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OLHARES PLURAIS - Artigos 94

O SILÊNCIO DAS MÃOS NA ASSISTÊNCIA AOS SURDOS


NOS SERVIÇOS DE SAÚDE BRASILEIROS

Francisco Joilsom Carvalho Saraiva 1

Reinaldo dos Santos Moura 2

Nubia Vanessa da Silva Tavares 3

Bernardo Lucena Júnior 4

Inaiane da Silva Santos5

Rose Fabiana de Medeiros dos Santos 6

Artigo submetido em: abr./2017 e aceito em: jun./2017

RESUMO

A comunicação efetiva é importante para que os programas de saúde possam cumprir seus
objetivos e os surdos possam receber um atendimento adequado. Os profissionais de saúde
não são capacitados enquanto academias para lidar com surdos, já que a disciplina de Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) é obrigatória apenas nos cursos de licenciaturas
fonoaudiologia. Objetivo: Descrever a assistência aos surdos nos serviços de saúde do Brasil
e as sugestões para melhoria desse atendimento. Materiais e Métodos: revisão integrativa,
com critérios de inclusão: artigos disponíveis na íntegra e com recorte temporal de 2000 a
2015 e de exclusão: artigos repetidos. Resultados: foram encontrados 79 artigos nas bases de
dados: BDENF, LILACS, MEDLINE, SCIELO e PUBMED. Após aplicação dos critérios de
inclusão e exclusão selecionou-se como amostra 07 artigos. Conclusão: observou-se que o
atendimento prestado aos surdos nos serviços de saúde é insuficiente no que se refere ao
processo da comunicação entre profissionais e usuários do
sistema de saúde relacionado ao uso da LIBRAS. Para melhoria deste atendimento é
necessário a inserção de forma obrigatória da disciplina curricular de LIBRAS para todos os
cursos da área de saúde e investimento na formação dos profissionais de saúde atuantes nesses
serviços.

Palavras-Chave: Surdez; Assistência à saúde; Acesso aos serviços de saúde.

1
Enfermeiro e Filósofo. Docente Esp. em LIBRAS – Faculdade SEUNE. Pesquisador – GEDIM/UFAL. Esp. em
Enfermagem Obstétrica – Faculdade Integrada de Patos (FIP). Maceió/AL, Brasil.
E-mail: joilsomsaraiva_@hotmail.com.
2
Graduando em Enfermagem e Pesquisador do Programa Institucional de Iniciação Científica – Faculdade
SEUNE. Integrante do Grupo de Estudos D. Isabel Macintyre da Universidade Federal de Alagoas –
GEDIM/UFAL. Maceió/AL, Brasil. E-mail: enfreinaldomoura@gmail.com.
3
Enfermeira – Faculdade SEUNE. Maceió/AL, Brasil. E-mail: nubia_nessinha@hotmail.com.
4
Fisioterapeuta. Docente Esp. Em Fisiologia – Faculdade SEUNE. Maceió/AL, Brasil.
E-mail: fisiolucena@hotmail.com.
5
Enfermeira. Docente Esp. em Neopediatria – Faculdade SEUNE. Maceió/AL, Brasil.
E-mail: inaianessantos@hotmail.com.
6
Enfermeira – Faculdade SEUNE. Esp. em Enfermagem Oncologia Pediátrica – FIP. Maceió/AL, Brasil.
E-mail: rosefabianamedeiros@outlook.com.

