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PROCESSO Nº TST-RR-150-96.2015.5.05.

0581

A C Ó R D Ã O
(5ª Turma)
GMBM/FCL/mv

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
VALOR ARBITRADO À INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. ASSALTO. AGÊNCIA
BANCÁRIA. REVISÃO. Agravo a que se dá
provimento para examinar o agravo de
instrumento em recurso de revista.
Agravo provido. AGRAVO DE INSTRUMENTO
EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO
PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. VALOR ARBITRADO À
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
ASSALTO. AGÊNCIA BANCÁRIA. REVISÃO.
Em razão de provável caracterização
de ofensa ao art. 944 do Código
Civil, dá-se provimento ao agravo de
instrumento para determinar o
prosseguimento do recurso de revista.
Agravo de instrumento provido.
RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
VALOR ARBITRADO À INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. ASSALTO. AGÊNCIA
BANCÁRIA. REVISÃO. A revisão do
montante fixado as instâncias
ordinárias a título de indenização
por danos morais e materiais somente
é realizada nesta instância
extraordinária nos casos de excessiva
desproporção entre o dano e a
gravidade da culpa, em que o montante
fixado for considerado excessivo ou
irrisório, não atendendo à finalidade
reparatória. Na hipótese dos autos, o
valor arbitrado pelo juízo
sentenciante e mantido pelo e. TRT à
indenização por danos morais (R$
300.000,00), decorrente dos assaltos
sofridos pelo reclamante durante o
labor, revela desarmonia com os
princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, com a gravidade da
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lesão e o caráter pedagógico da


condenação, razão pela qual reduzo o
valor arbitrado para R$ 100.000,00
(cem mil reais). Recurso de revista
conhecido e provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­150­96.2015.5.05.0581,   em   que   é
Recorrente BANCO BRADESCO S.A. e Recorrido MARIO FERNANDO DE SOUZA.

Trata-se de agravo interposto contra


decisão monocrática que negou seguimento a agravo de
instrumento.
Na minuta de agravo, a parte sustenta, em síntese,
a viabilidade do seu agravo de instrumento.
Devidamente intimadas, na forma do art. 266 do
RITST, as partes agravadas não se manifestaram.
É o relatório.

V O T O

AGRAVO

1 - CONHECIMENTO

Preenchidos os pressupostos de
admissibilidade, conheço do agravo.

2 - MÉRITO

VALOR ARBITRADO À INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


ASSALTO. AGÊNCIA BANCÁRIA. REVISÃO

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A decisão que denegou prosseguimento à revista,


cujos fundamentos foram adotados na decisão agravada, foi proferida
nos seguintes termos:

"Trata-se de agravo de instrumento interposto contra despacho que


negou seguimento a recurso de revista da parte agravante, sob os seguintes
fundamentos:
Responsabilidade Civil do Empregador/Empregado / Indenização por
Dano Moral / Valor Arbitrado.
Alegação(ões):
- violação do artigo 5º, inciso V, da Constituição Federal.
- violação do Código Civil, artigo 944.
- divergência jurisprudencial.
Pretende o Recorrente a minoração do valor arbitrado a título de
indenização por danos morais. Afirma que o valor fixado encontra-se em
desacordo com o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade.
Consta do Acórdão: "Os recursos serão examinados conjuntamente.
Doença ocupacional (...) Concretamente, o trabalhador demonstrou
padecer de transtorno psicológico, conforme relatório médico de fl. 28,
transtorno esse comprovadamente associado à sua condição de vítima de
dois sequestros relacionados ao seu exercício em atividade bancária, a fim
de ter acesso ao cofre do Banco.
Competia à empresa o ônus processual de comprovar que os
sequestros de que o reclamante fora vítima, atrelados a suas atribuições
funcionais, não influíram na origem da doença ou no seu agravamento,
ônus processual do qual não se desincumbiu. Ao revés, todos os elementos
extraídos dos autos convergem no sentido de induvidoso nexo causal entre
as patologias descritas na inicial e as atividades desenvolvidas pelo
bancário em favor do reclamado, conforme o documento juntado à fl. 27.
Conforme relato contido na inicial, o assalto ocorreu quando o
empregado se deslocou, por ordem do banco, da agência situada no
município de Itagimirim rumo à do município de Itapebi, ambas neste
Estado, através de taxi, para realizar o "abastecimento das máquinas do
aludido posto bancário"; após o abastecimento, foi surpreendido por
meliantes. Nos termos da inicial, esta não foi a primeira vez que o autor
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teria sido assaltado em serviço, já que tal havia ocorrido duas vezes
anteriormente.
São incontroversos estes fatos: conforme a defesa, "o evento
criminoso narrado pelo então funcionário realmente existiu", na qual não
consta negativa de ocorrência anterior de outros dois assaltos. Negou-se,
ali, que o autor estivesse transportando valores, serviço que seria feito por
empresa especializada.
Ressalte-se que a autarquia previdenciária, notoriamente rigorosa na
concessão de benefícios, reconheceu o direito do reclamante ao auxílio-
doença acidentário (B-91.
O laudo pericial produzido nesses autos também convergiu no sentido
de que os danos psíquicos causados ao trabalhador advieram de episódios
de assaltos ao Banco, não havendo, assim, ignorar os efeitos nefastos da
violência por este sofrida sobre a sua psiquê.
Também não se ignora o fato de em diversas cidades do interior haver
sequestro de funcionários para fins de acesso ao cofre, violência que, em
tese, segundo a literatura, pode levar a distúrbios de cunho psíquico e atuar
como concausa de síndromes depressivas, a exemplo do que se reconheceu
em memorável decisão do TRT da 4ª Região, processo número 0055400-
58.2009.5.04.0030, verbis: "Doença ocupacional. Depressão. Cobrador de
ônibus vítima de assaltos. CONCAUSA. Situação em que os assaltos
sofridos como cobrador de ônibus causaram transtornos relevantes,
contribuindo para o quadro depressivo do reclamante, mesmo que este
tenha passado por diversas outras circunstâncias de abalo psicológico.
Recurso ordinário interposto pela reclamada a que se nega provimento,
vencido o Relator". Da leitura do boletim de ocorrência policial, verifica-se
que o autor permaneceu no posto bancário de destino por apenas quinze
minutos; e que os meliantes questionaram sobre se foi feito abastecimento
nas máquinas; daí se infere que o autor, de fato, dirigiu-se à outra cidade
com tal fim, tanto é que os bandidos tinham ciência de que o abastecimento
monetário do posto era habitualmente realizado de tal maneira, sem
segurança.
Ainda que que a ida do autor ao posto bancário não tivesse o fito de
abastecer as máquinas do posto bancário, certo é que foi alvo de

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perseguição dos bandidos dada a sua qualidade de gerente bancário, quando


estava em serviço a favor de sua empregadora.
Conforme realçou acertadamente o juízo primário, seria o caso até de
se dispensar a exigência de culpa na responsabilização do Banco: "Lei nº
7.102/83, em razão dos riscos inerentes à atívidade bancária, criou para as
instituições financeiras um dever de segurança em relação ao público em
geral, o que faz com que a responsabilidade do banco, no particular, venha
a fundar-se na chamada teoria do risco. Dentro deste contexto, dispõe o
novo Código Civil no parágrafo único de seu art. 927 que 'Haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem'".
O raciocínio é simples e de fácil compreensão: se o Banco aufere
lucro de uma atividade que, justamente por ser muito lucrativa, torna-se, em
essência, bastante perigosa, deve arcar também com os ônus inerentes, não
lhe sendo legítimo esquivar-se da responsabilidade de reparar os danos
causados à saúde e à vida daqueles que, submetendo-se à insegurança
reinante decorrente do trabalho, possibilitam a continuidade da sua
atividade econômica.
De toda sorte, não prosperaria a alegação de ausência de culpa, na
medida em que a empresa, ao não preservar de forma eficaz a segurança de
seu trabalhador, deixando-o submetido ao risco potencial de sequestros, ao
ponto de torná-lo vítima concreta desse tipo de violência, tornou-se
responsável pelos danos que o mesmo viesse a sofrer; ainda que o sequestro
não tenha ocorrido no próprio ambiente de trabalho, eles ocorrerem com o
fim de acessar o cofre do banco, após o autor ter efetuado abastecimento de
dinheiro em máquinas eletrônicas, sem a segurança necessária. Enfim,
demonstrada a presença de todos os elementos necessários à configuração
do dever de indenizar, configurou-se acertada a decisão que definiu a
responsabilidade civil do empregador com base no art. 7º, XXIX, da
Constituição Federal.
No caso, o juízo sentenciante arbitrou em R$300.000,00 (trezentos
mil reais) o valor da indenização por danos morais devida ao empregado,
quantia esta adequada às circunstancias do caso, inclusive já se levando em

