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SILVA, Paulo Cesar da

COSMO, Letícia Rigues da Silva


O Deus da Graça e da Misericórdia.
São Gonçalo, RJ, dezembro de 2014
144 p. 21 cm

Diagramação e Capa - Margareth Caetano

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Este livro foi composto com tipografia Garamond,


impresso em papel pólen soft 80g .
e a capa em Cartão Triplex 250g.
À memória de Enedina Cláudio Fully da Silva,
minha querida mãe.
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Agradecimentos

Neilton Mulim, cuja quase onipresença e interferência


em todo processo de recuperação de Letícia representou
um divisor de águas em nossa história.
Volmer P. Araujo, amigo de longa data, que derramou
lágrimas e compartilhou cada pedaço de minha dor de pai e
de avô. Ele entendeu como poucos minha linguagem emo-
cional.
Emiliano Irmão, cuja presença silenciosa e apoio cons-
tante, fizeram valer seu sobrenome como nunca antes al-
guém pode sentir. Na angústia, como expressa a sabedoria
salomônica, é que se conhece o irmão.
Nivaldo Mulim, sem cujo apoio frequente o chão da ca-
minhada teria sido insuportavelmente cruel.
Vinicius Barrias, cuja ajuda foi determinante para que
tivesse mais tempo para permanecer ao lado da minha filha.

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

A toda equipe médica do Hospital de Clínicas de São


Gonçalo, representada pela competência e interesse do Dr.
Márcio Campista, cuja atuação bem pode ser conferida pelo
testemunho de Letícia no corpo deste livro.
Carina Arantes Pluvier, enfermeira altamente profissio-
nal que alia conhecimento técnico com extrema sensibilida-
de e humanidade.
As Igrejas que insistentemente oraram por nossa família
e pela intervenção de Deus na vida de Letícia.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Apresentação

Conheço Paulo César há mais de trinta e cinco anos


– tempo suficiente para alguns quilos de sal. Durante esse
tempo ele tem sido uma espécie de referência de minha pró-
pria identidade. Quando nos encontramos tocamos em as-
suntos que, de outro modo, ficariam adormecidos em quar-
tos da memória inacessíveis a quaisquer outros amigos. O
Paulo me faz relembrar quem fui e de coisas que fiz no pas-
sado de nossa amizade. Quando dizemos “olá” a coisa vem
de imediato. Trazemos a enciclopédia de nossas memórias
para a mesa, juntamente com petiscos, almoços, jantares, e
águas de bolinha (sou apaixonado por água gasosa). Com
ele as palavras fluem e o pensamento voa.
Paulo é daquelas pessoas com quem sempre estamos à
vontade. Seu sorriso é fácil e o abraço tão caloroso quanto
o de um velho urso dorminhoco. A química é instantânea.
Mesmo um desconhecido diante dele se sente aconchega-
do como em sua própria sala-de-estar. Somente os grandes
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

espíritos tem essa qualidade, e o Paulo é um deles. Nada de


afetação ou de ostentação de poses, caras e bocas. Ele é tão
simples quanto a própria simplicidade. Ele não tem acanha-
mento de dizer que não sabe algo ou, quando sabe, (e isso
acontece muitas vezes) não se utiliza do ar professoral como
se o interlocutor fosse um tolo desentendido.
Sua sensibilidade sempre me surpreende. No meio de
uma conversa, do nada, ele perde o fôlego e engasga com
um pensamento mais profundo ou à lembrança que uma
inopinada palavra traz de uma situação especialmente dolo-
rida. Outras vezes ele chora abertamente. Talvez seja isso o
que mais gosto nele, essa sua honestidade relacional.
Nossos encontros nunca seguem um roteiro inteira-
mente lógico. Falamos de teologia, gastronomia, literatura,
personagens de que gostamos ou, simplesmente, jogamos
conversa fora. Tudo ao mesmo tempo. Sempre que dizemos
“até mais” saio com uma sensação de enriquecimento e de
leveza de alma que dificilmente encontro em outras situa-
ções.
Durante esses mais de trinca e cinco anos tivemos al-
guns períodos de afastamento. Mas sempre que nos vemos
novamente, descristalizamos as piadas e anedotas que aces-
so somente quando estamos juntos. Nossos “olás!” sempre
dão vazão a relembranças de histórias engraçadas do último
encontro. - “E aí?”. Isso é o bastante para começarmos a rir
e nos sentirmos em casa.
Lembro de suas palavras no sepultamento de seu pri-
meiro netinho. Sua atitude determinada me surpreendeu
e me inspirou. Voz clara, olhos molhados porém firmes e
um coração confiante no Deus que o sustentava no vale da
sombra. Admirei imensamente sua coragem emocional. As
muitas qualidades de Paulo Cesar compensam amplamente
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

sua paixão pelo tricolor carioca. Decididamente, ninguém é


perfeito!
Escrito a quatro mãos, este livro traz as impressões de
Paulo sobre os mais variados aspectos da aventura da vida
em um mundo sem referências e valores morais sólidos, e
também um comovente e tocante relato de Letícia, -sua pri-
mogênita- sobre suas dores, perdas e ganhos diante do so-
frimento irracional que machucou sua alma de mulher e seu
coração de mãe. Este livro é tanto um testemunho espiritual
e filosófico quanto experiencial que merece ser conferido.

Henrique Alves
Professor em meio expediente e flamenguista em tempo integral.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Índice

Agradecimentos............................................................................................5

Apresentação................................................................................................7

Um testemunho da graça e da misericórdia de Deus.......................... 13

Introdução.................................................................................................. 47

Capítulo 1
A Evidência da Conversão ..................................................................... 51

Capítulo 2
Sou uma nova criatura?............................................................................ 55

Capítulo 3
A quem você pertence?............................................................................ 57

Capítulo 4
Você pode pecar?...................................................................................... 59

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Capítulo 5
Se o cristão autêntico pode pecar, qual é a diferença?......................... 63

Capítulo 6
Precisamos entender o verdadeiro evangelho...................................... 65

Capítulo 7
O Dia do Juízo.......................................................................................... 75

Capítulo 8
Convite especial......................................................................................... 83

Capítulo 9
A Salvação de Deus.................................................................................. 93

Capítulo 10
A Eternidade............................................................................................ 101

Capítulo 11
A misericórdia de Deus.......................................................................... 107

Capítulo 12
Qual a igreja que salva?.......................................................................... 119

Capítulo 13
Cristo, o Rei dos reis .............................................................................. 121

Questionamentos.................................................................................... 125

Respostas.................................................................................................. 127

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Um testemunho da graça e
da misericórdia de Deus

Cresci em um lar cristão, contudo na adolescência me


afastei da igreja e fui experimentar o mundo.
Fiquei afastada de Deus por um longo período, mas
nunca esqueci os ensinamentos que recebi. Estava em peca-
do, sabia, e não fazia nada para mudar. Passo a resumir os
últimos acontecimentos da minha vida.
Casei cedo, aos 20 anos de idade; trabalhei, estudei e
concluí a graduação em Direito.
Quando as pessoas se casam uma pergunta que todos
fazem é: “quando virão os filhos?” Comigo não foi diferen-
te. Eu sempre respondia que viriam depois que concluísse a
faculdade. Bem, eu terminei o curso em 2007, porém ainda
não me sentia preparada para ser mãe.
O desejo de ser mãe surgiu aos 31 anos, mas não sei di-
zer se era por me sentir finalmente preparada ou por achar

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

que estava ficando velha! Na verdade, acho que ninguém


está realmente preparada para ser mãe.
Em outubro de 2011 descobri que estava com oito
semanas de gestação! Quase não acreditei no que estava
acontecendo. Saí do con-
sultório que ficava a pou- O desejo de ser mãe surgiu
cos minutos da casa dos aos 31 anos, mas não sei
meus pais e me dirigi para dizer se era por me sentir
lá. Contei para os meus finalmente preparada ou
pais a respeito da novida- por achar que estava fican-
de; falei com meu marido do velha! Na verdade, acho
que, por sua vez contou que ninguém está realmente
a todos que iria ser pai. preparada para ser mãe.
Imensa alegria de pais de
primeira viagem!
Estávamos radiantes com a notícia.
Comecei a curtir a gestação tomando o cuidado de fazer
todos os exames necessários. Caldo de galinha e bom senso,
como se sabe, nunca fizeram mal a ninguém.
O amor por aquele ser que se desenvolvia dentro de
mim aumentava cada dia. Ao fazer uma ultra, descobri que
era um menino; estávamos esperando ansiosamente o meu
pequeno Gabriel.
Devo dizer que emocionalmente foi uma gravidez con-
turbada que, porém, clinicamente parecia se desenvolver
dentro da normalidade.
Enquanto o tempo voava, juntamente com minha mãe,
providenciava o enxoval para a chegada do tão esperado
Gabriel.
Eu sempre ficava me perguntando como seria o Ga-
briel, com quem se pareceria, se seria uma criança risonha
ou mais tímida. Indagações que penso, toda mulher que está
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

esperando faz. Combinei com o médico que procederíamos


a uma cesariana. Um detalhe importante sobre mim que
devo dizer é que tenho uma intolerância exacerbada à dor.
Sempre fui “mole”, chegava a ter desmaios por ocasião de
dores muito fortes que, e às vezes, nem eram tão fortes.
Então descartei a hipótese de ter um parto normal; nem me
imaginava nessa situação.
Marcamos a cirurgia para o dia 15 de maio de 2012.
Este seria o dia em que o Gabriel viria ao mundo; e final-
mente eu veria o seu rostinho.
No dia 26 de abril em uma das últimas consultas de roti-
na, o obstetra me deu a pior notícia que poderia receber. Ao
colocar o aparelho na minha barriga para observar o meu
Gabriel, ele constatou que o coraçãozinho dele não batia.
O coração do meu filho não batia... Naquele momento
só consegui pronunciar um grito de Nããão e apertar com
força a mão da minha mãe que estava ao meu lado.
Após alguns minutos, que pareceram uma eternidade,
perguntei qual era o procedimento a partir daquele mo-
mento, afinal eu também corria risco de vida; o médico me
orientou que me dirigisse pela manhã do dia seguinte ao
hospital onde tínhamos combinado fazer a cesárea, que ele
então iria proceder ao parto,
para a retirada do meu bebê O coração do meu filho não
morto. batia... Naquele momento só
Não consegui acreditar! consegui pronunciar um grito
Como assim no dia seguin- de Nããão e apertar com força
te? Insisti que queria uma a mão da minha mãe que
solução naquele momento estava ao meu lado.
e ele então sugeriu que me
encaminhasse até o Hospital
Azevedo Lima para atendimento imediato.
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Já estava anoitecendo quando saí do consultório. Liguei


para meu pai a fim de que ele pudesse me levar até o hospi-
tal. Liguei também para o Cícero, meu marido, para lhe dar
a notícia de que havia algo errado; que o médico não tinha
escutado o coração do nosso filho e que estava, naquele mo-
mento, a caminho do hospital.
Já era noite quando chegamos ao hospital. Meu marido
nos encontrou lá. Ficamos até as duas da manhã esperan-
do atendimento. Lembro-me que, diante do meu insistente
silêncio, minha mãe me perguntou no que estava pensan-
do. Respondi dizendo “em nada”, uma vez que era isto que
sentia: nada; um imenso e absurdo vazio... fiquei totalmente
sem reação.
Quando finalmente fomos atendidos, o médico disse
que não poderia tomar qualquer providência sem antes fa-
zer uma ultrassonografia, e que este exame só poderia ser
realizado pela manhã. Fui liberada com a orientação de re-
tornar pela manhã.
Foi o final de noite mais longo da minha vida. Não con-
segui fechar os olhos, e as horas pareciam não passar. Pela
manhã, eu minha mãe, e meu pai voltamos ao hospital.
Ao ser atendida por uma médica, contei o que estava
acontecendo e fui encaminhada para a ultrassonografia.
Logo após o exame fiquei aguardando ser chamada nova-
mente.
De volta à sala da médica, ela confirmou a notícia de
que meu filho Gabriel estava morto. A médica nos explicou
que ocorrera sofrimento fetal por um tempo e o Gabriel
não suportou. Meu filho sofrera, eu não sabia e não pude fa-
zer nada. A única pergunta que consegui fazer era se poderia
engravidar de novo, ao que ela respondeu afirmativamente.
Em poucos meses eu poderia tentar novamente.
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

A médica começou por me explicar o que aconteceria


a partir daquele momento. Eu seria internada e passariam a
induzir o parto normal, pois ao me examinar ela constatou
que eu estava com “dois” de dilatação (a grau de mensura-
ção de trabalho de parto vai até 10 de dilatação).

No momento que a médica disse que faria um parto


normal, minha mãe ficou muito preocupada, pois ela não
havia tido passagem na minha gravidez, e sofreu muito até
finalmente os médicos se convencerem a fazer uma cesárea.
Ela temia que acontecesse o mesmo comigo. Porém a mé-
dica argumentou dizendo que este seria o melhor para mim
naquele momento, pois evitaria que eu ficasse com uma ci-
catriz; uma lembrança física de um filho perdido. Porém,
mesmo sem as memórias físicas, as marcas emocionais nos
acompanham por toda a vida. Sempre vai faltar alguma coi-
sa em nós. Sempre haverá um berço vazio!
Neste momento meus pais já estavam ligando para a
família para comunicar o ocorrido. Pedi que não ligassem
de imediato para o Cícero porque ele estava na estrada diri-
gindo. Ele havia marcado um compromisso com um cliente
e, por achar que não era nada sério com o bebê e comigo,
continuou com sua programação.
Quem nos acompanhava desde cedo naquele dia no
Hospital eram nossos amigos Francisco e Nivaldo. Lem-
bro das palavras de Nivaldo tentado me confortar naquele
momento e do seu gesto de carinho e preocupação para
comigo ao comprar um pacote de batata Rufles e suco Del
Valle, pois sabia que não havia me alimentando desde o dia
anterior. Enquanto eu aguardava para ser internada, infe-
lizmente não pude comer, porque naquele exato momento
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

a enfermeira me chamou e informou que estava em dieta


zero. Fui levada para o interior do prédio para me preparar
para internação. Tanto a batata quanto o suco tiveram de
esperar por ocasião mais oportuna. Por enquanto era fome
mesmo!
Entrei no prédio, e começaram os preparativos para mi-
nha internação, bem como, de outras mulheres que estavam
para ter seus filhos. A primeira providência foi a realização
do chamado “acesso”, meio pelo qual colocam o soro e ou-
tros medicamentos. Posteriormente me deram uma roupa e
uma fralda para que eu colocasse. Lembro que ao estar sozi-
nha no banheiro senti muita dificuldade em colocar a fralda
e escutei uma das enfermeiras criticando a minha demora;
não respondi nada naquele momento, mas queria ter gritado
“ei você, pode me ajudar? Não está sendo fácil para mim;
acabei de perder meu filho e estou indo para um parto nor-
mal”. Nós somos muito egoístas e insensíveis em relação à
dor dos outros.
Todos arrumados e prontos, seguimos em direção ao
prédio do lado onde ficava a sala de pré-parto e outras aco-
modações. Ao cruzar o pátio vi minha mãe, tia Mariléia, tio
Marcos, minhas primas Thaís e Fernanda, todos ali em pé
me esperando passar e me dizendo palavras de conforto e
carinho.
Quando entramos, ficamos incomunicáveis, por isso
Nivaldo entrou em contato com uma amiga na administra-
ção e pediu que ela ficasse de olho em mim e os mantivesse
informados sobre o meu estado, enfatizando que ninguém
sairia dali sem que estivesse tudo resolvido e eu estivesse
bem.
Chegando à sala de pré-parto me administraram um re-
médio para ajudar na expulsão do bebê e pediram que eu
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

ficasse deitada. No começo fiquei em uma cadeira, pois não


tinha leito, e conforme as mulheres foram tendo seus be-
bês, os leitos foram vagando e pude finalmente deitar.
Quando meu marido chegou ao hospital eu já havia su-
bido; contudo minha prima Thaís pediu que fosse permiti-
do que ele subisse pra me ver. Ela conseguiu êxito em sua
petição e eles subiram. A enfermeira me chamou para fora
da sala onde nos encontramos e choramos abraçados. Em
seguida ela me levou de volta pois não podia ficar muito
tempo fora da sala.
Por volta das 18h a Drª Adriana novamente perguntou
como estava me sentindo e respondi que estava bem; não
sentia nada de anormal até aquele momento. Ela então fez
mais uma vez o toque e constatou que eu estava com 5 de
dilatação. Nesse momento, por compaixão creio eu, a Drª
Adriana resolveu aplicar um medicamento em meu soro
com o objetivo de acelerar as contrações e acabar com meu
sofrimento.
A partir daquele momento comecei a sentir fortes do-
res, dores inexplicáveis.... confesso que naqueles momentos
eu reclamei da dor. Por volta das 20h30 e depois da minha
insistente reclamação, administraram outro medicamento e
as fortes dores se transformaram em contrações espaçadas.
Após algum tempo chamei a médica e lhe disse que já estava
na hora. Como ela mesmo comprovou e assim me levou até
a sala de parto.
Às nove e quarenta e cinco do dia 27 de abril de 2012
meu filho Gabriel “nasceu”. Bem, não é esta a palavra, pois
infelizmente ele já estava morto. O termo correto e técnico
é “natimorto”.
A enfermeira que estava na sala, junto comigo e a Drª.
Cristina, me perguntou se eu desejava vê-lo. Sei que se não o
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

visse me arrependeria. Não Às nove e quarenta e cinco


me esqueço do seu rosti- do dia 27 de abril de 2012
nho, tão lindo... os cabelos meu filho Gabriel “nasceu”.
negros... Gabriel se parecia Bem, não é esta a palavra,
muito com o pai. pois infelizmente ele já estava
O natimorto não preci- morto. O termo correto e
sa ser registrado, mas preci- técnico é “natimorto”.
sa ser sepultado.
Pela manhã do dia 28
de abril, às 6h, minha mãe estava lá. Ela pediu à assistente
social para entrar e cuidar de mim. Ela me ajudou a tomar
um banho e a enxaguar para retirar todo aquele sangue. So-
licitou também minha transferência do quarto onde estava,
pois ali ficavam as mamães com os seus recém-nascidos.
Recebi também pela manhã a visita da minha amiga
Tatiane. Eu disse a ela que minha ficha não tinha caído e
que não podia acreditar em tudo aquilo pelo que estava pas-
sando. Ela me abraçou, me oferecendo algumas palavras de
conforto.
Naquele dia havia tarefas a realizar. Meu Pai veio até
mim me perguntar se eles podiam providenciar o enterro
para aquele dia sem minha presença mesmo ou se eu dese-
java estar presente. Optei, após ser aconselhada pelo meu
pai, a não estar presente. Ele disse que providenciariam tudo
necessário para o enterro. Tinha passado por muita coisa, e
definitivamente não queria e nem precisava estar presente
ao enterro do meu filho; era demais para mim.
O meu filho Gabriel foi sepultado no dia do meu ani-
versário; eu completava 32 anos. A meu pedido, meu pai
pregou no culto.
Após exames de rotina, a médica decidiu me manter
internada por mais uma semana para que pudesse tomar
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

alguns medicamentos necessários. No fundo foi bom para


mim. Estava em uma enfermaria com mais cinco leitos; as
visitas eram restritas a quatro pessoas por dia durante o pe-
ríodo de 1 hora. Esse procedimento me poupou de excessi-
vos comentários sobre o assunto, o que concorreu para meu
conforto emocional, pelo menos não naquele momento.
Meus familiares, quando iam me ver, tentavam falar sobre
outras coisas.
Até o dia 2 de maio eu quase não havia chorado. Na
madrugada do dia seguinte, mais ou menos às 3 horas, eu
tinha ido ao banheiro e quando retornei para o quarto fui
surpreendida pela enfermeira que me disse que eu teria
que sair da minha cama e ficar em uma cadeira pois havia
sido internada outra paciente e ela ocuparia a cama. Fiquei
perplexa. Imediatamente juntei minhas coisas e desocupei
o leito. Retornei ao banheiro e chorei, chorei muito; não
conseguia parar. Chorei não por aquele fato em particular,
mas por tudo que me havia acontecido. Pela minha grande
perda. Acho que este episódio serviu como uma espécie de
catarse. Senti como se pusesse tudo aquilo para fora.
Esperei amanhecer e liguei para os meus pais para con-
tar o que ocorrera. Lembro que meu pai me disse que eu
deveria ter ligado na mesma hora, pois ele não tinha conse-
guido dormir. Estivera pensando em mim e pressentira que
algo estava errado comigo.
Eles vieram imediatamente ao hospital para tentar re-
solver o problema. Entretanto, a enfermeira chefe explicou
que ocorrera um mal entendido e que tudo seria resolvido.
De fato providenciaram um leito para mim naquele mesmo
dia. Essa foi, entre tantas outras, só uma das histórias ocor-
ridas comigo no período de internação.

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

A perda do Gabriel me fez perceber o quanto Deus me


ama.
Pois naquele momento de dores, físicas e emocionais,
apesar de tudo, eu não me desesperei. Não aconteceu nada
de mais grave comigo, mesmo com a presença de vários
riscos.
Eu tinha dado as costas para Deus há muito tempo, mas
Ele nunca me abandonou. Deus estava ao meu lado, me
confortando e me dando forças para passar por tudo aquilo.
Não saberia explicar por que estas coisas aconteceram co-
migo; eu só sei que Deus não me desamparou. Por esse tem-
po, tomei a mais importante decisão da minha vida, aceitei
Jesus Cristo como meu Salvador e pedi perdão pelos meus
pecados. Mudei meus hábitos; dei um basta na minha vida
vazia; chega de farra! A partir daquele momento buscaria
mais a presença de Deus em minha vida.

