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22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais

06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil

INFLUÊNCIA DO ÂNGULO DE BISEL NO CÁLCULO DE TENSÕES RESIDUAIS


ATRAVÉS DO MÉTODO DE DESLOCAMENTO DE PONTOS COORDENADOS
(DPC) EM CHAPAS NAVAIS SOLDADAS

L. G. T. C. de Melo
Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE
Av. Arquitetura S/N Cidade Universitária – CEP: 50740-550 – lgtmelo@terra.com.br

R. A. S. Ferreira
Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE

C. E. Mendes
Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE

P. S. Barros
Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE

T. L. Rolim
Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE

O. O. de Araujo
Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE

Y. P. Yadava
Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE

RESUMO

A influência exercida pelo ângulo de bisel no cálculo de tensões residuais foi


avaliada através do método de Deslocamento de Pontos Coordenados (DPC) em
chapas de aço naval ASTM A-131 grau AH-36. Chapas de teste com dimensões de

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200 mm x 70 mm e 13,7 mm de espessura foram soldadas pelo processo GMAW


seguindo o sentido de laminação. Nestas amostras foi variado o ângulo de bisel,
enquanto que os demais parâmetros foram mantidos. Os resultados preliminares
mostraram que o aumento do ângulo de bisel de 25º para 35º, produziu uma
redução na tensão residual. Os valores de tensão passaram de uma média de
138,13MPa para 28,29MPa a 3mm do cordão de solda e 153,65MPa para 31,96MPa
a 2mm do cordão de solda. Estes resultados evidenciaram que, num processo
multipasses, o maior número de passes e maior volume de metal depositado (bisel
35°) contribuíram para redução das tensões residuais.

Palavras-chave: tensões residuais, ângulo de bisel, deslocamento de pontos


coordenados, chapas navais, gmaw.

INTRODUÇÃO

Tensões residuais são comumente classificadas como as tensões internas que


permanecem no material, elementos mecânicos e peças acabadas, mesmo quando
não mais sob influência térmica ou mecânica. As tensões residuais são tensões auto
equilibradas existentes nos materiais em condições de temperatura homogênea e
sem carregamento externo.(1)

Na soldagem, tensões residuais são introduzidas pelo elevado gradiente de


temperatura devido ao aquecimento e resfriamento não homogêneo, e são
originadas principalmente devido à contração no resfriamento, somada ao
resfriamento superficial intenso e às mudanças de fase. Como o aço em questão é
um aço termicamente tratável, é possível afirmar que o fluxo de calor durante a
soldagem produz transformação de fase, modificando sua microestrutura e as
propriedades da área afetada, sendo então o grande responsável pela existência de
tensões residuais e distorções.

Para que fosse possível o comparativo entre as amostras, durante todo o


processo os parâmetros de soldagem foram mantidos constantes, de modo que o
aporte térmico não variasse. Este pode ser calculado através da Eq. (A) a seguir:

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(A)

Quando o aporte térmico varia, o fluxo de calor é modificado, modificando


também os valores de tensões residuais. O aporte térmico é uma característica
importante, pois assim como as temperaturas de preaquecimento e interpasses,
influencia a taxa de resfriamento, que afeta as microestruturas e as propriedades
mecânicas das ZTAs - Zonas Termicamente Afetada pelo calor(2) e,
consequentemente, afeta a distribuição de tensões residuais na região da junta.

A determinação das tensões residuais pode ser realizada através de diversos


procedimentos experimentais, como as técnicas baseadas no furo cego ou difração
de raios-X, e que podem ou não envolver procedimentos destrutivos (3). Para estudar
a influência dos parâmetros de soldagem nas tensões residuais, o método de
Deslocamento de Pontos Coordenados foi utilizado, e consiste em medir o
deslocamento de pontos previamente mapeados por meio de uma Mesa de Medição
de Coordenadas (MMC). Com esses valores e o módulo de elasticidade e
coeficiente de Poisson do material em questão, as tensões residuais podem ser
calculadas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Usinaram-se (Fig.1) chapas de aço naval ASTM A-131 grau AH-36 com altura
de raiz de 2mm e seus respectivos ângulos de bisel de 25 e 35 graus com o objetivo
de se calcular as tensões residuais através do método de Deslocamento de Pontos
Coordenados (DPC).

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Figura 1. Chapa em processo de usinagem

Foram realizadas soldagens através do processo GMAW automatizado,


utilizando-se uma máquina multiprocesso (Fig. 2) em conjunto com uma máquina de
corte a gás adaptada para realizar o translado da tocha (Fig. 3).

Figura 2. Máquina de soldagem MAG semiautomática. Figura 3. Máquina de corte a gás.

O arame utilizado foi o AWS ER70S-6 com 1,2mm de diâmetro e o gás, uma
mistura de 75% de Ar e 25% de CO2. Para simular as restrições impostas presentes
nas soldagens de painéis navais, utilizaram-se travas laterais nas chapas de teste. A
máquina de corte a gás foi então alinhada para o passe de raiz e os passes
subsequentes. Os passes foram realizados sempre se alternando o sentido para
evitar distorções. Após cada passe, o filme vítreo formado foi removido com uma
escova de aço.

