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Introdução
1 – Observação da Fonte.
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fonte”, “qual o significado básico de sua criação enquanto documento” “como ela foi
por nós (ou outros) obtida”, etc., são algumas das perguntas que devem ser respondidas,
para que se possa chegar ao âmago possível das relações por ela indicadas.
A identificação ou definição da origem da fonte permite sua classificação e o
prosseguimento das normas heurísticas e hermenêuticas necessárias ao seu melhor
aproveitamento. Define-se, pois, como decorrência, a forma precisa de sua utilização na
efetuação dos objetivos da presente pesquisa. Num certo momento, deverá o
pesquisador definir o papel desta fonte em seu processo de investigação e já aqui estão
postas as pré-condições para tal.
A importância da definição do processo relacional da fonte reside no fato de que
sua posição deve ser confirmada pela comparação possível com outras fontes. No caso
da inexistência aparente de outras fontes, está obrigado o investigador a elaborar as
matrizes heuremáticas respectivas, como, por exemplo, o quadro das oposições
antinômicas dos pesquisadores da escola dialética, com vistas a enquadrar o mais
corretamente possível as relações explicadas pelos métodos dedutivo e indutivo, e quais
as partes obscuras restantes que não podem ser explicadas pela matriz respectiva, mas
que devem ser submetidas à pesquisa empírica .
Falsa
Informe
Informação
Verdadeira
- +
Esquema 1
Dialética da parte e do todo; oposições absolutas e relativas
Leitura:
Exemplificação ao extremo:
_ Ou seja: o que é mau para a burguesia e é mau para o proletário, é mau para a
população;
_ O que é bom para a burguesia e é bom para o proletário, é bom para a população;
_ As situações intermediárias exigem estudo empírico da opinião pública, e não
podem ser simplesmente deduzidas.
Observação: há uma contraposição dialética (negação) entre “modo de produção”
(abstração) e “formação econômica- social” (concreção).
Existe hoje em dia dois elementos novos importantes para o tratamento da
autenticidade das fontes. Ambas encontram-se ainda em estágio embrionário no Brasil.
A primeira dessas diferenças constitue-se o avanço das técnicas laboratoriais de análise,
que submetem a fonte a um exame global de coerência, que é da maior circunstância
para o historiador. A segunda possibilidade é o tratamento computacional da análise
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que o levou a ser produzido não é certamente, o registro das informações situacionais
pertinentes. Seria ingênuo considera-lo portanto, “primário” ou “origem” daquelas
informações que relaciona.
Fonte secundária – chamamos “fonte secundária” qualquer tipo de
documentação produzida à jusante da referida situação ou fato histórico observado. Ela
em geral expressa reações acerca do fato ou situação, com uma ruptura perceptível entre
a situação e aquelas reações. Por exemplo a cobertura jornalística da proclamação da
Lei Áurea, da abolição da escravatura, é uma “fonte secundária”, enquanto os debates
na Câmara e no Senado constituem-se “fontes primárias”.
De qualquer modo, há uma intimidade, uma solidariedade entre a fonte e a
situação histórica a que ela se refere, que não pode ser deixada de lado na
problematização característica da análise heurística.
3 – Análise da Fonte
permitirão o ataque definitivo. Estes meios são determinados pelos problemas captados
pelo procedimento heurístico.
Portanto, há uma influência mútua entre a fonte e a situação histórica de que ela
nos dá informações. Só podemos captar esta situação através desta fonte, nessa relação
específica. (Utilizar outra fonte estabelece outra relação). O método heurístico interroga
aquela realidade que se quer recriar, através do elemento possível, qual seja, a fonte. Tal
método combinado com o procedimento hermenêutico, nos permite formular as
“perguntas corretas”, ou seja, aquelas perguntas que podem efetivamente ser
respondidas pela fonte de que se trata. Ao conjunto correto de problemas levantados
pelo uso de uma fonte chamam os historiadores de “pertinência histórica”. Pode-se,
portanto, entender uma outra pertinência das fontes. De acordo com o tipo de
informação que revelam, as fontes podem ser: (a) cognitivas ou (b) normativas, de
acordo com seu aspecto dominante.
Fonte cognitiva – Chamamos de “fonte cognitiva” aquela que nos relata algo.
