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CDD 378
Direitos desta edição reservados à UNITINS.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da UNITINS.
Língua Espanhola VI 93
1 La intencionalidad textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
2 Las oraciones. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
3 Las oraciones subordinadas sustantivas . . . . . . . . . . . . . . . . 119
4 Las oraciones subordinadas adjetivas y adverbiales. . . . . . . . . 133
5 Cambios de valores verbales . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
6 Estrategias de lectura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
7 Usos de la lengua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
EQUIPE UNITINS
Organização de Conteúdos Acadêmicos Sibéria Sales Queiroz de Lima
Silvéria Aparecida Basniak Schier
Revisão Linguístico-Textual Silvéria Aparecida Basniak Schier
Gerente de Divisão de Material Impresso Katia Gomes da Silva
Katia Gomes da Silva
Projeto Gráfico
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Capas Rogério Adriano Ferreira da Silva
Apresentação
Todas essas teorias darão suporte para a sua atuação profissional e
estarão materializadas, por exemplo, no livro didático que você adotará, nas
atividades elaboradas por você e na forma de avaliação de seus alunos.
É na perspectiva de apresentar essas teorias e contextualizá-las no
âmbito do ensino da língua portuguesa que este caderno foi elaborado
para você. No primeiro capítulo, faremos uma introdução à análise do
discurso, apresentaremos os principais teóricos e alguns conceitos básicos
dessa área. No segundo, falaremos sobre as contribuições de Bakhtin às
teorias do discurso, dialogismo e polifonia. No terceiro, discutiremos sobre
a linguística da enunciação e as contribuições de Benveniste para o desen-
volvimento dos estudos linguísticos.
No quarto capítulo, examinaremos as teorias dos atos de fala, a teoria
da atividade verbal e os postulados conversacionais de Grice. No quinto,
estudaremos os mecanismos de argumentatividade: operadores argumenta-
tivos, marcadores de pressuposição, índices de modalidade, índices atidu-
dinais, tempos verbais e índices de polifonia. No sexto capítulo, trataremos
da análise da conversação e das tomadas de turno. No sétimo, veremos
a aplicação da teoria estudada em algumas propostas de atividades que
podem ser desenvolvidas na sala de aula para a promoção do ensino e da
aprendizagem.
Esperamos que você aproveite o máximo da disciplina. Bons estudos!
Prof.ª Sibéria Sales Q. de Lima
Prof.ª Silvéria Aparecida Basniak Schier
1
CAPÍTULO 1 • língua portuguesa vi: discurso e ensino
Introdução à análise
do discurso
Introdução
Há diversas maneiras de estudar a linguagem: podemos concentrar a análise
na língua enquanto sistema de signos, ou sistema de regras formais, ou normas de
bem dizer, por exemplo. “A maneira de se estudar a língua é diferente em diferentes
épocas, em distintas tendências e em autores diversos” (ORLANDI, 2003, p. 15).
No século XIX, os estudos centralizaram na comparação entre as línguas com
o objetivo de deduzir princípios gerais da evolução histórica e da regularidade
das diferenças entre línguas. Nessa época, descobriu-se o parentesco entre o
latim, o grego, as línguas germânicas, as eslavas e as célticas e as faladas na
antiga Índia.
No século XX, os estudos sobre a língua evoluíram. O grande responsável foi
o linguista suíço Ferdinand Saussure, que realizou importantes pesquisas com a
língua indoeuropeia, considerada na época língua-mãe. Mas o destaque foram
suas aulas de Linguística Geral dadas em Genebra, que o tornaram uma das
figuras mais importantes do início da Linguística como ciência, considerado o
fundador da Linguística científica.
Saussure apresentou conceitos que mudaram completamente o modo de
encarar a Linguística. A partir de aulas e de alguns escritos do próprio linguista,
seus discípulos publicaram a obra Curso de Linguística Geral, que serviu de base
para o desenvolvimento do estruturalismo e muitos questionamentos da Linguística
no século XX (ROBINS, 1983).
Ele definiu a língua como o objeto da Linguística. Embora ele a tenha definido
como um fato social, uma vez que os indivíduos a adquirem no convívio social,
privilegiou seu caráter formal e estrutural. A verdadeira intenção do linguista
suíço era isolar o estudo da língua de tudo que é exterior a ela. Saussure estabe-
leceu a distinção entre uma linguística interna (linguístico) oposta a uma linguís-
tica externa (social).
Os estudos linguísticos evoluíram. Os pesquisadores reconheceram que
a análise não poderia permanecer apenas na língua, havia necessidade de
examinar também os fatores externos a ela. Em relação a essa evolução nos
estudos linguísticos, Brandão (2004, p. 10) destaca que
O reconhecimento da dualidade constitutiva da linguagem, isto é,
do seu caráter ao mesmo tempo formal e atravessado por entradas
Reflita
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Optamos por analisar a linha francesa. Para essa linha, os dois conceitos
básicos são ideologia e discurso. As vertentes que influenciaram a corrente fran-
cesa são, do lado da ideologia, os conceitos de Althusser e, do lado do discurso,
as ideias de Foucault. A partir dos trabalhos desses dois teóricos, Pêcheux se
tornou um dos principais estudiosos da AD (BRANDÃO, 2004).
Vejamos, nas próximas seções, as principais contribuições dos teóricos para
o desenvolvimento da AD.
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Outro ponto destacado por Cardoso é que as FDs são constituídas a partir
das práticas discursivas, que são “um conjunto de regras anônimas, históricas,
sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram, em uma dada
época e para uma determinada área social, econômica, geográfica ou linguís-
tica, as condições do exercício da função enunciativa” (FOUCAULT citado por
CARDOSO, 1999, p. 23). Assim as formações discursivas determinam o que
pode e deve ser dito a partir de uma posição dada em uma conjuntura dada
(BRANDÃO, 2004; MUSSALIM, 2006). Por exemplo, “eu vos declaro casados”,
para ter validade, em nossa sociedade, não pode ser dito por qualquer sujeito.
Brandão (2004, p. 51) acrescenta que
Analisar o discurso é descrever os “sistemas de dispersão” dos
enunciados que o compõem através das “regras de formação”.
Se eles apresentam um sistema de dispersão semelhante, podendo
definir uma regularidade nas suas “formas de repartição”, pode-se
dizer que eles pertencem a uma mesma FD.
Reflita
1.4.3 Heterogeneidade
Segundo Brandão (2003), para Authier-Revuz, a natureza da linguagem é
ser heterogênea. Em qualquer formação discursiva, há sempre a presença do
Outro, e é essa presença que confere ao discurso o caráter heterogêneo.
Mussalim (2006, p. 128) expõe três tipos de heterogeneidade mostrada,
ou seja, formas que acusam a presença do Outro no discurso propostos por
Authier-Revuz:
a) Aquela em que o locutor ou usa de suas próprias palavras
para traduzir o discurso de um Outro (discurso relatado) ou
então recorta as palavras do Outro e as cita (discurso direto);
b) Aquela em que o locutor assinala as palavras do Outro em
seu discurso, por meio, por exemplo, de aspas, de itálico,
de uma remissão a outro discurso, sem que o fio discursivo
seja interrompido;
c) Aquela em que a presença do Outro não é explicitamente
mostrada na frase, mas é mostrada no espaço do implícito,
do sugerido, como nos casos do discurso indireto livre, da
antífrase, da ironia, da imitação, da alusão.
Nas formas (a, b), a presença do Outro no discurso é mais evidente, por isso
Authier-Revuz as classifica como heterogeneidade mostrada marcada. Nesse tipo
de heterogeneidade, o locutor utiliza formas que marcam a presença do Outro,
como o discurso direto e/ou indireto, ou que incluem as palavras do Outro no
seu discurso, sem que haja interrupção do fio discursivo, indicando-as por meio
do uso das aspas, do itálico, de uma entonação específica, de um comentário
ou de uma remissão a outro discurso (BRANDÃO, 2003).
Na forma (c), a presença do Outro no discurso é menos evidente e a iden-
tificação é mais complexa devido à sua voz se misturar com a voz do locutor e
não ser é explicitada por marcas no discurso. A esse tipo de heterogeneidade
Authier-Revuz classifica como heterogeneidade mostrada não-marcada. É o caso
do discurso indireto livre, da ironia, da alusão, da pressuposição, da imitação,
da reminiscência, “em que se joga com o outro discurso não mais no nível da
transparência, do explicitamente mostrado ou dito, mas no espaço do implícito,
do semidesvelado, do sugerido” (BRANDÃO, 2003, p. 9).
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Reflita
1.4.4 Interdiscurso
Courtine e Marandim citados por Brandão (2004, p. 91) afirmam que
O interdiscurso consiste em um processo de reconfiguração
incessante no qual uma formação discursiva é conduzida [...]
a incorporar elementos preconstruídos produzidos no exterior
dela própria; a produzir sua redefinição e seu retorno, a suscitar
igualmente a lembrança de seus próprios elementos, a organizar
a sua repetição, mas também a provocar eventualmente seu
apagamento, o esquecimento ou mesmo a degeneração.
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Referências
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 9. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
BRANDÃO, H. H. N. Análise do discurso: um itinerário histórico. In: PEREIRA,
H. B. C.; ATIK, M. Luiza G. (Org.). Língua, literatura e cultura em diálogo. São
Anotações
Introdução
Neste capítulo, estudaremos algumas das teorias defendidas por Mikhail
Bakhtin, que foi um dos mais importantes teóricos do século passado. Estudou,
pesquisou e escreveu sobre literatura, linguagem etc. Em toda a sua produção,
percebemos o espírito de um homem inquieto diante da complexidade da
comunicação humana.
Conhecido como o teórico do diálogo, viveu em uma época conturbada.
Publicou Freudismo (1927), O método formal nos estudos literários (1928)
e Marxismo e filosofia da linguagem (1929), considerada como sua obra
mais relevante.
Seu reconhecimento veio mais tarde, na década de 1970. Em 1929, foi
condenado ao exílio interno no Cazaquistão acusado de envolvimento em
atividades ilegais ligadas à Igreja Ortodoxa, o que nunca foi confirmado.
Enfrentou doenças que comprometeram a sua qualidade de vida. Seu espírito
inquieto produziu teorias que até hoje são estudas, desvendadas, discutidas e
atualizadas servindo a cada vez mais campos de estudos.
Neste capítulo, estudaremos um pouco sobre esse teórico e algumas de
suas teorias.
Esperamos que ao final deste capítulo, você compreenda as principais
teorias de Bakhtin, os aspectos de sua vida, o dialogismo, a polifonia e a
intertextualidade.
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Segundo Brait (1997, p. 155), Bakhtin “tem em mira uma terceira via de
enfrentamento das questões de linguagem, que não se restringiria à formação
abstrata e nem às especificidades dos talentos individuais”. A compreensão
ampla da natureza da linguagem está entre essas duas orientações, ou melhor,
ela está para além delas.
Bakhtin se interessa pelo real e concreto ocorrente na contradição de classes.
Vê o homem como um ser histórico, cultural e que a sua produção social resulta
necessariamente em cultura.
Bakhtin considera que a língua não pode e não deve ser compreendida
isoladamente, mas permeada por suas relações com a sociedade, ou seja, pelos
fatores “extralinguísticos”. Bakhtin (1999) supera as visões dicotômicas dos
teóricos e propõe a interação verbal como base de sua teoria.
Para o teórico russo, a língua deveria ser estudada a partir das suas rela-
ções com os momentos de produção, com os interlocutores, os contextos que
envolvem a fala, o momento histórico-social. Entendia que o homem é um ser
histórico e produtor de um conjunto de relações sociais. Bakhtin (2006, p. 248),
afirma que
Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que
sejam, estão relacionadas com a utilização da língua. Não é de
surpreender que o caráter e os modos dessa utilização sejam tão
variados como as próprias esferas da atividade humana [...] O
enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de
cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo temático e
por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos
da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais – mas
também, e, sobretudo, por sua construção composicional.
A forma linguística, para Bakhtin (1999, p. 95), se apresenta por meio das
“enunciações precisas, o que implica sempre um contexto ideológico preciso
[...]. A palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideo-
lógico ou vivencial”. A substância da língua se mostra como sendo o fenômeno
da interação verbal realizada por meio dos enunciados ou das enunciações
(BAKHTIN, 2002).
Saiba mais
Desse modo, segundo Brait (1997, p.154), “nossa fala é modulada pelos
gêneros discursivos, pois todas as enunciações de nosso discurso-fala reve-lam
escolhas particulares de formas construídas dentro de um todo, que são
as enunciações”.
Os gêneros discursivos têm a capacidade de acionar as diversas esferas
de enunciação, são, portanto, depositários de uma dada cultura. Podem ser
entendidos como formas de representação do mundo, ou de diversos entendi-
2.2 Polifonia
O dialogismo manifesta-se a partir da polifonia e da heterogeneidade,
presentes nos diversos gêneros discursivos e na intertextualidade, que é,
segundo Barros e Fiorin (2003, p. 4), “antes de tudo, intertextualidade ‘interno’
das vozes que falam e polemizam no texto, nele produzindo o diálogo com
outros textos”.
A polifonia também é um dos conceitos apresentados na teoria bakhtiniana
e emerge do conceito de dialogismo. É o entrecruzamento de diversas vozes
que se instauram no enunciado. Barros e Fiorin (2003, p. 6) mencionam que
Os textos são dialógicos porque resultam do embate de muitas
vozes sociais; podem, no entanto, produzir efeitos de polifonia,
quando essas vozes ou algumas delas deixam-se escutar, ou de
monofonia, quando o diálogo é mascarado, e apenas uma voz
faz-se ouvir.
Não é possível pensarmos que um texto nasce do nada, ou seja, ele não
tem no emissor o seu único e absoluto início. Assim, se todo texto é um intertexto,
todo intertexto, também, pode ser considerado como um texto. Essa reunião de
textos que se entrecruzam pode revelar a existência de múltiplas vozes, propor-
cionando que a polifonia do texto se manifeste.
A polifonia é a resultante da ideia de que
Tudo que é dito, tudo que é expresso por um falante, por um enun-
ciador, não pertence só a ele. Em todo discurso são percebidas
vozes, às vezes infinitamente distantes, anônimas, quase impes-
soais, quase imperceptíveis assim como as vozes próximas que
ecoam simultaneamente no momento da fala (BARROS; FIORIN,
2003, p. 14).
Assim o meu discurso é não meu, mas é do outro que anteriormente usou
a palavra. Em certo sentido, o ato comunicativo é como um rio que dialoga
com outros rios anteriores e posteriores a ele. As vozes ecoam infinitamente nos
discursos. Mas como se dá esse diálogo? Esse é o assunto do próximo tópico.
2.3 Dialogismo
Bakhtin defende o dialogismo como sendo o princípio constitutivo da
linguagem. A partir desse princípio as trajetórias dos discursos são traçadas em
busca de sentido. Bakhtin (2006, p. 404) assevera que
O texto só vive em contato com outro texto (contexto). Somente
em um ponto de contato é que surge a luz que aclara para
trás e para frente, fazendo com que o texto participe de um
diálogo. [...] Por trás desse contato, há o contato de pessoas e
não de coisas.
Essa unicidade do evento defendido por Bakhtin está relacionada com o fato
de que não são as unidades da língua que são dialógicas, mas os enunciados.
As enunciações são irrepetíveis e, sendo únicas, apresentam acento, entonação
e apreciação única. Diferentemente das unidades da língua, que são neutras, as
enunciações carregam emoções, juízos de valores e têm uma autoria e, por isso,
revelam a posição de seu enunciador.
O enunciado é, portanto, dialógico e se constitui a partir de outro enun-
ciado. Há nele ao menos duas vozes: a sua própria e aquela em oposição “a
qual se constrói. Para Fiorin (2008, p. 21), “o enunciado é a réplica de um
diálogo, pois cada vez que se produz um enunciado o que se está fazendo é
participar de um diálogo com outros discursos”.
As relações dialógicas, manifestadas nos enunciados, podem ser contratuais
ou polêmicas, de convergência ou divergência. A relação contratual com outro
enunciado e a adesão ou não a ele evidenciam que o enunciado é sempre o
espaço para as contradições, para a luta entre vozes sociais.
Segundo Barros e Fiorin (2003, p. 2), Bakhtin defende que
Só se pode entender o dialogismo interacional pelo deslocamento
do conceito de sujeito. O sujeito perde o papel de centro, é subs-
tituído por diferentes (ainda que duas) vozes sociais que fazem
dele um sujeito histórico e ideológico.
Nessa nova forma de ver a comunicação, Bakhtin postula que ela trans-
cende a esfera do linguístico e se carrega de caráter histórico e cultural. Em sua
teoria, o sujeito é concreto e participa ativamente da produção social da vida e
como tal da cultura.
Como teórico de orientação claramente comprometida com os postulados
marxistas, Bakhtin vê a palavra como signo ideológico, como produção que
“reflete e refrata” uma arena de lutas. Os interesses e os confrontos percebidos
no conjunto da sociedade de classes também emergem na linguagem. Tais
concepções teóricas reafirmam e evidenciam o caráter crítico de Bakhtin.
Bakhtin vivenciou um contexto social e histórico bastante rico, fez parte de
uma época de efervescência tanto no campo das teorias, como na política inter-
nacional e na economia mundial. Viveu no momento histórico em que se firmava
2.4 Intertextualidade
A intertextualidade é o diálogo estabelecido entre os muitos textos da cultura.
Para Bakhtin, a primeira condição da intertextualidade é que as obras se deem
por inacabadas, isto é, permitam e peçam para ser prosseguidas e admitam o
diálogo com outros textos. A intertextualidade estende o dialogismo às várias
expressões artísticas e, evidentemente, à literatura.
As relações intertextuais são realizadas por meio “do processo de incorpo-
ração de um texto em outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, seja
para transformá-lo. Há de haver três processos de intertextualidade: a citação, a
alusão e a estilização” (BARROS; FIORIN, 2003, p. 30).
A citação consiste em mencionar, direta ou indiretamente, parte de outro
texto, que poderá confirmar o sentido proposto ou polemizar-se com ele. A
alusão é a reprodução das construções sintáticas de um texto. Nesse processo,
certas figuras são substituídas por outras e todas mantêm relações de sinonímia
entre si e com o tema. A estilização é a reprodução do conjunto dos procedi-
mentos de estilística utilizados por outro autor. Conforme Denis Bertrand citado
por Barros e Fiorin (2003, p. 31), estilo é “o conjunto das recorrências formais,
tanto no plano da expressão quanto no plano do conteúdo (manifestado, é claro)
que produz um efeito de sentido de individualização”.
A partir dos processos de citação, como alusão e estilização, criamos uma
rede de muitos diálogos que se cruzam em um dado espaço e colaboramos para
a constituição de um mosaico composto por múltiplos discursos que são absor-
vidos e transformam-se em outras produções.
A intertextualidade “é o diálogo entre os muitos textos da cultura, que se instala
no interior de cada texto e o define” (BARROS; FIORIN, 2003, p. 4). É possível de
ocorrer tanto na superfície do texto, quanto na profundidade das relações implícitas
do texto com seu universo cultural e, consequentemente, com outras obras.
A intertextualidade não é uma dimensão secundária, como afirma Barros e
Fiorin (2003, p. 4), é “dimensão derivada” ela é a dimensão primeira da qual
o texto deriva.
A intertextualidade na obra de Bakhtin é, antes de tudo, a inter-
textualidade “interna” das vozes que falam e polemizam no texto,
Um texto, por mais original que possa parecer, traz, em sua essência, diversos
outros textos. O diálogo constante entre os diversos textos permite que eles se
tornem cada vez mais complexos e mais heterogêneos e que se verifiquem, nas
produções culturais, vários conflitos entre os discursos apresentados.
Por fim, Julia Kristeva (1968, p.45) define intertextualidade como
[...] uma interação textual que se produz no interior de um só
texto e que permite entender as diferentes sequências ou códigos
de uma estrutura textual precisa, como também de transformações
de sequências ou de códigos tomados de outros textos. Para o
leitor, que é sujeito cognoscente, a intertextualidade é uma noção
que se tornará índice da maneira de como um texto lê a história
e se insere nela.
Reflita
Você estudou algumas teorias defendidas por Bakhtin, porém não houve um
momento em que pudesse verificar sua aplicação prática. Agora veremos
como essas concepções podem contribuir para o desenvolvimento de suas
atividades. Imaginemos que estamos em uma aula de Literatura para o en-
sino médio e precisamos apresentar aos nossos alunos textos que dialogam
entre si. Uma possibilidade seria trabalhar o texto de Adélia Prado, Com
licença poética, 1976, em contraposição com o texto de Carlos Drummond
de Andrade, Poema de Sete Faces, de 1930. Vejamos os dois poemas.
Poema de sete faces (Carlos Drummond Andrade)
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
Referências
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
______. Marxismo e filosofia da linguagem. 9. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
______. Problemas da poética de Dostoievski. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
1981.
______. Questões de literatura e estética: a teoria do romance. São Paulo: Hucitec
Annablume, 2002.
BARROS, D. L. P. de; FIORIN, J. L. (Org.). Dialogismo, polifonia, intertextuali-
dade: em torno de Bakhtin. São Paulo: Edusp, 2003.
BRAIT, B. (Org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas:
UNICAMP, 1997.
FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Baktin. São Paulo: Ática, 2008.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 46. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
KRISTEVA, J. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1968.
KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São
Paulo: Contexto, 2009.
MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. Hipertexto e gêneros digitais. 2. ed. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2005.
STAM, R. Bakhtin: da teoria literária à cultura de massa. São Paulo: 2000.
Anotações
Linguística da enunciação
Introdução
Estudamos no capítulo 1, que na década de 1950, houve uma tentativa
para superar a linguística da língua. A noção de enunciação foi a principal
tentativa para ultrapassar os limites dessa linguística.
A concepção de língua como sistema ou estrutura impedia todo o processo
de significação e de mudança linguística. Faltava à linguística um dispositivo que
colocasse a língua em processo. A enunciação respondeu à busca de promover
a abertura e a mobilidade do sistema linguístico.
Na linguística da enunciação, a linguagem deixa de ser considerada apenas
como instrumento externo de comunicação e transmissão de informação para ser
vista como uma atividade entre os protagonistas do discurso. Teve o grande
mérito de tirar a linguagem da clausura do sistema. A enunciação fica, porém,
na perspectiva de Benveniste, circunscrita ao espaço do subjetivo e do individual
de colocar a língua em funcionamento, ou de transformá-la em discurso, que,
nesse sentido, acaba sendo concebido como um “produto subjetivo e indivi-
dual”, ficando muito próximo do conceito de Saussure. Essa dimensão individual
e subjetiva atribuída ao discurso foi contestada pela análise do discurso, pois,
na AD, o discurso é concebido como sócio-histórico.
Neste capítulo, você estudará sobre as principais contribuições de Benveniste
para a linguística da enunciação: natureza dos pronomes, concepção de subjeti-
vidade e noção de dêixis.
Para que você não tenha dificuldade para compreender esse conteúdo,
é interessante que retome o capítulo 1. Nele você estudou as concepções da
análise do discurso que são importantes para contrastar com os pontos de vista
da linguística da enunciação.
Saiba mais
O autor mostra que os pronomes não formam uma única classe, visto que
uns pertencem ao nível sintático e outros ao nível do discurso. Nos estudos clás-
sicos, os pronomes apresentam três pessoas: a pessoa que fala (eu, nós), com
quem se fala (tu, vós) e de quem fala (ele, eles). Essa noção é criticada por
Benveniste (1995, p. 248):
[...] o caráter sumário e não-linguístico de uma categoria assim
proposta deve ser denunciado. Ao alinharmos numa ordem
constante e num plano uniforme “pessoas” definidas pela sua
sucessão e relacionadas com esses seres que são “eu”, “tu” e
Eu Tu
Este Esse
Meu Teu
EU ELE
Aqui Lá
Agora Então
Hoje No mesmo dia
Ontem Na véspera
Amanhã No dia seguinte
Na próxima semana Na semana seguinte
Há três dias Três dias antes
O uso de nós evita que se crie uma esfera de reciprocidade e, dessa forma,
que se tome autoridade. O nós majestático aparece em discursos de altas auto-
ridades civis ou eclesiásticas, como em “Nós, em nosso pontificado...”. O nós
de autor é usado em obras científicas, em que o locutor procura diluir seu nome
em meio à comunidade científica da qual emana o saber, a Ciência (FLORES e
outros, 2008).
Por fim, Benveniste (1995, p. 289) destaca que
A linguagem é, pois, a possibilidade da subjetividade, pelo
fato de conter sempre as formas linguísticas apropriadas à sua
expressão; e o discurso provoca emergência da subjetividade,
pelo fato de consistir de instâncias discretas. A linguagem de
algum modo propõe formas “vazias” das quais cada locutor
em exercício de discurso se apropria e as quais refere à sua
“pessoa”, definindo-se ao mesmo tempo a si mesmo como eu e a
um parceiro como tu.
paradigma do ele” (FLORES; TEIXEIRA, 2005, p. 39). Essa distinção pode ser
esquematizada da seguinte forma:
• eu e tu – categoria de pessoa – referência dêitica
• ele – categoria não-pessoa – referência não-dêitica
Para o linguista, o mecanismo da dêixis está marcado na língua e é colo-
cado em funcionamento cada vez que um eu enuncia. Portanto “os dêiticos,
embora possuam um lugar na língua, são categorias vazias e subjetivas porque,
sendo signos concretos, somente adquirem estatuto pleno na e pela enunciação
do eu” (FLORES; TEIXEIRA, 2005, p. 40).
Para Benveniste (1995), eu e tu têm referência na enunciação e são dêiticos.
Já ele pertence ao sistema sintático da língua e, por isso, é anafórico, que é o
termo que remete a um antecedente e estabelece uma relação de substituição ou
representação. Nessa concepção, a anáfora tem caráter semântico, pois evita a
repetição ou promove a economia (FLORES e outros, 2008). Ele, portanto, não faz
parte do domínio subjetivo, ele pertence ao objetivo da linguagem, pois, estando
excluído da dêixis, faz parte do sistema anafórico da língua.
Crystal (2000, p. 74) expõe que
Dêixis (dêitico) é termo usado na teoria LINGUÍSTICA englo-
bando as características de pessoa, tempo e lugar de uma
LÍNGUA. Estas características são vistas dentro de uma
SITUAÇÃO espaço-temporal de um ENUNCIADO, estando a
SIGNIFICAÇÃO do enunciado direcionado a ela. São exemplos
de palavras dêiticas (ou EXOFÓRICAS): agora/depois, aqui/
ali/aí, eu/tu/ele. (grifo do autor).
Reflita
“Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são
doces...
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres exausto...
No entanto a tua presença é qualquer coisa, como a luz e a vida...
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto...
E em minha voz, a tua voz...”
Quais são os pronomes que fazem parte da categoria de pessoa com refe-
rência dêitica?
A partir das análises feitas neste capítulo, podemos concluir que as tenta-
tivas de superação de uma linguística restrita à língua não atingiram seu obje-
tivo, porque continuaram ainda presas à dicotomia saussuriana. Como vimos, a
linguística da enunciação assimila a questão do discursivo à fala, com exclusão
da história, e concebe o sujeito de forma idealizada, na sua unicidade e homo-
geneidade, como fonte criadora e origem do sentido.
Saiba mais
Referências
BENVENISTE, É. Problemas de linguística I. São Paulo: Pontes, 1995.
BRANDÃO, H. H. N. Análise do discurso: um itinerário histórico. In: PEREIRA,
H. B. C.; ATIK, M. Luiza G. (Org.). Língua, literatura e cultura em diálogo. São
Paulo: Mackenzie, 2003. Disponível em: <http://www.fflch.usp.br/dlcv/lport/
pdf/brand005.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2010.
______. Introdução à análise do discurso. 2. ed. Campinas: UNICAMP, 2004.
CRYSTAL, D. Dicionário de linguística e fonética. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2000.
FLORES, V. do N. et al. Enunciação e gramática. São Paulo: Contexto, 2008.
______; TEIXEIRA, M. Introdução à linguística da enunciação. São Paulo: Contexto,
2005.
WERNER, K. C. G. Os estudos da enunciação e a formação do professor de
línguas. [s/d]. Disponível em: <http://www.ufsm.br/lec/02_04/Kelly.htm>.
Acesso em: 4 abr. 2010.
Anotações
Introdução
Neste capítulo, abordaremos uma área de estudo diferente daquelas que você
conheceu ao longo de seus estudos sobre linguagem. Você deve se lembrar do
estudo sintático realizado na disciplina Língua Portuguesa III: Estudos Sintáticos.
A sintaxe examina as relações entre os signos, relaciona os signos entre si como
unidades básicas no processo de formação de estruturas complexas, como é o
caso dos períodos compostos. Nesses estudos, você verificava a relação entre
estruturas como essa:
“O menino acordou cedo e abriu a janela de seu quarto.”
Na sintaxe, é possível verificar que há duas orações com sentido indepen-
dente e que se somam por meio de uma conjunção aditiva etc. Mas não se
faz qualquer menção à situação em que esse enunciado é produzido, em que
circunstância, por quem e por qual motivo. A sintaxe é, portanto, um estudo
formal que trata, apenas, das possibilidades de combinação entre os signos.
No entanto há necessidade de se estender o universo da produção do enun-
ciado, ou seja, o contexto da produção e de seus produtores. Surge, então, a
pragmática, que busca compreender a linguagem em uso, em meio aos dife-
rentes contextos.
A pragmática, inicialmente, foi vista como uma perspectiva de análise muito
audaciosa devido ao fato de considerar, em seu arcabouço teórico e metodoló-
gico, aspectos relacionados à variação e à heterogeneidade, devido à diversi-
dade do uso e à multiplicidade de contextos.
A pragmática é, em certo sentido, a tentativa de os estudos da linguagem se
voltarem para a experiência concreta da linguagem com toda a multiplicidade
que ela apresenta. A teoria dos atos de fala surgiu no interior da filosofia da
linguagem, no início dos anos 1970, posteriormente, passou a ser parte dos
estudos realizados pela pragmática.
Neste capítulo, além da teoria dos atos de fala, trataremos da teoria da ativi-
dade verbal e dos postulados conversacionais de Grice. Essas teorias enfocam a
presença do interlocutor como colaborador para que o ato comunicativo tenha
sucesso. Esperamos, que ao final do estudo, você seja capaz de compreender
a teoria dos atos de fala, a da teoria da atividade verbal e dos postulados
pode sustentá-lo. Um exemplo bastante comum é o ato do batismo, eu, que sou
professora, não posso por meio de um enunciado batizar uma criança. Essa
função social pertence a um padre ou a um pastor e não a uma professora. O
enunciado performativo, nesse caso, é considerado nulo.
