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SETEMBRO 2019
MÚSICA E SOCIEDADE
Nesse sentido, a compreensão da arte produzida por certos povos é vista como
mera produção das atividades cotidianas e da vida social desses povos, não levando em
consideração o discurso dito por eles. A construção da crítica de Geertz leva em
consideração o fato de que boa parte dos estudiosos das artes primitivas analisam o
discurso dos povos que fazem suas artes como algo misterioso e resumido, pouco
aprofundado segundo parâmetros estilísticos específicos.
Nesta direção, o autor cita a etnia ioruba como exemplo revelando que fatores
da vida sensível, social e coletiva, uma vez compreendidos, nos afastam de uma visão
estética ocidental sobre obras desse povo. As produções estão conectadas a interesses
amplos e densos capazes de revelar uma realidade somente alcançada considerando
além do que se é dito como descrição de uma obra.
Do ponto de vista histórico, o autor fala que havia muitas instituições culturais
que trabalhavam sobre o olha da época no século XV na Itália. Além disso, outros
aspectos da vida social auxiliavam na leitura das obras de arte. A dança, por exemplo,
era muitas vezes representada por artistas da época, uma vez que pintores presumiam a
existência da capacidade de leitura das obras por parte do observador por se tratar de
algo que ele interagia de modo rotineiro. Assim, leituras de obras, como O Nascimento
de Vênus de Botticelli, eram feitas de modo natural dada a familiaridade com as formas
existentes na dança.
“Tais atitudes e tal formação faz com que a vida cotidiana seja
pontuada por linha do Corão e outras citações clássicas. Além
das situações especificamente religiosas, a conversa cotidiana é
tão intercalada com fórmulas do Corão que até os assuntos mais
mundanos parecem estar inseridos em uma moldura sacra.”
(Geertz, 1997, p.170)
Por fim, Geertz ressalta que para criarmos uma verdadeira semiótica da arte
devemos considerá-la como uma ciência social assim como a antropologia, levando em
em conta a capacidade que deve-se ter em compreender os símbolos e a etnografia dos
veículos que transmitem esse conjunto de significados, articulando-os com o seu papel
dentro da sociedade. A semiótica da arte deve considerar os seus estudos como forma de
pensamentos, uma linguagem que revela seus significados e que deve ser interpretada.