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THE SILENCE OF HANDS IN ASSISTANCE TO THE DEAF


IN HEALTH SERVICES BRAZILIANS

ABSTRACT

Effective communication is important so that health programs can meet their goals and the
deaf can receive appropriate care. Health professionals are not trained as gyms to deal with
the deaf, since the discipline of Brazilian Sign Language is mandatory only in speech therapy
courses. Objective: Describe the assistance to the deaf in the health services of Brazil and the
suggestions to improve this service. Materials and methods: Integrative review, with
inclusion criteria: articles available in full and with time cut from 2000 to 2015 and exclusion:
articles repeated. Results: 79 articles were found in databases: BDENF, LILACS, MEDLINE,
SCIELO and PUBMED. After applying the inclusion and exclusion criteria, 07 articles were
selected as sample. Conclusion: It was observed that the service provided to the deaf in the
health services is insufficient with regard to the process of communication between
professionals and users of the Health system related to the use of Brazilian Sign Language. To
improve this service, it is necessary to insert compulsory curricular discipline of Brazilian
Sign Language for all courses in the area of health and investment in the training of health
professionals working in these services.
Keywords: Deafness; Delivery of Health Care; Health Services Accessibility.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objeto a assistência oferecida aos surdos nos serviços de saúde
do Brasil. Existe no mundo cerca de 360 milhões de pessoas com perda auditiva, porém para
ser considerado surdo de acordo com a lei 5296/2004: surdez leve/moderada (declínio
auditivo de até 70 decibéis) ou surdez severa/profunda (se o declínio auditivo for acima de 70
decibéis) (BRASILa, 2004). As pessoas diagnosticadas com surdez severa/profunda possuem
problemas para entender, mesmo com o uso do aparelho auditivo, a voz humana e de
desempenhar de forma natural, a língua oral e a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)
(HONORA, 2015, p. 32).
Os serviços de saúde brasileiros são unidades destinadas para os atendimentos à
população de forma integral, guiados pelos programas do Ministério da Saúde com ações
promotivas, preventivas e tratadoras da saúde dos indivíduos; com a expansão destes serviços,
houve um aumento no campo profissional da equipe de saúde, tendo em vista que as
informações e orientações dadas corretamente se fazem necessárias na atenção e atendimento
na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) (COSTA et al., 2010; VIEIRA et al., 2012).
Desde o ano de 2002 foi regulamenta a Lei federal de nº.10.436, de 24 de abril, que
dispõe sobre os surdos um atendimento na rede de serviços do SUS por profissionais

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capacitados para o uso de LIBRAS para sua tradução e interpretação, ou seja, priorizando
uma comunicação de qualidade (BRASIL, 2002). Os profissionais de saúde precisam estar
preparados para interagir com clientes surdos de maneira satisfatória e que barreiras
comunicacionais repercutem negativamente na qualidade dos serviços prestados (SARAIVA;
MOURA; SANTOS, 2015).
A comunicação efetiva é importante para que os programas de saúde possam cumprir
seus objetivos, onde os membros da comunidade surda possam receber atendimento
adequado, como as demais pessoas sem deficiência auditiva (MACHADO et al., 2015).
Porém, de acordo com o Brasil (2004b), na Lei 5.296 que regulamenta e assegura o ensino de
LIBRAS nos cursos de formação de professores e na área de saúde, apenas no curso de
fonoaudiologia, ficam os demais membros da equipe multidisciplinar de saúde sem a
disciplina no seu processo formativo.
De acordo com Saraiva, Moura e Santos (2015) os profissionais de saúde não são
preparados em sua formação para se comunicar com os surdos e os deficientes auditivos tem
preferencia de serem atendidos por profissionais conhecedores da sua língua mãe.
Ante a problemática definiu como questão norteadora: Como é a assistência aos surdos nos serviços
de saúde do Brasil e quais as sugestões para melhoria desse atendimento? Para responder tal questionamento, objetivou-se
descrever a assistência aos surdos nos serviços de saúde do Brasil e as sugestões para melhoria no atendimento.