Meu plano de ser mãe ainda estava de pé. Resolvi fazer


um plano de saúde, para ter um suporte melhor na minha
próxima gravidez.
Procurei um médico ginecologista/obstetra para juntos
prepararmos minha gravidez.
Em abril de 2013 engravidei novamente, sendo que des-
ta vez, fiz acompanhamento desde o começo com um obs-
tetra, um cardiologista e uma nutricionista.
Minha gravidez se desenvolvia muito bem. Realizava
todos os exames necessários para uma gravidez que, junto
com o médico, consideramos de risco.
Na ultra morfológica, descobri que seria um menino.
Amei a notícia; sempre quis um menino. Olhando pelo lado
prático eu já tinha um enxoval completo de menino.
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

A previsão para o dia Minha gravidez se desenvol-


do parto era 30 de dezem- via muito bem. Realizava
bro de 2013, quando estaria todos os exames necessários
entre 38/39 semanas. Nova- para uma gravidez que,
mente tinha planejado fazer junto com o médico, conside-
uma cesárea. ramos de risco.
No sábado, sete de de-
zembro, estava sentindo
muita cólica. Então meu marido e eu fomos à emergência
do hospital. Fiz uma ultra, fiz o toque, e a médica me tran-
quilizou dizendo que tudo estava bem, que era normal sentir
dores; que era o corpo se preparando para o parto. Diante
disso, fomos então para casa.
Na sexta, dia treze, juntamente com minha mãe e meu
pai, fui fazer uma das últimas ultras programadas. E ao rea-
lizar o exame, a médica me disse que ficou preocupada, pois
havia pouco líquido e que, em confronto com a última ultra
o bebê não havia se desenvolvido. Aconselhou-me a procu-
rar o meu médico para ouvir a sua opinião.
Saímos dali e fomos direto ao consultório do meu médi-
co, levando a ultra para análise. Ele me examinou, escutou o
bebê, e disse que realmente havia uma diminuição na quan-
tidade de líquido, mas que não era caso de emergência e sim
de cuidados. Aconselhou-me a ficar de repouso e a realizar
na quarta-feira seguinte uma nova ultra. E se o quadro apre-
sentasse uma piora eu seria internada de imediato para uma
cesárea. Esta atitude decorria do fato de eu estar completan-
do apenas 35 semanas indo para a trigésima sexta.
No sábado dia 14, meus pais foram até a minha casa.
Meu pai me falou que minha avó desejava ver minha bar-
riga; não que ela não tivesse visto antes; é que como estava

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

doentinha, ela não se lembrava. Então me arrumei e fomos


ver meus avôs.
Passei primeiro na casa do meu avô Marcelino; depois
fui ver minha avó Enedina. Tiramos algumas fotos com
vovô e vovó para guardarmos de recordação.
Na madrugada do dia 15 de dezembro, precisamente
às 4 e meia da manhã, senti a primeira contração. A segun-
da veio às 5 horas. Às 5 e meia estava sentada em minha
cama, quando meu marido acordou e perguntou o que es-
tava acontecendo. Eu disse calmamente que não estava me
sentindo bem e que era melhor ir para o hospital.
Liguei pros meus pais e comuniquei que estava indo
para o hospital. Meu pai perguntou se eu queria que eles me
acompanhassem, ao que respondi que sim. Ele disse então
que levaria a minha mãe para ir junto comigo porque ele iria
dirigir o culto de oração naquele domingo e nos encontraria
depois.
Quando meus pais chegaram, eu já havia tomado banho
e me arrumado, não sem dificuldade porque as minhas con-
trações tinham aumentado com espaço de 17 minutos entre
elas. Ao me ver, meu pai percebeu que tinha chegado a hora
e resolveu nos levar para agilizar as coisas. Colocamos to-
das as bolsas no carro e nos encaminhamos para o hospital.
Durante o caminho, tentamos entrar em contato com meu
médico, mas as inúmeras ligações caíam na caixa postal. Mi-
nhas contrações só aumentavam....
Dei entrada no hospital às 7 e quinze. No pré atendi-
mento, ao ser perguntada sobre o que estava acontecendo,
falei que provavelmente estava tendo contrações. Diante
disso, me encaminharam para a médica de plantão. Após
o exame, a médica constatou que minha dilatação chega-
ra a “quatro”. Ela colocou então eletrodos para escutar o
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

coração do bebê e fez diversas perguntas a que eu e minha


mãe respondemos. Ela tentou entrar em contato com meu
médico, porém não conseguiu. Como tinha combinado fa-
zer uma cesárea ela então disse que tinha chamado a médica
responsável e quis saber se eu concordava. Disse a ela que
com aquela dor qualquer um que pudesse resolver estaria
bom.
Perguntei se podia ir ao banheiro porque estava com
vontade de fazer xixi. Ela permitiu. Fui de cadeira de rodas,
uma vez que não conseguia andar com tanta dor. Quando
estava no banheiro, escutei uma enfermeira me chaman-
do. Minha mãe disse onde estávamos e, quando ela me viu,
mandou que me levantasse imediatamente dizendo que
aquilo não era xixi e eu acabaria tendo meu bebe no vaso.
Ela me pegou e foi me levando para a sala de cirurgia mas
lhe disseram que ainda não estava pronta. Ela me colocou
então deitada em uma maca da emergência.
Minha mãe estava me acompanhando enquanto meu
marido e meu pai preenchiam minha ficha na recepção para
a internação.
Não deu tempo de ir para sala de cirurgia. Às 8 e dez
meu filho nascia, de parto normal, em uma maca da emer-
gência, ocasionando uma grande correria e confusão para a
equipe médica. Tamanha foi a confusão, que o horário de
nascimento do meu filho, na certidão, foi um “chute” do
pediatra, pois não observaram com exatidão a hora.
Meu filho nasceu no dia 15 de dezembro de 2013, um
domingo, com apenas 36 semanas de gestação. Meu prínci-
pe Kevin.
Apesar de ser prematuro, pesava 2.315 Kg. Meu filho
estava bem, e não precisou ficar na UTI Neo Natal.

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Não deu tempo de ir para Quando meu pai e meu


sala de cirurgia. Às 8 e dez marido retornaram do carro
meu filho nascia, de parto com as bolsas. Meu pai per-
normal, em uma maca da guntou à recepcionista se eu
emergência, ocasionando já tinha ido para o centro ci-
uma grande correria e confu- rúrgico, e ela lhe respondeu
são para a equipe médica. que ele já era vovô. Mais tar-
de, meu pai me contou que
eles custaram a acreditar, por-
que foi tudo muito rápido.
Fiquei na emergência mais ou menos até o meio dia. Só
não fiquei mais tempo porque minha mãe cobrou e ques-
tionou o porquê da demora em me levarem para o quarto,
já que ele estava liberado desde a minha internação. Enfim,
subimos e pude finalmente ficar com meu filho. Ele era pe-
quenininho, mas admiravelmente perfeito.
Meu filho é o melhor presente que poderia receber. Es-
perto, pegou o peito de primeira!
Quando recebemos alta fomos para casa da minha mãe,
como havíamos combinado. Tudo estava preparado para es-
tes primeiros momentos.
Sentia-me bem até a quarta feira, dia 18, quanto, à tarde,
senti uma forte dor no quadril que me impedia os movi-
mentos.
No dia seguinte, ainda com muita dor, pedi que entras-
sem em contato com algum médico para que eu fosse me-
dicada.
Meu pai explicou o ocorrido a um amigo médico, que
sugeriu um medicamento para dor. Esse remédio seria ad-
ministrado em 3 doses e eu ficaria bem. As suspeitas sobre
a dor eram que ela decorria do parto e que, portanto, logo
passaria.
- 26 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Na quinta-feira tomei o medicamento, que era em for-


ma injetável. Contudo, no dia seguinte, tive uma reação alér-
gica, o que nos fez procurar o pronto-socorro. A suspeita
do mal-estar recaiu sobre a injeção. Fui medicada e liberada
em seguida. Relatei a dor que estava sentindo e o médico
de plantão deu de ombros, observando que nada poderia
fazer. Aconselhou-me a procurar um ortopedista. Retorna-
mos para casa.
No dia seguinte, a fisioterapeuta da minha avó veio me
ver e disse que a fisioterapia ajudaria. Comecei então as ses-
sões fisioterápicas. Faria de tudo para aquela dor ir embora.
A essa altura, já estava de cama. Não conseguia andar.
A dor só aumentava. No domingo dia 22, pela manhã,
a fisioterapeuta comunicou a minha mãe que estava muito
preocupada comigo, pois agora aquela dor não era normal.
Eu não queria comer; não sentia vontade de nada.
À noite, meu pai notou que eu estava com febre e, pre-
ocupado, resolveu me levar ao hospital. Ligou então para
minha prima Thaís pedindo a ela que nos acompanhasse ao
Hospital de Clínicas de São Gonçalo. Ela já havia trabalha-
do lá e conhecia melhor os procedimentos.
Ao chegar à emergência, como estava com fortes dores
na pelve, fui encaminhada à ginecologia. Após uma ultra,
disseram que estava tudo bem e pediram então exames de
sangue e urina.
Lembro de sentir muita dificuldade para urinar. Fica-
mos aguardando por um tempo o resultado dos exames.
Como estava sentindo muitas dores, eles me aplicaram um
analgésico.
A médica que me atendeu nos aconselhou a ir para casa
e retornar no dia seguinte para pegar os resultados, pois a
hora já era avançada e eu estava muito mal acomodada, com
- 27 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

fortes dores. Resolvemos seguir sua orientação. No dia se-


guinte meu pai pegaria os resultados.
Justamente nesse dia, meu filho teria que tomar a BCG
e ir ao pediatra para exames de rotina. Foram então minha
mãe, meu pai e minha prima Thais. Eles iriam resolver tudo
com o Kevin, depois passariam no Hospital e pegariam
meus exames.
Fiquei naquele dia com minha tia Leia, e me sentia cada
vez mais desanimada. Nessa altura já respirava com dificul-
dade.
Devido ao intenso trânsito e ao horário avançado, não
foi possível passar pela manhã no hospital. Então decidiram
trazer primeiro o Kevin em casa e depois irem ao Hospital.
A hora já estava bem avançada quando meu pai e mi-
nha prima chegaram ao hospital para buscar o resultado
dos meus exames. Assim que chegaram a médica perguntou
onde eu estava e mandou que me levassem para o hospital
o mais rápido possível.
Sendo assim, na segunda feira dia 23, ao anoitecer, eu
estava de volta ao hospital. Quando cheguei pediram novo
exame de sangue e urina. Realizei também uma tomografia.
Ficamos aguardando por um longo período o resultado dos
exames.
Já era de madrugada quando o médico disse que eu seria
internada imediatamente. Minha prima decidiu que iria ficar
comigo como acompanhante. Então o médico olhou para
ela e disse que ela não tinha entendido. Ela não poderia ficar
comigo, pois eu estava indo direto para o CTI.
Eu estava morrendo... e eu sabia.
Quando passei, deitada na maca, sendo levada para o
interior do hospital, meu pai segurou a minha mão e disse
“vá com Deus minha filha, agarre-se nele”.
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Soube que demoraram a me internar porque não tinha


vaga no CTI. Tiveram que antecipar a remoção para o quar-
to, de um paciente do pós operatório, que avaliaram estar
bem, para que eu pudesse ser internada.
Meu quadro clínico era o seguinte: estava com uma in-
fecção generalizada; meus rins pararam de funcionar; estava
hepática, ou seja, meu fígado também estava comprometido
e meus pulmões estavam cheios de água. Por isso não con-
seguia falar nem respirar.
O médico que fez a tomografia havia ficado perplexo
quando viu meu quadro e admirado de eu ainda estar res-
pirando.
A médica no CTI disse aos meus pais que ficassem pre-
parados, pois a qualquer momento o hospital poderia ligar
para comunicar meu falecimento.
Naquela primeira noite, Ao chegar ao CTI, fizeram
sozinha, deitada na cama todos os procedimentos, colo-
de CTI, conectada a todos cando o acesso, os eletrodos em
aqueles aparelhos, agradeci meu corpo e a máscara de respi-
a Deus... ração, o que me ajudou a respirar
um pouquinho melhor.
A equipe médica cogitou a
possibilidade de me induzir ao coma e me entubar devido à
gravidade do meu quadro, mas depois desistiu.

Naquela primeira noite, sozinha, deitada na cama de


CTI, conectada a todos aqueles aparelhos, agradeci a Deus...
Agradeci a Deus por ter me concedido a felicidade de
ser mãe e de ter vivenciado a experiência única de amamen-
tar meu filho em sua primeira semana de vida.
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Pedi a Deus sua misericórdia para os meus pais que


iriam perder uma filha e muito provavelmente a convivência
com o tão esperado netinho.
Estava em paz, pois sentia a presença de Deus mais for-
te do que nunca, e isso me bastava.
Deus permitiu que eu vivenciasse cada momento que
passei naquele CTI, quando afastou a possibilidade do coma.
Vou relatar alguns episódios por que passei.
Pela manhã a médica chegou até mim e disse que o meu
quadro era gravíssimo e ela não sabia como me tratar, pois
precisava saber como, porque e o quê havia causado aquela
infecção.
Disse então que precisava realizar uma tomografia com
contraste para visualizar melhor meus órgãos, só que havia
um porém... eu sou alérgica ao iodo (o líquido injetado para
realizar o contraste) e se o exame fosse feito, corria-se o
risco do exame não ser eficaz para descobrir a causa, mas
com certeza o exame faria com que eu tivesse que fazer
hemodiálise pelo resto da minha vida, pois o procedimento
comprometeria os meus rins.
Diante do risco, a médica decidiu por não fazer a tomo-
grafia com contraste.
Estudaram a realização de um procedimento cirúrgico.
Queriam me abrir e ver o que estava acontecendo, mas um
dos médicos da equipe afastou a possibilidade explicando
que no meu caso isso seria fatal.
Enquanto não sabiam a causa do meu quadro, a solução
foi a administração de antibióticos ao acaso até que algum
surtisse efeito.
Sentia fortes dores na região do quadril e pelves, o que
me impedia de movimentar.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Lembro-me de que no primeiro banho que me deram,


ao tentarem me virar, quase chorei de tanta dor. Reclamei
que estava com muitas dores e foi preciso solicitar ao médi-
co um analgésico para que as enfermeiras pudessem termi-
nar o meu banho.
A dor era lacerante, ela não cessava, além do fato de que
não conseguia ficar nem dez segundos deitada, pois parecia
que iria me afogar.
Por mais de uma vez, trouxeram o aparelho de ultra-
-som para o quarto a fim de realizarem uma ultra-transva-
ginal, com o objetivo de encontrarem a causa da infecção.
Para cada movimento que precisava fazer para realizar os
exames, o esforço era sobre-humano e a dor tão forte, que
se estivesse sozinha não teria conseguido.
No segundo dia no CTI, realizaram o chamado acesso
profundo no meu pescoço para a administração dos remé-
dios. Acredito ter sido necessário devido à fragilidade das
outras veias.
No terceiro dia, fui removida para outro CTI, destinado
a pacientes em tratamento de graves infecções, pois como
relatei acima, eu estava no CTI pós-operatório.
Confesso que não gostei. Eu estava em um quarto se-
parado com ar-condicionado (ficava geladinho!), banheiro
e uma televisão. Tudo bem que eu não podia nem me le-
vantar para utilizar o banheiro, mas a TV distraía... Então
me removeram para um CTI onde as camas eram separa-
das apenas por cortinas, não havia privacidade; não tinha
banheiro e nem televisão, e para piorar, o local estava com
obras de manutenção. O ar-condicionado não dava conta de
refrescar o ambiente. Era um calor quase insuportável. Era
verão e as temperaturas estavam elevadíssimas (as maiores
dos últimos 50 anos).
- 31 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Estado clínico gravíssimo e agora acomodações des-


confortáveis...
Era necessário realizar exame de sangue todos os dias,
mas não colhiam sangue da veia comum do antebraço. Era
necessário retirar da veia arterial, no pulso, e posso dizer que
é muito doloroso. Ficava com os pulsos inchados e roxos.
Apesar de tudo não me entristeci procurava tratar a to-
dos ao meu redor com amabilidade.
Todos os dias pela manhã a médica vinha ao meu leito e
explicava como estava o meu quadro. As notícias não eram
nada animadoras.
No CTI as visitas eram permitidas entre 12 e 13h diaria-
mente, restritas a duas pessoas. Meus pais e meu marido iam
sempre me ver. Eles procuravam falar de coisas alegres ou
sem importância. Ficava imaginando se eles sabiam da gra-
vidade do meu estado ou, se sabiam e achavam que eu não
sabia! Seria um jogo de gato e rato? Não queria preocupá-
-los; então também não falava nada.
O nosso amigo Neilton Mulim, preocupado comigo,
pediu a sua amiga a Dra Adriana (Diretora do Hospital da
Mulher) que, como médica, fosse me ver, procurar se intei-
rar do meu quadro clínico e mantê-lo informado. Todos os
dias, bem cedinho, a Dra Adriana passava pelo Hospital e se
inteirava do meu quadro. Ela se compadeceu da situação e
até mesmo deu assistência ao meu tratamento. Relatou que
em todos os seus anos de profissão nunca tinha visto um
caso como o meu.
Agradeço à Dra Adriana o carinho e cuidado para co-
migo.
Neilton sempre sabia, desde as primeiras horas do dia,
do meu estado clínico e repassava as informações para o
meu pai.
- 32 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Após alguns dias, finalmente descobriram a bactéria


causadora da infecção. Na verdade eu estava sendo ataca-
da por duas bactérias, uma infecção urinária muito forte,
que foi parar na corrente sanguínea, e a Marsa, uma bactéria
hospitalar muito difícil de ser combatida, que deve ter se
instalado por ocasião do parto.
Só a partir daquele momento começaram a administrar
antibióticos mais específicos.
Em meio a tudo, vivenciei gestos de pura bondade. Ges-
tos vindos de todos os segmentos profissionais. Carinho da
equipe médica. As médicas me tratavam com muita ternu-
ra, mesmo dizendo a verdade sobre minha saúde. Afinal a
minha vida estava por um fio. Carinho dos enfermeiros na
administração dos medicamentos, me banhando, me ali-
mentando; da equipe de limpeza; enfim, de todos ao redor.
Uma noite, uma senhora da equipe de limpeza, foi até a
sala ao lado do meu leito, separada por um vidro (estava em
reforma) e ligou a televisão. Ao sintonizar um canal, virou-a
para mim e disse “ não dá para ouvir, mas pelo menos você pode ver;
só para distrair um pouco, ta?”
Agradeço imensamente a todos que cuidaram de mim
naquele CTI.
Eu era a única no CTI que estava consciente. Os outros
pacientes só dormiam. Que inveja daquele sono! Pois eu
não conseguia pregar os olhos... como era possível alguém
doente como eu não conseguir dormir? O barulho dos apa-
relhos era enlouquecedor!
Estava ficando exausta. Agora não era só o corpo que
padecia. A minha mente precisava descansar.
Certa manhã, ao contar à médica da minha dificuldade
em dormir, ela receitou rivotril. No dia seguinte, ao me

- 33 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

perguntar se havia conseguido dormir, disse que por exatas


duas horas.
A falta de sono me dava a sensação de que as horas na
cama não tinham fim...
Quando comecei a respirar melhor, já usava menos a
máscara, que era extremamente incômoda. Conversei com
a médica e ela autorizou sua utilização por pouco tempo
durante o dia. Quando a retirava as enfermeiras se alvoroça-
vam e logo a recolocavam.
Comecei a fazer fisioterapia para conseguir sentar. Esse
simples gesto era muito difícil.
Queria muito ser transferida para um quarto, onde pu-
desse ter um pouquinho de privacidade.
Em uma manhã conversei com a médica sobre a pos-
sibilidade de ir para um quarto, ao que ela me disse que,
embora o meu quadro estivesse melhorando, a saturação de
oxigênio ainda era muito baixa (não respirava direito sem a
máscara). Uma mudança para o quarto naquele momento
era arriscada, pois eu não seria monitorada como precisava.
O jeito era esperar.
Nosso amigo Neilton contou ao meu pai que ficara sa-
bendo que estavam pensando em me transferir para o quar-
to.
Na noite de réveillon finalmente fui transferida para um
quarto. Que alegria!
Meus pais ficaram comigo aquela noite. Bem, meu pai
ficou até depois da meia-noite e, depois disso, foi para casa
para ficar com minha irmã e meu filho. Quem estava com
minha irmã cuidando de meu filho era nossa querida amiga
Nailda, que tão prontamente veio ajudar a minha mãe na-
quele momento de tanta necessidade.

- 34 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Na noite de réveillon A saudade do meu filho era de-


finalmente fui transfe- vastadora! No começo, evitava falar
rida para um quarto. e perguntar por ele. Sua ausência era
Que alegria! dolorosa demais. Depois de tudo pelo
que passei ainda tinha que ficar longe
dele. E nem sabia se voltaria a vê-lo.
Meu estado clínico melhorou. Entretanto, após alguns
dias, para tristeza de todos, meu estado de saúde piorou.
Tomei vários medicamentos.
No dia oito de janeiro perdi a minha avó, embora eu ain-
da não soubesse. Durante todo aquele dia meu pai não foi
me ver, mas não questionei, apesar de ter achado estranho.
Ele sempre estava comigo; ficava o dia inteiro. Ao anoitecer
veio com minha mãe ao hospital. Perguntei pela minha avó,
pois sabia que tinha sido internada. Para me poupar, ele dis-
se que ela estava bem.
Por volta das dez da noite, recebi uma ligação de um
amigo da família, José Luis, querendo falar com meu pai,
pois havia recebido a notícia do falecimento da minha avó.
Eu lhe disse que essa informação deveria estar incorreta
uma vez que meu pai tinha me dito que ela estava bem. Mes-
mo assim eu não poderia dar certeza, uma vez que eu esta-
va internada. Ele, além da surpresa da notícia, ficou muito
constrangido. Educadamente pediu desculpas e desligou.
Naquele momento estavam comigo meu esposo e mi-
nha prima Luciana. Não percebi quando a Luciana se reti-
rou do quarto e retornou após alguns minutos.
Comentei sobre a ligação e disse que o José Luis estava
mal informado, ao que eles nada responderam.
No dia seguinte minha mãe ficou comigo e me contou
que minha avó tinha falecido. Ela quis saber se eu não tinha
suspeitado de algo, em razão de que eles ficaram ausentes
- 35 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

o dia todo para as providências do sepultamento. Todos sa-


biam menos eu, pois a equipe médica achou melhor que eu
não soubesse de nada.
Fiquei muito triste com a notícia e chorei. Fui consolada
com o fato de ter podido dar a ela mais um bisneto.
Minha mãe ficou preocupada por ter me contado, mas
achava que era o melhor a fazer.
Poucos minutos depois, o Dr. Marcio veio fazer a visita
de rotina e estranhou a minha pressão alta. Expliquei que
acabara de saber da morte da minha avó. Ele expressou sen-
timentos pela minha perda.
Meu estado clínico não melhorava.
Os antibióticos eram cada vez mais fortes e agressivos.
O Dr. Marcio – Chefe da equipe médica - certa vez me avi-
sou que tomaria um antibiótico cujo efeito colateral era o
escurecimento da pele. Eu disse que finalmente teria uma
“corzinha”. Era brincando que enfrentava as adversidades.
Quem ficava comigo no Hospital, quando podia, era
minha mãe, pois ela tinha que tomar conta do meu filho.
Meu pai ficava o dia inteiro. Minha irmã Paula dormia co-
migo algumas vezes e, outras vezes, minhas primas Thaís e
Luciana. O Cícero, meu marido, dormiu comigo alguns dias,
pois tinha que trabalhar.
Por sentir fortes dores não conseguia me mexer na
cama; ir até o banheiro era extremamente difícil. Por isso
necessitava de acompanhante. Por vezes urinava deitada
mesmo. No ambiente eles disponibilizavam urinol e fraldas.
Sei que muitas igrejas estavam em oração pela minha
recuperação. Muitos pastores desejavam me ver para orar
por mim, mas devido à fragilidade da minha saúde, as visitas
eram restritas.

