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ERESPONDEREMOS “Os maus nao sao bons porque os bons nao sao melhores” “Madalena, 0 ultimo tabu do Cristianismo” (Juan Arias) Metodistas aderem a Declaragao Catolico-Luterana Vida em outros planetas? Futebol e cidade-sexo Alma humana: matéria que tomou consciéncia de si? Bebés estragalhados e vendidos Doengas e interesses econémicos Inseminagao artificial: problemas Aborto e causa com duplo efeito A Renovagao Carismatica Catdlica depende do protestantismo? “A Igreja Catdlica é rica?” (Pe. Pio Milpacher) PERGUNTE E RESPONDEREMOS: OUTUBRO 2006 Publicagdéo Mensal N° 532 SUMARIO Diretor Responsavel s maus nie sfo bens porque os bons Estévao Bettencourt OSB . 433 Autor e Redator de toda a matéria 1: publicada neste periddico “Madalena, 0 ultimo tabu do cristianismo” (Juan : Arias) . 434 Administragao @ Distribuigao: Ecumeniomo: Edigdes Lumen Chiisti Metodistas aderem a declaragao catdlico- Mosteito de Sao Bento do Rio de Janeito —_juterana "441 Rua Dom, Gerardo, 40 - 5° andar-sala§01 Grande questao: Tel: (OXX21) 2206-8283 e Vida em outros planctas?.. 443 (OXx21) 2206-8327 A onda erética: Fax (0XX21) 2263-4420 Futebol ¢ cidade-sexo 449 Enderogo para Correspondéncia: Quem és tu? Ed. Lumen Christi Alma humana: matéria que tomou Rua Dom Gerardo, 40 ~ sala 504 consciéncia de si? 483 Centro Ainda 0 aborto CEP 20090-030 — Rio de Janeiro - RY Bebés ostracalhados o vondidos . 487 Alert: Site: www.lumonchristi.com.br Doongas ¢ interesses econémicos a 465 e-mail: lumen.christi@esb.org.br A natureza re: Inseminagao artificial: problemas ............. 467 No calor da discussao: Aborto e causa com dupio Esclarecendo: A Renovagio Carlsmatica Catdlica daponde do protestantismo’ Um chav “A Igreja Catolica ¢ rica?” (Pe. Pio Milpachor)... 479 COMAPROVAGAO ECLESIASTICA NOPROXIMO NUMERO: Seu mais belo canto de louvor. — O século XX: século de martires, - O Evangelho de Felipe. - O Evangelho de Maria. ~“O sobrevivente" por A. Laks. - A Santa Sé mediadora em conflitos internacionais. — Gregério Vil e os “t Canonizagao dos ‘santos ¢ infalibilidade. — A Igreja e a Biblia. - “Uma - “A proibigao de se fabricar tdolos” por Cl. da Silva. — Dois médicos, dois santos. — Cristo ou o namorado? PARA RENOVACAO OU NOVAASSINATURA (12 NUMEROS) ..... R$ 50,00, NUMEROAVULSO............... a R$ 5,00. ito... 470 on 475 © pagamento podera ser a sua escolha: . Depésito em qualquer agéncia do BANCO BRADESCO, agéncia 2579-8, C/C 840-0 om nome do Mostelro de Sio BentolRJ, CNPJ 33,439.092/0001-60, enviando em seguida por carta, e-mail ou fax comprovante do depésilo, para nosso controle. 2. Cartao de Crédito: VISA e MASTERCARD (Favor informar n°, validade do carlao e cédigo de seguranga), 3. Boleta Bancérla (favor entrar em contala mencionando a op¢éo). Obs.: Correspondéncia para: Edi¢des Lumen Christi Rua Dom Gerardo, 40 — sala S01 Centro CEP 2090-030 — Rio de Janeiro - RJ e-mail: jumen.christi@osb.org.br “OS MAUS NAO SAO BONS PORQUE OS BONS NAO SAO MELHORES” Este titulo exprime uma grande verdade, que nunca se considerara de- mais. Pergunta-se porém: os maus precisam dos bons para se converter? — Respondemos que a sua conversSo depende da graga de Deus (que nunca thes falta) e da sua fidelidade a essa graca. Mas Deus quer servir-se de instru- mentos. E isto em dois planos: no meramente humano e no da fé. No plano meramente humano... € notoria a influéncia do exemplo ou do testemunho apregoado ndo sé com palavras, mas também com gestos con- cretos. As palavras voam, mas os exemplos arrastam. O homem de hoje, em muitos casos, da mais importancia a sinceridade ou & coeréncia de vida do que & propria verdade. Sao tantas as “verdades” proclamadas por quem nao as vivencia que muitos nao lhes dao crédito. E ha tantos erros traduzidos em atos concretos que arrastam multidées. Dai a importancia do testemunho de vida em favor do Evangelho. Essa coeréncia, porém, exige coragem e brio... Coragem para que eu me adapte a Verdade e nao queira adaptar a Verdade a mim, cora- gem para sair do meu pequeno mundo egoista e pulsar com valores objetivos, que interessam aos meus semelhantes. Quantos tem sempre essa coragem? No plano da fé... Séo Paulo nos diz que somos membros de um Corpo cuja Cabega é Cristo e que nesse Corpo ha mutuas interdependéncias: “Como o corpo, sendo um, consta de muitos membros e os membros sendo muitos, formam o corpo, assim é Cristo... Ndo pode o ofho dizer 4 mao: ‘Nao preciso de ti’, Nem a cabega aos pés: ‘Nao preciso de vos’... Mais ainda: os membros do corpo considerados mais fracos s&o indispenséveis 6, os que con- sideramos menos nobres, cercamos de maior honra” (1Cor 12, 12-23). Um membro doentio ou anémico transmite menos vitalidade do que ou- tro plenamente sadio. Por isto se diz com raz&o que Deus quer salvar a uns mediante outros, Cristo quer comunicar sua ago redentora aos membros do seu Corpo Mistico, para que, de um modo ou de outro, colaborem (por graga de Deus) na mais importante de todas as obras, que é a santificagdo e a salvagao dos homens. A consciéncia desta verdade desperta em todo cristao 0 elevado senso de responsabilidade que Ihe toca. Alias os documentos mais recentes da Igreja tem observado que o ateismo se propaga no mundo de hoje porque nem sempre é lucido o testemunho que 6s fiéis cristéos deveriam dar a Verdade. A decepgdo causada por néo poucos afugenta os indecisos. A natureza humana tende a acomodar-se e cair na mornura de vida. Diz-se em latim “Quotidiana vilescunt. —A realidade repetida cada dia vai perdendo o seu significado”. Don- de a importancia de sacudir 0 véu da rotina, de modo que “os homens, vendo nossas boas obras, glorifiquem o Pai que esta nos céus” (Mt 5, 16). Sabiamente disse Jesus: “Vs sois o sal da terra”. E acrescentou: “Se o sal perder o seu sabor, ndo haveré quem o substitua” (Mt 5, 13). O bom cristéo jamais podera esquecer a nobre fung&o que o Senhor assim Ihe confiou. E.B. 433 PERGUNTE E RESPONDEREMOS Ano XLVII — N° 532 Outubro de 2006 Um livro revolucionario: “MADALENA, O ULTIMO TABU DO CRISTIANISMO” por Juan Arias Em sintese: O autor escreve em estilo de divulgagao, afirmando sem comprovar o que diz. Afirma que nao se pode provar que Jesus era casado, mas adota esta tese: Jesus, “o profeta de Nazaré”, teré esposa- do Maria Madalena, que deveria ser a orientadora do Cristianismo, mas foi suplantada pela corrente machista dos Apéstolos Pedro e Paulo. Ci- ente disto, a igreja teré destruido Evangelhos apécrifos gnésticos que relatavam esse contbio de Jesus, para néo perder o poder que os ho- mens arrogaram a si mesmos na Igreja. Somente no século XX a verdade veio a tona apdés a descoberta dos documentos de Nag-Hammadi, diz 0 autor. O mesmo contesta a Divindade de Jesus; Paulo tera "‘nomeado Jesus Deus”... Em suma, o autor incide em imprecis6ées e contradigdes, negando verdades basicas da fé crista tradicional em favor de hipdteses gratuitas e de todo inverossimeis. O jornalista Juan Arias foi correspondente no Vaticano durante quatorze anos; ja se tomou conhecido no Brasil por suas publicagées; ver PR 485/2002, pp. 484ss. Ultimamente vem-se dedicando ao estudo dos Evangelhos apécrifos gnésticos descobertos em Nag-Hammadi (Egi- to) na década de 1940. Acaba de publicar em tradugdo portuguesa o livro “Madalena, 0 Ultimo tabu do Cristianismo"', que traz o subtitulo “O Segre- do mais bem guardado da Igreja: as relagées entre Jesus e Maria Madalena’. Como se vé, 0 livro é sensacionalista em matéria delicada, merece aten- G40 e discernimento. E 0 que as paginas subseqientes propordo. ' Ed. Objetiva, Rio de Janeiro 2006, 204 pp. 434 “MADALENA, O ULTIMO TABU DO CRISTIANISMO” 3 Examinaremos a tese @ 0 fio condutoro livro antes do mais; apés © qué passaremos a consideragao de aspectos particulares da obra. 1. A tese do livro Como dito, a obra versa sobre o relacionamento entre Jesus e Maria Madalena. Ap. 107 diz o autor: “E necessério admitir... que nao existem provas historicas que de- monstrem definitivamente que Jesus foi casado. Mas tampouco existem argumentos definitivos para nega-lo. A interrogagao continua de pé”. Todavia J. Arias opta pela hipdtese de que houve casamento entre ambos, pois Madalena devia ser a lider da religiéo reformada por Jesus, como deduzem alguns estudiosos dos evangelhos gnésticos apécrifos. Eis, porém, que o machismo liderado por Pedro e Paulo prevaleceu so- bre o feminismo de Maria Madalena. As autoridades da Igreja, cientes de tais fatos, trataram de queimar os textos gndsticos a fim de que nao fosse contestado o dominio dos homens na Igreja. Assim se |é a p. 55: “Esses textos foram descobertos em 1945 no deserto egipcio de Nag Hammadi. Encontravam-se em um vasilhame e provavelmente fo- ram escondidos ali pelos monges de algum mosteiro para que néo fossem queimados, pois isto era o que desejava a Igreja oficial daquele tempo”. Algreja sempre teve medo de Maria Madalena, porque... “este fato poderia enfraquecer os alicerces da instituigao, que ainda hoje exige a castidade e 0 celibato de seus sacerdotes e ndo permite que as mulheres se ordenem ou oficializem os sacramentos”. Assim 0 autor parte de uma hipétese que ele passa a considerar base firme para atribuir 4 Igreja uma atitude desonesta ou a sonegagao da verdade no intuito de garantir seu prestigio e poder. Na verdade, quem faz papel pouco honesto é Juan Arias, que calu- nia a Igreja na base de uma hipdtese que ele mesmo reconhece ser dis- cutivel. Podem-se citar varias razGes que refutam a tese de Arias: tenha-se em vista © siléncio de toda a tradigdo crista, que jamais conheceu um Jesus casado, mas, ao contrario, enalteceu a sua vida totalmente dedicada & missdo evangelizadora. Além do qué, deve-se lembrar que “a mentira tem pernas curtas”, cedo ou tarde é desmascarada; 6, pois, dificil aceitar que a falsa verso do Cristianismo nascente se tenha podido manter intacta durante vinte séculos; ninguém teve como denuncia-la a nao ser Arias e seus colegas no século XXI. 435 4 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 Nota-se alias que Arias escreve sem provar 0 que diz, afirma gra- tuitamente sem documentacgao e sem notas de radapé. Isto comunica a sua obra um carater de superficialidade e sensacionalismo, que pouco tem a ver com um estudo cientifico e bem ponderado. Acrescente-se que, segundo Arias, para dissipar a imagem de Madalena “esposa de Cristo’, a Igreja tera feito dessa mulher uma pros- tituta possessa do deménio ~ coisa que a propria Igreja apés 0 Concilio do Vaticano II j4 ndo sustenta. - De Passagem notamos que o assunto nao toca a fé, mas depende de um tipo de exegese biblica que durante séculos parecia correto, mas hoje em dia é posto de lado; a prostituta de Lc 7, 36-50 nao é a Madalena de Lc 8, 1-3; cf. PR 530/2006, pp. 341-345. 2. O “profeta” de Nazaré J. Arias cita sempre Jesus como profeta, e nada mais do que isto; ver pp. 49, 75, 77... Tera sido Séo Paulo que fez de Jesus Deus Filho: “Paulo, 4 frente do Cristianismo ortodoxo e oficial, converteu Jesus no Mestre prometido e esperado pelos judeus, canverteu-o em Deus eo nomeou segunda pessoa da Trindade” (p. 64). Dai 0 texto da p. 167: “Isto nada tiraria da dignidade do persona- gem, 0 mais importante da histéria, nem de seu carater divino — para os que créem que era Deus...”