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E CIDADANIA
UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES
14
EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL
Chefe de Gabinete
Mariléa Nunes Vianna
Autoria Realização
SECRETARIA DE
ESTADO DA EDUCAÇÃO
Coleção Educação e Cidadania, módulo 14
Material produzido no âmbito do projeto
Elaboração e Implementação de Proposta Pedagógica para Adolescentes em
Situação de Conflito com a Lei, desenvolvido pelo CENPEC para
a FEBEM/SP – Fundação para o Bem-Estar do Menor do Estado de São Paulo e
SEE/SP - Secretaria de Estado da Educação
Diretora presidente
Maria Alice Setubal
Coordenação geral
Maria do Carmo Brant de Carvalho
CDD-370.11
Introdução 6
Referências bibliográficas 25
Sugestões para o acervo da Unidade 25
Fichas 27
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
6
INTRODUÇÃO os sons, as imagens, a disposição gráfica, não
apenas uma vez, mas inúmeras vezes e, a cada
Quem lê vai em frente, uma delas, buscando novas descobertas.
quem escreve vai também. Certamente, a observação mais atenta desses
O poeta segue contente recursos trará aos jovens uma compreensão
quando dirige esse trem. maior da linguagem poética e lhes dará
Fernando Paixão condições para que ensaiem seus próprios
passos em poesia.
A poesia, quase sempre, está presente em Nas atividades que se seguem, os alunos
nossas vidas: nas canções com que as mães produzirão poemas, tendo como estímulo obras
nos embalaram; nas falas, questionamentos e diversas, produzidas por autores consagrados
descobertas das crianças; nas cantigas de roda; ou por jovens como eles. É a partir deles que
nas parlendas; nos trava-línguas; nas adivinhas; se desenvolvem as oficinas, cujos
nas páginas de um diário de adolescência; nas encaminhamentos buscam fazer com que os
frases de amor, de dor ou de consolo que participantes se apropriem dos recursos e
trocamos; nas músicas que ouvimos no rádio e estilos apresentados. Contudo, se algum dos
cantarolamos sem atinar por quê... Isso jovens preferir, poderá optar por criar
acontece porque, nessas situações, as palavras livremente seus poemas, sem se prender às
têm uma força e um sentido incomuns – elas orientações dadas. Nesse caso, é importante
são empregadas com base em seu poder lúdico, que você respeite e valorize essa opção, pois
sugestivo, emocional. os resultados podem ser muito interessantes.
Ao final de cada oficina, não se esqueça de
Para muitos de nós – e especialmente para o
encaminhar a troca de poemas para leitura
poeta Carlos Drummond de Andrade –, essa
silenciosa e oral, motivar para um trabalho de
poesia tão inerente à infância vai-se perdendo
ilustração (quando desejarem) e garantir a
com o passar dos anos e muitos culpam a
revisão dos textos.
escola por essa perda. Acreditamos, porém,
que a aproximação com a poesia pode
acontecer concretamente em qualquer espaço, Quem lê ou escreve poemas lida com sentidos
desde que se conviva com autores e estilos, novos e incomuns das palavras e expressões. Por
reavivando continuamente a capacidade de isso, em todas as atividades é importante ter alguns
olhar e ver – a essência reveladora da poesia – dicionários disponíveis para consulta.
ver as coisas com olhos de primeira vez. A ficha “zero” desta e de outras oficinas traz
Assim, o objetivo destas oficinas é a orientações para o uso do dicionário, bem como
aproximação dos jovens com a linguagem para o trabalho em grupo.
poética, no sentido de se familiarizarem com a
poesia, para que tenham prazer em ler e ouvir Todos os textos produzidos devem ter um leitor
poemas e, sobretudo, para que se sintam real. Para isso, têm de ser expostos na própria
motivados a expor suas emoções através dos sala onde acontecem as oficinas ou divulgados
recursos tão expressivos da linguagem poética. em mural, painel ou jornal. E, sempre que
Selecionamos poemas de autores e estilos possível, reunidos em coletâneas manuscritas
diversos; alguns se destinam apenas à leitura e ou impressas (via computador) e até mesmo
apreciação pelos alunos; outros servirão ilustradas, acessíveis a todos.
também de base para atividades. É importante explicar isso ao grupo antes do
Apostamos em você, professor, como mediador início de cada oficina, pois essa informação
sensível, capaz de intensificar o contato dos pode tanto motivar a participação dos jovens
alunos com a poesia, orientando-os no sentido quanto garantir a preservação dos textos que
de ler e ouvir cada poema, saboreando o ritmo, produzirem.
OFICINAS DE POESIA
Recursos poéticos
elementos aparentemente distantes: “O meu
amor, o meu amor, Maria / É como um fio
O objetivo destas oficinas é sensibilizar os telegráfico”. Note que o autor utilizou a palavra
meninos e meninas para a poesia, de modo que como para criar uma relação de semelhança
possam saboreá-las e, em suas tentativas entre amor e fio telegráfico. Poderia ter
poéticas, expressar de forma natural sentimentos utilizado outras palavras como parece, lembra
e emoções. Portanto, não se propõe de maneira etc. O sentido dessa comparação entre os dois
alguma que estudem rimas, comparação, elementos constrói-se e ganha lógica ao longo
metáfora, personificação, paralelismo ou do poema.
outros recursos utilizados pelos poetas para
Passemos ao poema Família desencontrada,
dar maior expressividade ao poema. Contudo,
também de Mário Quintana.
como os poemas que irão ler estão repletos
desses recursos, consideramos interessante Família desencontrada
O Verão é um senhor gordo, sentado na
exemplificar aqui alguns deles, para que você
varanda,
tenha elementos que lhe permitam comentá-los,
suando em bica e reclamando cerveja.
caso haja necessidade em alguma das oficinas.
Inicialmente vamos falar de rima
rima, isto é, da O Outono é um tio solteirão que mora lá em
combinação dos sons finais de cada verso. É cima no sótão
um recurso da poesia tradicional, mas ainda e a toda hora protesta aos gritos:
usado por poetas modernos, que às vezes o “Que barulho é esse na escada?!”
utilizam e às vezes não. Veja um exemplo de O Inverno é o vovozinho trêmulo, com a boina
Manuel Bandeira: enterrada até os olhos,
a manta enrolada nos queixos e
Trova sempre resmungando: “Eu não gosto deste
Atirei um limão doce agosto, eu não gosto deste agosto...”
Na janela do meu bem:
A Primavera, em contrapartida
Quando as mulheres não amam,
– é ela quem salva a honra da família! –,
Que sono as mulheres têm!
é uma menininha pulando corda cabelos ao
Outro recurso pode ser observado nos dois vento
primeiros versos do Poeminha sentimental de pulando e cantando debaixo da chuva
Mário Quintana: curtindo o frescor da chuva que desce do céu
o cheiro da terra que sobe do chão
Poeminha sentimental o tapa do vento na cara molhada!
O meu amor, o meu amor, Maria Oh! a alegria do vento desgrenhando as
É como um fio telegráfico da estrada árvores
Aonde vêm pousar as andorinhas... revirando os pobres guarda-chuvas
De vez em quando chega uma erguendo saias!
