Sei sulla pagina 1di 25

9

INTRODUÇÃO

Os delitos de trânsito têm merecido de nossos legisladores uma atenção


especial nos últimos tempos, tendo em vista a desenfreada e descontrolada
freqüência dos acidentes de trânsito no Brasil, que, nos últimos anos, nos situa,
cada vez mais, na posição de campeões mundiais do genocídio motorizado, um
recorde nada enobrecedor.
O trânsito é responsável pela maioria absoluta de óbitos por causas externas
e estes na sua maioria vinculada à imprudência e imperícia dos condutores. Além
das mortes no trânsito, há inúmeros casos de mutilações, feridos, de catastróficos
danos materiais e claro, não podemos deixar de ressaltar a perda de inocentes,
crianças, idosos, trabalhadores, que infelizmente se situam no pólo passivo dessas
negras estáticas, as incontáveis perdas psicológicas causadas por uma combinação
nada adequada: a bebida e o volante.
Com o constante aumento de acidentes tendo como causa principal a
embriaguez ao volante, faz se mister, um estudo mais aprofundado sobre a
responsabilidade penal do condutor em face da embriaguez alcoólica, não deixando
de evidenciar também uma questão de grande divergência entre juristas, o dolo e a
culpa no acidente de trânsito, mais especificamente, o dolo eventual e a culpa
consciente.
Muito se observa, é que essa deficiência para distinguir o dolo eventual da
culpa consciente, prejudica de uma forma considerável a definição da efetiva
punição para os delitos onde a embriaguez ao volante se faz presente, uma vez que
o entendimento adotado pelo magistrado ao fato, pode fazer com que a pena
aplicada se manifeste de maneira mais ou menos severa a uma mesma conduta
estabelecida entre autores de delitos semelhantes.
Observa – se, entretanto que os delitos cometidos de tal maneira devem ser
observados com mais rigor, em se tratando do dolo eventual, pois um individuo que
assume a direção de um veículo sem a mínima condição e responsabilidade para
10

conduzi-lo, causando vítimas fatais e graves danos, não deverá ser equiparado a um
delito onde a culpa consciente se faz presente.
Ora, é de suma importância ressaltarmos que a irresponsabilidade de vários
condutores que cometem atrocidades ao volante de seus carros, bem como a
violência dos acidentes e o grande número de mortos e lesões causadas
decorrentes dessa barbárie diária das ruas, criaram na sociedade um sentimento
generalizado de temor e revolta.
A opinião pública e a mídia, tendo em vista este assustador quadro, no qual o
Brasil está inserido, passaram a exercer forte pressão no Poder Judiciário, quanto
ao tratamento dos agentes causadores dessa espécie de delito no trânsito, em
decorrência de tais fatos, os olhos de diversas áreas do conhecimento se voltaram
para este problema, ademais esse trabalho destina-se a analisar os acidentes de
trânsito que tem como causa a embriaguez alcoólica ou o uso de substâncias
psicoativas sob a perspectiva de uma ciência específica: a Ciência do Direito.
Sendo assim, o presente trabalho visa analisar as controvérsias existentes na
prática forense envolvendo a natureza, culposa ou dolosa dos homicídios de
trânsito, principalmente quando o agente encontra-se sob influência de substâncias
alcoólicas. E para o êxito dessa pesquisa é evidente a necessidade de um estudo
minucioso acerca das definições de culpa consciente e dolo eventual, para só então
ser possível chegar a uma conclusão segura e adequada.
11

1. ASPECTOS GERAIS ACERCA DO DOLO E DA CULPA

O código penal vigente trata das diversas punições ao agente que comete um
delito agindo por dolo ou culpa, todavia essa melhor diferenciação encontra-se
embasada nas doutrinas, podemos dizer que o que se entende por dolo de uma
forma geral é que é a decisão de violar a lei através de uma determinada ação ou
omissão, tendo o agente o pleno conhecimento da criminalidade do ato que está
cometendo.
Reza o art. 18, inciso I, do CP: “Diz-se o crime: doloso, quando o agente quis
o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.” Logo, o que podemos observar, é que
o dolo é formado por dois elementos: o elemento intelectual, ou seja, a consciência,
e o elemento volitivo, que é a vontade da realização da conduta delituosa.
O fato de tratarmos do elemento consciência, não quer dizer necessariamente
que o agente saiba o tipo penal a qual se enquadra a sua conduta, mas sim que o
agente deva saber exatamente aquilo que está fazendo e o resultado lesivo que
poderá causar. Para agir dolosamente, o sujeito ativo deve saber, por exemplo, que
ao atirar em uma pessoa, poderá cometer o delito de homicídio, saber que, ao
subtrair para si, algo que não lhe pertence, estará cometendo um furto.
O elemento vontade é também de suma importância para a caracterização do
crime doloso, uma vez que uma pessoa, coagida por outrem, comete um crime, não
há que se falar em dolo na sua conduta, pois mesmo sabendo a mesma do
resultado, esta, não teve a vontade de produzi-lo.
Para um melhor entendimento acerca desse tema a doutrina destaca três
teorias que conceituam do dolo, são elas:
 Teoria da Vontade: em que o dolo é a vontade de realizar a conduta e
produzir o resultado, assim, age com dolo aquele que pratica a ação consciente e
voluntariamente.
12

