Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
CIRURGICAMENTE.
Rio de Janeiro
2015
Aos meus pais que me deram a vida e ensinaram-
me a vivê-la com dignidade iluminando os
caminhos obscuros com ternura e afeto. Os meus
agradecimentos pelo sacrifício que passaram
para educar-me.
Aos Professores Doutores Jesse P. Teixeira (in memorian), Jesse Teixeira Filho (in
memorian), Rui Haddad e Luiz Filippe Júdice pelos ensinamentos adquiridos no
âmbito da cirurgia torácica.
Ao Professor Stênio Fiorelli, irmão e colaborador, pelo auxílio nas cirurgias realizadas
no Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição da Congregação Santa
Catarina.
1 INTRODUÇÃO 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO 13
3 OBJETIVO 41
3.1 OBJETIVO GERAL 41
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 41
4 CASUÍSTICA E MÉTODO 42
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO 42
4.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO 42
4.3 COLETA DE DADOS 42
4.4 DEFINIÇÃO DE CASO 43
4.5 VARIÁVEIS INDEPENDENTES E DESCRITIVAS 43
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA 52
5 RESULTADOS 53
6 DISCUSSÃO 69
7 CONCLUSÕES 76
8 ÉTICA 77
9 REFERÊNCIAS 78
10 ANEXO 1 (ILUSTRAÇÃO DA CASUÍSTICA) 87
cm Centímetros
CT Cricotireóideo
IA Interaritenóideo
ml mililitros
Ms Milissegundos
TA Tireoaritenóideo
VL Videolaringoscopia
µV Microvolts
LISTA DE FIGURAS
The cervicalmediastinal goiters require surgeons experience in surgery of the neck and
chest due to a possible and questioned the need for associated thoracotomy.
Hypoparathyroidism and injuries of the recurrent and superior laryngeal nerves are
classically described complications in patients undergoing thyroidectomy, especially in
such cases. Such injuries can lead to the emergence of vocal and chronic respiratory
symptoms. Despite the videolaryngoscopy be the most widely used test to evaluate
these changes, many patients experience postoperative vocal complaints, but no
endoscopic evidence change the laryngeal mobility, requiring the completion of
Laryngeal electromyography to identify subclinical alterations. It conducted a cross-
sectional study with 166 patients submitted to thyroidectomy for cervicalmediastinal
goiters, with evaluation of demographic variables and related to the clinical course,
diagnostic imaging, surgical technique used, histopathology, complications and their
diagnostic laryngoscopy and electromyography. In this study, the cervicalmediastinal
goiters were more frequent in females (82,5%), in african descent (54,8%), in the sixth
decade (29%) and predominantly respiratory symptoms (94%). The rate associated
thoracotomy was 6,6%. Malignancy was observed in 26,7% of the thyroid.
Postoperative complications were maintained in 21,6% of patients (dysphonia in
13.8%), while 8,4% had partial or complete change of signs of laryngeal mobility. In
the laryngeal electromyography, 7.8% had at least one muscle, signs of chronic axonal
injury, a fact that was not associated with any parameter evaluated. Computed
tomography was essential for the diagnosis of goiters with penetration into the
posterior mediastinum or extension below the aortic arch aiming thoracotomy
programming associated. Prospective studies in this population are needed to
elucidate the causes of the high prevalence of neurological disorders.
1 INTRODUÇÃO
insinuação para o mediastino, por menor que seja esse prolongamento (NEVES et.
al., 2009; PEIXOTO et. al., 1957).
Em pacientes com bócio mergulhante, é comumente observado compressão
traqueoesofágica e, embora sua incidência tenha diminuído, continua a estar presente
em quase todos os países do mundo. O bócio mergulhante pode ser diagnosticado
através de uma história completa e um exame físico detalhado, complementado por
exames de imagem como a radiografia simples do tórax, a ultrassonografia e a
tomografia computadorizada ou ressonância magnética (HUINS et. al., 2007).
Da mesma forma, encontra-se na literatura uma significativa variabilidade com
relação à apresentação clínica e à abordagem cirúrgica do bócio mergulhante ou
intratorácico, fato explicado em parte pelas diferentes definições empregadas. Huins
et al. em 2007, através de criteriosa revisão das definições, manejo e complicações
dos bócios mergulhantes empregados por diferentes autores encontrados na
literatura, propuseram recentemente uma nova classificação dos bócios para melhorar
a comunicação dos achados e resultados, assim como quanto ao planejamento pré-
operatório (MORARD et. al., 2009).