E canta A alegria da chuva a cantar nas vidraças
OFICINAS DE POESIA
não-alfabetizados
permitir, fazer suspense, desafiá-los a
adivinhar o que virá depois;
Provavelmente você terá na sala jovens com
escrever na lousa o título do poema ou um
diferentes experiências em leitura e escrita;
ou mais versos;
muitos sequer conhecerão as letras e o que a
de vez em quando, pedir que reproduzam o
escrita representa. Mas isso não deve ser
que você tiver lido, por meio de desenho ou
impedimento para sua participação nas
escrita, como souberem;
atividades propostas nas oficinas. Ao contrário
– embora saibamos que o tempo de participação comentar poemas (ou outros textos) que
desses jovens em uma oficina não é suficiente você tenha lido e achado interessantes;
para fazer com eles um trabalho consistente de aproveitar o trabalho com os textos que
alfabetização –, é possível aproximá-los um permitem memorização (poesias, parlendas,
pouco mais do mundo da escrita. adivinhas) e incentivar os alunos que ainda
não lêem a fazer “leitura de memória” –
Participar das atividades propostas para as
sabendo o texto de cor, fazem de conta que
diversas oficinas e módulos e entrar em
estão lendo;
contato com diferentes tipos de texto escrito
permitem que o sujeito internalize as procurar ler o que os alunos rabiscam ou
diferentes formas de organização textual e tentam escrever, indagando o que queriam
descubra o que a escrita representa e como escrever e traduzindo para a escrita
se organiza. Quando você (ou um colega convencional, sem apagar o que o aluno fez
alfabetizado) lê para o aluno, ele também se (deixar as duas formas juntas);
torna leitor, porque atribui sentido ao texto sempre que possível, fazer produção coletiva
lido. Quando você (ou um colega alfabetizado) de textos: enquanto eles criam oralmente o
registra as idéias do aluno não-alfabetizado em texto, você vai escrevendo na lousa ou em
um texto coletivo, ele também é autor do texto. papel pardo; esses textos podem ser
copiados pelos alunos (ou reproduzidos por
À medida que participa dessas atividades, vai
via eletrônica, se houver equipamento
internalizando o discurso escrito, reconhecendo
disponível) para que possam colá-los em
letras, relacionando-as aos sons. Para que isso
folhas que vão integrar o portfólio, além de
ocorra, algumas vezes são precisos pequenos
ser organizadas em forma de coletânea.
ajustes nas propostas, mas sobretudo um
trabalho muito grande de cooperação. Por Elogie todas as tentativas que fizerem.
exemplo, um leitor mais experiente, professor Comemore com eles cada progresso, não
ou colega, ajuda o aprendiz a progredir na permita que se acomodem ou desistam.
leitura e na escrita dando-lhe seu testemunho Impulsione-os sempre para vôos maiores e faça
de leitura, apontando onde está lendo. Os menos com que sintam que você está com eles.
experientes podem ditar o que têm a dizer para
que outros escrevam, registrar como souberem Bom trabalho!
(inclusive por meio de desenho) e ter uma
participação oral mais ativa. O importante é que
as atividades permitam a inclusão de todos e
contribuam para a superação das dificuldades
de cada um. Além disso, você pode:
dispor materiais de leitura ao alcance de
todos;
OFICINAS DE POESIA
ATIVIDADE 11
E
OFICINA 1
POR FALAR EM 1a etapa
POESIA ...
Distribua as fichas 1A e 1B e convide-os a
conhecer um pouco mais poesia, lendo alguns dos
poemas selecionados aí reproduzidos. Proponha
que, num primeiro momento, manuseiem as fichas
1A e a frente da 1B, observem os títulos dos
Material necessário: fichas 1A e 1B; papel
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exemplo, felicidade, liberdade, paz, amor etc.). Em
POEMAS
OFICINA 2
duplas, eles registrarão em folhas de papel
(durante um período de 5 minutos, por exemplo) o
maior número possível de palavras ligadas ao tema
PARA CANTAR
escolhido e começadas com a mesma letra: a para
amor, p para paz, f para felicidade etc.
Material necessário: ficha 2; dicionários;
aparelho de som, CD contendo a canção
Lavagem cerebral de Gabriel o Pensador;
Esta é uma oportunidade para que os não- papel pardo e canetas; folhas de papel (ou
alfabetizados possam identificar e memorizar uma cadernos), lápis, borracha, caneta.
letra do alfabeto ou mesmo a escrita de algumas
palavras. Aquecimento
O objetivo desta oficina é trabalhar com a
ATIVIDADE
1a etapa
Leia com eles a letra – de preferência, ouvindo-a
primeiro. Em seguida, peça que procurem no
dicionário o significado das três palavras que
iniciam a letra da música, já que, embora tomadas
freqüentemente como sinônimas, têm significações
diferentes. Para auxiliá-lo, transcrevemos os
verbetes do Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa.
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UM
2. Julgamento ou opinião formada sem se levar OFICINA 3
ACRÓSTICO
em conta o fato que os conteste; prejuízo. 3.
PARA ...
Superstição, crendice; prejuízo. 4. Suspeita,
intolerância, ódio irracional ou aversão a outras
raças, credos, religiões etc.
Racismo. S.m. 1. Doutrina que sustenta a
superioridade de certas raças; 2. Qualidade, Material necessário: ficha 3; dicionários; papel
sentimento ou ato do indivíduo racista. pardo e canetas; folhas de papel (ou cadernos),
lápis, borracha, caneta.
Procure mostrar que a palavra preconceito é mais
abrangente do que racismo e a discriminação é
Aquecimento
decorrência de qualquer tipo de intolerância ou Pergunte aos jovens se sabem o que é um
preconceito. acróstico, se já leram ou produziram algum
poema, incentivando-os a expor suas opiniões a Distribua a ficha 3 e leia com eles os três
respeito. Que idéia ou frase foi mais significativa acrósticos apresentados, explicando que esse é
para eles? Por quê? Concordam totalmente ou em um tipo de poema (rimado ou não) em que se
parte com o autor? Por quê? Por que o autor deu homenageia uma pessoa (colocando seu nome
esse título a sua música? Sabem o que significa na vertical e tomando cada letra como início de
lavagem cerebral? Em que situação se usa essa um verso). O mais provável é que os versos
expressão? Aqui, nesta letra, ela tem um sentido (linhas do poema) contenham características
positivo ou negativo? dessa pessoa — adjetivos ou mesmo frases
Deixe que manifestem suas opiniões livremente e, sobre ela.
se houver posições contrárias, garanta o direito de
expressão e de opinião de cada um, mantendo um ATIVIDADE
clima de respeito. Se necessário, explique que a
expressão “lavagem cerebral” é usada quando 1a etapa
alguém procura colocar idéias na cabeça das Juntamente com o grupo, faça um levantamento de
pessoas, condicionando-as a agir sem pensar, características físicas e/ou psicológicas, positivas ou
portanto, alienando-as. No caso da letra de negativas, normalmente encontradas nas pessoas.
Gabriel, esse sentido é invertido, ganhando um Você pode organizar essa listagem na lousa já em
caráter positivo, na medida em que cada um é ordem alfabética, pedindo a eles que dêem duas a
responsável pela própria lavagem cerebral, isto é, três características começadas com a letra A (ex:
por limpar a cabeça dos preconceitos que amável, amigo, ansioso...), B, C etc. O grupo pode
recebemos como herança cultural. Assim, a registrar nos cadernos. Explique que elas poderão
expressão deixa de ser sinônimo de alienação e ser utilizadas na criação do/s acróstico/s que cada
passa a significar conscientização. um vai fazer. Lembre-os de que as características
indicadas não devem ser depreciativas (burro,
Fechamento
idiota etc.): às vezes, num acróstico é possível
Proponha que relatem o que é pedido no verso da utilizar características negativas que permitem
ficha e coletivamente montem um painel (em papel revelar como uma pessoa é, física ou
pardo) com frases significativas retiradas do texto, psicologicamente, sem que o resultado seja
que sirvam para conscientizar as pessoas sobre o ofensivo ou agressivo (o que, aliás, não caberia
desrespeito aos direitos humanos que constituem o num poema de homenagem a alguém).
preconceito e a discriminação, sobre a estupidez e
os perigos do racismo. 2a etapa
Para finalizar a atividade, sugira que cantem a Agora peça que escolham alguém conhecido
música. (artista, esportista) e que, coletivamente, produzam
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
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um acróstico com seu nome. Você será o escriba e
RECRIAÇÃO
OFICINA 4
anotará na lousa as sugestões do grupo. Deixe que
escolham democraticamente quais palavras ou
frases ficam melhor em cada verso. Ao terminar, a
DE
turma registra esse acróstico nas fichas. POEMA
3a etapa
Nesta etapa, você vai sugerir que cada jovem
Material necessário: ficha 4 (no verso da ficha
ATIVIDADE 15
A
OFICINA 5
1a etapa LINGUAGEM DA
A seguir, entregue a ficha 4 (ou, no caso dos que já
a tiverem, diga que tomem o verso da ficha 3) e POESIA
peça que leiam o Poema tirado de uma notícia de
jornal de Manuel Bandeira. Oriente-os a observar
que, apesar de o poema não ter rimas e dos versos
Material necessário: ficha 5; dicionários; cola;
idéias de um jeito poético. Mantendo as Esta oficina tem como finalidade incentivar os
características de uma notícia de jornal, ampliou a alunos a perceber a expressividade da poesia
história de João, mostrando suas condições de com sua linguagem metafórica, sugestiva,
trabalho e moradia, seu desabafo no Bar Vinte de aberta a múltiplas interpretações; a perceber
Novembro e a morte por afogamento – tudo isto os recursos expressivos da poesia que
denunciando a vida pobre e alegre, anônima e ao emocionam e inquietam o leitor, em confronto
mesmo tempo trágica do personagem. com o texto referencial, que pode ser de jornal,
história e outros.