1 MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa é do tipo revisão integrativa, a qual tem a finalidade de reunir e sintetizar


resultado de pesquisa sobre um delimitado tema, de maneira ordenada, permitindo a síntese de
múltiplos estudos publicados, no intuito de se fazer a diferença na assistência à saúde
(MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Na operacionalização dessa revisão, utilizou-se de seis etapas importantes:
identificação do tema e elaboração da questão norteadora; estabelecimento de critérios para
inclusão e exclusão de estudos; definição das informações a serem extraídas dos estudos
selecionados; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos
resultados e apresentação da revisão/síntese do conhecimento (MENDES; SILVEIRA;
GALVÃO, 2008). O estudo foi realizado por meio de busca de artigos originais científicos em
bases de dados, atendendo os seguintes critérios eleitos para refinação, inclusão artigos
disponíveis na íntegra no período de 2010 a 2015 que o título tivesse relação com a temática
abordada e que respondesse fielmente à questão norteadora, já como critério exclusão
trabalhos repetidos nas bases de dados.

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Entre os meses de março a abril de 2016, foram coletados os artigos nas bases de
dados online com os descritores em saúde (DECS) (Surdez, Assistência à saúde e Acesso aos
serviços de saúde) com o operador booleano (AND), sendo eleitas duas estratégias de buscas
para os cruzamentos em todas as bases de dados: “Surdez AND Assistência à saúde” e
“Surdez AND Acesso aos serviços de saúde”. As bases eleitas neste estudo foram: Literatura
Latino-Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de
Enfermagem (BDENF), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica
(MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e na Biblioteca Nacional de
Medicina dos Estados Unidos National Institutes of Health (PUBMED).
Foi realizada a estatística descritiva simples (porcentagem) no Microsoft Excel 2010,
com as evidências científicas mais relevantes, reunindo os principais tópicos da amostra, tais
como: ano de publicação, qualis dos periódicos, periódicos, percurso metodológico: desenho,
local, sujeito, localização e instrumento de coleta dos dados do estudo, profissões dos autores,
respostas as questões norteadoras e para redação da discussão em três eixos temáticos:
Princípios Doutrinários do SUS, Assistência aos Surdos nos Serviços de Saúde do Brasil e
Sugestões para Melhoria da Assistência aos Surdos nos Serviços de Saúde.

2 RESULTADOS

Encontrou-se um total de 179 artigos nas bases de dados. Após aplicação dos critérios
de inclusão e exclusão selecionou-se um subtotal de 17 artigos, mas ao reler tais fontes apenas
07 artigos respondiam à questão norteadora.
Na síntese do conhecimento foram reunidas as evidências científicas mais relevantes e
os principais tópicos dos estudos selecionados. Baseadas na matriz de síntese realizaram-se
algumas porcentagens relevantes com a amostra da pesquisa, que serão descritas a seguir:
bases de dados (BDENF tem 42,8%; o LILACS tem 28,6%; e entre o SCIELO e a MEDLINE
tem 14,3%), periódicos: (entre a Rev. pesqui. cuid. Fundam. e a Revista de Saúde Pública são
28,6% e entre Online braz. j. nurs. Online, Revista Ciência & Saúde Coletiva, Revista de
Saúde Coletiva e J Soc. Bras. Fonoaudiol. são 14,3%). Em relação ao qualis/capes (entre B2 e
B1 tem 42,8% e A2 28,6%) e ano de publicações (entre 2011 e 2013 são 42,8% e 2015
28,6%).
Quanto ao percurso metodológico, enfatiza-se: desenhos do estudo (qualitativo: 36%,
quantitativo: 14% e quali-quantitativo: 50%), aos números de sujeitos abordados na pesquisa
71,4% de surdos e 28,6% de profissionais de saúde, quanto aos instrumentos de coleta dos
dados 71,4% de roteiro semiestruturado e 28,6% de questionário, quanto aos locais do estudo

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Paraíba e São Paulo apresentaram uma maior concentração de produção científica 57,1% e
14,3% no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará.

