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Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoríam)
APRESENTTAQÁO
DA EDIQÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos estar
preparados para dar a razáo da nossa
esperanga a todo aquele que no-la pedir
(1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos conta


da nossa esperanga e da nossa fé hoje é
mais premente do que outrora, visto que
somos bombardeados por numerosas
correntes filosóficas e religiosas contrarias á
fé católica. Somos assim incitados a procurar
consolidar nossa crenga católica mediante
um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


■ Responderemos propóe aos seus leitores:
¡' aborda questóes da atualidade
'] controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista crístáo a fim de que as dúvidas se
: dissipem e a vivencia católica se fortaleca no
Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar
este trabalho assim como a equipe de
Veritatis Splendor que se encarrega do
respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagao.
A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaga depositada
em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral
assim demonstrados.
Ano xlv Dezembro 2004 510
"Venho muito em breve" (Ap 21, 20)

Os Concilios Gerais da Igreja

Antigo Testamento: Lendas ou Historia real?

"Carta a María dos Anjos quando comegava a se


sentir atéia" (J. Vives)

Resposta a um agnóstico

Nossa Senhora Aparecida Rainha

Balanco da Santa Sé 2003

Os Templarios: Que'm sao?

índice 2004
PERGUNTE E RESPONDEREMOS DEZEMBRO2004
Publicacao Mensal N°510

Diretor Responsável
SUMARIO
Dom Estéváo Bettencourt OSB "Venho muito em breve" 529
Autor e Redator de toda a materia Em panorama:
publicada neste periódico Os Concilios Gerais da Igreja 530

Administragao e Distribuigáo: Historiografía fiel?


EdigSes Lumen Christi Antigo Testamento: Lendas ou

Rúa Dom Gerardo, 40 - 5° andar - sala 501


Historia real? 545

Tel.: (0XX21) 2291-7122 - Ramal 327 Crise de fé:


Fax (0XX21) 2516-9343 "Carta a Maria dos Anjos quando
comegava a se sentir atéia" (J. Vives).... 548
Enderezo para Correspondencia:
Diálogo religioso:
Ed. Lumen Christi
Resposta a um agnóstico 553
Rúa Dom Gerardo, 40 - sala 501
Centro No Centenario da Coroagáo:
CEP 20090-030 - Rio de Janeiro - RJ Nossa Senhora Aparecida Rainha 561

Prestagáo de contas:
Visite o MOSTEIRO DE SAO BENTO
Balango da Santa Sé 2003 564
e "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
na INTERNET: www.lumenchristi.com.br Esoterismo?
e-mail: lumen.christi@osb.org.br Os Templarios: Quem sao? 566

CNPJ: 33.439.092/0003-21 índice 2004 577

IMPRESSAO

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA


ClUnCA MARQUES StüAIVA
NO PRÓXIMO NÚMERO:

"Nao sabemos o que pedir" (Rm 8,26). - Queixas contra Deus. -A menina do marrón
glacé. - O Purgatorio: Lugar cheio de fogo? - Como se pratica um aborto. -Acupuntura:
Que é? - Cinco preconceitos contra o aumento da populacao. - Doacáo de órgáos. -
Limitacao da natalidade e educacáo sexual. - A Guarda Suiga. - Ecos da conversa
diaria. - O filho preferido.

PARARENOVAQÁOOU NOVAASSINATURA (12 NÚMEROS) R$ 45,00.


NÚMEROAVULSO R$ 4,50.
O pagamento poderá ser á sua escolha:
1. Enviar, em Carta, cheque nominal ao MOSTEIRO DE SAO BENTO/RJ.
2. Depósito em qualquer agencia do BANCO DO BRASIL, agencia 0435-9 na C/C 31.304-1
do Mosteiro de S. Bento/RJ ou BANCO BRADESCO, agenda 2579-8 na C/C 4453-9
das Edigoes Lumen Christi, enviando em seguida por carta ou fax comprovante do
depósito, para nosso controle.
3. Cartao de Crédito: VISA (favor informar n° e validade do cartáo).
4. Boleta Bancária (favor entrar em contato mencionando a opgáo).
Obs.: Correspondencia para: Edigóes Lumen Christi
Rúa Dom Gerardo, 40 - sala 501
Centro ,
v CEP 20090-030 - Rio de Janeiro - RJ J
"VENHO MUITO EM BREVE"
(Ap21,20)

O mes de dezembro é muito marcado pela expectativa do Natal. Na


verdade, porém, Cristo já veio...; n§o obstante, a S. Escritura termina com um
forte apelo: "Vem, Senhor Jesús!" (Ap 21,17), como se aínda faltasse algo.
Com efeito, falta algo,... falta a complementacao da vinda do Senhor, que se
dará no fim dos tempos; sim, o Verbo de Deus veio outrora á Palestina; pre-
gou a Boa-nova aos homens, mas estes nao o quiseram receber e o prega
ra m ao madeiro da Cruz.

Este anseio de algo ou de urna nova ordem de coisas é muito legítimo.


Diz Sao Paulo que "a criacáo inteira geme e sofre as dores do parto porque foi
submetida á loucura do homem, com a esperanca de, um día, ser libertada da
escravidáo do pecado e gozar da redencao que tocará ao homem" (Rm 8,19-
22). Com outras palavras: as criaturas ¡rracionais, manipuladas pelo homem
para servir ao pecado, anseiam pelo pleno resgate do pecador a fim de darem
plena gloria a Deus. Registra-se chocante inversao de valores, já outrora ob
servada pelo Eclesiastes (cf. Ecl 2,18-22,16s...): a verdade passa por men
tira e a mentira por verdade, o bem é tido como mal e o mal como bem. Ao
anseio das criaturas terrestres faz eco o dos mártires, que no céu bradam por
justica: "Até quando, ó Senhor santo e verdadeiro, tardarás a fazer justica,
vingando nosso sangue contra os habitantes da térra?" (Ap 6,10). O clamor
geral chega á presenga do Senhor, que Ihe responde: "Sim, venho muito em
breve. E trago comigo a recompensa para retribuir a cada um conforme o seu
trabalho" (Ap 21,12). Esse "muito em breve" de Deus nao é tao breve quanto
o dos homens; pode durar dois mil anos. O que importa ao cristáo é aguardar
com perseveranga a vinda do Senhor.

Esta vinda, alias, nao é simplesmente futura, com data incerta. O Natal
celebrado a 25 de dezembro nos diz que Jesús só nasceu no presepio em
Belém para nascer no coracáo de cada ser humano por ocasiáo do Batismo;
Ele nasce no íntimo de cada criatura batízada, dando-lhe comunhao com o
Pai e o Espirito Santo; em cada qual quer Ele desenvolver-se até que chegue
á estatura do "Homem Perfeito ou á plenitude de Cristo" (Ef 4, 13). E, pois,
para desejar que, ao celebrar o Natal em 2004, os fiéis nao detenham seu
olhar apenas sobre o presepio e a árvore que o acompanha, mas dilatem seu
horizonte, tomando mais clara consciéncía de que Jesús nasceu em cada um
quando batizado; Ele veio pessoalmente habitar em cada coragáo, pedindo
generosidade para ai se formar e, no fim da caminhada terrestre, entregar ao
Pai tal irmao ou tal irmá, fruto de sua obra redentora. É este programa que
estimula o peregrino, maltratado ou esfrangalhado pela estrada, o caminheiro
intensifica seu desejo de consumacáo, certo de que nao será frustrado. Bem
aventurado é todo aquele que sofre... fome e sede de justiga (do encontró
com Deus que vem) porque será saciado (cf. Mt 5,6).
E que a Virgem Máe, táo presente ao Advento e ao Natal, acompanhe
cada um dos seus filhos nos quais Cristo renasceu!
E.B.

529
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Ano XLV- N° 510 - Dezembro de 2004

Em panorama:

OS CONCÍLIOS GERAIS DA IGREJA

Em síntese: "Concilio Geral"ou "Ecuménico" é a reuniáo dos bis-


pos do mundo inteiro sob a presidencia do Papa ou de seus legados,
tendo em vista definir ou esclarecer algum tema debatido. Ecuménico,
no caso, quer dizer, "universal"; vem do grego (ge) oikoumene (a térra
habitada, o mundo inteiro).
* * *

Percorrer a historia dos Concilios é fazer urna síntese da historia


da Igreja. Eis a seqüéncia:

1. Concilio de Nicéia I (325)

O primeiro Concilio Ecuménio foi o de Nicéia I, reunido de 26/05 a


25/07/325.

Desde o século II, os cristáos voltaram a sua atencao para as ver


dades da fé reveladas pelo Evangelho, procurando penetrar-lhes o senti
do. Sem dúvida, urna das que mais se impunham á reflexáo dos fiéis, era
a questáo do relacionamento de Jesús Cristo com Deus Pai ou com o
único Deus (revelado no Antigo Testamento): seria Jesús realmente Deus
ou apenas criatura?

Após correntes que concebiam Jesús como inferior ao Pai, o


presbítero Ario de Alexandria em 312 comecou a ensinar que o Logos
(ou o Filho) era, como criatura, subordinado ao Pai; daí os nomes de sua
escola: arianismo ou subordinacionismo.

O Imperador Constantino, que concederá a paz aos cristáos medi


ante o Edito de Milao em 313, quis contribuir para a solucao da controver
sia teológica assim originada, convocando um Concilio universal para
Nicéia (Asia Menor) em 325. O Papa S. Silvestre, idoso como era, fez-se
530
OS CONCILIOS GERAIS DA IGREJA

representar na assembléia, dando-lhe a autoridade legítima. Os padres


conciliares, após acalorados debates,

1) definiram que o Filho de Deus é consubstancial ou co-essencial


(homoousios) ao Pai - o que significa que nao é criado, mas comparti-
Iha a esséncia do Pai (ou a Divindade). Esta verdade foi expressa no
Símbolo de Nicéia;

2) fixaram a data da Páscoa, que seria celebrada no primeiro do


mingo após a primeira lúa cheia da primavera do hemisferio Norte;
3) estabeleceram a ordem de dignidade dos Patriarcados: Roma,
Alexandria, Antioquia, Jerusalém.

O Papa S. Silvestre confirmou as decisoes do Concilio.


2. Concilio de Constantinopla I (381)

Após a controversia sobre a divindade do Logos, os cristáos se


voltaram para a do Espirito Santo: houve quem professasse ser o Espiri
to Santo mera criatura. O arauto principal desta tese foi Macedónio, bis-
po de Constantinopla; donde o nome de Macedonismo ou Pneuma-
tomaquismo que Ihe foi dado. O Imperador Teodósio (379-395), zeloso
da reta fé, houve por bem convocar novo Concilio Ecuménico, desta vez
para Constantinopla. Esta assembléia reuniu-se de maio a julho de 381.
Firmou tres decisoes principáis:

1) O Espirito Santo é Deus, da mesma substancia e esséncia que


o Pai e o Filho. Em conseqüéncia, o Símbolo da fé Niceno foi completado
com as palavras:

"Cremos no Espirito Santo, Senhorefonte de vida, que procede do


Pai, que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho e que falou pelos
Profetas".

2) Foram condenados todos os defensores do arianismo sob qual-


quer das suas modalidades.

3) Á sede de Constantinopla ou Bizáncio foi atribuida urna preemi


nencia sobre as demais logo após a de Roma, pois Bizáncio era conside
rada "a segunda Roma".

O Concilio de Constantinopla I nao contou com a presenca do Papa


ou de algum legado deste. Todavía foi reconhecido explícitamente pela
Sé de Roma a partir do século VI, no que concerne ás suas proposicoes
de fé (divindade do Filho e do Espirito Santo).

3. Concilio de Éfeso (431)


Após o estudo da SS. Trindade, os cristáos se detiveram sobre
Jesús Cristo: como poderia ser Deus e homem ao mesmo tempo?

531
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

Levando adiante idéias de autores anteriores, Nestório, bispo de


Constantinopla, pós-se a combater o título Theotókos, Mae de Deus,
que os cristáos desde o século III atribuíam a Maria SS... Tal título signi-
ficava que em Jesús havia uma só pessoa - a divina -, que, além de
possuirtudo o que Deus possui, dispunha de verdadeira natureza huma
na. Para Nestório, a humanidade de Jesús seria apenas o templo ou o
revestimento do Filho de Deus; a divindade teria passado por Maria, mas
nao nascera de Maria, o que implicava uma pessoa humana em Jesús
distinta da segunda pessoa da SS. Trindade. Tal doutrina causou celeuma
entre os cristáos, de modo que o Imperador Teodósio II (408-450) convo-
cou um Concilio Ecuménico a se realizar em Éfeso (Asia Menor) de ju-
nho a setembro de 431.0 Papa S. Celestino I (422-432) fez-se represen
tar por S. Cirilo de Alexandria. O Concilio de Éfeso
1) condenou e depós Nestório, rejeitando a sua doutrina. Nao ela-
borou fórmula de fé, mas aprovou a segunda carta de S. Cirilo a Nestório
e confirmou o título Theotókos;

2) condenou o pelagianismo (doutrina excessivamente otimista no


tocante á natureza humana) e o messalianismo (corrente de espiritualidade
que apregoava a total apatía ou uma Moral indiferentista).

O Papa S. Celestino I confirmou as decisóes do Concilio de Éfeso.


4. Concilio de Calcedonia (451)

O pensamento teológico, tendo superado o Nestorianismo (que


cindia Jesús Cristo, atribuindo-lhe dois eu ou duas pessoas), esteve su-
jeito a movimento pendular. Atesé da ortodoxia, que rejeitava a dualidade
de pessoas, foi exageradamente enfatizada no chamado "monofisismo"
ou "monofisitismo". Com efeíto, Eutiques de Constantinopla, adversario
de Nestório e seguidor de S. Cirilo, ultrapassou o seu mestre, ensinando
o seguinte: em Cristo, nao havia apenas uma só pessoa (um só eu), mas
havia também uma só natureza, visto que a natureza divina absorvera a
humana.

Tal posigáo suscitou ardente controversia, pois se Ihe opunham


Teodoreto de Ciro, Domno de Antioquia e o próprio Papa Leáo I (440-461).

O Imperador Marciano (450-457) convocou entáo um Concilio


Ecuménico para Éfeso, o qual, iniciado nesta cidade, foi transferido para
Calcedonia (junto a Constantínopla); durou de 8 de outubro a novembro
de 451. Sao Leáo Magno, Papa, enviou seus legados, assim como uma
carta que definía a doutrina ortodoxa: em Cristo há uma só pessoa, mas
duas naturezas (a divina e a humana) nao confundidas entre si. Tal dou
trina foi aclamada pelos padres conciliares, que condenaram Eutiques e
o monofisismo aos 25/10/451.

532
OS CONCILIOS GERAIS DA IGREJA

O Concilio de Calcedonia também se voltou para questóes discipli


nares, condenando a simonía, os casamentos mistos e proibindo as or-
denacoes absolutas (isto é, realizadas sem que o novo clérigo tivesse
determinada funcao pastoral).

Em seu famoso canon 28, o Concilio reconheceu á sé de Constanti-


nopla, a cidade imperial, os mesmos privilegios que á de Roma. O Papa S.
Leáo Magno recusou-se a aprovar este canon, visto que Roma é a sede dos
Apostólos Pedro e Paulo, ao passo que Constantinopla nao foi sede de Apos
tólo, mas derivava sua importancia do simples fato de ser sede do Imperador.
5. Concilio de Constantinopla II (553)
O Concilio de Calcedonia nao conseguiu por termo ás controversi
as cristológicas. Em 527 subiu ao trono imperial de Bizáncio Justiniano I,
que muito se interessava por assuntos teológicos; em conseqüéncia, jul-
gou que serviría á causa da verdade e da Igreja se condenasse tres auto
res do sécuio Vtidos como nestorianos: Teodoro de Mopsuéstia, Teodoreto
de Ciro e Ibas de Edessa. Originou-se assim a controversia dos Tres
Capítulos, visto que os bispos orientáis e ocidentaís assumiram atitudes
diversas diante da posicáo de Justiniano. Este constrangeu o Papa Vigílio
a ir de Roma a Constantinopla para apoiar o Imperador. Finalmente
Justiníano resolveu convocar um Concilio Ecuménico para dirimir a con
troversia. Este, reunido em Constantinopla a 2/06/553, condenou os Tres
Capítulos. O Papa Vigílio aprovou tal condenacáo depois de proclamada
pelo Concilio, dando assim foros de legitimidade tanto ao Concilio de
Constantinopla II quanto ao seu decreto condenatorio.
O Papa S. Gregorio I, em 591, confirmou o mencionado Concilio,
que foi fortemente agitado por causa da ¡ndevida ingerencia do Imperador.
6. Concilio de Constantinopla III (680/1)

O monofisítismo, que nao se extinguiu após o Concilio de Cal


cedonia, assumiu nova forma (assaz sutil) chamada monotelítismo. Este
ensínava que em Cristo havia urna só vontade (a divina) e um só princi
pio de atividade ou energía (o divino) - o que redundaría em unidade de
natureza ou monofisismo. O protagonista desta tese era o Patriarca Ser
gio de Constantinopla, ao qual se opunha Sofrónío de Jerusalém. A dis
puta suscitou, da parte do Imperador Constantino IV Pogonato (668-685),
a convocado de bispos, inclusive legados papáis, para Constantinopla;
assim teve origem mais um Concilio Ecuménico (7/11/680 a 16/09/681).
O monotelitismo foi entáo condenado e afirmou-se a existencia, em Cris
to, de duas vontades (a divina e a humana) moralmente unidas entre si, e
de dois principios de atividade.

Os Papas S. Agatáo (678-681) e Sao Leao II (682-683) confirma-


ram as sentengas do Concilio.

533
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

7. Concilio de Nicéia II (787)

O Concilio de Constantinopla III encerrou a serie de controversias


teológicas sobre Jesús Cristo, sua Divindade e sua humanidade; os pon
tos essenciais referentes á SS. Trindade e á Encamagáo do Filho esta-
vam definidos. Todavía os teólogos nao cessaram de estudar as verda
des da fé. Novo motivo de disputas veio a ser o uso de imagens ñas
¡grejas, dando ocasíáo á controversia iconoclasta.

Desde os primeíros séculos os cristáos costumavam pintar e es


culpir as figuras de Cristo e dos santos, nao a fím de adorá-las, mas no
intuito de melhor poder voltar sua atengao para o Senhor e seus irmáos
mártires ou confessores da fé. Todavía, sob a influencia do judaismo e do
islamismo, houve cristáos no século VIII que se puseram a combater o
uso das imagens; os Imperadores Leáo III o Isáurico (717-741),
Constantino V Coprónimo (741-775), Leáo IV (775-780) favoreceram o
iconoclasmo. O principal defensor das imagens foi Sao Joáo Damasceno
(t 749), que, juntamente com outros cristáos, padeceu ardua persegui-
gáo por causa de sua fidelídade á Tradicáo crista. Morto Leáo IV, a rai-
nha-máe regente, que patrocinava o culto das imagens, resolveu, de co-
mum acordó com o Papa Adriano I (772-795), convocar um Concilio
Ecuménico para Nicéia. Este realizou-se de 24/09 a 23/10/787; foi entáo
Iida a carta do Papa ao Patriarca Tarásio de Constantinopla e a Irene em
favor das imagens; o Concilio declarou outrossim que reconhecia a inter-
cessáo de Maria, dos anjos e dos santos, assim como o culto da Cruz e
das imagens; tal culto seria relativo ao Senhor Jesús e aos santos, de
modo tal que ao primeiro (Jesús Cristo) se prestaría adoragáo e aos
santos veneragao.

Após o Concilio, a luta ainda continuou, salientando-se entáo o


patriarca Nicéforo de Constantinopla e o monge Teodoro Studita como
defensores das imagens.

No Ocidente o Imperador Carlos Magno (800-814) mostrou-se pro


picio ao iconoclasmo, o que nao teve graves conseqüéncias na vida do
povo cristáo.

8. Concilio de Constantinopla IV (869/870)

A exposicao até aqui mostra como os cristáos orientáis eram pro


pensos a discussóes teológicas, ás vezes de índole sutil. Tais controver
sias punham nao raro o Oriente em confronto com o Ocidente, especial
mente com a sé de Roma, onde havia menos acume dialético.