Dada a sua propensão para causar sintomas agudos das vias aéreas, e a
possível malignização, o tratamento cirúrgico deve ser considerado na maioria dos
casos. A extirpação da glândula é mais bem realizada através de uma cervicotomia,
com a adição de uma esternotomia mediana em poucos e difíceis casos. A experiência
do cirurgião na condução de uma tireoidectomia, seguindo princípios cirúrgicos
rigorosos, é de fundamental importância para evitar lesões durante o ato operatório,
minimizando complicações decorrentes da lesão nervosa inadvertida (NEVES et. al.,
2009).
O nervo laríngeo recorrente deve ser identificado em cada lado do pescoço,
lembrando que, raramente, o nervo direito pode ser não recorrente, o que traz maior
dificuldade de identificá-lo no ato operatório, com aumento do risco de lesão. A
identificação do ramo externo do nervo laríngeo não é empregada sistematicamente.
A realização de laringoscopia no pré-operatório tem sido cada vez mais utilizada,
tendo em vista a possibilidade de existirem previamente alterações da mobilidade das
cordas vocais (SANUDO et. al., 1999).
A lesão dos nervos laríngeos é uma complicação temida em toda tireoidectomia,
pela íntima relação dessas estruturas com a glândula tireoide, que pode gerar
distúrbios vocais, respiratórios ou de deglutição (RUBIN et. al, 2008). Por ser
12
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A B
A B
Figura 5: Prof. Dr. Josias de Freitas (A) e Prof. Dr. Pietro Novellino (B)
A B
assintomático em até 60% dos casos. Sua incidência está entre 1 e 21% dos casos
de bócio, e apesar da relativa frequência, a suspeita clínica de bócio mergulhante nem
sempre é óbvia (MACCHIARINI et. al., 2004; MARCHEVSKY et. al., 1984). É mais
frequente no sexo feminino, com idade superior a 60 anos, que apresentam bócio de
longa evolução. As queixas compressivas podem estar presentes em até 100% dos
casos (ARICI et. al., 2001; BEN NUN et. al., 2006; SAND et. al., 1983), entre elas,
respiratórias (tosse, pigarro e dispneia), digestivas (disfagia), e massa cervical. O
hipertireoidismo, queixa menos frequente, ocorre em torno de 13% dos casos (TORRE
et. al.; 1995) (Tabela 1).
2002). A fisiopatogenia do bócio mergulhante ainda não está bem estabelecida, sendo
assunto polêmico e controverso. A maioria dos casos corresponde a bócio
multinodular atóxico. Os mecanismos que levam à invasão da cavidade torácica pela
glândula tireoide permanecem desconhecidos, porém, o tamanho do pescoço, a
musculatura cervical hipertrofiada e a cifose acentuada podem ser fatores
predisponentes. A musculatura hipertrófica anteriormente à tireoide impediria o
crescimento normal do bócio por obstrução mecânica. Como consequência, a
glândula tenderia a crescer em direção ao estreito superior do tórax, invadindo a
cavidade torácica. As alterações da função tireoidiana não são comuns em pacientes
portadores de bócio intratorácico. O risco de neoplasia maligna de tireoide é
moderado, variando entre 2,5 a 15% (HUINS et. al.; 2007).
A presença de uma tumoração projetada para o mediastino tem sempre
indicação de intervenção cirúrgica, mesmo quando se consegue o diagnóstico
definitivo de bócio mergulhante ou aberrante, ante a possibilidade de verificarem-se
as seguintes eventualidades: progressivo aumento de volume, que torna o ato
operatório mais difícil e de maior risco; piora de sintomatologia compressiva; brusco
aumento de volume por hemorragia endoparenquimatosa com obstrução aguda das
vias aéreas superiores ou da veia cava superior; tireoidite; tireotoxicose; malignização;
obstrução traqueal pós-operatória por traqueomalácia nas tireoides muito
aumentadas.