2a etapa Sugerimos acompanhar duplas de textos
Em seguida, solicite a eles que pensem sobre tratando de um mesmo tema – um texto
pessoas com quem conviveram ou que imaginam poético e outro referencial – para observar
existir (coletor de lixo, padeiro, motorista de táxi como a linguagem da poesia trabalha os
etc.) e que tentem fazer o mesmo percurso do múltiplos sentidos das palavras, enquanto a
poeta, levantando as origens e as condições de vida linguagem não-poética limita-se ao significado
e, por fim, imaginando uma atitude repentina para usual dos termos.
o personagem escolhido.
Aquecimento
Os alunos poderão escrever primeiro uma notícia sobre
esse personagem e, depois, recriar o poema, retomando Converse com os jovens dizendo que nesta
a estrutura do texto lido, mas agora a partir de suas oficina vão comparar textos que trabalham
próprias idéias e reflexões. Se você perceber que a com linguagens diferentes. Um é o texto
classe vai encontrar dificuldade em desenvolver a poético, que se caracteriza pelo jogo de
atividade, faça coletivamente tanto a produção da palavras, e o outro, verbetes de dicionário,
notícia como a recriação do poema partindo de um que utiliza vocábulos no sentido preciso e
trabalhador escolhido pelos alunos, antes de objetivo.
propor a atividade individual do texto poético.
Durante a elaboração individual do rascunho na ATIVIDADE
ficha, passe orientando os alunos, dando sugestões
e tecendo comentários sobre o que produziram, de 1a etapa
modo que se sintam incentivados a prosseguir em De início, leia com eles, na ficha 5, o poema
suas tentativas poéticas. O constante diálogo de Carlos Drummond de
Andrade; compare-o com a definição da palavra
Fechamento diálogo dada pelo dicionário (a definição foi
Depois, devem trocar entre si as produções e ler transcrita na ficha para facilitar, mas você também
para a classe o que produziram. As notícias e os pode aproveitar o ensejo para “treinar” o uso de
poemas devem ser passados a limpo, ilustrados (se dicionários). Chame a atenção dos alunos para a
o desejarem) e expostos no mural ou painel, forma como a temática do diálogo está presente no
colados em folhas de jornal. Não se esqueça de poema e no verbete, mostrando como no dicionário
guardar os textos para compor a coletânea de as palavras são definidas de um jeito preciso,
poemas da oficina. objetivo.
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
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Em seguida, levante e compare com eles as
UM
OFICINA 6
diferenças entre os dois textos, destacando os
recursos que aparecem no poema: a disposição em
versos e estrofes, a repetição rítmica da palavra
CLASSIFICADO
diálogo, o fato de partir do mais geral (“Há muitos DIFERENTE
diálogos”) para o mais particular (“Escolhe teu
diálogo”). Mostre para os alunos que, se o verbete
apenas define com precisão os sentidos e as
Material necessário: ficha 6; dicionários; um
DESENHANDO
OFICINA 7
sentimentos ou objetos, transformados pelo caráter
poético do texto (como em “compro gavetas /para
guardar minha infância/minhas lembranças”).
Também há diferenças nos recursos lingüísticos e POEMAS
na organização gráfica dos textos, já que se trata,
agora, de poemas. Material necessário: ficha 7; papel pardo, cola;
3a etapa papel, lápis, lápis de cor, borracha, canetas
são indispensáveis.
grupo em quê esses poemas são diferentes.
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ave em vôo. No segundo, pode-se trabalhar com a
BRINCADEIRAS
OFICINA 8
palavra “salta” alongando o “l” e o “t” ou
deslocando as sílabas de forma a que “ta” fique
num plano superior a “sal”. E ainda, a palavra
E
“lado” pode ser concretamente deslocada para o RECRIAÇÃO
lado. Em Debussy, as expressões “Para cá, para
lá...” sugerem o movimento pendular do novelo
balançando-se; isso pode ser representado, por
Material necessário: ficha 8; cartolina,
2a etapa
guarde em um envelope.
Fechamento ATIVIDADE
Proponha, finalmente que montem um painel para
expor seus trabalhos, utilizando papel pardo ou 1a etapa
cartolina. As próprias folhas de papel onde Reunindo a classe, irão comparar o resultado de
desenharam podem ser dispostas de forma a criar seu trabalho, para perceber que é possível fazer
um efeito visual, por exemplo: a figura de um sol, diferentes combinações com os versos.
de uma flor, de um pássaro, formando a palavra
poesia etc. Afixem o painel em local visível, para Distribua em seguida a ficha 8, que traz a versão
que outras pessoas possam ler e apreciar o trabalho original dos poemas, para que as comparem com as
do grupo. suas. Estimule-os a dizer qual delas mais agradou
e se houve alteração de sentido. Valorize a
produção dos participantes, destacando aspectos
interessantes em relação ao original.
2a etapa
Proponha agora que, em folhas avulsas, recriem
um dos poemas, tomando como ponto de partida
OFICINAS DE POESIA
RIMAS
OFICINA 9
outro poema, acrescentar versos aos que o poeta
criou. Como de costume, os poemas devem ser
escritos na ficha e copiados em folhas avulsas.
E QUADRAS
Fechamento Material necessário: ficha 9 (verso da ficha 8);
As folhas com os poemas criados pelos jovens papel, lápis, borracha, caneta.
devem circular pelo grande grupo, antes de serem Aquecimento
expostas.
Peça aos participantes que se sentem em
semicírculo. Pergunte se sabem o que é rima
em poesia, peça que dêem exemplos. Se houver
dúvidas, esclareça. Diga que as rimas
aparecem principalmente nos finais dos versos
e dão maior sonoridade ao poema, pela
semelhança dos sons das palavras. Dê
exemplos você mesmo/a (café/chulé, pão/
irmão, dentadura/fechadura, entrar/cantar,
sorrir/pedir), estimulando-os a propor outros.
ATIVIDADE
1a etapa
Explique ao grupo que agora irão fazer o “jogo das
rimas”, um desafio em que você dirá uma palavra e
cada um, rapidamente, deverá dizer uma palavra
que rime com ela. Quando todos tiverem falado a
rima da primeira palavra, você passará à segunda e
assim sucessivamente. Não vale demorar na
resposta nem repetir o que alguém já disse. Quem
o fizer, fica fora do jogo. Comece, por exemplo,
com quadrado, sentia, mulher, amor, vazio,
tristeza, safanão, rapaz, abacaxi, e vá acrescentando
outras com terminação menos comum. Com
certeza, alguns participantes se atrapalharão e
acabarão saindo do jogo. Procure criar um clima
para que entendam isso como regra de uma
brincadeira, sem se sentirem desmerecidos pelo
fato. Quanto mais participantes saem, mais o jogo
se agiliza. Em função do tempo disponível, você
pode encerrar a brincadeira mesmo que restem
alguns jovens. Neste caso, parabenize-os por
“resistir” por mais tempo. Se sobrar apenas um
participante, sem dúvida você pode declará-lo o
“rei das rimas” do dia.
2a etapa
Agora, distribua a ficha 9 (ou peça que retomem o
verso da ficha 8, no caso dos que a tiverem) e
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
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PALAVRÃO
TRAVA-LÍNGUAS
NÃO VALE
OFICINA 10
& POESIA
Em qualquer situação, o educador não deve
encorajar o emprego de palavrões, especialmente
em sala de aula; e, caso seja falado algum, não deve
fazer alarde. Para evitar que, durante a brincadeira,
um dos jovens diga uma palavra de baixo calão para
rimar com aquela que você disse, lembre-os antes Material necessário: ficha 10; papel, lápis,
do jogo, estabelecendo como regra que palavrões borracha, caneta, canetas coloridas.
não valem.
Preparação
convide-os a continuar as quadrinhas ou trovas,
Decore um dos trava-línguas abaixo (ou outro
uma coletânea.
ótimo exercício para quem deseja falar em
público com desembaraço e correção.
OFICINAS DE POESIA
ATIVIDADE 21
POESIA
OFICINA 11
1a etapa FALADA
Distribua aos participantes a ficha 10 com trava-
línguas e diga que devem treinar, pois cada um Material necessário: ficha 11; aparelho de
será responsável pela apresentação de um deles. som, CD com música de fundo.