As tensSes foram, a partir de 859, alimentadas pela atitude do pa


triarca Fócio de Constantinopla. Este em 867 reuniu um Sínodo em Cons
tantinopla, que, sob a inspiragáo de Fócio, proferiu a condenacáo da sé
de Roma. Entáo o Papa Adriano II (867-872) e o Imperador Basilio I (867-

534
OS CONCILIOS GERAIS DA IGREJA

886) entenderam-se sobre a convocado de um Concilio Ecuménico, que


teve lugar em Constantinopla de 5/10/869 a 28/02/870; os padres conci
liares assinaram um documento que prescrevia a todos a submissáo á
Igreja de Roma, "na qual a fé sempre se conservou sem mancha". Fócio
foi condenado por fomentar o cisma. O Concilio reafirmou outrossim a
ordem de precedencia das cátedras patriarcais: Roma, Constantinopla,
Alexandria, Antioquia, Jerusalém.

O culto das imagens foi confirmado.

O Papa Adriano II aprovou as decisóes do Concilio.


9. Concilio de Latrao I (1123)

Com o Concilio de Constantinopla IV termina a serie dos Concilios


Ecuménicos realizados no Oriente. Em 1054 deu-se o cisma de Constan
tinopla, que perdura até hoje (excetuados breves períodos de reatamen-
to). De entáo por diante, os Concilios Ecuménicos seráo todos celebra
dos no Ocidente.

Nos séculos X e XI, a Igreja latina sofreu do mal da ingerencia do


poder político na distribuicao dos bispados; os Imperadores e os senho-
res feudais queriam nomear os prelados de acordó com os seus interes-
ses políticos, praticando assim o que se chama "a investidura leiga"; á
autoridade eclesiástica tocaría apenas dar a ordem sacra ao candidato
designado exclusivamente pelo poder civil. Como se compreende, desta
prática resultavam bispos sem vocacao pastoral e, conseqüentemente, o
clero se ressentia de relaxamento da respectiva disciplina; havia outros
sim simonía e nícolaismo1. Em Roma, a própria cátedra de Pedro era
cobicada pelas familias nobres da cidade e das redondezas, que tenta-
vam impor-lhe os seus favoritos.

Com o Papa Gregorio Vil (1073-85) comecou a forte réplica da


Igreja a tal situacáo ou a luta do sacerdocio e do Imperio, que redundaría
em fortalecimento do Papado. Em 1122 o Papa Calixto II (1119-1124) e o
Imperador Henrique V assinaram a Concordata de Worms, que assegu-
rava á Igreja plena líberdade na escolha e ordenacáo de seus bispos. Tal
resultado foi promulgado pelo Concilio do Latrao I, convocado pelo Papa
Calixto II para Roma e celebrado de 18/03 a 16/04/1123 por cerca de
trezentos bispos e abades.

Os cánones definidos pelo Concilio versavam todos sobre a disciplina


eclesiástica. Com efeito, voltaram-se contra a simonía, o nicolaísmo e proibi-
ram a ordenacao de bispos que nao tivessem sido escolhidos canónicamente.

1 A palavra nicolaismo designa o concubinato do clero, que os medievais julgavam


estivesse indiretamente mencionado em Ap 2, 6.15, onde há referencia aos seguido
res de Nicolau.

535
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

Em particular no tocante ao celibato sacerdotal, note-se que desde


os primeiros séculos foi abracado espontáneamente pelos clérigos; o
Concilio de Elvira {Espanha), por volta de 306, foi o primeiro a promulgar
tal praxe em ámbito regional; no decorrer dos séculos subseqüentes
Concilios regionais confirmaram o celibato dos clérigos. O Concilio do
Latráo I nao criou a lei do celibato, mas apenas corroborou a legislacáo
vigente ñas diversas regioes da Igreja, usando os seguintes termos:
"Proibimos expressamente aos presbíteros, diáconos e subdiáconos
viver com concubinas e esposas como coabitar com outras mulheres;
excetuam-se apenas aquetas com as quais o Concilio de Nicéia permitiu
habitar únicamente por motivo de necessidade, a saber: mae, irma, tia
paterna e outras a respeito das quais nao pode haver suspeita".
As decisoes do Concilio do Latráo I foram confirmadas pelo Papa
Calixto II.
10. Concilio do Latráo II (1139)
Este dista do anterior apenas dezesseis anos. Foi convocado pelo
Papa Inocencio II (1130-1143) para reafirmar a unidade e a disciplina da
Igreja após o cisma do antipapa Anacleto II. Na verdade, em 1130, quan-
do morreu o Papa Honorio II, foi eleito o Papa legítimo Inocencio II; toda
vía urna faccao elegeu iiegitimamente Pedro de Leáo como antipapa
Anacleto II. Este conseguiu prevalecer em Roma - o que levou Inocencio II
a deixar a cidade eterna. Sao Bernardo, tendo reconhecido Inocencio
como Pontífice legítimo, moveu reis, nobres e todo o povo de Deus a
apoiarem o Papa. Este conseguiu voltar a Roma em 1133; finalmente,
Anacleto faleceu aos 25/01/1138. Foi entáo que Inocencio, desejoso de
consolidar a unidade da Igreja, reuniu mais de quínhentos bispos e aba
des no Concilio do Latráo II, de 4 a 30/04/1139. Esta assembléia corrobo
rou os cánones dos Concilios regionais anteriores, proibindo a simonía e
o nicolaísmo; aos clérigos vetou outrossim o exercício da medicina e da
advocada. Rejeitou a usura ou os juros; quem cedesse a esta prática,
seria tido como infame.

Os decretos do Concilio foram confirmados por Inocencio II.

11. Concilio do Latráo III (1179)

A luta da Igreja medieval contra os Imperadores, de um lado, e


contra males internos, de outro lado, prosseguiu mesmo após os Conci
lios anteriores.

Alexandre III teve um pontificado longo (de 1159 a 1181), durante o


qual quatro antipapas se sucederam por instigacáo dos Imperadores
germánicos, especialmente de Frederico I Barbarroxa (1152-1190). Eram
Vitor IV (1159-64), Pascoal III (1164-68), Caliste III (1168-78), Inocencio III

536
OS CONCILIOS GERAIS DA IGREJA

(1178-80). Durante o mesmo pontificado agravou-se o movimento dos


Cataros ou aibigenses, hereges dualistas, que assoiavam regides do Norte
da Italia e do Sul da Franga.

No final do seu pontificado Alexandre III quis reunir um Concilio


Ecuménico para tomar as providencias exigidas pelas circunstancias. Tal
assembléia se reuniu na basílica do Latrao de 5 a 19 de margo de 1179.
Entre outras medidas promulgadas entáo, destacam-se

- a regulamentacao das eleigoes papáis; doravante seriam exigi


dos 2/3 dos votos, ficando excluido quaiquer recurso a autoridades le¡-
gas para dirimir dúvidas oriundas no processo eleitoral;

- rejeigáo do acumulo de beneficios ou fungoes dentro da Igreja


por parte de urna só pessoa;

- recomendacáo da disciplina da Regra aos monges e aos cavalei-


ros regulares, que interferiam indevidamente no governo da Igreja;

- promogao e organizagáo do ensino, em favor de estudantes que


nao pudessem pagar seus mestres;

- condenagáo das heresias da época, que tinham um fundo dualista


(catarismo) ou de pobreza mal entendida (a Pattária, o movimento dos
Pobres de Liáo ou Valdenses).

O Papa Alexandre III confirmou as decisoes do Concilio.

12. Concilio do Latrao IV (1215)

O pontificado de Inocencio III (1198-1216) representa o apogeu do


prestigio papal em toda a historia da Igreja.

Ao termo da sua gestáo, marcada, entre outras coisas, pelo surto


das Ordens mendicantes, pelo combate aos aibigenses, pela interven-
gao em questóes da Igreja da Inglaterra..., Inocencio III quis reunir um
Concilio Ecuménico. Convocado desde 19/04/1213 para abrir-se a 1 °/11 /
1215, o Concilio teve sua primeira sessáo aos 11/11/1215, com a presen-
ga de 412 bispos, 800 abades e Superiores de Ordens Religiosas, em-
baixadores de reis e nobres, que perfaziam urna bela imagem da grande
za da Igreja governada por Inocencio. O Concilio decretou

- a condenagáo dos aibigenses e valdenses, assim como a dos


erras de Joaquim de Fiore, que esperava o fim do mundo para breve,
apoiando-se em falsa exegese bíblica; o Concilio professou a existencia
dos demonios como sendo anjos bons que abusaram do seu livre arbitrio
pecando;

- a realizagáo de mais urna cruzada para libertar o Santo Sepulcro


de Cristo, que se achava ñas máos dos mugulmanos;

537
10 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

- a profissáo de fé na Eucaristía, tendo sido entáo usada a palavra


"tra nsubsta nciacáo";

- a obrigacáo da confissáo e da comunháo anuais.

O Concilio legislou ainda sobre varios pontos da disciplina e da


Liturgia da Igreja, abrangendo ampia área da vida eclesial. Aprovado pelo
Papa Inocencio III, é o mais importante dos Concilios Ecuménicos reali
zados no Ocidente antes do de Trento.

13. Concilio de Liáo I (1245)

Ao grande Papa Inocencio III sucederam-se Honorio III (1216-1227),


Gregorio IX (1227-1241), Celestino IV (1241), Inocencio IV (1243-1254).
Este periodo foi, sem dúvida, glorioso para o Papado, mas caracterízou-
se pela recrudescencia da luta entre o Sacerdocio e o Imperio. Na Ale-
manha, o Imperador Frederico II (1215-50) foi pessoa marcante; afilhado
do Papa Inocencio III, teve urna corte de soberano oriental ou sultáo,
dada ao luxo desenfreado e um tanto recoberta pelo véu do misterio.

Inocencio IV, sentindo-se inseguro em Roma, transferiu sua resi


dencia para Liáo na Franca, onde poderia contar com a tutela do rei Sao
Luís IX. Lá o Papa quis reunir os bispos da Igreja universal para conside
rar o procedimento do Imperador, as invasoes dos árabes e dos mongóis
no Oriente e a reuniáo dos cristáos gregos com os latinos. O Concilio
durou de 28/06 a 17/07/1245, limitando-se quase únicamente a ouvir o
depoimento de Tadeu de Suessa, delegado do Imperador; após o que o
monarca foi excomungado.

14. Concilio de Liáo II (1274)

Após Frederico II a luta entre o Sacerdocio e o Imperio declinou - o


que levou Gregorio X (1271-1276), um santo Pontífice, a procurar o rea-
tamento de cristáos bizantinos e ocidentais. Para tanto, escreveu ao Im
perador Miguel VIII o Paleólogo, de Constantinopla, mostrando-lhe que a
reuniáo de todos os cristáos fortalecería a presenca dos mesmos no Ori
ente. O Imperador Miguel mostrou-se disposto a aceitar a uniáo com
Roma, apesar dos protestos de dignitários da corte bizantina. Por isto,
enviou legados a Liáo, aonde o Papa convocara todos os bispos da Igre
ja. O Concilio durou de 7/05 a 17/07/1274. Conseguiu realmente a reu
niáo de latinos e bizantinos sob o primado do Papa.

A fim de evitar as constantes intervencóes políticas de Imperado


res e nobres na eleicáo dos Papas, o Concilio promulgou novas medidas
para garantir a liberdade dos eleitores, entre as quais a prescrigáo de
permanecerem em local fechado a chave ou conclave.

O Papa Gregorio X abriu e encerrou o Concilio, dando plena apro-


vacáo aos seus atos.

538
OS CONCILIOS GERAIS DA IGREJA

15. Concilio de Viena-Franga (1311-12)

O Papa Clemente V (1305-1314) teve que enfrentar o rei da Franca


Filipe IV o Belo, que representava, na época, o surto do absolutismo dos
monarcas independentes do Sacro Imperio Romano.

O rei cobícava os bens da Ordem dos Templarios. Esta era consti


tuida por cavaleiros que, mediante votos religiosos, se consagravam a
Deus e se comprometiam a defender os peregrinos da Térra Santa. No
fim do século XIII os Templarios haviam perdido a sua finalidade especí
fica de cavaleiros; enriquecidos por ddacóes, comecaram a provocar a
ambicao do rei. Este entao pós-se a pressionar o Papa, levando-lhe acu-
sacóes contra os Templarios, a fim de obter a extíncáo da Ordem. Cle
mente V, nao querendo assumir a sos a responsabilidade de tal atitude,
convocou para 16 de outubro de 1311 o Concilio Ecuménico de Viena
(Franga); o local se deve ao fato de que os Papas residiam em Avinhao
desde 1305. -Aassembléia se reuniu até 6/05/1312. Acabou cedendo ás
instancias da situacao criada pelo rei, declarando supressa a Ordem dos
Templarios. Estiveram na pauta conciliar também os Franciscanos, dos
quais urna corrente, dita "dos Espirituais", alimentava idéias exageradas
ou mesmo heréticas sobre a maneira de viver a pobreza. O franciscano
Pedro Olivi foi outrossim condenado por sua doutrina, que admitia no ser
humano elementos intermediarios entre a alma e o corpo.

O Papa Clemente V confirmou as decisóes do Concilio.

16. Concilio de Constanga (1417)

A crescente ingerencia da Franca na historia do Papado levou nao


somente ao exilio de Avinháo (1305-1378), já mencionado anteriormen
te, mas também ao Grande Cisma do Ocidente. Com efeito, quando o
Papado voltou a fixar residencia em Roma no ano de 1378, o primeiro
conclave realizado na Cidade Eterna elegeu o Papa Urbano VI (1378-
89), ao qual um grupo de Cardeais, influenciado pelo rei da Franca, opós
o antipapa Clemente Vil (1378-94), que ocupou a sede de Avinhao. Hou-
ve entao, daf por diante, duas obediencias na Igreja: a de Roma, auténti
ca, e a de Avinháo, espuria. Desejosos de remediar a este mal, varios
Cardeais e bispos se reuniram em Pisa num "pseudo-Concílio ecuménico"
de 1409; declararam depostos o Papa e o antipapa e elegeram Alexan-
dre V, que se tornou o segundo antipapa, com sede em Pisa.

A situacao perplexa assim oriunda foi superada aos poucos pela inter-
vencáo do Imperador Sigismundo (1410-37). Este resolveu convocar um
Concilio para Constanga em 1414. Tal assembiéia nao era legítima, pois se
reunía sem a aquiescencia do Papa ou do bispo de Roma; os bispos e teó
logos reunidos comecaram por afirmar o conciliarismo ou declarar (¡legíti
mamente) a supremacía do Concilio Ecuménico sobre o Papa, de tal modo

539
12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

que o Romano Pontífice deveria submeter-se ás decisoes do Concilio. Em


conseqüéncia, depuseram o antipapa Joáo XXIII. Quanto a Gregorio XII, o
Papa legítimo, resolveu convocar os Padres Sinodais reunidos em Constanca,
para que doravante pudessem constituir auténtico Concilio Ecuménico; ten-
do os referidos bispos aceito o mandato, Gregorio XII renunciou ás funcoes
papáis, de modo que a cátedra de Pedro ficou vacante. Por sua vez, Bento
XIII, o antipapa residente na Catalunha, foi deposto pelo Concilio. - Estava
assim aberta a via para a legítima eleicáo do sucessor de Gregorio XII. O
novo Papa foi finalmente escolhido aos 11/11/1417 com o nome de Martinho V.

O Concilio de Constanca só se tornou legítimo a partir da sua 36a.


sessáo, ou seja, depois que Gregorio XII Ihe conferiu autoridade para
agir. Donde se vé que a apología de conciliarismo feita anteriormente
nao tem valor teológico ou jurídico. Após a eleicáo de Martinho V, os
padres conciliares aínda condenaram a doutrina de Joáo Wiclef, Joáo
Hus e Jerónimo de Praga, que eram precursores de Lutero. Tomaram
medidas relativas á disciplina do clero e estipularam que periódicamente
se realizariam Concilios Ecuménicos para atender ao governo da Igreja.

17. Concilio de Ferrara-Florenca (1438-1445)

Martinho V, desejoso de continuar a obra dos Concilios anteriores,


convocou um Concilio Ecuménico para Basiléia (Suíca) em 1431. Eis,
porém, que os padres em Basiléia reafirmaram o conciliarismo, rejeitado
anteriormente - o que provocou conflitos entre a assembléia de Basiléia
e o sucessor de Martinho V, que era Eugenio IV. Em conseqüéncia, este
Papa resolveu dissolver o Concilio de Basiléia e convocar outro para
Ferrara em 1438; esta assembléia teria por principal objetivo promover a
reuniáo de gregos e latinos.

O Concilio de Ferrara, aberto aos 10/01/1438, contou com a pre-


senca do Imperador bizantino Joáo o Paleólogo e de sua comitiva.
Desabonou as resolucóes do Concilio de Basiléia. A peste tendo surgido
em Ferrara, o Papa Eugenio IV transferiu a assembléia para Florenca. O
tema principal dos estudos foi a extincáo do cisma: após prolongadas
conversacoes, os conciliares puseram-se de acordó sobre os pontos te
ológicos e disciplinares controvertidos, o que deu ensejo á Bula Laetentur
caeli de 06/07/1439. Também voltaram á unidade da Igreja cristáos
monofisitas (coptas, etíopes e armenios).

Em fins de 1442, já tendo partido os gregos, o Papa transferiu o


Concilio para Roma. Nesta cidade, ainda voltaram á unidade da Igreja os
monofisitas da Mesopotámia, alguns grupos de nestorianos (caldeus) e
de maronitas (monotelitas) da ilha de Chipre.

Infelizmente, a uniáo com Bizáncio foi efémera, pois os prelados


do Patriarcado de Constantinopla se recusaram a aceitá-la.

540
OS CONCILIOS GERAIS DA IGREJA 13

18. Concilio do Latráo V (1512-1517)

A vida da Igreja, após o Concilio de Ferrara-Florenca, viu-se agita


da por causas diversas: persistencia de correntes conciliaristas, que eram
fomentadas pelos monarcas desejosos de criar Igrejas nacionais inde-
pendentes de Roma...; além do que, havia necessidade de serias medi
das disciplinares.

Diante disto, o Papa Julio II convocou mais um Concilio Ecuménico,


que foi inaugurado aos 03/05/1512 e só se encerrou aos 16/03/1517 sob
o pontificado do Papa Leáo X. Condenou a Pragmática Sancáo de
Bourges, declaracáo que favorecía a criacáo de urna Igreja Nacional de
Franca. Com isto o conciliarismo foi mais urna vez rejeitado. Em lugar de
tal documento, a Santa Sé e a Franca assinaram urna Concordata que
regulamentava as relacoes entre os dois Estados.

No setor doutrinário, o Concilio tomou posicáo de grande impor


tancia, condenando a tese segundo a qual a alma humana é urna só para
todos os homens; tal tese, segundo o seu autor Pietro Pomponazzi, seria
verídica no plano filosófico, aínda que falsa no plano teológico. - Foram
outrossim tomadas medidas disciplinares relativas ao clero (seus estu-
dos e sua formacao) e á pregacáo; exigiu-se o Imprimatur para livros
que versassem sobre fé ou teología; seria queimado todo livro nao muni
do da devida permissáo.

Infelizmente, as resolucóes do Concilio, oportunas como eram, nao


encontraram eco nos diversos países católicos, poís o clima da época,
bafejado por cultura paga, dificultava urna seria e profunda conversáo
dos crístáos. Como quer que seja, o Concilio do Latrao V preparou a
grande Reforma da Igreja, promulgada pelo de Trento.

19. Concilio de Trento (1545-47,1551-52, 1562-63)

Este foi o mais importante Concilio de toda a historia, importancia


esta que se explica pela problemática que enfrentou (a Reforma protes
tante) e as solucoes que adotou.

Pouco depois de lancar o seu brado de protesto contra a Igreja em


1517, Lutero apelou para a realizacáo de um Concilio Ecuménico que
considerasse os pontos por ele lancados em rosto á Igreja.

Todavía este apelo só comegou a encontrar resposta sob o pontifi


cado de Paulo III (1534-1549). As razóes do adiamento eram varias: o
Papa Leáo X nao deu grande importancia ao gesto de Lutero; além disto,
havia certa resistencia, da parte dos clérigos, a urna reforma dos costu-
mes na Igreja; ademáis a situacáo geral da Europa era de agitacáo política.

Foi precisamente a agitagáo religiosa e política da Europa que cindiu


a realizacáo do Concilio em tres etapas na cidade de Trento:

541
14 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

A primeira fase (1545-47) definiu mais urna vez o canon da S. Es


critura e declarou a Vulgata latina isenta de erros teológicos. Abordou as
questoes discutidas sobre o pecado original, a justificacáo, os sacramen
tos, a residencia dos bispos ñas respectivas dioceses. A peste tendo co-
mecado a grassar em Trento, o Papa transferiu o Concilio para Bolonha.
O Imperador Carlos V tendo-se oposto a esta determinacáo, foi necessá-
rio suspender o Concilio.