O abuso ocorre quando há falta de sinceridade. Quando há uma promessa
sem a intenção de cumpri-la, por exemplo, podemos afirmar que ocorreu um
caso de abuso.
A quebra de compromisso diz respeito ao efeito do enunciado. Se, por
exemplo, prometemos algo, com a intenção de cumprir a promessa, mas não a
cumprimos, então violamos a regra estabelecida.
Para Austin, segundo Wilson (2009, p. 93) dizer algo equivale a executar
três atos simultâneos:
• O ato locutório, centrado no nível fonético, sintático e de
referência e corresponde ao conteúdo linguístico usado para
dizer algo;
• O ato ilocutório, ato central para Austin, uma vez que tem
a chamada força performativa, está associado ao modo de
dizer algo e ao modo como esse dizer é recebido em função
da força do que é proferido. Corresponde ao ato efetuado ao
se dizer algo;
• O ato perlocutório corresponde à indicação dos efeitos
causados sobre o outro, servindo a outros fins, como influen-
ciar o outro, persuadi-lo a fazer algo, causar embaraço ou
constrangimento etc. (WILSON, 2009, p. 93)
A teoria dos atos de fala abriu caminhos para a reflexão do papel das conven-
ções e das práticas sociais na constituição dos atos ilocucionários e, consequen-
temente, para a questão que envolve a ação e o sujeito que a enuncia/pratica.
Novos estudos foram realizados e ampliaram e reformularam a teoria de Austin.
É nessa perspectiva que se insere a classificação dos atos de fala em categorias
elaboradas por John Searle.
Segundo Wilson (2009, p. 92), “Searle, em seu livro Speech acts, retoma
questões importantes concernentes às tendências contemporâneas da filosofia
da linguagem, visando à construção de um ponto de vista linguístico para a
teoria dos atos de fala”.
É necessário salientar, por fim, que este capítulo não esgota essa teoria.
É importante que você aprofunde pesquisando mais sobre o assunto e, sobre-
tudo, lendo artigos publicados em revistas especializadas e que apresentem essa
teoria em aplicações práticas.
A teoria dos atos de fala colocou os elementos do contexto, quem fala, com
quem se fala, para que se fala, onde se fala, o que se fala etc., para foco das
atenções dos estudiosos da linguagem.
As propostas teóricas apresentadas por Austin e seus seguidores têm influen-
ciado e inspirado estudos posteriores que estão destinados a pesquisar as ques-
tões que envolvem a análise do discurso. A teoria dos atos de fala rompe, em
nosso ponto de vista, com uma tradição de estudos linguísticos caracterizada por
uma concepção, apenas, descritiva da linguagem.
Saiba mais
Como você viu, a teoria dos atos de fala altera a concepção dos estudos de
linguagem, porém ela não consegue explicar a atividade verbal, que é o assunto
do próximo tópico.
Koch (1997, p. 23) defende que “toda atividade linguística é composta por:
um enunciado, produzido com dada intenção, sob certas condições necessárias
para o atingimento do objetivo visado e as consequências decorrentes da reali-
zação do objetivo”.
O locutor seria o responsável por levar ao interlocutor a compreensão do
objetivo ou da informação. Koch (1997, p. 24) expõe que
O locutor deve realizar atividades linguístico-cognitivas tanto
para garantir a compreensão (tais como repetir, parafrasear,
completar, corrigir, resumir, exemplificar, enfatizar etc.), como
para estimular facilitar ou causar a aceitação (fundamentar, justi-
ficar, “preparar o terreno” etc.).
Saiba mais
Neste capítulo, falamos sobre a teoria dos atos de fala e a teoria da atividade
verbal. Para finalizar, apresentaremos os postulados conversacionais de Grice.
Reflita
Por que rimos ao ouvirmos uma piada? Por que uma pessoa acha graça e
outra não? Por que algumas pessoas interpretam de modo diferente o con-
teúdo de uma piada e demoram em compreender o que foi contado?
“Vamos refletir sobre a piada exposta na sequência e sobre as máximas
conversacionais postuladas por Grice.
Referências
KOCH, I. V. A inter-ação pela linguagem. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1997.
PINTO, J. P. Pragmática. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Org.). Introdução à
linguística: domínios e fronteiras. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2006. v. 2.
SILVA, G. A. Teoria dos atos de fala. [s/d]. Disponível em: <http://www.filo-
logia.org.br/viiifelin/41.htm>. Acesso em: 1 maio 2010.
WILSON, V. Motivações pragmáticas. In: MARTELOTTA, M. E. (Org.). Manual
de linguística. São Paulo: Contexto, 2009.
Anotações
Discurso e argumentação
Introdução
Quando interagimos, temos sempre objetivos a serem atingidos: estabe-
lecer relações, causar efeitos, desencadear comportamentos, obter determinada
reação, ou seja, atuar sobre os outros. Portanto o uso da linguagem é essencial-
mente argumentativo.
A língua tem mecanismos que indicam a argumentatividade, que segundo
Ducrot, está inscrita na própria língua. Esses mecanismos são as marcas linguís-
ticas ou modalizadores. Neste capítulo, estudaremos alguns desses mecanismos:
operadores argumentativos, marcadores de pressuposição, índices de moda-
lidade, índices atidudinais, tempos verbais e índices de polifonia. Faremos a
abordagem desse assunto a partir de Koch (1997, 2002).
É interessante que você revise, na disciplina de Língua Portuguesa III: Estudos
Sintáticos, as conjunções coordenadas e subordinadas adverbiais, para compre-
ender o emprego dos operadores argumentativos; na disciplina de Língua
Portuguesa IV: Semântica e Pragmática, a pressuposição e os subentendidos,
para entender os marcadores de pressuposição. Em uma gramática normativa,
faça uma revisão dos verbos, para entender os tempos verbais.
Portanto (logo, por conseguinte...) não se pode dizer que o Brasil esteja
prestes a se integrar ao primeiro mundo.
d) Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclu-
sões opostas (relação de disjunção): ou, ou então, quer... quer, seja...
seja etc.
(4) Vai participar da passeata, ou prefere ficar em casa?
e) Operadores que estabelecem relações de comparação entre elementos
com vistas a uma dada conclusão: mais que, menos que, tão... como etc.
(5) A: Peça à Rosa para fazer o contrato.
B: Maria é tão competente quanto Rosa.
Embora trate de um comparativo de igualdade, argumentativamente o
enunciado é favorável à Maria.
f) Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação ao enun-
ciado anterior (relação de causalidade): porque, que, já que, pois etc.
(6) José não atingiu a média, pois não levou a sério seus professores.
g) Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões
contrárias (relação de oposição): mas (porém, contudo, todavia, no
entanto, entretanto etc.), embora (ainda que, posto que, apesar de
que etc.
Ao usar o mas e seus similares, o locutor introduz em seu discurso um
argumento possível para uma conclusão R, na sequência, opõe-lhe um
argumento decisivo para uma conclusão contrária não-R.
A diferença entre o mas e o embora diz respeito à estratégia argumen-
tativa utilizada pelo locutor. No caso do mas, ele emprega a “estratégia
do suspense”; e no do embora, a estratégia de antecipação.
(7) Embora fosse claramente culpado, o réu não foi condenado.
No exemplo (7), o uso do embora antecipa a ideia de que haverá uma
relação de contradição.
(8) O réu era claramente culpado, mas não foi condenado.
Já no exemplo (8), a primeira informação cria no leitor a expectativa da
condenação e a presença do mas contraria essa expectativa.
h) Operadores que têm por função introduzir no enunciado conteúdos pres-
supostos: já, ainda, agora etc.
(9) Luís ainda fuma.
O conteúdo pressuposto é que Luís já fumava antes.
Primeiro pressupõe:
• que fiz outros cursos superiores;
• que os outros foram feitos depois do curso de Letras.
d) Certos advérbios
(14) As decisões do professor são totalmente imparciais.
O advérbio totalmente pressupõe que não há nenhuma interferência de
interesses do professor, em nenhum caso.
e) Orações adjetivas
• Orações adjetivas explicativas: referem-se a todos os elementos ante-
riores, explicando-os. Pelo fato de ser uma relação de explicação,
sua supressão não interfere no sentido do texto.
(15) Os brasileiros, que querem punição para os corruptos, esperam
que a lei seja cumprida.
• Todos os brasileiros esperam que a lei seja cumprida.
• Todos os brasileiros querem punição para os corruptos.
O pressuposto é de que todos os brasileiros, sem exceção, esperam
que os corruptos sejam punidos. Essa interpretação é autorizada
porque a oração que querem punição para os corruptos está entre
vírgulas, ou seja, é uma oração adjetiva explicativa, que diz respeito
a todos os sujeitos citados anteriormente.
• Orações adjetivas restritivas: referem-se somente a parte do grupo
dos elementos anteriores, restringindo-os. Nesse caso, a supressão
da oração adjetiva compromete o sentido da frase.
(16) Os brasileiros que querem punição para os corruptos esperam
que a lei seja cumprida.
• Alguns brasileiros querem punição para os corruptos.
• Somente alguns brasileiros esperam que a lei seja cumprida.
Essa mesma oração, inserida no texto sem vírgulas, torna-se uma
oração adjetiva restritiva, ou seja, diz respeito somente aos brasi-
leiros que querem punição para os corruptos, e não a todos os
brasileiros, como na anterior.
f) Certas conjunções
(17) Estudei bastante durante o fim de semana, mas não me senti
cansado.
O pressuposto introduzido pela conjunção mas é o de que estudar é
cansativo.
A autora nos mostra que o uso dos tempos verbais do mundo comentado
no interior do mundo narrado significa maior engajamento, atenção, rele-
vância. Já o uso de tempos verbais do mundo narrado em um texto do mundo
comentado significa menor comprometimento, distância, irrealidade, cortesia
etc. Para compreender melhor a metáfora temporal, analisemos os exemplos
(35) e (36).
(35) O MST estaria disposto a negociar com o Presidente.
No exemplo (35), o uso do futuro do pretérito não confirma a notícia (=
parece que). O locutor não se responsabiliza pela exatidão da notícia.
(36) A caravana caminhava lentamente pelo areal deserto. De repente, ouve-se
um forte ruído e, diante dos beduínos assustados, surge um disco voador.
d) Uso de aspas
O uso das aspas é, frequentemente, um modo de manter distância do
que se diz, colocando-o “na boca” de outros.
(41) As “carroças” brasileiras estão cada vez mais sofisticadas.
Além dessas formas linguísticas, expostas por Koch (1997), há outras
formas em que a polifonia se apresenta. Apontaremos alguns casos de
polifonia propostos por Ducrot, mencionados em Cardoso (1999).
a) Discurso citado
• No discurso direto, temos um único enunciado, um sujeito
falante, com dois locutores (L1 e L2) e duas enunciações.
(42) A professora disse: ler é indispensável.
O L1 é responsável pelo enunciado todo: “A professora disse:
ler é indispensável” (é uma das enunciações). O L2 é respon-
sável por “ler é indispensável” (é a outra enunciação).
• No discurso indireto, a polifonia ocorre numa fronteira menos
delimitada, pois o locutor incorpora linguisticamente na sua fala
a fala de L2, o que equivale a dizer que há uma única enun-
ciação e um único locutor.
• No discurso indireto livre, o locutor fala de perspectivas dife-
rentes, porém sem demarcá-las linguisticamente. Misturam as
vozes de dois enunciadores (E1 e E2), sem que se possa distin-
guir com clareza qual é o ponto de vista do narrador e qual é
o do personagem.
Reflita
b) Ironia
O locutor coloca em cena um enunciador e o faz dizer coisas
absurdas e assumir uma posição cuja responsabilidade o locutor
não quer admitir.
(43) Vocês veem, o meu marido esqueceu a data do casamento.
De fato, o marido não esqueceu a data do casamento, mas alguém
sustentava a ideia de que ele esqueceria.
c) Negação
Ducrot diferencia dois tipos de negação: a polêmica e a metalin-
guística. A negação polêmica introduz um ato de refutação.
(44) Maria não é feia.
O locutor põe em cena dois enunciadores: E1 que expõe que Maria
é feia, e E2 recusa o que é exposto por E1.
A negação metalinguística visa a atingir o próprio locutor do enun-
ciado oposto, do qual se contradizem os pressupostos.
(45) Maria não é feia, ela é linda!
Reflita
d) Mas
O mas constitui um operador argumentativo por excelência, pois
permite contrapor a perspectiva do locutor à de um enunciador.
(46) Ela não é bonita, mas é simpática.
Pelas reflexões feitas neste capítulo, ficou evidente que a argumentatividade
está presente em todo uso da linguagem humana, em qualquer tipo de texto e
não apenas naqueles tradicionalmente classificados como argumentativos. Não
há texto totalmente neutro, objetivo, imparcial. A suposta neutralidade de alguns
discursos, como o científico e o didático, é apenas uma máscara, uma forma de
representação: o locutor representa no teatro “como se” fosse neutro, “como se”
estivesse engajado, comprometido, “como se” não estivesse tentando orientar
o outro para determinadas conclusões, no sentido de obter dele determinados
comportamentos e reações (KOCH, 1997).
Saiba mais
Referências
CARDOSO, S. H. B. Discurso e ensino. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
KOCH, I. G. V. A inter-ação pela linguagem. 3. ed. São Paulo: Contexto,
1997.
______. Argumentação e linguagem. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
Anotações
um percurso de trocas
e negociações
Introdução
Você, em algum momento, já parou para analisar como as pessoas falam,
como elas estabelecem certa ordem no diálogo e como isso é natural? Ninguém
grita no meio de um diálogo, assim do nada: “você falou, ele falou, agora é a
minha vez de falar, e, em seguida, será ele”. Essa “ordem” e essa certa “coope-
ração” ocorrem nas estratégias estabelecidas pelos sujeitos falantes no momento
da enunciação.
A análise do desempenho linguístico na fala não se serve apenas da gramá-
tica, do estudo sintático, morfológico, das estruturas verbais e não verbais e de
suas relações. É preciso mais que isso, é necessário algo novo que você estudará
neste capítulo: a análise da conversação (AC).
Temos certeza de que esse conteúdo despertará em você grande interesse,
afinal, quem não gostaria de perceber criticamente os recursos de polidez de
seu interlocutor, como ele utiliza as palavras em seu favor, de observar quais as
pausas adotadas por ele e como essas pausas o auxiliam na produção de um
efeito de verdade.
A análise da conversação surgiu, em meados da década de 1960, em
um contexto muito específico ligado à antropologia e à sociologia. Inicialmente
buscou apenas descrever as estruturas da conversação e seus mecanismos orga-
nizáveis. Atualmente, esses estudos buscam analisar conhecimentos linguísticos,
paralinguísticos e socioculturais que, necessariamente, precisam ser partilhados
para que a interação ocorra com certo sucesso.
Os processos cooperativos, presentes na atividade conversacional, são
outros elementos que devem ser considerados. Assim aspectos sociais, culturais,
conhecimentos linguísticos passaram a ser observados e analisados.
Neste capítulo, veremos os princípios que sustentam a análise da conver-
sação e quais as metodologias utilizadas. Adotaremos inicialmente a perspectiva
histórica para mostrar o surgimento das pesquisas em análise da conversação.
Ao final deste capítulo, você deverá ter compreendido o que é a análise da
conversação, como ela surgiu e como ela poderá contribuir para o ensino e o
aprendizado da linguagem.
Saiba mais
6.2 Interação
Para que a interação ocorra, é preciso bem mais que um emissor e um
receptor, há a necessidade indiscutível da colaboração entre eles, do engaja-
mento entre ambos para que a comunicação ocorra. É preciso que o emissor
considere o receptor, quem ele é, quais são conhecimentos prévios que o seu
6.3 Metodologia da AC
Segundo Marcuschi (2003, p. 7), “quanto à característica metodológica
básica, a AC procede pela indução: inexistem modelos a priori. Ela parte de
dados empíricos em situações reais”. A relevância e a superioridade do empí-
rico contribuem para que a AC seja realizada com poucas análises quantitativas.
Assim, na AC, prevalecem as descrições e as interpretações qualitativas.
Saiba mais
A transcrição deverá ser o mais fiel possível, pois a análise deverá concen-
trar-se na produção dos interlocutores e jamais nas interpretações e ou nas adap-
tações realizadas pelo pesquisador.
Não existe, segundo Marcuschi (2003), uma transcrição melhor que a outra.
O pesquisador deverá realizar a transcrição de acordo com os objetivos da
pesquisa e assinalar o que se mostra como fundamental para a sua pesquisa.
A transcrição deverá, portanto, ser legível e sem sobrecarga de símbolos que
possam comprometer o entendimento dos elementos da conversação.
Um legado importante do Projeto NURC, Projeto de Estudo Coordenado
da Norma Urbana Linguística Culta, sob orientação do professor Dino Pretti,
são as orientações para as normas de transcrição. Veja, no quadro a seguir,
algumas orientações que têm sido admitidas como referência para a transcrição
dos textos orais.
Para a AC, falamos com o corpo, com a voz e, por isso, o sistema de
transcrição deverá considerar todos esses recursos e contemplar informações
que assegurem o registro desses elementos para que, em uma análise, eles
produzam sentido e proporcionem maior fidelidade aos dados observados. Veja
um exemplo de transcrição:
L1 a minha carreira aqui na universidade é:: relativamente curta...
pelo seguinte... eh... eu já havia
]
L2 que legal
[
L1 e... depois quando eu vim pra cá... uhn se for contar pela data
oficial de contrato assinado foi
em noventa e dois... né / então eu já vim pra cá aposentado por
outra universidade
]
L2 ah:: tá
(SILVA; PORTES; CONCEIÇÃO, s/d, p. 1)
Essas técnicas obedecem a algumas regras que, ao que tudo indica, estão
diretamente relacionadas aos aspectos culturais e sociais dos falantes. Apesar
das regras e das técnicas, percebemos que há falas simultâneas e sobreposi-
ções de vozes que podem comprometer a comunicação.
Saiba mais
Você, como futuro professor, precisa estar atento às manifestações orais de seus
alunos. É necessário trabalhar a oralidade de modo crítico para que o aluno observe
suas produções orais, reflita sobre elas e ultrapasse o ensino de línguas centrado na
gramática.
Reflita
Referências
DIONÍSIO, Â. P. Análise da conversação. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Org.).
Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2006. v. 2.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 5. ed. São Paulo: 2003.
SILVA, G. V. da; PORTES, G. A. A.; CONCEIÇÃO, L. D. da. Estratégias de manu-
tenção de turno. [s/d]. Disponível em: <http://www.usp.br/anagrama/Silva_Turno.
pdf>. Acesso em: 2 maio 2010.
Anotações
análises de produções
discursivas
Introdução
O grande desafio que você encontrará a partir de agora não é compreender
a teoria. É evidente que você deverá se dedicar a esse propósito, estudando,
lendo artigos da área e a bibliografia básica sugerida, porém o desafio maior é
outro: compreender como essas teorias se ligam ao contexto educacional.
Este capítulo apresentará algumas situações de aplicação dessas teorias
no contexto educacional. Por isso é importante que você reveja o conteúdo
dos capítulos deste caderno quando surgirem dúvidas sobre as teorias
aqui apresentadas.
Esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de compreender as
ligações existentes entre a teoria e a sala de aula.
Reflita
Noite feliz
Veja que, nessa situação, há um diálogo entre dois pontos de vista. Podemos
notar, no primeiro texto, uma voz que é negligente à dor do gatinho e acha
“normal” atirar a pedra no bichano, e outra voz que é contra a violência e
defende com carinho o bichano.
No segundo texto, percebemos que a voz que fala, ou seja, que dialoga
com a voz presente no texto original apresenta um novo olhar, um novo ponto
de vista. Nesse caso, há respeito aos animais e aos valores éticos e defesa da
não violência.
Saiba mais
A nova criação apresenta um tom bem humorado, mais leve, menos tenso
e poderá ser utilizada em sala de aula, inclusive estimulando a criação dos
alunos que poderão apresentar desenhos, poemas e textos críticos a partir das
duas obras.
Com base nessas observações, você poderá trabalhar em sala de aula vários
tipos de texto buscando enfatizar o diálogo entre eles, além da polifonia e da
intertextualidade existente.
Os PCN (1998, p. 83) selecionam como atividades que precisam ser reali-
zadas no ensino médio:
1. elaboração de textos procurando incorporar na redação
traços da linguagem de grupos específicos;
2. estudo de textos em função da área de conhecimento, identifi-
cando jargões próprios da atividade em análise;
3. comparação de textos sobre o mesmo tema veiculados em
diferentes publicações (por exemplo, uma matéria sobre meio
ambiente para uma revista de divulgação científica e outra
para o suplemento infantil);
4. comparação entre textos sobre o mesmo tema, produzidos em
épocas diferentes;
5. comparação de duas traduções de um mesmo texto original,
analisando as escolhas estilísticas feitas pelos tradutores;
6. comparação entre um texto original e uma versão adap-
tada do mesmo texto, analisando as mudanças produzidas;
7. comparação de textos de um mesmo autor, produzido em
condições diferentes (um artigo para uma revista acadêmica e
outro para uma revista de vulgarização científica);
8. análise de fatos de variação presentes nos textos dos alunos;
9. análise e discussão de textos de publicidade ou de imprensa
que veiculem qualquer tipo de preconceito linguístico;
10. análise comparativa entre registro da fala ou de escrita e
os preceitos normativos estabelecidos pela gramática tradi-
cional. (PCN, 1998, p. 83)
Com base nesses dois exemplos de abordagens que trouxemos, você poderá
verificar que várias atividades previstas nos PCN podem e devem ser realizadas,
entre elas os itens 4 e 6.
Em sua prática, lembre, sempre, que a teoria nasce da prática. Foi obser-
vando os fenômenos de linguagem e da comunicação que as teorias de dialo-
gismo, polifonia e intertextualidade surgiram. É na prática comunicativa de seus
alunos que você terá subsídios para a aplicação dessas teorias de modo a atender
ao que é previsto para cada série do ensino fundamental e ensino médio.
Na próxima seção, veremos como podemos trabalhar a oralidade.
Referências
CARDOSO, S. H. B. Discurso e ensino. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2006.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Ensino Médio. Disponível em: <http://www.cienciamao.if.usp.br/dados/pcn/_
linguaportuguesaparametroscurricularesnacionais-ensinofundamental.arquivo.
pdf>. Acesso em: 3 maio 2010.
Anotações
EQUIPE UNITINS
Organização de Conteúdos Acadêmicos Carlos Henrique Lopes de Almeida
Revisão Linguístico-Textual Neusa Teresinha Bohnen
Revisão Didático-Editorial Neusa Teresinha Bohnen
Gerente de Divisão de Material Impresso Katia Gomes da Silva
Revisão Digital Rogério Adriano Ferreira da Silva
Katia Gomes da Silva
Projeto Gráfico
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Capas Rogério Adriano Ferreira da Silva
Presentación
En el primer capítulo presentaremos algunos de los usos verbales,
dando énfasis al desempeñado en las oraciones y la construcción de sus
significados, a la vez comentaremos las estructuras de las oraciones, ya en el
segundo capítulo abordaremos las diversas clasificaciones de las oraciones
coordinadas y yuxtapuestas. En el tercer capítulo veremos las conjunciones
subordinadas y las oraciones subordinadas sustantivas y sus categorías. Luego
en el cuarto capítulo abordaremos las oraciones adjetivas y adverbiales. Ya
en el quinto capítulo aprenderemos sobre el uso y los valores del verbo
quedar (se). Posteriormente, en el sexto capítulo, trabajaremos sentido de
involuntariedad de se. Y en el capítulo séptimo retomaremos temas discutidos
en los capítulos anteriores.
De esta forma pretendemos que este Cuaderno de Estudios sea un lugar de
explicaciones que complementen las teleclases y las respectivas investigaciones
bibliográficas necesarias en la dialéctica del proceso de enseñanza y
aprendizaje. No te olvides que la búsqueda incesante del conocimiento debe
formar parte de tu realidad.
¡Buenos estudios!
Prof. Carlos Henrique Lopes de Almeida
1
CAPÍTULO 1 • Língua espanhola vi
La intencionalidad textual
Introducción
Para iniciar esta nueva etapa de nuestros estudios, te invito a que reflexiones
sobre las diversas posibilidades de comunicación que el lenguaje propicia en
nuestro cotidiano. Para tanto, debes tener en cuenta que todo discurso está
cargado con una idea que puede aparecer de forma más evidente o menos
explícita, sin embargo siempre estará presente en todo acto de comunicación,
sea escrito o hablado. Más adelante comprenderás las razones que nos motivan
a empezar este capítulo entablando este argumento.
Para comprender mejor y colaborar con la comprensión de los temas que
pretendemos poner en marcha, no debes olvidarte que el origen de nuestra
lengua portuguesa es el mismo de la lengua española, consecuentemente varios
conceptos son muy parecidos, o incluso iguales. Además que, en este momento
del curso, ya tienes conocimientos adquiridos en los semestres anteriores, lo que
facilitará tu empresa investigativa. Para auxiliar tu aprendizaje es importante que
investigues y accedas a sitios electrónicos que puedan auxiliarte, allí encontrarás
ejemplos y conceptos teóricos que podrán ayudarte. Al terminar esta clase
esperamos que seas capaz de conocer algunos aspectos importantes sobre el
contexto histórico de América y reconocer el sentido de los verbos de actitud, así
como los componentes de las oraciones y algunas de sus clasificaciones según
su organización.
Empezaremos nuestro estudio con la lectura de un fragmento de una de las
cartas de Cristóbal Colón en la que el navegador presenta algunas impresiones
y describe las particularidades de la tierra a la cual ha llegado. Desde una
perspectiva más amplia debemos observar el texto como una suma de aspectos
subjetivos que reflejan por medio de la suma de los recursos lingüísticos respon-
sables por la organización del fragmento de la carta de Colón.
El primer aspecto que debemos tener en cuenta cuando leemos un texto es
que el lenguaje es el medio utilizado para comunicarse entre las personas. No
obstante, conocer el vocabulario y la gramática que componen una lengua no
llegué con el crepúsculo al cabo que llamé de la Galea [hoy cabo Galeote]
después de haber bautizado a la isla con el nombre de Trinidad. Allí
hubiera encontrado puerto de haber sido más hondo; había casas, gente
y muy lindas tierras, tan hermosas y verdes como las huertas de Valencia
en marzo. Pesóme cuando no pude entrar a puerto, y recorrí la costa hasta
el extremo Oeste; navegadas cinco leguas hallé fondo y anclé las naves.
Al día siguiente me di a la vela buscando puerto para reparar los navíos
y tomar agua y víveres. Tomé una pipa de agua y con ella anduve hasta
llegar al cabo; allí hallé abrigo del viento de Levante y buen fondo, donde
mandé a echar el ancla, reparar los toneles y tomar agua y leña, y envié
gente a tierra a descansar de tanto tiempo que andaban penando.
A esta punta la llamé del Arenal [hoy punta de Icacos] y allí se halló la
tierra hollada de unos animales que tenían las patas como de cabra que,
según parece, había en abundancia, aunque no se vio sino uno muerto.
Al día siguiente vino del Oriente una gran canoa con 24 hombres, todos
mancebos, muy ataviados y armados de arcos, flechas y escudos, de buena
figura y no negros, sino más blancos que los otros que he visto en las Indias,
de lindos gestos y hermosos cuerpos, con los cabellos cortados al uso de
Castilla. Traían la cabeza atada con un pañuelo de algodón tejido a labores
y colores tan finos, que yo creí eran de gasa. Traían otro de estos pañuelos
ceñido a la cintura y se cubrían con él en lugar de taparrabo. Cuando llegó
la canoa sus ocupantes hablaron de lejos, y ni yo ni otro alguno les enten-
dimos, mas yo les mandaba a hacer señas de acercarse. En esto se pasaron
más de dos horas; si se aproximaban un poco, luego se alejaban.
Reflexiona
Reflexiona
Atención al uso de los verbos importar y molestar, también son empleados con
la misma persona en las dos oraciones, para pedir un favor o solicitar una acción.
Ejemplos
¿Te importa abrir el auto?
¿Le molesta quedarse allí?
A la vez pueden ser utilizados con personas diferentes en las dos oraciones,
para solicitar acuerdo o pedir permiso.
Ejemplos
¿Le importa que prenda la luz?
¿Te molesta que hablemos en la pieza?
Reflexiona
a) pedir permiso;
b) favor;
c) favor;
d) favor;
e) pedir permiso.
Rincón Cultural
El Papiamento es derivado del español y del portugués, este dialecto es
hablado también en Aruba y Bonaire. Pero el idioma holandés es la lengua
oficial en Islas ABC, que junto con las islas Saba, San Eustaquio y San Martín
integran las Antillas Neerlandesas (antes Indias Occidentales Holandesas).
Su origen, posiblemente, ocurrió en la segunda mitad del siglo XVII, en
Curazao, de donde fue llevado a Bonaire, alrededor de 1700, y a Aruba,
hacia finales del siglo XVIII. Los sacerdotes católicos de Curazao lo utili-
zaban desde hacía muchos anos en el contexto religioso y con la población
negra.
Disponible en: <http://www.csub.edu/~tfernandez_ulloa/HLE/papiamento.
doc>.
¿Cómo se pronuncia?
Los fonemas consonánticos de Venezuela son 17, 06 oclusivos /p b/,
/t d/, /k g/, cuatro fricativos /s, f, ︣j, h/, uno africado / c/, tres nasales
/m, n , Ɲ/ una lateral /ʎ/ y dos vibrantes /r, r︣/. Se trata de un dialecto
caracterizado por el seseo (ausencia de /ɵ/ y por el yeísmo (ausencia de
/ʎ/). El fonema fricativo glotal sordo /h/ sustituye al fonema velar /x/,
igualmente fricativo y sordo (SEDANO; BENTIVOGLIO, 1996, p. 120).
Referencias
Alvar, M. Manual de dialectología: el español de América. Barcelona: Editorial
Ariel, 1996.
CEPEDA, G. Entonación, actitud modal y modalidad. Estud. filol., Valdivia, n. 37,
2002 . Disponible en: <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S0071-17132002003700001&lng=es&nrm=iso>. accedido en 18 enero
2010. doi: 10.4067/S0071-17132002003700001.
COLÓN, C. Carta de Colón a los reyes católicos “La tierra de Gracia”. Disponible
en: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bk000388.pdf>.
Accedido el 19 ene. 2010.
El papiamento. Disponible en: <http://www.csub.edu/~tfernandez_ulloa/HLE/
papiamento.doc>. Accedido el 19 ene. 2010.
