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0581
A C Ó R D Ã O
(5ª Turma)
GMBM/FCL/mv
PROCESSO Nº TST-RR-150-96.2015.5.05.0581
V O T O
AGRAVO
1 - CONHECIMENTO
Preenchidos os pressupostos de
admissibilidade, conheço do agravo.
2 - MÉRITO
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-150-96.2015.5.05.0581
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teria sido assaltado em serviço, já que tal havia ocorrido duas vezes
anteriormente.
São incontroversos estes fatos: conforme a defesa, "o evento
criminoso narrado pelo então funcionário realmente existiu", na qual não
consta negativa de ocorrência anterior de outros dois assaltos. Negou-se,
ali, que o autor estivesse transportando valores, serviço que seria feito por
empresa especializada.
Ressalte-se que a autarquia previdenciária, notoriamente rigorosa na
concessão de benefícios, reconheceu o direito do reclamante ao auxílio-
doença acidentário (B-91.
O laudo pericial produzido nesses autos também convergiu no sentido
de que os danos psíquicos causados ao trabalhador advieram de episódios
de assaltos ao Banco, não havendo, assim, ignorar os efeitos nefastos da
violência por este sofrida sobre a sua psiquê.
Também não se ignora o fato de em diversas cidades do interior haver
sequestro de funcionários para fins de acesso ao cofre, violência que, em
tese, segundo a literatura, pode levar a distúrbios de cunho psíquico e atuar
como concausa de síndromes depressivas, a exemplo do que se reconheceu
em memorável decisão do TRT da 4ª Região, processo número 0055400-
58.2009.5.04.0030, verbis: "Doença ocupacional. Depressão. Cobrador de
ônibus vítima de assaltos. CONCAUSA. Situação em que os assaltos
sofridos como cobrador de ônibus causaram transtornos relevantes,
contribuindo para o quadro depressivo do reclamante, mesmo que este
tenha passado por diversas outras circunstâncias de abalo psicológico.
Recurso ordinário interposto pela reclamada a que se nega provimento,
vencido o Relator". Da leitura do boletim de ocorrência policial, verifica-se
que o autor permaneceu no posto bancário de destino por apenas quinze
minutos; e que os meliantes questionaram sobre se foi feito abastecimento
nas máquinas; daí se infere que o autor, de fato, dirigiu-se à outra cidade
com tal fim, tanto é que os bandidos tinham ciência de que o abastecimento
monetário do posto era habitualmente realizado de tal maneira, sem
segurança.
Ainda que que a ida do autor ao posto bancário não tivesse o fito de
abastecer as máquinas do posto bancário, certo é que foi alvo de
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"Doença ocupacional
O Banco demandado questiona sua condenação ao pagamento de
indenização por danos morais causados pelos traumas imanentes ao
sequestro de que o reclamante fora vítima; busca também que se limite a
condenação ao pagamento de complementação de auxílio doença
previdenciário, previsto em norma coletiva, ao período máximo de 24
meses, conforme seria pactuado, no seu sentir, na Cláusula vigésima oitava.
Já o demandante busca a condenação ao pagamento de indenização
por danos materiais na modalidade lucros cessantes, paga de uma só vez, na
forma do art. 950 do CC, bem como a indenização prevista na cláusula
trigésima da norma coletiva produzida nos autos.
O argumento apresentado pelo Banco para afastar a indenização que
lhe fora imposta na sentença é o de que o evento traumático vivenciado
pelo autor não adveio da atividade bancária, mas de questões afetas à
segurança pública. Em suma, para o Banco não haveria e nexo de
causalidade entre os danos sofridos pelo reclamante, tampouco culpa que
lhe fosse imputável na gênese de tais transtornos, daí pugnar por sua
absolvição ou, no mínimo, pela redução do valor reparatório a que foi
condenada.
Concretamente, o trabalhador demonstrou padecer de transtorno
psicológico, conforme relatório médico de fl. 28, transtorno esse
comprovadamente associado à sua condição de vítima de dois
sequestros relacionados ao seu exercício em atividade bancária, a fim
de ter acesso ao cofre do Banco.
Competia à empresa o ônus processual de comprovar e que os
sequestros de que o reclamante fora vítima, atrelados a suas atribuições
funcionais, não influíram na origem da doença ou no seu agravamento,
ônus processual do qual não se desincumbiu. Ao revés, todos os elementos
extraídos dos autos convergem no sentido de induvidoso nexo causal entre
as patologias descritas na inicial e as atividades desenvolvidas pelo
bancário em favor do reclamado, conforme o documento juntado à fl. 27.
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daí se infere que o autor, de fato, dirigiu-se à outra cidade com tal fim,
tanto é que os bandidos tinham ciência de que o abastecimento monetário
do posto era habitualmente realizado de tal maneira, sem segurança.
Ainda que a ida do autor ao posto bancário não tivesse o fito de
abastecer as máquinas do posto bancário, certo é que foi alvo de
perseguição dos bandidos dada a sua qualidade de gerente bancário,
quando estava em serviço a favor de sua empregadora.
Conforme realçou acertadamente o juízo primário, seria o caso até de
se dispensar a exigência de culpa na responsabilização do Banco: "Lei n°
7.102183, em razão dos riscos inerentes à atividade bancária, criou para
as instituições financeiras um dever de segurança em relação ao público
em geral, o que faz com que a responsabilidade do banco, no particular,
venha a fundar-se na chamada teoria do risco. Dentro deste contexto,
dispõe o novo Código Civil no parágrafo único de seu art. 927 que 'Haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem"'.
O raciocínio é simples e de fácil compreensão: se o Banco aufere
lucro de uma atividade que, justamente por ser muito lucrativa, torna-se, em
essência, bastante perigosa, deve arcar também com os ônus inerentes, não
lhe sendo legítimo esquivar-se da responsabilidade de reparar os danos
causados à saúde e à vida daqueles que, submetendo-se à insegurança
reinante decorrentte do trabalho, possibilitam a continuidade da sua
atividade econômica.
De toda sorte, não prosperaria a alegação de ausência de culpa, na
medida em que a empresa, ao não preservar de forma eficaz a segurança de
seu trabalhador, deixando-o submetido ao risco potencial de sequestros, ao
ponto de torná-lo vítima concreta desse tipo de violência, tornou-se
responsável pelos danos que o mesmo viesse a sofrer; ainda que o sequestro
não tenha ocorrido no próprio ambiente de trabalho, eles ocorrerem com o
fim de acessar o cofre do bancos após o autor ter efetuado abastecimento de
dinheiro em máquinas eletrônicas, sem a segurança necessária.
Enfim, demonstrada a presença de todos os elementos necessários à
configuração do dever de indenizar, configurou-se acertada a decisão que
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AGRAVO DE INSTRUMENTO
1 - CONHECIMENTO
2 - MÉRITO
RECURSO DE REVISTA
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