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Maiara Sobral
Genio Nascimento
Adriana Omena
(organizadores)
São Paulo
INTERCOM
2018
Pesquisa em Comunicação nos Prêmios Estudantis do Intercom 2017
Copyright © 2018 dos autores dos textos, cedidos para esta edição à
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação -
Intercom
Diagramação e Capa
Genio Nascimento
Revisão
Maiara Sobral
Ficha Catalográfica
Inclui bibliografias.
E-book.
ISBN 978-85-8208-115-0
Editor associado
Genio Nascimento
Introdução
Introdução 7
Sobral | Prêmios Estudantis da Intercom se...
Introdução 8
Sobral | Prêmios Estudantis da Intercom se...
Introdução 9
Sobral | Prêmios Estudantis da Intercom se...
Introdução 10
Prêmio
VERA GIANGRANDE
Quem foi Vera Giangrande?
Maiara Sobral
Considerações finais
Por meio da ACD, constatou-se que as produções do Periferia
em Movimento extrapolam conceitos como comunicação alternativa,
radical, popular, emancipatória, comunitária e participativo-cidadã.
Com o papel de bússola metodológica, a ACD também foi fundamental
na análise do manifesto do coletivo, no qual foi possível constatar
influências, mas não dominações ideológicas.
Verificou-se, portanto, que o jornalismo de quebrada é
delineado pelas diretrizes: produções sobre, para e a partir das periferias;
democratização da comunicação sobre as quebradas paulistanas;
compartilhamento de conteúdo de midialivristas independentes;
caráter contra-hegemônico; caráter participativo-cidadão; emancipação
de quebradas; disputa de imaginários; incorporação de gírias;
preocupação com a informação e formação do leitor; militância pela
garantia dos direitos fundamentais; adaptação do conceito de periferia;
Referências Bibliográficas
FLORES, Teresa Mendes. Agir com palavras: a teoria dos actos de linguagem
de John Austin. Lisboa, 1994. Disponível em: <bocc.ubi.pt/pag/flores-teresa-
agir-com-palavras.pdf>. Acesso em: 25 mai.2015.
FLORES, Teresa Mendes. Agir com palavras: a teoria dos actos de linguagem
de John Austin. Lisboa, 1994. Disponível em: <bocc.ubi.pt/pag/flores-teresa-
agir-com-palavras.pdf>. Acesso em: 25 mai.2015.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. 6. ed. São Paulo: WMF
Martins Fontes, 2012.
Priscila Schran2
Ariane Carla Pereira (orientadora)3
Introdução
letras o que pretendem”, além de ser necessário tratar dos limites entre
as responsabilidades da família e da escola na educação das crianças
sobre temas morais e de valores. Por fim o editorial chama a atenção
de que por meio do PEE é possível melhorar a educação no estado e se
está perdendo tempo com um assunto que deveria ser de competência
exclusiva da família. O editorial da Gazeta do Povo não poupa seu
discurso contra gênero. No mesmo dia é publicada a matéria Mais
educação, menos gênero, na qual os deputados são criticados por focar o
debate do PEE em gênero e não nas demais metas do plano.
No decorrer das matérias já é possível prever o resultado da
votação do PEE, pois o discurso predominante tanto no jornal quanto na
Assembleia Legislativa é o do discurso verdadeiro da família tradicional
e da disciplinarização do corpo para a heteronormatividade.
Eis que no dia 23 de junho de 2015 é anunciado o resultado da
votação do plano. O tema da polêmica aparece num intertítulo, no meio
da matéria, não sendo o foco principal da pauta. Duas notas destacam
o descontentamento de alguns setores da sociedade. A OAB-PR, por
exemplo, publicou uma nota de repúdio às emendas que supriram os
termos gênero e diversidade no PEE, e anunciou que entraria com uma
ação judicial para rever a lei.
Para dar um ponto final ao discurso sobre gênero, no dia 25 de
junho é publicado um artigo de opinião do professor Carlos Ramalhete,
colunista semanal do jornal, intitulado Ninguém muda de sexo, no qual,
de forma implícita, ele compara o transgênero ao anoréxico, dizendo
que se você tem um amigo anoréxico você não vai passar a mão e
esconder que ele vomita, vai procurar ajuda para que ele sare. O mesmo
serve para o transgênero, você não vai passar a mão na cabeça dizendo
que gênero é uma construção social, mas vai procurar ajuda. “Quem
realmente ama essas pessoas deveria ajudá-las. Ajudar um anoréxico
desnutrido a esconder que vomita tudo o que come não é um ato de
amor, como não ajudar alguém a mutilar-se na ilusão de vir a tornar-
se membro do sexo oposto.” Nessa analogia, o autor dá a entender que
sujeitos LGBT estão doentes.
Como já dito, o posicionamento da Gazeta do Povo vinha de
encontro com o discurso verdadeiro na normalização. Deixa claro que
não concorda que a educação trate gênero como uma construção social,
que isso favoreceria às diversas identidades e que por consequência
desestabilizaria a família. Reconhecer que gênero é uma construção
cultural e uma forma das pessoas exercerem seu papel social é admitir
que a população LGBT é “normal”, e é exatamente esse discurso que o
jornal pretendeu interditar.