A via de acesso deve ser considerada entre a cervicotomia isolada, a
cervicomediastinotomia e até mesmo, toracotomia posterolateral, de acordo com
avaliação prévia pela tomografia computadorizada ou ressonância magnética
(FRAZATTO JUNIOR, 1981).
Banna et. al., em 1978, propuseram esquema de localização topográfica da
seguinte forma: pré-visceral, látero-visceral e retrovisceral, ou respectivamente pré-
traqueal, látero-lateral e intertraqueoesofágico ou retroesofágico.
O bócio pré-visceral é mais o frequente e se origina, indistintamente, do polo
inferior ou do istmo. Neste espaço se coloca, preferentemente, posterior aos grandes
troncos venosos, com migração mediana no mediastino, comprimindo a traqueia,
determinando deformação no sentido ântero-posterior. O bócio látero-visceral origina-
se dos polos inferiores direito ou esquerdo, migrando para o mediastino já em posição
lateral ou assume esta situação após uma migração central. Situa-se mais
frequentemente à direita, localizando-se no espaço quadrangular, limitado
30
___________________________________________________________________
32
Figura 19: Relação do nervo laríngeo superior com a artéria tireoidea superior
(Fonte: TOWNSEND, 2007).
O NLS também apresenta variações que dificultam ainda mais sua identificação.
De acordo com a classificação de Cernea, no tipo 1 esse nervo cruza a artéria
tireóidea superior numa distância maior que 1 cm do polo superior da glândula tireoide.
No tipo 2A o nervo cruza a artéria tireóidea superior numa distância menor que 1 cm
do polo superior da glândula tireoide; e no tipo 2B o nervo emerge entre os ramos da
artéria tireóidea, em contato com o polo superior. Os tipos 2A e 2B ostentam alto risco
de lesão intraoperatória, entre 10 e 22% (CERNEA et al., 2010). A prevalência para
esses três tipos é, respectivamente, 71,4%, 12,3% e 7,36% (PRADEEP et al., 2012)
(Figura 22).
38
pregas vocal e vestibular contralaterais à lesionada (DE BIASE et al., 2005; KENNETH
et al., 2005).
Robinson et al. em 2005 realizaram um estudo comparando as medidas vocais
e a paresia unilateral do nervo laríngeo superior, comprovada por EMGL. Ao avaliar
35 pacientes, eles encontraram diminuição do TMF em homens e mulheres.
Tiago et. al. em 2008, analisaram a quantidade de fibras mielínicas nos nervos
laríngeos em 12 cadáveres do sexo masculino e encontraram uma diminuição
estatisticamente significante dessas fibras em amostras de pacientes com mais de 60
anos.
Em relação à técnica eletromiográfica de punção realizada para o TA, Kim et. al.
em 2015, em um estudo com oito cadáveres, encontraram um intervalo de 19,9º -
41,9º para a deflexão lateral e de 25,2º - 45,6º para a deflexão superior da agulha-
eletrodo.
Lombardi et. al. em 2012, em estudo com 32 pacientes, observaram piora no
Voice Impairment Score após tireoidectomias, apesar de encontrarem somente um
caso de evidência de lesão eletromiográfica avaliada após a cirurgia.
Outra relevante pesquisa avaliou EMGL de 17 pacientes pré e pós-
tireoidectomias e encontrou paresia leve à moderada, uni ou bilateral, em todos
pacientes antes da cirurgia, com somente sete deles apresentando queixas vocais.
Após o procedimento, os pacientes assintomáticos permaneceram sem disfonia, dois
com disfonia pré-operatória apresentaram melhora e cinco mantiveram os padrões
vocais. Dessa forma, os dados sugerem que possíveis efeitos locais causem paresia
laríngea (CAROLINE et al., 2004).
41
3 OBJETIVO
4 CASUÍSTICA E MÉTODO
Variáveis demográficas
- Sexo: masculino e feminino.
- Raça/Cor/Etnia: referiam-se aos dados de identificação conforme atributos adotados
pelo IBGE que classifica raça/cor nas seguintes categorias: branca, preta, amarela,
parda e indígena e sem informação. Na análise estatística os pacientes foram
classificados em Afro-brasileiros (pretos e pardos) ou Brancos.
- Idade: foram anotadas a data de nascimento completa e a idade em anos na data
da cirurgia. Na análise estatística a idade foi estudada como variável contínua.
