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Aula 03

Direitos Humanos p/ OAB 1ª Fase - com videoaulas


Professor: Ricardo Torques
DIREITOS HUMANOS - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

AULA 03
CONVENÇÕES ESPECÍFICAS
(PARTE 01)

SUMÁRIO
1 - Considerações Iniciais ....................................................................................... 2
2 - Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores
Migrantes e dos Membros das suas Famílias.............................................................. 2
2.1 - Introdução................................................................................................. 2
2.2 - Direitos Albergados..................................................................................... 4
2.3 - Mecanismos de Fiscalização ......................................................................... 7
3 - Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes ........................................................................................................10
3.1 - Introdução................................................................................................10
3.2 - Mecanismos de Fiscalização ........................................................................14
3.3 - Protocolo Adicional ....................................................................................16
4 - Convenções sobre o Direito das Crianças ............................................................18
4.1 - Direitos Albergados....................................................................................19
4.2 - Mecanismos de Fiscalização ........................................................................22
4.3 - Protocolos Facultativos ...............................................................................22
5 - Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra Mulher .26
5.1 - Introdução................................................................................................26
5.2 - Direitos Albergados....................................................................................27
5.3 - Mecanismos de Fiscalização ........................................................................33
6 - Lista das Questões de Aula ...............................................................................36
7 - Considerações Finais ........................................................................................41

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CONVENÇÕES ESPECÍF)CAS PARTE


1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje vamos tratar das Convenções Internacionais de Direitos
Humanos. Procuraremos trazer as informações centrais de cada Convenção.
Hoje serão abordados os seguintes diplomas internacionais

Convenção
Internacional Convenção sobre
Convenção contra
sobre a Proteção Eliminação de
a tortura e outros
dos Direitos de Convenção sobre Todas as Formas
tratamentos ou
Todos os os Direitos da de Discriminação
penas cruéis,
Trabalhadores Criança contra a Mulher
desumanos ou
Migrantes e dos
degradantes
Membros das suas
Famílias

Boa aula a todos!

2 - CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE


TODOS OS TRABALHADORES MIGRANTES E DOS MEMBROS DAS SUAS
FAMÍLIAS
2.1 - Introdução
A presente Convenção, editada no ano de 1990 e assinada pelo Brasil, mas
não foi ratificada em nosso direito interno através de decreto. A Convenção
foi elaborada uma vez que havia uma série de acordos bilaterais entre os
países, contudo, muitos deles não respeitavam os direitos das pessoas,
voltando-se geralmente para interesses econômicos dos países envolvidos.
Ademais, o fenômeno da migração tornou-se intenso com a globalização, e
constitui lugar comum na agenda de diversos países. A título de exemplo,
cite-se a massiva imigração de Haitianos no Brasil, que tem gerado enormes
discussões, muitas vezes sem qualquer preocupação com tais pessoas,
expostas a grave vulnerabilidade.
Segundo André de Carvalho Ramos1:
Seu objetivo fundamental foi estabelecer normas para uniformizar princípios
fundamentais relativos ao tratamento dos trabalhadores migrantes e de suas
famílias, por meio de uma proteção internacional adequada, especialmente tendo em
vista sua situação de vulnerabilidade e seu afastamento do Estado de origem.

É importante mencionar, desde o início, que a Convenção se preocupou


tanto com o migrante regular como, e especialmente, com o migrante
irregular, em regra, exposto a condições menos favoráveis, notadamente

1
RAMOS, André de Carvalho. Direitos Humanos. São Paulo: Editora Saraiva, 2014,
versão digital.

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no campo do Direito do Trabalho. Muitas vezes, esses migrantes irregulares
são contratados e submetidos à um labor precário, sem observância das
normas de Direito do Trabalho dada a informalidade. Por conta disso, a
Convenção é clara em exigir dos Estados partes a adoção de medidas para
prevenir e eliminar o trabalho dos migrantes irregulares.
O conceito de trabalhador migrante para a convenção é amplo e está
previsto no art. 2º, 1, da Convenção:
1. A expressão "trabalhador migrante" designa a pessoa que vai exercer, exerce ou
exerceu uma atividade remunerada num Estado de que não é nacional.

O trabalhador migrante e sua família, nos termos do artigo 5º, da


Convenção serão diferenciados em documentados e não-documentados:
NÃO-
DOCUMENTADOS DOCUMENTADOS
são aqueles que estão em
estão em outro país para
outros países e não estiver
exercício de função
de acordo com a lei do País
remunerada conforme
onde se encontra ou em
legislação do Estado e das
desacordo com as
convenções internaiconais
convenções internacionais

Todo o texto convencionado é pautado no princípio da não-


discriminação entre trabalhadores nacionais e trabalhadores
migrantes. Nesse contexto, confere a Convenção especial proteção aos
trabalhadores migrantes não documentados ou que estão em situação
irregular no país, em razão da alta vulnerabilidade a que se encontram.
O artigo 3º da Convenção elenca uma série de pessoas às
quais não se aplica a Convenção:
1. pessoas enviadas por organizações internacionais
ou para realização de funções oficias;
2. pessoas enviadas pelo Estado para programas de desenvolvimento e
de cooperação;
3. pessoas que se instalam em Estados estrangeiros na qualidade de
investidores;
4. refugiados e apátridas, exceto previsão em contrário da legislação
nacional;
5. estudantes e estagiários; e
6. marítimos.
A Convenção diferencia vários tipos de trabalhadores conforme quadro
abaixo:
ESPÉCIE DE PREVISÃO NA
CONCEITO
TRABALHADOR CONVENÇÃO
A pessoa que vai exercer, exerce ou exerceu
Trabalhador
uma atividade remunerada num Estado de que
migrante
não é nacional.

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O trabalhador migrante que mantém a sua Artigo 58
Trabalhador residência habitual num Estado vizinho a que
fronteiriço regressa, em princípio, todos os dias ou, pelo
menos, uma vez por semana.
O trabalhador migrante cuja atividade, pela sua Artigo 59
Trabalhador
natureza, depende de condições sazonais e
Sazonal
somente se realiza durante parte do ano.
Abrange os pescadores, designa o trabalhador
Trabalhador
migrante empregado a bordo de um navio
marítimo
matriculado num Estado de que não é nacional.
Trabalhador O trabalhador migrante empregado numa
numa estrutura estrutura marítima que se encontra sob a
marítima jurisdição de um Estado de que não é nacional.
O trabalhador migrante que, tendo a sua Artigo 60
Trabalhador residência habitual num Estado, tem de viajar
itinerante para outros Estados por períodos curtos, devido
à natureza da sua ocupação.
O trabalhador migrante admitido num Estado de Artigo 61
Trabalhador
emprego por tempo definido para trabalhar
vinculado a um
unicamente num projeto concreto conduzido
projeto
pelo seu empregador nesse Estado
O trabalhador migrante: Artigo 62
enviado pelo seu empregador, por um período
limitado e definido, a um Estado de emprego
para aí realizar uma tarefa ou função específica;
ou
que realize, por um período limitado e definido,
um trabalho que exige competências
Trabalhador com profissionais, comerciais, técnicas ou altamente
emprego especializadas de outra natureza; ou
específico que, a pedido do seu empregador no Estado de
emprego, realize, por um período limitado e
definido, um trabalho de natureza transitória ou
de curta duração; e que deva deixar o Estado de
emprego ao expirar o período autorizado de
residência, ou antecipadamente, caso deixe de
realizar a tarefa ou função específica ou o
trabalho inicial;
O trabalhador migrante que exerce uma Artigo 63
atividade remunerada não submetida a um
contrato de trabalho e que ganha a sua vida por
Trabalhador meio desta atividade, trabalhando normalmente
Autônomo só ou com membros da sua família, assim como
o trabalhador considerado autônomo pela
legislação aplicável do Estado de emprego ou por
acordos bilaterais ou multilaterais.

2.2 - Direitos Albergados


A convenção prevê diversos direitos aos migrantes e
membros de suas famílias. Esses direitos representam
uma proteção mínima conferida a essas pessoas e devem
ser observados em todas as situações. Estudem com afinco quais os direitos
abrangidos pela Convenção, pois é muito comum as provas cobrarem quais
direitos são contemplados no texto e quais não são.

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DIREITOS RECONHECIDOS NA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A


PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE TODOS OS TRABALHADORES MIGRANTES E DOS
MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS2
• direito à vida;
• direito de não ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes;
• direito de não ser constrangido a realizar trabalhos forçados;
• liberdade de pensamento, de consciência e de religião;
• liberdade de expressão;
• vida privada e familiar;
• liberdade e segurança pessoal;
• direito a ser tratado com humanidade, dignidade e respeito à sua identidade
cultural, quando privados de liberdade;
• proibição de medidas de expulsão coletiva;
• proteção e assistência das autoridades diplomáticas e consulares do seu Estado
de origem;
• reconhecimento da sua personalidade jurídica; e
• direito a um tratamento não menos favorável àquele que for concedido aos
nacionais do Estado de emprego em matéria de retribuição.

Vejamos alguns direitos em específico.

Sindicalização
A Convenção prevê expressamente no artigo 23 o dever de os Estados-
parte reconhecerem o direito aos trabalhadores migrantes de
participar das reuniões e atividades dos sindicatos, bem como
poderão inscrever-se em tais organismos e deles solicitar auxílio.
ARTIGO 26
1. Os Estados Partes reconhecerão a todos os trabalhadores migrantes e aos
membros das suas famílias o direito:
a) A participar em reuniões e atividades de sindicatos e outras associações
estabelecidos de acordo com a lei para proteger seus interesses econômicos, sociais,
culturais e outros, sujeito apenas às regras da organização interessada.
b) A inscrever-se livremente nos referidos sindicatos ou associações, sujeito apenas
às regras da organização interessada.
c) A procurar o auxílio e a assistência dos referidos sindicatos e associações;
2. O exercício de tais direitos somente poderá ser objeto das restrições previstas na
lei e que se mostrarem necessárias, numa sociedade democrática, no interesse da
segurança nacional, da ordem pública, ou para proteger os direitos e liberdades de
outrem.

2
Com base em PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional
Internacional, p. 288.

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Direito de Ir e Vir
Os trabalhadores possuem direito de circular livremente no território
no território do Estado de emprego, podendo livremente escolher sua
residência, nos termos do artigo 39.
Esses direitos, em regra, não estarão sujeitos à restrição,
exceto se:
1. necessárias para proteção da segurança nacional;
2. para manter a ordem, saúde ou moral públicas; ou
3. para proteger direitos e liberdade de outrem.

Direitos Políticos
Conforme o artigo 43, 3, da Convenção, aos empregados migrantes
poderão gozar de direitos políticos dentro do Estado onde exercem o
emprego, desde que o ordenamento interno desse Estado assim o
preveja.

Serviços Públicos
Em relação aos serviços públicos, conforme dispõe o artigo 43 da
Convenção, serão assegurados aos trabalhadores migrantes iguais
direitos assegurados aos nacionais, com destaque.

