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O que faz uma pessoa matar é a motivação e a motivação é composta por ideias.

Por isso, para entender o porque esta tragédia aconteceu na escola de Suzano, devemos entender, devemos buscar
informações que mostrem como os atiradores agiram.

Uma informação relevante para entender é saber o lugar que frequentavam na internet, já que este tipo de informação revela
mais sobre as pessoas do que os próprios pais ou amigos são capazes de revelar

Os dois atiradores participavam de um fórum de discussões anônimas em um lugar perigoso da internet chamado deep web, ao
qual eu nunca tive coragem de tentar acessar; para se entrar na deep web é necessário que utilize programas especiais de
proteção porque não há segurança para quem entra neste espaço; inclusive o promotor de justiça, o ministério público, já está
apurando essa possibilidade

Eles acessavam o Dololachan, um fórum anônimo com conteúdo de ódio contra negros, mulheres, gays e outros grupos de
pessoas, neste site, também ocorre ameaças e se cria crimes para sujar a imagem das pessoas que eles odeiam por lá

O organizador do site foi preso pela policia federal e condenado a mais de 40 anos prisão por vários crimes virtuais como
divulgação de imagens de pedofilia, racismo, indução a cometimento de crimes, entre outros crimes. Apesar disso, o site
continua no ar pela zona perigosa da deep web

No começo do ano passado, o pessoal desse site dogolachan atacou uma faculdade do rio de janeiro, insultando os alunos com
postagens racistas na internet falando coisas do tipo “quando foi que a unicarioca deixou de pertencer à elite branca e passou a
ser infestada por favelados, mulatos, negros cotistas, prouni e fies?”

O cara do site ainda desafiou a polícia falando que trabalha há mais de quinze anos computação e que o site continuaria com as
postagens ofensivas contra negros, mulheres e outros grupos de minorias por anos

Esse era o ambiente em que os dois atiradores formavam suas ideias, lá era onde eles encontravam pessoas que concordavam
com os pensamentos deles; era lá que a visão de mundo distorcida deles era alimentada; nesse grupo, as pessoas são
revoltadas contra grupos de minorias, ou seja, mulheres, negros, gays, etc; estas pessoas não admitem que minorias
conquistem espaço na sociedade; eles se sentiam abandonados pela sociedade por ver esses grupos serem inseridos na
sociedade; essas pessoas se consideravam melhores do que as outras pessoas e não admitiam dividir um espaço com pessoas
considerados inferiores que violam tudo aquilo que eles acreditam que seja o certo, como se só a visão de mundo deles fosse a
correta

Como vocês puderam ver, a ideia que motivou basicamente os atos dos atiradores foi uma revolta contra este tipo de grupo de
minorias, ou seja, mulheres, negros, gays, etc; estas pessoas não admitem que minorias conquistem espaço na sociedade
Acham que cotas para negros são um absurdo, além de considerarem os negros inferiores. O detalhe é que consideram as
cotas para negros um absurdo, mas nunca falam nada a respeito dos benefícios que foram dados aos imigrantes brancos no
passado para vir para o Brasil, como facilitação na compra de terras, trabalho, educação; coisas que eram negadas aos negros
porque queriam um embranquecimento brasil e isto porque o fato de o brasil ter uma população negro e miscigenada, na
época, era considerado como motivo de pobreza, de atraso do país; ter muitas pessoas negras e miscigenadas era causa das
piores coisas que tinham na sociedade; várias pessoas defendiam essa ideia no passado

Este tipo de pensamento é claramente falta de estudo e de comunicação, falta de troca de ideias. São claramente pessoas que
vivem em uma bolha e não querem aceitar a diversidade que existe no mundo

Não aceitam o diálogo, o que é uma contradição com a condição de existência dos seres humanos, que é um ser puramente
comunicativo, que depende de interpretação para interagir não só com as pessoas, como com as próprias coisas e animais

A comunicação do ser humano não é tão simples quanto a comunicação das demais formas de vida