Deixe-os escolher livremente quem vai ler cada um
dos trava-línguas; ou, se preferir, pode sorteá-los Aquecimento
entre os participantes. Caso haja um número maior Inicie esta oficina conversando com os jovens
de alunos, dois podem falar o mesmo trava- sobre o jogral. Pergunte se sabem o que é e, se
línguas. necessário, explique que é uma forma de se
Combine um tempo para treinarem, combinando declamar um poema em grupo. Para fazê-lo,
também quantas chances o participante terá, se não divide-se o poema em versos ou blocos de
conseguir falar seu trava-línguas corretamente na versos, de acordo com o número de pessoas do
primeira tentativa. Feito isso, proponha que grupo, e cada um fica responsável por falar
iniciem as apresentações. esse trecho. Estrategicamente, para chamar a
2a etapa
atenção do ouvinte, alguns versos são falados
por todos, em conjunto. É essa alternância
Depois desse primeiro momento, convide-os a ler entre uma ou mais vozes falando que cria um
as Travatrovas de Ciça, no verso da ficha. Você belo efeito sonoro dando maior expressividade
pode solicitar que alguns dos participantes — por ao poema. Diga que esta não é uma atividade
exemplo, os que se saíram melhor na 1ª etapa — complicada, mas que exige ensaio e
leiam em voz alta os poemas. concentração para chegar a um bom resultado.
Em seguida, em duplas ou mesmo
Em seguida, distribua a ficha 11, que traz os
individualmente, os participantes deverão criar
poemas Tentação de Carlos Queiroz Telles e
novos trava-línguas ou travatrovas, registrando-os
Trem de ferro de Manuel Bandeira.
em suas fichas. Oriente-os, dando dicas. Por
exemplo: usar palavras que tenham encontros ATIVIDADE
consonantais seguidos de R ou L (br, bl, cr, cl, dr,
dl, fr, fl, gr, gl, pr, pl, tr, tl, vr, vl) ou palavras cujos 1a etapa
sons são parecidos, como S/X (Sasha, Xuxa), X/ Peça que leiam silenciosamente o texto inicial da
CH (chave/xarope) ou, ainda, alternar palavras ficha e o primeiro poema, Tentação, procurando
com R/RR (caro/carro) e S/SS (casa/passa). Vale perceber a pontuação e a entonação que deve ser
também inventar palavras como Ciça fez em dada a cada verso. Em seguida, você deve ler o
Caraca, girassarão. poema, em voz alta. Busque ser expressivo/a e dar
entonação correta aos versos, pois você estará
Fechamento
fornecendo um modelo de leitura aos jovens.
Os participantes podem ler para o grupo seu/s (Antes da oficina, é bom que você leia o poema
trava-línguas ou então trocá-los entre si, para uma várias vezes para obter maior fluência e encontrar a
leitura oral do que foi produzido. melhor forma de apresentá-lo ao grupo). A ficha já
Depois, a produção do grupo deve ser passada a traz uma divisão possível em vozes, mas cabe a
limpo para ser exposta. Se houver interesse em você fazer as adaptações necessárias, em função do
ilustrar os trava-línguas, os jovens poderão fazê-lo. número de participantes da oficina. Caso haja mais
jovens do que as vozes previstas na divisão do
poema, você pode sugerir que um ou mais trechos
sejam lidos por duplas, por exemplo. Caso
contrário, você pode fazer com que um ou mais
jovens falem mais de um verso. Em seguida,
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
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combine com eles a distribuição dos trechos do
POEMAS
OFICINA 12
poema.: quem lerá os versos numerados como voz
1, voz 2 etc.
AO VENTO
2 etapa
a
Feita a atribuição de vozes, peça que iniciem a Material necessário: ficha 12 (no verso da
leitura do poema. Se houver mais de um leitor por ficha 11); lápis, borracha, caneta, canetas
verso ou trecho, é bom que se sentem juntos, pois coloridas; tesoura, papel para dobraduras,
devem buscar ler em uníssono (um único som), palitos de sorvete e linha (para fazer móbiles).
mantendo a mesma intensidade e ritmo. Preparação
Não desanime se nas primeiras leituras houver Antes da realização desta oficina, leia a
vozes se desencontrando ou se um ou outro história do poeta que criou os haicais. Você vai
participante estiver distraído e demorar para falar contá-la para os participantes e, para manter o
seu verso. Incentive-os a não desanimar. O interesse deles, é necessário fazê-lo com
processo é assim mesmo. Somente após várias segurança, calma, explorando as entonações
repetições as vozes se “afinam”. Repasse com eles o de voz adequadas a cada momento da história.
jogral, até que o grupo esteja bastante afinado e
possa fazer uma apresentação definitiva do mesmo. A história de Bashô
Nesse momento, se houver condições, você pode Esta é a história de um homem que viveu há
colocar uma música escolhida previamente como mais de 300 anos num lugar distante conhecido
como o país do sol nascente. Naquela época, o
fundo.
Japão tinha um imperador e a sociedade se divi-
Fechamento dia, de forma muito rígida, em classes que não
se misturavam.
Após a apresentação do jogral, abra espaço para Bashô nasceu em uma família rica e podero-
comentários e impressões sobre a atividade. sa, cujos homens tinham como destino ser sa-
Pergunte se gostaram e se querem repetir a murais, isto é, guerreiros que serviam lealmente
a um nobre, chamado de xogum. Assim, ainda
experiência com o poema de Manuel Bandeira, jovem, Bashô tornou-se um samurai. Mas um
Trem de ferro. dia renunciou a todos os privilégios de que go-
Esta pode ser a mesma ou uma nova oficina. zavam os guerreiros e escolheu ser poeta. Des-
ligou-se da corte do imperador e do nobre xo-
Deixamos a divisão do poema de Manuel gum a quem servira e passou a viver como um
Bandeira para você discutir e organizar com os homem comum, em contato permanente com a
participantes. O processo será o mesmo, mas ao natureza, sua fonte de inspiração e de reflexão.
trabalho com as vozes você pode acrescentar Tornou-se grande amigo e discípulo do poeta
Sengin, que lhe ensinou a arte da poesia. Além
também sons como o apito do trem e movimentos de tornar-se ele próprio um grande poeta, Bashô
corporais relacionados aos movimentos do trem. criou um tipo de poema muito simples e conci-
Seria ideal haver espectadores para uma so, de apenas três versos: o haicai.
Mais tarde, após a morte de seu mestre, refu-
apresentação final. Combine com a coordenação da
giou-se num mosteiro budista. Com os monges
Unidade a possibilidade de reunir ouvintes para os aprendeu a vestir-se e viver com simplicidade,
jovens. Eles gostarão de ser aplaudidos. tornando-se um homem sábio, de espírito mais
forte e sensível.
Viajou por todo o país e aos poucos foi aper-
feiçoando e inovando a poesia. Foi sendo cada
vez mais admirado e ganhando seguidores. En-
tre seus discípulos havia homens de todas as
classes, desde ricos samurais e mercadores até
pobres camponeses. Aliás, os dois discípulos por
quem mostrou maior afeição foram um crimino-
so e um mendigo.
(Fonte: Haikais de Bashô, trad. Olga Savary, São Paulo:
Hucitec. 1989)
OFICINAS DE POESIA
2a etapa
Convide-os agora a tentar criar seus haicais.
Podem fazer rascunhos no caderno e copiá-los nas
fichas. Oriente-os para tomar como ponto de
partida elementos da natureza e tentar retirar deles
uma reflexão, uma lição de vida, traduzindo-a de
maneira simples, mas profunda, como fez Bashô
neste haicai:
Admirável
não pensar ao ver um raio:
“É fugaz a vida”.
24
acrescente suas observações, caso queira. Em
POEMAS
OFICINA 13
seguida, proponha a leitura das quatro paródias
PARA RIR no verso da ficha, todas feitas com base no
mesmo poema de Gonçalves Dias. Explique que
essas paródias são baseadas em um poema
consagrado, e que, ao fazê-las, os parodistas não
Material necessário: ficha 13; dicionários;
necessariamente querem criticar o texto original,
papel, lápis, borracha, caneta.
podendo inverter ou distorcer as idéias originais
Aquecimento com o objetivo de produzir humor e ironia. Diga
Nesta oficina, os participantes vão trabalhar que este é um recurso muito usado, até por poetas
com paródias. Para iniciar, pergunte-lhes se famosos, para “brincar” com poemas já
sabem o que é uma paródia. Caso não saibam, conhecidos. Também os humoristas parodiam
peça que pesquisem no dicionário. Se os falas e atitudes de políticos e celebridades.