•instituições e seviços educativos;


•serviços de orientação profissional e de colocação no
mercado de trabalho;
SERVIÇOS PÚBLICOS •instituições de formação e aperfeiçoamento profissional;
ASSEGURADOS •acesso à habitação;
•serviços sociais de saúde;
•acesso às cooperativas e às empresas em autogestão;
•acesso à participação na vida cultural.

)gual tratamento tributário e vedação ao bis in idem


Vejamos inicialmente o que dispõe o artigo 47 e 48 da Convenção:
ARTIGO 47
1. Os trabalhadores migrantes terão o direito de transferir seus ganhos e
economias, em particular as quantias necessárias ao sustento das suas famílias, do
Estado de emprego para o seu Estado de origem ou outro Estado. A
transferência será efetuada segundo os procedimentos estabelecidos pela legislação
aplicável do Estado interessado e de harmonia com os acordos internacionais
aplicáveis.
2. Os Estados interessados adotarão as medidas adequadas a facilitar tais
transferências.
ARTIGO 48
1. Em matéria de rendimentos do trabalho auferidos no Estado de emprego, e sem
prejuízo dos acordos sobre dupla tributação aplicáveis, os trabalhadores
migrantes e os membros das suas famílias:

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a) Não ficarão sujeitos a impostos, contribuições ou encargos de qualquer
natureza mais elevados ou mais onerosos que os exigidos aos nacionais que se
encontrem em situação idêntica;
b) Beneficiarão de reduções ou isenções de impostos de qualquer natureza,
bem como de desagravamento fiscal, incluindo deduções por encargos de família.
2. Os Estados Partes procurarão adotar medidas adequadas a fim de evitar a dupla
tributação dos rendimentos e das economias dos trabalhadores migrantes e dos
membros das suas famílias.

Esse dispositivo consagra o que a doutrina denomina de


vedação ao bis in idem. Vale dizer, em relação aos
rendimentos decorrentes da prestação pessoal de serviços
o empregado, a depender da legislação do país, será tributado. Como o
trabalhador migrante, em regra exerce suas atividades num país, lá
auferindo seus rendimentos e os usa ou destina ao país de sua
nacionalidade, prevê o texto da Convenção, que esse trabalhador não será
tributado duas vezes caso destine o seu dinheiro ao Estado de origem.
Além disso, não poderão ser criadas regras tributárias distintas para
empregados nacionais e trabalhadores migrantes, fazendo jus, inclusive, às
regras de reduções ou isenções de impostos previstas aos nacionais.

Igualdade de tratamento contra demissão


De acordo com o artigo 54 da Convenção, os trabalhadores migrantes
gozarão de igualdade de tratamento em relação aos trabalhadores
nacionais do Estado de emprego no que atine à proteção contra a
demissão, bem como seguro-desemprego e eventuais programas e
empregos alternativos nos casos deperda de emprego.
Por fim, vejamos importante regra contida no item 2 do referido artigo:
2. No caso de um trabalhador migrante alegar a violação das condições do seu
contrato de trabalho pelo seu empregador, este terá o direito de apresentar o seu
caso às autoridades competentes do Estado de emprego, nos termos do disposto no
parágrafo 1 do artigo 18 da presente Convenção.

Portanto, de acordo com esse dispositivo resta assegurado ao trabalhador


migrante o acesso aos meios institucionais do Estado de emprego, caso haja
violação às regras do seu contrato de trabalho.

2.3 - Mecanismos de Fiscalização


Para implementação dos direitos assegurados na
Convenção foi criado o Comitê para a proteção dos
Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e dos
membros de suas Famílias. Esse Comitê será composto por 14 peritos,
eleitos para o período de 4 anos e deverão possuir autoridade moral,
imparcialidade e reconhecida competência na área de atuação na
Convenção. Esses membros serão indicados e eleitos pelos Estados-parte,
porém exercerão suas atividades a título pessoal, não como representantes
do país da nacionalidade.

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A Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os
Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias, prevê o
mecanismo de relatórios para a implementação de seus direitos. Esses
relatórios, enviados a cada cinco anos e sempre que o Comitê
solicitar, devem indicar os fatores e dificuldades de implementação dos
direitos assegurados na Convenção.
Além dos relatórios, prevê o texto da Convenção as denominadas
comunicações interestatais. Contudo, como regra de procedibilidade de
tais comunicações é necessário, assim como ocorre em relação às demais
Convenção, a necessidade de declaração do Estado-parte aceitando a
submissão às comunicações interestatais.
Vejamos como o assunto foi exigido em provas:

Questão - OAB/FGV - XVI Exame de Ordem - 2015


Em setembro de 2014, na cidade de São Paulo, foi inaugurado o Centro de
Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI), que é o primeiro do país e
tem como objetivo oferecer a estrutura de uma casa de passagem e auxiliar
os imigrantes na adaptação à vida na capital paulista, além de dar condições
para a autonomia de tais imigrantes. Do ponto de vista dos Direitos
Humanos, essa situação é regulada pela Convenção Internacional sobre a
Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros
das suas Famílias, adotada pela ONU em dezembro de 1990 e em vigor
desde julho de 2003.
Em relação ao posicionamento do Estado brasileiro perante essa
Convenção, assinale a afirmativa correta
a) A Convenção não foi ratificada pelo Brasil e, por isso, suas normas não
produzem efeito jurídico em território brasileiro.
b) A Convenção foi ratificada pelo Brasil e, por isso, suas normas podem
ser juridicamente exigidas.
c) A Convenção foi ratificada pelo Brasil, mas não foi regulamentada. Por
isso, suas normas possuem efeito contido no território brasileiro.
d) A Convenção não foi ratificada pelo Brasil, mas suas normas produzem
pleno efeito jurídico, uma vez que as normas de Direitos Humanos não
dependem de ratificação para vigorar em território brasileiro.
Comentários
Como dissemos logo no início da aula. A Convenção Internacional sobre a
Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros
das suas Famílias não foi ratificada pelo Brasil.
O ato de ratificação é o que torna a Convenção Internacional aplicável em
nosso país. Esse ato requer manifestação do Poder Executivo e aprovação
pelo Poder Legislativo.
Assim, como a referida Convenção não foi ratificada pelo Brasil, a
alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

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Questão – CESPE/DPE-RO – Defensor Público – 2012


A Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os
Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias
a) não se aplica aos estrangeiros que se instalem, na qualidade de
investidores, em um Estado-parte.
b) não faz qualquer distinção entre os trabalhadores migrantes
documentados e os não documentados.
c) não admite restrição alguma à saída do trabalhador estrangeiro do
Estado-parte para o qual migrou.
d) dispõe que apenas as autoridades públicas do Estado-parte podem, na
forma da legislação nacional, apreender e destruir documentos de
identidade, inclusive passaporte, documentos de autorização de entrada,
permanência, residência ou de estabelecimento no território nacional, ou,
ainda, documentos relativos à autorização de trabalho, devendo, em
qualquer caso, emitir recibo da apreensão ou certidão da destruição do
documento.
e) protege todos os migrantes, inclusive os estudantes estagiários, que
exerçam alguma atividade remunerada sob a orientação, direção ou
supervisão de outrem.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, de acordo com o
art. 3º, inciso c.
A presente Convenção NÃO se aplicará:
c) Às pessoas que se instalam num Estado diferente do seu Estado de
origem na qualidade de investidores;
A alternativa B está incorreta, pois, conforme dito anteriormente, a
Convenção não só faz distinção entre trabalhadores migrantes
documentados e não-documentados como trata o tema em partes distintas.
A alternativa C está incorreta, tendo em vista que o direito de sair do país
encontra restrições nas disposições necessárias para proteger a segurança
nacional, a ordem pública, a saúde ou moral públicas, ou os direitos e
liberdades de outrem, e se mostrem compatíveis com os outros direitos
reconhecidos na Convenção.
A alternativa D está incorreta, pois tais documentos não podem ser
destruídos, vejamos o art. 21.
ARTIGO 21
NINGUÉM, exceto os funcionários públicos devidamente autorizados por
lei para este efeito, terão o direito de apreender, destruir ou tentar
destruir documentos de identidade, documentos de autorização de
entrada, permanência, residência ou de estabelecimento no território
nacional, ou documentos relativos à autorização de trabalho. Se for
autorizada a apreensão e perda desses documentos, será emitido um recibo
pormenorizado. Em caso algum é permitido a destruição do passaporte ou
documento equivalente de um trabalhador migrante ou de um membro da
sua família.

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A alternativa E está incorreta, pois a presente convenção não se aplica
aos estudantes e estagiários, de acordo com o art. 3º, e.

3 - CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU


PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES
3.1 - Introdução
A Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes – primeiro documento internacional do Sistema
Global Específico – é um dos principais diplomas de proteção aos Direitos
Humanos. Adotada pela Resolução 1984 pela Assembleia da ONU, foi
ratificada pelo Brasil em 1989.
Dentre as diversas formas de serem violados os direitos humanos, a tortura
é a que mais causa aversão à comunidade internacional.
Historicamente, vários são os pensadores antigos que refletiram a
impossibilidade do crime de tortura. No Digesto de Justiniano, no século VI,
questionava-se a respeito da credibilidade de informações obtidas mediante
tortura. No Século XVIII Cesare Beccaria lecionou: “a tortura não é
condenável apenas porque é desumana, mas porque é ineficiente e
estúpida”3. Já no século XVIII e XIX a tortura foi abolida dos códigos penais
europeus.

HISTÓRICO DA CRÍTICA À TORTURA

Abolição da prática dos


Digesto Justiniano (séc. Cesare Beccaria (séc.
Códigos Penais Europeu
VI) XVIII)
(séc. XVIII e XIX)

Iniciaremos o estudo da Convenção pelo próprio nome: Convenção contra


a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradante.
Embora a tortura seja uma conduta cruel, desumana e degradante,
percebe-se que a proteção pugnada pela Convenção é para além da tortura,
abrangendo também atos considerados Cruéis, Desumanos e Degradantes,
pelo cotejo do artigo 1º com o artigo 16 da Convenção. Vejamos, portanto,
cada uma das definições.
O artigo 1º, 1, da Convenção define amplamente o que se entende por
tortura, nos seguintes termos:
1. Para os fins da presente Convenção, o termo tortura significa qualquer ato por
meio do qual uma dor ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são
intencionalmente causados a uma pessoa com os fins de, nomeadamente, obter dela
ou de uma terceira pessoa informações ou confissões, a punir por um ato que ela ou
uma terceira pessoa cometeu ou se suspeita que tenha cometido, intimidar ou
pressionar essa ou uma terceira pessoa, ou por qualquer outro motivo baseado numa
forma de discriminação, desde que essa dor ou esses sofrimentos sejam infligidos
por um agente público ou qualquer outra pessoa agindo a título oficial, a sua

3
ALVES, José Augusto Lindgren. A Arquitetura Internacional dos Direitos Humanos.
São Paulo: Editora FTD, 1997, p. 135.

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instigação ou com o seu consentimento expresso ou tácito. Este termo não
compreende a dor ou os sofrimentos resultantes unicamente de sanções legítimas,
inerentes a essas sanções ou por elas ocasionados.