A segunda fase continuou em Trento (1551-52) sob o Papa Julio III


(1550-55). Promulgou longa exposicáo e cánones sobre a Eucaristía (pre-
senga real, transubstanciacáo, culto...). Algo de semelhante ocorreu no
tocante ao sacramento da Penitencia (necessidade, partes essenciais,
satisfacáo) e ao da Uncáo dos Enfermos (origem, efeitos, ministro, sujei-
to...). O Concilio, aos 28/04/1552, foi mais urna vez suspenso por motivo
de pressóes políticas.

O Papa Pió IV (1159-1565) reabriu o Concilio aos 18/01/1562. Esta


terceira fase reafirmou as verdades referentes ao S. Sacrificio da Missa,
aos sacramentos da Ordem, do Matrimonio, ao purgatorio, á invocacao
dos santos, ás imagens e as indulgencias. Promulgou também resolu-
coes a respeito dos Religiosos e das monjas.

Pela Bula Benedíctus Deus (26/01/1564) Pió IV confirmou todos


os textos conciliares, dando por encerrado o Concilio, que havia de mar
car profundamente o catolicismo dos tempos modernos.

20. Concilio do Vaticano I (1869-70)

Após o Concilio de Trento, a tendencia ao esfacelamento dos valo


res da Idade Media mais e mais se fez sentir. A Revolucáo Francesa
(1789) significou o brado da razáo e do nacionalismo contra a fé. Seguiu-
se o sáculo XIX, que foi marcado pelo materialismo e o ateísmo fora da
Igreja, e dentro da Igreja pelos ecos das tendencias conciliarístas e do
separatismo, que solapavam a autoridade papal e a unidade da Igreja.
Foram estes fatores que induziram o Papa Pió IX (1846-78), aconselha-
do por eminentes figuras do episcopado e do laicato católicos, a convo
car o 20° Concilio Ecuménico para o Vaticano. A grande assembléia de
764 padres conciliares se reuniu de 8/12/1869 a 20/10/1870, tendo por
objetivo fazer frente ao racionalismo do século XIX, como o Concilio de
Trento fizera frente ao protestantismo do século XVI.

Infelizmente o Concilio foi suspenso (nao encerrado, porém) prema


turamente por causa do inicio da guerra franco-alema em setembro de 1870.
Promulgou, porém, duas Constituicoes Dogmáticas de real importancia:

- urna, a Dei Filius, sobre a fé católica ensina que Deus se revela


através da criacao como também através de Jesús Cristo; por conse-

542
OS CONCILIOS GERAIS DA IGREJA 15

guinte, pode ser reconhecido tanto pela razáo como pela fé, as quais nao
podem estar em desacordó entre si;

- a outra, a Pastor Aeternus, referente á Igreja, definiu a infalibili-


dade do Pontífice Romano quando fala ex cathedra sobre assuntos de
fé e de Moral.

O Concilio trataría também dos bispos e dos demais membros da


Igreja se nao tivesse sido ¡nterrompído abruptamente. Tal tarefa haveria
de ser a do Concilio do Vaticano II.

21. Concilio do Vaticano II (1962-65)

Como dito, o Concilio do Vaticano I ficou incompleto, deixando em


suspenso diversas questóes teológicas e pastorais.

Os Papas desde Sao Pío X (1903-14) pensaram em reativar os


trabalhos do Concilio; todavía as circunstancias nao favoreciam tarefa de
tal envergadura. Foi a coragem do idoso Papa Joáo XXIII (1958-63) que
convocou o 21° Concilio Ecuménico da historia aos 25/01/1961. Este
certame foí inaugurado aos 11/10/1962 sob Joáo XXIII, e encerrado aos
7/12/1965, sob o Papa Paulo VI.Tinha em mira, de modo geral, realizar o
aggiornamento ou a atualizacao da Igreja numa época em que os cos-
tumes e as mentalidades evoluem com rapidez surpreendente. O alcan
ce deste Concilio foi enorme: sem perder o contato com a Tradicáo, os
padres conciliares promulgaram dezesseis documentos (Constituigoes,
Decretos, Declaracoes), que levaram em consideragao os principáis te
mas que se impunham á reflexáo da Igreja. O Concilio teve índole emi
nentemente pastoral, isto é, visou á vida crista e á sua disciplina, em vez
de se voltar para definigoes de fé ou de Moral. A abertura equilibrada dos
documentos conciliares pode ser percebida em seus tragos marcantes:

- renovagáo da Liturgia, que deveria ser celebrada em estilo mais


comunitario e acessivel aos fiéis.

- reafirmagáo da Igreja como sacramento, estruturado por Pedro e


a hierarquia, sem deixar de responsabilizar, na medida precisa, todo o
povo de Deus;

- abertura para os demais cristaos (protestantes, ortodoxos e ou-


tros) que nao se acham em plena comunháo com a Igreja de Cristo en
tregue a Pedro e seus sucessores;

- declaragáo sobre as religioes nao cristas, ñas quais os padres


conciliares realgaram a existencia de elementos positivos;

- declaragáo sobre a liberdade religiosa, que significa o direito,


inerente a todo homem, de formar livremente a sua conscíéncia diante
de Deus e da fé;

543
16 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

- tomada de posicáo da Igreja frente as diversas facetas que o


mundo de hoje Ihe apresenta: familia, comunidade política, economía,
cultura, paz e guerra...

Em síntese, pode-se dizer que o Concilio do Vaticano II foi urna


das mais significativas realizacóes da Igreja nos tempos modernos, por
tadora de ampias conseqüéncias (das quais algumas foram menos feli-
zes em virtudé de falsa compreensáo dos textos e da mente dos padres
conciliares).

CONCLUSÁO
Quatro observacoes parecem oportunas á margem da historia dos
Concilios:

1) Os Concilios refletem nítidamente a historia da Igreja e seus


embates. Foram solenes assembléias em que a Igreja comunitariamente
se voltou para os desafios que a caminhada através dos tempos Ihe sus
citava. As decisóes dos Concilios, por isto, háo de ser tidas e compreen-
didas sempre á luz do respectivo contexto histórico.

2) Os primeiros Concilios eram convocados pelos Imperadores e


nao pelo bispo de Roma ou o Papa. A Igreja, em seus primeiros séculos,
embora fosse confiada a Pedro, nao podia ter governo táo centralizado
como o teve a partir da Idade Media, visto que as comunicacoes eram
outrora difíceis entre Oriente e Ocidente. Contudo, para que as defini-
?6es dos Concilios tivessem autoridade, foi sempre necessárío que o
bíspo de Roma as aprovasse e confirmasse. Nenhum Concilio tem poder
de decisáo sem a participacáo e o apoio do Papa, ainda que esta aprova-
cáo Ihe seja dada depois de realizado o Concilio.

3) A teoría conciliarista, que pretendía estabelecer os Concilios áci


ma dos Papas, nao representava o pensamento tradicional da Igreja e,
por isto, nao prevaleceu. Violava o conceito de Igreja, sacramento e dom
de Deus, em favor da concepcáo de Igreja, sociedade meramente huma
na ou "república".

4) Quem estuda a historia dos Concilios (infelizmente a que vai


proposta nestas páginas, teve de ser resumida ao extremo), tem a oca-
síao de reconhecer a agao de Deus entre os homens. A Igreja subsiste
até hoje nao por causa dos valores dos homens que a integram (estes
valores exístiram e existem, sem dúvida!), mas por causa da presenca
eficaz de Deus que a sustenta através dos séculos.

O ÍNDICE GERAL DE PR 1957-2003 PODE SER SOLICITADO Á


ED. LUMEN CHRISTI (ENDEREQO NA 2a CAPA DESTE FASCÍCULO)

544
Historiografía fiel?

ANTIGO TESTAMENTO:
LENDAS OU HISTORIA REAL?

Em síntese: O artigo dá continuidade a quantojá foi escrito em PR


485/2002, 445ss, apontando as figuras de Moisés e Davi como fidedig
nas e realcando a referencia ao pagamento em sidos nos episodios an
teriores ao ano 600 a.C. (as primeiras moedas foram cunhadas pelos
persas nessa data aproximadamente).
* * *

É discutida a historicidade de personagens e episodios do Antigo


Testamento, visto que as escavacóes arqueológicas nem sempre confir-
mam os relatos bíblicos. Em PR 485/2002, pp. 445ss foi abordada a his
toria dos Patriarcas, que, considerada á luz de certos indicios, aparece
digna de crédito. Prosseguiremos o estudo, levando em conta as figuras
de Moisés, Davi e a referencia ao sido1.

1. Moisés

Embora tenha desempenhado papel importante no Egito do século


XIII a.C, Moisés é totalmente desconhecido fora do mundo bíblico; don
de a pergunta: por que nada se encontra a respeito dele ñas inscricoes e
nos documentos do Egito? Terá realmente existido? - Para entender este
silencio, levem-se em conta dois fatores:

a) os faraós mandavam gravar as suas facanhas heroicas ñas pe-


dras de seus templos: os administradores confeccionavam listas de re-
ceitas e despesas..., mas nos templos do Egito nunca se registravam
desastres, como seriam a perda de trabalhadores que confeccionavam
ladrilhos ou a tragedia das tropas impedidas de atravessar o Mar Verme-
Iho...

b) Mais: para escrever, os egipcios usavam papiro, materia que se


deteriorava na umidade do país; eram bem conservados os rolos de pa
piros enterrados ou guardados em túmulos. Por conseguinte nao causa
surpresa o silencio relativo a Moisés no documentário do Egito.

1 Estas páginas muito devem ao artigo de Alan Millard: La arqueología y la fiabilidad


de la Biblia, na revista ECCLESIA 2004-2, pp. 147-156.

545
18 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

2. Davi

O rei Davi (1010-970) foi muito importante em sua época nao so-
mente por sua atuacáo em Israel, mas também por sua projecáo fora do
país. Nao obstante, as fontes literarias dos povos vizinhos nao o mencio-
nam; daí a questao: terá existido mesmo?

Em resposta note-se que naquela época (por volta do ano 1.000


a.C.) os egipcios nao se interessavam por assuntos de fora das suas
fronteiras. Quanto á Assiria, estava ocupada em debelar as tribos
aramaicas que se agitavam e tinham invadido a Babilonia, além de terem
fundado o reino de Damasco. No tocante a Tiro, sabe-se que os seus reis
foram amigos de Israel, mas também nos documentos de Tiro nao há
referencia a Davi. Nem este fato causa estranheza, pois Tiro é cidade,
ainda hoje existente, de cujo passado quase nada se sabe; nao apresen-
ta ¡nscrigao alguma de seus próprios reis. Por isto nao causa especie o
silencio sobre o rei Davi.

Recentemente foi descoberto em Tel Dan (fronteira setentrional de


Israel) um fragmento de tábua de pedra portadora de inscricoes em
caracteres fenicios: registra a vitória de um rei cujo nome se perdeu pela
fragmentagao da pedra; poderia ser Razael de Damasco: venceu "um rei
da Casa de Davi". Estes dizeres dio testemunho de que, por volta de 849
a.C, havia urna dinastía fundada por um rei chamado Davi. Tem-se as-
sím urna referencia extra-bíblica ao rei Davi e a sua descendencia.

É importante considerar ainda a armadura com que Davi se muniu


para enfrentar o gigante Golias (1Sm 17, 5-7). "Cobria a cabeca com um
capacete de bronze; vestía urna couraca de escamas que pesava cinco
mil sidos de bronze e trazia as pernas protegidas por peneiras de bronze
e um escudo de bronze entre os ombros. A haste de sua langa era como
urna travessa de tear e a ponta de sua langa pesava seiscentos sidos de
ferro".

No trecho ácima aparece quatro vezes a palavra "bronze" e urna


vez o vocábulo "ferro". Este pormenor oferece valiosa pista para se defi
nir a data do relato. Com efeito, se este tívesse sido redígido em época
tardía, ou seja, no século Vil a.C. ou depois, a proporgáo dos metáis seria
estranha, pois entao a armadura de um guerreiro sería de ferro; o bronze
seria antiquado, ao passo que no século XI a.C. (época de Daví), o bron
ze era habitual e o ferro ainda era urna novidade reservada a casos espe
ciáis, como seria o da ponta da langa. Um escritor que redigisse um rela
to ficticio sobre Davi 400 anos após a morte deste, nao teria conhecimen-
to de tais minucias. Pergunta-se entáo: se o episodio da luta de Davi

546
ANTIGO TESTAMENTO: LENDAS OU HISTORIA REAL? 19

contra Golias é digno de crédito, por que nao o seria a narrativa de outras
facanhas do rei Davi?1

3. Sidos e Moedas

Do livro do Génesis até os livros dos Reis nao há referencia a mo


edas: esta só ocorre nos livros posteriores ao exilio (587-538 a.C); usa-
va-se a palavra "sido", que significava anéis ou barras de ouro e prata,
com os quais se fazia o comercio. Assim Abraao comprou o campo de
Efron por 400 sidos de prata, a fim de lá enterrar sua esposa Sara; cf. Gn
23, 16; o ciclo era posto na balanga ou pesado. Verdade é que em 1Cr
29, 7 se diz que Davi pagou com moedas; isto se explica pelo fato de
terem sido os livros das Crónicas escritos após o exilio. As primeiras
moedas foram cunhadas e postas em circulac.áo pelos persas no ano de
600 a.C. aproximadamente. Será lícito entáo concluir que o uso da pala
vra "sido" é sinal de que os mencionados livros foram escritos em época
remota, como relatos históricos e nao como produtos de ficgao literaria.

Em conclusáo seja dito: o conjunto dos indicios catalogados neste


Módulo fundamenta satisfatoriamente a tese de que a historiografía do
Antigo Testamento é digna de crédito.

4. Salomáo

No tocante ao rei Salomáo (970-930), a arqueología é sobria; os


arqueólogos estáo divididos. Aplicando o método do Carbono 14, varios
pesquisadores afirmam nada ter encontrado que corresponda ao briiho
do reinado de Salomáo: ativídade literaria, monumentos, inscrigóes... O
esplendor atribuido aos tempos de Salomáo terá ocorrido no reinado de
Omri e no de seus sucessores que reinaram na Samaría após o cisma
das dez tribos. Tal sentenca é contestada por autores que julgam impre
ciso o método do Carbono 14 tal como foi aplicado pelos colegas.

A questáo fica aberta. Veja-se a respeito o artigo de Hubert


Lepargneur intitulado "Contestacáo sobre Salomáo" em ATUALIZACÁO
n° 308 maío-junho 2004, pp. 217-228.

1 A bem da verdade. deve-se dizer que, conforme 2Sm 21, 18, foi Elcaná, filho de
Jair, quem matou Golias; "a madeira de sua langa era como cilindro de tear". O autor
de 1Cr 20, 5 tenta conciliar as duas tradigóes dizendo que Elcaná, filho de Jair,
matou Lacmi, irmáo de Golias.

547
Clise de fé:

"CARTA A MARÍA DOS ANJOS


QUANDO COMEQAVA A SE SENTIR ATÉIA"
por Josep Vives S.J.1

Em síntese: Ver Recapitulagáo p. 552


* * *

O livro supoe urna jovem em crise de fé, prestes a cair no ateísmo.


O Pe. Vives deseja ajudá-la a refletir, seguindo o roteiro seguinte:

1. Amadurecimento da fé

Em cada cristáo a fé geralmente comega num estágio infantil. A


crianga nao entende, por exemplo, que o Pai do céu tenha chamado a si
a cara vovó; segundo o seu modo de ver, Deus deveria ter deixado a avó
por muito tempo ainda neste mundo. Com os anos a crianga vé que Deus
nao é o Papai Bonachao que ela imaginava. Ao contrario, Ele é o Senhor
que permite ao joio crescer ao lado do trigo; cala-se diante dos males dos
homens, nao ¡ntervém nos campos de concentragáo... de modo que a fé
se vai atenuando ou extinguindo. As tres tentagoes sofridas por Jesús
continuam a acometer os discípulos. Com efeito, 1) no reino de Deus nao
deveria haver fome (as pedras se converteriam em páes), 2)... nao deve
ria haver acidentes (os anjos sustentariam os homens em perigo) e 3) o
reino de Deus seria hegemónico ou o mais respeitado de todos os reinos
(cf. Mt 4, 1-11). Já que assim nao é, a fé se atenúa ou se extingue em
muitos casos.

O sacerdote nao poderá explicar o porqué de cada desgraga para


tentar compatibilizá-la com a Sabedoria Divina, mas poderá afirmar com
toda certeza que Deus nao erra nem se engaña. Os males da historia
nao permitem acusar Deus, pois um Deus criticável já nao seria Deus: ou
Ele é sumamente perfeito ou nao é, nao existe. Por definigáo filosófica (e
nao só pela fé), Deus é absolutamente santo; no fim dos tempos será
mostrada á humanidade a agáo da Providencia Divina na trama da historia.

Muito a propósito vem a parábola de Mt 20, 1-16, segundo a qual


os operarios que trabalharam uns mais, outros menos sao pagos com a
mesma moeda; um dos mais cansados, tendo prestado doze horas de

1 Ed. Loyola, Sao Paulo 2004, 120 x 170 mm, 59 pp.

548
"CARTA A MARÍA DOS ANJOS
QUANDO COMEgAVA A SE SENTIR ATÉIA"

servico, ousa perguntar por que essa desconsideracáo. Ao que o patráo


responde em Mt 20, 13-15: "Amigo, nao cometo ¡njustica. O que te pro
metí em contrato de trabalho está ai. Acontece, porém, que tenho muitos
bens e quero dar graciosamente sem lesar direitos alheios. Ora precisa
mente porque sou bom, imprevistamente bom, tu te irritas. Tu te aborre
ces com o exercício da gratuidade precisamente porque ela nao é costu-
meira entre os homens". Por conseguinte o que o homem nao entende
em Deus nao se deve a alguma deficiencia divina, mas, ao contrario, á
Suprema Perfeicáo de Deus. O ser humano é demasiado limitado para
entender a excelencia do Senhor Deus.

Pergunta-se, porém: esse Deus que "escandaliza" por ser mais sabio
e justo do que o homem, existe realmente?

O Pe. Vives responde apontando dois argumentos em prol da exis


tencia de Deus.

2. Existe Deus?

O autor explora 1) a ordem do universo e 2) o desejo ¡nato do ho


mem tendente ao Absoluto.

2.1. Os céus proclamam a gloria de Deus

O autor leva sua interlocutora a pensar na complexa realidade do


universo que nos cerca.

E acrescenta:

"Imagine que, porum toque maravilhoso de varinha mágica de uma


dessas fadas dos contos infantis, de repente Ihe é dado a conhecer ab
solutamente tudo o que é, o que foi e o que será de todas as coisas do
universo: todas as causas, os principios, as características, as relagóes,
a profundidade do ser de absolutamente todas as coisas, pessoas e acon-
tecimentos, de tal sorte que nada disso tivesse mais para vocé algum
segredo.

Pois bem; neste momento vocé poderia e deveria perguntar-se aín


da: e tudo isto, por qué? Por que esta ¡mensa concatenagáo de seres,
entrelagados por essa complexísima cadeia de causas, efeitos e rela
góes? Porque existiu e existe tudo isto, e nao, ao invés, o nada absoluto,
a obscurídade absoluta do nao-ser? Esta pergunta coloca-nos defronte
do misterio do universo, do misterio de sua razáo de ser. E temos de
confessar que, diante desta pergunta, nao sabemos dar uma resposta e,
no entanto, tem de haver uma resposta.

Nao podemos dizer qual é a razáo de ser do mundo, mas tem de


haver uma razáo de ser do mundo. E isso, que nao sabemos dizer o que

549
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

é, mas tem de existir para que tudo seja e exista, é o que designamos
com o nome de 'Deus'" (pp. 34).

Este Ser que explica a existencia dos outros seres, mas nao preci
sa de explicagáo porque é o ser Absoluto, Independente, deve ser tam-
bém a Perfeigao Absoluta, a Vida e a Bondade, o Amor, a Felicidade sem
limites. Ora é justamente a tais valores que todo ser humano aspira. P5e-
se, porém, a pergunta: será que esse Absoluto existe ou é ficgao da men
te humana? - Responde o Pe. Vives e, com ele, a boa lógica:

2.2. O desejo inato do homem tendente ao Absoluto

"De minha parte, quisera acrescentar apenas que esse Deus nao é
meramente o objeto de um 'querer' mais ou menos subjetivo e capricho
so.

