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Quando se fala de expedições nazistas ao Tibete imagina-se que houve mais de uma
iniciativa oficial de pesquisa naquele país. Todavia, o que a História registra é uma
única missão oficial, patrocinada pela Ahnenerbe, entre 1938 e 1939, liderada pelo
biólogo e explorador alemão Ernst Schäfer [1910-1992]. Schäfer foi escolhido porque
tinha experiência de duas expedições ao Tibet: a primeira entre 1931 e 1932; a segunda,
entre 1934 e 1936.
No que se refere ao Homem das Luvas Verdes é plausível que tenha chegado à
Alemanha em 1939, junto com os integrantes da terceira expedição, já que esta
expedição foi organizada pela secretaria ocultista do Terceiro Reich, Ahnenerbe
[inaugurada em 1935]. O relato aqui reproduzido é uma ficção, uma lenda cuja ação o
autor escolheu começar em 1936, aproximando-se, em termos históricos, da segunda
expedição empreendida por Ernst Schäfer [entre 1938-1939]. Nada do está escrito aqui
foi comprovado porém isso não significa que não possa ter acontecido...
Os poderes do Green Gloves: era um telepata, lia mentes. Podia controlar os centros de
energia [chacras] não somente do seu próprio corpo mas, também, das pessoas à sua
volta. Podia produzir dor ou cura com o toque das mãos. Pela força de sua vontade
podia hipnotizar qualquer pessoa que enquadrasse no foco de seu olhar e manipulava
livremente o nível de hipnose ao qual submetia seus alvos. Aqueles que caíam sob seu
controle tinham a Vontade própria completamente subjugada, tornando-se escravos do
monge.
Podia induzir às alucinações manipulando seus sentidos de suas vítimas, fazendo-as ver
ou ouvir coisas ilusórias ou, ao contrário, cegando-as e ensurdecendo-as para a
realidades evidentes. Os discípulos deste Mestre adquiriam as mesmas habilidades em
diferentes graus e podiam controlar a Vontade de meia dúzia de homens ao mesmo
tempo. O Mestre, comandava a mente de centenas. Este Mestre podia entrar em um
estado de transe que lhe permitia transcender a barreiras do espaço e do tempo. Podia
projetar sua consciência no Astral manifestando-se como uma presença fantasma em
lugares distantes de sua real presença física.
A Lenda
Em sua missão, a equipe deveria explorar vários aspectos da cultura e da etnia tibetana:
história, religião, perfil psicológico, anatomia, tudo para esclarecer se havia ou não
parentesco genético entre os tibetanos e os antigos povos arianos. Também pretendiam
obter provas contra a teoria de o Homem descende dos macacos. Tinham especial
interesse no folclore sobre o Abominável Homem das Neves que, acreditavam,
alimentava a credibilidade da hipótese de Darwin. Os alemães queriam provar que o
Yeti não era um elo perdido mas, sim, um urso himalaico. Um grupo especial, dentro da
expedição, foi organizado exclusivamente para cuidar desta questão, aventurando-se na
escalada das montanhas em busca da criatura.
Não foram sozinhos. Contrataram carregadores e guias Sherpa, um grupo étnico que
habitava justamente as regiões montanhosas entre o Tibete e o Nepal. Na medida em
que avançavam rochedos acima, guias e carregadores ficavam mais e mais inquietos e
explicavam: estavam no topo do mundo e o profundo vale que podiam ver era domínio
dos Yeti; tinham de parar, voltar.
Enquanto desciam o vale, mesmo os duros alemães sentiam que um olhar malevolente
os acompanhava. Veio a noite e com ela os gritos! Agudos, penetrantes, sobrenaturais,
ecoando entre os picos nevados. Era um lamento; e era um desafio! O comando da
expedição decidiu recuar; tarde demais. Os Yetis atacaram naquela noite. Caíram sobre
os invasores como uma avalanche de fúria bestial. Tinham uma força sobre-humana.
