Edição Lisboa • Ano XXX • n.º 10.

763 • 1,70€ • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

Literatura Brasil
Guarani,
Um Nobel a o povo que
quer ser feliz
dobrar mas sem
fugir à regra para
Olga Tokarczuk
e Peter Handke
Destaque, 2 a 4

Maioria das provas da Operação

Teia em risco de ser anulada
Processo que investiga rede de favores e corrupção em câmaras do Norte do país pode voltar à estaca
zero. Juiz que autorizou escutas e buscas foi declarado incompetente para analisar o caso Sociedade, 22
REUTERS

Cateterismo vai
ditar se Marcelo
avança para
novo mandato
Presidente assume problema
cardíaco e será submetido
em breve a cirurgia
por indicação médica p14

Ofensiva O Inimigo Público

na Síria Costa procura
“geringonça”
Erdogan usada com quatro
ameaça enviar anos de garantia
3,6 milhões
de refugiados
se Europa falar
em ocupação
p32/33

Crianças comem Portugal parou Em Elvas, a

quatro vezes HOJE Colecção Portugal, de convergir ciganofobia deu
mais proteína Uma Retrospectiva em 1995 e já foi ao Chega a sua
do que deviam com direcção de Rui Tavares passado a leste maior expressão
Carnes e lacticínios lideram Vol. 19 — 1385 Por + De 1995 até agora, o PIB per Reportagem Viagem às
excessos. DGS lança
campanha de alerta p20
7,50€ capita português afastou-se
da média da UE p27 a 29
freguesias onde o partido
teve a melhor votação p10/11 ISNN-0872-1548

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2 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
DESTAQUE
NOBEL DA LITERATURA
Um prémio no cravo
e outro na ferradura?
A escritora polaca Olga Tokarczuk receberá o prémio de 2018 e o dramaturgo
austríaco Peter Handke é o vencedor de 2019. Contrariando expectativas que
ela própria criou, a Academia Sueca apostou aÄnal em dois europeus
Luís Miguel Queirós
A
escritora polaca Olga
Tokarczuk, de 57 anos, e o
Æccionista e dramaturgo
austríaco Peter Handke,
com 76, são os novos Nobel
da Literatura, respectiva-
mente de 2018 e 2019. Cada um rece-
berá cerca de 828 mil euros.
O júri salientou a “imaginação nar-
rativa” da obra de Tokarczuk, que,
“com paixão enciclopédica, repre-
senta a travessia de fronteiras como
uma forma de vida”, e “o inÇuente
trabalho” de Handke, que “explorou,
com criatividade linguística, a peri-
feria e a especiÆcidade da experiên-
cia humana”.
A escolha foi anunciada ontem
num ambiente de quase refundação
da Academia Sueca, apostada em
deixar Ænalmente para trás dois anos
de amargas disputas internas, mar-
cados pelo escândalo de abusos
sexuais protagonizado pelo marido
da académica Katarina Frostenson,
Jean-Claude Arnaut, entretanto con-
denado por dois crimes de violação.
Dotada de um novo secretário per-
manente e cheia de caras novas, a
última coisa que agora se esperava
da Academia era uma escolha polé-
mica. O próprio presidente do Comi-
té do Nobel, Anders Olsson, já indi-
cara, aliás, o caminho a seguir, assu-
mindo que o prémio devia tornar-se
menos “eurocêntrico” e menos
“orientado para o masculino”.
Neste contexto, os nomes ontem
anunciados constituem uma inques-
tionável surpresa. Se Tokarczuk,
mesmo não contribuindo para a quo-
ta extra-europeia, aumenta para 15
a exígua lista de escritoras nobeliza-
das, além de ser uma corajosa opo-
sitora da extrema-direita nacionalis-
ta e xenófoba do seu país, Handke
não só se inclui nessa categoria de
autores europeus do sexo masculino
que a Academia teria beneÆciado
durante demasiado tempo, como se
tornou altamente polémico pelo seu
alinhamento com as posições sérvias
na guerra civil jugoslava.
A própria composição do grupo de
jurados, que pela primeira vez
incluiu cinco especialistas externos
(que também participarão, soube-se
ontem, na escolha do prémio de
2020), terá sido pensada para con-
trabalançar a inÇuência dos sectores
mais conservadores da Academia.
Com uma maioria de mulheres e ele-
mentos muito jovens, como Rebecka
Kärde, de 27 anos, e Mikaela
Blomqvist, de 31, o objectivo parecia
ser o de um ostensivo aggiornamen-
to da instituição num mundo globa-
lizado e nestes anos pós-MeToo. A
própria cerimónia foi renovada num
esforço para tornar o processo mais
transparente, com o painel de jura-
dos externos a disponibilizar-se no
Ænal para responder a perguntas.
Duas obras polivalentes
A escolha do autor de A Angústia do
Guarda-redes antes do Penalti (1970)
ou Uma Breve Carta para Um Longo
Adeus (1972) é também a consagra-
ção de um autor que já várias vezes
surgira nas listas de candidatos e que
é reconhecido como um dos expoen-
tes da literatura de língua alemã do
pós-guerra. Handke praticou diver-
sos géneros, do teatro à Æcção narra-
tiva e da poesia ao ensaio, e contri-
buiu para renovar a dramaturgia
austríaca logo no início dos anos 60,
com várias peças publicadas na
revista de vanguarda manuskripte,
ainda antes de se revelar em 1966 a
um público mais amplo com Insulto
ao Público (ver texto na página 4).
Já as novelas e os romances de
Handke tratam geralmente de per-
sonagens que atravessam momentos
de grande tensão psicológica, e são
narrados com uma objectividade fria
e um humor absurdo típicos da lite-
ratura austríaca. Um dos seus livros
mais conhecidos, Wunschloses
Unglück (1972) é uma evocação da
sua mãe, que se suicidara no ano
anterior.
Bastante traduzido, lido e encena-
do em Portugal desde os anos 70,
Handke era então conotado com a
esquerda. A Plátano editou uma
escolha do seu teatro logo em 1975,
e nas décadas seguintes saíram, em
diferentes chancelas, obras como,
entre outras, A Mulher Canhota
(1976), O Chinês da Dor (1983), Numa
Noite Escura Saí da Minha Casa Silen-
ciosa (1997) ou o recente Os Belos
Dias de Aranjuez: Um Diálogo de
Verão (2014). E Francisco Vale, da
Relógio D’Água, disse à Lusa que
quer publicar em 2020 o último livro
de Handke, Die Obstdiebin.
De Tokarczuk está apenas dispo-
nível em edição portuguesa o livro
que lhe valeu em 2018 o prémio Man
Booker International, Viagens, publi-
cado pela Cavalo de Ferro, que deve-
rá lançar já na segunda-feira o
romance Conduz o Teu Arado sobre
os Ossos dos Mortos. Se Viagens, no
qual a crítica viu ecos de Sebald ou
Kundera, é um original conjunto de
narrativas, por vezes semi-ensaísti-
cas, Conduz o Teu Arado sobre os
Ossos dos Mortos é um falso thriller.
Formada em Psicologia pela Uni-
versidade de Varsóvia, Olga Tokarc-
zuk, tal como Handke, é uma autora
que percorre vários géneros literá-
rios, da poesia ao conto e ao roman-
ce. Reconhecida pela crítica como
um dos grandes nomes da actual
literatura europeia, a sua obra tem
tido também um assinalável sucesso
comercial, acelerado em anos recen-
tes por uma sucessão de prémios.
Em 2014, o romance Ksi gi Jakubowe
(Os Livros de Jacob) venceu o prémio
Nike, o mais popular galardão literá-
rio polaco, que a autora já recebera
em 2008 com Viagens, e no mesmo
ano foi-lhe atribuído pelos municí-
pios gémeos de Zgorzelec e Görlitz,
divididos pela fronteira polaco-ale-
mã, o Brückepreis, destinado a assi-
nalar contributos signiÆcativos para
a promoção da paz, da democracia,
do desenvolvimento e do entendi-
mento mútuo entre nações euro-
peias. E já este ano voltou a estar
entre os Ænalistas d Man Booker
International com o livro que a Cava-
lo de Ferro vai agora lançar.
Ainda sem publicação prevista
está Os Livros de Jacob, considerado Olga Tokarczuk posa para os
a sua obra-prima. fotógrafos, em Bielefeld, na
Alemanha, após lhe ter sido
Diversamente polémicos atribuído o Nobel da Literatura.
Filha de professores, Olga Tokarczuk Em baixo, Peter Handke,
nasceu em 1962 na cidade polaca de também ontem, no jardim da sua
Sulechów e viveu a adolescência e a casa de Chaville, perto de Paris

juventude na Polónia comunista.
“Tudo o que era interessante estava
fora da Polónia. Boa música, arte,
cinema, hippies, Mick Jagger. Era
impossível sequer sonhar em esca-
par”, contará à New Yorker
Ainda trabalhou como psicóloga
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 3
THILO SCHMUELGEN/REUTERS
CHRISTIAN HARTMANN/REUTERS
clínica, mas abandonou o emprego
porque, como explicou ao Financial
Times, era “muito mais neurótica”
do que os seus pacientes. Vegetaria-
na e activista política, é detestada
pela extrema-direita nacionalista
polaca, que a rotula de traidora à
pátria e lhe faz chegar recorrente-
mente ameaças de morte, a ponto de
a sua editora já ter contratado guar-
da-costas para a protegerem.
Olga Tokarczuk não hesita em evo-
car publicamente os esqueletos no
armário da história do seu país,
incluindo a sistemática perseguição
da minoria judaica, nem receia
afrontar a poderosa extrema-direita
polaca. Também Peter Handke ali-
menta controvérsias, mas por defen-
der posições bastante menos politi-
camente correctas. Crítico da inter-
venção da NATO no Kosovo, foi um
apoiante declarado do ex-presidente
sérvio Slobodan Miloševic, acusado
de crimes contra a humanidade pelo
Tribunal Penal Internacional. Miloše-
vic morreu em 2006, quando o seu
processo ainda estava a decorrer,
e Handke, que tem ascendência
eslovena pelo lado materno, discur-
sou no seu funeral, o que levou o
município de Düsseldorf a retirar-
lhe o prémio Heinrich Heine, que lhe
tinha sido atribuído nesse ano.
O Nobel ontem atribuído já come-
ça também a provocar reacções. A
embaixadora do Kosovo em Washing-
ton perguntou no Twitter: “Torná-
mo-nos tão insensíveis ao racismo,
tão emocionalmente indiferentes à
violência (…) que menosprezamos o
apoio [de Handke] à agenda perver-
sa de um genocida maníaco?”. E o
ministro dos Negócios Estrangeiros
da Albânia descreveu a escolha da
Academia como “ignóbil” e “vergo-
nhosa”.
Peter Handke nasceu em 1942 em
Grièen, na Áustria. A sua mãe sepa-
rou-se do pai biológico do autor —
um bancário que fora mobilizado
para o exército durante a Segunda
Guerra Mundial e que Handke só
conheceu quando já era adulto —
ainda antes de este nascer, tendo
voltado a casar-se, desta vez com um
condutor de eléctricos berlinense,
alcoólico, e que foi também soldado
no exército nazi. Educado num colé-
gio católico, ainda frequentou Direi-
to na Universidade de Graz, mas
abandonou os estudos em 1965,
quando a importante editora
Suhrkamp aceitou o seu romance de
estreia, Die Hornissen (Os Vespões),
numa altura em que as suas atenções
já se concentravam inteiramente na
criação literária e estava envolvido
no grupo que editava a já referida
manuskripte, e que incluía a drama-c
4 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
DESTAQUE
NOBEL DA LITERATURA
turga Elfriede Jelinek, futura Nobel
da Literatura de 2004.
Considerado um dos mais impor-
tantes autores de teatro da geração
pós-Samuel Beckett, Handke fez-se
também notar como argumentista,
tendo colaborado recorrentemente
com o cineasta alemão Wim Wen-
ders, para quem escreveu os argu-
mentos de A Angústia do Guarda-Re-
des no Momento do Penalty (1972),
Movimento em Falso (1975), As Asas
do Desejo (1987) e Os Belos Dias de
Aranjuez (2016). E ele próprio se
aventurou na realização, tendo-se
estreado em 1978 com A Mulher
Canhota e dirigindo mais tarde A
Ausência (1993).
Quando soube que recebera o
E
Nobel, Handke não escondeu o seu
espanto, provavelmente não tanto
por duvidar que a sua obra esteja à
altura de um tal reconhecimento (há
poucos anos até sugerira que se aca-
basse de vez com o Nobel da Litera-
tura), mas por ter consciência de que
é hoje uma Ægura controversa. “Foi
uma decisão muito corajosa da Aca-
demia Sueca. É boa gente”, disse
ontem aos jornalistas na sua casa de
Chaville, nos arredores de Paris.
Não se sabendo que argumentos
se cruzaram nas reuniões do júri,
não será de excluir que com esta
decisão, que está a ser vista como
“uma no cravo, outra na ferradura”,
a Academia tenha querido enviar
dois sinais talvez só aparentemente
contraditórios. A de que quer mes-
mo renovar-se e tornar o prémio
menos masculino e menos europeu,
mas também libertar-se da imagem
que lhe vinha sendo colada de algum
enviesamento ideológico, que terá
levado a que, por exemplo, um autor
como Jorge Luis Borges nunca tenha
recebido o prémio.
Uma das perguntas que os jorna-
listas colocaram após o anúncio
prendeu-se justamente com as posi-
ções asumidas pelo dramaturgo
sobre a Guerra dos Balcãs, tendo a
Academia esclarecido que homena-
geara Handke pelas suas qualiÆca-
ções literárias e não tomara em con-
sideração as opiniões políticas. Mui-
tos não gostaram da escolha.
Olga Tokarczuk não foi um deles.
Em declarações à imprensa sueca,
mostrou-se especialmente satisfeita
por partilhar o Nobel com Handke:
“É o meu escritor favorito.”
lmqueiros@publico.pt
Handke deu uma ‘luz de liberdade’ ao Portugal
de 70, Tokarczuk já não é desconhecida
Isabel Coutinho
O teatro do austríaco
incomodou a ditatura e foi
regularmente editado entre
nós. Já a polaca só tem uma
obra no mercado nacional
m 1972, João Lourenço e os
seus colegas do histórico Gru-
po 4, fundado também por
Irene Cruz, Morais e Castro e
Rui Mendes, apanharam com
dióspiros atirados da plateia
quando estrearam Insulto ao Público,
adaptação da peça homónima de
Peter Handke. Aconteceu no Porto.
Mas em Coimbra, onde também este-
ve em cena, a peça esteve parada uma
hora. “Quase havia uma batalha cam-
pal”, recorda João Lourenço ao
PÚBLICO, reagindo à notícia de
que Peter Handke recebeu o Nobel
da Literatura 2019. A estreia do espec-
táculo, que o grupo foi dos primeiros
a apresentar fora da Alemanha, acon-
tecera em Lisboa, no Teatro Monu-
mental. “Foi uma coisa fantástica
apresentar-se esta peça antes da
democracia. E tivemos um êxito
estrondoso”, diz o encenador.
Na época, o Grupo 4 fez “um con-
trato de leão” com o empresário Vas-
co Morgado, que teria de lhes pagar
muito dinheiro caso suspendesse o
espectáculo. Isto porque o texto escri-
to pelo austríaco estava aprovado
pela censura, mas os actores temiam
que, quando posto em cena, fosse
proibido. Assim foi. Os insultos “ao
público burguês” levaram as autori-
dades a querer proibir o espectáculo.
“Foi uma luta muito grande”, conta
Lourenço, contando que a compa-
nhia fez ainda representações com o
regime a tentar tirar o espectáculo de
cena: “Foi um êxito, com pateada,
com insultos de nós para o público e
deles para nós, com a PIDE na sala.”
Em Coimbra, “meteu PIDE na plateia
e no palco”, mas a peça lá pôde che-
gar ao epílogo. “E depois fomos para
o Porto, onde os espectáculos esta-
Mats Malm prestes a anunciar o Nobel da Literatura 2018 e 2019
vam esgotados. Este espectáculo Æcou
na história”, acrescenta o encenador,
hoje director do Teatro Aberto, lem-
brando ainda a frase do germanista e
crítico de teatro Paulo Quintela: “Este
é que é o verdadeiro teatro.”
“Tudo tem bicos”
O trocadilho de Handke misturando
“cabrões com capitães” e a cena em
que “entrava um rapaz negro que
dizia uma frase fatal para o regime
salazarista, ‘vocês que nos matam’”,
foram especialmente polémicas. A
censura tinha aprovado a peça por-
que não sabia que iria ser um negro a
dizê-la. “Era um espectáculo muito
forte, e livre”, aponta João Lourenço.
Os membros da companhia chegaram
a ser chamados por Moreira Baptista,
dirigente do Secretariado Nacional de
Informação, que os ameaçou de pri-
são, mas continuaram.
Para o próximo ano, o Teatro Aber-
to tinha já programado levar à cena
uma outra peça de Peter Handke,
decisão que precedeu o anúncio do
Nobel. “É muito interessante terem-
lhe dado o prémio porque ele foi um
inovador na escrita teatral. Ficamos
felizes, mesmo com aquela tomada de
posição [sobre a desintegração da
NEWS AGENCY/REUTERS
Jugoslávia] que ele teve há uns anos,
e que me é difícil compreender. É um
dos autores carismáticos para nós.”
Sobre este homem “que nos deu uma
luz de liberdade”, o encenador diz
ainda que não lhe incomoda o facto
de não ser consensual: “Tudo tem
bicos. E eu não gosto de coisas lisas.
Os nossos espectáculos também têm
bicos.”
O encenador e director dos Artistas
Unidos Jorge Silva Melo recorda-se de
ter visto o actor e encenador espa-
nhol José Luis Gómez apresentar Gas-
par, outra peça de Peter Handke, no
Teatro Villaret, também em Lisboa,
em 1973. “Foi uma surpresa enorme”,
lembra o encenador, que também viu
Pessoas sem razão com Gérard Depar-
dieu, numa encenação de Claude
Régy. “Tudo parecia novo e irrecusá-
vel. Depois, o seu teatro deixou de me
interessar e, de certo modo, Botho
Strauss veio ocupar o seu lugar”,
comenta Silva Melo ao PÚBLICO num
depoimento enviado por email. O
encenador continua porém a achar
que as breves narrativas desses anos
70 – que a sua irmã, Maria Adélia Silva
Melo, traduziu para a Difel – “são
maravilhosas”. Mas depois distan-
ciou-se.
João Barrento, que traduziu para
português, já nos anos 1990, as
peças O Jogo das Perguntas ou A Via-
gem à Terra Distante e A Hora em Que
Não Sabíamos Nada Uns dos Outros,
sublinha que Peter Handke está entre
os autores do espaço da língua alemã
que tiveram uma recepção mais regu-
lar em Portugal a partir dos anos 80.
Primeiro com a Æcção, mas também
com alguns livros de matriz mais
ensaística, embora algo Æccionados,
e depois com o teatro. Peter Handke
chegou a viver na Andaluzia e fez
algumas deslocações a Portugal, lem-
bra também, analisando a sua evolu-
ção autoral e a sua inscrição editorial
no panorama português: “Quando
começa, [Peter Handke] faz um tipo
de literatura que nesses anos 60/70 é
bastante vanguardista, inserindo-se
numa onda de literatura experimen-
tal, que depois se vai modiÆcando
pouco a pouco. Até ao começo deste
século, ele esteve sempre muito pre-
sente e há muita coisa dele traduzida
em Portugal.”
O mesmo não acontece com a Pré-
mio Nobel da Literatura 2018, a pola-
ca Olga Tokarczuk, que até ao
momento só tem editado o romance
Viagens, da Cavalo de Ferro. A obra
foi bem recebida pelos leitores, o que
levou a editora a fazer uma reimpres-
são. É uma coincidência feliz que
Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos
Mortos já estivesse na calha para che-
gar às livrarias na segunda-feira.
“Estamos aqui ocupadíssimos a ten-
tar aumentar a tiragem”, conÆrmou
ao PÚBLICO o editor Diogo Madre
Deus.
Diogo Madre Deus está de partida
para a Feira do Livro de Frankfurt, na
próxima semana, onde pretende
negociar direitos de outros livros.
Estava previsto um encontro com a
Nobel da literatura num cocktail com
os editores internacionais da polaca.
Se não for entretanto cancelada, a sua
presença na feira alemã não passará
despercebida. Agora, Olga Tokarczuk
deixou de ser desconhecida.
isabel.coutinho@publico.pt
Luz Vermelha é a série que põe tudo a nu. Desvenda a mais dura realidade da vida
de muitas mulheres e de mães zelosas como as “Mães de Bragança”.
Com um elenco de luxo, veste o drama individual de cada uma das personagens.
6 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019

ESPAÇO PÚBLICO
Peter Handke/Olga Tokarczuk
Os dois escritores foram distinguidos com o
Nobel da Literatura de 2019 e 2018,
respectivamente. A escolha do dramaturgo
austríaco, um dos maiores dramaturgos pós-Beckett,
autor de extensa obra, é uma surpresa tendo em
conta as suas posições políticas sobre o Kosovo e
pelo apoio ao sérvio MiloševiĿ. Olga é também uma
activista política, crítica do nacionalismo polaco de
extrema-direita e apenas agora será editada a sua
segunda obra em Portugal. (Págs. 2 a 4) J.J.M.
Poucos dias depois de o PS ter ganho as
legislativas, o Governo de Costa-Centeno
recebeu uma boa notícia, dada pelo
Conselho das Finanças Públicas: Portugal deverá
registar no final de 2019 o seu primeiro excedente
orçamental (0,1%) em mais de quatro décadas,
antecipando em um ano o que estava previsto. O
CFP projecta, aliás, saldos orçamentais positivos (e
dívida pública descrescente) para os próximos anos.
Mário Centeno (Pág. 29) J.J.M.

Esta coisa pública que se faz privada

o interesse dos privados
(normalmente desde que
acompanhado pelo respectivo
Ænanciamento público), mas não é
muito difícil perceber que não são
David Pontes estes sectores que pesam na nossa
Editorial performance económica. Desde os
dirão ter sofrido por estar sujeito ao
poder político, nomeadamente por
más decisões dos administradores
nomeados por este, mas que há
muitos anos beneÆcia de um lugar
único de referência no que respeita a
pagamentos do Estado,
aos outros e que, como tal, deve ser
privatizado. Mas até que isso
aconteça este é um banco público
que, no mínimo, não deve contrariar
os valores do seu proprietário,
nomeadamente o da protecção dos
mais desprotegidos, exactamente

M
esmo que haja gente que se
consegue eleger para o
Parlamento cavalgando o mito
que os males de Portugal se
devem ao facto de este ainda
ser um país economicamente pouco
liberal, a verdade é que dessas
“conquistas de Abril” já não resta
tanto assim para ser o bode
expiatório da nossas fracas taxas de
crescimento e do nosso baixo índice
de competitividade.
É certo que na Saúde, Educação e
Justiça ainda há muito para despertar
anos 90, e na maior parte dos casos
bem, muitas áreas foram privatizadas,
desde a comunicação social até à
banca. A vinda da troika deu mais um
empurrão neste sentido e, para além
de signiÆcativas alterações na lei
laboral, ainda levou a privatização a
áreas como a distribuição de energia
ou os correios, em que alguns podem
identiÆcar, com alguma pertinência,
serviços essenciais que deveriam ser
assegurados pelo Estado.
Entre o que resta na esfera do
Estado está a Caixa Geral dos
Depósitos (CGD), um banco que uns
nomeadamente dos seus pensionistas
e reformados.
É por isso pouco compreensível que
a CGD revele tanta falta de
sensibilidade na gestão desse enorme
contingente de seus clientes que,
muitas vezes, se encontram entre as
faixas mais fragilizadas da população.
Duplicar o preço a cobrar para
actualizar uma caderneta ou agravar
em mais 14% o custo da conta à
ordem mais barata, com a justiÆcação
de que a revisão está “em linha com o
mercado”, até pode ajudar quem
argumenta que este é um banco igual
aqueles que usam caderneta ou
optam pela conta mais barata.
Escudar-se atrás da desculpa de que
a “gestão do banco é com a comissão
executiva” é muito pouco para quem
ainda defende que o Estado tem um
papel importante a desempenhar na
nossa sociedade. Parte da
“geringonça”, o PCP e o Bloco de
Esquerda, já mostraram onde estão,
inclinando para a esquerda as suas
críticas. E o Governo? Para que lado
pende?
david.pontes@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Primeiro o país
Rui Rio, votaram em si mais de 1,4
milhões de portugueses. Conseguiu
atingir 34% dos deputados na AR e
teve mais votos que a soma de
todos os outros partidos que
Æcaram atrás de si. Ainda na
campanha, alguns apareceram a
augurar-lhe uns fracos 20% de
votos, mas conseguiu mais
400.000 votos que esta previsão.
Votei em si porque foi o primeiro
político — depois dos distantes
tempos de Mário Soares, Salgado
Zenha, Amaro da Costa e tantos
outros —, que voltou a pôr o país à
frente do partido e à frente de si.
Incomodados com este
atrevimento, surgem agora uns
tantos que lhe querem tirar a força
desta vontade, repondo
disfarçadamente o princípio de,
primeiro eu, depois o partido e
depois o país. Nesta linha, até um
antigo Presidente da República veio
propor primeiro uma amiga, depois
o partido e Ænalmente o país. Rui
Rio, mais de 1,4 milhões de
portugueses votaram primeiro em
si e depois no partido. Não nos
desiluda.
Manuel Campos, Viana do Castelo
Chega
O PÚBLICO publicou anteontem, e
bem, o artigo Chegada da
extrema-direita “ao Parlamento deve
alarmar partidos” analisando o
signiÆcado de o partido Chega ter
conseguido eleger um deputado. É
realmente uma situação que deve
preocupar todos aqueles que
entendem que a tolerância é um
valor essencial no funcionamento
da sociedade e a entrada deste
deputado no Parlamento deve ser
motivo de reÇexão e trabalho na
sociedade e, em particular, junto
dos restantes partidos.
No entanto, parece-me que
deveria também ser motivo de
preocupação e reÇexão para os
partidos pensarem como é que
alguém como o candidato do
Chega, cujas ideias, se não eram
antes conhecidas, puderam ser
ouvidas pelos portugueses durante
a campanha, singrou durante vários
anos dentro do PSD, tendo inclusive
sido escolhido por este partido para
ser candidato e cabeça de lista num
município como Loures. Como foi
possível que alguém que defende as
ideias hoje inscritas no programa do
Chega singrasse dentro de um
partido que se reclama da
social-democracia? Nunca, dentro
deste partido, ele expressou a sua
opinião? Nunca ninguém dentro do
partido se preocupou em saber qual
o seu pensamento?
É efectivamente preocupante
que alguém com a ideologia e as
propostas populistas do Chega
consiga entrar na casa da
Democracia. Mas isso é algo que
pode ser conseguido através de um
projecto pessoal com base num
pequeno partido radical. Mais
preocupante, em termos da saúde
do nosso sistema, é que alguém
com essas ideias consiga subir
vários degraus dentro de um
partido que, por deÆnição, deveria
ser, entre outras coisas, garantia do
funcionamento democrático das
instituições e, por isso,
necessariamente capaz de lidar
com quem não se sente confortável
numa sociedade democrática,
aberta e tolerante. Pensar que uma
pessoa com ideais xenófobos e
impregnados de intolerância
consegue progredir até ser cabeça
de lista num dos principais
partidos do regime parece-me ser
uma mensagem preocupante sobre
os critérios com que os partidos,
senão todos, pelo menos alguns,
escolhem aqueles que os
representam.
Pedro Fonseca, Aveiro
 Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 7

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

A Bélgica tornou-se o primeiro país a
reservar um lugar no Europeu de futebol
2020 e fê-lo em grande, com uma goleada
das antigas frente a San Marino (9-0). A selecção
treinada por Martinez, com sete vitórias em sete
jogos, demorou quase meia hora para abrir o livro,
mas mal o fez ficou com via aberta para o golo.
Portugal está mais atrasado neste caminho, mas
inicia hoje uma dupla jornada decisiva para se
Roberto Martinez juntar aos belgas. (Pág. 49) J.J.M.
Ursula von der Leyen sofreu mais um
contratempo na formação da sua Comissão
— o Parlamento Europeu chumbou a francesa
Sylvie Goulard, que se junta aos candidatos
apresentados pela Hungria e Roménia, já eliminados
pelos eurodeputados. Em causa estão pagamentos
irregulares a assistentes políticos com verbas
europeias que a fizeram cair em França como
ministra da Defesa, mas não impediram Macron de a
Sylvie Goulard indicar para comissária. (Pág. 34) J.J.M.

ESCRITO NA PEDRA

Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou
uma revolução, alguns dizem que assim é que a natureza compôs as suas espécies
Machado de Assis (1839-1908) escritor

SEM COMENTÁRIOS CENTRO DE DETENÇÃO DE IMIGRANTES NA FRONTEIRA DOS ESTADOS UNIDOS COM O MÉXICO
VERONICA CARDENAS/REUTERS

EM PUBLICO.PT
Percevejo asiático pode invadir
Portugal, alertam cientistas
Culturas agrícolas como o tomate, milho,
pêra, uva e laranja podem vir a ser
severamente afectadas
publico.pt/insectos
Céus de Coruche vão receber
o “maior balão do mundo”
a voar comercialmente
O III Festival Internacional de Balonismo
acontece na vila ribatejana de 29 de
Outubro a 3 de Novembro publico.pt/fugas
Discurso de Greta já chegou Região do Mediterrâneo
a Fatboy Slim: Right Here, aqueceu 20% mais depressa
Right Now do que a média global
DJ britânico misturou discurso da activista Relatório científico sintetiza os estudos
na Cimeira de Acção Climática. Um sobre as mudanças ambientais na região
mashup, diz um fã, “soberbo” publico.pt/p3 publico.pt/ciencia
8 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019

ESPAÇO PÚBLICO

Elogio da diversidade no Parlamento

(guia para conversas entre amigos)

N
DANIEL ROCHA

Susana Peralta
o domingo à noite elegemos 86
deputadas e 140 deputados.
Nunca o Parlamento teve tantas
mulheres. Ainda estamos longe
das quase paritárias Espanha
(48%), Finlândia e Suécia (47%),
mas ainda assim percorremos
um longo caminho. Há 20 anos,
só havia 14% de mulheres. É
natural que se vá confrontando,
nos próximos dias, com conversas de café e
jantares de família a dizer que isto da
paridade de género nos lugares de poder
não interessa grande coisa. Até aposto que
as discussões são mais veementes quando
chega a parte em que se discute a
representação política das minorias étnicas.
É a pensar nessas discussões que aqui deixo
uma pequena lista — naturalmente, não
exaustiva — de razões para estarmos todos
satisfeitos com um Parlamento mais diverso.
Pode selecionar uma ou duas e ir falando à
sua volta. De conversa em conversa, pode
ser que daqui a quatro anos tenhamos ainda
mais razões para festejar.
A principal razão para querermos mais
mulheres na política é de legitimidade
democrática. O termo “os portugueses” é
estatisticamente errado, porque mais de
metade das pessoas que vivem neste país
são mulheres — ou seja: portuguesas. É
difícil encontrar uma razão plausível para a
minoria de homens controlar a maioria dos
cargos de poder, incluindo todos os mais
importantes: primeiro-ministro, Presidente
da República, presidente da Assembleia da investigação nestes temas, conduziram um E há mais. O poder das mulheres na esfera disadvantaged minorities? Theory and
República. inquérito a cerca de 8500 adolescentes política aumenta a consciência relativa aos evidence from India”, da economista Rohini
Mas não é só isso. A presença feminina no meninas com idades entre os 11 e os 15 anos. abusos e injustiças várias que estas sofrem. Pande, publicado em 2003 na American
Parlamento muda a vida de muitas mulheres As autoras mostram O artigo “The power of political voice: Economic Review, mostra como a presença
fora dele. Por exemplo, no artigo “Leading que nas localidades women’s political representation and crime de minorias étnicas nos lugares eleitos
by example: female members of Parliament em que as mulheres in India”, publicado por outras quatro melhora as políticas dirigidas a estes grupos
as political role models”, publicado em 2007 têm lugares autoras (uma das quais, Petia Topalova, da população.
no American Journal of Political Science, reservados (leia: também é responsável pelo artigo das A representação das mulheres quase se
Christina Wolbrecht e David Campbell, Aqui deixo uma quotas) nas aspirações) no American Economic Journal, multiplicou por três em 20 anos. Já a das
professores de Ciência Política, analisam
informação de inquéritos em cerca de 20 pequena lista — assembleias
municipais, tanto as
em 2012, mostra que as denúncias de crimes
de género aumentam com a representação
minorias étnicas foi sendo empurrada para
debaixo do espesso tapete da política
democracias e mostram que a presença naturalmente, meninas como os política feminina. As autoras socorrem-se de centrada nos representantes brancos,
feminina no Parlamento aumenta a
propensão das mulheres para a política,
não exaustiva — seus pais e mães têm
aspirações mais
duas formas engenhosas para mostrar que
este aumento reÇete apenas mais denúncias
homens e com mais de 45 anos, que têm
dominado os lugares de poder. Três
sobretudo nas mais jovens, que discutem de razões para elevadas em relação e não mais crime. Por um lado, mostram que afrodescendentes é pouco. Para
política com maior frequência nos grupos de
amigos e mostram uma maior intenção para
estarmos todos ao futuro. Isto pode
parecer pouco, mas
as estatísticas de crimes que não fogem às
estatísticas oÆciais, como os assassínios, não
percebermos quantas faltam, precisávamos
dos dados étnico-raciais que nos continuam
fazer política na idade adulta. satisfeitos com a investigação aumentam. Por outro, os inquéritos a negar. Mas não são mulheres quaisquer; as
As mulheres em cargos de poder abrem as um Parlamento recente mostra que anónimos (em que, em princípio, as três são conhecidas pela intervenção cívica
portas do possível às crianças do sexo
feminino. No artigo “Female leadership mais diverso as aspirações — ou
seja, aquilo que as
mulheres não têm razões para não reportar
a violência) também não evidenciam um
anti-racismo e uma delas — Joacine Katar
Moreira — tem o mérito adicional de ter sido
raises aspirations and educational pessoas acreditam aumento de crimes contra as mulheres. a principal protagonista da campanha do
attainment for girls: a policy experiment in ser possível atingir — No domingo entraram três mulheres seu partido. Portanto, contamos com elas
India”, publicado em 2012 na prestigiada são determinantes afrodescendentes em São Bento. Também para valerem por 30!
revista Science, um grupo de quatro autoras em decisões críticas aqui há razões para estarmos otimistas. Por
que inclui Esther DuÇo, uma economista do para o futuro dos exemplo, o artigo “Can mandated political Professora de Economia na Nova SBE.
MIT que se tem destacado pela sua Ælhos. representation increase policy influence for Escreve à sexta-feira

