UCS – Universidade de Caxias do Sul - Arquitetura e Urbanismo Técnicas

Retrospectivas – Período 2018/04 Discente: Elis Louise Cuchinir Oleas|

Docente: Matheus Gomes Chemello |Sandra Favaro Barella

Resenha Crítica: BRANDI (Cáp. V e VI) x Instituto Hércules Galló

Tem-se como objetivo, e a partir da leitura dos capítulos V e VI da obra “A

TEORIA DO RESTAURO” (BRANDI, 1963), identificar os principais conceitos
expostos pelo autor e estabelecer um paralelo com as obras do Instituto Hércules
Galló, em Galópolis – Caxias do Sul – Rs.

Inicialmente, no capítulo V, o autor aborda o restauro a partir de sua instância

histórica. Em seguida Brandi caracteriza o conceito de ruína: uma representação
do testemunho da história humana, em estado diferente do original e com risco
de desaparecimento, a qual atribui-se um valor histórico. Devemos estabelecer
também valores de legitimidade da ruína, para verificar se a mesma deixou de
ser obra de arte mutilada, porém reconhecível, e passou a ser novamente
apenas matéria bruta.

Com relação à instância histórica, Brandi ressalta que faz-se necessário

observar todas as interferências pela qual uma obra de arte tenha passado, e
que se tenha a compreensão de que qualquer adição feita foi parte de um
momento histórico da obra e deve ser conservada. Caso a mesma precise ser
removida, por motivos de degradação e patologias ao original, ela deverá ser
documentada e sua remoção justificada, além de possibilitar o reconhecimento
de que o objeto sofreu uma adição e a sua posterior remoção.

Já os refazimentos procuram remodelar a obra, tentam reproduzir o que a obra

foi e fundir o velho e o novo de modo a não se distinguirem , tirando toda a
expressão do tempo no objeto (BRANDI, 1963). O autor ainda ressalta que essas
ações não devem dar a convicção de inautenticidade e de falso histórico, além
de que não deve transgredir a instância estética (BRANDI, 1963).

Na concepção sobre a instância estética, que para o autor, tem a ver com a
relação ruína x contexto em que está inserida, Brandi defende que a ruína
assume impacto positivo em seu entorno e que deve ser conservada.
Para essa instância, as adições podem ser comprometedoras, e caso
comprometa de forma significativa a pré-existência, deve-se removê-la, fazendo
antes a documentação e registro do seu período.

O Instituto Hércules Galló, trata-se de uma obra de restauro de 2010, realizada

pelo herdeiro de Hércules, José Galló, no bairro de Galópolis, Caxias do Sul
(RS). Tratam-se de duas casas de grande valor histórico (instância histórica)
para o bairro e a cidade. Foram adotados os procedimentos de reconstrução,
conservação, reabilitação, reprodução/réplica.

Na primeira casa, de 1904, foram feitos alguns refazimentos, principalmente na

estrutura de madeira, que e para cumprir com a intenção de projeto, histórica e
estética, foi substituída, mas aspecto e cor facilmente identificados. No assoalho
de madeira, nos locais onde estava danificado adicionou-se vidro, com visuais
para o porão.

Na segunda casa, de 1908, além de refazimentos de elementos foram adaptados

rampas e um elevador com acesso exterior para garantir a acessibilidade, de
modo a não comprometer a estrutura original. Alguns elementos podem causar
uma sensação de falso histórico (piso externo de entrada e nas mãos-francesas
metálicas nas sacadas) pois foram pintadas da mesma cor das esquadrias
originais de madeira.

Próximo à essas duas casas, há uma nova edificação (adição), projetada para
ser um espaço multiuso. O estilo arquitetônico dessa nova edificação contrasta-
se com as casas antigas, o que marca o intervalo de tempo entre as edificações.

Conclui-se que Brandi Tendo em vista isso, chegou-se à conclusão de que é

fundamental diagnosticar as edificações de maneira correta, conceituando sua
instância estética e histórica, e a partir disso avaliar qual o meio de intervenção
mais adequado para ela. Assim, pode-se trabalhar por meio de restauro,
conservação, reconstituição, reestruturação e anastilosis de maneira que a partir
dos objetivos das intervenções, a edificação possa principalmente ter a
reintegração de sua imagem original, possibilitando além de tudo a
reversibilidade das intervenções e percepção do que é novo e o que não é.