3 DISCUSSÃO

3.1 Princípios Doutrinários do SUS

De acordo com estudos de Aragão et al. (2014) temos uma demanda favorável de
surdos que busca por serviços de saúde, porém o acesso dos deficientes auditivos é permeado
por dificuldades. A inclusão desses sujeitos nos serviços de saúde repercute em diversos
fatores das relações sociais, fazendo-se necessário o interesse e empenho dos profissionais de
saúde aliado à vontade política dos gestores para contribuir para a mudança do atual cenário
em que vivemos (ARAGÃO et al., 2014).
O princípio doutrinário de equidade no SUS foi promulgado com a lei 8080/90, que
tem relação direta com os conceitos de igualdade e de justiça, evidenciando um atendimento
aos usuários de acordo com suas necessidades. Procura-se, com este princípio, reconhecer as
altercações/diferenças nas condições de vida e saúde das necessidades individuais dos seus
usuários, ponderando que o direito à saúde passa pelas distinções sociais e deve atender à
heterogeneidade, mas na realidade a falta de comunicação no atendimento ao surdo no serviço
de saúde persiste apesar deste princípio doutrinário e da Política Nacional de Atenção à Saúde
Auditiva (PNASA), que preconiza um conjunto de ações destinadas a atender às necessidades
dessa população no referente à saúde, educação, trabalho, relacionamento afetivo e social
((BRASIL,1990c; BRASIL, 2004d; MACHADO et al., 2013).

3.2 Assistência aos Surdos nos Serviços de Saúde do Brasil

Essa política ou princípio doutrinário não tem garantido todos os direitos das pessoas
com surdez. Compreende-se, que muitas questões pertinentes à assistência dos surdos ainda
precisam ser esclarecidas e que os estudos sobre as peculiaridades dessa população requerem
continuidade em formação continuada com os seus profissionais (ARAGÃO et al., 2014).
Para Bentes et al. (2011) a exclusão dos surdos do processo assistencial, do qual
deveriam ser atores, pela via da comunicação está vinculada a fatores como: dificuldades
na comunicação nos serviços de saúde, onde acabam dependendo de familiares para que se
estabeleça uma comunicação eficaz, onde esse agravo se torna presente no próprio SUS e pela
ausência de capacitação dos profissionais da saúde. Ratificando essas ideias no estudo de

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Saraiva, Moura e Santos (2015), os mesmos apontam que os profissionais de saúde não são
capacitados e nem preparados, enquanto academias, para lidar com surdos, empregando na
maioria das vezes mímicas e gestos não reconhecidos pelos surdos, dificultando um
atendimento terapêutico satisfatório, inclusivo e garantido pelo SUS.
Conforme Machado et al. (2013) é preciso a tomada de providências efetivas para que
profissionais da equipe de saúde se comuniquem adequadamente com os clientes surdos, pois
ao deparar-se com esses, deve-se atuar com habilidades e atitudes adequadas a fornecer
atendimento qualificado. Os surdos preferem ir a serviços de saúde que disponibilizam o
serviço de interpretação de LIBRAS, que seja credenciado a um sindicato de intérprete, onde
o mesmo obedeça à legislação brasileira, fato que não vem sendo cumprido como deveria, já
que ainda há poucos locais que disponibilizam esse serviço (OLIVEIRA et al., 2015).
Para Chaveiro et al. (2010) o atendimento à pessoa surda é um desafio para os
profissionais da saúde e para o próprio surdo. O uso da linguagem verbal precisa ser
substituído por outro recurso de comunicação, para que seus profissionais possam dar uma
assistência de qualidade aos usuários surdos. Sendo a LIBRAS a língua pela qual o surdo se
expressa e entende o mundo ao seu redor, os profissionais da saúde precisam compreender e
dominar essa comunicação. Necessita de uma construção da prática em saúde entendida em
LIBRAS, de uma assistência à pessoa surda, e isso só irá acontecer por meio de estudos, ações
e vontade política; será possível reorganizar o atendimento com dignidade e respeito que o
surdo merece (OLIVEIRA et al., 2015).
De acordo com Castro et al. (2011) muitas vezes no serviço de saúde os deficientes
auditivos estão em desvantagem na utilização dos serviços que estão disponibilizados para a
população, pois os discursos expressam que pessoas com algum tipo de deficiência fazem uso
de diversos meios para chegar nestes, onde os problemas na acessibilidade são relatados por
uma comunicação ineficaz existente, violando o princípio da equidade do SUS.
A comunicação em LIBRAS é um instrumento indispensável para a prática em saúde,
onde o emprego deste pelos profissionais não é suficiente, quando se trata de pessoas surdas,
pois não se tem profissionais habilitados para essa comunicação (LEVINO et al., 2013). São
inúmeros fatores convergindo para a dificuldade na consulta ao surdo, tais como: a falta de
preparo dos profissionais de saúde para lidar com os surdos, dificuldade de comunicação entre
eles, limitações do surdo e, finalmente, condições meta contextuais representadas pelas
políticas públicas (ARAÚJO, 2013).
Para Levino et al. (2013) a LIBRAS é a língua pela qual o surdo se expressa, e os
profissionais da saúde necessitam estudá-la para ter uma comunicação de qualidade nas
consultas de saúde, para tanto. Considera-se importante a produção de um manual prático com