Liberdade de expressão A preocupação
– 4, Portugal – 0 com André Ventura
N
Francisco Teixeira da Mota
Escrever Direito
o domínio da liberdade de
expressão, os nossos tribunais,
vezes de mais, são bastante
primitivos, oscilando entre o
corporativismo medieval e o
respeitinho do Estado Novo, por
mais que já utilizem, nas suas
decisões, citações do próprio
Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos (TEDH). Mas, no Ænal da
sentença ou do acórdão, lá dão a volta a todas
essas sábias digressões e concluem que a
pessoa em causa se excedeu, ultrapassou os
limites admissíveis, ofendeu, difamou e,
enÆm, tem de ser condenada em multa ou em
pesadas indemnizações ou mesmo em penas
de prisão!
Curiosamente, é muito em juízes da
primeira instância que se encontra este afã de
calar e castigar os críticos, os malcriados, os
insolentes, os minoritários, os inconvenientes
e os desmesurados, esmagando, assim, a
nossa liberdade de expressão. Já o nosso
Supremo Tribunal de Justiça tem, há alguns
anos, um entendimento da liberdade de
expressão respeitador da nossa Constituição e
dos nossos compromissos internacionais,
reconhecendo o seu carácter matricial numa
sociedade democrática
Na semana passada, o TEDH debruçou-se
sobre o caso do jornalista Joaquim António
Emídio, do jornal O Mirante, que, num artigo
de opinião, escrevera “Chama-se Rui Barreiro,
é o mais idiota dos políticos que conheço, e foi
durante este último ano e meio secretário de
Estado das Florestas, do Governo de José
Sócrates”, e que, por isso, fora condenado a
pagar €2500 ao político visado e outro tanto
em multas. O TEDH considerou que o direito
de exprimir essa opinião, no âmbito do
debate público e político, não podia ser
coarctado e condenou o Estado português a
devolver ao jornalista os €5000 que este
gastara por ordem do Tribunal de Santarém.
Debruçou-se também o TEDH, na semana
passada, sobre o caso do médico Gomes da
Cruz, que, também num artigo de opinião, ao
pôr em causa a decisão do presidente da
Câmara da Lourinhã de excluir a sua clínica
dos fornecedores de serviços camarários,
tinha referido a “falta de carácter e
honestidade” do autarca e também a sua
“cobardia”. O Tribunal da Relação de Lisboa
condenara o médico a pagar uma multa de
€18.000 e uma indemnização ao autarca de
€4500, mas o TEDH, pacientemente, veio
explicar que a opinião do médico tinha, por
um lado, alguma base factual e, por outro, era
feita no contexto de um debate público de
interesse geral, sendo o autarca uma Ægura
pública, pelo que não se justiÆcava punir o
médico por ter dito o que pensava. A
liberdade de expressão devia ter prevalecido
e Portugal foi condenado a pagar ao médico
os €22.500 que este gastara.
Esta semana, o TEDH voltou a condenar
duas vezes Portugal por violação da liberdade
de expressão. Em ambos os casos as vítimas
tinham sido advogados e os algozes, juízes.
Um dos advogados porque tinha feito uma
queixa ao Conselho Superior da Magistratura
(CSM), referindo, a seu ver, algumas
irregularidades processuais praticadas por
uma juíza do Tribunal de Gouveia e referido a
existência de um “clima de grande intimidade”
entre a juíza e o advogado da parte contrária.
Moral da história: Ai queixaste-te? Pois, então,
levas. A queixa no CSM contra a juíza foi
arquivada e o temerário advogado — que se
queixara no local próprio! — foi condenado
pelo crime de difamação agravada e a
indemnizar a juíza em €5000!
Já o advogado Pedro Miguel Carvalho fora
condenado a pagar €10.000 a uma juíza do
Tribunal de Felgueiras por ter patrocinado
uma queixa-crime apresentada contra esta
por seus clientes se
sentirem ofendidos
pelas expressões
utilizadas
relativamente à
etnia cigana, numa
Ainda há muitos sentença que os
juízes que não condenara num
perceberam o outro processo. A
queixa-crime contra
que é a liber- a juíza foi arquivada
-dade de e esta não esteve
com meias
expressão numa medidas: foi ao
sociedade tribunal pedir que o
advogado fosse
democrática. É condenado a
triste e é grave indemnizá-la em
€500.000 por ter
patrocinado os
ciganos ofendidos!
Não conseguiu esta
modesta verba, mas
o Tribunal da
Relação do Porto foi
amigo: condenou o advogado a pagar-lhe
€10.000, o que este cumpriu.
Em ambos os casos, o TEDH considerou
que os tribunais procederam ilegalmente ao
condenar os advogados, podendo até estar a
intimidá-los — a eles e a todos os advogados —
no exercício da sua proÆssão e ordenou que o
Estado português pagasse aos causídicos o
que eles tinham pago às juízas.
Infelizmente, ainda há muitos juízes no
nosso país que não perceberam o que é a
liberdade de expressão numa sociedade
democrática. É triste e é grave.
Advogado. Escreve à sexta-feira
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 9
ESPAÇO PÚBLICO
N
não existiam mulheres, negros, gagos e gente
João Júlio Cerqueira de origem humilde. Ou uma conjugação
destas adjetivações.
ota prévia: nas últimas eleições Também convivemos bem com um dos
europeias votei no Livre de Rui partidos mais anticientíÆcos da nossa
Tavares e nestas eleições democracia (quase empatado com o PAN). O
legislativas votei no PS de António Bloco de Esquerda é um dos grandes
Costa. Nunca, na minha vida, votei proponentes das terapias alternativas, um dos
num partido de direita. principais demonizadores do glifosato (apesar
Dito isto, Æquei satisfeito com a de não ser cancerígeno), dos transgénicos
chegada de três novos partidos à (apesar de seguros e positivos para a saúde e
Assembleia da República — Livre, ambiente), da “agricultura intensiva” e
Iniciativa Liberal e o Chega. E Æco promotores do roubo que representa a
contente por existir uma maior agricultura biológica.
representatividade de ideias, mesmo não Aliás, toda a esquerda em Portugal e por
concordando com muitas delas. E até esse mundo fora sofre de um paradoxo
concordo com a manutenção do PAN na engraçado. Ao mesmo tempo que se mostram
Assembleia, apesar de ser extremamente preocupados com as alterações climáticas,
crítico das suas posições anticientíÆcas. negam as vantagens de algumas das melhores
Assim, não posso deixar de constatar a soluções para combater esse problema.
minha surpresa pelo pânico moral que surgiu Mas qual o objetivo deste texto? É atacar a
pela chegada do André Ventura ao esquerda política? Não. Este texto pretende
Parlamento, em representação do Chega. alertar para a necessidade de olharmos para
Como se fosse o Æm da democracia. Numa os nossos próprios vieses. Para os nossos
democracia que convive há décadas com a “telhados de vidro”. A histeria moralizadora a
extrema-esquerda, sem grandes pudores. que neste momento assistimos com a eleição
Por exemplo, o Partido Comunista acha que do André Ventura
a deÆnição do regime político da Coreia do não é nada chocante
Norte, se é ou não uma democracia, é uma quando olhamos
questão de opiniões. Defende Nicolás Maduro, para os restantes
dizendo que foi eleito de forma democrática e partidos da
a soberania da Venezuela deve ser respeitada, Há problemas Assembleia de uma
apesar de o povo estar a morrer à fome, sem
graves no nosso
forma neutra, vemos
acesso a cuidados de saúde e emigrando em
massa. Apesar das eleições não terem sido sistema político,
as suas
incongruências e, em
livres nem justas, com vários países a não
na nossa alguns casos, as suas
reconhecerem a legitimidade de Maduro. O
Partido Comunista é o partido que votou democracia. E o
visões radicais do
que deve ser a
contra o pesar pelas mortes na praça chinesa
Chega de André sociedade e a
de Tiananmen. É o partido que saúda a
Ventura nem
democracia.
revolução cubana de Fidel Castro. “Grunho” é uma
Também não deixa de ser interessante que sequer chega adjetivação
o pânico moral não se estendeu ao Livre, um
ao pódio
habitualmente
partido que se fez representar por Joacine atribuída a apoiantes
Katar-Moreira, que interpretou as eleições da extrema-direita
como um “concurso de coitadinhos”, em Portugal. Mas
aÆrmando-se como a mais coitadinha dos “grunhos” de
candidatos. Katar trouxe para Portugal o esquerda não são
identity politics americano. Representa o menos perigosos que
feminismo radical, que pede uma revolução “grunhos” de direita.
cultural em todos os contextos sociais e Expressam o mesmo
económicos, contra a opressão do patriarcado nível de intolerância por ideias diferentes
(habitualmente representado pelo homem das suas, o mesmo nível de autoritarismo, a
branco). Um discurso altamente polarizador, mesma motivação para evitar opiniões
criador de “Trumps e Bolsonaros”, já que contrárias e a mesma tendência para ignorar
afasta uma grande parte do eleitorado na evidência cientíÆca que contraria a sua
direção oposta a este radicalismo de esquerda. ideologia.
Toda a campanha de Katar circulou à volta do Há problemas graves no nosso sistema
seu sexo, cor de pele, origem e da sua gaguez. político, na nossa democracia. E o Chega de
Não foi culpa da comunicação social, foi opção André Ventura nem sequer chega ao pódio.
política. Katar diz ser “revolucionário que O principal será o tribalismo político que
uma mulher de origem africana e que não faz tolda a racionalidade das pessoas, preferindo
parte das elites seja candidata” e tenha agora a sua ideologia à verdade.
entrado na Assembleia. Essa Assembleia das
elites onde, na época pré-Katar, pelos vistos Médico; criador do blogue SCIMED
10 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
POLÍTICA
Em Elvas, “o ódio contra os
ciganos” rendeu votos ao Chega
Dados da PSP de Elvas mostram que não
há mais ciganos a cometer crimes do que
não-ciganos. Mas na cidade onde vive
uma comunidade cigana com centenas de
pessoas os preconceitos estão bem vivos
Reportagem
Joana Gorjão Henriques
No domingo, Almerindo Prudêncio
estava numa mesa de voto na
Escola Básica de Santa Luzia,
centro de Elvas. Achava que o
Chega ia ter apenas “uma meia
dúzia de votos”. Mas, aÆnal, foram
mais. “Não se estava à espera de
nada disto”, aÆrma o também
mediador cigano naquela escola.
A sua freguesia — Assunção,
Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso,
que Æca no centro de Elvas —
registou a maior taxa de votação no
Chega entre as que tiveram acima
de 100 votos. Em 8368 eleitores,
aquele partido de extrema-direita
tornou-se a quinta força política, à
frente do PCP e do PAN: 167 votos,
ou seja, 4,49%.
Olhando para trás, isto não
espanta assim tanto Almerindo
Prudêncio, 44 anos.“ Encontraram
no Chega a maneira de expressar a
discriminação. Há um preconceito e
uma ideia de que somos todos
iguais e que não há nada de bom
entre os ciganos. É nisso que o sr.
Ventura pega e faz a sua campanha:
recolhe o ódio da população, faz
uma manobra e solta aquelas
baboseiras.”
Estamos no Bairro de São Pedro,
onde vivem famílias ciganas e
não-ciganas, e onde reside
Almerindo Prudêncio. Prédios
brancos baixos, estradas largas,
ambiente tranquilo. “AÆnal o que é
um cigano?”, questiona. “Se o
dicionário diz que são ladrões,
trapaceiros, então há muitos mais
que nós. Ele [André Ventura]
transfere todo o mal da sociedade
para os ciganos e capta os votos de
pessoas inconscientes.”
Sobre os ciganos André Ventura
repetiu várias vezes que viviam à
custa de subsídios e que são
favorecidos em relação a outros
cidadãos, nomeadamente na
habitação. Entrando no Bairro das
Pias, às portas de Elvas,
favorecimento é tudo o que não
existe. Não há água canalizada nas
casas, de estrutura pré-fabricada, o
lixo no descampado não é retirado,
não há transportes públicos à
excepção da carrinha da escola. Ali
vivem cerca de 40 famílias há mais
de uma década. Há bidões de água
espalhados nos terraços, e crianças
a tomar banho cá fora, de balde. Por
dentro, algumas casas parecem ter
sido pintadas de fresco,
contrastando com o exterior; outras
têm rachas e bolor.
Segundo o Instituto de Habitação
e Reabilitação Urbana, em 2015, 45%
de todos os alojamentos não
clássicos eram habitados por famílias
ciganas, 32% das famílias ciganas
residiam em alojamentos não
clássicos e 46% em habitação social.
Almerindo Prudêncio explica aos
moradores o motivo da reportagem:
perceber por que razão tanta gente
na freguesia votou no Chega. A
maioria absteve-se. Porquê? “Nunca
fazem nada pela gente”, diz David
Carmo, 38 anos.
Almerindo Prudêncio
contextualiza: “Grande parte das
comunidades ciganas não se sentem
representadas, estão despolitizadas.
Houve políticas [dirigidas aos
ciganos] sobre as quais não lhes
perguntaram nada: dá nisto. E
depois as pessoas estão resignadas,
não é só aqui. Aqui há segregação
mas não é caso único. Se estes Jacinto Cesar, vice-presidente da Aiar; Preciosa Brito, eleitora de freguesia vizinha; e José Laço, autarca
senhores puserem um currículo
numa proposta de emprego, das redes sociais para defender os Dados da actual Estratégia formal, com um contrato ou um
sabendo que as pessoas são do ciganos: “Na nossa etnia tanto há Nacional para a Integração das salário. Metade dos ciganos recebe
Bairro das Pias, vai para trás.” bons como maus, como na deles. Comunidades Ciganas (ENICC) o Rendimento Social de Inserção
A jovem Sheila Cardoso quer Não acho justo. Não são só os dizem que 97% dos ciganos, em (RSI), o que representa apenas entre
falar. “Há muito racismo, aqui há ciganos que recebem o RSI. 2011, estavam abaixo do limiar da 3 a 6% do bolo do RSI distribuído a
poucos a tratarem bem os ciganos.” Revolto-me muito.” pobreza. Mas é falsa a ideia de que nível nacional, segundo dados do
E comenta: “Eles desistiram da Os números oÆciais dizem que os sobrevivem à conta de prestações Instituto da Segurança Social
gente. Dão-nos patadas.” ciganos em Portugal são 0,4% da sociais, revela o primeiro grande compilados em relatórios.
Cátia Carmo, 29 anos, não-cigana população. Em 2015 havia cerca de estudo nacional de 2015 sobre esta
casada com um cigano que tem 530 ciganos registados no concelho comunidade, feito pela Cidade conservadora
família no bairro, chega à rua de de Elvas, segundo o Observatório investigadora Manuela Mendes: Falando com a população a
carro. Atrás está o Ælho. As famílias das Comunidades Ciganas, mas a “uma percentagem grande impressão é de que não era preciso
aceitaram-se bem, conta. Ela população pode crescer em trabalha”, só que muitas vezes não André Ventura ir espalhar
costuma comentar nas publicações determinadas alturas até aos mil. se trata de trabalho no mercado xenofobia em Elvas contra os

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA
ciganos para que existisse. Não
houve autocolantes, nem brindes,
nem candidatos do Chega a circular
entre os habitantes. Pelo menos
ninguém se lembra de os ver. Mas
André Ventura é adepto ferrenho do
BenÆca, comenta na CMTV (faltou a
um debate das europeias por causa
de futebol) e tem uma coluna no
jornal mais popular do país, o
Correio da Manhã.
Poucos sabem o que defende o
seu partido além do ataque aos
ciganos. Propostas? Eliminar o
cargo de primeiro-ministro,
castração química de pedóÆlos,
reduzir o número de deputados
para uma centena, prisão perpétua,
taxa única de IRS e extinção do
Ministério da Educação.
À mesa de um restaurante no
centro está o comunista António
Avis Afonso, a almoçar com o irmão.
“Elvas foi uma cidade de
agricultores, latifundiários. Havia
relação com a extrema-direita, com
PIDE. Aqui não é PS, nem PSD, é
uma questão familiar”, diz. Numa
reportagem da RTP acusou-se a
Câmara de Elvas de ter excluído uma
jovem deÆciente de 25 anos, com o
12.º ano, de um concurso, para
colocar a familiar da ex-secretária
do presidente da câmara.
Foi o PS, porém, quem voltou a
vencer as eleições na cidade de
Elvas e naquela freguesia onde
estamos: num universo em que
quase 56% das pessoas não foram
votar, Æcou com 39% dos votos; o
PSD teve 24,7%. O BE Æcou à frente
do Chega com quase 9% e o CDS
também, com 7,66%.
Electricista, António Afonso acha
que quem votou na extrema-direita
foi o eleitorado do PSD. Sobre o
sentimento anticiganos na cidade
diz: “Não sou racista. Mas eles não
se dão com a gente, não se
integram.” Discorre frases que
associam os ciganos ao crime e à
desordem. Contrapomos com o que
alguns ciganos disseram. Não
concorda. Se um candidato do PCP
dissesse o que André Ventura diz
sobre os ciganos, votaria nele?
— perguntámos. Responde: “Esse
candidato acabava, não votava.”
Um jovem passa pela mesa,
levanta-se, atira: “Devia era
entrevistar as pessoas novas.” Votou
Há quem tema que o
Chega vá agora para
Elvas ‘provocar ciganos,
para legitimar’ o seu
discurso, diz Rui
Salabarda
no Chega? Levanta o dedo como
quem diz que sim e desaparece.
A tarde está quente e não há
muita gente na rua, tirando alguns
turistas espanhóis. Jacinto César, 69
anos, ex-professor e vice-presidente
da Aiar — Associação de
Desenvolvimento pela Cultura,
surpreendeu-se com os resultados
da extrema-direita, nomeadamente
no distrito de Portalegre, ao qual
Elvas pertence, e onde teve 1407
votos, ou seja, 2,73%.
André Ventura vem do PSD de
Loures, mas acabou por ser afastado
pelo seu partido e pelo CDS com
quem estava coligado. Depois de
várias irregularidades com o
processo — com assinaturas de
menores e militares — em 2018
conseguiu que o Tribunal
Constitucional aprovasse a
constituição do Chega. O Chega
criou a coligação Basta nas
europeias, usando como “barrigas
de aluguer” o Partido Pró-Vida e o
Partido Popular Monárquico. Jacinto
César é, aliás, um dos fundadores do
partido Pró-Vida. Diz não ter votado
no Chega, votou em branco. “Estou
convencido que é uma questão
racista”, aÆrma sobre a motivação
do eleitorado. “É que os problemas
com os ciganos são quase diários”,
diz. Quais? “Os assaltos, a
maneira de estar deles que não
se querem integrar.”
Uns metros à frente está a
esquadra da PSP. É lá que
trabalha o comandante de
divisão de Elvas, Rui
Massaneiro. O registo de crimes
imes
contradiz o preconceito. “OsOs
números não indicam que
exista maior número de
crimes cometidos pela
comunidade cigana do que
Almerindo Prudêncio
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 11
pela restante população. O crime
não é um problema exclusivo da
comunidade cigana”, aÆrma.
Quanto a boatos sobre aumento do
crime em Elvas diz: “Até há redução
da taxa de criminalidade dos crimes
contra o património.”
Rui Salabarda, coordenador do
gabinete de mediação intercultural
em Elvas, dirigente da associação
Sílaba Dinâmica e candidato do
Bloco de Esquerda, diz que o seu
trabalho é desmistiÆcar e
desconstruir preconceitos. Mas
mesmo ele foi surpreendido com o
resultado: “Algumas pessoas
quiseram mostrar revolta por se
estar a pôr o foco na integração de
minorias étnicas. Não percebem o
que é equidade. Entendem que é
um favorecimento.” Outra “parte”
desse eleitorado terá sido
mobilizado pelo discurso contra a
corrupção. E outra respondeu ao
discurso sobre reivindicação de
direitos das forças de segurança
(dois dirigentes sindicais da PSP
Æzeram parte da lista do Basta às
europeias). “Tenho receio que o
Chega venha a Elvas provocar os
ciganos para legitimar o seu
discurso.”
Para a directora da Escola
Secundária D. Sancho II, Fátima
Pinto, 54 anos, os motivos da
adesão
adesã nada têm a ver com
os cig
ciganos: “Sempre
coabitámos
coab com eles”, diz.
Lembra
Lem que Elvas é “zona
de gr
grandes latifundiários e
conservadorismo”.
cons AÆrma
que quem votou Chega
qu
““não votou por repulsa,
mas mais por ideais, há
uma grande fatia
monárquica”.
Já José Laço,
presidente da junta de
freguesia pelo PS, não
notou sequer a presença do partido
durante a campanha. Não descarta
a xenofobia como motor. “A
integração dos ciganos vai estando
mais próxima. Ainda está a meio a
evolução de só quererem ter direitos
e não querem obrigações”, aÆrma,
referindo-se à questão dos
subsídios. Em que diferem estas
opiniões das de André Ventura?
“Não empurramos [os ciganos], mas
fazemos uma aproximação”, diz.
Aos 60 anos, com uma tatuagem
no pulso, Preciosa Brito não tem
pudor em aÆrmar que votou no
Chega, mas noutra freguesia. Está
num café perto do Clube de Ténis e
ouve-nos abordar um grupo de
mulheres que não quer falar. Ela
quer. BenÆquista, acompanhava
André Ventura na CMTV. É viúva,
doméstica, não costumava votar, e
desta vez até inÇuenciou algumas
pessoas. Subscreve as ideias do líder
de extrema-direita sobre os ciganos:
“A voz dele vai representar quem
tem ideias como ele: não dar
subsídios às pessoas que nunca
trabalharam, a pena de morte, a
castração química dos pedóÆlos.”
Numa grande esplanada onde se
juntam pequenos grupos, Luís
Aparício e os amigos bebem cerveja.
Ele acabou o curso de produção
musical, está desempregado.
Participou nas mesas de voto no
domingo. “Acho que é aquele medo
imposto à sociedade para que
tenham o preconceito. É um
discurso que incentiva ao ódio”, diz.
Não descarta como factor de
mobilização do eleitorado ele
aparecer na CMTV e ser benÆquista.
“Sabe que os temas que levanta são
polémicos. E o que ele quer é
polémica para Æcar na boca do
povo.”
jgh@publico.pt
12 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
POLÍTICA
Leis laborais são o primeiro obstáculo
nas conversas entre PS e BE
Reuniões entre os dois partidos só
arrancam para a semana. Socialistas
reuniram-se para discutir caminho a
seguir. Comissão executiva dos Verdes
aprovou conversas com o PS
“Geringonça 2.0”
Liliana Valente
e Maria Lopes
Há quatro anos, na hora de escrever
preto no branco as condições que
levavam os partidos da esquerda a
aceitar e a apoiar um Governo do PS,
Æcou de fora das posições conjuntas
tudo aquilo em que não concorda-
vam. António Costa diria muitas vezes
que o que tinha corrido bem na
“geringonça” era que se tinham con-
centrado no que os unia e tinham
deixado de fora o que os separava,
deixando espaço a que cada partido
mantivesse a sua identidade.
Na altura, uma matéria saltava à
vista: as leis laborais. Quatro anos
depois, é o primeiro tema na praça
pública em que os dois partidos não
têm a mesma posição. Os socialistas
reuniram-se ontem à noite para deÆ#
nir aÆnal como quer Costa governar.
Catarina Martins entregou a Antó-
nio Costa um documento com uma
proposta para um entendimento que
aguente o Governo durante quatro
anos, à semelhança do que aconteceu
em 2015. Costa registou o que o BE
disse, mas coloca-o no mesmo pata-
mar dos outros partidos (que Æzeram
propostas mais aquém). À noite, à
entrada para a reunião da comissão
política do PS, Costa respondeu que
está a “avaliar as diferentes condi-
ções” e que “o próprio BE anunciou
diversas formas de colaboração”.
Antes tinha referido que todos os par-
tidos lhe mostraram a vontade de
diálogo “permanente ao longo da
legislatura, encontrando sempre
soluções” e farão “avaliação prévia
dos orçamentos e de outros docu-
mentos de política fundamental”.
Mas não foi só isso que o BE fez,
propôs-lhe um entendimento diferen-
te. E nessa proposta insiste que quer
que o Governo aceite mexer de novo
no Código do Trabalho para “des-
troikar” a legislação laboral, como a
redução das compensações por des-
pedimento, a redução dos dias de
férias ou as horas extraordinárias,
medidas que querem ver revertidas.
A prioridade do BE esbarra, à par-
tida, na prioridade que António Cos-
ta não dá ao tema. Depois da correria
de sede em sede de partidos, António
Costa reservou a manhã de ontem
para ouvir os parceiros sociais e, no
Ænal, disse que a sua “prioridade” não
era rever a lei laboral, mas não fechou
totalmente a porta. O primeiro-minis-
tro indigitado admite que haverá
“condições para avaliar os efeitos des-
ta legislação e depois, em função des-
sa avaliação, ver o que é que há ou
não haverá a fazer”.
Nas prioridades de António Costa,
referiu-o por várias vezes na campa-
nha eleitoral, é começar este mandato
a assinar um acordo de aumento de
rendimentos com os patrões e sindi-
catos. E foi nesse ponto que se concen-
trou depois de ouvir os parceiros
sociais. “Creio que a prioridade neste
momento não está na sede da legisla-
ção do trabalho, a prioridade está cla-
ramente na política de rendimentos e
aí, felizmente, há um grande consenso
sobre esta prioridade”, disse.
Mas sobre rendimentos, Costa colo- RUI GAUDÊNCIO
ca o assunto ao nível da Concertação acordo para que o Governo socialista
Social e não de acordos políticos. A que se irá formar tenha o “horizonte
meta para os salários mínimos que da legislatura”.
quer estabelecer a cada ano quer Há mais matérias sobre as quais os
estabelecê-la com os parceiros, recu- socialistas e bloquistas terão de “partir
sando dizer sequer qual o valor que pedra” nas reuniões técnicas que só
pretendia atingir no Ænal da legislatu- irão acontecer para a semana, nomea-
ra. Nesse aspecto, não há um desen- damente as condições do SNS, os “ser-
contro com o BE: os bloquistas tam- viços públicos em todo o território,
bém querem aumento de rendimen- incluindo a recuperação do controlo
tos, mas colocam uma fasquia. público dos CTT” e mais investimento
No programa eleitoral do BE, o par- público, nomeadamente na resposta
tido defende o aumento do salário à crise da habitação, dos transportes e
mínimo para 650 euros — quer no da emergência climática”.
público, quer no privado — em Janei-
ro de 2020. A partir daí, o BE quer o PEV negoceia
seu aumento em mais de 5% ao ano, A Comissão Executiva Nacional do
um valor acima da inÇação. Partido Ecologista Os Verdes deu
Apesar de um ter um valor deÆnido ontem o aval a que o partido mante-
e outro não, não é impeditivo que na António Costa e Duarte fazer só com este partido um acordo nha o diálogo com o PS e o Governo
sede de um acordo política este seja Cordeiro reuniram-se com para o aumento do salário mínimo. de António Costa para “apreciação
um princípio a aparecer. Aliás, nos os parceiros sociais. Bloco É o primeiro obstáculo que PS e BE prévia conjunta de eventuais propos-
acordos de há quatro anos, não havia insiste em “destroikar” as terão de ultrapassar se ambos quise- tas de rejeição ao programa do Gover-
valores deÆnidos e o PS acabou por leis laborais rem, como aÆrmam, conseguir um no, moções de censura ao Governo e

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
de cada Orçamento do Estado”.
Em comunicado, a comissão limi-
ta-se a anunciar que é favorável a que
o PEV assuma disponibilidade para
esta apreciação, mas não faz qual-
quer referência à forma que um futu-
ro entendimento deverá assumir —
ou seja, se é um compromisso para
quatro anos ou para ser visto anual-
mente, ou se implica que os Verdes
queiram ver incluídas ainda no pro-
grama do Governo algumas medidas.
É que no Ænal da reunião de quarta-
feira na sede do PEV, o deputado José
Luís Ferreira aÆrmou que a intenção
do partido é assegurar que na próxi-
ma legislatura se irão pôr em prática
“propostas justas para o ambiente e
para os portugueses”. O que já se
sabe é que não haverá qualquer
documento.
liliana.valente@publico.pt
maria.lopes@publico.pt
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 13
Três certezas sobre a ‘geringonça’,
um pesadelo e um sonho
Hora H
Helena Pereira
1. Patrões e sindicatos concordam
em Æxar no início da nova
legislatura aumentos salariais.
Segundo António Costa, há
consenso para a necessidade de
“Æxar um quadro de
previsibilidade da evolução dos
salários, do salário mínimo e do
conjunto dos salários, para os
próximos quatro anos”. Na
legislatura que agora Ænda, o
aumento do salário mínimo
resultou de um acordo bilateral
PS-BE. Durante a campanha
eleitoral, Costa disse que não o
repetiria, pois iria, desta vez,
envolver os patrões, que muito
contestaram o acordo feito a dois
na “geringonça”. Ou seja, a
Concertação Social começará em
breve a planear aumentos salariais.
Mas será incluída “uma cláusula de
salvaguarda” para o caso de haver
uma recessão económica mundial,
palavra do primeiro-ministro.
2. Catarina Martins foi a única
que entregou a António Costa um
envelope pardo. Uma das
prioridades do BE é “destroikar” a
legislação laboral, reverter
normas introduzidas por pressão
da troika e que Costa não aceitou
retirar na legislatura que agora
Ænda. Quais são? Acabar com as
excepções na lei que permitem
enquadrar trabalhos permanentes
com contratos a prazo, acabar
com o banco de horas individual,
retomar valor das compensações
por cessação do contrato de
trabalho e eliminar o
despedimento por inadaptação.
3. BE e PS discordam neste ponto.
Costa não quer “destroikar” as leis
laborais. Ontem, depois das
reuniões com os parceiros sociais,
declarou que a sua prioridade não
POLÍTICA
Amanhã não
há fotografias.
Não, não há greve,
há ilustrações
O jornal será totalmente ilustrado
numa ligação directa com a 2.ª Bienal
está na leis laborais, mas “está de Ilustração de Guimarães (BIG).
claramente na política de Um encontro dedicado à ilustração
rendimentos”. O PS quer criar mais editorial portuguesa, com exposições,
escalões de IRS para que várias
famílias sintam alguma folga Æscal.
workshops e distinções para os
4. Voltou a “caça às bruxas” no melhores ilustradores a concurso
PCP. O partido de Jerónimo de
Sousa atribuiu a culpa do mau
resultado eleitoral a vários
factores. Um deles é a replicação
de um argumento que há muito
não se ouvia e que reapareceu
num comunicado do comité
central: o “prolongado e
sistemático ataque dirigido contra
o PCP, em que alguns ex-membros
e membros do partido se têm
inserido, pela animação de ideias
e concepções retrógradas e
populistas, em que se inclui o
branqueamento do fascismo, (...)
que a partir de estruturas e
movimentações diversas visam
dividir os trabalhadores e
descredibilizar a sua luta”. Está o
comité central a falar de que
actuais militantes? De alguns
deputados?
5. Rui Rio à espera de Costa. O
social-democrata ainda não
anunciou se tenciona
recandidatar-se à liderança do
PSD porque espera para ver se há
ou não acordo duradouro de
Governo. Rio tem ainda a
esperança vã de Æcar com o
partido depois de uma derrota
eleitoral em legislativas. Os
“rioístas” invocam o exemplo de JOSÉ MANUEL SARAIVA
Durão Barroso que perdeu as Irmã, Ouves o Azul
Profundo do Mar?
legislativas de 1999 e ganhou as
eleições seguintes no PSD (teve
50,3% dos votos derrotando Pedro
Santana Lopes e Luís Marques
Mendes). Acontece que não se A nossa edição contará com jovens
pode fazer essa comparação. Há
diferenças substanciais: Durão foi
revelações e talentos consagrados
a votos numa altura em que quem como Gonçalo Viana, André Carrilho,
votava eram apenas os militantes André Letria e Cristina Sampaio
que iam ao congresso (o célebre
congresso do “Zandinga e Gabriel
Alves”) e não todos os militantes
em eleições directas.
Jornalista. Escreve à sexta-feira
helena.pereira@publico.pt
14 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
POLÍTICA
Rui Rio não sai da pista enquanto
António Costa não tiver par
PSD
Sofia Rodrigues
e Margarida Gomes
Apoiantes do líder do PSD
pressionam Paulo Rangel a
ponderar uma candidatura
à liderança do partido
se Rio não for a votos
Rui Rio parece estar à espera de
conhecer melhor os contornos da
solução de Governo que será encon-
trada nos próximos dias por António
Costa para assumir se é, de novo, can-
didato à liderança do PSD. Só que essa
espera está a condicionar o partido,
nomeadamente o posicionamento de
possíveis candidatos caso Rio decida
não avançar para um novo mandato,
a sua base eleitoral olha para Paulo
Rangel como um candidato forte à
sua sucessão.
O eurodeputado, que “está a sofrer
muita pressão” para ponderar uma
candidatura, no caso de o líder não ir
a eleições, considera não haver, para
já, qualquer “urgência” em afastar o
presidente. “Sendo obviamente uma
derrota expressiva, [o resultado] é,
porém, próprio de um partido que
lidera a oposição em qualquer país da
Europa”, aÆrmou Rangel, no espaço
de comentário que partilha com Fran-
cisco Assis na Rádio Renascença.
Quatro dias depois das eleições
legislativas, o PSD marcou para quar-
ta-feira uma reunião da comissão
permanente e da comissão política
nacional para análise dos resultados
eleitorais. Quando muitos no PSD se
questionam sobre a razão da demora
de Rui Rio em se pronunciar, sobre se
se mantém e recandidata, outros
defendem que o tempo é um aliado e
citam uma célebre frase de António
José Seguro: “Qual é a pressa?”
A primeira declaração de Rui Rio
após a noite eleitoral sinalizou a sua
preocupação — as reformas estrutu-
rais: sistema político, justiça, Segu-
rança Social e descentralização. À
saída do Palácio de Belém na terça-
feira, o líder social-democrata disse
esperar que os acordos encontrados
à esquerda não inviabilizem a realiza-
ção de reformas estruturais.
Rio aguardará então que se deÆna
a solução de Governo liderado pelo
primeiro-ministro indigitado. Essa foi
precisamente a posição deixada por
um dos seus vice-presidentes. “Sei
Rio só tomará uma decisão
depois de Costa estabelecer
uma solução de Governo
que Rui Rio entende, como eu, que,
num partido como o PSD, não pode
haver decisões de demissões ou
outras antes de haver Governo”, aÆr-
mou Nuno Morais Sarmento, em
entrevista à RTP. O dirigente nacional
foi das poucas Æguras de vulto do par-
tido a virem a público defender o
líder, a par de Salvador Malheiro,
outro vice-presidente. A mensagem
dos apoiantes de Rio assenta em dois
pilares: houve uma “constante agita-
ção” — de tal forma que Morais Sar-
mento comparou o partido à “gaiola
das malucas” — que não permitiu ao
RUI GAUDÊNCIO
PSD obter um melhor resultado e a
ideia de fazer uma “oposição à Cris-
tas” que teve “maus resultados”.
Entretanto, os sociais-democratas
começam a contar apoios na candi-
datura de Luís Montenegro — já assu-
mida — e na de Miguel Pinto Luz, que
deverá ser anunciada nos próximos
dias. O autarca conta com Telmo
Faria, coordenador do programa de
Santana Lopes nas eleições directas
de há dois anos. “Temos de começar
por juntar todos os bons talentos no
PSD”, disse ao PÚBLICO, defendendo
que é preciso “juntar também os de
fora, antes que vão para as iniciativas
liberais”. Matos Rosa, que foi secretá-
rio-geral de Passos Coelho, está ao
lado do vice-presidente da Câmara de
Cascais. “Sim, o futuro exige novos
protagonistas e Miguel Pinto Luz traz
essa renovação. Tem percurso inter-
nacional que o distingue e uma expe-
riência autárquica inovadora, um
trunfo nos próximos combates elei-
torais. Como autarca, trabalha em
áreas que são centrais para Portugal,
do turismo ao empreendedorismo,
ele que também desempenhou car-
gos no partido a nível nacional. De
resto, na sua intervenção política, tem
sabido actualizar os valores de Sá Car-
neiro à medida dos nossos tempos”,
aÆrma Matos Rosa, num texto publi-
cado ontem no PÚBLICO online.
Distritais posicionam-se
Na contagem dos apoios há várias
direcções distritais que já deram sinal
de apoio a Luís Montenegro (que hoje
vai usar da palavra num jantar, em
Espinho). Foi o caso de Leiria (que
mudou, face a Janeiro), Viana do Cas-
telo, Viseu e Santarém. Mas sobram
o grosso dos votos que estão em Avei-
ro (liderada por Salvador Malheiro) e
Braga, cujo líder (o eurodeputado
José Manuel Fernandes) tem estado
ao lado de Rio mas onde o presidente
da Câmara de Famalicão, Paulo
Cunha, já manifestou o apoio a Mon-
tenegro. Em Bragança, o presidente
da câmara, Hernâni Dias, assume que
estará ao lado do antigo líder parla-
mentar. No caso de Lisboa é expectá-
vel que a estrutura em boa parte se
incline para Miguel Pinto Luz, líder
da distrital durante a era passista.
A poderosa distrital do PSD-Porto
só tomará posição após o líder que-
brar o tabu. A direcção nacional man-
tém as estruturas do partido à mar-
gem de tudo, o que desmobiliza a
máquina do partido. A distrital do
Porto tem marcada para segunda-fei-
ra uma reunião da comissão perma-
nente, mas não é garantido que assu-
ma uma posição se, até lá, Rio não
tiver concluído a reÇexão sobre o seu
futuro político. A norte, e particular-
mente no Porto, há queixas em rela-
ção ao líder, por deixar os dirigentes
locais sem rede. Este descontenta-
mento, que começou com as escolhas
de Rio para a lista de deputados, da
qual afastou o interior do distrito, tem
vindo a crescer. Um grupo de 47 ex-
dirigentes do PSD e da JSD, antigos
autarcas e deputados, vai reunir-se
amanhã, em Amarante. Querem ter
um papel interventivo no PSD do Por-
to e exigem ser ouvidos na escolha do
candidato à Câmara do Porto.
srodrigues@publico.pt
mgomes@publico.pt
Saúde vai
ditar segundo
mandato
de Marcelo
Presidência
Leonete Botelho
Presidente revelou à SIC que
se mantém predisposto para
novo mandato e que eleições
não criaram “nenhum
factor perturbador”
O Presidente da República revelou ao
programa Alta Definição da SIC que a
decisão sobre a sua recandidatura
está agora dependente de um catete-
rismo que irá fazer nas próximas
semanas. Marcelo Rebelo de Sousa
disse que este exame não é a nenhum
órgão fundamental, não pondo em
causa nem o coração nem o cérebro,
mas ainda assim poderá ser limitador
para a manutenção do seu estilo de
Presidência, dando a entender que
prefere não se recandidatar a mudar
de estilo.
“O meu avô era cardíaco, o meu pai
era cardíaco, os meus irmãos acham
que não mas são cardíacos, e portan-
to eu achei que devia fazer exames
também em matéria cardíaca. A
minha hipocondria mandou fazer e
Æz”, disse ao apresentador Daniel
Oliveira. Revelou depois que “os exa-
mes genericamente estão bem, mas
restou uma dúvida” que o vai obrigar
a fazer um cateterismo, não no cora-
ção nem a nada “do que é fundamen-
tal”, mas para ver se a acumulação de
cálcio num determinado vaso sanguí-
neo que não especiÆcou é ou não
excessiva e limitadora da sua “Presi-
dência de proximidade, também Æsi-
camente”. “A minha hipocondria
leva-me a ter o bom senso e o juízo de
prevenir para depois não ter a maça-
da que tive com a hérnia estrangula-
da”, considerou.
Marcelo disse ainda que está fora
de causa “fechar-se dentro do Palácio
para [se] preservar” e por isso conti-
nuará a fazer exames médicos que a
sua hipocondria lhe impõe. Sem que-
rer responder qual seria a decisão
sobre a recandidatura se tivesse de a
tomar hoje, Marcelo não resistiu a
fazer a leitura política: “O resultado
das eleições legislativas não criou, no
meu espírito, nenhum factor pertur-
bador da recandidatura. A percenta-
gem mais favorável a favor da recan-
didatura continua presente hoje”,
rematou.
lbotelho@publico.pt

