerir, mas englobam também as regras, significados e valores que permeiam os diferentes
aspectos relativos à prática de consumo alimentar. Esses aspectos podem abranger a
escolaridade e renda do indivíduo; a pressão exercida pela mídia; o peso e imagem corporal;
cultura, crenças e religiões; ambiente familiar e fatores psicológicos.
Ao longo dos últimos anos, tem-se percebido modificações significativas na dieta do
brasileiro, principalmente quanto à qualidade e quantidade. Nesse contexto observa-se elevada
preferência por alimentos ricos em gorduras e açúcares refinados, além de uma redução no
consumo de alimentos como frutas, legumes e verduras (OLIVEIRA, 2014). Tamanhas
mudanças devem-se, principalmente, à expansão dos mercados alimentícios e a variedade de

2
novos produtos disponíveis no mercado, que cada vez mais, buscam atrair os consumidores pela
praticidade e conveniência dos produtos prontos ou de rápido preparo (TEIXEIRA, 2015).
Esses novos hábitos alimentares trazem graves consequências à saúde da população,
pois, podem contribuir ao longo do tempo com o aumento da prevalência de doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT) (BRASIL, 2005; MALTA et. al., 2006). Por exemplo, o consumo
elevado de sódio aumenta o risco de hipertensão que conduz a eventos cardiovasculares; o alto
teor de gorduras trans nas carnes processadas, além da presença de conservantes (ex. nitratos e
nitritos) estão relacionados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes – por
elevarem o colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-colesterol) e diminuírem o nível
de colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-colesterol), além de aumentar os
triglicerídeos, causando alterações no perfil lipídico. (AQUINO, 2012; WHO, 2011;
MENSINK et. al., 2003; MAUGER et. al., 2003).
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são as principais causas de óbitos no
mundo e têm gerado elevado número de mortes prematuras, perda de qualidade de vida (QV)
com alto grau de limitação nas atividades de trabalho e de lazer, além de impactos
socioeconômicos para as famílias, comunidades e a sociedade em geral, agravando as
iniquidades e aumentando a pobreza (DUNCAN et. al., 2012; WHO, 2011). No Brasil, o
diabetes, associado à hipertensão arterial, é responsável pela primeira causa de mortalidade, de
hospitalizações e de amputações de membros inferiores (SBD, 2017-2018).
Na perspectiva da prevenção de agravos às doenças, tornam-se fundamentais ações que
criem ambientes favoráveis à saúde por incentivar práticas e escolhas saudáveis (RIBEIRO, A.
G., COTTA e RIBEIRO, S. M. R., 2012). Diversas medidas têm sido tomadas visando
estabelecer compromisso global para o desenvolvimento de estratégias que impactem na
redução das DCNT e seus fatores de risco, com destaque para a “Estratégia global para
alimentação, atividade física e saúde”, lançada em 2003, que faz parte de um grupo de
resoluções de articulação intersetorial criadas pela Organização Mundial de Saúde (WHO,
2000; WHO, 2004).
Nesse âmbito, o presente trabalho visa abordar os impactos gerais da alimentação para
a saúde, além de trazer atualizações estatísticas quanto aos resultados alcançados através das
medidas adotadas pela OMS a fim de reduzir os níveis de DCNT.

3
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão da literatura, com levantamento de artigos científicos
publicados em periódicos da área alimentação e saúde que abordam o tema em questão.
Publicações foram pré-selecionadas pelos títulos, os quais deveriam constar alguns dos
descritores: consumo alimentar, hábitos alimentares e/ou alimentação saudável. Foram
incluídas publicações em português que atenderam aos critérios da pesquisa realizada,
disponíveis nas bases de dados eletrônicas especialmente no portal de periódicos da CAPES
que trazem referências dos artigos de acordo com o tema analisado, que inclui publicações além
de livros publicados na área. A revisão permite a abordagem acerca de pontos essenciais que
facilita o entendimento a partir de um histórico-conceitual de hábitos alimentares e realidade
cotidiana.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme D’Avila, Silva e Vasconcelos (2016), existem diversos fatores que
contribuem para o desenvolvimento da obesidade, a exemplo locais de fácil aquisição de
alimentos, como cadeias fast food; prática de alimentação inadequada; consumo elevado de
doces, bebidas açucaradas e gorduras, assim como a carência no consumo de frutas, legumes e
vegetais; redução na quantidade de refeições diárias; além dos fatores demográficos e
socioeconômicos, como sexo, faixa etária, renda familiar, escolaridade e sedentarismo. Por este
motivo, tais fatores foram correlacionados com os termos estabelecidos para o desenvolvimento
da pesquisa. Através dos descritores "consumo alimentar", "hábitos alimentares" e "alimentação
saudável", foi possível encontrar 648 artigos brasileiros publicados entre os anos de 2009 e
2019. Dentre estes, 15 artigos foram selecionados para estruturação de um quadro
demonstrativo (Quadro 1), que relaciona os resultados obtidos na última década, com objetivo
de estudar a evolução dos níveis de obesidade da população brasileira, sua relação com o perfil
alimentar e doenças relacionadas, como: hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, entre
outras.
De acordo com Fernandes et al., (2009) a alteração do estado nutricional só é percebida
após um longo período de acompanhamento do grupo de estudo que sofreram mudanças em
seus hábitos alimentares. O autor ainda sugere que a mudança no perfil alimentar deve ser
fundamentada de acordo com o histórico de cada indivíduo, ressaltando que a mudança do perfil
alimentar de crianças é um sistema complexo, iniciado primeiramente com o posicionamento
dos pais e as práticas culturais destes, visto que, essa é uma das medidas fundamentais para o