Nós seres humanos nos valemos de várias formas de comunicação

Para entender melhor, vamos adotar uma noção de comunicação

Comunicação, para nós neste vídeo, será receber ou absorver informação

Eu digo isso porque quando nós olhamos para um lugar, por exemplo, o endereço de uma pizzaria, nós estamos extraindo,
absorvendo a informação de um lugar por meio de um dos nossos sentidos; assim, consideramos comunicação como absorção
de informações, podendo acontecer apenas com uma única pessoa

Agora vejam só, como a comunicação deste grupo de pessoas e destes dois atiradores é absurda. Olha a informação que eles
absorveram de uma música. Eles tem uma música que é considerada um hino para este tipo de ato monstruoso. É a musica
pumped up kicks da banda Forester the People, uma banda indie. A música é uma crítica ao bullying, mas esse pessoal
interpretou de outra forma. A expressão Todas as outras crianças com sapatos caros se refere às crianças que cometem
bullying e no começo da música, fala-se de uma criança com mão fráfil que pega a arma do pai para fazer essas crianças que
cometem bullying correr porque ele irá atrás delas para matar

Por causa dessa interpretação errada feita por esse pessoal, a banda chegou a deixar de tocar a música por algumas vezes

Para entender como chegaram esse tipo de interpretação errada, devemos entender que utilizarmos diversas formas de
comunicação e nós nem sempre percebemos o tipo de comunicação que estamos utilizando ou mesmo que tipo de informação
estamos recebendo ou se estamos ou não recebendo alguma informação, seja lá de onde ela vier

Essas formas podem variar conforme o meio que é utilizado para se fazer a comunicação, podem variar também de acordo com
o que estamos querendo dizer e, para mim, a mais importante, a variação que diz respeito se estamos ou não sabendo, se
estamos ou não consciente de que estamos recebendo alguma Informação que nos influencie de alguma forma
Eu costumo dizer que a comunicação não começa apenas quando palavras aparecem de forma escrita ou sonora e também não
começa apenas quando fazemos gestos com vontade de comunicar, gestos conscientes. Depois de observar, ler, escrever e
refletir muito sobre vários temas, presenciar várias relações entre várias pessoas e entre pessoas e objetos e outras formas de
vida como animais de estimação, plantas, eu percebi que a comunicação já começa quando a pessoa está em determinado
lugar. A partir do momento em que a pessoa está em determinado lugar, ela já começa a absorver informação. E a pessoa faz
isso com vontade de adquirir aquela informação, as vezes quando está a procura de alguma coisa. A pessoa também absorve
informações sem sequer querer, de forma inconsciente, sem a preocupação de guardar as informações.

É evidente que a interpretação dessas pessoas sobre a música estúpida. Como é possível as pessoas acharem normal uma
criança pegar uma arma e ir fazer justiça com as próprias mãos matando as outras crianças que fizeram bullying?

Essas pessoas acharam isso normal porque havia um contexto ambiental vindo da sociedade aprovando essa ideia. É fato que
hoje vemos muitas pessoas aplaudindo que faz justiça com as próprias mãos, mesmo sabendo que isso é errado.

Quando muitas pessoas, principalmente programas de televisão e pessoas famosas concordam a resolução de problemas com
violência, as pessoas acabam recebendo uma normalização, uma comunicação que diz que isso ou é normal ou deve se tornar
normal.

E essas comunicações vindas de programas de televisão e de pessoas famosas na TV e na internet acabam sendo absorvidas
por nós sem e podem influenciar cada pessoa de forma diferente. Nem todos vão chegar a este extremo de praticar este tipo
de ato. Alguns podem concordar, outros vão reprovar categoricamente, mas também existem aqueles que vão ter coragem de
praticar este tipo de ato para mostrar para os que aprovam que eles também podem e conseguem mudar as coisas para se
tornar do jeito deles.

Normalizações podem ser muito prejudiciais quando não são sustentadas por conhecimento científico.

Um exemplo de normalização prejudicial para as crianças ocorre quando os adultos não selecionam os assuntos e as palavras
para conversar perto das crianças ou mesmo para conversar com as próprias crianças.