Urna vez que minha 'fome de Deus', minha necessidade de Deus


sao coisas objetivas e reais que nao posso negar sem negar o que sou, o
que se requer para saciar essa fome real, para satisfazer essa necessi
dade real, há de ser algo efetivamente real e existente.

Diante deste tipo de argumentagáo, alguém quis objetar que 'a exis
tencia da sede nao é garantía da existencia da fonte'. Esta objegáo, po
rém, aparece como um sofisma. Porque, se existe a sede, vale dizer, se
existe um ser que necessita de agua para existir, há de existir realmente
a agua necessária para que tal ser exista. Se a agua nao existisse,
tampouco existiría algum ser que necessitasse de agua para subsistir. A
existencia de seres que tém sede, que neo podem existir sem agua, há
de me levar a concluir que, no ámbito em que tais seres existem, há de
haver realmente agua, ainda que, de maneira semelhante, minha exis
tencia e a existencia do mundo como seres que tém 'fome e sede de
Deus', que nao podem explicarse nem realizarse com sentido, mais do
que postulando essa realidade explicativa de tudo o que chamamos 'Deus',
há de me levar a reconhecer e admitir a efetiva e real existencia de Deus"
(p. 36).

Pelo dito, consta que, para a criatura sequiosa do Bem Absoluto


que é Deus, existe resposta. Todavía resposta que o coracáo humano
nao pode deixarde procurar aprofundar: esse Deus se revela e se comu
nica? Tal indagacao tem suscitado varias tentativas de solucao. Em últi
ma análise, requer-se fé, mas urna fé apoiada em credenciais que a abo-
nem para que nao seja urna fé cega. É sobre este paño de fundo que se
coloca o novo subtítulo:

3. Em Busca de um Rosto

O Pe. Vives propóe a fórmula

550
"CARTA A MARÍA DOS ANJOS
QUANDO COMECAVAASE SENTIR ATÉIA" 23

O Rosto de Deus chama-se Jesús

Explica o autor:

"A tradigáo judeu-cristá professa que, ao longo da historia humana,


Deus foi revelando aos homens as profundidades misteriosas do seu ser
e de seu agir. Tratase de um processo longo e complexo, ao mesmo
tempo desconcertante e fascinante, cujo desenrolar já nao seria capaz
de resumir neste formato de carta" (pp. 51 s).

"O cristianismo professa que o ponto culminante desta relaqáo de


Deus com a humanidade é Jesús Cristo. Jesús Cristo é urna manifesta
gáo inaudita, insuspeitada do rosto de Deus. Jesús é um ser humano em
quem se deu algo de Deus mesmo e se comunicou efetiva e realmente
aos homens por amor.

Preparado, anunciado, prometido no decorrer dos séculos, Jesús é


o desvelo, a manifestagáo do misterio, da incógnita de Deus, para a hu
manidade. E nesta manifestagáo, a incógnita de Deus se revela como
Pai, como alguém que está conosco, nos ama e quer nos tornar partici
pantes de sua própria vida. Por isso, o nome próprio de Jesús é 'Deus
conosco'" (p. 53).

4. Como encontrar "Deus conosco"?

"Vocé conhece o texto: Vinde, benditos do meu Pai... Porque eu


tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber... estava
nu e me vestistes...'. E, diante do espanto dos que acreditam nunca se ter
encontrado nunca com Deus, e menos ainda com um Deus faminto, se-
dento ou nu, o mesmo Deus Ihes revelará que 'todas as vezes que o
fízestes a um destes mais pequeños, que sao meus irmáos, foi a mim que
o fízestes' (Mt 25, 31ss). Assim, talvez seja preciso dizer que nao é tao
importante buscar a Deus com raciocinios, mas fazer por encontrá-lo
naqueles que sao suas imagens vivas (pois a Biblia diz que 'Deus criou o
homem á sua imagem', Gn 1, 27).

As primeiras comunidades cristas repetiam urna frase que atribuí-


am a Jesús, embora nao tenha fícado consignada nos evangelhos: 'Viste
teu irmáo, viste teu Deus'. Isto é válido, nao pelo mero fato de ver corpo-
ralmente o irmáo, mas por reconhecé-lo como tal e agirem conseqüéncia
disso. Se todo homem é feito á imagem de Deus, todo homem merece
todo o respeito e todo o amor. Mais ainda, infligir, favorecer ou tolerar, de
qualquermaneira, qualquerdano á imagem de Deus é ofenderá Deus. E
mesmo quando o homem praticasse más agóes e nao se comportasse
como 'imagem de Deus', permanecería o fato de que Deus continua aman
do esta sua imagem desfigurada, e quer que seja respeitada e ajudada a
recuperar seus tragos originarios" (p. 57).

551
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

5. Conclusáo

E, ácima de tudo, nao cesse de pedir ao Espirito de Jesús que Ihe


dé aquela luz e aquela forga irresistível com que os Apostólos chegaram
a crer, para além de todo raciocinio e de toda dúvida, que Jesús é a
revelagáo de Deus para nos,... Revelagáo na qual aquele misterio 'tre
mendo' se revela a nos como o misterio do amor incondicionado que,
sendo capaz de identificarse no sofrimento e também na morte com aque
les a quem ama, tem poder para vivificá-los e fazé-ios participar da vida
que ele tem de per si e que ninguém Ihe pode arrebatar.

Isto é o que pego para vocé, como para mim mesmo.

Um abrago
Josep Vives, sj"

6. Recapitulando...

A urna amiga em crise o Pe. Vives propoe:

1) passar da fé infantil, que vé Deus á semelhanga de um Grande


Banqueiro, para urna fé adulta, que aceita Deus como Ele é ou infinita
mente mais sabio e santo do que o homem.

2) Esse Deus existe, pois

a) a existencia do mundo, contingente como é, postula a exis


tencia do Necessário e Absoluto;

b) o ¡nato anseio do homem á Vida deve ter sua resposta.

3) O rosto de Deus é Jesús Cristo, que revela aos homens o amor


do Pai;

4) E Jesús Cristo se encontra em cada irmáo: "Viste teu irmáo,


viste teu Deus". A prática do amor fraterno abre os olhos para Deus.

O Mendicante do Céu, por Bruno Forte. Traduqao de Frei Claréncio


Neotti. Ed. Vozes, Petrópolis, 2004, 135x210mm. 107 pp.

O autor é Professor de Teología. Em 2004 pregou o Retiro Espiritu


al do Papa Joáo Paulo II e da Curia Romana. Oferece ao público valioso
livro, que tem por subtítulo "A Oragao de um Teólogo". Desenvolve o tema
"Para viver, é preciso rezar"... e rezar nao somente com palavras mas
também com o silencio de quem adora a Deus, o Inefável que nao cabe
dentro do discurso humano. O livro termina com urna Carta sobre a Ora-
gao. Nunca será demasiado a um bom cristao ler algo de profundo sobre
a oragao. É necessário aprender a rezar, como desejavam os Apostólos
na escola de Jesús; cf. Le 11, 1-3.

552
Diálogo religioso:

RESPOSTA A UM AGNÓSTICO

Em síntese: O agnóstico julga muito misteriosos ou mesmo falhos


os conceitos relativos a Deus. Por isto afirma nao poder conhecer a ver-
dade concernente ao misterioso Ser Supremo e vive como se Ele nao
existisse.

A Redagáo de PR recebeu urna síntese do capítulo LXIX do livro


Summing up, da autoría de Somerset Maugham, publicado pela primei-
ra vez em 1938 como profissáo de agnosticidade. Em poucas palavras o
autor expóe seu ponto de vista:

"O éxtase do místico é bastante real, mas é válido só para ele. O


místico e o cético concordam num ponto, de que ao fim e ao cabo de
todos os nossos esforgos intelectuais permanece um grande misterio.

Ácima de todas as coisas, a única coisa que importa é urna verda-


de objetiva. O único Deus que conta é um ser que é pessoal, supremo e
bom e cuja existencia seja táo certa quanto dois e dois sao quatro. Nao
posso penetrar o misterio. Permanego um agnóstico, e a conseqüéncia
prática do agnosticismo é que vocé age como se Deus nao existisse".

Sejam comentados tais dizeres.

1. O Problema

O problema consiste na limitacáo das faculdades de conhecimento


do homem; sao muito limitadas,porque sempre dependentes dos senti
dos e dos objetos materiais; tudo o que conhecemos, é sempre finito, de
modo que conhecer Deus, que é infinitamente perfeito e ¡material, se
torna especialmente difícil.

A questáo sempre esteve presente aos pensadores cristáos1 e aos


filósofos. Todavía no sáculo XX a Filosofía a tem discutido com particular

1 Eis um espécimen de como S. Agostinho (f 430) propunha o problema, ele que em


absoluto nao era cético:
"Deus é inefável; é mais fácil dizer aquilo que ele nao é do que aquilo que é. Pense
na térra: neo é Deus. Pense no mar: nao é Deus. Tudo o que existe na Térra, homens
e animáis, nao é Deus. Nada do que brilha no céu - o Sol, a Lúa, as estrelas - é
Deus. O próprio céu nao é Deus, [...] O que é, entáo? Aquele a quem os olhos neo
vlram, os ouvidos n3o ouviram, nem se ¡nstalou no coraqSo do homem" (in Ps 85, 12).

553
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

interesse. Os neopositivistas concluem suas especulagoes em termos


freqüentemente agnósticos ou céticos no tocante ao conhecimento de
Deus. Daí a importancia que a questao assume. Ela nao é insoiúvei, como
insinúa S.Agostinho (t 430):

"Interroga o mundo, o esplendor do céu, o cintilar e a disposigao


das estrelas... Interroga tudo isso e vé se nao te respondem da mesma
forma: Deus nos fez. Tal foi o objeto da pesquisa de nobres filósofos: eles
reconheceram o artesáo através da sua arte" (Sermáo 141.2,2).

Acrescenta, porém, o santo pregador:

"O que eles descobríram por curiosidade, eles o perderam por or-
gulho".

2. Perfeicoes simples e analogía

Considerando as criaturas e tudo o que nelas existe de bom ou


perfeito, concluímos que Deus deve possuir tais predicados como fonte
dos mesmos. Sim, sendo causa criadora de tudo o que existe, Ele deve
ter em plenitude as perfeicoes espalhadas entre as criaturas.

Acontece, porém, que há dois tipos de perfeicáo: as perfeigoes


mistas e as perfeigoes simplesmente perfeitas.

Perfeigoes mistas sao aquelas que em seu conceito mesmo in-


cluem alguma imperfeigáo; assim raciocinar é perfeigao, mas perfeigao
que implica passar de premissas a conclusóes, podendo haver erro nes-
se percurso (ao contrario, intuir é perfeigáo simplesmente perfeita, por
que significa a apreensáo direta da realidade); sentir, amadurecer... sao
perfeigoes mistas.

Perfeigoes simplesmente perfeitas sao aquelas cujo conceito nao


implica imperfeigáo alguma; assim bondade, amor, justiga...

Ora, ao falar de Deus, excluímos as perfeigoes mistas, como bem


se compreende. Afirmamos, porém, as perfeigoes simplesmente perfei
tas: Deus deve ser a fonte dessas perfeigoes; elas existem em Deus em
grau máximo.

"Antes de conhecer Deus, achavas que eras capaz de expressá-lo; mas agora que
comegaste a conhecé-lo, percebes que nao és capaz. Por descobrir que nSo podes
exprimir aquilo que conheces, deves, por acaso, ficarem silencio, deixarde louvara
Deus? Mas a ele se deve honra e gloria. [...] Perguntarás: 'De que modo, entáo,
poderei louvá-lo?' Posso apenas dizer o pouco que conhego enigmáticamente e indi-
retamente (in aenigmate et per speculum). [...] Todas as demais coisas poeten? ser
expressas de algum modo; só Deus é inefável, ele que com apenas urna palavra
tudo criou. Ele disse urna palavra e nos fomos criados; mas nos mesmos somos
incapazes de falar dele" (In Ps 99, 6).

554
RESPOSTA A UM AGNÓSTICO 27

Todavía, ao afirmar tais perfeigoes em Deus, negamos a maneira


como elas se realizam ñas criaturas, que é sempre a maneira limitada.
Assim o amor, que é valiosa perfeicáo, existe em nos de maneira finita
(cansamo-nos de amar ou nao amamos como deveríamos amar); em
Deus nao há limites do amor nem da bondade nem da justíga nem da
sabedoria nem do poder...

Conseqüentemente, dizemos que as perfeícoes simples existem


em Deus de maneira eminente1 ou em grau supremo2.

Com outras palavras: a Teología é catafática ou afirmativa, pois


ela afirma haver tais e tais perfeicoes em Deus (amor, sabedoria, justíca,
bondade, poder...), mas é a apofática ou negativa, pois nega as moda
lidades limitadas como tais perfeigoes ocorrem ñas criaturas. Donde con-
cluem alguns que a Teología é urna douta ignorancia.

O Concilio do Vaticano I em 1870 exprimiu essa ambigüidade do


nosso conhecimento de Deus nos seguintes termos:

"Os misterios divinos, por sua índole, ultrapassam de tal modo o


intelecto da criatura que, mesmo transmitidos pela revelagao e recebidos
pela fé, aínda ficam recobertos pelo véu da fé e envolvidos em certa es-
curidao por tanto tempo quanto, nesta vida mortal, caminhamos longe do
Senhor" (DS 3016).

O texto alude á 2Cor 5, 6s, onde o Apostólo escreve:

"Enquanto estamos neste corpo, estamos fora da nossa mansáo,


longe do Senhor, pois caminhamos pela fé, e nao pela visáo".

S. Tomás de Aquino (t 1274) explica o porqué do claro-escuro do


nosso conhecimento de Deus:

"Compreender, no sentido estrito e próprio, exprime a inclusáo de


um objeto no sujeito que o compreende; em conseqüéncia, Deus nao é
compreendido de modo nenhum, nem pelo intelecto nem por alguma ou-
tra faculdade; pois, infinito como é, nao pode ser incluido em algo de

1 "De maneira eminente", isto é, num contexto mais ampio. Assim quem conhece
álgebra, conhece aritmética de modo eminente; utiliza a aritmética em contexto am
pio. Paralelamente, pode-se dizer que, se nos conhecemos aritmética, Deus a co
nhece também, mas de maneira eminente. Se nos temos amor, Deus o tem também,
mas nos o temos como aritméticos, ao passo que Deus o tem como cultor da álgebra.
2 Estas verdades sao expressas por imagens. Com efeito; pode-se dizer que o cris-
tao que refíete sobre Deus, é, ao mesmo tempo, pintor, escultor e poeta. Pintor,
porque representa Deus afirmativamente com todas as cores da sua arte. Escultor,
porque produz sua "estatua de Deus", eliminando todas as limitagóes inerentes ás
afírmagóes. Poeta, porque trata a temática no superlativo.mediante hipérboles.

555
28 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

Mito e nada de finito pode apreendé-lo de maneira infinita, como é Ele


mesmo... Nenhum intelecto criado pode elevarse até conhecer a essén-
cia de Deus tanto quanto é cognoscivel" (Suma Teológica I. 12, 7 ad
prímum).

Procuremos aprofundar a eminencia segundo a qual Deus é per-


feito.

3. Analogía

3.1. Analogía: que é?

Para entender a via de eminencia, devemos lembrar que há con-


ceitos superiores e conceitos inferiores.

Conceito superior é aquele que contém outros em sua extensáo.


Tal é o conceito de animal, que contém os de animal racional (homem) e
animal irracional {peixe, pássaro, cao...).

Conceito inferior é o que está contido na extensáo de um outro,


como homem, peixe, pássaro, cao... estáo contidos no conceito de ser
vívente.

Pois bem; pode um conceito superior relacionar-se com seus infe


riores segundo duas modalidades: univocidade e analogia.

1) Univocidade ocorre quando o conceito superior se realiza plena


e igualmente em todos os seus inferiores. Assim o conceito flor significa
urna esséncia que se verifica igualmente na rosa, no cravo, no lirio, na
margarida; o conceito de ser humano se realiza igualmente em Pedro,
Paulo, Maria, Joana...

O contrario da univocidade é a equivocidade: o conceito equívoco


designa esséncias que nao tém afinidade (senao remota) entre si. Assim
manga aplica-se, por equivocidade, a urna fruta e a urna peca de vestu
ario. O mesmo ocorre com porca, banco...

2) Analogia ocorre quando um conceito se realiza em seus inferio


res, mas nao igualmente em todos eles. Há entre eles urna certa afinida
de, mas diversas realizagSes da mesma esséncia. Tal é, por exemplo, o
conceito de vida, quando aplicado ao vegetal, ao animal irracional, ao ser
humano e a Deus; sao todos viventes, mas a vida se realiza diversamen
te nessas quatro modalidades; o homem vive, mas de modo diverso do
modo da planta...

O conceito de analogia é decisivo em Teología. Pois nao podemos


dizer que Deus ama como a criatura ama, supondo univocidade {Deus é
infinitamente perfeito, ao passo que a criatura é finitamente perfeita). Mas

556
RESPOSTAA UM AGNÓSTICO 29

também nao podemos dizer que Deus nao ama ou que nao existe amor
em Deus (Deus é a fonte de todas as perfeigoes e o amor é urna perfei-
?áo). Por conseguinte, o amor se realiza em Deus nao unívocamente,
mas por analogía. Sondemos entao melhor a nocáo de analogía.

3.2. Analogía: como se divide?

Distingue-se a analogía do seguinte modo:

de atribuicáo
Analogía \ f própría
de proporcíonalidade <
I impropria ou metafórica

a) Analogía de atribuicáo é aquela em que a esséncia designada


convém própria e principalmente a um dos inferiores (= o supremo
analogado) e é atribuida aos demais analogados em virtude de urna cau-
salidade. Assim o termo sadio aplica-se ao homem, ao alimento, ao cli
ma, á cor do rosto ...; mas só convém propriamente ao homem, que é o
sujeito da saúde, por analogía aplica-se ao alimento e ao clima, que pro-
duzem a saúde do homem, e ao semblante, que exprime a saúde do
corpo. Vé-se assim que o vínculo de causalidade pode ser aqui entendi
do em sentido ampio.

Entre Deus e as criaturas existe analogía de atribuicáo, pois todas


as perfeicoes das criaturas sao causadas por Deus. Assim Deus é um
ente e o ser humano é um ente; todavía Deus é ente nao causado, nao
criado, ao passo que o homem é um ente causado ou criado por Deus.

b) Analogía de proporcionalidade é aquela de um termo ou con


certó que convém a muítas coisas em virtude de urna semelhanga de
rela?6es ou de urna proporcionalidade. Esta pode ser própria ou impropria.

A analogía de proporcionalidade própria é aquela em que o con


certó designado se realiza em todos os inferiores segundo a mesma de-
finic.áo. Assim, por exemplo, a vida é definida como "automocao" ou "mo-
gáo de si mesmo". Pois bem, esta definigáo se aplica á planta, ao cao, ao
homem, ao anjo e a Deus, embora o tipo de vida (meramente vegetativo)
da planta seja diferente do tipo de vida (intelectiva, sensitiva e vegetativa)
do homem.

Aplicamos a Deus os conceitos de sabio e justo, bom... segundo a


analogía de proporcinalidade própria. Isto quer dizer o seguinte: o que
reconhecemos como sabedoria, justica, bondade, amor... ñas criaturas,

557
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

existe também em Deus, mas existe de outro modo ou de modo infinita


mente perfeito.

Para ¡lustrar o que seja a analogía de proporcíonalidade própria,


podemos recorrer a urna comparacáo: o número dobro, em aritmética
designa números muito diferentes, mas todos eles pares; assím 10 é o
dobro de 5, 36 é o dobro de 18. O dobro é urna nocáo relativa, urna
semelhanca de proporcóes quantitativas. Ora o conceito análogo é algo
de semelhante na linha qualitativa: como o dobro se realiza quando digo
10 (2x5), 18 (2x9), também se realiza o conceito de vida quando digo
planta, cao, homem... mas segundo proporcñes ou modalidades diferentes.

S. Tomás o exprime nos seguintes termos:

"Os vocábulos significam Deus a base do conhecimento que dele


tem o nosso intelecto. Ora, se o nosso intelecto conhece Deus através
das criaturas, conhecé-lo-á na medida em que as criaturas o represen-
tem. Por outro lado, Deus contém previamente em si mesmo todas as
períeigoes das criaturas, porque absolutamente e umversalmente perfei
to. Assim, todas as criaturas o representam e se assemelham a ele na
medida em que possuem alguma períeigáo; mas nao o representam como
algo da mesma especie ou do mesmo género, e sim como um principio
transcendente, de cuja forma os efeitos estáo bem distantes, mas com o
qual tém certa semelhanga, como, por exemplo, as formas dos corpos
inferiores representam a forga do Sol. Assim, pois, os citados nomes sig
nificam a divina substancia, mas imperfeitamente, como também as cria
turas a representam de modo imperfeito" (Suma Teológica 113, 2).