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conta a circunstância de que a culpa pelos danos causados ao autor é


compartilhada com terceiros.
(...)." Dos termos antes expostos, verifica-se que o entendimento da
Turma Regional não traduz qualquer violação dos dispositivos
constitucionais e legais invocados, inviabilizando a admissibilidade do
Recurso de Revista.
Por outro lado, a jurisprudência da mais Alta Corte Trabalhista
firmou-se no sentido de que, salvo em situações extremas, de valores
excessivamente módicos ou estratosféricos, não cabe rever o valor fixado à
indenização por danos morais, em virtude da impossibilidade de
identificação de elementos fáticos que permitam aferir a especificidade do
caso sob análise. É o que se vê nos seguintes precedentes: RECURSO DE
EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI
11.496/2007. BANCÁRIO. TRANSPORTE DE VALORES. DANOS
MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. 1. O Colegiado Turmário
consignou que "(...) Na espécie, tem-se que a convocação pelo empregador
de escolta da Polícia Militar revela a exata dimensão da insegurança que
redunda da atividade de transporte de valores pela via fluvial na região.
Ressalta-se, ainda, o nexo de causalidade entre a conduta e o dano sofrido.
Com efeito, ao agir de modo contrário à lei, o reclamado colocou em risco a
integridade do reclamante, impondo-lhe violência psicológica e ferindo seu
patrimônio moral, mormente em face do desvio de função perpetrado, em
que, como gerente bancário, fora designado para atuar em função para a
qual não fora contratado e não detinha, tampouco, o preparo necessário para
o exercício da atividade. A conduta revela o seu desprezo pela dignidade da
pessoa humana. Este Tribunal Superior tem adotado, de forma reiterada, o
entendimento acima exposto, de que a conduta da instituição financeira de
atribuir aos seus empregados a atividade de transporte de valores entre as
agências bancárias dá ensejo à reparação por danos morais pela
inobservância dos estritos termos dos arts. 7º, XXII, da Constituição da
República e 3º, II, da Lei nº 7.102/83", razão porque deu provimento ao
recurso de revista do reclamante e restabeleceu a sentença de origem que
havia arbitrado a importância de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
reais) a título de indenização por danos morais. 2. (...) (E-RR - 43200-
05.2009.5.11.0101 , Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, Data de
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Julgamento: 18/06/2015, Subseção I Especializada em Dissídios


Individuais, Data de Publicação: DEJT 30/06/2015) INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL. TRANSPORTE DE VALORES. VALOR EXCESSIVO
DA INDENIZAÇÃO. (...) Ademais, a Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais já firmou entendimento de que, tendo em vista a
função uniformizadora desta SBDI-1, somente cabe, nesta instância, rever
valores de indenização por dano moral em casos teratológicos. Embargos
não conhecidos. (Processo: E-RR - 34500-52.2007.5.17.0001 Data de
Julgamento: 23/08/2012, Redator Ministro: José Roberto Freire Pimenta,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação:
DEJT 07/01/2013) INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
CARACTERIZAÇÃO E VALOR. CRITÉRIOS PARA ARBITRAMENTO.
SÚMULA Nº 296 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. NÃO
CONFIGURAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. (...) No
que concerne ao valor da indenização, a jurisprudência desta Subseção
firmou-se no sentido de que, salvo situações extremas, de valores
excessivamente módicos ou estratosféricos, não cabe recurso de embargos
destinado a rever o valor fixado à indenização por danos morais, em virtude
da impossibilidade de identificação de elementos fáticos que permitam
aferir a especificidade dos arestos colacionados. (...) Por outro lado, não se
pode perder de vista a função precípua desta Subseção, que é a
uniformização de teses jurídicas diversas em matéria trabalhista, o que não
se verifica nessas hipóteses.
Correta a aplicação do referido óbice, mantém-se o decidido. Recurso
de embargos de que não se conhece. ( E-RR - 959-24.2013.5.09.0459 ,
Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento:
03/03/2016, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 11/03/2016) A revisão do julgado em sede extraordinária
é inviável, incidindo a hipótese prevista na Súmula 333 do TST.
CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.
A parte agravante argumenta com o prosseguimento do seu recurso de
revista.
Examino.