2a etapa
dicionários para pesquisa fossem de autores
diferentes, provavelmente seriam encontradas
definições diversas, porém semelhantes. Convide-os a fazer uma paródia, trabalhando nas
Anote na lousa a/s definição/ões encontradas. duplas ou individualmente. Podem tomar com
(A definição do dicionário Aurélio é: Paródia ponto de partida os próprios poemas da ficha ou
s.f.: 1. imitação cômica de uma composição uma cantiga infantil conhecida, ou então – o que
literária. 2. P. ext. imitação burlesca.) talvez achem mais fácil – uma canção popular de
sucesso.
BIBLIOGRÁFICAS
25
ABREU, Casimiro. Obras completas. Rio de Janeiro: ________. [sem título] In: AGUIAR, Vera, JACOBI,
Garnier, s.d. Sissa, ASSUMPÇÃO, Simone. Poesia fora da estante.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa e 6.ed. Porto Alegre: Projeto; CPL/PUC-RS,1999.
prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,1973. MELLO, Thiago de. Estatutos do Homem. São Paulo:
________. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Record, 2001. Martins Fontes,1977.
________. Boitempo. 5.ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Rio de
Janeiro: Aguilar, 1994.
ANDRADE, Oswald. [Poemas selecionados: Relógio,
Canto de regresso à pátria]. In: SCHWARTZ, Jorge. MORAIS, Vinicius de. Obra poética. Rio de Janeiro:
Oswald de Andrade: literatura comentada (seleção de Nova Aguilar, 1985.
textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico). MURRAY, Roseana. Classificados poéticos. Belo
São Paulo: Abril Educação, 1980. Horizonte: Miguilim, 1988.
AZEVEDO, Ricardo. Armazém do folclore. São Paulo: ________. Receitas de olhar. São Paulo: FTD, 1999.
Ática, s.d. PAES, José P. Um passarinho me contou. São Paulo:
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Ática, 1997.
Janeiro: José Olympio, 1966. ________. Poemas para brincar. São Paulo: Ática,
BASHÔ, Matsuo. Haikais de Bashô. Trad. Olga Savary. 1991.
São Paulo: Hucitec, 1989. PESSOA, Fernando. Cancioneiro: obras completas. Rio
BERALDO, Alda. Trabalhando com poesia. 2v. São de Janeiro: Aguilar, 1972.
Paulo: Ática, 1990. PINTO, Gustavo A.C. Relâmpagos. São Paulo: Massao
CAMÕES, Luís de. Obra completa. Rio de Janeiro: Ono; Aliança Cultural Brasil Japão, 1990.
Aguilar, 1963. QUINTANA, Mário. Sapo amarelo. Porto Alegre:
CAPARELLI, Sérgio. Poesia fora da estante. Porto Mercado Aberto, 1996.
Alegre: Projeto, 1996. ROCHA, Ruth. Ai que saudades... In: O mito da infância
CENPEC - CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM feliz. São Paulo: Summus, 1983.
EDUCAÇÃO, CULTURA E AÇÃO COMUNITÁRIA. SOARES, Jô. Canção do exílio às avessas. Veja, São
Ensinar & aprender. 4v. São Paulo: CENPEC; Paulo, 16 set. 1992.
Curitiba; SEED/PR, 1998.
SOUZA, Ângela L Três gotas de poesia. São Paulo:
CEREJA, William R., MAGALHÃES, Thereza C. Todos os Moderna, 1998.
textos. São Paulo: Atual, 1998.
TAVARES, Ulisses. Caindo na real. São Paulo:
CHACAL. Papo de índio. In: POESIA jovem dos anos 70. Brasiliense, 1984.
São Paulo: Abril Cultural, 1981.
TELLES, Carlos Q. Sonhos, grilos e paixões. São Paulo:
CIÇA. Travatrovas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d. Moderna, 1990.
DINORAH, Maria. Giroflê giroflá. Belo Horizonte: Lê,
1995. Nota: É das obras acima citadas que os autores
EMEF MÁXIMO DE MOURA SANTOS. Coletânea de extraíram os poemas aqui apresentados. Algumas
poesias. São Paulo, 1998. delas estão esgotadas, mas você poderá encontrar os
mesmos (e outros) poemas em outras coletâneas e
FERNANDES, Millôr. Literatura comentada. São Paulo: antologias. De Mário Quintana, por exemplo, o Sapo
Abril Educação, 1980. amarelo é difícil de encontrar, mas há cerca de 15
FOLHA de S. Paulo. [Classificados] Revista da Folha, títulos no mercado, inclusive coletâneas dirigidas ao
São Paulo, 2 dez. 2000. público juvenil. Veja outras sugestões a seguir.
SUGESTÕES PARA
GABRIEL, o pensador. Gabriel, o pensador. s.l.: Sony,
O ACERVO
1993. CD.
DA UNIDADE
GONÇALVES DIAS, Antonio. Canção do exílio. In:
BANDEIRA, Manuel (coord.) Apresentação da poesia
brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d.
Livros
GRÜNEWALD, José L. A vida. In: SIMON, Iumna M.,
DANTAS, Vinicius. Poesia concreta: José Lino
Grünewald (seleção de textos, notas, estudos AZEVEDO, Ricardo. Livro de papel. São Paulo: Ed. do
biográfico, histórico e crítico). São Paulo: Abril Brasil, 2001.
Educação, 1982.
BEATRIZ, Elza. Caderno de segredos. São Paulo:
GULLAR, Ferreira. Poemas. São Paulo: Global,1986. Brasiliense, 1987.
JOSÉ, Elias. O jogo das palavras mágicas. São Paulo: CAPARELLI, Sérgio. Come-vento. Porto Alegre: L&PM,
Paulinas, 1996. 1987.
LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: DINORAH, Maria. Hora nua. Porto Alegre: Movimento,
Brasiliense, 1985. 1980.
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
26 MURALHA, Sidônio. A dança dos pica-paus. Curitiba: correspondência ao “poeta do amor” Pablo Neruda,
Nórdica, 1976. que lá vive exilado, surge entre os dois terna
PAIXÃO, Fernando. Poesia a gente inventa. São Paulo: amizade. A convivência desperta em Mário o gosto da
Ática, 1996. poesia, enquanto ele pede ajuda ao poeta para
ganhar o coração da mulher que ama. Filme
QUINTANA, Mário. O batalhão das letras. 2.ed. São envolvente, foi aplaudido pela crítica e pelo público
Paulo: Globo, 1984. do mundo inteiro.
Filmes / vídeos
SOCIEDADE dos poetas mortos – Dead Poets Society
(dir.Peter Weir). EUA, 1989. (129")
Um carismático professor de literatura, chegando a
O CARTEIRO e o poeta – Il Postino / The postman (dir. uma escola conservadora, desperta nos alunos novos
Michael Redford). EUA/ Itália, 1994. (109") questionamentos, incentivando-os a pensar por si
Numa remota ilha do Mediterrâneo, o tímido e mesmos e a “fazer de suas vidas algo extraordinário”.
simplório Mário, filho de pescadores, consegue Além de poesia, o filme discute as relações entre
emprego como carteiro. Na entrega da volumosa professor e aluno e entre pais e filhos.
Todos os textos e imagens de terceiros são aqui reproduzidos com a expressa autorização de seus autores ou de seus
representantes legais.
O Cenpec e os autores deste módulo agradecem a gentil cessão de direito de uso de textos de Ângela Leite de Souza,
Bashô/Olga Savary, Carlos Queiroz Telles, Chacal, Elias José, Ferreira Gullar, Folha de S. Paulo, Fundação Fernando
Pessoa, Gabriel o Pensador, Gustavo Alberto C. Pinto, Jô Soares, José Lino Grünewald, José Paulo Paes, Millôr Fernandes,
Oswald de Andrade, Paulo Leminski, Ricardo Azevedo, Roseana Murray, Ruth Rocha, Sérgio Caparelli, Thiago de Mello.