Videolaringoscopia
O exame de VL foi realizado com a óptica rígida 70º Henke-Sass Wolf 130286,
acoplada a um sistema de vídeo (modelo Scott IS960) com captação de som
(microfone de lapela Progmed), mediante iluminação por fonte de luz contínua interna
incluída. A óptica era pré-aquecida antes de cada exame com água morna para evitar
embaçamento, sendo rotineiramente aplicados dois jatos de Lidocaína a 10% para
anestesia tópica da faringe. Para pacientes que mesmo assim não toleraram esse
exame, foi realizada a videonasolaringoscopia flexível (Karl Storz 11101RP2). O
roteiro aplicado para todos os pacientes é descrito no anexo 3. Nos pacientes com
história de alergia à Lidocaína, o teste era realizado sem anestesia.
A avaliação da mobilidade, do fechamento, do aspecto e da simetria das pregas
vocais, assim como das demais alterações e lesões estruturais foi direcionada pelo
roteiro adaptado do Consenso Nacional de Voz Profissional (Figura 27).
48
A B
Figura 27: Fonação normal (A) e Inspiração normal (B)
Eletromiografia de Laringe
Para avaliar indiretamente a função do NLR e do ramo externo do NLS, foram
estudados, bilateralmente, os músculos TA e CT.
Com o paciente em posição de decúbito dorsal e extensão da coluna cervical,
foi realizada antissepsia da região cervical anterior com álcool a 70%. Em seguida,
infiltrou-se a pele e o tecido subcutâneo com anestésico local (lidocaína a 2%), num
volume de 2 a 5 ml (variando de acordo com o conforto do paciente), distribuído nos
locais de punção.
Para a punção do músculo TA, inicialmente localizou-se a membrana
cricotireóidea mediante a palpação da borda superior da cartilagem cricóidea e da
borda inferior da cartilagem tireóidea. Em seguida, na linha mediana dessa
membrana, a agulha-eletrodo foi inserida em uma angulação inicial de 45º com a pele,
e em uma angulação de 30º com a linha mediana (Figura 28 A e B). Ao ultrapassar a
membrana, de acordo com o ruído dos potenciais encontrados, estimou-se a
proximidade da agulha com o músculo e ajustou-se a angulação (KIMAID et al., 2015).
Dessa forma, registraram-se os potenciais elétricos durante a respiração espontânea
(repouso – contração mínima) e emissão prolongada da vogal /e/ em pitch habitual,
com baixa intensidade (contração muscular) e elevada intensidade (esforço máximo).
49
A B
Figura 28: Visão lateral (A) e anterior (B) da posição da agulha-eletrodo, formando
um ângulo de 45º e 30º com a pele, para abordagem do músculo TA.
5 RESULTADOS
G ÊNERO
M ALIGNO X B ENIGNO
Masculino Feminino
Gênero
29 23 123
Feminino
137 Masculino
8 22
M AL I G N O BENIGNO
E TNIA
M ALIGNO X B ENIGNO
75 16 65
Afrodescendente
91
Branco 80
15
MALIGNO BENIGNO
54
Faixa Etária N %
< 30 anos 9 5%
De 30 a 39 anos 29 17%
De 40 a 49 anos 29 17%
De 50 a 59 anos 48 29%
De 60 a 69 anos 31 19%
De 70 a 79 anos 17 10%
≥ 80 anos 3 2%
S INTOMAS
113 Respiratório
18 Digestivo
22 Cornagem
3 Hiperparatireoidismo
156
Hipertireoidismo
1
55
N %
Exames Pré-Operatórios
TC 62 36,7%
Cintilografia 20 11,8%
A maioria das cirurgias (69,9%) foi realizada no segundo lustro estudado, com
predomínio em 2012 (22,9%), sendo 63,3% do total, executadas no único
representante da rede hospitalar pública (HUGG) (Gráficos 4 e 5).