FANJUL, A. Gramática de español: paso a paso. São Paulo, 2005.
HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. London: Arnold,
1990.
PIZARRO, A. M. América Latina: palavra, literatura e cultura. São Paulo:
Memorial; Campinas: UNICAMP, 1993.
Anotaciones
Las oraciones
Introducción
En el capítulo anterior presentamos el uso de algunas estructuras verbales
y comentamos algunos aspectos que pueden influir y generar las derivaciones
semánticas, a la vez asociamos y señalamos la importancia de la pragmática.
Continuamos nuestra interacción en el segundo capítulo enfocando el uso de
algunas expresiones de creencia y duda, posteriormente seguiremos la exposición
de las oraciones compuestas, deteniéndonos en sus clasificaciones y usos.
Conviene que busques en los cuadernos de contenidos anteriores
informaciones sobre el uso de las conjunciones, pues se trata de un aspecto
clave para la comprensión de las oraciones compuestas. Estudia, también,
el capítulo 1del cuaderno de contenidos de lengua española V, en el cual
aparecen algunos conceptos sobre la formación de oraciones que serán
importantes para la comprensión del tema que desdoblaremos.
Al concluir esta clase, esperamos que seas capaz de reflexionar sobre el uso
de las expresiones de creencia y duda, la formación de las oraciones compuestas,
además de algunas de sus clasificaciones.
Aniuta
Por la peor habitación del detestable Hotel Lisboa paseábase infatigablemente
el estudiante de tercer año de Medicina Stepan Klochkov. Al par que
paseaba, estudiaba en voz alta. Como llevaba largas horas entregado al
doble ejercicio, tenía la garganta seca y la frente cubierta de sudor.
Junto a la ventana, cuyos cristales empañaba la nieve congelada, estaba
sentada en una silla, cosiendo una camisa de hombre, Aniuta, morenilla de
unos veinticinco años, muy delgada, muy pálida, de dulces ojos grises.
En el reloj del corredor sonaron, catarrosas, las dos de la tarde; pero la
habitación no estaba aún arreglada. La cama hallábase deshecha, y se
veían, esparcidos por el aposento, libros y ropas. En un rincón había un
lavabo nada limpio, lleno de agua enjabonada.
– ¡Pero mujer! – exclamó Klochkov –. Es por el arte... Bien puedes hacer ese
pequeño sacrificio.
Aniuta comenzó a vestirse.
– ¿Qué cuadro es ése? – preguntó el estudiante.
– Psiquis. Un hermoso asunto; pero tropiezo con dificultades. Tengo que cambiar
todos los días de modelo. Ayer se me presentó una con las piernas azules.
“¿Por qué tiene usted las piernas azules?”, le pregunté. Y me contestó:
“Llevo unas medias que se destiñen...”
Usted siempre a vueltas con la Medicina, ¿eh? ¡Qué paciencia! Yo no
podría...
– La Medicina exige un trabajo serio.
– Es verdad... Perdóneme, Klochkov; pero vive usted... como un cerdo.
¡Que sucio está esto!
– ¿Qué quiere usted que yo le haga? No puedo remediarlo. Mi padre no
me manda más que doce rublos al mes, y con ese dinero no se puede vivir
muy decorosamente.
– Tiene usted razón; pero... podría usted vivir con un poco de limpieza. Un
hombre de cierta cultura no debe descuidar la estética, y usted... La cama
deshecha, los platos sucios...
– ¡Es verdad! – balbuceó confuso Klochkov –. Aniuta está hoy tan ocupada
que no ha tenido tiempo de arreglar la habitación.
Cuando el pintor y Aniuta se fueron, Klochkov se tendió en el sofá y siguió
estudiando; mas no tardó en quedarse dormido y no se despertó hasta una
hora después. La siesta le había puesto de mal humor. Recordó las palabras
de Fetisov, y, al fijarse en la pobreza y la suciedad del aposento, sintió una
especie de repulsión. En un porvenir próximo recibiría a los enfermos en
su lujoso gabinete, comería y tomaría el té en un comedor amplio y bien
amueblado, en compañía de su mujer, a quien respetaría todo el mundo...;
pero, a la sazón..., aquel cuarto sucio, aquellos platos, aquellas colillas
esparcidas por el suelo...
¡Qué asco! Aniuta, por su parte, no embellecía mucho el cuadro: iba mal
vestida, despeinada...
Y Klochkov decidió separarse de ella en seguida, a todo trance. ¡Estaba ya
hasta la coronilla!
Cuando la muchacha, de vuelta, estaba quitándose el abrigo, se levantó y
le dijo con acento solemne:
– Escucha, querida... Siéntate y atiende. Tenemos que separarnos. Yo no
puedo ni quiero ya vivir contigo.
Aniuta venía del estudio de Fetisov fatigada, nerviosa. El estar de pie tanto
tiempo había acentuado la demacración de su rostro. Miró a Klochkov sin
decir nada, temblándole los labios.
– Debes comprender que, tarde o temprano, hemos de separarnos. Es
fatal. Tú, que eres una buena muchacha y no tienes pelo de tonta, te harás
cargo.
Aniuta se puso de nuevo el abrigo en silencio, envolvió su labor en un
periódico, cogió las agujas, el hilo...
-Esto es de usted – dijo, apartando unos cuantos terrones de azúcar.
Y se volvió de espaldas para que Klochkov no la viese llorar.
– Pero ¿por qué lloras? – preguntó el estudiante.
Tras la lectura del cuento del escritor ruso, te invitamos a reflexionar sobre
la tesitura textual, es decir, sobre el entramado de estructuras responsables por
las direcciones que se establecen en el texto, las relaciones entre las unidades y
las proposiciones serán una constante en este capítulo como mencionamos en la
introducción. Sin embargo, antes de empezar nuestra exposición de los contenidos
gramaticales, nos proponemos algunas observaciones sobre el texto.
¿Te gustó el texto? Es parte de la obra de un autor ruso, poco conocido en
nuestra cultura, sin embargo, de un talento artístico indiscutible, responsable por
obras que reflejan el contexto ruso a partir de una óptica extremamente cruda, a
la vez inquietudes humanas, considerado uno de los grandes representantes del
realismo ruso en fines del siglo XIX e inicio del XX.
Espero que hayas leído con atención el texto, observado la organización
de las ideas, buscado en el diccionario las palabras desconocidas, pues
nuestra actividad requiere del lector este acercamiento al texto. Si no lo has
hecho, ¡es el momento! Después del reconocimiento, podemos aplicar un mirar
direccionado al plano lingüístico, particularmente a la forma como se articulan
las oraciones. Puede parecerte un poco diferente en el inicio, pero debemos
considerar que todos los textos tienen periodos que se asocian a otros para la
producción de la tesitura textual y justamente nos toca en este capítulo analizar
algunas de esas relaciones.
Reflexiona
(oración 1) (oración 2)
Reflexiona
CONJUNCIONES COORDINADAS
Función Conjunción
Copulativa Ni, y(e)
Disyuntiva O bien, o (u)
Antes bien, aunque, en cambio, más
Adversativa bien, no obstante, pero, por lo demás, sin
embargo, sino que
Rincón cultural
“¿Le gustaría un plátano a usted?” le pregunté a Yielena.
“Sí”, ella sonrió, pero no hizo ningún esfuerzo por tomar cualquiera de
los tres plátanos en la cesta de fruta. “¿Qué hago ahora?” pensé.
“¿Cuál le gustaría?” le pregunté torpemente.
“Ese”, me dijo, al apuntar a uno de los plátanos. Así es que, pensando
en la cortesía rusa, tomé el plátano que Yielena había escogido, lo pelé
a medias y se lo pasé. Las sonrisas en los rostros de Yielena y de Dmitri
me hicieron sentir que había obrado correctamente. Después de esta
experiencia yo pasé mucho tiempo contándole a todo mundo que la acción
caballeresca era pelarle los plátanos a las damas rusas. Un día, durante mi
tercer viaje, fui cortésmente desengañado sobre tal noción.
“¡Oh no!, Grigorii Davidovich”, un ruso me corrigió amablemente. “En
Rusia, cuando un hombre le pela un plátano a una dama esto significa que
él tiene un interés romántico por ella”. Cómo me sentí avergonzado. Y yo
le había estado orgullosamente contando a medio mundo sobre esta perla
de comprensión cultural.
Ciertas lecciones tienen que ser aprendidas en forma difícil. Algunos
bien intencionados artículos en la prensa popular y presentaciones sobre
diferencias culturales tienen el potencial para hacer más daño que bien
y tal vez no sean tan divertidos. Tal como mis plátanos, estos presentan
demasiadas generalizaciones o distorsiones.
En este capítulo leímos un texto de autor realista ruso de fines del siglo XIX
para el XX, oportunidad para conocer algo más de la literatura rusa. Además,
estudiamos algunos conceptos sobre las relaciones que se establecen entre
los grupos oracionales, deteniéndonos en la subordinación, coordinación y
yuxtaposición, en la última parte del capítulo presentamos algunas categorías de
las oraciones coordinadas y en la última parte la yuxtaposición. En la próxima
clase continuaremos nuestro estudio sobre estructuras oracionales subordinadas
¿Cómo se dice?
En el caudal de voces de origen hispano se emplean en la generalidad
del territorio argentino vocablos hoy en desuso en el español peninsular,
aunque muchos de ellos aparecen en otras zonas americanas. Entre ellos
deben mencionarse, por ejemplo, barranca (corte vertical y profundo
en el terreno, barrial (lugar cubierto de barro), lindo, pararse, pollera,
vidriera. Muchos de esos términos tienen origen marinero, habiendo sido
incorporados en los largos viajes hasta América. Todavía podríamos citar
otras influencias andaluces, leonesismos, galleguismos, portuguesismos,
muchas voces en una sola.
(MIRANDE, 1996, p. 217-128).
Referencias
CHEJOV, A. Aniuta. Disponible en: <http://www.dominiopublico.gov.br/down-
load/texto/bk000163.pdf>. Accedido el: 18 ene. 2010.
ENCINA, G. B. Diferencias culturales. Disponible en: <http://nature.berkeley.edu/
ucce50/agro-laboral/7libro/7ala01.htm> accedido el: 18 enero de 2010.
LLORACH, E. A. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe,
1994.
MASIP, V. Fonología y ortografía españolas: curso integrado para brasileños.
Recife: Edições Bagaço, 2004.
MIRANDE, N. D. Argentina-Uruguay. In: Manual de dialectología hispánica: el
español de América. Barcelona: Ed. Ariel, 1996.
Anotaciones
Introducción
En el capítulo anterior presentamos las conjunciones coordinadas, a la vez el
papel que desempeñan en las oraciones coordinadas, además de ejemplos que
corroboraron con breves explicaciones sobre las clasificaciones correspondientes.
En este capítulo analizaremos las estructuras de oraciones compuestas
subordinadas sustantivas, explicando y ejemplificando sus clasificaciones.
Una vez presentado el curso que seguiremos, conviene que busques en tu
cuaderno de contenidos del segundo semestre informaciones sobre el uso de las
conjunciones, pues será un aspecto clave para el análisis y comprensión de las
estructuras subordinantes, otra forma de estudiar los temas que discutiremos es
buscar sitios en internet y gramáticas que puedan auxiliarte ante este reto.
los dos. Además debes tener en cuenta la tesitura textual, pues señalaremos tras
su lectura algunas oraciones y sus clasificaciones.
El solitario
Kassim era un hombre enfermizo, joyero de profesión, bien que no tuviera
tienda establecida. Trabajaba para las grandes casas, siendo su especialidad
el montaje de las piedras preciosas. Pocas manos como las suyas para los
engarces delicados. Con más arranque y habilidad comercial, hubiera sido
rico. Pero a los treinta y cinco años proseguía en su pieza, aderezada en
taller bajo la ventana.
Kassim, de cuerpo mezquino, rostro exangüe sombreado por rala barba
negra, tenía una mujer hermosa y fuertemente apasionada. La joven, de
origen callejero, había aspirado con su hermosura a un más alto enlace.
Esperó hasta los veinte años, provocando a los hombres y a sus vecinas
con su cuerpo. Temerosa al fin, aceptó nerviosamente a Kassim. No más
sueños de lujo, sin embargo. Su marido, hábil – artista aún, – carecía
completamente de carácter para hacer una fortuna. Por lo cual, mientras el
joyero trabajaba doblado sobre sus pinzas, ella, de codos, sostenía sobre
su marido una lenta y pesada mirada, para arrancarse luego bruscamente
y seguir con la vista tras los vidrios al transeúnte de posición que podía
haber sido su marido.
Cuanto ganaba Kassim, no obstante, era para ella. Los domingos trabajaba
también a fin de poderle ofrecer un suplemento. Cuando María deseaba una
joya – ¡y con cuánta pasión deseaba ella! – trabajaba de noche. Después
había tos y puntadas al costado; pero María tenía sus chispas de brillante.
Poco a poco el trato diario con las gemas llegó a hacerle amar las tareas del
artífice, y seguía con ardor las íntimas delicadezas del engarce. Pero cuando la
joya estaba concluida – debía partir, no era para ella,– caía más hondamente
en la decepción de su matrimonio. Se probaba la alhaja, deteniéndose ante
el espejo. Al fin la dejaba por ahí, y se iba a su cuarto. Kassim se levantaba
al oír sus sollozos, y la hallaba en la cama, sin querer escucharlo.
– Hago, sin embargo, cuanto puedo por ti,– decía él al fin, tristemente.
Los sollozos subían con esto, y el joyero se reinstalaba lentamente en
su banco.
Estas cosas se repitieron, tanto que Kassim no se levantaba ya a consolarla.
¡Consolarla! ¿De qué? Lo cual no obstaba para que Kassim prolongara más
sus veladas a fin de un mayor suplemento.
Era un hombre indeciso, irresoluto y callado. Las miradas de su mujer se
detenían ahora con más pesada fijeza sobre aquella muda tranquilidad.
– ¡Y eres un hombre, tú! – murmuraba.
Kassim, sobre sus engarces, no cesaba de mover los dedos.
– No eres feliz conmigo, María – expresaba al rato.
– ¡Feliz! ¡Y tienes el valor de decirlo! ¿Quién puede ser feliz contigo? ¡Ni la
última de las mujeres!... ¡Pobre diablo! – concluía con risa nerviosa, yéndose.
Kassim trabajaba esa noche hasta las tres de la mañana, y su mujer tenía luego
nuevas chispas que ella consideraba un instante con los labios apretados.
instante la joya a flor del seno desnudo, hundió, firme y perpendicular como
un clavo, el alfiler entero en el corazón de su mujer.
Hubo una brusca apertura de ojos, seguida de una lenta caída de párpados.
Los dedos se arquearon, y nada más. La joya, sacudida por la convulsión
del ganglio herido, tembló un instante desequilibrada. Kassim esperó un
momento; y cuando el solitario quedó por fin perfectamente inmóvil, pudo
entonces retirarse, cerrando tras de sí la puerta sin hacer ruido.
Horacio Quiroga
(Disponible en: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/gu0
00048.pdf>).
Reflexiona
Oración (O)
V
adjetivo SN (Complemento
directo)
Pronombre
Reflexiona
Oración (O)
SN (SV)
V SN
Nexo O
SN SV
pron V
Oración (O)
(SV)
SN
SN
V
Nexo O
SN SV
N
V SN
Reflexiona
Oración (O)
(SV)
SN
SN
V
Nexo O
SN SV
N V Sintagma prep.
prep SN
Ejemplo
Estáis que parecéis animales.
Oración (O)
(SV)
SN
SN
V
Nexo O
SN SV
V SN
Otros ejemplos
Pedro está que se sale.
La razón de mi tristeza es que he perdido trabajo.
Estudiar es esforzarse al máximo.
Asimismo, otra información importante para el reconocimiento de esta
clase de oración, según Masip (1999, p. 179), es que el atributo es un
sintagma nominal relacionado con el sujeto por medio de un verbo de
estado, copulativo o semicopulativo, semánticamente vacío, que sirve
como nexo entre el sujeto y el complemento.
Reflexiona
Oración (O)
SN (SV)
V SN
Nexo O
SN SV
N V
Oración (O)
SN (SV)
Sintagma prep.
V
Prep SN
O
Nexo
SN SV
V SAdj
Oración (O)
SN (SV)
SN V Sprep
SN
Sv
D N Pron P Nexo
SN
SN v
prono
Otros ejemplos:
Lo dijimos sin conocerlo de veras.
Había quedado con quien era su verdadero amigo.
Las mujeres lo gastaron sin que lo tuvieran.
• Oraciones sustantivas de complemento de nombre: es término de una
proposición que introduce un sintagma preposicional que asume la
función de complemento de nombre.
Ejemplos
Tiene la imaginación de quien ha leído mucho.
Tenía la seguridad de que viajara bien.
Da la impresión de que no quiere ser visto.
Oración (O)
SN (SV)
SN
SPrep
SN
V
O
N N P Nexo
SN SV
S adj
N adj
Oración (O)
SN (SV)
SN V Sprep
SN
O
D N Pron P Nexo
SN SV
SN v
prono
En este capítulo leímos un texto de autor uruguayo de fines del siglo XIX
para el XX, oportunidad para conocer algo de la literatura uruguaya. Además,
estudiamos algunos conceptos sobre las relaciones que se establecen entre los
grupos oracionales, deteniéndonos en las oraciones subordinadas sustantivas.
Referencias
LLORACH, E. A. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe,
1994.
MASIP, V. Fonología y ortografía españolas: curso integrado para brasileños.
Recife: Edições Bagaço, 2004.
QUIROGA, H. El solitario. Disponible en: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/gu000048.pdf >. Accedido el: 18 ene. 2010.
Anotaciones
Introducción
En el capítulo anterior presentamos las oraciones subordinadas sustantivas, ya
en este capítulo, estudiaremos las oraciones subordinadas adjetivas y posteriormente
las subordinadas adverbiales, explicando y ejemplificando sus clasificaciones.
Una vez presentado el curso que seguiremos, te recomendamos de nuevo
que vuelvas al cuaderno de contenidos del segundo semestre para revisar las
conjunciones, así como buscar sitios en internet y gramáticas que puedan auxiliarte
ante este reto.
El almohadón de plumas
Su luna de miel fue un largo escalofrío. Rubia, angelical y tímida, el carácter
duro de su marido heló sus soñadas niñerías de novia. Lo quería mucho, sin
embargo, a veces con un ligero estremecimiento cuando volviendo de noche
juntos por la calle, echaba una furtiva mirada a la alta estatura de Jordán,
mudo desde hacía una hora. El, por su parte, la amaba profundamente, sin
darlo a conocer. Durante tres meses – se habían casado en abril – vivieron
una dicha especial. Sin duda hubiera ella deseado menos severidad en ese
rígido cielo de amor, más expansiva e incauta ternura; pero el impasible
semblante de su marido la contenía en seguida. La casa en que vivían
influía no poco en sus estremecimientos. La blancura del patio silencioso
– frisos, columnas y estatuas de mármol – producía una otoñal impresión
de palacio encantado. Dentro, el brillo glacial del estuco, sin el más leve
rasguño en las altas paredes, afirmaba aquella sensación de desapacible
frío. Al cruzar de una pieza a otra, los pasos hallaban eco en toda la casa,
como si un largo abandono hubiera sensibilizado su resonancia.
En ese extraño nido de amor, Alicia pasó todo el otoño. No obstante, había
concluido por echar un velo sobre sus antiguos sueños, y aún vivía dormida
en la casa hostil, sin querer pensar en nada hasta que llegaba su marido.
No es raro que adelgazara. Tuvo un ligero ataque de influenza que
se arrastró insidiosamente días y días; Alicia no se reponía nunca. Al
fin, una tarde pudo salir al jardín apoyada en el brazo de él. Miraba
indiferente a uno y otro lado. De pronto Jordán, con honda ternura, le
pasó la mano por la cabeza, y Alicia rompió en seguida en sollozos,
echándole los brazos al cuello. Lloró largamente todo su espanto callado,
redoblando el llanto a la menor tentativa de caricia. Luego los sollozos
fueron retardándose, y aún quedó largo rato escondida en su cuello, sin
moverse ni decir una palabra.
Fue ese el último día que Alicia estuvo levantada. Al día siguiente amaneció
desvanecida. El médico de Jordán la examinó con suma detención,
ordenándole calma y descanso absolutos.
– No sé – le dijo a Jordán en la puerta de calle, con la voz todavía baja.
– Tiene una gran debilidad que no me explico, y sin vómitos, nada... Si
mañana se despierta como hoy, llámeme en seguida.
Al otro día Alicia seguía peor. Hubo consulta. Se constató una anemia
de marcha agudísima, completamente inexplicable. Alicia no tuvo más
desmayos, pero se iba visiblemente a la muerte. Todo el día el dormitorio
estaba con las luces prendidas y en pleno silencio.
Se pasaban horas sin oír el menor ruido. Alicia dormitaba. Jordán vivía
casi en la sala, también con toda la luz encendida. Paseaba sin cesar de un
extremo a otro, con incansable obstinación. La alfombra ahogaba sus pasos.
A ratos entraba en el dormitorio y proseguía su mudo vaivén a lo largo de la
cama, mirando a su mujer cada vez que caminaba en su dirección.
Pronto Alicia comenzó a tener alucinaciones, confusas y flotantes al
principio, y que descendieron luego a ras del suelo. La joven, con los ojos
desmesuradamente abiertos, no hacía sino mirar la alfombra a uno y otro
Reflexiona
Tras la lectura del texto, te invito a que retires algunos ejemplos de expresiones
que puedan servir como marcas o referencias de tiempo, modo o lugar.
Entre las posibilidades, seguramente habrás encontrado: “cuando volviendo de
noche juntos por la calle”, “Si mañana se despierta como hoy”, entre otras.
Esas estructuras retiradas del texto orientan al lector y lo ubican considerando
el papel que cada uno asume en la cadena discursiva.
Oración (O)
SN (SV)
SN V SAdverbial
O
D N Pron Nexo
SN Sv
SN v
S adv.
prono
Otros ejemplos:
La secretaria nos llamó cuando lo supo.
Así que llegamos, Luis se fue.
Mientras cenábamos, los niños jugaban.
Reflexiona
Oración (O)
SN (SV)
SN V SAdv.
O
N Pron Nexo
Sn Sv
Sn v
S adv.
prono
Ejemplos
Lo vimos donde tú lo habías visto.
Siempre compra donde puede.
Estaba donde lo dejaste.
Iremos adonde usted quiera.
Oración (O)
SN (SV)
V SAdverbial
SAdv
O
N Adv Nexo SV
SN
Verbo
S adv.
Reflexiona
Oración (O)
SN (SV)
SN V SAadverbial
N Pron Nexo
SN SV
SN v
prono
Oración (O)
SN (SV)
SN V SAadverbial
N Pron Nexo SV
SN
SN v
SN
prono
Ejemplos
La fe es tan importante como el conocimiento. (igualdad)
Henrique trabaja más de lo que parece. (superioridad)
Este auto cuesta menos que aquél. (inferioridad)
Reflexiona
Oración (O)
SN SV
S adjetivo
O
V SAdj.
Nexo
SN SV adj
D N O
adv V S Adv.
Referencias
LLORACH, E. A. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe,
1994.
MASIP, V. Fonología y ortografía españolas: curso integrado para brasileños.
Recife: Edições Bagaço, 2004.
QUIROGA, H. El solitario. Disponible en: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/gu000048.pdf>. Accedido el: 18 ene. 2010.
Introducción
En el capítulo anterior presentamos estructuras de oraciones compuestas,
las subordinadas adverbiales y las adjetivas, enfatizando como se construyen
las relaciones presentes en los periodos, asimismo, comentamos las funciones y
explicamos cómo reconocerlas.
A continuación, el tema que desarrollaremos enfocará el uso de algunas
estructuras con el verbo quedar (se) y sus significados, observando las diferentes
acepciones que pueden asumir a lo largo de diferentes contextos.
Una vez presentada nuestra propuesta, conviene que busques informaciones
sobre el uso del verbo quedar (se), una de las posibilidades es buscar en Internet
sitios que puedan auxiliarte, o en gramáticas que desarrollen apartados sobre
las funciones semánticas que asumen en las oraciones.
Al concluir esta clase, esperamos que seas capaz de reflexionar sobre el uso
del verbo quedar (se) en sus diversas utilizaciones y también conocer algunos
usos de los pronombres reflexivos.
Ahora ¿Vamos a leer un cuento? Es del escritor español Vicente Blasco Ibáñez.
Vas a conocer el personaje don Nicomedes, un funcionario de la justicia
española. Pero no se trata de un funcionario muy convencional. ¿Quieres conocer
su oficio? ¡Lee el cuento! seguro que te va a gustar.
Un funcionario
Tendido de espaldas en el camastro, y siguiendo con vaga mirada las grietas
del techo, el periodista Juan Yáñez, único huésped de la sala de políticos,
pensaba que había entrado aquella noche en el tercer mes de su encierro.
Las nueve... La corneta había lanzado en el patio las prolongadas notas
del toque de silencio; en los corredores sonaban con monótona igualdad
los pasos de los vigilantes, y de las cenadas cuadras, repletas de carne
humana, salía un rumor acompasado; semejante al fuelle de una fragua
lejana o a la respiración de un gigante dormido; parecía imposible que en
aquel viejo convento, tan silencioso, cuya mina resultaba más visible a la
cruda luz del gas, durmiesen mil hombres.
El pobre Yáñez, obligado a acostarse a las nueve, con una perpetua luz
ante los ojos, y sumido en un silencio aplastante, que hacía creer en la
posibilidad del mundo muerto, pensaba en lo duramente que iba saldando
su cuenta con las instituciones.
¡Maldito artículo! Cada línea iba a costarle una semana de encierro; cada
palabra, un día. Y Yáñez, recordando que aquella noche comenzaba la
temporada de ópera con Lohengrin, su ópera predilecta, veía los palcos
cargados de hombres desnudos y nucas adorables, entre destellos de
pedrería, reflejos de seda y airoso ondear de rizadas plumas.
“Las nueve... Ahora habrá salido el cisne, y el hijo de Parsifal lanzará sus
primeras notas entre los siseos de expectación del público... ¡Y yo aquí!
¡Cristo! No tengo mala ópera.”
Si; no era mala. Del calabozo de abajo, como si provinieran de un subterráneo,
llegaban los nidos con que delataba su existencia un bruto de la montaña, a
quien iban a ejecutar de un momento a otro, por un sinnúmero de asesinatos.
Era un chocar de cadenas que parecía el ruido de un montón de clavos y
llaves viejas, y de cuando en cuando, una voz débil repitiendo: “Pa...dre
nuestro, que es...tás en los cielos... San...ta María”, con la expresión tímida
y suplicante del niño que se duerme en brazos de su madre.
¡Siempre repitiendo la monótona cantilena, sin que pudieran hacerle callar!
Según opinión de los más, quería con esto fingirse loco para salvar el cuello;
tal vez catorce meses de aislamiento en un calabozo, esperando a todas
horas la muerte, habían acabado con su escaso seso de fiera instintiva.
Estaba Yáñez maldiciendo la injusticia de los hombres que, por unas
cuantas cuartillas, emborronadas en un momento de mal humor, le obligaba
a dormirse todas las noches arrullado por el delirio de un condenado a
muerte, cuando oyó fuertes voces y pasos apresurados en el mismo piso
donde estaba su departamento. – No: no dormiré ahí – gritaba una voz
trémula y atiplada – ¿Soy acaso algún criminal? Soy un funcionario de
– Voy a dar a usted una mala noche; pero no es mía la culpa; ellos me han
traído aquí. Yo me resistía, sabiendo que es usted una persona decente, que
sentirá mi presencia como lo peor que haya podido ocurrirle en esta casa.
El joven se sintió desarmado por tanta humildad.
– No, señor; yo estoy acostumbrado a todo – dijo con ironía. ¡Se hacen en
esta casa tan buenas amistades, que una más nada importa! Además, usted
no parece mala persona.
Y el periodista, que aún no se había limpiado de sus primeras lecturas
románticas, encontraba muy original aquella entrevista, y hasta sentía
cierta satisfacción.
– Yo vivo en Barcelona – continuó el viejo – ; pero mi compañero de este
distrito murió hace poco de la última borrachera, y ayer, al presentarme en
la Audiencia, me dijo un alguacil: “Nicomedes...” Porque yo soy Nicomedes
Terruño, ¿no ha oído usted hablar de mí?... Es extraño; la Prensa ha publicado
muchas veces mi nombre. “Nicomedes, de orden del señor presidente, que
tomes el tren de esta noche.” Vengo con el propósito de meterme en una fonda
hasta el día del trabajo, y desde la estación me traen aquí, por no sé qué
miedos y precauciones; y para mayor escarnio me quieren alojar con las ratas.
¿Ha visto usted? ¿Es esto manera de tratar a los funcionarios de Justicia?
– ¿Y lleva usted muchos años desempeñando el cargo?
– Treinta años, caballero; comencé en tiempos de Isabel Segunda. Soy el
decano de la clase, y cuento en mi lista hasta condenados políticos. Tengo
el orgullo de haber cumplido siempre mi deber. El de ahora será el ciento
dos: son muchos, ¿verdad? Pues con todos me he portado lo mejor que he
podido. Ninguno se habrá quejado de mí. Hasta los ha habido veteranos
del presidio, que al verme en el último momento, se tranquilizaban decían:
“Nicomedes, me satisface que seas tú.”
El funcionario iba animándose en vista de la atención benévola y curiosa
que le prestaba Yáñez. Iba tomando tierra: cada vez hablaba con más
desembarazo.
– Tengo también mi poquito de inventor – continuó – . Los aparatos lo fabrico yo
mismo, y en cuanto a limpieza, no hay más que pedir... ¿Quiere usted verlos?
El periodista saltó de la cama, como dispuesto a huir.
– No; muchas gracias; no se moleste. Le creo. Y miraba con repugnancia
aquellas manos, cuyas palmas eran rojizas y grasientas. Restos, tal vez, de
la limpieza reciente de que hablaba; pero a Yáñez le parecían impregnadas
de grasa humana, del zumo de aquel centenar que formaba su lista.
– ¿Y está usted satisfecho de la profesión? – preguntó para hacerle olvidar
el deseo de lucir sus invenciones.
– ¡Qué remedio!... Hay que conformarse. Mi único consuelo es que cada vez
se trabaja menos. Pero ¡cuán duro es este plan!... ¡Si yo lo hubiera sabido...!
