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INTRODUÇÃO
conduzi-lo, causando vítimas fatais e graves danos, não deverá ser equiparado a um
delito onde a culpa consciente se faz presente.
Ora, é de suma importância ressaltarmos que a irresponsabilidade de vários
condutores que cometem atrocidades ao volante de seus carros, bem como a
violência dos acidentes e o grande número de mortos e lesões causadas
decorrentes dessa barbárie diária das ruas, criaram na sociedade um sentimento
generalizado de temor e revolta.
A opinião pública e a mídia, tendo em vista este assustador quadro, no qual o
Brasil está inserido, passaram a exercer forte pressão no Poder Judiciário, quanto
ao tratamento dos agentes causadores dessa espécie de delito no trânsito, em
decorrência de tais fatos, os olhos de diversas áreas do conhecimento se voltaram
para este problema, ademais esse trabalho destina-se a analisar os acidentes de
trânsito que tem como causa a embriaguez alcoólica ou o uso de substâncias
psicoativas sob a perspectiva de uma ciência específica: a Ciência do Direito.
Sendo assim, o presente trabalho visa analisar as controvérsias existentes na
prática forense envolvendo a natureza, culposa ou dolosa dos homicídios de
trânsito, principalmente quando o agente encontra-se sob influência de substâncias
alcoólicas. E para o êxito dessa pesquisa é evidente a necessidade de um estudo
minucioso acerca das definições de culpa consciente e dolo eventual, para só então
ser possível chegar a uma conclusão segura e adequada.
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O código penal vigente trata das diversas punições ao agente que comete um
delito agindo por dolo ou culpa, todavia essa melhor diferenciação encontra-se
embasada nas doutrinas, podemos dizer que o que se entende por dolo de uma
forma geral é que é a decisão de violar a lei através de uma determinada ação ou
omissão, tendo o agente o pleno conhecimento da criminalidade do ato que está
cometendo.
Reza o art. 18, inciso I, do CP: “Diz-se o crime: doloso, quando o agente quis
o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.” Logo, o que podemos observar, é que
o dolo é formado por dois elementos: o elemento intelectual, ou seja, a consciência,
e o elemento volitivo, que é a vontade da realização da conduta delituosa.
O fato de tratarmos do elemento consciência, não quer dizer necessariamente
que o agente saiba o tipo penal a qual se enquadra a sua conduta, mas sim que o
agente deva saber exatamente aquilo que está fazendo e o resultado lesivo que
poderá causar. Para agir dolosamente, o sujeito ativo deve saber, por exemplo, que
ao atirar em uma pessoa, poderá cometer o delito de homicídio, saber que, ao
subtrair para si, algo que não lhe pertence, estará cometendo um furto.
O elemento vontade é também de suma importância para a caracterização do
crime doloso, uma vez que uma pessoa, coagida por outrem, comete um crime, não
há que se falar em dolo na sua conduta, pois mesmo sabendo a mesma do
resultado, esta, não teve a vontade de produzi-lo.
Para um melhor entendimento acerca desse tema a doutrina destaca três
teorias que conceituam do dolo, são elas:
Teoria da Vontade: em que o dolo é a vontade de realizar a conduta e
produzir o resultado, assim, age com dolo aquele que pratica a ação consciente e
voluntariamente.
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Tal resultado não é querido pelo agente, tampouco assumido pelo mesmo. Há
no sujeito ativo, a representação da possibilidade do resultado, contudo, ele a
afasta, por acreditar que sua habilidade evitará que tal evento lesivo venha a ocorrer.
Assim, na sábia lição de Rogério Greco ( 2007: 206):
É sabido por todos nós que o trânsito é uma das maiores causas de mortes e
acidentes no país, situações estas que na maioria das vezes são provocadas pela
imprudência e irresponsabilidade dos condutores de veículos automotores.
Tais fatores, por sua vez, frequentemente estão ligados ao consumo de álcool
e outras substâncias de efeitos análogos, provocando como conseqüência,
incontáveis perdas.
A embriaguez, como é do conhecimento de todos, afeta o sistema nervoso do
ser humano, provocando diversas alterações, como já fora estudado no capítulo
anterior, essa famigerada mistura (álcool e direção), por imprudência, imperícia ou
simplesmente mera irresponsabilidade dos condutores, tem se tornado um fato
frequente na rotina dos brasileiros.
O constante aumento no número de acidentes em que se faz presente a
embriaguez ao volante como causa principal, é um dado alarmante em nosso país,
pois todos os dias são acidentadas inúmeras pessoas, pessoas estas, que em
grande maioria, encontram-se no pólo passivo da situação. Infelizmente, é muito
comum serem noticiados trágicos acidentes em que um condutor embriagado
atropela um pedestre ou provoca um desastre causando o óbito de vítimas
inocentes.
Diante de tantas informações trágicas e de negras estatísticas, foi criada a lei
11705/08, visando alterar alguns dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro. Tal lei,
conhecida também como “Lei seca”, foi instituída com o objetivo de diminuir os
acidentes de trânsito em que se faz presente a embriaguez ao volante, aumentando
a fiscalização e proporcionando uma penalidade mais severa aos condutores
embriagados.
Com a entrada em vigor da supracitada lei, o motorista que for surpreendido
dirigindo embriagado poderá sofrer sanção que vai de multa até a apreensão do seu
veículo e suspensão da habilitação por um ano, o condutor que estiver com seis ou
mais decigramas de álcool por litro de sangue poderá sofrer penalidade de detenção
de seis meses a três anos, conforme se pode observar pelo disposto no artigo 306
do CTB, alterado pela lei 11705/08 que aduz o seguinte:
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Segundo uma publicação feita pela Polícia Rodoviária Federal, logo em que
entrou em vigor a citada lei, era registrada um flagrante de embriaguez a cada seis
testes realizados nas rodovias federais, atualmente são necessários quarenta testes
para a identificação de um condutor embriagado. Desde o início da lei até o final do
ano de 2009, a PRF reprovou mais de quatorze mil motoristas embriagados, dos
quais nove mil foram presos em flagrante.
De acordo com essa mesma publicação, os estados com maior índice de
urbanização como: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul,
conseguiram reduzir o índice de violência nas estradas de maneira significativa,
conduto as regiões menos desenvolvidas não conseguiram atingir este patamar
devido a deficiência da fiscalização em tais regiões.
Embora possamos falar em uma certa redução nos acidentes após a lei
11705/08, é de grande importância frisarmos que a punição dada ao condutor
embriagado que comete um homicídio no trânsito ainda é muito branda, tendo em
vista a capitulação equivocada da conduta do agente no momento da aplicação da
punição cabível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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