Por meio do poder, aqueles que tinham o privilégio do sujeito
que fala fizeram valer a sua vontade de verdade, a da normalização.
Igrejas, imprensa e Assembleia Legislativa unificaram seu discurso e
definiram que ninguém fala de gênero na educação do Paraná. “Afinal,
somos julgados, condenados, classificados, obrigados a desempenhar
tarefa e destinados a certo modo de viver ou morrer em função dos
discursos verdadeiros que trazem consigo efeitos específicos de poder.”
(FOUCAULT, 2015, p.279)
Foi uma disputa pelo discurso onde os adversários não tiveram
vez. Eram minoria, não foram ouvidos e foram silenciados pela
pressão do grande número de participantes favoráveis às alterações
e dos deputados, que também eram maioria favorável. Se não foram
ouvidos nesse momento propício de debate, quando serão? Como já
disse Foucault, “sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo,
que não se pode falar de tudo em qualquer lugar circunstância, que
qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa” (FOUCAULT,
2004, p.9) Os discursos divergentes não tiveram o direito de falar, não
tinham o privilégio do sujeito que fala. Aquele era o momento e o lugar
para debater gênero, mas os divergentes não foram ouvidos. Quem era
oprimido continuou a ser oprimido.
Considerações finais
Fora da norma. Falar de gênero incomoda, desestabiliza.
Dizer que gênero é uma construção social e cultural dos indivíduos
e independe do sexo é estar na contramão do discurso dominante
da normalização. Estar dentro da norma é comportar-se conforme
o que seu sexo biológico lhe definiu. Acontece que o papel social do
masculino e do feminino é construído socialmente, e se é construído
socioculturalmente, é gênero.
Referências
Introdução
Se você vem para MSF você precisa saber que se trata de uma
organização que não vai trabalhar com um dos lados de um
conflito, se a gente está falando de um conflito étnico ou de uma
guerra propriamente dita. A gente vai trabalhar com os civis,
prestando serviço a quem mais precisa, independente da etnia,
da raça ou do gênero, entrando no conceito de imparcialidade.
E o quesito independência, o candidato precisa saber que ele vai
trabalhar em uma organização que tem 90% dos seus fundos
doados por doadores privados. (CARDOSO apud SOUZA,
2016)
Vínculos
Antes de adentrarmos nas estratégias comunicacionais adotadas
por MSF para motivar profissionais a se candidatarem às causas de
ação humanitária, precisamos, à priori, entender o conceito de vínculo.
Para Sodré (2002), vínculo é um sentimento capaz de tirar o sujeito da
sua zona de conforto, do seu ambiente e expô-lo a novos sentimentos,
ações e riscos. A relação, para Sodré (2002), é uma conexão entre os
indivíduos que se inicia e se acaba, com tempo contado, mas o que gera
a relação mais intensa é, sem dúvida, o vínculo. Segundo Sodré (2002),
vínculo é algo que atravessa os indivíduos, criando assim uma conexão,
uma vinculação. O vínculo aproxima os seres humanos, abre o canal
de comunicação e coloca-os necessariamente em contato por um nexo
atrativo comum. É o vínculo a ligação que faz com que o indivíduo
se sinta parte de uma determinada comunidade. É o vínculo que faz
com que ele se arrisque para a manutenção do bem-estar social da
comunidade. Para Yamamoto (2012), ao dissertar sobre o pensamento
de Sodré, o vínculo funciona como a força motriz da sociabilidade.
Vontades
Para o sociólogo alemão Ferdinand Tönnies (1887) todas as
escolhas que permeiam a vida dos indivíduos são impulsionadas por
vontades, que motivam e organizam as interações humanas. Para o autor,
os indivíduos possuem vontades naturais, aquelas diretamente ligadas
à natureza do ser humano, chegando a serem quase necessidades.
Como a vontade de se alimentar, a busca por proteção ou a procura da
reprodução. Tais vontades são inerentes ao indivíduo, despertadas com
ou sem seu consentimento, intrínsecas e naturais, como o próprio nome
diz. Brancaleone (2008), um estudioso do trabalho de Tönnies (1887),
define a vontade natural da seguinte forma:
o fato que ele rompeu com o habitus e se propôs a encarar uma realidade
diferente da que seria imaginada previamente.
Segundo a Diretora de Comunicação de MSF no Brasil,
Alessandra Vilas Boas, em entrevista para a monografia que deu origem
a este trabalho, o processo de vinculação, que gerará, em um momento
seguinte, a candidatura a uma vaga na organização é um processo
gradual, ou seja, este momento de héxis, de ruptura, é algo construído
ao longo de processos gradativos até chegar ao momento de decisão,
como defende em sua fala.