Número de cirurgias
38
33
26
21
16
10 9
4 4 5
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
56
2 21 Hospitais
5
HUGG
HCNSC
51 H. ESPANHOL
HSL
105
PRÓ-CARDÍACO
CSSJ
Vias de Acesso N %
Esternotomia 1 0,6%
57
Esternotomias N %
Manubriotomia 3 27,3%
Cirurgia N %
Cirurgia Complementar N %
Paratireoidectomia 1 0,6%
Nenhuma 96 56,8%
Disfonia 34 20,1%
Pigarro 24 14,2%
Hipoparatireoidismo 21 12,4%
Hematoma 1 0,6%
Hemorragia 1 0,6%
Traqueomalácia 1 0,6%
Peso (g) Peso (g) Volume total (ml) Volume total (ml)
benignos malignos benignos malignos
Mín 22 25 36 39
Máx 544 302 1258 508
Média 96,11 80,1 233,4 169,26
Mediana 68 56 147,8 126,9
Desvio
Padrão 79,49 64,53 230,91 123,2
Diagnóstico histopatológico N %
Maligno 31 18,7%
Benignos N %
Malignos N %
Patologia associada N %
A B
Figura 33: A - Paralisia paramediana em PVE em abdução; B - Paralisia em abdução
bilateral (inspiração).
A B
Figura 34: A - Paralisia mediana em adução de PVD (inspiração); B - Paralisia
paramediana de PVD em adução (inspiração).
Dentre os pacientes com disfonia tardia que realizaram EMGL (n=14), somente
um deles apresentava período pós-operatório até 6 meses. Este apresentou sinais de
dano neurogênico prévio, com sinais de desnervação crônica com reinervação nos
músculos TA e CT.
66
Alterações na ENM N = 14 %
Todos 7 50,0%
NLSD 5 35,7%
NLRE 4 28,6%
NLRD 3 21,4%
NLSE 1 7,1%
Não houve associação dos sinais de dano axonal à EMGL com o lado da cirurgia,
peso da glândula, lado da paralisia à videolaringoscopia ou tipo de doença. Da mesma
forma, não houve relação entre alteração eletromiográfica do nervo laríngeo superior
com sinais endoscópicos de lesão deste nervo à videolaringoscopia.
Sequela Mann-
Chi-Quadrado Whitney
Variáveis Test
Sim Não
p OR (95% IC) p
n=55 (%) n=111(%)
Feminino 42 (76,4) 95 (85,6)
Gênero NS NS
Masculino 13 (23,6) 16 (14,4)
Afrodescendente 32 (58,2) 59 (53,2)
Etnia NS NS
Branco 23 (41,8) 52 (46,8)
≤ 53,0 anos 26 (47,3) 62 (55,9)
Idade - NS
> 53,0 anos 29 (52,7) 49 (44,1)
Benigno 50 (90,9) 95 (85,6) NS
NS
Maligno 11 (20,0) 20 (18,0) NS
≤ 01:40:00 horas 31 (56,4) 73 (65,8)
Tempo de Cirurgia - NS
> 01:40:00 horas 24 (43,6) 38 (34,2)
≤ 2,0 dias 54 (98,2) 108 (97,3)
Tempo de Internação - NS
> 2,0 dias 1 (1,8) 3 (2,7)
Cervicotomia 52 (94,5) 103 (92,8)
Vias de Acesso Cervicotomia com NS NS
3 (5,5) 8 (7,2)
Esternotomia
Tireoidectomia
52 (94,5) 103 (92,8) NS
Total
NS
Tireoidectomia
0 1 (0,9) NS
Subtotal
Cirurgia
Lobectomia com
3 (5,5) 6 (5,4) NS
Istmectomia
NS
Ressecção de
1 (1,8) 1 (0,9) NS
Bócio Intratorácico
≤ 65,5 gramas 27 (49,1) 56 (50,5)
Peso - NS
> 65,5 gramas 28 (50,9) 55 (49,5)
≤ 143,6 mL 25 (45,5) 60 (54,1)
Volume Total - NS
> 143,6 mL 30 (54,5) 51 (45,9)
Complicação Per e Pós-Operatória 30 (54,5) 40 (36,0) 0,023 2,130 (1,104-4,109) 0,023
69
6 DISCUSSÃO
como, maior taxa de malignidade no sexo masculino (25,8% X 15,2%) (Tabela 19).
