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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – PPGE

DISCIPLINA: PENSAMENTO COMPLEXO E EDUCAÇÃO


PROFESSORA: CLEIDE RITA SILVÉRIO DE ALMEIDA

IMPRESSÕES “IMPRESSAS” NUM NOVO MODO DE PENSAR A VIDA, O


HUMANO E TUDO O QUE ADVEIO DAS EXPERIÊNCIAS TECIDAS,
VIVIDAS E SABOREADAS NAS AULAS DA PROFESSORA CLEIDE

Joel Santos de Abreu


Solange Maria de Oliveira Cruz
Yonara de Albuquerque Camurça

São Paulo
2015
IMPRESSÕES“IMPRESSAS” NUM NOVO MODO DE PENSAR A VIDA, O
HUMANO E TUDO O QUE ADVEIO DAS EXPERIÊNCIAS TECIDAS,
VIVIDAS E SABOREADAS NAS AULAS DA PROFESSORA CLEIDE

Iniciar o estudo de uma concepção que ainda não conhecemos bem, nos
traz certa ansiedade, curiosidade, preocupação e até mesmo medo. Caetano
Veloso, em sua música Sampa nos diz: “E à mente apavora o que ainda não é
mesmo velho / Nada do que não era antes quando não somos mutantes / E
foste um difícil começo / Afasto o que não conheço”. Na maioria das vezes,
quando nos são apresentadas novas ideias, tradicionalmente,essas ideias vem
em formas engessadas, em que se traça uma teoria “enfileirada”, linear e
estática. E nosso primeiro impulso ao mergulhar no desconhecido, é o de
desconfiar, inconscientemente, do bem que aquilo será capaz de nos fazer.
O medo do novo nos leva a acionar mecanismos de defesa, que quando
bem trabalhados, despertam na gente uma consciência nova, que acaba por
nos tornar pessoas melhores. E é para isso que serve a arte, e a estética que
“desperta a nossa consciência” (MORIN, 2007, p.148) e esculpe “algos” de
humano dentro de nós, que não podemos explicar, mas não queremos deixar
de sentir.
E o pensamento complexo, por que nos surpreendeu tanto?
Quanto ao que foi expresso no parágrafo anterior, é apenas o registro de
algo que costuma acontecer com a maioria das pessoas diante das novidades.
Sabemos que o advento do novo é inevitável, independente da ansiedade,
curiosidade, preocupação e medo. Por isso, convêm mencionar as seguintes
palavras extraídas do livro Meus demônios: “Certamente, a cultura só pode ser
lacunar e cheia de buracos, inacabada e mutante. Ela deve continuamente
integrar o novo ao velho, o velho ao novo” (MORIN, 2003, p. 46). Dando
continuidade à linha de pensamento sobre novas ideias, que subvertem a
rotina, no livro A elegância do ouriço, há uma citação muitíssimo interessante,
que vale a pena reproduzir aqui:

Aparentemente, de vez em quando os adultos têm tempo de


sentar e contemplar o desastre que é a vida deles. Então se
lamentam sem compreender e, como moscas que sempre
batem na mesma vidraça, se agitam, sofrem, definham, se
deprimem e se interrogam sobre a engrenagem que os levou
ali aonde não queriam ir. (BARBERY, 2006, p. 19)