. Na verdade, em todo o decorrer do livro Jesus é sempre tratado como mero homem,... homem que pecou: ‘A igreja aceita que Jesus, como homem verdadeiro que era, co- meteu 0 pecado da ira contra os mercadores do fempio... insultou Herodes chamando-o ‘essa raposa’. Também aceita a Igreja que Jesus foi acusado de excessos na co- mida e na bebida... Aceita que nem sempre foi um fapaz exemplar com seus pais. Escapou no templo ¢ os fez sofrer... Também aceita que Jesus teve dtividas de fé no momento supremo da sua agonia, quando se quei- xa diante de seu Deus Pai de havé-lo abandonado” (p. 163). A bem da verdade, a Igreja nao reconhece pecado em Jesus; se Pecasse, Deus estaria pecando — 0 que é absurdo. Jesus assumiu as conseqiiéncias do pecado, n&o porém o pecado mesmo. Teve afetos or- denados e puros, embora expressos de maneira enérgica frente aos ven- dilhdes do templo. Alias, a p. 162 Arias cai em contradigao, afirmando que a Igreja sustenta que “Jesus foi um homem simples em tudo menos no pecado”, 436 “MADALENA, © ULTIMO TABU DO CRISTIANISMO” 3. Celibato e casamento Ha dois tipos de apécrifos: os cristéos e os gnésticos. Os apocrifos cristéos respeitam Jesus; atribuem-lhe o poder de fa- zer milagres desde a infancia muito imaginosamente, mas revelando es- tima pela figura humana de Jesus. Os apocrifos gnésticos 6 que descrevem Jesus amante de Maria Madalena’. E, pois, dessa fonte ndo crista que os criticos modernos dedu- zem o pratenso casamento de Jesus com Madalena. Esta tese, dizem, professada por cristéos gnésticos, mas abafada pela Igreja machista oficial. Ora nao se pode falar de cristéos gnésticos, pois entre Cristianis- mo e gnosticismo ha total incompatibilidade. A Gnose se opée ao Cristia- nismo por seu dualismo: a matéria seria ma e 0 espirito bom; o mundo material tera sido criado por um deus mau; 0 homem esta no corpo em conseqiiéncia de uma queda dos espiritos. Para liberta-lo da mateéria, tera vindo a terra um emissario do mundo espiritual, que havera ensina- do ao homem o conhecimento (gnose) que permite deixar este mundo material e voltar ao convivio dos espiritos. Por conseguinte “o Jesus casa- do” nasceu num bergo nao crist&o; jamais tal concepgao podera ter tido origem em ambiente cristéo tal como a Gnose a professa. E por que nao? Para o Cristianismo, o casamento é santo, mas ha um estado ainda mais excelente que é 0 celibato ou a vida una e indivisa. Com efeito, Jesus veio inaugurar o Reino de Deus na terra (ver Mc 1, 15); quem toma consci- €ncia disto, pode sentir-se chamado a dedicago total a esse Reino, que implica os valores definitivos ou 0 antegozo dos bens eternos. E 0 que Séo Paulo afirma em 1Cor 7, 38. E da cerleza de que um pouco de etemidade entrou no tempo, que os cristaos se inspiraram para abragar o celibato des- de as origens da pregacdo do Evangelho (em Corinto no ano de 56 devia haver quem se entregasse a vida una ou indivisa). O celibato é portanto uma expressao originaria da fé cristé e nado uma pratica de época tardia na histo- ria, Jesus parece corrobora-lo dizendo que apés esta vida terrestre 08 ho- mens seréo como os anjos no céu: nao se casardo. “Quando ressuscitarem, os homens e as mulheres nao se casarao, mas serao no céu como anjos de Deus" (Mt 22, 30). Ora Jesus, que veio anunciar o Reino de Deus na terra, devia ser 0 primeiro a abragar 0 celibato, dando assim o testemunho mais cabal da presenga do Reino, testemunho que n&o mutila nem diminui a pes- soa humana, mas, ao contrario, permite-lhe realizar faganhas herdicas como as realizou Jesus até sofrer soberanamente 0 martirio da sua Paixao. Em suma, a vida una ou indivisa é, conforme a tradigao crista, vida angélica, antecipagdo da vida celeste. O judaismo classico n&o podia pensar assim, porque esperava a vinda do Messias através da linhagem * Cf. PR 529/2006, pp. 290-294. 437 6 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 carnal, de modo que néo ter descendentes equivalia a ficar excluido dos antepassados do Messias. Ainda se pode notar que a arbitrariedade subjetiva de Arias vai tao longe que admite nao somente Jesus como esposo de Madalena, mas também Jesus como irmao gémeo de Tomé o Didimo (Gémeo) (ver p. 69). Alta imaginagao sem respaldo documentario! 4. As origens do Cristianismo Segundo Arias, “Jesus nado quis fundar uma Igreja, mas purificar a velha fé judaica... para converté-la em uma revelagdo universal” (p. 84). Os discipulos 6 que interpretaram diversamente o pensamento do Mestre, dando origem a varias modalidades de Cristianismo, entre as quais a feminista (com Maria Madalena a frente) e a machista, chefiada por Pedro e Paulo apéstolos. A principio essas modalidades disputavam entre si a hegemonia até que se impés a chamada “linha hierarquica”, “a que organizou a Igreja nascida da doutrina do profeta crucificado com uma ordem de poder concreto” (p. 57). Nessas modalidades tocava ds mulheres um papel de orientagdo muite relevante. Tal teoria é gratuita ou destituida de fundamento. O que a docu- mentagdo existente (os Evangelhos e as epistolas canénicas) refere, é que Jesus quis fundar “minha Igreja", que ele confiou a Pedro e seus sucessores (ver Mt 16, 16-19; Lc 22, 31s; Jo 21, 15-17; Mt 28, 18-20), Ao lado dessa Igreja fundada por Cristo, houve dissidéncias ou heresias, como era de esperar, heresias e cismas que nunca foram equiparados a Igreja hierarquica. Basta ler a literatura antiga (S. Inacio de Antioquia, S, lreneu, S. Cipriano, S. Justino...) para perceber a linha central que pro- cede de Jesus e passa pelos antigos cristéos retratados por tais autores; ha continuidade, que no se perde apesar de dissidéncias de ca ou de la. N&o se pode dizer que no Cristianismo antigo “as mulheres exerci- am fungdes das mesmas categorias dos homens como dirigentes de co- munidades, bispos, diaconisas etc... Paulo declarou que o profeta nao fazia disting&o entre vardo e mulher e entre livres e escravos” (p. 72). Na verdade, Sao Paulo afirma a mesma dignidade para o homeme a mulher, mas assinala fungées diferentes para homens e mulheres. A pregac&o na Igreja ficava reservada aos homens, conforme 1Cor 14, 34s e 1Tm 2, 10-15. Nao ha documentagao em contrario. 