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A parte agravante não infirmou os fundamentos do despacho


agravado, os quais, em virtude do acerto, adoto como razões de decidir,
integrando esta decisão para todos os efeitos jurídicos.
Registre-se que este Tribunal e o STF possuem entendimento maciço
de que a adoção da técnica per relationem como forma de razão de decidir
atende plenamente às exigências legal e constitucional da motivação das
decisões proferidas pelo Poder Judiciário, (STF-ED-MS 25.936-1/DF,
Relator Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, DJe 18/09/2009).
Nesse sentido: AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/14.
ADOÇÃO DA TÉCNICA "PER RELATIONEM". PETIÇÃO
GENÉRICA. Este Tribunal e o STF possuem entendimento maciço de que
a adoção da técnica "per relationem", como forma de razão de decidir
atende plenamente às exigências legal e constitucional da motivação das
decisões proferidas pelo Poder Judiciário, (STF-ED-MS 25.936-1/DF,
Relator Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, DJe 18/09/2009), não
havendo, ainda, violação das garantias da ampla defesa e do devido
processo legal, considerando-se a possibilidade de revisão da decisão por
meio da interposição do agravo interno, nos termos art. 1.021, § 3º, do
CPC. Ocorre que, na presente hipótese, a agravante apresenta agravo
interno de forma genérica, sem sequer indicar as matérias as quais
representam seu inconformismo, o que enseja a preclusão da faculdade
processual de discutir as matérias de mérito do recurso trancado na origem.
Agravo a que se nega provimento. (Ag-AIRR - 2905-
59.2014.5.02.0372, Relator Ministro: Breno Medeiros, Data de Julgamento:
10/10/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/10/2018 - destaquei);
"1. EXECUÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE. NEGATIVA.
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO.
PER RELATIONEM. NÃO PROVIMENTO. A adoção da técnica de
fundamentação per relationem atende à exigência de motivação das
decisões proferidas pelos órgãos do Poder Judiciário, consoante a
jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal, trazida à colação
na própria decisão agravada (RHC 130542 AgR / SC, Relator(a): Min.

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ROBERTO BARROSO, Julgamento: 07/10/2016, Órgão Julgador:


Primeira Turma, Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-228
DIVULG 25-10-2016 PUBLIC 26-10-2016 e RHC 126207 AgR/RS,
Relator: Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 06/12/2016, Órgão
Julgador: Segunda Turma, Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
017 DIVULG 31-01-2017 PUBLIC 01-02-2017). (...). Agravo a que se
nega provimento. (Ag-AIRR - 49600-64.1994.5.19.0060 , Relator Ministro:
Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 03/10/2018, 4ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 05/10/2018 – destacou-se) Na mesma
direção, os seguintes precedentes: AgR-AIRR - 114-59.2014.5.02.0068,
Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 01/12/2017;
Ag-AIRR - 20004-79.2015.5.04.0104, Relator Ministro: Guilherme
Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 16/12/2016; Ag-AIRR - 2753-
98.2011.5.02.0086, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte,
3ª Turma, DEJT 25/08/2017; Ag-AIRR - 1272-57.2014.5.02.0034, Relatora
Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, DEJT 02/06/2017.
Ante o exposto, com fulcro no art. 118, X, do Regimento Interno
desta Corte, nego seguimento ao agravo de instrumento."