Livre quer Assembleia da República
a dar o exemplo e vai pedir
tolerância de tempo para Joacine
Parlamento
Depois de Joacine Moreira
tomar posse como
deputada, o Livre levantará
a questão junto do próximo
presidente da AR
O Livre vai solicitar ao próximo pre-
sidente da Assembleia da República
uma “tolerância de tempo” relativa-
mente às intervenções da deputada
eleita Joacine Katar Moreira, que tem
gaguez, disse à Lusa o dirigente Paulo
Muacho.
“Consideramos que para haver um
tratamento igualitário e igualdade de
oportunidades, tem de haver uma
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Óculos trase
Av. António Augusto de Aguiar, Nº88 - 3º 1050-018 Lisboa
tolerância de tempo e tem de ser atri-
buído o tempo para que a deputada
possa expor as suas ideias”, defen-
deu, em declarações à Lusa, Paulo
Muacho, da direcção política do par-
tido.
Assim, depois de Joacine Moreira
tomar posse como deputada, o Livre
“irá levantar a questão” junto do
próximo presidente do Parlamento,
disse, considerando que a Assem-
bleia da República deve “dar o exem-
plo” e “adaptar os seus procedimen-
tos internos para acolher a vontade
do povo português” que a elegeu.
“A deputada tem gaguez, mas nós
não dizemos que a gaguez é um pro-
blema” e “não será por uma questão
de tempos que deixará de ter opor-
tunidade para expor as suas ideias”,
+351213515300
Joacine Moreira foi cabeça de
lista do Livre por Lisboa
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Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 15
aÆrmou, sustentando que “é uma
questão fundamental até pela peda-
gogia que pode resultar para a socie-
dade”.
É fundamental “perceber-se que a
igualdade não pode ser uma questão
formal de atribuir o mesmo tempo a
pessoas que não estão em circunstân-
cias iguais”, considerou Paulo Mua-
cho, antecipando que o Parlamento
saberá encontrar um critério.
O regimento da Assembleia da
República estabelece que aos depu-
tados únicos representantes de um
partido é garantido um tempo de
intervenção de um minuto nos deba-
tes dos projectos e propostas de lei
em plenário e o mesmo tempo é atri-
buído nos debates quinzenais com o
primeiro-ministro.
Óculos tras
POLÍTICA
A gaguez é uma perturbação da
Çuência da fala, não sendo conside-
rada uma doença nem uma deÆciên-
cia, e é caracterizada por pausas no
discurso, hesitações ou bloqueios.
O Livre tem a expectativa de que a
deputada eleita possa integrar a con-
ferência de líderes parlamentares —
órgão que Æxa a agenda das reuniões
plenárias — na qualidade de observa-
dora, tendo em conta “que a legisla-
tura anterior abriu um precedente”,
atribuindo, em 2015, ao então depu-
tado único do PAN, André Silva, aque-
le estatuto.
Com uma deputada eleita, o Livre
obteve 1,09% e 55.660 votos. O Chega
e a Iniciativa Liberal elegeram tam-
bém um deputado cada, com 1,3% e
1,29% dos votos, respectivamente.
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eiros
16 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
POLÍTICA
Director do DCIAP
dispensou audições
de Costa e Marcelo
no uso das suas funções
Tancos
Procuradoria-Geral
da República afirma não
olhar a timings políticos.
Ex-ministro Azeredo Lopes
reafirma inocência
A procuradora-geral da República
considerou ontem que o director do
DCIAP fez uso das funções directivas
quando impediu a inquirição do Pre-
sidente da República e do primeiro-
ministro no caso do furto de armas
em Tancos.
“A intervenção do director do
DCIAP [Departamento Central de
Investigação e Acção Penal, Albano
Pinto] surgiu num contexto proces-
sual e factual que mais não foram do
que o exercício das funções directi-
vas que lhe estão cometidas”, disse
Lucília Gago à Lusa, à margem da
Conferência Internacional — Forma-
ção de Magistrados em Portugal:
Tendências e Perspectivas, no Cen-
tro de Estudos Judiciários, em Lis-
boa.
A Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca havia revelado que na fase Ænal do
inquérito foi equacionada, mas
depois afastada, “a pertinência da
inquirição como testemunhas do
Presidente da República e do primei-
ro-ministro”. “Na sequência da aná-
lise a que directa e aprofundadamen-
te procedeu, o director do DCIAP
concluiu, perante os elementos cons-
tantes dos autos, que tais inquirições
não revestiam relevância para as
Lucília Gago diz que não
interveio na decisão do DCIAP
Ænalidades do inquérito, nem tão-
pouco se perÆlavam como impres-
cindíveis para o apuramento dos
crimes objecto de investigação, dos
seus agentes e da sua responsabili-
dade”, referia a nota PGR.
Garantindo que não teve conheci-
mento prévio sobre a tomada de
posição do director do DCIAP, Lucí-
lia Gago frisou que a decisão de Alba-
no Pinto “se circunscreveu aos seus
poderes de direcção” do departa-
mento. A nota da PGR adiantava
também que “o director do DCIAP
entendeu, ponderada também a
data-limite para o encerramento do
inquérito, que tais diligências não
deveriam ter lugar, o que mereceu a
anuência dos magistrados titula-
res”.
A procuradora-geral da República
garantiu também que o Ministério
Público “não se pauta por critérios
políticos” e que, no caso da acusação
do processo de Tancos, foi simples-
mente cumprida a lei. “O Ministério
Público não sem pauta, obviamente,
por critérios políticos nem tem de
atender a esse tipo de timings. Tudo
o que envolva a avaliação política das
situações é para outra dimensão que
não o Ministério Público”, aÆrmou
Lucília Gago quando questionada
pela Lusa sobre a data em que foi
conhecida a acusação do caso de
Tancos, durante a campanha eleito-
ral para as eleições legislativas do
passado domingo.
O ex-ministro da Defesa Azeredo
Lopes foi acusado a 26 de Setembro
de abuso de poder, denegação de
justiça, prevaricação e favorecimen-
to pessoal. No total, o MP acusou 23
pessoas de terrorismo, associação
criminosa, denegação de justiça,
prevaricação, falsiÆcação de docu-
mentos, tráÆco de inÇuência, abuso
de poder, receptação e detenção de
arma proibida.
Azeredo Lopes reiterou ontem que
está “absolutamente inocente” no
caso de Tancos, criticou o seu “assas-
sínio no espaço público” e assegurou
que exercerá o seu direito de defesa
nos tribunais.
Em declaração escrita enviada à
agência Lusa, o ex-ministro conside-
ra que diariamente continuam a ser
publicadas “efabulações retiradas do
processo destinadas a inculcar na
opinião pública, de forma bastante
primária,” a sua alegada responsabi-
lidade naquele caso criminal que
corre na Justiça. PÚBLICO/Lusa
O senhor Ventura
não é fascista
Coffee Break
Bárbara Reis
Falamos do Chega com pezinhos de
lã e percebe-se porquê. O partido de
André Ventura elegeu um deputado
e muitos acreditam que é só uma
questão de tempo até eleger mais.
O instinto dos sensatos diz que
quanto menos atenção lhe dermos,
melhor. Há quem antecipe espasmos
pontuais de extremismo nas
intervenções na Assembleia da
República, pois sem eles Ventura
desaparece das televisões. E há
quem antecipe uma “lepenização” à
la Marine Le Pen que, ao suavizar o
discurso herdado do pai, multiplicou
o eleitorado da agora rebaptizada
União Nacional.
Nesta lógica, também não ajudaria
debater o lugar que o Chega ocupa
nas famílias ideológicas portuguesas.
O cuidado em classiÆcá-lo é
evidente. Há no ar uma espécie de
pudor em dizer o que o Chega é.
Alguns leitores protestaram contra o
uso do rótulo de “extrema-direita”.
Outros dizem que é “apenas
populista”. Em que Æcamos?
André Ventura não gosta que
digam que é de extrema-direita.
Logo na primeira linha do seu
programa político diz que o Chega “é
um partido conservador” (em rigor,
não é na primeira linha, pois o
programa começa com um longo
excerto de um artigo de opinião
publicado no observador — talvez
uma originalidade cósmica —
co-assinado por José Miguel Pinto
dos Santos, professor na AESE
Business School, próxima do IESE
Business School da Opus Dei). Lido
todo o programa — são 24 mil
palavras — conÆrma-se a
inquietação. Diz nove vezes que é
um partido da “nova direita” e da
“direita moderna”, uma vez que é de
“direita identitária” e oito vezes que
são “conservadores liberais”.
Percebe-se o esforço. Também
Marine Le Pen está sempre a dizer
que a “Frente Nacional não é um
partido de extrema-direita” — em
2013 chegou a ameaçar processar
quem o classiÆcasse assim. E já em
1996 o seu pai, Jean-Marie Le Pen, fez
a mesma ameaça e inundou as
redacções com a sua deÆnição de
extrema-direita: “Recusa da
democracia e de eleições, apelo à
violência, racismo e vontade de
instalar um partido único.” Há
dezenas de deÆnições para
“extrema-direita”, mas os cientistas
políticos costumam concordar que
recusar a democracia e defender um
partido único tem outro nome:
fascismo.
Como Marine, o senhor Ventura
não é fascista. Já não se usa. André
Ventura é outra coisa: é de
extrema-direita.
Ao ler aqui no PÚBLICO a
entrevista a Francisco Mendes da
Silva, da comissão política nacional
do CDS, reparei como evitou dizer
“extrema-direita”. Ao falar de um
candidato a presidente do partido,
Como Marine Le
Pen, André
Ventura não é
fascista. Já não se
usa. O senhor
Ventura é de
extrema-direita
disse que “Abel Matos Santos
representa em Portugal as
tendências da direita que vêm lá de
fora, Le Pen, Bolsonaro...”
— Mais conservadoras e à direita?
— Conservador sou eu.
— Mais à direita?
— Uma direita iliberal, digamos
assim.
Como se ao não dizermos
“extrema-direita” ninguém
reparasse e ninguém votasse neles.
André Ventura fez o seu caminho,
com a ajuda de Pedro Passos
Coelho, do PSD e da televisão do
Correio da Manhã, e chegou ao
Parlamento. Não vale a pena fazer
de conta. Ventura é populista?
Podemos dizer que sim. Mas se nos
anos 1980 Cavaco Silva tinha um
discurso “nacional e populista”,
como é hoje consensual, dizer que
Ventura é “populista” é pouco. Por
alguma razão, quando foi a Madrid,
teve uma reunião com o Vox, o
partido de extrema-direita
espanhol, e não com o Partido
Popular. Do mesmo modo que no
programa do Chega diz que a União
Europeia está tomada pelo
“marxismo cultural” e todas as suas
propostas são de aproximação ao
Grupo de Visegrado, onde está a
Hungria, de Viktor Orbán, símbolo
da eufemística nova “direita
iliberal”.
Qual é a diferença entre
ultradireita, direita radical ou
extrema-direita? Quando falamos,
temos de usar palavras que os
outros entendam. E o que está
escrito no programa do Chega é
claro. O Chega diz que a “família
natural” é a “garantia de identidade
civilizacional” e “apenas nela pode
residir a certeza de que o Homem
não regressa à selva”. O Chega quer
dar cheques-família para incentivar
a natalidade, mas só quando
“ambos os pais tenham naturalidade
e nacionalidade portuguesa”. Quer
a reversão “imediata” do “suicidário
Pacto para as Migrações”. Defende
“uma política comum de defesa
contra a invasão maciça dos países
do sul do mediterrâneo”. Quer “um
novo tratado europeu na linha
defendida pelo Grupo Visegrado em
termos de fronteiras, soberania
nacional e respeito pelos valores da
cultura europeia”. Descreve
Portugal como um país com “uma
insegurança crónica” e “assume-se,
sem complexos, como um partido
‘securitário’”. Quer a prisão
perpétua. Quer a “retirada de todos
os privilégios nas prisões para [os]
imigrantes ilegais”. Quer o Æm “do
‘crime de ódio’”. “Qualquer
imigrante que tenha entrado
ilegalmente em Portugal estará
incapacitado, para o resto da vida,
para legalizar a sua situação.” Quer
“abolir as autorizações de residência
para ‘protecção humanitária’”. Quer
“estabelecer uma lista de países
seguros na origem”. Não quer que
“os refugiados [possam] obter
nacionalidade portuguesa nem
residência enquanto o seu país de
origem se mantiver em guerra.” E
não quer que o Estado atribua
“habitação social a estrangeiros —
imigrantes, migrantes ou
refugiados”.
Não é preciso ler o programa do
Chega nas entrelinhas. É só preciso
ler todas as linhas. No Æm, é evidente
que as ideias do Chega são aquilo a
que se convencionou chamar
extrema-direita.
Jornalista. Escreve à sexta-feira
breis@publico.pt
18 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
SOCIEDADE
Quase 8000 bolsas de estudo já
estão a ser pagas a universitários
Processo de atribuição está mais rápido
do que no ano passado, quando
um problema informático colocou
entraves à análise das candidaturas
Ensino superior
Samuel Silva
Quase 8000 estudantes do ensino
superior estão já a receber as bolsas
de acção social pagas pelo Estado.
Este número signiÆca que o processo
retomou a normalidade, depois dos
problemas informáticos que atrasa-
ram a análise das candidaturas no
arranque do ano lectivo passado. Por
isso, o total de apoios já em pagamen-
to é cinco vezes superior ao que acon-
tecia em 2018/19. Mas muito seme-
lhante ao dos dois anos anteriores a
esse.
De acordo com o balanço publica-
do ontem no portal da Direcção-Ge-
ral do Ensino Superior (DGES),
foram aprovadas até ao momento
7715 candidaturas a bolsas de estudo,
de entre as quase 90 mil apresenta-
das. “A diferença entre o número de
bolsas pagas e deferidas é pratica-
mente nula”, garante fonte do Minis-
tério da Ciência e Ensino Superior
(MCTES) ao PÚBLICO. Ou seja, qua-
se todos os quase 8000 estudantes
com bolsa atribuída estão já a rece-
ber este apoio.
As bolsas de acção social começa-
ram a ser pagas a 25 de Setembro. Por
norma, os pagamentos são feitos no
Ænal de cada mês, mas a DGES tem
feito pagamentos semanais, de modo
a que os estudantes com bolsa apro-
vada possam começar a receber o
apoio mais rapidamente.
No ano passado, sensivelmente na
mesma altura do ano lectivo, eram
cerca de 1600 os estudantes que esta-
vam já a receber apoio do Estado.
Mais de 80% dos processos estavam
parados, ainda à espera das informa-
ções necessárias para poderem ser
analisados pelos serviços de acção
social das instituições. Em falta estava
informação académica sobre o apro-
veitamento dos alunos no ano ante-
rior, dados Æscais sobre os agregados
familiares, entre outros.
Agora, o número de candidaturas
que ainda aguarda informação para
poder ser avaliada diminuiu para
48,5%. Há mais 35% de processos
PAULO PIMENTA
“com todos os dados necessários à
análise, permitindo assim que o
aumento no número de processos
com decisão seja de 13%”, valoriza o
MCTES.
Na base do atraso no processo de
atribuição de bolsas no ano passa-
do estavam problemas na plataforma
informática que gere as candidaturas,
a SICABE (Suporte Informático ao
Concurso de Atribuição de Bolsas de
Estudo do Ensino Superior). A ques-
tão era transversal a universidades e
politécnicos. Os atrasos de há um ano
motivaram uma intervenção da Fede-
ração Nacional de Associações de
Estudantes do Ensino Superior Poli-
técnico, que considerou a situação
“intolerável”.
Esta não foi a primeira vez que a
plataforma usada pela generalidade
dos serviços de acção social das insti-
tuições de ensino superior causou
problemas. O mesmo tinha aconteci-
do ao longo do ano lectivo 2014/15 e
novamente em 2017.
Os problemas da plataforma infor-
mática parecem este ano ter sido
ultrapassados. “Está tudo calmo na
análise das bolsas este ano”, conÆrma
ao PÚBLICO o presidente da Federa-
ção Académica do Porto, João Pedro
Videira, que no ano passado foi um
dos dirigentes que denunciaram os
atrasos. Isto signiÆca que o processo
de atribuição de bolsas volta ao ritmo
que tem sido mais habitual. Em 2016,
havia um número semelhante de
estudantes que estavam já a receber
apoio nesta altura do ano lectivo. No
ano seguinte, o processo foi um pou-
co mais rápido. Cerca de 10 mil alunos
receberam bolsa do Estado no início
de Outubro.
90 mil candidatos No ano passado 74 mil estudantes receberam bolsa de acção social, o número mais elevado de sempre
Até ao momento, foram apresentadas
89.927 candidaturas a bolsas de acção No ano passado, um total de 74 euros, esse valor vai necessariamen- recebido a prestação da propina
social para o ano lectivo 2019/20 — em mil estudantes recebeu bolsas de te diminuir. No anterior ano lectivo Æxada pela universidade ou politéc-
linha com o que aconteceu nos anos acção social. Foi o número mais ele- a bolsa média foi de cerca de 184 nico que frequentam. Depois de
anteriores. As candidaturas abriram vado de sempre. Quase metade euros por mês (sem contar com um pagar os custos de frequência na
logo em Junho. Até ao Ænal do ano (49,43%) teve direito apenas a bolsa eventual suplemento para desloca- instituição, um aluno que receba um
lectivo, podem apresentar candida- mínima (106,4 euros mensais), que dos sem lugar nas residências uni- valor médio de bolsa, Æca com cerca
tura, sempre que haja alterações no cobre somente o custo da propina versitárias). Os estudantes que rece- de 80 euros por mês no bolso. As
rendimento ou composição do agre- da licenciatura. Este ano, face à des- bem bolsa de acção social no ensino bolsas de acção social são pagas em
gado familiar. cida do valor das propinas em 212 superior têm que descontar ao valor dez prestações mensais.
 Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 19

A diferença entre o
número de bolsas pagas
e deferidas é
praticamente nula
Ministério da Ciência e Ensino Superior

Mais de 46 mil colocados no ensino público

tura. A tendência de crescimento da levou também a um crescimento do cheram 98% das vagas, do que nos lares de cursos técnicos superiores
Samuel Silva procura no sector Æcou patente a par- número de vagas ocupadas. As insti- institutos politécnicos, onde foram proÆssionais. A estimativa do Minis-
tir da 1.ª fase de ingresso, cujos resul- tuições de ensino tinham colocado ocupados 81,2% dos lugares. Ao todo tério da Ciência e Ensino Superior é
Um total de 46.058 estudantes foi tados foram conhecidos há um mês, 50.860 lugares a concurso. A taxa de sobraram 2607 vagas (foram 3468 no que, com todas as vias de ingresso,
este ano colocado no ensino supe- e é conÆrmada por estes números ocupação foi de 90,6%, acima dos ano passado), que podem ainda ser entrem cerca de 77 mil novos estu-
rior, revelam os dados da terceira e Ænais. Ao todo, há mais 1,6% de colo- 89,1% registados há um ano. Este indi- ocupadas no âmbito dos concursos dantes no ensino superior.
última fase do concurso nacional de cados do que no ano passado. O cador é consideravelmente mais ele- especiais destinados, entre outros, a
acesso, que são divulgados hoje. aumento da procura do superior vado nas universidades, que preen- alunos com mais de 23 anos ou a titu- samuel.silva@publico.pt
Estes números conÆrmam um PUBLICIDADE
aumento da procura do sector, que
se começou a prever desde a fase de
candidaturas à 1.ª fase de ingresso.
Há mais 1,6% de colocados do que no
ano passado. Os maiores ganhos são
em instituições localizadas fora de
Lisboa e do Porto.
Ainda que tenha acabado com os
cortes cegos de 5% nas vagas das duas
principais cidades do país, que vigo-
raram no ano passado, o Governo
manteve limitações à oferta nestas
instituições. Por isso, não é surpreen-
dente que, no Ænal das três fases do
concurso de acesso, as maiores per-
das de estudantes se dêem nos poli-
técnicos de Lisboa e do Porto (menos
51 e 38 estudantes, respectivamente)
e também na Universidade de Lisboa,
que tem menos 33 alunos face ao ano
anterior.
Em sentido contrário, o maior cres-
cimento ocorre fora destas cidades,
com destaque para os politécnicos de
Setúbal (mais 126 alunos), Bragança
(90) e Guarda (76) e para as universi-
dades da Beira Interior e da Madeira,
que ganham 59 e 57 estudantes, res-
pectivamente.
EspeciÆcamente, na 3.ª fase do
concurso de acesso, cujos resultados
são agora conhecidos, foram coloca-
dos 1402 estudantes em instituições
públicas (mais 1,2% do que em igual
período do ano passado). Destes, 840
alunos ainda não tinham qualquer
matrícula no ensino superior. Os res-
tantes optaram por voltar ao concur-
so para mudar de curso. Ao todo,
candidataram-se à última fase de
ingresso no superior 3688 candida-
tos. Os alunos agora colocados podem
inscrever-se nas universidades e poli-
técnicos a partir de hoje e até à próxi-
ma terça-feira.
Os números agora conhecidos ele-
vam para 46.058 o total de colocados
no concurso nacional de acesso deste
ano, depois das três fases de candida-
20 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
SOCIEDADE
Crianças até aos 6 anos comem quatro
vezes mais proteína do que deviam
Cerca de 60% da ingestão de proteínas provém do consumo de carnes e lacticínios. Crianças portuguesas
comem poucos legumes, muito sal e demasiado açúcar. Direcção-Geral da Saúde lança campanha
Obesidade
Ana Maia
As crianças portuguesas entre um e
seis anos comem quatro vezes mais
proteína do que o recomendado.
Esta é uma das mensagens que
fazem parte da campanha que a
Direcção-Geral da Saúde (DGS) lan-
ça nas redes sociais hoje, Dia Mun-
dial da Obesidade, que alerta para
os erros alimentares dos mais novos.
De acordo com os últimos dados do
estudo European Childhood Obesity
Surveillance Initiative (COSI), uma
em cada três crianças em Portugal
tem excesso de peso.
Cerca de 60% da ingestão de pro-
teínas provém do consumo de car-
nes e lacticínios. Juntam-se a eles o
consumo de peixe, ovos e outros
produtos, como leguminosas ou
cereais, que também são fontes de
proteína. “Crianças pequenas
devem consumir quantidades
pequenas e às vezes os pratos têm
quantidades quase iguais às dos
adultos, o que é um erro”, diz ao
PÚBLICO Maria João Gregório,
directora do Programa Nacional
para a Promoção da Alimentação
Saudável.
A culpa é muitas vezes da percep-
ção errada de que as crianças preci-
sam de mais alimento. Para se ter
uma ideia, crianças entre um e os
seis anos devem comer no máximo
duas porções ou de carne ou de pei-
xe por dia, sendo que uma porção
equivale a 25 gramas. Já o ovo deve
ter 55 gramas, o semelhante a uma
classe M. No que diz respeito ao con-
sumo de lacticínios, os valores
devem estar entre os 400 e os
500ml/dia (cada pacotinho de leite
que é servido nas escolas tem
200ml).
Muito sumo, pouca fruta
Entre os alertas, que vão circular
nas redes sociais da DGS, estão ain-
da os 52% de crianças entre os três
e os seis anos que consomem todos
os dias bebidas açucaradas e os 10%
das crianças entre um e três anos
que comem sobremesas doces todos
os dias. Sem esquecer que quase
todas as crianças até aos seis anos
Pré-obesidade e obesidade em crianças dável dos 0 aos 6, “que tem um con-
Dos 5-19 anos junto de orientações para pais, edu-
PRÉ-OBESOS OBESOS
cadores e professores”. “A alimen-
tação desde a creche até à escola é
22% 18,7% 18,6% 10,4% 9,9% 9,3% determinante para se ter sucesso na
redução do excesso de peso”, salien-
ta a responsável.
Mais risco de bullying
As crianças “estão a pagar um preço
alto por causa da obesidade”, aler-
Portugal Média OCDE Média UE28 Portugal Média OCDE Média UE28 tou ontem a Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento
Prevalência de pré-obesidade e obesidade em crianças Económico (OCDE), no relatório The
Por sexo Heavy Burden of Obesity: The Econo-
mics of Prevention. “As crianças com
excesso de peso obtêm notas mais
32,4% baixas, têm mais probabilidade de
10,4% 22% faltar à escola e, quando crescem,
EXCESSO DE PESO PRÉ-OBESOS OBESOS têm menos probabilidade de con-
cluir o ensino superior”, refere a
Rapazes Rapazes Rapazes análise a 52 países.
As causas que podem explicar um
33,1% 10,7% 22,4% maior insucesso escolar, aponta a
OCDE, são a baixa auto-estima e o
Raparigas Raparigas Raparigas
isolamento que muitas vezes a crian-
ças obesas sentem por serem alvo
31,7% 10,2% 21,5% de bullying ou por serem excluídas
de um grupo de amigos. “Quase uma
O impacto do excesso de peso na esperança de vida em cada cinco raparigas com obesi-
dade relata ser vítima de bullying
-0,9 anos Japão nos países da OCDE”, lê-se no rela-
-1,1 anos Índia tório, que faz uma análise com base
num estudo de 2013/2014 a crianças
-2,2 anos Portugal entre os 11 e os 15 anos. Em Portugal,
o risco de uma rapariga obesa sofrer
-2,7 anos Média OCDE bullying é 2,25 vezes superior ao de
-2,9 anos Média EU28 uma com um peso saudável e nos
rapazes o risco é 1,64 vezes mais.
-3,9 anos Polónia
Da análise também se percebeu
-4,2 anos México
que crianças com maior índice cor-
Fonte: The Heavy Burden of Obesity: The Economics of Prevention, OCDE PÚBLICO poral consideram ter pior desempe-
nho do que aquelas que têm um peso
consomem sal acima do recomenda- 30% das crianças. Quisemos identi- saudável. Em Portugal, 60% dos rapa-
do. Por exemplo, para as crianças Æcar alguns hábitos inadequados zes com peso saudável classiÆcam o
dos quatro aos seis anos o consumo que podem originar estes núme- seu desempenho acima da média da
de sal não deve ultrapassar os três ros”, explica Maria João Gregório. classe, mas só 52% dos rapazes obe-
gramas por dia e 99% dos três aos As mensagens para o Dia Mundial sos dizem o mesmo. Nas raparigas,
Crianças pequenas seis consomem mais. Quanto às hor- da Obesidade fazem parte de um 52% com peso saudável dizem ter
tícolas, 55% das crianças entre os 3 e projecto mais alargado para promo- bom desempenho escolar, percenta-
devem consumir os 6 anos não atinge a recomendação ver hábitos de alimentação saudável gem que desce para 44% nas rapari-
quantidades da ingestão diária: 3 a 4 porções por nos primeiros anos de vida. gas obesas. Em média, nos 32 países
dia (90-100 gramas de hortícolas crus Na próxima semana, no Dia Mun- analisados, rapazes e raparigas com
pequenas. Prato ou 45-50 gramas cozinhados). dial da Alimentação, a DGS vai lan- peso saudável têm 13% mais proba-
igual ao de um “Apesar de parecer estar a haver çar a Estratégia Nacional para a bilidades de relatar um bom desem-
uma diminuição do excesso de peso Alimentação do Lactente e da Crian- penho escolar em comparação com
adulto é um erro nas crianças entre os seis e os oito ça Pequena, com especial enfoque as crianças com obesidade.
Maria João Gregório anos, ainda temos uma prevalência para os primeiros 1000 dias de vida.
Programa Alimentação Saudável muito elevada, que atinge quase E ainda o manual Alimentação Sau- amaia@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 21

SOCIEDADE

Vacina quadrivalente
MANUEL GOMES

contra a gripe será

comparticipada em Portugal
Saúde
Vacina permite
protecção passiva de bebés
desde o nascimento
até aos seis meses
A vacina quadrivalente contra a gri-
pe (QIV) recebeu aprovação de com-
Esta é a segunda vez que o homem de 52 anos é julgado participação pelo Infarmed. O anún-
cio foi feito ontem através de um
comunicado emitido pela SanoÆ
Principal arguido do caso Pasteur, a empresa responsável pelo
fabrico e comercialização desta
“Farfalha” nega acusações vacina. A farmacêutica refere que
esta é a única vacina do género na
de abuso sexual Europa com indicação para protec-
ção passiva dos bebés.
Tem, como principal objectivo,
minimizar potenciais impactos da
gripe na gravidez — período de
maior risco — e proteger passiva-
mente os bebés, desde o nascimen-
to até aos seis meses. Esta notícia
surge também na época que antece-
de o Inverno, altura em que se regis-
tam mais casos de gripe. Esta é tam-
bém a altura recomendada para que
seja feita a vacinação.
Idosos, grávidas e crianças são os
grupos de maior risco. As crianças
até aos dois anos apresentam ainda
uma maior probabilidade de serem
hospitalizadas. No comunicado, a
empresa alerta para a variação de
gravidade nos casos do vírus
inÇuenza, que pode ser fatal, em
algumas situações.
A vacina segue as recomendações
da Organização Mundial de Saúde
(OMS): para além de duas estirpes
de gripe A (subtipos A/H1N1 e A/
H3N2) e de uma estirpe da gripe B
(linhagem Victoria), esta vacina con-
ta também com a linhagem Yama-
gata do mesmo tipo de gripe.
Em Portugal, a Direcção-Geral da
Saúde recomenda “fortemente” a
vacinação contra a gripe a mulheres
grávidas em qualquer fase da gravi-
dez, pessoas acima dos 65 anos,
doentes crónicos e imunodeprimi-
dos e proÆssionais de saúde.
Aconselha-se também a vacinação
para indivíduos entre os 60 e os 64
anos. A DGS recomenda a toma da
vacina da gripe até ao Ænal do ano
civil. PÚBLICO

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tica de três crimes de violação de

Justiça
O arguido foi condenado,
em 2005, a 14 anos de
prisão efectiva pela prática
de vários crimes de abuso
sexual e violação
O principal arguido do caso “Farfa-
lha”, que está a ser julgado de novo
nos Açores por crimes de abuso
sexual, negou todas as acusações,
manifestando-se “conÆante na jus-
tiça”. “É uma perseguição”, aÆrmou
o homem de 52 anos, em declara-
ções à agência Lusa, à saída do Tri-
bunal Judicial de Ponta Delgada, na
ilha de São Miguel.
Este antigo pintor de construção
civil começou ontem a ser julgado
por um tribunal colectivo, numa
audiência que está a decorrer à por-
ta fechada.
O arguido, conhecido por “Farfa-
lha”, que se encontra aposentado
por invalidez, foi condenado em
2005 pelo Tribunal Judicial de Pon-
ta Delgada pela prática de vários
crimes de abuso sexual de crianças,
de abuso sexual de adolescentes, de
violação e de actos exibicionistas,
na pena única de prisão de 14 anos,
a qual cumpriu, tendo saído em
liberdade condicional em 2013. Esta
foi a pena mais elevada decidida
pelo tribunal de júri, composto por
três juízes e quatro jurados.
Já em Abril deste ano, o Ministério
Público deduziu nova acusação con-
tra o homem, imputando-lhe a prá-
menores, um crime de coacção
sexual de menor, dois crimes de
recurso à prostituição de menores
e um crime de tráÆco de estupefa-
cientes agravado.
Em declarações à Lusa, ao início
da tarde, e após o arranque do jul-
gamento, o arguido frisou que “os
seis anos que passou na cadeia
foram tempos muito difíceis”. E
questionou: “Acha que me iria meter
em coisas destas?”
Os factos remontam ao ano de
2017, altura em que os três ofendi-
dos tinham menos de 18 anos.
Este antigo pintor de construção
civil foi em 2005 o principal arguido
de um processo de abuso sexual de
menores da Lagoa, ilha de São
Miguel. As investigações da PJ per-
mitiram, na altura, a detenção de
mais 17 homens da ilha de São
Miguel que, supostamente, frequen-
tavam uma garagem propriedade de
“Farfalha”, num processo que
envolvia ainda cerca de duas deze-
nas de menores.
Os restantes acusados tiveram
penas mais leves do que as de “Far-
falha”. Desde um médico condena-
do a três anos de prisão efectiva,
passando por um empreiteiro a
quem foram aplicados sete anos de
prisão e um bancário condenado a
quatro anos e seis meses de prisão
efectiva.
Seis dos outros arguidos tiveram
penas suspensas entre dois e três
anos. Três foram absolvidos e o últi-
mo Æcou sujeito ao pagamento de
uma multa. PÚBLICO/Lusa
22 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
SOCIEDADE
Maioria das provas da Operação Teia
correm o risco de ser anuladas
Relação do Porto considerou que o juiz de instrução que autorizou escutas e buscas era incompetente
e mandou remeter o processo para o Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa
Justiça
Mariana Oliveira
A esmagadora maioria das provas
recolhidas no âmbito da Operação
Teia, um caso de corrupção que
envolve o ex-presidente da Câmara
de Santo Tirso, Joaquim Couto, e o
ainda autarca de Barcelos, Miguel
Costa Gomes, correm o risco de vir a
ser anuladas. Isso mesmo resulta de
uma decisão do Tribunal da Relação
do Porto, tomada anteontem, que
considera o juiz de instrução do Por-
to que autorizou a realização das
escutas telefónicas e das buscas
incompetente para analisar o caso.
Por isso, a Relação manda remeter
o processo para o Tribunal Central de
Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa,
a instância que os juízes da Relação
consideram competente para acom-
panhar o caso. Como no TCIC só há,
neste momento, dois juízes disponí-
veis, Carlos Alexandre e Ana Peres, o
que Æcar com o caso terá que analisar
uma a uma as decisões tomadas pelo
juiz de instrução do Porto, optando
por validá-las ou anulá-las.
De fora dos actos a reanalisar Æcam
os primeiros interrogatórios judiciais
dos quatro arguidos – além dos dois
autarcas, a empresária Manuela Cou-
to, mulher do ex-presidente da câma-
ra de Santo Tirso e o ex-presidente do
Instituto Português de Oncologia
(IPO) do Porto, José Laranja Pontes – e
as medidas de coacção aplicadas pelo
Tribunal de Instrução Criminal do
Porto, no dia da detenção dos suspei-
tos, no Ænal de Maio passado.
A excepção é justiÆcada com o fac-
to de haver um curto prazo para apre-
sentação dos arguidos a um juiz e do
TCIC ser em Lisboa, o que poderia
inviabilizar que essa obrigação ocor-
resse dentro dos prazos legais. “A
urgência da prática do acto, ou seja,
a sujeição dos arguidos detidos a
interrogatório judicial dentro do
período temporal legalmente impos-
to, impunha a intervenção imediata
do Juiz de instrução criminal do Por-
to”, lê-se na decisão a que o PÚBLICO
teve acesso.
A questão da incompetência do juiz
de instrução do Porto foi invocada
pela defesa de três dos arguidos no
Miguel Costa Gomes, autarca de Barcelos, saiu de prisão domiciliária e ficou obrigado a pagar caução
Medidas de coacção alteradas
O
Tribunal da Relação do
Porto decidiu alterar as
medidas de coacção de
dois dos quatro arguidos
deste caso. O presidente da
Câmara de Barcelos, Miguel
Costa Gomes, e a empresária
Manuela Couto, que estavam em
prisão domiciliária - saíram em
liberdade e foi-lhes aplicada
uma caução. Manuela Couto
ficou obrigada a entregar 30 mil
euros à guarda deste processo e
Miguel Costa Gomes terá de
prestar uma caução de 20 mil
euros. Ambos continuam
proibidos de contactar com
várias pessoas, nomeadamente
os outros arguidos. A excepção
é apenas a empresária
relativamente ao marido.
Joaquim Couto e Laranja
Pontes mantiveram as
cauções (40 mil e 20 mil
euros respectivamente).
“Não vislumbramos razão
para distinguir o grau de
exigências de natureza
cautelar relativamente a
cada um deles”,
sustentaram os juízes
da Relação.
NELSON GARRIDO
recurso decidido pela Relação. O pro-
blema reside no facto de o inquérito
investigar crimes que terão ocorrido
em várias localidades (Barcelos, San-
to Tirso, Porto e Matosinhos) que
integram comarcas que estão na
dependência de dois diferentes tribu-
nais da Relação: Porto e Guimarães.
A regra é que quando crimes como
corrupção, tráÆco de inÇuência ou
peculato ocorrem “em comarcas dife-
rentes dentro da área de competên-
cia do mesmo tribunal da Relação,
a competência é dos juízos de
instrução criminal da sede dos
tribunais da Relação e quan-
do a actividade criminosa
ocorrer em comarcas perten-
centes a diferentes tribunais
da Relação a competência
cabe ao TCIC”.
Os magistrados consideraram ain-
da que, com base na análise “global”
da prova, existem “indícios fortes” de
quase todos os crimes imputados aos
arguidos. Isto apesar de admitirem
que muitos elementos de prova terão
de ser sujeitos a reavaliação. “Com
base nas intercepções telefónicas,
prova documental e testemunhal car-
reada para os autos, aÆgura-se-nos
fortemente indiciado que os arguidos
Joaquim Couto e Manuela Couto, em
troca da contratação das empresas da
arguida com a Câmara Municipal de
Barcelos, forneceram apoio político
ao arguido Miguel Costa Gomes, pro-
movendo-o politicamente.”
Dizem igualmente que a “conjuga-
ção da prova” é suÆciente para “fun-
damentar a existência de indícios
fortes” de que “também o arguido
Laranja Pontes procurou apoio polí-
tico dos arguidos Joaquim Couto e
Manuela Couto para a sua manuten-
ção como presidente do Conselho de
Administração do IPO Porto, atingido
como havia sido, há dois anos, o seu
limite de mandatos à frente daquela
instituição”. Os juízes sublinham o
depoimento de uma enfermeira,
vogal daquela administração, que
garantiu que era Laranja Pontes “o
único decisor” nos contratos da área
da comunicação que envolvia uma
das empresas de Manuela Couto, a
Mediana. Os juízes realçam que o
médico sabia que se saísse do IPO
Porto a Mediana também sairia “que
nem ginjas”, uma expressão usada
numa escuta a Laranja Pontes, ou
seja, que cessariam os negócios que
beneÆciavam o casal Couto.
Os desembargadores dizem ainda
“subsistir fortes indícios de que o
arguido Joaquim Couto moveu
inÇuências junto de Luísa Salgueiro
[actual presidente da câmara de
Matosinhos] com vista à nomeação
de Marta Laranja Pontes como chefe
de gabinete”. Recordam uma escuta
em que Manuela Couto diz a uma
colaboradora que o marido “já tinha
falado com a Luísa” e consideram que
a contrapartida por essa inÇuência foi
a manutenção da contratação da
Mediana pelo IPO do Porto, presidido
pelo pai de Marta, Laranja Pontes.
mariana.oliveira@publico.pt

Homem viola e mata mãe.
Peritos detectam falhas no
sistema para evitar os crimes
Justiça
Alexandra Campos
Homem matou com
extrema violência a mãe
que o acolheu no regresso a
Portugal, após 20 anos a
viver no Reino Unido
Um português que voltou do Reino
Unido em 2017, depois de ter Æcado
desempregado e sem abrigo naquele
país, e que violou e matou com extre-
ma violência a mãe que o acolheu em
casa, não terá sido devidamente
acompanhado no regresso por insti-
tuições como a Santa Casa da Miseri-
córdia de Lisboa (SCML) e outras, que
não trataram de averiguar se haveria
condições para o acolhimento e a
reintegração familiar, conclui a Equi-
pa de Análise Retrospectiva de Homi-
cídios em Violência Doméstica.
No sétimo relatório — divulgado
ontem — desta equipa de peritos que
procuram analisar e perceber o que
corre mal em casos de violência
doméstica, concluiu-se, mais uma
vez, que houve falhas na actuação
das entidades que actuam neste sis-
tema e que poderiam ter desenca-
deado acções de forma a prevenir os
crimes. O agressor, um pedreiro
desempregado de 46 anos que viveu
durante quase duas décadas no Rei-
no Unido — de onde foi expulso em
2017 por não ter trabalho nem habi-
tação e por acumular várias conde-
nações por agressões e distúrbios
naquele país —, foi encaminhado para
os serviços de acção social da SCML,
que o alojou num centro de atendi-
mento durante quatro dias e lhe
pagou o bilhete de avião para a região
autónoma onde vivia a mãe, “com
base nas informações por ele presta-
das de que teria suporte familiar” lá,
lê-se no relatório.
Quinze dias depois de ter sido aco-
lhido pela mãe, com 79 anos e viúva,
o homem, que tem um historial de
alcoolismo e de consumo de canabi-
nóides, assassinou-a “num quadro
de extrema violência”. Na noite de
25 de Março de 2017, “abeirou-se da
mãe, desferiu-lhe um número inde-
terminado de socos, múltiplos gol-
pes com uma faca de cozinha e man-
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 23
teve com ela relações sexuais de
cópula vaginal”, descreve-se no rela-
tório. De seguida, arrancou-lhe os
brincos e estrangulou-a. Acabou por
ser condenado à pena máxima, 25
anos de prisão, pelos crimes de vio-
lação agravada, roubo e homicídio
qualiÆcado.
Toda esta violência e este homicí-
dio poderiam ter sido evitados? A
equipa liderada pelo procurador Rui
do Carmo concluiu que Æcaram por
fazer várias diligências que poderiam
ter sido efectuadas numa situação
deste género. Desde logo, “a SCML
não efectuou diligências para carac-
terizar o contexto da situação” do
agressor, “nem efectivou qualquer
indagação sobre as condições de aco-
lhimento” no destino, sublinha. Não
SOCIEDADE
contactou, sequer, com a mãe, nem
com o Instituto da Segurança Social
(ISS), que no passado já “tinha pres-
tado apoios à família”, quando o
pedreiro residira por um curto perío-
do na região autónoma, em 2014 e
2015. “Um contacto prévio com as
autoridades de apoio social locais e
com a família teria permitido com-
preender o percurso pessoal” do
agressor e “as diÆculdades que sur-
giriam quanto à sua reintegração
familiar”, defendem os peritos. O
regresso do homem teria de ser
“devidamente preparado para garan-
tir as condições adequadas de inte-
gração e reinserção social, bem como
a segurança da mãe”.
acampos@publico.pt
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24 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019

LOCAL
Clima: “É nas cidades que a
batalha se vai ganhar ou perder”
A sombra de Trump pairou todo o dia em Copenhaga, onde os autarcas reclamam estar na linha da frente
do combate às alterações climáticas. Mas só com as cidades não vamos lá, alertou António Guterres
RITZAU SCANPIX/IDA GULDBAEK ARENTSEN/REUTERS

Ambiente
João Pedro Pincha,
em Copenhaga
Al Gore está irritado. Anda há tantos
anos a falar de alterações climáticas
e só agora, já quase no ponto de não-
retorno, é que parecem começar a
dar-lhe ouvidos. “Esta crise é muito
pior do que as pessoas imaginam e
está a piorar muito mais do que as
pessoas imaginam”, diz, aos berros,
pouco depois de subir ao palco.
No primeiro dia a sério do Fórum
Mundial de Autarcas C40, uma alian-
ça de cidades contra as alterações
climáticas, o ex-vice-presidente dos
Estados Unidos da América foi o últi-
mo orador de uma conferência onde
a sombra de Donald Trump pairou
ininterruptamente, quase sempre
de forma implícita.
AÆrmou-se inúmeras vezes, e
repetiram-se outras tantas, que os
autarcas estão a fazer mais pelo pla-
neta do que os governos nacionais e
as instituições supranacionais. Al
Gore não veio para desmentir. Pelo
contrário, fez mesmo um arriscado
exercício de futurismo ao declarar
que as gerações que hão-de nascer
vão olhar para trás e dizer, espanta-
das, que foi “em Copenhaga, na
Dinamarca, em Outubro de 2019, Al Gore concordou que os autarcas estão a fazer mais pelo planeta do que os governos nacionais e as instituições supranacionais
que os autarcas decidiram resolver
esta crise”. nos extremos, acusou Gore, é culpa que as cidades estão na linha da fren- depressa que os governos”, o que “Mesmo que não tenhamos apoio
Esta frase optimista, que concluiu dos humanos, que deixaram que a te”, disse Connie Hedegaard, ex-co- tem de servir de incentivo para que do Governo, isso não é desculpa
a sua intervenção e pôs a plateia de temperatura da atmosfera e dos ocea- missária europeia do clima, logo de os autarcas se mexam. para não fazermos nada”, aÆrmou
pé com aplausos entusiásticos pela nos subisse demasiado. manhã, na sessão de abertura. Foi o que fez um conjunto de ainda Bloomberg, na sessão da
primeira vez, foi o contraponto aos E daí desenrola-se um novelo de A ideia seria ecoada ao longo do mayors americanos. “Os Estados manhã, onde Mark Watts, director-
dez minutos anteriores, em que des- problemas: o número de refugiados dia de diferentes maneiras. António Unidos têm um plano, ele apenas executivo da C40, exibiu as fotogra-
Æou as potenciais consequências climáticos vai disparar signiÆcativa- Guterres, secretário-geral da ONU, não foi escrito por Washington”, Æas de Trump e Bolsonaro quando
catastróÆcas de um exagerado aque- mente, os governos terão problemas que hoje falará perante o plenário disse Michael Bloomberg, ex-presi- se referiu a governos negacionistas.
cimento global e ainda teve tempo em lidar com isso, a desigualdade de autarcas, disse em conferência de dente da Câmara de Nova Iorque e Houve um burburinho a percorrer
para criticar o Reino Unido pelo atingirá novos patamares. “Isto imprensa que “é nas cidades que a um dos principais Ænanciadores da a sala.
“Brexit”, que considerou ser “um ameaça a democracia e o capitalis- batalha se vai ganhar ou perder”. C40, que convenceu nove autarcas Mais tarde, quando a autarca de
tiro nos dois pés”. mo”, avisou Al Gore. “No mundo da Mas também alertou, contrariando de grandes cidades americanas a vir Seattle disse que “o Governo federal
“Quando comecei estas apresenta- política é muito difícil olhar para lá algum entusiasmo excessivo que se a Copenhaga explicar o que estão a afastou-se deste assunto e está até a
ções, ia buscar exemplos dos últimos do horizonte”, reconheceu, dizendo observou na conferência, que “as fazer nas suas terras. A Fundação tomar decisões nefastas”, ou quan-
cinco ou dez anos. Agora vou buscá- ao mesmo tempo que “a vontade cidades não têm poder para decidir Bloomberg acaba de publicar um do o autarca de Portland aÆrmou
los à semana passada ou a ontem”, política é um recurso renovável” e tudo” e que “os países mais poluido- manual com recomendações para que “Trump virou as costas ao cli-
disse Al Gore, referindo o furacão que “ainda vamos a tempo” de res ainda não se comprometeram” melhorar a eÆciência ambiental das ma”, foram as palmas que irrompe-
Dorian, que praticamente destruiu reverter este estado de coisas. a eliminar as emissões poluentes até cidades e, segundo o Ælantropo, “se ram.
uma ilha das Bahamas, o furacão 2050, como a maioria já fez. todas as cem maiores cidades dos
Maria, que devastou Porto Rico há Um plano sem Washington Ainda assim, aÆrmou, as cidades Estados Unidos adoptassem essas joao.pincha@publico.pt
dois anos, e o supertufão Hagibis, que “Nós sabemos, e vocês sabem, que “têm muita margem para agir” e “a medidas, em 2025 haveria uma
se encaminha para o Japão. A maior as palavras bonitas têm de ser trans- opinião pública está a pressionar redução de 30% nas emissões do O PÚBLICO viajou a convite da
frequência e potência destes fenóme- formadas em acções concretas e é aí cada vez mais, movendo-se mais país”. Câmara Municipal de Lisboa