5. Mais dois pontos importantes 5.1. O Evangelho de Joao Segundo Arias, tal escrito sofreu influéncia gnéstica e poderia ser atribuido a Maria Madalena (p. 59). 438 “MADALENA, O ULTIMO TABU DO CRISTIANISMO” 7 Ora tal afirmagdo inclui uma contradigao: sim a Gnose é dualista, como vimos, ao passo que, conforme Sao Jodo, o Logos, que é Deus desde todo o sempre, se fez came e veio a este mundo material, assu- mindo todas as conseqiiéncias do pecado, em oposi¢ao nitida a todo dualismo. Foi assim que Deus tanto amou 0 mundo; ver Jo 1, 1-14 e 3, 14s. O que o quarto Evangelho tem de préprio é uma visdo mais profun- dae teolégica daquele mesmo Jesus apregoado pelos sinoticos; é o Evan- gelho mais tardio, resultante de longa meditagdo do evangelista com seus discipulos. 5.2. A ressurreigdo de Jesus Juan Arias refere a posigdo de tedlogos recentes que entendem a ressurreigéo em sentido espiritual ou como simbolo literdrio. E de notar que tais autores se afastam do proprio pensamento paulino, que afirma ser a ressurreigao corporal pedra de quina indispensavel da pregacado crista (ver 1Cor 15, 14.17). Jesus veio re-criar o homem, apresentando uma nova criatura que, sendo humana, consta de corpo e alma, corpo portador de um penhor de vitoria sobre o pecado ou de ressurreigao (cor- poral). 6. Falhas diversas O livro apresenta ainda outros pontos falhos, estes de menor im- portancia: 4) A p. 72: Tessalénica e Beréia nao sao mulheres como julga Arias, mas sdo cidades gregas. 2) A p. 153 I6-se: “Jesus nunca exigiu 0 sacrificio da sexualidade para ser seu discipulo”. - Ora eis 0 que diz Jesus conforme Le 18, 29: “Em verdade vos digo: néo ha quem tenha deixado casa, mulher, irmaos, pais ou filhos por causa do Reino de Deus sem que receba muito mais neste tempo e, no mundo futuro, a vida eterna”. Algo de semelhante ocorre em Le 14, 26: “Se alguém vem a mime nao odeia (ou néo ama menos pai e mae, mulher € filhos... nao pode ser meu discipulo”. O grifo é nosso. 3) A p. 165 esta escrito: “O galileu diz a Nicodemos... que tem de voltar ao seio de sua mae e nascer de novo”. — E precisamente esta afirmagao, proposta por Nicodemos, que Jesus rejeita (Jo 3, 4). 4) A p. 181 16-se: “Jesus tem que dizer a Madalena: Deixa ja de tocar-me”. — A tradugao do texto grego correta seria. “Nao me detenhas, vou para o Pai” (Jo 20, 17). 439 & PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 5) Eis os dizeres da p. 57: “A corrente crista que finalmente se im- pés decidiu, no século IV, que as centenas de Evangelhos escritos que circulavam na Igreja primitiva até entao... ficavam revogados em sua mai- oria... @ que somente quatro Evangelhos foram inspirados por Deus”. Quem assim escreve nado acompanhou a literatura crista anterior ao século lV, pois esta atesta a aceitagdo dos quatro Evangelhos canénicos desde os primeiros tempos. Seja citado um texto de Origenes (t 254), escritor alexandrino: “A Igreja tem quatro Evangelhos; a heresia, varios, entre os quais existe um Evangelho segundo os Egipcios, outro... segundo os Doze Apéstolos... Também Basilides (gnéstico) ousou escrever um Evangelho, a0 qual seu nome 6 como titulo... Conhego um Evangetho dito ‘segundo Tomé’ e outro dito ‘segundo Matias’, Li ainda outros varios” (sobre Lucas homilia 1, Migne grego 13, 1802). O texto de Origenes atras citado refuta a afirmagao feita por Juan Arias a p. 161 do seu livro. “O que nao se costuma dizer 6 que, durante varios séculos, quase até o século IV, e antes de a Igreja decidir que sé os quatro Evangefhos chamados canénicos eram os unicos inspirados por Deus, todos os de- mais Evangefhos gozavam da mesma autoridade e se apresentavam como intérpretes da tradigao oral das diferentes comunidades cristas”. Como se vé atras, Origenes distingue entre os quatro Evangelhos da Igreja e os das correntes heréticas, aos quais nao era atribuida a mes- ma autoridade. Os escritores crist&éos comentavam Mt, Mc, Lc e Jo, néo porém os Evangelhos gnésticos. 6) A p. 65 esta dito que “S40 Pacémio foi o primeiro eremita da historia do Cristianismo”. — Na verdade, o primeiro eremita foi Santo Antao (t 356); S80 Pacémio (+ 346) foi o primeiro legislador da vida cenobituca (comunitaria). Passemos a uma 7. Reflexdo final Juan Arias entrega ao publico uma coletanea de afirmagées gratui- tas, de carater n&o cientifico, e sim preconceituosas e sensacionalistas, que, se fossem levadas a sério, destruiriam o Cristianismo, pois negam o amago da mensagem crista ou a encarnagao do Verbo reduzido a quali- dade de “profeta de Nazaré”. E movido pela obsess4o da novidade, que © leva a tudo contestar como faria (em linguagem popular) um macaco em casa de lougas. 440 Ecumenismo: METODISTAS ADEREM A DECLARAGAO CATOLICO-LUTERANA Em sintese: Aos 23/07/06 o Consetho Metodista Mundial assinou a Declaragéo Catdlico-luterana de 1999 sobre a justificagdo: ninguém é feito justo ou amigo de Deus porque o tenha merecido, mas sim por graga de Deus. Isto nao quer dizer que a salvagao seja obtida somente pela fé, pois salvagao implica perseverar na justi¢a ou amizade de Deus até o fim da vida - 0 que exige boas obras, como afirma Sao Tiago (2, 14-26). Via internet PR recebeu a seguinte noticia: Catdlicos, Luteranos e Metodistas fazem historia no ecumenismo O dia 23 de Julho fica na hist6ria do ecumenismo: o Conselho Metodista Mundial aderiu & Declaragéo conjunta Catdlico-Luterana sobre a doutrina da Justificagao, de 1998 . George H. Freeman, secretario-ge- ral do Conselho Metodista Mundial, afirmou na ocasido que se estava a pisar “um novo territério”, abrindo as portas para “o futuro das relagdes ecuménicas”. O presidente do