Y quedó silencioso, mirando al suelo. – Todos contra mí – continuó. Yo he
visto muchas comedias. ¿Sabe usted? He visto que ciertos reyes antiguos
iban a todas partes llevando detrás al ejecutor de su justicia, vestido de
rojo, con el hacha al cuello, y hacían de él su amigo y consejero. ¡Aquello
era lógico! El encargado de cumplir la justicia me parece que es alguien, y
alguna consideración merece. Pero en estos tiempos todo son hipocresías.
Grita el fiscal pidiendo una cabeza en nombre de no sé cuántas cosas
respetables, y a todos les parece bien; llego yo después, cumpliendo sus
Reflexiona
permanecer
En el ejemplo anterior, el verbo quedar aparece como sinónimo de permanecer
y es empleado para los tipos de sujeto que ser refieran a cosas u objetos.
Reflexiona
¿Qué tal buscar otro ejemplo de uso del verbo quedar en el texto? Acuér-
date que debes explicarlo.
[…] y yo, el malo, el empedernido, me he quedado aquí, solo, completa-
mente solo […]
Permanecer
En el empleo destacado el verbo quedar (se) se refiere a permanecer y tiene
como sujeto al señor Nicomedes.
El uso del verbo quedar (se) puede asumir diferentes sentidos, a seguir te
presentaremos algunos ejemplos.
Los autos quedarán en este garaje.
Permanecer
La forma verbal subrayada tiene el valor de permanecer y es empleada
generalmente con esa estructura cuando el sujeto es una cosa u objeto.
Permanecer
La estructura verbal subrayada tiene el valor de permanecer y es empleada
con esa estructura cuando el sujeto es una persona.
Trae más panes. Sólo quedan dos.
Restar
El verbo señalado tiene el sentido de restar y el sujeto son los panes.
Hoy no queda nadie en casa.
Restar
El sentido del verbo subrayado es de restar y tiene como sujeto nadie.
La calle quedó destruida tras la lluvia.
resultar
El significado del verbo señalado corresponde a resultar y tiene un objeto o
cosa como sujeto.
Marta se quedó impresionada al verla.
resultar
localización
lucir
Esos anteojos te quedan muy grandes.
lucir
El sentido del verbo quedar (se) en los dos casos corresponde a adecuarse
un adorno, ropa, color de cabello, a alguien. La estructura generalmente
es de pronombre OI + quedar y puede ser empleada con cosa o persona
como sujeto.
Quedé con José en ir a tomar un té.
concertar preposición
Julia y Mariana quedaron en venir a casa.
concertar preposición
Correcto, quedamos en la entrada del cine.
cita preposición
¿Quedamos a las 9h o a las 9h 30?
cita preposición
El grupo irá al cine. Quedamos el martes.
encuentro
En los ejemplos anteriores hemos observado el uso del verbo quedar (se) con
el sentido de concertar una cita, un compromiso o un encuentro. Otro aspecto
que merece atención en su estructura verbal es la presencia de la preposición y
algunas circunstancializaciones, refiriéndose a lugar, hora, determinada fecha
entre otros referenciales.
Reflexiona
Respuestas
1. Localización, pues se refiere a la ubicación en relación a su orientación.
2. Localización, pues está relacionado a la localización del cine.
3. Resultado, producto de una acción.
4. Restar, parte de las actividades propuestas no se han realizado.
Rincón cultural
El español centroamericano presenta algunas particularidades con el
uso de los pronombres de tratamiento, por un lado encontraremos el uso
de usted como marcador de distanciamiento, respeto o cortesía, lo que no
se aleja radicalmente de la otra parte del mundo de hispanohablantes. Las
particularidades saltan a nuestros ojos cuando que expresar solidaridad,
familiaridad o afecto, pues existen tres modos de manifestarlo, utilizando las
estructuras vos, usted y tú, conocidos también como voseo, tuteo o ustedeo.
En países como El Salvador y Guatemala, además de la función
pronominal, en determinadas circunstancias tiene valor expresivo en el final
de la frase, en esas realidades el pronombre tú es más empleado como
marcador de solidaridad.
El uso de Usted en determinados contextos como marcador de familiaridad,
ocurre en Parte de América Central, y generalmente entre jóvenes y personas
mayores, sin embargo vamos a observar que ocurre un intercambio entre los
tres pronombres en esa realidad de centroamericana.
(PACHECO, 1996, p. 107).
¿Cómo se dice?
En algunas zonas rurales de El Salvador y Guatemala, encontramos
variaciones de timbres de las vocales átonas: dispertar, sepoltura, escribir,
dicir, escuro, menistro, fechuría.
Situación contraria ocurre en algunas zonas territoriales de Costa Rica
y El Salvador, el ensordecimiento de las vocales finales: noch…, puent…,
La lengua se presente con sus diversas variantes.
(PACHECO, 1996, p. 102).
Referencias
IBAÑEZ, V. B. El funcionario. Disponible en: <http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bk000047.pdf>. Accedido el: 18 ene. 2010.
MASIP, V. Fonología y ortografía españolas: curso integrado para brasileños.
Recife: Edições Bagaço, 2004.
PACHECO, M. A. Q. El español de América Central. In: Manual de dialectología
hispánica: el español de América. Barcelona: Ed. Ariel, 1996.
Anotaciones
Estrategias de lectura
Introducción
En el capítulo anterior presentamos el uso de algunas estructuras verbales
con el verbo quedar (se), a la vez presentamos algunos usos de los reflexivos y
como lectura tuvimos un cuento del escritor español Vicente Blasco Ibáñez.
Tras la exposición sobre los temas desarrollados en el capítulo anterior,
iniciaremos el sexto capítulo reflexionando sobre algunas acepciones de lectura,
el lector y algunas estrategias para interactuar con el texto, a la vez presentaremos
estructuras de involuntariedad con el uso de se, asimismo, analizaremos estructuras
de pertenencia sin el posesivo.
Una vez presentado el curso que seguiremos, conviene que busques en
<http://intercentres.cult.gva.es/ieselclot/HTML/departaments/angles/lectura.
htm>, algunas informaciones sobre estrategias de lectura. En esa página
encontrarás orientaciones que pueden sumarse a la exposición que haremos en
este capítulo, además de auxiliarte en tus lecturas.
Al concluir esta clase, esperamos que seas capaz de reflexionar sobre
algunas estrategias de lectura y la importancia del lector en la construcción
significativa, uso de se con el valor de involuntariedad y recursos estructurales
que signifiquen pertenencia sin el uso de posesivos.
Ahora les invito a leer otro cuento de Horacio Quiroga. ¿Sabes lo que es una
mordedura de culebra? ¿Ya la sufriste o conoces a alguien que la haya sufrido?
En el cuento un hombre la ha sufrido. Léelo para saber que ha pasado con él
después de una mordedura de yararacusú.
A la deriva
El hombre pisó algo blanduzco, y en seguida sintió la mordedura en el pie.
Saltó adelante, y al volverse con un juramento, vio una yararacusú que
arrollada sobre sí misma esperaba otro ataque.
El hombre echó una veloz ojeada a su pie, donde dos gotitas de sangre
engrosaban dificultosamente, y sacó el machete de la cintura. La víbora vio
la amenaza y hundió más la cabeza en el centro mismo de su espiral; pero
el machete cayó de plano, dislocándole las vértebras.
El hombre se bajó hasta la mordedura, quitó las gotitas de sangre, y durante
un instante contempló. Un dolor agudo nacía de los dos puntitos violeta y
comenzaba a invadir todo el pie. Apresuradamente se ligó el tobillo con su
pañuelo y siguió por la picada hacia su rancho.
El dolor en el pie aumentaba, con sensación de tirante abultamiento, y de
pronto el hombre sintió dos o tres fulgurantes puntadas que como relámpagos
habían irradiado desde la herida hasta la mitad de la pantorrilla. Movía la
pierna con dificultad; una metálica sequedad de garganta seguida de sed
quemante le arrancó un nuevo juramento.
Llegó por fin al rancho, y se echó de brazos sobre la rueda de un trapiche.
Los dos puntitos violeta desaparecían ahora en la monstruosa hinchazón del
pie entero. La piel parecía adelgazada y a punto de ceder de tensa. Quiso
llamar a su mujer y la voz se quebró en un ronco arrastre de garganta
reseca. La sed lo devoraba.
– ¡Dorotea! – alcanzó a lanzar en un estertor. – ¡Dame caña!
Su mujer corrió con un vaso lleno, que el hombre sorbió en tres tragos. Pero
no había sentido gusto alguno.
– ¡Te pedí caña, no agua! – rugió de nuevo. – ¡Dame caña!
– ¡Pero es caña, Paulino! – protestó la mujer espantada.
– ¡No, me diste agua! ¡Quiero caña, te digo!
La mujer corrió otra vez, volviendo con la damajuana. El hombre tragó uno
tras otro dos vasos, pero no sintió nada en la garganta.
– Bueno; esto se pone feo – murmuró entonces, mirando su pie lívido y
ya con lustre gangrenoso. Sobre la honda ligadura del pañuelo, la carne
desbordaba como una monstruosa morcilla.
Los dolores fulgurantes se sucedían en continuos relampagueos y llegaban
ahora a la ingle. La atroz sequedad de garganta que el aliento parecía
caldear más, aumentaba a la par. Cuando pretendió incorporarse, un
fulminante vómito lo mantuvo medio minuto con la frente apoyada en la
rueda de palo.
Pero el hombre no quería morir, y descendiendo hasta la costa subió a su
canoa. Se sentó en la popa y comenzó a palear hasta el centro del Paraná.
Allí la corriente del río, que en las inmediaciones del Iguazú corre seis
millas, lo llevaría antes de cinco horas a Tacurú-Pucú.
El hombre, con sombría energía, pudo efectivamente llegar hasta el medio
del río; pero allí sus manos dormidas dejaron caer la pala en la canoa, y
tras un nuevo vómito – de sangre esta vez – dirigió una mirada al sol que
ya trasponía el monte.
La pierna entera, hasta medio muslo, era ya un bloque deforme y durísimo
que reventaba la ropa. El hombre cortó la ligadura y abrió el pantalón
con su cuchillo: el bajo vientre desbordó hinchado, con grandes manchas
lívidas y terriblemente dolorido.
El hombre pensó que no podría jamás llegar él solo a Tacurú-Pucú, y se
decidió a pedir ayuda a su compadre Alves, aunque hacía mucho tiempo
que estaban disgustados.
¿Qué les parece empezar con el título? Generalmente es algo que el autor
utiliza para provocar y estimular nuestra curiosidad, asimismo es un adelantamiento
de lo que posiblemente veremos, caso continuemos la lectura, es decir, es abrir la
puerta ofreciendo pocas informaciones sobre lo que encontraremos.
Reflexiona
singular singular
involuntariedad
El verbo caer está en singular pues concuerda con el perro caliente que en
esa circunstancia es la cosa afectada.
A seguir te presentaremos algunas estructuras para que comprendas el uso
de se como involuntariedad.
Involuntariedad singular
Acontecimiento involuntario
Involuntariedad singular
Acontecimiento involuntario
Involuntariedad plural
Acontecimiento involuntario
involuntariedad acontecimiento
Reflexiona
Observemos que entre “el pelo” y “a María” existe una relación semántica
de posesión, es decir, el pelo es el objeto poseído por María, que a la vez es
diferente del sujeto Juan.
Más ejemplos:
Le sellaron los papeles.
Esa estructura es la más empleada para referirse a las partes del cuerpo,
acciones y pertenecías personales.
Reflexiona
Rincón cultural
El castellano boliviano está condicionado por la geografía boliviana
como variante dialectal de español, presenta tres regiones en las cuales
encontramos varios tipos dialectales determinados, en gran medida, por la
influencia del sustrato, por el bilingüismo y por las consecuencias emergentes
de las lenguas en contacto en las tres zonas. En la 1ª zona que abarca la
región andina centro y sudoccidental comprendiendo los departamentos de La
Paz, Oruro, Cochabamba, Potosí y Chuquisaca encontraremos un castellano
que se mezcla con el aimara, en algunas regiones el castellano que se mezcla
con el quechua. En la segunda zona, región de los departamentos Pando,
Bení y Santa Cruz, entre las lenguas que influencian el castellano están: el
tupi-guaraní, chimán, ignaciano, trinitario, quechua, movima y yuracaré. En
la tercera zona, que comprende el departamento de Tarija con influjos de las
lenguas quechua, mataco y guaraní (ALVAR, 1996, p.173).
¿Cómo se dice?
El superdialecto central andino
En la zona central andina, suele conservar la s implosiva, pero
también la aspiración de la s, tanto intervocálica como posvocálica. Por
otro lado, frecuentemente se llega a elidir la s intervolcálica, ejemplo
nehesita, nohotros, noótros. Otro rasgo interesantes es la preservación de
la identidad fonológica de r y l, conservando la r final y solo en zonas
próximas al surperdialecto costeño se da la n velar.
(MONTES, 1996, p. 138).
Referencias
DIMITRESCO, D. El dativo posesivo en español y en rumano. Disponible en:
<http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/2358062 0981225
075343679/p0000001.htm#I_0_> accedido el: 18 enero de 2010>.
MONTES, J. J. Argentina-Uruguay. In: Manual de dialectología hispánica: el
español de América. Barcelona: Ed. Ariel, 1996.
QUIROGA. H. A la deriva. Disponible en: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/bk000163.pdf>. Accedido el: 18 ene. 2010.
Anotaciones
Usos de la lengua
Introducción
En el capítulo anterior presentamos estructuras implicadas en la elaboración
de de la relación semántica de dativo posesivo, otro tema desarrollado ha sido
el se de involuntariedad, en la introducción del capítulo tuvimos un texto de
Horacio Quiroga y a la vez, entablamos una exposición sobre el concepto de
lectura y los implicados en la construcción del significado del texto.
En este último capítulo retomaremos algunos temas mediante actividades
y textos, una buena oportunidad para retomar discusiones y profundizar aún
tus estudios sobre la lengua española. Te invitamos a que revisites los capítulos
anteriores y utilices una gramática para auxiliarte.
Al concluir esta clase, esperamos que seas capaz de emplear los temas
gramaticales estudiados a lo largo de este cuaderno de contenidos.
En este capítulo te presentamos un texto del gran escritor estadounidense
Edgar Allan Poe. Se trata de una descripción de los más variados tipos humanos
que nos lleva a reflexionar sobre la vida, la propia condición humana.
El hombre de la multitud
Con razón se ha dicho de cierto libro alemán que es “lässt sich nicht lesen”
(que no se deja leer). De igual modo existen algunos secretos que no se
dejan descubrir. Hay hombres que mueren por la noche en sus camas,
estrechando las manos de sus espectrales confesores y mirándoles con ojos
lastimeros. Que mueren con la desesperación en el alma y opresiones en la
garganta que no permiten ser descritas. De vez en cuando, la conciencia
humana soporta cargas de un horror tan pesado que sólo pueden arrojarse
en la misma tumba. De este modo, la mayoría de las veces queda sin
descubrir el fondo de los crímenes.
No hace mucho tiempo, al declinar el día de una tarde otoñal, me encontraba
yo sentado junto a la gran cristalera en rotonda del café D..., en Londres.
Había pasado varios meses enfermo, pero ahora me hallaba convaleciente
y al recuperar las fuerzas me sentía en uno de esos felices estados de ánimo
que constituyen precisamente, el reverso del tedio; estados de ánimo de
una gran agudeza, cuando la película de la visión mental desaparece y el
intelecto electrificado sobrepasa con mucho su condición normal, del mismo
modo que la razón viva y la voz pura de Leibniz supera la retórica débil y
confusa de las Geórgicas. Simplemente respirar era una delicia y obtenía
un placer positivo incluso de las fuentes que originariamente lo son de dolor.
Me sentía tranquilo y con un profundo interés por todo. Con un cigarro en
la boca y un periódico sobre mis rodillas, había estado distrayéndome
gran parte de la tarde, ora recorriendo los anuncios, ora observando la
mezclada concurrencia del establecimiento, sin dejar, de vez en cuando,
de atisbar la calle a través de los ventanales empuñados por el humo. Esta
última era una de las vías principales de la ciudad y durante todo el día
rebosaba de animación.
Conforme iba haciéndose de noche, el gentío aumentaba. Cuando se
encendieron las luces, dos densas y continuas corrientes de transeúntes
comenzaron a entrar y salir del establecimiento. Nunca me había encontrado
en una situación como aquélla y, por tanto, aquel mar tumultuoso de cabezas
humanas me llenaba de una emoción deliciosamente nueva. Dejé de prestar
atención a lo que sucedía en el interior del hotel para absorberme de lleno
en la contemplación del exterior. Al principio mis observaciones adoptaron
un cariz abstracto y general. Miraba a los transeúntes en masa y pensaba
en ellos como formando una unidad amalgamada por sus características
comunes. Pronto, sin embargo, descendí a los detalles y observé con
minucioso interés las innumerables variedades de tipos, vestidos, aires,
portes, aspectos y fisonomías.
La gran mayoría de los que pasaban tenían el aire satisfecho de gente
ocupada y su única preocupación parecía ser la de abrirse paso entre la
muchedumbre. Llevaban las cejas fruncidas y volvían sus ojos rápidamente
en todas direcciones. Cuando eran empujados por otros transeúntes no
daban el menor signo de impaciencia, sino que se componían un poco
la ropa y continuaban su camino. Otros, todavía una gran mayoría,
se movían intranquilos, mostraban el rostro enrojecido y hablaban
Tras la lectura del cuento de Edgar Allan Poe, te invitamos a reflexionar sobre
algunos de los aspectos textuales para una mejor comprensión de la lectura. En
el capítulo anterior presentamos un guión con orientaciones, ¿qué tal empezar
a utilizarlas?
Como primer ejercicio, puedes presentar tus impresiones sobre ese fragmento,
después realiza una investigación sobre el autor, es una manera de acercarte
y ampliar las posibilidades que puedan sumarse para entenderlo. Para ello
te recomendamos que visites el sitio: <http://www.biografiasyvidas.com/
biografia/p/poe.htm>. Es un buen inicio. En ese apartado encontrarás algunas
informaciones sobre su vida personal, sus actividades laborales, algunas de las
obras públicas. Asimismo, es interesante conocer otros textos del autor, como el
famoso “Filosofía de la composición”. En esta página <http://www.pinturayartistas.
com/filosofia-de-la-composicion-de-edgar-allan-poe>, encontrarás informaciones
sobre la obra y algunos rasgos definidores de un buen texto literario. Y para
encerrar, puedes hacer una reseña comercial. Vamos a explicártelo ahora. Las
primeras condiciones que debes tener en cuenta son el estímulo y la provocación
del lector, pues debes convencerlo a leer ese libro, a la vez resumir la historia del
cuento, dejando al lector curioso y con ganas de explotar los labirintos de esa
narrativa, no debes ser muy extenso, no ultrapasar una página, ahora que ya lo
sabes, vamos a poner en marcha nuestra actividad.
Vamos a iniciar la reseña y deberás continuarla.
Concebido por Edgar Allan Poe, el cuento El Hombre de la multitud, presenta
la realidad de un observador atento a las masas que circulan por las calles. En
determinados momentos de la narrativa podemos reflexionar sobre descripciones
que nos conducen a la elaboración de conceptos entre la colectividad anónima y
la individualidad enigmática, fruto de los avances y las transformaciones sociales,
una lectura como esta es obligatoria para …
Bien, tienes el inicio de la reseña, continúala.
Como el objeto de este capítulo es reflexionar sobre los contenidos estudiados
a lo largo del curso, más específicamente los desarrollados este semestre, conviene
llevar a cabo nuestro reto. En el primer capítulo explicamos el uso de algunos
verbos de actitud, ¿te acuerdas? Muy bien, las estructuras tienen implícitas las
cargas semánticas, es decir, estructuras a las que echamos un vistazo y requieren
un análisis más detenido, pues tienen una significación más compleja. El texto
inicial es un terreno muy adecuado para ejercitarlas. Voy a presentar un modelo
y ustedes deben buscar otros ejemplos, además de contestar a los ejercicios que
proponemos a seguir.
Actividad 1
Actividad 2
Posible respuesta
• Sea, el sujeto quiere que la calidad sea el principal objetivo y no la
cantidad.
• Vuelvan, el sujeto quiere que digan el nombre de la empresa siempre
que atiendan los llamados.
• Terminen, el sujeto efectivamente quiere que terminen las actividades
extras hoy.
El próximo tema son las oraciones coordinadas y las subordinadas, para
retomar este contenido retiraremos ejemplos del texto o haremos adaptaciones,
después los explicaremos.
Vigilé con atención a esta calaña y me resultó difícil imaginar cómo podrían
ser confundidos por caballeros por los mismos caballeros
Oración coordinada
O
O
SN (SV)
O
SN SV
V SN
Nombre
Nexo V SN
D N
O
O
SN (SV)
O
SN SV
V
Nombre Sadv
Nexo V
Adv
El próximo tema es el uso del verbo quedar (se) y sus diferentes sentidos,
pues como estudiamos en el capítulo 5, generalmente ese verbo asume el valor
de permanecer, restar, resultar, locarlizarse, adecuarse a algo o a alguien,
concertar un compromiso, encuentro o cita. Hemos retirado un ejemplo del
texto, obsérvalo:
De este modo, la mayoría de las veces queda sin descubrir el fondo de los
crímenes.
Permanecer
Rincón cultural
Si en Buenos Aires una mujer quiere comprarse un vestido y pregunta
dónde hay un comercio de modas, recibirá la siguiente respuesta:
Siga esta vereda (acera), y a las cinco cuadras (manzanas) ha de ver
un negocio que tiene polleras (faldas) y sacos (chaquetas) en la vidriera
(escaparate).
Un español va a México y para el desayuno le ofrecen bolillos, humildes
panecillos que no hay que confundir con las teleras, en Guadalajara
llamadas virotes y en Veracruz cojinillos. Al salir del bar puede decidirse a
tomar un camión (ómnibus, que en Puerto Rico o Cuba llaman la guagua)
o si llama al ruletero (taxista que da más vueltas por la ciudad que una
ruleta). A no ser que alguien le ofrezca amistosamente un aventoncito (un
empujoncito), que es una manera muy cordial de acercarle al punto de
destino. En Venezuela a esta clase de empujoncito se le llama colita, y en
Puerto Rico, un pon.
Si quiere limpiarse los zapatos en la calle en México, tiene que recurrir
a un bolero que se los bolea en un santiamén (Cantinflas ha hecho una
película famosa con el título de El bolero de Raquel).
Si llama por teléfono en México, apenar descolgar el auricular oye
¡bueno!, lo que le parece una aprobación un poco precipitada. Pasea por
la ciudad y le llaman la atención los letreros se renta por todas partes (se
venden coches, pisos, casas, etc.). Otros anuncios: ventas al mayoreo y al
menudeo; ricas botanas todos los días (lo que español se llaman tapas; en
Argentina, ingredientes; en Venezuela, pasapalos).
En México se ven establecimientos llamados tlapalerías (venta de toda
clase de pinturas, en alemán se diría ‘Farbenhandlund’; incluye también
ferretería), misceláneas (tiendas de quincalla), rosticerías.
Si te ha gusta, accede al texto completo en: <http://culturitalia.uibk.
ac.at/hispanoteca/kulturkunde-la/el%20espa%C3%B1ol%20americano.
htm>; encontrarás más informaciones sobre ese tema.
En este capítulo leímos un texto del autor estadounidense Edgar Allan Poe,
a la vez, desdoblamos actividades relacionadas a la interpretación textual, así
como la práctica de la expresión escrita. En el apartado gramatical estudiamos
algunos usos de los verbos de actitud, de paso los diferentes valores del
verbo quedar (se), enfocando estructuras y sentidos, también las relaciones de
coordinación y subordinación mediante actividades de análisis estructural. No
¿Cómo se dice?
Entre algunas de las características del consonantismo en Antillas están
la realización labiodental fricativa sorda [f], en convivencia con la variante
bilabial [ ], favorecida por el diptongo /ué/, como en [ wéra] fuera, [
wé] fue, [ wégo] fuego, [ wérsa] fuerza.
La antigua aspiración de la f- latina ha quedado en palabra propias
del español de Puerto Rico como las formadas sobre humo o huir, del
tipo [ah már].
(PACHECO, 1996, p. 102).
Referencias
LÓPEZ, J. F. El español de América. Disponible en: http://culturitalia.uibk.ac.at/
hispanoteca/kulturkunde-la/el%20espa%C3%B1ol%20americano.htm. Accedio
en: 28 ene. 2010.
PACHECO, M. A. Q. El español de América Central. In: Manual de dialectología
hispánica: el español de América. Barcelona: Ed. Ariel, 1996.
POE, E. A. El Hombre de la multitud. Disponible en: <http://www.dominiopu-
blico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=6791>.
Accedido el: 18 ene. 2010.
Anotaciones
EQUIPE UNITINS
Organização de Conteúdos Acadêmicos Kyldes Batista Vicente
Revisão Linguístico-Textual Silvéria Aparecida Basniak Schier
Gerente de Divisão de Material Impresso Katia Gomes da Silva
Revisão Digital Leyciane Lima Oliveira
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Projeto Gráfico Katia Gomes da Silva
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Capas Rogério Adriano Ferreira da Silva
Apresentação
entre os anos de 1836 aos nossos dias, estuda as manifestações literárias
do Brasil a partir da proclamação de sua independência cultural, subdividin-
do-se, por sua vez, nas seguintes épocas: Romantismo (1836- 1881), Realismo
(1881-1902), Simbolismo (1893-1922), Pré-Modernismo (1902-1922) e
Modernismo (1922 à atualidade, inclusas as tendências contemporâneas).
Neste caderno, estudaremos as manifestações literárias da Era Colonial,
mais o Romantismo brasileiro, manifestação da Era Nacional. O Padre
José de Anchieta será o foco da primeira época; Gregório de Matos (Boca
do Inferno) e Padre Antônio Vieira serão estudados no Barroco; Cláudio
Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga serão objeto do Arcadismo;
Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves (no gênero lírico) e José
de Alencar e Manuel Antônio de Almeida (na prosa de ficção) serão temas
do Romantismo.
Não pretendemos esgotar aqui nenhuma discussão sobre temas e aspectos
característicos da Literatura brasileira. Objetivamos, no entanto, despertar seu
interesse para essa área do conhecimento que, além de assegurar a expansão
de sua cultura, gratifica-o com um prazer inefável: o prazer estético.
Desejo a você bons estudos e bom proveito ao longo dos sete capítulos.
Prof.ª Kyldes Batista Vicente
1
CAPÍTULO 1 • LITERATURA BRASILEIRA I: DO PERÍODO COLONIAL AO ROMANTISMO
Literatura de Informação,
Literatura Jesuítica e Barroco
Introdução
O sentimento nativista é uma das constantes fundamentais da evolução da
Literatura brasileira, é, portanto, uma de suas principais características. Esse
traço cultural é que fundamenta o paralelo que podemos fazer entre as manifes-
tações literárias do Brasil Colônia e as de Portugal colonizador, para chegarmos
ao verdadeiro autor ou escritor brasileiro.
Neste capítulo, deteremos nosso olhar nos aspectos que fundamentam esse
sentimento, consideraremos que a Literatura brasileira da Era Colonial não é um
simples prolongamento da Literatura portuguesa, mas uma produção artística
que lança suas raízes e constrói seu caminho rumo à emancipação que se dará
com o advento do Romantismo.
Para que você possa compreender os aspectos histórico-estéticos dos primór-
dios da Literatura brasileira e do Barroco e discutir traços característicos da
obra de Padre José de Anchieta, Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos,
faz-se necessário que disponha de informações básicas da história do Brasil dos
séculos XVI e XVII.
francês uma obra intitulada Viagem à terra do Brasil, uma das primeiras obras que
se preocupou com a descrição do povo, sua raça e língua e sua cultura material.
As invasões francesas fizeram com que o sistema de feitorias evoluísse para
as capitanias hereditárias, que desenvolveram para um governo centralizado,
por meio da nomeação de um governador-geral, que dispunha de força militar.
A exploração da cana-de-açúcar também potencializou essas mudanças políti-
co-administrativas. Os missionários da Companhia de Jesus, ordem da Igreja
Católica, tiveram grande importância nesse período: a atividade intelectual da
Colônia foi exclusividade dos jesuítas, que doutrinaram índios e colonizadores.
Essas circunstâncias marcaram a literatura produzida no século XVI no Brasil:
as qualidades estéticas de uma obra literária puderam levá-la a se perpetuar no
tempo. Apesar disso, a literatura foi uma prática social vinculada ao contexto
socioeconômico e cultural em que foi produzida. Por essa razão, não se pode
estudar a arte literária ou qualquer outra modalidade de arte sem localizá-la no
eixo temporal.
Literatura e História seguem, portanto, caminhos paralelos e dialeticamente
interinfluentes: a História influencia a Literatura e esta, por sua vez, deixa marcas
na História. É tendo em vista essa relação de complementaridade, que, neste
capítulo, estudaremos as manifestações literárias do século XVI, vendo-a pela
ótica dos interesses econômicos do mercantilismo europeu.
Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas.
Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em
direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem
os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala
nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa.
Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de
linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles
lhe arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com
uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de papa-
gaio. E outro lhe deu um ramal grande de continhas brancas,
miúdas que querem parecer de aljôfar, as quais peças creio que
o Capitão manda a Vossa Alteza. E com isto se volveu às naus
por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do
mar (Caminha, 1985, p. 15).
deleite de namorados,
que, co gosto deste pão,
deixam a deleitação
transitória [...]
Saiba mais
Cordeirinha linda,
Como folga o povo,
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo.
Cordeirinha santa,
De Jesus querida,
Vossa santa vinda
O Diabo espanta.
Por isso vos canta
Com prazer o povo,
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo.
Saiba mais
Para ler o poema A Santa Inês integralmente, visite o sítio Jornal de Poesia:
<http://www.jornaldepoesia.jor.br/janc02.html>.
Saiba mais
Saiba mais
Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura.
Saiba mais
Saiba mais
Literatura Literatura
Barroco
Informativa Jesuítica
• Sobre o Brasil, para • Informativa em geral. • Arte da Contra-Reforma.
europeus (cartas, rela-
• Teatro de Padre José • Conflito entre corpo e alma.
tórios, documentos).
de Anchieta.
• Forma conturbada.
• A Carta de Pero Vaz
de Caminha. • Tema: o fluir do tempo.
• Padre Antônio Vieira
(Sermões).
• Gregório de Matos (poesia
lírica religiosa, poesia lírica
e poesia satírica).
Referências
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
______. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2001.
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta a El-Rey D. Manoel I de Portugal sobre o achamento
do Brasil. Introdução de João Alves das Neves. São Paulo: Elos Clube, 1985.