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Dois pares de chapas de 70 x 200mm foram soldadas duas a duas com


parâmetros definidos como padrões, com ângulo de bisel de 25º, conforme listado
na Tab. 1.

Amostra Tensão média Corrente média Velocidade de Aporte médio αbisel (º)
(V) (A) soldagem (mm/s) (W)
1 19,53 173,67 6 565,38 25
2 19,72 169,42 6 556,72 25
Tabela 1. Parâmetros de soldagem para chapas padrões

Dois pares de chapas de 70 x 200mm foram soldadas duas a duas


reproduzindo os parâmetros de soldagem supracitados, contudo, variando o ângulo
de bisel para 35º, conforme Tab. 2.

Amostra Tensão média Corrente média Vel. de soldagem Aporte médio αbisel (º)
(V) (A) (mm/s) (W)
3 19,82 169,70 6 560,58 35
4 19,99 169,33 6 564,13 35
Tabela 2. Parâmetros de soldagem para chapas com ângulo de bisel alterado

O método utilizado para medir as tensões residuais foi o DPC (4), que consiste
em se observar o deslocamento de pontos da chapa. Para tal, foram realizados
cinco furos com 2mm de profundidade usando uma broca de 2mm de diâmetro (Fig.
4), cujos centros foram então mapeados em (X, Y).

Figura 4. Furos realizados na amostra.

A distribuição dos furos é dada conforme a ilustração (Fig. 5).

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Figura 5. Distribuição de furos nas chapas soldadas

A medição e mapeamento dos furos é realizada com uma Máquina de Medição


de Coordenadas (MMC) com controle numérico computadorizado (Fig. 6).

Figura 6. Medição sendo realizada na MMC.

A próxima etapa consiste na realização de um tratamento térmico de


recozimento a 740ºC (Fig. 7) com o objetivo de aliviar as tensões, sendo assim
possível a medição das extensões dos deslocamentos dos pontos medidos, uma vez
que houve a reversão da plastificação (tensão de recuo).

Os métodos mecânicos de alivio de tensão podem ser eficazes, contudo, o


método mais utilizado atualmente para aliviar as tensões residuais causadas é o
recozimento, também conhecido como tratamento térmico de alívio de tensões
(TTAT)(5).

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Figura 7. Chapa retirada do forno após tratamento térmico.

Os pontos mapeados sofreram deslocamentos devido ao escoamento reverso


do material e foram remapeados de acordo com a técnica de medição de
coordenadas, que determina os parâmetros dimensionais através da medição da
medição das coordenadas de pontos sobre a superfície de uma peça e os processa
matematicamente(6). Com isso, é possível calcular a deformação através da Eq. B,
tanto no sentido longitudinal quanto transversal.

(B)

Sendo:
ɛ: deformação específica;
ΔL: variação na distância dos pontos coordenados (mm);
L0: distância entre o ponto e o centro da chapa (mm).

Com as coordenadas dos pontos medidos antes e após o tratamento térmico, as


tensões de soldagem puderam ser calculadas para condição de estado plano
através das equações (C) e (D)(7):

(C)

(D)

Sendo:

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: tensão residual longitudinal – direção de soldagem (Pa);


: tensão residual transversal – normal à direção de soldagem (Pa);
: deformação específica na linha de solda;
: deformação específica normal a linha de solda;
E: módulo de elasticidade do material (GPa);
: coeficiente de Poisson.

Ainda, os valores de tensões residuais e são obtidos pela medição de


e , que são as deformações residuais nos pontos onde se deseja conhecer a
tensão residual(7). Para calculá-los, adotou-se o módulo de elasticidade de um aço
carbono similar de 207GPa e coeficiente de Poisson de 0,3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram calculadas as tensões na direção longitudinal e perpendicular ao cordão


de solda para cada um dos cinco pontos de cada amostra. Os módulos das tensões
foram então agrupados de acordo com a distância entre o ponto em questão e o
cordão de solda. Assim, foram agrupados os pontos 1 e 2, cujos centros distanciam-
se 3mm do cordão de solda, e 3, 4 e 5, com centros localizados a 2mm do cordão de
solda. A média dos valores dos pontos agrupados foi então compilada na Tabela 3
abaixo.