Conselho Pontificio para a promogéo da unidade dos cristaos, Cardeal Walter Kasper, e 0 secretério-geral da Fe- dera¢ao Luterana Mundial, Ismael Noko, marcaram presenga no ato, que teve lugar na Coréia do Sul. Os seguidores de Wesley, reunidos na sua 19% Conferéncia Mundial, assinalarem o momento com uma ovacao de pé. O Cardeal Kasper disse que esta assinatura representa “um dos maiores feitos do didlogo ecuménico” e citou Bento XVI para falar deste acordo entre as Igrejas como “uma plena e visivel unidade na fé”. A Declaragao conjunta é o resultado de décadas de didlogo e é, para o membro da Caria Romana, “um dom de Deus’. Samuel Kobia, secretario-geral do Conselho ecuménico das Igre- jas e pastor metodista, sublinhou que este acontecimento é “um passo gigante para superar as divisdes entre os cristaos”. © Conselho Metodista Mundial agrupa Igrejas metodistas de 132 paises, com um total de 75 milhées de fiéis, aproximadamente. A Declaragao visa a colocar um ponto final numa polémica com varios séculos relativamente a “salvagao"', conceito fundamental da fé ' Nao se trata de salvagdo, mas de justificagao. Conceitos diferentes como é dito em nossa OBSERVAGAO (N.d.R.). Ver PR 437/2998, pp. 470ss. 444 10 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 cristé. No século XVI, a interpretagao e aplicagao contrastantes da men- sagem biblica da justificagao constituiram uma das causas principais da divisdo da Igreja ocidental, o que também se expressou em condena- ges doutrinais. O magistério da Igreja Catélica, confirmado no Concilio de Trento, coloca duas condigées a salvagdo humana: a graga divina e as boas obras. Lutero ensinava que sé a graca divina era necessaria. Todas as partes confessam agora que “somente por graca, na fé na obra salvifica de Cristo, e ndo por causa de nosso mérito, somos acsi- tes por Deus e recebemos 0 Espirito Santo, que nos renova os coragées @ nos capacita e chama para boas obras”. OBSERVAGAO © Acordo Catdlico-luterano-metodista versa sobre a justificagao, ou seja, sobre a maneira como alguém se tora justo ou amigo de Deus. Isto se faz gratuitamente, sem que alguém o possa merecer; 0 fiel justifi- cado apresenta a Deus sua fé no valioso dom da gra¢a. Outra coisa é a salvagao. Esta implica que 0 fiel persevere na gra- Ga recebida gratuitamente até o fim da vida. Ora esta perseveranga nao ocorre sem que 0 fiel pratique boas obras, como afirma o Apdstolo Sao Tiago. No didlogo ecuménico falta esclarecer esta segunda parte da ques- tao ou 0 papel das boas obras na salvagao dos fi¢is. Esta claro que estas 6 podem ser produzidas por graca de Deus, mas sao indispensaveis para que alguém ndo caia numa fé morta ou hipécrita. Justificagao ainda nao é salvacao, mas € 0 inicio de uma caminha- da que, rica de boas obras, se dirige a salvagao definitiva. Com 0s anglicanos existe um Acordo Catdlico-anglicano sobre Ma- tia SSma., que se encontra sintetizado em PR. (Continuagao da p. 480) porque é um mal menor do que o antigo padroado, quando o Rei ajuda- va, mas se arrogava 0 direito de nomear os Bispos, exigindo que tapas- sem a boca dos padres, para que nao protestassem contra a escravatu- ra, 0 massacre dos Indios, as roubalheiras dos politicos. & injusto que o Estado doe terreno para obras de lazer e nao para construir igrejas e salas de catecismo. Mas, se desde um século temos aqui Bispos de grande valor e desde quinhentos anos no Vaticano se sucedem Papas maravi- lhosos, é porque a igreja ganhou a liberdade de escolher os melhores, sem a interferéncia dos politicos. A liberdade para a Igreja nao tem pre- go!” - O homem entendeu e achau justo que 0 povo ajude a sustenta-la! Ao Pe. Pio a gratidao de PR! Estévao Bettencourt 0.S.B. 442 Grande questao: VIDA EM OUTROS PLANETAS? Em sintese: O Prof. Joaquim Blessmann esté para publicar um livro que mostra, com argumentos cientificos, néo haver condigdes para a existéncia de vida (como nds a entendemos) fora da Terra. Mais: a vida em nosso planeta requer tantos elementos combinados entre si que se toma evidente a sua origem num ato criador de Deus. O acaso néo é suficiente para explicar 0 complexo aparato da vida. O Prof. Joaquim Blessmann ja é conhecido aos leitores de PR por seu artigo intitulado “Somos os Unicos no Universo?”; ver PR 491/2003, pp. 482ss. O mesmo autor desenvolve a resposta positiva a tal pergunta num livro que tera o mesmo titulo. Estuda cientificamente as condigdes indis- pensaveis para que possa existir vida (como nés a entendemos) e con- clui ser impossivel a vida fora da Terra. O livro explana a tematica tao amplamente quanto possivel aos olhos da ciéncia contemporanea; per- corre as galaxias, verificando que algumas nao sao habitaveis, outras sao habitaveis em faixas adequadas para sustentar a vida; menciona a influéncia da lua e de outros corpos celestes sobre a Terra, contribuindo para tomar nosso planeta hospedeiro para a vida; refere ainda 0 ajuste nas particulas subatémicas e na formagao de elementos dos quais de- pende a vida... e conclui que a simultaneidade ou 0 encadeamento de todos esses fatores é algo que goza de muito pouca probabilidade no universo (feito o calculo das probabilidades), donde se segue que, a quanto parece, estamos sés no universo. E registra que a realidade do nosso planeta assim como a de todo 0 universo nAo pode ser fruto do acaso, mas requer a agdo de uma Causa Suprema Inteligente e Poderosa ca- paz de explicar o que vemos. Do livro assim estruturado, publicamos, a seguir, com a autoriza- gao do escritor, interessante trecho relativo a probabilidade do acaso como explicagao do universo. PROBABILIDADE E VIDA Ja apresentamos alguns calculos probabilisticos que mostram a impossibilidade de surgimento dos muito complexos compostos quimi- cos necessarios para o