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sinais do contexto da saúde, a fim de sistematizar e facilitar a qualificação dos diversos


profissionais dessa área, o que representaria grande conquista para a difusão desta no processo
de cuidado.
Segundo Rego e Silva (2016), o principal obstáculo para assistência do surdo diz
respeito à falta de comunicação em LIBRAS, tendo em vista que a população surda brasileira
se relaciona e percebe o mundo através dessa língua de modalidade gesto-visual.
Identificamos que os profissionais de saúde não estão preparados para estabelecer uma
comunicação mínima, necessária para conhecer e atender a demanda apresentada. Para se
manter uma comunicação, como surdos tentam de diversas maneiras estabelecer um diálogo
com a finalidade de receber atendimento, ainda que de forma precária, recorrendo a
mecanismos diversos, como leitura labial, escrita e em alguns casos a interferência de
familiares sem conhecimento da língua (MACHADO et al., 2013).
Já Sigolo e Lacerda (2011) apontam que os recursos públicos oferecidos são
insuficientes e, consequentemente lentos, o que interfere em um atendimento de qualidade ao
surdo. Torna-se indispensável às equipes de saúde a busca por novos conhecimentos para
atender às necessidades de sua clientela, facilitando a interação e, dessa forma, promovendo
um atendimento mais humanizado. O que falta é um preparo, paciência e compreensão dos
profissionais, para que isso não venha interferir na qualidade de sua assistência, evidenciando
a linguagem não verbal como recurso de comunicação que precisa ser valorizado (CÔRREA,
et al., 2010).

3.3 Sugestões para Melhoria da Assistência aos Surdos nos Serviços de Saúde

De acordo com Raimundo e Santos (2012), para um atendimento com excelência ao


paciente surdo é necessário que os profissionais de saúde se capacitem em LIBRAS, e
apliquem nas rotinas do dia a dia, pois a população que possui algum grau de surdez, seja do
menor ao maior grau, vem se ampliando cada dia mais, para procurar o serviço de saúde, não
sendo mais um fato isolado, mas desconhecendo muitas vezes os direitos assegurados por leis.
A eliminação desses obstáculos poderia ter valor significativo para essa população,
proporcionando possibilidades igualitárias, quando comparadas com as pessoas sem
deficiências que procuram o serviço de saúde pública do Brasil e se sentem acolhidas
(CASTRO et al., 2011). O acolhimento ao surdo compreende ao mesmo tempo ferramentas
adequadas de comunicação e postura ética de escuta qualificada, podendo demonstrar que
existe deficiência no acolhimento aos surdos (TEDESCO; JUNGES, 2013).