Hold On
Com o objetivo de entender melhor as estratégias vinculativas
utilizadas pelas campanhas de MSF, analisaremos o filme publicitário
Hold On, produzido pelo escritório da organização na Noruega. Este
vídeo de um pouco mais de quatro minutos pode ser considerado uma
referência no que se diz respeito à estratégia de criação de vínculos,
pois sai do lugar comum dos roteiros puramente emotivos e desloca o
espectador do seu papel passivo para dividir com ele todas as angústias
dos personagens do filme.
A mensagem, a estrutura e a estratégia do vídeo fazem dele o
objeto central da nossa análise. Visto que a narrativa sai do lugar comum
ao colocar o espectador dividindo o sofrimento dos beneficiados
pelas ações e dos médicos no trabalho em campo. Este deslocamento
diminui a distância entre a instituição e o espectador. Esta estratégia
rompe a fragilidade de uma relação, criando e fortalecendo vínculos.
A escolha da trilha, dos personagens e das imagens é fundamental para
Considerações
A técnica publicitária está aberta para ser utilizada para
quaisquer fins, positivos ou negativos, entretanto a MSF deve ser tomada
como um exemplo de estratégia, coesão e qualidade comunicacional.
Médicos Sem Fronteiras nada mais é do que um exemplo prático e real
do vínculo explicado por Sodré. A organização nos mostra que um
indivíduo pode ter a capacidade de fortalecer ou criar relações tão fortes
com uma determinada causa, ou uma instituição específica, que o fará
sair de sua zona de conforto para enfrentar um ambiente inóspito.
Referências
EPICURO. Obras completas. 7.ed. Trad. José Vara. Madrid: Edciones Cátedra,
2007.
Maiara Sobral
Introdução
Em todo o Brasil, grupos de comunicação comerciais acompanham as
mudanças tecnológicas, adaptam-se à realidade dos mercados e buscam
a sobrevivência por meio de estratégias, de contratos e da relação que
constroem com o público e com o mercado. Este trabalho pretende
refletir sobre as implicações do processo de regionalização sobre
as empresas de comunicação, oferecendo elementos que permitam
entender e criticar os procedimentos econômicos e estratégias do grupo
1. Trabalho apresentado no GP Políticas e Estratégias de Comunicação do XVI Encontro
dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação.
Clube Rural
O programa é classificado na categoria jornalismo, no gênero
Rural e é exibido nas manhãs de domingo, atualmente das 07h30 às 08h00.
Este é um dos horários optativos destinados para produções regionais,
em que em rede, a TV Globo exibe o programa Globo Comunidade. O
9. Segundo a classificação de Aronchi de Souza (2004), gênero é o desenvolvimento
de um programa de televisão voltado para determinado público e para determinado
assunto. A grade de gêneros que orienta a Rede Clube é a mesma da Rede Globo, que
divide-se, de acordo com Dourado (2008, p. 112), em “auditório, break exclusivo,
educativo, entrevista, esporte, feminino, filme, humorístico, infantil, jornalismo,
minissérie, musical, novela, reality show, reportagem, rural, série e show”.
Globo Esporte
Exibido de segunda a sexta, das 12:49 às 13:00h antes do Jornal
Hoje, o bloco piauiense do Globo Esporte tem 10 minutos, enquanto
os dois blocos que seguem têm o conteúdo produzido pela TV Globo
exibido por mais 20 minutos. A Rede Clube não relaciona em seu portal
o programa Globo Esporte como local, apesar de manter um site próprio
(globoesporte.globo.com/pi), e recentemente ter investido em pessoal
e produção, seguindo as mudanças significativas no telejornalismo
esportivo da emissora que aconteceram mais intensamente a partir de
2009. Na data analisada foi apresentado pela primeira vez por Vinicius
Vainner, novo âncora do programa.
Programão
Exibido aos sábados, das 14h00 às 14h40, o programa é
classificado na categoria entretenimento, no gênero show e é exibido
10. A Rede Globo organiza seus conteúdos na internet por meio de sites específicos para
jornalismo (G1), conteúdos esportivos (GE ou Globoesporte.com) e de entretenimento
(Gshow), além do portal/plataforma que reúne os destaque de cada editoria (globo.com).
Os produtos das afiliadas tem subsites vinculados aos portais da Globo, organizando-
se de acordo com os tipos de conteúdos. A fragmentação em editorias possibilita
a exploração de um maior número de espaços e formatos pelos departamentos de
marketing nacional e local.
Considerações
O baixo número de produções originadas nas emissoras
afiliadas é um reflexo da desregulamentação da produção regional, visto
que ocupam significativo tempo de emissões com retransmissão dos
conteúdos das grandes redes. Questiona-se, aqui, a concessão e a própria
definição de “geradora”, pois as ações destas emissoras vão ao encontro
do que é estabelecido pelo Código Brasileiro de Telecomunicações,
segundo o qual geradora é “uma estação radiodifusora que realiza
emissões portadora de programas que têm origem em seus próprios
estúdios”, enquanto as retransmissoras não podem transmitir conteúdos
próprios, limitando-se a exibir a programação de uma geradora. A
definição está mais que defasada e a situação se agrava porque não há na
legislação regulamentação específica sobre a relação de afiliação entre
geradoras.