Ricardo Veludo coordenava o Programa de Habitação Acessível da autarquia
Novo vereador do Urbanismo
da Câmara de Lisboa
já assumiu funções
Autarquias
O novo vereador, de 47
anos, vai substituir no
cargo o arquitecto Manuel
Salgado, que anunciou a
sua renúncia no Verão
O novo vereador do Urbanismo da
Câmara de Lisboa, Ricardo Veludo,
já assumiu funções e participou
ontem pela primeira vez numa reu-
nião camarária, sucedendo no cargo
ao arquitecto Manuel Salgado, disse
à Lusa fonte da autarquia.
A saída de Manuel Salgado, verea-
dor do Urbanismo desde 2007, tinha
sido anunciada no Ænal de Julho —
fonte da autarquia adiantou à Lusa
que renunciou ao cargo a 7 de Outu-
bro.
O novo vereador, de 47 anos, é
licenciado em engenharia do territó-
rio pelo Instituto Superior Técnico e
dava aulas na Escola Superior de
Actividades Imobiliárias.
Ricardo Veludo iniciou funções
na câmara em 2013 para dar apoio
administrativo na área da habitação
e do desenvolvimento local, no gabi-
nete da vereadora Paula Marques,
tendo posteriormente transitado
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 25
para o gabinete das Finanças, res-
ponsabilidade do actual vice-presi-
dente da câmara, João Paulo Sarai-
va. Quando foi anunciada a sua
entrada no executivo camarário,
Ricardo Veludo coordenava o Pro-
grama de Habitação Acessível da
autarquia.
Antes de chegar à Câmara de Lis-
boa colaborou com o município de
Sines, tendo participado na elabora-
ção de vários estudos e planos.
Manuel Salgado, de 75 anos, era
vereador do Urbanismo na câmara
desde as eleições intercalares de
2007, tendo também sido vice-pre-
sidente do município até às autár-
quicas de 2013, ano em que Fernan-
do Medina, actual presidente, pas-
sou a ser o braço direito de António
Costa, então líder do executivo
municipal.
Além de vereador, Manuel Salgado
desempenhava o cargo de presiden-
te do conselho de administração da
empresa municipal Lisboa Ocidental
SRU — Sociedade de Reabilitação
Urbana. Numa entrevista ao Expres-
so, divulgada a 31 de Julho, o arqui-
tecto admitiu a possibilidade de man-
ter o cargo que desempenhava na
SRU. Contudo, até ao momento, a
autarquia não esclareceu se Salgado
irá ou não continuar à frente daquela
LOCAL
LUÍS PONTE
TEATRO INFÂNCIA
empresa municipal.
Na carta de renúncia que enviou
SEVERA
O MUSICAL
ao presidente da câmara, com data
de 15 de Julho, Salgado justiÆcava a
demissão com a necessidade de
de FILIPE LA FÉRIA
“renovar os decisores e os procedi-
mentos, abrindo novas perspectivas
e permitindo novos olhares sobre
os projectos para a cidade”, acres- ES TA
centando que na altura da constitui-
ção das listas para as últimas autár- SEMANA
quicas quis que “Æcasse logo salva- CONDIÇÕES
guardada a possibilidade” da sua
substituição a meio do mandato.
ESPECIAIS
P/ TODA A FAMÍLIA
“Nesse sentido, e porque entendo
ter chegado o momento daquela
renovação, venho apresentar a
minha renúncia ao mandato de
vereador da Câmara de Lisboa”, lia-
se na carta.
Na missiva, o agora ex-vereador
considerava que “a vida pública e
política piorou muito” ao longo dos
últimos 12 anos, possibilitando a
“manipulação dos media e a difusão
da mentira”. Manuel Salgado assumia
ainda que os anos em que esteve à Reservas
frente do Urbanismo foram “desgas-
tantes pelas invejas e inimizade” que
213 405 700
se criam no exercício daquelas fun- 964 409 036 - 1820
ções. O arquitecto ressalvava, contu- Quarta a Sábado às 21h30
do, que tinha ainda “muitas ideias e e Sábado e Domingo às 17h00
projectos que gostaria de realizar em M/12
prol de Lisboa”.
 Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 27

ECONOMIA
Portugal parou de convergir em
1995 e foi ultrapassado a Leste
De 1995 até agora, o PIB per capita português não se aproximou da média da UE. O Banco de Portugal
defende que o problema está no crescimento baixo da produtividade nacional
FRANCISCO ROMÃO PEREIRA

Finanças públicas
Sérgio Aníbal
Depois de uma forte recuperação
entre 1960 e 1995, economia portu-
guesa deixou, nos últimos 25 anos,
de conseguir convergir para os níveis
de riqueza da média dos países que
actualmente compõem a União
Europeia. Uma estagnação que coin-
cide com a existência do euro, mas
que um estudo publicado pelo Ban-
co de Portugal diz estar relacionada
com a diÆculdade generalizada na
UE em manter um crescimento for-
te da produtividade e assegurar a
tendência de convergência quando
um país atinge determinados níveis
de riqueza.
Na União Europeia, de acordo
com a análise feita pelo banco cen-
tral e publicada no Boletim Econó-
mico de Outubro, a história da ten-
tativa de convergência dos Estados-
membros menos ricos em direcção
à média divide-se em dois períodos.
Entre 1960 e 1995, os primeiros 15
países a aderir à UE, e onde se inclui
Portugal, registaram uma aproxima-
ção bastante rápida entre os países
mais pobres e os mais ricos. E entre
1995 e a actualidade, a convergência
continuou a acontecer, mas apenas
quando se alarga a análise a todos os
países da UE a 28. Entre os quinze
primeiros membros, ela deixou de
acontecer.
Portugal é um exemplo claro des-
ta diferença de desempenho entre A questão da convergência tem vindo a ser, nos últimos anos, utilizada no debate político pelo Governo e pela oposição
os dois períodos. “Entre meados de
1960 e meados dos anos 90”, diz o
banco, “o PIB per capita português
De acordo com o 1995. Isto apesar de, como assinala
o Banco de Portugal, “a evolução
Portugal foi apenas ligeiramente
superior ao da média da UE a 15.
to em que se deixou de ser tão signi-
Æcativo o crescimento acima da
em percentagem da UE15 exibiu uma Banco de Portugal, nos anos mais recentes apontar para Aquilo que não mudou foi que, o média quer do investimento, quer
trajectória ascendente, traduzindo- alguma recuperação”. capital humano em Portugal — a do emprego. Como aÆrma o banco,
se num largo período de convergên-
é na incapacidade O que explica esta estagnação dos qualiÆcação da população conti- a estagnação registada no processo
cia real”. de fazer a últimos 25 anos? Quando decompõe nuou, mais ou menos ao mesmo de convergência “reÇecte em larga
A partir de meados dos anos 90,
no entanto, aquilo que se observa é
produtividade o crescimento do PIB português, o
Banco de Portugal observa duas
ritmo nos dois períodos, a crescer
mais do que a média europeia,
medida a manutenção de um fraco
desempenho relativo da produtivi-
“uma estagnação do processo de crescer mais que semelhanças e uma diferença entre enquanto que a produtividade con- dade total dos factores, num período
convergência da economia portu-
guesa”. Em 2018, o PIB per capita
está o principal os dois períodos de tempo analisa-
dos. A diferença é que, enquanto
tinuou, também nos dois produtos,
a crescer menos em Portugal do que
em que não se esperam contributos
relativamente signiÆcativos associa-
português em paridade do poder de obstáculo à entre 1960 e 1995, o stock de capital no resto da UE a 15. dos à acumulação de factores”.
compra, o indicador utilizado para per capita português (o investimen- De acordo com o Banco de Portu-
medir a riqueza do país e compará-
manutenção de to que é feito por exemplo em equi- gal, é na incapacidade de fazer a Ultrapassado pelo Leste
la com os outros, representava 76% um processo de pamentos e infraestruturas) cresceu produtividade crescer mais que está Países como a Espanha ou a Grécia,
da média da União Europeia, um
valor que continua a ser mais baixo
convergência muito mais do que no resto dos paí-
ses da UE a quinze, a partir de 1995,
o principal obstáculo à manutenção
de um processo de convergência,
que entraram na UE também nos
anos 80, tiveram um comportamen-
que os 79% que se registavam em o crescimento deste indicador em principalmente a partir do momen- to semelhante ao português c
28 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
ECONOMIA
ao nível da convergência.
Mas, ao travar este processo nos
últimos 25 anos, Portugal acabou
por ser forçado a ver, já durante este
século, vários países recém-entrados
na União Europeia a ultrapassá-lo no
nível do PIB per capita. Eslovénia
em 2002, República Checa em 2007,
Malta em 2010, Eslováquia em 2012,
Estónia em 2014 e Lituânia em 2017.
Portugal apenas conseguiu ultrapas-
sar um outro país, a Grécia, em 2011.
Do 15º lugar do ranking da UE em
1995, Portugal passou agora para o
20º lugar.
Para além de Portugal ter sofrido
muito mais do que os países do Les-
te europeu com a crise das dívidas
soberanas, o que estes países con-
seguiram foi, tal como Portugal fez
a seguir à adesão europeia nos anos
1980, aproveitar ao máximo o
impulso dado pela chegada à UE.
Pequenas economias como a Estó-
nia ou a Lituânia, que em 1995 não
passavam dos 30% da média do PIB
Portugal a perder lugares no ranking da riqueza
PIB per capita em paridade do poder de compra (UE28=100)
2010
Malta ultrapassa Portugal
2007
120 Rep. Checa ultrapassa Portugal
2002
Eslovénia
ultrapassa
Portugal
100
l
uga
80 Port
60
40
20
1995 2000
Fonte: Eurostat, Pordata
per capita da UE, agora estão já aci-
ma de 80%, num processo muito
rápido de convergência. Outros paí-
ses de Leste como a Polónia, Hun-
gria ou Letónia, ainda não ultrapas-
saram Portugal, mas estão já relati-
vamente próximos.
Até quando?
Há no entanto dúvidas sobre se
estes países serão capazes de pro-
longar por muito mais tempo este
ritmo de convergência elevado. A
análise do Banco de Portugal abre a
porta à hipótese de, tal como acon-
teceu com Portugal, Espanha ou
Grécia, os países que mais recente-
mente entraram na UE perderem o
fôlego inicial e registarem mais diÆ#
culdades em aproximar-se dos paí-
ses mais ricos.
O BdP escreve que “a própria ade-
são à UE constitui um efeito catali-
sador do crescimento durante
alguns anos pela via da implemen-
tação de reformas em linha com a
2011
Portugal ultrapassa a Grécia
2012
Eslováquia ultrapassa Portugal
2014
Estónia
ultrapassa
Portugal
2005 2010 2015
legislação europeia, do alargamen-
to de mercados e do acesso a fundos
estruturais” e, usando os exemplos
de países como Portugal, assinala
que o abrandamento no ritmo de
convergência “pode também reÇec-
tir uma maior diÆculdade em man-
ter ritmos de crescimento económi-
co elevados a partir de determinado
patamar de rendimento”.
Em Portugal, a questão da conver-
gência tem vindo a ser, nos últimos
anos, utilizada no debate político
pelo Governo e pela oposição. O
Executivo tem assinalado o facto de
Portugal estar a crescer, desde 2017
a um ritmo mais alto do que a média
europeia, algo que já não acontecia
há muito tempo. E a oposição à direi-
ta responde que, em comparação
com os países de dimensão seme-
lhante a Portugal, em geral prove-
nientes do Leste, o país continua a
sair a perder.
sergio.anibal@publico.pt
Ranking
português
na UE28
1995
15.º
2017
Lituânia
ultrapassa
Portugal 2002
16.º
2011
17.º
2012
18.º
2014
19.º
2018
20.º
2018
PÚBLICO
Previsão de crescimento sobe para 2%
Banco de Portugal reviu estimativa para 2019
A
variação do PIB português
em 2019 até será mais alta
do que antes era previsto
pelo Banco de Portugal,
mas as razões para um maior
optimismo esbatem-se quando
se percebe que o que justifica
esta revisão em alta das
projecções é apenas o efeito da
introdução pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE) da
nova série para o PIB e que
aquilo que se observa na
economia é um abrandamento
provocado pela deterioração da
conjuntura internacional.
Nas suas novas projecções
para este ano, o Banco de
Portugal, que em Junho tinha
previsto um crescimento de
1,7%, passou agora a apontar
para uma variação de 2%, um
valor que também supera os
1,9% ainda projectados pelo
Governo. No entanto, o banco
central assinala que esta
aceleração do ritmo de
crescimento se deve
essencialmente à incorporação
nos cálculos da nova série de
contas nacionais publicada
recentemente pelo INE e que
passou a estimar o crescimento
da economia em 2,4% em 2018.
Além desta mudança da base
das contas, o que sobra da
análise do Banco de Portugal
(BdP) é a confirmação de um
cenário em que a economia
nacional, como seria de esperar,
não consegue escapar ao
impacto da deterioração da
conjuntura internacional que se
verifica desde o início deste ano.
Face a 2018, ano em que a
economia cresceu 2,4% (valor
que antes da revisão efectuada
pelo INE era de 2,1%), todos os
indicadores desaceleraram em
2019, excepto o investimento.
As exportações, em particular,
mostraram uma deterioração
significativa do seu
desempenho. Tinham crescido
3,8% em 2018, esperando-se
agora que a sua taxa de variação
não passe dos 2,3% este ano. É
um cenário que encontra
explicação no facto de as
economias que constituem os
mercados principais para as
empresas exportadoras
portuguesas, como a Espanha
ou a Alemanha, estarem a
registar uma forte
desaceleração.
A procura externa dirigida à
economia portuguesa diminuiu,
diz o BdP, de 3,2% para 1,8%. Em
Junho, o banco central previa
um crescimento da procura
externa em 2019 um pouco mais
forte, de 2,3%.
A notícia positiva — o
crescimento mais elevado do
investimento em 2019 face a
2018 — encontra a sua
explicação essencialmente no
sector da construção, diz o
banco. Ainda assim, o
investimento deverá ter um
desempenho no segundo
semestre que é mais fraco do
que o da primeira metade do
ano, período em que o indicador
disparou 9,5% face ao período
homólogo do ano anterior.
Neste boletim, o Banco de
Portugal não apresenta novas
previsões para os anos
seguintes, mas identifica quatro
grandes riscos para a evolução
da economia portuguesa nos
próximos anos. Em primeiro
lugar, a possibilidade de uma
desaceleração mais acentuada
da actividade económica nos
principais mercados para as
exportações portuguesas.
Depois, com efeito negativo
também nas exportações, o
banco teme um cenário de
intensificação das tendências
proteccionistas no comércio
internacional. A possibilidade de
uma saída do Reino Unido da
União Europeia sem acordo, já a
partir do final deste mês,
constitui uma ameaça adicional,
havendo também a
possibilidade de, em diversos
pontos do planeta, se assistir a
um agravamento das tensões
geopolíticas. S.A.

Primeiro excedente da democracia é este ano
Sérgio Aníbal
Antecipando em um ano aquilo que
estava previsto pelo Governo, Portu-
gal deverá registar já no Ænal de 2019
o seu primeiro excedente orçamental
em mais de quatro décadas, calcula
o Conselho das Finanças Públicas
(CFP), que traça um cenário-base
para os próximos anos de saldos
orçamentais sempre positivos e dívi-
da pública decrescente, mesmo com
a economia a crescer abaixo de 2%.
O conselho recomenda que se
aproveitem os próximos anos para
baixar mais a dívida, mas os dados
apresentados podem ser usados
como argumentos por quem defende
que há espaço nesta legislatura para
adoptar medidas com impacto orça-
mental negativo.
O exercício feito pelo CFP foi o de
tentar estimar o que aconteceria à
economia e às Ænanças públicas por-
tuguesas, caso não fossem tomadas
pelo Governo novas medidas. Assim,
os números do conselho podem ser
usados, por exemplo, para perceber
qual a margem de manobra orçamen-
tal existente para o novo governo
assumir novas despesas ou aceitar
cortes na despesa. E aquilo que o CFP
mostra é que, mesmo numa conjun-
tura que se antevê de crescimento
moderado da economia, as contas
públicas revelam à partida uma situa-
ção de excedentes consecutivos.
Logo para este ano — para o qual já
não deverão ser tomadas novas medi-
das —, a entidade liderada por Nazaré
Costa Cabral espera que o saldo orça-
mental passe para valores positivos,
com um excedente de 0,1% do PIB.
A previsão oÆcial do Governo ain-
da é, neste momento, de um déÆce
de 0,2%. Os dados mais recentes da
execução orçamental, referentes aos
oito primeiros meses do ano, já
deram sinais de que um excedente
no Ænal do ano é um cenário plausí-
vel, mas o ministro das Finanças,
Mário Centeno, tem evitado falar da
obtenção do excedente. O mais longe
que decidiu ir foi dizer que o déÆce
deste ano pode Æcar “ligeiramente
abaixo” dos 0,2% previstos.
0,1%
CFP espera que o saldo
orçamental passe para valores
positivos em 2019, com um
excedente de 0,1% do PIB.
Previsão do Governo, até agora,
é de um défice de 0,2%
Nazaré Costa Cabral apresentou ontem as últimas previsões do CFP, que lidera
A seguir a 2019,
o CFP continua a
apontar para uma
melhoria do saldo
orçamental:
um excedente
de 0,3% em 2020
e de 0,8% em 2021
O CFP assinala ainda que, sem o
efeito de medidas temporárias e
extraordinárias, como a necessidade
de mais uma injecção de capital no
Novo Banco, o saldo orçamental seria
bem mais positivo este ano, atingindo
os 0,7% do PIB. Em 2018, sem medi-
das de carácter excepcional, o saldo
orçamental já teria sido de zero (con-
siderando todas as medidas Æcou em
0,4%).
A seguir a 2019, o CFP continua a
apontar para uma melhoria do saldo
orçamental até 2021. Num cenário de
políticas inalteradas, registar-se-ia
um excedente de 0,3% em 2020 e de
0,8% em 2021, um valor próximo de
1600 milhões de euros. A partir desse
ano, os resultados esperados passam
a ser menos favoráveis, mas as contas
mantêm-se em excedente, de 0,3%
em 2022 e de 0,2% em 2023.
Isto acontece, apesar de o CFP, ao
contrário do que fez o Governo no
último Programa de Estabilidade,
estar a prever uma continuação do
abrandamento da economia já regis-
tado este ano. Depois de um cresci-
mento de 2,4% em 2018 e de 1,9% em
2019, projectam-se, no cenário de
políticas invariáveis, novos abranda-
mentos para 1,7% tanto em 2020
como em 2021, e 1,6% em 2022 e 1,5%
em 2023. O CFP diz que a economia
portuguesa irá continuar a caminhar
para próximo do seu ritmo de cresci-
mento potencial, que neste momen-
to não ultrapassa os 1,5%.
A quebra no ritmo de crescimento
das exportações, num cenário de
abrandamento económico no resto
da Europa, é uma das principais cau-
sas para estas previsões, o que expli-
ca também que o CFP agora preveja
um regresso da economia portugue-
sa aos déÆces face ao exterior já a
partir do próximo ano. De um exce-
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 29
RUI GAUDÊNCIO
dente externo de 0,4% do PIB este
ano deverá passar-se para um déÆce
externo de 0,7% do PIB em 2023. Nas
suas contas, o CFP levou já em linha
de conta a recente revisão em alta do
valor do PIB pelo INE para 2018 e
anos anteriores.
Em relação à dívida pública, as
projecções do CFP também foram
revistas em alta por causa da altera-
ção metodológica que passou a
incluir no cálculo os juros dos certiÆ#
cados de aforro, mas a tendência ao
longo dos anos é, por via dos exce-
dentes orçamentais registados, de
descida, passando dos 118,5% de 2019
para 106,5% em 2023, cumprindo as
regras orçamentais europeias.
Ao apresentar as suas projecções,
o CFP aconselha prudência e defende
que o país deve aproveitar o actual
cenário, de crescimento moderado
mas com níveis de taxas de juro extre-
mamente favoráveis, para reduzir a
dívida pública ao ritmo o mais eleva-
do possível, para reforçar a resistên-
cia das Ænanças públicas a um even-
tual choque externo negativo.
sergio.anibal@publico.pt
ECONOMIA
Orçamento para a
zona euro acordado
O
s ministros das Finanças
dos países da zona euro
chegaram a acordo, após
11 horas de negociação,
para um novo orçamento que
promova a convergência e a
competitividade dos países
que adoptaram o euro. É a
primeira vez que tal acontece.
O acordo sobre “todos os
elementos críticos da
governação e financiamento”
foi anunciado pelo ministro
português das Finanças, e líder
do Eurogrupo, Mário Centeno.
“Habemus deal”, escreveu o
ministro no Twitter, resumindo
o sucesso obtido no encontro
que foi também um momento
de despedida de Mario Draghi,
presidente do Banco Central
Europeu. “Há apenas dois
anos, uma capacidade
orçamental para a zona euro
era um projecto puramente
académico. Esta noite, depois
de 11 horas de negociações,
tornámo-lo realidade, na forma
do instrumento orçamental
para a zona euro, o chamado
BICC (de budgetary instrument
for convergence and
competitiveness). Em
Dezembro de 2018, lançámos o
BICC; ontem à noite, o BICC
finalmente aterrou”, declarou
Centeno, no fim da reunião.
Deverão ser uns 17 mil milhões
de euros para sete anos, o que
representa 0,01% do PIB dos
países da zona euro. A
dimensão deste orçamento
próprio para os países que
adoptaram a moeda única era
um dos obstáculos que os
governantes tinham de
ultrapassar. O instrumento
deverá estar operacional em
2021, data do próximo quadro
financeiro plurianual da União.
PÚBLICO/Lusa
30 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
ECONOMIA
Obrigações verdes, um instrumento
para Ɗnanciar a descarbonização
O cumprimento das metas ambientais
implica um investimento global sem
precedentes. O sector Änanceiro já criou
uma ferramenta para transformar essa
missão numa oportunidade: dívida verde
Energia
Ana Brito
É um número difícil de visualizar:
6,9 biliões de dólares (6,2 biliões de
euros). Nas contas da Organização
para a Cooperação e Desenvolvi-
mento Económico (OCDE) essa soma
gigantesca será necessária, todos os
anos, na próxima década, para que
se cumpram os objectivos de clima
e desenvolvimento com que o mun-
do se comprometeu no Acordo de
Paris.
Assumindo-se que não há dinheiro
público que chegue para salvar o
planeta e que cada vez mais investi-
dores entendem que os benefícios
Ænanceiros devem andar de mão
dada com os benefícios ambientais,
é esperado que o mercado de obri-
gações verdes (dívida para pagar
investimentos ambientais), um dos
instrumentos que os Estados e as
empresas têm para Ænanciar esta
mudança, continue a acelerar-se nos
próximos anos.
Se em 2008 o montante global emi-
tido nestes títulos era inferior a 500
milhões de dólares, em 2018 o valor
aproximou-se dos 168 mil milhões
(segundo dados da Climate Bond Ini-
tiative) e a expectativa é que em 2019
estas emissões “continuem a aumen-
tar e atinjam os 250 mil milhões de
dólares” a nível global, sublinhou ao
PÚBLICO a presidente executiva da
Euronext Lisboa, Isabel Ucha.
As green bonds são obrigações
como as outras, porque permitem
aos emitentes levantar fundos no
mercado para cobrir despesas, mas
o verde do nome não está lá só para
enfeitar: essas despesas têm de estar
previamente identiÆcadas e têm de
relacionar-se com a redução do
impacto ambiental e o combate às
alterações climáticas.
Podem ser, entre outros, investi-
mentos em energias renováveis, em
eÆciência energética nos edifícios ou
em redes inteligentes, em transportes
não poluentes, na descontaminação
dos solos ou no tratamento de águas
residuais. Contudo, quem empresta
tem de saber o destino exacto do
dinheiro e quem pede emprestado
deverá informar com regularidade os
investidores da forma como os recur-
sos estão a ser aplicados.
Isabel Ucha explicou que o facto
de a procura deste tipo de produtos
por investidores estar a crescer tem-
-se traduzido num “melhor desem-
penho destas obrigações verdes face
a outras obrigações” e tem contribuí-
do “para que as empresas consigam
taxas de Ænanciamento mais atracti-
vas” do que as obtidas por outras
vias, como o recurso ao crédito ban-
cário, por exemplo.
Apenas duas cotadas portuguesas
se estrearam neste segmento espe-
cíÆco de mercado, a EDP (ver texto
ao lado) e a Altri, mas Isabel Ucha diz
acreditar “que outras poderão apro-
veitar esta oportunidade”. Nas várias
bolsas do grupo Euronext, estavam
listadas, até ao Ænal de Junho, 110
obrigações verdes.
Se os benefícios para as empresas
são evidentes pelo acesso a taxas de
juro relativamente baixas e a emprés-
timos com maturidades mais longas,
para os Estados há outro factor a ter
em conta. “Uma obrigação verde dá
um importante sinal aos investidores
internacionais, mostra que naquele
país há uma grande vontade de pro- O reverso da medalha é que a Questionado pelo PÚBLICO sobre
mover o investimento verde”, desta-
O facto de a emissão de dívida soberana, mesmo a emissão de obrigações verdes, o
ca a especialista em Ænanciamento procura destes que seja verde, está condicionada gabinete do ministro Centeno reme-
sustentável, SoÆa Santos. pela situação Ænanceira de um Esta- teu-se ao silêncio, mas fonte oÆcial
A mensagem não chega apenas aos
produtos por do e pelos constrangimentos das do Ministério do Ambiente e da Tran-
potenciais compradores desta dívi- investidores estar contas públicas. sição Energética (MATE) explicou
da, “os investidores da economia que o Governo ainda está a fazer o
real e as empresas também perce-
a crescer tem Portugal prepara terreno trabalho de casa.
bem que a estratégia é séria e que o contribuído “para Apesar de o tema ter sido abordado “Atendendo às metas ambiciosas”
compromisso é claro”, acrescenta. publicamente pelo ministro das do país para atingir a neutralidade
De certa forma, as emissões de
que as empresas Finanças, Mário Centeno, e pelo carbónica em 2050, “faz todo o sen-
obrigações soberanas verdes (prin- consigam taxas de ministro do Ambiente e da Transição tido que Portugal venha também a
cipalmente se forem feitas com regu- Energética, Matos Fernandes, e de emitir obrigações verdes”, porque
laridade) podem ser um indicador
Änanciamento terem sido prometidas novidades “são necessários fortes investimen-
dos progressos de um país no com- mais atractivas” para 2019, Portugal ainda não está tos no sector da mobilidade, dos
bate às alterações climáticas, porque pronto para apanhar este comboio, edifícios e das infra-estruturas”, dis-
são o reÇexo de que há um alinha- como já Æzeram vários Estados euro- se fonte do MATE. Mas é “um proces-
mento de políticas (leia-se despesas/ peus ou mesmo pequenas nações so novo” para o Governo e “implica
investimentos) para esse Æm. como as ilhas Fiji e Seychelles. o estabelecimento de um sistema de

As empresas do
sector eléctrico
têm vindo a
recorrer cada vez
mais à dívida
verde para
financiarem
projectos de
energias
renováveis
recolha e de monitorização de inves-
timento e de despesas verdes por
vários ministérios”.
O “trabalho já teve início em
2019”, mas nada se sabe quanto à
data em que estará concluído, até
porque, pelo meio, o PS terá de for-
mar um novo governo e apresentar
um novo Orçamento do Estado.
De acordo com o último relatório
sobre o mercado global de obriga-
ções verdes da Climate Bond Initia-
tive (uma organização internacional
para o desenvolvimento destes ins-
trumentos), em 2018 o volume de
dívida soberana verde atingiu os 17,5
mil milhões de dólares.
A Indonésia, a Bélgica, a Lituânia,
a Irlanda e as Seychelles foram os
MANUEL ROBERTO
países que se estrearam no ano pas-
sado, juntando-se a Estados como
França, Polónia, Nigéria e Fiji.
Entre 2007 e 2018, o valor acumu-
lado de emissões a nível global atin-
giu 521 mil milhões de dólares.
Este ano, até ao Ænal do primeiro
semestre, a maior emissão de dívida
verde corporativa coube à francesa
Engie (1,7 mil milhões de euros).
Quanto à dívida soberana, a Holanda
destacou-se com uma emissão de
quase seis mil milhões de euros, para
a qual registou uma oferta que supe-
rou em mais de três vezes a procura
(21 mil milhões), acabando por pri-
vilegiar a colocação dos títulos junto
de investidores que comprovaram as
suas “credenciais ecológicas”.
Da primeira vez que um Estado
emite uma obrigação verde “há um
custo inicial de montar a máquina”,
mas “pela experiência de recentes
emissões, existe muito mais procura
do que oferta e, portanto, os preços
para o país emitente são simpáticos”,
sublinhou SoÆa Santos.
Quando emitir uma green bond, o
Governo terá de identiÆcar o destino
dos investimentos e a origem das
despesas públicas com impacto posi-
tivo no ambiente, depois terá de
reportar anualmente a utilização dos
fundos. O mecanismo é válido para
qualquer entidade que queira emitir
dívida verde, sejam Estados, estados
federados, empresas públicas e pri-
vadas ou entidades supranacionais,
como um Banco Europeu de investi-
mento.
Regras europeias a caminho
As orientações da International Capi-
tal Market Association (ICMA),
conhecidas por princípios para as
obrigações verdes (green bond prin-
ciples, ou GBP), têm regido a maioria
das emissões e abarcam áreas como
a selecção dos projectos, a utilização
e gestão dos fundos da emissão e o
reporte aos investidores.
Além do conteúdo que é habitual
num prospecto, os emitentes têm de
deixar explícito qual o destino do
dinheiro e os benefícios ambientais
do investimento. Estas informações
têm de ser avaliadas por uma entida-
de externa e só depois de se compro-
var que a emissão segue os GBP é que
estará pronta para chegar ao merca-
do (o que nem sempre impede polé-
micas sobre o carácter verde das
emissões, como aconteceu como
uma green bond emitida pela petro-
lífera espanhola Repsol, em 2017).
Da mesma forma, é preciso que ao
longo do período de utilização dos
recursos a veriÆcação externa seja
feita.
As directrizes da ICMA surgiram
numa “fase inicial em que o mercado
percebeu que não havia regras e
tinha de criá-las”, explicou SoÆa San-
tos. “São exigentes”, mas não serão
suÆcientes, pois a Comissão Euro-
peia está a desenvolver standards
europeus de obrigações verdes aos
quais terão de aderir os emitentes e
que poderão vir a apertar a malha
sobre o que é elegível e evitar, no
futuro, situações equívocas.
ana.brito@publico.pt
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 31
Nas próximas oito semanas,
o PÚBLICO dedicará trabalhos
aos desafios da Energia do
Futuro. Para seguir também
em www.publico.pt
Bolsa de Lisboa à espera
de mais dívida “ecológica”
Ana Brito
Em Fevereiro, a Bioeléctrica do
Mondego, uma participada da Altri,
tornou-se a primeira empresa do
índice bolsista PSI-20 a emitir, na
praça portuguesa, títulos de dívida
para Ænanciar investimentos de
natureza ambiental, as chamadas
“obrigações verdes”.
A empresa, cujo negócio é a pro-
dução de electricidade com recurso
à biomassa Çorestal, levantou 50
milhões de euros através de um
empréstimo a dez anos (com juros
de 1,90% ao ano), subscrito pelo BPI,
para Ænanciar a construção de uma
nova central, na Figueira da Foz.
Para a Altri, que tem “um longo
historial de emissões de dívida” na
Euronext Lisboa, “com óptimos
resultados”, fez sentido “conservar
a relação de proximidade com a pra-
ça portuguesa” nesta estreia, disse o
seu director de mercado de capitais
e gestão de risco, Miguel Valente.
Estratégia diferente da EDP, que
se tornou, em Outubro do ano pas-
sado, a primeira empresa portugue-
sa a emitir obrigações verdes (600
milhões de euros, com vencimento
a sete anos e taxa de juro de 1,875%),
e que optou por listá-las na Euro-
next Dublin .
Seguiu-se, em Janeiro deste ano,
uma emissão de 1000 milhões de
euros de dívida subordinada com
maturidade de 60 anos e taxa de
juro inicial de 4,5% e, mais recente-
mente, nova emissão de dívida
sénior (600 milhões, que pagam
0,375%).
Todas estas notas (destinadas a
Ænanciar projectos solares e eólicos)
foram admitidas à negociação em
Dublin, uma escolha que a EDP jus-
tiÆcou pelo “processo de revisão
documental da autoridade irlande-
sa, que se tem mostrado consisten-
temente eÆciente e previsível”. Tra-
ta-se de “condições essenciais para
assegurar Çexibilidade no acesso ao
mercado”, sublinhou a empresa.
Neste caso, a autoridade compe-
tente pela revisão documental é o
ECONOMIA
banco central da Irlanda (o CIB), ao
passo que se a emissão fosse feita
em Lisboa seria a Comissão do Mer-
cado de Valores Mobiliários
(CMVM).
“Esta [das obrigações verdes] é
certamente uma área de negócio
que queremos continuar a fazer
crescer, servindo um segmento de
emitentes e de investidores em
expansão”, aÆrmou a presidente
executiva da Euronext Lisboa, Isa-
bel Ucha. Para isso, está na calha
“um conjunto de iniciativas” que
serão desenvolvidas nos próximos
meses, referiu a gestora.
Isabel Ucha explicou que as
opções de admissão de títulos nas
várias bolsas da Euronext (além de
Lisboa e Dublin, também Amester-
dão, Bruxelas, Oslo, Paris e Londres)
“estão harmonizadas” quanto a
regras de admissão e preçário e que
o acesso dos investidores interna-
cionais às diferentes emissões, onde
quer que elas estejam cotadas, faz-
se “sem qualquer obstáculo”.
A presidente da Euronext Lisboa
considerou que também não é a
razão Æscal que justiÆca a preferência
para a realização da operação numa
“localização diferente do emitente”,
já que o regime Æscal português até
isenta os investidores internacionais,
permitindo que lhes seja aplicada a
Æscalidade do país de origem.
E se antes existiam “algumas dife-
renças nos processos administrati-
vos, designadamente relacionados
com o registo do prospecto, eles
estão hoje largamente ultrapassa-
dos, pelo que, nessas condições, se
torna mais natural cotar estas emis-
sões em Portugal”, acrescentou.
Miguel Valente explicou que não
está prevista, para já, uma operação
semelhante à da Altri no próximo
ano.
Também não há nada nos planos
da EDP, mas fonte oÆcial da empre-
sa reconheceu que “é provável que
outras emissões verdes se sigam”.
Sobre a possibilidade de uma futura
operação deste tipo ser feita a partir
de Lisboa a EDP adiantou que não
há “nada previsto”.
32 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
MUNDO
Ofensiva de Erdogan empurra
curdos para longe da fronteira
Organizações de defesa dos direitos
humanos temem uma nova tragédia
humanitária no Curdistão sírio
e o possível reagrupamento dos
extremistas islâmicos do Daesh
Guerra na Síria
Alexandre Martins
As forças turcas continuaram ontem
a avançar no território da Síria, ao
longo da fronteira entre os dois paí-
ses, forçando dezenas de milhares de
civis a fugirem das suas casas com
receio de serem atingidos por tiros de
artilharia e ataques aéreos. À medida
que a ofensiva da Turquia vai conquis-
tando mais território às milícias cur-
das, com a permissão do Presidente
norte-americano, Donald Trump, o
ministro dos Negócios Estrangeiros
da República Checa deu a entender
que pouco pode ser feito para se anu-
lar os riscos de uma nova tragédia
humanitária na Síria: “Infelizmente,
nesta altura, não temos outra possi-
bilidade para acalmarmos a situação
além da pressão diplomática.”
O comentário de Tomas Petricek,
citado pela Reuters, junta-se a uma
outra declaração proferida ontem
pelo antigo embaixador francês em
Washington, Gérard Araud, que pare-
ce conÆrmar a ideia de que há pouca
margem de manobra na União Euro-
peia para enfrentar a Turquia.
“Os curdos combateram contra o
Daesh porque eram o seu inimigo.
Trabalhámos em conjunto porque o
inimigo do meu inimigo é meu amigo.
Fornecemos-lhes armamento e apoio
aéreo. Estou convencido de que eles
não tinham ilusões sobre um compro-
misso a longo prazo da nossa parte”,
disse Araud no Twitter.
Na noite de quarta-feira, na Casa
Branca, o Presidente Trump justiÆcou
a sua decisão de fazer recuar as tropas
norte-americanas da fronteira síria
com um argumento semelhante ao
do antigo embaixador francês em
Washington. Foi essa decisão de
Trump que abriu as portas ao Presi-
dente turco, Recep Tayyip Erdogan,
para ordenar o início da Operação
Fonte da Paz, na quarta-feira.
“Os curdos estão a lutar pelo seu
território. Eles não nos ajudaram na
II Guerra Mundial, na batalha da Nor-
mandia, por exemplo”, disse o Presi-
dente dos EUA. “Para além disso,
gastámos muito dinheiro a ajudá-los
com munições, armamento, dinheiro
e salários. Mas, dito isto, nós gosta-
mos dos curdos.”
O Presidente norte-americano tem
sido acusado pelos críticos e por mui-
tos dos seus apoiantes no Partido
Republicano de trair as Forças Demo-
cráticas Sírias, em particular a milícia
curda do YPG, que perdeu mais de
11.000 combatentes nos quatro anos
de batalhas contra o Daesh, em que
serviu de ponta-de-lança no terreno
numa coligação liderada pelos EUA.
É a milícia YPG, em particular, que
a Turquia pretende varrer do Norte
da Síria com a operação lançada esta
semana, por considerá-la uma orga-
nização terrorista que ameaça a inte-
gridade do seu território.
Para Ancara, as milícias curdas no
Norte da Síria e os curdos do Partido
dos Trabalhadores do Curdistão, no
Sul da Turquia, são uma e a mesma
coisa — Ændos os combates contra o
Daesh, as milícias curdas da Síria
apoiadas pelos EUA Æcaram totalmen-
te expostas ao avanço da Turquia. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos diz que pelo menos 60.000 pessoas fugiram de casa nas primeira
No terreno, os ataques turcos con-
centram-se numa faixa de território o que reconstruí. Os bombardeamen- micos, teme-se também que a opera-
sírio com cerca de 400km de largura tos são selvagens e indiscriminados”, ção da Turquia force os curdos a
e mais de 30km de profundidade. É disse ao Washington Post um comer- abandonar o controlo dos vários cam-
esse o pedaço da Síria que o Governo ciante de Tel Abyad, Mikael pos onde estão detidos mais de dez
de Erdogan quer tirar das mãos dos Mohammad. “Tive de sair apenas mil antigos combatentes do Daesh e
curdos, com dois objectivos declara- Trabalhámos com com a roupa do corpo. Entrei no car- quase 70 mil familiares, a esmagado-
dos: cortar qualquer hipótese de liga- ro, fui buscar a minha família e fugi- ra maioria mulheres e crianças.
ção aos curdos na Turquia, e enviar os curdos porque o mos da zona da fronteira.” Erdogan garantiu que não permiti-
para lá grande parte dos mais de três inimigo do meu Ontem, numa reunião do Partido rá um reagrupamento do Daesh, mas
milhões de refugiados sírios que estão Justiça e Desenvolvimento, em Anca- a ausência de uma acção coordenada
em território turco. inimigo é meu ra, o Presidente turco disse que nas internacionalmente deixa as associa-
O Crescente Vermelho Curdo disse amigo. Acho que primeiras horas da operação foram ções de defesa dos direitos humanos
que pelo menos sete civis foram mor- mortos 109 “terroristas” — o termo à espera do pior. Ao mesmo tempo
tos, entre os quais duas crianças, e 19 eles não tinham usado pelo Governo turco para se que combate contra as forças curdas,
Æcaram feridos. E, segundo o Obser- ilusões sobre um referir aos elementos das milícias cur- o Governo turco teria de garantir a
vatório Sírio dos Direitos Humanos, das. Segundo o Observatório Sírio dos passagem para a Síria, a instalação e
uma organização com sede no Reino compromisso a Direitos Humanos, 16 combatentes a segurança a mais de um milhão de
Unido, os bombardeamentos turcos longo prazo da das Forças Democráticas Sírias mor- refugiados sírios e, para além disso,
já obrigaram mais de 60.000 pessoas reram desde o início da ofensiva. lidar com uma possível tentativa de
a fugir, em menos de dois dias, dei- nossa parte Para além dos receios de uma nova ressurgimento do Daesh.
xando praticamente sem população Gérard Araud tragédia humanitária no Norte da Com a saída de cena dos EUA,
as cidades de Ras al-Ain e Darbasiya. Ex-embaixador francês em Síria, depois de anos de combates Erdogan lançou fortes críticas aos
“Posso ter perdido outra vez tudo Washington sangrentos contra os extremistas islâ- países europeus e do Médio Oriente