A analogía de proporcionalidade impropria ou metafórica é aquela


em que o conceito designado se realiza no sentido próprio {ou segundo a
sua definigao) somente numa categoría de conceitos inferiores; nos de-
mais verifica-se apenas segundo urna semelhanga acidental. Assim, por
exemplo, fala-se da luz da verdade: o conceito de luz implica onda ou
energía física que torna claras as coisas; em analogía de proporcionalidade
impropria pode-se falar de luz da verdade, visto que a verdade também
clareia ou ilumina os passos de alguém; tem-se entáo a seguinte figura:

luz do sol luz da verdade

visao corporal vísao intelectiva

Entre Deus e as criaturas pode haver analogía de proporcionalidade


impropria ou metafórica; ocorre quando se diz que Deus é um rochedo
(cf. 2Sm 23, 2; Dt 32, 4...), ou é o Leáo da tribo de Judá (Ap 5, 5) ou que
Deus se arrependeu (cf. Gn 6, 6), se enfureceu (cf. SI 78, 59) ou se co-
move (cf. Os 11, 8)...

558
RESPOSTA A UM AGNÓSTICO 31i

Sonriente a analogía de proporcionalidade própria oferece concei-


tos aproveitáveis para se elaborar um tratado teológico. As metáforas
sao menos rigorosas e, por vezes, podem ter significado ambiguo; cf. SI
78, 65: "O Senhor acordou como um homem que dormía, como um va-
lente embriagado pelo vinho".

3.3. Refletindo...

Como se vé, a Teología católica professa a capacidade, da inteli


gencia humana, de apreender o Absoluto ou Transcendental1. Mais aín
da: ela afirma que o que é verdade para nos é verdade também para
Deus; assim o principio de contradigao (o Sim nao é o Nao), o principio
segundo o qual o todo é maior do que qualquer de suas partes... Em
conseqüéncia, afirmamos que Deus nao pode fazer um círculo quadra-
do, pois o círculo quadrado implica que o Sim seja igual ao Nao2 e por
isto nao pode existir. Toda a Teología serve-se constantemente de analo
gías: Pai, Filho, geracáo, processáo...

Nisto a Teología católica difere da oriental hinduísta, para a qual a


Divindade é táo transcendente que para ela nao há Sim nem Nao ou o
Sim e o Nao coincidem entre si. Com outras palavras aínda, dizemos
que a fé é urna homenagem prestada a Deus em conformidade com a
razáo. É a razáo que mostra ao homem que ele deve crer; a fé é a conti-
nuagáo da descoberta da verdade iniciada pela razáo. Diz o Concilio do
Vaticano I (1870), referindo-se a S. Paulo (Rm 12, 1), que a fé é "um
obsequio consentáneo com a razao" (DS 3009).

O Pe. Garrigou - Lagrange ¡lustra o misterio do nosso conhecimen-


to de Deus ao escrever:

"A esséncia de Deus fica sendo inefável; os Santos o repetem


freqüentemente. Mas dizem-no em sentido bem diferente do agnosticismo,
pois há para eles, e também para nos, suficiente claridade na noite do

1 O Concilio do Vaticano I (1870) o diz:


"A Santa Igreja professa e ensina que Deus, principio e fim de todas as coisas,
pode serconhecido com certeza pela luz natural da razáo a partir das coisas criadas"
(DS 3004).
O Concilio do Vaticano II em 1965 confirmou e explicitou tais dizeres na sua Cons-
tituigáo Dei Verbum n° 6: "Professa o Sagrado Sínodo que Deus, principio e fim de
todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razáo humana
partindo das coisas criadas (cf. Rm 1, 20); mas ensina que se deve atribuir á Sua
revelagao o fato de, mesmo na presente condicáo do género humano, poderem ser
conhecidas por todos fácilmente, com sólida certeza e sem mistura de nenhum erro,
aquetas coisas que, em materia divina, nao sSo de per si inacesslveis á razáo humana".
2 Com efeito; o circulo é urna linha cujos pontos sao equidistantes de um ponto
central, ao passo que o quadrado é urna linha cujos pontos nao sao equidistantes...

559
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

espirito para que possamos com absoluta certeza reconhecer a existen


cia do verdadeiro Deus, seus atributos e sua atividade.

Sem o atingir tal como Ele é em si mesmo, é certamente Deus em si


que nos conhecemos...

Muito mais aínda: nunca será demasiado repeti-lo nestes tempos


de agnosticismo: em certo sentido, temos de Deus um conhecimento muito
mais certeiro do que dos homens com os quais vivemos mais intimamen
te. O homem que nos estende a máo, no mesmo instante talvez esteja
decidido a nos atraigoar; seu gesto talvez seja urna mentira; posso duvi-
darda sua palavra, da sua virtude, da sua bondadelAo contrario, se/ com
um saber absolutamente certeiro, através mesmo da minha simples ra-
záo, que Deus nao pode mentir, e que Ele é infinitamente bom, infinita
mente justo, infinitamente santo. Dentre todos os seres, é Ele, em certo
sentido, que melhor conhego... como também é Ele quem melhorme co-
nhece.

Em certo sentido, conhecemos Deus muito melhor do que o nosso


próprio coragáo; estamos certos da pureza das suas intengóes, ao passo
que em absoluto nao estamos certos da pureza de nossas intengóes"
(Dieu, son existence et as nature. París 1923, p. 755).

4. O Silencio e a Palavra

Nos últimos tempos, certos cristaos, influenciados pelo zen-budis-


mo consciente da transcendencia de Deus, afirmam que a única atitude
de a assumir perante Deus é o silencio.

A propósito pode-se observar que o mero silencio é algo de nega


tivo e sem valor, como as trevas sao algo de negativo, que só tem valor
em fungáo da luz ou como intervalo entre períodos de luminosidade. As-
sim o silencio é válido na medida em que exprime nossa consciéncia da
inefabilidade de Deus; é entáo um silencio eloqüente, que fala sem pala-
vras, a ponto que se diz: "776/ silentium laus (Para Ti, Senhor, o silencio é
louvor)". Tal silencio, porém, é válido na medida em que sucede á palavra
explícita e a antecede; é um intervalo de adoragáo, que renuncia a dizer
o Indizível apregoado pela palavra oral. O louvor oral de Deus é algo de
tradicional no Cristianismo, algo profundamente arraigado na constitui-
cáo psicossomática do ser humano. Dai a sabia observacáo de S. Agos-
tinho:

"Apesar da nossa incapacidade de dizer alguma coisa digna dele,


Deus acolheu a homenagem da voz humana e quis que, para louvá-Lo,
nos servíssemos das palavras" (De Doctrina Christiana 16).

560
No centenario da Coroagao:

NOSSASENHORA APARECIDA RAINHA

Em síntese: O ano de 2004 foi o ano centenario da coroagáo de


Nossa Senhora Aparecida como Rainha do Brasil. O artigo que se segué,
explana a fundamentagáo teológica deste título, mostrando que ñas cor
tes orientáis, inclusive na de Israel, a máe do rei era sempre urna figura
privilegiada. Como tal, era intercessora qualificada junto ao rei em favor
do povo. Tal papel é válida e sabiamente transferido para María Santíssima.
♦ * *

Encerrando o ano centenario da Coroacáo de Nossa Senhora


Aparecida como Rainha do Brasil, vai, a seguir, publicado um artigo que
expoe os fundamentos teológicos deste título mariano.

Na verdade, tal título decorre do fato de que.Jesús, pendente da


Cruz, disse a Maria, visando toda a humanidade representada por Joáo:
"Eis ó teu filho"; paralelamente disse a Joao: "Eis a tua máe" (Jo 19, 25-
27). Com estas palavras - pode-se dizer - Jesús fazia de Maria nossa
Máe, Rainha e Intercessora. Aprofundemos estes títulos.

1. Máe e Rainha

Antes do mais, observemos um costume das cortes do Oriente


antigo: a máe do rei gozava de especial veneracáo na Assíria, na Babilonia,
na Fenicia, no Egito... Assim também em Israel: a rainha-máe era ai cha
mada gebirah, isto é, Máe do Senhor ou Grande Dama; ver 1Rs 15, 13;
2Rs 10, 13; Jr 13, 18; 9, 2.14.21; 15, 2-10. O nome da rainha-máe é
freqüentemente mencionado pelo autor dos llvros dos Reis, ver 1Rs 14,
21; 15,2.10; 22, 42; 2Rs 8,26; 12, 2; 14, 2-33... Percebe-se claramente o
destaque dado á rainha-máe comparando entre si 1Rs 1, 16 e 2, 19: no
primeiro caso a esposa de Davi, Betsabéia, vai pedir ao rei em favor de
seu filho Salomáo, ajoelhando-se e prostrando-se:

"Betsabéia foi ter com o rei em seu aposento... Ajoelhou-se e pros-


trou-se diante do rei, e o rei Ihe perguntou: 'Que desejas?'".

Ao contrario, em 1Rs 2, 19 Salomáo recebe a visita de sua máe


Betsabéia; levanta-se para ir ao seu encontró, prostra-se diante déla e
manda que ela se senté á sua direita;

"Betsabéia foi á presenga do rei Salomáo para Ihe falar de Adonias.


O rei se ergueu para ir ao seu encontró e se prostrou diante déla; depois

561
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

sentou-se no seu trono e mandou colocar um assento para a máe do rei e


e/a sentou-se a sua direita. Disse ela: 'Tenho um pequeño pedido para te
fazer, nao mo negues'. O rei Ihe respondeu: 'Pede, minha máe, que nao to
negarei'".

Estes textos bíblicos explicam bem a posicáo de honra atribuida


pelo povo de Deus a María Santíssima: na qualidade de Máe do Senhor
Jesús, ela é Rainha-máe especialmente venerada. Há cem anos o povo
católico do Brasil a proclamou Rainha muito estimada, título que nestes
dias é renovado com fervor filial.

2. Intercessora

Pelo Batismo fomos feitos filhos no FILHO; participamos assim da


filiacáo divina de Jesús. Somos irmáos entre nos, pois recebemos a vida
da mesma fonte. Nessa comunháo nao pode faltar amor, ... o amor a
Cristo e o amor aos irmáos. Por isto é que os irmáos rezam uns pelos
outros enquanto peregrinos na térra (intercedem junto a Deus em favor
da saúde ou do bem-estar dos seus semelhantes). Essa expressáo do
amor fraterno nao pode ser extinta pela morte de alguém: "O amor é forte
como a morte", afirma o Cántico dos Cánticos 8, 6; isto quer dizer que o
amor nao quebra, como a morte nao quebra. Donde se segué que, entre
os peregrinos na térra e os consumados no céu, continua a haver víncu
los de solidariedade fraterna. Deus que é o Autor desses vínculos ou
dessa comunháo, encarrega-se de a manter viva; Ele faz que os Santos
tomem conhecimento de nossas necessidades e nossas preces, a fim de
que possam interceder por nos na gloria.

A intercessáo dos Santos na gloria em prol dos irmáos militantes


na térra era conhecida pelo povo de Deus do Antigo Testamento, ou seja, é
urna expressáo defé pré-cristá. Tenhamos em vista 2Mc 15,12-14:

"Este foi o espetáculo que coube a Judas Macabeu apreciar: Onias,


que tinha sido Sumo Sacerdote, homem honesto e bom, modesto no trato
e de caráter manso, expressando-se convenientemente no falar, e desde
a infancia exercitado em todas as práticas da virtude, estava com as máos
estendidas, intercedendo por toda a comunidade dosjudeus. Apareceu a
seguir, da mesma forma, um homem notável pelos cábelos brancos e
pela dignidade, sendo maravilha e majestosissima a superioridade que o
circundava. Tomando entáo a palavra, disse Onias: 'Este é o amigo dos
seus irmáos, aquele que muito ora pelo povo e por toda a cidade santa,
Jeremías, o profeta de Deus'".

É sobre este paño de fundo que consideramos o papel de Maria na


piedade e na vida do cristáo.

No conjunto dos Santos Maria ocupa um lugar único, pois foi cha
mada a ser a Máe do Redentor e Máe dos homens. Disto se segué que a

562
NOSSASENHORA APARECIDA RAINHA 35

veneragao pelos cristaos dedicada a Maria difere da devocáo aos de-


mais Santos, como S. Antonio ou S. Teresinha. A prova disto é que exis-
tem verdades de fé (dogmas) concernentes a Maria, mas nao os há em
relagáo aos outros Santos.

A necessidade do culto de veneracáo a Maria se deduz do próprio


Cristocentrismo da piedade crista. Com efeito, S. Paulo afirma que "fo-
mos predestinados a ser conformes á imagem do Filho, a fim de ser Ele
o primogénito entre muitos irmáos" (Rm 8, 29). Ora, quanto mais o cris-
táo se configura á imagem de Cristo ou quanto mais ele se identifica com
Cristo, tanto mais terá em seu íntimo os sentimentos de Cristo. Ora Je
sús era todo Filho do Pai (como Deus) e todo Filho de Maria (como ho-
mem). Donde se segué que, quanto mais centrado em Cristo for o cris-
táo, tanto mais deverá sentir-se filho de Maria. A devocáo mariana, por-
tanto, está na lógica mesma do "ser um outro Cristo", programa de todo
cristáo. O cristáo deve procurar tornar-se, para Maria, outro Jesús.

Do seu lado, Maria vé em cada ser humano um(a) filho(a), por quem
ela ora como em Cana. Este papel de Maria-Mae intercessora é exposto
com sabedoria por Schillebeeckx, quando escreve:

"Em nossa vida, Maria é o coragáo que dé. O coragáo que compre-
ende nossas necessidades e que maternalmente as expóe ao Filho, o
Deus que continua sendo seu Filho. Ela pode dizer-lhe como em Cana:
. 'Eles nao tém mais vinho'. Ah, se pudéssemos ouvir o coloquio de Jesús
e Maria a nosso respeito, veríamos como estáo sempre a par das neces
sidades. Tudo como em Cana. 'Eles nao tém mais vinho' vem a ser 'falta-
Ihes dinheiro', 'estao na pior das miserias', 'seu pai está doente e a máe
tem oito criangas para educar', 'eles desejam conformarse com as leis
do matrimonio, mas..."mamae partiu para urna longa viagem, diz o papai
aos filhinhos, e papai nao sabe se ela voltará...".

Consciente destas verdades, o povo fiel renova sua piedade filial


para com Maria Máe e Rainha.

Em Defesa da Fé Católica, por varios autores. - Ed. Com Deus,


Av. Sao José, 921, 12209-220 Sao José dos Campos (SP), 2004, 140 x
210 mm, 80 pp.

O livro apresenta o texto de cinco palestras proferidas na 4a Sema


na Teológica de Sao José dos Campos. Tém por tema respectivamente:
A infalibilidade do Papa, A presenga real de Jesús na Eucaristía, A Mater-
nidade Divina de Maria, O Culto aos Santos e A Confissáo dos Pecados.
Os autores sao abalizados mestres que, sem fazer polémica, apresentam
com clareza os fundamentos da fé católica ao público interpelado pelo
pluralismo religioso e nao raramente agressivo de nossos dias. A FUNDEC,
que edita esta e outras obras similares, merece o aplauso dos seus leitores.

563
Prestagáo de contas:

BALANQO DA SANTA SÉ 2003

Em síntese: Em 2003 a Economía da Santa Sé (atividades pasto-


rais relacionadas com o mundo inteiro) sofreu um déficit de 9.569.456,00
Euros, menor 29,15% do que o déficit de 2002. O Estado do Vaticano
teve o déficit de 8.820.678,00 Euros, déficit 45% menor do que o de 2002.
As carencias sao preenchidas pelo apoio financeiro de varias dioceses e
dos fiéis em geral.
* * *

Ao talar de financas da Santa Sé, faz-se necessário distinguir San


ta Sé propriamente dita e Estado do Vaticano.

1. Por "Santa Sé", no caso, entende-se a vasta rede de organis


mos voltados para atividades pastorais em favor do mundo inteiro: sao
Congregacoes ou Dicastérios (equivalentes a Ministerios), Secretariados,
Comissoes, Sínodos, Representacóes Diplomáticas... As receitas chegaram
a 203.659.498,00 Euros, e as despesas a 213.228.954,00 Euros, o que re-
sultou num déficit de 9.569.456,00 Euros, 29,15% menor do que o de 2002.

A maioria das despesas se deve á atividade ordinaria e também


extraordinaria dos Organismos Pastorais postos a servico do povo de
Deus. Sao eles a Secretaria de Estado, dividida em duas secgoes, 9
Congregacóes (Dicastérios ou Ministerios), 3 Tribunais, 11 Conselhos
Pontificios, a Cámara Apostólica, a Sala de Imprensa da Santa Sé, o
Servico de Informagoes do Vaticano, o Escritorio Central de Estatísticas
da Igreja, 5 Comissoes Pontificias, o Sínodo dos Bispos e 6 Academias
Pontificias. Contam-se ainda 118 Representacoes Pontificias que traba-
Iham junto a Governos estrangeiros ou a Organismos internacionais.

Trabalham na Curia Romana 2.694 pessoas, das quais 775 sao


eclesiásticos, 344 Religiosos e 1575 leigos. Há cerca de um milheiro de
aposentados.

2. Por "Estado do Vaticano" se entende o territorio independente


em que está sediada a Santa Sé. Tem seu orcamento próprio. Em 2003 o
déficit foi de 8.820.678,00 Euros, 45% inferior ao de 2002, que chegou a
16.048.508,00 Euros.

O déficit se explica pela necessidade de restaurar certos edificios


da Cidade do Vaticano e de zonas extraterritoriais assim como suprir
carencias da Radio Vaticano no montante de 10.452.543,82 Euros. Além
do qué, registraram-se despesas de certo vulto para conservar, preser
var e valorizar o patrimonio artístico da Santa Sé, que é visitado por pere
grinos e turistas do mundo inteiro.

564
BALANQO DA SANTA SÉ 2003 37

O número de funcionarios do Estado do Vaticano chega a 1.534.


A Igreja conta com a colaboracáo de suas dioceses e instituicóes,
assim como estima a solidariedade de seus fiéis no cumprimento do pre-
ceito do Senhor: "Ide e pregai o Evangelho a todos os povos!".

CARTA DE UM BEBÉ A SUA MÁE


Oi, mamáe, tudo bom? Eu estou bem, gracas a Deus. Faz apenas
alguns dias que vocé me concebeu em sua barriguinha. Na verdade, nao
posso explicar como estou feliz em saber que vocé será minha mamáe.
Outra coisa que me enche de orgulho é ver o amor com que fui concebi
do. Tudo parece indicar que eu serei a changa mais feliz do mundo! Ma
máe, já se passou um mes desde que fui concebido e já comeco a ver
como o meu corpinho comeca a se formar. Quer dizer; nao estou táo
lindo como vocé, mas me dé urna oportunidade! Estou muito feliz!

Mas tem algo que me deixa preocupado... Últimamente me dei


conta de que há algo na sua cabeca que nao me deixa dormir; mas
tudo bem, isso vai passar, nao se desespere.

Mamáe, já se passaram dois meses e meio, estou muito feliz


com minhas novas máos e tenho vontade de usá-las para brincar.
Mamáezinha, me diga: o que foi? Por que vocé chora tanto todas as
noites? Por que, quando vocé e o papai se encontram, gritam tanto
um com o outro? Voces nao me querem mais ou o qué? Vou fazer o
possível para que me queiram... Já se passaram 3 meses, mamáe, te
noto muito deprimida, nao entendo o que está acontecendo, estou
muito confuso. Hoje de manhá fomos ao médico e ele marcou urna
visita para amanhá. Nao entendo, eu me sinto muito bem... por acaso
vocé se senté mal, mamáe? Mamáe, já é dia, aonde vamos? O que
está acontecendo, mamáe? Por que chora? Nao chore, nao vai acon
tecer nada... Mamáe, nao se deite, aínda sao 2 horas da tarde, nao
tenho sonó, quero continuar brincando com minhas máozinhas. Heiü!
O que esse tubinho está fazendo na minha casinha? É um brinquedo
novo?Olha!!ü! Hei, por que estáosugando minha casa? Mamáe!!! Espe
ra, essa é a minha máozinhaü! Mogo, por que a arrancou? Nao vé que me
machuca? Mamáe me defendaü! Mamáe me ajudeü! Nao vé que aínda
sou muito pequeño para me defender sozinho? Máe, a minha perninha,
estáo arrancando!!! Diga para eles pararem, juro a vocé que vou me com
portar bem e que nao vou mais te chutar. Como é possível que um ser
humano possa fazer isso comigo? Ele vai ver só, quando eu for grande e
forte! Ai mamáe, já nao consigo mais... Ai... Mamáe, mamáe, me ajude...
Mamáe, já se passaram 17 anos desde aquele dia, e eu daqui de
cima observo como ainda te machuca ter tomado aquela decisáo. Por
favor, nao chore, lembre-se de que te amo muito e que estarei aqui te
esperando com muitos abragos e beijos. Te amo muito!! Seu bebé.