Deste amplo conceito, Flávia Piovesan4 extrai três elementos essenciais:


1. a imposição deliberada de dor e sofrimento físicos ou mentais a
alguém;
2. a prática do ato com o objetivo de obter informações ou confissões,
aplicação de castigos, intimidação ou coação; e
3. o vínculo direito ou indireto do agente com o Estado.

inflição de dor ou sofrimento


físico ou mental

praticado com a finalidade de CONCEITO


obter informações, castigar ou DE
intimidar TORTURA

vinculação ao menos indireta do


agente com o Estado

A tortura é um ato considerado crime contra a ordem internacional na


medida em que revela a perversidade dos atos estatais em praticar atos
atentatórios à dignidade da pessoa.
O tema é tão sensível que a doutrina internacional
majoritária, a exemplo de Norberto Bobbio, defende
que a vedação à tortura é um direito humano
absoluto, que não pode ser relativizado, nem mesmo em caso de guerra
ou instabilidade interna. A vedação à tortura constitui, portanto, conforme
estudamos nas aulas iniciais, uma exceção à característica da
universalidade dos direitos humanos.
Embora na prática os termos “desumano, cruel e degradante” sejam
tomados como sinônimos, a doutrina diferencia o tratamento cruel do
tratamento degradante.
1. Os Estados partes comprometem-se a proibir, em todo o território sob a sua
jurisdição, quaisquer outros atos que constituam penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes e não sejam atos de tortura, tal como é definida no artigo
1.º, sempre que tais atos sejam cometidos por um agente público ou qualquer outra
pessoa agindo a título oficial, a sua instigação ou com o seu consentimento expresso
ou tácito. Nomeadamente, as obrigações previstas nos artigos 10.º, 11.º, 12.º e 13.º
deverão ser aplicadas substituindo a referência a tortura pela referência a outras
formas de penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes.

4
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p.
277.

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Tratamento cruel abrange atos que intensificam
desnecessariamente o sofrimento da vítima em
razão de atos brutais para além do normal do
agente. Já por tratamento degradante compreendem-se os atos
praticados com o intuito de diminuir, de humilhar a pessoa.
Questão - OAB/FGV - XIII Exame de Ordem – 2014
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foi responsabilizada por
fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Ministério Público
do Trabalho (MPT) pela submissão de 179 trabalhadores a condições
análogas às de escravos, em Belo Horizonte. Esse fato gravíssimo
comprova, na prática, violação de um princípio crucial acerca dos Direitos
Humanos.
Assinale a opção que expressa esse princípio.
a) O princípio do relativismo cultural determina que o trabalho forçado seja
combatido apenas nos países onde a legislação defina tal conduta como
ilícita.
b) O princípio da razoabilidade, pois não é razoável que pessoas sejam
submetidas ao trabalho na condição análoga à de escravo.
c) O princípio do direito humanitário, pois o trabalho na condição análoga à
de escravo é desumano.
d) O princípio da indivisibilidade dos direitos humanos, pois o trabalho na
condição análoga à de escravo viola a um só tempo os direitos civis e
políticos e os direitos econômicos e sociais.
Comentários
Como vimos em aula, manter uma pessoa em condição análoga de escravo
é um ato desumano, que viola o Direito Humanitário. Esse princípio foi visto
até agora ao longo de todo o curso e em especial ao estudarmos a
Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes.
Desde modo, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.
Gabarito D
Uma importante regra prevista na Convenção é a de que tortura é crime
extraditável em qualquer tratado de extradição. Melhor explicando:
costumeiramente países firmam acordos bilaterais definindo as hipóteses e
circunstâncias em que determinado estrangeiro será extraditado ao país de
origem para responder por seus crimes. Para a Convenção, ainda que não
exista tratado bilateral prevendo a possibilidade de extradição do agente
causador da tortura, o texto convencionado será considerado como base
legal suficiente a fundamentar o decreto de extradição.
Além disso, ainda a respeito da extradição, há outra regra prevendo que
um Estado não deverá extraditar, expulsar ou devolver uma pessoa
para outro Estado se houver razões para acreditar que esta será
submetida a tortura. Ou seja, ainda que o crime supostamente praticado
pela pessoa no seu país de origem esteja dentro do rol dos crimes
extraditáveis (de acordo com os acordos internacionais), se houver suspeita

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de que o acusado possa sofrer tortura em seu país de origem não será
permitida a extradição.

•Não precisa de acordo bilateral.


EXTRADIÇÃO •Não pode se houver risco de tortura no país de
origem.

Os artigos 2º e 4º da Convenção determinam e orientam a obrigação dos


Estados-parte de adotar medidas eficazes, de caráter legislativo,
administrativo, judicial e de outra natureza para punir o crime de tortura,
que deverá ser tipificado na legislação penal, com penas adequadas que
levem em conta a sua gravidade.
Os artigos 5º ao 8º estabelecem a denominada
jurisdição compulsória e universal para os indivíduos
suspeitos de terem praticado tortura. Denomina-se
compulsória a jurisdição porque os Estados-parte
estão obrigados a punir os torturados, independentemente do
território onde a violação tenha ocorrido e independentemente da
nacionalidade do autor da tortura e da vítima de tortura.
Fala-se, também, em jurisdição universal, na qual o acusado de praticar
a tortura deverá ser processado no país onde se encontra ou deverá
ser extraditado para o país de origem, independentemente de haver
acordo prévio bilateral sobre a extradição, para responder pelo crime
violador de direitos humanos.
Como se vê pelas regras acima esposadas, bem como pelo que prevê o
artigo 9º do texto convencionado, as relações entre países, no que tange à
temática da tortura são regidas pelo princípio da cooperação
internacional, nos seguintes termos:
1. Os Estados partes comprometem-se a prestar toda a colaboração possível em
qualquer processo criminal relativo às infracções previstas no artigo 4.º, incluindo a
transmissão de todos os elementos de prova de que disponham necessários ao
processo.

Outra importante previsão no texto da Convenção diz respeito ao


compromisso que os Estados-parte assumem de incorporar o ensino e
informar sobre a proibição da tortura, às pessoas que executam
atividades na área de segurança pública, a exemplo de policiais,
agentes penitenciários e investigadores. Além disso, pelo que se depreende
do artigo 11 da Convenção, os Estados-parte assumem o compromisso de
periodicamente revisar e alterar a legislação interna para fins de
observância das vedações constantes da Convenção, em especial no que
tange aos métodos e práticas de interrogatórios, bem como quando aos
locais e condições custódia de pessoas presas, a fim de coibir qualquer
possibilidade de tortura.
Por fim, o conjunto dos artigos 12 a 15 da Convenção estabelece, em
síntese, a obrigação dos Estados investigar com rigor e efetividade,

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quaisquer denúncias que lhes sejam submetidas quanto à prática de
tortura, assegurando aos denunciantes e às testemunhas proteção contra
maus-tratos ou intimidação.
Vejamos o artigo 14, em específico:
Artigo 14.º
1. Os Estados partes deverão providenciar para que o seu sistema jurídico garanta à
vítima de um ato de tortura o direito de obter uma reparação e de ser indenizada em
termos adequados, incluindo os meios necessários à sua completa reabilitação. Em
caso de morte da vítima como consequência de um ato de tortura, a indemnização
reverterá a favor dos seus herdeiros.
2. O presente artigo NÃO exclui qualquer direito a indenização que a vítima ou outra
pessoa possam ter por força das leis nacionais.

Depreende-se que os Estados-parte se comprometem a


criar mecanismos adequados de reparação àqueles
que sofreram tortura e tratamento ou penais cruéis,
desumanas ou degradantes. Além disso, essa
indenização específica para aqueles que sofrem a tortura não se confunde
com a indenização civil usual prevista na legislação interna por atos ou
omissões estatais.

•A Convenção abrange a proteção à tortura, bem


como aos tratamentos ou penas cruéis, desumanas
ou degradantes;
•O responsável pela tortura deverá ser extraditado,
independentemente de haver acordos bilaterais
prevendo ou não prevendo a extradição em caso de
tortura (a Convenção serve de fundamento);
•Não será permitida a extradição de estrangeiro que
CONVENÇÃO seja acusado por crime ainda que extraditários de
CONTRA A acordo com acordos bilterais firmados, caso haja
TORTURA suspeita de que no país de origem poderá ser
(PRINCIPAIS submetido à tortura.
INFORMAÇÕES):
•A vedação à tortura é de jurisdição compulsória e
universal, na medida em que os Estados são
obrigados a punir os torturados independentemente
do território ou da nacional do autor ou vítima, bem
como pelo fato de que deverá ser extraditado
independentemente de haver acordo bilateral; e
•A vedação à tortura é regida pelo princípio da
cooperação internacional;

3.2 - Mecanismos de Fiscalização


No que tange aos mecanismos de fiscalização, a Convenção contra a Tortura
e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes cria o
Comitê contra Tortura, que será composto por 10 peritos, que atuarão
em nome próprio e serão eleitos em votação secreta para um mandato de
4 anos.

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O Comitê será responsável pelo processamento dos
mecanismos de fiscalização previstos na Convenção,
quais sejam: relatórios, petições individuais,
comunicações interestatais e investigação de
ofício.

artigo 19 •relatórios

artigo 21 •comunicações interestatais

artigo 22 •petições individuais

Os relatórios, petições individuais e comunicações interestatais são


exercidos nos mesmos termos que estudamos nas Convenções anteriores,
de modo que é desnecessário tecer novamente explicação quanto a cada
um desses mecanismos. Para tanto, sugere-se apenas leitura atenta aos
dispositivos listados ao lado.
As investigações de ofício, por sua vez, vêm disciplinadas no artigo 20
da Convenção nos seguintes termos:
Artigo 20 - 1. O Comitê, no caso de vir a receber informações fidedignas que lhe
pareçam indicar, de forma fundamentada, que a tortura é praticada
sistematicamente no território de um Estado-parte, convidará o Estado-parte em
questão a cooperar no exame das informações e, nesse sentido, a transmitir ao
Comitê as observações que julgar pertinentes.
2. Levando em consideração todas as observações que houver apresentado o Estado-
parte interessado, bem como quaisquer outras informações pertinentes de que
dispuser, o Comitê poderá, se lhe parecer justificável, designar um ou vários de seus
membros para que procedam a uma investigação confidencial e informem
urgentemente o Comitê.
3. No caso de realizar-se uma investigação nos termos do parágrafo 2º do presente
artigo, o Comitê procurará obter a colaboração do Estado-parte interessado. Com a
concordância do Estado-parte em questão, a investigação poderá incluir uma visita
a seu território.
4. Depois de haver examinado as conclusões apresentadas por um ou vários de seus
membros, nos termos do parágrafo 2º do presente artigo, o Comitê as transmitirá
ao Estado-parte interessado, junto com as observações ou sugestões que considerar
pertinentes com vista da situação.
5. Todos os trabalhos do Comitê a que se faz referência nos parágrafos 1º ao 4º do
presente artigo serão confidenciais e, em todas as etapas dos referidos trabalhos,
procurar-se-á obter a cooperação do Estado-parte. Quando estiverem concluídos os
trabalhos relacionados com uma investigação realizada de acordo com o parágrafo
2º, o Comitê poderá, após celebrar consultas com o Estado-parte interessado, tomar
a decisão de incluir um resumo dos resultados da investigação em seu relatório anual,
que apresentará em conformidade com o artigo 24.