Reprodução de poemas de Carlos Drummond de Andrade (p.29,30,37): © Graña Drummond
Reprodução de poemas de Mário Quintana (p.8,9,10,29): © Elena Quintana
Reprodução de poemas de Manuel Bandeira (p.30,36,42,47) © Solombra Books
Reprodução de poema de Ruth Rocha (p.49) © Ruth Rocha Serviços Editoriais S/C Ltda., representada por MAS
Agenciamento Artístico, Cultural e Literário Ltda.
EDUCAÇÃO FICHA 0
E CIDADANIA POESIA
27
NOME DATA
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Como as palavras acima não começam com a mesma letra, para pô-las em ordem
alfabética você precisou prestar atenção só à primeira letra de cada uma. No
entanto, é claro que muitas palavras começam com a mesma letra. Para pôr em
ordem palavras com a mesma letra inicial, é preciso observar as letras restantes.
Observe as palavras abaixo:
28
Faça um círculo em volta da terceira letra de cada palavra:
FAÇANHA, FADIGA , FAÍSCA, FARAÓ, FATIGAR
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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Dicas
Você já sabe que, para achar uma palavra no dicionário, não basta prestar atenção só na
primeira letra: é preciso olhar também para as outras. Agora veja mais uma dica.
Procure no dicionário a palavra CONVENCIDA. Encontrou? Não? Então, procure
CONVENCIDO. Encontrou, não é? Então, tente FAMOSO e FAMOSA. Qual das duas você
encontrou? Sabe por quê? Quando as palavras têm o mesmo sentido no masculino e no
feminino, o dicionário só registra o masculino.
Outra dica: procure no dicionário a palavra AFLITOS. Não encontrou, não é? Mas encontrou
AFLITO, não? O dicionário registra as palavras no singular.
Finalmente a última dica, por enquanto. Procure no dicionário as palavras: OLHOU, CAÍA,
FUJAM. Não achou nenhuma, não é?
Agora procure: OLHAR, CAIR e FUGIR. Entendeu? Isso mesmo: é que os dicionários não
trazem os verbos conjugados, mas apenas no infinitivo (o nome do verbo).
Com essas dicas, você já pode encontrar quase tudo no dicionário.
29
NOME DATA
Chuac!
Mais novas ficam.
Como a água do rio,
Que é água sempre nova.
Ulisses Tavares
Como cada dia,
Que é sempre um novo dia. primeiro beijo,
igual apertar campainha
(Poemas para brincar. São Paulo: Ática, 1991)
de casa estranha.
Quadrilha
um pique só.
(Caindo na real. São Paulo: Brasiliense, 1984)
Carlos Drummond de Andrade
Rascunho
João amava Teresa que amava Raimundo
Que amava Maria que amava Joaquim que amava
Lili Ulisses Tavares
Que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o Escreve no seu caderno,
convento, escreve:
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para noções de biologia
tia, exercícios de matemática
João suicidou-se e Lili casou com J. Pinto questões gramaticais
Fernandes, e no canto da página,
Que não tinha entrado na história. em vermelho: um coração
nossas iniciais.
(Alguma poesia. Rio de Janeiro: Record, 2001)
(Caindo na real. São Paulo: Brasiliense, 1984)
Mentira? Haicai
Mário Quintana
Ângela Leite de Souza
A mentira é uma verdade que se esqueceu de
acontecer. São duas faíscas
incendiando meu medo,
(Sapo amarelo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986) os olhos do gato.
(Três gotas de poesia. São Paulo: Moderna, 1998)
entre
A informação
es , ap ós cada
parêntes
ferência
poema, é a re
de ele foi
do livro de on
ul o do
extraído: o tít
de , editora
livro, a cida
pu bl icação.
e data de
EDUCAÇÃO FICHA 1A VERSO
E CIDADANIA POESIA
Irene no céu
30
Manuel Bandeira
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
– Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
– Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
(Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio,
1966)
Soneto da fidelidade
Vinícius de Morais
A onda
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Manuel Bandeira
Amor é fogo...
ainda anda
aonde?
aonde? Camões
a onda a onda
Amor é fogo que arde sem se ver;
(Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio,
1966)
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.(...)
Orion
Manuel Bandeira
31
NOME DATA
Artigo 1 Fica decretado que agora vale a verdade, Como dois e dois são quatro
que agora vale a vida sei que a vida vale a pena
e que de mãos dadas embora o pão seja caro
trabalharemos todos pela vida e a liberdade pequena
verdadeira. Como teus olhos são claros
(...) e a tua pele, morena
Artigo 9 Fica permitido que o pão de cada dia como é azul o oceano S
tenha no homem o sinal de seu amor, e a lagoa, serena
Mas que sobretudo tenha sempre como um tempo de alegria
o quente sabor da ternura. por trás do terror me acena
(...)
e a noite carrega o dia
Artigo 11 Fica decretado, por definição, no seu colo de açucena
que o homem é um animal que ama — sei que dois e dois são quatro
e por isso é belo, sei que a vida vale a pena
muito mais belo que a estrela da manhã. mesmo que o pão seja caro
(...) e a liberdade, pequena.
(Estatutos do Homem. São Paulo: Martins Fontes, 1977) (Poemas. São Paulo: Global, 1986)
Um pouco de conversa
32
Os poemas desta e da ficha 1A são para você ler. Foram feitos por grandes poetas e já
emocionaram muita gente antes de chegar às suas mãos.
Aproveite, abra seu coração, deixe a poesia entrar e as emoções saírem.
Gostou? Então que tal contar um pouco do que você sentiu e dizer qual dos poemas lhe
agradou mais? Se quiser, leia esse poema para o grupo.
Agora, leia o poema abaixo com bastante atenção.
Minha mamãe
Rachel Topfstead Duarte
Esse poema foi feito em 1998, por uma adolescente como você, aluna da Escola Municipal
de Ensino Fundamental “Professor Máximo de Moura Santos”, durante uma oficina
semelhante a esta da qual você está participando agora. Releia o poema e procure
descobrir o que ele tem de especial, de diferente.
Descobriu? Você percebeu que, além da letra m, todas as palavras estão relacionadas à
idéia de mãe? Então, agora, que tal você e os colegas tentarem fazer coletivamente um
poema desse tipo? Vocês vão escolher uma palavra (paz, amor, felicidade) e terão a ajuda
do/a professor/a para orientá-los e anotar na lousa suas sugestões. Preste atenção nas
orientações do professor e capriche, para que o poema saia legal. Depois, anote-o abaixo.
Se quiser, ofereça-se para passar o poema do grupo a limpo, numa folha de papel pardo ou
cartolina. Ele será afixado na parede e, assim, outras pessoas vão ler e apreciar o que
vocês fizeram.
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EDUCAÇÃO FICHA 2
E CIDADANIA POESIA
33
NOME DATA
34
Me responda se você discriminaria Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Um sujeito com a cara do PC Farias se não fossem o retrato da nossa ignorância
Não, você não faria isso não... Transmitindo a discriminação desde a infância
Você aprendeu que o preto é ladrão. E o que as crianças aprendem brincando
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados é nada mais, nada menos do que a estupidez se
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado propagando
Porque se ele passa fome, sabe como é, Qualquer tipo de racismo não se justifica
Ele rouba e mata um homem seja você ou seja o Ninguém explica
Pelé Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com
Você e o Pelé morreriam igual esse lixo que é uma herança cultural
Então que morra o preconceito e viva a união Todo mundo é racista, mas não sabe a razão
racial Então eu digo, meu irmãoSeja do povão ou da
Quero ver nessa música você aprender e fazer a “elite”
lavagem cerebral Não participe, pois como eu já disse racismo é
O racismo é burrice, mas o mais burro não é o burrice
racista, é o que pensa que o racismo não Como eu já disse racismo é burrice
existe Como eu já disse racismo é burrice
O pior cego é o que não quer ver Como eu já disse racismo é burrice
E o racismo está dentro de você E se você é mais um burro
Porque o racista na verdade é um tremendo Não me leve a mal
babaca é hora de fazer uma lavagem cerebral
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça Mas isso é compromisso seu
fraca Eu nem vou me meter
E desde sempre não pára pra pensar Quem vai lavar a sua mente não sou eu
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe É você.
ensinar
E de pai para filho o racismo passa (CD Gabriel o pensador. Sony, 1993)
Um pouco de conversa
A letra que você leu e ouviu é de um rap de Gabriel o Pensador. Os raps desse compositor
sempre tratam de questões sociais sérias, procurando fazer com que as pessoas pensem
sobre elas.