STRINGER/EPA
s horas da operação militar
que condenaram a ofensiva. À Euro-
pa, disse que enviará para lá os refu-
giados sírios que diz querer reinstalar
na Síria, se Bruxelas continuar a opor-
se; e à Arábia Saudita, disse que devia
“olhar-se ao espelho” por causa da
situação no Iémen.
Depois destas declarações de Erdo-
gan, a Reuters citou um diplomata
europeu, sob anonimato, que criticou
a forma como Bruxelas lidou com a
chegada de refugiados à Europa.
“Pusemo-nos numa posição em
que a relação entre a Turquia e a
União Europeia só tem uma dimen-
são, um tópico que criou um equilí-
brio de poder desfavorável para nós.
Temos de nos organizar. Não tem
havido uma solução colectiva para o
problema dos refugiados, e por isso
Æcámos sujeitos a esta chantagem.”
alexandre.martins@publico.pt
A obsessão da Turquia com os curdos
Análise
José Pedro Teixeira
Fernandes
1. Para um observador ocidental
externo, o Médio Oriente é
extraordinariamente difícil de
entender. É um passado com
tonalidades medievais, não se sabe
muito bem surgido de onde, o qual
irrompe, de forma violenta, num
mundo pós-moderno dominado
pela economia, mercado, comércio
e tecnologia. Ao mesmo tempo, as
causas usuais de conÇitos no
Ocidente pouco ou nada permitem
perceber os acontecimentos. Os
conÇitos do Médio Oriente não
seguem usualmente linhas
ideológicas de esquerda e direita
como na política ocidental. Quanto
aos Estados da região, também não
são normais Estados-Nação. Têm
no seu interior uma multiplicidade
de grupos étnicos e religiosos, por
vezes em disputa violento com o
próprio Estado. As alianças e
inimizades, políticas e militares,
fazem-se, desfazem-se e refazem-se
em inúmeros conÇitos. Mais
inteligíveis são os interesses das
grandes potências mundiais que
projectam aí sua inÇuência,
directamente ou através de aliados
locais. Todavia, estes últimos,
procuram igualmente arrastá-las
para os seus próprios conÇitos.
Mas a (in)Ædelidade é retribuída,
pois as grandes potências
usualmente deixam cair os seus
aliados locais quando os seus
interesses divergem, ou estão já
satisfeitos. Os EUA, a Turquia, e os
curdos da Síria são o exemplo mais
recente destas manobras tortuosas.
2. Na política internacional,
muitas vezes as coisas não são o que
parecem. Recep Tayyip Erdogan
aÆrma publicamente que a Turquia
está preocupada com o futuro dos
refugiados sírios no seu território.
Os curdos estão a lutar
pelo seu território.
Eles não nos ajudaram
na II Guerra Mundial,
na batalha da Normandia
Donald Trump
Presidente dos EUA
Assim, quer criar uma zona
militarmente segura no Nordeste da
Síria, na qual seja possível instalar
uma parte substancial dos vários
milhões de refugiados que a
Turquia acolheu devido à guerra. À
primeira vista, o plano de actuação
militar do Estado turco é
humanitário. Implementar zonas
seguras para as populações tem
precedentes na região e noutras
partes do mundo. Por exemplo, nos
anos 1990, no Iraque, foram
estabelecidas zonas de exclusão
aérea a norte e a sul, para proteger
curdos e xiitas das represálias de
Saddam Hussein. Mas, no actual
caso, o objectivo último pode muito
bem ser outro e nada tem de
humanitário: alterar a demograÆa
no Norte da Síria diluindo a actual
maioria curda num conjunto de
populações árabes. Os prometidos
planos de reconstrução económica
são uma peça adicional dessa
estratégia, para tornar a
intervenção militar mais aceitável.
Através da criação de uma
zona-tampão no território sírio, a
Turquia ganha inÇuência e meios de
intervenção permanentes nos
assuntos da Síria, com ou sem
Bashar al-Assad.
3. A Turquia tem uma obsessão
com os curdos, dentro e fora das
suas fronteiras. Em parte, a
explicação é de natureza
geopolítica. Existe uma substancial
população de etnia curda que,
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 33
historicamente, habita o Leste e
Sudeste do país, mas hoje
encontra-se também nas grandes
aglomerações urbanas, como
Istambul e Ancara. Ao mesmo
tempo, as populações curdas têm
continuidade na Síria, Iraque e Irão.
Na Turquia, os anos 1980 e 1990
foram marcados pela sublevação
armada do Partido dos
Trabalhadores do Curdistão (PKK),
à qual o Exército turco respondeu
com uma violenta repressão num
conÇito que terá provocado dezenas
de milhares de vítimas. Agora, na
guerra da Síria, as Unidades de
Protecção Popular (YPG) formadas
por curdos, são vistas pela Turquia
como uma organização “terrorista”
e uma ramiÆcação do PKK. São o
alvo preferencial das suas incursões
militares no interior da Síria.
Quanto ao Daesh (“Estado
Islâmico”) e a outros grupos
islamistas-jihadistas, não são, para a
Turquia, o seu problema maior.
Basta lembrar a calculista inércia
turca na altura do cerco de Kobani
em 2014 e 2015, quando o Daesh
estava em expansão na Síria e
Iraque e massacrava
indiscriminadamente as
populações civis.
4. Na óptica curda, o seu
abandono pelos EUA às mãos da
Turquia lembra feridas do passado.
O slogan “América primeiro” não
existia em 1919, mas a semelhança
da actual política externa
norte-americana com os
acontecimentos ocorridos após o
Ænal da I Guerra Mundial merece ser
aqui analisada. Claro que comparar
Donald Trump com Woodrow
Wilson, o Presidente dos EUA em
1919, é uma enorme injustiça para
este último. Woodrow Wilson foi
um dos grandes presidentes dos
EUA no século XX. CheÆou os
norte-americanos no período
crítico da I Guerra Mundial. Foi um
arquitecto maior da Sociedade das
Nações fundada em 1919, a
organização precursora das actuais
Nações Unidas. Foi um dos maiores
críticos de uma política marcada
por relações de poder e interesses
(Realpolitik) e um dos grandes
impulsionadores do que hoje
chamamos multilateralismo. O
“direito de as nações disporem de si
próprias” foi um princípio maior da
política externa de Woodrow
Wilson. Todavia, há um aspecto
incómodo a ligar aos EUA de 1919
aos EUA de 2019. Esse direito de
autodeterminação também valia
teoricamente para os curdos, que
deveriam ter podido formar o seu
próprio Estado. Mas não foi isso que
aconteceu.
5. Por vezes, a história repete-se,
ainda que sob outras formas. A
Turquia, se for bem-sucedida nesta
operação militar, será tentada a
concluir que precisa, cada vez
menos, dos EUA e da NATO. A sua
própria experiência do passado de
1919-1922 sugere-lhe isso. Nessa
altura, com a alteração de relações
de força no terreno a seu favor,
devido às vitórias militares de
Mustafa Kemal Atatürk, o Curdistão
previsto no Tratado de Sèvres de
1920 Æcou no papel. Os EUA, um
dos grandes impulsionadores da
ideia de autodeterminação
nacional, regressaram ao seu
isolacionismo. Um congresso
dominado pelos republicanos
recusou a ratiÆcação do Tratado de
Versalhes e a participação na SdN.
Um século depois, Donald Trump
parece ter similar visão de política
externa: Daesh derrotado, missão
cumprida, soldados em casa. Mas
hoje o mundo é radicalmente
diferente. A distância geográÆca
não desliga os norte-americanos das
questões internacionais e de
segurança como no passado. As
cedências de Donald Trump à
obsessão da Turquia com os curdos
da Síria são eticamente condenáveis
e um erro estratégico. Abandonados
à sua sorte, os curdos estão a ser
empurrados para procurar aliados
em Bashar al-Assad, na Rússia, ou
até no Irão. O terreno Æca livre para
os rivais e inimigos. Os aliados
questionam-se o que vale o hoje a
aliança com os EUA.
Investigador do IPRI
34 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
MUNDO
Sylvie Goulard demitiu-se de ministra da Defesa francesa devido a escândalo com dinheiros europeus
Parlamento Europeu chumbou
comissária de Macron
União Europeia
Rita Siza, Bruxelas
Liberais criticam decisão
dos eurodeputados,
considerando-a uma
“humilhação” para o
Presidente francês
O Parlamento Europeu, PE, manteve-
se Ærme na objecção à francesa Sylvie
Goulard, e ontem rejeitou inapelavel-
mente a sua nomeação como comis-
sária encarregada pela pasta do Mer-
cado Interno, com 82 votos contra,
29 a favor e uma abstenção. A votação
é um novo obstáculo para a presiden-
te eleita da Comissão Europeia, Ursu-
la von der Leyen, que Æca com três
“baixas” na sua equipa, depois de os
eurodeputados terem chumbado os
candidatos da Hungria Roménia.
O chumbo de Goulard pode ser lido
como uma reacção dos eurodeputa-
dos à “soberba” do Presidente fran-
cês, Emmanuel Macron, e dos seus
desígnios europeus — dos quais a
reconÆguração da pasta do Mercado
Interno num superpelouro, que abar-
ca a política industrial e digital, a defe-
sa e o espaço, o turismo ou os media,
entregue à comissária por si escolhi-
da, é apenas um exemplo.
Aliada e apoiante de primeira linha
do movimento fundado por Macron,
Sylvie Goulard poderá queixar-se de
ter sido duplamente sacriÆcada pelo
caso de pagamentos irregulares a
assistentes políticos com verbas do
Parlamento Europeu que levou
Macron a aceitar a sua demissão de
ministra da Defesa após apenas um
mês de governo, mas não o impediu
de a enviar para Bruxelas.
“Goulard foi vítima de um jogo polí-
tico que afecta toda a Comissão”,
disse o presidente Macron. “Não com-
preendo o que se passou. Ressenti-
mento. Mesquinhez talvez.”
“Se França não a aceitava para
ministra, devia o Parlamento Euro-
peu aceitá-la para comissária?”, ques-
tiona a eurodeputada do PSD, e vice-
-coordenadora do Partido Popular
Europeu na Comissão de Indústria do
PE, Maria da Graça Carvalho, para
quem não faria sentido que os crité-
rios fossem menos exigentes para a
Comissão do que para os governos.
A socialista Maria Manuel Leitão
Marques, da Comissão do Mercado
Interno, conÆrma que a pergunta
Æcou sempre no ar: se, perante a aber-
tura da investigação aos pagamentos
irregulares, Sylvie Goulard achou não
ter condições para se manter como
ministra, porque entendia ter condi-
ções para ser comissária? Na primeira
audição, a francesa reclamou a pre-
sunção de inocência. Ontem, prome-
teu “retirar todas as consequências”
após a conclusão do processo.
Depois de analisarem dezenas de
páginas de respostas por escrito e de
CHRISTOPHE PETIT TESSON/EPA
inquirirem a francesa em duas ses-
sões, os membros das comissões de
Indústria e Mercado Interno tiveram
de realizar uma votação secreta por
não haver uma maioria de dois terços
para aprovar a nomeação. O resulta-
do sugere que só a bancada liberal
Renovar a Europa a que Goulard já
pertenceu apoiava a escolha de
Macron — que na opinião dos liberais
foi “humilhado” com o chumbo.
“Claro que foi uma decisão difícil,
uma vez que Sylvie Goulard é uma
mulher que comunica bem e clara-
mente defende o projecto europeu”,
revelou Graça Carvalho. Houve duas
razões para o seu afastamento: uma
de natureza ética, por não estar resol-
vido o processo em que está envolvi-
da, e outra de substância, por não se
ter mostrado tão bem preparada para
lidar com as áreas do portfólio. “Mas
a questão ética pesou mais”, disse.
Vários eurodeputados assinalaram
ainda como “problemática” a dimen-
são da pasta — uma questão que não
Æca resolvida com a indicação de um
novo nome pelo Presidente francês.
Para Maria Manuel Leitão Marques,
o processo em curso em França “foi
o que complicou” a conÆrmação de
Goulard, que “respondeu com con-
sistência” às perguntas técnicas sobre
as áreas de sua jurisdição. É impossí-
vel negar que “houve razões políticas
nesta decisão”, disse.
rsiza@publico.pt
Deputados romenos
derrubam Governo
e desenha-se cenário
de crise prolongada
Roménia
Crise política agravou-se a
poucas semanas das
eleições presidenciais, o que
faz com que tão cedo não se
possam realizar legislativas
O Parlamento romeno aprovou
ontem uma moção de censura que
derrubou o Governo do Partido
Social-Democrata de Viorica Dancila,
a poucas semanas das eleições presi-
denciais, marcadas para Novembro.
Por causa das presidenciais, não é
possível marcar legislativas antecipa-
das rapidamente: por lei, tem de
haver um período de seis meses entre
as duas eleições.
Segundo a Reuters, 238 deputados
votaram a favor da moção num Par-
lamento de 329 lugares. A oposição
tem agora dez dias para nomear um
novo primeiro-ministro, que terá de
receber luz verde do Presidente cen-
trista, Klaus Iohannis, que procura
ser reeleito no próximo mês, e sobre-
viver a uma moção de conÆança no
Parlamento. Dancila é a candidata
dos sociais-democratas à presidên-
cia, mas as sondagens dão-na muito
atrás de Iohannis.
Dada a fragmentação no Parlamen-
to, é incerto que o próximo executivo
venha a assegurar apoio suÆciente
para se manter em funções até às pró-
ximas eleições legislativas, no Ænal do
próximo ano. O Governo que se
seguir terá o enorme desaÆo de con-
ceber um Orçamento para 2020 que
Viorica Dancila é também
candidata às presidenciais
consiga acomodar o aumento de 40%
nas pensões aprovado pelo Partido
Social Democrata de Dancila — sem
fazer disparar os limites do déÆce,
que já estão a fazer soar os alarmes.
A queda do Governo deverá ainda
diÆcultar o processo de escolha do
próximo comissário europeu rome-
no, depois de a indicação de Rovana
Plumb para os Transportes ter sido
rejeitada pelo Parlamento Europeu
por conÇito de interesses.
Verdade se diga que o Governo de
Dancila está à beira do colapso desde
que o seu partido perdeu o parceiro
de coligação em Agosto, e após o mau
resultado dos sociais-democratas nas
eleições europeias de Maio. Nos últi-
mos anos, os sociais-democratas têm
tido crises atrás de crises — o seu líder,
Liviu Dragnea, foi condenado a três
anos de prisão por corrupção.
Desde 2017, quando os sociais-de-
mocratas ganharam as últimas elei-
ções, deram passos que preocupa-
ram a UE, por serem contrários ao
Estado de direito, nomeadamente
modiÆcações na legislação relativa à
corrupção e afastamento de juízes e
procuradores do Ministério Público.
Houve uma vaga de enormes mani-
festações contra o Governo. Aplica-
ram políticas de aumento dos orde-
nados que Æzeram crescer o déÆce
romeno.
Os analistas esperam agora que o
Partido Liberal tente formar novo
governo. Foi esta formação que lide-
rou a votação da moção de censura
que derrubou o Governo de Dancila.
“Impedimos o Partido Social Demo-
crata de fazer mal à Roménia”, aÆr-
mou o líder do Partido Liberal, Ludo-
vic Orban.
“Vou ouvir os partidos e propor
uma solução de governo com um
mandato claro para garantir uma
governação responsável e clara até
que se possam realizar as novas elei-
ções legislativas”, declarou o presi-
dente Iohannis.
A sucessão de crises políticas está
a criar um enorme descontentamen-
to entre os romenos, avisam os
observadores. “Estamos perante
uma crise estrutural com a qual os
políticos estão a mostrar-se incapa-
zes de lidar”, disse à Euronews o
analista Andrei Taranu. “Avançam
para estas pequenas crises de reso-
lução relativamente rápida, sem
tratarem das questões dolorosas
para as quais é necessária uma solu-
ção”, acrescenta.
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36 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
CULTURA
Nem tudo é real no novo
Teatro do Bairro Alto
A histórica sede do Teatro da Cornucópia
reabre hoje, agora sob a direcção
artística de Francisco Frazão. Três dias
para começar a escrever-se um novo
capítulo da vida desta sala de Lisboa
Teatro
Gonçalo Frota
“Esta cidade tem este teatro. Este tea-
tro tem esta cidade.” Estas palavras
que andam por Lisboa e anunciam a
chegada de uma nova vida ao Teatro
do Bairro Alto (TBA) — pós-Cornucó-
pia e agora sob a direcção artística de
Francisco Frazão, ex-programador de
teatro da Culturgest — podiam não
passar de uma bonita brincadeira
poética, de um atraente jogo semân-
tico ou de uma esmerada manifesta-
ção de intenções. Mas tornam-se
literais e vivas quando, transpondo
as portas do TBA e descendo as esca-
das, nos vemos rodeados da instala-
ção pensada pelo cenógrafo José
Capela para a abertura do novo espa-
ço. Intitulada Deslocação de Um Baldio
ao Fundo da Rua, replica, na zona do
foyer e da sala Manuela Porto, parte
do fundo da Rua Tenente Raul Cas-
cais, onde a sala se situa, criando uma
imediata estranheza e um instantâ-
neo fascínio pela representação da
realidade (está bem aplicada num
teatro, portanto).
Trata-se de uma instalação tão rea-
lista, aliás, que é quase impossível não
tocar nas paredes — para perceber
então que não são feitas da rugosida-
de dos muros que circunscrevem o
terreno baldio verdadeiro, lá fora,
vizinho de um parque de estaciona-
mento. É demasiado tentador levar
as mãos ao chão, onde o toque devol-
ve não a sensação do solo arenoso,
das ervas daninhas, das beatas ou dos
tickets de estacionamento, mas a do
tapete de vinil onde estão impecavel-
mente impressos. Esta desmedida
intromissão da realidade no TBA não
é, no entanto, o primeiro sinal de que
estamos num espaço renovado. Logo
à entrada, a nova sinalética avisa-nos
que o teatro “não tem bengaleiro” (o
público terá cacifos à sua disposição)
e que o WC é “sem género” (homens
e mulheres acedem às mesmas insta-
lações, e o fraldário está fora e não
dentro do WC).
A instalação de José Capela é uma
das novidades com que o TBA reabre
hoje as suas portas. O primeiro Æm-
de-semana representa também o
culminar da série de acções que, ao
longo dos últimos meses, foi “conti-
nuando a começar” — como descre-
ve Francisco Frazão — a actividade
da nova sala. Do ensaio fotográÆco
de André Cepeda às peças em
podcast assinadas por Lígia Soares,
e João Abreu, João Estevens e Mafal-
da Miranda Jacinto, ou à performan-
ce-instalação de Tania El Khouri,
vários foram os momentos de pro-
gramação destinados a retirar a car-
ga de “um grande momento inaugu-
ral, com grande estrondo”, que
Frazão quis Æntar.
Movimentos circulares
Ainda assim, só a partir de hoje o
público começará a redescobrir o
espaço onde esteve instalado o Tea-
tro da Cornucópia durante 41 anos,
intitulado Teatro do Bairro Alto em
homenagem ao dramaturgo Antó-
nio José da Silva (dito “O Judeu”), e
cujo director foi escolhido por con-
curso público depois de Luís Miguel Fechado
Cintra e Cristina Reis terem decidi- desde que no
do, em 2016, pôr um Æm à compa- final de 2016 a
nhia à qual dedicaram boa parte das Cornucópia
suas vidas. E essa redescoberta far- decidiu pôr
se-á também através de um par de um fim à sua Tenho recusado
criações assinadas por Josefa Perei- actividade, o
ra (Hidebehind) e Alessandro Sciar- Teatro do a terminologia
roni (Chroma_Don’t be Frightened of Bairro Alto das heranças.
Turning the Page), que ocuparão os reabre agora
dois principais espaços de apresen- com uma PreÄro pensar
tação do TBA: a zona designada por programação em memória
nave (que, na conÆguração mais aberta à
convencional, acolherá as bancadas experimen- Francisco Frazão
destinadas ao público, mas permite tação Director do Teatro do Bairro Alto
utilizações bastantes imaginativas)
e o palco. dimensão —, para as quais o director das ideias que o TBA proporá ao lon- 19h e às 21h30, permitindo a quem
São duas peças de “movimento artístico reivindica um papel mais go da temporada: sessões duplas que quiser assistir às duas peças um inter-
circular” — e que reforçam a ideia de interventivo, no sentido do preenchi- possibilitem o diálogo entre duas cria- valo para enganar a fome. “O monó-
não haver começo, reforça Frazão —, mento de lacunas actuais da oferta ções independentes. logo do Alex é interpretado pelo Mar-
experiências aparentemente formais, lisboeta. Os solos de Josefa Pereira e É o que acontecerá mais tarde, co Paiva e imagina o futuro, o da
mas carregadas de pistas políticas. E Alessandro Sciarroni, separados por entre 6 e 15 de Dezembro, quando Raquel é mais virado para o passado,
inscrevem-se numa das duas áreas, a um curto intervalo destinado a um Alex Cassal e Raquel Castro apresen- a partir da fotograÆa da turma dela de
dança — a outra é a música de cariz beberete de celebração da abertura tarem os respectivos monólogos, 1995”, resume Frazão ao PÚBLICO.
experimental de pequena-média de portas, colocam já em prática uma Morrer no Teatro e Turma de 95, às “Há ligações e contrastes que se

FOTOS: PEDRO FAZERES
podem estabelecer entre os dois,
entre uma espécie de Æcção cientíÆca
e um lado documental.” A criação de
Alex Cassal chegou à programação do
TBA como herança do Teatro Maria
Matos (ver texto ao lado), quando,
por decisão da Câmara de Lisboa, a
antiga sala da Cornucópia passou a
acolher a missão de apresentar a pro-
gramação apontada à experimenta-
ção nas artes performativas e na
música que vigorava no teatro da Ave-
nida de Roma.
“A ideia das heranças é uma termi-
nologia que tenho recusado, pelo
lado legalista que tem”, ressalva
Francisco Frazão. “PreÆro pensar
em memória.” E é em memória que
se pensa quando a visita guiada do
director artístico identiÆca, numa
das paredes da sala principal, um
relógio desenhado a giz numa pare-
de, sobrevivente do Cimbelino de
Shakespeare que a Cornucópia levou
à cena em 2000.
Os três primeiros meses de progra-
mação do TBA “funcionam”, diz
Frazão, “como um bloco, com carac-
terísticas e desequilíbrios que serão
depois contrabalançados no primei-
ro semestre de 2020” — o programa
para esse próximo andamento deve-
rá ser anunciado em Ænais de Novem-
bro. Nomeadamente, especiÆca, a
presença mais notória de artistas
internacionais neste período inaugu-
ral, tendência a ser contrariada nos
meses seguintes. Ainda este Æm-de-
semana, caberá ao italiano Franco
“Bifo” Berardi abrir a programação
de conferências, amanhã, com a
comunicação Poetry and Chaos,
seguindo-se-lhe a instalação audio-
visual de Félicie d’Estienne e Éliane
Radigue Continuum (23 de Outubro)
ou os espectáculos de teatro Super
Night Shot, dos Gob Squad (7 a 9 de
Novembro), Total Immediate Collec-
tive Imminent Terrestrial Salvation,
de Tim Crouch (13 a 16 de Novem-
bro), e Yo Escribo. Vos Dibujás, de
Federico León (29 de Novembro a 1
de Dezembro).
O espectáculo de Federico León,
que passou já este ano pelo FITEI, no
Porto, é uma das primeiras co-produ-
ções do TBA e foi pensado já em fun-
ção das características do espaço —
algo que Francisco Frazão gostava
que se tornasse frequente. “Há espec-
táculos que funcionam bem aqui, mas
que funcionariam bem noutros sítios
também, e há outros que são particu-
larmente interessantes de mostrar no
TBA”, explica, acrescentando que “o
espectáculo do Federico é ideal para
este espaço porque precisa mesmo
de duas zonas e isso encaixa na per-
feição no edifício”.
Estes três primeiros meses, que
incluem ainda concertos de Von
Calhau!, Adriana Sá, Ricardo Jacinto
& Yaw Tembe e Alfredo Costa Montei-
ro, criações de dança de David Mar-
ques e Florentina Holzinger, um per-
curso performativo de Joana Braga e
uma conferência de Shannon Jackson,
assistirão também ao arranque do
Clube Espectador, uma série de con-
versas pós-espectáculo “sem os artis-
tas — ou não necessariamente com os
artistas”, dinamizadas por Maria
Sequeira Mendes e José Maria Vieira
Mendes. A ter lugar na mesma sala
Manuela Porto, que agora, graças a
José Capela, nos ilude a cada segundo
sobre o que é ou não real. E onde,
possivelmente, se discutirão ilusões
semelhantes.
Há espectáculos que
são particularmente
interessantes de mostrar
no Teatro do Bairro Alto
Francisco Frazão
Director do Teatro do Bairro Alto
Um ano depois, o Maria Matos continua
fechado (e vem aí novo capítulo no tribunal)
Inês Nadais
No xadrez da reorganização da rede
de teatros municipais que a vereado-
ra da Cultura da Câmara de Lisboa,
Catarina Vaz Pinto, anunciou em
Dezembro de 2017, a reabertura do
Teatro do Bairro Alto que agora Ænal-
mente se concretiza deveria ter sido
a última peça a entrar em jogo. Mas
a longa polémica que antecedeu o
lançamento do procedimento para
a concessão do Teatro Maria Matos
(com protestos inÇamados, uma
petição subscrita por mais de 2800
pessoas e a oposição política do PCP
e do Bloco de Esquerda) e o conten-
cioso que se arrasta desde Agosto do
ano passado adiaram sine die a nova
vida da sala, que está fechada há
mais de um ano e pode não reabrir
tão brevemente quanto isso: a
empresa Yellow Star Company,
segunda classiÆcada no concurso
que entregou a gestão do Maria
Matos à Força de Produção, perdeu
a acção que levou ao Tribunal Admi-
nistrativo de Lisboa (TAL), mas vai
recorrer da decisão.
“Não conheço ainda o teor da sen-
tença, mas, ao que nos diz o advoga-
do, os argumentos do tribunal são
muito parcos. Mais uma vez, a esco-
lha da Força de Produção não nos
parece devidamente fundamenta-
O Maria Matos não tem programação desde Julho do ano passado
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 37
da”, adiantou ao PÚBLICO o director
artístico da Yellow Star. Sublinhando
que não é “por teimosia” que vai vol-
tar à justiça e que sempre tratou este
assunto “com delicadeza e sem ala-
rido”, Paulo Sousa Costa diz não
estar ainda convencido de que não
se veriÆcaram “as irregularidades
grosseiras” que o levaram a intentar
uma acção de contencioso pré-con-
tratual. No recurso que interporá até
dia 18, a produtora sediada no Estoril
voltará a pedir a suspensão do con-
curso e a impugnação das decisões
do júri presidido por Pilar del Río,
que a Yellow Star acusa de “violação
do dever de fundamentação” e de
“erros na avaliação das propostas
submetidas a concurso” (além da
Força de Produção e da Yellow Star,
houve um terceiro concorrente, a
Meio Termo) por desrespeito “dos
critérios de igualdade, imparcialida-
A sala da Avenida
de Roma pode
não reabrir tão
brevemente
quanto isso: a
justiça deu razão
à autarquia, mas
haverá recurso
MIGUEL MANSO
de, proporcionalidade e boa-fé”.
A empresa de Paulo Sousa Costa
e Carla Matadinho começou por ten-
tar uma reclamação formal e um
recurso administrativo junto da
EGEAC, a empresa municipal res-
ponsável pela gestão dos equipa-
mentos culturais da cidade, mas
considerou a resposta insatisfatória.
Já depois de a acção ter dado entra-
da no tribunal, a EGEAC tentou uma
aproximação para obter um acordo
que acelerasse a reabertura do Maria
Matos, fechado desde Julho de 2018
Ænda a última temporada programa-
da por Mark Deputter (agora à fren-
te da vizinha Culturgest), mas a pro-
posta de utilização partilhada do
Maria Matos avançada pela Yellow
Star não vingou.
O recurso deverá agora atrasar
ainda mais a entrada da Força de
Produção no Maria Matos, cuja con-
cessão obteve por um período de
cinco anos, mediante uma renda
mensal de três mil euros. O PÚBLICO
contactou a empresa para saber que
constrangimentos este adiamento
tem trazido à sua actividade, mas a
Força de Produção escusou-se, tal
como a EGEAC, a fazer quaisquer
comentários enquanto o processo
não for dado como encerrado.
Certo é agora que até o cenário
mais pessimista inicialmente avan-
çado por Catarina Vaz Pinto já foi
ultrapassado. A vereadora da Cultu-
ra admitia então que a controversa
reorganização desejada pela autar-
quia, e que passava também pela
municipalização da histórica casa da
Cornucópia no Bairro Alto e pela
abertura do LU.CA — Teatro Luís de
Camões com um projecto para a
infância e juventude, estaria concluí-
da na pior das hipóteses “em Janeiro
de 2019”. O LU.CA foi inaugurado em
Junho de 2018, o novo Teatro do
Bairro Alto inaugura-se neste Outu-
bro de 2019 — quanto ao regresso do
Maria Matos convertido num “pólo
de forte atracção cultural” capaz de
chamar “o grande público”, prog-
nósticos só no Æm do jogo.
inadais@publico.pt
38 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
CULTURA
Chimamanda Adichie, Danny Glover e
David Adjaye no Fórum do Futuro 2019
Travessias é o tema da edição deste ano, que toma como mote os 500 anos da viagem de circum-navegação
para debater os efeitos históricos, políticos e sociais do feito de Fernão de Magalhães e Sebastián Elcano
Pensamento
Sérgio C. Andrade
A escritora nigeriana Chimamanda
Ngozi Adichie, que a revista Time
nomeou já como “uma das pessoas
mais inÇuentes do mundo”, o actor
norte-americano Danny Glover,
conhecido por Ælmes como Arma Mor-
tífera, A Cor Púrpura ou Silverado, mas
também pelo seu activismo pelos
direitos humanos, e o arquitecto inglês
de origem tanzaniana David Adjaye,
autor do Museu Nacional de História
e Cultura Afro-Americana em Washing-
ton, são três dos 52 convidados da
sexta edição do Fórum do Futuro, que
vai realizar-se no Porto entre 3 e 9 de
Novembro.
O tema deste ano é Travessias,
pegando no 500.º aniversário do iní-
cio da viagem de circum-navegação
de Fernão de Magalhães e Juan Sebas-
tián Elcano para debater os efeitos
históricos, políticos e sociais desta
aventura, que mudou a percepção do
mundo no início do século XVI. “Um
debate que nos coloca no centro de
uma das principais inquietações con-
temporâneas: como lidar com o lega-
do colonial e como entender a ocupa-
ção de territórios hoje, também no
contexto da natureza”, lançou Rui
Moreira, ontem, no Teatro Rivoli, na
apresentação do programa desta ini-
ciativa da Câmara Municipal do Porto,
que já conquistou um lugar seguro na
agenda cultural da cidade.
Coordenador do fórum desde o
início (com Paulo Cunha e Silva), Gui-
lherme Blanc, adjunto de Rui Moreira
no pelouro da Cultura, decidiu
rodear-se este ano de uma equipa de
curadores que inclui também Filipa
Ramos, editora chefe da agenda de
arte e-flux; Gareth Evans, galês, pro-
dutor cultural e curador de cinema
na Whitechapel Gallery, em Londres;
e o artista e escritor britânico de
ascendência ganesa John Akomfrah.
Esta é uma das novidades da edição
deste ano do fórum, que vai também
alinhar-se com a agenda das preocu-
pações ambientais erradicando o plás-
tico e usando papel produzido de
modo sustentável, e compensando a
emissão de CO2 das viagens dos con-
vidados de 15 países associando-se a
RUI GAUDÊNCIO
um projecto de defesa da Amazónia.
Mas sobre as mesas das conferências
— e também em performances, expo-
sições, Ælmes e concertos — vai princi-
palmente “reÇectir-se sobre os efeitos
da viagem de circum-navegação, e
sobre o sistema de domínio de pessoas
e povos, mas também da natureza”
que ela originou, lembrou Guilherme
Blanc na apresentação do programa.
Actualidade do racismo
A abertura do fórum vai ser feita, a 3
de Novembro, no Rivoli, por Chima-
manda Ngozi Adichie, que, apresen-
tada pela jornalista do PÚBLICO Joana
Gorjão Henriques, irá abordar o tema
genérico, Travessias, falando sobre “a
forma como o racismo ainda hoje
opera a partir de um discurso único,
latente e perigoso”. A intervenção
será seguida, no Palácio dos Correios,
da performance Rant, pelos norte-
americanos Ralph Lemon & Kevin
Beasley.
O artista plástico brasileiro Ernesto
Neto terá uma dupla participação no
segundo dia do programa, primeiro
em defesa da “indigenização da vida”,
mostrando como na espiritualidade,
na arte e na política “estamos todos
misturados”, depois fazendo par com
a activista indígena Sônia Guajajara
em defesa da Amazónia nestes dias
em que o “pulmão do mundo” se vê
ameaçado pelas políticas do presi-
dente Bolsonaro. Entre as duas ses-
sões, o também brasileiro Calixto
JEAN-PAUL PELISSIER /REUTERS
Neto apresenta, na Galeria Municipal,
a performance Oh!rage, dando o seu
corpo à raiva e à revolta perante a
invisibilidade das minorias.
No dia 5, antes de Danny Glover
recordar “o imperativo moral, demo-
crático e económico” de reparar as
injustiças perpetradas pelo racismo
e pelo colonialismo, o artista do Ban-
gladesh Naeem Mohaiemen, nomea-
do em 2018 para o Prémio Turner, e
Fiesta Warinwa, do Sudão do Sul,
directora para as Políticas de Envol-
vimento da African Wildlife Founda-
tion, chamam a atenção para a neces-
sidade, respectivamente, de respeitar
as narrativas asiáticas locais em con-
fronto com o olhar ocidental e de
salvaguardar a vida selvagem e os
recursos naturais em África.
Chimamanda Adichie e Danny Glover: duas presenças no Porto A historiadora britânica Christina
Sharpe, autora do livro In the Wake:
On Blackness and Being, pega neste
título, no dia 4, para falar da escrava-
tura e das representações artísticas
da vida negra. A intervenção será
antecedida por uma palestra-perfor-
mance da brasileira Vivian Caccuri, A
Mão da Febre, sobre a febre-amarela
levada pelos navios negreiros da Áfri-
ca para a América do Sul, e um con-
certo, na Casa da Música, da francesa
Lafawndah.
Duas realizadoras, Wu Tsang e Eli-
zabeth A. Povinelli, e a cientista india-
na Vandana Shiva preenchem a agen-
da do dia 7, com intervenções — entre
a performance, o Ælme e a palestra —
sobre questões de género, a vida indí-
gena na Austrália e as novas formas
de colonização.
O Museu de Serralves vai ser o palco
do fórum no dia 8, acolhendo uma
exposição-performance da húngara
Eszter Salamon sobre as relações da
coreograÆa com a História (a repetir
no sábado), a escritora cubana Coco
Fusco, a abordar as difíceis relações
dos artistas com a centralismo estatal
do seu país, e o cineasta Arthur Jafa,
Leão de Ouro de Melhor Artista na
Bienal de Veneza deste ano, a falar
sobre a produção cultural negra — e a
mostrar, no dia seguinte, no Cinema
Trindade, o seu Ælme Dreams Are Col-
der than Death (2013).
A fechar o Fórum do Futuro, o
regresso ao Porto, onde começou a
trabalhar no atelier de Eduardo Sou-
to de Moura, de David Adjaye, con-
siderado um dos arquitectos mais
inÇuentes do nosso tempo, para
falar, com a sua ex-colega de estágio
Graça Correia, sobre Identidades e
Formas, usando como exemplos o
pavilhão que desenhou para o Gana
na Bienal de Veneza 2019 e o projec-
to para um novo museu para reunir
em África tesouros pilhados do
Benim. Antes da intervenção de
Adjaye, o tema das colecções colo-
niais sequestradas pela Europa será
também tratado pela historiadora
Clémentine Deliss. E, para fechar em
festa, haverá música originária da
Costa do MarÆm com uma perfor-
mance e DJ set de Crystallmess, inti-
tulada In Memory of Logobi.
sandrade@publico.pt

Em Guimarães a palavra
de ordem é ilustrar
Ilustração
Tiago Mendes Dias
A Bienal de Ilustração de
Guimarães vai ter 120
ilustrações, 54 autores,
conferências e um
concurso para jovens
O Palácio Vila Flor, ali pegado ao cen-
tro cultural com o mesmo nome,
recebe, a partir de amanhã, uma
exposição com 120 ilustrações, cria-
das pelas mãos de 54 autores, alguns
deles regularmente presentes na
imprensa nacional e internacional,
como André Carrilho (Diário de Notí-
cias e a revista New Yorker, por exem-
plo), ou Cristina Sampaio (PÚBLICO
e The Wall Street Journal). Todos
esses trabalhos são candidatos a pré-
mios monetários, entregues nesse
mesmo dia, que marca o arranque
da segunda edição da Bienal de Ilus-
tração de Guimarães (BIG), à qual o
PÚBLICO se associa amanhã com
uma edição totalmente ilustrada.
“Os trabalhos dos artistas são
expostos com grande dignidade”,
aÆrma ao PÚBLICO o director artís-
tico, Tiago Manuel. “O país é muito
pequeno, mas a qualidade dos artis-
tas portugueses é excepcional num
terreno que é diÆcílimo e que
levanta questões conceptuais e
tecnológicas”, frisa ainda este
artista plástico com mais de 40
anos de carreira.
Proposta à Câmara Munici-
pal de Guimarães no Ænal de
2016, a bienal foi aprovada em
Janeiro de 2017 e ganhou
vida no último trimes-
tre desse ano. “Em
Guimarães, há a
preocupação de
trabalhar as artes e a
cultura, pelo que a pro-
posta nos pareceu fazer sen-
tido”, diz Rui Bandeira Ramos,
director técnico da bienal.
Com o intuito de “digniÆcar o
artista”, a BIG atribui um prémio
de 5000 euros ao trabalho vence-
dor (Grande Prémio) e um outro
de Revelação, no valor de mil
euros. Responsável por um
apoio de 40.000 euros ao
encontro, o município
adquire ainda cinco
obras por 500 euros
cada uma (prémios
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 39
CULTURA
Swans regressam
a Portugal em 2020
Aquisição). As escolhas são feitas por promotora AmpliÆcasom.
um júri, que inclui João Fazenda, Música Há cerca de um mês, Michael Gira,
vencedor do Grande Prémio em o líder da banda, seu guitarrista, voca-
2017. Impossibilitado de concorrer Como se suspeitava, o Æm não era o lista e compositor, anunciava Leaving
nesta edição, o ilustrador com obras Æm. Os Swans desapareceram em Meaning e divulgava o primeiro single,
O país é muito publicadas em órgãos como a revista 2017, ou seja, foi nesse ano encerra- It’s coming, it’s real. “Os Swans são
Visão ou o The New York Times vai ter do um dos mais profícuos capítulos agora formados por um conjunto
pequeno, uma exposição própria, também a da banda, período estendido por rotativo de músicos, seleccionados
mas a qualidade partir de amanhã — Dias Longos, no sete anos e no qual editaram clássi- tanto pelas suas personalidades musi-
Centro para os Assuntos de Arte e cos tardios da sua obra como My cais quanto pelas pessoais, escolhidos
dos artistas Arquitectura. Father Will Guide a Rope to the Sky e de acordo com o que intuo servir
portugueses Atenta aos nomes que fazem a To Be Kind. Com nova formação, melhor a atmosfera em que gostaria
ilustração portuguesa de hoje, esta sangue novo bombeado no corpo de ver apresentadas as canções que
é excepcional bienal olha também para quem já a antigo da banda fundada em Nova compus.” Entre os muitos colabora-
num terreno que é fez, através do Prémio Carreira. Atri- Iorque em 1982, os Swans estão de dores encontram-se Ben Frost, Kristof
buída a Luís Filipe de Abreu em volta. O novo álbum, Leaving Mea- Hahn, Dana Schechter, Christopher
diÄcílimo e que 2017, a distinção cabe, neste ano, a ning, chega dia 25 e seguir-se-á ao Pravdica, Phil Puelo, Baby Dee,
levanta questões Jorge Silva, artista que vai apresen- lançamento uma digressão que pas- Heather Trost, The Necks ou as sue-
tar a exposição As Sete Vidas do sará por Portugal em 2020, numa cas Anna e Maria von Hausswolè. Os
conceptuais e Senhor Silva — a de ilustrador, com data única a cumprir dia 10 de Maio bilhetes, de 25 euros, já se encontram
tecnológicas publicações em jornais como o no Hard Club, no Porto, anunciou a a venda nos locais habituais.
Expresso e O Independente, mas tam- PUBLICIDADE
Tiago Manuel bém as de designer, director de arte
Director artístico da BIG (no PÚBLICO, por exemplo), comis-
sário de exposições, professor,
investigador e coleccionador, tem
mais de 60.000 peças ligadas à ilus-
tração e design na biblioteca pes-
soal. Jorge Silva fez ainda a curadoria
na edição especial ilustrada do
PÚBLICO de amanhã.
“São sete fatias da minha vida
proÆssional. Não há um Æo cro-
nológico, mas um Æo orgânico
em função destas parcelas”,
diz ao PÚBLICO, sobre a mos-
tra a inaugurar amanhã, às
11h, no Centro Internacional
de Artes José de Guimarães.
No mesmo espaço, vai estar
patente a exposição Ilustra-
ção ou não, com curadoria
de António Gonçalves, que
procura reÇectir sobre
os limites da arte,
a partir da inter-
venção de artis-
tas surrealistas
como Mário Cesa-
riny e Cruzeiro Seixas.
O curador é, aliás, res-
ponsável pela conferência
“Ilustração ou não”, agendada
para 2 de Novembro. Esse ciclo
Æca completo com as interven-
ções de Pedro Moura, em 25 de
Outubro, e de Isabel Baraona, em
6 de Dezembro. O programa con-
templa ainda uma exposição, com
inauguração prevista para 2 de
Novembro, no âmbito do Prémio
Especial Ensino BIG, destinado a
alunos do ensino secundário e do
JORGE SILVA, JORNAL COMBATE (2000) ensino superior do concelho.
40 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019