Algumas estratégias, por mais que fossem um desejo do grupo
Rede Clube, como a criação de um produto como o Programão, só
foram possíveis após a abertura que a Rede Globo criou em sua grade
nos últimos anos, acompanhando o movimento dos mercados e o
processo de regionalização. Isso descreve uma limitação imposta como
barreira dentro da própria organização, e um cenário de disputa interna
do ponto de vista do engessamento da grade de programação, aonde
a emissora afiliada identifica, como empresa, suas necessidades e suas
estratégias, mas que são barradas pelos interesses maiores do grupo ao
qual se relaciona.
O Programão, mais do que atender uma demanda local do
telespectador piauiense, apresenta-se como uma demanda da emissora
por um produto diferenciado, e uma oportunidade para explorar o
mercado com uma imagem diferenciada aos anunciantes da emissora,
e pela possibilidade de cobrir geograficamente conteúdos de outros
espaços do estado. Por outro lado quando houve a abertura desta
possibilidade, a formatação do produto para apresentação ao mercado
regional teve o suporte da Rede Globo, e seu diferencial foi ter sido
cunhado sobre os princípios comerciais, estéticos, organizacionais,
jurídicos e de conteúdo da emissora que conferem a sua diferenciação
no mercado local.
Referencias Bibliográficas
MÍDIA DADOS, 2004. Autor: Grupo de Mídia , São Paulo: grupo de Mídia,
2004.
Introdução
Neste texto trataremos das experiências de Comunicação
Comunitária e participação popular oriundas do Projeto Casa Brasil,
abordando parte dos resultados obtidos em nossa dissertação de
mestrado. Na primeira parte apresentamos os aspectos teóricos e
conceituais sobre o direito à comunicação que embasaram o estudo. Na
segunda parte traremos da dimensão empírica do estudo.
Processo tão natural como, respirar, beber água ou caminhar, a
comunicação é a força que dinamiza a vida das pessoas e das sociedades:
a comunicação excita, ensina, vende, distrai, entusiasma, dá status,
constrói mitos, destrói reputações, orienta, desorienta, faz rir, faz
1. Trabalho inicialmente apresentado no GP Comunicação para a Cidadania, do XVI
Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIX
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. O presente artigo apresenta um
recorte da dissertação de mestrado da autora defendido em 2013, com o apoio do CNPq.
1. Cidadania e Comunicação
À luz do Direito, a formulação dos direitos de primeira, segunda,
terceira, quarta e quinta geração revelam os aspectos e as demandas
históricas, políticas e sociais da sociedade inerentes à cidadania. Por
conseguinte, o direito à comunicação é um direito humano e está
circunscrito neste processo. Conceitos de autores como T. H. Marshall,
Liszt Vieira, Norberto Bobbio, entre outros, tornam-se importantes ao
mostrar as mudanças históricas que conduzem a alterações no conceito
de cidadania, a partir das gerações de direitos e do sentido que são dados
a eles.
T. H. Marshall (1967), em Cidadania, Classe social e Status,
publicado originalmente em 1949, compreende a cidadania moderna
a partir do estabelecimento primeiramente dos direitos civis, seguido
dos políticos e por último dos direitos sociais. Para Marshall (1967) a
5. Para mais informações, ver obra: BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional.
19. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
amplo, político. O autor afirma que não se trata de saber quais e quantos
são esses direitos, qual é a sua natureza e seu fundamento, neste caso,
bastaria observarmos a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Tampouco, se são direitos naturais ou históricos, mas sim pensar qual o
modo mais seguro de garantir esses direitos, já amplamente expressados
nas declarações.
9. Por decisão metodológica optamos pelo anonimato dos alunos. Entrevistas concedi-
das pessoalmente a autora no dia 01 de novembro de 2012.
Considerações
As explanações anteriores deixam claro que a democratização da
comunicação é fundamental para o empoderamento da Comunicação
Comunitária, uma vez que ele pode proporcionar a apropriação da
comunicação pelas comunidades, que em seu objetivo primário pode
servir como uma ferramenta de articulação para a busca e reivindicação
social dos demais direitos de cidadania. Sabemos, contudo, da
necessidade premente em se lutar contra todas as mazelas econômicas,
sociais e políticas que fazem tão poucos terem acesso às TICCs.
Fazemos menção à comunicação de forma geral, em quaisquer meios,
que seja uma arena de realização de conflitos e disputas de hegemonia
na sociedade.
Outro ponto importante é a concepção do Estado nas dimensões
dos direitos de cidadania, pois é necessária uma série de regulações, leis
e instrumentos para que eles sejam garantidos. Enquanto são tímidas as
investidas do Estado em prol de uma outra comunicação, os movimentos
sociais populares, instituições da sociedade civil, homens, mulheres,
levantam a bandeira de luta pela democratização da comunicação no
país. A Casa Brasil Imbariê a partir de suas práticas demonstra que
apesar dos escassos recursos materiais e financeiros, mas com suas ricas
experiências no por em comum, é possível democratizar a comunicação.
