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UNICE – ENSINO SUPERIOR

IESF – INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE FORTALEZA


GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA TALIDOMIDA

RENATO DOS SANTOS ROCHA

Fortaleza – CE
2019.1
RENATO DOS SANTOS ROCHA

ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA TALIDOMIDA

Relatório apresentado ao curso de Graduação


em Farmácia à Faculdade UNICE – Ensino
Superior / IESF - Instituto de Ensino Superior
de Fortaleza, como exigência para aprovação
da disciplina de Química Farmacêutica II. Sob
orientação do Profº. Me Victor Celso.

Fortaleza – CE
2019.1
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 4

2.USOS .............................................................................................................................................. 6

3.RDC ................................................................................................................................................ 6

4.CUIDADOS .................................................................................................................................... 6

5.ORIENTAÇÕES PERTINENTES ................................................................................................... 7

6.FUNÇÕES ORGÂNICAS................................................................................................................ 8

7.DIFERENÇA ENTRE ISÔMEROS......................................................................................................9

8.ATIVIDADE ÓPTICA........................................................................................................................10

9.REFERÊNCIAS..................................................................................................................................11
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1. INTRODUÇÃO

A Talidomida, sintetizada na Alemanha Ocidental em 1953, foi utilizada


inicialmente como estrutura biologicamente ativa, detentora de propriedades anti-histamínicas
para tratamento de alergias. É mais conhecida, por ter causado teratogenicidade em um
número expressivo de nascimentos, afetando cerca de 12.000 crianças na década de 60. O
desastre da talidomida, como ficou conhecido, começou no momento em que a empresa alemã
Grunenthal lançou no mercado esse novo medicamento. Após alguns testes realizados com a
talidomida em ratos, os resultados experimentais demonstraram propriedades de induzir o
sono. Como os testes não mostraram letalidade significativa e uma baixa toxicidade em
animais de laboratórios na época, o fármaco foi visto como um potencial agente sedativo e
hipnótico.

Generalizando os resultados obtidos nos testes em animais, o medicamento foi


lançado no mercado em 1957 como fármaco sedativo-hipnótico. Sua campanha publicitária na
época, incluía os seguintes dizeres: “completamente inócuo e completamente seguro’’;
permitindo o consumo sem a necessidade de nenhum tipo de prescrição. A talidomida era
prescrita como antiemético para alívio de enjoos em gestantes, e foi utilizada por milhares de
pessoas. Entretanto, mesmo após sua inserção no mercado terapêutico, o FDA (Food and
Drug Administration), foi um dos poucos órgãos de controle e vigilância sanitária que não
autorizou a utilização terapêutica da talidomida durante a década de 50 no mercado
americano.

Em 1958, a Grunenthal começou a receber reclamações de casos de neuropatia


periférica, tremor, fraqueza musculares e perda de coordenação motora em pacientes
submetidos à utilização terapêutica da talidomida. Na década de 60 foi considerada a “droga
maldita” devido aos seus efeitos adversos graves e aumento da incidência de nascimentos de
crianças com malformações congênitas. Este fato levou os pesquisadores a associarem a
utilização da talidomida à Focomelia (encurtamento do membro junto ao tronco, semelhante
aos membros de foca). A decisão de retirar o fármaco do mercado em 1961 estava relacionada
com a alta incidência de malformações fetais, quando a gestante era previamente tratada com
a talidomida.
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Desde então, apesar de ter sido considerado um fármaco pouco testado antes de
sua aprovação, a talidomida é vista com um certo receio pelos órgãos de Vigilância Sanitária
e Farmacovigilância.

Após a retirada do medicamento no mercado mundial, a talidomida continuou a


ser utilizada no mercado brasileiro devido à falta de informação, descontrole na distribuição,
omissão governamental, automedicação e poder econômico da indústria farmacêutica. Após
investigação e comprovação da teratogenicidade com o uso da talidomida, esse medicamento
foi proibido para mulheres em idade fértil através da Portaria 63 da Secretaria de Vigilância
Sanitária do Ministério da Saúde, de 6 de julho de 1994. De acordo com a Portaria 160 / 97 de
28 de abril de 1997 sua produção ficou limitada aos laboratórios oficiais. Em 1992 surge a
ABPST (Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida) para defender os
direitos das vítimas da Talidomida.

Nesta mesma época, pesquisas clínicas e estudos realizados pelo FDA com a
talidomida, obtiveram resultados satisfatórios para tratamento de pacientes portadores de
hanseníase e também para o tratamento de pacientes aidéticos. Devido a esses resultados, em
setembro de 1997 foi anunciado que o FDA planejava aprovar a utilização da talidomida no
mercado americano.

Após 40 anos, a talidomida ressurge no mercado como um fármaco com boa


atividade para algumas doenças, como o eritema nodoso leproso (ENL), uma condição
inflamatória em pacientes com Hanseníase. O FDA permitiu sua venda para o portador de
ENL, porém com restrições para sua distribuição.