surgimento da vida por um processo aleatério, de tentativas e erros. E isto nado conduziria aquele misterioso e até agora 443 12 . _PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 inexplicavel sopro de vida, que distingue de uma maneira fundamental entre a vida e€ um conjunto de elementos quimicos, inanimados. O leitor que nos perdoe, mas nao resistimos a tentacgao de apre- sentar mais um destes calculos probabilisticos, por meio do qual Schroeder refuta a famosa (e errada) afirmagao de Hawking sobre os macacos e a obra de Shakespeare, mas passemos a palavra a Schroeder [1990, p. 215]: Nosso alfabeto tem 26 letras. Ou seja, é um sistema de base 26. Portanto, a cada letra adicional, a probabilidade de se escolher uma de- terminada letra diminui por um fator de 26. A chance de se escolher uma letra — B, por exemplo — dentre todas as letras do alfabeto 6 de uma em 26. A chance de se formar aleatoriamente uma determinada palavra de duas letras é 26x26 (em notagao cientifica, 267), ou seja, 676. Com uma palavra de trés letras, a chance é uma em 26° (uma em 17.576). Examinemos agora a hipdtese tao mencionada de macacos datilo- grafando aleatoriamente em maquinas de escrever. Ao referir-se A pro- babilidade do acaso ter formado a nds e a nosso universo, Stephen Hawking, em Uma breve historia do tempo, diz: “E um pouco como aque- les bandos de macacos martelando em maquinas de escrever — a maior parte do que escrevem sera lixo, mas muito ocasionalmente, por puro acaso, eles irao datilografar um dos sonetos de Shakespeare”. Calcule- mos quao ocasionalmente é este “muito ocasionalmente” em que um soneto de Shakespeare sera escrito. Schroeder faz o calculo probabilistico para um soneto de Shakespeare com 488 letras [Schroeder, 1990, p. 216): Ha 488 letras no soneto, desprezando-se os espagos entre as pa- lavras, a probabilidade de se datilografar por acaso as 488 letras e pro- duzir este soneto é uma em 26“. Usando 0 sistema decimal de base 10 mais conhecido, a probabilidade 6 uma em 10%, Trata-se do numero 1 seguido de 690 zeros! A enormidade de escala deste numero pode ser percebida se considerarmos que desde 0 Big Bang, ha quinze bilhdes de anos, sO se passaram 10" segundos. Schroeder, em conclusado de seus calculos, observa que “o acaso nao pode ter produzido a vida. Simplesmente n&o houve tempo suficien- te para que isso acontecesse por acaso”. Na realidade, se 0 Universo comegou a 15 bilhdes de anos, até agora passaram-se “apenas” 5x10” segundos, isto é, a metade do valor indicado por Schroeder. Ultimamen- te apareceram estudos que tornaram mais jovem nosso universo: ele teria “apenas” 13,5 bilhdes de anos. E, para terminar com esta apresentagao de estudos probabilisticos, vejamos o que apresenta Davies [2000, p. 106]: 4d VIDA EM OUTROS PLANETAS? 13 Ha uma razo mais fundamental para que a automontagem aleato- ria de proteinas parega um fracasso. Nao tem a ver com a formagaéo das ligagdes quimicas em si, mas com a ordem particular em que os aminoacidos se unem. As proteinas [...] sao seqiiéncias muito especifi- cas de aminoacidos que tém propriedades quimicas especializadas ne- cessarias a vida. Entretanto, o numero de permutagées alternativas pos- siveis para uma mistura de aminoacidos é superastronémico. Uma pe- quena proteina pode tipicamente conter cem aminoacidos de vinte varie- dades. Ha cerca de 10" (0 que significa 1 seguido por 130 zeros) arran- jos diferentes de aminodcidos numa molécula desse comprimento. Acer- tar no arranjo correto por acaso nao seria pouca coisa. E, mais adiante, continua Davies [2000, p. 110] a apresentar calcu- los probabilisticos: Na parte anterior deste capitulo, apresentei a fantastica improba- bilidade de formag&o de uma proteina por acaso a partir do embara- lhamento aleatério dos aminoacidos na seqiiéncia correta. E tratava-se de uma Unica proteina. A vida como a conhecemos requer centenas de milhares de proteinas especialistas, sem falar dos acidos nucléicos. As chances de produzir apenas as proteinas por puro acaso estao em torno de uma em 10%, Isso é 1 seguido por 40 mil zeros, o que ocuparia um capitulo inteiro deste livro, se eu quisesse escrever o ntimero por exten- so. [...] Numa observacao famosa, o astrénomo britanico Fred Hoyle com- parou as chances da montagem esponténea da vida a um redemoinho que 'varresse um patio de ferro velho e produzisse um Boeing 747 funci- onando perfeitamente. Lembramos que, em fenédmenos aleatérios, uma probabilidade bai- xa, a partir de 1 parte de 10®, ja é considerada como uma impossibilidade. Cifuentes (2001, p. 45], apropriadamente, chama a ateng&o para 0 erro de se reduzir tudo a calculos numéricos, a se julgar que tudo seja possivel em uma sucess&o quase infinita de anos: N&o reparam, porém, que se esta permitindo, com tal proposigao, um salto ilégico da ordem quantitativa 4 qualitativa. Que importa que se tenha demorado trés ou vinte anos para pintar a Capela Sixtina? O real- mente importante é a obra feita, independente do tempo. O admiravel éa concep¢ao imponente de Miguel Angelo. A qualidade do inteligente foge do acaso, da repetigao puramente quantitativa de oportunidades irracio- nais. Que importa que 0 Universo tenha sido criado em um instante ou se tenha criado numa evolugdo constante durante bilhdes de anos? Tal ques- tao — um mais ou um menos — é puramente quantitativa. Nao é relevan- te. O que é deveras significativo 6 que nao se pode explicar a genialidade harmoniosa do Universo sem a concepgao de um génio: 0 inteligente é& sempre surpreendente, irredutivel ao acaso [...]. 