CASTELLO, José Aderaldo. A literatura brasileira: manifestações literárias da Era
Colonial. São Paulo: Cultrix, 1972.
LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/
Edusp, 1980.
JORNAL DE POESIA. Gregório de Matos. Disponível em: <http://www.jornal de
poesia.jor.br/grego.html>. Acesso em: 4 dez. 2009.
______. José de Anchieta. Disponível em: <http://www.jornal de poesia.jor.br/
janc.html>. Acesso em: 4 dez. 2009.
MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo:
Cultrix, 1984.
Anotações
Arcadismo
Introdução
O progresso científico dos séculos XVII e XVIII, com a formulação da lei da
gravidade por Newton e a classificação dos seres vivos pela biologia, implicou
uma visão racionalista e científica do mundo. A burguesia, em ascensão,
confiava plenamente na razão, tida como universal e imutável no espaço e no
tempo. A razão, portanto, era sinônimo de bom senso e impedia o ser humano
entregar-se aos caprichos da imaginação e da fantasia. Em face desse quadro,
o estilo Barroco, exagerado, extremamente emocional e desequilibrado, não
podia mais predominar.
Neste capítulo, estudaremos os aspectos históricos, os traços estéticos e os
dois principais representantes do Arcadismo. Para que você possa identificar as
principais características do Arcadismo e verificar as marcas do Arcadismo na
poesia de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, é necessário
que tenha consciência de que o Arcadismo está vinculado ao Iluminismo, que
é o conjunto de tendências que marcaram o fim do século XVII e o século XVIII.
Precisa também ter em mente que as palavras-chave da filosofia iluminista são:
razão e ciência, consideradas, na época, base para a análise e explicação do
mundo. Some-se a isso compreender que o Arcadismo ou Neoclassicismo surgiu
como uma reação contra o Barroco.
VIII
XLV
Saiba mais
Saiba mais
Referências
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2001.
Anotações
histórico-literários e
características fundamentais
Introdução
Mais do que um programa de ação de um grupo de poetas, romancistas,
filósofos ou músicos, o Romantismo foi um vasto movimento que abrigou, ao
mesmo tempo, conservadorismo e desejo libertário, inovação formal e repetição
de fórmulas consagradas, namoro com o poder e revolta radical. Foi, portanto,
um conjunto heterogêneo de tendências, cuja riqueza e diversidade não podem
ser expressas por generalizações apressadas.
Didaticamente, talvez seja possível pensar que o Romantismo foi marcado por
algumas preocupações recorrentes: anticlassicismo, visão individualista, desejo
de romper a normatividade e deslocar os excessos do racionalismo. Liberdade,
paixão e emoção: formam o tripé no qual se assenta boa parte do Romantismo.
Saiba mais
Saiba mais
• liberalismo (jurídico,
• livre concorrência
filosófico e social)
• vitória do capital
• democratização da
industrial
vida política
• criação de escolas
• alfabetização geral
• desenvolvimento da imprensa
Saiba mais
Saiba mais
O VATE
O Romantismo no Brasil evoluiu por meio de três gerações, cada uma delas
assumindo uma perspectiva própria, mas sem comprometer a transferência das
características de uma a outra, numa interpenetração muito acentuada.
Referências
CANDIDO, Antônio; CASTELLO, Aderaldo. Presença da Literatura brasileira:
história e antologia. São Paulo: Difel, 1985.
COUTINHO, Afrânio (Dir.). A Literatura no Brasil: Romantismo. 2. ed. Rio de
Janeiro: Sul Americana S.A., 1969.
MAGALHÃES, Domingos Gonçalves de. Suspiros poéticos e saudades. Trechos
escolhidos por José Aderaldo Castello. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro.
Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. Acesso em: 10 nov. 2008.
PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins
Fontes, 1985.
Anotações
Romantismo no Brasil
(1836-1840)
Introdução
A Gonçalves de Magalhães, por meio de Suspiros poéticos e saudades, cabe
a precedência cronológica dos versos românticos na literatura brasileira. Nessa
obra, o poeta realiza a transformação lírica de algumas de suas ideias sobre
o Romantismo, considerado como oportunidade de afirmação de uma literatura
nacional: destruía os artifícios e os esquemas neoclássicos, na medida em que
propunha a valorização da natureza, do índio e de uma religiosidade panteísta.
Faltava, no entanto, a Gonçalves de Magalhães, uma autêntica emoção
poética. Por isso os sentimentos que ele explora em seus poemas apresentam-se
de maneira retórica, enfática e, frequentemente, despoetizados. Mesmo assim,
o autor de Suspiros poéticos e saudades foi considerado o maior poeta pátrio,
símbolo da literatura brasileira. Essa posição foi deslocada pela publicação de
A Confederação dos Tamoios, tentativa de realização de um indianismo épico,
dando origem a críticas como as de José de Alencar sobre o artificialismo de
sua composição. Restou a Gonçalves de Magalhães, portanto, a incontestável
importância histórica: o Romantismo no Brasil fora por ele introduzido.
No contexto do primeiro momento do Romantismo no Brasil, o destaque
cabe a Gonçalves Dias. Esse poeta conseguiu equilibrar os temas sentimentais e
exóticos com uma linguagem simples, na medida em que fugiu da ênfase decla-
matória e da vulgaridade.
A obra de Gonçalves Dias articula-se em torno de quatro temas principais:
o índio, a natureza, a saudade da pátria e o amor. Os três primeiros estão
diretamente relacionados ao ideal de construção da nacionalidade, proposta
do primeiro momento do Romantismo. Por essa razão, esse poeta indianista foi
escolhido como destaque neste capítulo.
Para você compreender a relação entre Romantismo e nacionalismo e identi-
ficar as principais características do primeiro momento do Romantismo brasileiro
em Gonçalves Dias, é necessário que tenha compreendido as relações entre
Romantismo, burguesia e revolução social, discutidas no capítulo anterior.
O Canto do Guerreiro
I
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
– Ouvi-me, Guerreiros.
– Ouvi meu cantar.
II
Valente na guerra
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
– Guerreiros, ouvi-me;
– Quem há, como eu sou?
III
Quem guia nos ares
A frecha imprumada,
Ferindo uma presa,
Com tanta certeza,
Na altura arrojada
Onde eu a mandar?
– Guerreiros, ouvi-me,
– Ouvi meu cantar.
IV
Quem tantos imigos
Em guerras preou?
Quem canta seus feitos
Com mais energia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
– Guerreiros, ouvi-me:
– Quem há, como eu sou?
V
Na caça ou na lide,
Quem há que me afronte?!
A onça raivosa
Meus passos conhece,
O inimigo estremece,
E a ave medrosa
Se esconde no céu.
– Quem há mais valente,
– Mais destro do que eu?
VI
Se as matas estrujo
Co os sons do Boré,
Mil arcos se encurvam,
Mil setas lá voam,
Mil gritos reboam,
Mil homens de pé
Eis surgem, respondem
Aos sons do Boré!
– Quem é mais valente,
– Mais forte quem é?
VII
Lá vão pelas matas;
Não fazem ruído:
O vento gemendo
E as malas tremendo
E o triste carpido
Duma ave a cantar,
São eles – guerreiros,
Que faço avançar.
[...]
Saiba mais
I-Juca Pirama (o que deve ser morto) é outro poema emblemático da poesia
indianista de Gonçalves Dias. Dividido em dez cantos, narra o drama de I-Juca
Pirama, último descendente dos tupis, feito prisioneiro dos timbiras. Condenado
à morte, I-Juca Pirama pede clemência, uma vez que é arrimo de seu pai. O
canto VIII narra o reencontro entre o jovem tupi e seu pai, que o amaldiçoa e o
renega devido à covardia do filho.
Saiba mais
Ainda uma vez Adeus! é seu poema de amor mais conhecido. Leia um frag-
mento dele a seguir.
VI
VII
Oh! se lutei!... mas devera
Expor-te em pública praça,
Como um alvo à populaça,
Um alvo aos dictérios seus!
Devera, podia acaso
Tal sacrifício aceitar-te
Para no cabo pagar-te,
Meus dias unindo aos teus?
VIII
IX
XIII
XIV
Pensar eu que o teu destino
Ligado ao meu, outro fora,
Pensar que te vejo agora,
Por culpa minha, infeliz;
Pensar que a tua ventura
Deus ab eterno a fizera,
No meu caminho a pusera...
E eu! eu fui que a não quis!
XV
És doutro agora, e pr’a sempre!
Eu a mísero desterro
Volto, chorando o meu erro,
Quase descrendo dos céus!
Dói-te de mim, pois me encontras
Em tanta miséria posto,
Que a expressão deste desgosto
Será um crime ante Deus!
XVI
Dói-te de mim, que t’imploro
Perdão, a teus pés curvado;
Perdão!... de não ter ousado
Viver contente e feliz!
Perdão da minha miséria,
Da dor que me rala o peito,
E se do mal que te hei feito,
Também do mal que me fiz!
XVII
Adeus qu’eu parto, senhora;
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Soluçar um breve Adeus!
XVIII
Lerás porém algum dia
Meus versos d’alma arrancados,
D’amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; – e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, – de compaixão.
Saiba mais
Referências
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2001.
COUTINHO, Afrânio (Dir.). A Literatura no Brasil: Romantismo. 2. ed. Rio de
Janeiro: Sul Americana S.A., 1969.
DIAS, Gonçalves. Primeiros cantos. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro.
Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. Acesso em: 10 nov. 2008.
Segundo momento do
Romantismo no Brasil
Introdução
Destaca-se, no Romantismo, um grupo de poetas de características bem
definidas, objetivadas e refletidas no individualismo, estilo de vida, melancolia,
desespero, mal do século, delírio doloroso e desesperante e no exagero do senti-
mento e da paixão. Esses poetas, amadurecidos precocemente, mortos em sua
maioria prematuramente, tiveram desse fato certa intuição: viveram uma vida
desenfreada e de orgia, incompreendidos em sua morbidez e originalidade.
Byron e Musset foram os modelos literários por eles adotados. Alguns poetas
desse grupo tiveram grande popularidade. Álvares de Azevedo e Casimiro de
Abreu, objetos de estudo deste capítulo, são poetas de grande ressonância
popular. Além deles, figuraram no grupo Fagundes Varela e Junqueira Freire.
Para você compreender as principais características do segundo momento
do Romantismo brasileiro e identificar as características da obra de Álvares de
Azevedo e de Casimiro de Abreu e suas relações com o segundo momento do
Romantismo, é necessário que não se esqueça da relação existente entre libera-
lismo, individualismo e subjetivismo, reflexos das transformações que implicaram a
substituição da aristocracia pela burguesia, no comando da sociedade ocidental.
5.1.1 A poesia
A poesia de Álvares de Azevedo oferece farta documentação para a psica-
nálise. Nessa perspectiva, tem sido lida por alguns críticos modernos. De acordo
com Bosi (2001, p. 120-121), “todo um complexo psicológico se articulou em
uma linguagem e em um estilo novo, que se manteve por quase trinta anos na
esfera da história literária e sobreviveu [...] até hoje [...]”.
• orgia
Amor
• medo
Morte
• cotidiano
Tédio
• autoanálise (dúvida)
5.1.2 A prosa
Noite na Taverna, livro de contos, é a obra em prosa de Álvares de Azevedo.
Compõe-se de contos satânicos, devassos, melodramáticos, cheios de crimes,
amoralismos, incestos e violações: sete jovens bebem na taverna. Quando a
fumaça dos cigarros se mistura com os eflúvios das bebidas alcoólicas, cada um
deles conta uma história criminosa que teria vivido, envolvendo o desejo carnal,
aspecto destrutivo do sentimento amoroso: para o romântico, o verdadeiro amor
só é possível depois da morte.
Saiba mais
Saiba mais
Saiba mais
Referências
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2001.
COUTINHO, Afrânio (Dir.). A Literatura no Brasil: Romantismo. 2. ed. Rio de
Janeiro: Sul Americana S.A., 1969.
JORNAL DE POESIA. Álvares de Azevedo. Disponível em: <http://www.revista.
agulha.nom.br/avz7.html#seeumorresse>. Acesso em: 12 mar. 2010.
______. Casimiro de Abreu. Disponível em: <http://www.revista.agulha.nom.
br/casi.html#meus>. Acesso em: 12 mar. 2010.
Anotações
Terceiro momento do
Romantismo no Brasil
Introdução
A partir da década de 1860, os senhores rurais e parcelas da burguesia,
então classe dominante brasileira, começam a sofrer uma divisão: a ideologia
das elites, até então confundida com os verdadeiros interesses do Brasil, passa
a revelar os interesses antagônicos das classes que disputam a hegemonia na
direção da sociedade.
Intelectuais da classe média urbana, escritores, jornalistas e militares
começam a perceber a distância que se coloca entre os interesses dos proprie-
tários rurais e os do resto da população. Por isso, nesse momento, a literatura
passa a desempenhar um papel crítico, superando o egocentrismo dos escritores
do segundo momento do Romantismo.
Tem-se, agora, a literatura de cunho social, comprometida com questões
como o abolicionismo, na medida em que critica a inércia do Segundo Reinado
(1840-1889). Castro Alves é a grande expressão desse momento.
Para você compreender as características do terceiro momento do Romantismo
no Brasil e identificar as marcas da poesia social de Castro Alves, é impor-
tante que tenha consciência da crise que atingiu a classe dominante brasileira
(senhores rurais e parcelas da burguesia), a partir da década de 1860.
Saiba mais
Saiba mais
[...]
Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p’ra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito...
escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!...
Falta alguma coisa aos poemas amorosos desse poeta? Talvez um pouco de
preocupação com a afetividade que transcende o contato sexual puro e simples.
Seria ele superficial? Talvez: seus versos, mesmo sendo belos, carecem de
verdades envolvendo a comunicação amorosa, apenas relatada. Identifica-se,
nessa postura, o “Don Juan”, para quem as mulheres não passam de simples
objeto de satisfação dos desejos eróticos. O poema Adormecida é um exemplo
da sensualidade do poeta baiano, embora vigiada pelos padrões de comporta-
mento em moda no Romantismo. Mas enaltece o amor masculino, donjuanesco
e que pressupõe a realização dos apelos sexuais:
Referências
CITELLI, Adilson. Romantismo. São Paulo: Ática, 1993.
JORNAL DE POESIA. Castro Alves. Disponível em: <http://www.revista.agulha.
nom.br/calves1ind.html>. Acesso em: 12 mar. 2010.
PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins
Fontes, 1985.
Anotações
A prosa de ficção no
Romantismo brasileiro
Introdução
Victor Hugo, Alexandre Dumas, Eugène Seu e Walter Scott são romancistas
europeus, cujas obras tornaram-se populares no Brasil. Essa popularidade deveu-se
a publicações dessas obras em jornais, depois de 1830, fato que contribui para
a formação de um público leitor para o romance, gênero narrativo ainda desco-
nhecido pelos brasileiros.
Essas narrativas, seja na Europa, seja nas traduções brasileiras, eram
editadas em capítulos, o que promovia o aumento da tiragem dos periódicos.
Acontecimentos bombásticos, emoções desenfreadas, linguagem acessível,
ausência de abstração, tudo isso entusiasmava os leitores pelo desenvolvimento
das histórias narradas. Ansiosos, eles esperavam o último capítulo, no qual tudo
era ajustado e explicado. Era o folhetim. Para escrevê-lo, o artista submetia-se às
exigências do público leitor, formado por burgueses, e dos diretores de jornais.
Houve casos em que o autor foi obrigado a ressuscitar uma personagem porque
os leitores, inconformados com a morte dela, ameaçam o sucesso de venda do
periódico que publica a história.
Os folhetins não podiam criticar os valores da época, nem reivindicar o verda-
deiro humanismo. Tinham de se sujeitar, obrigatoriamente, aos valores ideológicos
do público leitor. Por essa razão, não passavam de arte de evasão e alienação da
realidade. Os românticos, na maioria das vezes, assumem a estrutura do folhetim.
Entre 1845 e 1850, cursou Direito em São Paulo e Olinda. Nesse período,
compôs Os contrabandistas, novela histórica. Formado, começou a advogar
no Rio de Janeiro. A literatura, no entanto, o absorveu. Primeiro como cronista
do Correio Mercantil. Depois como redator do Diário do Rio de Janeiro. Neste
jornal, aparecem, em folhetim, seus primeiros romances de ambientação carioca:
Cinco minutos (1856), A viuvinha (1857) e O guarani (1857), romance que o
tornaria célebre.
Saiba mais
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Saiba mais
Saiba mais
Referências
ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: Ática, 1992.
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2001.
CANDIDO, Antônio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas FFLCH/
USP, 2002.
Anotações
EQUIPE UNITINS
Organização de Conteúdos Acadêmicos Patrícia Roberta de Almeida Castro Machado
Revisão Linguístico-Textual Domenico Sturiale
Gerente de Divisão de Material Impresso Katia Gomes da Silva
Revisão Digital Leyciane Lima Oliveira
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Projeto Gráfico Katia Gomes da Silva
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Capas Rogério Adriano Ferreira da Silva
Presentación
Para atender este reto, el cuaderno se encuentra dividido en siete clases
que explotan temas desde los enfoques y métodos en la enseñanza de lenguas
hasta actividades prácticas que pueden ser realizadas en clase, pasando por
el estudio de los documentos que basan el trabajo con la Lengua Española
tanto en la enseñanza fundamental como en la secundaria.
La primera clase trabaja los métodos y enfoques de la enseñanza de lenguas
extranjeras, haciendo un recorrido por los paradigmas lingüísticos y psicolin-
güísticos. En la segunda clase, vamos a analizar algunas estrategias de apren-
dizaje que los alumnos utilizan para aprender una lengua extranjera, especí-
ficamente el Español como Lengua Extranjera (E/LE). Después, en la tercera
clase, trabajaremos con las destrezas y las competencias comunicativas que
deberían ser desarrolladas en los procesos de enseñanza y aprendizaje de E/
LE. Ya, en la cuarta clase, nos especificaremos en los estudios sobre la intercultu-
ralidad y la reflexión crítica. Posteriormente, en la quinta clase, discutiremos la
relación entre lo lúdico y las clases de E/LE. En la sexta clase, reflexionaremos
sobre los documentos que basan la enseñanza de E/LE tanto a nivel nacional
como a nivel internacional. Y, al final, en la séptima clase, profundizaremos
nuestro estudio con relación a los Parámetros Curriculares Nacionales (PCN).
¡Bienvenidos al estudio de las metodologías en Lengua Española y respec-
tivas Literaturas! ¡Qué realices una excelente pasantía en Lengua Española!
Prof.ª Patricia Roberta de Almeida Castro Machado
1
CAPÍTULO 1 • ABORDAGENS METODOLÓGICAS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESPANHOLA E RESPECTIVAS LITERATURAS
Enfoques y métodos en la
enseñanza de lenguas
Introducción
Para hacer un recorrido por los paradigmas lingüísticos y psicolingüísticos
y estudiar y reconocer los métodos de enseñanza de idiomas, es necesario
recordar y repasar lo estudiado en las clases de lingüística, principalmente lo
que se refiere al estudio sobre la adquisición de lenguas. También se requiere la
observación crítica de los modelos de enseñanza y aprendizaje por los cuales
has pasado, en ambientes tanto formales (instituciones de enseñanza) como
informales (en casa, con los amigos y otros), porque estas son las experiencias
prácticas que ya tenemos y que deben ser contrastadas con la teoría, que será
expuesta en esta clase, para repensar la práctica de enseñanza de lenguas
extranjeras y, específicamente, de la lengua española.
Durante estudios e investigaciones relacionados a la didáctica de lenguas
extranjeras, muchos fueron los métodos y los enfoques formulados para que se
desarrollara su proceso de enseñanza y aprendizaje. Antes mismo de que la
Lingüística fuera considerada una ciencia, ya existía la preocupación de aprender
lenguas extranjeras, sea por razones comerciales o, incluso, bélicas. Esta preo-
cupación conllevó a la investigación sobre cómo se podría mejor aprender o
adquirir un segundo idioma.
En esta clase, vamos a conocer (o reconocer) los métodos y los enfoques en
la enseñanza de lenguas, específicamente del Español como Lengua Extranjera
(E/LE). Por tanto seguimos con la discusión sobre algunos conocimientos introduc-
torios, buscando una posible definición para las palabras método y enfoque.
Método
El enfoque forma parte del método porque se refiere a las teorías que basan
la práctica docente. El diseño corresponde al programa, sus objetivos, sus acti-
vidades y los papeles que desempeñan el profesor, el alumno y los materiales
didácticos en el proceso de enseñanza y aprendizaje. Y el procedimiento, por
su vez, se refiere al modo de actuación y a la postura adoptada por docentes y
discentes durante la clase.
Sabiendo que cada método es formado a partir de un tipo de enfoque, diseño
y procedimientos específicos, a continuación vamos a conocer los métodos elabo-
rados para la enseñanza y el aprendizaje de lenguas extranjeras, por medio de
estudios tanto del área de la Lingüística como del área de la Psicolingüística y de
la Teoría de Adquisición de Lenguas.
1.1.8 Sugestopedia
Presentada por el psiquiatra Georgi Lozanov, en 1978, busca la aplicación
de técnicas de relajación y de sugerencia para el desarrollo del aprendizaje de
lenguas extranjeras.
El aprendizaje ocurre a través de la sugerencia y del relajamiento que
pueden ser provocados por la ambientación y por el uso de músicas clásicas
(barrocas, por ejemplo). El objetivo es que el alumno demuestre una compe-
tencia conversacional rápida. Para eso, las actividades más comunes son:
preguntas y respuestas, dramatizaciones, ejercicios de audio, listas de vocabu-
lario y diálogos. El aprendiz es pasivo, los materiales (textos, músicas, muebles
del aula entre otros) es que actúan sobre él. Mientras el profesor tiene el papel de
sugestionar el estudiante al aprendizaje, utilizándose de recursos diversos como
la propia aula y la disposición de sus muebles.
Actos de habla
Acto locucionario:
• enunciación de las palabras y oraciones.
Acto ilocucionario:
• intención de lo enunciado.
Acto perlocucionario:
• efecto provocado debido a lo enunciado.
Memorización Hacer Desarrollar Diálogos Preguntas y Actitud Crear situa- Textos, audios,
de textos sugerencias. competencia de 1200 respuestas, pasiva (los ciones para los muebles
completos. conversacional palabras dramatiza- materiales sugestionar al de la clase y
Sugestopedia rápida (estudio graduados de ciones, ejerci- deben alumno. música.
de listas de acuerdo a su cios de lectura. actuar
vocabulario gramática. sobre él).
– comprensión).
CAPÍTULO 1 • ABORDAGENS METODOLÓGICAS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESPANHOLA E RESPECTIVAS LITERATURAS
Teoría
Lingüística Teoría de Tipo de Papel del Papel del Papel del
Método Objetivos Programa
(concepto Aprendizaje Actividades Alumno Profesor Material
de lengua)
Cada lengua Aprender una Promover Gramática y Responder Proceso de Enseñar, Colores, cartas
tiene ritmo L2 es distinto de pronunciación léxico (organi- a órdenes, crecimiento evaluar, de pronuncia-
único, el una L1. y fluidez casi zación según preguntas personal desapa- ción, léxico
léxico y las nativa. la complejidad y estímulos (autonomía recer, seguir codificado por
Silencioso
estructuras son gramatical). visuales. e indepen- impasible. colores.
la clave. dencia).
Sistema Aprender una Comunicarse de Gramática Drills de Escucha y Director de Voz, acción,
estructuralista L2 es como forma natural y léxico órdenes para hace. escena (los reacción y
(gramática). aprender una con hablantes (significado). llevar a reac- alumnos son gestos.
Respuesta L1. nativos. ciones físicas. los actores).
física total
Expresión del Comunicación Depende de las Funciones, Compartir Negociar, Facilitador Promoción
significado real, lenguaje necesidades de estructuras, informaciones, interac- del proceso del uso
(interacción y significa- los alumnos. nociones, negociación tuar, dar y de comuni- comunicativo
comunicación). tivo y tareas temas, tareas. del significado recibir. cación y de del lenguaje
significativas. e interacción. aprendizaje. (material
Analizador auténtico y
Comunicativo
de las tareas).
necesidades.
CAPÍTULO 1 • ABORDAGENS METODOLÓGICAS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESPANHOLA E RESPECTIVAS LITERATURAS
CAPÍTULO 1 • ABORDAGENS METODOLÓGICAS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESPANHOLA E RESPECTIVAS LITERATURAS
Referencias
ABADÍA, P. M. Métodos y enfoques en la enseñanza/aprendizaje del español
como lengua extranjera. Madrid: Edelsa, 2000.
AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ações. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1990.
BLOOMFIELD, L. Language. Nueva York: Holt, 1933.
RICHARDS, J. C.; RODGERS, T. S. Enfoques y métodos en la enseñanza de
idiomas. Colección Cambridge de Didáctica de Lenguas. Madrid: Cambridge
University Press, 1998.
SEARLE, J. R. Os actos de fala: um ensaio de filosofia da linguagem. Coimbra:
Almedina, 1981.
SKINNER, B. F. Verbal Behavior. Nueva York: Appleton-Century-Crofts, 1957.
ZANÓN, J. Psicolingüística y didáctica de las lenguas: una aproximación histó-
rica y conceptual I. Madrid: Revista Clave 2, 1988.
Anotaciones
Estrategias de aprendizaje
Introducción
Para demarcar algunas posibles estrategias de aprendizaje que los alumnos
adoptan al aprender una lengua extranjera y analizar los tipos de alumnos exis-
tentes, necesitas observarte a ti mismo como alumno y analizar las estrategias
que utilizas para aprender y asimilar informaciones nuevas. Además, debes
intentar relacionar los métodos de enseñanza de lenguas (estudiados en la clase
anterior) a las posibles estrategias que pueden ser usadas para el aprendizaje
de la Lengua Española.
Cada uno tiene una forma propia y personal de aprender y de percibir el
mundo. Somos individuos diferentes unos de los otros, que pasamos por expe-
riencias distintas y, por eso, presentamos formaciones socioculturales específicas
y aprendemos de modos desemejantes. En las clases de E/LE podemos encontrar
diversos tipos de alumnos con vivencias propias y formas de aprendizaje perso-
nales, por eso, esta clase, busca:
• comprender qué son las estrategias para el aprendizaje de lenguas
extranjeras;
• entender qué tipo de alumnos podemos encontrar en las aulas de clase
de E/LE;
• reflexionar sobre el papel que juega la motivación en el proceso de
enseñanza y aprendizaje de E/LE;
• discutir sobre la relación profesor-alumno.
Comenzamos, entonces, por la conceptualización de estrategias de
aprendizaje.
Cada tipo de alumno formula y elige sus propias estrategias, de acuerdo con
lo que mejor se adapta a su estilo personal para aprender una LE.
Referencias
BARALO, M. La adquisición del español como lengua extranjera. Madrid: Arco
Libros, 1999.
DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da
Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez;
Brasília: MEC/UNESCO, 2003.
ESPINET, M. D. La comunicación en la clase de español como lengua extranjera:
orientaciones didácticas y actividades. Madrid: La Factoría de Ediciones, 1997.
GARGALLO, I. S. Lingüística aplicada a la enseñanza-aprendizaje del español
como lengua extranjera. Madrid: Arco/Libros, 1999.
OXFORD, R. Language learning strategies. Rowley: Newbury House, 1990.
WILLIAMS, M.; BURDEN R. L. Psicología para profesores de idiomas: enfoque
del constructivismo social. Madrid: Cambridge University Press, 1999.
Introducción
Para demostrar la diferencia y la relación entre las destrezas lingüís-
ticas y la competencia comunicativa y aclarar la relación entre las destrezas
lingüísticas, la competencia comunicativa y la enseñanza de la lengua
española, es importante que observes las formas de comunicación entre los
seres humanos y cómo se da la interacción comunicativa entre personas con
procesos de formación sociocultural distintos. También resulta necesario que
retomes lo estudiado en las clases anteriores, principalmente la Clase uno,
que discute sobre las varias metodologías de aprendizaje de LE y sus funda-
mentaciones teóricas.
Destrezas
Lingüísticas
escrita no siempre coincide con la forma hablada. Por eso, el objetivo general
de la expresión escrita “es el de desarrollar los mecanismos para que el alumno
pueda comunicarse por escrito” (GIOVANNINI y otros, 1996, p. 75).
Para poder hablar, leer, escribir y escuchar con mayor eficacia, se hace
necesario el desarrollo de la competencia comunicativa.
De acuerdo con Canale (1995), esta competencia se subdivide en cuatro
otras competencias, como demostrado en la figura siguiente, que agrega la
competencia gramatical o lingüística (conocimiento estructural de la lengua), la
competencia estratégica (las maniobras utilizadas durante la comunicación para
sostenerla, como paráfrasis y recursos extralingüísticos), la competencia discur-
siva (cohesión y coherencia) y la competencia sociolingüística (saber adaptar el
lenguaje al contexto de uso).
Competencia
Comunicativa
Referencias
CANALE, M. De la competencia comunicativa a la pedagogía comunicativa del
lenguaje. In: LLOVERA et al. Competencia comunicativa. Madrid: Edelsa, 1995.
COTS, J. M. Un enfoque sociopragmático en la enseñanza de una lengua extran-
jera. Madrid: Signos, 1994.
GIOVANNINI, A. et al. Profesor en acción 3: destrezas. Colección investigación
didáctica. Madri: Edelsa, 1996.
VILASECA, À. O. Hacia la competencia intercultural en el aprendizaje de una
lengua extranjera. Madrid: Edinumen, 2000.
Anotaciones
La interculturalidad y
la reflexión crítica
Introducción
Para discutir sobre las nuevas tendencias para el estudio de lenguas extran-
jeras y indicar la reflexión crítica como una posibilidad para el desarrollo de
la autonomía discente en el proceso de enseñanza y aprendizaje de idiomas,
debes regresar a la clase anterior y retomar los estudios sobre la competencia
comunicativa. Además, resulta importante que leas los siguientes artículos que
pueden ser encontrados en Internet:
1. CASAL, I. I. Construyendo la competencia intercultural: sobre creencias,
conocimientos y destrezas. Disponible en: <http://www.aulaintercul-
tural.org/article.php3?id_article=316>;
2. CASAL, I. I. Diversidad cultural en el aula de E/LE: la interculturalidad
como desafío y como provocación. Disponible en: <http://www.ucm.
es/info/especulo/ele/intercul.html>.