 Teoria do Assentimento: É também conhecida como teoria do


consentimento, neste caso, age dolosamente aquele que prevê o resultado e aceita
os riscos de produzi-lo.
 Teoria da Representação: O dolo é a simples vontade de realizar a
conduta, havendo a previsão do resultado, contudo, sem desejar que este ocorra.
As teorias adotadas pelo Código Penal foram as teorias da vontade e do
assentimento. A doutrina, por sua vez, ainda aborda as diversas espécies de dolo: o
dolo natural; normativo; direto ou determinado; indireto(que se divide em dolo
alternativo e dolo eventual); de dano; de perigo; genérico; específico; dolo geral; de
primeiro e segundo grau; entre outros.
Para que tenhamos maior eficácia em nosso estudo, que tem como fim a
melhor diferenciação entre o dolo eventual e a culpa consciente é relevante que
entendamos os conceitos gerais sobre dolo bem como a culpa. Abordaremos agora,
alguns aspectos para o melhor entendimento acerca da culpa no direito penal.
O crime culposo encontra previsão legal no artigo 18, II do Código Penal, que
aduz o seguinte: “Diz-se o crime: culposo, quando o agente deu causa ao resultado
por imprudência, negligência ou imperícia.”
Guilherme de Souza Nucci (2009:206), abordando o tema, conceitua a culpa
como: “O comportamento voluntário desatencioso, voltado a um determinado
objetivo, lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, não desejado, mas
previsível, que podia ter sido evitado.”
O legislador não descreveu nem especificou a culpa, apenas previu
genericamente a ocorrência da mesma no tipo penal, afinal é incontável a
quantidade de maneiras diferentes em que se pode obter um resultado lesivo de
forma culposa, nesses termos então, a lei procurou estabelecer os deveres que o
agente deve ter quando desempenha determinadas atividades: como utilizar
equipamentos de proteção em uma obra, respeitar os limites de velocidade, entre
outros.
O tipo culposo, por sua vez, diverge do tipo doloso, uma vez que na culpa há
uma possibilidade do agente prever que o resultado lesivo que possa vir a ocorrer,
ou seja, há a previsibilidade da ocorrência do possível resultado, contudo o agente
não quer, não deseja que este ocorra, é o caso, por exemplo, da pessoa que dirige
em vias públicas em alta velocidade, para não perder um compromisso; ela não
deseja provocar um acidente, mas pode prever o sinistro.
13

Diante do exposto, vale frisar, que para a caracterização de um crime culposo


devemos observar alguns elementos, a saber:
 Conduta voluntária, comissiva ou omissiva;
 Inobservância do dever de cuidado objetivo (imprudência, negligência
ou imperícia);
 Resultado Lesivo Involuntário;
 Nexo de causalidade;
 Previsibilidade;
 Tipicidade.
A doutrina refere-se ainda às diferentes espécies de culpa, sendo elas: a
culpa própria; a imprópria; a presumida; a culpa consciente, que será posteriormente
enfatizada no presente estudo e a culpa inconsciente.
Alguns doutrinadores, como o penalista Fernando Capez e o Júlio Fabbrini
Mirabete, trazem em suas obras, a elucidação dos graus da culpa, podendo estes
serem: grave, leve e levíssimo, de acordo com a maior ou menor possibilidade de
prever o resultado, bem como se foram ou não tomados os devidos cuidados
objetivos pelo sujeito.
Sintetizando, abordamos aqui, apenas os aspectos gerais acerca do dolo e da
culpa, para fins de melhor entendimento e absolvição do conteúdo deste trabalho,
onde daremos ênfase ao estudo da culpa consciente em um paralelo frente ao dolo
eventual, tema este, que embora encontremos a sua diferenciação nas doutrinas
penais, a sua correta capitulação na prática forense tem sido constantemente motivo
de divergência entre os penalistas.
A seguir, aprofundaremos o nosso estudo, abordando o entendimento sobre
dolo eventual e culpa consciente.
14

2. DO DOLO EVENTUAL À CULPA CONSCIENTE

Os nossos doutrinadores, como vimos anteriormente, analisaram as


diversas espécies de dolo e culpa em suas obras, haja vista que o Código Penal
Brasileiro, faz menção ao dolo e a culpa, contudo o estudo das suas espécies,
encontra respaldo apenas nas obras doutrinárias.
Embora encontremos nas doutrinas a apreciação dessas espécies, duas
destas nos têm chamado a atenção: o dolo eventual e a culpa consciente, pois é de
observar que constantemente tal assunto tem sido submetido ao judiciário, dada a
freqüência em que é confundido.
O que muito se observa é que não há efetivamente uma distinção prática
para o crime perpetrado com dolo eventual e o crime cometido com culpa
consciente, principalmente em se tratando dos acidentes automobilísticos, fato este,
que prejudica de forma considerável a definição da punição a ser aplicada a esses
delitos, pois não há a correta capitulação da conduta praticada pelo autor do fato,
acarretando então em uma decisão muitas vezes injusta.
Diante do exposto, buscaremos através de um minucioso estudo a respeito
do dolo eventual e da culpa consciente frente aos homicídios causados pelos
acidentes automobilísticos, proporcionar ao legislador uma maior segurança ao
aplicar a penalidade cabível ao agente delituoso. Abordaremos aqui todos os
aspectos relevantes acerca do dolo eventual e da culpa consciente, buscando uma
efetiva distinção destes termos para nossa prática forense penal.