4
crescimento de uma população adulta saudável. Esses resultados corroboram com os
encontrados por Honicky, Kühl e Melhem (2017).
Apesar de diversos estudos apontarem a relação direta entre a prática de atividades
físicas e a boa condição de saúde, Fernandes et al., (2011) não conseguiu, em sua pesquisa,
associar a atividade física de laser com os hábitos alimentares de adolescentes. No entanto, o
estudo evidenciou a prevalência de inatividade física no grupo de adolescente analisados e a
necessidade de adoção de uma dieta com maior valor nutritivo. O autor ainda reafirma que
adolescentes com hábitos saudáveis, tendem a ser adultos fisicamente ativos, concordado com
Fernandes et al. (2009) e Pedraza et al. (2017).
Estudos realizados por Coelho et al. (2012) e Burgos et al. (2016) evidenciam a
correlação do estado nutricional de crianças e adolescentes com o desenvolvimento da
obesidade, associada ao surgimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como
hipertensão arterial, dislipidemias e diabetes melito, tornando-se uma problemática para saúde
pública, essencialmente por representar um risco futuro quanto a mortalidade
consequentemente provocada pela deficiência circulatória na fase adulta em pessoas que
tiveram obesidade quando crianças e/ou adolescentes. Gardenz e Benvegnú (2013), em seus
estudos, demonstraram que além dos fatores socioeconômicos e hábitos alimentares terem
grande influência na elevada taxa de sobrepeso da população, a dieta é um fator de risco
determinante para o surgimento de doenças crônicas cardiovasculares (DCV). O consumo
excessivo de alimentos industrializados com alto teor de sódio, aliado à condição de obesidade,
tem relação direta com o surgimento de DCV.
Venâncio, Teixeira e Silva (2013) e Rendeiro et al. (2019) confirmaram a tendência
global do aumento desenfreado do nível de obesidade, a ponto de ser considerada uma
epidemia. De forma contrária a Fernandes et al., (2011), o autor conseguiu evidenciar a relação
existente entre o sedentarismo e o sobrepeso. Os escolares avaliados apresentaram elevado nível
de sobrepeso/obesidade, associado a uma dieta pobre em nutrientes e a escassa prática de
atividade física, especialmente dentre os indivíduos de maior poder aquisitivo. De forma
distinta a esses resultados, Lourenço, Santos e Carmo (2014), Defante, Nascimento e Lima-
Filho (2015) e D’Ávila, Silva e Vasconcelos (2016) relacionaram o baixo poder aquisitivo com
a falta de informações sobre a importância da boa alimentação para a manutenção da saúde.
Das crianças e adolescentes que fizeram parte do grupo amostral, maior parte estavam numa
faixa que varia de sobrepeso a obesidade, mais uma vez, evidenciando a necessidade de adoção
de hábitos alimentares saudáveis desde a pré-infância.