No Brasil atualmente, a talidomida é produzida exclusivamente pela Fundação


Ezequiel Dias (FUNED) para atendimento aos programas de Hanseníase e Lupus, do
Ministério da Saúde. De acordo com o Art. 5º da Portaria SVS∕MS nº 354 de 15 de agosto de
1997 a talidomida só pode ser indicada e utilizada no âmbito dos programas governamentais
de prevenção e controle de Hanseníase (reação hansênica, tipo eritema nodoso ou tipo II);
DST/AIDS (úlceras aftóides idiopáticas em pacientes portadores de HIV/AIDS) e doenças
crônico-degenerativas (lupus eritematoso, doença enxerto-versus-hospedeiro). Tal portaria
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regulamenta o registro, produção, fabricação, comercialização, prescrição e a dispensação dos


produtos a base da Talidomida.

2. USOS

As propriedades imunomodulatórias e anti-inflamatórias da talidomida são


utilizadas para o tratamento da reação hansênica tipo eritema nodoso, prurido nodular,
mieloma múltiplo, carcinoma cerebral, doença enxerto-contra-hospedeiro (que acomete
pessoas que se submetem a transplante de medula e costuma evoluir de forma grave), lúpus
eritematoso discoide, aftose, lesões mucosas da síndrome de Behcet, úlcera idiopática da
Aids, síndrome de caquexia associada à Aids.

3. RDC

Segundo a Portaria nº 354 de 15 de agosto de 1997, a talidomida é proibida


para mulheres em idade fértil em todo o território nacional (BRASIL, 1997). A Talidomida é
um fármaco sujeito a controle especial, com isso segue as exigências estabelecidas na Portaria
SVS/MS nº 344/98 e na Portaria nº 6/99 ou as que vierem a substituí-las (AGÊNCIA, 2010).

De acordo com a RDC nº11 (2011), é proibida qualquer doação da substância


e/ou do medicamento que contenha Talidomida. Excetuam-se os laboratórios oficiais
fabricantes, que podem doar o medicamento Talidomida exclusivamente para Secretarias de
Saúde e unidades públicas dispensadoras, quando autorizados pela autoridade sanitária
competente.

4. CUIDADOS

As reações indesejáveis ao medicamento talidomida poderiam ser controladas,


se o Ministério da Saúde contasse com a participação dos farmacêuticos no conjunto da
assistência básica e no PSF (Programa Saúde da Família). O alerta é do Presidente do
Conselho Federal de Farmácia (CFF), Jaldo de Souza Santos. Segundo ele, a ausência dos
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farmacêuticos nesses serviços públicos gera um vazio de informações técnicocientíficas, o


que deixa o usuário do medicamento em situação de insegurança e mais vulnerável aos efeitos
nocivos do produto. As malformações e até morte de bebês são as principais causas do uso
inadequado da talidomida.

De acordo com o dirigente do CFF, se os farmacêuticos estivessem atuando na


assistência ou atenção básica e no PSF, programas públicos, poderiam prestar orientações
fundamentais aos usuários da talidomida, como também às suas famílias, inclusive visitando
as suas residências e fazendo o acompanhamento do seu uso, garantindo a segurança da saúde
do paciente.

“A dispensação da talidomida, que requer muito rigor e muito controle,


somente pode ser realizada pelo farmacêutico, por uma questão de qualificação profissional”,
salienta. Jaldo de Souza Santos acrescenta que a dispensação de qualquer medicamento é uma
ação exclusiva e indelegável do farmacêutico.

5. ORIENTAÇÕES PERTINENTES

O medicamento talidomida somente poderá ser dispensado por farmacêutico e


mediante a apresentação e retenção dos documentos citados no artigo 20 da RDC nº 11, de 22
de março de 2011. (art. 30 da RDC nº 11, de 22 de março de 2011).

A Notificação de Receita de Talidomida (Anexo VI desta Resolução) é o


documento que, com os Termos de Responsabilidade/Esclarecimento, autoriza a dispensação
do medicamento à base de talidomida (art. 21 da RDC nº 11, de 22 de março de 2011).

A Notificação de Receita de que trata este artigo é individual e intransferível,


devendo conter somente o medicamento talidomida. (§ 1º do art. 21 da RDC nº 11, de 22 de
março de 2011).
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A Notificação de Receita terá validade de 20 dias, contados a partir da data de


sua emissão e somente dentro da unidade federativa onde foi emitida. (§ 2º do art. 21 da RDC
nº 11, de 22 de março de 2011).

A quantidade de talidomida por prescrição, em cada Notificação de Receita,


não poderá ser superior à necessária para o tratamento de 30 dias. (§ 3º do art. 21 da RDC nº
11, de 22 de março de 2011).

O farmacêutico, no ato da dispensação do medicamento talidomida, deverá


preencher os campos existentes na embalagem secundária do referido medicamento e orientar
o paciente sobre o uso correto, conforme a prescrição médica e os riscos relacionados. (art. 31
da RDC nº 11, de 22 de março de 2011).