CIÊNCIA
Poluição da água vai afectar 4500
milhões de pessoas em 2050?
Cientistas Äzeram projecções sobre os benefícios que as pessoas poderão tirar dos ecossistemas.
Milhares de milhões de pessoas Äcarão expostas à poluição da água ou à perda da produção agrícola
NUNO FERREIRA SANTOS

Ambiente
Teresa Sofia Serafim
AÆnal, qual é o peso da natureza nas
nossas vidas e como é que ela nos
protege? Para o saber, uma equipa
internacional de cientistas — incluin-
do o português Henrique Miguel
Pereira — mapeou, a nível global, os
locais onde a população humana está
mais dependente dos serviços dos
ecossistemas. Concluiu-se que esses
locais incluem áreas densamente
povoadas em países desenvolvidos e
em vias de desenvolvimento. Depois,
para se entender quais são os benefí-
cios que as pessoas poderão obter
dos ecossistemas no futuro, usaram-
se projecções com a inÇuência das
alterações climáticas e do uso dos
solos na natureza. Nos cenários mais
gravosos, estima-se que, em 2050,
cerca de 4500 milhões de pessoas
Æquem expostas à poluição da água.
“Provar como as acções humanas
causam mudanças ambientais, assim
como as mudanças ambientais afec-
tam o bem-estar humano, pode ser a
base para se fazerem investimentos
na natureza que beneÆciem as pes-
soas”, lê-se logo no início do artigo
cientíÆco publicado hoje na revista
Science.
Tendo em conta esta relação, uma Albufeira de Castrejon, uma das barragens mais poluídas de Espanha e onde se acumula toda a poluição da região de Madrid
equipa liderada por Rebecca Chaplin-
Kramer — da Universidade de Stan- dos autores do artigo. Depois, Æzeram-se ainda projecções entre 4000 e 5000 milhões de pes- trabalho. “Algumas medidas para
ford (nos Estados Unidos) — mapeou Sobre esses resultados, o cientista sobre os benefícios que as pessoas soas Æcarão mais vulneráveis à dimi- mitigar as alterações climáticas — por
então, pela primeira vez a nível glo- explica que a biodiversidade está a poderão tirar dos serviços dos ecos- nuição da produção agrícola. Em exemplo, a ‘plantação’ de biocom-
bal, os locais onde as populações prestar “um serviço importante” nes- sistemas. Para isso, combinaram-se todos os cenários, aproximadamente bustíveis — são positivas para o pri-
humanas estão mais dependentes sas regiões e que “quanto mais estiver riscos relativos aos serviços da natu- 550 milhões de pessoas enfrentarão meiro problema, mas negativas para
dos serviços dos ecossistemas, protegida em relação aos riscos reza e cenários sobre as alterações grandes riscos costeiros. As pessoas o segundo, e não devem ser prosse-
nomeadamente da regulação da qua- [como o costeiro] maior é o seu ser- climáticas usados pelo Painel Inter- que vivem no Sul da Ásia e em África guidas.”
lidade da água, da redução dos riscos viço”. “Isto signiÆca que a conserva- governamental para as Alterações estão em maior desvantagem para Sobre a importância deste traba-
costeiros e da polinização das cultu- ção da natureza é importante não só Climáticas (IPCC), assim como cená- lidar com a diminuição dos serviços lho, Henrique Miguel Pereira avisa
ras agrícolas. nas zonas mais intactas do planeta rios das alterações do uso do solo da natureza. que, no próximo ano, se realiza uma
“Estes locais onde as populações mas também nas zonas onde as pes- utilizados pela Plataforma Intergo- cimeira no âmbito da Convenção
humanas estão mais dependentes soas vivem.” vernamental de Biodiversidade e Restauração ecológica sobre a Diversidade Biológica para
dos serviços dos ecossistemas Através deste mapeamento, viu-se Serviços dos Ecossistemas (IPBES). Este estudo tem como objectivo for- definir os objectivos para a próxima
incluem muitas áreas densamente também que em certas partes do Les- Nestas projecções consideraram-se necer informações detalhadas que década, que as Nações Unidas dedi-
povoadas em países em vias de des- te da China, por exemplo, há uma diferentes cenários futuros: um com possam influenciar medidas sobre a cam à restauração ecológica. “Este
envolvimento, mas, curiosamente, grande dependência da natureza, menos alterações climáticas e usos do natureza. “É urgente mitigar as alte- trabalho sugere que a restauração
também nos países desenvolvidos”, mas que esta já não está a correspon- solo; outro intermédio; e ainda um rações climáticas, mas também a ecológica poderá melhorar a vida de
indica ao PÚBLICO Henrique Miguel der a essa necessidade e que até tem mais gravoso. perda de habitats naturais causados milhares de milhões de pessoas e que
Pereira, investigador da Universida- vindo a diminuir as suas capacidades Nos cenários com mais alterações pela agricultura ou a silvicultura”, é urgente desenvolver um equivalen-
de de Halle-Wittenberg (na Alema- de protecção nessa zona. Como este no uso dos solos, cerca de 4500 alerta Henrique Miguel Pereira, que te do Acordo de Paris para a biodiver-
nha) e do Centro de Investigação em trabalho tem um âmbito global, a milhões de pessoas ficarão expostas nos últimos três anos presidiu o Gru- sidade.”
Biodiversidade e Recursos Genéti- informação e resolução para Portugal à poluição da água em rios ou lagos. po de Peritos de Cenários e Modelos
cos da Universidade do Porto, e um tem um detalhe limitado. Ainda nos cenários mais gravosos, do IPBES, onde se desenvolveu este teresa.serafim@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 41

Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30
1350-352 Lisboa
pequenosa@publico.pt
De seg a sex das 09H às 19H
Sábado 11H às 17H
CLASSIFICADOS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
DIREÇÃO-GERAL DOS ESTABELECIMENTOS ESCOLARES
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE AZEITÃO, SETÚBAL
Procedimento concursal comum de recrutamento para ocupação de postos de
trabalho em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo a tempo
parcial para a carreira e categoria de assistente operacional
O Agrupamento de Escolas de Azeitão torna público que se encontra
aberto, por 10 dias úteis, o procedimento concursal comum para a ocupa-
ção de dois postos de trabalho em regime de contrato a termo resolutivo
certo a tempo parcial, para a carreira e categoria de assistente operacional
(exercício de funções de apoio geral, designadamente, serviços de limpe-
za, vigilância e acompanhamento dos alunos). É exigida a escolaridade
obrigatória ou experiência profissional comprovada.
Este concurso é válido para eventuais contratações que ocorram durante
o ano escolar 2019/2020.
A publicação integral pode ser consultada no aviso nº 15969/2019, publi-
cado em 9/10/2019, no Diário da República, 2ª série, nº 194, página 103.
A Diretora, Maria Clara dos Santos Marques Félix
AVISO
(Extrato)
Município de Alijó
Procedimento de recrutamento e seleção de estagiários no âmbito
da 6.ª edição - 2.ª fase, do Programa de Estágios Profissionais na
Administração Local (PEPAL)
José Rodrigues Paredes, Presidente da Câmara Municipal de Alijó, em
cumprimento do n.º 1 do art.º 6 do Decreto-Lei n.º 166/2014, de 6 de
novembro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2019, de 10 de
abril, no âmbito da 6 edição - 2 fase do Programa de Estágios Profissionais
na Administração Local (PEPAL), faz público que se encontram abertas as
candidaturas ao procedimento de recrutamento e seleção de estagiários,
pelo prazo de 10 dias úteis a contar da data da publicação do aviso no sítio
desta Autarquia, em www.cm-alijo.pt.
Alijó, 10 de outubro de 2019
O Presidente da Câmara Municipal
José Rodrigues Paredes
Dá-se conhecimento público de que se encontra aber-
to processo de recrutamento de pessoal em regime de
contrato de trabalho por tempo indeterminado para a
NOVA FCSH para:
• 1 vaga de Assistente Operacional (m/f), referência CT-
AO-026/2019/NOME, ao qual podem candidatar-se
indivíduos que reúnam as condições fixadas no aviso
disponível no endereço http://fcsh.unl.pt/faculdade/
recursos-humanos/concursos/nao-docentes.
O prazo-limite para a submissão das candidaturas é 6
dias úteis a contar da data da publicação do presente
anúncio.

LEILÃO
✝ IMOBILIÁRIO
Oportunidades únicas em exclusividade

AMI: 1827
LEILOEIRA
ZAD015A
ORII 155/2
AUTTO-LE
MARIA IDALINA DAS NEVES DECRE
DE 10 AGOSTO

DE SOUSA SALGUEIRO
FALECEU
Sua Marido e restante Família participam o seu fa- Inclui 7 imóveis no Algarve
lecimento e que o funeral se realiza amanha, dia 12
pelas 14:45 horas, das Capelas Exequiais da Basíli- PORTO Hotel Novotel LISBOA Hotel Novotel
26 OUT Porto
27
Gaia OUT Lisboa
ca da Estrela para o Cemitério dos Olivais. Às 14:15 15 H
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Vila Nova de Gaia 15 H
Av. José Malhoa, 1 - 1A,
Lisboa

horas será celebrada Missa de Corpo Presente.

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Este valor refere-se ao leilão de Lisboa
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Lotes
79
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Funerária Serra das Minas - Telf. 216006994/969442880
Serviço Funerário Permanente 24 Horas LISBOA 213 828 460 PORTO 226 081 824 ALGARVE 282 247 395
www.euroestates.pt • geral@euroestates.pt • www.facebook.com/EuroEstates

Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer
Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional, especificamente constituída
para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas
Médicas da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências, procurando
reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos,
profilaxia e tratamentos.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL - Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org
42 • Público ClassiÄcados • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019

TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL

CONSELHO DIRETIVO REPÚBLICA
AVISO FEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
Encerramento administrativo imediato e urgente de um estabelecimento de apoio EDITAL DE CASAMENTO
social sem denominação Doralice Lincoln, Vice-Cônsul do Brasil
em Lisboa, usando das atribuições que
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, ordenou o encerramento administrativo imediato lhe confere o art.º 18 da Lei de Introdução
e urgente de um estabelecimento de apoio social sem denominação, com as seguintes características: ao Código Civil, faz saber que pretendem
yexercia a atividade de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas; casar Daniel Pereira da Silva, natural de
ycom fins lucrativos; Contagem, Minas Gerais, Brasil, nascido
a 24/09/1985, residente e domiciliado
ynão estando licenciado;
na Rua Porto Alegre, n.º 14 - 6.º Esq.º
yfuncionava sob a propriedade de Clarinda Cardoso de Oliveira, Unipessoal, Lda.;
yestava instalado em Rua das Alagoas, s/n - 4540-292 Alagoas - Escariz - Arouca Oeiras, Portugal, Código Postal: 2780-
030, nesta jurisdição consular, filho de
Defesa dos direitos e da qualidade de vida dos utentes David Simão da Silva e de Miriam Maciel
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP confirmou o encerramento através da Deliberação Silva e Sara Rodrigues Pereira, natural de
n.º 197/2019, de 26 de setembro de 2019, que ratificou o despacho de 05/09/2019, do Diretor da Unidade Itambacuri, Minas Gerais, Brasil, nascida
de Fiscalização do Centro. Esta deliberação foi tomada porque o estabelecimento estava em atividade a 12/03/1982, residente e domiciliado na
Rua Porto Alegre, n.º 14 - 6.º Esq.º Oei-
com deficiências graves nas condições de instalação, segurança, funcionamento, salubridade, higiene e
DA COMARCA
DE LISBOA OESTE
Juízo Local Cível de Cascais
- Juiz 3
Processo: 2908/19.0T8CSC
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público
AcompanhadA: Filipa Alexandra
Garcia Sérgio
Faz-se saber que foi distribuído
neste tribunal o processo de
Acompanhamento de Maior em
que é requerida Filipa Alexan-
dra Garcia Sérgio, portadora
do CC n.º 14321522, e com o
NIF 243383568 e com domicílio
na Rua dos Bons Ares, n.º 108,
2645-031 Alcabideche, com vis-
DA COMARCA
DE LISBOA OESTE
Juízo Local Cível de Cascais
- Juiz 4
Processo: 2931/19.5T8CSC
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público
Acompanhada: Maria Palmira Velez
Marques da Silva
Faz-se saber que foi distribuído nes-
te tribunal o processo de Acompa-
nhamento de Maior em que é reque-
rida Maria Palmira Velez Marques da
Silva, nascida em 05-08-1951, natu-
ral de Lourenço Marques - Moçam-
bique, filha de António Marques da
Silva e de Maria da Conceição Águe-
da Carrajola Velez Marques da Silva
e com domicílio: Rua de Malange,

O ETERNO PRODIGIO
conforto, representando um perigo atual e iminente para os direitos dos utentes e a sua qualidade de vida. ras, Portugal, Código Postal: 2780-030,
nesta jurisdição consular, filha de Antoio ta à determinação de medidas 225-Cv C, Junqueiro, 2775-000 Pa-
Consequências do incumprimento da deliberação César Pereira e de Maria Emilia Rodri- adequadas. rede, com vista à determinação de
Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apoio social continue de forma ilegal, o/a respon- gues Pereira. medidas adequadas.
N/ Referência: 121521846

DO RENASCIMENTO
sável será sujeito/a a procedimento criminal pelo crime de desobediência. Apresentaram os documentos exigidos N/ Referência: 121508750
pelo Art.º 1.525 do Código Civil. Cascais, 07-10-2019.
Este aviso deve estar afixado durante 30 dias Cascais, 07-10-2019.
Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou coação Se alguém souber de algum impedimen- O Juiz de Direito
to, oponha-o na forma da Lei. Lavrado o A Juíza de Direito
sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será sujeito a proce- Dr. Nuno Tomás Cardoso Dr.ª Cátia Costa Santos
presente para ser afixado em lugar visível A Oficial de Justiça
dimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais. da Chancelaria deste Consulado-Geral. A Oficial de Justiça
Lisboa, 26 de setembro de 2019 Vera Lúcia Espírito Santo Cardoso Maria José Ventura Maria José Ventura
Rui Fiolhais - Presidente do Conselho Diretivo Oficial de Registro Civil “ad-hoc” Público, 11/10/2019 Público, 11/10/2019

AVISO
Freguesia de Galveias FREGUESIA DE RAMALDE
ESTÁGIOS PEPAL – 6.ª EDIÇÃO 2.ª FASE
ANÚNCIO
Nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 166/2014, de 6 de
PROCEDIMENTO PARA ARRENDAMENTO DO PRÉDIO URBANO novembro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2019 de 10 de
SITO NA AV. LIBERDADE NºS 15-27, EM LISBOA abril, conjugado com o estabelecido no artigo 3.º da Portaria n.º 114/2019,
Maria Fernanda Serineu Bacalhau, Presidente da Junta de Freguesia de Galveias, concelho de de 15 de abril, torna-se público que por deliberação da Junta da Freguesia
Ponte de Sor, distrito de Portalegre: de Ramalde, de 16/09/2019, se encontra aberto, pelo prazo de 10 (dez)
TORNA PÚBLICO, que esta Junta de Freguesia, em sua reunião 29/08/2019, decidiu proceder dias úteis a contar da data de publicitação do presente aviso na página
ao arrendamento urbano para fins habitacionais e não habitacionais (comércio e serviços) do eletrónica da Junta da Freguesia de Ramalde (www.jf-ramalde.pt) e no
prédio urbano, propriedade da Freguesia de Galveias, sito na Av. da Liberdade, com os núme- Portal Autárquico (www.portalautarquico.dgal.gov.pt) o procedimento de
ros de polícia 15 a 27, em Lisboa, nos termos constantes do procedimento para arrendamento, recrutamento e seleção de estagiário(s), no âmbito da 6.ª edição – 2.ª fase
constituído pelo presente anúncio, programa e caderno de encargos.
do Programa de Estágios Profissionais na Administração Local (PEPAL).
1. O arrendamento será celebrado com o prazo certo, pelo prazo de 30 (trinta) anos, tendo Para obter mais informações sobre o procedimento deverão ser consulta-
o arrendatário preferência na negociação e adjudicação de novo contrato de arrendamento
relativo ao mesmo prédio, findo o prazo do mesmo;
dos o site da Autarquia em www.jf-ramalde.pt onde consta o aviso integral
2. O referido arrendamento tem como finalidade a reabilitação do edifício para alojamento, e a página do Portal Autárquico www.portalautarquico.dgal.gov.pt onde
exploração turística, lojas para comercio, ou outra finalidade, desde que seja respeitada a consta a publicitação do aviso.
traça original do edifício;
Porto, 10 de outubro de 2019
3. O valor-base da renda será de €300.000,00 (trezentos mil euros)/ano, abaixo deste valor
não se aceitam propostas; O Presidente da Junta, António Gouveia
4. As propostas devem ser apresentadas em carta fechada, na Sede da Junta de Freguesia de
Galveias, até às 17H00 do dia 4 de novembro de 2019;
5. A abertura das propostas realizar-se-á no dia 5 de novembro de 2019, no Salão Nobre da
sede da Junta de Freguesia de Galveias, Largo de São Pedro em Galveias, tendo inicio às 10h;
6. O arrendamento será adjudicado pela maior oferta;
7. Os candidatos deverão apresentar, como condição para se propor a concurso, cheque ban-
+9,50€ cário visado no montante de €500.000,00 (quinhentos mil euros) a titulo de pagamento inicial,
à ordem da Junta de Freguesia de Galveias, sendo que aos concorrentes não vencedores o
QUARTA, 16 OU
OUT mesmo será devolvido, no prazo de 10 (dias) após adjudicação definitiva; Ana Filipa de Losada Marcelino Tomás
COM O PÚBLICO
8. Como compensação o candidato vencedor, terá um período de carência no montante da Certifico para efeitos de publicação que, por escritura de Justificação Notarial, outor-
renda a pagar, até ao final da reabilitação do edifício, num prazo de 24 (vinte e quatro) messes
gada neste Cartório, em dois de Outubro de dois mil e dezanove, lavrada de folhas
nessa carência, prorrogáveis anualmente até ao limite de 60 (sessenta) meses, com autori-
58 a 60 do Livro de notas para escrituras diversas número 222, Vanessa de Pacheco
zação do senhorio, sendo a renda fixada neste período em €60.000 (sessenta mil euros)/ano
DAS ARTES

atualizável nos termos previstos na Lei;

9. O candidato vencedor deverá prestar, no prazo de 15 dias úteis a contar da data da adjudi-
cação, garantia bancária no valor de €2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil euros) para
CIPE
Melo, NIF 208.721.851, solteira maior, natural de Angola, residente na Rua Padre
Jorge Fernandes, número 4, Fajã de Baixo, concelho de Ponta Delgada; justificou
que, com exclusão de outrem, é dona e legítima possuidora da fracção autónoma,
destinada a estacionamento coberto e fechado, individualizada pelas letras “EN”, que

garantia da obra de construção, mantendo-se até conclusão da obra;

10. É proibido o subarrendamento ou cedência por comodato ou qualquer outra forma, total constitui a GARAGEM N.º 134 - PISO 02 - ZONA DE PARQUEAMENTOS, do prédio
RÍN

ou parcial, do prédio arrendado, ou ainda a cedência ou cessão da posição contratual do urbano em regime de propriedade horizontal, denominado Lote 69, situado na Quinta
OP

- das Palmeiras Oeiras, Rua Quinta das Palmeiras, números 91, 91-A, 91-B e 91-C,
LLO arrendatário, sob qualquer forma, a qualquer entidade, ainda que exista relação de grupo ou
D V D 3 - R A F FA E que os beneficiários efectivos sejam os mesmos, salvo consentimento expresso do senhorio
para o efeito;
11. Os concorrentes devem comprovar a existência de experiencia em reabilitação urbana;
12. Deverá ser criado um protocolo com condições preferenciais e descontos com a Junta
de Freguesia, para residentes na Freguesia de Galveias em caso do destino do edifício ser
o alojamento urbano;
13. Por determinação de cláusula testamentária, fica o arrendatário vinculado a instalar “A
Casa de Galveias” em metade da área do primeiro andar do prédio;
14. Para o efeito deverá ser destacado o referido na cláusula anterior;
15. As obras de reabilitação do edifício serão acompanhadas pela Junta de Freguesia e por
freguesia de Oeiras e São Julião da Barra, concelho de Oeiras, descrito sob o número
cento e cinquenta e sete, da 1.ª Conservatória do Registo Predial de Oeiras, onde
se mostra registado o regime da propriedade horizontal pela inscrição com a AP.13
de 1984/02/16, achando-se o prédio inscrito na matriz predial da união de freguesias
de Oeiras e S. Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias sob o artigo 4727, com o valor
patrimonial tributário correspondente à fracção de €5.623,10, à que atribui igual valor;
Que a propriedade da indicada fracção autónoma se encontra definitivamente regista-
da pela inscrição com a AP. 36 de 1980/03/07 a favor de Francisco da Silva Santos
e mulher Madalena Miranda Coitinho Santos, casados sob o regime da comunhão

COLECÇÃO A GRANDE ARTE NO CINEMA um técnico por si a designar para o efeito;

16. O locatário não fica obrigado ao previsto no artigo 1062 do Código Civil, nomeadamente,
pode cobrar do sublocatário renda ou aluguer superior ou proporcionalmente superior ao que
geral e com última residência conhecida na Alameda Conde de Oeiras, número 48,
em Nova Oeiras, concelho de Oeiras; Que adquiriu a referida fracção autónoma em
dez de Maio de dois mil e um, por compra verbal a António José Baeta Tomás, em

OS GRANDES MESTRES DA ARTE, TODOS NA MESMA TELA.
Considerado um mestre com apenas 17 anos, Raffaello Sanzio cedo ficou conhecido
pela perfeição da sua arte figurativa, e integra, em conjunto com Michelangelo e Da Vinci,
a tradicional tríade dos mestres do Renascimento. Através de reconstruções históricas
(incluindo a reconstrução da Capela Sistina em 1519), este documentário convida-o
a embarcar numa viagem envolvente pela Itália de Raffaello, percorrendo 40 das suas
obras mais famosas e representativas. Em cartaz, todas as quartas, mais um filme
que revela os segredos por trás da vida e da obra dos maiores artistas
plásticos de todos os tempos.
é devido pelo contrato de locação, aumentado de vinte por cento;
17. O locatário não fica obrigado ao cumprimento do previsto no nº 2 do artigo 126 do RE-
GIME JURÍDICO DO PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO PÚBLICO, nomeadamente, a denúncia do
contrato de arrendamento antes do termo do prazo ou da sua renovação, sem dependência
conjunto com a fracção autónoma designada pela letra “I”, destinada a habitação e
correspondente ao 4.º D do mesmo conjunto habitacional, que por sua vez as tinha
adquirido por compra, aos referidos titulares inscritos Francisco da Silva Santos e
mulher Madalena Miranda Coitinho Santos; Que nessa data pagou a totalidade do
de acção judicial, quando o prédio se destine à instalação e ao funcionamento dos serviços
da autarquia;
preço, tendo o vendedor dado a respectiva e integral quitação, tendo-lhe entregue
as duas fracções autónomas à justificante, que entrou na posse das mesmas; Que,
18. Ao contrato de arrendamento é aplicável a lei civil, nomeadamente a Lei do Arrendamento
Urbano, em conformidade com o disposto no artigo 126º do Decreto-Lei nº 280/2007, de
em consequência da referida compra, a ora justificante, Vanessa de Pacheco Melo,
esteve na posse e fruição da supra-identificada fracção autónoma, em nome próprio,
07/08, com as alterações introduzidas pela Lei nº 55-A/2010, de 31/12, Lei nº 64-B, de 30/12, desde dez de Maio de dois mil e um até à presente data, pagando as respectivas
Lei nº 66-B/2012, de 31/12, Decreto-Lei nº 36/2013, de 11/03, Lei nº 83-C/2013, de 31/12 e Lei
nº 82-B/2014, de 31/12;
quotas de condomínio ao longo dos referidos anos, mantendo-a em bom estado de
conservação, tudo isto ininterruptamente, sem violência ou oposição de quem quer
19. A Junta de Freguesia, reserva o direito de entrega para arrendamento.
20. Se, não houver lugar a adjudicação por nenhuma das propostas concorrentes apresentar
que seja e à vista de toda a gente; Detenção e fruição estas adquiridas e mantidas
sem qualquer oposição e ocultação, ou seja, de modo a poderem ser conhecidas por
os requisitos exigidos, a Junta utilizará os elementos legais à sua disposição, com vista à
concretização do respetivo arrendamento. quem pudesse ter interesse em contrariá-las; No entanto, nunca se chegou a formali-
zar a competente escritura pública de compra e venda, uma vez que o vendedor An-
Galveias, 10 de outubro de 2019
A Presidente da Junta
tónio José Baeta Tomás, também nunca chegou a formalizar a escritura de compra e
venda aos titulares inscritos, não conseguindo agora vir fazê-la a justificante; Que esta
Maria Fernanda Serineu Bacalhau posse por ter sido sempre pacífica, pública, contínua e durante mais de vinte anos, fa-
cultou-lhe a aquisição por USUCAPIÃO do direito de propriedade da referida fracção
autónoma, direito esse que pela sua própria natureza não pode ser comprovado por
qualquer título formal extrajudicial; Nestes termos, e não tendo qualquer outra possi-
bilidade de levar o direito a registo, vem a justificante, justificá-lo nos termos legais.

Colecção de 10 DVD. Periodicidade semanal às quartas-feiras, entre 2 de Outubro e 4 de Dezembro de 2019.

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 Público ClassiÄcados • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 43

24 DE OUTUBRO DE 2019
ÀS


LEILÃO PRESENCIAL 15 HORAS AVISO N.º 1/2019
ESTÁGIOS PEPAL - 6.ª EDIÇÃO 2.ª FASE
PONTE SOR – INDÚSTRIA DE URNAS FUNERÁRIAS Torna-se público, nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 166/2014, de 6 de novembro, alterado e
CONSIGO RUA A, ZONA INDUSTRIAL LT 73, SALGUEIRINHA, 7400-401 PONTE SÔR republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2019 de 10 de abril, conjugado com o estabelecido no artigo 3.º da Portaria n.º

114/2019, de 15 de abril, que se encontra aberto, até ao dia 23 de outubro de 2019, o procedimento de recrutamento
DESDE OS MELHORES NEGÓCIOS ESTÃO AQUI! e seleção de estagiários, do Municipio de Santa Maria da Feira, no âmbito da 6.ª edição – 2.ª fase do Programa de
1996 Estágios Profissionais na Administração Local (PEPAL), nos seguintes termos:
- Ofertas de estágios
Tendo em conta os estágios atribuídos no mapa anexo ao Despacho nº 8035/2019, de 11 de setembro:
Regulamento
Ref.ª N.º
, Designação da habilitação: Local do estágio:
estágio: estágios:
Condições de A. 2 Licenciatura em Direito Departamento Jurídico
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B. 1 Divisão Desporto e Juventude
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Divisão de Mobilidade, Rede Viária e Trân-
 I. 1 ramo geográfica; Engenharia Civil – ramo
  sito
transportes ou equivalente

NEGOCIAÇÃO PARTICULAR J. 2
Licenciatura em Geografia e/ou Planea-
mento e/ou Gestão do Território, Engenha-
ria Geográfica ou Topográfica, Tecnologias
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Gabinete de Informação Geográfica

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(Cinco milhões, seiscentos e quarenta e cinco mil e cento e vinte e cinco euros e catorze N. 1 Licenciatura em Psicologia Divisão de Ação Social e Qualidade de Vida
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”±•Ǧ†‘Ǧ…Š ‘‡ʹƒ””‡…ƒ†ƒ­Ù‡•Ȃ•‹–‘ƒ—ƒ†ƒ•”‡‘Žƒ•ǡ Curso tecnológico de nível secundário na
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ͻͺǡ͸ͷʹž”‡ƒ†‡•…‘„‡”–ƒͳͳʹǡ͵ͷʹǤ Curso tecnológico de nível secundário na
S. 1 Divisão de Administração-Geral
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Curso tecnológico de nível secundário na Serviço Municipal de Proteção Civil e Médico
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U. 1 área de direito, secretariado ou adminis- Julgado de Paz
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- Destinatários
Tenham até 30 anos de idade, inclusive, ou até 35 anos se forem portadores de deficiência com grau de incapaci-
dade igual ou superior a 60%, ambas aferidas à data de início do estágio;
Estejam inscritos nos serviços de emprego do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP, I.P.), na
qualidade de desempregados.
AdRA - Águas da Região de Aveiro, S.A. - Candidatos portadores de deficiência com um grau de incapacidade superior a 60%
CONHEÇA No cumprimento do disposto no mapa anexo ao Despacho n.º 8035/2019, de 11 de setembro, e nos termos do
previsto no n.º 2 do artigo 9.º da Portaria n.º 114/2019, de 15 de abril, nas referências A e H, são reservados, em
A NOSSA AVISO cada uma, 1 lugar para candidatos/as com deficiência com um grau de incapacidade superior a 60%; sendo que nas
restantes referências, os/as candidatos/as referidos têm preferência em igualdade de classificação, a qual prevalece
SELECÇÃO DE PERTURBAÇÕES NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA sobre qualquer outra preferência legal, conforme n.º 5 do mesmo artigo.
- Prazo de formalização da candidatura
VINHOS

As candidaturas deverão ser apresentadas nos 10 (dez) dias úteis seguintes à publicitação do presente aviso na
página eletrónica da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, isto é até 23/10/2019, inclusive.
Das 23:00H do dia 13/10/2019 às 03:00H do dia 14/10/2019 - Formalização de candidatura
As candidaturas são formalizadas através do preenchimento do formulário do nível de qualificação de que o candi-
dato é detentor, disponível no Portal Autárquico (www.portalautarquico.dgal.gov.pt) (e também no sítio da Internet
Glória e Vera Cruz desta entidade (www.cm-feira.pt)) acompanhado obrigatoriamente de cópia dos documentos a seguir indicados:
² 8QLmRGDV)UHJXHVLDVGH*OyULDH9HUD&UX]² Município de Aveiro A apresentação da candidatura deverá ser acompanhada de Curriculum Vitae detalhado e, sob pena de exclusão,
dos seguintes elementos, dentro do prazo estipulado para o efeito:
a) Declaração da Segurança Social da qual conste o registo de remunerações do candidato, ou da sua não existên-
cia;
b) Cópia do certificado de habilitações (licenciatura ou Curso tecnológico de nível secundário, consoante a referên-
cia a que se candidata) onde conste a respetiva classificação final;
c) Cópia dos certificados de formação profissional onde conste o respetivo número de horas ou, no caso de ações
Investimento ao serviço das populações: de muito curta duração como seminários e afins e a data de realização;
d) Cópia dos comprovativos da experiência profissional;
e) Cópia de comprovativo da incapacidade igual ou superior a 60%, quando aplicável;
- As candidaturas deverão referir expressamente a referência de estágio a que se candidata, não sendo conside-
radas as candidaturas que não a identifiquem corretamente. No caso de se candidatar a mais de que um estágio,
deverá proceder à formalização de uma candidatura para cada um dos estágios.
A não apresentação ou a não comprovação dos requisitos constitui motivo de exclusão da edição do PEPAL.
- As candidaturas deverão ser dirigidas ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, podendo
loja.publico.pt O Presidente do Conselho de Administração ser entregues pessoalmente até às 17 horas no serviço de atendimento da Divisão de Administração-Geral, sita na
Fernando Vasconcelos, Eng. Praça da República, 4520-174 Santa Maria da Feira, ou remetidas por correio, sob registo e com aviso de receção,
INFO: 210 111 010 para o endereço referido, até ao dia 23/10/2019.
Só é admissível a apresentação de candidaturas em suporte de papel, não sendo aceites candidaturas enviadas
por correio eletrónico.
EMPREGO O aviso integral deste procedimento encontra-se publicitado em www.cm-feira.pt
Paços do Município de Santa Maria da Feira, 10 de outubro de 2019