Diante de informações dando conta de fortes indícios da prática sistemática


de tortura por algum dos Estados-parte, inicialmente, o Comitê convidará
o Estado-parte a examinar as informações com base no princípio da
cooperação.

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Contudo, se as informações prestadas no entender do Comitê não forem
suficientes poderá o Comitê designar membros para que procedam a
uma investigação confidencial e em caráter de urgência, para
verificar se procedem as denúncias. A visita, contudo, ao território do
Estado-parte pelos membros da comissão somente poderá ocorrer
mediante autorização do Estado investigado.
As conclusões Comissão serão objeto de análise do Comitê, que repassará
tais informações, bem como observações sugestões, ao Estado investigado.
Essas informações, por fim, poderão constar do relatório anual do Comitê,
que será apresentado à Assembleia Geral da ONU.

INVESTIGAÇÕES DE OFÍCIO

•1º) havendo denúncias deverá o Comitê cooperativamente com o Estado acusado


chegar a uma solução;
•2º) Em não havendo acordo, o Comitê poderá designar Comissão para investigar a
situação (a visita ao país acusado, depende de autorização deste);
•3º) As conclusões da comissão serão repassadas ao Comitê, que analisará e tecerá
suas observações;
•4º) Essas informações serão repassadas ao Estado investigado para reparação à
violação, se necessário; e
•5º) As conclusões e deslinde da situação constarão do relatório anual da Comissão
que vai à Assembleia Geral da ONU.

Para finalizar, cumpre observar que toda a atuação do Comitê contra


Tortura no que diz respeito aos mecanismos de fiscalização constituem
observações e sugestões que serão encaminhadas aos países que violarem
o conteúdo da Convenção. Não há propriamente algo que garanta
juridicidade ou vinculação dos Estados-parte violadores. O único
instrumento que poderá implicar em pressão moral e política ao Estado
violador constitui o que a doutrina de Flávia Piovesan denomina de “power
os shame” ou “power of embarassment”. Consiste no fato de que as
recomendações e as reparações (ou não reparações) constarão do relatório
anual do Comitê, que será encaminhado à Assembleia Geral da ONU,
constituindo uma exposição negativa do signatário perante a comunidade
internacional.

3.3 - Protocolo Adicional


Em 2002, a ONU adotou o Protocolo Adicional à Convenção contra a Tortura
e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que
foi assinado pelo Brasil, aprovado pelo Congresso Nacional pelo decreto
legislativo 483/2006, ratificado e depositado internacionalmente pelo
Presidente da República, que o promulgou internamente por intermédio do
decreto 6.085/2007.
De acordo com o artigo 1º, o objetivo do Protocolo Adicional é estabelecer
um sistema de visitas regulares efetuadas por órgãos nacionais e
internacionais independentes a lugares onde pessoas são privadas
de sua liberdade, com a intenção de prevenir a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. Ou seja,

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trata-se de um mecanismo preventivo e específico de fiscalização e
implementação das regras defendidas na Convenção, que será
operacionalizada pelo Subcomitê de Prevenção da Tortura e outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. O Subcomitê,
disciplinado no artigo 2º do Protocolo Adicional, será composto por 10
membros, que deverão possuir conhecimentos na área de administração da
justiça, em particular o direito penal e a administração penitenciária ou
policial, ou nos vários campos relevantes para o tratamento de pessoas
privadas de liberdade (artigo 5º). Esses membros, escolhidos em votação
secreta, cumprirão mandato de 4 anos (artigo 9º).
Os países que aderirem ao Protocolo devem permitir, nos termos do artigo
4º, que o Subcomitê, por intermédio de sua equipe, realize visita nos locais
em que hajam pessoas custodiadas por força de ordem pública.
No exercício de suas competências – arroladas no artigo 11 do Protocolo
Adicional – o Subcomitê poderá fazer recomendações e observações,
relatórios redigidos em conjunto com os Estados-parte, bem como um
relatório anual que será encaminhado ao Comitê contra a Tortura.
Para além da atuação preventiva do Subcomitê, a partir do artigo 17, o
Protocolo Adicional passa a tratar do dever dos Estados-parte constituírem
mecanismos preventivos nacionais para a prevenção da tortura em nível
doméstico, por intermédio de unidades descentralizadas.
Essas seriam as noções gerais acerca do Protocolo Facultativo.
Questão - OAB/FGV - XV Exame de Ordem - 2014
Como forma de evitar a ocorrência de violação de Direitos Humanos em
estabelecimentos prisionais, o Brasil ratificou, em 2007, o Protocolo
Facultativo à Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes. Tal protocolo estabelece que cada
Estado-Parte deverá designar ou manter, em nível doméstico, um ou mais
mecanismos preventivos nacionais. Por meio da Lei nº 12.847/13, o Brasil
pretendeu atender à exigência do Protocolo, ao criar o Mecanismo Nacional
de Prevenção e Combate à Tortura.
Quanto ao meio proposto tanto pelo Protocolo quanto pela Lei para alcançar
a finalidade almejada, assinale a afirmativa correta.
a) Sistema de visitas regulares de seus membros
b) Mutirões judiciais.
c)Medidas legislativas de parlamentares que integrem o Mecanismo.
d) Criação e fortalecimento de defensorias públicas.
Comentários
O Protocolo Adicional à Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou
penas cruéis, desumanos ou degradantes estabelece um sistema de visitas
regulares efetuadas por órgãos nacionais e internacionais independentes a
lugares onde pessoas são privadas de sua liberdade, com a intenção de
prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
degradantes.

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Assim, a alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

4 - CONVENÇÕES SOBRE O DIREITO DAS CRIANÇAS


A Convenção sobre o Direito das Crianças foi editada pela ONU e assinada
pelo Brasil, em 1989. Foi aprovada pelo Congresso Nacional através do
decreto legislativo 28/1990. Após depósito e ratificação, o Presidente da
República, por meio do Decreto 99.710/1990, promulgou internamente o
texto da Convenção.
A Convenção considera como premissa o fato de que as crianças necessitam
de cuidados e assistência especiais ao longo da infância, em razão da
imaturidade física e mental.
A Convenção tem como objetivo incentivar a comunidade internacional a
implementar o desenvolvimento pleno e harmônico da personalidade
das crianças, privilegiando o crescimento e desenvolvimento da
criança em ambiente familiar. Além disso, a Convenção estabelece
parâmetros de orientação e atuação política de seus Estados-partes para a
consecução dos princípios nela estabelecidos, visando ao desenvolvimento
individual e social saudável da infância, tendo em vista ser este período
basilar da formação do caráter e da personalidade humana.
O texto a Convenção no artigo 1º conceitua como criança
todas as pessoas menores de 18 anos, respeitando
eventuais regramentos internos que permitem a
maioridade antes.
A Convenção sobre os Direitos das Crianças não traz qualquer distinção
entre criança e adolescente, tal como o ECA, que considera como criança
a pessoa menor de 14 anos e, entre 14 anos e 18 anos incompletos, como
adolescentes. Logo, toda vez o que texto estiver mencionando criança,
devem pensar tanto nas crianças propriamente, como nos adolescentes
menores de 18 anos.
A partir do artigo 2º, a Convenção passa a tratar dos direitos humanos das
crianças, destacando o direito à vida (artigo 6º), à integridade física e
moral (artigo 19), à privacidade e à honra (artigo16), à imagem, à
igualdade, à liberdade (artigo 37), ao direito de expressão (artigos.
12 e 13), de manifestação de pensamento (artigo 14), entre outros.
Toda a regrativa da Convenção é orientada, segundo o artigo 3º, por dois
princípios basilares:

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PRINCÍPIOS
BASILARES

princípio do
princípio da maior
proteção interesse da
criança

Como reforço a esses diversos direitos, prevê o texto convencionado que


os Estados-parte deverão tomar todas as medidas administrativas e
legislativas para a implementação dos direitos reconhecidos.
No que tange aos direitos sociais, econômicos e culturais faz uma ressalva:
a implementação desses direitos (de segunda dimensão) será progressiva,
guardando referência com o que estudamos no Pacto Internacional dos
Direitos Sociais, Econômicos e Culturais.
Artigo 4
Os Estados Partes adotarão todas as medidas administrativas, legislativas e de outra
índole com vistas à implementação dos direitos reconhecidos na presente Convenção.
Com relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, os Estados Partes adotarão
essas medidas utilizando ao máximo os recursos disponíveis e, quando necessário,
dentro de um quadro de cooperação internacional.

4.1 - Direitos Albergados


Os direitos contemplados pela Convenção deverão ser
estudados com cuidado, como dito anteriormente, é
muito comum a cobrança em provas de quais são os
direitos abrangidos e quais não constam do texto convencional.

DIREITOS RECONHECIDOS NA CONVENÇÃO DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS

• não-discriminação seja pela condição de criança, seja em razão do sexo, etnia,


condição social etc.;
• direito à vida;
• garantia à máxima sobrevivência e desenvolvimento;
• direito ao imediato registro;
• desde o momento que nasce, direito:
o a um nome;
o a uma nacionalidade;
o a conhecer seus pais; e
o de ser cuidada pelos pais.
• direito à preservação da imagem;
• direito à convivência familiar;
• liberdade de manifestação;

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• ampla defesa e contraditório;


• liberdade de expressão;
• liberdade de pensamento, de crença e consciência;
• liberdade de associação;
• direito à informação;
• proteção especial às crianças portadoras de necessidades especiais;
• direito à saúde;
• previdência social;
• direito à educação; e
• direito ao lazer.

Deste extenso rol de direitos prescritos ao longo da Convenção vamos tratar


dos mais importantes para a sua prova.

Direito à vida
O tratamento do direito à vida não se restringe somente à sobrevivência,
mas ao seu adequado desenvolvimento. Assim, todo tratamento
dispensado às crianças deve observar a sua condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento, o que implica
a criação de direitos especiais e de medidas protetivas.
Além disso, decorre do direito à vida:
 direito ao imediato registro;
 desde o momento que nasce, direito:
o a um nome;
o a uma nacionalidade;
o a conhecer seus pais; e
o de ser cuidada pelos pais.
Além disso, derivado do direito á vida está o direito à preservação da
identidade da criança, como preceituado pelo artigo 8º. Do artigo 9º extrai-
se a previsão do direito à convivência familiar. De acordo com esse
direito, deve-se priorizar a manutenção da criança junto à família dos
pais. Em não sendo possível, secundariamente, deve-se privilegiar o que a
Convenção denomina de família ampliada, que alberga os familiares dos
genitores (avós, tios, etc). Por fim, se não for possível a permanência da
criança junto à família biológica ou extensa, deve priorizar a colocação da
criança sob a modalidade de adoção.
Artigo 9
1. Os Estados Partes deverão zelar para que a criança não seja separada dos pais
contra a vontade dos mesmos, exceto quando, sujeita à revisão judicial, as
autoridades competentes determinarem, em conformidade com a lei e os
procedimentos legais cabíveis, que tal separação é necessária ao interesse maior da
criança. Tal determinação pode ser necessária em casos específicos, por exemplo,
nos casos em que a criança sofre maus tratos ou descuido por parte de seus pais ou

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quando estes vivem separados e uma decisão deve ser tomada a respeito do local
da residência da criança.