Amostra αbisel (º) |σx1,2a| |σx3,4,5a| |σy1,2a| |σy3,4,5a|


(MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
1 25 184,18 202,96 232,29 252,45
2 25 92,08 104,34 109,56 123,68
3 35 40,24 54,17 49,17 64,84
4 35 16,33 9,76 21,15 11,88
Tabela 3. Tensões residuais

Para melhor visualização dos dados, foram compilados os gráficos (Fig. 8-11) a
seguir. Cada gráfico diz respeito ao comparativo entre uma chapa padrão (1 ou 2) e
uma chapa com variação no ângulo de bisel (3 ou 4) e destaca como o aumento no
ângulo de bisel (de 25 para 35 graus) implica numa redução nas tensões residuais,
uma vez que há uma maior interface metal de base x cordão de solda, favorecendo

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a dissipação térmica, além do maior volume a ser preenchido demandar mais


passes, de modo que cada passe subsequente atua como um mecanismo de alívio
de tensões para o passe prévio. O número de passes tem grande efeito na
distribuição de tensões residuais, de modo que com o aumento no número de
passes, as tensões residuais são reduzidas(8).

As tensões em X e Y são aproximadas pela tensão de recuo do material e,


portanto, neste trabalho, foram apresentados os gráficos com apenas as tensões em
X.

Figura 8. Comparativo entre amostras 1 e 3. Figura 9. Comparativo entre amostras 1 e 4.

Figura 10. Comparativo entre amostras 2 e 3. Figura 11. Comparativo entre amostras 2 e 4.

Os resultados encontrados estão condizentes com os intervalos de valores de


tensões residuais em chapas com espessuras similares(9).

CONCLUSÕES

Ao variar parâmetros de soldagem, diferentes tamanhos e formatos de cordões


de soldas são obtidos. Foi possível estabelecer uma relação entre o ângulo de bisel

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e as tensões residuais de soldagem, contudo, esta relação apenas não justifica os


resultados observados para os valores calculados de tensões residuais. As tensões
residuais calculadas apresentaram valores dentro dos esperados. A partir do
momento em que se eleva o ângulo de bisel mantendo-se os demais parâmetros
constantes – velocidade de soldagem, corrente, tensão, velocidade de alimentação
do arame -, mais passes se fazem necessários para o preenchimento total do
chanfro, o que por si só já é uma variação indireta do processo.

REFERÊNCIAS

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of Residual Stress in Science and Technology”. Ed. by Macherauch, V. Hauk,
DGM VERLAG.
[2] Zinn, W.; Scholtes, B. Residual Stress Formation Processes During Welding and
Joining, Handbook of Residual Stress and Deformation of Steel, ASM Inter., p.
391-396, 2002.
[3] CALLE, G. M. A, 2004. “Análise Numérico-Computacional das Tensões Residuais
Induzidas pelo Jateamento com Granalha”. p. 96, Dissertação de Mestrado,
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
[4] Siqueira Filho, A. V.; Rolim, T. L.; Yadava, Y. P.; Cardoso, F. I. B.; Guimaraes, P.
B.; Maciel, T. M.; Sanguinett Ferreira, R. A.. Development os Methodology for
Measurements of Residual Stresses in Welded Joint Based on Displacement of
Points in a Coordinated Table. Materials Research, v. 16, p. 322-326, 2013.
[5] Modenesi, P.J. Efeitos Mecanicos do Ciclo Térmico. Departamento de
Engenharia Metalúrgica e de Materiais. Universidade Federal de Minas Gerais -
UFMG. 2001.
[6] Rolim, T. L. 2003. Sistemática Indicadora De Método Para Calibração De
Máquinas De Medição Por Coordenadas. Tese De Doutorado, Ufpb, João
Pessoa, Pb.
[7] Okumura, T.; Tanigusgi, C. 2002. Engenharia De Soldagem E Aplicações. Rio De
Janeiro: Livros Técnicos E Científicos Editora.

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[8] Jiang, W.C.; Wang, B.Y.; Gong, J.M.; Tu, S.T. Finite element analysis of the effect
of welding heat input and layer number on residual stress in repairwelds for a
stainless steel clad plate. Materials & Design 32, 2851–2857, 2011.
[9] Kim, T.-J.; Jang, B.-S.; Kang, S.W. Kang.. Welding deformation analysis based on
improved equivalent strain method considering the effect of temperature gradients.
International Journal of Naval Architecture and Ocean Engineering, v. 7, p. 157–
173, 2015.

INFLUENCE OF BEVEL ANGLE IN CALCULATION OF RESIDUAL STRESS BY


USING DCP METHOD IN NAVAL WELDED SHEETS

ABSTRACT

The influence of bevel angle in calculation of residual stress was evaluated by


using the Displacement of Coordinated Points Method in naval ASTM A-131 grade
AH-36 steel sheets. Pairs of 200 x 70mm with 13,7mm thickness samples were
welded through GMAW process with bead in rolling direction. In these samples,
bevel angle was switched while the rest of parameters were kept constant. It was
observed that that by raising bevel angle from 25º to 35º, residual stress was
reduced. Residual stress values went from an average of 138,13MPa to 28,29MPa at
3mm of the weld bead, and 153,65MPa to 31,96MPa at 2mm of the weld bead.
These results show that in a multiple-layer welding, the higher number of layers and
greater weld volume (35º bevel) contributed to reducing residual stress.

Keywords: residual stress, bevel angle, displacement of coordinated points, naval


sheets, gmaw.

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