Observamos frequência um pouco maior de afrodescendentes (54,8%) em relação à
raça. Com relação à faixa etária, a sexta década (29%) foi a mais acometida, o que
está proporcional ao encontrado na literatura, destacando 5% dos casos abaixo dos
30 anos. (HSU et. al., 1996; TORRE et. al., 1995; COUGARD et. al., 1994; SIRACUSA et.
al., 1999).
mergulhante. Já outros autores, como Blondeo et. al., Maia e cols. e BEN NUN et. al.,
realizaram TC em apenas 13,7%, 38% e 71% respectivamente, afirmando que quando
a radiografia do tórax não mostra grande desvio da traqueia, a TC é dispensável, o
que concordamos plenamente (SHIMSHAK et. al., 1979; BINDER, et. al., 1982;
MORRIS; et. al., 1982)
Uma controvérsia muito discutida é a real necessidade de uma toracotomia
complementar a uma cervicotomia para permitir a ressecção do bócio. Em casos de
bócios aberrantes não existe dúvida da necessidade de toracotomia para exérese do
mesmo, tendo em vista que são exclusivamente endotorácicos e com vascularização
oriunda de vasos torácicos. Na nossa casuística tivemos dois casos que foram
ressecados por esternotomia total, sendo que um deles também foi realizado
cervicotomia para tireoidectomia por bócio mergulhante concomitante ao endotorácico
(apresentava três bócios aberrantes). Todos os outros 164 casos os bócios eram
mergulhantes e o procedimento realizado foi a tireoidectomia. Do total de 166 casos,
nossa taxa de esternotomia associada ou não foi de 6,6%. Na literatura, como mostra
a tabela 2, observamos taxas variando de 0 (NETTERVILLE et. al., 1998, SCIUMÈ et.
al., 2005) a 30% (ZHANG et. al., 1997), com média de esternotomia associada de
cerca de7,57%, muito próximo de nossa média, que foi ainda menor (6,6%). Apenas
Valdasz et. al. em 1998, relataram uma série de 175 casos operados, em que houve
necessidade de 42 toracotomias para complementação da extirpação do bócio
mergulhante e de 67 toracotomias para ressecção de bócios aberrantes (45,1%) com
mortalidade de 1,1%. A tireoidectomia total foi realizada em 9,3,4% dos pacientes e a
lobectomia em 5,4%, sendo que nestes já havia sido realizada lobectomia prévia
contralateral. A respeito do tema reiteramos nossa preferência por ressecções
completas para tratamento da doença tireoidiana nesses casos. Sciumè et. al., em
2005, De Perrot et. al. 2007 e Valdasz et. al. em 1998 não encontraram diferença no
que diz respeito às complicações, quando relacionada à via de acesso.
enquanto em nossa casuística foi de 19,1%, taxa considerada alta se comparada com
a literatura (25,7% se incluídos 6,6% de microcarcinomas ocultos em bócios
benignos), predominando o carcinoma papilífero diferenciado (51%). Curiosamente, o
microcarcinoma oculto foi identificado em 9% (2,4% associado a outro tipo
histológico), a tireoidite de Hashimoto em 13,3% e as paratireoides intraglandulares
em 5,4% dos pacientes, não relatados em nenhum dos trabalhos pesquisados. O
bócio difuso tóxico representou 11,7% de nossa série, enquanto na literatura
observamos relatos de 8,9% a 44% (LINDSKOG et. al., 1957; HASHIMOTO et. al.,
1992) (tabela 2).
As queixas vocais mantidas no pós-operatório tardio representam um grande
problema na cirurgia da tireoide, principalmente nos bócios mergulhantes, sempre
existindo controvérsia se a técnica utilizada (insistência na tentativa da retirada pela
cervicotomia) pode ter ligação com a lesão dos nervos. Em parceria com a disciplina
de otorrinolaringologia convocamos todos os pacientes (36) com queixa tardia
(disfonia ou pigarro com no mínimo três meses de pós-operatório) para submetê-los
à videolaringoscopia e eletromiografia. Todos foram videolaringoscopados, porém, só
14 aceitaram fazer a EMG. Na literatura, não encontramos estudos similares com uma
série de pacientes submetidos à tireoidectomia por bócio mergulhante. No contexto
apenas da laringoscopia, a literatura relata taxas de paralisia de cordas vocais de 0 a
20,7% (tabela 2). Nosso estudo encontrou uma taxa de alteração na mobilidade das
cordas vocais em 36 pacientes com queixas de disfonia de 42,4%, o que representaria
na casuística total (N=166) um percentual de 11,4%. Nesse contexto, a taxa de
paralisia encontrada foi de 3,4%, percentual considerado pequeno quando comparado
aos estudos avaliados.