445 14 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 Se volvéssemos e revolvéssemos as letras do abecedario em mol- des de imprensa, numa sucessdo quase infinita de tentativas, conseguir- se-ia alguma vez que estas se tornassem algo novo e original a seme- thanga da Divina Comédia de Dante? Nao seria isto nao ja improvavel sendo impossivel? Por que a lei das probabilidades ndo pode jamais secundar as variantes do movimento livre da inspiragao. N&o poderia- mos porventura verificar igualmente a impossibilidade de que os elemen- tos quimicos, muito mais complexos do que as letras, venham a produzir, assim, por um acaso inconsciente e mecanico, a intima perfeigdo e bele- za do cosmos, que supera a qualquer monumento poético? Parece-nos que Cifuentes foi ao 4mago do problema. Nao seriam necessérios calculos probabilisticos para demonstrar a impossibilidade do surgimento por acaso do Universo e dos compostos quimicos neces- sarios para a vida (e no a vida em si). A matematica 6 desnecessaria, e a rigor, inaplicavel ao caso, pois nao estamos mais no dominio da quan- tidade, mas sim no da qualidade, que trata da inspiragdo, da concepgéo de um génio, do Criador de tudo o que existe. As leis da natureza nao explicam o que, na realidade, formou, deu origem ao Universo, a partir do nada. O que se tem sdo teorias (7), hipd- teses e conjecturas sobre como ele evoluiu. E também nao ha explica- Gao alguma para o fendmeno mais importante: o surgimento da vida. O SER HUMANO Um ponto de muita discuss&o é 0 que se refere a possuir o homem uma natureza que difere em esséncia ou apenas em grau dos animais. Charles Darwin afirmava que também do ponto de vista das faculdades intelectuais nao ha diferenga fundamental entre o homem e os mamife- ros superiores. Ainda existem defensores deste ponto de vista, mas a maioria dos estudiosos reconhece que entre eles existe uma diferenca basica, essencial. Como comenta Artigas [2005, p. 384]: Sem duvida, existe uma continuidade entre o homem e os demais animais. Mas, mesmo se admitirmos que 0 organismo humano provenha de outros organismos através da evolugéo, as caracteristicas especifi- camente humanas continuam sendo reais: basta pensar no conhecimento intelectual, na capacidade de auto-reflexdo, na capacidade de argumentar, no sentido da evidéncia e da verdade, na liberdade, nos valores éticos. Artigas mostra o contra-senso de querer provar pela ciéncia que nao existe esta diferenga essencial entre o homem e os demais animais [Artigas, 2005, p. 384-5): Aciéncia, em cujo nome as vezes se quer apagar a diferenga es- sencial entre o homem e os demais animais, é uma das provas mais 446 VIDA EM OUTROS PLANETAS? 15 claras de que tal diferenga existe, j4 que a ciéncia s6 6 possivel porque o homem possui uma capacidade tedrica e argumentativa que nao se en- contra em outros seres vivos. Estas caracteristicas proprias e exclusivas do homem transcen- dem as caracteristicas materiais, e constituem sua espiritualidade. Nao podem provir da matéria, pois elas transcendem o material, 0 mundo fisico. Nao estamos mais no dominio da Fisica, mas sim no da Metafisica: deve haver a intervengao de um ser superior, Deus, que cria a alma hu- mana, individualmente. Um argumento nada cientifico, diréo alguns. Exatamente: nao 6 nem pode ser com argumentos cientificos que vamos provar algo que esteja fora de seus dominios, que nao é mensuravel nem pode ser sub- metido a experimentos. Esta afirmagdo ndo se opde em nada as leis naturais nem ao espi- rito cientifico; simplesmente se afirma que, juntamente com as dimen- sdes que podem ser estudadas pela ciéncia experimental, existem ou- tras (as espirituais) que, por transcender o Ambito natural, também trans- cendem o ambito das ciéncias. Mas so dimensGes reais, que devem ser admitidas para explicar os dados da experiéncia e a existéncia da ciéncia [Artigas, 2005, p. 385). Mas de onde provém o ser humano? Segundo parece, 0 Australopithecus (4 milhdes de anos atras) e outros que the sucederam, tais como 0 Homo habilis, o Homo erectus e 0 proprio Homo sapiens (aparecido ha cerca de 130 mil anos), nao fazem parte da humanidade. O homem atual teria aparecido, segundo alguns, ha cerca de 30 mil anos. Mas na realidade nao ha consenso sobre qual foi o primeiro ser verdadeiramente humano e quando ele surgiu. Mas teria sido quando, por uma mutagao genética conveniente, chegou-se a um ser que estava em condigdes de receber o espirito humano (a alma — aqui entramos na concepgao crista), que entao the foi insuflado por Deus. Este, ao criar 0 Universo deu-Ihe toda a potencialidade para seu desenvolvimento, até chegar a um ser que passou a ser humano quando the foi insuflada a alma. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ARTIGAS, Mariano. Filosofia da natureza. Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciéncia “Raimundo Lulio", Séo Paulo, 2005. BETTENCOURT, Estévao. Que hé depois da morte? in: Pergunte e Res- ponderemos, Rio de Janeiro, n° 353, outubro 1991. . Uma nova luz na viagem do homem. in: Pergunte e Respon- deremos, Rio de Janeiro, n° 393, fevereiro 1995. 447 16 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 . Deus na Ciéncia. in: Pergunte e Responderemos, Rio de Janeiro, n° 496, outubro 2003. CIFUENTES, Rafael Llano. Deus e 0 sentido da vida. Rio de Janeiro, 2001. DAVIES, Paul. O quinto milagre. Companhia das Letras, So Paulo, 2000. JOAO PAULO II. Fides et Ratio. Carta Enciclica, Paulinas, Sdo Paulo, 1998. SCHROEDER, Gerald L. O Génesis e 0 Big Bang. Editora Cultrix, Sdo Paulo, 1990. . The science of God. Broadway Books, New York, 1998. . The hidden face of God. Touchstone Book, New York, 2002. Nao é preciso dizer Adeus, por Allison DuBois. — Ed. Sextante, Rio de Janeiro 2006, 154 pp. 0 livro traz o subtitulo “A historia real que inspirou a série de TV médium", série exibida no Brasil pelo canal Sony. A autora é allamente sensitiva; diz ter a capacidade de se camunicar com os mortos, prever acontecimentos e localizar pessoas desaparecidas; tornou-se uma gran- de aliada da Policia norte-americana, na Freconstituigéo de crimes, tra- gando perfis de assassinos e localizando corpos. Todavia, ao contrério de muitos espiritas, 6 pouco religiosa. Diz ela: “Achava a igreja chata, minha mae me obrigava a ir com ela aos domingos, e eu me indignava. Preferia convesar com os céus pessoalmente, quando estava sozinha. Eu me sentia bastante conectada a uma forga superior e era sensivel aos sentimentos dos outros em relagao a isso” (p. 15). Referindo-se ao enter- 10 de seu pai, relata: “Olhei para o vitral no teto da igreja e mais uma vez briguei com Deus. Como péde levd-lo num momento em que eu estava longe? Isto é injusto!”