A comunicação pautada no diálogo, nas atividades e tarefas diárias, na
conscientização e participação das ações coletivas.
Referências
BOBBIO, Norberto. A Era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 13ª
tiragem.
pp.1-83.
Introdução
Esse artigo trata da gênese e desenvolvimento do direito de
acesso à informação pública no México, enquanto uma política pública
de comunicação, na medida em que se trata de uma garantia para o
exercício da liberdade de expressão, por meio do pedido e recebimento
de informações produzidas pelo Estado.
A abordagem teórico-metodológica será a do ciclo de políticas
públicas (SARAVIA, 2006), somada às técnicas de pesquisa bibliográfica,
análise documental e entrevistas com atores-chave.
Era uma demanda que estava no mundo todo, não era somente
no caso mexicano. Então a alternância no poder gera uma
exigência de que, depois de 20 anos a sociedade estar lutando
por eleições confiáveis e competitivas, agora necessitamos de
um governo que seja confiável. Já não se exigia uma mudança
somente no processo eleitoral, senão na gestão governamental.
Então realmente o que empurra que haja uma legislação de
transparência é a chegada de outro partido, como uma coroação
da transição mexicana [tradução nossa] (PECHARD, 2016).
Em Puebla foi feita uma cópia da lei federal. Ali se criou uma
Comissão de Acesso à Informação Pública. Porém, a Comissão
era muito mais limitada que a iniciativa federal, pois, se no
nível federal houve transição política, nos estados não houve
transição. Nos estados o PRI dominava e se fazia o que o partido
queria. Os comissionados, os integrantes do órgano garante
eram praticamente empregados do governador, do Executivo.
Então era uma Comissão que não servia muito [tradução nossa]
(RUIZ, 2016).
5. Considerações finais
A partir da pesquisa realizada sobre a gênese, pode-se
perceber a natureza cíclica do processo de elaboração, implementação
e avaliação de políticas públicas ligadas ao direito à informação no
México. Atualmente, o país vive um momento de reformulação a partir
da avaliação dos primeiros anos de vigência da primeira norma infra-
constitucional sobre o tema.
Referências
Maiara Sobral
Introdução
Este artigo parte de uma investigação que busca conhecer e
analisar as possibilidades e dificuldades de construção da autonomia e da
subjetivação política, a partir da exposição e das narrativas construídas
por sertanejas piauienses na rede social Facebook, mais especificamente
as que residem na região do município de Guaribas-PI. Essa cidade foi
escolhida após nossa primeira experiência em campo: ao mesmo tempo
em que é “conhecida” por ter sido piloto do Programa Fome Zero, é
1. Trabalho inicialmente apresentado no GP Comunicação para a Cidadania, do XVI
Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIX
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
Questões Contextuais
O desenvolvimento de diversas políticas públicas no Brasil
nos últimos 14 anos, desde o principal programa de transferência de
5. “As beneficiárias do PBF sofrem diariamente preconceitos, que colocando em xeque
a moralidade de cada uma. Vivem sob olhares que as julgam e incriminam pela pobreza
vivenciada” (VIEIRA, 2015, p. 39).
6. “Essas ‘maneiras de fazer’ constituem as mil práticas pelas quais usuários se reapropriam
do espaço organizado pelas técnicas da produção sócio-cultural” (CERTEAU, 1998, p. 41).
9. Assim, acreditamos que essa subjetivação está relacionada à presença dessas mulheres
em redes sociais como o Facebook, às suas falas, bem como às imagens, caracterizadoras
do que é feminino, que as atravessam, inclusive em produções fotográficas, como selfies.
10. Essas foram as cidades que estiveram no trecho que nos propusemos a percorrer
e nas quais foi possível parar e encontrar mulheres dispostas a conversar, durante o
caminho já mencionado (entre Paulistana e Guaribas). Inicialmente não escolhemos
muitos critérios: seriam mulheres ou adolescentes que utilizassem o Facebook com
frequência e que residissem nessa região.
11. Essa aproximação, através da adição dos perfis dessas mulheres à nossa rede de
contatos no Facebook mostra-se essencial. Sem esse recurso, é provável que seja
impossível observar e rastrear boa parte de suas interações na rede social, já que só
teríamos acesso ao que é postado como “público”. No momento em que podemos
interagir diretamente com elas, tudo o que for postado ou compartilhado com
visibilidade para amigos e/ou conhecidos está disponível à nossa pesquisa.
Algumas Considerações
As imagens de mulheres sertanejas, sejam elas encarnadas
em relatos ou fotografias propagadas pelo Facebook, podem criar, na
oportunidade de aparecerem diante do outro sem as mediações de meios
15. As experiências dessas mulheres, integradas aos seus pontos de vista, podem, ainda
que com dificuldade, levar a uma redefinição do político, como aponta Alami M’Chichi
sobre as feministas no Marrocos (2002, p. 124).