Existem evidências de que o número de fibras nervosas nos nervos laríngeo
superior e laríngeo recorrente diminui com a idade, especialmente em pacientes
acima dos 60 anos (TIAGO et al., 2008), fato que pode tornar mais sensível o nervo
durante a manipulação cirúrgica.
7 CONCLUSÕES
8 ÉTICA
9 REFERÊNCIAS
ADAMS, H. D. The surgical management of the large intrathoracic goiter. Surg Clin N
Am. v. 42, p. 679-683, 1962.
ARICI, C.; DERTSIZ, L.; ALTUNBAS, H.; DEMIRCAN, A.; EMEK, K. Operative
management of substernal goiter: analysis of 52 patients. Int Surg. v. 86, n. 4, p. 220-
4, 2001.
BEN NUN, A.; SOUDACK, M.; BEST, L. A. Retrosternal thyroid goiter: 15 years
experience. Isr Med Assoc J. v. 8, n. 2, p.106-9, 2006.
BEN NUN, A.; SOUDACK, M.; BEST, L. A. Retrosternal thyroid goiter: 15 years
experience. Isr Med Assoc J. v. 8 n. 2, p.106-9, 2006.
CHOW, T. L.; CHAN, T. T.; SUEN, D. T.; CHU, D. W.; LAM, S. H. Surgical
management of substernal goitre: local experience. Hong Kong Med J. v. 11, n. 5, p.
360-5, 2005.
FADEL, E. et. al. Intrathoracic goiters: 62 surgically treated patients. Presse Med v.
25, p. 787-792,1996.
FLATI, G.; DE GIACOMO, T.; POROWSKA, B.; FLATI, D.; GAJ, F.; TALARICO,
C.; ANTONELLIS, F.; DIANA, M.; BERLOCO, P. B. Surgical management of
substernal goitres. When is sternotomy inevitable? Clin Ter. v.156, n. 5, p.191-5,
2005.
HASHIMOTO, M.; SUGITANI, I.; INABA, H.; SKAMOTO, H.; SHIBAYAMA, K.; GO, D
.; KITAMURA, S. A case of anaplastic carcinoma of the mediastinal goiter. Nippon
Geka Gakkai Zasshi. v. 93, p. 654-656, 1992.
HENRY, L. R.; ABAD, J. D.; STOJADINOVIC, A. The voice, not the nerve, is the
functionally relevant endpoint. Journal of Surgical Oncology, v. 106, n. 8, p. 1005–
1006, 2012.
KAYA, S.; TASTEPE, I.; KAPTANOGLU, M.; YUKSEL, M.; TOPCU, S.;
CETIN, G. Management of intrathoracic goiters. Scand J Thorac Cardiovasc Surg.
v. 28, p. 85-89, 1994.
KIM, S. Y.; SONG, D. H.; CHUNG, M. E. Anatomical localization of the motor entry
point in the thyroarytenoid muscle. Muscle & nerve, v. 51, n. 1, p. 72–5, jan. 2015.
KOUFMAN, J. A. et al. Vocal fold paresis. Otolaryngol Head Neck Surg, v. 122, n. 4,
p. 537–541, 2000.
MATTIOLI, F. P.; TORRE, G. C.; BORGONOVO, G.; AREZZO, A.; BIANCHI, C.;
UGHE, M. Surgical treatment of cervicomediastinal goiter. Ann Ital Chir. v. 67, p.
365-371, 1996.
83
MERATI, A. L. et al. Changing trends in the nature of vocal fold motion impairment.
American Journal of Otolaryngology - Head and Neck Medicine and Surgery, v.
27, n. 2, p. 106–108, 2006.
MUSHOLT, T. J. et al. Changes of the speaking and singing voice after thyroid or
parathyroid surgery. Surgery, v. 140, n. 6, p. 978–989, 2006.
NETTERVILLE, J. L.; COLEMAN, S. C.; SMITH, J. C.; SMITH, M. M.; DAY, T. A.;
BURKEY, B. B. Management of substernal goiter. Laryngoscope. v. 108, n. 11, p.