Nesta disciplina, as aulas que tivemos com a Professora Cleide, foram


marcadas por um formato diferente: a valoração do ser humano, do poético.
Caminhamos juntos pelas ruas do centro de São Paulo, conduzidos pela
professora e pelo guia muitíssimo qualificado, Professor Luiz Otávio, que nos
conduziram a um novo olhar sobre a cidade, com direito a uma estranha
agregada que aproveitou o ensejo. Num percurso que nos maravilhou e causou
“uma comichão no cérebro” como diria Emília1, pensando nos homens do
futuro.
Edgar Morin, o sábio mestre francês, que reúne conceitos que ele
mesmo considera simples, mas que possuem uma riqueza no significado de
cada um deles, nos permite compreender a educação e refletir a complexidade
do real, por meio do pensamento complexo.
Para começar, o significado do pensamento complexo, que nos convida
a “tecer junto” os conhecimentos, já nos demonstra o quanto é diferenciado
esse modo de tecer pensando, e de pensar tecendo.
Sim, tecemos juntos não só o conhecimento, mas o estreitamento de
nossas relações. Haja vista a bela crônica, produzida pela aluna Carla, que
relata muito bem este convívio que ficará para sempre em nossa memória.
O mais fabuloso ao mergulhar nos pensamentos de Edgar Morin, foi a
forma como fizemos este mergulho, da maneira mais prazerosa e
surpreendente que pudemos imaginar. A professora Cleide, nossa mestra, nos
convidou a penetrar no pensamento complexo e nos ofereceu “lentes” para
enxergarmos a educação de um novo ângulo. Propôs-nos desvendarmos
juntos os aprendizados por meio de um viés poético, estético, complexo e
coletivo. Não iríamos ter aulas em que somente o professor fala e os alunos
anotam? Em que um discursa e os outros ouvem? Em que os ensinamentos
vêm de uma só direção? Não! E por que nos surpreendemos tanto que não
seja desta forma? Porque estamos acostumados com o pensamento linear, no
qual é seguida uma ordem na maneira de pensar, uma sequencialidade, uma
linearidade em que causa e efeito seguem uma objetividade. E é assim que

1
Serões de Dona Benta. Monteiro Lobato. Volume 8.Obras Completas.
sempre foi: nas salas de aula das escolas, das universidades, nos cursos.
Portanto, para nós alunos, foi empolgante saber que iríamos participar da
construção dos saberes em conjunto e que faríamos uma viagem à
complexidade por meio da estética, das artes, do belo.
Numa viagem infinda pelos meandros daquilo que antes não podíamos
ver, mas pudemos ousar sonhar: um modo novo de ver a vida, um jeito
diferente de “ser escola”, descobrindo enfim que não existe um jeito único de
pensar, pois tudo depende de onde a gente vê; tudo depende do jeito de a
gente ver.
Nada mais coerente do que o que vivenciamos com o que escreveu
Edgar Morin em seu livro: O método V:

[...] a estética, com o lúdico, retira-nos do estado prosaico,


racional – utilitário, para nos colocar em transe, tanto em
ressonância, empatia, harmonia, tanto em fervor, comunhão,
exaltação. Coloca-nos em estado de graça, em que nosso ser
e o mundo são mutuamente transfigurados, que podemos
chamar de estado poético. (MORIN, 2007, p. 135)

E fomos navegando por novas ideias, dialogando com a Teoria,


aprendendo a praticar a leitura da realidade por dentro, refletindo que:

Para que a ação humana seja criadora e transformadora,


precisa ser uma prática intencionalizada pela teria e pela
significação. A teoria, separada da prática, seria puramente
contemplativa e, como tal, ineficaz sobre o real; a prática,
desprovida da significação teórica, seria pura operação
mecânica, atividade cega (SEVERINO, 2012, p.46)