Referências
CAPAI, Elisa. PI: cidade piloto do Bolsa Família retrata revolução na vida
de mulheres. Portal Terra, 2013. Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/
brasil/pi-cidade-piloto-do-bolsa-familia-retrata-revolucao-na-vida-de-mulher
es,bfd216bbd96c0410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html>. Acesso em: abr.
2016.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Que emoção! Que emoção? São Paulo: Ed, 34,
2016.
Introdução
Para McLuhan (2005), as mídias são um ambiente, tão
imperceptível quanto a água para os peixes – uma tese que o conceito
de redes discursivas de Kittler (1990) segue à risca. Por conseguinte,
aquilo que se configura como um axioma dentro de uma rede, ambiente
ou episteme, pode ser determinado a partir de um a priori tecnológico
ou medial. A filosofia platônica só foi possível com a disseminação
da palavra escrita, pois sua teoria das formas – de que outro mundo
existe além daquele temporal e material percebido através dos sentidos
1. Trabalho inicialmente apresentado no GP Teorias da Comunicação, do XVI Encontro
dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação.
Medium/Forma
O conceito de medium (meio) na germanofonia desenvolve-se
a partir do pensamento aristotélico, onde a atividade da visão requer
o medium ar. “Para Aristóteles há sempre um atributo sensível que
causa um movimento no medium (ar, água ou terra), que por sua vez
produz movimento nos órgãos do sentido. Com isso, os corpos só
são percebidos na medida em que atributos sensíveis movimentam o
medium” (BASTOS, 2012, p.56). Bastos (2012) aponta que esta acepção
foi difundida na filosofia islâmica através de Al-Kindi, Al-Farabi e
Averróis, mas permaneceu desconhecida no Europa até a adaptação à
teologia cristã com São Tomás de Aquino, ou seja, com mais de um
milênio de atraso.
Formalização
No ato de diferenciação entre medium e forma, o segundo
tanto substancia o primeiro quanto se mantém imperturbável por ele.
Trata-se, então, “de saber como é possível a emergência de um sistema
[...], considerando-se a altíssima improbabilidade de sua articulação,
uma vez que há milhões e milhões de alternativas engendráveis pela
fricção [...]” (GUMBRECTH, 1998, p.147) de elementos heterogêneos
passíveis de articulação e formalização. Na releitura deste problema
por Gumbrecht (1998, 2010), a questão “o que é uma forma?” torna-se
“como é possível que algo não estruturado adquira forma?”.
Diferentemente da individuação – de coisas e de pessoas –,
a mediação é uma espécie de comporta que, limítrofe, diferencia as
bordas da zona de indeterminação (BALKE; SCHOLZ, 2010). Assim,
a forma é uma quantidade de elementos heterogêneos que só se
constitui enquanto qualidade pela relação medium/forma. Para Balke e
Scholz (2010), a forma consistiria de uma formalização “dissociativa e
disfigurativa” do medium, já que, além do processo de territorialização/
desterritorialização acima mencionado, a realização da medialidade
ativamente diferencia entre elementos incluídos e excluídos.
Media
Volta-se ao paradoxismo da forma como simultaneamente
determinante e indeterminante do medium, à questão do
Medienapriorismus. Isto leva alguns interprétes a compreenderem
a abordagem alemã como “anti-ontológica” (HORN, 2007), pois
se negaria a definir a essência dos media. Na interpretação desses
comentadores – e até de alguns autores, como Siegert (1996, 2012,
2013) –, a não-ontologia dos alemães levam-nos a uma definição
pragmática de mídia, ou seja, definido-a ad hoc conforme os usos
práticos e as demandas daquilo que se entende por mídia. Isso
significaria cair na tautologia de que é mídia aquilo que é utilizando
como mídia. Ao contrário, o a priori medial aponta que, para os
alemães, na relação entre a dupla-articulação do medium com o seu
ambiente operacional, o medium é “um fato ontológico cuja segunda
natureza define a condição da cultura” (BASTOS, 2012, p. 62).
Nesse sentido, equivaler o conceito de medium com o de
meio ou de ambiente (ou meio-ambiente), ou enquanto “cultura”,
também é equivocado. Em Kittler, por exemplo, o ponto central
de sua análise é a função discursiva da literatura dentro da rede
cultural da comunicação e da informação, operações dependentes
de tecnologias midiáticas. A rede discursiva não está para o todo da
cultura assim como a máquina de escrever não está para o conceito
pedestre de “mídia”: é a rede discursiva que é o medium cuja máquina
de escrever é uma das formas de expressão. Ou seja, para os alemães,
o conceito de media é sempre bidimensional, de dupla natureza,
composto pela dupla-articulação medium/forma.