1611-17, 1998.
ROSA, J. C.; MARTINS, L. C. F. Bócio mergulhante. Revta ass. med. Brasil, v.18, n.
11, p. 457, 1972.
ROY, N. Denervation of the external branch of the superior laryngeal nerve: laryngeal
and phonatory features. Current Opinion in Otolaryngology & Head and Neck
Surgery, v. 19, n. 3, p. 182–187, 2011.
RUBIN, A. D.; SATALOFF, R. T. Vocal Fold Paresis and Paralysis: What the Thyroid
Surgeon Should Know. Surgical Oncology Clinics of North America, v. 17, n. 1, p.
175–196, 2008.
SANUKI, T. Laryngeal Muscle Activity in Unilateral Vocal Fold Paralysis Patients Using
Electromyography and Coronal Reconstructed lmages. Otolaryngol Head Neck
Surg. v. 150, n. 4, p. 625-30, 2014.
SCIUMÈ, C.; GERACI, G.; PISELLO, F.; VOLSI, F.; FACELLA, T.; MODICA, G.
Substernal goitre. Personal experience. Ann Ital Chir. v. 76, n. 6, p. 517-21, 2005.
SILVERSTEIN, G. E.; BURKE, D.; GOLDBERG, D.; HALKO, A. Superior venal caval
system obstruction caused by benign endothoracic goiter. Dis Chest. v. 56, p. 519-
523, 1969.
SIRAGUSA, G.; GELARDA, E.; GERACI, G.; ALBANESE, L.; DI PACE, G. Cervico-
mediastinal goiter. Our experience. Minerva Chir. v. 54, n. 4, p. 225-9, 1999.
SOLYMOSI, T.; TOTH, G. L.; GAL, I.; SAJGO, C.; SZABOLCS, I. Influence of iodine
intake on the diagnostic power of fine-needle aspiration cytology of the thyroid
gland. Thyroid. v. 12, p. 719-23, 2002.
STAGER, S. V. Vocal fold paresis. Current Opinion in Otolaryngology & Head and
Neck Surgery, v. 22, n. 6, p. 444–449, 2014.
TOWNSEND, C.M. et.al. Surgical Approaches to the Thyroid Gland and Adjacent
Structures. Sabiston Textbook of Surgery: The Biological Basis of Modern Surgical
Practice. Saunders, 18 ed, 2007.
VLASAK, V.; VACH, B.; VALKA, J. Personal experience with surgery of retrosternal
goiter. Cas Lek Cesk. v. 134, p. 583-586, 1995.
Zhang, B., Tu, G. Surgery of substernal thyroid goiter. Zhonghua Er Bi Yan Hou Ke
Za Zhi. v. 32, n. 2, p. 115-8, 1997.
87
Nome (iniciais);
Idade;
Sexo;
Raça;
Sintomas;
Exames realizados;
Data da cirurgia;
Local da cirurgia;
Tempo da cirurgia (em horas);
Tempo de internação (em dias);
Complicações pré e pós operatórias;
Histopatologia (peso e tamanho da peça e microscopia);
Sequela tardia;
Tempo de avaliação da sequela;
Videolaringoscopia e seus resultados;
Eletroneuromiografia seus resultados;
88
CASO 12 (CONTINUAÇÃO)
102
CASO 16 (CONTINUAÇÃO)
107
Informações ao voluntário
Consentimento:
_______________________________________________________
ASSINATURA DO PACIENTE
_______________________________________________________
PESQUISADOR
112
ASPECTOS GERAIS
PREGAS VOCAIS
Alterações:
Aspecto:
Lesão:
Localização:
Lesão:
113
Localização:
FONAÇÃO INSPIRATÓRIA
Nome (iniciais);
Idade;
Sexo;
Raça;
Sintomas;
Exames realizados;
Data da cirurgia;
Local da cirurgia;
Tempo da cirurgia (em horas);
Tempo de internação (em dias);
Complicações pré e pós operatórias;
Histopatologia (peso e tamanho da peça e microscopia);
Sequela tardia;
Tempo de avaliação da sequela;
Videolaringoscopia e seus resultados;
Eletroneuromiografia seus resultados.