5
Quadro 1: Artigos selecionados para levantamento de dados, da década de 2009 a 2019 extraídos da plataforma CAPES.

TÍTULO AUTOR(ES) ANO METODOLOGIA DE PESQUISA RESULTADOS

O percentual de escolares com sobrepeso/obesidade passou de 21,8


Avaliação do efeito da para 23,6% nas turmas com intervenção e de 33,7 para 35,0% nas
educação nutricional na turmas sem intervenção (p > 0,05). Observou-se diminuição
prevalência de Estudo transversal com 135 escolares de significante no consumo de suco artificial (p = 0,013), alimento
FERNANDES, P. S.
sobrepeso/obesidade e no 2009 uma escola privada e uma pública de proibido pela Lei, nas turmas com intervenção. Nas turmas sem
et al.
consumo alimentar de Florianópolis-SC. intervenção, observou-se aumento significante no consumo de
escolares do ensino alimentos proibidos, como salgadinho industrializado (p = 0,021) e
fundamental refrigerante (p = 0,031). Além disso, o cereal matinal, alimento
apropriado para o lanche escolar, teve consumo reduzido (p = 0,039)
A amostra foi composta por 1.630
adolescentes (46% do gênero masculino
Os adolescentes do gênero masculino foram mais ativos do que as do
e 54% do gênero feminino). O nível de
feminino (21,7 e 9,4%, respectivamente; p = 0,001), ao passo que o
Associação transversal atividade física, o tempo de televisão
hábito de assistir TV foi mais frequente entre as meninas (44,0 e
entre hábitos alimentares (TV) e os comportamentos alimentares
FERNANDES, R. 29,2%; p = 0,001). Práticas de atividades físicas foram associadas
saudáveis e não saudáveis 2011 foram avaliados por entrevista, e, de
A. et.al. com maior consumo de frutas (OR = 1,90; IC95% 1,39-2,60) e
e atividade física de lazer acordo com o resultado da avaliação, os
vegetais (OR = 1,48; IC95% 1,09-2,01), ao passo que o maior
em adolescentes adolescentes foram classificados como
consumo de frituras (OR = 2,13; IC95% 1,64-2,77) e salgadinhos (OR
fisicamente ativos, espectadores
= 1,91; IC95% 1,49-2,45) esteve associado ao hábito de assistir TV.
assíduos de TV, e engajados em dietas
não saudáveis/saudáveis.
Elevadas frequências de excesso de peso segundo índice de massa
Associação entre estado corporal por idade (20,1%) e percentual de gordura corporal (22,8%),
Estudo transversal com 661 escolares de
nutricional, hábitos bem como inatividade física (80,3%), foram observadas entre os
6-14 anos de idade, matriculados nas
alimentares e nível de Coelho, L. G. et al. 2012 escolares. Baixas pontuações no escore de consumo foram
escolas públicas e privadas da área
atividade física em encontradas para 77,2% dos escolares. Não foi observada associação
urbana da cidade de Ouro Preto-MG.
escolares significativa entre o excesso de peso e inatividade física ou consumo
alimentar (p > 0,05).
Excesso de peso, nível de Os resultados revelaram que o excesso de peso foi menor nos
atividade física e hábitos VENÂNCIO, P. E. Estudo de caráter epidemiológico, com estudantes do ensino público. Em relação ao nível de atividade física,
alimentares em escolares M.; TEIXEIRA, C. 2013 delineamento transversal, envolvendo constatou-se que a maioria dos escolares foi considerada sedentária
da cidade de Anápolis- G. O.; SILVA, F. M. 1982 crianças. ou insuficientemente ativa, e que os estudantes das escolas públicas
GO são mais ativos

6
Estudo transversal com coleta de dados Verificou-se maior prevalência de idosos jovens, do sexo feminino,
Hábitos alimentares na
primários em uma unidade de saúde da com poucos anos de estudo e de baixa renda. Os hábitos alimentares
prevenção de doenças
GARDENZ, S. D.; família pertencente a um município do saudáveis dos idosos hipertensos avaliados estão aquém daqueles
cardiovasculares e fatores 2013
BENVEGNÚ, L. A. interior do Rio Grande do Sul. preconizados. Fatores socioeconômicos, características de saúde e
associados em idosos
Participaram do estudo 212 idosos utilização dos serviços de saúde influenciaram na prática de hábitos
hipertensos
hipertensos alimentares saudáveis

Estudo não-experimental do tipo 154 crianças pertencem ao género masculino, 146 ao feminino; 140
Estado nutricional e
LOURENÇO, M.; descritivo e transversal, realizado num crianças têm 3 anos de idade e 160 têm 4 anos; 92 crianças (30.6%)
hábitos alimentares em
SANTOS, C.; 2014 Centro de Saúde do Concelho de Sintra, têm excesso de peso. Destas, 41 apresentam pré-obesidade (13.6%) e
crianças de idade pré-
CARMO, I. no âmbito do Programa de Saúde 51 obesidade (17.0%). Os alimentos mais consumidos pertencem ao
escolar
Escolar. grupo alimentar da carne, peixe e ovos.