565
Esoterismo?

OS TEMPLARIOS: QUEM SAO?

Em síntese: Quem fala de Templarios, deve distinguir a Ordem


medieval, extinta em 1311, e a Ordem Renovada do Templo, que preten
de ser a continuadora daquela.

A Ordem medieval dos Templarios foi fundada em 1118 por nove


cavaleiros que se dispunham a proteger os peregrinos cristáos da Térra
Santa no tempo do Reino latino de Jerusalém. A Ordem teve grandes
benemerencias, mas, após a queda de Jerusalém no ano de 1291, per-
deu a finalidade principal; passou entao a prestar servigos de outro tipo,
principalmente no campo fínanceiro, aos cristáos do Ocidente. O poderío
da Ordem excitou a cobiga do rei Filipe IV o Belo da Franga, que obteve
da Santa Sé a extingáo da Ordem em 1311.

Dizem, porém, os modernos templarios que a Ordem nao deixou


de existir, mas subsistiu secretamente até que em 1968 na catedral de
Chartres foi publicamente restaurada com o nome de Ordem Renovada
do Templo. Os templarios contemporáneos jé nao sao cristáos, mas
esotéricos; guardam nomes crístáos, mas atribuem-lhes significado por
vezes panteísta. Observam seus graus de iniciagáo, de modo que só aos
poucos e a pessoas seletas revelam as suas doutrínas ocultas.
* * *

O romance policial "O Código Da Vinci", da autoría de Dan Brown,


refere-se aos Templarios á p. 270, nos seguintes termos:

"A REVELAQÁO DOS TEMPLARIOS


Guardiaes Secretos da Verdadeira Identidade de Jesús"1
Estes dizeres geram confusáo, que, a bem da verdade, se faz ne-
cessário dissipar. Com efeito; há duas principáis Ordens de Templarios: a
medieval, extinta em 1311, e a Renovada Ordem, que impropriamente
diz sera continuagao da anterior; esta, mesmo oficialmente extinta, terá con
tinuado a existir secretamente2. Daí abordarmos sucessivamente urna e outra.
1 De acordó com o romance, Jesús terá sido mero homem, casado com María
Madalena e pai de urna linhagem até hoje existente. A documentado referente a
Jesús Cristo estaría, juntamente com os despojos moríais de M. Madalena, escondida no
Santo Graal. Ver comentario do romance de Dan Brown em PR 508/2004, pp. 455-461.
2 Á guisa de complemento, pode-se aínda dizer: é grande o número de Ordens do
Templo fundadas a partir do século XIV. Atualmente, além da Ordem Renovada do
Templo, existe a Soberana Ordem do Templo Solar, fundada no castelo de Arginy
(Franga) emjunho de 1952; tem sua sede principal em Villié-Morgon (Franga) sob o
patrocinio de Sao Joao Batista; professa concepgoes nao cristas.

566
OS TEMPLARIOS: QUEM SAO? 39

1. Os Templarios medievais

Diremos, antes do mais, urna palavra sobre as Ordens de Cavalei-


ros medievais em geral.

1.1. As Ordens de Cavaleiros na Idade Media

O ideal de libertar a Térra Santa do dominio árabe, que sufocava a


fé cristi, suscitou na Igreja da Idade Media a fundacáo de Ordens Religi
osas que adotavam, como finalidade principal, o exercício da milicia sa
grada: visavam a guiar os peregrinos á Térra Santa, defendé-los contra
piratas e acidentes de viagem, tratá-los em casos de enfermidade e, de
maneira geral, promover os interesses do Reino de Cristo em meio aos
muculmanos e pagaos.

Como se compreende, as novas familias Religiosas foram coloca


das sob a dependencia ¡mediata da Santa Sé, única autoridade capaz de
conceder licenca aos Religiosos para entrar em combates armados sem
incorrer em irregularidade canónica (o uso de armas fora, sim, repetida
mente proibido aos monges por Concilios dos séculos anteriores). A au
toridade eclesiástica costumava indicar as novas Ordens alguma das
Regras Religiosas já existentes, como a de S. Bento, a de S. Agostinho,
a dos Cistercienses, Regra que devia ser adaptada á finalidade própria
das Ordens militares.

A diregáo suprema de cada Ordem tocava a um Grao-Mestre, elei-


to pelos seus cavaleiros. Os Irmáos emitiam os tres votos religiosos de
pobreza, obediencia e castidade; em época tardía, porém, tornou-se líci
to aos cavaleiros de Espanha e Portugal contrair matrimonio, ao menos
urna vez na vida.

Passemos agora diretamente a

1.2. Os Templarios: origem e declínio

No inicio do século XII oito cavaleiros da Champanha e da Borgonha,


sob a guia de Hugo de Payens, se estabeleceram na Palestina, recém-
ocupada pelos cruzados, a fim de proteger os peregrinos da Térra Santa.
Por volta de 1118 o rei Balduíno II de Jerusalém Ihes deu sede sobre as
ruinas do antigo Templo de Salomáo; donde o nome de "Templarios" que
Ihes tocou (é esta nomenclatura que dá ensejo aos macons modernos de
os considerar, juntamente com o rei Salomáo e com Hirá rei de Tiro, como
precursores seus). Aos poucos, os Templarios se tomaram urna Ordem
Religiosa militar; além dos tres votos regulares, emitiam o de vigiar as
estradas e proteger os peregrinos.

Os inicios da nova Ordem foram difíceis. Todavía em 1128 o Conci


lio de Troyes confirmou a existencia da mesma, atribuindo-lhe hábito pró-

567
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

prio caracterizado por um manto branco para os cavaleiros, preto ou


avermelhado para os escudeiros; sobre esse manto o Papa Eugenio III
mandaría fixar urna cruz de paño vermelho. O mesmo Concilio pediu a S.
Bernardo que redigisse urna Regra para os Tempiários.

As prescricóes impostas pela Ordem eram severas. Incutiam espe


cialmente o espirito de disciplina e excluíam todo Iuxo no equipamento
dos cavaleiros. Pobre em suas origens, a Ordem recebeu autorizacáo
para possuir térras, das quais tiraría os recursos necessários ao desem-
penho de sua míssao militar.

Os Tempiários tornaram-se beneméritos por suas facanhas na de-


fesa de Gaza (1171), na batalha de Tiberíades (1187), na conquista de
Damietta (1219), na expedicáo ao Egito (1250). Apesar disto, porém, nao
conseguiram evitar o declínio do Reino de Jerusalém e a volta dos
sarracenos á Térra Santa. Em 1291, com a queda de S. Joáo de Acre,
extinguiu-se o dominio latino no Oriente. Os Tempiários entáo perderam
a sua finalidade e passaram a viver na Europa.onde possuíam avultadas
riquezas doadas por benfeitores (que assim Ihes queriam proporcionar
mais livre exercício da profissáo das armas). Para justificar a sua exis
tencia, os Tempiários comecaram a servir á populagáo européia median
te ampio sistema bancário; por sua habilidade financeira granjearam o
crédito e a confianga dos interessados.

Tanto prestigio excitou contra os Irmáos a inveja do público. É de


crer também que a prosperidade material tenha acarretado arrefecimento
do espirito religioso entre eles. O fato é que no fim do século XIII a opi-
niao pública Ihes era desfavorável, lancando-lhes as acusacóes de
venalidade e costumes depravados.

Ora Filipe o Belo, rei da Franca (1285-1314), viu nesse estado de


coisas ótimo pretexto para agir contra os Tempiários e apoderar-se dos seus
haveres. O instrumento para mover o processo havia de ser, como se com-
preende, a Inquisicao eclesiástica. Esta, pois, foi instigada pelo monarca.

O processo, confiado primeiramente ao Inquisidor Geral da Fran-


5a, Guilherme de Paris O.P., em breve foi entregue á chefia do chanceler
do rei, Guilherme de Nogaret. Entrementes o Papa Clemente V nao dava
grande crédito ás acusacóes que Filipe Ihe comunicara. Por isto o rei,
sem o conhecimento do Pontífice, aos 13 de outubro de 1307 mandou
prender todos os Tempiários da Franca; Nogaret justificou esta medida,
alegando que "os Tempiários no dia de sua recepcáo na Ordem renega-
vam o Cristo, cuspiam no crucifixo, praticavam a sodomía, adoravam um
ídolo (Bafomé), etc.". O chanceler, alias, era apoiado por um jurista -
Pedro du Bois -, que o ajudava a conceber vasto plano de acáo, assim
interpretado no século XIX pelo insuspeito Renán:

568
OS TEMPLARIOS: QUEM SAO?

"Fazer do rei da Franga o Chefe da Cristandade, sob pretexto de


promover a Cruzada; colocar-lhe em maos as posses temporais do
Papado, parte das rendas eclesiásticas e principalmente os bens das
Ordens consagradas á guerra santa, eis o notorio projeto da escolazinha
secreta da qual Du Bois era o mentor utopista e Nogaret o pioneiro de
agao" (L'histoire littéraire efe la France, t. XXXVII, p. 289).

Desta maneira o rei da Franga e os seus colaboradores visavam a


voltar a Inquisígáo contra o próprio Papado...

Clemente V, embora fosse de temperamento fraco, percebia o de-


plorável alcance das intengoes do monarca; sabia que a Santa Igreja
seria atingida simultáneamente com os Templarios. Por isto, em vez de
aceitar o projeto de supressáo da Ordem, propós ao rei a fusáo da mes-
ma com os Cavaleiros Hospitalarios.

Filipe, tendo rejeitado a contra-proposta, mandou dar andamento á


agao contra os acusados. Foi entao que os oficiáis do rei, aplicando a
tortura, obtiveram dos mesmos as mais diversas confissóes de crimes.
Aconteceu, porém, mais de urna vez que os cavaleiros interrogados em
nova instancia nao apenas diante de oficiáis do rei, mas também em
presenca de Cardeais, retrataram as suas confissóes de crimes...

Perante a situagáo assim criada, Clemente V resolveu confiar aos


bispos e inquisidores pontificios a tarefa de examinarem os Templarios
individualmente; quanto á sorte da Ordem como tal, ele a decidiría num
Concilio Geral.

Filipe o Belo nao perdía oportunidade de fazer pressáo sobre o


Pontífice. Em 1308 foi a Poitiers com grande comitiva entender-se díreta-
mente com Clemente V; durante a visita, um dos cortesáos, Plaisians,
assim interpelou o Papa:

"Santo Padre, Santo Padre, procedei depressa (faltes vite). Se nao,


o rei nao se poderia impedir de agir, e, se o pudesse, os seus baróes nao
se poderiam impedir, e, se seus baróes o pudessem, os povos deste glo
rioso reino nao se poderiam impedir de vingar eles mesmos a injuria de
Cristo... Entrai em agao, portanto, entrai em agao. Caso nao o fagáis, ser-
nos-á preciso falar outra linguagem".

O rei, porém, nao esperou o pronunciamento dos bíspos e da


Inquisigao anunciado por Clemente V, mas, tendo constituido um tribunal
provincial em Paris, obteve, sem ouvír os legados pontificios, que este,
aos 11 de maio de 1310, condenasse 54 Templarios á morte de fogo.

O apregoado Concilio Geral reuniu-se de fato em Viena (Franga)


no ano de 1311: depois de ouvira comissaode prelados encarregada de
julgaro caso, o Papa resolveu finalmente extinguir a Ordem dos Templarios

569
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

"por via de provisáo, e nao de condenacáo" {isto é, a fim de prover á paz


dos ánimos, nao para condenar os cavaleiros). Como quer que fosse, o
rei com isto triunfava. Havia, porém, de sofrer suas desilusoes...

Com efeito, os bens dos Templarios, que muito excitavam a cobica


do público, tiveram destino totalmente imprevisto: Clemente V, resistindo
a Filipe o Belo, determinou que tocariam á Ordem do Hospitalarios de
Sao Joao de Jerusalém, exceto nos reinos de Aragao, Castela, Portugal
e Majorca, onde seriam entregues ás Ordens nacionais que lutavam con
tra os sarracenos. Verdade é que os Hospitalarios nao receberam de
forma líquida os bens dos Templarios. Filipe e os monarcas estrangeiros
exigiram deles uma compensacáo monetaria.

Quanto á sorte dos membros da extinta Ordem, Clemente V entre-


gou o julgamento a Concilios provinciais, reservando a si apenas a sen-
tenca sobre o Gráo-Mestre Tiago de Molay e os seus dignitários. Para
julgá-los, nomeou uma comissao de tres Cardeais, que se mostraram
indecisos a respeito do alvitre a tomar, pois Tiago de Molay e Godofredo
de Charnay, um de seus sucessores, protestavam sera Ordem pura e santa,
isenta das culpas que os adversarios Ihe queriam imputar. Filipe o Belo,
descontente com tal desenrolar dos acontecimentos, resolveu por fim ás
protelagóes: aos 18 de margo de 1314, fez que um Conselho Regio de Jus-
tica, sem ulterior demora, decretasse a morte dos dois mencionados cava
leiros, tidos como reincidentes. Ao por do sol, entáo, uma fogueira foi acesa
na ilha de Javiaus (París), fogueira que iluminava os muros do palacio do rei;
e, com os olhos voltados para a Igreja de Notre-Dame, Molay e Charnay
expiraram heroicamente entre as chamas, proclamando a sua inocencia...

Examinemos agora o que seja

2. A Ordem Renovada do Templo (ORT)

1. A atual Ordem Renovada do Templo diz-se herdeira das tradi-


cóes dos Templarios medievais. Essas tradicóes, afirmam, nao pereceram
quando a Ordem foi extinta em 1311, mas foram preservadas de geragáo
em geracáo por adeptos secretos ou pelos mestres guardiáes da Ordem; o
poeta Dante Alighieri, Santa Joana D'Arc e o abade Cornelius Agrippa sao
mencionados pelos atuais Templarios como fautores dessa preservado.

Os mestres guardiáes da Ordem, em nossos tempos, houveram


por bem designar como Gráo-Mestre da Ordem Renovada um Templario,
cujo nome é guardado em segredo e que aos 23/09/1968, ás 12h, na
cripta da catedral de Chartres recebeu os poderes e as autorizacóes ne-
cessárias ao ressurgimento da Ordem.

A Ordem do Templo, dizem, só se torna notoria na historia em perí


odos nos quais a humanidade mais necessitada se ache, ou seja, quan
do os homens correm graves perigos ou se encontram em fase de transi-

570
OS TEMPLARIOS: QUEM SAO? _43

g§o. Ora, diz-se que atualmente a humanidade passa da era de Peixes


para a de Aquário - o que Ihe causa problemas de diversos tipos: económi
cos, sociais, políticos..., que a póem em perigo mortal. A Ordem Renovada
do Templo tem por objetivo facilitar essa transigao e preparar as élites para o
mundo de amanhá; ela realiza "a gestao alquímica de um ciclo novo".
2. A Ordem Renovada do Templo diz possuir urna gnose ou um
conhecimento de índole secreta, que é revelado paulatinamente aos ini
ciados. O conhecimento comunica ao homem poder, pois manifesta a
este as forcas que ele traz em si latentes. Em conseqüéncia, duas sao as
tarefas que a Ordem tenciona realizar:
a) levar o maior número possível de individuos a certo nivel de
compreensáo do universo (inclusive do seu universo pessoal) e ajudá-
los a desenvolver certas potencialidades nao utilizadas. Desta maneira
poderáo controlar-se diante dos acontecimentos da vida;
b) tornar essas pessoas aptas a agir no mundo e a servir á humani
dade em suas crises económicas, sociais, políticas, moráis, etc.
As tarefas da ORT se situam primeiramente no plano espiritual.
Trata-se de transmitir a Tradigáo e de lutar contra o ocultismo desviado,
sexualizado e comercializado de nossa época. Trata-se de reconciliar Cien
cia e Tradicáo, Religiáo e Tradigáo e de revalorizar a nocao do sagrado.
A Ordem tem lambém a tarefa de redefinir os verdadeiros valores
da Educacáo, da Cultura e da Arte e - mediante Centros de Educacáo,
de Ensino e de Pesquisa - efetuar a transformacáo da sociedade.
Desta maneira assegura-se o futuro da humanidade, tanto no pla
no moral como no plano biológico. O homem se encontrará ent§o em
harmonía com a Natureza, que há de ser salvaguardada.
Segundo a Tradigao dos Irmaos mais velhos, os Templarios da ORT
tém importante missáo económica e social (criagáo de comunidades, ati-
vidades hospitalares...).
3. Os ensinamentos da Ordem sao ministrados gradativamente,
compreendendo:
a) o envió mensal de boletins e publicagóes a cada membro da
Ordem;
b) a transmissao oral de doutrinas iniciáticas, reservadas a quem
tenha preenchido satisfatoriamente um período de provagao.

Os ensinamentos versam sobre:


- os meios que facultam o autodominio;
- exercícíos adequados a tal finalidade: concentragáo, meditagáo,
contemplagáo, relax, dinámica da mente;

571
44 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

- exercícios parapsicológicos: percepcáo extra-sensorial, clarivi


dencia, telestesía, telepatía, psicocinésia, radiestesia...
- estudo comparado das diversas filosofías e religíóes da antigüi-
dade: Cabala, Alquimia, Astrologia, Yoga...
- participacao efetiva em rituaís e cerimónias simbólicas de culto.
Os membros da Ordem passam por tres graus de iníciacáo assim
dispostos: irmao servidor, escudeiro e cavaleiro. A transicáo de um grau
a outro nao é, de modo nenhum, automática, mas é funcáo da evolugao
espiritual e da dedícacáo dos membros.

"A Cavalaria é a presenga terrestre e militar da religiáo do Espirito.


Certamente está fundada ñas virtudes cavaleirescas, mas também na
prioridade do combate espiritual, na generosidade, na salvaguarda da
justiga e da liberdade. Escola de valor, de honra e de liberdade, a Cavala
ria sorve as suas forgas na Tradigáo e no misticismo (Sao Miguel, Sao Joño,
o Templo, o Graal, o Velo de Ouro). A Cavalaria terrestre auténtica é sempre
o reflexo da Cavalaria celeste e o Cavaleiro aspira a realizar em si a encarna-
gao dos principios do Senhor, isto é, do Cristo" (Los Templarios..., p. 6).
4. A ORT admite em seu seio homens e mulheres, sem discrimina-
cao de idade, nacionalidade, raga, condicao social ou cultural, religiao...
Nao está vinculada a alguma denominagao ou comunidade religio
sa nem á Igreja Católica.

É Ordem Religiosa tao somente no sentido do termo latino religare:


ela re-liga o homem á Divindade. Por isto dizem os documentos oficiáis
da Ordem que qualquer pessoa, de qualquer Credo, se pode filiar á mes-
ma sem ter que abjurar a sua fé. Em particular, no tocante ao Cristianis
mo diz um prospecto da Ordem:

"Hoje, como ontem, o Templario é o pobre soldado de Cristo. Em


virtude da sua Divindade, Cristo é o ponto de sublimagáo de toda a Tradi
gáo que vem daAtlántida, do Egito, da Grecia, da Palestina, do druidismo,
do Cristianismo. Por sua gnose (= conhecimento) o Cristianismo veto a
ser o detentor da Tradigáo divina; alterou-se posteriormente até a
dessacralizagáo, mas conserva urna possibilidade latente de regeneragáo.
A Ordem Renovada do Templo reivindica para si a Tradigáo mística
antiga de Sao Joáo, cuja existencia nos é recordada nesta passagem do
Evangelho:

'Quando viu Jesús, disse-lhe Pedro: E este, Senhor? Jesús res-


pondeu-lhe: Se quero que ele fique até que eu venha, que importa a ti?'
(Jo 21, 21s).