2.1. DO DOLO EVENTUAL

Fala-se em dolo eventual quando o agente assume a possibilidade de


produzir um resultado lesivo, embora não queira diretamente praticar um delito, não
15

se abstém da sua atitude, conseqüentemente, assumindo o risco de produzir o


resultado por ele já previsto.
Nesses termos, leciona o penalista Muñoz Conde, citado por GRECO
(2007: 190):

No dolo eventual, o sujeito representa o resultado como de produção


provável, e, embora não queira produzi-lo, continua agindo e admitindo a sua
eventual produção. O sujeito não quer o resultado, mas conta com ele, admite
sua produção, assume o risco, etc. (CONDE, 2007, p.190)

Dessa maneira, podemos entender que o agente tem consciência da


realização do tipo penal se praticar determinada conduta, embora não queira
efetivamente o resultado, não deixa de agir.
Nesse mesmo sentido, é o posicionamento de Guilherme Nucci (2009:200),
em sua sábia lição:

Dolo eventual é a vontade do agente dirigida a um resultado determinado,


porém vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo
resultado, não desejado, mas admitido, unido ao primero. Por isso, a lei
utiliza o termo“ assumir o risco de produzi-lo”. Nesse caso, de situação mais
complexa, o agente não quer o segundo resultado diretamente, embora
sinta que ele possa se materializar juntamente com aquilo que pretende, o
que lhe é indiferente. (NUCCI, 2009, p.200)

2.2. A CULPA CONSCIENTE

A culpa consciente, também denominada culpa com previsão, é aquela em


que o agente, ao cometer determinada conduta, prevê um resultado lesivo, contudo,
acredita firmemente que este não ocorra.
16

Tal resultado não é querido pelo agente, tampouco assumido pelo mesmo. Há
no sujeito ativo, a representação da possibilidade do resultado, contudo, ele a
afasta, por acreditar que sua habilidade evitará que tal evento lesivo venha a ocorrer.
Assim, na sábia lição de Rogério Greco ( 2007: 206):

Culpa consciente é aquela em que o agente, embora prevendo o resultado,


não deixa de praticar a conduta, acreditando, sinceramente, que este
resultado não venha a ocorrer. O resultado, embora previsto, não é assumido
ou aceito pelo agente, que confia na sua não ocorrência. (GRECO, 2007,
p.206)

Logo, entendemos que, embora a culpa consciente e o dolo eventual possam


avizinhar-se, são estes institutos distintos.

2.3. DISTINÇÃO ENTRE DOLO EVENTUAL E CULPA CONSCIENTE

O dolo eventual se diverge da culpa consciente, pois neste, o agente embora


não queira diretamente o resultado, assume o risco de produzi-lo enquanto que na
culpa consciente, o agente não assume o risco de produzir tal resultado, e sim,
acredita firmemente que este não ocorrerá.
Segundo o penalista Gulherme Nucci (2009:208):

Trata-se de distinção teoricamente plausível, embora na prática, seja muito


complexa e difícil. Em ambas as situações, o agente tem a previsão do
resultado que sua conduta pode causar, embora na culpa consciente não o
admita como possível e, no dolo eventual admita a possibilidade de se
concretizar, sendo-lhe indiferente. (NUCCI, 2009, p.208)

Diante do exposto, é imprescindível que usemos de clássicos exemplos para


melhor absolvição do assunto.
17

Um exemplo de culpa consciente é o do artista de circo que utiliza de facas


para fazer o seu número, ele sabe que poderá causar um resultado lesivo caso o
número não saia como o desejado, contudo, acredita fielmente que devido a sua
habilidade este resultado não ocorrerá.
Outro exemplo é do motorista que dirige em alta velocidade para chegar a
tempo a um compromisso, ele tem consciência de que pode vir a causar um
acidente, mas não acredita que este ocorrerá, confiando na sua habilidade em dirigir
o veículo.
Com relação ao dolo eventual, poderemos citar o clássico exemplo do
motorista que após embriagar-se, dirige seu veículo em alta velocidade em vias
públicas, não respeitando os sinais, acabando assim por atropelar um pedestre.
Esse motorista tem plena consciência de que ao misturar bebida e volante, poderia
ocasionar um resultado lesivo, resultado este, não querido, porém, também não
evitado.
Falamos também em dolo eventual, no exemplo onde o condutor de um
veículo participa de uma inaceitável disputa automobilística, realizada em plena via
pública, conhecida popularmente como “racha”, tal evento, ocorre com a
participação de vários jovens, que muitas vezes utilizam drogas e bebidas
alcoólicas, para participar da corrida. É de se admitir que, o agente quando assume
a direção de um veículo automotor com o intuito de participar de um “racha”, assume
totalmente o risco de causar um resultado lesivo, sendo por sua vez indiferente a
este.
Em ambos os casos, já citados como dolo eventual, o agente prevê a
possibilidade de ocorrência de um acidente, contudo continua a agir levianamente,
colocando em risco a vida de inúmeros cidadãos, demonstrando assim o seu
desapego à incolumidade alheia.
A mídia por sua vez, já tornou públicos inúmeros casos onde condutores
embriagados, vieram a tirar a vida de pessoas inocentes, pessoas estas, que muitas
vezes voltavam para casa após um dia de trabalho, famílias inteiras já sofreram as
conseqüências da irresponsabilidade de uma pessoa que se quer conheciam.
Eventos como este, infelizmente são comuns, o que não pode se tornar comum é
serem capitulados como culpa consciente, fatos onde a irresponsabilidade e
indiferença do condutor são totalmente notórios.
18