A partir de la lectura de estos artículos, podrás comprender mejor algunos
conceptos que serán trabajados, en esta clase, como el de interculturalidad.
También, será posible observar la importancia de la inclusión de aspectos cultu-
rales en el aula de E/LE.
La preocupación con la enseñanza de lenguas extranjeras se intensificó más
con la constante aproximación entre grupos socioculturales distintos, sea por
razones comerciales, bélicas u otras. En consecuencia, fueron formulados varios
métodos de enseñanza (ver la clase uno) que llevaban en cuenta el contacto con
miembros de culturas extranjeras, aunque este acercamiento no siempre se diera
de forma armónica.
Sin embargo, conviene conceptualizar el término cultura antes de seguir con
los estudios de esta clase.
Cultura externa
Aprendido explicitamente
Comportamiento Comportamiento Consciente
Seguramente se transforma
es una comida mexicana hecha con aguacate, sal, pimienta, limón y tomate,
normalmente presentamos sentimientos y actitudes de superioridad y aversión,
pensando que nuestra comida es mejor y que aguacate se come con leche y
azúcar en las vitaminas. Así, por veces rechazamos el contacto y la convivencia
con lo desconocido, con lo diferente.
El relativismo cultural propone que se conozca las culturas ajenas para que
se establezca una relación igualitaria entre culturas distintas. Pero, no promueve
el encuentro intercultural. Cada cultura es reconocida, se busca el respeto, la
tolerancia y la comprensión entre culturas, pero cada cual debe permanecer en
su respecto lugar. Ya que no se propone el encuentro intercultural, el relativismo
puede ofrecer tres riesgos (CASAL, 1999, p. 16):
• Guetización o separación: en que no existe ningún interés en
hacer contacto con las otras culturas.
• Romantismo: crea una imagen deturpada de lo real, haciendo
que las culturas del otro sean vistas de forma exagerada-
mente positiva, perdiendo el sentido crítico de análisis y
observación.
• Conservadorismo: transmite la idea de que es necesario
conservar las culturas y, por esto, lo mejor es que ellas no se
mesclen, que no entren en contacto unas con las otras.
desde inicios de los años noventa, en la comprensión del trabajo del profesor
(PIMENTA, 2005). Los estudios sobre la formación de profesores de LE destaca
dos tipos de reflexión que se puede ejercer en la actuación docente: la reflexión
práctica y la reflexión crítica.
Referencias
CASAL, I. I. Comunicación intercultural y enseñanza de lenguas extranjeras:
hacia la superación del etnocentrismo. Boletín de ASELE, n. 21, 1999.
______. Construyendo la competencia intercultural: sobre creencias, conoci-
mientos y destrezas. Disponible en: <http://www.aulaintercultural.org\article.
php3id-article=316>. Accedido el: 23 mayo 2004.
______. Diversidad cultural en el aula de E/LE: la interculturalidad como desafío
y como provocación. Disponible en: <http://www.ucm.es/info/especulo/ele/
intercul.html>. Accedido el: 20 feb. 2006.
Anotaciones
Lo lúdico en la
enseñanza de lenguas
Introducción
Para estudiar sobre la presencia de lo lúdico en clases de lengua extranjera
y presentar propuestas de actividades lúdicas para la enseñanza y aprendizaje
del español y sus literaturas, conviene que retomes lo estudiado en las clases
anteriores, principalmente a lo que se refiere a las destrezas lingüísticas y a
la competencia comunicativa de un individuo. Este repaso puede ayudarte a
comprender mejor esta clase y a percibir los métodos, estrategias, destrezas y
competencias utilizadas en cada actividad lúdica.
Desde niños aprendemos a jugar y aprendemos con los juegos. El ejercicio de
estas actividades lúdicas es natural entre los seres humanos y puede resultar en impor-
tantes estrategias para auxiliar a profesores y a alumnos en el proceso de enseñanza
y aprendizaje. Según Salvat (2008), el juego está presente en la especie humana y
existen en las más variadas formas de expresión cultural. Para este investigador,
el juego fue introducido en la escuela como algo más que un
entretenimiento o una diversión, los educadores intuyeron algo
que muchos años después ha sido corroborado por numerosas
investigaciones: los juegos tienen un potencial educativo impor-
tante. Pero el valor de los juegos no es sólo su factor motivacional
sino que a través del juego se puede aprender, se pueden desar-
rollar destrezas, habilidades, estrategias (SALVAT, 2008, p. 1).
Sin embargo, es necesario que se incluya el juego en las clases de E/LE con
objetivos definidos y preestablecidos, pues jugar por jugar lo hacemos en casa
entre los amigos.
manuales con métodos y enfoques distintos, que serán analizados con mayores
detalles en otro momento.
En Brasil, contamos con algunas editoriales que publican materiales de E/LE, como
manuales, libros literarios, cintas de audio, vídeos y otros. Además de poder contar,
también, con producciones extranjeras, siendo la mayoría producida en España.
Desarrollo
Los alumnos son separados en dos grandes equipos. Cada equipo recibe
una lista de diez palabras (las tarjetas). Decidido el equipo que empezará el
juego, el primer jugador deletrea una de las palabras de la lista para uno de
los jugadores del otro equipo, que deberá escribir la palabra en la pizarra,
pronunciarla en voz alta e intentar descifrar su significado. Enseguida, el
equipo del jugador que escribió la palabra en la pizarra pasa a deletrear
una de las palabras de su lista. Se sigue así hasta que las palabras de las
dos listas hayan sido todas deletreadas.
Sugerencias
Destrezas: todas.
Competencias: todas.
Nivel: intermedio.
cartas de baraja de un único palo (oros, bastos, copas o
Material:
espadas).
fomentar la comunicación verbal y llevar a la desinhibición
Objetivo:
y al conocimiento del grupo.
Desarrollo
Éste es un juego de preguntas y respuestas en el cual los participantes no pueden
negarse a realizar la tarea que les corresponde. Se organiza el aula con los
alumnos sentados en círculo. Cada carta de la baraja debe corresponder a una
tarea a ser realizada por los alumnos. Cada uno retira su carta y espera que le
sea revelada la tarea que debe cumplir. El primer jugador muestra su carta a
todos y el profesor le indica la tarea que le corresponde y que debe realizar. El
juego sigue con la presentación de las cartas, la revelación de la tarea corres-
pondiente y su ejecución por el alumno. Algunos posibles ejemplos de tareas son:
• As de oros: relata lo realizado en las últimas vacaciones. Señala una
anécdota divertida de este período.
• Dos de oros: si pudieras comenzar de nuevo este año, ¿qué cosas volve-
rías a vivir tal como las viviste y cuáles tratarías de hacer de nuevo?
• Tres de oros: mira a los presentes. Seguramente hay alguien frente a
quien sientes la necesidad de decirle algo o pedirle algo que jamás te
animaste a hacer. Hazlo ahora.
• Cuatro de oros: eres el director de la película “Blancanieves y los siete
enanitos”. Elige entre los participantes del juego, incluyéndote a ti, a
todos los personajes de la película y di por qué.
• Cinco de oros: pide a todos los jugadores que te definan con una sola
palabra. Después dirás con cuáles de estas palabras te sientes verdade-
ramente identificado y por qué.
• Seis de oros: cuenta un chiste o canta una canción conocida.
• Siete de oros: el participante de tu izquierda te va a decir un tema a
partir del cual deberás improvisar un monólogo de un minuto.
• Ocho de oros: toma un texto al azar y lee en voz alta diez líneas también
tomadas al azar para decir luego qué sentiste al leerlo y qué ideas se te
han ocurrido a partir de él.
• Nueve de oros: nombra a tres personas a las que admiras, cuenta qué
cosas de ellas ejercen algún atractivo en ti ¿por qué?
• Diez de oros: conoces los llamados “pecados capitales”: gula, envidia,
pereza, soberbia, avaricia, lujuria, ira. Di qué relaciones tienes con
cada uno de ellos.
• Sota de oros: si no hubieras nacido en tu país de origen, ¿en qué país
te hubiera gustado nacer?
• Caballo de oros: durante un minuto seguido, sin parar de hablar, inten-
tarás explicar las razones que te indujeron a aprender español.
• Rey de oros: durante un minuto deberás imitar a los siguientes perso-
najes: un periodista televisivo y un sindicalista.
c) La carta
Destrezas: todas.
Competencias: todas.
Nivel: intermedio y avanzado
Material: sobres direccionados a los alumnos y la letra de una canción.
trabajar la interacción en lengua española en contextos
Objetivo:
significativos de comunicación.
Desarrollo
El profesor selecciona una canción romántica y la transforma en el formato
de una carta, omitiendo los versos repetidos, añadiendo la fecha del día de
la clase y una despedida, como ejemplificamos con la canción “Mi historia
entre tus dedos”, cantada por Gianluca, en la secuencia:
Referencias
COSTA, A. L. E. S.; MARRA, P. A. Juegos para la clase de español como lengua
extranjera. Madrid: La Factoría de Ediciones, 1995.
Anotaciones
Introducción
Para comentar la Ley n. 11.161 de la obligatoriedad de la enseñanza del
español en lo secundario y analizar el Marco Común Europeo de Referencia
para las Lenguas, consulta la dirección <http://www.planalto.gov.br/ccivil/_
Ato2004-2006/2005/Lei/L11161.htm> que presenta la Ley n. 11.161 sobre
la obligatoriedad de la lengua española en el currículo de la enseñanza secun-
daria. También puedes acceder el sitio <http://cvc.cervantes.es/obref/marco/>
y bajar, en archivo pdf, el documento del Marco Común Europeo. Además, acce-
diendo a <portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf>,
puedes bajar, en archivo pdf, las orientaciones curriculares para la enseñanza
secundaria (PCN) del Ministerio de Educación y Cultura de Brasil (MEC). En las
Orientaciones hay una parte específica para los conocimientos de español.
La enseñanza de E/LE se fundamenta en diversas investigaciones que gene-
raron importantes documentos, como: la Ley n. 11.161 que determina la obli-
gatoriedad de la lengua española en el currículo de la enseñanza secundaria
en Brasil, el Marco Común Europeo de Referencia para las Lenguas: aprendi-
zaje, enseñanza, evaluación que es el resultado de investigaciones del Consejo
de Europa y las Orientaciones Curriculares para la Enseñanza Secundaria que
orienta y sugiere a los profesores posibilidades para el desarrollo del proceso de
enseñanza y aprendizaje de E/LE en Brasil, ya que es un documento elaborado
a partir del Ministerio de Educación y Cultura de Brasil (MEC).
En esta clase, vamos a estudiar qué dice la Ley n. 11.161 y qué nos indica el
Marco Común Europeo. El estudio más detallado y específico de las Orientaciones
Curriculares de MEC se encuentra en la clase siguiente.
6.2.1 Enfoque
De acuerdo con el Marco Común Europeo, el enfoque a ser adoptado en la
enseñanza de idiomas extranjeros,
en sentido general, se centra en la acción en la medida en que
considera a los usuarios y alumnos que aprenden una lengua
principalmente como agentes sociales, es decir, como miembros
de una sociedad que tiene tareas (no sólo relacionadas con la
lengua) que llevar a cabo en una serie determinada de circuns-
tancias, en un entorno específico y dentro de un campo de acción
concreto. (MINISTERIO DE EDUCACIÓN CULTURA Y DEPORTE,
2002, p. 9).
Es decir, este enfoque debe considerar el ser humano como miembro actu-
ante de un grupo social. Para esto, es necesario un trabajo que busque el desar-
rollo de competencias comunicativas y habilidades lingüísticas, que posibiliten la
actuación del individuo en la sociedad.
Además, debemos llevar en cuenta y tener consciencia de los diferentes
contextos y situaciones comunicativas, en los cuales podemos nos encontrar, ya
que estos entornos ejercen influencia en la conducta lingüística.
6.2.2 Niveles
Cada estadio del estudio de la lengua extranjera representa un nivel de
desarrollo lingüístico en que el aprendiente se ubica y “por lo que respeta a la
gradación, se puede establecer una distinción importante entre la definición de
niveles de dominio de la lengua, como en una escala de niveles comunes de refe-
rencia, y la evaluación de grados de aprovechamiento en relación con un obje-
tivo de un nivel concreto” (MINISTERIO DE EDUCACIÓN CULTURA Y DEPORTE,
2002, p. 43). El nivel corresponde al dominio presentado de la lengua y al
6.2.4 Competencias
Según el Marco Común Europeo, “todas las competencias humanas contri-
buyen de una forma u otra a la capacidad comunicativa del usuario, y se
pueden considerar aspectos de la competencia comunicativa” (MINISTERIO DE
EDUCACIÓN CULTURA Y DEPORTE, 2002, p. 99).
En la enseñanza y aprendizaje de lenguas, se debe intentar desarrollar
competencias para la comunicación, como: competencias estratégicas, lingüís-
ticas, discursivas, sociolingüísticas, socioculturales e interculturales.
El conocimiento de mundo que el discente trae al aula, también, debe ser
llevado en consideración durante el aprendizaje que va desarrollando sobre las
formas de ver y actuar en el mundo, pertenecientes a otros grupos socioculturales.
Además, es importante que la autonomía discente sea provocada y estimulada
al aprender una lengua y culturas extranjeras, porque así el estudiante puede inde-
pendizarse en sus estudios, no dependiendo únicamente de la figura docente.
Para eso, los docentes “deberían darse cuenta de que sus acciones, […],
son una parte muy importante de la situación de aprendizaje o de la adquisi-
ción de una lengua. Sus acciones constituyen modelos que los alumnos pueden
seguir en su uso posterior de la lengua y en su práctica como futuros profesores”
(MINISTERIO DE EDUCACIÓN CULTURA Y DEPORTE, 2002, p. 142).
El profesor de LE, como usuario de la lengua que enseña, muchas veces,
sirve como un modelo de hablante a sus alumnos, lo que puede ejercer una gran
influencia en sus actitudes, las actitudes de los aprendices, como hablantes.
6.2.6 Tareas
Son actividades comunicativas que buscan promover la construcción o
reconstrucción de los conocimientos en ámbito comunitario. En otras palabras,
“las tareas de aula, bien reflejen el uso de la <<vida real>>, bien sean de
carácter esencialmente <<pedagógico>>, son comunicativas, ya que exigen
que los alumnos comprendan, negocien y expresen significados, con el fin de
alcanzar un objetivo comunicativo” (MINISTERIO DE EDUCACIÓN CULTURA Y
DEPORTE, 2002, p. 156).
La negociación de significados es esencial tanto en la comunicación como
en el aprendizaje de idiomas, pues implica a los participantes, buscando un
consenso sobre la evolución comunicativa y didáctico-pedagógica y, posible-
mente, resultando en mayor autonomía en el aprendizaje.
6.2.7 Currículo
Corresponde a la estructuración de un curso, en nuestro caso, de E/LE. Sin
embargo, no podemos olvidarnos de que el aprendizaje no ocurre sólo en las
instituciones educativas (contexto formal de aprendizaje), sino también en casa,
con los amigos, con la familia, en el trabajo, en un paseo y otros (contexto
informal de aprendizaje).
El Marco Común Europeo “acepta la idea de que el currículo educativo no
queda limitado al centro escolar y no finaliza en él, supone aceptar también que
la competencia plurilingüe y pluricultural puede iniciarse antes de la escuela
y continuar su desarrollo fuera del centro escolar en formas paralelas a su
desarrollo en la escuela” (MINISTERIO DE EDUCACIÓN CULTURA Y DEPORTE,
2002, p. 173).
6.2.8 Evaluación
Se defiende una evaluación continua que analice el desarrollo discente
durante todo el curso. Los conceptos fundamentales para la realización de esta
evaluación son: validez (si el constructo teórico es correspondiente a lo traba-
jado en clase), fiabilidad (precisión de las decisiones) y viabilidad (si la evalua-
ción es viable).
En lenguas extranjeras, es necesario tanto desarrollar las cuatro destrezas
lingüísticas básicas de un hablante (hablar, leer, oír y escribir) como evaluarlas.
Así como debemos analizar la evolución de las competencias comunicativas
presentadas por el estudiante, durante el curso del aprendizaje de este idioma.
Referencia
MINISTERIO DE EDUCACIÓN CULTURA Y DEPORTE. Marco Común Europeo
de Referencia para las Lenguas: aprendizaje, enseñanza, evaluación. Madrid:
Anaya, 2002.
Anotaciones
para la enseñanza de
español y sus literaturas
Introducción
Para estudiar los Parámetros Curriculares Nacionales específicos para la
enseñanza del español y reflexionar sobre la enseñanza de la lengua española,
retoma lo estudiado en la clase anterior y relee los documentos sobre la Ley n.
11.161 y el Marco Común Europeo. En especial, ten en manos las Orientaciones
Curriculares de MEC relativas a los conocimientos sobre español que pueden ser
encontradas, en archivo pdf, a partir de la siguiente dirección: <portal.mec.gov.
br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf>.
Saiba mais
Las variedades lingüísticas pueden ser percibidas por medio de varios ele-
mentos, como: la pronuncia, el léxico, la estructura de las oraciones, la
preferencia vocabular, las jergas y argotes y otros.
• la competencia (inter)pluricultural
• la competencia comunicativa
• la comprensión oral
• la producción oral
• la comprensión lectora
• la producción escrita
Referencia
BRASIL Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações
curriculares para o ensino médio: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
Brasília, 2006.
Anotaciones
ANEJO
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 11.161, DE 5 DE AGOSTO DE 2005.
Dispõe sobre o ensino da língua espanhola.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o O ensino da língua espanhola, de oferta obrigatória pela escola
e de matrícula facultativa para o aluno, será implantado, gradativamente,
nos currículos plenos do ensino médio.
§ 1o O processo de implantação deverá estar concluído no prazo de cinco
anos, a partir da implantação desta Lei.
§ 2o É facultada a inclusão da língua espanhola nos currículos plenos do
ensino fundamental de 5a a 8a séries.
Art. 2o A oferta da língua espanhola pelas redes públicas de ensino deverá
ser feita no horário regular de aula dos alunos.
Art. 3o Os sistemas públicos de ensino implantarão Centros de Ensino de
Língua Estrangeira, cuja programação incluirá, necessariamente, a oferta
de língua espanhola.
Art. 4o A rede privada poderá tornar disponível esta oferta por meio de
diferentes estratégias que incluam desde aulas convencionais no horário
normal dos alunos até a matrícula em cursos e Centro de Estudos de Língua
Moderna.
Art. 5o Os Conselhos Estaduais de Educação e do Distrito Federal emitirão
as normas necessárias à execução desta Lei, de acordo com as condições
e peculiaridades de cada unidade federada.
Art. 6o A União, no âmbito da política nacional de educação, estimulará e
apoiará os sistemas estaduais e do Distrito Federal na execução desta Lei.
Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.
Brasília, 5 de agosto de 2005; 184o da Independência e 117o da Repú-
blica.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Fernando Haddad
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 8.8.2005.
EQUIPE UNITINS
Organização de Conteúdos Acadêmicos Rodrigo Barbosa e Silva
Revisão Linguístico-Textual Ivan Cupertino Dutra
Revisão Didático-Editorial Silvéria Aparecida Basniak Schier
Gerente de Divisão de Material Impresso Katia Gomes da Silva
Revisão Digital Leyciane Lima Oliveira
Vladimir Alencastro Feitosa
Projeto Gráfico Katia Gomes da Silva
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Capas Rogério Adriano Ferreira da Silva
Equipe EADCON
Coordenador Editorial William Marlos da Costa
Assistentes de Edição Cristiane Marthendal de Oliveira
Jaqueline Nascimento
Lisiane Marcele dos Santos
Silvia Milena Bernsdorf
Thaisa Socher
Programação Visual e Diagramação Ana Lúcia Ehler Rodrigues
Bruna Maria Cantador
Denise Pires Pierin
Kátia Cristina Oliveira dos Santos
Sandro Niemicz
Prezado estudante,
A avaliação é uma das grandes áreas da educação.
No ambiente escolar, a avaliação sofre inúmeras críticas, tanto dos que
passam pelos efeitos do seu processo, quanto dos que a executam. São alunos
e professores queixando-se da sua estrutura, dos seus instrumentos, da abor-
Apresentação
dagem destacada etc.
No meio desse campo minado, faz-se necessário refletir sobre o modo
como a avaliação se apresenta no processo de ensino e aprendizagem.
No transcorrer dos capítulos, apresentaremos as concepções e as funções
da avaliação, ficando sempre atentos à visão educacional à qual ela está
relacionada. Também mostraremos a articulação que deve ocorrer com o
planejamento executado pelo professor.
A avaliação não pode mais ser concebida como um simples mecanismo,
descontextualizado de todo processo de ensino e aprendizagem, cujo obje-
tivo é classificar o aluno para determinar se ele será aprovado ou reprovado
ao fim de um determinado período.
A finalidade da avaliação, para o professor nos tempos atuais, tempos
de uma educação com tendências progressistas, é conhecer o aluno, cons-
tatar o que está sendo aprendido e adequar o trabalho em sala de aula, a
partir do julgamento global do processo pedagógico.
O foco da avaliação não fica restrito à aprendizagem do aluno. Avaliamos
para melhorar, não é mesmo? Assim a escola, como um todo, precisa se trans-
formar e romper as barreiras em busca de um sistema educacional e, por
consequência, avaliativo, de qualidade.
Bons estudos!
Prof. Rodrigo Barbosa e Silva
1
CAPÍTULO 1 • AVALIAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM
Concepções de avaliação
Introdução
Vamos estabelecer um diálogo com aqueles que estão ao nosso lado?
Pois bem, discuta com algum colega ou grupo de estudantes da classe sobre a
concepção pessoal a respeito da avaliação no processo de ensino-aprendizagem.
Fazer tal reflexão será importante, pois, além de permitir que você conheça a
concepção de seus colegas (você verá que há diferentes opiniões, diferentes
modos de conceber e interpretar a avaliação no contexto escolar), permitirá que
você faça uma contraposição dessas concepções com as que serão apresen-
tadas neste capítulo e, a partir delas, possa firmar sua própria concepção sobre
a avaliação e suas funções no processo de ensino-aprendizagem. Além disso,
acreditamos que esse procedimento facilitará a elaboração de uma leitura mais
crítica em relação à avaliação na instituição escolar.
Antes de focarmos nossas atenções na avaliação, acreditamos que seja
necessário contextualizar o meio no qual ela está inserida, ou seja, é preciso
falar sobre o processo ensino-aprendizagem.
Muito embora seja comum relacionarmos esse processo ao cotidiano escolar,
de modo geral, estamos sempre aprendendo por meio de diferentes atividades
que realizamos ao longo de nossas vidas. Não é somente na escola que apren-
demos. Bonilla (2005, p. 79) afirma que
[...] é fundamental entendermos a educação de forma mais
abrangente, para além do espaço escolar, pois todo ser humano,
desde o nascimento até a morte, está em permanente processo
de aprendizagem e subjetivação, quer seja no mundo cultural
em que vive, quer seja nos distintos espaços sociais e linguísticos
por onde transita – família, grupos de iguais, escola, trabalho,
movimentos sociais, poder público – ou ainda ao longo de seu
processo de singularização.
Esse objeto de conhecimento pode ser aqui entendido como o mundo em que
vivemos. Desse modo, o sujeito age sobre o mundo com o intuito de apropriá-lo,
transformá-lo. Porém sofre uma reação imediata, o que provoca alterações nas
suas estruturas cognitivas, no seu modo de pensar e de ser. Esse processo, na
verdade, é um processo de aprendizagem no qual o homem vai se formando a
cada nova experiência em sua vida. As relações cotidianas, que estabelecemos
em diferentes lugares e que colaboram com a nossa formação, compreendem
aquilo que, atualmente, faz parte de dois processos educativos diferenciados: o
da educação informal e o da educação não formal.
áreas. Um exemplo simples são as indústrias que estão sempre avaliando não
apenas o controle de qualidade dos seus produtos, mas também sua acei-
tação no mercado.
No entanto nosso interesse aqui é a educação formal, ou seja, a educação
escolar, aquela vivenciada principalmente no ambiente escolar. A função primeira
da escola é o ensino. A escola é o local que melhor exemplifica a dinâmica da
educação formal pela qual os homens passam. Ela colabora para a formação de
sujeitos sociais. É ela a instituição responsável pela sistematização dos conheci-
mentos historicamente construídos pela humanidade.
Neste capítulo, analisaremos o que é avaliação, quais são as concepções e
as funções de avaliação.
dada ao aspecto quantitativo, visto que tal adoção de critério facilita a compa-
ração de desempenhos.
Haydt (1999) esclarece e amplia a contextualização apresentada anterior-
mente. Entendemos que a avaliação é uma tarefa que se apresenta de modo
bastante complexo. Quando encontramos reduções conceituais afirmando que
avaliação é sinônimo de prova, exame, nota, conceito, aprovação, repro-
vação, boletim, recuperação etc., por certo, estamos diante de uma concepção
educacional mais tradicional, porém predominante ainda em nossos dias.
Nela, o processo educativo acontece de acordo com o sistema de transmissão/
recepção, situação em que a avaliação fica restrita à quantidade de informa-
ções guardadas pelo aluno. Nessa perspectiva, a avaliação assume um caráter
seletivo e competitivo.
Em uma concepção educacional mais moderna, na qual o aluno aprende a
construir seus próprios conhecimentos em uma relação dialógica e mediadora
com o seu professor, a avaliação ganha uma maior conotação. Sua presença
não se restringe à atribuição de nota, ela está preocupada em verificar se os
objetivos do processo ensino-aprendizagem estão sendo atingidos, assumindo
um caminho orientador e cooperativo.
Diante do exposto, surge o seguinte questionamento: será que existe possi-
bilidade de unir o tradicional e o moderno? O retrógrado e o progressivo?
É um tema complicado, difícil, inclusive, de ser discutido com os professores.
Contudo acreditamos que, no mínimo, é preciso haver um diálogo entre essas
duas correntes.
Concordamos com Romão (1998, p. 58) quando ele afirma que as dife-
rentes características de cada concepção não caracterizam um mal em si. Porém
a “mútua exclusão que se instalou radicalmente entre elas, cada uma recha-
çando a outra e autovalorizando-se como única alternativa científica e válida”
(ROMÃO, 1998, p. 58), colaborou na implantação desse antagonismo.
Entendemos que o primeiro passo para que haja a aproximação, a comple-
mentaridade, que estamos hipotetizando aqui, seja o reconhecimento de uma
só concepção na vida integral do professor. De nada adianta ele verbalizar sua
adesão à avaliação progressiva e, concomitantemente, praticar na sala de aula
uma avaliação retrógrada.
Ludke e Mediano (1992), pesquisando junto aos professores da rede de
ensino de uma grande cidade brasileira, comprovaram que a dicotomia apresen-
tada anteriormente ocorre, frequentemente, no interior de um mesmo professor.
Aliás, a grande maioria dos professores incorpora e valida o discurso teórico da
primeira concepção, contudo essa mesma maioria aplica a segunda no seu dia
a dia profissional.
Saiba mais
Constatar se os objetivos
estabelecidos foram
alcançados pelos alunos. Durante o ano letivo, isto
Formativa Controlar é, ao longo do processo
Fornecer dados para ensino-aprendizagem.
aperfeiçoar o processo
ensino-aprendizagem.
Classificar os resul-
tados de aprendizagem Ao final de um ano ou
alcançados pelos alunos, semestre letivo, ou ao
Somativa Classificar
de acordo com níveis final de uma unidade de
de aproveitamento ensino.
estabelecidos.
Fonte: Haydt (2002, p. 19).
Referências
AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação educacional: regulação e emancipação.
3. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
BONILLA, Maria Helena Silveira. A práxis pedagógica presente e futura e os
conceitos de verdade e realidade frente às crises do conhecimento científico
no século XX. In: PRETTO, Nélson de Luca (Org.). p. 69-81. Tecnologia e novas
educações. Salvador: EDUFBA, 2005.
GOHN, M. da G. Educação não formal e cultura política. São Paulo: Cortez,
1999.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem.
6. ed. São Paulo: Ática, 2002.
______. Curso de didática geral. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
LUDKE, Menga; MEDIANO, Zélia. Avaliação na escola de 1º grau: uma análise
sociológica. Campinas: Papirus, 1992.
ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. São
Paulo: Cortez, 1998.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed,
1998.
Anotações
avaliação e as exigências
na LDB n. 9.394/96
Introdução
Para uma melhor compreensão das abordagens deste capítulo, sugerimos
que você veja no sítio do Youtube uma série de três vídeos gravados em tele-
aulas da Unitins sobre a linha do tempo da História da Educação. Você poderá
encontrá-los nos seguintes sítios:
• linha do tempo I:
<http://www.youtube.com/watch?v=P-G_Xt5jkSA&feature=related>
• linha do tempo II:
<http://www.youtube.com/watch?v=zarGX_uCaXI&feature=related>
• linha do tempo III:
<http://www.youtube.com/watch?v=sMH-MzOKbzQ&feature=relat>
Além dessas sugestões, caso queira, você também poderá fazer a leitura de
outros materiais que abordem essa temática. Dessa forma, você compreenderá
melhor este capítulo, pois terá, previamente, uma visão geral sobre a história
da Educação no país, o que inclui a avaliação. A partir desse conhecimento
prévio, você conseguirá situar-se diante dos acontecimentos históricos que serão
citados nesse capítulo, inclusive no que diz respeito à LDB (Lei de Diretrizes e
Bases) n. 9.394/96.
A avaliação é um dos temas mais presentes nos debates sobre a educação
nacional. Uma das razões dessa presença refere-se às exigências da LDB
n. 9.394/96, quanto à avaliação – direta ou indiretamente. Essas exigências
contemplam a avaliação do rendimento escolar dos alunos e, até mesmo, das
instituições. Por isso, neste capítulo, veremos como a avaliação é contemplada
na LDB. O termo avaliação aparece mais de 15 vezes entre os 92 artigos da
referida lei. Porém para os objetivos desse tema, relacionamos os artigos 23 e
24 por serem específicos da ava0liação escolar na Educação Básica.
Outra razão de a avaliação ser um tema presente é porque ela faz parte
do trabalho docente: verificar e julgar o rendimento dos alunos, avaliar os resul-
tados e a eficácia do ensino.