Liberdades
Quanto aos direitos relacionados à liberdade, a Convenção é exaustiva no
sentido de assegurar diversos direitos como a liberdade expressão, que
poderá ser restringida, nos termos do artigo 13, 2, quando afetar direitos
de terceiros ou por motivos de segurança nacional, ordem pública ou
proteção e á moral pública.
Assegura-se também a liberdade de pensamento, de crença e
consciência, devendo ser respeitados os direitos e deveres dos pais, na
qualidade de representantes das crianças, que lhes proporcionarão ampla
liberdade de pensamento, crença e consciência de acordo com a evolução
de sua capacidade. Relacionado a esse direito está também a liberdade de
professar a própria religião ou as próprias crenças.
A convenção, já no artigo 15, assegura, inclusive, a liberdade de
associação, possibilitando-se às crianças a realização de reuniões
pacíficas, com as restrições em regra impostas às demais pessoas ou grupo
de pessoas.

•de expressão
•de pensamento
•de crença
LIBERDADES:
•de consciência
•de professar a própria religião
•de associação

Direito à educação
Cumpre destacar desse direito previsto no artigo 28 da Convenção a
previsão de que o ensino primário deverá ser obrigatório e gratuito.
O ensino secundário, por sua vez, deverá ser estimulado, inclusive na
modalidade profissionalizante, com vistas à colocação no mercado de
trabalho. Quanto ao ensino superior, deverão os Estados-parte torná-lo,
na medida do possível, acessível a todos.
Assim:
ENSINO PRIMÁRIO ENSINO SECUNDÁRIO ENSINO SUPERIOR
•obrigatório •estimulado •acessível a todos
•gratuito •modalidades geral e progressivamente
profissionalizante

Direitos Trabalhistas
De acordo com o artigo 32 da Convenção, as crianças devem ser protegias
nas relações de trabalho perigosas, insalubres ou que possam
interferir em sua educação. Para tanto, os Estados-parte deverão

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estabelecer limites mínimos para admissão em determinados empregos;
fixar regras apropriadas dos horários e condições de emprego; e
estabelecer penalidades e sanções para quem violar os dispositivos de
proteção ao trabalho do menor.
PROTEÇÃO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO estabelecer limites mínimos para
PERIGOSAS, INSALUBRES OU admissão em determinados
PREJUDICIAIS À EDUÇÃO. empregos;

fixar regras apropriadas dos


Para tanto deverão os Estados-parte: horários e condições de
empregado; e

estabelecer penalidades e sanções


para quem violar os dipositivos de
proteção ao trabalho do menor.

4.2 - Mecanismos de Fiscalização


No que diz respeito aos mecanismos de fiscalização, a
Convenção criou o Comitê para os Direitos da Criança,
que será constituído por 10 especialistas, que serão
eleitos pelos Estados-parte, porém exercerão suas funções a título
pessoal. Esses peritos serão eleitos para um mandato de 4 anos.
O Comitê atuará na implementação dos direitos assegurados às crianças.
Ao contrário das demais convenções, a Convenção sobre as Crianças prevê
apenas o mecanismo de relatórios. Os Estados-parte signatários dos
tratados deverão a cada 5 anos, e sempre que solicitados pelo Comitê,
indicar as circunstâncias e dificuldades no cumprimento das regras da
presente Convenção.
Caso entenda necessárias informações complementares, o Comitê poderá
solicitá-las aos Estados-parte.
Por fim, importante registrar que o Comitê, a cada 2 anos, submeterá à
Assembleia-Geral das Nações Unidas relatórios informando acerca do
cumprimento das disposições constantes da Convenção pelos Estados que
assinaram o tratado.

4.3 - Protocolos Facultativos


Adicionalmente à Convenção sobre as Crianças a Assembleia-Geral da ONU
adotou dois protocolos facultativos assinados em 2000. Ao contrário do
que usualmente são estabelecidos nos Protocolos Facultativos, esses
protocolos não ampliaram os mecanismos de implementação dos
direitos.
O primeiro é o Protocolo Facultativo sobre a Venda de Crianças,
Prostituição e Pornografia Infantis. Já o segundo é o Protocolo
Facultativo sobre o Envolvimento de Crianças Conflitos Armados.

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Não vamos tratar desses protocolos, uma vez que eles especificam direitos
assegurados na Convenção sobre as Crianças, objetivando a proteção
específica a determinadas situações.

PROTOCOLO FACULTATIVO
SOBRE A VENDA DE •prevê um conjunto de regras que vedam a
CRIANÇAS, PROSTITUIÇÃO E venda, prostituição e pornografia infantis.
PORNOGRAFIA

PROTOCOLO FACULTATIVO
•prevê regras para evitar o máximo que os
SOBRE O ENVOLVIMENTO DE
Estados-parte envolvam menores de 18 anos
CRAINÇAS EM CONFLITOS
em conflitos armados.
ARMADOS

Vejamos uma questão da OAB e duas questões para o cargo de defensor


público:
Questão - OAB/FGV - VIII Exame de Ordem – 2012
A Convenção sobre os Direitos da Criança estabelece que os Estados-
partes reconheçam a importância da função exercida pelos órgãos de
comunicação social, devendo assegurar o acesso da criança à
informação. Do mesmo modo o Estatuto da Criança e do Adolescente
assegura que a informação é um direito da criança e do adolescente.
Acerca da política de informação envolvendo menores, assinale a
afirmativa correta.
a) No que concerne às Medidas Específicas de Proteção, é incabível,
qualquer que seja o estágio de compreensão da criança, prestar-lhe
informações sobre os motivos que determinam a intervenção, o que
será informado apenas aos pais e responsáveis.
b) Deve haver o encorajamento dos órgãos de comunicação social a levar
em conta as necessidades linguísticas das crianças indígenas ou que
pertençam a um grupo minoritário.
c) Os proprietários das lojas que explorem a locação de fitas de
programação respondem pela falta de informação no invólocro sobre a
natureza da obra e faixa etária a que se destinam, isentando os
funcionários e gerentes.
d) A criança tem direito à liberdade de expressão, que compreende,
inclusive, liberdade de procurar, receber e expandir informações e
ideias, sem restrições, de forma oral ou por qualquer outro meio à
escolha da criança.
Comentários
A questão cobra um dispositivo muito específico da Convenção sobre o
Direito das Crianças.
“Artigo 17

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DIREITOS HUMANOS - XXII EXAME DA OAB
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Os Estados Partes reconhecem a função importante desempenhada pelos
meios de comunicação e zelarão para que a criança tenha acesso a
informações e materiais procedentes de diversas fontes nacionais e
internacionais, especialmente informações e materiais que visem a
promover seu bem-estar social, espiritual e moral e sua saúde física e
mental. Para tanto, os Estados Partes:
d) incentivarão os meios de comunicação no sentido de, particularmente,
considerar as necessidades lingüísticas da criança que pertença a um grupo
minoritário ou que seja indígena;”
Desde modo, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

Questão – CESPE/DPE-SE – Defensor Público – 2012


Considerando o que dispõe a Convenção sobre os Direitos da Criança,
assinale a opção correta.
a) A liberdade de associação não é prevista no texto do acordo em apreço.
b) Toda criança deve ser sempre pessoalmente ouvida em processo judicial
que lhe diga respeito.
c) Considera-se criança, em regra, o ser humano com menos de dezoito
anos.
d) A toda criança é garantido o direito a um nome, embora não haja menção
a registro de nascimento.
e) A guarda compartilhada de criança filha de pais separados não encontra
respaldo na referida convenção.
Comentários
A alternativa A está incorreta, tendo em vista que há previsão da liberdade
de expressão em seu art. 15.
A alternativa B está incorreta, pois a criança deverá ter capacidade para
se manifestar em juízo para que isso seja possível. Vejamos o que prevê o
art. 12.
Artigo 12:
1. Os Estados Partes assegurarão à criança que estiver capacitada a
formular seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões
livremente sobre todos os assuntos relacionados com a criança, levando-se
devidamente em consideração essas opiniões, em função da idade e
maturidade da criança.
2. Com tal propósito, se proporcionará à criança, em particular, a
oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou administrativo que
afete a mesma, quer diretamente quer por intermédio de um representante
ou órgão apropriado, em conformidade com as regras processuais da
legislação nacional.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Já em seu art. 1º
a Convenção menciona tal informação.
Artigo 1.
Para efeitos da presente Convenção considera-se como criança todo ser
humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em

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conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada
antes.
A alternativa D está incorreta, pois há o direito expresso ao registro de
nascimento.
A alternativa E está incorreta, pois a guarda compartilhada está prevista
no art. 9º, vejamos:
Artigo 9
Os Estados Partes deverão zelar para que a criança não seja separada dos
pais contra a vontade dos mesmos, exceto quando, sujeita à revisão
judicial, as autoridades competentes determinarem, em conformidade com
a lei e os procedimentos legais cabíveis, que tal separação é necessária ao
interesse maior da criança. Tal determinação pode ser necessária em casos
específicos, por exemplo, nos casos em que a criança sofre maus tratos ou
descuido por parte de seus pais ou quando estes vivem separados e uma
decisão deve ser tomada a respeito do local da residência da criança.

Questão – VUNESP/DPE-MS – Defensor Público – 2012


Na Convenção Relativa aos Direitos da Criança (1989), no art. 37, consta
que os Estados Membros assegurarão que
a) não será imposta a pena de morte, nem a prisão perpétua, sem
possibilidade de livramento, por delitos cometidos por menores de dezoito
anos de idade.
b) não será imposta a pena de morte, nem a prisão perpétua, sem
possibilidade de livramento, por delitos cometidos por menores de
dezesseis anos de idade.
c) não será imposta a pena de morte, nem a prisão perpétua, sem
possibilidade de livramento, por delitos cometidos por menores de quatorze
anos de idade.
d) não será imposta a pena de morte, nem a prisão perpétua, sem
possibilidade de livramento, por delitos cometidos por menores de treze
anos de idade.
Comentários
A questão exige o conhecimento do art. 37.
Artigo 37
Os Estados Partes zelarão para que:
a) NENHUMA criança seja submetida a tortura nem a outros tratamentos
ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. Não será imposta a pena
de morte nem a prisão perpétua sem possibilidade de livramento
por delitos cometidos por menores de dezoito anos de idade;
Assim, a alternativa A é a correta e o gabarito da questão.