Influência de Os resultados indicaram prevalência de padrão alimentar inadequado


intervenções educativas PEREIRA, T. S.; Delineamento transversal, envolvendo evidenciando o consumo elevado de alimentos ricos em gorduras e
no conhecimento sobre PEREIRA, R. C.; 59 escolares com idade entre 13 e 16 açúcares simples. Tanto a aplicação do jogo como a palestra se
2015
alimentação e nutrição de ANGELIS- anos, de escola municipal de Lavras – mostraram eficientes para aumentar o grau de conhecimento dos
adolescentes de uma PEREIRA, M. C. MG. adolescentes e, quando comparados, os métodos não mostraram
escola pública diferença significativa entre si.
Comportamento de Estudo quantitativo-descritivo junto a
consumo de alimentos de DEFANTE, L. R.; 584 indivíduos moradores dos 24
famílias de baixa renda NASCIMENTO, L. municípios abrangidos, pertencentes às Os resultados mostram a existência de dois clusters, nomeados de
2015
de pequenas cidades D. O.; LIMA- classes sociais C2, D e E, no ano de segmento “saudável” e segmento “apreciadores de comida”
brasileiras: o caso de FILHO, D. O. 2010, utilizando questionário
Mato Grosso do Sul estruturado.
Os adolescentes que permanecem mais tempo em frente à televisão
consumiram mais leite e derivados (p=0,03), açúcares e doces
Tempo excessivo diante (p=0,01) e refrigerante (p=0,02). Observou-se que o baixo consumo
Estudo transversal com 815
da televisão e sua de frutas, assim como o consumo excessivo de doces, açúcares e
ENES, C. C.; adolescentes de ambos os sexos, de
influência sobre o 2016 refrigerantes e a menor idade, estavam associados ao maior tempo de
LUCCHINI, B. G. escolas públicas de Piracicaba, São
consumo alimentar de televisão. Na análise multivariável, hábitos alimentares não
Paulo.
adolescentes saudáveis, como a baixa ingestão de frutas (p=0,014) e o consumo
elevado de doces e açúcares (p=0,041), permaneceram
independentemente associados ao tempo de televisão.
Associação entre hábitos Estudo transversal, compreendendo Observou-se que o consumo diário de 5 porções de frutas e verduras
BURGOS, M. S. et
alimentares inadequados 2016 uma amostra de 1963 escolares de não apresentou associação com os fatores de risco cardiometabólicos.
al.
e inatividade física com ambos os sexos, com idade de 7 a 17 O hábito de evitar o consumo de alimentos gordurosos e doces,