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44 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
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Lisboa
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Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Dor e Glória M16. 21h40; A Herdade M12.
18h30; Downton Abbey M12. 15h20, 17h40;
Joker M14. 13h20, 15h50, 18h50, 21h30;
Playmobil: O Filme M6. 13h10 (V.P./2D);
Parasitas M14. 21h25; Judy M12. 13h30, 16h,
17h10, 21h45; Viriato M12. 15h10; Avenida
Almirante Reis em 3 Andamentos M12.
20h; Vadio - I Am Not A Poet M12. 13h10,
19h30
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
Varda Por Agnès M12. 16h10,
19h40; Joker M14. 14h, 21h45; Santiago,
Itália M12. 18h15
CinemaCity Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
Ad Astra M12. 00h25; Era Uma Vez em...
Hollywood M16. 17h50; Angry Birds 2 - O
Filme M6. 15h40 (V.Port./2D); Variações
M12. 17h35; A Herdade M12. 21h; Downton
Abbey M12. 13h40, 16h10, 19h35, 21h55;
Rambo - A Última Batalha M16. 19h45,
00h15; Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 15h25 (V.Port./2D); Joker M14.
13h30, 16h, 17h30, 18h30, 19h, 21h10, 21h50,
23h50, 00h10; Playmobil: O Filme M6.
13h15, 15h25 (V.Port./2D); Vita e Virginia
M12. 17h25; A Guerra das Correntes M12.
13h10, 15h20, 20h, 22h10, 00h30; Judy M12.
13h20, 15h50, 18h40, 21h45, 00h15;
Projecto Gemini M12. 13h25, 15h55, 18h50,
21h40, 00h20; Uma Aventura nos Mares
M6. 13h15 (V.P./2D); Ousadas e Golpistas
M14. 13h15, 00h30;
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade. T. 16996
Ad Astra M12. 13h15, 15h55, 20h55, 00h15;
Era Uma Vez em... Hollywood M16. 18h40;
Variações M12. 13h10, 15h40, 18h20, 20h55,
00h30; It: Capítulo 2 M16. 13h45, 17h20,
20h50, 23h30; A Herdade M12. 18h30;
Rambo - A Última Batalha M16. 13h30,
15h55, 18h20, 21h15, 23h55; Joker M14.
13h10, 16h, 18h50, 21h35, 00h20;
Playmobil: O Filme M6. 13h40, 16h10, 18h35
(V.Port./2D); Yao M12. 19h20; A Guerra das
Correntes M12. 13h20, 15h50, 21h55,
00h25; O Caso DeLorean M14. 13h30,
16h20, 21h50, 00h25; Projecto Gemini M12.
13h20, 16h05, 18h45, 21h25, 00h10 (2D),
21h, 23h50 (3D); Le Dindon - Amantes
Acidentais M12. 14h05, 16h30, 22h05,
00h35; Ousadas e Golpistas M14. 13h50,
16h25, 19h, 21h40, 00h30; Viriato M12. 14h,
16h20, 18h40, 22h, 23h50; Skin - História
Proibida M16. 18h55
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
Ad Astra M12. 12h30, 15h10, 20h50, 23h35;
Variações M12. 15h30, 18h20, 21h10, 23h45;
Dor e Glória M16. 18h; A Herdade M12.
13h20, 17h10, 20h40, 00h05; Joker M14.
12h40, 15h20, 18h10, 21h, 23h50; Vita e
Virginia M12. 13h; A Guerra das Correntes
M12. 13h30, 16h10, 19h; Judy M12. 13h,
15h40, 18h30, 21h20, 24h; Projecto Gemini
M12. 13h10, 15h50, 18h40, 21h30, 00h10; Le
Dindon - Amantes Acidentais M12. 21h50,
23h55;
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Variações M12. 17h50; A Herdade M12.
18h25; Rambo - A Última Batalha M16.
13h20, 16h, 18h30, 21h20, 24h; Joker M14.
13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Judy M12.
12h40, 15h20, 18h, 20h40; Projecto
Gemini M12. 12h50, 15h30, 21h10, 23h50
(2D), 18h20 (3D); Le Dindon - Amantes
Acidentais M12. 13h40, 16h10, 22h, 00h10;
Ousadas e Golpistas M14. 13h10, 15h55,
18h50, 21h40, 00h15; Viriato M12. 13h15,
15h35, 20h50, 23h20; Skin - História
Proibida M16. 23h30; Projecto Gemini M12.
Sala IMAX 13h30, 16h20, 19h, 21h50, 00h30
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Ad Astra M12. 18h20, 21h, 23h50; Rambo - A
Última Batalha M16. 13h10, 15h40, 18h10,
21h10, 23h40; Joker M14. 13h, 16h, 18h45,
21h30, 00h15; Playmobil: O Filme M6.
13h20, 15h50 (V.Port./2D); Judy M12. 12h50,
15h30, 18h30, 21h20, 24h; Projecto Gemini
M12. 13h30, 16h20, 21h50, 00h30 (2D), 19h
(3D); Ousadas e Golpistas M14. 13h40,
16h30, 19h10, 21h40, 00h20
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
A Herdade M12. 15h30; Joker M14. 18h30,
21h15; Parasitas M14. 13h
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31.
Caminhos Magnétykos M16. 19h25; Ad
Astra M12. 16h10, 18h45; Era Uma Vez em...
Hollywood M16. 13h30, 24h; Variações M12.
21h15, 24h; Midsommar: O Ritual M18. 24h;
Dor e Glória M16. 13h45, 23h55; A Herdade
M12. 14h, 17h30, 21h05; Downton Abbey
M12. 14h05, 16h40, 19h15, 21h50, 00h25;
Rambo - A Última Batalha M16. 16h55,
21h45; Joker M14. 13h30, 16h10, 19h, 21h40,
00h20; Playmobil: O Filme M6. 13h55,
16h25, 18h45 (V.Port./2D); Vita e Virginia
M12. 14h10, 00h10; Yao M12. 16h20, 23h50;
Parasitas M14. 13h25, 16h10, 18h55, 21h45;
A Guerra das Correntes M12. 14h, 16h35,
19h10, 21h40, 00h10; Judy M12. 13h45,
16h20, 18h50, 21h30, 00h15; Projecto
Gemini M12. 13h55, 16h40, 19h20, 21h30,
00h25 (2D), 21h55, 00h25 (3D); Le Dindon -
Amantes Acidentais M12. 14h20, 16h45,
19h15, 21h30, 00h25; Ousadas e Golpistas
M14. 14h10, 16h45, 19h25, 21h55, 00h20;
Viriato M12. 17h, 19h20; Maya M12. 13h45,
18h50, 21h20
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996
Variações M12. 18h15; Assalto ao Poder
M14. 12h35, 15h25, 18h05, 20h55, 00h05; It:
Capítulo 2 M16. 20h30, 23h40; A Herdade
M12. 13h15, 17h; Rambo - A Última Batalha
M16. 12h40, 15h30, 18h, 20h50, 23h30;
Joker M14. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20,
00h10; Playmobil: O Filme M6. 13h30, 16h,
18h20 (V.Port./2D); Vita e Virginia M12.
18h55; Yao M12. 19h10; A Guerra das
Correntes M12. 13h50, 16h20, 22h, 00h30;
Judy M12. 13h20, 16h05, 18h50, 21h35,
00h20; O Caso DeLorean M14. 13h40,
16h15, 21h45; Projecto Gemini M12. Sala
4DX - 14h, 16h30, 19h, 21h50, 00h30; Le
Dindon - Amantes Acidentais M12. 12h45,
15h15, 17h25, 21h55, 00h05; Ousadas e
Golpistas M14. 13h25, 16h10, 19h, 21h40,
00h20; Viriato M12. 13h10, 15h45, 21h,
23h20; Skin - História Proibida M16. 00h25
Amadora
CinemaCity Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h10,
15h10, 17h10 (V.Port./2D); Ad Astra M12.
13h10, 22h10, 24h; O Rei Leão M6. 13h50,
16h20 (V.Port./2D); Velocidade Furiosa:
Hobbs e Shaw M12. 00h10; Era Uma Vez
em... Hollywood M16. 21h; Variações M12.
15h30, 19h50; Dor e Glória M16. 19h15; A
Herdade M12. 17h45; Downton Abbey M12.
13h25, 15h55, 18h30, 21h40; Rambo - A
Última Batalha M16. 22h, 00h25 ; Os Sete
Anões e os Sapatos Mágicos M6. 13h40,
15h40 (V.Port./2D); Joker M14. 13h25, 16h,
17h40, 18h40, 19h10, 21h10, 21h50, 23h50,
00h10; Playmobil: O Filme M6. 13h20,
15h30, 17h40 (V.Port./2D); Judy M12. 13h20,
15h50, 19h10, 21h45, 00h15; Projecto
Gemini M12. 13h15, 15h45, 21h35, 00h20;
Ousadas e Golpistas M14. 13h15, 15h25,
17h35, 19h45, 21h55, 00h15; Viriato M12.
20h10, 00h30; Skin - História Proibida M16.
00h05
UCI Ubbo
Estrada Nacional 249/1, Venteira.
Em estreia
lazer@publico.pt
A Guerra das Correntes
De Alfonso Gomez-Rejon. Com
Tom Holland, Benedict
Cumberbatch, Matthew
Macfadyen, Nicholas Hoult,
Tuppence Middleton. EUA. 2017.
107m. Drama, Histórico,
Biografia. M12.
Baseado em eventos verídicos, um
drama histórico inspirado na
verdadeira competição no
mercado da electricidade entre
George Westinghouse, Nikola
Tesla e Thomas Edison, que viria a
transformar todo o mundo
moderno.
Judy
De Rupert Goold. Com Renée
Zellweger, Jessie Buckley, Rufus
Sewell, Bella Ramsey. GB. 2019.
118m. Drama, Biografia. M12.
Inverno de 1968. Quase três
décadas depois do sucesso de “O
Feiticeiro de Oz“, que a catapultou
para a fama, Judy Garland vê-se
sem trabalho nem dinheiro. É
assim que aceita fazer uma
digressão em Inglaterra.
Le Dindon - Amantes Acidentais
De Jalil Lespert. Com Holt
McCallany, Dany Boon, Alice Pol
FRA. 2019. 85m. Comédia. M12.
Pontagnac, um conquistador nato,
sente-se atraído por uma
desconhecida com quem se cruza
todos os dias. Um dia, ganha
coragem e segue-a até casa. Qual
não é o seu espanto quando
descobre que o marido dela é
Vatelin, um grande amigo do
passado.
Maya
De Mia Hansen-Løve. Com
Roman Kolinka, Aarshi Banerjee,
Alex Descas. ALE/FRA. 2018.
107m. Drama. M12.
Gabriel é um fotojornalista francês
habituado a cobrir cenários de
guerra. Depois de meses como
refém na Síria, é posto em
liberdade. De regresso a França,
não consegue regressar à
normalidade. É então que resolve
fazer uma viagem à Índia, onde
passou a infância, para se
reencontrar com a mãe. Lá, vai
conhecer uma jovem que o
ajudará a reencontrar-se.
O Caso DeLorean
De Nick Hamm. Com Erin
Projecto
Gemini
Moriarty, Lee Pace, Judy Greer,
Jason Sudeikis. GB/EUA/Porto
Rico. 2018. 108m. Drama,
Thriller. M14.
A história segue a ascensão e
queda do engenheiro mecânico
norte-americano John DeLorean,
responsável pelo icónico
DeLorean DMC-12, o carro que se
tornou mundialmente famoso na
trilogia “Regresso ao Futuro“, de
Robert Zemeckis.
Projecto Gemini
De Ang Lee. Com Will Smith,
Mary Elizabeth Winstead, Clive
Owen, Benedict Wong. EUA/
China/Afeganistão. 2019. 117m.
Drama, Acção. M12.
O mercenário Henry Brogan toda
a vida trabalhou para o Governo.
Quando decide que é tempo de
pôr Æm à carreira, vê-se
perseguido por alguém
determinado a eliminá-lo. O
assassino, altamente treinado,
parece prever cada movimento
seu.
Vadio - I Am Not A Poet
De Stefan Lechner. POR. 2018.
96m. Documentário. M12.
Com realização de Stefan
Lechner, este é um documentário
sobre uma comunidade de
cantores proÆssionais e amadores
de fado em Lisboa.
Varda Por Agnès
FRA. 2018. 115m.
Documentário, Biografia. M12.
Um documentário de e sobre
Agnès Varda, a celebrada
realizadora que gostava das
imagens, palavras e pessoas.
“Inspiração, criação, partilha“
são os motes com que se dirige ao
espectador nos primeiros
momentos deste Ælme.
Viriato
De Luís Albuquerque. Com
Miguel Babo, Mario Bertô,
Mário da Costa. POR. 2019.
Drama, Biografia. M12.
Nascido numa pequena aldeia
lusitana, Viriato Æcou conhecido
por enfrentar a ocupação
romana na Península Ibérica
durante século II a.C.. Este Ælme
mostra o seu percurso, desde os
tempos em que era um simples
pastor, até liderar milhares de
homens.
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h40,
16h (V.Port./2D); Velocidade Furiosa: Hobbs
e Shaw M12. 18h55, 21h40, 00h20;
Midsommar: O Ritual M18. 00h20;
Downton Abbey M12. 18h55, 21h25, 00h05;
Rambo - A Última Batalha M16. 13h55,
16h40, 19h10, 21h35, 00h10; Os Sete Anões
e os Sapatos Mágicos M6. 14h, 16h35 (V.
Port./2D); Joker M14. 13h40, 16h20, 19h,
21h40, 00h20; Playmobil: O Filme M6.
14h15, 16h50, 19h10 (V.Port./2D); Yao M12.
21h25; A Guerra das Correntes M12. 13h40,
16h20, 19h, 21h35, 00h15; Judy M12. 13h30,
16h15, 18h50, 21h30, 24h; O Caso DeLorean
M14. 14h, 14h45, 19h05, 21h50, 00h25;
Projecto Gemini M12. 13h55, 16h45, 19h20,
21h55, 00h25; Le Dindon - Amantes
Acidentais M12. 13h35, 16h10, 19h, 21h15,
23h50; Ousadas e Golpistas M14. 14h,
16h25, 19h, 21h25, 00h05;
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9. T. 16996
Rambo - A Última Batalha M16. 12h45,
15h05, 17h40, 20h30, 00h15; Joker M14.
12h30, 15h10, 17h50, 20h40, 23h20;
Playmobil: O Filme M6. 13h20, 15h50,
18h40 (V.Port./2D); A Guerra das
Correntes M12. 21h20, 00h10; Judy M12.
12h50, 15h30, 18h, 20h50, 23h30; Projecto
Gemini M12. 12h40, 15h20, 21h, 23h50 (2D),
18h10 (3D); Ousadas e Golpistas M14.
13h10, 15h40, 18h20, 21h10, 23h40;
Viriato M12. 13h30, 16h10, 18h50, 21h40,
00h20; Projecto Gemini M12. Sala IMAX
13h, 16h, 18h30, 21h30, 24h;
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla
Shopping Center). T. 215887311
Dor e Glória M16. 21h25; Downton Abbey
M12. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Joker M14.
14h, 16h30, 19h, 21h30; Vita e Virginia M12.
14h30, 16h45; Amazing Grace M6. 19h30; A
Guerra das Correntes M12. 14h45, 17h05,
19h20, 21h35; Judy M12. 14h20, 16h45,
19h10, 21h35;
Caldas da Rainha
Cineplace - Caldas da Rainha
La Vie Caldas da Rainha Shopping Center.
A Herdade M12. 18h10; Rambo - A Última
Batalha M16. 15h30, 17h30, 21h50, 23h55;
Joker M14. 16h20, 18h50, 19h10, 21h20,
21h40, 23h50, 00h10; Playmobil: O
Filme M6. 15h, 17h05 (V.Port./2D); Projecto
Gemini M12. 15h40, 16h10, 18h40, 21h10,
21h30, 23h40, 24h; Ousadas e
Golpistas M14. 19h30;
Carcavelos
Atlntida-Cine
R. Dr. Manuel Arriaga. T. 214565653
Downton Abbey M12. 15h, 21h30;
Parasitas M14. 15h, 21h30
Sintra
Cinema City Beloura
Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9,
Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643
Trouble: Aventura na Cidade M6. 15h35 (V.
Port./2D); Ad Astra M12. 22h, 00h25; Era
Uma Vez em... Hollywood M16. 21h40;
Downton Abbey M12. 16h15, 19h, 21h30;
Rambo - A Última Batalha M16. 19h40,
00h20; Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 17h30 (V.Port./2D); Joker M14.
16h, 17h20, 18h40, 19h30, 21h20, 22h,
24h; Playmobil: O Filme M6. 15h30 (V.
Port./2D); Vita e Virginia M12. 17h40,
19h50; A Guerra das Correntes M12. 15h20,
17h30, 19h40, 21h50, 00h10; Judy M12.
15h55, 18h30, 21h35, 00h05; Projecto
Gemini M12. 15h50, 18h50, 21h45,
00h15; Ousadas e Golpistas M14. 00h30;
Castello Lopes - Fórum Sintra
Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352
Trouble: Aventura na Cidade M6. 16h35 (V.

Port./2D); Ad Astra M12. 13h50, 00h10; O
Rei Leão M6. 18h40 (V.P./2D); Velocidade
Furiosa: Hobbs e Shaw M12. 21h15;
Variações M12. 21h; Midsommar: O
Ritual M18. 23h40; It: Capítulo 2 M16. 14h,
17h30, 21h, 23h30; Rambo - A Última
Batalha M16. 13h15, 15h20, 17h25, 19h30,
21h35, 24h; Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 16h30 (V.P./2D); Joker M14.
13h30, 16h10, 18h50, 21h30, 00h10;
Playmobil: O Filme M6. 13h40, 16h, 18h20
(V.Port./2D); Projecto Gemini M12. 13h30,
16h10, 18h50, 21h30, 00h10; Ousadas e
Golpistas M14. 14h10, 21h15, 00h30; Skin -
História Proibida M16. 18h40
Leiria
Cinema City Leiria
R. Dr. Virgílio Vieira da Cunha. T. 244845071
Trouble: Aventura na Cidade M6. 15h35 (V.
Port./2D); Velocidade Furiosa: Hobbs e
Shaw M12. 00h20; Angry Birds 2 - O Filme
M6. 17h45 (V.Port./2D); Rambo - A Última
Batalha M16. 20h10, 00h25; Os Sete Anões
e os Sapatos Mágicos M6. 15h35 (V.P./2D);
Joker M14. 15h30, 16h, 17h40, 18h40, 19h,
21h20, 22h10, 24h; Playmobil: O Filme M6.
15h30 (V.Port./2D); Judy M12. 15h50, 18h30,
21h30, 00h05; Projecto Gemini M12. 16h10,
18h50, 21h45, 00h15; Ousadas e Golpistas
M14. 19h50, 22h; Viriato M12. 15h25, 17h20,
19h15, 21h50, 00h30;
Cineplace - Leiria Shopping
CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516
Ad Astra M12. 00h05; Rambo - A Última
Batalha M16. 17h50, 19h50, 21h50,
23h55; Joker M14. 16h, 16h30, 19h, 21h10,
21h30, 23h40, 24h; Playmobil: O Filme M6.
15h40 (V.P./2D); A Guerra das Correntes
M12. 17h20, 21h40; Judy M12. 16h30, 19h,
21h30; Projecto Gemini M12. 16h10, 16h40,
19h10, 21h40, 23h50 (2D), 18h50, 21h20
(3D); Le Dindon - Amantes Acidentais M12.
15h0, 19h40, 24h; Ousadas e Golpistas M14.
18h40; Skin - História Proibida M16. 00h10
Loures
Cineplace - Loures Shopping
Quinta do Infantado, Loja A003.
Trouble: Aventura na Cidade M6. 15h50 (V.
Port./2D); Rambo - A Última Batalha M16.
17h40, 19h40, 00h15; Joker M14. 16h30,
19h, 21h30, 24h; Playmobil: O Filme M6.
15h30 (V.P./2D); A Guerra das Correntes
M12. 17h, 19h20, 21h50, 00h10; Judy M12.
16h20, 18h50, 21h20, 23h50; O Caso
DeLorean M14. 15h, 21h40; Projecto
Gemini M12. 16h10, 21h40, 23h40 (2D),
18h40, 21h10 (3D); Le Dindon - Amantes
Acidentais M12. 17h50, 19h50, 21h50,
23h55; Uma Aventura nos Mares M6. 15h (V.
Port./2D); Viriato M12. 17h20, 19h30; Skin -
História Proibida M16. 00h05
Oeiras
Cinemas Nos Oeiras Parque
C. C. Oeirashopping. T. 16996
Ad Astra M12. 13h20, 16h, 18h50, 21h40,
00h25; A Herdade M12. 20h30, 24h
; Joker M14. 12h50, 15h30, 18h20, 21h10,
00h10; Playmobil: O Filme M6. 13h30,
16h20 (V.Port./2D); Judy M12. 13h, 15h40,
18h10, 21h, 23h50; Projecto Gemini M12.
13h10, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Le
Dindon - Amantes Acidentais M12. 13h15,
16h10, 18h30, 21h20, 23h30
Santarém
Castello Lopes - Santarém
Largo Cndido dos Reis. T. 243309340
Trouble: Aventura na Cidade M6. 16h40 (V.
Port./2D); Velocidade Furiosa: Hobbs e
Shaw M12. 23h55; It: Capítulo 2 M16.
23h30; A Herdade M12. 13h15, 21h;
Downton Abbey M12. 13h20, 18h25; Rambo
- A Última Batalha M16. 17h40, 19h45,
21h50, 00h30; Joker M14. 13h40, 16h20,
19h, 21h40, 00h10; Playmobil: O Filme M6.
13h10, 15h25, 18h45 (V.Port./2D); Judy M12.
13h45, 16h20, 18h55, 21h30, 00h10;
Projecto Gemini M12. 13h30, 16h10, 18h50,
21h30, 00h20; Ousadas e Golpistas M14.
16h, 21h10;
Setúbal
Auditório Charlot
Av. Dr. António Manuel Gamito, 11.
T. 265522446
A Herdade M12. 18h; Joker M14. 21h30
Cinema City Alegro Setúbal
C. C. Alegro Setúbal. T. 265239853
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h30,
15h30, 17h35 (V.Port./2D); Ad Astra M12.
19h; Angry Birds 2 - O Filme M6. 13h15 (V.
Port./2D); Tudo Bons Meninos M14. 13h10;
Variações M12. 17h20, 19h30; It: Capítulo
2 M16. 15h40, 23h40; Downton Abbey M12.
13h15, 15h; Rambo - A Última Batalha M16.
15h20, 19h25, 22h10, 00h20; Joker M14.
13h40, 16h10, 17h20, 18h40, 19h30, 21h10,
21h30, 22h, 23h50, 24h; Playmobil: O
Filme M6. 13h20, 15h20, 17h30, 19h40 (V.
Port./2D); Judy M12. 13h50, 16h20, 18h50,
21h20, 23h55; Projecto Gemini M12. 11h10,
13h30, 16h, 18h30, 21h40, 00h10 (2D), 21h25
(3D); Ousadas e Golpistas M14. 00h15;
Viriato M12. 13h30, 15h25, 17h30, 21h35,
00h30; Vadio - I Am Not A Poet M12. 19h50
Seixal
Cineplace - Seixal
Qta. Nova do Rio Judeu.
Trouble: Aventura na Cidade M6. 15h (V.
Port./2D); Ad Astra M12. 23h45; A Herdade
M12. 18h; Downton Abbey M12. 18h50,
21h20; Rambo - A Última Batalha M16.
19h50, 21h50, 23h50; Os Sete Anões e os
Sapatos Mágicos M6. 14h50, 16h50 (V.
Port./2D); Joker M14. 16h40, 19h10, 21h40,
00h10; Playmobil: O Filme M6. 15h50 (V.
Port./2D); A Guerra das Correntes M12. 17h,
19h20, 21h40, 24h; Judy M12. 16h30, 19h,
21h30; Projecto Gemini M12. 17h, 21h30,
24h (2D), 16h30, 19h (3D); Ousadas e
Golpistas M14. 21h20, 23h40; Skin -
História Proibida M16. 00h05
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve. T. 289887212
A Herdade M12. 18h; Rambo - A Última
Batalha M16. 13h25, 15h45, 18h10, 21h05,
00h10; Joker M14. 12h55, 15h35, 18h25,
21h15, 23h55; Playmobil: O Filme M6.
13h05, 15h15, 17h30 (V.Port./2D); Judy M12.
12h45, 15h25, 21h25, 24h ; Projecto
Gemini M12. 13h15, 15h55, 21h35, 23h40
(2D), 18h35 (3D); Viriato M12. 19h45, 21h55,
00h05;
Albufeira
Cineplace - AlgarveShopping
Estrada Nacional 125 - Vale Verde.
Ad Astra M12. 23h55; O Rei Leão M6. 15h10
(V.Port./2D); Velocidade Furiosa: Hobbs e
Shaw M12. 00h05; Downton Abbey M12.
18h50, 21h20, 23h50; Rambo - A Última
Batalha M16. 17h40, 19h50, 22h, 00h05;
Joker M14. 16h30, 18h40, 19h, 21h10, 21h30,
23h45, 24h; Playmobil: O Filme M6. 16h20
(V.Port./2D); A Guerra das Correntes M12.
17h20, 21h40; Judy M12. 16h30, 19h, 21h30,
24h; O Caso DeLorean M14. 15h10,
21h50; Projecto Gemini M12. 16h40, 19h10,
21h10, 21h40, 23h40 (2D), 16h10, 18h40
(3D); Le Dindon - Amantes Acidentais M12.
15h20, 19h40; Ousadas e Golpistas M14.
16h20; Viriato M12. 17h30, 19h40; Skin -
História Proibida M16. 00h10
Portimão
Cineplace - Portimão
Quinta da Malata, Lote 1 - Centro Comercial
Continente.
Trouble: Aventura na Cidade M6. 15h40 (V.
Port./2D); Ad Astra M12. 18h45; Downton
Abbey M12. 19h20; Rambo - A Última
Batalha M16. 17h40, 19h50, 22h, 00h10;
Joker M14. 19h, 21h30, 24h; Playmobil: O
Filme M6. 15h, 17h10 (V.Port./2D); A Guerra
das Correntes M12. 16h20, 21h20; Projecto
Gemini M12. 16h10, 21h40, 23h40 (2D),
18h40, 21h10 (3D); Le Dindon - Amantes
Acidentais M12. 15h20, 17h20, 21h50,
23h50; Ousadas e Golpistas M14. 19h20,
00h05;
TEATRO
Lisboa
Casino Lisboa
Parque das Nações. T. 218929000
As Obras Completas de William
Shakespeare em 97 Minutos Enc. António
Pires. A partir de 12/9. 5ª a Sáb às 21h30.
Dom às 17h (Auditório dos Oceanos). M/12.
Teatro da Comuna
Praça de Espanha. T. 217221770
Argonautas De Mc Ranin. Comp.: Comuna
Teatro de Pesquisa e Teatro Tony Bulandra.
De 8/10 a 13/10. 3ª a Sáb às 21h. Dom às 16h.
Teatro da Politécnica
Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281
Emília De Claudio Tolcachir. Comp.: Artistas
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 45
Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. De 11/9 a
19/10. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às
16h e 21h.
Teatro da Trindade
Largo da Trindade, 7A. T. 213420000
Chicago Enc. Diogo Infante. De 11/9 a 29/12.
4ª, 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h30 e 21h. Dom
às 16h30. O Amante Enc. Albano Jerónimo
e Cláudia Lucas Chéu. Com Custódia
Gallego, Virgílio Castelo e Luís Puto. De 18/9
a 10/11. 4ª a Dom às 19h (Sala Estúdio).
Teatro e Cinema Capitólio
Parque Mayer.
Eu Comigo Mesmo Com Rafael Portugal.
Dia 11/10 às 21h30. M/14. Duração: 1h10.
Teatro Meridional
R. Açúcar, 64 (Poço do Bispo). T. 218689245
Kiki Van Beethoven De Eric-Emmanuel
Schmitt. Enc. Natália Luiza. Com Teresa
Faria. De 13/9 a 13/10. 4ª a Sáb às 21h30.
Dom às 17h.
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650
O Dia do Juízo Comp.: Causas Comuns.
Enc. Cristina Carvalhal. De 10/10 a 20/10. 4ª,
6ª e Sáb às 21h. 5ª às 20h. Dom às 17h30.
M/12. The Swimming Pool Party Enc.
Mónica Garnel. De 27/9 a 13/10. 4ª, 6ª e Sáb
às 21h. 5ª às 20h. Dom às 17h30.
Teatro Nacional D. Maria II
Praça Dom Pedro IV. T. 800213250
Depois do Medo Com Bruno Nogueira. De
9/10 a 13/10. 4ª e Sáb às 19h. 5ª e 6ª às 21h.
Dom às 16h. M/16. Duração: 1h15.
Teatro Taborda
Rua da Costa do Castelo, 75. T. 218854190
Teatro de Um Homem (L)ido Comp.: Teatro
da Garagem. Enc. Carlos J. Pessoa. De 10/10
a 13/10. 5ª a Dom às 21h.
Teatro Tivoli BBVA
Avenida da Liberdade, 182. T. 213572025
Intimidade Indecente Enc. Guilherme
Leme Garcia. Com Vera Holtz e Marcos
Caruso. De 26/9 a 3/11. 5ª a Sáb às 21h30.
Sáb e Dom às 17h. M/14. Duração: 1h30m.
Time Out Mercado da Ribeira
Avenida 24 de Julho.
Todas as Coisas Maravilhosas Com Ivo
Canelas. De 27/9 a 13/10. 2ª a 6ª às 21h. Sáb
às 18h e 21h. Dom às 18h (excepto dia 12/10).
MÚSICA
Lisboa
Centro Cultural de Belém
Praça do Império. T. 213612400
Big Bang 2019 - Festival de Música e
Aventura para Um Público Jovem De 11/10
a 12/10. 6ª às 10h. Sáb às 11h. M/4.
Fundação e Museu Calouste Gulbenkian
Avenida de Berna, 45A. T. 217823000
Orquestra Gulbenkian Dia 11/10 às 21h.
Igreja de São Roque
Lg. Trindade Coelho.
Música em São Roque 2019
Dia 11/10 às 21h (com Coro Gulbenkian).
LAV - Lisboa Ao Vivo
Av. Infante D. Henrique, Armazém 3.
T. 215847000
Mão Morta Dia 11/10 às 21h.
Teatro Nacional de São Carlos
Largo de São Carlos, 17. T. 213253045
La Forza del Destino Com Orquestra
Sinfónica Portuguesa. Enc. David Pountney.
De 10/10 a 18/10. Todos os dias às 20h (dias
10, 14, 16 e 18). Sáb às 16h. Duração: 2h45m.
DANÇA
Lisboa
Teatro Camões
Parque das Nações. T. 218923470
Adagio Hammerklavier + Short Cut + In The
Future Companhia Nacional de Bailado.
Coreog. Hans Van Manen. De 10/10 a 13/10.
5ª e 6ª às 21h. Sáb às 18h30. Dom às 16h.
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa-Serviço Permanente
Colonial (Anjos) - Rua do Forno do Tijolo, 40 -
Tel. 218141122 Padre Cruz (Carnide - Bº Pe.
Cruz(Junto à Igreja)) - Rua A - Lt. 138 R/C - Bº
Padre Cruz - Tel. 217121520 Zil (Alvalade) -
Avenida da Igreja, 9 - D/E - Tel. 218491780
Principe Real (São Mamede) - Rua da Escola
Politécnica, 16-18 - Tel. 213425455
Odivelas-Serviço Permanente
Azevedo Irmão e Veiga (Ramada) - Av. da
Liberdade, 23-A - Tel. 219345880
Outras Localidades-Serviço Permanente
Abrantes - Ondalux Alandroal - Santiago Maior
, Alandroalense Albufeira - Santos Pinto
Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena -
Ramalho Alcobaça - Campeão Alcochete -
Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alcoutim -
Caimoto Alenquer - Matos Coelho Aljustrel -
Pereira Almada - Central - Almada Almeirim -
Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça -
Leitão Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança)
Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado
(Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis
(Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho
Amadora - São Jorge , Tavares Matos Ansião -
Medeiros (Avelar) , Pires (Santiago da Guarda)
Arraiolos - Vieira Arronches - Batista ,
Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos
Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz
Azambuja - Nova , Peralta (Alcoentre), Ferreira
Camilo (Manique do Intendente) Barrancos -
Barranquense Batalha - Ferraz , Silva Fernandes
(Golpilheira) Beja - Palma Belmonte - Costa ,
Central (Caria) Benavente - Batista Bombarral -
Miguel Borba - Carvalho Cortes Cadaval -
Central Caldas da Rainha - Caldense Campo
Maior - Campo Maior Cartaxo - Abílio Guerra
Cascais - Manique (Alcabideche) , de São
Gonçalo (Carcavelos) Castelo Branco - Grave
Castelo de Vide - Roque Castro Verde -
Alentejana Chamusca - S. José , Joaquim Maria
Cabeça Constância - Vila Farma Constância ,
Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene
Covilhã - São Cosme Cuba - Da Misericórdia
Elvas - Calado Entroncamento - Terra
Estremoz - Godinho Évora - Branco de S. M.
Machede Faro - Almeida , Da Penha Ferreira do
Alentejo - Salgado Ferreira do Zêzere -
Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira
do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos
(Aguda) , Vidigal Fronteira - Vaz (Cabeço de
Vide) Fundão - Diamantino Gavião - Mendes
(Belver) , Gavião Golegã - Salgado Grândola -
Pablo Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A
Nova) Lagoa - José Maceta Lagos - A
Lacobrigense Loulé - Pinto Loures - Santo
António dos Cavaleiros , Ribeiro Soares (Urb.
Quinta do Castelo) Lourinhã - Correia Mendes
(Moita dos Ferreiros) , Leal (Rio Tinto) Mação -
Catarino Mafra - Costa Maximiano (Sobreiro) ,
Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande
- Roldão Marvão - Roque Pinto Mértola -
Pancada Monchique - Higya Monforte - Jardim
Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo -
Diogo Marques Mora - Canelas Pais (Cabeção) ,
Falcão, Central (Pavia) Moura - Rodrigues
Mourão - Central Nazaré - Silvério , Maria
Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto
Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da
Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odivelas - D. Dinis
Oeiras - Sacoor Oleiros - Martins Gonçalves
(Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier
Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Nobre Sousa
Ourém - Verdasca Ourique - Nova (Garvão) ,
Ouriquense Pedrógão Grande - Baeta Rebelo
Penamacor - Melo Peniche - Proença Pombal -
Vilhena Ponte de Sor - Sousa Portalegre -
Cunha Miranda Portel - Misericordia Portimão -
Pedra Mourinha Porto de Mós - Lopes
Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos
(Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha
Reguengos de Monsaraz - Moderna Rio Maior -
Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Costa
(Foros de Salvaterra/Salvaterra de Magos)
Santarém - Sá da Bandeira Santiago do Cacém
- Corte Real Sardoal - Passarinho Seixal -
Quinta da Torre Serpa - Serpa Jardim Sertã -
Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim)
Sesimbra - de Santana (Santana) Setúbal -
Nova Silves - Dias Neves , Sousa Coelho Sines -
Monteiro Telhada (Porto Covo) , Central Sintra -
Ascensão Nunes , Azeredo (Queluz), Valentim
Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes
Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Félix Franco
Tomar - Nova Torres Novas - Aliança
(Lamarosa/Torres Novas) Torres Vedras - Torres
Vedras Vendas Novas - Santos Monteiro Viana
do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila
de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira -
Azevedo , Mercado (Alverca), Silva Carvalho
Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) ,
Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real
de Santo António - Carrilho Vila Velha de
Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito -
Baronia Ansião - Moniz Nogueira Redondo -
Alentejo Setúbal - Aranguez
46 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
FICAR
RTP 1
CINEMA
Aquaman
TVC1, 21h30
Fruto do amor entre um humano e
a rainha da Atlântida, Arthur Curry
viveu toda a sua vida na superfície
terrestre. Com uma estranha
capacidade de comunicar com
criaturas aquáticas e manipular
marés, sempre se sentiu diferente
de todos em seu redor. Até que um
dia é contactado por Mera, uma
jovem atlante que lhe diz que Orm,
seu meio-irmão e actual rei da
Atlântida, está decidido a reunir os
governantes dos sete mares e
atacar o mundo à superfície antes
que a poluição os destrua. Para o
impedir, Arthur tem de assumir o
trono, proteger o seu povo, e
evitar uma catástrofe sem
precedentes que ameaça a
extinção de toda a vida na Terra.
De James Wan, com Jason Momoa,
Amber Heard e Willem Dafoe.
Predadores
Fox Movies, 23h15
Seleccionados pela sua aptidão
para matar sem escrúpulos, um
grupo de oito pessoas é deixado no
meio de uma selva, algures
perdida no Universo. Na Terra,
eram mercenários, assassinos ou
membros Yakuza; ali, são apenas
peças de um jogo macabro. Sem
qualquer ideia sobre as razões que
os possam ter levado àquele
momento e àquele lugar, sabem
que estão a ser perseguidos por
seres alienígenas que os
pretendem caçar e medir o seu
medo. Assim, para aumentar as
probabilidades de sobrevivência,
entendem que terão de deixar de
lado as suas divergências e conÆar
uns nos outros, tentando saber
tudo sobre o adversário que
defrontam e que pretendem
vencer. Produzido por Robert
Rodriguez e realizado por Nimród
Antal, é a sequela do Ælme
homónimo realizado, em 1987, por
John McTierrnan.
Saint Amour
RTP2, 23h10
Jean e Bruno, pai e Ælho, viajam
num táxi parisiense — cujo
taxímetro continua a contar — pela
rota dos vinhos de Beaujolais a
tentarem reconciliar-se depois de
anos de uma relação tempestuosa.
Uma comédia dramática francesa
escrita e realizada por Benoît
Delépine, famoso pelos trabalhos
cómicos na televisão francesa, e
Gustave Kervern. A dupla recorre
frequentemente a Gérard
Depardieu e é bastante dada aos
road movies, com obras como
Aaltra e Mammuth no currículo. Do
elenco, além de Benoît Poelvoorde
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.10
Bem-vindos a Beirais 15.00 A Nossa
Tarde 17.30 Portugal em Directo 19.00
Telejornal 19.45 Futebol: Portugal x
Luxemburgo 21.45 Sexta às 9 22.15 Luz
Vermelha 23.15 Depois, Vai-se a Ver e
Nada 5.45 A3.30 0.30 Guerra e Paz III:
O Ano de 1812 2.15 Aqui Tão Longe
3.00 Televendas
RTP 2
6.32 Repórter África - 2.ª Edição 7.00
Espaço Zig Zag 10.31 Degrassi: A
Turma Seguinte 11.00 Cultura Antiga
12.00 Candice Renoir 13.00 3
AmigoNautas 13.31 Boss Baby 13.55
Folha de Sala 14.00 Sociedade Civil:
Actividade Física 15.00 A Fé dos
Homens 15.30 Esec-Tv 16.00 Selva
Viva 17.00 Espaço Zig Zag 21.05
Prontos Para Tudo 21.30 Jornal 2 22.04
Folha de Sala 22.12 Encurralados 23.10
Saint Amour 0.50 Ocupados 1.35
Sociedade Civil 2.35 Selva Viva 3.35
Euronews 5.00 Bem-vindos a Beirais
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.15 Alô
Portugal 10.15 O Programa da Cristina
13.00 Primeiro Jornal 14.15 Linha
Aberta 15.15 Amor Maior 16.15 Júlia
18.15 Avenida Brasil 19.10 Prémio de
Sonho 19.57 Jornal da Noite 21.35
Nazaré 22.20 Golpe de Sorte 23.00
Alma e Coração 23.45 A Dona do
Pedaço 1.50 Original é a Cultura 2.30
Volante 3.50 Televendas 0.45 Coração
no Sítio Certo 2.50 Investigação
Criminal
TVI
6.30 Diário da Manhã 10.14 Você na TV!
13.00 Jornal da Uma 14.42 Belmonte
16.15 A Tarde é Sua 19.15 Ver P’ra Crer
19.57 Jornal das 8 21.47 Na Corda
Bamba 23.00 Prisioneira 0.00 Mar de
Paixão 1.00 1000 à hora 2.30 Meu
Amor 3.15 Remédio Santo 4.00 Saber
Amar 4.45 TV Shop
TVC1
9.15 Plano de Fuga 2: Hades 10.55
Upgrade: Máquina Assassina 12.40
Maze Runner: A Cura Mortal 15.10
Sicario: Guerra de Cartéis 17.15
Rampage - Fora de Controlo 19.05 Sete
Os mais vistos da TV
Quarta-feira, 9
% Aud. Share
Golpe de Sorte
Nazaré
SIC 14,5
SIC 14,2
29,8
27,1
Jornal da Noite SIC 11,0 22,1
Alma e Coração SIC 10,0 27,6
Jornal das 8 TVI 9,0 17,9
FONTE: CAEM
Estranhos no El Royale 21.30 Aquaman
0.00 Covil de Ladrões 2.25 À Porta da
Eternidade 4.20 O Grande Showman
FOX MOVIES
10.31 Emboscada 12.02 Cabine
Telefónica 13.13 Matrix Revolutions
15.08 Presa Fácil 16.30 A Emigrante
18.15 A Chamada 19.38 Homens de
Coragem 21.15 72 Horas 23.15
Predadores 0.58 Máquinas de Guerra
2.31 Predador 2 4.06 Baptismo de
Fogo
CANAL HOLLYWOOD
10.45 A Minha Vida É Complicada
12.25 Giras e Terríveis 2 14.05 À Dúzia é
Mais Barato (2003) 15.45 Fama (2009)
17.45 O Jogo Final 19.40 As Malucas
das Cabeleireiras 21.30 Megamind (VP)
23.10 O Código Base 0.45 Jacuzzi 2 -
Festa na Neve 2.20 48 Horas - Parte II
4.00 Parker
AXN
13.05 Mentes Criminosas 14.39 À
Noite, no Museu 16.30 Chicago Fire
18.10 Castle 19.50 The Good Doctor
21.30 Killing Season - Temporada de
Caça 23.03 Ocean’s 12 1.09 O
Fantástico Homem-Aranha 3.21
Candice Renoir 5.06 Dia e Noite
AXN BLACK
13.12 A Barreira Invisível 15.57 O Último
Grande Herói 18.06 Aliança Mortal
19.31 Robocop - O Polícia do Futuro
21.14 Herói por Acaso 22.52 Punisher -
O Vingador 0.56 Tootsie - Quando Ele
Era Ela 2.47 O Patriota
AXN WHITE
13.37 O Mentalista 14.22 Legalmente
Loira 2 15.55 O Ditador 17.17 O
Mentalista 18.47 A Teoria do Big Bang
21.24 Young Sheldon 22.10 Momento
da Verdade II 0.03 Um Encontro às
Cegas 1.36 Young Sheldon 2.20
Frequência 4.29 Young Sheldon
FOX
9.29 Hawai Força Especial 11.00 C.S.I.
14.07 Investigação Criminal: Los
Angeles 15.40 Hawai Força Especial
17.14 C.S.I. Miami 18.48 Investigação
Criminal: Los Angeles 20.25 Hawai
RTP1 12,2%
%
RTP2 1,7
SIC 22,5
TVI
13,3
Cabo
38,5
Força Especial 22.15 Velocidade +
Furiosa 0.13 Velocidade Furiosa -
Ligação Tóquio 2.06 Borboleta Negra
3.36 C.S.I. Miami 4.59 Investigação
Criminal: Los Angeles
FOX LIFE
10.00 The Chronicle Mysteries:
Recovered 11.20 Anatomia de Grey
12.51 9-1-1 14.28 Sun, Sand and
Romance 15.56 The Bad Twin 17.20
Winter’s Dream 18.59 Anatomia de
Grey 20.37 9-1-1 22.20 Manhãs
Gloriosas 0.24 A Dash of Love 2.02
Anatomia de Grey 3.29 9-1-1 4.56
Rainha do Sul
DISNEY
15.00 A Irmã do Meio 15.48 A Raven
Voltou 16.35 Mickey Mouse - Edição
Especial 16.50 A Lei de Milo Murphy
17.15 Star Contra as Forças do Mal
18.04 Phineas e Ferb 18.38 Os Green
na Cidade Grande 19.24 Gravity Falls
20.08 Miraculous - As Aventuras de
Ladybug 20.30 A Lei de Milo Murphy
20.52 A Lei de Milo Murphy
DISCOVERY
17.30 Alasca: A Última Fronteira 19.15 O
Tesouro de Cooper 21.00 Alasca: A
Última Fronteira 2.15 Curiosidades da
Terra 3.00 Já Estavas Avisado! 4.30
Negócio Fechado 5.00 Guerra de
Propriedades
HISTÓRIA
17.37 A II Guerra Mundial Vista do
Espaço 19.06 Matar Uma Rainha 20.52
O Preço da História 3.55 O Maior Palco
do Futebol 5.16 Grandes Momentos da
História do Futebol
ODISSEIA
17.34 Expedição Antárctica 18.24
Festas Ancestrais 19.16 O Veterinário
de Yorkshire 20.01 Perigo Extremo
20.48 Os Feitos Mais Estranhos das
Guerras Mundiais 21.37 A Batalha Pela
Lua: Do Sputnik ao Apolo 22.30 Os
Feitos Mais Estranhos das Guerras
Mundiais 23.19 Aviões de Combate
0.03 A Batalha Pela Lua: Do Sputnik ao
Apolo 0.56 Os Feitos Mais Estranhos
das Guerras Mundiais 1.45 Aviões de
Combate 2.30 Perigo Extremo 3.17 A
Farmacopeia de Hamilton
no papel de Bruno, constam
também nomes como Vincent
Lacoste ou Chiara Mastroianni.
DESPORTO
Futebol: Portugal x Luxemburgo
RTP1, 19h45
Directo. Jogo da sétima jornada do
grupo B de qualiÆcação para o
Euro 2020. Portugal, com duas
vitórias e dois empates, está em
segundo lugar, atrás da Ucrânia; o
Luxemburgo, com mais um jogo
que a equipa das quinas, ocupa a
quarta posição, com três derrotas,
um empate e uma vitória.
SÉRIE
Luz Vermelha
RTP1, 22h15
Estreia de uma série que propõe
uma reÇexão sobre os papéis
sociais, a solidão e o impacto da
prostituição na contempora-
neidade. Bruna, uma jovem
brasileira, chega a Portugal à
procura de um futuro que
rapidamente se revela sinuoso,
vendo-se forçada a prostituir-se.
No seu encalço, dois jornalistas
enredam-se numa investigação de
uma rede de tráÆco humano,
enquanto um grupo de mulheres
traídas escreve uma carta anónima
à imprensa que tem repercussões
internacionais. Com Margarida
Vila-Nova, Afonso Pimentel, João
Baptista, Mariana Badan, Joaquim
Monchique, Alexandra Sargento,
SoÆa Nicholson, Graciano Dias,
Maria João Pinho e Dinarte Branco.
INFANTIL
Megamind (V. Port.)
Hollywood, 21h30
Megamind, o mais pérÆdo dos
supervilões, vence Metro Man, o
seu arqui-inimigo e adversário de
inenarráveis batalhas. Porém,
depois da vitória, Megamind sente
falta da adrenalina e, sem saber o
que fazer com os seus dias, vê a
sua vida perder o signiÆcado,
entrando em depressão. Assim, e
porque qualquer vilão que se
preze precisa de um adversário à
altura, encontra a solução
inventando Tighten, um novo
concorrente, cuja única missão
será defender a Humanidade
contra a sua terrível fúria. Mas,
para infelicidade do mestre, a sua
criação revela-se pouco amistosa e
decide destruir, ela mesma, a raça
humana. Agora parece restar
apenas uma alternativa: Megamind
tornar-se a sua própria antítese e
transformar-se no improvável
super-herói que salvará o mundo.
 Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 47