Assim, baseado nesses pressupostos relacionados à importância do tema
avaliação, diversas reformas ocorreram na educação nos últimos anos. Assim
apresentaremos de forma sucinta também a história da avaliação educacional
Momento Características
O foco da avaliação é a aprendizagem dos alunos. Nesta
época não há registro de literatura preocupada com outros
1968/1970 objetos como os materiais curriculares ou projetos institucionais.
a avaliação da O principal objetivo é o controle do planejamento, de tal modo
aprendizagem que a avaliação deve preocupar-se em julgar o comportamento
dos alunos. A instrução programada, com o uso de instrumentos
como a prova objetiva e os testes, é valorizada nesse enfoque do
Momento Características
processo avaliativo. Avaliação, então, é “sinônimo de medida,
valorizada principalmente pelas suas características de objetivi-
1968/1970 dade, fidedignidade e possibilidade de manipulação matemá-
a avaliação da tica dos dados”. Entretanto “recebeu sérias críticas em função
aprendizagem de ser uma noção simplista, inflexível e limitada, levando ao
risco de relegar a um plano secundário aspectos importantes do
processo ensino-aprendizagem” (SAUL, 1999, p. 29).
A avaliação continua preocupada com o controle do planeja-
A partir da década mento e com o comportamento dos alunos. Contudo há a agre-
de 1970 gação de mais um elemento do processo avaliativo: o currículo.
a avaliação de Nessa corrente, “proliferam os materiais pedagógicos para o
currículo aluno, acompanhados dos manuais instrucionais para os profes-
sores” (LIMA, 1998, p. 70).
Os dois primeiros momentos (avaliação da aprendizagem e
avaliação de currículo) caracterizam propostas de ordem
A partir da década
quantitativa. Porém, a partir dos anos 1980, as publicações
de 1980
acadêmicas apontam para uma nova abordagem no campo
abordagem
da avaliação no Brasil. Esse novo olhar representa uma trans-
qualitativa
formação na estrutura da avaliação, marcando o início de um
novo paradigma alternativo.
Mesmo sabendo dessas duas vertentes que se fazem presentes até os dias
atuais, no dia a dia da educação escolar brasileira, é preciso ter consciência
de que elas não são estanques. Na vertente qualitativa da avaliação, podemos
encontrar também traços da vertente quantitativa, principalmente naquilo que
se refere ao uso de alguns instrumentos. O ato de avaliar não deve perder as
características de um processo permanente e, acima de tudo, de um diagnóstico
da aprendizagem dos alunos. Parece-nos claro que, atualmente, a avaliação
deve ser concebida qualitativamente, preocupada com aprendizagem efetiva
dos alunos. De nada adiantam testes e fórmulas de mensuração de conheci-
mentos (se é que possível isso), se o objetivo primordial do processo de ensino
do professor não estiver voltado à aprendizagem dos seus alunos. Por falar
nisso, vamos, a seguir, voltar nosso olhar ao profissional docente, mais precisa-
mente, à sua formação pedagógica.
Teleologia:
• doutrina acerca das causas finais;
• teoria que pretende explicar os seres pelo fim a que aparentemente
são destinados.
Saiba mais
Você sabia que na internet é possível ter acesso ao texto, na íntegra, da LDB,
com todas as alterações feitas desde a sua sanção no final de 1996? Pois
bem, no sítio <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>,
você fica por dentro de todos os artigos da mais importante lei do Brasil
sobre educação. No sítio da Presidência da República, aliás, você encontra
toda a legislação brasileira. Fica aqui a dica de consulta legislativa aos seus
estudos!
por parte dos educadores, alguns por desconhecimento, outros por levian-
dade. Desse modo, a progressão continuada se transformou em promoção/
aprovação automática. Já está mais do que provado que repetência, repro-
vação, na grande maioria dos casos, não é o caminho para a aprendizagem.
Concordamos com o professor Brandão, quando afirma que os processos de
recuperação devem acompanhar as atividades regulares dos estudantes ao
longo de todo o ano letivo.
Desse modo, as reprovações, por falta de aprendizagem, não ocorreriam ao
final do ano. Contudo, para que esse processo qualitativo de educação ocorra,
é preciso trabalho, muito trabalho de todos os envolvidos no cotidiano escolar,
desde a família até os professores, principalmente. Trabalho com responsabili-
dade, organização e planejamento.
O artigo 24 dispõe que
Art. 24 – A Educação Básica, nos níveis fundamental e médio,
será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
I – a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuí
das por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar,
excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;
II – a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira
do ensino fundamental, pode ser feita:
a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveita-
mento, a série ou fase anterior, na própria escola;
b) por transferência, para candidatos procedentes de outras
escolas;
c) independentemente de escolarização anterior, mediante
avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvol-
vimento e experiência do candidato e permita sua inscrição
na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do
respectivo sistema de ensino;
III – nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por
série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão
parcial, desde que preservada a sequência do currículo, obser-
vadas as normas do respectivo sistema de ensino;
IV – poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de série
distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria
para o ensino de línguas estrangeiras, artes ou outros compo-
nentes curriculares;
V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantita-
tivos e dos resultados ao longo do período sobre os de even-
tuais provas finais;
Referências
BRANDÃO, C. da F. LDB: passo a passo: lei de diretrizes e bases da educação
nacional (Lei n. 9.394/96), comentada e interpretada artigo a artigo. São Paulo:
Avercamp, 2003.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Brasília: Congresso Nacional, 1996.
CARNEIRO, M. A. LDB fácil: leitura crítico compreensiva: artigo a artigo.
Petrópolis: Vozes, 1998.
HOFFMANN, J. M. L. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-
escola à universidade. 20. ed. Porto Alegre: Mediação, 2003.
______. Contos e contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. 6. ed. Porto
Alegre: Mediação, 2001.
LIMA, A. de O. Avaliação escolar: julgamento ou construção. 5. ed. Petrópolis:
Vozes, 1998.
SAUL, A. M. Avaliação emancipatória: desafio à teoria e à prática de avaliação
e reformulação de currículo. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
Anotações
níveis de ensino e o
poder docente
Introdução
O estudo da relação entre ensino e avaliação requer, sem sombra de
dúvidas, a análise da maneira como se organiza o trabalho pedagógico nas
unidades escolares, pois essa organização tem assumido relevante importância
na compreensão do processo de ensino-aprendizagem, mediado pela avaliação.
Dessa forma, o ato de avaliar assume certas especificidades para os variados
níveis de ensino. E é justamente sobre essas particularidades que discutiremos
neste capítulo.
No que diz respeito à relação entre professor e aluno, pretendemos fazer
mais que uma analogia. Pretendemos aqui mostrar como se dá a relação entre
professor e aluno, investigar a autoridade docente no processo educativo, refletir
sobre questões relativas ao cotidiano da sala de aula e mostrar a opinião dos
alunos a respeito do bom professor e do professor referindo-se ao bom aluno.
Para que você tenha mais facilidade para acompanhar o desenvolvimento
de todo esse conteúdo, veja o vídeo Ciclo de aprendizagem e avaliação, no sítio
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=20282>. Nesse vídeo estão expostas diferentes concepções
sobre objetivos da avaliação. Também contém uma experiência do uso da
avaliação em uma escola que utiliza o ciclo. É importante que você acesse esse
vídeo, pois nele, verá que, para cada nível, existe a necessidade de uma forma
de avaliação diferenciada. Observará também, de maneira indireta, a relação
estabelecida entre os professores e os alunos.
Saiba mais
Vejamos, então, como que a escola deve (re)construir sua prática pedagó-
gica de tal modo que a avaliação apresente características qualitativas, objeti-
vando a verdadeira aprendizagem dos estudantes.
influências para a formação dos valores, das crenças, dos gostos, dos interesses
e dos modos de comportamento.
Vamos utilizar aqui duas pesquisas realizadas com universitários para perce-
bermos qual a visão que os estudantes têm de seus professores.
A primeira pesquisa, realizada pela professora Maria Isabel da Cunha
(2000), teve como objetivo verificar a percepção dos alunos da Universidade
Federal de Pelotas sobre o que seria um bom professor. Foi possível perceber
que há uma junção entre as condições de conhecimento da matéria de ensino
e a consequente organização das aulas, com as relações afetivas estabelecidas
com o grupo-classe.
A questão da afetividade ficou evidenciada na pesquisa. Aspectos relacio-
nados ao calor humano foram os que mais apareceram nos relatos dos estu-
dantes. Segundo eles, a proximidade, o companheirismo, a disponibilidade
para conversar, a preocupação com a vida estudantil são demonstrações de que
o professor consegue entendê-los, fazendo-o ser um bom professor.
No nosso entender, os aspectos levantados pelos alunos são importantes.
Porém é fundamental a união da afetividade com o profissionalismo. Os alunos
também verbalizaram esse aspecto. Vejamos.
Escolho este professor como o melhor pela forma com que nos
faz pensar, colocando o conteúdo teórico não como verdade
acabada, mas questionando-o.
O que me agrada no professor X é que ele está sempre pronto
a responder as nossas dúvidas, ele até estimula a gente a ter
dúvidas.
O professor Y é o melhor porque ele transmite para gente o gosto
que ele tem pela Matemática. Ele nos mostra o prazer de aprender
(CUNHA, 2000, p. 146).
Para nós aqui está o principal: a maneira como o professor cuida da sua
disciplina, desencadeia aproximações ou distanciamentos do prazer que o aluno
sentirá diante do ato de estudar, de aprender.
É claro que o posicionamento humano do professor com seus alunos cola-
bora, e muito, na ação pedagógica, pois pode facilitar, inclusive, o desenvolvi-
mento metodológico de suas aulas, objetivando o estreitamento do caminho exis-
tente até o objeto do conhecimento. Sobre esse aspecto, Cunha (2000, p. 148)
assevera que
É importante dizer que os alunos não apontam como melhores
professores os chamados “bonzinhos”. Ao contrário. O aluno
valoriza o professor que é exigente, que cobra participação e
tarefas. Ele percebe que esta é também uma forma de interesse,
se articula com a prática cotidiana da sala de aula.
Assim vale repetir algo já citado neste capítulo: o professor pode ser o
principal agente da mudança. No processo de avaliação, é importante que a
qualidade e o processo de aprendizagem predominem sobre o quantitativo.
No próximo capítulo, mostraremos que o planejamento e a avaliação
da aprendizagem são interdependentes e complementares. Veremos que
não é possível efetivar um processo avaliativo de qualidade sem os devidos
momentos de planejamento, em que o professor (re)pensa seu trabalho e os
caminhos que deverão ser percorridos com objetivo de que haja a aprendi-
zagem escolar.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal,
1988.
______. Decreto n. 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do
Art. 36 e os Arts. 39 a 41 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras provi-
dências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2004/Decreto/D5154.htm>. Acesso em: 2 ago. 2009.
______. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes
e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em: 2 ago. 2009.
CUNHA, Maria Isabel da. A relação professor-aluno. In: VEIGA, I. P. A. (Org.).
Repensando a didática. 16. ed. Campinas: Papirus, 2000.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Princípios, políticas e prática em Educação
Especial. Espanha, 1994. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/
arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2009.
HOFFMANN, Jussara M. L. Arquivo VII – Avaliação: mito ou um desafio? Agosto
de 1991. Disponível em: <http://www.jussarahoffmann.com.br/site/arquivo.
asp?id=7>. Acesso em: 10 ago. 2009.
Anotações
avaliação na escola:
articulação fundamental
Introdução
Visto que a atividade educativa carrega a intencionalidade de garantir que a
aprendizagem se efetive, cada etapa, ou mesmo procedimento da ação docente,
deve ser prevista antecipadamente. Concomitante a esse planejamento, a avaliação,
que nada mais é do que um julgamento para a tomada de decisões, deve incidir
sobre toda ação planejada, proporcionando a revisão sempre que necessário.
Sabemos que nós, professores, temos muita dificuldade em realizar uma
avaliação que demonstre claramente os avanços e as dificuldades de nossos alunos,
que contribua para tomarmos decisões sobre o processo de ensino e aprendizagem
e que possibilite aos nossos alunos e a nós mesmos a efetivação da autoavaliação.
Então o que podemos fazer? Como o planejamento auxilia no processo de
avaliação? Como transformar a avaliação em um instrumento de reflexão da prática
pedagógica? Neste capítulo, conheceremos as características da atual forma de
organização do trabalho na escola e na sala de aula estabelecendo relações entre
essa organização e o processo de avaliação. Faremos uma análise das caracterís-
ticas da nova forma de organização do trabalho pedagógico da escola, estabele-
cendo conexões entre ensino e avaliação. Analisaremos como o planejamento e a
avaliação constituem permanente desafio para quem exerce a tarefa de ensinar.
Para você compreender a atividade educativa como uma ação intencional e,
como tal, sujeita ao planejamento e à avaliação e vincular a avaliação à prática
pedagógica cotidiana no ambiente escolar, é importante que assista previamente
ao vídeo Projetos educacionais e avaliação no sítio Domínio Público: <req://www.
dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_
obra=20284>. Esse vídeo demonstra a importância do planejamento atrelado
à avaliação. Expõe também exemplos desse processo a partir do contexto social
em que a escola está inserida, auxiliando na construção de um pensamento crítico
a respeito da avaliação dentro do processo de ensino-aprendizagem, em que a
avaliação perpassa o ato de planejar e de executar.
Saiba mais
Que tal assistir um vídeo produzido pela TV Escola (MEC) que destaca,
de modo simples e objetivo, a importância do planejamento no exercí-
cio docente? A sugestão é O planejamernto tintim por tintim, da coleção
Escola em discussão. Intelectuais acadêmicos e professores da Educação
Básica opinam sobre as reais possibilidades de se concretizar um plane-
jamento em sintonia com os processos avaliativos. Vale a pena conferir
no sítio <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.
do?select_action=&co_obra=50407>.
A leitura da citação anterior nos permite concluir que, além da ação peda-
gógica e educativa propriamente dita, a avaliação da aprendizagem também
deve ser vista como auxiliar da função do professor na construção de uma
aprendizagem bem sucedida.
O professor que tem consciência da sua função, quando assume uma sala
de aula, sabe o que pretende conseguir. Por isso, antes de iniciar seu trabalho,
ele já traça os objetivos a serem alcançados. Sem esse alvo, sabe que correrá
o risco de fracassar. Mas esse alvo/objetivo não pode ser algo vago, precisa
ser especificado de maneira clara e objetiva, afinal, será ele quem direcionará
as atividades de ensino-aprendizagem a serem desenvolvidos pelo educador.
Elaborar um plano de ensino e definir os objetivos é importante ação a ser
tomada. Aliás, perpassa todo o processo ensino-aprendizagem, inclusive da
avaliação.
Planejamento, ação e avaliação são meios (recursos) da ação pedagó-
gica em busca da construção de resultados satisfatórios tanto para o educando
quanto para o educador.
O ato de planejar implica escolhas e se estrutura em opções filosófico‑po-
líticas. No Brasil, o planejamento em educação, desde o chão da escola até
os altos escalões ministeriais, tem sido conduzido como uma atividade neutra,
sem comprometimentos. Sendo uma técnica neutra, basta se prever a adminis-
tração dos recursos (meios) disponíveis da forma mais eficiente possível.
Uma avaliação, para ser ponderada como sendo válida, deve ser realizada
em função dos objetivos antecipados, pois, do contrário, o professor obterá
dados isolados que terão pouco valor para determinar o que cada aluno
realmente aprendeu. É somente a partir da formulação dos objetivos que
o educador consegue nortear o processo ensino-aprendizagem e, a partir
deste, definir o que e como julgar, ou seja, o que e como avaliar. Assim
podemos afirmar que o processo de avaliação se inicia com a demarcação
dos objetivos (HAYDT, 2002).
Referências
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. 6. ed.
São Paulo: Ática, 2002.
Anotações
procedimentos e instrumentos
usados na escola
Introdução
Vamos estabelecer um diálogo com professores do Ensino Fundamental? Pois
bem, discuta com alguns professores sobre qual é o instrumento de avaliação mais
utilizado em sua prática pedagógica. Faça uma lista de tais instrumentos. Esse
contato com outra pessoa, que faz parte do mundo profissional da educação,
servirá como base para iniciarmos as discussões que serão feitas neste capítulo.
Aqui, veremos que o instrumento de avaliação comumente utilizado é a prova.
E a comprovação disso será esse diálogo que você estabelecerá previamente
com tais professores. Esse conhecimento prévio servirá para que você faça uma
reflexão sobre o tema que será abordado.
Esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de compreender a
importância da utilização de diferentes instrumentos na composição dos referen-
ciais necessários à prática de uma avaliação processual e perceber que a prova
não é o único instrumento de avaliação no cotidiano da sala de aula.
Durante o estudo dos capítulos anteriores falamos da dificuldade encontrada,
no dia a dia das aulas, na realização de um processo avaliativo que possibilite
uma ampla visão de como está sendo desenvolvido o processo ensino‑aprendi-
zagem de um determinado grupo-classe. Inúmeros fatores dificultam a prática
educativa desenvolvida pelo professor (salas de aula numerosas, precariedade
dos materiais, falta de apoio da equipe técnica, ausência de recursos pedagó-
gicos, dupla jornada de trabalho etc.), porém não podemos nos prender a essas
questões, afirmando que uma prática diferente não possa ser exercida.
Pois é, a prova, em milhares de ocasiões, nas mais diferentes escolas, tem
um significado histórico de lembranças não tão agradáveis:
• preocupação;
• desassossego;
• nervosismo;
• ansiedade;
• medo.
O texto a seguir, retirado de Vasconcellos (2000, p. 103), pode ser visto
como uma caricatura que se tem a respeito da prova. A pequena redação
demonstra a preocupação que um aluno tem assim que fica sabendo o dia em
que ela será realizada. É sobre essa aversão, esse medo, que queremos refletir
nas próximas páginas.
Saiba mais
Que tal conhecer um pouco mais seu aluno, além dos limites de aprendi-
zagem dos conteúdos? Isso é o que propõem as autoras Vera Oliveira e
Nadia Bossa por meio do livro Avaliação psicopedagógica da criança de
7 a 11 anos, publicado pela editora Vozes. Temas como relações sociais,
inclusive no ambiente escolar, servem como base inspiradora das reflexões
sobre os comportamentos da criança que frequenta os anos iniciais do En-
sino Fundamental. As autoras alertam aos pais e aos professores que tais
comportamentos são fontes reveladoras da organização interna infantil, da
visão que a crianças tem do mundo e de si mesma.
Referências
AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação educacional: regulação e emancipação.
3. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem.
6. ed. São Paulo: Ática, 2002.
______. Curso de didática geral. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
VASCONCELLOS, C. dos S. Avaliação: concepção dialético-libertadora do
processo de avaliação escolar. 11. ed. São Paulo: Libertad, 2000.
______. Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança por uma prática
transformadora. São Paulo: Libertad, 1998.
Anotações
Introdução
Como pré-requisito deste capítulo, pedimos que você vá ao sítio do Youtube
e assista ao vídeo da música é Estudo errado, de Gabriel, o Pensador. Esse
vídeo é uma crítica ao estudo tradicional, o que, consequentemente, envolve
a avaliação. Muitas vezes uma boa nota não significa, necessariamente, que
houve aprendizagem, e o contrário também pode ser uma verdade. Assista a
esse vídeo e, durante a leitura do capítulo, faça uma correlação entre o que ele
diz e entre as abordagens que destacaremos a seguir. Você encontra o vídeo
no sítio <req://www.youtube.com/watch?v=lIs56BcezG8>. Tal conhecimento
prévio é importante, pois fará a ponte entre a avaliação tradicional que ali
é citada e a nova concepção de avaliação que discutimos no decorrer deste
caderno, assim como também, entre o conceito que a avaliação tradicional tem
sobre erros e acertos.
Lembra-se do capítulo 1? Nele, tratamos das concepções da avaliação. Pois
bem, observamos que existe uma concepção baseada na visão positivista. Nasce
daí o sistema de avaliação fundamentado no julgamento de erros e acertos.
Infelizmente, o erro está associado à ideia de fracasso quando tratamos do
campo da educação. É igual pensarmos em goiabada, sempre nos lembramos
de queijo.
Mas será que fazer tal alusão é sempre correto? É justamente isso que
discutiremos neste capítulo. Trataremos da concepção existente acerca do erro
e dos benefícios que ele pode trazer ao processo de ensino-aprendizagem. É
isso mesmo! Você não leu errado. Benefícios! Você entenderá do que estamos
falando mais adiante. Também abordaremos três novos paradigmas a respeito
da avaliação que permitem uma mudança não apenas no discurso do processo
de avaliação da aprendizagem, mas principalmente, da prática.
O que houve com os erros dos alunos? Foram desprezados e somente os acertos
levados em conta?
Luckesi (1995) denomina tal prática de verificação e não avaliação. E só a
verificação não é algo suficiente no processo de ensino-aprendizagem. Muitos
pensadores têm, ao longo dos anos, associado a ideia de erro a palavras
como esperança.
Quando o professor adota o par erro e fracasso está, na verdade, despre-
zando um e potencializando o outro. Sabemos que o erro pode ser um dado,
pois é detectado na avaliação, mas o erro não precisa necessariamente ser o
indutor do fracasso. Só o será se houver uma interpretação errônea. Quer um
exemplo? Digamos que um professor do 5º ano faça a correção de uma prova
dissertativa da disciplina de português. Nela, ele poderá encontrar diversos erros
gramaticais, ortográficos e achar que a produção do aluno foi um fracasso. No
entanto outro professor da mesma área poderá fazer tal correção e considerar
a produção textual do aluno excelente. Ou seja, em uma mesma prova, com os
mesmos erros, dois professores diferentes podem fazer avaliações diferenciadas.
Enquanto um prioriza determinado fator, considerando falhas graves, o outro
pode perfeitamente priorizar outros fatores e considerar os erros pontes para
novas construções de conhecimentos.
Esse exemplo demonstrou que erro não é sinônimo de fracasso, tampouco
o fracasso é sempre algo atrelado somente ao aluno. Verificamos com isso que
errar não significa necessariamente fracasso no processo de aprendizagem e,
muito menos, de ensino.
Saiba mais
Para ter uma melhor concepção da ideia de fracasso atribuída ao erro, in-
dicamos que você leia o artigo de Adriana Marcondes Machado intitulado
Avaliação e fracasso: a produção coletiva da queixa escolar, do livro Erro
e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas, organizado por Júlio
Groppa Aquino.
De acordo com Hoffmann (2006) esse caso comum é sério, pois em uma
situação como essa, a professora espera que a aluna faça cópia, ou seja, na
verdade, ela não está fazendo a avaliação baseado em fazer análise e reflexão
sobre as possibilidades dos alunos no seu processo de construção de conheci-
mento. Copiar respostas de um texto significa que o aluno não precisou fazer
reflexão e entendimento próprio, tornando-se passivo.
Estamos querendo dizer com isso que corrigir tais exemplos como errados
é uma atitude equivocada do professor? Não! Mas reduzir a avaliação à
concepção de medida é usar o processo avaliativo como algo simplista. O
processo de avaliação deve ser algo aprofundado nas causas e nas consequên-
cias dos erros. O erro e sua detecção podem ser um ponto de partida para a
continuidade do processo ensino-aprendizagem.
Mas, nessa continuidade, é necessário que exista reflexão sobre cada
resposta do aluno. Não há como generalizar diferentes erros e aplicar a todos
os mesmos procedimentos de intervenção. É aquela velha questão manter o
equilíbrio. Não se pode sempre dar a resposta certa ao aluno, ou considerar
que todo erro possa ser construtivo e que a partir dele o aluno pode descobrir
respostas.
Baseado no que foi exposto anteriormente, você deve estar confuso! Mas
o que estamos tentando expor é que a exacerbada valorização do acerto e a
punição do erro devem ser invertidas. No processo avaliativo, a criança precisa
ser respeitada. A correção do erro deve favorecer a ela não apenas a compreen
são, mas também o desenvolvimento da autonomia.
A avaliação dentro do processo de ensino-aprendizagem deve ser algo
contínuo, cumulativo e sistemático e objetivar não apenas o resultado, mas como
investigação com relação a como está o processo ensino-aprendizagem.
Portanto o erro ocupa não apenas o sinônimo de ausência de conheci-
mento, mas um novo ponto de partida que possibilitará ao professor tomar novas
Somente esses princípios, porém, não são garantia de que tenhamos uma
prática avaliativa mediadora. O comportamento profissional dos educadores
Referências
AQUINO, J. G. (Org.). Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas/práticas.
São Paulo: Summus, 1997.
HOFFMANN, J. M. L. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-
escola à universidade. 20. ed. Porto Alegre: Mediação, 2003.
______. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 36. ed. Porto
Alegre: Mediação, 2006.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São
Paulo: Cortez, 1995.
ROMÃO, J. E. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez,
1998.
SAUL, A. M. Avaliação emancipatória: desafio à teoria e à prática de avaliação
e reformulação de currículo. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
Anotações
Introdução
Esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de compreender o
Sistema Nacional de Avaliação e analisá-lo à luz das discussões levantadas no
decorrer dos capítulos anteriores. Para você alcançar esses objetivos, é interes-
sante que leia os textos indicados no Saiba Mais. Faça uma leitura atenta das
perguntas frequentes feitas a respeito do sistema oficial de avaliação empre-
gado em nosso país.
Grife aquilo que achar interessante ou aquilo de que você discorda baseado
em todo o estudo que fizemos em capítulos anteriores sobre a avaliação. Tal
leitura prévia lhe permitirá compreender melhor a discussão que será levantada
neste capítulo acerca do Sistema Nacional de Avaliação.
Especialmente a partir da década de 1990, a sociedade brasileira tem
acompanhado ações governamentais de aplicação de testes unificados nacio-
nalmente, nos diversos níveis educativos (Fundamental, Médio e Superior), com
o objetivo de aferir o desempenho dos alunos. Tais testes são justificados como
instrumentos controladores da qualidade do ensino que está sendo ministrado
nas escolas brasileiras.
Como educadores em formação, é necessário vermos esse processo com olhos
críticos, pois a avaliação não é uma ação neutra, isto é, desprovida de significados
filosóficos e políticos, ao contrário, a determinação de critérios de avaliação revela
(desvela) a posição, as crenças e a visão de mundo de quem a propõe.
Os exames nacionais, em vigor, enfatizam a medição do desempenho
escolar por meio de testes padronizados, o que os vincula a uma concepção
objetivista de avaliação. Vejamos a seguir alguns exemplos das intervenções
avaliativas que o governo brasileiro tem implantado.
Saiba mais
Reflita
Perguntas e respostas
O que é a Provinha Brasil?
A Provinha Brasil é uma avaliação diagnóstica que permite auxi-
liar professores, coordenadores e gestores a identificar o desempenho
de alunos em processo de alfabetização, no 2º ano de escolaridade do
Ensino Fundamental. A intenção é que as informações geradas ajudem a
compreender quais são as capacidades já dominadas pelos alunos e quais
deverão ser apreendidas ao longo do ano escolar.
Para que serve?
A Provinha Brasil serve para oferecer às redes de ensino um instru-
mento para acompanhar a evolução da qualidade da alfabetização,
prevenindo assim, o diagnóstico tardio dos déficits de letramento. Dessa
forma, contribui para a melhoria da qualidade de ensino e a redução das
desigualdades, em consonância com as metas e políticas estabelecidas
pelas diretrizes da educação nacional.
Por que avaliar?
Para saber, a tempo de sanar eventuais problemas, quais capaci-
dades de leitura os alunos possuem e quais capacidades eles não possuem.
Foram identificados, em alunos da 4ª série, problemas como baixa
proficiência nas provas de leitura – e a falta de domínio de leitura
pode inviabilizar o bom prosseguimento dos estudos. Assim, para atuar
preventivamente, é necessário detectar dificuldades e defasagens dos
alunos na fase inicial de modo que as intervenções possam acontecer
no momento certo.
Quem avalia?
O Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) elaborou um
conjunto de instrumentos de avaliação disponibilizado aos gestores das
redes. A aplicação fica a critério das Secretarias Estaduais e Municipais
de Educação.
Quem aplica?
O teste foi elaborado de forma que o próprio professor possa aplicá-lo.
No entanto, a critério do gestor, outras pessoas podem aplicar o teste, como
professores de outras turmas ou coordenadores pedagógicos de outras
escolas, desde que devidamente capacitados. Como essa avaliação tem
características distintas das realizadas no quotidiano escolar, para aplicá-la,
é necessário seguir atentamente as orientações contidas no documento
“Caderno do professor/aplicador”.
Quem corrige?
Os resultados também poderão ser corrigidos pelo próprio professor da
turma (ou pelo aplicador do testes), a partir do Guia de Correção, que traz
as orientações de como corrigir os testes e de como interpretar os dados.
Assim, o professor poderá saber o nível de desempenho de sua turma de
modo imediato. Da mesma forma, os resultados de cada turma poderão
ser coletados e agregados de modo a ser ter um panorama da escola, da
regional de ensino ou de toda a rede (municipal ou estadual).
Quem será avaliado?
A Provinha Brasil foi preparada para avaliar a aprendizagem das
crianças após um ano de escolarização. Nas escolas cujo Ensino Fundamental
tem duração de nove anos (onde as crianças ingressaram aos seis anos de
idade), os estudantes deverão fazer o teste no 2º ano (quando tiverem sete
anos). Já nas escolas que ainda mantêm o Ensino Fundamental com duração
de oito anos (ingresso das crianças aos sete anos de idade), os estudantes
deverão fazer o teste na 2ª série (quando tiverem oito anos).
Apesar da diferença na média de idades dos alunos que farão o teste,
isto não representa problema, visto que o foco dessa avaliação está na
contribuição da educação formal para a alfabetização – por isso se tomou
como referência os anos de escolaridade.
O que será avaliado?
Na Provinha Brasil serão avaliadas habilidades relativas à alfabeti-
zação e ao letramento inicial dos estudantes.
Como nem todas as habilidades a serem desenvolvidas durante o
processo de alfabetização são passíveis de verificação por meio da Provinha
Brasil, em vista das características específicas do instrumento e da metodo-
logia utilizada foi necessário selecionar algumas dessas habilidades para
construir o teste.
Assim, as habilidades definidas para avaliar a leitura e a escrita são
aquelas que podem dar informações relevantes em função dos objetivos
propostos e das condições impostas no âmbito desta avaliação.
Tais habilidades foram organizadas e descritas na “Provinha Brasil – Matriz
de Referência Para Avaliação da Alfabetização e do Letramento Inicial”.
As habilidades constantes na Matriz de Referência estão fundamen-
tadas na concepção de que alfabetização e letramento são processos a
pelas diferentes esferas de governo. No caso da Prova Brasil ainda pode ser
observado o desempenho específico das escolas públicas urbanas do País.
Os dados dessas avaliações são comparáveis ao longo do tempo, ou
seja, pode-se acompanhar a evolução dos desempenhos das escolas, das
redes e do sistema como um todo.