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5 - CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE


DISCRIMINAÇÃO CONTRA MULHER
5.1 - Introdução
A Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação
contra a Mulher (denominada internacionalmente de CEDAW) foi assinada
em 1979, sendo promulgada, no Brasil, primeiramente pelo Decreto
89.460/1984 e, mais recentemente, novamente promulgada retirando-se
parte das reservas opostas, por intermédio do Decreto 4.377/2002.
Adicionalmente, foi editado o Protocolo Facultativo à Convenção sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, assinado
no ano de 1999. O Brasil, signatário do Presente Protocolo, aprovou
internamente seu texto por meio do Decreto Legislativo 107/2002, que
foi depositado internacionalmente pelo Presidente da República e
promulgado por meio do Decreto 4.316/2002.
A Convenção foi assinada por vários países, contudo, de acordo com a
doutrina é um dos documentos internacionais contra o qual os países mais
se opuseram. Tais reservas decorrem essencialmente em função de
argumentos de ordem religiosa, cultural ou legal, no qual se afirma que há
imposição de uma visão de igualdade em sociedade nas quais o tratamento
da matéria é culturalmente desigual. Essa questão traz à tona a discussão
entre universalismo e relativismo dos direitos humanos.
Em decorrência disso, a Convenção deve ser
interpretada no sentido de que os parâmetros ali
definidos constituem um rol protetivo mínimo às
mulheres, que historicamente apresentam-se
vulneráveis. Contudo, essa interpretação é sensível e envolve além das
imbricadas diferenças culturais e sociais, questões políticas.
Em relação ao conteúdo da Convenção, inicialmente, cumpre expor o
conceito de discriminação social, que é trazido pelo artigo 1º, da
Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra
a Mulher.
(...)"discriminação contra a mulher" significará toda distinção, exclusão ou restrição
baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o
reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado
civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou
em qualquer outro campo.

Discriminação contra a mulher constitui qualquer ato que


CONCEITO tenha direta ou indiretamente o objetivo de cercear os
direitos humanos de primeira e de segunda dimensão.

Para a eliminação dessas discriminações os Estados-parte assumem dupla


obrigação. Primeiro a de eliminar a discriminação contra a mulher.
Segundo a de assegurar a igualdade material entre homens e

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mulheres. Para tanto, conforme prevê o artigo 4º da Convenção os Estado
deverão adotar medidas positivas, denominadas de ações afirmativas, com
o intuito de acelerar o processo de obtenção da igualdade real.
Artigo 4º
1. A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais de caráter temporário
destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o homem e a mulher não se
considerará discriminação na forma definida nesta Convenção, mas de nenhuma
maneira implicará, como consequência, a manutenção de normas desiguais ou
separadas; essas medidas cessarão quando os objetivos de igualdade de
oportunidade e tratamento houverem sido alcançados.
2. A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais, inclusive as contidas na
presente Convenção, destinadas a proteger a maternidade, não se considerará
discriminatória.

Portanto, conforme leciona Flávia Piovesan: combina-


se a proibição da discriminação com políticas
compensatórias. Alia-se à vertente repressivo-punitiva
a vertente positivo-promocional5. Nesse contexto, a
autora relata que a Convenção impõe a obrigação de assegurar que as
mulheres tenham uma igualdade formal perante a lei e reconhece que
medidas temporárias de ação afirmativa são necessárias em muitos casos,
para que as garantias de igualdade formal se transformem em realidade.
Para implementar a não-discriminação à mulher, a Convenção, no artigo
2º, arrola diversas obrigações imputadas aos Estados-parte, em
especial:
 A necessidade de que o Texto Constitucional dos Estados-parte
contenha regra prevendo a garantia de igualdade entre homens e
mulheres;
 A adoção de medidas punitivas no âmbito interno de cada país que
proíbam qualquer forma de discriminação contra a mulher;
 A garantia de proteção jurídica efetiva contra todo ato discriminatório
à mulher;
 O dever de abstenção do Estado de incorrer em discriminação à
mulher, seja, por meio de atos ou por leis;
 O dever dos Estados-parte de revogar legislações discriminatórias às
mulheres; e
 O dever de adoção de ações afirmativas visando à igualdade em
sentido material, em decorrência da vulnerabilidade histórica das
mulheres.

5.2 - Direitos Albergados


Sintetizam os direitos albergados expressamente no texto
da Convenção:

5
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 13ª
edição, rev. e atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 269/271.

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DIREITOS RECONHECIDOS NA CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS


FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER
• igualdade de direitos entre homem e mulher;
• não-discriminação em decorrência da diferença de sexos;
• vedação ao tráfico de mulheres e da exploração de prostituição;
• vedação à discriminação da mulher na vida política e pública (direito de votar,
ser votada e de participar das políticas públicas);
• direitos iguais de nacionalidade em relação ao homem;
• direitos iguais em relação à educação e instrução;
• direitos iguais na relação de emprego;
• proteção à gravidez e à maternidade; e
• vedação à discriminação contra a mulher no casamento e nas relações familiares.

Deste rol, vamos tratar especificamente dos principais direitos assegurados.

Direitos Políticos
Historicamente a mulher foi excluída do processo político, seja para escolher
os representantes do Estado, seja para assunção a cargos políticos.
A ideia de cidadania, historicamente, remonta a Revolução Francesa, que
excluía mulheres, pobres e crianças. Assim, as mulheres foram
consideradas seres sem capacidade de intervir nas questões públicas. Os
argumentos utilizados fundamentavam-se em visões estereotipadas das
mulheres, em especial em razão da natureza biológica.
A Convenção que estamos estudando se propõe a superar essa realidade.
Para tanto assegura, nos termos do artigo 7º, o dever de os Estados-parte
garantirem não apenas a possibilidade de voto das mulheres, bem
como a capacidade eleitoral passiva, ou seja, o direito de ser votado.
Além disso, prevê a garantia de que as mulheres poderão participar da
formulação de políticas públicas, bem como de organizações e associações
que se envolvam com as questões políticas e públicas do nosso país.

DIREITOS POLÍTICOS

•capacidade eleitoral ativa (direito de votar);


•capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado);
•participação na formulação de políticas públicas; e
•participação em organizações e associações que se ocupem de questões
públicas e políticas.

Direitos de Nacionalidade
Outro direito importante, que consta do rol da Convenção, refere-se aos
direitos de nacionalidade, que estão prescritos no artigo 9º da Convenção.
Assim, às mulheres foi assegurado a igualdade de direitos no que tange
à aquisição, mudança ou conservação de sua nacionalidade em
relação ao homem.

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Em razão disso, o casamento com pessoa estrangeira não implica:
 a mudança de nacionalidade;
 a adoção necessária da nacionalidade do cônjuge; ou
 a condição de apátrida.
DIREITOS DE NACIONALIDADE

•Assegura-se a igualdade em relação aos homens para as regras de


aquisição, mudança e alteração da nacionalidade; e
•O casamento com pessoa estrangeira não implica a mudança de
nacionalidade, a adoção da nacionalidade do conjuge ou a condição de
apátrida.

Direitos Trabalhistas
É importante tecermos comentários relativamente ao que dispõe o artigo
11 da Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação
contra a Mulher.
Artigo 11 - 1. Os Estados-partes adotarão todas as medidas apropriadas para eliminar
a discriminação contra a mulher na esfera do emprego a fim de assegurar, em
condições de igualdade entre homens e mulheres, os mesmos direitos, em particular:
a) o direito ao trabalho como direito inalienável de todo ser humano;
b) o direito às mesmas oportunidades de emprego, inclusive a aplicação dos mesmos
critérios de seleção em questões de emprego;
c) o direito de escolher livremente profissão e emprego, o direito à promoção e à
estabilidade no emprego e a todos os benefícios e outras condições de serviço, e o
direito ao acesso à formação e à atualização profissionais, incluindo aprendizagem,
formação profissional superior e treinamento periódico;
d) o direito a igual remuneração, inclusive benefícios, e igualdade de tratamento
relativa a um trabalho de igual valor, assim como igualdade de tratamento com
respeito à avaliação da qualidade do trabalho;
e) o direito à seguridade social, em particular em casos de aposentadoria,
desemprego, doença, invalidez, velhice ou outra incapacidade para trabalhar, bem
como o direito a férias pagas;
f) o direito à proteção da saúde e à segurança nas condições de trabalho, inclusive a
salvaguarda da função de reprodução.
2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por razões de casamento ou
maternidade e assegurar a efetividade de seu direito a trabalhar, os Estados-partes
tomarão as medidas adequadas para:
a) proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gravidez ou de licença-
maternidade e a discriminação nas demissões motivadas pelo estado civil;
b) implantar a licença-maternidade, com salário pago ou benefícios sociais
comparáveis, sem perda do emprego anterior, antiguidade ou benefícios sociais;
c) estimular o fornecimento de serviços sociais de apoio necessários para permitir
que os pais combinem as obrigações para com a família com as responsabilidades do
trabalho e a participação na vida pública, especialmente mediante o fomento da
criação e desenvolvimento de uma rede de serviços destinada ao cuidado das
crianças;
d) dar proteção especial às mulheres durante a gravidez nos tipos de trabalho
comprovadamente prejudiciais a elas.

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3. A legislação protetora relacionada com as questões compreendidas neste artigo
será examinada periodicamente à luz dos conhecimentos científicos e tecnológicos e
será revista, derrogada ou ampliada, conforme as necessidades.

Da extensão desse dispositivo nota-se a importância que a Convenção


conferiu ao tratamento da discriminação contra a mulher no campo das
relações de trabalho.
São duas vertentes protegidas pela Convenção:
 vedação à discriminação nas relações de trabalho; e
 proteção da mulher em decorrência do casamento e da gravidez
(proteção à maternidade).
Pela primeira vertente, percebe-se que os convencionados asseguram
igualdade de tratamento entre homens e mulheres, imputando ao
estado o dever de assegurar e garantir iguais condições de trabalho,
mesmas oportunidades de emprego, liberdade de escolha da
profissão, de modo que não se justifica o exercício de determinadas
profissões exclusivamente por pessoas do sexo masculino.
Além disso, prevê o texto da convenção o salário equitativo entre homens
e mulheres, o direito à seguridade social e extensão da proteção de
saúde e segurança no trabalho.
Pela segunda vertente, a Convenção dispõe regras protetivas da
maternidade e da mulher enquanto gestante. Em razão disso, veda-se a
demissão justificada na gravidez, orienta a implantação de licença-
maternidade e a necessidade proteção especial às mulheres durante
o período de gravidez. Por fim, pugna-se por fornecimento de serviços
sociais de apoio para permitir que os pais combinem o trabalho com
a criação dos filhos.
Em suma:

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direito ao trabalho

mesmas oportunidades

liberdade de escolha da profissão


não discriminação da
mulher nas relações de salário equitativo
emprego
seguridade social

proteção por meio de regras de saúde e


DIREITO DO segurança no trabalho
TRABALHO
vedação à demissão injustificada durante a
gravidez;

licença-maternidade;
proteção à gestação e
proteção especial às mulheres durante a
à maternidade
gravidez

fornecimento de serviços sociais de apoio


para permitir que os pais combinem o
trabalho com a criação dos filhos

Finalizamos, assim, os principais direitos assegurados à mulher.