Este poema discute o problema do preconceito, do racismo e da discriminação. Você sabe
o que significam essas três palavras? Consulte o dicionário e converse com os colegas
sobre o resultado dessa consulta.
Agora, participe ativamente da discussão que o/a professor/a vai propor; depois, escolha,
na própria letra, a frase que, na sua opinião, você considera mais importante para mostrar
como o preconceito, o racismo e a discriminação não fazem sentido, são uma estupidez.
As frases que você e os colegas escolherem servirão para compor um painel a respeito do
tema. E para terminar esta oficina, se você e a turma acharem legal, vocês podem cantar
esse rap.
Conte aqui alguma situação de discriminação que você tenha presenciado.
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EDUCAÇÃO FICHA 3
E CIDADANIA POESIA
35
NOME DATA
Um pouco de conversa
Os poemas que você acabou de ler são acrósticos e servem para homenagear uma pessoa
de quem se gosta: um parente, um/a amigo/a, o/a namorado/a...
Para fazer um acróstico, use palavras que indiquem qualidades dessa pessoa ou frases que
expressem o que ela significa para você. E o nome da pessoa, como você já sabe, deve
ficar em destaque, na vertical. Para começar, você e os colegas podem fazer uma lista de
palavras que indiquem qualidades (atencioso, bonito, esperto, inteligente etc.). Assim fica
mais fácil encontrar as palavras certas na hora de compor o poema. Depois, podem
escolher um ídolo da turma (artista, esportista) e juntos tentar criar um acróstico com o
nome dele/a.
O passo seguinte é usar o mesmo esquema e cada um fazer acrósticos para as pessoas de
quem gosta. Você pode também enviá-lo por correio à pessoa homenageada. E guarde
seus poemas para que sejam expostos: afinal, a gente escreve é para ser lido por outros.
Registre aqui os acrósticos que você compôs.
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EDUCAÇÃO FICHA 4
E CIDADANIA POESIA
36
DATA
Tente agora imaginar um outro trabalhador como João Gostoso: humilde, anônimo, lixeiro,
padeiro, taxista, carteiro, operário... Como seria sua vida? Onde moraria? Seria casado?
Teria filhos? Amigos? Que atitude repentina poderia ter tomado, e em que circunstâncias?
Algo o levaria também a um fim trágico? Talvez não necessariamente. Escreva uma
pequena notícia sobre o que teria ocorrido com esse personagem imaginário. Depois, com
base na notícia, recrie o poema, seguindo a estrutura do texto de Manuel Bandeira. Se
acharem difícil, a classe pode sugerir ao/à professor/a fazer a notícia e o poema coletivo,
com base em um personagem escolhido pelo grupo.
Ao final da atividade, se cada um produziu seu poema, vocês podem trocá-los, para cada
um ler o que o outro fez. Depois, passem a limpo e, se quiserem, podem ilustrá-los. Na
hora de expô-los, seu grupo pode criar um painel colando as notícias e poemas de cada um
sobre folhas de jornal, que serão afixadas na parede.
Faça aqui o rascunho de seu poema (usando lápis, para poder corrigir, se
necessário).
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EDUCAÇÃO FICHA 5
E CIDADANIA POESIA
37
NOME DATA
38
Um pouco de conversa O QU E DI Z O DI CI ON
ÁR IO
Diálogo [do gr. Diálog
A frente da ficha traz poemas de dois famosos os, pelo lat. Dialogu]
S.m. 1. Fala entre duas
poetas. Você já ouviu falar deles? E o que conversação, colóquio
ou mais pessoas;
achou dos poemas? Gostou? . 2. Obra literária
ou científica em forma
dialogada. 3. Troca
Se você leu com atenção os verbetes do ou discussão de idéias
, de opiniões, de
dicionário explicando o que querem dizer as conceitos, com vista à
solução de
problemas, ao entendim
palavras diálogo e liberdade, deve ter ento ou à
harmonia; comunicaç
percebido algumas diferenças entre as ão: Sua maior
dificuldade na vida ve
definições que o dicionário dá e a forma como m de não ter
diálogo com os filhos
. 4. Teat. Colóquio
os poetas vêem e dizem essas mesmas coisas. dramático entre os ato
res, móvel da ação
Seria muito bom se você tentasse explicar para da peça, o que constitu
iu o elemento
o grupo aquilo que percebeu. básico do gênero teatra
l. (Cf. dialogo, do
v. dialogar.)
Agora, diga o que significa para você a palavra
diálogo ou a palavra liberdade. Você pode Liberdade [do lat. Libert
ate] S.f. 1. Faculdade
de cada um se decidir
escrever um pequeno poema ou fazer uma ou agir segundo a
própria determinação:
frase poética definindo uma delas, ou talvez ninguém a tolhia. 2. Po
sua liberdade,
juntando as duas. Veja alguns exemplos: der agir, no seio
de uma sociedade org
anizada, segundo a
própria determinação,
Liberdade, essa palavra impostos por normas
dentro dos limites
Que o sonho humano alimenta, civil; liberdade de impre
definidas: liberdade
Que não há ninguém que explique ensino. 3. Faculdade de
nsa; liberdade de
E ninguém que não entenda. praticar tudo o
que não é proibido po
(Cecília Meirelles) r lei. 4. Supressão
ou ausência de toda op
ressão
Diálogo é um abraço feito de palavras... considerada anormal,
(Maria Alice M.A. Oliveira) ilegítima, imoral:
Liberdade de pensam
ento é um direito
fundamental do home
Agora é por sua conta! Tente fazer o seu, sem m.
(Aurélio Buarque de Ho
medo de errar. Pense e reescreva seu poema landa Ferreira, Novo
Dicionário da Língua Por
tuguesa)
(ou seus poemas) ou frase quantas vezes for
necessário, até chegar a algo que lhe agrade.
O/a professor/a pode dar algumas dicas.
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EDUCAÇÃO FICHA 6
E CIDADANIA POESIA
39
NOME DATA
D. ZULMIRA. Joga-se búzios, COMPRO jóias. Antigas/ COLCHÕES – Conserto. BARRACA PASTEL Vende-se
faz-se consultas espirituais, modernas, brilhantes, relógios, Reformo. Fabrico. Qquer tipo completa c/ acess. P/ hot
faz e desfaz qualquer tipo de pratarias, quadros, porcelanas, e tamanho. Atendo a domicí- dog, em bom estado. R$ 400
trabalho. Problemas sobre cristais etc. Cubro oferta do lio. 30a de Tradição. Fones: F: 368-8030 ou 922-0022
casamento, namoro, doen- mercado. Anita 24 hs F-534- 200-0034 (loja) / 222-4433 Alice
ças, negócios financeiros etc. 9944/ 534-4499 (fábrica)
Consultas c/ hora marcada
pelos fones (11) 222-33 44
Estes são classificados tirados de jornais e revistas. Você notou como são curtos? Pois
mesmo assim, são eficientes. É que quem oferece um produto ou serviço não quer gastar
muito anunciando, e quem vai comprar, não quer perder muito tempo lendo.
Notou também que há palavras abreviadas? Compreendeu o que significam? Se tem
dúvida, pergunte a um colega ou ao/à professor/a.
E os telefones citados, serão indispensáveis? É lógico! Senão, como entrar em contato
com a pessoa que anuncia?
Leia agora estes outros classificados:
Classificados poéticos
Roseana Murray
40
Leia a seguir alguns outros poemas que foram inspirados pela leitura dos
Classificados poéticos de Roseana Murray. Seus autores, jovens como vocês, eram
alunos da escola pública EMEF “Prof. Máximo de Moura Santos”, de São Paulo.
Troco um cachorro Vendem-se uns sapatos Compro uma casa perto Procuro a casa dos
falante por um tapete encantados que dançam do mar, um lugar para meus sonhos na ilha do
mágico, um tapete que sozinhos um belo sonhar, sem guerras pensamento que seja
me leve para bem alto, bailado. Quando se nem violência, só com feita de chuva de
onde eu possa dormir calçam, eles voam tão sonhos e alegrias e de vento.
com as estrelas, falar alto que vão parar no entretenimento. Uma (Kelly Cristina Ferreira de
com o sol, e, ao céu como uma abelha casa que cure todos os Carvalho, 1994)
amanhecer, prosseguir num favo de mel! males, uma bela casa
sem destino. (Kleber W. dos Santos, com todos os meus
(Elaine Aparecida de 1994) sonhos, uma casa onde
Oliveira, 1994) a realidade não caiba,
onde tudo seja festa e
alegria.