Na minuta de agravo, a parte ora agravante apontou


ofensa aos arts. 5º, LV, da Constituição Federal; 896 e 897, da CLT
e 944 do Código Civil. Transcreveu arestos ao confronto de teses.
Sustentou, em síntese, que o valor arbitrado à
condenação ao pagamento de indenização por danos morais no valor de
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) mostrar-se-ia exorbitante e não
observaria os princípios da razoabilidade e proporcionalidade,
apresentando-se muito superior ao usualmente deferido em casos
análogos nesta Corte.
Alega que a ocorrência de assaltos em agências
bancárias são atos de terceiros e não podem ser imputados ao
empregador, porquanto resultantes de insegurança pública.
Merece reforma a decisão agravada.
Destaco, de início, que a parte cuidou de indicar,
no recurso de revista, o trecho da decisão recorrida que
consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto da
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insurgência, atendendo ao disposto no art. 896, § 1º-A, I, da CLT


(fls. 636).
O e. TRT consignou, quanto ao tema:

"Doença ocupacional
O Banco demandado questiona sua condenação ao pagamento de
indenização por danos morais causados pelos traumas imanentes ao
sequestro de que o reclamante fora vítima; busca também que se limite a
condenação ao pagamento de complementação de auxílio doença
previdenciário, previsto em norma coletiva, ao período máximo de 24
meses, conforme seria pactuado, no seu sentir, na Cláusula vigésima oitava.
Já o demandante busca a condenação ao pagamento de indenização
por danos materiais na modalidade lucros cessantes, paga de uma só vez, na
forma do art. 950 do CC, bem como a indenização prevista na cláusula
trigésima da norma coletiva produzida nos autos.
O argumento apresentado pelo Banco para afastar a indenização que
lhe fora imposta na sentença é o de que o evento traumático vivenciado
pelo autor não adveio da atividade bancária, mas de questões afetas à
segurança pública. Em suma, para o Banco não haveria e nexo de
causalidade entre os danos sofridos pelo reclamante, tampouco culpa que
lhe fosse imputável na gênese de tais transtornos, daí pugnar por sua
absolvição ou, no mínimo, pela redução do valor reparatório a que foi
condenada.
Concretamente, o trabalhador demonstrou padecer de transtorno
psicológico, conforme relatório médico de fl. 28, transtorno esse
comprovadamente associado à sua condição de vítima de dois
sequestros relacionados ao seu exercício em atividade bancária, a fim
de ter acesso ao cofre do Banco.
Competia à empresa o ônus processual de comprovar e que os
sequestros de que o reclamante fora vítima, atrelados a suas atribuições
funcionais, não influíram na origem da doença ou no seu agravamento,
ônus processual do qual não se desincumbiu. Ao revés, todos os elementos
extraídos dos autos convergem no sentido de induvidoso nexo causal entre
as patologias descritas na inicial e as atividades desenvolvidas pelo
bancário em favor do reclamado, conforme o documento juntado à fl. 27.
Firmado por assinatura digital em 05/09/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.11