5.Corporalidade
Para os alemães, o corpo, e não a mente (ou a subjetividade), é o
local no qual as formas mediais inscrevem-se: o próprio sistema nervoso
torna o corpo um aparato medial e uma tecnologia elaborada (WELLBERY,
1990). Em Sloterdijk (2000, 2008, 2013), o corpo humano é o medium
sobre o qual ocorre a forma da hominização, o tornar-se humano: estas
antropotécnicas – exercícios físicos, ascetismo, religião, autoajuda –
recortam o que convencionalmente é chamado de sujeito. A subjetividade
é produzida a partir da exterioridade, mas o medium que a produz só é
acessível quando interiorizada. Essa substituição do sujeito pelo corpo
acaba por dispersar, complexificar e historicizar o conceito de subjetividade:
afinal, corpos são múltiplos, possuem camadas e são produtos finitos e
contingentes (WELLBERY, 1990). Daí Kittler (1990) chamar o homem de
sogenannte Mensch, algo como “o tal homem”, pois ele não aparece apenas
como figura do discurso, mas de fato enquanto efeito mídio-tecnológico
para processos de endereçamento e operacionalização (SPRENGER, 2016).
Passa-se da noção de práxis para a de treinamento: a cultura
e, por extensão, a própria humanidade, não passa de um regime pelo
qual passam os corpos. Essa noção “faz explodir o horizonte humanista”
Considerações finais
Não se pode evitar uma sensação de vertigem ao ler os teóricos
alemães, com seus objetos que desafiariam qualquer taxonomista
borgiano. Para eles, são objetos do media studies: os usuais suspeitos
como imprensa, cinema, TV, rádio, computadores; suspeitos menos
usuais como máquinas de escrever, fonógrafos e lanternas mágicas;
esquemas de notação, sejam hieroglíficos, fonéticos ou alfanuméricos; o
teatro, a literatura, o rock americano e a propaganda nazista; formas de
organização, como arquivos e calendários; instituições sociais como o
sistema político e o sistema jurídico; instrumentos como quadro negros,
pianos, portas e telescópios; tecnologias como a eletricidade; técnicas
de hominização, como a bipedalidade e a alfabetização; a natureza,
como grãos de areia, água, luz e ar; e coisas inclassificáveis como aspas,
selos, escalpos, lulas, pessoas jurídicas, fantasmas, mesas mediúnicas,
sonâmbulos, criminosos hipnóticos e criados vitorianos.
A alta filosofia se cruza com objetos do cotidiano: Heidegger e
o futebol em Gumbrecht, Goethe e o seio materno em Kittler, Nietzsche
e a autoajuda em Sloterdjik, Lacan e portas em Siegert. Quando a teoria
encontra-se com a tecnologia, o surrealismo só aumenta: softwares são
abolidos em favor da maquinaria pesada do hardware; um violinista
sem braços do início do século passado relê uma crença new age do
final deste; GPS, radares e sensores sísmicos desmontam o Olimpo.
Em uma recente entrevista, A.R. Galloway apontou que toda
posição teórico-filosófica é centrada naquilo que chamou “dogma-x”,
definido como “[...] qualquer tipo de imagem coerente das coisas. Pode
2011, p. 235). Será que, tal como os meios determinam nossa situação,
são nossas teorias que determinam nossa situação intelectual?
Referências bibliográficas
BALKE, F.; SCHOLZ, L. 2010. The Medium as Form. In: L. JÄGER; E. LINZ;
I. SCHNEIDER (orgs.), Media, Culture, and Mediality: New Insights into the
Current State of Research. New Brunswick, Transaction Publishers, p. 37-48.
KITTLER, F.A. 2013. The Truth of the Technological World: essays on the
Genealogy of Presence. California, Stanford University Press, 402 p.
SIEGERT, B. 2012. Doors: on the materiality of the symbolic. Grey Room, 47:6-
23.
Introdução
Durante os últimos anos, temos investigado a cobertura
jornalística de acontecimentos envolvendo mitos e lendas folclóricas
presentes no imaginário popular (COSTA, 2014, 2013, 2012). Tal
cobertura chama atenção, uma vez que o jornalismo hegemônico
tradicional, cujo modo de produção é filiado a uma visão moderna de
mundo, mobiliza preceitos como o empirismo factual e a verificação que,
a princípio, são insuficientes para dar conta das dimensões imateriais
do saber local. Percebemos entretanto que existem determinados
fatores que, vez ou outra, abrem espaço dentro desse território para
manifestações de um universo inefável e sensível. Elementos que
permitem às notícias de mito e lenda serem como são (COSTA, 2014).
1. Trabalho inicialmente apresentado no GP Folkcomunicação, do XVI Encontro dos
Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação.
6. É preciso pontuar que “dar a ver” não significa de pronto uma virtude jornalística, ela
por vezes ocasiona consequências trágicas para os sujeitos relacionados ou perniciosas
para os acontecimentos narrados. Um caso famoso na história do fotojornalismo
brasileiro são as fotografias que José Medeiros fez de um ritual de iniciação das iaôs em
1951 para a Revista Cruzeiro (TACCA, 2009).