- 36 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Agradeço a todos que oraram por mim; a todas as igre-


jas. Não citarei nomes, por temer ser injusta ao esquecer de
mencionar alguma, uma vez que foram muitas. A todos meu
profundo e comovido agradecimento.
Mesmo com todos os medicamentos, a infecção não ce-
dia, e comecei a apresentar febre diariamente.
A equipe médica, o Dr. Marcio - cardiologista, Drª Ma-
rina -nefrologista e Drª Regina -clinica geral, que passou a
tomar conta de mim, estava apreensiva. A incessante febre
preocupava.
Todos se compadeciam do meu estado. Eu estava inter-
nada; meu estado era grave. Mas acima de tudo eu era mãe.
Meu filho estava crescendo sem que pudesse estar ao
seu lado.
Minha irmã imprimiu uma foto dele e trouxe para mim.
Colei na porta do armário. Olhava incansavelmente para ele.
Todas as enfermeiras e o pessoal da limpeza, sempre
perguntavam pelo meu filho.
Quando a Dr. Regina perguntava pelo Kevin, eu dizia
que ele estava bem; que estava com minha mãe. Ela comen-
tava que queria muito poder me dar alta, para que eu pudes-
se ficar ao lado dele.
Começaram a investigar tudo novamente.
Realizei uma bateria de exames: de sangue, urina, suabe,
enfim, muitas formas de detectar bactérias. Encontraram
outra bactéria ativa. Começaram também a combatê-la. Mas
o quadro clínico não se alterava.
Realizei também um Ecocardiograma Transesofágico,
pois havia a possibilidade da bactéria ter se instalado no co-
ração. Para alívio de todos, meu coração estava bem, e não
havia nenhuma bactéria agindo.

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

A tomografia com contraste desta vez foi feita. Meus


rins estavam em melhores condições e livres de perigo, em
razão dos medicamentos contra alergia (pelo menos foi o
que disseram!)
Contudo a tomografia não ajudou a vislumbrar nenhu-
ma razão para a insistente febre. E a infecção não cedia.
Meu quadro passou a ser estável. Após alguns dias a
situação não mudara.
Fizeram outras tentativas de descobrir a causa da febre.
Tiraram o acesso (poderia estar infeccionado) e nada. Reco-
locaram. Suspenderam os antibióticos. Também nada adian-
tou. Voltei a tomá-los.
Na segunda quinzena de janeiro, fui então encaminhada
para realizar uma ressonância magnética da coluna. Agora
a suspeita era de que a coluna estivesse comprometida pela
bactéria. Ao realizar o exame, o técnico chamou o médico
e disse que precisava averiguar também a região do qua-
dril, pois havia algo ali que merecia ser analisado. O médico
prontamente fez o pedido e, obtendo autorização do plano
de saúde, prosseguiram com o exame. Fiquei por quase 2
horas dentro da máquina.
O resultado do exame mostrou que havia uma grande
inflamação e coleções (focos da bactéria) na região da arti-
culação sacroilíaca, inflamação nos dois lados do quadril e
na pelve.
Agora estava explicada toda a dor que sentia. E também
a causa da febre insistente e por que ainda havia infecção.
Já estávamos indo para o final do mês de janeiro.
O Dr. Marcio me explicou que realizariam um exame
de pulsão. Perguntei se o procedimento era simples, ao que
ele me disse que no meu caso não seria tão simples. Havia

- 38 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

riscos. A inflamação estava concentrada em local de difícil


acesso e poderia haver complicações.
O exame de pulsão se daria pela introdução de uma agu-
lha até o local afetado para coletar material (basicamente
isso).
Comuniquei a minha prima Thais que poderia haver
complicações. Não mencionei nada a meu pai, pois não que-
ria deixá-lo preocupado.
Meu pai estava ao meu lado o tempo todo. Ele entrou
de licença no seu trabalho.
Recebemos a visita da Drª Rubia, da Justiça Federal,
vinda do local de trabalho do meu pai, para avaliar a neces-
sidade da continuidade de sua licença. Meu pai disse a ela
que mesmo que a avaliação indicasse o retorno dele, ele não
sairia do meu lado. Ele chorou. Não demonstrava tristeza,
apenas preocupação. O meu quadro naquele momento era
estável. A perita foi cordial e deu alguns conselhos e orien-
tações ao meu pai. Ao se despedir, me desejou felicidades e
rápido retorno a minha casa.
A Dr.ª Regina mencionou que nunca tinha visto um
quadro como o meu. Disse que eu complicava muito as coi-
sas. Ela não entendia como uma paciente tão disposta para
o tratamento e com tão bom humor, poderia ter um quadro
clínico tão complicado como o meu.
Minha prima Thais conversou com meu pai sobre o ris-
co. Ele ficou muito preocupado e compartilhou sua preo-
cupação com o amigo Neilton, que por sua vez, se dispôs
a procurar um especialista na área da articulação sacroilíaca
para me examinar. Ligou para vários médicos pedindo uma
indicação.

- 39 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Após recomendações de outros médicos, Neilton en-


viou até o Hospital o Dr. Rubens, conhecido por sua larga
experiência em coluna e articulações.
Naquele mesmo dia, pela manhã, fui encaminhada ao
centro cirúrgico para realizar a pulsão. Quem realizaria o
exame era o Dr. Jonny Shogo –Chefe da ortopedia no Hos-
pital. Ele havia se comprometido com Neilton a tratar do
meu caso pessoalmente.
Meu pai e minha prima Thais me acompanharam até a
entrada do centro cirúrgico e ficaram esperando do lado de
fora.
O exame de pulsão geralmente é feito com anestesia,
mas como no meu caso, tudo tinha que ser mais compli-
cado, eu não poderia ser anestesiada! Eu tinha que apontar
com exatidão onde estava sentindo a dor quando a agulha
fosse introduzida. Foram inúmeras tentativas, mas a agulha
teimava em não tocar o lugar exato. Quando o Dr. Jonny já
estava desistindo, ao introduzir novamente a agulha, senti
uma dor muito forte. Ali estava o ponto. Quando ele puxou
a agulha, esta veio com pus. Ele deu um sorriso.
O Doutor Jonny chamou o anestesista, pois eles iriam
me operar. Ele me disse que havia achado a causa da doença
e que eu ficaria curada.
Tudo foi preparado imediatamente. Aplicaram a aneste-
sia ráqui e começaram os procedimentos. Fizeram um corte
bem grande. O médico disse para eu não me preocupar,
pois era na marca do biquíni.
Retiraram 200 ml de pus da região da articulação sacroi-
líaca.
Quando o Dr. Rubens chegou ao Hospital eu já estava
no centro cirúrgico.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Após a operação fui encaminhada para o quarto nova-


mente. Meu pai ficou conversando com os dois doutores.
Meu pai contou que os médicos concordaram que a
operação fora o melhor para mim naquele momento.
Mais tarde, no quarto, o Dr. Rubens nos explicou o que
tinha acontecido comigo. Ele tinha visto casos desta infla-
mação na articulação sacroilíaca quando praticava medicina
na Alemanha.
Vou tentar explicar de forma simples. Ele disse que essa
inflamação é muito comum em mulheres que tiveram parto
normal. Ele decorre da “expansão” das articulações para a
passagem do bebê. A bactéria penetrou por uma destas en-
tradas e, quando a articulação voltou ao seu lugar, ela ficou
presa causando todo aquele estrago.
A recomendação do Dr. Rubens foi de que fizesse re-
pouso absoluto por, no mínimo, um mês e de que eu tomas-
se antibiótico por mais três a seis meses. Disse que ainda
sentiria muita dor, seria uma recuperação lenta e dolorosa.
Naquele momento ele não poderia precisar o quanto a arti-
culação fora comprometida. Mais tarde seriam necessários
exames suplementares para saber o próximo passo a tomar.
Poderia precisar de uma cirurgia.
Neste ponto os médicos divergiam, pois o Dr. Jonny, no
seu diagnóstico, foi mais otimista. Segundo ele, em poucos
dias eu estaria bem de saúde e a dor cessaria.
Se eu pudesse escolher!
Poucos dias depois foi constatado que estava vazando
pus no local da operação.
Fiz outra ressonância e detectaram coleções no local.
Novos focos de bactérias.
Fui encaminhada novamente para o centro cirúrgico e
retirei mais um pouco de pus. Lavaram o local e o Dr. Jonny
- 41 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

decidiu deixar o corte mais aberto. Se fosse sair mais pus,


ficaria mais fácil.
Pedi a Deus que desta vez a inflamação estivesse con-
trolada e que não fosse necessário abrir novamente.
A vida é curiosa! Tomei duas ráquis não para dar à luz
aos meus filhos, mas para a realização de uma cirurgia para
tratar uma inflamação.
Graças a Deus estava tudo correndo bem!
Infelizmente a dor não passou. Diminuiu, mas não ces-
sou.
A equipe médica, em conjunto, com a Dra Juliana (in-
fectologista) decidiu que eram necessárias mais algumas se-
manas de administração de antibiótico.
Já estamos indo para a segunda quinzena de fevereiro.
O Dr. Marcio e sua equipe solicitaram uma nova res-
sonância magnética para se certificarem de que as coleções
tinham sido eliminadas.
O anseio pela minha alta só aumentava em nossos co-
rações. Tinha sido um período de muita dor, lutas... Estáva-
mos todos exaustos.
As idas e vindas ao Hospital eram cansativas para todos.
No meio de tudo, eu sofrera um menor desgaste emo-
cional, pois o Espírito Santo estava comigo, me confortan-
do, me dando equilíbrio e forças para passar por tudo aquilo.
Eu tinha que tomar mais seis semanas de antibiótico.
O Dr. Marcio sugeriu que com nosso “conhecimento”,
se pudéssemos adquirir o antibiótico em forma de compri-
midos, eu poderia terminar o tratamento em casa.
Ficamos eufóricos com esta notícia. Era maravilhoso
saber que finalmente a alta era algo tangível.
O medicamento era muito caro. Meu pai se prontificou
a vender o que fosse necessário para comprar o medica-
- 42 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

mento desde que isso garantisse que finalmente eu pudesse


ir para casa.
Mas havia outra opção. Solicitar o medicamento pela
Secretaria de Saúde da Prefeitura.
A Drª Regina nos explicou o que fariam e nos dariam
um laudo indicando a necessidade do medicamento e a re-
ceita. Com isto em mão, era só dar entrada no pedido junto
ao órgão competente.
Quando estivéssemos com o medicamento eu poderia
ganhar alta “condicional”, como a Dr. Regina mencionou.
O tratamento continuaria. Eu teria que procurar um infecto-
logista que ela mesma indicou e continuar meu tratamento.
Era muita felicidade! Eu iria para casa. Poderia ver meu
filho...
Nem me importava de ainda estar sentindo dor. Pode-
ria ao menos ficar deitada ao lado do meu filho. Meus pais
finalmente se sentiriam tran-
quilos. Meu avô Marcelino pergun-
Conseguimos o medica- tava sempre por mim. Dizia
mento. Sei que a estrada até que estavam escondendo
a minha completa recupera- alguma coisa dele. Recusou-
ção seria longa, mas depois -se a fazer festa no seu ani-
de tudo... versário, como era costume,
Deus é maravilhoso. A porque eu estava internada.
sua misericórdia não tem
fim.
No dia 21 de fevereiro recebi alta. Meu pai quase não
acreditou. Juntou minhas coisas; eram muitas; afinal foram
praticamente dois meses no Hospital. Nunca vi tanta rapi-
dez!

- 43 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Saímos caminhando até o carro, arrastando todas as coi-


sas. Resolvemos não ligar para ninguém, pois iríamos fazer
surpresa a todos.
Tive alta à tarde; então ninguém mais estava esperando
a minha liberação naquele dia.
Meu avô Marcelino perguntava sempre por mim. Dizia
que estavam escondendo alguma coisa dele. Recusou-se a
fazer festa no seu aniversário, como era costume, porque eu
estava internada.
Então passamos pela casa dele para dar a notícia da mi-
nha alta. Ele ficou muito feliz. Falei com as minhas tias e
entramos novamente no carro.
Agora iria direto para a casa da minha mãe para vê-la e
ver o meu filho.
Que alegria sentimos, quando finalmente nos abraça-
mos em casa!
Meu filho amado... agora podia pegá-lo em meus braços
novamente.
Eu não conseguiria expressar em palavras o que estava
sentindo naquele momento. Só posso dizer que era a mais
pura alegria.
Estava em casa. Um sonho em plena vigília.
Após alguns dias as irmãs da igreja fizeram um culto na
casa de mamãe para agradecer e um culto do bebê.
Falei com meu pai que desejava que no meu aniversário
fosse realizado um culto de gratidão a Deus.
Eu só tenho a agradecer a este Deus tremendo e mara-
vilhoso.
Foi um culto fabuloso. Ainda estou em recuperação,
mas com a certeza de que Deus já me salvou.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Introdução

Gostaria de falar um pouco, caro leitor, sobre o que é


FÉ. Não podemos confundir fé com religiosidade. No livro
Maravilhas da Graça, de Dr. Oswaldo J. Smith, traduzido
por Alberto R Praça, capítulo XXXIV: Religião sem Cristo
ou as experiências espirituais de João Wesley, o autor nos
alerta para o fato de que religiosidade não se confunde com
fé salvadora.
Quando João Wesley era ainda um adolescente, pensou
que já era um cristão. Desde bem pequeno lhe foi ensinado
que, para se salvar, teria que guardar os mandamentos de
Deus; por isso considerava-se um cristão porque, como ele
próprio relata:
l - Não era tão mau como os outros.
2 - Era religioso.
3 - Lia a Bíblia, ia à igreja e fazia suas orações.
Realmente, Wesley não era tão mau como muitos ou-
tros, mas não estava salvo. Era religioso, mas não era cristão.
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Lia a Bíblia, ia à igreja e repetia orações­, mas não conhecia


Cristo.
Wesley cresceu e tornou-se um jovem, mas continua-
va acreditando ser um cristão porque estava fazendo isto e
aquilo e vivendo uma vida muito honesta. O seu programa
consistia todo em “fazer”:
1- Dedicava uma ou duas horas por dia para devoção e
meditação religiosa.
2- Participava da ceia toda semana.
3- Vigiava contra todo o pecado- quer de pensamento,
quer de ação.
4- Orava por santidade interior.
Apesar de todo esse esforço, ainda não se sentia salvo.
Por quê? Porque o seu programa deixava Cristo de fora.
“Era tudo fazer, fazer, fazer ele mesmo”.
Não satisfeito, decidiu ser ministro do Evangelho! Po-
rém continuava a imaginar-se cristão, pelas seguintes razões
que ele mesmo elenca:
1- Visitava as prisões, os pobres e os enfermos, fazendo
todo o bem que podia.
2- Jejuava todas as quartas e sextas-feiras.
3- Lutava diligentemente contra o pecado.
4- Praticava a autonegação.
Apesar de toda essa prática, Wesley não estava salvo.
Continuava a não haver lugar para Cristo no programa das
suas obras. Era tudo “fazer”, “fazer”, seu próprio “fazer”.
Levou anos praticando a sua religião e continuava perdi-
do. Não havia entendido a gravidade do seu pecado. Apesar
de toda sua sinceridade, nunca nascera de novo, de forma
que não conhecia Cristo pessoalmente – mas apenas por
tradição. Continuava condenado.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Já no final da vida, Wesley ia passar da morte para a


vida. Finalmente ele compreenderia a graça de Deus e expe-
rimentaria a conversão a Cristo Jesus. Vamos deixar que ele
mesmo descreva o que sentiu.
“À noitinha, com bem pouca vontade, fui assistir a uma
reunião na Rua Aldersgate. Lia-se o prefácio de Lutero à
Epístola aos Romanos. Às 8h45min, ao ouvir ler sobre a
mudança que Deus opera no coração pela fé em Cristo, sen-
ti um calor estranho no meu coração – e senti que confia-
va em Cristo, só em Cristo para a salvação da minha alma;
nesse momento recebi a certeza de que Ele tinha tirado os
meus pecados e me salvara da lei do pecado e da morte”.
Religião não é o mesmo que salvação. Quem salva é
Cristo. Não se esqueça: você pode ser membro da igreja e
não estar salvo. Pode ser sinceríssimo e não conhecer Cristo.
Pode fazer muitas boas obras e nunca nascer de novo.
Como posso ter certeza da minha conversão? É possí-
vel?

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 1
A Evidência da Conversão

No meu livro, A Verdade do Pomar do Laranjal, há um


capítulo com o título: Fé + Obra = Salvação. Naquela oca-
sião tentei explicar que a Fé salvadora vem acompanhada de
boas obras.
Mais do que nunca precisamos dar ênfase a este assunto.
Está correto quando pregamos que a salvação é pela fé em
Cristo, no seu sacrifício. No entanto, estamos deixando de
falar que uma vez salvo, algo acontece na nossa vida. Nós
nascemos de novo. “Se alguém está em Cristo, nova criatura
é: as coisas velhas já passaram- eis que tudo se fez novo” (2
Cor 5:17).
Jesus falou sobre isso. Pelo fruto se conhece a árvore.
“Uma árvore é conhecida pelo seu fruto. Uma árvore de
boa qualidade dá bom fruto; a de má qualidade, não” (Mt
12: 33-NLH). Jesus deixou claro ao falar dos religiosos de

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Sua época: Sim, o meio de identificar uma árvore, ou uma


pessoa é pela qualidade do fruto que dá.
“Nem todos os que falam como gente religiosa são re-
almente assim. Tais pessoas podem referir-se a Mim como
“Senhor”, porém a questão decisiva é se elas obedecem ao
meu Pai do Céu ou não.
No Juízo muitos Me dirão: ‘Senhor, Senhor, nós fala-
mos aos outros a seu respeito, e usamos o seu nome para
expulsar demônios, e para fazer muitos outros milagres’.
Mas Eu responderei: ‘Vocês nunca foram meus. Vão em-
bora, porque as suas obras são más’.” (MT 7: 20-23 NLH).
Estamos vivendo tempos difíceis. Numa época em que
o mundanismo tem invadido a igreja a tal ponto que a linha
de demarcação está se apagando.
Certa ocasião estava visitando um amigo que acabara de
perder uma filha. Começamos a conversar sobre o evange-
lho quando ele me fez a seguinte colocação: “Paulo, aquelas
duas pessoas que saíram, eram meu irmão e meu sobrinho.
Foram membros da igreja por muitos anos. Um deles foi
professor da Escola Bíblica Dominical. Hoje, no entanto,
estão fora da igreja. Voltaram à vida que levavam. Praticam
todo tipo de coisa errada: bebem, fumam, e por aí vai. Ou-
tro dia, alertei meu irmão do perigo que corria por estar
afastado de Deus e da igreja. Perguntei se não se preocupa-
va em morrer naquela situação. Foi quando me respondeu:
Não estou nem um pouquinho preocupado. Já fui salvo por
Jesus”.
Trata-se de um caso bem comum no nosso meio. Nós,
principalmente os batistas, afirmamos que uma decisão é
suficiente. Ouvi, certa ocasião: “No momento da sua deci-
são você recebe das mãos de Deus um passaporte para os
céus”. Ainda completou; “Você pode ter um passaporte e
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

nunca utilizá-lo”. Saí da igreja sem entender o que ele queria


dizer. Eu tenho um passaporte há alguns anos e ainda não
usei. Só tenho viajado pelo Brasil. Mas aplicar esse raciocí-
nio quanto à salvação...
Por ora quero destacar as evidências externas da con-
versão. Vou, para tanto, continuar me baseando no livro “As
maravilhas da Graça”, do Dr. Oswaldo J. Smith.
“A fé sem obras é morta” Tiago 2: 20. A fé que salva
tem sempre um resultado. Sem ele a fé é morta, pois não
passa de mera crença intelectual - a mesma crença que os
demônios possuem. “Também os demônios o creem – e
estremecem” (Tiago 2;19).
Observe que eles, os demônios, estremecem. Vão além
de muitos que ainda insistem em brincar com este Deus.
Como saber que a sua fé não é semelhante à dos demô-
nios? Como ter convicção que sua crença não é meramente
intelectual?

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 2
Sou uma nova criatura?

“Se alguém está em Cristo nova criatura é: as coisas


velhas já passaram - eis que tudo se fez novo” (II Coríntios
5:17). Mas não estamos vivendo numa geração em que o
contrário é que é verdadeiro? John Fletcher descreve perfei-
tamente condições da atualidade quando diz que “o povo,
ao que parece, já pode estar “em Cristo” sem as pessoas se-
rem “novas criaturas”; e já se pode ser uma “nova criatura”
sem ter lançado fora as “coisas velhas”. Já se pode ser “filho
de Deus” sem nunca ter recebido a “imagem de Deus” e já
se veem “renascidos do Espírito” em que não se encontra
nenhum dos “frutos do Espírito”.
Que absurdo! Um “homem em Cristo” que não é uma
“nova criatura”, e “uma nova criatura” sem as “coisas ve-
lhas” terem passado!

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Ah, não, é impossível! O homem que está “em Cristo”


sofreu uma transformação completa. As coisas que ele antes
amava – agora as despreza. Estava cheio do “amor do mun-
do”, mas agora que “as coisas velhas passaram e tudo se fez
novo; só conhece “o amor do Pai”, pois “se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele” (I João 2: 15).

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 3
A quem você pertence?

Se você nasceu de novo, se você é uma nova criatura,


você pertence à família de Deus. Não se deixe enganar.
Você não pertence à família de Deus por ser religioso, por
pertencer a uma igreja. Veja o que Jesus afirmou para os
líderes religiosos de sua época: “Porque vocês são filhos do
seu pai, o Diabo, e gostam de fazer as coisas más que ele
faz” (João 8: 44 a).
Se você fez a sua profissão de fé em Cristo e continua
praticando as mesmas coisas que praticava antes, lamento
dizer, a sua profissão de fé foi meramente intelectual. Paulo
(o último apóstolo) escrevendo ao jovem Timóteo, assim
descreve o verdadeiro salvo: “Qualquer que profere o nome
de Cristo, aparte-se da iniquidade” (2 Timóteo 2 : 19). Qual-
quer que se chama cristão não deve fazer coisas erradas. A
vida, a maneira de proceder, revela a nossa profissão de fé,

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

pois quem professa a Cristo aparta-se do mal, visto que,


aliás, não pode fazer outra coisa : é esse afastamento a prova
de uma genuína profissão de fé, prova que leva o selo de
Deus. Possui uma nova natureza, e a tendência da sua nova
natureza e para Deus, e não para o pecado.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 4
Você pode pecar?