PROCESSO Nº TST-RR-150-96.2015.5.05.0581

Conforme relato contido na inicial, o assalto ocorreu quando o


empregado se deslocou, por ordem do banco, da agência situada no
município de Itagimirim rumo à do município de ltapebi, ambas neste
Estado, através de taxi, para realizar o "abastecimento das máquinas
do aludido posto bancário"; após o abastecimento, foi surpreendido
por meliantes. Nos termos da inicial, esta não foi a primeira vez que o
autor teria sido assaltado em serviço, já que tal havia ocorrido duas
vezes anteriormente.
São incontroversos estes fatos: conforme a defesa, "o evento
criminoso narrado pelo então funcionário realmente existiu", na qual não
consta negativa de ocorrência anterior de outros dois assaltos. Negou-se,
ali, que o autor estivesse transportando valores, serviço que seria feito por
empresa especializada.
Ressalte-se que a autarquia previdenciária, notoriamente rigorosa na
concessão de benefícios, reconheceu o direito do reclamante ao auxílio-
doença acidentário B-91.
O laudo pericial produzido nesses autos também convergiu no sentido
de que os danos psíquicos causados ao trabalhador advieram de episódios
de assaltos ao Banco, não havendo, assim, ignorar os efeitos nefastos da
violência por este sofrida sobre a sua psiquê.
Também não se ignora o fato de em diversas cidades do interior haver
sequestro de funcionários para fins de acesso ao cofre, violência que, em
tese, segundo a literatura, pode levar a distúrbios de cunho psíquico e atuar
como concausa de síndromes depressivas, a exemplo do que se reconheceu
em memorável decisão do TRT da 43 Região, processo número 0055400-
58.2009.5.04.0030, verbis:
"Doença ocupacional. Depressão. Cobrador de ônibus vítima de
assaltos. CONCAUSA. Situação em que os assaltos sofridos como
cobrador de ônibus causaram transtornos relevantes, contribuindo para o
quadro depressivo do reclamante, mesmo que este tenha passado por
diversas outras circunstâncias de abalo psicológico. Recurso ordinário
interposto pela reclamada a que se nega provimento, vencido o Relator".
Da leitura do boletim de ocorrência policial, verifica-se que o autor
permaneceu no posto bancário de destino por apenas quinze minutos; e que
os meliantes questionaram sobre se foi feito abastecimento nas máquinas;
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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daí se infere que o autor, de fato, dirigiu-se à outra cidade com tal fim,
tanto é que os bandidos tinham ciência de que o abastecimento monetário
do posto era habitualmente realizado de tal maneira, sem segurança.
Ainda que a ida do autor ao posto bancário não tivesse o fito de
abastecer as máquinas do posto bancário, certo é que foi alvo de
perseguição dos bandidos dada a sua qualidade de gerente bancário,
quando estava em serviço a favor de sua empregadora.
Conforme realçou acertadamente o juízo primário, seria o caso até de
se dispensar a exigência de culpa na responsabilização do Banco: "Lei n°
7.102183, em razão dos riscos inerentes à atividade bancária, criou para
as instituições financeiras um dever de segurança em relação ao público
em geral, o que faz com que a responsabilidade do banco, no particular,
venha a fundar-se na chamada teoria do risco. Dentro deste contexto,
dispõe o novo Código Civil no parágrafo único de seu art. 927 que 'Haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem"'.
O raciocínio é simples e de fácil compreensão: se o Banco aufere
lucro de uma atividade que, justamente por ser muito lucrativa, torna-se, em
essência, bastante perigosa, deve arcar também com os ônus inerentes, não
lhe sendo legítimo esquivar-se da responsabilidade de reparar os danos
causados à saúde e à vida daqueles que, submetendo-se à insegurança
reinante decorrentte do trabalho, possibilitam a continuidade da sua
atividade econômica.
De toda sorte, não prosperaria a alegação de ausência de culpa, na
medida em que a empresa, ao não preservar de forma eficaz a segurança de
seu trabalhador, deixando-o submetido ao risco potencial de sequestros, ao
ponto de torná-lo vítima concreta desse tipo de violência, tornou-se
responsável pelos danos que o mesmo viesse a sofrer; ainda que o sequestro
não tenha ocorrido no próprio ambiente de trabalho, eles ocorrerem com o
fim de acessar o cofre do bancos após o autor ter efetuado abastecimento de
dinheiro em máquinas eletrônicas, sem a segurança necessária.
Enfim, demonstrada a presença de todos os elementos necessários à
configuração do dever de indenizar, configurou-se acertada a decisão que
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definiu a responsabilidade civil do empregador com base no art. 7°, XXIX,


da Constituição Federal.
No caso, o juízo sentenciante arbitrou em R$300.000,00 (trezentos
mil reais) o valor da indenização por danos morais devida ao
empregado, quantia esta adequada às circunstancias do caso, inclusive
já se levando em conta a circunstância de que a culpa pelos danos
causados ao autor é compartilhada com terceiros.
Já em relação à indenização por danos materiais, o juízo de base
entendeu que, na medida em que os danos sofridos pelo autor são
provisórios, não seria ela devida. No particular, não comungo com o juízo.
Assim, reforma-se sentença tão somente no tocante a esse aspecto: até
a última notícia contida nesses autos, o autor permanece afastado,
percebendo beneficio previdenciário, sob a modalidade de auxílio doença
acidentário (B91); ainda que o perito tenha informado que, no futuro, pode
o autor se reestabelecer dos damos causados à sua saúde mental pelo
assalto, certo é que, enquanto perdurar a i111capacidade, os danos materiais
por ele sofridos devem ser reparados, observado o limite indicado na
petição inicial. Contudo, uma vez que não houve óbito, não há falar em
pagamento de indenização em montante único.
Nesse contexto, configura-se razoável acrescer à condenação o
pagamento de indenização por danos materiais na modalidade lucros
cessantes, em valor correspondente a 50% (cinquenta por cento) da última e
remuneração auferida pelo obreiro antes do seu afastamento, aí incluídos
1/3 das férias, natalinas e 8% do FGTS, a ser corrigida pelo "INPC". Na
apuração das parcelas vencidas após o ajuizamento, observem-se os juros
reduzidos. (...)" (destacou-se)