Muito se observa que embora a distinção entre os institutos do dolo eventual


e da culpa consciente nos pareça nítida, na prática ainda há muita divergência no
momento de aplicar a penalidade adequada ao condutor, situação esta que
pretendemos mudar.
Ainda existe a polêmica doutrinaria e jurisprudencial acerca da aplicabilidade
do dolo eventual, contudo a desenfreada freqüência em que acidentes promovidos
por mera irresponsabilidade tem ocorrido, nos faz concluir pelo entendimento da
caracterização do dolo eventual em tais situações.
19

3. A EMBRIAGUEZ E SUAS CONSEQUENCIAS PENAIS

O conceito de embriaguez de maneira geral é citado pelos nossos


doutrinadores como sendo uma intoxicação aguda e transitória, advinda do consumo
de álcool ou qualquer outra substância psicoativa, ou seja, uma intoxicação advinda
do consumo de qualquer substância que venha causar alterações psíquicas no
indivíduo.
Em sua sábia lição, Julio Fabbrine Mirabete (2009: 206), conceitua a
embriaguez como: “A intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou
substância de efeitos análogos que privam o sujeito da capacidade normal de
entendimento.”
Entendemos por substâncias de efeitos análogos, quaisquer drogas como,
por exemplo, a cocaína, maconha, êxtase, entre outras.
A doutrina divide a embriaguez em quatro espécies, a saber: a embriaguez
não acidental, que se divide em voluntária e culposa; embriaguez acidental;
patológica e preordenada.
A embriaguez não acidental voluntária é aquela em que o agente ingere a
substância alcoólica ou de efeitos análogos com o intuito de embriagar-se. Já na
embriaguez culposa o agente tem a intenção de ingerir a substância, mas sem o
intuito de embriagar-se, o que vem a ocorrer exclusivamente pela sua imprudência
em consumir em excesso.
Em se tratando da embriaguez acidental, esta, poderá decorrer de caso
fortuito (que é toda ocorrência ocasional, rara, como aquele que ingere a bebida na
ignorância do seu conteúdo alcoólico) ou força maior (quando o agente é obrigado a
consumir determinada substância), podendo ocorrer completa ou incompletamente.
Patológica é aquela observada no caso dos alcoólatras e dependentes
químicos, que passam ao estado de embriaguez em consequência de um invencível
e insaciável desejo de consumir determinadas substâncias.
A quarta espécie é a embriaguez preordenada onde o agente se embriaga
propositalmente, aproveitando-se do seu estado para o cometimento de delitos.
Essa espécie diverge da embriaguez voluntária, uma vez que naquela o agente tem
20

o intuito de se embriagar, contudo não tem a intenção de cometer crimes neste


estado.
A embriaguez é dividida em três distintas fases: a primeira fase é a da
excitação, vulgarmente apelidada de “fase do macaco”, em virtude do estado
eufórico em que se encontra o agente, nesta fase o agente tem o equilíbrio e a
capacidade visual afetados.
A segunda fase é a fase da confusão, também chamada de fase da
depressão e vulgarmente conhecida como “fase do leão”, nesta, o agente passa a
ter uma confusão mental, se tornando mais agressivo e irritando-se com maior
facilidade.
Na terceira e última fase, denominada fase do sono ou “fase do porco”, o
agente entra em um estado de dormência, podendo vir a perder o controle sobre as
suas funções fisiológicas. Tal fase é mais comum quando grandes doses de álcool
ou substâncias análogas são ingeridas.
Após entendermos as espécies e as fases da embriaguez, veremos agora as
formas de se constatar a embriaguez no agente, para que então possamos vir a
analisar as suas conseqüências penais.
Podemos constatar a embriaguez de quatro formas: a primeira é o exame
clínico, que nada mais é do que o contato direto com o agente, analisando-se o
equilíbrio físico, o hálito e suas percepções sensoriais.
A segunda maneira se dá pelo exame laboratorial, onde através de um exame
de sangue a dosagem etílica ingerida é averiguada. A terceira maneira se dá através
do teste mediante o etilômetro, conhecido popularmente como “teste do bafômetro”
e por fim, a quarta e última maneira que é a prova testemunhal, sendo esta uma
maneira de diagnóstico raramente utilizada.
Diante do exposto, é de se observar que as formas de diagnóstico mais
eficazes são o teste mediante o etilômetro e o exame de laboratório, uma vez que o
exame clínico, bem como a prova testemunhal são incapazes, por sua própria
natureza de apurar o teor alcoólico no organismo do agente, o que dificulta a
aplicação da penalidade adequada exigida pelo tipo penal.
Dificuldade esta que se torna mais evidente quando o condutor se nega a
fazer os devidos testes, pois partimos do princípio de que ninguém é obrigado a
produzir provas contra si próprio, restando assim o exame clínico e por fim a prova
pericial.
21