3. Qual a diferença entre as duas provas?
A base metodológica das duas provas é a mesma, a diferença está na
população de estudantes aos quais são aplicadas e, consequentemente,
aos resultados que cada uma oferece. Ambas avaliam as mesmas disci-
plinas, Língua Portuguesa e Matemática.
A Prova Brasil avalia alunos de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental,
da rede pública e urbana de ensino. Considerando este universo de refe-
rência, a avaliação é censitária, e assim oferece resultados de cada escola
participante, das redes no âmbito dos municípios, dos estados, das regiões
e do Brasil.
O Saeb, por sua vez, é uma avaliação por amostra, isso significa
que nem todas as turmas e estudantes das séries avaliadas participam da
prova. A amostra de turmas e escolas sorteadas para participarem do Saeb
é representativa das redes estadual, municipal e particular no âmbito do
País, das regiões e dos estados. Dessa forma, não há resultado do Saeb
por escola e por município.
Participam do Saeb alunos de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental,
e também os da 3ª série do Ensino Médio regular, tanto da rede pública
quanto da rede privada, em área urbana e rural (neste último caso, apenas
para a 4ª série, no nível das regiões geográficas). Os resultados do Saeb, em
conjunto com as taxas de aprovação escolar, são a base de cálculo para o
Ideb de cada estado e do Distrito Federal e, consequentemente, do Brasil.
4. No que essas avaliações diferem das provas tradicionais/clássicas?
Diferentemente das provas que o professor aplica em sala de aula,
a metodologia adotada na construção e aplicação dos testes do Saeb e
Prova Brasil é adequada para avaliar redes ou sistemas de ensino, e não
alunos individualmente.
Os resultados são produzidos a partir da aferição das habilidades
e competências propostas nos currículos para serem desenvolvidas pelos
alunos em determinada etapa da educação formal. Como os currículos
são muito extensos, um aluno não responde a todas as habilidades neles
previstas, em uma única prova. Um conjunto de alunos responde a várias
provas. Desta forma, os resultados não refletem a porcentagem de acertos
de um aluno respondendo a uma prova, mas a de um conjunto de alunos,
respondendo às habilidades do currículo proposto, distribuídas em várias
provas diferentes.
Como cada grupo de alunos representa uma unidade dentro do sistema
de ensino, por exemplo, uma escola ou uma rede, tem-se o resultado para
cada unidade prevista e não para os alunos individualmente.
Saiba mais
Referências
CATTANI, A. D. Teoria do capital humano, teoria do. In: ______. (Org.). Trabalho
e tecnologia: dicionário crítico. Petrópolis: Vozes, 1997.
INEP. Disponível em: <http://provinhabrasil.inep.gov.br>. Acesso em: 22 jul. 2009.
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas,
estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia:
Alternativa, 2004.
SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M. de; EVANGELISTA, O. Política educa-
cional. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir – Relatório para a UNESCO da
Comissão Internacional sobre educação para o século XXI. 4. ed. São Paulo:
Cortez; Brasília: UNESCO, 2000.
Anotações
EQUIPE UNITINS
Organização de Conteúdos Acadêmicos Denise Sodré Dorjó
Revisão Linguístico-Textual Sibéria Sales Queiroz Lima
Domenico Sturiale
Gerente de Divisão de Material Impresso Katia Gomes da Silva
Revisão Digital Leyciane Lima Oliveira
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Projeto Gráfico Katia Gomes da Silva
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Capas Rogério Adriano Ferreira da Silva
Apresentação
respectivas literaturas.
Para melhor orientá-lo nesta etapa de seus estudos, procuramos desen-
volver, neste caderno, as discussões sobre alguns temas que acreditamos
serem importantes e necessários para um trabalho que facilite a apren-
dizagem significativa nas salas de aula de língua espanhola. Tais discus-
sões buscam oportunizar aos alunos o direito de falar, de se expressarem,
confrontar opiniões e saberes, conhecer e melhorar as suas possibilidades de
expressão e comunicação.
Relembrar a observação do período anterior, durante o decorrer das
aulas, permitirá a compreensão de que os processos que envolvem os atos de
ensinar e aprender a língua espanhola acontecem à medida que o professor
age como mediador e deixa seus alunos experimentarem, pesquisarem, mani-
pularem a língua em várias situações comunicativas que acontecem nas rela-
ções sociais.
Nessa perspectiva, convidamos você a refletir sobre a organização e os
desafios que surgem na prática docente do ensino de línguas, com o objetivo
de ampliar seus conhecimentos sobre a relação entre teoria e prática nos
processos educacionais da língua espanhola nos anos finais do ensino funda-
mental e médio.
Abordaremos situações que permitirão exercitar seu senso crítico em
relação ao ensino e às competências linguísticas, sobre os erros que ocorrem
e a importância do replanejamento nessas situações. Assim, o seu trabalho
docente poderá ser planejado com a finalidade de proporcionar aos alunos
a aprendizagem dos conteúdos referentes à língua espanhola.
Bons estudos!
Prof.ª Denise Sodré
1
Relação teoria e prática e CAPÍTULO 1 • estágio supervisionado ii
aprendizagem signif icativa
da Língua Espanhola
Introdução
O estágio é um período do curso em que podemos discutir peculiaridades
do dia a dia de um docente, situações observadas e vividas em sala de aula,
bem como, experimentar situações inusitadas que podem surgir. Essas situações,
se já vivenciadas e pensadas, permitem ao professor agir de forma eficiente e
eficaz, diferentemente do que aconteceria caso fosse pego de surpresa.
Pedagogicamente, podemos afirmar que o aprendizado acontece por meio
da experiência, pois é por meio da prática que absorvemos o que aprendemos.
Por isso, o estágio é um período especial para o acadêmico, futuro professor, já
que oportuniza relacionar teoria e prática.
O estágio é o espaço privilegiado do curso para adquirir subsídios para
atuar em uma sala de aula, pois o conhecimento de como outros educadores
trabalham, a troca de informações com docentes mais experientes, a observação
e a reflexão possibilitam o desenvolvimento da capacidade de reorganizar as
ações para poder orientar a prática quando necessário.
Ao final das discussões deste capítulo, você deverá ter compreendido que há
uma relação convergente entre teoria e prática no ensino do espanhol e que a
aprendizagem de uma segunda língua não é um processo simples, pois depende
de um número significativo de variáveis.
Não podemos esquecer que a leitura e compreensão das propostas das
Orientações Nacionais para o Ensino da Língua Estrangeira são fundamentais
para que nossas reflexões sejam proveitosas.
Reflita
O ensino da língua estrangeira deve ser realizado nas práticas sociais exis-
tentes nos vários grupos de uma sociedade, bem como nos diferentes momentos
da sua história.
Com esse objetivo, o professor deve traçar o seu percurso, escolher suas
estratégias e metodologias, intervir pedagogicamente para que o ensino da
língua possibilite o desenvolvimento individual e social dos alunos.
Muitos professores, ainda, apresentam, em suas aulas, apenas conteúdos
gramaticais sem nenhuma interação comunicativa. Isso interfere significativa-
mente na qualidade do ensino e nos resultados do processo de ensino-aprendi-
zagem. Nas aulas de língua estrangeira, além do estudo descritivo da língua,
é necessário que sejam trabalhados elementos comunicacionais referentes ao
uso linguístico.
Nessa direção, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL,
2006, p.133) apresentam que
As ideias arroladas apontam para a recuperação do papel
crucial que o conhecimento de uma língua estrangeira, de modo
geral e do Espanhol em particular, pode ter nesse nível de ensino:
levar o estudante a ver-se e constituir-se como sujeito a partir do
contato e da exposição ao outro, à diferença, ao reconhecimento
da diversidade.
A citação evidencia que o professor que trabalha com ensino de uma língua
estrangeira deve pautar-se em uma ótica menos instrumental. Ele deve opor-
tunizar ao aluno o contato significativo com a língua estrangeira de modo a
permitir que o estudante estabeleça uma relação positiva entre a língua estran-
geira e a sua própria língua. Dessa forma, o aluno se perceberá como sujeito.
Você deve estar se perguntando como isso deve ocorrer durante a atuação
do professor de Língua Espanhola em sala de aula?
Saiba mais
Saiba mais
Saiba mais
Reflita
Saiba mais
Para aprofundar suas reflexões, leia mais sobre o ensino de língua estran-
geira, no artigo Crenças sobre o ensino e aprendizagem de línguas na
Linguística Aplicada: um panorama histórico dos estudos realizados no con-
texto brasileiro, de Kleber Aparecido da Silva, disponível no sítio: <http://
rle.ucpel.tche.br/php/edicoes/v10n1/09Kleber.pdf>.
Referências
ALVAREZ, M. L. O. Aspectos da formação do professor de Língua Espanhola
na universidade: as duas caras da moeda. In: FIGUEIREDO, F. J. Q. de (Org.).
Anais do VI Seminário de Línguas Estrangeiras. Goiânia: UFG, CD-ROM, 2006.
p. 78-91.
BOÉSIO, C. P. D. Espanhol e português: proximidade, transferências, erros e
correções na flexão do infinitivo. Comunicação no II FILE – Fórum Internacional
de Língua Estrangeira. Pelotas: UCPEL, UFPEL, 2003.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Linguagens, códigos e suas tecnologias.
In: BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: Ministério da
Educação, 2006. v. 1.
CAMPOS, D. M. S. Psicologia da aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2001.
KUDIESS, E. As crenças e os sistemas de crenças do professor de Inglês sobre
o ensino e a aprendizagem da língua estrangeira no Sul do Brasil: sistemas,
origens e mudanças. In: Linguagem & Ensino, v. 8, n. 2, 2005, p. 39-96.
MELO, T. M. M. A conjugação teoria/prática na sala de aula comunicativa de ILE:
uma experiência de pesquisa-ação. In: Linguagem & Ensino. v. 5, n. 1, 2002.
MOURIN, E.; CIURANA, E. R.; MOTTA, R. D. Educar na era planetária: o pensa-
mento complexo como método de aprendizagem no erro e na incerteza humana.
São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2003.
TELLES, J. A.; OSÓRIO, E. M. R. O professor de línguas estrangeiras e o seu
conhecimento pessoal da prática princípios e metáforas. In: Linguagem & Ensino.
v. 2, n. 2, 1999.
A prática docente do
professor de língua
estrangeira
Introdução
Neste capítulo, apontaremos a importância de o professor ser pesquisador,
pois seu papel ultrapassa a função de transmissor de conhecimentos ou de elo
entre o saber e o aluno. Hoje, ele precisa tornar-se capaz de criar ou adaptar
situações de aprendizagem, de modo a adequá-las a seus alunos. Sua prática
deve reafirmar a relevância da noção de cidadania e deve possibilitar aos
alunos o desenvolvimento das habilidades de leitura, comunicação oral e prática
da escrita. Seguindo essa linha, há a necessidade de se variar metodologias, de
planejar e de executar aulas dinâmicas que atraiam os alunos para a aprendi-
zagem de uma segunda língua.
Segundo Morin (2000, p. 11), o ensino deve preocupar-se com uma “cultura
que permita compreender nossa condição e que nos ajude a viver, favorecendo,
ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre”. Conforme o autor, os
objetivos do ensino de línguas na escola devem buscar a formação total do indi-
víduo, o desenvolvimento de uma consciência social e da criatividade, além da
abertura a novos conhecimentos.
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de compreender as
propostas das orientações nacionais para o ensino da língua estrangeira e
refletir sobre o importante papel que o professor ocupa no processo educativo
da língua estrangeira.
Você compreenderá melhor a discussão presente neste capítulo se ler o artigo
disponível no sítio: <http://www.inclusao.com.br/projeto_textos_48.htm>, que
apresenta uma reflexão sobre como a relação entre autonomia intelectual e inter-
disciplinaridade é imediata. É importante que você retome a leitura dos PCN de
Língua Estrangeira que evidencia que o ensino deve centrar-se no desenvolvi-
mento do aprendiz que deve utilizar, com proficiência, a língua estrangeira, em
seu cotidiano.
Saiba mais
Nas aulas de língua estrangeira, o foco do professor não deve estar ape-
nas no conteúdo ensinado. Ele deve, também, observar a forma como
os alunos respondem à sua proposta pedagógica e encaram a apren-
dizagem. Nessa perspectiva, o professor deve possibilitar aos alunos o
desenvolvimento de sua metaconsciência e a corresponsabilidade pela
sua aprendizagem. Essa prática pedagógica permite ao aluno desenvol-
ver a sua habilidade de selecionar, implementar e avaliar as próprias
estratégias de aprendizagem. Leia mais sobre o assunto no sítio: <http://
w3.ufsm.br/desireemroth/dissertacoes/dissertacaoGisvaldoBAraujoSilva
%5B2%5D.pdf>.
Sua prática de ensino deve ser determinada pelo contexto em que ocorre.
Por isso, é necessário compreender que a prática pedagógica de uma segunda
língua, semelhantemente ao que ocorre com as demais disciplinas, deve ter
como centro o aluno, cujos interesses e motivações atribuirão sentido ao
seu conhecimento.
Nessa perspectiva, o ensino da língua espanhola deve estar articulado da
seguinte forma: aprender a ler e compreender textos orais e escritos, escrever,
contar e conhecer fatos históricos. Os conteúdos devem ser trabalhados de uma
forma contextualizada para que os alunos possam compreender a linguagem
como prática social. Devem ser criadas situações para que os estudantes levantem
hipóteses, interpretem e utilizem a língua em situações comunicativas.
Seguiremos o que preceituam os PCN quando dizem que, para ensinar uma
língua, é necessário
Entender a linguagem como prática social, como possibilidade de
compreender e expressar opiniões, valores, sentimentos, informa-
ções, oralmente e por escrito. O estudo repetitivo de palavras e
estruturas apenas resultará no desinteresse do aluno em relação à
língua (BRASIL, 1998, p. 54).
Reflita
Reflita
Reflita
ções para apresentar a língua viva de um povo com suas variações fonológicas,
morfológicas, sintáticas, pragmáticas.
Compreenda, ainda, que o ensino da língua estrangeira exige conhecimento,
experiência, reflexão, sabedoria, criatividade e ousadia, já que, para a efeti-
vação do processo de aprendizagem, é necessário que sejam criados ambientes
em que os alunos sejam aprendizes ativos, para escutar, falar, escrever, levantar
hipóteses, encontrar respostas.
Reflita
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino
Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais. Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Secretaria de
Educação Média e Tecnológica, 1999.
CARVALHO, M. do C. B.; NETTO, J. P. Cotidiano: conhecimento e crítica. 3. ed.
São Paulo: Cortez, 1994.
Anotações
Planejamento e metodologias
de aulas de Língua Espanhola
Introdução
Neste capítulo, refletiremos sobre a prática pedagógica, como planejá-la e
o que planejar, pois conduzir o processo de ensino-aprendizagem exige conhe-
cimentos teóricos específicos de língua espanhola e a compreensão da comple-
xidade do próprio processo de ensino e aprendizagem. É necessário, ainda,
compreender a importância de você planejar sua prática, buscar e reestruturar
modelos, criar novos métodos. Vale lembrar que a prática é sua e as experiên-
cias pedagógicas fazem surgir teorias implícitas. É por isso que devemos olhar
para o processo de planejar a prática pedagógica com atenção e atitude inves-
tigativa e reflexiva.
Nessa perspectiva, é necessário ter um conceito revisto e ampliado sobre a
sala de aula, sobre as estratégias de ensino e, ainda, a compreensão de que o
planejamento da prática deve acontecer de modo a contextualizar os conteúdos,
possibilitando a compreensão da linguagem como prática social.
É nesse contexto que o professor de língua estrangeira necessita mediar
o processo de aprendizagem de seus alunos com perguntas instigadoras que
sejam capazes de estabelecer um canal de dúvidas e inquietações entre os
alunos, para que eles elaborem hipóteses e busquem comprová-las desenvol-
vendo saberes consistentes para que desenvolvam competências linguísticas
e comunicativas.
Para isso, esperamos que você compreenda que o ensino de uma língua
possibilita ao aluno o diálogo com o texto, de modo a conhecer a especificidade
do texto, seu diálogo com outros textos e a reconstrução de significados.
Neste capítulo, discutiremos sobre como organizar as aulas de língua espa-
nhola, para isso recomendamos a leitura do texto Processo de ensino/apren-
dizagem de Língua Estrangeira mediante um planejamento negociado entre
professor e alunos a partir de tarefas comunicativas. Esse texto está disponível
no sítio: <http://www.fafibe.br/revistaonline/arquivos/graziela_o_processo_
ensino_aprendizagem_tarefas.pdf>. Nele você encontrará concepções de
planejamento baseadas em tarefas comunicativas que direcionam as ações do
professor em sala de aula com o objetivo de promover e desenvolver a interação
comunicativa entre os aprendizes de uma língua estrangeira.
Saiba mais
Reflita
Reflita
Saiba mais
Referências
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BARTHES, R. O grau zero da escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
HELLER, A. O cotidiano e a história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972.
SAAVEDRA, M. de C. Don Quijote de la mancha. Disponível em: <http://books.
google.com.br/books?id=e84OAAAAYAAJ&printsec=frontcover&dq=bibliog
roup:%22Don+Quijote+de+la+Mancha%22&cd=3#v=onepage&q&f=false>.
Acesso em: 20 fev. 2010.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul
Ltda., 1998.
Anotações
e compreensão
auditiva e leitora
Introdução
Compreendemos a língua como um instrumento de comunicação e a língua
estrangeira como um ato social que pressupõe alguém que fala ou escreve e
alguém que ouve ou lê, em um determinado espaço social e cultural e, ainda,
em um determinado momento histórico.
Nesse sentido, torna-se primordial desenvolver as habilidades de falar, ouvir,
escrever e ler em língua espanhola para compreender e ser compreendido, ou
seja, participar de forma eficaz em processos comunicativos sociais que usem
esse idioma.
Para tanto, cabe a você, professor, pensar em estratégias que possibilitem o
desenvolvimento das habilidades comunicativas que influenciam o desempenho
do aprendiz de língua estrangeira.
Seu trabalho deve ser planejado de forma a oportunizar o desenvolvimento da
leitura, da comunicação oral e da escrita a partir de práticas contextualizadas.
Nossa discussão, neste capítulo, permitirá conhecer a complexidade da
compreensão auditiva e leitora e dos fatores que interferem nesses processos.
Outro fator de destaque em nossas reflexões está relacionado às variadas estra-
tégias utilizadas pelos alunos.
Iniciaremos nossas discussões a partir da compreensão auditiva, mas,
antes disso, é importante que seja realizada uma leitura dos PCN de Língua
Estrangeira, em especial da parte contemplada nas páginas de 88 a 97. Os
PCN evidenciam o desenvolvimento da compreensão auditiva e leitora, que esse
envolve fatores cognitivos e sociais relativos ao processamento da informação.
A leitura das orientações curriculares para o ensino médio proporcionará a você
informações sobre a necessidade das práticas de linguagem, leitura e compre-
ensão oral, a partir das teorias de letramento e multiletramento.
Assim, esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de compre-
ender que os conteúdos a serem trabalhados nas aulas de língua estrangeira
devem proporcionar, além das habilidades tradicionais, o desenvolvimento
da compreensão auditiva e o entendimento de que a compreensão leitora
envolve uma enorme complexidade cognitiva e interativa entre autor, leitor,
texto e contexto.
Saiba mais
Ler vai muito além do ato de decodificar palavras. Ler é utilizar estratégias
de leitura na busca da construção de significados de um texto, tal como veremos
no próximo tópico.
Reflita
Saiba mais
sobre a realidade.
Pode ser conhecida, serve como refe-
A realidade não pode ser “capturada”
rência para a interpretação.
com a realidade; deve ser compreen-
dida em um contexto localizado.
Saiba mais
Referências
BRASIL. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio. Brasília: MEC / SEF, 1998.
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental: Língua Estrangeira. Brasília: MEC
/ SEF, 1998.
MUSSALIM, F.; Bentes, A. C. Introdução à linguística: domínios e fronteiras.
3. ed. São Paulo: Cortez. 2003.
PIAGET, J. Gênese das estruturas lógicas elementares. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1983.
RANGEL, J. N. M. Leitura na escola: espaço para gostar de ler. Porto Alegre:
Mediação, 2005.
Anotações
Introdução
Convidamos você para uma discussão sobre o que é ensinar e aprender
uma língua estrangeira. Sobre o que é desenvolver uma competência comunica-
tiva e aprender a utilizar as palavras e suas combinações com significados reais
e em interações verbais.
Sobre as práticas de linguagem, apontaremos que a abordagem de ensino
do professor de língua estrangeira facilitará ou dificultará o desenvolvimento de
competências linguísticas necessárias à aquisição da língua oral e escrita. A
atuação do professor influenciará na forma com que o aprendiz desenvolverá
um desempenho linguístico satisfatório.
Vale lembrar que, no ensino de uma língua, a comunicação deve ser sempre
contextualizada a língua a que é efetivamente usada nas trocas sociais. Por isso
há a necessidade da prática linguística em atividades intraclasse e extraclasse,
essa prática favorecerá a aquisição de um conhecimento sistêmico da língua e o
conhecimento de organização textual em busca da construção de significados.
A leitura dos textos dos Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Estrangeira
poderá auxiliá-lo na compreensão dos assuntos abordados neste capítulo. As
orientações curriculares para o ensino médio, Linguagens códigos e suas tecno-
logias, também fornecem subsídios para a organização de suas futuras aulas de
língua espanhola. Elas buscam apresentar necessidades dos alunos e facilitar
o desenvolvimento das habilidades orais e escritas com o propósito de desen-
volver as competências comunicativas necessárias para um bom desempenho
nas diversas situações comunicativas reais de interações sociais.
Assim, esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de compre-
ender que a expressão oral em língua estrangeira é uma habilidade que pode
ser desenvolvida por meio da prática em sala de aula. Outro objetivo deste capí-
tulo é que você seja capaz de organizar suas aulas com atividades significativas
para auxiliar o aluno a desenvolver a habilidade de escrita.
Saiba mais
Nesse espaço, todos vão querer falar. Um vai ajudar o outro a estruturar o
seu discurso.
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Saiba mais
Referências
BACHMAN, L. F. A habilidade comunicativa de linguagem. Linguagem & ensino,
v. 6, n. 1, jan./jun. 2003.
BRASIL. Secretaria de Educação fundamental. Parâmetros curriculares nacio-
nais: terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental: língua estrangeira. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
______. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio. Brasília: MEC/SEF, 1998.
Ferreira, A. B. de H. Novo dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1975.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed.
São Paulo: Cortez, 2001.
MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Org.). Introdução à linguística: domínios e fron-
teiras. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2003. v. 2.
Anotações
Reflexões linguísticas e o
ensino das regras gramaticais
Introdução
O estágio é um período oportuno para reflexões sobre a prática, sobre como
planejá-la e sobre o que planejar. Por isso, cabe-nos pensar em uma prática que
contribua para a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual do seu aluno.
Nessa perspectiva, buscaremos subsidiar você para a organização de uma
prática pedagógica capaz de ensinar as regras gramaticais de forma reflexiva,
apresentando a língua em textos que estão presentes no cotidiano, abrindo
espaço para que o aluno reflita sobre fatos da língua, sobre semelhanças e dife-
renças entre a estrutura da língua materna e a da língua estrangeira e sobre as
particularidades de cada língua.
Vale lembrar que a gramática pode e deve melhorar a capacidade de arti-
culação do pensamento e, ainda, criar novas possibilidades de expressão oral
e escrita. É preciso compreendê-la e apresentá-la ao aluno para que ele a use
como recurso que contribui para a produção de textos orais e escritos.
Para auxiliar a compreensão dos conteúdos deste capítulo, recomendamos a
leitura das Orientações Curriculares para o Ensino Médio: linguagens, códigos
e suas tecnologias (2008) em que se fala da importância de se trabalharem as
regras gramaticais partindo de textos em contexto de uso.
Propomos, ainda, a leitura do texto ¿Hay que enseñar gramática a los
estudiantes de una lengua extranjera? que você encontrará no sítio: <http://
cvc.cervantes.es/literatura/cauce/pdf/cauce28/cauce28_05.pdf>. Esse texto
apresenta uma discussão sobre as necessidades gramaticais específicas de cada
situação de comunicação.
Neste capítulo, discutiremos sobre a importância de ensinarmos as regras
gramaticais que estruturam o uso das formas contextualizadas de linguagem e
de forma integrada às práticas de linguagem.
Lembramos, por fim, que não há mais espaço para um ensino isolado das
práticas sociais de linguagem, pois esse tipo de ensino não tem atingido o obje-
tivo do ensino de línguas estrangeiras.
Você compreenderá que o ensino de qualquer língua não pode ser centrado
somente em regras e terminologias, ou seja, em atividades artificiais, atividades
de estudo solitário de palavras e frases, de modo descontextualizado.
Reflita
John llegó ayer a Londres. Apenas Ilegó, tuvo que salir de nuevo. Pero
apresuradamente podría decirle que su equipo perdió el campeonato,
apenas supo la notícia, se puso muy triste.
John llegó ayer a Londres. Ni bien Ilegó, tuvo que salir de nuevo. Pero apre-
suradamente podría decirle que su equipo perdió el campeonato tan pronto
supo la notícia, se puso muy triste.
Nesse sentido, Perrenoud (1999, p. 8) diz que “competência é mais que simples
aplicação de conhecimentos memorizados frente a uma dada situação concreta”.
Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2008) o conhe-
cimento gramatical em língua estrangeira deve
[...] levar o estudante a ser capaz de produzir enunciados simples
ou complexos que tenham uma função discursiva determinada.
Essa capacidade, obviamente, vai muito além da simples conju-
gação verbal, da exatidão no emprego das pessoas verbais ou
das regras de concordância, por exemplo. Assim, o foco da
gramática deve voltar-se para o papel que ela desempenha nas
relações interpessoais e discursivas.
Saiba mais
O sítio: <http://e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/
viewFile/657/549> apresenta o relato de uma experiência de ensino de
língua espanhola com um grupo de crianças de escola pública e evidencia
uma prática pedagógica pautada em textos, contos e histórias infantis. O
foco principal do trabalho foi o desenvolvimento da oralidade. Leia o artigo
e discuta-o com seus colegas de classe.
Saiba mais
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Referências
BAKHTIN, M. (VOLOCHÍNOV, V. N). Marxismo e filosofia da linguagem. São
Paulo: HUCITEC, 1995.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacio-
nais: terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental: língua estrangeira. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
______. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio. Brasília: MEC/SEF, 1998.
PERINI, M. A. A gramática gerativa: introdução ao estudo da sintaxe portu-
guesa. 2. ed. Belo Horizonte: Vigília, 1985.
PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed,
1999.
Anotações
Avaliação e replanejamento
da prática
Introdução
Nossa proposta, neste capítulo, é discutir sobre a avaliação como um
processo que propicia a avaliação das experiências que nossa prática de ensino
proporciona ao aluno, como um processo que vai além da atribuição de notas.
A avaliação da aprendizagem precisa, para cumprir seu verdadeiro obje-
tivo, assumir a função de subsidiar a construção da aprendizagem bem-sucedida.
Para isso, apontamos como condição necessária que a avaliação se caracterize
como um meio subsidiário de crescimento e como meio de redirecionamento do
percurso da ação educativa.
A avaliação da aprendizagem consiste em um instrumento para garantir a
qualidade da aprendizagem do aluno. O modo como acontece essa avaliação
deve servir para auxiliar o avanço e o crescimento do aluno em termos de apro-
priação dos conhecimentos e das habilidades necessárias.
Focalizaremos o aprendizado de línguas estrangeiras, tendo como base a
reflexão crítica sobre o erro como uma etapa dos processos de aprendizagem
de uma língua estrangeira.
Sugerimos a leitura do artigo O que é mesmo o ato de avaliar a aprendi-
zagem?, do autor Cipriano Carlos Luckesi, publicado na Revista Pátio e que
se encontra disponível no sítio: <http://www.revistapatio.com.br/sumario_con-
teudo.aspx?id=149>. O artigo apresenta reflexões importantes que o ajudarão
a planejar, com coerência, o processo de avaliação da aprendizagem.
Outra leitura recomendada é o livro de Regina Cazaux Haydt, Avaliação do
processo de ensino-aprendizagem, publicado pela editora Ática. Esse livro apre-
senta a avaliação como processo de ensino-aprendizagem e aponta técnicas e
instrumentos de avaliação. A autora acena que, para avaliar de forma eficiente
o processo de ensino e aprendizagem, é importante observar as especificidades
do grupo e dos momentos avaliativos.
Outra leitura que indicamos é a do texto A transferência, a interferência e a
interlíngua no ensino de línguas próximas, que está disponível no sítio: <http://
www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000100039
&script=sci_arttext>, além do texto Opções e implicações do gerenciamento do
erro em aulas de língua estrangeira, escrito por Cavalari (2006) e disponível
em: <http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4publica-estu
dos-2006/sistema06/701.pdf>.
Assim, esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de compre-
ender que o processo de avaliação é fundamental para promover um ensino de
qualidade e de perceber que a avaliação deve ser contínua e dialógica para
possibilitar mudanças cognitivas e comportamentais.
para o seu maior aproveitamento. Ela deve servir de incentivo para a busca de
novos conhecimentos e para o incentivo ao estudo.
A avaliação deve fornecer subsídios valiosos para o professor redimensionar
as estratégias de ensino e oferecer aos alunos subsídios para o uso da língua
estudada. O professor precisa desenvolver juntamente com seus alunos, as habi-
lidades de analisar, compreender, sintetizar, extrapolar, comparar, julgar, esco-
lher, decidir etc.
Saiba mais
Como você sabe, avaliar não é fácil. Para que esse processo ocorra de for-
ma bem sucedida, é necessário que tenhamos bem claro qual é a sua con-
cepção de avaliação de aprendizagem. Para facilitar essa compreensão, é
preciso muito conhecimento sobre o assunto. Um bom referencial de leitura
é a obra do autor José Eustáquio Romão, Avaliação diagnóstica: desafios
e perspectivas, da editora Cortez. Nesse livro, Romão afirma que a avalia-
ção do desempenho escolar, no contexto da escola cidadã, se transforma
em momento de aprendizagem tanto para o professor quanto para o aluno.
Leia mais sobre esse assunto.
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Referências
FIGUEIREDO, F. J. Q. Aprendendo com os erros: uma perspectiva comunicativa
de ensino de línguas. Goiânia: Editora da UFG, 2001.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática pedagógica.
3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 17. ed. São Paulo: Cortez,
2005.
ROMÃO, J. E. Avaliação diagnóstica: desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez,
2003.
Anotações