Gostaria, caro leitor, que você lesse com muita atenção


o que João, o apóstolo do amor, escreveu na sua primeira
carta, capítulo 3: 1 a 10: “Vejam como nosso Pai celestial
nos ama tanto, pois Ele nos permite ser chamados seus fi-
lhos – meditem nisto – e realmente nós somos. Entretan-
to, visto que tanta gente não compreende que somos seus
filhos. Sim, queridos amigos, nós já somos filhos de Deus,
agora mesmo, e não podemos nem imaginar como vai ser
mais tarde. Mas sabemos isto, que quando Ele vier nós sere-
mos semelhantes a Ele, como resultado de O vermos como
Ele realmente é. E todo aquele que verdadeiramente crê nis-
to, procurará permanecer puro, porque Cristo é puro.
“Mas aqueles que continuam a pecar estão contra Deus,
porque todo pecado é feito contra Deus, porque todo pe-
cado é contra a vontade de Deus. E vocês sabem que Ele

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Se tornou homem a fim de poder tirar os nossos pecados,


e que nEle não há pecado, nenhum desvio da vontade de
Deus, em nenhuma ocasião e de nenhuma maneira. Portan-
to, se permanecermos junto dEle, e Lhe formos obedien-
tes, não pecaremos também; mas aqueles que continuam a
pecar, devem entender isto: eles pecam porque realmente
nunca O conheceram nem chegaram a ser dEle.
“Oh, minha gente querida, não deixem que ninguém
engane vocês acerca disto: se vocês estão constantemente
fazendo o que é bom, é porque vocês são bons, tal como
Ele é. Mas se vocês continuarem a pecar, isso demonstra
que vocês são de Satanás, que desde que começou a pecar
tem continuado resolutamente nisto. Mas o Filho de Deus
veio para destruir estas obras do diabo. A pessoa que nasceu
na família de Deus não faz do pecado um costume, porque
agora a vida de Deus está nela e, portanto, ela não pode con-
tinuar pecando, pois esta vida nasceu dentro dela e a domina
– ela nasceu de novo.
“Assim agora podemos dizer quem é filho de Deus e
quem é de Satanás. Todo aquele que vive uma vida de pe-
cado e não ama a seu irmão mostra que não está na família
de Deus”.
Antes da conversão você era um produtor de pecado.
Tinha prazer em praticá-los. Você fazia do pecado o seu
aliado. Você era completamente dominado pela sua nature-
za carnal. Agora tudo é diferente. Você possui uma nova na-
tureza. Mas cuidado! Infelizmente você não se livrou da sua
natureza antiga. Por isso lemos em I João 2: 1-2, “MEUS
FILHINHOS, estou lhes dizendo isto a fim de que vocês
fiquem longe do pecado. Mas se vocês pecarem existe al-
guém para rogar por vocês diante do Pai. O nome dEle é
Jesus Cristo, Aquele que é tudo quanto é bom e que agrada
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

completamente a Deus. Ele foi quem levou sobre si a ira de


Deus contra os nossos pecados”.
O apóstolo Pedro usou uma ilustração muito interes-
sante para explicar essa realidade: a ovelha e a porca. Você
nunca verá uma ovelha se deliciando numa lama. Não é da
sua natureza. Mas a porca sim. Porque é da sua natureza
gostar da lama. A ovelha pode cair na lama (eu sei que isso
é verdade) – mas não permanecerá nela. Confessará contri-
tamente o seu pecado e sairá do lodo. Mas o perdido, tendo
ainda a velha natureza adâmica e pecaminosa no senhorio da
sua vida, voltará a pecar e pecará incessantemente – como
um cão volta ao seu próprio vômito. “Nisto são manifestos
os filhos de Deus e os do diabo” (I João 3: 10).

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 5
Se o cristão autêntico pode
pecar, qual é a diferença?

O que significa ser salvo? Ou como poderemos distin-


guir o salvo do perdido? Sabemos que a igreja moderna está
cheia de cristãos nominais. Paulo (o último apóstolo) retrata
a sua preocupação com os membros da igreja em Corinto
ao escrever: “Façam a verificação em vocês mesmos. Vocês
são realmente cristãos? Passam pela prova? Sentem cada vez
mais a presença e o poder de Cristo dentro de vocês? Ou
estão apenas fingindo-se cristãos, quando não são absoluta-
mente nada?” (II Cor 13:5- NLH).
Tanto o salvo e o perdido frequentam a igreja. São ba-
tizados; participam da Ceia do Senhor; exercem cargos na
administração da igreja, e até na sua direção. Mas só os sal-
vos se alegram com suas atividades. Nunca esperam elogios.
Estão sempre querendo fazer o melhor. Sabem que não são
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

merecedores de tal privilégio. Por isso são gratos a Deus por


poderem participar da obra do seu Senhor.
Tanto o salvo e o perdido levam vidas regulares, reli-
giosas; interessam-se pelo bem-estar físico e social dos seus
semelhantes e tem prazer nos trabalhos da igreja. Mas só os
salvos são dotados de paixão pelas almas, procuram a sua
conversão e se alegram na sua salvação.
Só os salvos se interessam mais pela vida futura do que
pela vida presente – ao passo que os interesses dos perdidos
estão focados no presente. Cada dia que passa, o interesse
pelas coisas do mundo vai perdendo o seu valor, porque o
crente sabe que a sua verdadeira pátria não é aqui. “Não
ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele” (I João 2: 15).
Os salvos só contam com o precioso Sangue derramado
na cruz do Calvário, e confessam que a sua própria justiça
é idêntica a farrapos imundos (Isaías 64:6); ao passo que
os perdidos, confiantes nas suas virtudes, enfatizam as suas
qualidades morais, exaltam as suas obras meritórias e escar-
necem do Sangue, proclamando assim a sua crença na salva-
ção pelo caráter – a religião de Caim em vez de Abel. Jesus
fala desse tipo de religioso ao contar a parábola do fariseu e
do republicano.
Leia a 1ª carta de João, capítulo 3. Na altura do verso
8, ele escreve: “Mas se vocês continuarem a pecar, isso de-
monstra que vocês são de Satanás, que desde que começou
a pecar tem continuado resolutamente nisto. Mas o Filho de
Deus veio para destruir estas obras do diabo.”

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 6
Precisamos entender o
verdadeiro evangelho

Para que você entenda o que significa a cruz de Cristo,


você precisa saber quem é Deus e conhecer-se a si mesmo.
Só assim você compreenderá o significado do Evangelho.
Gostaria de convidá-lo a ouvir o sermão pregado pelo
Pr. Paul Washer, por ocasião do 16º Encontro para a Cons-
ciência Cristã, promovido pela IPMS (Igreja Presbiteriana
de Monte Santo) em Campina Grande. É só acessar no
YOU TUBE.
Veja parte deste sermão: “Gostaria que você entendesse
duas coisas a respeito do pecado. Gostaria que entendesse
que é mais do que uma pessoa simplesmente faz. É uma
parte de nós. Os teólogos falam de uma depravação radical.
Significa que a corrupção moral permeia todos os aspectos
do nosso ser. E antes de uma pessoa vir a Cristo é isso que
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

é o homem. Volte ao livro de Gêneses, por favor, cap. 6:5.


Olhe para a última frase: Todo designo do seu coração era
mau”.
No seu sermão, Paul Washer afirma baseado no texto,
que Deus ao destruir a raça humana através do dilúvio lavou
a terra dos homens, mas não o coração dos homens. Assim
que Noé e a sua família saíram da arca o pecado começou
de novo.
O Fantástico, no dia 15 de dezembro de 2013, fez uma
reportagem com o seguinte tema: Casal larga tudo e viaja
em busca dos bons exemplos do Brasil. Leia na íntegra:
“Em janeiro de 2011, Iara e Eduardo saíram de Divinó-
polis, no interior de Minas, com um único objetivo: caçar
bons exemplos pelo país afora.
Uma história fantástica. Um belo dia, um casal apaixo-
nado acorda e decide largar tudo para correr atrás de um
sonho. Sair pelo Brasil para se transformar em caçadores de
bons exemplos.
Um casal como tantos. Tranquilo, pacato. Sem a menor
vontade de deixar o interior. “Nunca fizemos uma viagem
de aventura nem nada”, disse Iara Xavier, administradora
de empresas.
Por isso foi um espanto quando eles decidiram jogar
tudo para o ar e cair na estrada.
Providências? Pedir demissão. Vender a casa própria. E
só.
Fantástico: Imagino que pelo menos as pessoas menos
próximas tenham chamado vocês de doidos, não?
Iara Xavier: Não. Até as próximas. Até as próximas.
Em janeiro de 2011 saíram de Divinópolis, no interior
de Minas, com um único objetivo: caçar bons exemplos
pelo país afora.
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

“A gente resolveu tirar essa carcaça do materialismo e


viver e conviver com essas pessoas que pararam de olhar
para o próprio umbigo e pensar no coletivo”, afirmou Iara.
Os caçadores de bons exemplos queriam entender a
cabeça de quem faz o bem.
“Por que elas fizeram isso? Como elas fazem? Qual é a
satisfação delas?”, explicou Iara.
Sem interesse político, sem motivação religiosa e sem
patrocínio. Pedir, eles pediram. Mas ninguém deu.
“Ah, recebemos um não? OK. Mas nós temos o nosso
sim, que é a nossa vontade. Então vamos para a estrada”,
lembrou Iara.
Nos últimos 32 meses, enfrentaram lama, pó, buracos
e piadas pelo caminho.
“Que é isso. Você aguenta essa mulher 24 horas dentro
do carro?”, disse Eduardo Xavier, administrador de empre-
sas.
Com o dinheiro da casa vendida já percorreram, até
agora, 160 mil quilômetros. E catalogaram quase 700 proje-
tos de solidariedade, em 18 estados diferentes.
“Pra entender esse amor ao próximo que a gente foi
para a estrada”, contou Iara.
O método para descobrir um bom exemplo não podia
ser mais simples. “A gente chega na cidade e vai para as ruas.
É o primeiro passo. E nas ruas a gente vai abordando as
pessoas e perguntando”, explicou Iara.
Foi assim que eles conheceram, em Roraima, os “Cana-
rinhos da Amazônia”. Um coral de crianças salvas da pobre-
za extrema pela força da música.
“Eu saí de uma realidade que eu vivia triste na minha
família e tive a oportunidade de ter outra família que me
salvou dessa realidade”, disse Gabriela Melos, estudante.
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Os Canarinhos já receberam muita visita. Mas igual a


deles, nunca.
“A vontade é de parar e ficar no projeto. Tem muito dis-
so. A gente diz: “nossa! Que ideia fantástica. Vamos ficar”,
contou Eduardo.
Iara teve muita vontade de ficar em Boa Vista quando
conheceu os Anjos de Luz.
“Por dia passam, em média, 30 a 40 pessoas”, contou
Maria das Dores, presidente do projeto Anjos de Luz.
Um projeto nascido do amor de uma mãe pela filha
com deficiência.
Fantástico: Ela é seu anjo de luz?
Iara: Ela é meu anjo de luz.
Das Dores ajuda famílias de camponeses a procurar tra-
tamento médico na capital.
“Eu me sinto mais forte. Eu sei que tem mais uma pes-
soa ali, do meu lado, que, na hora que eu precisar, ela vai
estar do meu lado para me apoiar”, disse Das Dores.
“Você vê que não tem dinheiro nenhum, que as pessoas
poderiam estar se lamentando por todas as dificuldades, que
as pessoas estão doentes, e que isso não é empecilho para
ela ajudar o próximo, você vira para sua vida e fala assim:
“eu vou reclamar de quê? Eu vou reclamar que eu moro em
cima de uma barraca?” Não, a gente tem mil estrelas”, disse
Iara.
Anoitece. E o teto enluarado dos Caçadores de Bons
Exemplos precisa de um lugar.
“Hoje é mais fácil por ter uma barraca em cima do car-
ro. Uma barraca automotiva que você chega no posto de ga-
solina, vai procurando os postos, e um deles acaba deixando
a gente dormir”, contou Eduardo.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Os dias começam sempre na estrada. O Brasil é grande,


e não há tempo a perder.
“Nunca vamos pesquisar na internet sobre projetos so-
ciais que a gente vai conhecer, vamos deixar as pessoas que
a gente conhecer pelo caminho nos indicar, nos direcionar”,
disse Iara.
Assim que recebem uma dica, os Caçadores de Bons
Exemplos tratam de se apressar para checá-la. E fazem isso
sem telefonar antes, sem avisar, justamente para flagrar a
situação mais genuína e verdadeira possível.
O garimpo de projetos vira registro de depoimentos.
“Uma palavra pode convencer até duas ou três pessoas. Mas
o exemplo, ele vai arrastar uma multidão inteira”, afirmou
Sebastião Silva, policial.
Em um imenso banco de dados para abastecer uma
rede do bem, em que uns podem copiar os outros sem ce-
rimônia.
É pegar as ideias de Minas e levar para o Rio de Janeiro.
Pegar do Rio de Janeiro e levar para o Ceará. E fazer esse
intercâmbio para que as pessoas tenham mais ideias sobre
como solucionar os problemas”, destacou Iara.
Desconcertante é constatar o quanto uma solução pode
nascer de uma dor profunda.
“Em setembro de 2010 a minha filha foi diagnosticada
com um tipo raro de câncer aqui em Manaus. Tinha 7 anos.
Era filha única. Ela faleceu em 2011, em julho de 2011”,
revelou Carolina Varella, diretora do Instituto Alguém.
Carolina fez da morte da filha a razão de uma luta: dar
condições a famílias pobres de tratar os seus em hospitais
de referência.
“Eu poderia ter opção de ficar em casa tomando anti-
depressivo, chorando, mas eu resolvi não fazer porque eu vi
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

minha filha lutar. Eu tive oportunidade de lutar junto com


ela”, contou Carolina.
Assim nasceu o Instituto Alguém, em respeito à me-
mória de Ana Luíza. “Eu sinto, eu sinto que ela fica feliz de
eu estar podendo ajudar, que ela fica orgulhosa de a gente
poder não se entregar para a tristeza, porque ela nunca se
entregou”, destacou Carolina.
Com um tipo raro de câncer e sem tratamento em Ma-
naus, Herivelton tem direito, por lei, de consulta gratuita em
outro estado.
“Não consegui consulta. Então me dá uma previsão,
quanto tempo você consegue uma consulta para mim? Da-
qui a dois, três meses a gente vai conseguir uma consulta pra
você”, contou Herivelton da Silva, técnico em eletrônica.
Carol entrou em ação. E a consulta já está marcada em
São Paulo, com passagem aérea em mãos.
“O Herivelton não pode esperar três meses. Ele tem
que viajar hoje. Tem que viajar ontem”, destacou Carol.
O sentimento de urgência é um traço comum a quem
faz o bem. Um jeito de olhar o mundo com a pressa dos
atos concretos. “É olhar o lado luminoso da vida. Então,
essa mudança de olhar muda tudo”, disse Iara.
Já são dois anos e meio na estrada. A viagem vai conti-
nuar no exterior, mesmo que o dinheiro esteja no fim.
Fantástico: Por maior que seja o dinheiro um dia ele
acaba, né? Vai dar até o fim?
Iara: Não
Fantástico: E aí?
Eduardo: A nossa programação é vender o carro agora,
até o final do ano, para poder seguir de mochila a partir de
janeiro.
Fantástico: Aí vão a pé?
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Eduardo: A pé. Não tem outro jeito.


A ideia é só voltar em 2015. Ainda que seja a pé. Mas
trazendo nas costas a bagagem gigante que não cabe em
carro nenhum.
“Novos amigos, novas experiências, novos sabores, co-
res, e novos agradecimentos aos céus, ao universo, por tudo
aquilo que você viveu”, completou Iara.
Isto é muito bonito, mas não deixa de ser uma grande
ilusão. O homem é mau por natureza. Olha o que Deus nos
fala: “... porque é mau o designo íntimo do homem desde a
sua mocidade (Gênesis 8:21). Jesus afirmou: “Ora, se vós,
que sois maus... (Mateus 7:11 a). Ainda lemos em Romanos
3: 10: “Ninguém é bom – ninguém no mundo inteiro”.
Você deve ter observado que a Iara agradece “aos céus,
ao universo” e se esquece de agradecer a Deus. Sabe por
quê? Porque Deus nos mostra algo bem diferente através
da Sua Palavra.
O objetivo do grande inimigo de nossas almas (Sata-
nás) é enganar o homem fazendo com que ele pense que
é bom. Se ele o convence disso, você nunca olhará para a
cruz de Cristo. Foi por isso que transcrevi aqui esta repor-
tagem. Paulo escreveu: “Agora, porém, Deus nos mostrou
um caminho diferente para o céu – não o fato de sermos
“bonzinhos” e procurar guardar suas leis, mas um novo ca-
minho (ainda que não seja tão novo assim realmente, pois
as Escrituras falaram dele há muito tempo). Agora Deus diz
que nos aceitará e nos absolverá – Ele nos declarará “sem
culpa” – se nós confiarmos em Jesus Cristo para Ele tirar
os nossos pecados. E todos nós podemos ser salvos deste
mesmo modo, vindo a Cristo, não importa o que somos ou
o que temos sido. Sim, todos pecaram; todos fracassaram, e
não puderam alcançar o glorioso ideal de Deus; no entanto,
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Deus nos declara agora “sem culpa” das ofensas que Lhe
fizemos se confiarmos em Jesus Cristo, aquele que em sua
bondade tira os pecados gratuitamente.
Deus foi quem enviou Cristo Jesus para levar o castigo
pelos nossos pecados, e assim por fim a toda ira de Deus
contra nós. Ele usou o sangue e a nossa fé como meio de
salvar-nos da sua ira.
Então, de que podemos nos gabar com respeito a fa-
zermos alguma coisa para ganharmos a nossa salvação?
Absolutamente nada. Por quê? Porque a nossa absolvição
não está baseada em nossas boas obras; está, sim, baseada
naquilo que Cristo fez e na fé que temos nEle. Assim é que
somos salvos pela fé em Cristo, e não pelas coisas boas que
fazemos”. (Romanos 3: 21 – 25 a, 27 e 28)
É assim que a Bíblia descreve o homem. Ele está per-
dido. Por ter uma natureza pecaminosa nunca se achegará
a Deus. Os pregadores precisam pregar esta verdade. Os
pastores precisam falar mais sobre o tema. Só assim o Es-
pírito Santo poderá exercer a sua principal função, que é
de “convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo”
(João 16: 8).
Infelizmente, a grande verdade é que o homem só sabe
pecar: “Essa criatura foi tão terrivelmente “enfeiurada” pelo
pecado, que mesmo tendo ainda um resquício do reflexo de
seu criador, ainda é mais parecida com o diabo, a quem des-
de a queda é atribuída a sua paternidade. Suas ações imun-
das, seu coração enganoso e perverso e nele, o pecado foi
escrito com ponta de diamante”.
No seu sermão, Paul Washer ainda afirma “que esta-
mos nos enganando quando acreditamos que está ocorren-
do avivamento no Brasil. Assim como vem ocorrendo nos
EUA, no Brasil, as igrejas repletas de 5,10,15, 20 mil pessoas
não é avivamento. As pessoas estão buscando as coisas que
- 72 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

supostamente vem de Deus, como a prosperidade. Na ver-


dade elas não querem Deus. Avivamento quando ocorre, as
pessoas querem Jesus”.
Jesus percebeu isto quando viu uma multidão atrás dEle.
“O fato é que vocês querem estar comigo porque Eu lhes
dei de comer, e não porque creem em Mim” (João 6: 26).
A igreja precisa pregar, falar sobre isto. Esse evangelho
superficial está conduzindo as pessoas ao inferno. As pesso-
as precisam saber que estão perdidas. As pessoas precisam
saber que tem um câncer chamado pecado e o “salário do
pecado é a morte” (Romanos 6: 23 a).
Paul Washer: “O que você pensaria de mim se eu fosse
um médico e soubesse que você tem um câncer e não ti-
vesse vontade de dizer isso pra você, porque eu não queria
machucar você? Imagine se eu fizesse isso? Eu seria consi-
derado imoral. Poderia perder a minha licença. Quanto mais
um pregador! Se eu sei que a Bíblia diz isso de nós, e se eu
não proclamo isso, eu sou imoral. E se eu não proclamo
isso, não é porque eu amo você. É porque eu me amo e
quero que você goste de mim. Isso é mais importante pra
mim do que a sua alma. É assim que muitos pregadores são
hoje. Por causa do temor dos homens, para preservarem a
si mesmos, eles vão fazer coceirinhas nos seus ouvidos pra
você gostar deles. Mas aí, você vai se encontrar com eles no
inferno”.
Então, caro leitor, você me perguntará: “mas que infer-
no? Inferno é aqui mesmo!”
Eu quero dizer que tenho ouvido isso de muita gente,
inclusive de evangélicos. Eles não creem no juízo e no infer-
no. Quanto tempo faz, meu caro leitor, membro de alguma
igreja, que você ouviu um sermão falando do juízo que está
para chegar a qualquer momento?

- 73 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 7
O Dia do Juízo

Você precisa ir para a Bíblia. Não é o que o seu pas-


tor predileto fala; é o que Jesus fala: “ENQUANTO ISSO
multidões cresciam até ao ponto de milhares e milhares es-
tarem se atropelando e pisando uns nos outros. Então Jesus
voltou-Se para os seus discípulos e os advertiu: “Mais do
que qualquer outra coisa, tomem cuidado com esses fari-
seus e com a maneira como eles parecem ser bons, quando
na verdade não são. Porém este fingimento não poderá ser
escondido para sempre. Pois se tornará tão evidente como
o fermento na massa. Tudo o foi dito no escuro, será ouvi-
do na claridade, e o que se cochichou dentro de casa, será
anunciado dos telhados, para que todos ouçam!
Queridos amigos, não tenham medo destes que querem
matar vocês. Eles só podem matar o corpo e não tem poder
sobre a alma. Porém Eu lhes direi a quem temer – temam a

- 75 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Deus, que tem o poder de matar e depois jogar no inferno”


(Lucas 12 : 1 – 5).
“E vi um grande trono branco e aquele que estava sen-
tado nele, de cuja presença fugiram a terra e o céu, mas
não encontraram lugar nenhum para esconder-se. E vi os
mortos, grandes e pequenos, de pé diante de Deus; e foram
abertos os Livros incluindo-se o Livro da Vida. E os mortos
foram julgados de acordo com as coisas escritas nos Livros,
cada um de acordo com as obras que tinha praticado. Os
oceanos entregaram os corpos sepultados neles; e a terra
e o hades entregaram os mortos que estavam neles. Cada
um foi julgado de acordo com as suas obras. E a Morte e o
Inferno foram jogados no Lago de Fogo. Esta é a Segunda
Morte – o Lago de Fogo. E se o nome de alguém não se
achou registrado no Livro da Vida, esse foi jogado dentro
do Lago de Fogo” (Apocalipse 21: 11 a 15).
No imenso Tribunal do Grande Julgamento da huma-
nidade está posto o Grande Trono Branco, no qual se senta
o Juiz. Em vez de oficiais de justiça, anjos e arcanjos le-
vando os homens e mulheres até o Juiz. Ali se congrega o
céu inteiro, para ver o fervilhar de inúmeros bilhões cujo
vaivém não cessa. Todos os réus aguardam, com o terror
estampado nas faces, o início da incomensurável audiência.
Vai ser representado o último ato da tragédia dos séculos. É
o terrível dia do Juízo Final.
Quando eu me converti em setembro de 1971, gostava
de entrar numa sala que ficava atrás, no lado direito do anti-
go templo da Igreja batista em Laranjal. Ali ficavam os ins-
trumentos musicais, microfones, material de evangelismo e
um pequeno toca disco. Entrava e colocava um disco que
narrava a volta de Jesus e o Grande Julgamento. Ficava ali
ouvindo e chorava, não por medo, mas porque pensava nos
- 76 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

meus parentes, amigos e tantos outros, que enfrentariam a


Ira do Cordeiro, o próprio Senhor Jesus, como réus, perdi-
dos e condenados.
Este sentimento aterroriza você? Se ele o aterroriza,
porque você não faz nada para avisá-los? Você, pregador
do Evangelho tem alertado as pessoas do perigo que estão
correndo? Se a resposta for não é porque você não acredita
nem tem consciência quão terrível será esse dia.
Sabe por que eu ouvia aquela narração sem nenhum te-
mor? Porque um dia, aqui neste mundo, pude recebê-lo pela
fé como meu Salvador e Senhor. Vou estar lá não como réu,
mas como irmão de Jesus Cristo e filho de Deus. “Mesmo
em sua própria terra e entre seu próprio povo, os judeus,
Ele não foi aceito. Só uns poucos O acolheram e receberam.
Mas a todos que O receberam, Ele deu o direito de se tor-
narem filhos de Deus. Tudo o que eles precisavam fazer era
confiar nEle como Salvador” (João 1: 1-2).
Mas para os perdidos, será um dia de horror. A Bíblia
diz que vão olhar para um lado e para o outro, buscando o
escape. Clamarão às montanhas, suplicando-lhes que caiam
sobre eles e os escondam d’Aquele que está sentado no tro-
no. Mas não há como escapar, não há quem possa auxiliar,
não há esperança: é o dia da sua condenação.
Abrem-se os livros, leem-se os registros onde está es-
criturado tudo que os réus fizeram neste mundo. Todo o
pecado, toda a transgressão, toda a má ação – tudo está ali.
Atos antigos, pecados já esquecidos. Terríveis revelações!
Os réus estão tomados pelo medo e horror. Os seus joe-
lhos batem um contra o outro. Você não tem argumento
nenhum a seu favor. Até o que cochichou no seu quarto vai
estar lá registrado. “Tudo o que foi dito no escuro, será ou-
vido na claridade, e o que se cochichou dentro de casa, será
- 77 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

anunciado dos telhados, para que todos ouçam!” Palavras


do Senhor Jesus registradas pelo doutor Lucas, no capítulo
12, versículo 3.
É trazido, por fim, o Livro da Vida, e “aquele que não
foi achado escrito no Livro da Vida, foi lançado no lago de
fogo” (Apocalipse 20:15).
Não há nada tão certo como o Julgamento. Aquele ter-
rível dia foi fixado por Deus desde a eternidade. As páginas
da Bíblia jorram luz sobre o que vai se passar naquele dia
– e, cada dia que passa, mais e mais nos aproxima do Dia
do Juízo.