Naturalmente, todo relato é valorativo mas não é de negar seus valores que se trata.
Caracteriza-se assim porque a descrição prevalece sobre a preocupação com valorizar.
Fonte normativa – Chama-se assim aquela fonte em que predomina a valoração no
processo de seus elementos informativos. Por exemplo, um texto de disposições legais,
um regulamento, um processo num tribunal, etc., tenderão a se caracterizar como fontes
normativas. De outro modo, a descrição das cargas baixadas de um brigue no trapiche
de Santos no ano de 1845 tende a ser uma fonte cognitiva, porque ela se importa pouco
com se o bacalhau descarregado era bom ou mau, etc.
O historiador estará certamente interessado mais num aspecto ou num tipo de
fonte com relação à situação que quer conhecer, embora o acaso possa ter-lhe fornecido
o tipo de fonte que no momento ele não está interessado. No entanto, o cruzamento
destes dois tipos diferentes de informações pode ser muito esclarecedor, para aquele que
julgava ali pouco obter, de fato. As fontes também podem ser, de acordo com sua
orientação no tempo, (a) voltadas para o passado e (b) voltadas para o futuro. Estas
fontes “passadistas” tanto podem se encontrar no passado, marcando uma situação
histórica qualquer, como se encontrar no tempo presente, como é a preocupação dos
historiadores do chamado tempo atual. O exemplo ajuda melhor à compreensão.
O projeto do engenheiro abolicionista André Rebouças sobre o Plano Rodoviário
Nacional era um instrumento voltado para o futuro, nos anos 1890. Jamais chegou a ser
efetuado, mas serviu de inspiração a muitas discussões dos positivistas e maçons que
planejaram na República. Como fonte, está voltada para o futuro, porque não trata de
fatos acontecidos à época 1890-1900. No entanto, a maneira de conceber o futuro,
daqueles pensadores da época, é importante elemento explicativo acerca de suas
aspirações e compreensão do passado e do presente que viviam.
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Nesse caso, temos uma fonte voltada para o futuro, no passado. Essas fontes,
portanto, podem ser (a) voltadas para o futuro no passado; (b) voltadas para o futuro no
presente; (c) voltadas para o passado no passado; (d) voltadas para o passado no
presente; (e) voltadas para o futuro, sem indicação datada. Todas estas fontes dialogam
com a situação que representam, constituindo-se ricamente, informadoras direta ou
indiretamente, da época considerada. Particularmente para os historiadores que
trabalham com história econômica ou institucional, métodos quantitativos e história do
tempo atual, a previsão e a “pósvisão” são instrumentos que permitem larga especulação
com fontes deste tipo, oferecendo novas oportunidades à síntese reconstrutiva da
situação considerada, ou fato histórico.
Daí a importância da elaboração do quadro heuremático, que deve limitar e
prevenir, através de um conjunto de regras lógicas articuladas em fluxograma de
procedimentos, quanto a aquilo que é utilizável do documento que se está utilizando
como fonte. A heurística, em suas ambas acepções, seja enquanto ciência auxiliar da
história que estuda a pesquisa de fontes, seja enquanto conjunto de regras tomadas para
invenção, organização e solução de problemas historiográficos, não é abandonada,
portanto, que seja por um único destes procedimentos. Como, em geral, uma mesma
fonte cumpre as exigências de vários classificações, é somente na listagem heurística e
hermenêutica que se criam as condições necessárias a uma tipologização adequada à
base-de-dados obtida.
A escolha de uma determinada metodologia não deve dispensar o esforço para a
utilização de uma linguagem transparente, com procedimentos observáveis, que possam
ser úteis à disciplina como um todo e necessária à interdisciplinaridade. Além das
características próprias da fonte, a atitude do historiador com relação à situação
estudada influi definitivamente na qualidade e tipo das informações que ele pode obter.
Esta “escolha” objetiva, feita de modo inconsciente ou, no máximo, semiconsciente, é
determinada pela natureza do trabalho que o historiador “tem a intenção” de fazer. Ou
seja, o historiador, ao escolher um tema, um objeto, etc., e dialogar com as fontes na
intenção de construir o problema da investigação, invariavelmente tem como meta
comunicar-se com um público-alvo. Este público, ideado pelo historiador, limita
fortemente a sua ótica, como a estrutura de uma câmara limita as fotos que podem ser
tiradas.