"A Ordem Renovada do Templo é a guardia do Esoterismo Cristáo,


isto é, do Esoterismo Universal. O seu Cristianismo, portante, é da mais
572
OS TEMPLARIOS: QUEM SAO? 45

pura fonte. A este titulo, ela se levanta contra a atual libertinagem do


sagrado e da Tradigáo" (Los Templarios... p. 5).
"A Ordem Renovada do Templo afirma científica e filosóficamente a
fé universal. O seu Cristianismo, portanto, é da mais pura fonte. A este
título, ela se levanta contra a atual libertinagem do sagrado e da Tradi-
gao" (Los Templarios... p. 5).
"A Ordem Renovada do Templo afirma científica e filosóficamente a
fé universal (catholicos) através do Cristianismo esotérico ; restaura a
idéia da alma e a idéia de Deus. Somente assim poderá restituir as cien
cias a sua unidade orgánica, ás artes o seu ideal comprometido, á huma-
nidade dividida o seu equilibrio, a alma humana a sua dimensáo perdida,
a vida terrestre a sua aspiragao e a sua fé divina" (ib. p. 8).
"A Ordem Renovada do Templo é... um lago entre os distantes im
perios dos Atlántidas e o maravilhoso e inquietante porvir do homem en
tre as estrelas achadas de novo; o amor de Cristo está ai, entre nos. É
hora de afirmar que a inteligencia é eterna e que a nossa vida é um dos
elos sagrados da grande cadeia do conhecimento iniciático que nos leva
de eternidade a eternidade até a comunháo total" (ib. p. 9).
Os manuscritos entregues confidencialmente aos membros da Or
dem nao sao vendidos; ficam sendo propriedade da Ordem Renovada do
Templo, á qual devem ser devolvidos táo logo sejam solicitados. Isto se
explica pelo fato de que a Ordem é urna sociedade secreta.

Sao estas as informacoes que os membros da Ordem oferecem ao


grande público interessado em conhecer o respectivo ideal. Procuremos
avaliar a mensagem proposta.

3. Que pensar?

Proporemos tres pontos de reflexáo.

1) A ORT já nada tem em comum com a doutrina e a fé dos cavalei-


ros medievais do Templo. Estes eram professadamente cristaos, dedica
dos á Igreja e ás suas grandes intencoes. Jamáis teriam dito, como afir
ma a Ordem atualmente, que nao estavam vinculados á Igreja Católica,
mas apenas a um Cristianismo dito esotérico, ou seja, secreto, iniciático. O
Cristianismo auténtico, fundado por Cristo, nada tem de oculto; nao possui
doutrinas reservadas a poucos "gnósticos" privilegiados (cf. Mt 10, 26s).
2) A ORT, por isto mesmo, nao se identifica nem com o próprio
Cristianismo. Torna-se impossível ser Templario renovado e membro fiel
da Igreja Católica. Esta tem seu centro de unidade e a garantía da veraci-

1 Por esoíerísmo entende-se um sistema cujas principáis proposicóes sao reserva


das aos membros iniciados ou de dentro (eso, em grego).

573
46 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

dade da sua doutrina no ministerio apostólico de Pedro e de seus suces-


sores.

Embora a ORT afirme receber em sua sociedade os fiéis de qual-


quer crenga religiosa, ela induz indiretamente os seus adeptos a deixar a
respectiva crenga para adotar a filosofía religiosa gnóstica dos Templarios
(em geral, os Gnósticos, dos quais existem algumas correntes ainda hoje,
sao panteístas, como eram os Gnósticos dos séculos ll/lll, e nao monoteístas).
3) Em conseqüéncia, a ORT vem a ser urna nova forma de Ordem
ou Sociedade secreta, ao lado de outras mais antigás, como

- a Maconaria, que comeca em 1717 na Inglaterra, como socieda


de filosófica secreta herdeira dos títulos e dos nomes das corporagoes
de pedreiros medievais;

- a Rosa-Cruz, que tem inicio na Alemanha em .1610 com a divul-


gagao do manuscrito "Fama Fraternitatis Rosae Crucis", da autoría do
escritor luterano Johannes Valentín Andreae (1568-1654). Este se referia
a um sabio lendário chamado Christian Rosenkreutz, que nunca existiu e
que teria viajado pelo Oriente e pelo Egito para aprender a mística dos
antigos;

- a Cabala, que, a partir do século III d.C, fundiu auténticos


ensinamentos da tradigáo judaica com doutrinas heterogéneas "revela
das" secretamente por Moisés e outros mestres; tais "revelacóes" fíca-
vam reservadas a iniciados. No século XII a Cabala atingiu o auge da sua
evolucao; além de assumír novas teorías secretas do Oriente, da Grecia
e de Alexandria, dedicou-se á prática da magia, da alquimia, da quiro
mancia, da astrologia, etc.

As seitas secretas exercem grande atrativo sobre o espirito huma


no, pois parecem elevar os seus adeptos ácima do comum dos homens,
oferecendo-lhes o conhecimento de verdades importantes de que so-
mente os privilegiados podem usufruir. Todavía verifica-se que nenhuma
das correntes esotéricas da historia conseguiu até hoje afastar os males
que aflígem os homens; a fantasía é que constrói as teorías esotéricas,
baseando-se nao raro em teses científicas, que podem dar um foro de
verossimilhanca a tais teorías. A influencia benéfica que o esoterísmo
possa exercer sobre os seus adeptos se deve ao poder da sugestáo in-
cutida pelos mestres ocultistas e aceita pelos respectivos discípulos. O
esoterismo explíca-se psicológicamente pelo fato de que o ser humano
traz em si numerosas interrogacóes que a ciencia e o raciocinio nao con-
seguem elucidar; conseqüentemente a imaginagáo "cria" tais respostas
para si, atribuindo-as a comunicagoes do além.

Estéváo Bettencourt O.S.B.

574
Amigo (a), se esta revista lhe foi útil, queira difundi-la. Lem-
bre-se de que muitos semelhantes sofrem de problemas que eles
nem sabem equacionar por falta de dados básicos. pr deseja ofere-
cer materia para reflexáo.

quem obtiver tres assinaturas novas, terá direito a quarta


assinatura gratuita. queira pois destacar esta folha e enviá-la a
PR, caixa postal 2666, cep 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ, devi-
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9

¿Pe
ha

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Aof

NÁDATE PERTURBE,
NÁDATE ESPANTE,
TUDO PASSA.
DEUS NAO MUDA.
A PACIENCIA
TUDOALCANQA.
QUEMA DEUS POSSUI
NADA LHE FALTA.
SOMENTE DEUS BASTA.
TERESA DE JESÚS
Responderemos

índice Geral de 2004


"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

ÍNDICE

(Os números á direita indicam, respectivamente, fascículo, ano de edicáo e página)

"A BUSCA DO JESÚS HISTÓRICO" por Albert Schweitzer 499/2004 p 2


"A CIENCIA TENTA EXPLICAR A BIBLIA» (Época) 501/2004* p 104
"A FE CATÓLICA": Org. Justo Collantes, S.J 502/2004" o' 189
"A PAIXAO DE CRISTO" por Mel Gibson 505/2004' o 290
"AORIGEM DO NOVO TESTAMENTO", por Evilásio Araujo.... 502/2004* p 151
ABORTO: CARTA DE UM BEBÉASUAMÁE 510/2004' p 565
, UMA QUESTÁO CONSTITUCIONAL" por Prof. Ivés
Gandra da Silva Martins ....506/2004 p 373
AQÁO CARITATIVA DE JOÁO PAULO II EM 2003.... 507/2004* o 410
ACORDÓ SOBRE AS. EUCARISTÍA (entre Católicos e «"'-«*». P- 410
Anglicanos) 503/2004 d 207
ADORACAO E VENERACÁO Culto das reliquias 509/2004* o 513
AGNÓSTICO, RESPOSTAA UM „ 510/2004' d 553
AIDS E PRESERVATIVO: CARTA ÁS FAMILIAS DO BRASIL por" '
D. Rafael Llano Cifuentes 501/2004 p 128
NAÁFRICA 502/2004! p. 182
ama. n,^ o UGANDAEAIDS 503/2004, p. 235
ANALOGÍA. Resposta a um agnóstico 510/2004 n <í<tt
ANENCÉFALO, MATAR O por Prof. Ivés Gandra da Silva
Martins 508/2004 p 474
ANGLICANISMO: Conversáo ao catolicismo 502/2004' p' 192
E INQUISigAO PROTESTANTE "" 500/2004* p' 50
MOVIMENTO DE OXFORD 506/2004' d 383
ANTIGO TESTAMENTO: LENDAS OU HISTORIA REAL? .' 510/2004' p 545
APARECIDA: NOSSA SENHORA, RAINHA Centenario
daCoroacáo 510/2004 p 561
apa,', ,« «,.."?« TR° C0NT° D0 VIGARI°" (O Jornal Batista). 506/2004, p. 369
ARAUJO. EVILÁSIO: "A Origem do Novo Testamento" 502/2004 n 151
ATOR CATÓLICO FALA: JIM CAVIEZEL 504 2004 D 283
AUTOR.DADE DA ESCRITURA ZIZZ twlZ p. 358

BALANQO ECONÓMICO DA SANTA SÉ EM 2003 510/2004 a 564


BEGLIOMINI, HELIO: O Homem do século XX 501 2004 o 98
dERGER KLAUS: Pode-se crer em milagres?" 504/2004, p. 280

578
Índice geral 5i

BIBLIA: "A CIENCIATENTA EXPLICAR A BÍBLIA" (Galileu) 501/2004, p. 104


"A ORIGEM DO NOVO TESTAMENTO", por Evilásio
Araujo 502/2004, p. 151
AIGREJA CATÓLICA ACRESCENTOU LIVROS
AO CATÁLOGO BÍBLICO? 500/2004, p. 70
APARENTES CONTRADIQUES DA 508/2004, p. 437
ANTIGO TESTAMENTO: LENDAS OU HISTORIA REAL? . 510/2004, p. 545
COMO CRISTIANIZAR OS SALMOS 500/2004, p. 63
HISTORICIDADE DOS PATRIARCAS 501/2004, p. 111
PAULO TRAIU JESÚS? porYuri Vasconcelos (Galileu) ..502/2004, p. 146
SOLPAROU? RECUOU? 509/2004, p. 500
BIFFI CARDEAL GIACOMO: Miss3o e proselitismo 507/2004, p. 414
BIOÉTICA- A PSIQUIATRÍA MANIPULADA PELA POLÍTICA 499/2004, p. 33
DIZERAVERDADE AO PACIENTE ? 499/2004, p. 30
BOFF, L: QUE É ESPÍRITO? (Jornal do Brasil) 502/2004, p. 164
BONFILS ,MONS JEAN: Ser Católico e Macom (Entrevista) 505/2004, p. 321
BROWN DAN:" O CÓDIGO Da VINCI 508/2004, p. 455
510/2004, p. 566
BUYST, IONE: A Missa 508/2004, p. 477

CALVINO, JOÁO Calvinismo e Inquisicao Protestante 500/2004, p. 50


CAMPO DE CONCENTRAQÁO: DACHAU Testemunho de detidos . 507/2004, p. 415
CANONIZAQÁO: Como se procede? 506/2004, p. 381
"CARTA A MARÍA DOS ANJOS QUANDO COMEQAVA A SE
SENTIR ATÉIA" por Josep Vives, S.J 510/2004, p. 548
ÁS FAMILIAS DO BRASIL: D. Rafael Llano Cifuentes 501/2004, p. 128
DE UM BEBÉASUAMÁE 510/2004, p. 565
CASA MAL ASSOMBRADA: Como explicar? 501/2004, p. 122
CASAMENTO DE PADRES, QUE TAL? (A. Castanho) 508/2004, p. 472
DE REÍS. IGREJAANULA? 503/2004, p. 200
CASAL LESEUR Testemunho 509/2004, p. 487
CASTANHO, DOM AMAURY: QUE TAL PADRE CASADO? 508/2004, p. 472
CATÁLOGO (ÍNDEX) DOS LIVROS PROIBIDOS 504/2004, p. 274
CATOLICISMO: PROTESTANTES CONVERTIDOS AO 499/2004, p. 16
CATÓLICO E MACOM É compatível? 505/2004, p. 321
CAVIEZEL, JIM: FALAUM ATOR CATÓLICO 504/2004, p. 283
CÉLULAS-TRONCO Obscurantismo ou Responsabilidade? 509/2004, p. 522
CETICISMO: CONHECEMOS REALMENTE A VERDADE? 504/2004, p. 269
CHAGAS, FREÍ ANTONIO DAS: Enquanto é tempo 507/2004, p. 431
CHIMANOVITCH, MARIO (vía Internet) Ex-deputado abandona
a IURD ... 507/2004, p. 432
"CIENCIA DIVINA. A CONQUISTA DA CURA E DO MILAGRE" por
José Humberto Cardoso Resende .... 499/2004, p. 46
CIFUENTES, D RAFAEL LIANO: Carta ás Familias do Brasil 501/2004, p. 128
CLONAGEM HUMANA: Que é? Prof. Dr. Dalton Luiz de
Paula Ramos 509/2004, p. 525

579
52 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

CNBB: Declarado sobre a Vida afetiva dos Sacerdotes 509/2004 p 490


COPTAS: QUEM SAO? 504/2004 p 241
COLLANTES, JUSTO, S.J. ,Org." A FÉ CATÓLICA" 502/2004 p 189
COMO LEVAR OS CATÓLICOS AO PROTESTANTISMO Steve
Wood 509/2004, p. 517
CONCILIOS GERAIS DA IGREJA 510/2004, p. 530
CONGREGAQÁO PARA A DOUTRINA DA FÉ: Que é? 504/2004' p. 272
O Culto Divino e Disciplina dos
Sacramentos Desvíos na Liturgia ... 507/2004, p. 402
CONFISSÁO DOS PECADOS, SOMENTE A DEUS ? 508/2004 p 476
CONHECEMOS REALMENTE A VERDADE? 504/2004,' p. 269
CONVERTIDOS AO CATOLICISMO por Scott e Kimberly Hahn .... 501/2004! p. 117
CRISE DE FÉ: "Carta a Maria dos Anjos quando comecava a se
sentir atéia" por Josep Vives, S.J 510/2004, p. 548
CRISTO E IGREJA, SEPARAR? Testemunho de ex-protestante... 505/2004, p 316
"CRISTO, UMA CRISE NA VIDA DE DEUS" por Jack Miles 499/2004 p 13
CRISTÁOS NOS PAÍSES MUCULMANOS Comovivem 502/2004 p 167
CURSO EM MILAGRES (UCEM) 506/2004' p 378

DACANAL, JOSÉ HILDEBRANDO: "EU ENCONTREI JESÚS" 508/2004 p 440


DACHAU: CAMPO DE CONCENTRAQÁO Testemunho de
detidos 507/2004, p. 415
DeMOLAY, JACQUES: Quem foi ? 504/2004, p. 252
DESVÍOS NA LITURGIA Congregado para o Culto Divino e
Disciplina dos Sacramentos 507/2004, p 402
DEUS, AHORADAMORTEEOSOFRIMENTO 506/2004 p 367
CONCEITO DE DEUS. Analogía 510/2004' p 553
E_O MAL NO MUNDO 502/2004, p. 160
NAO EXISTE? Resposta a um agnóstico 510/2004 p 553
DIACONISAS: QUEM ERAM? 500/2004' p 76
DIVORCIO: IGREJA ANULA CASAMENTO DE REÍS? 503/2004' p 200
DOENQA E PECADO Por qué? 506/2004* p 366

ECUMENISMO: Acordó sobre a S. Eucaristía entre Católicos


. eAnglícanos 503/2004, p. 207
EMBRIÁO E CLONAGEM HUMANA Prof. Dr. Dalton Luiz de
Paula Ramos 509/2004, p. 525
ENIGMAS DA ILHA DE PÁSCOA 503/2004 p 217
ENQUANTO É TEMPO: Frei Antonio das Chagas 507/2004* p. 431
"ESCOLHA SUA IGREJA..." por Gilson Godím (Jornal da Paraíba) 500/2004 d 82
ESCRITURA. AUTORIDADE DA 506/2004* p 351
ESCRIVÁ, JOSEMARIA Quem foi? 508/2004Í p. 459
580
ÍNDICE GERAL 53

ESPIRITO, QUE É? L. Boff: (Jornal do Brasil) 502/2004, p. 164


"ESTUDO SOBRE OS PAPAS": Pe. Arlindo Rubert 505/2004, p. 295
"EU ENCONTREI JESÚS" por J. H. Dacanal 508/2004, p. 440
EUCARISTÍA, S.: ACORDÓ ENTRE CATÓLICOS E ANGLICANOS
. 503/2004, p. 207
CONDICÓES PARA RECEBER DIGNAMENTE . 504/2004, p. 268
DESRESPEITO ÁS RUBRICAS DO MISSAL 508/2004, p. 477
DESVÍOS NA LITURGIA 507/2004, p. 402
UM FATO EXTRAORDINARIO 508/2004, p. 480
EUROPEU MAIS INFLUENTE DOS ÚLTIMOS 25 ANOS:
JOÁO PAULO II 504/2004, p. 288
"EVANGÉLICOS" (Super Interessante) 503/2004, p. 194
EVANGELIZACÁO: MISSÁO E PROSELITISMO Cardeal
Giacomo Biffi 507/2004, p. 414
EX-DEPUTADO ABANDONA AIURD 507/2004. p. 432
EXISTENCIA DE DEUS E MAL NO MUNDO. Compatíveis? 502/2004, p. 160

FALSIFICAQÁO DE DOCUMENTO DA CURIA ROMANA Cardeal


Agríelo Rossl (O Jornal Batista) 506/2004, p. 369
FAMÍLIA: CARTA ÁS FAMÍLIAS DO BRASIL por D. Rafael.
L Cifuentes 501/2004, p. 128
CATÓLICA QUE ABRIGAVA JUDEUS (Beatificagáo) 506/2004, p. 381
FENÓMENOS PARANORMAIS: CASA MAL ASSOMBRADA 501/2004, p. 122
FERRONI, MARCELO: "ABÍBLIAREESCRITAPELA
CIENCIA" (Época) ..501/2004, p. 104
FLORES DO JARDIM, TODAS IGUAIS ? Pe. Zezinho 499/2004, p. 22

GIBSON, MEL: "A Paixáo de Cristo" 505/2004, p. 290


GODIM Gilson: "Escolha sua Igreja..." (Jornal da Paraiba) 500/2004, p. 82
GRAAL, SANTO Que é? 508/2004, p. 462
GRAFOLOGIA DOS SANTOS 507/2004, p. 386

HAHN SCOTT E KIMBERLY: "Todos os caminhos váo dar a


Roma" 501/2004, p. 117
HISTORICIDADE DOS SANTOS ANTIGOS 505/2004, p. 327
HOMEM E MULHER NA SOCIEDADE CIVIL E NA IGREJA
Documento da Santa Sé 509/2004, p. 482
HOMICIDIO UTERINO E O SUPREMO: Prof. Ivés Gandra da
Silva Martins 508/2004, p. 474

581
54 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

IGREJA, A MAIS CONFIÁVEL (Instituido) 499/2004, p. 48


ANULA CASAMENTO DE REÍS? 503/2004, p. 200
CONCILIOS GERAIS DA 510/2004 p 530
E O PRESERVATIVO 499/2004, p. 27
ESCOLHA A SUA OU FUNDE UMA (Gilson Godim) 500/2004, p. 82
EXPLORADA COMO NEGOCIOS LUCRATIVOS 506/2004, p. 371
QUANDO O TIRO ENTRA PELA CULATRA Objetes
contra a Igreja Católica 504/2004, p. 277
RECONHECE MILAGRE (B.D. Luigi Orione) 503/2004, p. 233
UNIVERSAL DO REINO DE DEUS. VIDA SECRETA NA.. 500/2004, p. 93
IGREJA CATÓLICA ACRESCENTOU LIVROS AO CATÁLOGO
BÍBLICO? 500/2004, p. 70
ILHA DE PÁSCOA, OS ENIGMAS DA 503/2004, p. 217
IMACULADA CONCEICÁO DE MARÍA. Dogma: (150 anos
depois) 505/2004, p. 304
ÍNDEX: CATÁLOGO DOS LIVROS PROIBIDOS 504/2004 p 274
INFALIBILIDADE DA IGREJAE VIDA POSTUMA 506/2004* p 362
INQUISIQÁO PROTESTANTE 500/2004 p 50