7.1. CERTEZA
“Deus tolerou a ignorância passada do homem a respei-
to destas coisas, mas agora Ele ordena a todo mundo que
se arrependa e jogue fora os ídolos e adore somente a Ele.
Porque determinou um dia para julgar com justiça o mundo
por meio do Homem que Ele destinou, e já mostrou quem
é ao ressuscitar Jesus” (Atos 17: 30-31). “Aos homens está
ordenado morrerem uma vez – vindo depois disso o Juízo”
(Hebreus 9: 27).
Não se deixe enganar! O julgamento é mais que certo.
Ele está a caminho. Esse dia se aproxima a passos largos,
e não haverá escape algum para aqueles que se encontram
fora de Cristo.

7.2. PROPÓSITO
Acredito que muitos de vocês que estão lendo este li-
vro, tenham assistido ao seriado “Auto da Compadecida, da
Rede Globo de Televisão. No filme, nos é mostrado Maria
(muito bem interpretada por Fernanda Monte Negro) inter-
cedendo pelos réus acusados por Satanás. Quem escreveu
- 78 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

aquele seriado não entende nada de Teologia, muito me-


nos de Juízo final. Em primeiro lugar, Maria não é, e nunca
será intercessora, advogada de defesa dos homens. Naquele
julgamento, Satanás aparece como promotor de acusação.
Que heresia! Ele será réu. O Diabo não é dono do inferno.
Deus é dono do inferno que por Ele foi “preparado para o
Diabo e seus demônios” (Mateus 25:41b) palavras de Jesus.
Quem tem as chaves do inferno é Cristo. “Depois Eu Me
voltarei para aqueles à minha esquerda e direi: “Fora daqui,
malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e seus
demônios”. Outra coisa, o julgamento não tem por finali-
dade proceder a averiguações, mas sim manifestar o caráter;
não é para decidir se um homem é culpado ou inocente,
pois isso, Deus já é sabedor. Não haverá mais defesa. “Não
há condenação eterna reservada para aqueles que confiam
nEle como Salvador. Mas aqueles que não confiam nEle
já foram julgados e condenados por não crerem no Filho
único de Deus” (João 3: 18). É como um criminoso, já jul-
gado e condenado, e que agora aguarda na cela da morte a
execução da sentença.

7.3. PERFEITO
Pode estar certo de uma coisa: O Juízo Final será um
julgamento perfeito. Nada escapa aos olhos d’Aquele com
quem temos de tratar. “E Eu lhes digo isto: Vocês, no Dia
do Juízo, terão de dar conta de cada palavra que tiverem
falado à toa. As suas palavras agora refletem o seu destino
depois: Por elas você será justificado ou condenado” (Ma-
teus 12: 36-37).Serão revelados os mais íntimos segredos do
seu coração. Nada ficará encoberto. Você tem segredos que
não revelou nem ao melhor amigo. Naquele dia, não só o

- 79 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

seu melhor amigo, mas todo mundo, tomará conhecimento


de todos os seus segredos.
Aquele Julgamento, além de perfeito, será também ab-
solutamente justo.

7.4. JUSTO
Há teólogos que frequentemente exprimem dúvidas
quanto à perpetuidade do castigo, que pretendem achar um
desacordo com o amor de Deus. Eu, porém, prefiro recor-
rer à Palavra do próprio Deus, a Bíblia Sagrada, em vez de
me deixar levar pela falácia dos argumentos humanos. “Com
Justiça há de julgar o mundo” (Atos 17: 31). O Seu Veredito
será justo, e ninguém lhe escapará. “Não fará justiça o Juiz
de toda a terra?” (Gênesis 18: 25). Eu confio em Deus – na
Sua Palavra e na Sua Justiça, assim como no Seu Amor.
Neste Julgamento não haverá favoritismo – nem acep-
ção de pessoas, como nos tribunais da terra. Deus é im-
parcial. Perante o Grande Trono Branco não haverá apelos,
nem recursos – a sentença não pode ser revogada, nem mo-
dificada, nem anulada: é final, é para sempre, e não haverá
outra oportunidade.

7.5. BASE
A base do julgamento é a atitude do homem para com
Cristo. Não é a moralidade, nem a religião – e a relação entre
o indivíduo e o Filho de Deus. “Quem crê n’Ele não é con-
denado; mas quem não crê já está condenado, porquanto
não crê no nome do Unigênito Filho de Deus” (João 3: 18).
Portanto, amigo leitor, a grande questão, naquele dia, será:
“O que você fez de Jesus Cristo?”.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Afinal de contas, Ele será o Juiz naquele dia. “Ele (Jesus)


é O que por Deus foi constituído Juiz dos vivos e dos mor-
tos” (Atos 10: 42).
Um criminoso ia ser atropelado por um carro quando
um homem se adiantou saltando sobre ele e o salvou. Mais
tarde, o criminoso compareceu no Tribunal, acusado de um
crime gravíssimo. O juiz era o homem que o salvara de ser
atropelado. Uma esperança brotou no coração do crimino-
so ao reconhecer o seu salvador. Apelou ao juiz, esperando
que o juiz fizesse por ele o que já tinha feito na outra oca-
sião. Ouviu do juiz: “Naquele dia fui o seu salvador; hoje,
sou o seu juiz” – e o homem foi condenado.

- 81 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 8
Convite especial

Em Lucas 14: 16 - 27, Jesus nos fala acerca de três ho-


mens que receberam um convite maravilhoso e o rejeita-
ram com as mais estúpidas desculpas que se possa imaginar.
“Comprei um pedaço de terra e tenho de ir vê-lo”, disse um
deles. Que desculpa mais absurda! Quem, em sã consciên-
cia, compraria um terreno sem primeiro dar uma olhada?
Qual tem sido a sua desculpa?

8.1. TALVEZ VOCÊ ESTEJA DIZENDO:


“Não estou perdido e não necessito de me converter”.
Mas Deus nunca lhe teria oferecido a salvação se não
estivesse perdido – nem lhe chamaria à conversão. Portanto
com certeza você está perdido. Jesus disse: “Vim buscar e
salvar o que se havia perdido”.

- 83 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

8.2. É POSSÍVEL QUE PENSE:


“Sou demasiado pecador – Deus nunca me perdoará”.
Ouça, então, a Palavra de Deus: “Deus prova o Seu
amor para conosco em que Cristo morreu por nós – sendo
nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). “Venham, vamos dis-
cutir o assunto até o fim! Por mais fundas e feias que sejam
as manchas dos pecados que vocês cometeram, Eu posso
limpar essas manchas completamente! Vocês ficarão limpos
e brancos como a neve que acabou de cair. Mesmo que os
seus pecados sejam vermelhos como sangue, Eu os deixarei
brancos como cal!” (Isaías 1: 18). “Cristo Jesus veio ao mun-
do para salvar os pecadores” (I Timóteo 1: 15). O Deus que
perdoou Paulo, assassino e perseguidor da igreja primitiva,
transformando-o no maior missionário da história da igreja,
perdoará você também.

8.3. OU, AO CONTRÁRIO, DIGA:


“Sou bastante bom tal como sou”.
“Qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só
ponto, tornou-se culpado de todos” (Tiago 2: 10). “Todas as
nossas justiças são como trapos de imundície” (Isaías 64: 6).
Não se esqueça, o homem já nasceu com o pecado.
Jesus disse para o religioso Nicodemos: “O que nascido da
carne é carne” – e nunca será outra coisa. “O que é nascido
do Espírito é espírito” (João 3: 6). Por conseguinte, “neces-
sário vos é nascer de novo” (João 3: 7). “Não do sangue,
nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de
Deus” (João l: 13).
Há quem afirma a paternidade universal de Deus e a ir-
mandade universal dos homens. Isso é uma grande mentira!
Jesus disse para os judeus religiosos e para os seus líderes;
“Porque vocês são filhos do seu pai, o Diabo, e gostam de
- 84 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

fazer as coisas más que ele faz” (João 8: 44 a). Deus é o seu
criador – mas não é o seu Pai. “Embora Ele tenha feito
o mundo, não foi reconhecido pelo mundo, quando veio.
Mesmo em sua própria terra e entre seu próprio povo, os
judeus, Ele não foi aceito. Só uns poucos O acolheram e
receberam. Mas a todos que O receberam, Ele deu o direito
de se tornarem filhos de Deus. Tudo o que eles precisavam
fazer era confiar nEle como Salvador. Todos os que creem
nisto nascem de novo! – não um novo nascimento físico,
resultado do desejo humano – mas da vontade de Deus”
(João 1: 11-13).
Não o convido a trocar de religião. É isso que vem acon-
tecendo hoje. As pessoas estão deixando uma doutrina, uma
determinada igreja, para seguir outra. Você precisa é de uma
transformação. Você precisa é de Cristo. A igreja Católica
não transforma você. A igreja protestante, evangélica não
pode fazer nada por você. Religiosidade não pode torná-lo
filho de Deus. Não tente tornar-se uma pessoa melhor sem
a ajuda de Cristo Jesus. Você é um pecador inato. A sua na-
tureza está totalmente corrompida. A reforma não interes-
sa. O que você precisa é da regeneração, de uma vida nova,
pois sua natureza é adâmica. Você é mau na sua natureza.
Por isso necessita de ser convertido.
Temos na Bíblia vários exemplos de homens sinceros
e que lutaram para cumprir a lei. Eram bons exemplos de
religiosos. Cornélio e Nicodemos foram homens assim. No
entanto, tiveram de se converter.

8.4. A SUA DESCULPA PODERÁ SER:


“Receio não ser um dos escolhidos”.
Os escolhidos são os “quem quiser”. Depende de você
somente. Deus é soberano, é certo, mas igualmente certo
- 85 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

que você é livre, e deixa você escolher, Ele respeita a sua


vontade.
A única forma de saber se é um dos predestinados, é fa-
zer a sua decisão por Cristo. Jesus afirmou: “Eu Sou a porta.
Se alguém entrar por mim, será salvo” (João 10: 9 a).
“No exterior da porta lê-se uma sentença: “TODO
AQUELE QUE”; depois de entrar, olhe para trás e veja
inscrita outra sentença no lado de dentro da mesma porta:
“ELEITOS SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DE DEUS”.
Esqueça, pois a eleição e a predestinação, e receba Jesus
com seu Salvador – ou com certeza se perderá para sempre.

8.5. TALVEZ VOCÊ DIGA COMO MUITOS:


“Há um grande número de hipócritas na igreja”.
Ah! Então essa é a sua desculpa? Mas você não sabe
que Jesus predisse que haveria esse tipo de gente na igreja?
É claro que há – mas todos estão a caminho do inferno, que
é, aliás, para onde você está também encaminhando, sem
Jesus.
Você deve também refletir que, se há hipócritas na igre-
ja, há também cristãos autênticos. Só existe dinheiro falso
porque há também o verdadeiro. Pode ficar certo de que há
crentes genuínos – e não só hipócritas.
Jesus falou do trigo e do joio, do verdadeiro e do falso,
dos hipócritas e dos filhos de Deus e dos filhos do Diabo.
Não permita, portanto, que os maus exemplos o afastem do
céu.

8.6. OU AINDA DIGA:


“Eu tenho medo de desistir, de não perseverar”.
Você não tem de perseverar! É Cristo quem persevera.
Tudo que você precisa fazer é confiar. Ele prometeu guar-
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

dar você. Jesus disse:”... o que vem a Mim, de modo algum


o lançarei fora” (João 6: 37b).
Por ocasião da grave enfermidade da Letícia, ao receber
a notícia através do meu amigo Neilton Mulim que ela sairia
do CTI e iria para o quarto no dia seguinte, após a visita, ao
sair do hospital, fui direto ao Shopping jogar boliche. Ao
chegar, encontrei quatro simpáticos jovens que se divertiam
na pista ao lado. Ao perceber que se tratava de moços dife-
rentes, de crentes, pela maneira que se comportavam , per-
guntei se não queriam brincar mais um pouco comigo. Eles
riram, quando afirmei que não daria nenhuma chance a eles
de me derrotarem. Contei-lhes o motivo da minha alegria
naquele dia para deixar que me vencessem. Trocamos nos-
sos números telefônicos e prometi convidá-los para o culto
de gratidão que prestaríamos a Deus numa ocasião futura.
Não foi possível cumprir a promessa devido à piora do qua-
dro de saúde da Letícia e a dúvida quanto a sua realização,
mas que foi prestado no dia 28 de abril de 2014 na PIB em
Jardim Catarina. (Se você quiser assistir, parte do culto está
disponível na Internet. Basta digitar no Google ou no You
Tube a frase: Pai se desespera ao receber de Deus mensa-
gem para pregar no sepultamento da filha).
Eram todos do município de Rio Bonito, membros da
Assembleia de Deus. Foi a tarde mais feliz daqueles últimos
dias. Brincamos, nos divertimos e conversamos muito sobre
o Evangelho, sobre Jesus. Um deles me perguntou por que
nós, os batistas, cremos na salvação eterna que não pode ser
perdida. O diálogo foi mais ou menos assim:
-“Você crê que a salvação não se perde. Por quê?”
- “Sim, respondi. Não é porque eu confio no meu de-
sempenho. É porque eu confio no meu Salvador. Olha o

- 87 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

que Ele disse; “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão,
e ninguém as arrebatará da minha mão.
Aquilo que meu Pai Me deu é maior do que tudo; e da
mão do meu Pai ninguém pode arrebatar.
Eu e o Pai somos um” (João 10: 28-30).
- Mas a Bíblia não diz que “aquele que perseverar até
o fim será salvo?” Então eu tenho que perseverar para me
salvar”.
- Quantos anos você tem?
- Tenho 20. (Acredito ter sido essa a resposta).
- Se você viver mais 70 anos, e eu espero que viva e viva
para o Senhor Jesus, e isso é possível. Minha mãe tem 96
anos. Meu sogro está com 95 e ainda cuida de uma horta.
Torço para que você viva todos esses anos na presença de
Deus e amando cada dia mais o seu Salvador. Mas se você
pensa dessa maneira, quando chegar no céu, poderá dizer
assim para Jesus: “Senhor, muito obrigado por ter morrido
no meu lugar na cruz, por ter suportado a ira do Pai pelos
meus pecados, mas se não fosse a minha perseverança por
longos 70 anos, eu não teria chegado até aqui. Acho que
mereço entrar no céu.
Após essa conversa, acho que eles se convenceram que
não há nada que façamos para nos gloriarmos. A GLÓRIA
PERTENCE SÓ A ELE, NOSSO SALVADOR.
Agora podemos cantar:

Rica Promessa (Hino 350 do CC)

Oh! Como é grande e doce a promessa


Do Salvador, Jesus, nosso Rei!
Ao que confia na sua graça
Ele diz: “Nunca te deixarei.”
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Oh! Não temas, oh! Não temas,


Pois Eu contigo sempre serei!
Oh! Não temas, oh! Não temas,
Pois Eu nunca te deixarei!

Eu sou teu Deus, e para livrar-te,


Sempre contigo Eu estarei;
Não temas, pois, porque bem seguro
Eu pela mão te conduzirei.

Para remir-te dei o meu sangue,


Pelo teu nome Eu te chamei;
Meu para sempre tu és agora;
Crê, pois, que nunca te deixarei.

Eras indigno, mas escolhi-te;


Não temas, pois Eu muito te amei;
Quem dos meus braços pode arrancar-te?
Sempre seguro te guardarei.

Nós não perseveramos para nos salvar. Nós persevera-


mos porque somos salvos! Glória a Deus que nos salvou!
Estamos nos braços de Cristo!
Por isso Paulo (o último apóstolo), pode dizer: “Desde
o princípio de tudo Deus decidiu que aqueles que fossem
a Ele – e no decorrer dos tempos Ele sabia quem iria – se
tornassem semelhantes ao seu Filho, de tal modo que seu
Filho fosse o Primeiro, com muitos irmãos. E, ao nos es-
colher, Ele nos chamou para ir a Ele; e quando fomos, Ele
declarou-nos “sem culpa”, e encheu-nos com a retidão de
Cristo, deu-nos o direito de ficar com Ele e nos prometeu
a sua glória.
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Que podemos dizer diante de coisas tão magníficas


quanto estas? Se Deus está de nosso lado, quem pode es-
tar contra nós? Visto que Ele, em nosso favor, não poupou
nem o seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós,
será que certamente não nos dará tudo o mais? Quem se
atreve a nos acusar, a nós que Deus escolheu para sermos
dele? Será que Deus faria isso? Nunca! Foi Ele quem nos
perdoou e nos deu o direito de ficar com Ele.
Quem nos condenará, então? Cristo? Não! Foi Ele quem
morreu por nós e voltou à vida por nossa causa, e agora está
sentado no lugar de maior honra junto a Deus, rogando por
nós lá no céu.
Quem, então, pode jamais ocultar de nós o amor de
Cristo? Quando estamos em aflição ou em desventura,
quando somos perseguidos de morte ou destruídos, será
que isso acontece por que Ele não mais nos ama? E se tiver-
mos fome, ou ficarmos sem dinheiro, ou passarmos por pe-
rigos, ou formos ameaçados de morte, será, pois que Deus
nos desamparou?
Não, pois as Escrituras nos dizem que por sua cau-
sa precisamos estar prontos a enfrentar a morte a qualquer
momento do dia – somos como ovelhas, prontas a ser aba-
tidas no matadouro. Mas apesar de tudo isso, temos uma vi-
tória esmagadora por meio de Cristo, que nos amou a ponto
de morrer por nós. Estou convencido de que nada poderá
jamais nos separar do Seu Amor. A morte não o pode, nem
tampouco a vida. Os anjos não o poderão, e todas as forças
do inferno não poderão afastar de nós o amor de Deus.
Nossos temores pelo dia de hoje, nossas preocupações so-
bre o dia de amanhã, ou o lugar onde estivermos – bem
alto no céu, ou nas profundezas do mar – nada, jamais, será
capaz de separar-nos do amor de Deus demonstrado pelo
- 90 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

nosso Senhor Jesus Cristo quando morreu por nós” (Roma-


nos 8: 29-39).
Na Palavra de Deus, lemos: “... que é que nos leva a
pensar que podemos escapar, se formos indiferentes a essa
grande salvação anunciada pelo próprio Senhor Jesus, e que
nos foi transmitida por aqueles que O ouviram falar?” (He-
breus 2: 3).

- 91 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 9
A Salvação de Deus

Há na Bíblia cinco grandes palavras empregadas para


definir a salvação de Deus: Expiação, redenção, justificação,
regeneração, reconciliação.
Baseado no livro “Maravilhas da Graça”, onde o autor,
Dr. Oswaldo J. Smith trata magistralmente sobre o assunto,
quero resumir o que ali foi descrito.

9.1. EXPIAÇÃO
Teologicamente falando, este termo engloba toda a obra
redentora de Cristo, mas na Bíblia, e especialmente no Ve-
lho Testamento, significa simplesmente “cobrir”; o pecado
era coberto pelos sacrifícios oferecidos, para que Deus pu-
desse passar por cima dele, até que Cristo morresse.
Ao oferecerem os sacrifícios, as pessoas olhavam para
o futuro e Deus, em virtude da futura expiação que seria

- 93 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

feita pelo sacrifício de Seu Filho, passava por cima e não res-
ponsabilizava aqueles que, com fé, ofereciam o holocausto
exigido.
Hoje, não olhamos para o futuro, olhamos para o pas-
sado, para o sacrifício já consumado no Lugar da Caveira.
Cremos na morte expiatória de Jesus, a nossa Vítima, o Cor-
deiro de Deus. Somos perdoados, o nosso pecado é cober-
to não pelo sangue de touros e bodes, mas pelo sangue de
Cristo.
Ao bradar “Está Consumado” no alto do Gólgota, foi
concluída a Sua obra expiatória. Só Cristo podia satisfazer a
justiça divina, executando uma perfeita expiação pelos peca-
dos da humanidade.

9.2. REDENÇÃO
Esta palavra significa “libertar, pagando um preço”. É ex-
pressa por três vocábulos gregos:
Agorazõ, ou seja, “comprar no mercado”. O pensamento
que este termo exprime, subentendidamente, é o de um
mercado de escravos. O homem está vendido ao pecado – e
permanece sob a sentença de morte do divino Juiz. O preço
da compra é o sangue do Redentor que foi morto em vez
do pecador.
Exagorazõ, que quer dizer, “tirar do mercado para sempre, por
meio de compra”. Por outras palavras, os remidos nunca mais
poderão ser postos à venda: a Salvação de Deus é eterna.
Lutroõ, que significa “libertar pagando o custo”, ou por ou-
tra, “soltar”. “Deus pagou um resgate para livrar vocês do
insuportável caminho que seus pais tentaram seguir para
chagar ao céu, e o resgate que Ele pagou não foi simples-
mente ouro e prata, como vocês sabem muito bem, mas Ele
pagou por vocês o precioso sangue de Cristo, o Cordeiro de
- 94 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Deus sem pecado e sem mancha” (I Pedro 1: 18). Oh que


preço! O precioso sangue do próprio Cristo! Mas nenhuma
outra coisa poderia efetuar a redenção: Deus tinha que dar,
para redimir a raça humana, o que de melhor Ele possuía: o
Seu Filho Unigênito.
Por ocasião da grave enfermidade da minha filha, de-
sejei ardentemente estar no seu lugar. Supliquei a Deus a
possibilidade da troca. Então pude entender João 3:16 que
tantas vezes preguei. Enfatizava o sofrimento de Jesus Cris-
to: a coroa de espinhos, as chicotadas infringidas pelos sol-
dados romanos, os pregos perfurando as suas mãos e pés; a
dor moral ao ser pendurado numa cruz despido. Agora sa-
bia que o sofrimento do Pai era muito maior. Ele deu o seu
Único Filho. Se desse a Ele mesmo, seria menos doloroso.
Que amor infinito demonstrou por mim e por você!