Vejamos, por fim, uma questão cobrada no XIX Exame:

Questão – FGV/XIX Exame de Ordem - 2016


Você, advogado, foi procurado por Maria. Esta relatou que era funcionária
de uma sociedade empresária e seu empregador lhe disse que ela estava
cotada para uma promoção, mas para tanto deveria entregar um laudo
comprovando que não estava grávida. O empregador ainda afirmou que se
soubesse, por meio de laudo médico, que ela havia feito algum
procedimento que a impedisse de ter filhos, teria a certeza de que Maria
estaria plenamente dedicada à sociedade empresária, o que seria muito
favorável a sua carreira. Maria terminou o relato que fez a você, informando
que se negou a entregar tal laudo e acabou sendo demitida no mês
seguinte.
Você sabe que o Brasil é signatário da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.
A conduta praticada pelo empregador de Maria pode ser caracterizada como
A) ato moralmente reprovável mas plenamente lícito, uma vez que o
empregador agiu na sua esfera de autonomia e dentro do exercício de seu
direito potestativo.

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B) violação à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, porém sem ensejar consequência jurídica
de responsabilização do empregador, uma vez que não há nenhuma outra
lei nacional que proteja a mulher trabalhadora em casos como esse.
C) abuso de direito que sujeita o empregador, única e exclusivamente, ao
pagamento de indenização pelo dano moral causado à funcionária.
D) violação à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher e, também, um crime que pode acarretar ao
empregador infrator multa administrativa e proibição de empréstimo, além
de ser possível a readmissão da funcionária, desde que ela assim deseje.
Comentários
Nessa questão foi cobrado o conhecimento da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, bem
como da Lei 9.029/1995.
A exigência de ludo comprovando que não estava grávida para obter
promoção, viola frontalmente o disciplinado no art. 11 da Convenção:
2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por razões de
casamento ou maternidade e assegurar a efetividade de seu direito a
trabalhar, os Estados-partes tomarão as medidas adequadas para:
a) proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gravidez ou de
licença-maternidade e a discriminação nas demissões motivadas
pelo estado civil;
A fim de regulamentar as sanções a serem impostas a Lei 9.029/1995, no
art. 3º, com redação dada pela Lei 13.146/2015, prevê a penalidade de
multa administrativa e a vedação de recebimento de empréstimos e
financiamentos junto à instituições financeiras:
Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o desta Lei e nos dispositivos
legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia, raça, cor
ou deficiência, as infrações ao disposto nesta Lei são passíveis das seguintes
cominações:
I - multa administrativa de dez vezes o valor do maior salário pago pelo
empregador, elevado em cinqüenta por cento em caso de reincidência;
II - proibição de obter empréstimo ou financiamento junto a instituições
financeiras oficiais.
Ainda, de acordo com o §4º do referido dispositivo, o empregador poderá
optar pela reintegração ou percepção em dobro da remuneração. Confira:
Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório, nos
moldes desta Lei, além do direito à reparação pelo dano moral, faculta ao
empregado optar entre:
I - a reintegração com ressarcimento integral de todo o período de
afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas, corrigidas
monetariamente e acrescidas de juros legais;
II - a percepção, em dobro, da remuneração do período de afastamento,
corrigida monetariamente e acrescida dos juros legais.
Desse modo, a alternativa D é a correta e gabarito da questão.

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5.3 - Mecanismos de Fiscalização


Quanto aos mecanismos de fiscalização, a Convenção prevê no artigo 17 o
Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, que
será composto por 23 peritos, indicados e eleitos, em votação secreta pelos
Estados-parte, para um mandato de 4 anos.
Ademais, de acordo com o texto da convenção os peritos exercerão suas
funções a título pessoal, não atuando, portanto, como representante do
Estado do qual é nacional.
No que tange aos mecanismos de fiscalização, a
Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher prevê tão somente o
mecanismo de relatórios, que está disciplinado no artigo 18 da Convenção,
os quais deverão ser encaminhados a cada 4 anos e sempre que o
Comitê solicitar.
Além desse mecanismo originário, o Protocolo Facultativo à Convenção
sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher
trouxe outros dois mecanismos de fiscalização: petições individuais e as
investigações in loco.
Por intermédio das petições individuais as vítimas de violações atinentes
aos direitos assegurados na Convenção poderão iniciar procedimento junto
ao Comitê.
O Protocolo Facultativo estabelece dois requisitos (artigo 3º) para o
processamento da petição:
 Não seja anônimo;
 Tenham sido esgotados os recursos internos ou não efetivos.
Além disso, o artigo 3º, 2, do Protocolo estabelece algumas hipóteses em
que será considerada inadmissível a petição inicial:
Quando o assunto da petição já tiver sido examinado ou estiver em exame
em outro organismo internacional;
 O pedido foi incompatível com a Convenção;
 Petição mal fundamentada;
 O pedido constituir abuso de direito; e
 Os fatos tenham ocorrido antes da ratificação pelo Estado-parte
causador da violação.
Ademais, se necessário, poderá o Comitê adotar as denominadas medidas
acautelatórias, a fim de evitar danos irreparáveis aos direitos da vítima de
violação, nos termos do artigo 5º.
No que tange ao procedimento, prevê a Convenção que após o recebimento,
o Estado-parte supostamente violador será comunicado para se manifestar
no prazo de 6 meses. Após, o Comitê transmitirá sua opinião e, se
necessário, fará recomendações, possibilitando ao Estado-parte violador
apresentar nos 6 meses subsequentes informações sobre as ações
realizadas, as quais constarão do relatório anual do Comitê.

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Por fim, prevê o Protocolo Facultativo a possibilidade de recurso às
investigações “in loco” nos casos de graves ou sistemáticas violações de
direitos humanos, por meio do qual o Comitê, após receber autorização
do Estado a ser investigado, envia membro para conduzir
investigação a respeito das violações denunciadas. Após conclusão
das investigações o Comitê apresentará suas observações e
recomendações, que deverão ser respondidas e esclarecidas pelo Estado-
parte no prazo de 6 meses.
Em suma, sobre os mecanismos de fiscalização devemos lembrar:

RELATÓRIOS
•Previstos originariamente no texto da Convenção.
•Os Estado-parte deverão a cada 4 anos e sempre que solicitado pelo Comitê enviar
relatório apresentando as medidas de promoção dos direitos assegurados no Pacto
PETIÇÕES INDIVIDUAIS
•Previstas no Protocolo Facultativo.
•Instrumento pelo qual a vítima de direitos humanos aciona o Comitê para análise e
processamento do Estado violador
INVESTIGAÇÕES IN LOCO
•Previstas no Protocolo Facultativo.
•Em caso de grave ou sistemáticas de Direitos Humanos, é possível ao Comitê, após
autorização do Estado-parte, enviar pessoa para investigar in loco a violação
denunciada.

Finalizamos assim, as principais regras. Confiram mais uma questão exigida


no Exame da OAB e outra para o cargo de defensor público.
Questão - OAB/FGV - VI Exame de Ordem – 2012
A respeito da Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, ratificada pelo Brasil, assinale a alternativa
correta.
a) Uma vez que a Convenção tem como objetivo proteger um grupo
específico, não pode ser considerada como um documento de proteção
internacional dos direitos humanos.
b) A Convenção possui um protocolo facultativo, que permite a
apresentação de denúncias sobre violação dos direitos por ela consagrados.
c) A Convenção permite que o Estado-parte adote, de forma definitiva,
ações afirmativas para garantir a igualdade entre gêneros.
d) A Convenção traz em seu texto um mecanismo de proteção dos direitos
que consagra, por meio de petições sobre violações, que podem ser
protocoladas por qualquer Estado-parte.
Comentários
Como vimos em aula, a Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra a Mulher não possui mecanismos de proteção em
seu texto, por isso foi lançado o protocolo facultativo para tratar desse
tema.
Portanto, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

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Questão – FCC/DPE-SP – Defensor Público – 2009


No sistema global, a Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, ratificada pelo Brasil em 1984, é um marco
no tocante ao combate da discriminação contra a mulher e na afirmação de
sua cidadania. Sobre essa Convenção é correto afirmar que
a) consagrou a possibilidade de adoção de "ações afirmativas", ou seja, de
medidas especiais de caráter definitivo destinadas a acelerar a igualdade de
fato entre mulheres e homens.
b) trouxe, quando de sua adoção pela ONU, um completo sistema de
monitoramento, permitindo, inclusive, denúncias individuais por mulheres
em casos de violação.
c) a adoção pelo Brasil do Protocolo Facultativo à Convenção, em 2002,
aperfeiçoou a sistemática de monitoramento da Convenção, com a
possibilidade de apresentação de denúncias por mulheres, individual mente
ou em grupos, em casos de violação.
d) respeitou as diferenças culturais e a diversidade étnica ao permitir
diferentes direitos e responsabilidades durante o casamento e por ocasião
da sua dissolução, permitindo que cada Estado faça sua regulamentação
interna.
e) ao evitar impor muitas obrigações aos Estados-partes que significassem
ruptura imediata com padrões estereotipados de educação de meninas e
meninos, logrou obter o maior número de ratificações de uma Convenção
da ONU.
Comentários
A alternativa A está incorreta, tendo em vista que as ações afirmativas
devem ser temporárias, de acordo com o art. 4º, §1º, da Convenção, as
quais irão cessar quando os objetivos de igualdade forem alcançados.
A alternativa B está incorreta, uma vez que a Convenção previa tão
somente a análise dos relatórios enviados pelos Estados sobre as medidas
legislativas, judiciárias, administrativas ou outras que adotarem para
tornarem efetivas as disposições da Convenção e sobre os progressos
alcançados a esse respeito, pelo Comitê sobre a Eliminação da
Discriminação da Mulher - art. 17, §1º e art. 18, §1º, da Convenção.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, de acordo com o
art. 2º do Protocolo Facultativo à Convenção.
A alternativa D está incorreta, tendo em vista que os Estados irão adotar
todas as medidas adequadas para eliminar a discriminação contra a mulher,
nos assuntos relativos ao casamento e às relações familiares. Com base na
igualdade entre homens e mulheres, assegurarão, entre outras coisas, os
mesmos direitos e responsabilidades durante o casamento e por ocasião de
sua dissolução - art. 16, §1º, c, da Convenção.
A alternativa E está incorreta, pois os Estados deverão adotar medidas
para eliminar a discriminação contra a mulher, tendo por fim assegurar-lhe
igualdade de direitos em relação ao homem na esfera da educação. Para
isso procurarão eliminar todo conceito esteriotipado dos papéis masculino

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e feminino em todos os níveis e em todas as formas de ensino mediante o
estímulo a educação mista e a outros tipos de educação que contribuam
para alcançar esse objetivo - art. 10, c, da Convenção. Além disso, como
dito em aula, a essa convenção logrou pouco êxito no cenário individual.