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Para a comunicação do surdo no serviço de saúde não são utilizadas ferramentas


adequadas, lançando mão de substitutivos que não possibilitam uma verdadeira escuta
qualificada e, por fim, o despreparo da equipe de saúde, para essas situações, provocando
angústia e ansiedade nos profissionais, impedindo uma atitude verdadeira no diálogo
(TEDESCO; JUNGES, 2013).
De acordo com Oliveira, Celino e Costa (2015), os surdos salientam que preferiam ser
atendidos por profissionais de saúde que soubessem LIBRAS, no sentido de estabelecer uma
comunicação direta, mantendo sua privacidade e independência. Com isso o surdo não
precisaria de intérprete, e sua privacidade seria preservada, tal só poderia acontecer se durante
o processo discente houvesse a qualificação destes, seriam minimizadas tantas dificuldades
relatadas pelos surdos que buscam os serviços públicos de saúde.
Para Miranda, Shubert e Machado (2014), os profissionais de saúde devem avaliar
cada surdo como um indivíduo que possui necessidades comunicacionais específicas. Uns
podem fazer leitura labial, enquanto outros apresentam imensa dificuldade; deve existir um
acolhimento e consulta específica para cada surdo, para que haja compreensão por ambos os
lados. Outro ponto importante é a necessidade de entendimento acerca da comunidade surda,
em particular de sua cultura. O profissional desenvolverá uma competência cultural em
cuidar, promovendo um cuidado específico a partir de uma comunicação eficaz. Com isso
pode ir diminuindo todo o obstáculo e barreiras presentes nesse processo, promovendo a
qualidade da assistência e uma valorização no paciente surdo que, na maioria das vezes, se
sente excluído (CÔRREA et al., 2010).
Há semelhança nos resultados desse estudo com o de outra revisão integrativa de
Oliveira et al. (2015), onde a comunicação com os surdos ainda é uma problemática
importante no acesso aos surdos aos serviços de saúde, limitando muitas vezes a autonomia
das pessoas com deficiência auditiva. Essa barreira representa um risco para a saúde dos
surdos, pois muitas vezes não se percebe corretamente o que o surdo está emitindo, por
desqualificação profissional das equipes de saúde e por falta de intérpretes nos serviços de
saúde pública do Brasil.

CONCLUSÃO

A partir da síntese das literaturas abordadas se observou que o atendimento prestado


aos surdos nos serviços de saúde do Brasil é insuficiente no que se
refere ao processo da comunicação entre profissionais e usuários do
sistema de saúde.

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Relata-se nos estudos que alguns problemas enfrentados pelos surdos são relacionados
à acessibilidade nesses serviços, tais como: o despreparo dos profissionais de saúde para a
comunicação em LIBRAS, por consequência há dependência dos surdos no acompanhamento
dos familiares para os serviços de saúde para se garantir o vínculo comunicacional quebrando
os princípios de confidencialidade e em pequena parte as limitações dos surdos. Todavia, nada
disso se justifica, pois de acordo com PNASA/SUS os deficientes auditivos deverão ser
avaliados como um indivíduo com necessidades específicas.
O processo de comunicação com o surdo é desafiador para a equipe multidisciplinar
de saúde, pois as peculiaridades dessa população requerem continuidade em formação, pois
pela legislação brasileira a LIBRAS é exigida como disciplina obrigatória curricular apenas
nos cursos de licenciaturas e fonoaudiologia. É necessário que os profissionais de saúde
tenham contato com a LIBRAS no seu processo formativo, já que existe uma demanda de
surdos procurando os serviços de saúde e que estes preferem que os seus atendimentos fossem
realizados pela própria equipe de saúde e não por profissionais intérpretes, ou pela
interpretação de seus familiares, pois seria valorizado os seus princípios de autonomia e a voz
das sua mãos.
Ademais, é necessário mais esclarecimento acerca do objeto. Sugere-se que a proposta
de pesquisa seja ampliada para a melhoria no atendimento dos surdos nos serviços de saúde
do Brasil.

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OLHARES PLURAIS – Revista Eletrônica Multidisciplinar, n. 17, vol. 2, Ano 2017 ISSN 2176-9249

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