9.3. JUSTIFICAÇÃO
A justificação é o ato judicial de Deus pelo qual Ele
declara justo aquele que crê em Cristo.
Vamos tentar explicar da seguinte maneira: o crente é
considerado como tendo sido convocado à barra do tribunal
divino - mas ali soube que de nada era acusado; Jesus Cristo
tinha pago todas as suas culpas, satisfazendo inteiramente o
que era devido à justiça divina. Consequentemente, a justi-
ficação repousa unicamente sobre a obra de Cristo. “Jesus
tudo pagou”.

9.4. REGENERAÇÃO
É preciso não confundir “regeneração” com “reforma”. A
regeneração é um ato criador do Espírito Santo, pelo qual o
crente se torna participante da natureza divina. É a implan-

- 95 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

tação de uma vida nova. Enquanto tal implantação se não


der, não há no homem centelha de vida divina. “É preciso
nascer de novo”.
É por isso que nenhuma reforma poderá salvá-lo, pois
as reformas não geram vida. Você pode se esforçar para
se endireitar, melhorar-se, entrar para a igreja, ser batizado,
participar da Ceia do Senhor – e continuar perdido, pois
nada disso pode salvar você, e Deus diz que você está morto em
ofensas e pecados. Só a vida produz vida. Para receber a nova
vida é preciso que nasça de novo, que nasça do alto. Tem de
receber a vida de Deus, porque as reformas e melhorias não
lhe darão vida nova. Necessita ser vivificado pelo Espírito,
por Seu ato criador, resultante da sua fé. É preciso nascer de
novo. Não precisa de uma vida modificada, mas sim de nova
vida. Você não pode remendar a natureza humana, necessita
de uma nova natureza – a natureza divina.

9.5. RECONCILIAÇÃO
Este termo traduz-se por “mudança perfeita”, “alteração
completa”, “metamorfose total”, “transformação integral” – como,
por exemplo, da inimizade para o amor, ou da aversão para
a simpatia. O homem é que tem de reconciliar-se com Deus
– e não Deus com o homem, que é o rebelde. “Reconciliem-se
com Deus”, exortava Paulo. O amor de Deus brilha nas costas
do homem, pois este está sempre a afastar-se d’Ele.
Até agora você percebeu que o meu objetivo foi trazer
uma reflexão sobre a sua situação espiritual. Trazer dúvidas
quanto a sua verdadeira posição diante de Deus. Você real-
mente é um salvo? Pertence, de fato, à Família de Deus?
Ainda não abordei sobre o tema deste livro por enten-
der que, para você compreender com mais profundidade o
significado da GRAÇA e MISERICÓRDIA de Deus, era
- 96 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

necessário que falasse sobre a situação do homem, do seu


pecado e da rebelião contra tudo que vem de Deus.
Com sei que você é um bom observador, acredito que
tenha percebido que ao lado da foto em que aparecem Letí-
cia, Cícero e o Kevin, está a palavra GRAÇA. Tudo que re-
cebemos de Deus é graça. Nada merecemos d’Ele. GRAÇA
é quando recebemos de Deus o que não merecemos.
Ao lado da foto onde ela aparece no CTI, está a palavra
MISERICÓRDIA. Misericórdia é quando Deus não dá o
que merecemos.
Só para ficar bem claro: GRAÇA é quando Deus DÁ
o que NÃO merecemos. MISERICÓRDIA é quando Deus
NÃO DÁ o que merecemos. Letícia ao entrar no hospital
sabia que ia morrer. Por quê? Porque tinha consciência que
era isso que merecia. Ao entrar no CTI e ouvir a sentença
de morte da médica: “Letícia, o seu estado é gravíssimo,
você sabia? Os seus rins pararam, o seu fígado está lesado,
o seu pulmão está cheio d’água, por isso você não consegue
falar e nem respirar”, ela clamou por misericórdia. Ao fazer
a oração: Senhor, muito obrigada por ter sido mãe que era
o meu sonho. Muito obrigada por ter amamentado o Kevin
por uma semana. Agora Senhor, tem misericórdia de mim,
pecadora!”
Quando as minhas filhas nasceram, não pedi a Deus
que fossem felizes ao conseguirem uma boa profissão, um
belo casamento, uma bela casa e tudo que o dinheiro possa
proporcionar nesta vida. Sempre fazia questão de dizer que
estamos aqui de passagem e que adiante de nós está a eter-
nidade. Falava de Jesus, do céu, do grande amor de Deus ao
entregar o Seu Único Filho para morrer em nosso lugar na
cruz.

- 97 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Sabia que elas teriam que tomar uma decisão por Jesus.
Não a decisão de entrarem para a igreja, de serem batizadas,
ou ainda, de trabalharem na igreja. Teriam que experimen-
tar o novo nascimento. Teriam que entrar para a Família
de Deus. Na verdade, nascer num lar cristão pode ser mui-
to perigoso. Eu sabia que para serem salvas precisariam de
uma experiência pessoal com Cristo. Por isso comecei este
livro com a história da vida de João Wesley. A Deus toda
glória por tudo que aconteceu com minha filha. Agradeço a
dor que sentimos. O medo, o pavor, os momentos de deses-
pero que passei com a possibilidade de perder a Letícia. O
meu maior temor, minha maior dor, meu pavor e desespero,
era a dúvida de que minha filha estava salva. Mas Deus é
misericordioso! “Toda a honra dada a Deus, o Deus e Pai
do nosso Senhor Jesus Cristo; porque é a sua misericórdia
ilimitada que nos deu o privilégio de nascer de novo, de
maneira que agora nós já somos membros da própria famí-
lia de Deus. E agora vivemos na esperança da vida eterna,
porque Cristo levantou-Se novamente dentre os mortos. E
Deus reservou para os seus filhos o dom inestimável da vida
eterna; este dom está guardado no céu para vocês, puro e
imaculado, sem perigo de sofrer alteração ou de estragar-se”
(I Pedro 1: 3 – 4).
Por ocasião do culto de gratidão que prestamos a Deus
em agradecimento pela melhora da Letícia e de seu aniversá-
rio no dia 28 de abril de 2014, falamos da graça e da miseri-
córdia de Deus. Se você quiser assistir, uma parte deste culto
está na Internet. Acesse o Google e escreva a frase: “pai se
desespera ao receber de Deus...”
Jesus Cristo chamou de louco, insensato a pessoa que
não se preocupa com a eternidade. Existe uma eternidade.
Nossa alma é imortal. Por isso, a coisa mais importante e
- 98 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

sensata que você precisa fazer é ter certeza onde passará a


eternidade. “Jesus disse: “Sou Eu quem levanta os mortos
e dá a eles uma nova vida. Todo aquele que crê em mim,
mesmo que morra como qualquer outro, viverá novamente”
(João 11: 25).

- 99 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 10
A Eternidade

Eu preciso dizer para você toda a verdade. Não posso


me omitir para agradar você. Só há duas realidades após a
morte: Ou céu ou inferno! Jesus disse: “E eles irão para o
castigo eterno; mas os justos irão para a vida eterna” (Ma-
teus 25: 46).
A Palavra de Deus ensina muito clara e plenamente a
eternidade do castigo. Infelizmente eu preciso tratar desse
assunto. Não pare de ler, por favor! Não se esqueça que há
um céu e que ele está ao seu alcance. Não pelo que você
possa fazer, mas por aquilo que Cristo fez por você!
A palavra que é traduzida “eterna” ou “para todo o sempre”
ocorre cerca de setenta vezes no Novo Testamento. Exem-
plifiquemos: “Ser lançado no fogo eterno” (Mateus 18: 8)
“Para conseguir a vida eterna” (Mateus 19: 16). “Estes irão
para o castigo eterno” (Mateus 25: 46). “Será réu do eterno

- 101 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

juízo” ( Mateus 3: 29). “Para que vos recebam nas moradas


eternas” (Lucas 16: 9). “Aquele que crê no Filho tem a vida
eterna” (João 3: 15). “Este é o verdadeiro Deus e a vida
eterna” ( I João 5: 20). “Sofrendo a pena do fogo eterno”
(Judas 7).
Quero transcrever na íntegra o comentário do Dr.
Oswald J. Smith sobre o assunto: “Estamos cientes de que
os opositores da doutrina do castigo eterno se esforçam
para provar que a palavra “eterno” não significa “sempiterno”
na língua grega em que foi escrito o Novo Testamento; e é
por tal motivo que citamos aqui acima tão grande número
de passagens em que ocorre o termo grego “aionios”e em
que o Espírito Santo o aplica numa vasta gama de situações
e casos. A palavra que é aplicada ao castigo dos réprobos
é a mesma que se aplica à vida que os crentes possuem, à
salvação e à redenção em que eles se regozijam, à glória que
eles aguardam, àquelas mansões que eles esperam habitar,
e à herança que esperam usufruir. É ainda aplicada a Deus
e ao Espírito. Se, por conseguinte, alguém quiser sustentar
que o termo “eterno” não significa eterno quando aplicado à
punição dos réprobos, que segurança nós temos de que ele
significa eterno quando aplicado à vida, bem-aventurança e
glória dos remidos? Que autoridade tem alguém – por mais
erudito que seja – para extrair sete casos dos setenta em
que é usada a expressão grega aionios e dizer que, nesses sete
casos, não significa “eterno”, embora o signifique nos casos
restantes?”
Não é tarefa fácil tocar num assunto tão triste. Este li-
vro tem por finalidade principal levar as pessoas a refletirem
sobre esta verdade. Jesus Cristo foi quem mais falou desta
triste realidade. “Se a sua mão o leva para o mal, corte-a!

- 102 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

É melhor viver para sempre com uma só mão do que ter


as duas e ser jogado nas chamas do inferno, que nunca se
apagam! Se o seu pé o leva para o mal, corte-o! É melhor
ser coxo e viver sempre, do que ter dois pés que levam você
para o inferno.
E se o seu olho é cheio de pecado, arranque-o fora. É
melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que
ter dois olhos e ver as chamas do inferno, onde os bichos
nunca morrem e o fogo nunca se apaga” (Marcos 9: 43-48).
Que solene declaração! Que as pessoas parem de brincar
com ela. Você já deve ter ouvido algum tipo de piada sobre
o inferno. Eu, infelizmente, já ouvi até de pregadores do
evangelho. Que creiam nesta declaração de Jesus e fujam da
ira vindoura. Que se escondam em Jesus agora mesmo!
Continua o Dr. Oswald J. Smith: “Podem os homens
arrazoar como e quanto quiserem acerca da benevolência e
da bondade divina – acerca de ser inconsistente com a mi-
sericórdia de Deus permitir tal coisa como o castigo eterno
– acerca da estranha falta de proporção entre uns poucos de
anos de pecado e uma eternidade sem fim de punição!
Mas não só a eternidade do castigo é claramente ensi-
nada na Escritura – tão claramente como a eternidade do
próprio Deus ou de qualquer coisa pertencente a Ele; cre-
mos também que ela flui, como uma verdade necessária,
de outras verdades que são geralmente recebidas sem uma
simples dúvida. Tomemos, por exemplo, a imortalidade da
alma. A queda do homem afetou esta questão? Cremos que
não. O homem foi criado possuidor de um espírito imortal,
pelo sopro do Altíssimo; e não temos autoridade nenhuma
que nos diga que esta queda provocou qualquer diferença a
este respeito. Imortal ele era, quanto a sua alma, imortal ele

- 103 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

é, e imortal ele tem de ser. Sim, ele deve viver para todo o
sempre, em qualquer parte. Tremendo pensamento! Muitos
não gostam dele. Preferiam poder dizer: “Comamos e bebamos,
que amanhã morreremos”.”
O Dr. Oswald J. Smith volta à doutrina da expiação e faz
o seguinte comentário: “Se ao pecado coubesse algo menos
que um castigo eterno, que necessidade haveria de um sacri-
fício infinito para proporcionar a libertação de tal castigo?
Seria necessário o sacrifício divino, sem par e sem preço do
Filho de Deus para nos libertar do fogo do inferno, se esse
fogo não fosse eterno? Verteu Jesus o Seu precioso sangue
para nos livrar das consequências da nossa culpa, sendo tais
consequências apenas temporárias? Nunca tal podemos ad-
mitir. Desde que se nos conceda a verdade de um sacrifício
infinito, argumentaremos, a partir daí, com a verdade da pu-
nição eterna”.
“É a cruz a única medida pela qual poderemos chegar
a um resultado certo; e cremos que os que negam o castigo
eterno desonram a cruz relegando-a a um plano inferior –
ao baixo nível da libertação de uma condenação que não é
eterna quanto à sua duração”.
O autor, com muita propriedade, refuta o argumento
quanto à ideia de ser incompatível com o caráter de Deus
permitir um castigo eterno. Que sendo Deus bondoso e
misericordioso não permitiria tal castigo. Veja o que diz o
Dr. Oswald J. Smith: “Mas aqueles que entretêm tal ideia
parecem esquecer que a questão tem outro aspecto, que ne-
cessita de ser considerado, se quisermos chegar a uma sã
conclusão sobre o assunto. Que dizer da justiça, santidade e
verdade divinas? Poderemos nós basear um argumento so-
bre alguns dos atributos de Deus, deixando outros de parte?
Certamente não. Precisamos de os considerar a todos. A
- 104 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

cruz de Cristo harmonizou-os todos – na opinião de todas


as inteligências criadas. Naquela cruz, Deus revelou o Seu
perfeito amor para com o pecador; mas também demons-
trou o Seu perfeito ódio ao pecado. Ora, se um indivíduo
deliberadamente rejeita aquele único caminho de escape –
aquele perfeito remédio – aquela provisão divina, que há de
fazer? Deus não pode admitir pecado na Sua presença. Os
Seus olhos não podem contemplar o mal – a Sua vista não
pode suportar a iniquidade.
Deus e o pecado nunca podem estar juntos – é um prin-
cípio fixo. Deus é bom, sem dúvida, e a prova da Sua bon-
dade é o dom de Seu Filho. Mas é também santo – e entre a
santidade e o pecado tem de haver uma separação eterna; e
assim somos forçados a chegar à mesma solene conclusão,
isto é, que todos aqueles que morrem nos seus pecados, to-
dos os que morrem na rejeição da infinita provisão de Deus
para o perdão dos pecados, terão de suportar as consequ-
ências desse pecado no lago que arde com fogo e enxofre
pelos séculos dos séculos”.
Confesso que, por alguns instantes, relutei em transcre-
ver estas linhas que retratam a triste realidade do homem
sem Cristo.
Gostaria de concluir este assunto com o belo comen-
tário feito pelo Dr. Oswald J. Smith sobre João 3: 36. “Há
neste versículo um poder maravilhoso, além da completa
demolição de duas das principais heresias do nosso tempo,
a saber: o universalismo e a aniquilação. Diz a passagem ao
universalista: “Aquele que não crê no Filho não verá a vida” (grifo
nosso. Universalista é todo aquele que acredita na salvação
de todos), e diz ao aniquilacionista que “a ira de Deus per-
manece sobre ele” (grifo nosso. Aniquilacionista é todo aquele
que acredita na aniquilação dos ímpios, ou seja, deixarão
- 105 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

simplesmente de existir). Se ele “não verá a vida”, não pode


ser restaurado; e se “a ira de Deus sobre ele permanece”,
não pode ele ser aniquilado”.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 11
A misericórdia de Deus

Foram dias de muito sofrimento. No dia 28 de abril de


2014, realizamos o culto de gratidão pela melhora da Letícia
e do seu aniversário na PIB em Jardim Catarina.
Quero dizer para o meu amigo leitor, que Deus foi mui-
to misericordioso para com todos nós. Não cremos num
evangelho triunfalista. Cremos sim, naquilo que Deus nos
prometeu na Sua Palavra. A minha filha estava mal! Ao me
despedir da minha filha com um beijo, sabendo que seria o
último beijo, disse a ela antes de ser levada para o CTI: “Vá
com o seu Deus! Agarre-se a Ele, agora!” Ao chegar a casa,
após ter deixado Letícia no CTI, com o sentimento que
nunca mais a veria, perguntei a Marcilene se ela tinha cons-
ciência do estado de saúde de nossa filha. A resposta foi a
seguinte: “O meu sentimento quando ela entrou no carro
com você para ir ao hospital era: eu não vou vê-la mais!”

- 107 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Isto não é falta de fé. Deus nunca prometeu na Sua Pa-


lavra que não passaríamos por lutas, perdas e sofrimento
neste mundo. Quantos pais perderam as suas Letícias em
2013. Muitos, com toda certeza, melhores crentes que eu.
Quantos Kevins perderam suas mães! Precisamos entender
uma coisa: Deus não é sentimentalista como nós. Precisa-
mos do conhecimento da pessoa de Deus. Jesus disse: “E
este é o meio de obter a vida eterna- conhecer o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, que o Senhor enviou à terra!”
(João 17 : 3).
Grande parte dos cristãos de hoje estão confundido fé
com presunção. Determinam uma cura, uma bênção, acre-
ditando ser isso fé. Aliás, é para isso que vão à igreja. Outro
dia ouvi de uma pessoa da família: “Não posso perder o
culto da minha igreja. Vou lá buscar a minha bênção”.
O Pr. Paul Washer, num dos seus sermões, afirmou: “O
domingo é um dos dias mais triste da igreja. Um dia de
maior idolatria, onde as pessoas adoram um deus criado na
sua imaginação”. Falta ao povo o conhecimento de Deus.
Quanto tempo faz que você estudou sobre os atributos de
Deus? Muitos de vocês responderão que nunca fizeram tal
estudo. Não é simplesmente cantar que Ele é Santo. É sa-
ber o que isso significa. Quanta superficialidade nos nossos
cultos!
Li um artigo escrito pelo Pr. Oswaldo Luiz Gomes Ja-
cob, publicado em O Jornal Batista (25 de maio de 2014),
com o seguinte tema: O Movimento Gospel! Gostaria que
você o lesse. Vou transcrevê-lo na íntegra:

“O Movimento Gospel!
É apenas um movimento sem conteúdo, vazio, que faz
muito barulho (som nas alturas para arrebentar os tímpa-
- 108 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

nos e criar uma geração de surdos gospel). Quanto mais


barulho, melhor! Há um mundo gospel – o das concessões,
das arapucas, das apelações, da ética relativa, da teologia da
prosperidade, das campanhas, dos “milagres”, da dispersão
e da falta de reverência, das novenas “evangélicas”, do en-
volvimento político-partidário com um viés de fisiologismo
aliado aos conchavos e benefícios pessoais e comunitários.
Os pregadores gospel são light. Leves de ouvir. Eles não
falam muito de pecado, imoralidade, corrupção, mas apenas
assuntos que deixam os ouvintes descansados, tranquilos.
E o que falar dos deputados chamados evangélicos (que de
evangélicos têm quase nada) que conseguem concessões de
rádio e TV com o objetivo de “pregar” o evangelho, mas,
na verdade, é um palanque político e de projeção pessoal.
Presenteiam igrejas e pastores com mimos. E geralmente só
aparecem nas eleições.
O que dizer dos cantores que ganham muito dinheiro e
vivem nababescamente, explorando os incautos. Dos auto-
res fazendo letras e músicas sem conteúdo bíblico teológico,
visando apenas conquistar corações vazios, corações religio-
sos e, consequentemente, auferirem o mero lucro. Além da
fama, da popularidade que conseguem. Tem até os que dão
autógrafos. O movimento gospel é o movimento que tem a
simpatia das grandes redes de TV e de todos que o conside-
ram altamente lucrativo. Este movimento trabalha para que
o cristianismo vire cultura, sem referenciais éticos, sem uma
postura de santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor
(Hb 12.14). Para essa gente, as Escrituras não têm relevân-
cia. Eles a usam com base numa hermenêutica tendenciosa.
O movimento gospel é o movimento dos shows dentro
e fora dos templos. Está ligado à fama, ao poder, ao foco
humano, antropocêntrico, àqueles que buscam o pódio e a
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

ovação. É impressionante como essas pessoas descaracteri-


zam o evangelho de Cristo! Como vulgarizam a mensagem
da cruz! Estão entre nós, mas não são de nós. É triste di-
zer isso, mas pelos frutos se conhece a árvore. É um movi-
mento que deseja fortemente amalgamar cristianismo com
mundanismo. Fé com charlatanismo. Exploração do pobre
com a construção de templos suntuosos. Há um linguajar
gospel. Ele é repetitivo e cansativo. Dói nos ouvidos. Os
líderes de movimento – pastores, empresários e cantores
– se vestem muito bem, com roupas de grife, andam nos
seus aviões, carrões e nas suas mansões. Usam o povo como
massa de manobra. Tem até seguranças para protegê-los do
povo. São arrogantes, ditadores e alienados em relação ao
sofrimento humano. Ficam nos pedestais e não sentem o
cheiro das ovelhas de Cristo! Acumulam bens e estão mais
preocupados em ter do que ser. Trabalham criativamente
para impressionar as pessoas. São especialistas em angariar
fãs. Como diz Judas, em sua carta, são “homens ímpios, que
mudam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam o
nosso único Soberano e Senhor Jesus Cristo... Ai deles! Pois
seguiram pelo caminho de Caim, e por causa de lucro se
lançaram ao erro de Balaão e foram destruídos na rebelião
de Core” (Jd 4 e 11).
Este movimento gospel precisa ser substituído pela vida
de Cristo nos corações. A centralidade do homem preci-
sa ser substituída pela essencialidade de Cristo. Este movi-
mento que está aí não mudará o país, mas sim o verdadeiro
evangelho, o da cruz, o do compromisso com Cristo às raias
da morte. O evangelho de Cristo é o evangelho da impopu-
laridade. É este que devemos seguir e servir para a Glória
de Deus Pai!”.