(Leandro de Oliveira
Armelin, 1994)
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EDUCAÇÃO FICHA 7
E CIDADANIA POESIA
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NOME DATA
A primavera endoideceu
Sérgio Caparelli
Desenhando poemas
42
Depois de conhecer alguns poemas concretos, você vai tentar dar esse jeito diferente a um dos
poemas abaixo. Não vale mudar as palavras! Você vai trabalhar somente com a forma como ele
apresenta, procurando explorar a relação entre o que as palavras dizem (significado) e o jeito
como podem ser escritas, “desenhadas” no papel. Não é difícil! E o resultado é bem legal!
Haikais Debussy
Ângela Leite de Souza Manuel Bandeira
À toa, à toa, Para cá, para lá...
Joaninha abre a capa Para cá, para lá...
De bolinha e voa. Um novelozinho de linha...
Para cá, para lá...
O meu gafanhoto,
Para cá, para lá...
Gozado, salta de lado!
Oscila no ar pela mão de uma criança
(Ele é canhoto.)
(Vem e vai...)
(Três gotas de poesia. São Paulo: Moderna, Que delicadamente e quase a adormecer o
1998)
balança
— Psio... —
Que tudo passe Para cá, para lá...
Para cá e ...
Paulo Leminski — O novelozinho caiu.
passe a noite (Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José
passe a peste Olympio, 1974)
passe o verão
Relógio
passe o inverno
passe a guerra
e passe a paz Oswald de Andrade
passe o que nasce
As coisas são
passe o que nem
As coisas vêm
passe o que faz
As coisas vão
passe o que faz-se
As coisas
que tudo passe
Vão e vêm
e passe muito bem
Não em vão
Caprichos e relaxos. São Paulo: Brasiliense, As horas
1985)
Vão e vêm
Não em vão
(Literatura comentada. São Paulo: Abril Educação, 1980
43
NOME DATA
Coisas A vida
Maria Dinorah José Lino Grünewald
Coisas de poucos:
mel, moeda, medalha,
milagre, amigo, amor.
(Cantiga da estrela. Belo Horizonte: Lê, 1993)
Agora é sua vez de poetar. Escolha um dos versos dos poemas acima (por exemplo:
“Coisas boas” ou “a vida”) e continue o poema, colocando outras idéias, diferentes
daquelas que os autores colocaram. Ou então, amplie o poema original, acrescentando
outras coisas além das que o autor pensou. Mãos à obra!
Depois, registre seu poema abaixo e também numa folha de papel, para ser
exposto.
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EDUCAÇÃO FICHA 9
E CIDADANIA POESIA
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Então lá vai outro desafio: completar os poemas abaixo com mais dois versos (linhas), mas
sempre fazendo rimar o segundo verso com o quarto. A primeira quadra ou trova já está
pronta, para facilitar; as outras você “tira de letra” (ou de rima?)!
Quando terminar, você e os colegas podem ler o que fizeram, passar a limpo as que vocês
mais gostaram, para expor em forma de mural, painel ou livro.
Complete:
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NOME DATA
A pipa pinga, o pinto pia, quanto mais o pinto pia, Sabendo o que sei e sabendo o que sabes e o
mais a pipa pinga. que não sabes e o que não sabemos, ambos
saberemos se somos sábios, sabidos ou
Não tem truque, troque o trinco, traga o troco e simplesmente saberemos se somos sabedores.
tire o trapo do prato.Tire o trinco, não tem truque,
troque o troco e traga o trapo do prato. Um grego é gago, outro grogue é gagá. Tem um
grego gagá e um grogue gago. Tem também um
Maria-mole é molenga. Se não é molenga, grego grogue e um gago gagá.
não é Maria-mole. É coisa malemolente, nem
mala,nem mola, nem Maria nem mole. Pedro tem o peito preto. O peito do pé de
Pedro é preto. Se o peito de Pedro é preto,
Tinha tanta tia tantã. Tinha tanta tia antiga.Tinha o peito do pé de Pedro é preto?
tanta anta que era tia. Tinha tanta tia que era anta.
Larga a tia, lagratixa! Lagartixa, larga a tia!Só no
Olha o sapo dentro do saco, o saco com o sapo dia em que sua tia chamar largatixa de lagartixa!
dentro, o sapo batendo papo e o papo soltando Porco crespo, toco preto.
vento.
Um prato de trigo para três tigres tristes.
Paga o pato, dorme o gato, foge o rato, paga o (Transcritos de toalha de bandeja de loja MacDonald’s
gato, dorme o rato, foge o pato, paga o rato, e de Ricardo Azevedo, Armazém do folclore.
dorme o pato, foge o gato. São Paulo: Ática, s.d.)
Se você gostou dos trava-línguas e se “enroscou” neles, experimente agora ler e falar as
Travatrovas de Ciça, no verso.
EDUCAÇÃO FICHA 10 VERSO
E CIDADANIA POESIA
Travatrovas
46
Ciça
Legal, não? Você não acha que também pode criar o seu? Preste atenção nas dicas do
professor e mãos à obra!
Copie abaixo seu trava-línguas ou travatrova e, se quiser, ilustre-o para expor.
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EDUCAÇÃO FICHA 11
E CIDADANIA POESIA
47
NOME DATA
48
DATA
Haicais
Bashô Poetas brasileiros
O que você achou? O que mais lhe chama a atenção nos haicais?
Ouça as explicações do professor sobre esse tipo de poema: isso vai ajudá-lo a criar seus
próprios haicais. Pode parecer difícil, mas vale a pena tentar!
Depois que terminar, passe seus poemas a limpo. O professor vai dar sugestões para
organizar a exposição dos haicais.
Transcreva aqui seu/s haicai/s.
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EDUCAÇÃO FICHA 13
E CIDADANIA POESIA
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NOME DATA
Ai que saudades...
Meus oito anos Ruth Rocha
Casimiro de Abreu
Oh! que saudades que tenho Ai que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida, Da aurora da minha vida
Da minha infância querida Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais! Que os anos não trazem mais...
Que amor, que sonhos, que flores, Me sentia rejeitada,
Naquelas tardes fagueiras Tão feia, desajeitada,
À sombra das bananeiras, Tão frágil, tola, impotente,
Debaixo do laranjais! Apesar dos laranjais.
(...) (...)
Oh dias de minha infância,
Oh! dias de minha infância! Quando eu ficava doente,
Oh! meu céu de primavera! Ou sentia dor de dente,
Que doce a vida não era E lá vinha tratamento!
Nessa risonha manhã! Era um tal de vitamina...
Em vez das mágoas de agora, Mingau, remédio, vacina,
Eu tinha nessas delícias Inalação e aspirina,
De minha mãe as carícias Injeção e linimento!
E beijos de minha irmã! (...)
(...) Naqueles tempos ditosos
Naqueles tempos ditosos Não podia abrir a boca,
Ia colher as pitangas, E a professora era louca,
Trepava a tirar as mangas, Só queria era gritar.
Brincava à beira do mar; Senta direito, menina!
Rezava as Ave-Marias, Ou se não, tem sabatina!
Achava o céu sempre lindo, Que letra mais horrorosa!
Adormecia sorrindo E pare de conversar!(...)
E despertava a cantar! (O mito da infância feliz. São Paulo: Summus,
(...) 1983)
(Obras completas. Rio de Janeiro: Garnier, s.d.)
EDUCAÇÃO FICHA 13 VERSO
E CIDADANIA POESIA
Paródias
50
Canção do exílio
Canção do exílio
Gonçalves Dias
às avessas*
Nosso céu tem mais estrelas,
Jô Soares
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá; Nossas várzeas têm mais flores, Minha Dinda* tem cascatas
As aves que aqui gorjeiam, Nossos bosques têm mais vida, Onde canta o curió
Não gorjeiam como lá. Nossa vida mais amores. Não permita Deus que eu tenha
(...) De voltar pra Maceió.
(...)
O meu céu tem mais estrelas
(Apresentação da poesia brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d.)
regresso à pátria
SOFÁ...
(Veja. 16 set. 1992)
SINHÁ...
* Crítica ao ex-presidente Collor e
Oswald de Andrade CÁ? à sua luxuosa casa em Brasília
Autoria Realização
SECRETARIA DE
ESTADO DA EDUCAÇÃO