Quando adultos conversam de qualquer forma próximos de uma criança, a tendência é que a criança crie alguma informação
em relação aquilo que ela ouviu. A criança pode não gostar e começar a julgar os adultos que conversam daquela forma como
ruins. A criança pode achar normal e começar a dizer aquelas coisas para outras pessoas como se fosse normal. Enfim, mesmo
só ouvindo a conversa sem participar, a criança será afetada de alguma forma por aquela conversa. A criança pode, por
exemplo, crescer achando normal fazer xingamentos, ofensas, quando alguém erra ao invés de tentar apontar as falhas de
forma lógica e com argumentos e isso acaba gerando brigas, obviamente pelo fato de as pessoas não gostarem de ser
ofendidas

Quando se conversa com a própria criança, é ainda mais importante saber selecionar as palavras e o modo de se falar. A criança
é mais sensível e se você quer ensinar algo para protegê-la, você deve utilizar uma comunicação mais afetuosa, que a faça se
sentir protegida e bem. Da mesma forma, se você quer corrigir uma criança, deve também utilizar de uma comunicação
afetuosa, selecionando melhor as palavras. Ao conversar, com uma criança, deve-se sempre pensar na saúde mental dela e
presumir que a mente dela seja sempre imatura e inocente, e que precisa de exemplo de paciência e de cuidado para que ela
também se torne paciência e cuidadosa, além de saber ouvir, um exemplo que vem junto com a paciência.

Aliás, pessoas que tratam crianças com paciência e selecionam as palavras de forma afetuosa, tendem a normalizar na criança a
ideia de respeito.
Outro exemplo comum que acontece e aconteceu no Brasil em várias casas nas famílias foi a normalização da sexualidade nas
crianças. O exemplo clássico é aquele programa da banheira do Gugu onde mulheres e homens seminus ficavam se expondo
em uma banheira. A família brasileira ficava assistindo este programa junto com as crianças. A comunicação que vinha
diretamente de quadro banheiro do gugu era de uma competição, mas é impossível nós negarmos a comunicação indireta de
conotação sexual existente nesse quadro. O fato de mulheres e homens ficarem seminus e uma banheira com os corpos
banhados fazia com que a diferença dos corpos adultos ficasse em evidência para as crianças, despertando uma curiosidade
desnecessária. Além disso, faz parecer normal a brincadeira de se expor publicamente com roupas íntimas.

A normalização pode acontecer vindo da própria família ou da própria sociedade. Para termos um exemplo de uma
normalização vinda nossa sociedade, é só pegarmos como exemplo o funk, o sertanejo universitário. Mesmo sabendo que o
conteúdo destes estilos musicais não são legais, eles fazem sucesso. Por quê? Porque quando muitas pessoas fazem algo, não
precisa fazer sentido, porque as pessoas já consideram normal e bom. Aliás, o fato de ser um pouco o resumo da vida delas, de
contar fatos que acontecem na vida delas ou que ao menos elas gostam ou acham engraçado, reforça muito essa normalização.

Muitas coisas podem ser consideradas normais, ou seja, normalizadas por se ter uma comunicação defeituosa. Adquirir
conhecimento nos ajuda a perceber mais coisas, coisas que não perceberíamos normalmente

A pior normalização que está acontecendo ultimamente é a normalização da falta de comunicação, da troca de ideias. Por
causa da internet, nós estamos cada vez mais querendo ser ouvidos, mas estamos ouvindo menos. Queremos que os outros
respeitem a nossa opinião mesmo quando nós não sabemos defende-la com argumentos lógicos. As pessoas estão se sentindo
ofendidas quando você chega e expõe as falhas dos argumentos delas e acabam partindo para ofensas ou pedindo para
respeitar a opinião dela. As pessoas já não sabem mais diferenciar ofensa de argumento e isso faz com que esse cenário faça as
pessoas acreditarem que devem apenas respeitar as opiniões umas das outras sem poder fazer qualquer crítica construtiva,
sem poder mostrar as possíveis falhas da opinião em questão

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