- 110 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Como é bom saber que há pastores no meio batista


que pensam assim. Sabemos que há muitos outros. Está
chegando a hora de manifestarmos o nosso pensamento.
Não podemos, em nome, da paz, da harmonia, deixarmos
de denunciar o que está acontecendo com o evangelho
em nossos dias. No meu livro “A Verdade do Pomar do
Laranjal”, transcrevemos um desabafo do Pr. João Falcão
Sobrinho, publicado também em “O Jornal Batista” do dia
09/01/2011, quando ele chama a atenção para o fato de
o povo de Deus precisar ter mais responsabilidade e ple-
na consciência de princípios éticos da Bíblia para que, não
apenas seu trabalho, mas acima de tudo, o viver do crente
seja pautado pela honestidade. Escreve ele, entre outras coi-
sas: “Formação de lobbyes, que são grupos de influência
nas assembleias de convenções e associações movidos por
interesses pessoais, políticos, financeiros, regionalistas e de
outras naturezas estranhas à Causa, com o intuito de eleger
determinados líderes para postos chave nos diversos seto-
res da denominação. Em vários casos a busca da vontade
de Deus tem sido descartada em detrimento da satisfação
da vontade de indivíduos sem qualquer consideração pela
ética do Evangelho.” O povo batista conhece muito bem o
caráter do Pr. João Falcão. Sua vida tem sido exemplo para
muitos de nós que o conhecemos. Escritor de vários livros
que ao logo dos seus 70 anos de ministério abençoaram e
vem abençoando tantas vidas. Ainda desabafou: “Malversa-
ção e desonestidade no trato do dinheiro e bens do Reino de
Cristo, acompanhadas de nepotismo, compadrio, compra
de apoio em troca de VALORES e FAVORES, exatamen-
te como fazer os filhos das trevas no mundo lá fora, que
não têm qualquer compromisso com a ética do Evangelho.”
Mais na frente ele ainda faz uma denúncia grave: “Apre-
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

sentação de relatórios maquiados e adulterados, ao invés de


prestação de contas transparentes, auditáveis e confiáveis”.
Pensar que um homem sério escreveu isto no jornal oficial
da Convenção Batista Brasileira e ninguém deu importân-
cia! Continua: “Perda da visão da prioridade missionária que
deveria definir, balizar e impulsionar todas as atividades de
todas as agências do reino de Jesus e não apenas das juntas
missionárias da CBB e dos estados. Lamentavelmente, algu-
mas das instituições criadas especificamente com o objeti-
vo de proclamar o Evangelho para a salvação dos perdidos
abandonaram a visão do seu propósito e, em alguns casos,
até causaram vergonha aos que não perderam a capacidade
de se envergonhar”.
Precisamos fazer justiça aos nossos líderes. A culpa não
é só deles. Sabemos que a história sempre se repete. O povo
quer uma liderança assim: omissa, desonesta, sem ética.
Quando o povo de Israel pecou e se afastou de Deus, os
profetas ao invés de irem a Deus saber qual era a mensagem
de Deus para o povo, foram ao povo para saber o que ele
queria ouvir. Não é isso que está acontecendo hoje? Em que
virou a igreja hoje? Parece que o nosso irmão, Lourenço
Stelio Rega, escritor da coluna OBSERVATÓRIO BATIS-
TA, ao escrever também em “O Jornal Batista” (25/05/14)
o artigo: “Igreja ou ponto de encontro?!? Está preocupado
com a situação da igreja hoje. Vamos ver o que ele escreveu:
“Considerando a dinâmica que tenho notado na vida ecle-
siástica em minhas viagens pelo país nos últimos tempos,
penso que estamos vivendo hoje um momento que requer
profunda reflexão sobre a natureza e missão da igreja.
Se consultássemos membros comuns das igrejas sobre
o significado do domingo, do culto, da ceia, a relevância do
que é ser membro de uma igreja e o próprio significado da
- 112 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

igreja e seu papel no mundo contemporâneo, quais respos-


tas será que poderíamos obter?
Em primeiro lugar peço desculpas por falar em “mem-
bros comuns”, é que não vale consultar pastores e infeliz-
mente parece-me que a mentalidade clerical tem se instalado
em nosso ambiente denominacional e eclesiástico em senti-
do contrário ao nosso ideal histórico. Por outro lado, tenho
notado que a necessária reforma que o evangelho no Brasil
necessita terá mais a tendência de vir do povo, do chão da
igreja, diferentemente da época da Reforma Protestante.
Ao longo do tempo aprendemos a reduzir igreja ao
conceito geográfico de um lugar, dando-lhe um sentido sa-
cramental e sacralizado, como se Cristo tivesse morrido e
ressuscitado por tijolos, móveis e equipamentos.
Mas, afinal, o que significa igreja hoje para um membro
ou frequentante? É um ponto de encontro de final de sema-
na? Ocasião em que é possível mostrar nossos carros lim-
pos, roupa nova, o mais novo tablet que adquirimos ou um
lugar em que podemos pedir ajuda a algum médico membro
da igreja ou mesmo encontrar alguém para ver como dar jei-
to em nosso desemprego ou mesmo em nosso computador
que anda com vírus.
Igreja pode ser também um ponto de entretenimento
onde temos boa música (e até com aplausos depois dos for-
tes acordes finais dos cânticos).
Mas, essa concepção de igreja, onde é possível encon-
trar a comunhão entre os irmãos que ultrapassa a presença
física e coletiva num templo? Comunhão que se revela pela
dependência entre os irmãos, pelo interesse e sensibilidade à
vida de cada um e entre todos os membros da igreja. Muitas
vezes nos encontramos no final de semana no templo ape-
nas para trabalho e mais trabalho, um ocupacionismo sem
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

fim em que trabalhamos tanto para a obra de Deus que po-


demos estar nos esquecendo do Deus da obra. O trabalho
pode ser tornar um fim em si mesmo. O domingo, dia de
celebração se torna em dia de agitação, dia de descanso que
se torna em dia de cansaço.
No final do domingo não é raro ver os membros, ir-
mãos se despedindo apenas desejando uma boa semana,
sem haver a real preocupação com a vida, pelo menos dos
mais próximos. E, assim, cada um tenta sobreviver aos em-
bates da semana como pode, sem, muitas vezes, o amparo
de outros irmãos na fé, em oração e atenção.
Devemos desejar uma igreja em que o final de semana
ultrapasse e supere o ponto de encontro, uma igreja viva,
criativa, dinâmica, sensível comunidade terapêutica e opor-
tunizadora de convivência e comunhão entre os seus mem-
bros e suas famílias”.
Numa ocasião, fui acusado em uma reunião por um pas-
tor que eu era “um sonhador, que desejava pertencer a uma
igreja perfeita, sem pecado”. Retruquei que não era verdade.
Afirmei que sonhava, sim, com uma igreja que lutasse con-
tra o pecado e se parecesse mais e mais com o Seu Senhor!
Sei que a vida cristã é uma luta diária. Às vezes você dá
dois passos pra frente e, logo a seguir, dá três passos pra
trás. É assim a vida do crente. Mas ele não desiste. Se cair,
logo se levanta e continua a sua caminhada em busca da
identificação com o Seu Senhor e Salvador.
Temos ouvido sermões que querem justificar o pecado
na vida dos salvos. Os pregadores usam quase sempre o
mesmo texto bíblico: “Não me compreendo de modo al-
gum, pois realmente quero fazer o que é correto, porém não
consigo. Faço, sim, aquilo que eu não quero – aquilo que
odeio. Eu sei perfeitamente que o que estou fazendo está
- 114 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

errado, e a minha consciência má prova que eu concordo


com essas leis que estou quebrando. No entanto, não o pos-
so evitar por mim mesmo, porque já não sou eu que estou
fazendo. É o pecado dentro de mim, que é mais forte do
que eu e me obriga a fazer coisas ruins.
Eu sei que estou completamente corrompido no que
diz respeito à minha velha natureza pecaminosa. Seja para
que lado for que eu me volte, não consigo fazer o bem.
Quero, sim, mas não consigo.
Quando quero fazer o bem, não faço; e quando procuro
não errar, mesmo assim eu erro. Agora, se estou fazendo
aquilo que não quero, é simples dizer onde a dificuldade
está: o pecado ainda me retém entre suas garras malignas”
(Romanos 7: 15-20).
Ao utilizarem este texto, ainda enfatizam que, se o pró-
prio apóstolo Paulo fazia o que não queria fazer, quanto
mais nós. Isso é que o povo gosta de ouvir. Sai da igreja
conformado com a sua vida de fracasso. A primeira coisa
que faz ao chegar a casa é ligar a televisão no Faustão e se
alimentar de toda aquela imundície. Você está percebendo o
perigo de uma mensagem dessa? O texto não diz isso. Leia
toda a carta aos romanos e você vai descobrir que não é isso
que Paulo quis dizer. Ele está se referindo à lei. Se tentarmos
cumprir a lei com o objetivo de nos salvar, estaremos per-
didos. Paulo queria convencer os judeus de que não bastava
ser descendente de Abraão. “Estão tão seguros do caminho
para Deus que poderiam apontá-lo a um cego. Pensam que
são como faróis, guiando para Deus os homens perdidos
na escuridão. E pensam poder dirigir as pessoas simples e
até mesmo ensinar às crianças tudo quanto se refere a Deus
porque realmente vocês conhecem suas leis, as quais estão
cheias de todo o conhecimento e verdade.
- 115 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Sim, vocês ensinam a outros – então, por que não ensi-


nam a si mesmos? Dizem a outros que não roubem – e vo-
cês roubam? Vocês afirmam que está errado cometer adul-
tério – e vocês o cometem? Vocês dizem: “Não se ora aos
ídolos”, e logo fazem do dinheiro o deus de vocês.
Vocês têm tanto orgulho de conhecerem as leis de
Deus, mas vocês O desonram, quebrando as mesmas leis. Não é de
admirar que as Escrituras digam que o mundo fala mal de
Deus por causa de vocês.
Vale ser judeu se vocês obedecem às leis de Deus; mas
se vocês não as cumpre, são perfeitamente iguais aos pa-
gãos” (Romanos 2: 19-25).
O apóstolo Paulo no decorrer da carta vai tentar con-
vencê-los que há uma esperança. Objetivo da Lei não é sal-
var, mas condenar. “Foi por isso que eu me senti bem du-
rante tanto tempo, pois não compreendia o que na realidade
a lei estava exigindo. Mas quando descobri a verdade, eu
compreendi que havia quebrado a lei e que era um pecador
destinado a morrer. Portanto, no que dizia respeito a mim,
a boa lei que deveria mostrar-me o caminho da vida, em vez
disso aplicou-me a pena de morte. Mas, como vocês veem, a
lei em si ainda é inteiramente correta e boa. Mas como pode
ser isso? A lei não causou a minha condenação? Como, en-
tão, ela pode ser boa? Não, foi o pecado, coisa diabólica
como ele é, que usou aquilo que era bom para levar-me à
condenação. Portanto, vocês podem ver como ele é astuto,
mortífero e detestável. Porquanto o pecado se utiliza das
boas leis de Deus para seus próprios fins perversos. A lei,
então é boa, e a dificuldade não está com ela e sim comigo,
pois estou vendido à escravidão, com o pecado como meu
dono” (Romanos 7: 9-14).

- 116 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

No final do capítulo 7 desta carta, Paulo escreve: “Que


situação terrível, esta em que eu estou! Quem é que me li-
vrará da minha escravidão a essa mortífera natureza infe-
rior? Mas graças a Deus! Isso foi feito por Jesus Cristo, nos-
so Senhor. Ele me libertou.
PORTANTO, NÃO HÁ nenhuma condenação aguar-
dando aqueles que pertencem a Cristo Jesus. Portanto o po-
der do Espírito doador da vida – e eu recebo este poder por
meio de Cristo Jesus – livrou-me do círculo vicioso do peca-
do e da morte. Não estamos a salvo das garras do pecado só
pelo fato de conhecermos os mandamentos de Deus, pois
não podemos guardá-los e não os guardamos, mas Deus
pôs em ação um plano diferente a fim de nos salvar. Enviou
seu próprio Filho, em corpo humano como o nosso – com
exceção de que o nosso é pecador – e destruiu o controle
do pecado sobre nós, dando-Se a Si mesmo como sacrifício
por nossos pecados. Assim, agora podemos obedecer às leis
divinas se seguirmos o Espírito Santo e não mais obedecer-
mos à velha natureza pecaminosa que está dentro de nós”
(Romanos 7: 24 – 25; 8: 1 – 4).
Quero implorar a você, leia todas as cartas do apóstolo
Paulo. Ele nunca disse que você tem que se conformar com
o pecado ou o fracasso espiritual. Cuidado com a tese do
crente carnal! Na altura do versículo 12 do capítulo 8 da
mesma carta, Paulo ainda aconselha os crentes de Roma:
“Portanto, queridos irmãos, vocês não tem, para com a ve-
lha natureza pecaminosa, qualquer obrigação de fazer o que
ela lhes pede. Pois se vocês continuarem a segui-la, estão
perdidos e perecerão; mas se a destruírem, juntamente com
suas más obras, por meio do poder do Espírito Santo, vocês
viverão. Todos quantos são dirigidos pelo Espírito de Deus
são filhos de Deus” (Romanos 8: 12 – 14).
- 117 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 12
Qual a igreja que salva?

Teremos de nos tornar evangélicos para podermos ser


salvos?
- Não, meus amigos leitores; eu não perderia o meu
tempo tentando convencê-lo a trocar de igreja.
- Então não acredita que é a Igreja Católica Romana ou
Protestante que pode salvar?
- Claro que não. O protestantismo não tem mais poder
para salvar do que o Catolicismo ou qualquer outra seita ou
religião.
- Mas nesse caso, como pode um homem se salvar?
- Nenhuma igreja pode salvar, mas Jesus Cristo pode!
O próprio Deus afirma na Sua Palavra: “Em nenhum ou-
tro (protestante ou católico) há salvação, porque também,
debaixo do céu, nenhum outro nome há (ortodoxo, protes-

- 119 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

tante, católico, evangélico), dado entre os homens, pelo qual


devamos ser salvos” (Atos 4: 12).
A Palavra de Deus é muito clara. Não resta nenhuma
dúvida, caro amigo leitor, que nem o protestantismo nem o
catolicismo, nem a sua igreja ou a sua religião, podem salvá-
-lo, e que só Cristo pode fazê-lo.

- 120 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Capítulo 13
Cristo, o Rei dos reis

Deus visitou este mundo há cerca de 2000 anos. Veio


em pessoa – a pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo, que assu-
miu a natureza humana, e que voltará brevemente outra vez.
Quando da primeira vinda, nasceu como bebê; na segunda,
virá como Conquistador poderoso, Senhor dos Senhores e
Rei dos Reis, Chefe Supremo do Universo. Perante Ele se
dobrará todo o joelho: imperadores, reis, presidentes, dita-
dores, todas as autoridades – pois Ele destruirá todos os
governos terrestres e reinará para todo o sempre.
Da primeira vez que veio, veio para morrer. Tomou so-
bre Si os pecados de toda a humanidade e fez uma expia-
ção perfeita a favor da raça humana. Foi morto numa cruz,
como um criminoso. Um salteador, um dos assassinos que
estava ao Seu lado, conseguiu ver o que o seu colega de cri-
me, os judeus, escribas, fariseus e doutores da lei não conse-
guiram. Reconheceu que Aquele que morria ali ao seu lado
- 121 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

não era um homem comum. Enxergou o Rei, que tinha um


trono e que era eterno. “Mas o outro criminoso protestou:
“Você não teme a Deus nem quando está morrendo? Nós
merecemos morrer pelos nossos crimes, mas este Homem
não fez nenhuma coisa ruim”. E em seguida disse: “Jesus,
lembre-Se de mim quando o Senhor entrar em seu Reino”.
E Jesus respondeu: “Hoje você estará comigo no Paraí-
so. Esta é uma promessa” (Lucas 23: 40-43).
Porém, quando vier segunda vez, virá para ressuscitar e
erguer das suas sepulturas todos aqueles que nEle tiverem
posto a sua confiança. Essa é a nossa esperança!
Por ocasião da grave enfermidade da Letícia, supliquei
a Deus que me desse uma palavra de conforto. Sabia que
minha filha estava morrendo. O meu sentimento era o mes-
mo que havia sentido por todos os meus parentes e amigos
falecidos. Ao abrir a Bíblia, Deus me deu uma palavra. Só
que a palavra que me deu, era para eu pregar no seu sepulta-
mento. O texto foi o seguinte: “Então um homem chamado
Jairo, dirigente de uma sinagoga judaica, veio e caiu aos pés
de Jesus, pedindo-Lhe que fosse à sua casa com ele, porque
estava à morte sua única filha, uma menina de doze anos.
Jesus foi com ele, abrindo caminho através do povo”.
No meio do caminho, veio um mensageiro da casa de
Jairo com a notícia que a menina já estava morta. “Porém
quando Jesus soube o que havia acontecido, disse ao pai:
“Não tenha medo! Apenas confie em Mim, e ela ficará boa.”
Quando Jesus chegou, a casa de Jairo estava cheia de gente
chorando. Jesus disse: “Parem de chorar! Ela não está morta;
está apenas dormindo!” Isto fez com que zombassem e rissem
dEle, porque todos sabiam que ela estava morta.
Jesus não deixou ninguém entrar no quarto a não ser
Pedro, Tiago, João, com o pai e a mãe da menina. Jesus to-
- 122 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

mou a menina pela mão e disse: “Levante-se, menina!” Na-


quele momento a vida dela voltou e logo ficou de pé!”
Então, você vai me perguntar: Mas que mensagem foi
essa, já que ela se levantou?” A mensagem foi essa: Qual a
diferença Eu levantá-la hoje, ou daqui a mil anos? Qual é a
diferença?
Apesar de saber que a minha filha ressuscitaria no últi-
mo dia, que receberia um corpo novo, queria a minha filha
de volta sã e salva em casa!
Deus não tinha e não tem obrigação de fazer milagre na
vida de ninguém. Disso eu sabia. Apenas me restava clamar
por misericórdia. Foi o que eu fiz.
Alguém me disse que tinha sido um milagre. Eu respon-
di: “Foi misericórdia”! Somente no dia 28 de setembro de
2014, Letícia receberia alta da medicação que vinha toman-
do contra a infecção.
Deus é o Deus do milagre. Jesus foi o único que provou
tal poder. Ele fez o milagre de ressuscitar dos mortos várias
pessoas. Mostrou o seu poder sobre a doença, pois curou
os enfermos, limpou os leprosos, fez andar os coxos, abriu
os olhos aos cegos e os ouvidos aos surdos. Demonstrou
domínio sobre a natureza, pois fez cessar tempestades.
Nunca ninguém manifestou tal poder, nem antes nem
depois dEle. E quando Ele voltar, todas as religiões serão
relegadas para o rol do esquecimento. O maometismo, o
budismo, o xintoísmo, a religião de Confúcio e todas as ou-
tras. Todas as instituições políticas e todos os governos se
desmoronarão aos Seus pés. “E, portanto, eu quero dizer a
vocês que estão sofrendo: Deus lhes dará alívio juntamen-
te conosco quando o Senhor Jesus aparecer subitamente,
descendo do céu em fogo ardente, com seus poderosos an-
jos. Trazendo o julgamento sobre aqueles que não querem
- 123 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

conhecer a Deus, e que se recusam a aceitar o seu plano de


salvá-los por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles serão
castigados num inferno perene, expulsos para sempre da
face do Senhor, para não verem jamais a glória de seu poder
quando Ele vier para receber louvor e admiração por causa
de tudo quanto fez por seu povo, os seus santos. E vocês
estarão com Ele, porque creram na palavra de Deus que nós
lhes demos” (2 Tess. 1:7–10).
Aqueles que já O aceitaram como seu Salvador, e cujos
pecados foram por Ele perdoados, aqueles que confiam no
sangue que Ele verteu e que se encontram revestidos da Sua
justiça, tendo sido regenerados e feitos filhos de Deus pela
fé nEle, estarão seguros e morarão com Ele para sempre.
Mas aqueles que O tem rejeitado, recusando a misericórdia
que Ele graciosamente oferece a todos, terão de enfrentá-
-Lo como juiz e serão condenados e punidos. É assim que
a Bíblia ensina.
O homem quer ser o seu próprio salvador, e pretende
merecer, pelas suas boas obras, o favor de Deus; mas a Pa-
lavra de Deus não apoia essa ideia, pois que diz: “Pela graça
sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós: é dom
de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie”
Efésios 2:8-9).
Quero concluir este trabalho pedindo a Deus que es-
clareça todas as prováveis dúvidas que insistem em povoar
a sua mente e o seu coração.
Nas últimas páginas deste livro, estão algumas indaga-
ções, prováveis perguntas que você faria, se tivesse oportu-
nidade. As respostas, baseadas na Bíblia, também se encon-
tram lá.
Que Deus o abençoe!

- 124 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Questionamentos

1. Se as igrejas não salvam, então eu não preciso per-


tencer a nenhuma delas. Posso ser um salvo apenas
dentro de casa?
2. Qual é a verdadeira igreja de Cristo?
3. Quais são requisitos exigidos para alguém fazer parte
desta verdadeira igreja do Senhor Jesus?
4. É possível ter certeza da salvação?
5. O que é o céu?
6. Inferno existe?
7. Qual é a grande promessa do Evangelho?

- 125 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Respostas

1.
O meu amigo, Pr. Paulo Macedo, me emprestou um
livro: DESIGREJADOS, escrito por Idauro Campos. Se-
gundo o EBGE, em 2010, quatro milhões de brasileiros se
declararam como evangélicos sem nenhum vínculo institu-
cional, ou seja, sem igreja. “As razões básicas para as críticas
passam pela decepção com promessas feitas em nome de
Deus e que nunca se cumpriram, além das práticas e ensinos
ministrados em ambientes eclesiásticos e a repulsa com os
maus exemplos das lideranças (pastores, bispos e apósto-
los)”.
Os desigrejados acreditam que a restauração das co-
munidades cristãs contemporâneas nos moldes do século I,
retirando-lhes o templo, transportando-as para as casas, na
esperança que um ambiente menor, com poucas pessoas e
espontânea em seu aspecto litúrgico poderão, assim, salvá-

- 127 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

-las daquilo que acreditam ser a sua pior anomalia (templo-


-liturgia).
Não existe uma igreja perfeita. Encontramos muitos
problemas nas igrejas apresentadas no Novo Testamento.
As cartas de Paulo mostram e provam isto. No entanto, Pau-
lo nos aconselha a participar da igreja. Leia: Efésios 3: 10;
5: 29 – 30. Atos 15: 36 – 41 relata um desentendimento en-
tre Paulo e Barnabé. No final, lemos: “Mas Paulo escolheu
Silas, e com a bênção dos crentes partiu para a Síria e a Cilí-
cia, a fim de animar as igrejas de lá”.