A revisão do montante fixado nas instâncias


ordinárias a título de indenização por danos morais e materiais
somente é realizada nesta instância extraordinária nos casos de
excessiva desproporção entre o dano e a gravidade da culpa, em que o
montante fixado for considerado excessivo ou irrisório, não
atendendo à finalidade reparatória.
Na hipótese dos autos, o valor arbitrado pelo
juízo sentenciante e mantido pelo e. TRT à indenização por danos
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morais (R$ 300.000,00), decorrente dos assaltos sofridos pelo


reclamante durante o labor, revela desarmonia com os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, com a gravidade da lesão e o
caráter pedagógico da condenação.
Isso porque, segundo precedentes desta Corte, em
situações análogas, foram fixadas indenizações inferiores ao valor
arbitrado pelo Colegiado de origem.
Assim, tendo o e. TRT possivelmente incorrido em
violação ao artigo 944 do Código Civil, dou provimento ao agravo.

AGRAVO DE INSTRUMENTO

1 - CONHECIMENTO

Preenchidos os pressupostos recursais, conheço do


agravo de instrumento.

2 - MÉRITO

VALOR ARBITRADO À INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


ASSALTO. AGÊNCIA BANCÁRIA. REVISÃO

Conforme fundamentos expostos quando do provimento


do agravo, observa-se a ocorrência de possível violação ao artigo
944 do Código Civil, razão pela qual dou provimento ao agravo de
instrumento, para, convertendo-o em Recurso de Revista, determinar a
reautuação do processo e a publicação da certidão de julgamento para
ciência e intimação das partes e dos interessados de que o
julgamento do Recurso de Revista se dará na Sessão ordinária
subsequente ao término do prazo de cinco dias úteis contados da data
da publicação da respectiva certidão de julgamento (RITST, arts. 256
e 257 c/c art. 122).

RECURSO DE REVISTA
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1 - CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos genéricos de


admissibilidade, passo ao exame dos específicos do recurso de
revista.

VALOR ARBITRADO À INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


ASSALTO. AGÊNCIA BANCÁRIA. REVISÃO

Tendo em vista os fundamentos expostos quando do


provimento do agravo e do agravo de instrumento, restou violado o
artigo 944 do Código Civil.
Conheço do recurso de revista.

2 - MÉRITO

VALOR ARBITRADO À INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


ASSALTO. AGÊNCIA BANCÁRIA. REVISÃO

Conhecido o recurso, por violação ao artigo 944 do


Código Civil, dou-lhe provimento para reduzir a condenação a título
de dano moral para R$ 100.000,00 (cem mil reais).
ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quinta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: a) conhecer do agravo e, no
mérito, dar-lhe provimento para melhor exame do agravo de
instrumento; b) conhecer do agravo de instrumento e, no mérito, dar-
lhe provimento para, convertendo-o em Recurso de Revista, determinar
a reautuação do processo e a publicação da certidão de julgamento
para ciência e intimação das partes e dos interessados de que o
julgamento do Recurso de Revista se dará na Sessão ordinária
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subsequente ao término do prazo de cinco dias úteis contados da data


da publicação da respectiva certidão de julgamento (RITST, arts. 256
e 257 c/c art. 122); c) conhecer do recurso de revista, por violação
ao artigo 944 do Código Civil, e, no mérito, dar-lhe provimento para
reduzir a condenação a título de dano moral para R$ 100.000,00 (cem
mil reais).
Brasília, 4 de setembro de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


BRENO MEDEIROS
Ministro Relator

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