"JESÚS EXORCISTA" por Irineu Rabuske 504/2004 p 258


CONSCIÉNCIA PSICOLÓGICA 508/2004, p. 447
NAO MORREU NA CRUZ? Tese de Holger Kersten 503/2004^ p. 230
"O SANGUE DO CORDEIRO" Jesús precisava morrer
na cruz? F. Stein ....503/2004, p. 224
OU YEHOSHUA ? 500/2004 p 72
SABIA QUE ERA DEUS? 508/2004, p. 447
EU ENCONTREI.": J. H. Dacanal 508/2004^ p. 440
VIVEU NA ÍNDIA. por Holger Kersten 503/2004, p. 230
JOÁO PAULO II: O HOMEM DO SÉCULO XX por H. Begliomini... 501/2004, p. 98
O EUROPEU MAIS INFLUENTE DOS
ÚLTIMOS 25 ANOS 504/2004, p. 288
AQÁO CARITATIVA EM 2003 507/2004. p. 410
AS 14 ESTACÓES DA VÍA SACRA 504/2004, p. 287
JUSTINO, MARIO: "Nos Bastidores do Reino" A Vida secreta
na IURD. Testemunho de ex-pastor 502/2004, p. 185

KERSTEN, HOLGER,: "Jesús vlveu na India" 503/2004, p. 230

582
ÍNDICE GERAL 55

LAND, FRANK SHERMANN: ORDEM DEMOLAY 504/2004, p. 251


LAVAGEM CEREBRAL: PROCEDIMENTOS 499/2004, p. 35
LEÍ NATURAL: QUE É? EXISTE MESMO? 506/2004, p. 338
LITURGIA. DESVÍOS NA Congregado para o Culto Divino e
Disciplina dos Sacramentos.... 507/2004, p. 402
LIVROS PROIBIDOS, CATALOGO (ÍNDEX) 504/2004, p. 274
LOUREIRO, CRISTIANE: Pequeñas Igrejas, grandes negocios.... 506/2004, p.371

MACOM E CATÓLICO É compatível? 505/2004, p. 321


MACONARIAE CRISTIANISMO: ORDEM DEMOLAY 504/2004, p. 251
MAL NO MUNDO E EXISTENCIA DE DEUS 502/2004, p. 160
MANIPULACÁO DA PSIQUIATRÍA: Lavagem cerebral 499/2004, p. 35
MARÍA, IMACULADA CONCEICÁO DE Dogma: (150 anos depois).. 505/2004, p. 304
MARTINS, PROF. IVÉS GANDRA DA SILVA: "Aborto, urna
Questáo Constitucional" 506/2004. p. 373
O SUPREMO E O HOMICÍDIO UTERINO 508/2004, p. 474
MASTURBACÁO: "O PRAZER EM SUAS MÁOS" (Super
Interessante) 504/2004, p. 263
MAUGHAM, SOMERSET Agnosticismo 510/2004, p. 553
MENTIR POR AMOR. Será pecado? 507/2004, p. 423
MILAGRE: É possível? 504/2004, p. 280
RECONHECIDO PELA IGREJA (B. D. Luigi Orione).... 503/2004, p. 238
UM CURSO EM MILAGRES 506/2004, p. 378
MILAGRES, PODE-SE CRER EM: Klaus Berger 504/2004, p. 280
MILES, JACK: "Cristo, urna crise na vida de Deus" 499/2004, p. 13
MISSA, A . por lone Buyst 508/2004, p. 477
Desrespeito as rubricas do missal 508/2004, p. 477
MISSAL ROMANO: INSTRUCÁO GERAL 503/2004, p. 229
MISSÁO E PROSELITISMO Cardeal Giacomo Biffi 507/2004, p. 414
MORETTI, PE. GIROLAMO: Os santos através da grafologia 507/2004, p. 386
MORTE. Deus determina? 506/2004, p. 367
MOVIMENTO DE OXFORD (Anglicanismo) 506/2004, p. 383
RAP Que é? 506/2004, p. 376
MUgULMANOS DISCRIMINAM CRISTÁOS 502/2004, p. 167
MULHER NA SOCIEDADE CIVIL E NA IGREJA 509/2004, p. 485
MULLOY, PROF. WILLIAM: Os enigmas da llha de Páscoa 503/2004, p. 217

NEUHÁUSLER, MONS. JOHANN: "Como era a vida em Dachau"... 507/2004, p. 415


NOSSA SENHORA APARECIDA, RAINHA Centenario da Coroacáo .510/2004, p. 561

583
56 'PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

"NOS BASTIDORES DO REINO" A Vida secreta na IURD.


Testemunho de ex-pastor 502/2004 p 185
NOGUEIRA, MARCOS: "O PRAZER EM SUAS MÁOS" (Super
Interessante) 504/2004, p. 263
NORMAN, EDWARD: DO ANGLICANISMO AO CATOLICISMO.... 502/2004 p 192
"NOS PASSOS DE MARÍA" por Sergio PAÍM 508/2004, p. 467

"O CÓDIGO Da VINCI" por Dan Brown 508/2004, p. 455


510/2004* p. 566
OLSONCARL: "PORQUE SOU CATÓLICO" 499/2004 p 16
ONU:APOIOÁ SANTA SÉ Declaracáo 503/2004'p 233
"O PRAZER EM SUAS MÁOS": Marcos Nogueira (Super
Interessante) 504/2004 p 263
OPUSDEI Que é? 508/2004, p. 459
ORACÁO: TRES QUESTÓES 499/2004 p 41
ORDEM DeMOLAY, QUE É? 504/2004 p 251
DOS CAVALEIROS TEMPLARIOS 504/2004! p. 247
RENOVADA DO TEMPLO Esoterismo? 510/2004* p. 570
ORIONE, B.D. LUIGI Milagre reconhecido pela Igreja 503/2004' p 238
"O SANGUE DO CORDEIRO" por Frederico Stein 503/2004 p 224
"OS HOMENS VIVERIAM MELHOR SEM CRENQAS
RELIGIOSAS" (VEJA) 509/2004. p 492
"OUTRO CONTÓ DO VIGÁRIO" por Aníbal Pereira dos
Reís (O Jornal Batista) 506/2004, p. 369
OXFORD, MOVIMENTO DE (Anglicanismo) 506/2004, p. 383

PADRE CASADO, QUE TAL? (A. Castanho) 508/2004 p 472


PAÍM, SERGIO: "NOS PASSOS DE MARÍA" 508/2004' p 467
PAPAS, LISTA DOS 505/2004' p 295
PÁSCOA, ILHA DE 503/2004 p 217
PASSERI, DR. ERNESTO: CÉLULAS-TRONCO 509/2004 p 522
PASTOR ABANDONA A IURD ("O Expresso") 506/2004* p' 351
PATRIARCAS BÍBLICOS, É FIEL A HISTORIA DOS ? 501/2004* p 111
PAULOTRAIU JESÚS? por Yuri Vasconcelos (Galileu)... 502/2004 p 146
PECADO E DOENQA Porqué? 506/2004* p 366
MENTIR POR AMOR 507/2004" p 423
PENSAMENTO POSITIVO: "Ciencia Divina. A Conquista da Cura
e do Milagre" por J. H. C. Resende 499/2004 p 46
PÉREZ, SR. LUIZ FERNANDO: O principio "SOMENTE
CRISTO" visto por um ex-protestante 505/2004 p 316
"POR QUE SOU CATÓLICO": CARL OLSON 499/2004, p. 16

584
ÍNDICE GERAL 57

POSSESSÁO DIABÓLICA. "JESÚS EXORCISTA" por Irineu


Rabuske 504/2004, p. 258
PROSPERIDADE, TEOLOGÍA DA 509/2004, p. 496
PROTESTANTES CONVERTERAM-SE AO CATOLICISMO 499/2004, p. 16
PROTESTANTISMO: COMO LEVAR OS CATÓLICOS AO 509/2004, p. 517
EXPANSÁO NO BRASIL (Super interessante). 503/2004, p. 194
PRESERVATIVO E PAÍSES AFRICANOS 502/2004, p. 182
Carta as Familias do Brasil por D. Rafael
Llano Cifuentes 501/2004, p. 128
DEPOIMENTOS E PESQUISAS 501/2004, p. 141
E IGREJA 499/2004, p. 27
PSIQUIATRÍA: Lavagem cerebral: Procedimentos 499/2004, p. 35
MANIPULADA PELA POLÍTICA 499/2004, p. 33

RABUSKE, IRINEU: "JESÚS EXORCISTA" 504/2004, p. 258


RAINHA E MÁE: NOSSA SENHORA APARECIDA Centenario da
Coroacáo 510/2004, p. 561
RAMOS. PROF. DR. DALTON LUIZ DE PAULA: Que é um
Embriao 509/2004, p. 525
RAP. MOVIMENTO Que é? 506/2004, p. 376
REDEMPTIONIS SACRAMENTUM lnstru$áo da Santa Sé 508/2004, p. 477
REIMAURUS, HERMANN S. A. Jesús histórico. Teorías
preconceituosas 499/2004, p. 2
RELATIVISMO RELIGIOSO 499/2004, p. 22
RELIGIÁO Negocio lucrativo: Cristiane Loureiro 506/2004, p. 371
Na Historiada Humanidade 509/2004, p. 492
Onde está a Verdade? 508/2004, p. 434
"Os homens viveriam melhor sem crengas religiosas". 509/2004, p. 492
RELÍQUIAS, CULTO DAS Paganismo? 509/2004, p. 513
RESENDE, JOSÉ HUMBERTO CARDOSO: "Ciencia Divina. A
Conquista da Cura e do Milagre" 499/2004, p. 46
ROSSI, CARDEAL AGNELO: Falsificagáo de Documento da
Curia Romana (O Jornal Batista) 506/2004, p. 369
RUBERT, PE. ARLINDO:" Estudo sobre os Papas" 505/2004, p. 295

SACERDOTES: Declaracáo da CNBB sobre a Vida afetiva dos.... 509/2004, p. 490


SACRAMENTO DAREDENCÁO: Desvíos na Liturgia 507/2004, p. 402
SALMOS: COMO CRISTIANIZAR OS 500/2004, p. 63
SANTA FILOMENA. Existíu? 509/2004, p. 505
SÉ: APOIO FRENTE Á ONU 503/2004. p. 233
BALANCO ECONÓMICO EM 2003 510/2004, p. 564

585
58 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004

SANTIFICAQÁO OU CANONIZAQÁO? 505/2004 p 327


SANTO GRAALQueé? 508/2004' p 462
OFICIO. QUE É? 504/2004, p. 272
SUDARIO MEDIEVAL ? 499/2004 d 47
santos anegos zz:::::::::: SX: 1: £
ATRAVÉS DA GRAFOLOGIA 507/2004, p 386
SCHWEITZER, ALBERT: "A busca do Jesús histórico" 499/2004 d 2
SEPARAR CRISTO E IGREJA? Testemunho de um '
r,^^ ex-protestante 505/2004, p. 316
SEXO PRE-MATRIMONIAL EM CASA Que dizer? 506/2004 p 346
SEGURO? IGREJA E PRESERVATIVO 499/2004* p 27
SOFRIMENTO, DEUS E HORA DA MORTE 506/2004' p 367
SOLPAROU? RECUOU? A NASA confirma? 509/2004* p 500
STEIN, FREDERICO:" O Sangue do Cordeiro" 503/2004* d 224
SUCESSAO APOSTÓLICA: LISTA DOS PAPAS 505/2004* p.' 295
SUDARIO DE TURIM Jesús nao morreu na cruz? 503/2004 d 230
SANTO, MEDIEVAL? Z499/2004* p. 47

TELERGIA E APORTE: Casa mal assombrada: 501/2004 p 122


TEMPLARIOS Fim misterioso 504/2004* o 247
QUEM SAO? [ 510/2004* p 566
TEMPLO É DINHEIRO: Mario Chimanovitch (via Internet)
Ex-deputado abandona a IURD 507/2004, p 432
TEMPO: Frei Antonio das Chagas, poeta barroco 507/2004 d 431
TEOLOGÍA: DA PROSPERIDADE ZZ 509/2004* p 496
TODOS OS CAMINHOS VÁO DAR A ROMA" por Scott e
Kimberly Hahn 501/2004 p 117
TOMUS DAMASI. DECRETO Que é? . 500/2004, p. 70

UGANDA E AIDS 503/2004 p 235


UNIOES HOMOSSEXUAIS: Congregado para a Doutrina da Fé" 502/2004* p' 174
509/2004* p. 482

VERDADE, CONHECEMOS REALMENTE? 504/2004 p 269


ONDE ESTÁ A 508/2004* d 434
VÍA SACRA, AS 14 ESTAQUES DA (por JoSo Paulo II) 504/2004* p 287
VIDA AFETIVA DOS SACERDOTES Declaracáo da CNBB .... 509/2004* o 490
EM OUTROS PLANETAS Existe? 509/200^ p. 503

586
Índice geral 59

POSTUMA E INFALIBILIDADE DAIGREJA 506/2004, p. 362


VIVES JOSEP, S. J.: "CARTA A MARÍA DOS ANJOS QUANDO
COMECAVAA SE SENTIR ATÉIA" 510/2004, p. 548
VOZ DA CONSCIÉNCIA Existe? 506/2004. p. 338

WOOD, STEVE: Como levar os católicos ao protestantismo ~.. 509/2004, p. 517

YEHOSHUA OU JESÚS ? 500/2004, p. 72


YOGA: QUE É? 500/2004, p. 85

ZEZINHO. PE. TODAS IGUAIS, AS FLORES DO JARDIM? 499/2004, p. 22

EDITORIAIS

500¡ 500/2004, p. 49
«A PÁÍXAODE CRÍSTÓ-"'.'.:;"." 502/2004. p. 145
A PÉROLA PRECIOSA (Mt 13.45S) 508/2004, p. 433
"A VIDA INTEIRA É DESEJO SANTO" ( Sto. Agostinho) 501/2004, p. 97
ANO SAI. ANO ENTRA 4"?T/ P" «X
"DIVINO PELICANO..." 503 *°°*' P' 1!?
"EUSOUAVIDEIRA.AVERDADEIRA" (Jo 15,1) 504/2004, p. 241
POR QUE E PARA QUE EXISTO? 506/2004, p. 337
"TEU OLHO É MAU PORQUE EU SOU BOM?" (Mt 20,15) 507/2004, p. 385
UMANUVEM DE TESTEMUNHAS (Hb 12.1) 505/2004. p. 289
"VEM PARA O PAI" (Sto. Inácio de Antioquia) 509/2004, p. 481
"VENHO MUITO EM BREVE" (Ap 21,20) 510/2004, p. 529

LIVROS APRECIADOS

ANDRADE DE A. FRANgA: As mais belas oragoes a


Nossa Senhora 506/2004, p. 372
AQUINO, PROF. FELIPE: Para entender e celebrar a Liturgia.... 503/2004, p. 206
Os sete sacramentos á luz do Cate
cismo da Igreja e do Código de
Direito Canónico 508/2004, p. 446

587
6° "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 510/2004
ARTPRESS. INDUSTRIA GRÁFICA E EDITORA LTDA.: Carta
do Além 505/2004 p 326
BARTH, PE. RENATO ROQUE, S. J.: Bio-Saúde 500/2004' p 84
BATTISTINI, F. Organizado por : Manual da Comunidade 499/2004! p. 15
Como tornar amor o sofrimento 503/2004 p 240
BAUR, BENEDIKT: A vida espiritual 502/2004" o 166
BRIGTH, JOHN: Historia de Israel 502/2004* p 191
BRUN, PE. NADIR: Morar no céu 508/2004' p 446
CARVALHO, CON. JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE: Semana
Santa 504/2004, p. 250
CASTANHO, D. AMAURY: A servico do Evangelho de Deus e
dos homens 504/2004 p 271
COZZENS, DONALD: Silencio sagrado 509/2004 p 512
DUFOUR, GÉRARD: Rezar 15 días com Margarida Maria 499/2004' p 45
FARIA, JACIR DE FREITAS: O outro Pedro e a outra Madalena
segundo os Apócrifos 506/2004, p. 370
,-,_„„ 508/2004, p. 446
FERRARO, PE. BENEDITO: Cristologia 506/2004 p 368
FORTE, BRUNO: O mendicante do céu 510/2004,' p. 552
GRÜN, ANSELM: O Céu comeca em vocé. A sabedoria dos
padres do deserto para hoje 504/2004, p. 279
LACOSTE, JEAN YVES: Dicionário crítico de Teología 509/2004 p 499
LUZA, PE. NILO: Celebragoes e Béncáos por Ministros Leigos.. 502/2004 p 181
MARCHIORI, RAIMUNDO, O.F.M. Conv.: A Confissáo
sacramental 505/2004 p 336
MURAD, AFONSO: Maria, toda de Deus e táo humana 505/2004* p' 315
OPORTO, S. e M. S. GARCÍA, Coordenadores: Comentario do
A. Testamento I 499/2004 p 26
SANTOS, SONIA E CHRISTIANE M/CHELIN: Os 7 pecados
revisitados 506/2004 p 345
SCALA, JORGE: IPPF, a Multinacional da Morte 505/2004' d 294
SCIADINI, FREÍ PATRICIO: Rezar é ser feliz. A minha '
descoberta da oracáo 506/2004 p 375
SOLIMEO, GUSTAVO ANTONIO E LUIZ SERGIO: O ceu, '
esperanca de nossas almas 506/2004, p 377
WELBORN, AMY: Decodificando Da Vinci 508/2004 p 461
ZAMBONI, DORIANA: O Evangelho nao falha 504/2004* p 246

588
Sttátítuto be jftlosíofta e
bo iíloátetro be á§>ao pento
Credenciado junto ao MEC - Port n° 2.523/04

Vestibular 2005
Cursos: Filosofía e Teología
O Instituto de Filosofía e Teobgia doMosteiro de Sao Bento do Rió deJaneiro tanporfinalidade o
aprofundamento da sabedoria crista de acordó com o magisterio dalgrej&Aam, recebejovens que se
prepammpara o sacerdocio do clero secular e regular, km como algunsleigos interessados em
aprofundarsuafie desenvolversua cultura.

As inscricóes para o vestibular / ano 2005, estarao abertas no periodo de 18 de outubro


a 31 de dezembro de 2004, de segunda a sexta-feira, no horario de 9h as llh, e de I4h
as l6h, na secretaria do Instituto, Rúa D. Gerardo, 40 - 6o andar - Centro - Rio de
Janeiro-RJ

Serao oferecidas 120 (cento e vinte) vagas para cada curso.

As provas serao realizadas ñas seguintes datas:

- 3/1/2005 (2a feira) - Iingua Portuguesa: Interpretado de Texto e Redacao


- 4/1/2005 (3a feira) - Iingua Estrangeira: (Inglés, Francés ou Espanhol)
- 5/1/2005 (4a feira) - Historia e Geografía (Geral e do Brasil)
- 6/1/2005 (5a feira) - Matemática

O programa das disciplinas sobre as quais versará a prova classificatória, encontra-se


disponível pela Internet, no endereco: www.oshorg.br/instituto
Os candidatos que já concluíram algum curso superior farao apenas urna prova de
nedacao.
Os candidatos serao ainda selecionados através de urna entrevista com a direcao do
Instituto nos dias 7,10 e 11 de janeiro/2005, no horario de 13h30min as l6h30min.
Os resultados serao divulgados no dia 12 (quarta-feira), a partir das 13 horas.

Instituto de Filosofía e Teología do Mosteíro de Sao Bento do Rio de Janeiro


Rúa Dom Gerardo, 40 - 6- andar - Centro
20090-030 - Rio de Janeiro - RJ
Tel/fax: (021)2291-7122 / Ramal 281 / 310
PÓS-GRADUAgÁO LATO SENSU
ESPECIALIZAgÁO

• Cursos em oferta para 2005:

• Filosofía Geral
• Filosofía Medieval
• Ensino Religioso
• Teologia Sacramentaría
• Língua Portuguesa
• Línguas clássicas: latim/grego

O curso de Filosofía Geral será oferecido em tres módulos: durante os meses deJaneiro, julho e dezembro.
Os dentáis cursos serao ministrados ao longo do ano. divididos em duas etapas:fevereiro ajunho (¡módulo);
agosto a dezembro (II módulo), perfazendo um total de 360 h/a.

Público-alvo: Portadores de diploma de curso superior


Número de vagas para cada curso: 40
Amparo Legal: Resolucao 01/2001 CNE/CES/MEC
Período de Inscricoes: de 18 de outubro a 20 de dezembro/2004
Taxa de inscrigao: valor R$ 30,00
Valor da mensalidade: R$ 235,00 (12 meses).

INSCRICOES EINFORMACOES:

Instituto de Filosofía e Teologia do Mosteiro de Sao Bento


Rúa D. Gerardo, 68 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Telefone: (21) 2291-7122 - Ramal 281/310. Fax: 2263-5679
Home page: www.osb.org.br/instituto - E-mail: instituto@osb.org.br

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