Apesar de não serem as formas de diagnostico mais eficazes, ao menos


sabemos que a lei é clara ao dizer que o condutor que for surpreendido com
qualquer substância psicoativa, seja ela álcool ou substancias de efeitos análogos,
estará cometendo uma infração gravíssima.
Nesse sentido, entendemos que ao conduzir embriagado um veículo
automotor em via pública, tal conduta, gera por si só perigo ao bem jurídico tutelado,
que neste caso é a incolumidade alheia, a vida humana, de tal forma a justificar a
imposição de pena criminal, pois tratamos aqui de perigo abstrato.
Sabemos que a legislação aplica penalidades àqueles que dirigem
embriagados, contudo é preciso mais do que penalidades para infrações e medidas
administrativas, é preciso a conscientização da sociedade acerca de
comportamentos inadmissíveis como a embriaguez no trânsito, comportamentos
estes que infelizmente tem se tornado cada vez mais comuns em nossa sociedade.
É preciso que o legislador trate tais circunstâncias com maior rigidez, pois
consideramos aqui o impacto social causado pela perda de inúmeras vidas
precocemente, por sequelas físicas e psicológicas causadas por mera
irresponsabilidade dos condutores, não estamos tratando aqui somente do
sofrimento das famílias que perderam seus entes, mas também do imenso custo
financeiro devido ao alto número de acidentes de trânsito relacionados ao consumo
de álcool e outras substâncias.
Concluindo, é mister que tenhamos o endurecimento das penas em se
tratando de condutores embriagados, pois como veremos a seguir cresce cada vez
mais o número de acidentes tendo como causa a embriaguez ao volante.
22

4. DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO COM VÍTIMAS FATAIS

É sabido por todos nós que o trânsito é uma das maiores causas de mortes e
acidentes no país, situações estas que na maioria das vezes são provocadas pela
imprudência e irresponsabilidade dos condutores de veículos automotores.
Tais fatores, por sua vez, frequentemente estão ligados ao consumo de álcool
e outras substâncias de efeitos análogos, provocando como conseqüência,
incontáveis perdas.
A embriaguez, como é do conhecimento de todos, afeta o sistema nervoso do
ser humano, provocando diversas alterações, como já fora estudado no capítulo
anterior, essa famigerada mistura (álcool e direção), por imprudência, imperícia ou
simplesmente mera irresponsabilidade dos condutores, tem se tornado um fato
frequente na rotina dos brasileiros.
O constante aumento no número de acidentes em que se faz presente a
embriaguez ao volante como causa principal, é um dado alarmante em nosso país,
pois todos os dias são acidentadas inúmeras pessoas, pessoas estas, que em
grande maioria, encontram-se no pólo passivo da situação. Infelizmente, é muito
comum serem noticiados trágicos acidentes em que um condutor embriagado
atropela um pedestre ou provoca um desastre causando o óbito de vítimas
inocentes.
Diante de tantas informações trágicas e de negras estatísticas, foi criada a lei
11705/08, visando alterar alguns dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro. Tal lei,
conhecida também como “Lei seca”, foi instituída com o objetivo de diminuir os
acidentes de trânsito em que se faz presente a embriaguez ao volante, aumentando
a fiscalização e proporcionando uma penalidade mais severa aos condutores
embriagados.
Com a entrada em vigor da supracitada lei, o motorista que for surpreendido
dirigindo embriagado poderá sofrer sanção que vai de multa até a apreensão do seu
veículo e suspensão da habilitação por um ano, o condutor que estiver com seis ou
mais decigramas de álcool por litro de sangue poderá sofrer penalidade de detenção
de seis meses a três anos, conforme se pode observar pelo disposto no artigo 306
do CTB, alterado pela lei 11705/08 que aduz o seguinte:
23

Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de


álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a
influência de qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência:Pena: detenção, de seis meses a três anos, multa e
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.

Segundo uma publicação feita pela Polícia Rodoviária Federal, logo em que
entrou em vigor a citada lei, era registrada um flagrante de embriaguez a cada seis
testes realizados nas rodovias federais, atualmente são necessários quarenta testes
para a identificação de um condutor embriagado. Desde o início da lei até o final do
ano de 2009, a PRF reprovou mais de quatorze mil motoristas embriagados, dos
quais nove mil foram presos em flagrante.
De acordo com essa mesma publicação, os estados com maior índice de
urbanização como: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul,
conseguiram reduzir o índice de violência nas estradas de maneira significativa,
conduto as regiões menos desenvolvidas não conseguiram atingir este patamar
devido a deficiência da fiscalização em tais regiões.
Embora possamos falar em uma certa redução nos acidentes após a lei
11705/08, é de grande importância frisarmos que a punição dada ao condutor
embriagado que comete um homicídio no trânsito ainda é muito branda, tendo em
vista a capitulação equivocada da conduta do agente no momento da aplicação da
punição cabível.