Questão – FCC/DPE-SP – Defensor Público – 2009


No sistema global, a Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, ratificada pelo Brasil em 1984, é um marco
no tocante ao combate da discriminação contra a mulher e na afirmação de
sua cidadania. Sobre essa Convenção é correto afirmar que
a) consagrou a possibilidade de adoção de "ações afirmativas", ou seja, de
medidas especiais de caráter definitivo destinadas a acelerar a igualdade de
fato entre mulheres e homens.
b) trouxe, quando de sua adoção pela ONU, um completo sistema de
monitoramento, permitindo, inclusive, denúncias individuais por mulheres
em casos de violação.
c) a adoção pelo Brasil do Protocolo Facultativo à Convenção, em 2002,
aperfeiçoou a sistemática de monitoramento da Convenção, com a
possibilidade de apresentação de denúncias por mulheres, individual mente
ou em grupos, em casos de violação.
d) respeitou as diferenças culturais e a diversidade étnica ao permitir
diferentes direitos e responsabilidades durante o casamento e por ocasião
da sua dissolução, permitindo que cada Estado faça sua regulamentação
interna.
e) ao evitar impor muitas obrigações aos Estados-partes que significassem
ruptura imediata com padrões estereotipados de educação de meninas e
meninos, logrou obter o maior número de ratificações de uma Convenção
da ONU.
Gabarito: C

6 - LISTA DAS QUESTÕES DE AULA


Questão - OAB/FGV - XVI Exame de Ordem - 2015
Em setembro de 2014, na cidade de São Paulo, foi inaugurado o Centro de
Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI), que é o primeiro do país e
tem como objetivo oferecer a estrutura de uma casa de passagem e auxiliar
os imigrantes na adaptação à vida na capital paulista, além de dar condições
para a autonomia de tais imigrantes. Do ponto de vista dos Direitos
Humanos, essa situação é regulada pela Convenção Internacional sobre a
Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros
das suas Famílias, adotada pela ONU em dezembro de 1990 e em vigor
desde julho de 2003.
Em relação ao posicionamento do Estado brasileiro perante essa
Convenção, assinale a afirmativa correta
a) A Convenção não foi ratificada pelo Brasil e, por isso, suas normas não
produzem efeito jurídico em território brasileiro.

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b) A Convenção foi ratificada pelo Brasil e, por isso, suas normas podem
ser juridicamente exigidas.
c) A Convenção foi ratificada pelo Brasil, mas não foi regulamentada. Por
isso, suas normas possuem efeito contido no território brasileiro.
d) A Convenção não foi ratificada pelo Brasil, mas suas normas produzem
pleno efeito jurídico, uma vez que as normas de Direitos Humanos não
dependem de ratificação para vigorar em território brasileiro.
Gabarito: A

Questão - OAB/FGV - XIII Exame de Ordem – 2014


A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foi responsabilizada por
fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Ministério Público
do Trabalho (MPT) pela submissão de 179 trabalhadores a condições
análogas às de escravos, em Belo Horizonte. Esse fato gravíssimo
comprova, na prática, violação de um princípio crucial acerca dos Direitos
Humanos.
Assinale a opção que expressa esse princípio.
a) O princípio do relativismo cultural determina que o trabalho forçado seja
combatido apenas nos países onde a legislação defina tal conduta como
ilícita.
b) O princípio da razoabilidade, pois não é razoável que pessoas sejam
submetidas ao trabalho na condição análoga à de escravo.
c) O princípio do direito humanitário, pois o trabalho na condição análoga à
de escravo é desumano.
d) O princípio da indivisibilidade dos direitos humanos, pois o trabalho na
condição análoga à de escravo viola a um só tempo os direitos civis e
políticos e os direitos econômicos e sociais.
Gabarito D

Questão - OAB/FGV - XV Exame de Ordem - 2014


Como forma de evitar a ocorrência de violação de Direitos Humanos em
estabelecimentos prisionais, o Brasil ratificou, em 2007, o Protocolo
Facultativo à Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes. Tal protocolo estabelece que cada
Estado-Parte deverá designar ou manter, em nível doméstico, um ou mais
mecanismos preventivos nacionais. Por meio da Lei nº 12.847/13, o Brasil
pretendeu atender à exigência do Protocolo, ao criar o Mecanismo Nacional
de Prevenção e Combate à Tortura.
Quanto ao meio proposto tanto pelo Protocolo quanto pela Lei para alcançar
a finalidade almejada, assinale a afirmativa correta.
a) Sistema de visitas regulares de seus membros
b) Mutirões judiciais.
c)Medidas legislativas de parlamentares que integrem o Mecanismo.
d) Criação e fortalecimento de defensorias públicas.

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DIREITOS HUMANOS - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Gabarito: A

Questão - OAB/FGV - VIII Exame de Ordem – 2012


A Convenção sobre os Direitos da Criança estabelece que os Estados-
partes reconheçam a importância da função exercida pelos órgãos de
comunicação social, devendo assegurar o acesso da criança à
informação. Do mesmo modo o Estatuto da Criança e do Adolescente
assegura que a informação é um direito da criança e do adolescente.
Acerca da política de informação envolvendo menores, assinale a
afirmativa correta.
a) No que concerne às Medidas Específicas de Proteção, é incabível,
qualquer que seja o estágio de compreensão da criança, prestar-lhe
informações sobre os motivos que determinam a intervenção, o que
será informado apenas aos pais e responsáveis.
b) Deve haver o encorajamento dos órgãos de comunicação social a levar
em conta as necessidades linguísticas das crianças indígenas ou que
pertençam a um grupo minoritário.
c) Os proprietários das lojas que explorem a locação de fitas de
programação respondem pela falta de informação no invólocro sobre a
natureza da obra e faixa etária a que se destinam, isentando os
funcionários e gerentes.
d) A criança tem direito à liberdade de expressão, que compreende,
inclusive, liberdade de procurar, receber e expandir informações e
ideias, sem restrições, de forma oral ou por qualquer outro meio à
escolha da criança.
Gabarito: B

Questão - OAB/FGV - VI Exame de Ordem – 2012


A respeito da Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, ratificada pelo Brasil, assinale a alternativa
correta.
a) Uma vez que a Convenção tem como objetivo proteger um grupo
específico, não pode ser considerada como um documento de proteção
internacional dos direitos humanos.
b) A Convenção possui um protocolo facultativo, que permite a
apresentação de denúncias sobre violação dos direitos por ela consagrados.
c) A Convenção permite que o Estado-parte adote, de forma definitiva,
ações afirmativas para garantir a igualdade entre gêneros.
d) A Convenção traz em seu texto um mecanismo de proteção dos direitos
que consagra, por meio de petições sobre violações, que podem ser
protocoladas por qualquer Estado-parte.
Gabarito: B

Questão – CESPE/DPE-SE – Defensor Público – 2012

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DIREITOS HUMANOS - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques
Considerando o que dispõe a Convenção sobre os Direitos da Criança,
assinale a opção correta.
a) A liberdade de associação não é prevista no texto do acordo em apreço.
b) Toda criança deve ser sempre pessoalmente ouvida em processo judicial
que lhe diga respeito.
c) Considera-se criança, em regra, o ser humano com menos de dezoito
anos.
d) A toda criança é garantido o direito a um nome, embora não haja menção
a registro de nascimento.
e) A guarda compartilhada de criança filha de pais separados não encontra
respaldo na referida convenção.
Gabarito: C

Questão – VUNESP/DPE-MS – Defensor Público – 2012


Na Convenção Relativa aos Direitos da Criança (1989), no art. 37, consta
que os Estados Membros assegurarão que
a) não será imposta a pena de morte, nem a prisão perpétua, sem
possibilidade de livramento, por delitos cometidos por menores de dezoito
anos de idade.
b) não será imposta a pena de morte, nem a prisão perpétua, sem
possibilidade de livramento, por delitos cometidos por menores de
dezesseis anos de idade.
c) não será imposta a pena de morte, nem a prisão perpétua, sem
possibilidade de livramento, por delitos cometidos por menores de quatorze
anos de idade.
d) não será imposta a pena de morte, nem a prisão perpétua, sem
possibilidade de livramento, por delitos cometidos por menores de treze
anos de idade.
Gabarito: A

Questão – CESPE/DPE-RO – Defensor Público – 2012


A Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os
Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias
a) não se aplica aos estrangeiros que se instalem, na qualidade de
investidores, em um Estado-parte.
b) não faz qualquer distinção entre os trabalhadores migrantes
documentados e os não documentados.
c) não admite restrição alguma à saída do trabalhador estrangeiro do
Estado-parte para o qual migrou.
d) dispõe que apenas as autoridades públicas do Estado-parte podem, na
forma da legislação nacional, apreender e destruir documentos de
identidade, inclusive passaporte, documentos de autorização de entrada,
permanência, residência ou de estabelecimento no território nacional, ou,
ainda, documentos relativos à autorização de trabalho, devendo, em

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DIREITOS HUMANOS - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques
qualquer caso, emitir recibo da apreensão ou certidão da destruição do
documento.
e) protege todos os migrantes, inclusive os estudantes estagiários, que
exerçam alguma atividade remunerada sob a orientação, direção ou
supervisão de outrem.
Gabarito: A

Questão – FGV/XIX Exame de Ordem - 2016


Você, advogado, foi procurado por Maria. Esta relatou que era funcionária
de uma sociedade empresária e seu empregador lhe disse que ela estava
cotada para uma promoção, mas para tanto deveria entregar um laudo
comprovando que não estava grávida. O empregador ainda afirmou que se
soubesse, por meio de laudo médico, que ela havia feito algum
procedimento que a impedisse de ter filhos, teria a certeza de que Maria
estaria plenamente dedicada à sociedade empresária, o que seria muito
favorável a sua carreira. Maria terminou o relato que fez a você, informando
que se negou a entregar tal laudo e acabou sendo demitida no mês
seguinte.
Você sabe que o Brasil é signatário da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.
A conduta praticada pelo empregador de Maria pode ser caracterizada como
A) ato moralmente reprovável mas plenamente lícito, uma vez que o
empregador agiu na sua esfera de autonomia e dentro do exercício de seu
direito potestativo.
B) violação à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, porém sem ensejar consequência jurídica
de responsabilização do empregador, uma vez que não há nenhuma outra
lei nacional que proteja a mulher trabalhadora em casos como esse.
C) abuso de direito que sujeita o empregador, única e exclusivamente, ao
pagamento de indenização pelo dano moral causado à funcionária.
D) violação à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher e, também, um crime que pode acarretar ao
empregador infrator multa administrativa e proibição de empréstimo, além
de ser possível a readmissão da funcionária, desde que ela assim deseje.
Gabarito: D

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DIREITOS HUMANOS - XXII EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula.
No próximo encontro vamos estudar as demais convenções internacionais
que já figuraram em provas da OAB. Além disso, estudaremos o Estatuto
dos Refugiados, tendo em vista que se trata de um tema atual e polêmico:

Convenção
Internacional Para Convenção para a
a Proteção de Prevenção e Estatuto dos
Todas as Pessoas Repressão do Princípios de Paris Refugiados
Contra o Crime de
Desaparecimento Genocídio
Forçado

Aguardo vocês em nossa próxima aula!


Críticas, sugestões ou dúvidas, por favor, nos procurem! Seguem
novamente os canais de comunicação:

rst.estrategia@gmail.com

https://www.facebook.com/oabestrategia

Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

Um forte abraço e bons estudos a todos!


Ricardo Torques

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