7. Motivos, temáticos ou contextuais, pelos quais algo é tido como relevante o suficiente
para ser noticiado.
9. Ver Livro com relatos sobre fantasmas e até lobisomem será lançado amanhã, publicada
pelo Campo Grande News em 11/08/2016. Disponível em bit.ly/cgnewslivrolobi.
Imaginário farroupilha
O repórter Nilson Mariano e o fotógrafo Carlos Macedo são
responsáveis por um especial de sete matérias, publicado entre os dias
10. A Guerra dos Farrapos termina em 1º de março de 1845, já no período do Segundo
Reinado. Suas lideranças maçons e seu brabo “O centro explora o Sul” se fez sentir
nos movimentos liberais de São Paulo e praticamente colou-se à história do Império
(SCHARCZ; STARLING, 2015, p. 261).
11. O hino do estado do Rio Grande do Sul, oficializado em 1933, durante os preparativos
para o “Centenário da Revolução Farroupilha”, é um poema sobre o episódio.
12. Ver Histórico do Acampamento Farroupilha, publicado pela Prefeitura de Porto
Alegre. Disponível em bit.ly/POAFarroupilha.
Figura1
Lagoa da Corneta
Foto: Carlos Macedo/
Agência RBS, 2014a
Figura 2
Antigo Palácio da
República Rio-
Grandense, em Piratini.
Fonte: Carlos Macedo/
Agência RBS, 2014b
Figura 3
Cidade de Piratini
Fonte: Carlos Macedo/
Agência RBS, 2014c.
Figura 4
Cerro do Jarau
Fonte: Carlos Macedo/
Agência RBS, 2014d.
Figura 5
Herval
Fonte: Carlos Macedo/
Agência RBS, 2014e.
Figura 6
Manoel Paoli nas ruas
de Alegrete
Fonte: Carlos Macedo/
Agência RBS, 2014f.
Figura 7
Cerro do Topador, em
Santana do Livramento
Fonte: Carlos Macedo/
Agência RBS, 2014g.
região que Bento Gonçalves travou duelo com Onofre Pires por
honra, em 1844, após o assassinato do vice-presidente da República no
Alegrete. A série de reportagens da Semana Farroupilha de 2014 encerra
visitando o local da famosa luta, o Cerro do Torpador, hoje parte de
uma propriedade privada rural.
13. “Quando passa pela Rua Vasco Alves, Manoel Paoli do Santos lembra do assassinato
histórico” (MARIANO, 2014e).
Considerações Finais
Pela perspectiva do imaginário, ainda que produzida por
indivíduos que contam com suas próprias referências, histórico e
determinada ingerência, a obra cultural não pode ser vista sem levar
em consideração sua capacidade de catalizar o universo simbólico da
sociedade na qual está inserida. Podemos observar nesta leitura simbólica
algumas práticas recorrentes no contexto de uma série de reportagens –
produzidas por um mesmo fotógrafo, dentro do mesmo eixo temático:
as redundâncias da ascenção, do masculino e das ausências.
Seria um erro, neste momento, propor qualquer tipo de
universalização destas experiências. Ainda assim, as forças que nos
levam para o céu transcendental ou para o íntimo da gruta não são meras
escolhas individuais, mas pulsões no simbólico que nos permitem em
última instância reconhecer no outro a nós mesmos.
Neste mesmo sentido, voltar-se para o folclore e as tradições
é estar atento para os modos de sentir, pensar e agir de um povo. Um
jornalismo que seja capaz de abarcar os fatos folclóricos como elementos
complexos, identitários e constitutivos da sociedade será um jornalismo
que superou as próprias limitações iconoclastas da modernidade.
Enquanto a eficiência e o progresso servirem de direcionamento
para o pensamento, no entanto, o lugar do saber local permanecerá
marginalizado.
Pontua este artigo a necessidade de estudos continuados desta
relação entre jornalismo e imaginário. Buscar o inefável, o sensível e o
invisível num ambiente que tradicionalmente os recusa – tanto na teoria
quanto nas práticas – pode ser o caminho para desnaturalizar processos,
refletir sobre as práticas tão automatizadas pelo ethos profissional, e (re)
encontrar o lugar do jornalismo em suas mais diversas instâncias neste
contexto de crises permanentes e turbulências constantes.
Referências bibliográficas
_____. Fotografia, olho do Pai. In: BONI, Paulo César (Org.). Fotografia: usos,
repercussões e reflexões. Londrina: Midiograf, p. 25-42, 2014.
_______________. Por que as notícias de mito e lenda são como são?. In:
XII Congresso de la Asociación Latinoamericana de Investigadores de la
Comunicación - ALAIC, 2014, LIMA, Peru. XII Congresso de la Asociación
Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación - ALAIC, 2014.
Disponível em: congreso.pucp.edu.pe/alaic2014/wp-content/uploads/2013/09/
GT1-Andriolli-de-Brites-Da-Costa.pdf.
DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. 14ª ed. São Paulo:
Papirus, 2012.
Material de Análise