2.
Você não pode confundir Religião com Salvação. Leia
Atos 4: 12. Há religião em nome de Maomé, Buda, Confú-
cio, etc. Há religião no judaísmo, no catolicismo, no protes-
tantismo e noutros “ismos”. Mas não há salvação em qual-
quer deles – nem se quer no cristianismo, pois este não tem
mais poder para salvar do que o budismo ou judaísmo. A
salvação só se encontra em Cristo.
A Pândita Ramabai conta como seguiu várias religiões
na Índia, sem que nenhuma a satisfizesse. Um dia ouviu fa-
lar do cristianismo, e então pensou: “É disso que eu preciso.
O cristianismo satisfará os anseios do meu coração. Abraça-
rei a religião cristã”. Aceitou o cristianismo e seguiu viagem
para a Inglaterra, onde foi batizada e confirmada. Aderiu à
Igreja Anglicana e nos oito anos que se seguiram levou uma
vida exemplar.
Certa noite, porém, assistiu providencialmente a uma
conferência que versava sobre o novo nascimento. Nunca
ninguém lhe dissera que precisava nascer de novo – do alto.
Apossou-se dela a convicção, o Espírito Santo dominou-
-a e ali mesmo a Dr.ª Ramabai aceitou Jesus Cristo como
- 128 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

seu Salvador pessoal – e passou da morte para a vida. Eis o


seu testemunho em palavras dela própria: “Eu tinha achado
a religião cristã – mas não o Cristo dessa religião”. Tinha
abraçado o cristianismo – agora aceitava Cristo. Não é tão
diferente?
Será que não está acontecendo o mesmo com você que
foi criado dentro de um lar evangélico, aluno ou professor
da EBD, diácono, atuante na sua igreja? Terá você aceitado
o cristianismo ignorando o Salvador?
Talvez você esteja um pouco confuso. Você pode ter
nascido num lar cristão. Frequentado, desde pequeno, à igre-
ja. Mas houve um momento na sua trajetória, um momento
na sua vida, que sentiu algo diferente. O seu encontro com
Jesus ficou marcado. Você pode não se lembrar exatamente
o dia e a hora, mas sabe que nasceu de novo. Naquele mo-
mento da sua vida, você passou a ver Cristo Jesus de uma
maneira diferente. Ele passou a ser tudo para você.
Precisamos ver que fé salvífica é um estar satisfeito com
tudo o que Deus é para nós em Jesus Cristo.
Nós temos um ensinamento errado sobre o Evangelho.
A geração do eu e do mim nos fez o centro do Evangelho.
Esta geração nos fez o centro da obra salvadora e redentora
de Deus e não a demonstração da Sua glória. “Eu, o Filho
de Deus, serei glorificado neste caso” (João 11: 4 ).
Ouça os sermões de John Piper. Estão a sua disposição
na Internet. “Você não é o centro dos valores de Deus. A
glória de Deus é o centro dos valores dEle. Você não é o
centro da obra redentora dEle. A magnificação de Cristo em
sua vida é o centro da obra redentora dEle. Você não é o
tesouro do Evangelho. Cristo é!
Paulo, o último apóstolo, experimentou Cristo como
um tamanho tesouro que tudo mais na sua vida é como
- 129 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

nada. “Mas o que para mim era lucro, passei a considerar


como perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, conside-
ro tudo como perda, comparado com a suprema grandeza
do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem
perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para
poder ganhar Cristo e ser encontrado nele...” (Fil 3: 7 – 9 a ).
John Piper: “Eu considero tudo: dinheiro como perda.
Comida como perda. Visual como perda. Amigos como
perda. Família como perda. Trabalho e sucesso como per-
da. Formatura como perda, em comparação ao tesouro que
Cristo se tornou para mim.
Como você mostra Cristo como grande na sua vida e,
assim, não a desperdiça?
O dinheiro lhe é dado para que você o use de maneira
que mostre que o dinheiro não é o seu tesouro, Cristo é.
A comida lhe é dada para que você a coma de maneira
que fique evidente que a comida não é o seu tesouro, Cristo
é.
Família, amigos lhes são dados para que você viva com
eles de maneira que fique evidente para o mundo que eles
não são o seu tesouro, Cristo é”.
Agora entendo mais claramente o que Jesus disse :
“Todo aquele que quer ser meu seguidor deve amar-Me
bem mais do que ao seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos ou
irmãs – sim, mais do que a própria vida; caso contrário, não
pode ser meu discípulo” ( Lc 14: 26 – 27 ).
Um dia, tudo isso vai acabar. Só restará Jesus Cristo.
Por isso Ele é tudo!
É duro reconhecer isso. Mas é a verdade. O seu tra-
balho, a sua família, os seus amigos, a sua igreja, tudo vai
passar. Neymar, o craque da seleção brasileira, tatuou no seu
pescoço a frase: “Tudo Passa”. Esta é a grande verdade.
- 130 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Em 1987, em Brasília, ouvi um belo testemunho do en-


tão deputado federal Jóia Junior: “Este ano estive em Cuba
e pude entregar uma Bíblia a Fidel Castro. Ao passá-la às
suas mãos, afirmei: Tudo passa. Os reis passaram. O senhor
vai passar. Os regimes passarão. Mas a Palavra de Deus per-
manecerá para sempre”.
Tenho no meu escritório um quadro com a foto do meu
netinho, o Kevin. Nele há a seguinte inscrição: “Bebê, você
é nossa alegria”. Eu e a minha esposa aparecemos na foto-
grafia “babando” o nosso amado netinho. Sem dúvida, ele
é parte da nossa alegria. Um dia, no entanto, nós o deixa-
remos. Espero que o meu sonho se realize. Quero “vê-lo”
pregando no meu sepultamento.
Faça, meu caro leitor, Jesus Cristo a alegria da sua vida!
Que Ele seja o seu grande, verdadeiro e único TESOURO!
Respondendo mais diretamente a pergunta: Procure
uma igreja que fale só de Jesus, da vida eterna que Ele nos
oferece. Cuidado com essas igrejas que estão surgindo por
aí. Li, no informativo número 8, de outubro de 2012, da
Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida, uma reportagem so-
bre o tema: O Movimento Neopentecostal. Diz o informa-
tivo: “Na década de 80, alguns movimentos de igrejas norte-
-americanas começaram a influenciar os cristãos no Brasil.
Práticas que não estavam em conformidade com a Bíblia,
a ênfase na guerra espiritual e conceitos como a Teologia
da Prosperidade e Confissão Positiva atraíram a atenção de
muitos cristãos e causaram grande impacto na Igreja nacio-
nal. Novas denominações surgiram para acolher as pessoas
atraídas apenas por curas e bênçãos materiais. “Eles estão
distorcendo a Palavra de Deus em nome de um movimento
apenas emocional e não espiritual”.

- 131 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

O verdadeiro cristão precisa estar atento a movimentos


como este e discernir o que realmente provém de Deus.
“Há uma pobreza muito grande do conhecimento da
Palavra de Deus. Tudo que exige discernimento tem que
ter o conhecimento da Palavra de Deus”, enfatiza o Bispo
Carlos Alberto.
Há, com certeza, algumas igrejas e ou denominações,
que você deveria evitar. Leia Parte do artigo escrito pelo
teólogo Joacy Júnior, editor do blog Pela Volta ao Evangelho e
parceiro dos Blogs Arte de Chocar e Púlpito Cristão:

Simples Análise da Igreja Hodierna

“A Igreja de Cristo sempre precisou lidar com falsas


doutrinas em seu meio. Portanto não é de hoje que a cruz
é colocada de lado por alguns e relativizada por outros. Po-
rém, em tempos mais remotos o que se via era um combate
apologético mais veemente com os que desprezavam a cruz
de do nosso Salvador. A patrística está cheia de exemplos
de homens que enfrentaram os oponentes de Cristo até em
mesmo em concílios.
Antes mesmo da Reforma Protestante do século XVI
os chamados “pré-reformadores” também vem seguindo o
caminho da apologética denunciando os desvios doutriná-
rios que relativizaram a cruz, e assim, a própria Reforma é
culminada em um ambiente que fervilha descontentamento
e encontra um contexto totalmente preparado para o gran-
de combate apologético por parte daqueles que foram os
responsáveis pela mudança de um contexto histórico.
Todos esses- os pais da igreja, os pré-reformadores,
bem como os reformadores- são vistos como verdadeiros
heróis da fé na história da igreja por boa parte da liderança
- 132 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

atual. Porém, os mesmos pastores e líderes religiosos que


os veem assim, são os mesmos que tacham de rebeldes os
que hoje combatem contra as heresias dentro dos arraiais
evangélicos. Esses que estão transformando o evangelho de
Cristo são respeitados por uma turba de religiosos robotiza-
dos, programados a obedecê-los a qualquer custo.
Tais líderes tem um poder de hipnose sobre seus lidera-
dos; tais líderes são inquestionáveis para seus fãs; tais líderes
estão acima do bem e do mal para esses cegos que se pros-
tram diante desses ídolos como se fossem deuses.
Não, a ira de Deus não virá apenas sobre os que estão
transformando o evangelho (Fp. 3.18-19), mas virá sobre
todos os omissos, uma vez que a Bíblia insta a que sejamos
militantes da fé evangélica (Fp. 1.27, Jd. 1-3), sobre todos
os que são coniventes com suas doutrinas espúrias de um
evangelho maldito que eles apregoam (2 Jo. 1.9-11).
Neste mesmo ponto (pluralismo) é possível enxergar
também o individualismo, posto que são as opções que fa-
zem com que cada um busque aquilo que é melhor para
si. E, nesta onda a igreja tem se deixado levar, pois as op-
ções são muitas, criando crentes individualistas e “grupos
individualistas”; desde o evangelho da quebra de maldições
de Nelsa Itioka às sandices de Renê Terra Nova. Mas o in-
dividualismo diz: “dá licença?”, relativisando a comunhão
alcançada por Jesus na cruz.
O secularismo em linguagem simples é a tentativa de
separar o secular do sagrado. Neste contexto fica o desa-
fio da igreja combater tudo o que é plural e privado em
prol da Causa do Reino. Porém, na prática essa tentativa
fica muito vaga ou é totalmente anulada, pois a igreja tem se
envolvido em tudo aquilo que de certa forma é inerente aos
costumes do mundo trazendo escândalos para os que estão
- 133 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

de fora. Entretanto, questões que lhes é conveniente fazem


questão de aplicar como verdade absoluta- sem saber que
são exatamente esses absolutos o que relativiza a Cruz de
Cristo- conceitos seculares dos mais esdrúxulos possíveis,
postos que são doutrinas antropocêntricas, visando sempre
favorecer a soberba humana.
Assim sendo temos a voz de Silas Malafaia e sua trupe
fazendo ecoar o evangelho da prosperidade; temos R. R.
Soares divulgando um evangelho com base nas confissões
positivas, temos Edir Macedo, Valdemiro Santiago, os Her-
nandes e Cia, vendendo as bênçãos de Deus a preço de ba-
nana (por mais alta que seja a “oferta”, é preço de banana
comparada a Salvação e a todas as bênçãos procedentes da
cruz de Cristo). Temos Renê Terra Nova fazendo lavagem
cerebral em seus liderados e os convencendo à superstição
numerológica nesta idolatria desenfreada pelo número 12.
Enfim... Temos uma igreja feita de dinheiro forjada por ho-
mens feiticeiros, cujo provedor é Mamom.
O que temos presenciado neste momento histórico que
a igreja tem vivido é uma apostasia sem precedentes no seio
da mesma, uma omissão gritante por parte de uma boa par-
cela dos evangélicos e uma apologética ainda tímida onde o
senso de ética nos bloqueia a não bradar como João Batista:
“Raça de víboras...” Lc. 3.7”
É com muita tristeza que reproduzo aqui este artigo.
Espero que o Espírito Santo de Deus o convença que a re-
ligiosidade não pode salvá-lo. Nos últimos dias, venho acom-
panhando pela Internet a repercussão das declarações do
Padre Fábio de Melo com relação à adoração a Maria. O seu
xará, Caio Fábio, fez a seguinte observação numa fala dirigi-
da a ele ao tomar conhecimento que o famoso Padre-cantor
estaria de ida para a denominação Batista: “Meu irmão, Pa-
- 134 -
O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

dre Fábio de Melo, não sei se essa seria uma boa decisão”.
Infelizmente tenho que concordar com a opinião do Caio.
Trocar de igreja, de denominação ou qualquer religião não
tem qualquer relevância. O que importa é se houve regenera-
ção, conversão.
Quanto à polêmica, veja o que Jesus nos tem a dizer:
“Enquanto Ele estava falando, certa mulher da multidão gri-
tou: “Bendita seja a sua mãe- o ventre que O deu à luz e os
seios que O amamentaram”. Ele respondeu: “Sim, mas ain-
da mais abençoados são todos aqueles que ouvem a Palavra
de Deus e a põem em prática” (Lc. 11. 27-28).

3.
Você precisa de uma experiência pessoal com Cris-
to. Precisa nascer de novo. Uma decisão não é suficiente.
“Grandes multidões estavam seguindo Jesus. Então Ele fez
um discurso assim: “Todo aquele que quer ser meu segui-
dor deve amar-Me bem mais do que ao seu pai, mãe, es-
posa, filhos, irmãos ou irmãs – sim, mais do que a própria
vida; caso contrário, não pode ser meu discípulo. E ninguém
pode ser meu discípulo se não carregar sua própria cruz e
seguir-Me” (Lucas 14: 25 – 27).
Sabemos que as igrejas de hoje pouco exigem de você
ao se tornar membro. Não se esqueça de uma coisa: ser
membro de uma igreja não transforma você num cristão
autêntico. Sabe o que significa cruz? Significa morte. É isto
que Cristo oferece a você: uma cruz para você morrer nela e
a vida eterna nos céus.“Eu já fui crucificado com Cristo: eu
próprio não vivo mais, e sim é Cristo quem vive em mim. E
a vida genuína que tenho agora dentro deste corpo é resul-
tado da minha confiança no Filho de Deus, o qual me amou
e a Si mesmo Se entregou por mim” Gálatas 2: 20).
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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

4.
Se na sua decisão por Jesus, você reconhece que:
• é um pecador;
• não pode salvar-se a si mesmo;
• os seus pecados foram postos sobre Jesus;
• só Cristo pode salvá-lo.
E finalmente, deu o quinto passo que é recebê-Lo como
seu Salvador pessoal, você passou a fazer parte da Família
de Deus: “A todos quantos O receberam, deu-lhes o po-
der de serem feitos filhos de Deus – aos que creem no Seu
nome” (João 1: 12). Jesus garante a você : “Aquele que vem
a Mim, de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6: 37).
Em 1829, dois americanos, Wilson e Porter, foram con-
denados a morrer na forca por terem assaltado e roubado
as malas postais dos Estados Unidos. Porter foi executado,
mas Wilson foi perdoado; recusou, todavia, o perdão, e João
Marshall, juiz do Supremo Tribunal, emitiu esta decisão:
“Um perdão é uma escritura para cuja validade é abso-
lutamente necessária a sua entrega; e a sua entrega não se
torna completa enquanto se não verificar a sua aceitação.
Pode, nessa altura, ser rejeitado pela pessoa a quem é ofere-
cido, e, se for rejeitado, não vemos poder algum, seja de que
tribunal for, que possa obrigar alguém a aceitá-lo”.
E como Wilson não aceitou o perdão que lhe foi ofere-
cido, morreu também na forca.
Meu caro amigo, Deus está oferecendo a você o perdão.
Pode aceitá-lo ou rejeitá-lo, pois Deus o criou livre – com
liberdade de escolha. A você pertence a decisão. “Eis aqui
agora o tempo aceitável – eis aqui agora o dia da salvação”
(2 Cor. 6: 2).
O grande perigo é você achar que está salvo por ter
optado pelo cristianismo. O nosso cristianismo (no Bra-
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

sil) é tão superficial que não posso deixar de compartilhar


com você, caro leitor, o artigo de autoria do bispo Walter
Mcalister:

A profunda superficialidade de nossos dias

Uma das características que melhor definem a época da


História em que vivemos é a superficialidade. Somos pensa-
dores superficiais. Somos cristãos superficiais. Aliás, eu diria
até que somos profundamente superficiais. Claro que ser
“profundamente superficial” é o que chamamos de um oxi-
moro - uma expressão que se contradiz e, ao fazê-lo, afirma
uma contradição. Assim como “água seca”, ou uma “verda-
deira mentira”, “profunda superficialidade” soa como um
absurdo. Mas é isso mesmo o que somos. Pois somos su-
perficiais até as mais profundas profundezas da nossa alma.
Não importa quão profundamente cavemos na nossa alma
contemporânea, nunca chegamos a algo que seja substan-
cial. Tudo é superficial. Nossos sentimentos mais profun-
dos são superficiais. Nossas paixões mais arrebatadoras são
superficiais, efêmeras, passageiras. Somos pessoas cuja alma
se assemelha a uma floresta inteiramente composta por ár-
vores sem raízes. Por mais que você consiga adentrar os re-
cônditos mais escondidos da floresta, não achará uma árvo-
re que tenha firmeza. Pois, sem raízes, qualquer uma delas é
facilmente arrancada pelo vento e substituída.
Essa constatação não significa que não tenhamos senti-
mos fortes. Temos. Não quer dizer que nossas atitudes não
sejam profundamente sentidas. São. Mas todas as profunde-
zas do nosso ser, de nossos sentimentos e das nossas atitu-
des são, em última análise, superficiais.

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Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

Mas não sejamos duros com os que não compartilham


da nossa fé. Afinal, vivemos numa casa cujo telhado tam-
bém é de vidro. Se começarmos a jogar pedras, estilhaços
vão voar para todos os lados.
Vejo pessoas demonstrarem uma enorme paixão ao de-
fender o culto “gospel”, com todas as suas manifestações
emotivas e bombásticas, e que afirmam ter um profundo
“amor” para com Deus e seu Filho, Jesus Cristo, para não
mencionar também o Espírito Santo. Derramam lágrimas.
Fiéis se prostram e até se arrastam pelo chão, rugindo como
leões. Muitos abanam seus braços numa comoção em mas-
sa, enquanto alguém grita ao microfone algo sobre render
glória e louvor ao Deus Altíssimo, criador dos céus e da
terra.
Pouco tempo depois, muitos (sim, muitos) estão toman-
do umas e outras no barzinho e contando piadas sujas. Não
são poucos os jovens que até terminam no motel uma noi-
tada após um “cultaço”. Sua paixão profunda no culto não
passa de uma profunda superficialidade. Sim, porque não há
ligação entre uma paixão e a outra. Arrebatados pelo culto,
são, em seguida, igualmente arrebatados pelos seus instintos
mais baixos, traindo tudo o que o culto deveria representar.
Leio a lista dos interesses que pessoas escrevem em seu
perfil do Facebook e me espanto. Enquanto dizem “curtir”
o reverendo Paul Washer, “curtem” programas de televisão
que promovem sexo ilícito e toda sorte de perversão, jus-
to aquilo que o reverendo Washer combate tão claramen-
te: True Blood, Sexo sem compromisso, Friends, Vampire
Diaries, Crepúsculo e uma infinidade de filmes e seriados
que vomitam sua imundície sobre o mundo todo. Qualquer
um que fizesse um estudo do perfil da maioria dos jovens
que povoam a nação virtual teria que chegar à conclusão de
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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

que são insanos, hipócritas, e ímpios disfarçados de crentes.


E é exatamente o que são. Iludem-se ao pensar que podem
ser amigos do mundo e também de Deus.
Seus corações não estão alicerçados em Jesus. Sua pai-
xão por Cristo é tão profundamente superficial como sua
paixão pelas inúmeras cores de esmalte (que é a moda atual
entre as mocinhas de Cristo) ou por sapatos- sim, sapatos.
De cabeças ocas e corações esfacelados, vivem sendo ar-
rebatados pela última novela (sim, porque isso é normal e
achar que não é torna-se legalismo), moda, filme ou música.
Põem Jesus Cristo ao lado de Lady Gaga nas suas páginas
de “curtir”.
É insano. Uma geração sem moral, sem raízes e sem
norte.
Mas... será que são todos assim? Claro que não. Alguns
estão começando a pensar. Alguns estão começando a ques-
tionar. Nem tudo está perdido. Mas a maioria, lamento di-
zer, está.”
Este sentimento vem dominando a minha mente nos
últimos anos. Isto tem me tirado o sono. Esta tem sido a
minha grande preocupação.
Quero aqui, implorar a você! Leia as cartas do apóstolo
Paulo. Ore! Peça a Deus que ilumine a sua mente. Pode estar
certo, Jesus Cristo está voltando!
Hoje, mais do que nunca, precisamos falar do Pecado,
da Justiça e do Juízo.
“Meus amigos muito queridos, eu estive planejando es-
crever-lhes alguns pensamentos a respeito da salvação que
Deus nos deu, porém agora vejo que em vez disso devo es-
crever-lhes duma outra coisa, instando com vocês para que
defendam bravamente a verdade que Deus, uma vez por
todas, entregou ao seu povo para conservar sem mudança
- 139 -
Paulo Cesar da Silva & Letícia Rigues da Silva Cosmo

através dos anos. Digo isto porque alguns mestres ímpios


infiltraram-se entre vocês, dizendo que depois que nos tor-
namos cristãos podemos andar como quisermos, sem medo
do castigo de Deus. O destino de tais pessoas já foi escrito
há muito tempo, pois elas se voltaram contra o nosso único
Mestre e Senhor, Jesus Cristo.
Para eles a minha resposta é esta: lembrem-se deste
fato- que vocês já conhecem- que o Senhor salvou da terra
do Egito uma nação inteira de pessoas e depois matou cada
uma delas que não confiou nEle e não Lhe obedeceu. E
lembro a vocês aqueles anjos que antes eram puros e san-
tos, mas que se voltaram voluntariamente para uma vida de
pecado. Agora Deus os conserva acorrentados em prisões
de escuridão, aguardando o dia do juízo. E não se esqueçam
das cidades de Sodoma e Gomorra, e as cidades vizinhas,
todas cheias de imoralidade de toda a espécie, inclusive a
paixão de homens por outros homens. Aquelas cidades fo-
ram destruídas pelo fogo e continuam a servir de advertên-
cia para nós, de que existe um inferno, no qual os pecadores
são castigados.
Enoque, que viveu há muito tempo, e pouco depois de
Adão, sabia a respeito desses homens e sobre eles disse o
seguinte: ‘Eis que o Senhor virá, acompanhado de milhões
dos seus santos. Ele trará a juízo diante dEle todas as pes-
soas do mundo, para receberem o justo castigo, e provará as
coisas terríveis que fizeram em rebelião contra Deus, e reve-
lará tudo o que eles disseram contra Ele’ (Judas 3-7; 14-15).
Advertência na Palavra de Deus é que não nos falta.
Haverá um julgamento. E se você não estiver em Cristo, o
que lhe restará será a Justiça de Deus.

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

5.
Leia: Daniel 2: 28; apocalipse 21:1. Essa é a nossa espe-
rança: “Portanto, não olhamos para aquilo que podemos ver
atualmente, as dificuldades que nos rodeiam mas olhamos
para a frente, para as alegrias do céu que nós ainda não vi-
mos. As aflições logo desaparecerão, mas as alegrias futuras
durarão eternamente” (2 Cor 4: 18).

6.
Jesus responde em Marcos 9:43-48: “Se a sua mão o
fizer tropeçar, corte-a. É melhor entrar na vida mutilado
do que, tendo as duas mãos, ir para o inferno, onde o fogo
nunca se apaga, onde o seu verme não morre, e o fogo não
se apaga. E se o seu pé o fizer tropeçar, corte-o. É melhor
entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado
no inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não se
apaga. E se o seu olho o fizer tropeçar, arranque-o. É me-
lhor entrar no Reino de Deus com um só olho do que, ten-
do os dois olhos, ser lançado no inferno, onde ‘o seu verme
não morre, e o fogo não se apaga’.”

7.
É a vida eterna. Jesus veio destruir a morte. Ao res-
suscitar, Ele nos garantiu a salvação. Podemos ter certeza
que o preço foi pago. O Seu sacrifício foi aceito por Deus.
Deus agora pode ser Justo ao nos justificar. “Tendo em vista
a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele
mesmo ser justo e justificador daqueles que tem fé em Je-
sus” (Romanos 3: 26). Glória a Deus!

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O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA

Amigo leitor, gostaria de agradecer a sua paciência.


Quero deixar aqui os meus telefones e e-mail. Caso queira
entrar em contato para tirar alguma dúvida, por favor, fale
com a gente.

21 2601-1061 (res)
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