4.1. DA PUNIÇÃO DADA AO AGENTE DELITUOSO

Vimos anteriormente a punição aplicada ao condutor embriagado, contudo


falamos apenas do agente que é surpreendido dirigindo sob a influencia do álcool ou
24

qualquer outra substância psicoativa, não tratando porém, de uma situação


freqüente: o homicídio no trânsito, tendo como causa a embriaguez ao volante.
A nossa legislação, como já fora visto, faz menção às penalidades cabíveis
em se tratando de condutor embriagado e em se tratando de homicídio culposo no
trânsito, a penalidade varia de dois a quatro anos de detenção e suspensão ou
proibição do direito de obter a habilitação para conduzir veículo automotor.
Contudo, se o agente não possuir antecedentes criminais e nem
circunstâncias agravantes o tempo de detenção poderá ser cumprido em regime
aberto, outro fato que nos chama a atenção é que como tratamos aqui de uma
detenção e não de uma reclusão, podemos sim falar em fiança, e, ainda falando em
agravantes, o fato de estar embriagado no momento do sinistro, com a recente
alteração do CTB, não é mais considerado como circunstância agravante.
A lei faz sim menção a todas as penalidades em tais circunstâncias, todavia o
termo culpa e principalmente culpa consciente ainda é erroneamente utilizado. O
motorista que ingere bebida alcoólica e dirige em alta velocidade, tem plena
consciência de que pode causar um acidente, ele pode não ter consciência quando
já se encontra embriagado, porém quando teve a intenção de ingerir a bebida e
dirigir, ele sabia do risco que assumiria.
Diante do exposto, a grande dificuldade encontrada é pacificar o
entendimento de enquadrar determinados condutores na capitulação de homicídio
doloso, mais especificamente na modalidade de dolo eventual.
Tal dificuldade está, justamente na comprovação do dolo eventual pelos
juristas no momento da aplicação da penalidade cabível, por exemplo: um motorista
que após embriagar-se, dirige em alta velocidade, vindo a cometer um homicídio,
não pode ter seu delito classificado como culposo, e sim como dolo eventual,
devendo, ir a júri popular como todo homicídio.
Um veículo, quando conduzido por um motorista irresponsável e imprudente,
torna-se uma verdadeira arma para a sociedade. A lei ainda é branda e a
impunidade gerada só fortalece a imprudência de tantos condutores, pois sabendo
que dificilmente serão punidos de forma severa, não respeitam as regras, tampouco
a incolumidade alheia.
Punições mais severas devem existir, a classificação do dolo eventual em tais
situações é de suma importância para contribuir com a redução do número de
acidentes, para contribuir com a segurança da sociedade.
25

Buscaremos agora, mostrar através de entendimentos jurisprudenciais a


relevância do dolo eventual em tais delitos.

4.2. DO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL

O condutor que após embriagar-se, entra em um veículo automotor com o


intuito de conduzi-lo tem plena consciência que poderá causar um acidente, este
mesmo não pode esquivar-se de uma punição severa alegando sua inimputabilidade
por embriaguez, uma vez que ao saber que iria fazer o consumo de álcool ou
qualquer outra substância análoga e posteriormente conduzir um veículo já tinha a
consciência de que assumiria o risco de produzir um resultado lesivo, sendo por sua
vez, indiferente a este.
Neste sentido, cumpre conhecer, portanto, o conteúdo de alguns julgados:
HABEAS CORPUS. CRIME DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI.
"RACHA" AUTOMOBILÍSTICO. HOMICÍDIO DOLOSO. DOLO EVENTUAL. NOVA
VALORAÇÃO DE ELEMENTOS FÁTICO-JURÍDICOS, E NÃO REAPRECIAÇÃO DE
MATERIAL PROBATÓRIO. DENEGAÇÃO. [...] 4. Das várias teorias que buscam
justificar o DOLO EVENTUAL, sobressai a teoria do consentimento (ou da
assunção), consoante a qual o DOLO exige o agente consinta em causar o
resultado, além de considerá-lo como possível. 5. A questão central diz respeito à
distinção entre DOLO EVENTUAL e culpa consciente que, como se sabe,
apresentam aspecto comum: a previsão do resultado ilícito. [...] Para configuração
do DOLO EVENTUAL não é necessário o consentimento explícito do agente, nem
sua consciência reflexiva em relação às circunstâncias do evento. Faz-se
imprescindível que o DOLO EVENTUAL se extraia das circunstâncias do evento, e
não da mente do autor, eis que não se exige uma declaração expressa do agente. 7.
O DOLO EVENTUAL não poderia ser descartado ou julgado inadmissível na fase do
iudicium accusationis. (STF, HC Nº 91159/MG. 2ª TURMA. REL. MIN. ELLEN
GRACIE. DJ 24/10/08).
26