Eram desengonçados; eram homens-macaco! Os Sherpas, logo foram massacrados. Os
nazistas tentaram resistir atirando nos agressores. Inútil. As balas não afetavam os Yetis
[que eram uns cascas grossas!] e foi uma chacina. Somente um agente das SS escapou:
Erich Wunsche.
Erich Wunsche
Ele não era montanhista, não era caçador nem um naturalista ou cientista de qualquer
espécie. Era somente um cão de guarda do partido. Fora escolhido por Himmler para
assegurar que nenhuma descoberta feita pela expedição fosse ocultada do partido ou
divulgada ao público antes que os dirigentes examinassem primeiro. Era absurdo que
alguém tão cientificamente desimportante como ele fosse o único a escapar. Mas não
havia tempo para reflexões. Ele correu, correu até cair e não mais poder se levantar.
Resignado, permitiu-se fechar os olhos. Adormeceu.
Não esperava ver outro amanhecer mas despertou e deparou-se com o disco dourado e
flamejante, o Sol no mesmo lugar de sempre no alto do céu. Sim. Contrariando todas as
expectativas, tinha sobrevivido. Resistiu à noite mortalmente fria. Escapou de despencar
das íngremes falhas das rochas e ali estava ele, repleto de êxito. Olhou a paisagem em
volta. Não havia sinal de seus companheiros porém, viu alguma coisa; algo que há
pouco não estava ali; alguém que tinha nele cravados os olhos bestiais enquanto
arreganhava a dentuça ameaçadora exibindo suas poderosas presas.
Surgidos do nada, logo outros apareceram. Não! Ele não tinha escapado, não ainda. Sem
perder nem mais um segundo, Erich Wunsche lançou-se mais uma vez, montanha
abaixo perseguido pelos Yetis que não precisavam se esforçar para alcançá-lo. Ao
contrário, pareciam divertir-se com ele: surgiam à sua frente bloqueando seu caminho,
forçando-o a mudar de direção. Ele percebeu que os Yetis eram algo mais que um elo
perdido ou simples bestas. Tinham inteligência, um inteligência cruel que fazia dele
uma peça de jogo, conduzindo-o a algum horrível destino final.
Então, ele prestou atenção àquelas portas grandiosas, maciças, gêmeas que pareciam
feitas de ouro. Elas começaram a se abrir lentamente. Mas ele nada via do interior da
construção, apenas escuridão até que, em dado momento, entreviu o delinear-se da
figura de um homem. Era um tibetano [ou assim parecia ser]. Vestia uma túnica verde
escura e suas mãos estavam protegidas por luvas, igualmente verdes, feitas de veludo.
Seu semblante expressava sabedoria, força e vitalidade; e ele disse:
─ Erich Wunsche. Nenhum homem vem a este lugar sem ser chamado. Você foi
chamado. Você vai servir aos adeptos de Agartha. Falava alemão perfeitamente e suas
palavras eram proferidas em um tom sinistro que parecia penetrar e se espalhar em sua
alma. Erich suplicou ─ Preciso descansar. Criaturas... bestas perseguiram-me até aqui.
Preciso de abrigo.
O monge respondeu ─ Os Yetis são guardiões deste lugar. Não existe abrigo aqui para
você. Avançou, aproximou-se e colocou uma de suas mãos enluvadas na testa do
alemão. Erich queria gritar mas não conseguiu emitir nenhum som. Uma estranha
energia atravessava seu corpo percorrendo desde as suas pernas doloridas até sua mente
exausta. Toda a fadiga e mal-estar se dissiparam. E o monge falou mais:
Erich não respondeu nada, não fez qualquer sinal de entendimento mas o monge sabia
que o agente das SS ia obedecer. Neste momento, começaram a aparecer mais monges
vestidos com túnicas verdes; mas suas mãos estavam nuas. Foi assim que Erich
Wunsche encarregou-se de conduzir os Adeptos de Agartha até a pequena vila himalaica
onde os outros integrantes da expedição da Ahnenerbe conduziam outras investigações.
Poucas semanas depois, voltavam à Alemanha acompanhados de uma centena auto-
convidados tibetanos; entre eles, o monge das luvas verdes.
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