Olhar o mundo pelas lentes do estado estético é para Morin, enxergar a


vida por meio do belo. Não a beleza estética, mas um estado que proporcione
emoção, felicidade, um estado de graça. Vivemos muitas emoções e a cada
quarta-feira vimos o belo. Descobrimos novos conhecimentos e nos permitimos
entre literatura infantil, poemas, músicas, leituras de obras, visitas a galerias,
parque da Luz, e arquiteturas tradicionais e modernas do centro de São Paulo
mergulhar neste universo da estética, nos transportar para o prazer de nossas
almas, demonstrando que olhar o mundo sob as lentes do poético, é tornar a
vida mais leve e prazerosa.
E como de tudo fica um pouco, como diria Drummond2, nos
humanizamos um pouco, com o muito que nos foi apresentado.
Desequilibramo-nos, irresolutos, no mais absoluto estilo Mia Couto (2011),
reencantando nosso olhar educativo/educador, quem sabe nos engajando de
verdade, num projeto de transformação, primeiro de nós mesmos, e depois,
bem mais ambicioso, de toda a humanidade.
O diálogo que foi estabelecido durante todo o processo de aprendizado,
nos inseriu em uma rede de ideias que foi articulada e tecida coletivamente,
desvendando os conceitos da complexidade por meio de reflexões,
questionamentos e exposição de ideias por todos, professores e alunos juntos.
Nossa voz foi ouvida e foi dada a oportunidade de expor nossos pensamentos
e expressar nossos sentimentos. Fomos o todo, e ao mesmo tempo, fomos a
parte desse todo. Assim como, em vários momentos, nos complementamos e
fomos antagônicos, por demonstrarmos conhecimentos diversificados dentro
de uma mesma realidade. “O todo sem a parte não é todo. A parte sem o todo
não é parte. Mas, se a parte faz o todo, sendo parte, não se diga que é parte,
sendo todo” (Gregório de Matos).
As lentes da complexidade nos permitiram ver que é necessário deixar
de lado a educação que fragmenta, que compartimentaliza e reduz os
conhecimentos. É fundamental a busca de uma educação por meio da
interligação dos saberes, que possibilite a reflexão do mundo e a ação que o
homem tem sobre ele.
A citação a seguir, extraída do livro A cabeça bem-feita; repensar a
reforma reformar o pensamento confirma que fomos testemunhas destas
experiências enriquecedoras: “Literatura, poesia, cinema, psicologia, filosofia
deveriam convergir para tornarem-se escolas da compreensão” (MORIN, 2014,
p. 51).
Só possível graças à visão iluminada de uma mestra que soube
orquestrar suas aulas, tocando profundamente seus alunos, conduzindo-os a
“um querer mais que bem querer” 3 inédito, inexplicável e inesquecível.

2
“Resíduo” Carlos Drummond de Andrade in A Rosa do Povo, 1945.
3
Música “Monte Castelo”, Legião Urbana, álbum “As Quatro Estações”,1989.
Joel, Solange e Yonara, nós três, sendo parte e todo, sendo professores
e alunos, de corpo e alma, em palavras e sentimentos, fomos um encontro
inexplicável e tecemos juntos este texto que expressa ou tenta expressar o
quão maravilhoso é o APRENDER. Gostaríamos de agradecer e colocarmos
em palavras todo o sentimento que foi vivido neste semestre. Mas, sentimentos
são sentidos, saboreados, e as palavras às vezes não o alcançam. Portanto,
não encontramos palavras para traduzi-lo, que não seja: MUITO OBRIGADA!
Parabéns, Professora CLEIDE! Dedicamos à senhora, a letra desta
canção:

SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ

(Vinícius de Morais e Tom Jobim)

Vai tua vida


Teu caminho é de paz e amor
A tua vida
É uma linda canção de amor
Abre os teus braços e canta
A última esperança
A esperança divina
De amar em paz

Se todos fossem iguais a você


Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
Como o sol, como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer

Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você.
De tudo ficou um pouco...

Ficou um pouco da ternura...


Um pouco da amizade... Um pouco do doar-se...
E muito de saudade!
REFERÊNCIAS

BARBIERY, Muriel. A elegância do ouriço. Trad. Rosa freire d’Aguiar. São


Paulo: Companhia das Letras, 2006.

COUTO, Mia. E se Obama fosse africano? E outras interinvenções. São Paulo:


Companhia das Letras, 2011.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o


pensamento. Trad. Eloá Jacobina. Rio de janeiro: Bertrand do Brasil, 2014.

__________. Meus Demônios. Trad. Leneide Duarte e Clarisse Meireles. 4a


Ed. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2003.

__________.O método 5: a humanidade da humanidade – a identidade


humana. Trad. Juremir Machado da Silva. Porto Alegre: Sulina, 2007.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Educação, sujeito e história. 3.ed.São Paulo:


Olho d’àgua,2012.

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