JOGOS

CRUZADAS 10.763 TEMPO PARA HOJE

HORIZONTAIS: 1. Argola da âncora. VERTICAIS: 1. Amargo. Diz-se do cavalo
Porco. 2. Instantes. Alojamento Local. 3. castanho-escuro, sem mescla. 2. Título.
Penoso (fig.). Camada fina. 4. Rangífer. Ter som claro e distinto. 3. Libertar do
Cargo, função ou dignidade de deão. 5. jugo paterno ou da tutoria. 4. Viana do Bragança
Palha. 6. Dotados de vida. Pequena ânfo- Multiplicativo de unidades de medida, Castelo 9º 28º
ra de barro. 7. Compactar ficheiro com o símbolo T, a significar 1 bilião de 11º 23º
Braga
(Informática). Eles. Prefixo que exprime a vezes. Tempo. 5. Engenheiro (abrev.).
11º 26º Vila Real
ideia de privação. 8. Desenfiar contas Grupo de pessoas que cantam ao mesmo
(Minho). Exprime por palavras. 9. tempo. Preposição que indica lugar. 6. 12º 28º
16º Porto
Interjeição que designa repulsa ou raiva. Completos. Lição. 7. Cobalto (s.q.). Artigo
12º 22º
Unguento. 10. Sódio (s.q.). Movimento antigo. Enfeitar. 8. Permanecemos.
rápido (fig.). 11. Prefixo (montanha). Peça Trinitrotolueno (abrev.). 9. Cheiro. Palavra Viseu
do piano para percutir as cordas. italiana que significa líder. 10. Prejuízo. 14º 26º Guarda
1,5-2m Aveiro
Galão para debruar. 11. Onda nos está- 16º 25º
dios. Residência de régulo, em África. 12º 22º Penhas
Douradas
Depois do problema resolvido encon- Coimbra 13º 23º
tre o título de uma obra de Tom 10º 29º
Malmquist (6 palavras). Castelo
Branco
Leiria 16º 30º
11º 27º

Santarém
Solução do problema anterior: Portalegre
13º 32º
HORIZONTAIS: 1. MILHO. Nauta. 2. Amuo. Sor. Um. 3. Auge. Rb. 4. Ar. Vê. Coifa. 5. 19º 29º
Rede. POMBAS. 6. Serpe. Bel. 7. Per. Aa. Te. 8. Arrumar. RAM. 9. Uva. Bdelar. 10. Lisboa
Lampana. NÃO. 11. Areal. Redor.
16º 28º
VERTICAIS: 1. Malar. Paula. 2. Im. Reservar. 3. Lua. Derrame. 4. HOUVER. PA. 5. Gê.
POMBAL. 6. SE. PE. ADN. 7. NO. Co. Arear. 8. Arromba. 9. Bibe. Rand. 10. Tu. FALTARÃO. Setúbal
11. Ambas. Em. Or. Évora
15º 30º
PROVÉRBIO: Se no pombal houver milho, pombas não faltarão.
14º 30º
AMANHÃ

17º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 16º 26º
15º 28º

Dador: Este co trunfos, três copas e o Ás de ouros. Problema 1-1,5m

Vul: Todos Há que procurar uma alternativa que
nos possibilite fazer uma décima vaza. 9300 Sagres
Essa alternativa é jogar um trunfo para o Dificuldade: Faro
16º 23º
Valete e apresentar uma copa apurada, 19º 24º
NORTE
não recortando, caso Este corte. Em
Fácil
Ƅ QJ8 19º
Ɔ K10864 mão, Este é obrigado a jogar paus por 1-1,5m
não ter outra alternativa. Nesta altura
Ƈ A10742
ƅ- Sul deverá jogar o Rei, por já ter visto 10
Açores
pontos na mão de Oeste (KQJ de ouros Corvo
e o Ás de copas), que faz, corta um pau Graciosa
Terceira
OESTE ESTE no morto e joga a última copa apurada Solução do Flores
S. Jorge 16º 21º
Ƅ 96 Ƅ 1054 do morto. Cinco trunfos da mão, duas problema 9298 15º 22º
Ɔ A72 Ɔ J53 copas, o Ás de ouros, o Rei de paus e um
22º 22º
pau cortado no morto dá um total de Pico
Ƈ KQJ3 Ƈ 95
ƅ 10752 ƅ AQ963 dez vazas. 1-1,5m
Faial
Note-se que, caso Este recuse cortar as
copas, o final será simples; corte de um 16º 23º
1-2m S. Miguel
ouro na mão e de um pau no morto dará
18º 24º
SUL igualmente um total de 10 vazas.
Ponta
Ƅ AK732 22º Delgada
Ɔ Q9 Considere o seguinte leilão:
0,5-1,5m
Ƈ 86 Oeste Norte Este Sul
1ƅ
Madeira Sta Maria

ƅ KJ84
1Ƅ X passo ?
Porto Santo
Problema
O que marcar na segunda volta de lei- 20º 25º
Oeste Norte Este Sul 9301 23º
passo 1Ƅ lão, tendo havido uma intervenção e
passo 1ST1 passo 2ƅ um dobre do parceiro? Dificuldade:
Ƅ63 Ɔ85 ƇA972 ƅAKJ65
passo 4Ƅ Todos passam Muito Difícil Funchal
1,5-2m
0,5-1m 20º 26º
Resposta: Marque 1ST. Não pode mar- 24º
Leilão: Equipas ou partida livre. 1. Norte
e Sul estão a jogar o sistema 2/1 forcing car dois ouros, uma vez que isso seria
de partida e por isso a resposta de 1ST a uma inversa. Marcar dois paus seria Sol Lua Cheia
uma abertura de 1 rico é forcing por uma uma boa alternativa, mas ainda assim a
Nascente 7h42
volta. Na segunda volta, Norte marcou a marcação de 1ST é a que mais nos agra-
da, sobretudo se estiver a jogar um Poente 19h05 13 Out. 22h08
partida em espadas. Solução do
torneio de pares. problema 9299
Carteio: Saída: KƇ. O Ás do morto fez a
primeira vaza, seguiu-se uma copa para
Marés
a Dama e o Ás de Oeste. Oeste tirou a Leixões Cascais Faro
Dama de ouros e contra-atacou com um
trunfo. Fez a Dama do morto e cortou Preia-mar 14h37 3,2 14h12 3,2 14h13 3,1
um ouro na mão, Este baldou um pau.
02h58* 3,1 02h34* 3,2 02h32* 3,1
Uma copa para o Rei e outra copa que
corta com o Ás, ao qual todos assistem. Baixa-mar 08h27 1,0 08h01 1,1 07h55 1,0
Como continuaria?
20h48 0,8 20h22 0,9 20h18 0,8
Solução: Se destrunfarmos, a acabar no João Fanha/Pedro Morbey
Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã
morto, teremos apenas nove vazas: cin- (bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
48 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019

DESPORTO
Um Luxemburgo que já não é de
goleadas e deve ser levado a sério
Fernando Santos destaca evolução de um adversário que já não pode ser visto como alvo fácil.
Seleccionador recorreu a vídeo do jogo em que a Ucrânia tremeu para provar isso mesmo aos jogadores
RODRIGO ANTUNES/EPA

Futebol internacional
Augusto Bernardino
Fernando Santos não tem ilusões. A
modesta selecção do Luxemburgo,
93.ª do ranking FIFA, merece mais
atenção e dedicação do que o nome
da equipa nacional do grão-ducado
possa eventualmente reclamar. Pode
soar um pouco estranho, até a exces-
so de zelo, mas o “elogio” deixado
pelo seleccionador português — e
campeão europeu em título — faz
todo o sentido, sobretudo para os
mais avisados e atentos à evolução
da equipa luxemburguesa… adver-
sário que Portugal defrontará duas
vezes no curto intervalo de um mês,
esta noite (19h45, RTP1) em Alvala-
de, e a 17 de Novembro no encerra-
mento da fase de qualificação para
o Campeonato da Europa de 2020,
no Luxemburgo.
Fernando Santos nem precisa de
uma retórica elaborada para refor-
çar o alerta que, pelo discurso dos
jogadores, foi já perfeitamente assi-
milado. Para tanto, o engenheiro
evoca o Luxemburgo-Ucrânia (1-2)
de Março, em que o líder do Grupo
B podia ter sido perfeitamente der-
rotado, não fosse o autogolo de Ger- Fernando Santos ao lado de Ilídio Vale, da equipa técnica da selecção portuguesa, no último treino antes do jogo de hoje
son Rodrigues (90+3’), azar que
reforçou a “injustiça” de um resul- tro — que antecede a decisiva viagem mentos caso os campeões europeus exemplo do jogo na Sérvia (4-2),
Estádio Alvalade 19h45
tado que Fernando Santos ainda não Lisboa RTP1 de Portugal à Ucrânia —, o seleccio- não sejam capazes de actuar como mostrando-se empenhado em apa-
digeriu e que utiliza para salientar o nador português insiste nas dificul- uma verdadeira equipa. Um colecti- gar os tais 45 minutos iniciais do
real “valor desta equipa”. Portugal 4-4-2 dades sentidas pela equipa de vo que não dependa das individua- desafio de Vilnius, resolvido graças
Uma valia que, na prática, supera Andriy Shevchenko, “salva” por uma lidades e que, sobretudo, seja capaz a um póquer de Cristiano Ronaldo.
a “reputação” de uma selecção de Rui Patrício decisão de arbitragem (golo invali- de corrigir o desempenho da primei- O “astro” português, vindo “de
estrato inferior, uma equipa histori- N. Semedo R. Guerreiro dado ao Luxemburgo) que suscita ra parte com a Lituânia, última clas- outra galáxia”, forma encontrada
camente frágil, susceptível e atreita Pepe Rúben Dias “muitas dúvidas” ao treinador por- sificada do grupo, com um ponto em por um amigo de Fernando Santos
a goleadas. Visão que Luc Holtz, tuguês. cinco encontros. para descrever o “capitão” portu-
Danilo
actual seleccionador, tem vindo a Mas quais são, afinal, os encantos “Portugal tem de mandar no jogo! guês, também depende de um dis-
corrigir nos últimos nove anos. B. Fernandes G. Guedes deste Luxemburgo, penúltimo clas- Quando o faz, tudo fica mais fácil” positivo solidário para detonar qual-
R. Neves
Mas a campanha de sensibilização B. Silva C. Ronaldo sificado do grupo, com metade dos adverte Fernando Santos, dando o quer muralha, embora este Luxem-
de Fernando Santos, dirigida a quem pontos de Portugal e mais um encon- burgo combata a ideia de equipa de
acredita em goleadas à moda antiga, tro disputado (desempenho que, “chuto para a frente”.
não se limita a referir as virtudes dos D. da Mota
Vincent Thill
G. Rodrigues
sem ser eloquente, é já um marco CLASSIFICAÇÕES No dia em que festejou o seu 65.º
luxemburgueses. Para alcançar o para o adversário de Portugal)? Que aniversário, Fernando Santos deixou
GRUPO B
grande objectivo, precisa de conven- L. Barreira Olivier Thill argumentos pode apresentar uma claro o que é preciso fazer para que
Marvin Jans Jornada
cer os próprios jogadores, pelo que Martins Martins Pereira equipa do quarto escalão (D) da Liga Ucrânia-Lituânia 19h45
possa celebrar os cinco anos de
se socorreu de um registo vídeo do Lars Gerson Chanot das Nações, prova conquistada pela Portugal-Luxemburgo 19h45 selecção sem surpresas ante um
mais recente Ucrânia-Luxemburgo, selecção lusitana? Fernando Santos Luxemburgo dos tempos modernos,
disputado em Junho, e decidido com deixou algumas pistas, destacando J V E D G P capaz de iludir um historial de golea-
Anthony Moris
Ucrânia 5 4 1 0 11-1 13
um golo solitário, apontado aos seis a “facilidade” com que os jogadores das, lógica que tem vindo a inverter
Portugal 4 2 2 0 10-4 8
minutos. Para vincar bem a posição Luxemburgo 4-3-3 luxemburgueses “muito bem orga- Sérvia 5 2 1 2 10-12 7 nos últimos três anos.
assumida e as precauções necessá- nizados” criam ocasiões de golo, o Luxemburgo 5 1 1 3 5-8 4
rias para a abordagem a este encon- Árbitro: Daniel Stefanski Polónia que potencia inevitáveis constrangi- Lituânia 5 0 1 4 4-15 1 augusto.bernardino@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 49

Portugal é melhor. Seria

anormal se Portugal não
fosse melhor. Desde que
cumpra todos os critérios
importantes durante o jogo
Fernando Santos
Seleccionador nacional

Bélgica é a primeira selecção

a chegar ao Euro 2020
agrupamento está com a Polónia, Eslovénia por 2-1 — as duas selecções
Marco Vaza que derrotou a Letónia por 0-3 com balcânicas estão agora empatadas
três golos de Robert Lewandowski. com 11 pontos, mais três que os
A Bélgica tornou-se ontem a primei- Os polacos comandam o agrupa- israelitas.
ra selecção a garantir um lugar na mento com 16 pontos, mais três que No Grupo F, a vice-campeã mun-
fase Ænal do Euro 2020 ao golear, em a Áustria, que bateu em casa a selec- dial Croácia bateu a Hungria por 3-0
sua casa, a eternamente fraca selec- ção de Israel por 3-1. Quem ganhou e continua bem colocada para che-
ção de São Marino por 9-0 na sétima pontos nesta jornada foi a Macedó- gar ao apuramento directo.
jornada do Grupo I de qualiÆcação. nia do Norte, que, com o sportin-
Com este triunfo, o sétimo em outros guista Ristovski a titular, bateu a mvaza@publico.pt
tantos jogos, os “diabos vermelhos”
garantiram um dos dois primeiros
lugares do agrupamento, passando CLASSIFICAÇÕES
a somar 21 pontos. No mesmo gru-
GRUPO C GRUPO E
po, a Rússia também se colocou bem
próxima da qualiÆcação, com uma Jornada Jornada
Bielorrúsia-Estónia 0-0 Eslováquia-País de Gales 1-1
boa vitória por 4-0 sobre a Escócia. Holanda-Irlanda do Norte 3-1 Croácia-Hungria 3-0
No Estádio Rei Balduíno, em Bru-
xelas, São Marino aguentou 28 minu- J V E D G P J V E D G P
Holanda 5 4 0 1 17-6 12 Croácia 6 4 1 1 13-5 13
tos até sofrer o primeiro golo, com
Alemanha 5 4 0 1 17-6 12 Eslováquia 6 3 1 2 10-8 10
Lukaku a fazer o seu primeiro da Irlanda do Norte 6 4 0 2 8-7 12 Hungria 6 3 0 3 7-9 9
noite. Depois, como gosta de dizer Bielorrússia 6 1 1 4 3-10 4 País de Gales 5 2 1 2 5-5 7
Cristiano Ronaldo, os golos belgas Estónia 6 0 1 5 2-18 1 Azerbaijão 5 0 1 4 5-13 1
foram como o “ketchup”, não para-
ram. Chadli (31’), Brolli (35’, na pró-
GRUPO G GRUPO I
pria baliza), Lukaku (41’), Alderwield
Jornada Jornada
(43’) e Tielemans (45’) deram expres- Letónia-Polónia 0-3 Cazaquistão-Chipre 1-2
são à goleada na primeira parte, por Macedónia do Norte-Eslovénia 2-1 Rússia-Escócia 4-0
contraste com a segunda, quando Áustria-Israel 3-1 Bélgica-São Marino 9-0

“apenas” Benteke (79’), Verschaeren J V E D G P J V E D G P

Polónia 7 5 1 1 11-2 16 Bélgica 7 7 0 0 28-1 21
(84’) e Castagne (90’) Æzeram fun-
Áustria 7 4 1 2 16-7 13 Rússia 7 6 0 1 22-4 18
cionar o marcador. Macedónia do Norte 7 3 2 2 10-9 11 Chipre 7 3 1 3 13-7 10
Esteve quase a acontecer uma sur- Eslovénia 7 3 2 2 13-7 11 Cazaquistão 7 2 1 4 9-11 7
presa em Roterdão, onde a Holanda Israel 7 2 2 3 12-14 8 Escócia 7 2 0 5 5-17 6
Letónia 7 0 0 7 1-24 0 São Marino 7 0 0 7 0-37 0
por pouco não conseguia derrotar a
Irlanda do Norte. Mas a formação de FRANCOIS LENOIR/REUTERS
Ronald Koeman conseguiu resgatar
a vitória por 3-1 já no tempo de com-
pensação. Magennis ainda colocou
os irlandeses em vantagem aos 75’,
mas Memphis Depay empatou aos
81’. Depois, Frenkie de Jong marcou
o golo da reviravolta já para lá dos
90’ e Depay conÆrmou o triunfo
“laranja”. Com esta vitória, a Holan-
da passa a somar 12 pontos, num
Grupo C que está completamente
em aberto, já que Alemanha e Irlan-
da do Norte também têm 12 pon-
tos.
Também equilibrado continua o
Grupo G, onde, com sete jornadas
disputadas, ainda há cinco candida-
tos aos dois lugares de apuramento
directo. Para já, a vantagem neste Lukaku festeja um dos seus dois golos na goleada da Bélgica
50 • Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
DESPORTO
FC Porto regressou
aos lucros
na última época
Finanças do desporto
Miguel Dantas
e Victor Ferreira
“Dragões” registaram lucro
de 9,5 milhões de euros.
Prémios da UEFA, de quase
81 milhões, foram decisivos
para contas positivas
Depois de um prejuízo de 28 milhões
de euros em 2017-18, o FC Porto vol-
tou aos lucros: no exercício Ænan-
ceiro relativo à temporada 2018-19,
os “dragões” registaram um lucro
de 9,5 milhões de euros. As contas
foram apresentadas, ontem, no
Estádio do Dragão, pelo administra-
dor da SAD portista para a área
Ænanceira, Fernando Gomes, que
relembrou as imposições do fair
play Ænanceiro da UEFA. “A situação
actual é confortável”, começou por
dizer Fernando Gomes, deixando a
garantia de que os “dragões” cum-
priram sempre o que negociaram
com a entidade que gere o futebol
europeu.
Apesar das restrições Ænanceiras,
foi precisamente a UEFA a maior
fonte de receitas do FC Porto: em
2018-19, os portistas arrecadaram
quase 81 milhões de euros na Liga
dos Campeões, fruto da boa fase de
grupos (cinco vitórias e um empate)
e da passagem aos quartos-de-Ænal
da prova. As receitas dos direitos de
transmissão televisiva também
registaram uma subida: o contrato
assinado em 2015 com a Meo, ava-
liado em 457,5 milhões de euros e
válido por dez anos, começou a ser
contabilizado nas contas do clube,
e os “dragões” registaram aproxi-
madamente 43 milhões de euros de
receita nesta alínea, face aos 23
milhões do anterior exercício.
No capítulo das despesas, os cus-
tos com o pessoal sofreram o maior
aumento, subindo de 78,9 para 91,6
milhões de euros. Fernando Gomes
deu três justiÆcações para este
acréscimo: as rescisões de alguns
contratos com os jogadores que
implicaram indemnizações; a actua-
lização dos salários do plantel e
equipa técnica pela conquista do
campeonato na época 2017-18; e,
por último, os prémios atribuídos
ao plantel pela passagem aos “oita-
vos” da Liga dos Campeões na épo-
ca transacta.
Pinto da Costa viu o FCPorto sair do “vermelho” na época passada
A verdade é que o
Sporting está a ter
alguns apoios que
não são permitidos
a outros clubes
Fernando Gomes
Administrador da SAD
do FC Porto
A FC Porto SAD é, em relação a
2017-18, uma empresa menos valio-
sa (redução do activo total líquido
em 52 milhões), mas também está
menos endividada, num ano em que
contraiu um empréstimo obrigacio-
nista de 35 milhões. Mesmo assim,
os portistas reduziram o passivo em
56 milhões, cortando na dívida de
outro empréstimo obrigacionista e
no passivo não corrente. A dívida
total situa-se agora em 408 milhões
de euros. O capital próprio continua
a ser negativo (34,8 milhões).
Obrigatório vender
A eliminação precoce do FC Porto
da Liga dos Campeões na presente
temporada será um desaÆo Ænan-
ceiro para o futuro próximo. Fer-
nando Gomes admite que até ao
Ænal da época desportiva o clube
terá de vender jogadores. “Se temos
de fazer mais-valias com a transfe-
rência de jogadores no Ænal da épo-
ca? Sim”, disse o administrador.
RODRIGO ANTUNES/LUSA
Dadas as regras do fair play Ænan-
ceiro da UEFA, a SAD não pode vol-
tar aos prejuízos. Mesmo com essa
particularidade, Fernando Gomes
assegura que o objectivo máximo
passa por garantir o sucesso despor-
tivo da equipa. “Teria sido muito
fácil, em épocas anteriores, melho-
rar substancialmente os resultados
Ænanceiros, se tivéssemos posto em
causa a competitiva da equipa. O
objectivo fundamental da SAD e do
presidente é ter uma equipa que
permita ter sucesso desportivo”,
prosseguiu.
Sem as receitas da Champions, os
responsáveis estimam que o clube
terá de encaixar 65 milhões em ven-
das de jogadores, algo que não terá
necessariamente de acontecer já no
próximo mercado de transferências.
“Em 27 edições da Liga dos Cam-
peões desde 1992-93, o FC Porto só
não participou em quatro. É um
constrangimento acrescido de que
não estávamos à espera, posso
admitir. Não há nenhuma pressão
em resolver o que quer que seja em
Janeiro, só a 30 de Junho. Vamos ter
esta situação perfeitamente acaute-
lada”, acrescentou Fernando
Gomes.
O administrador portista comen-
tou ainda a reestruturação Ænancei-
ra anunciada pelo Sporting, deixan-
do no ar a ideia de que os “leões”
estavam a ser favorecidos: “A verda-
de é que o Sporting está a ter alguns
apoios que não são permitidos a
outros clubes.”
miguel.dantas@publico.pt
voferreira@publico.pt
Trunfo de Frederico
Varandas para a AG
do Sporting foi o acordo
de reestruturação financeira
Finanças do desporto
David Andrade
Direcção “leonina”
anunciou entendimento
com bancos na véspera
de assembleia geral onde
eram esperadas críticas
Foi numa assembleia geral (AG) com
início marcado para as 20h de ontem
e que ainda decorria à hora de fecho
deste jornal, no Pavilhão João Rocha,
em Lisboa, que os sócios do Sporting
deram (ou não) o seu aval ao Relató-
rio e Contas do clube relativo ao exer-
cício de 2018-19 (cerca de 140 mil
euros positivos). Uma reunião magna
que tinha essa votação como único
ponto da ordem de trabalhos mas
que era, igualmente, uma excelente
ocasião para os críticos à presidência
de Frederico Varandas fazerem ouvir
a sua voz. Quanto ao líder sportin-
guista, tentou “blindar” a AG anun-
ciando algumas linhas da reestrutu-
ração Ænanceira da Sociedade Anó-
nima Desportiva (SAD).
Em comunicado enviado à Comis-
são do Mercado de Valores Mobiliá-
rios (CMVM), a SAD “leonina” revelou
que no âmbito de um acordo com os
bancos Millennium BCP e Novo Ban-
co, “o Grupo Sporting procedeu à
regularização de todas as obrigações
pecuniárias vencidas, encontrando-
se assim em cumprimento perante os
bancos”.
No documento enviado à CMVM, é
adiantado que o acordo com a banca
inclui a opção de compra dos Valores
Mobiliários Obrigatoriamente Con-
O Sporting de Frederico Varandas obteve um saldo positivo
vertíveis (VMOC), tendo sido Æxado
um preço unitário de 0,30 euros. Por
outro lado, os “leões” terão mais
dinheiro para investir em jogadores,
já que terá sido acordada a “redução
da percentagem de afectação de fun-
dos do ‘Excesso de venda de passes
de jogadores’ de 50% para 30%, na
proporção de 15% ao reembolso ante-
cipado obrigatório e 15% ao reforço
das contas reserva”.
Na prática, segundo Francisco Sal-
gado Zenha, vice-presidente do Spor-
ting, com este acordo “está tudo
sanado com os bancos.” Aos jornalis-
tas, o dirigente disse que “houve uma
renegociação dos termos do acordo
original de reestruturação Ænanceira”
e que os “leões” procuraram “melho-
rar as condições existentes”. “Conse-
guimos sanar dívidas por regularizar
e resolver estes temas que vinham de
trás”, realçou, lembrando ainda que
a negociação tinha sido iniciada pela
anterior direcção, excluindo “a parte
da regularização da dívida” que,
segundo ele, “foi fundamental para
se conseguir o acordo”.
O vice-presidente do Sporting
garantiu que, a partir de agora, o clu-
be de Alvalade terá “a possibilidade
de ir comprando os VMOC gradual-
mente”, o que acontecerá “dentro das
possibilidades” dos “leões”.
O dirigente foi, contudo, cautelo-
so no que diz respeito ao futuro do
clube: “Este acordo é muito impor-
tante para a saúde Ænanceira do
Sporting; no entanto, o Sporting
está muito longe ainda de estar
numa situação de total estabilida-
de.”
dandrade@publico.pt
RODRIGO ANTUNES/LUSA

Jogos com História
O primeiro
de Cristiano Ronaldo
Futebol internacional
Luís Francisco
Quando é que Cristiano
Ronaldo irá ultrapassar Ali
Daei e tornar-se o melhor
marcador de sempre em
jogos de selecção?
O povo diz que o raio nunca cai duas
vezes no mesmo lugar. Mas, infeliz-
mente, o povo nem sempre tem razão,
como o podem comprovar as histórias
de Roy Cleveland Sullivan e da selecção
portuguesa no Euro 2004. Sullivan,
garante o Livro Guinness dos Recor-
des, foi atingido por raios, não uma,
não duas, mas sete vezes! E sobreviveu
para contar a sua electrizante história.
A selecção portuguesa de futebol tam-
bém sobreviveu à sua tragédia grega
de 2004 e, 12 anos depois, haveria de
conquistar, em Paris, uma doce vin-
gança sobre o destino.
Campeã europeia contra tudo e
contra todos, a equipa de Fernando
Santos entra hoje em campo para con-
tinuar a pavimentar o caminho do
apuramento para o próximo Euro,
defrontando o Luxemburgo no Está-
dio José Alvalade. É mais uma oportu-
nidade, também, para Cristiano
Ronaldo se aproximar de um dos últi-
mos recordes que lhe faltam bater.
Com 93 golos de quinas ao peito, o
capitão da selecção portuguesa está a
apenas 16 do recorde mundial do ira-
niano Ali Daei, que facturou por 109
vezes para o Irão entre 1993 e 2006.
CR7 está também a apenas dois golos
da incrível barreira dos 700, mas isso
são contas de outro rosário…
A veia goleadora de Cristiano pela
selecção começou ali bem perto de
Alvalade, na outra margem da Segun-
da Circular. A 12 de Junho de 2004, no
jogo inaugural da fase Ænal do Euro,
o jovem de 19 anos que já encantava
Manchester entrou para a segunda
parte, substituindo Simão Sabrosa. A
Grécia ganhava por 1-0, golo de Kara-
gounis aos 7’, e ampliou a vantagem
aos 51’, por Basinas. O melhor que a
selecção comandada por Luiz Felipe
Scolari conseguiu foi reduzir a dife-
rença, aos 90+3’, com uma cabeçada
fulgurante de Ronaldo.
Foi o seu primeiro golo pela selec-
ção, seguido, a 30 de Junho, pelo
segundo, no triunfo frente à Holanda,
nas meias-Ænais ganhas por 2-1, com
golos de Ronaldo (28’), o famoso gola-
Ronaldo no seu jogo de estreia na selecção portuguesa em 2004
ço de Maniche (58’) que a televisão
quase não apanhou e um autogolo de
Jorge Andrade (63’). Por esta altura já
era titular, embora nesse jogo tenha
saído aos 67’, para entrar Petit. Pelo
meio, voltara a sair do banco, aos 78’,
substituindo Figo, frente à Rússia (2-0,
golos de Maniche e Rui Costa). Depois
jogou de início frente a Espanha (saiu
aos 85’ para dar lugar a Fernando
Couto), no jogo decidido com o golo
solitário de Nuno Gomes; e fez o tem-
po todo com a Inglaterra (2-2, golos
portugueses de Postiga e Rui Costa,
triunfo nos penáltis). Na Ænal, voltou
a estar em campo até ao último
momento e a UEFA acabou por o
incluir na lista dos melhores avança-
dos do Europeu.
O caminho da lenda
Foi nesse jogo da Ænal, a 4 de Julho,
que o relâmpago caiu pela segunda
vez. Se no jogo inaugural os portugue-
ses tinham dominado (15 remates
contra 7, 10-3 em cantos), a Ænal foi
um autêntico massacre aritmético.
Em cantos, registou-se uma goleada
de 10-1. A Grécia só rematou quatro
vezes, mas na única em que a bola foi
à baliza aconteceu o golo, por Charis-
teas (57’), enquanto os portugueses
tentaram alvejar as balizas de Niko-
polidis em 16 ocasiões. Só cinco das
tentativas acertaram no alvo, mas o
guarda-redes grego levou a melhor.
Daí para cá, é o que se conhece. O
então número 17 de Portugal tornou-se
o número 7 do Manchester e do Real
Madrid (onde ainda chegou a ser o 10,
“tapado” pela lenda Raul quando che-
gou à capital espanhola), o extremo
rapidíssimo e desconcertante trans-
NELSON GARRIDO
formou-se numa máquina de marcar
golos, a selecção portuguesa acabou
por chegar, Ænalmente, ao grande títu-
lo internacional que outras gerações
já antes tinham feito por merecer. CR7
é hoje uma das marcas mais fortes do
futebol planetário, arrastando consigo
a popularidade da equipa das quinas.
No país e no mundo.
Com 93 golos pela selecção, Ronal-
do persegue agora o recorde de Ali
Daei, o avançado que jogou muitos
anos na Bundesliga e martirizou as
defesas das equipas asiáticas que se
cruzavam com o Irão. Que não é a
mesma coisa, defendem alguns, por-
que a competitividade é diferente e
os golos de Cristiano valem mais no
contexto europeu. Que os golos do
número 7 português foram alcança-
dos beneÆciando da pulverização do
mapa da Europa, que aumentou o
número de jogos e deu origem a mui-
tas nações de evidente fragilidade
futebolística, contra-atacam outros.
Esqueçamos os pontos de vista.
Números são números e é com eles
que Cristiano Ronaldo se motiva. Fal-
tam-lhe 13 golos para igualar um recor-
de do mundo. Só ele o pode bater.
Puskas fez 84, Pelé marcou 77, Messi
“só” tem 68… De quinas ao peito, já há
muito Æcaram para trás Pauleta (47) e
Eusébio (41). E tudo começou com um
golpe de cabeça na sequência de um
canto apontado por Figo. Passou-lhe
a bola e o testemunho.
Jornalista
Jogos com História
é uma rubrica publicada
de 15 em 15 em dias
Público • Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019 • 51
Breves
Râguebi
Tufão Hagibis obriga
a cancelar dois jogos
do Mundial
A World Rugby anunciou
ontem que os jogos
Inglaterra-França e Nova
Zelândia-Itália, partidas da
última jornada da fase de
grupos do Mundial de râguebi
e que se deveriam realizar
amanhã, foram canceladas
devido à passagem do tufão
Hagibis pelo Japão, neste
fim-de-semana. Uma decisão
sobre os jogos agendados
para domingo será tomada
mais tarde.
Futsal
Sporting e Benfica
seguem em frente
na Champions
O Sporting e o Benfica
garantiram, ontem, a
passagem à Ronda de Elite da
Liga dos Campeões de futsal
ao derrotarem os seus
adversários na segunda
jornada da fase de grupos da
competição. Os “leões”
golearam o Ekonomac por
12-1, na Sérvia, enquanto os
“encarnados” também
golearam, ainda que por
números menos expressivos,
o Araz por 7-0.
Ginástica
Mais um título
mundial para
Simone Biles
Simone Biles continua a fazer
história na ginástica artística.
Ontem, em Estugarda, a
norte-americana conquistou o
seu 16.º título mundial, ao
vencer a prova de “All-Around”
nos Mundiais. Foi o segundo
ouro para Biles nesta
competição, depois do triunfo
colectivo. No fim-de-semana,
Biles participará ainda nas
finais dos quatro aparelhos.
DESPORTO
Oito do top-13
chegam
aos “quartos”
de Xangai
Ténis
Pedro Keul
Situação é inédita
no torneio chinês e só tinha
acontecido uma outra vez
esta temporada em torneios
da mesma categoria
Novak Djokovic, Roger Federer,
Daniil Medvedev, Dominic Thiem,
Alexander Zverev, Stefanos Tsitsipas,
Fabio Fognini e Matteo Berrettini
formam o elenco de luxo para os
quartos-de-Ænal do Rolex Shanghai
Masters. Pela primeira vez na histó-
ria do torneio chinês (desde 2009),
os oito quarto-Ænalistas são cabeças
de série e, na história dos Masters
1000 de 2019, só tinha acontecido
uma vez, no Canadá.
Djokovic somou nove ases e perdeu
somente oito pontos em 11 jogos de
serviço para vencer John Isner (17.º),
por 7-5, 6-3. O líder do ranking vai
agora decidir um lugar nas meias-Æ#
nais com Tsitsipas (7.º) que, bateu
Hubert Hurkacz (34.º), por 7-5, 3-6 e
7-6 (7/5).
Federer (3.º) salvou cinco set-points
na partida inicial, antes de ultrapassar
David Goên (14.º), por 7-6 (9/7), 6-4,
indo agora defrontar Zverev.
Medvedev somou a 56:ª vitória
em 2019 e 26.ª nos últimos seis tor-
neios, ao impor-se, por 7-6 (9/7), 7-5,
ao canadiano Vasek Pospisil (248.º),
Nos “quartos”, vai encontrar Fogni-
ni.
Pelo quarto ano consecutivo, Domi-
nic Thiem (5.º) chega às 40 vitórias
na mesma época, depois de derrotar
Nikoloz Basilashvili (26.º), por 6-3,
6-4.
Os italianos Fognini (12.º) e Ber-
rettini (13.º) obtiveram em Xangai
vitórias importantes para o seu
objectivo de se qualiÆcarem para as
ATP Finals, que se realizam entre 10
e 17 de Novembro e ainda têm três
lugares vagos. Berrettini, futuro
adversário de Thiem, venceu Rober-
to Bautista Agut (10.º), por 7-6 (7/5),
6-4, e avançou para a nona posição
na Corrida para Londres, atrás de
Zverev, que eliminou Andrey Rublev
(33.º), por 6-0, 7-6 (7/4). Fognini afas-
tou Karen Khachanov (9.º), por 6-3,
7-5, e ocupa o 11.º lugar, atrás de
Goên.
pkeul@publico.pt
Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019

Ensino superior Energia

Obrigações verdes, um
Quase instrumento para financiar
8000 bolsas a descarbonização
Economia, 30/31
de estudo
já estão Futebol
Selecção defronta um
a ser pagas a Luxemburgo que já não
universitários é de goleadas
Sociedade, 18/19 Desporto, 48/49

CONSOANTE MUDA

Os populistas não são o povo

(de maneira diferente do ponto de pertencente a ambas as vozes que dentro do próprio PSD
vista do direito internacional, mas organizações, é capaz de não então se levantou contra o
na prática equivalente) dentro do escapar à regra, agora ou no futuro). candidato fascistoide e o apoio que
mercado único da UE. No entanto, se alguém quiser o seu partido lhe estava a dar.
Como aconteceu isto? Os desmascarar estes impostores, o Trata-se de Teresa Leal Coelho,
defensores do “Brexit” dizem que é mais certo é que seja atacado por então candidata em Lisboa. Tivesse
Rui Tavares

S
e tudo decorrer como
previsto, Boris Johnson irá
hoje a Bruxelas com um
mandato restringido pelo
Parlamento britânico: ou
arranja um acordo para sair
da União Europeia, ou é obrigado a
pedir novo adiamento do “Brexit”.
Uma saída da UE sem acordo é
agora inválida na ordem legal do
Reino Unido.
O problema é que nos anos que
decorreram desde o referendo de
saída da UE, os líderes eurocéticos
britânicos redeÆniram o “Brexit”
como só podendo querer dizer uma
saída sem acordo, não só da UE,
como do seu mercado interno e
união aduaneira. Não foi assim,
porém, que o “Brexit” foi vendido
ao povo. Em 2016, o próprio Boris
Johnson dizia que votaria a favor de
Æcar no mercado único da UE e até
Nigel Farage dava como exemplos
de um futuro fora da UE países
“a vontade do povo”. Uma
comentadora britânica tem uma
opinião diferente: a redeÆnição do
signiÆcado do “Brexit “aconteceu
“porque é o que querem aqueles
que meteram milhares de milhões
na queda da libra esterlina e que o
apoiam [ao primeiro-ministro
britânico]”. Quem assim fala é nem
mais nem menos do que a própria
irmã de Boris Johnson, Rachel
Johnson, e deve saber do que fala,
pois um outro irmão de ambos,
Max Johnson, especulador em
Hong Kong, já declarou estar
pronto para fazer uma fortuna com
uma saída sem acordo.
Assim são estes populistas: com a
boca cheia de “povo” e com a
cabeça cheia dos interesses dos seus
padrinhos multimilionários. Assim
é o italiano Salvini, o austríaco
Strache, a francesa Le Pen, e todos
os outros que já se comprovou
receberem milhões de Putin
(sempre interessado em comprar
políticos em Estados-membros da
“insultar o povo” que votou neles. havido no PSD mais gente com a
O argumento é obviamente coerência de princípios dela e o
pedestre, mas merece ser partido não teria esta mancha no
desmontado. Se desmascararmos seu passado agora que a criatura
um vigarista, não estamos a insultar que apoiaram chega à Assembleia
quem foi vigarizado. Da mesma da República. Teresa Leal Coelho
forma, os populistas não são o não foi muito bem tratada nessa
povo. Escondem-se atrás do povo. campanha, nem depois dela. Mas
Usam o povo. Mas não querem sai honrada pela atitude clara que
saber do povo para nada. E quem se então tomou, e faço questão de o
opõe a estas personagens tóxicas deixar relembrado, porque a
para a democracia tem todo o barricada que importa aqui não
direito a dizer a verdade sobre elas. está entre a esquerda e à direita,
A terminar, uma nota da mais mas entre aqueles que defendem a
elementar justiça. Na minha democracia, o Estado de direito e
crónica de quarta-feira mencionei o os direitos fundamentais, e aqueles
CDS de Assunção Cristas como que esses valores querem
tendo estado bem quando se subverter. Do lado do Estado de
retirou de uma coligação com o direito democrático vamos precisar
PSD em Loures ao ver que o de muita gente de famílias políticas
candidato escolhido — e diferentes. E é tão decisivo
Os populistas reiteradamente apoiado por Pedro responsabilizar os que falharem a
Passos Coelho — revelava uma esta luta decisiva como honrar os
escondem-se atrás do propensão obsessivo-oportunista que souberam ter a coragem das
povo. Usam o povo. por fazer declarações racistas, escolhas difíceis, para mais dentro
Mas não querem saber xenófobas ou contra o Estado de
direito. Mas não mencionei — e
do seu próprio partido.

como a Noruega ou a Suíça, ambos UE ou da NATO — e Portugal, do povo para nada deveria tê-lo feito — uma das poucas Historiador, militante do Livre

Por motivos pessoais, o Bartoon de Luís Afonso não será publicado nas próximas semanas

Esta informação não dispensa a

consulta da lista oficial de prémios Lotaria popular 6 9 9 7 9 1.º Prémio
50.000€
Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail publico@publico.
BFF2D734-A921-48B6-BA67-B33EF2D7D983
pt Estatuto Editorial publico.pt/nos/estatuto-editorial Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção
210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Rua Júlio Dinis, n.º270, Bloco A, 3.º, 4050-318 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição
226151011 Madeira Telef.: 963388260 e/ou 291639102 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €4.050.000,00. Detentor de
100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes
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