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TIPICIDADE. CRIME DE


TRÂNSITO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. ART. 306 DA LEI 9.507/97. RECUSA AO
EXAME DE ALCOOLEMIA. INVIABILIDADE DA PRETENSÃO DE TRANCAMENTO
DA AÇÃO PENAL PELA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE QUE PREENCHIDO
ELEMENTO OBJETIVO DO TIPO - CONCENTRAÇÃO DE ÁLCOOL DO SANGUE.
DESNECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE EXAME ESPECÍFICO PARA AFERIÇÃO
DO TEOR DE ÁLCOOL NO SANGUE SE DE OUTRA FORMA SE PUDER
COMPROVAR A EMBRIAGUEZ. ESTADO ETÍLICO EVIDENTE. PARECER
MINISTERIAL PELO DESPROVIMENTO DO RECURSO. RECURSO
DESPROVIDO. 1. O trancamento de Ação Penal por meio de Habeas Corpus,
conquanto possível, é medida de todo excepcional, somente admitida nas hipóteses
em que se mostrar evidente, de plano, a ausência de justa causa, a inexistência de
elementos indiciários demonstrativos da autoria e da materialidade do delito ou,
ainda, a presença de alguma causa excludente de punibilidade. 2. A ausência de
realização de exame de alcoolemia não induz à atipicidade do fato pelo não
preenchimento de elemento objetivo do tipo (art. 306 da Lei 9.503/97), se de outra
forma se puder comprovar a embriaguez do condutor de veículo automotor.
Precedentes. 3. A prova da embriaguez ao volante deve ser feita, preferencialmente,
por meio de perícia (teste de alcoolemia ou de sangue), mas esta pode ser suprida
(se impossível de ser realizada no momento ou em vista da recusa do cidadão), pelo
exame clínico e, mesmo, pela prova testemunhal, esta, em casos excepcionais, por
exemplo, quando o estado etílico é evidente e a própria conduta na direção do
veículo demonstra o perigo potencial à incolumidade pública, como ocorreu no caso
concreto. 4. Recurso desprovido, em consonância com o parecer ministerial. (RHC
26432/MT, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, STJ,
julgado em 19/11/2009, DJe 22/02/2010)
27

5. A TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA E A CARACTERIZAÇÃO DO


DOLO EVENTUAL

No capítulo passado, analisamos a punição dada ao condutor embriagado


frente ao homicídio no trânsito, bem como alguns julgados de maior relevância para
a eficácia de nossos estudos. Analisaremos agora, a importância da aplicação da
Teoria da actio libera in causa e a classificação do dolo eventual em tais
circunstâncias.
Entendemos pela actio libera in causa como sendo a ação de quem usa um
meio para se colocar em um estado de incapacidade total ou parcial no momento da
ocorrência de um delito. Dessa forma, o agente conscientemente, se coloca em um
estado de inimputabilidade, ou seja, se coloca propositalmente em um estado em
que ficaria isento de pena por não possuir no momento da ação ou omissão,
discernimento do caráter ilícito dos atos que comete.
Diante do exposto, observamos que o agente se põe deliberadamente em um
estado de inimputabilidade, sendo desejável ou previsível o cometimento de
determinada ação ou omissão, considerada como crime por nossa legislação.
Cezar Roberto Bitencourt (2007:362) em sua sábia lição cita os dizeres do
Ministro Francisco Campos na Exposição de Motivos do Código Penal de 1940:

Ao resolver o problema da embriaguez (pelo álcool ou substâncias de


efeitos análogos), do ponto de vista da responsabilidade penal, o projeto
aceitou em toda a sua plenitude a teoria da actio libera in causa ad
libertatem relata, que, modernamente, não se limita ao estado de
inconsciência preordenado, mas a todos os casos em que o agente se deixa
arrastar ao estado de inconsciência. Quando voluntária ou culposa, a
embriaguez, ainda que plena, não isenta de responsabilidade.
(BITENCOURT, 2007, p.362)
Tão logo, faz se mister ressaltar a perfeita aplicabilidade e adequação da
teoria supracitada para os casos em que o agente se embriaga tanto de maneira
culposa como voluntária.
Na hipótese de embriaguez voluntária, como já fora estudado anteriormente,
o agente prevê a possibilidade de praticar um ilícito penal, contudo aceita o risco de
28

produzir um resultado lesivo, já em se tratando da forma culposa o agente embora


preveja o resultado, não acredita que ele possa vir a acontecer. Em ambos os casos,
há a plena aplicabilidade da teoria da actio libera in causa, uma vez que se fala em
previsão do resultado lesivo.
Nesse sentido, é importante frisar que para que ocorra a efetiva aplicabilidade
da teoria supracitada, é necessário que o resultado lesivo tenha sido querido ou
previsto pelo agente no momento da sua imputabilidade. Logo, observamos que em
se tratando de um condutor que após embriagar-se, se submete a conduzir um
veículo em vias públicas, concluímos que o mesmo tinha total consciência no
momento da sua imputabilidade que poderia causar um acidente se persistisse com
tal imprudência ao dirigir embriagado.
Entendemos então, que o ébrio ao cometer um homicídio ao conduzir o seu
veículo, terá sua conduta punível pelos termos da citada teoria, uma vez que era
livre em sua atuação no momento da imputabilidade.
Logo, a partir de tais análises podemos observar a relevância da
caracterização do dolo eventual nos crimes cometidos pelo abuso do uso do álcool
ou substâncias afins.
Em concordância com a referida tese, Guilherme Nucci (2009:288), cita em
sua obra os sábios dizeres do doutrinador Narcélio de Queiroz, que sustenta a
existência do dolo eventual no tocante à embriaguez:

São os casos em que alguém, no estado de não imputabilidade, é causador


por ação ou omissão, de algum resultado punível, tendo se colocado
naquele estado, ou propositalmente, com a intenção de produzir o evento
lesivo, ou sem essa intenção, mas tendo previsto a possibilidade do
resultado, ou ainda quando a podia, ou devia prever. (NUCCI, 2009, p.288)

Concluímos aqui, pela total caracterização do dolo eventual nos homicídios de


trânsito em que se faz presente a embriaguez como causa principal, ressaltando
assim, a necessidade do endurecimento das penalidades aplicáveis a tais
condutores, uma vez que o que se objetiva é preservação da vida humana, da
segurança e da incolumidade, direitos que se superpõe a quaisquer outros.
29

CONSIDERAÇÕES FINAIS
30

No decorrer desta pesquisa, procuramos analisar os institutos do dolo e da


culpa, em especial o dolo eventual e a culpa consciente, haja vista que buscamos
aqui o melhor entendimento acerca das diferenças existentes entre as citadas
espécies de dolo e culpa, uma vez que o tema abordado remete a importância da
distinção de tais institutos, para uma adequada aplicação da penalidade cabível ao
condutor embriagado ao cometer um homicídio no trânsito.
E em se tratando de embriaguez ao volante, não poderíamos deixar de
realizar um estudo acerca da embriaguez, suas modalidades e consequências
penais, por serem tais aspectos de tamanha relevância para a conclusão de nossos
estudos.
Foi criada no ano de 2008 a lei 11.705/08, conhecida popularmente como “lei
seca”, visando modificar o Código de Trânsito Brasileiro quanto aos aspectos da
embriaguez ao volante, instituindo maior rigidez e uma fiscalização mais severa, tal
dispositivo conseguiu reduzir o número de acidentes de trânsito, contudo ainda há
que se falar em graves falhas na legislação.
Há uma grande necessidade de se observar com maior cautela os acidentes
com vítimas fatais onde a embriaguez se faz como causa, uma vez que observamos
dificuldades em encontrar na prática forense penal a correta capitulação do delito de
homicídio causado por embriaguez ao volante, gerando assim a impunidade de
condutores insensatos e levianos.
Para que não fiquemos presos a tantas situações de impunidade, diga-se de
passagem, rotineiras, é necessário não somente medidas de reeducação da
sociedade, mas principalmente punições exemplares. Para tanto, é necessário
que façamos o uso da correta capitulação do dolo eventual em tais delitos e além de
medidas de ordem criminal encontradas em julgados, sugerimos uma futura revisão
da lei visando a caracterização do dolo eventual nos homicídios de trânsito
provocados pela embriaguez dos condutores.
Assim, concluímos o nosso estudo com o anseio de que em um futuro
próximo possamos encontrar maior tranquilidade em trafegar por nossas ruas e
estradas e que a lei seja efetivamente cumprida, aplicando punição adequada
àqueles que fazem do veículo automotor uma arma mortífera, utilizando-o sem a
menor responsabilidade e respeito à vida alheia.
31

REFERÊNCIAS

1. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à Metodologia do Trabalho


Científico. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
32

2. FREJDA, Leon. Cruzada pela vida. Consulex, Brasília, DF, ano XII, n. 276, p.
24-27, julho. 2008.
3. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 11. ed. São Paulo:
Saraiva,2007.
4. MIRABETE, Júlio Fabbrine. Código Penal Interpretado. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2003.
5. CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 12. ed. São Paulo:Saraiva, 2008.
6. COSTA, Álvaro Mayrink da. Jurisprudência Criminal .2 .ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2002.
7. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 11. ed. Niterói: Impetus, 2009.
8. JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
9. NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 9. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2009.
10. PRADO, Luis Regis. Comentários ao Código Penal. 2. Ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003.
11. ______. Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais. Rigor nas BRs Muda
Perfil de Motoristas. Disponível em:
<http://www.sinprfms.com.br/noticia_policial.php?id=5399> Acesso em: 12 de
junho de 2010.
12. DIDOMENICO, Guilherme. Homicídio no Trânsito: Polêmica Entre Dolo
Eventual e Culpa Consciente. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1667>
Acesso em: 30 de junho de 2010.
13. LAURIA, Thiago. A Embriaguez e os Homicídios de Trânsito. Disponível
em: <http://www.jurisway.org.br/v2/curso_estrutura.asp?id_curso=42> Acesso
em: 03 de julho de 2010.
14. ______. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Jurisprudências. Disponível
em:<http://www.tjmg.jus.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?
tipoTribunal=1&comrCodigo=428&ano=5&txt_processo=984&complemento=2
&sequencial=0&palavrasConsulta=homicídio%20embriaguez%20ao
%20volante%20dolo
%20eventual&todas=&expressao=&qualquer=&sem=&radical=
%20%20%20%20> Acesso em: 20 de julho de 2010.
33

Potrebbero piacerti anche