Nenhum pesquisador deixa de imaginar o público-alvo a que se dirige. Daí
decorrem os valores utilizados, as categorias valorizadas e aplicadas, a leitura possível
da fonte. Quando essa dificuldade se apresenta semi-conscientemente, pode-se em certa
medida perceber alguns vícios que nós mesmos vamos introduzindo no uso da fonte. No
entanto, se tal se dá de modo inconsciente, a questão torna-se mais complicada. Muitas
vezes, ao se denunciar este viés no debate de um relatório de pesquisa de um colega,
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É muito difícil encontrar uma fonte que seja tratável exclusivamente do ponto de
vista de uma única disciplina. Identificado o leque de disciplinas que se exigem para a
abordagem adequada do tema, é feito o quadro dos métodos disciplinares exigidos e o
roteiro para a efetivação dessa demanda básica da relação tema-fonte. Vejamos um
exemplo:
Tema: desempenho econômico ferroviário no Estado de São Paulo.
Periodização: 1895-1905.
Problema fundamental: qual o impacto da crise de 1902-1905 no desempenho
ferroviário paulista?
Fonte obtida: documentos internos da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro.
Tipos de documentos: listas de cargas, de tráfego, orçamentos previstos e
realizados, manuais normativos etc.
Comentários: (a) elaborar quadro heuremático; (b) elaborar fluxogramas da análise
e síntese heurística e hermenêutica; (c) elaborar quadro dos métodos que deverão
abordar o tema.
É evidente que para examinar os papéis da companhia se requer um conhecimento
de métodos contábeis, análise econômica, estatística, etc. Um quadro é preparado acerca
das disciplinas envolvidas. Responde-se à perguntas: “Como será resolvida esta
demanda interdisciplinar?” Às vezes, ela pode ser resolvida com a montagem da equipe
de pesquisa. Outras não.
4 – Interpretação da Fonte.
Ou seja, uma interpretação é a “dada pela fonte”, que aparentemente, tão longe
quanto o pesquisador conseguiu entendê-la, lhe disse tal coisa. No entanto, ao concluir
esta interpretação, o historiador pode haver elaborado um outra, que dissente daquela
“da fonte”. Nem sempre haverá um consenso. Nesse sentido, a fonte, ao afirmar uma
interpretação do fato que representa, pode fornecer elementos para negar a referida
interpretação. A interpretação da fonte é a parte central de diálogo entre o historiador e
o fato histórico considerado. Ao reconstruir o fato histórico, obtendo-o agora como fato
reconstruído, o historiador deve suspeitar da sua discordância da síntese obtida,
buscando outras fontes adicionais que possam enriquecer sua interpretação.
Deve ser objetivo do historiador estabelecer na síntese uma interpretação
bastante rica da integridade situação-fonte. Por isto, ele deve suspeitar se não está
visando inconscientemente alguns aspectos importantes daquela relação, em proveito de
algum preconceito, seja do pesquisador, seja da época do pesquisador.
O exemplo clássico desse tipo de viés é aquela pergunta dos egiptólogos de TV.
“Como é possível que os egípcios tenham construído tais pirâmides?” É evidente que o
pesquisador tem em mente sua opinião atual dos egípcios de hoje para analisar os
egípicios do passado. Daí o viés da pergunta. Vê-se que a interpretação 2 do
“egiptólogo”, ou seja, ela não esgotou, possivelmente, a análise e a interpretação da
fonte.
Isso não quer dizer que o “egiptólogo” não poderia jamais estar certo, mas que
deve duvidar da qualidade historiológica do seu ver contemporâneo como única
possibilidade para explicar o fato estudado. As fontes objetivadas de informação podem
ser submetidas a tais distorções por uma perspectiva ahistórica que poder-se-ia
perguntar para quê tal “investigador” necessita recorrer a elas.
Portanto, a detecção dos procedimentos pensamentais prováveis dos
elaboradores da fonte, e/ou dos atores históricos indicados por ela, é uma matéria prima
fortemente limitadora da interpretação que o pesquisador pode obter. Ele não deve pura
e simplesmente utilizar o passado como um pretexto para justificar suas próprias teorias
sobre o presente. As contrafações voluntárias ou involuntárias na fonte não podem
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Conclusão
Bibliografia