A primeira via da Notificação de Receita de Talidomida será devolvida ao


paciente devidamente carimbada, como comprovante da dispensação, e a segunda via será
retida pela unidade pública dispensadora (art. 32 da RDC nº 11, de 22 de março de 2011).

O farmacêutico da unidade pública dispensadora somente poderá dispensar o


medicamento talidomida quando todos os itens da Notificação de Receita e do Termo de
Responsabilidade/ Esclarecimento estiverem devidamente preenchidos e legíveis (art. 33 da
RDC nº 11, de 22 de março de 2011).

É proibida a violação da embalagem secundária para a dispensação fracionada


do medicamento talidomida (art. 34 da RDC nº 11, de 22 de março de 2011).

6. FUNÇÕES ORGÂNICAS

A talidomida é um derivado do ácido glutâmico e estruturalmente contém dois


anéis amida e um único centro quiral. Este composto existe na forma de mistura equivalente
dos isómeros (S)-(-) e (R)-(+) que se interconvertem rapidamente em condições fisiológicas.
O enantiómero (S) está relacionado com os efeitos teratogénicos da talidomida,
enquanto o enantiómero (R) é responsável pelas suas propriedades sedativas.
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7. DIFERENÇA ENTRE ISÔMEROS

É fato que os isômeros são tão parecidos que muitas vezes são
confundidos, o que pode ser trágico em se tratando da saúde.

Essa diferença na conformação espacial resulta em propriedades biológicas


diferenciadas. Assim, com o tempo, descobriu-se que somente o isômero dextrogiro
ou (R) era responsável pelas propriedades analgésicas e sedativas, enquanto
o isômero levogiro (S) é teratogênico, que provoca mutações no feto. Por essa razão,
durante décadas nasceram mais de 10 mil crianças com má formação. Contudo, devido à
capacidade que essas duas variantes de talidomida têm de se converter uma na outra, não
é possível, por exemplo, utilizar terapeuticamente apenas o isômero R.

Figura 1 - Molécula da Talidomida

Figura 2 - Molécula R e S da Talidomida.


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8. ATIVIDADE ÓPTICA

Este é um tipo de isomeria espacial, ou seja, onde os isômeros são identificados


pela sua disposição espacial. Tanto a isomeria óptica quanto a geométrica são exemplos de
isomeria espacial.

O estudo da isomeria óptica é de extrema importância principalmente para a


indústria farmacêutica, pois a eficácia de certos medicamentos e princípios ativos para certa
doença pode ser determinada pela disposição espacial da molécula. Um caso de erro por falta
de conhecimento de isomeria foi o da Talidomida que causou inúmeras deformidades em
bebês de mulheres que ingeriam medicamento para ansiedade e que acabavam tendo efeito na
formação fetal por ser utilizado o isômero do composto.

O requisito básico para um composto possuir isômero óptico é possuir ao


menos um carbono quiral conferindo assimetria à molécula. Mas primeiramente, devemos
definir o que é um carbono quiral.

O carbono é um elemento tetravalente, ou seja, precisa realizar quatro ligações


para se estabilizar. Quando os quatro ligantes do carbono forem diferentes entre si dizemos
que este é um carbono quiral ou assimétrico. Um composto quiral é opticamente ativo e um
composto aquiral é inativo opticamente

Um composto assimétrico pode ser classificado em dextrógiro ou levógiro e


isso é definido a partir da incidência de um feixe de luz sobre a molécula. Se esse feixe for
desviado para a direita temos um isômero dextrógiro e se for desviado para a esquerda temos
um isômero levógiro. Caso o feixe de luz não seja desviado temos a presença de uma mistura
racêmica. Uma mistura racêmica, ou racemato é resultado da proporção 1:1 de isômero
dextrógiro e levógiro que acaba fazendo com que a mistura seja opticamente inativa.

Para quantificar esses isômeros utilizamos algumas fórmulas como por exemplo, para definir
o número de isômeros ópticos de determinada molécula:

2n= número de isômeros ópticos

Onde: n= número de carbonos quirais presentes na molécula


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Um enantiomorfo ou enantiômero é a imagem especular da molécula, funciona


como se a mesma fosse projetada em um espelho plano conforme a figura abaixo:

Na isomeria óptica temos a nomenclatura R/S que indica o sentido do “giro” da


molécula. Para definirmos isso precisamos:

 Ordenar os substituintes de acordo com a ordem de prioridade, e isso vai de acordo


com o número atômico. Quanto maior o número atômico maior a prioridade. Ou seja,
o hidrogênio quando aparecer será sempre o de menor prioridade.
 Posicionar a molécula de modo que o grupamento ou substituinte de menor prioridade
fique “para trás”.
 Numerar os grupos da maior prioridade para a menor prioridade e ligar a sequência
numérica; se a sequência ficar no sentido horário temos uma molécula R e se for anti-
horário S.

9. REFERÊNCIAS

www.funed.mg.gov.br
http://www.talidomida.org.br/
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/talidomida/bula
http://qnint.sbq.org.br
portalms.saude.gov.br

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