7
fatores de risco anos, pertencentes a 19 escolas da zona porém, apresentou um efeito de 0,3% (p=0,019) sobre o colesterol
cardiometabólicos: um urbana e rural do município de Santa total e 0,5% (p=0,004) sobre o HDL. O consumo de 4 a 5 refeições
estudo em Santa Cruz do Cruz do Sul, RS. variadas durante o dia apresentou efeito sobre o IMC (0,3%; p=0,021)
Sul e sobre a circunferência da cintura (0,5%; p=0,004). A prática de
atividade física apresentou efeito sobre o IMC (0,3%; p=0,017),
glicose (0,2%; p=0,049) e HDL (0,4%; p=0,011). Juntas, as questões
relacionadas aos hábitos alimentares e à atividade física apresentaram
um efeito significativo sobre o HDL (2,1%; p=0,001).
Prevalência do excesso de gordura corporal foi de 23,9%, não
Associação entre
Estudo transversal realizado com apresentando diferença significativa entre sexo (p = 0,359) e idade (p
consumo alimentar, D’ÁVILA, G. L.;
amostra probabilística de 2481 = 0,202). A gordura corporal associou-se a diferentes fatores nos
atividade física, fatores SILVA, D. A. S.;
2016 escolares matriculados em escolas escolares de 11 a 14 anos: consumir menos que 3 refeições ao dia (RP
socioeconômicos e VASCONCELOS,
públicas e privadas de Florianópolis, = 1,62; IC: 1,38-1,91) e alimento de risco mais que 3 vezes ao dia (RP
percentual de gordura F. A. G.
Santa Catarina = 0,61; IC: 0,47-0,79). Não foi observada diferença significativa com
corporal em escolares
atividade física.
Analisaram-se os índices antropométricos estatura/idade (E/I) e
Índice de Massa Corporal/idade (IMC/I), e os hábitos alimentares dos
escolares. Verificaram-se prevalências de déficit de estatura,
sobrepeso e obesidade de 2,4%, 12,3% e 9,2%, respectivamente. O
Estado nutricional e
Estudo de delineamento transversal, E/I apresentou-se com média inferior (p = 0,029) nas crianças que
hábitos alimentares de PEDRAZA, D. F. et
2017 envolvendo 1754 escolares do indicaram quase nunca tomar café da manhã (-0,130 ± 1,053 Escore-
escolares de Campina al.
município de Campina Grande-PB. z) em comparação com as que faziam essa refeição todas ou na
Grande-PB
maioria das vezes (0,183 ± 0,912 Escore-z), associação similar foi
observada quando a merenda escolar não era consumida (p = 0,001).
Para o IMC/I, crianças com hábito de fazer todas as refeições
apresentaram menor média (p = 0,034)
Verificou-se baixo consumo de frutas e verduras e alto consumo de
Tratou-se de um estudo de intervenção, industrializados. Não houve diferença significativa na melhora do
Intervenção nutricional com 171 crianças e adolescentes com estado nutricional das crianças e adolescentes, mas houve redução da
em crianças e HONICKY. M.; sobrepeso e/ou obesidade entre 2 a 18 ingestão calórica diária após seis meses. Os resultados sugerem que a
2017
Adolescentes com KÜHL, A. M.; anos, de ambos os sexos que receberam persistência no acompanhamento nutricional pode melhorar os
excesso de peso MELHEM, A. R. F. intervenção nutricional durante seis hábitos alimentares, ressaltando a importância do atendimento
meses. nutricional associado ao apoio familiar para sucesso no tratamento da
obesidade e redução do risco de comorbidades.
Trata-se de um estudo transversal com A média de Índice de Massa Corporal foi de 37,33 kg/m2. Quanto à
Consumo alimentar e
RENDEIRO, L. C. 50 pacientes, entre 18 e 60 anos, composição corporal, o valor médio, em Kg, para massa gorda e
adequação nutricional de 2019
et al. atendidos em um Hospital Universitário massa de músculo esquelético foi de 43,55 e 31,78, respectivamente.
adultos com obesidade
de Belém-PA. Na avaliação do consumo alimentar, encontrou-se valores médios de
8
1.937,28 Kcal, consumo abaixo do recomendado para carboidratos
(51,25%), acima para proteínas (19,94%), adequado para lipídeos
(28,31%) e abaixo do recomendado de fibras para homens (27,52g) e
acima para as mulheres (38,20g).

Estudo de intervenção prospectivo,


realizado com indivíduos adultos de O grupo caso apresentou valores diferentes e significativos para as
Efeitos da prática de
ambos os sexos, os quais foram variáveis circunferência de cintura, classificação da circunferência
atividade física e 2019 separados em grupo caso (aqueles que de cintura, aumento do gasto energético total e aumento da ingestão
acompanhamento PANATTO, C. et al.
realizavam acompanhamento alimentar após o período de intervenção. O grupo controle
nutricional para adultos:
nutricional mais atividade física) e apresentou diferença apenas no aumento de gasto energético total
um estudo caso-controle
grupo controle (aqueles que realizavam (p<0,01).
somente atividade física).

9
Estudo recente realizado por Panatto et al. (2019) mostrou que não houve reversão do
quadro de obesidade da população brasileira. Esse fato se evidencia pelo levantamento do
Ministério da Saúde. Segundo Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) (2017), na década de 2006 a 2016 o índice
de obesidade aumentou cerca de 60%, colaborando para o crescimento de DCNT, como
diabetes e hipertensão, passando de 5,5% para 8,9% e de 22,5% para 25,7%, respectivamente.
Apesar dos índices de obesidade da população brasileira continuarem alarmante, a pesquisa
também demonstrou que houve redução do consumo de alimentos industrializados, aumento do
consumo regular de frutas e hortaliças e prática de atividade física.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados encontrados nos artigos científicos selecionados demonstram que a obesidade
durante a última década manteve-se como um problema epidemiológico, e que apesar dos
esforços das organizações de saúde, ainda é necessário maior investimento nas políticas
públicas para reversão do quadro. A conscientização da população é fundamental para adoção
de hábitos alimentares saudáveis, juntamente com a prática de atividades físicas. Em especial,
é imprescindível focar no grupo infantil, pois, os resultados evidenciaram que a obesidade é um
problema cultural que surge durante a primeira infância, perdurando até a vida adulta.

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