. Eis uma de suas experiéncias muito significativas: “Enquanto Gary falava, vi um espirito masculino ao seu lado... O espirito masculino pegou uma chave inglesa e comegou a bater de leve na cabe- ga de Gary; disse-Ine eu: ‘Gary, ha um homem com vocé que 6 seu tio ou tio-av6... esté batento de leve na sua cabega de brincadeira” {p. 138). Quem ié tal livro, ndo pode deixar de ficar estupefato por averiguar quanto o publico espirita desconhece as conclusées da Parapsicologia. Esta evidencia que Allison DuBois é vitima de profunda itusao, atribuindo a0 além fendmenos que ndo séo mais do que projegdes do seu inconsci- ente. E pessoa dotada de um psiquismo paranormal (mais ampto do que 9 normal), n&o porém anormal, pessoa que se ilude julgando estar con- versando com os falecidos; as facuidaes extra-sensoriais, a pré-monigao, a clarividéncia e outros dons naturais explicam a fenomenologia que Allison descreve. Todavia tudo o que se refere ao além atrai o publico, de modo que, se alguém afirma ter contato com o além, encontra sempre quem ihe dé facil crédito, o que é suficiente para que a TV explore o assunto. - Ademais néo existe espirito masculino nem corporeo. 448 A onda erética: FUTEBOL E CIDADE-SEXO Em sintese: O projeto da Cidade-Sexo para o Rio de Janeiro tem seu paralelo na construgdo ou reforma de prostibulos destinados ao pu- blico que afluiu @ Alemanha por ocasido da Copa do Mundo. O Governo alemo legatizou em 2002 a prostituigéo de modo que a proporcionou a jogadores e torcedores da Copa do Mundo. Os pormenores s&o apresen- tados nas paginas que se seguem. A onda de erotismo contemporaneo tomou novas facetas recente- mente. Tenham-se em vista 0 projeto da Cidade-Sexo do Rio de Janeiro ea oferta de prostibulos por ocasiéo da Copa do Mundo. 1, Cidade-Sexo A imprensa noticiou o feito de um jovem estudante de Arquitetura que apresentou ao Prefeito César Maia 0 projeto de construgao de am- plas e cémodas instalagées para sexo livre em Copacabana ou, confor- me 0 Prefeito, na zona portuaria do Rio de Janeiro. Os leitores de jornais emitiram opiniao a respeito, sendo que alguns ressaltaram haver neces- sidades mais urgentes no momento; os hospitais e as escolas do munici- pio estao precisando de renovacao urgente, que nao permite desvio de verba para outra finalidade. Na mesma linha de erotismo se encontra a noticia transmitida pelo jornal O GLOBO, edi¢ao de 7/7/06, cad. B, p. 3: CHEGA DE FUTEBOL! AGorA E SEXO! Artistas usam paredes de hotel da Praga Tiradentes como galeria de mostra erotica. Depois de fazer um ensaio com a prostituta Jane Loy, no Hotel Nicério, o fotégrafo Beto Roma e a produtora Rachel Balassiano decidi- ram criar o projeto Sex-Arte. Eles convidaram artistas. plasticos, designers, grafiteiros e estilistas para pintar imagens eréticas e dar cor as paredes dos 12 quartos usados como motel-express pelas prostitutas da Praga Tiradentes. “Ja que aqui elas vivem relagGes tao efémeras, resolvemos inserir algo que é constante. E um hotel de alta rotatividade, elas fazem programa de meia em meia hora”, explica Rachel. Amanha, as 15h, eles se retinem no Nicério para a festa de langamento do projeto. 44g 18 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 A procura do baixo prazer foi mais notéria ainda por ocasiao da Copa do Mundo em junho-jutho 2006. 2. Na Copa do Mundo A imprensa nacional e a internacional deram noticia de fatos im- pressionantes altamente validos ao lado de eventos sombrios decorren- tes da fraqueza humana. Eis o que a propésito noticia o jornal francés UHOMME NOUVEAU, edic¢do de 10 de junho, sob 0 titulo “A vitéria dos Proxenetas” e “O inferno de decoragao": Na Alemanha a exploragao do corpo humano nao é considerada uma forma de escravizagdo, mas uma profissdo legalizada em 2002. A industria do sexo ergueu gigantescos complexos para a prostituigao em previsdéo do grande surto comercial que ocorreria durante a Copa do Mundo. Com efeito; foram reformados ou mesmo construidos alguns Eros- Center assim como “cabanas do sexo” semelhantes a retiradas, chama- das “cabines de prestagdo". Havia dezenas desses cubiculos construidos em Zonas clausuradas do tamanho de um campo de futebol e dotadas de todo 0 conforto possivel: preservativos, duchas, estacionamento, postos, € disposigao dos clientes, ficando ciosamente guardado o anonimato dos patrocinadores. Em Berlim ha o Eros-Center dito “Artemis’ (nome da deusa paga da fertitidade), para o qual eram convidados os cidaddos a saida do me- tré, por um homem que trombeteava o seguinte: “Visitem o mais belo Eros-Center da Europa: 3.500m? e 140 quar- tos a dois passos do estadio olimpico! Oferta excepcional: 55 Euros em vez de 70 para aproveitar todo o equipamento da Artemis até cinco horas da madrugada! Apenas 60 Euros para beneficiar-se de todos os carinho- Sos cuidados de nossas hospedeiras”. Na Artemis tudo estava pronto para acolher os clientes da Copa do Mundo: jogadores e torcedores. Salas e quartos eram agradaveis, higié- nicos e “familiares”, mas na verdade tornavam-se auténticos carceres cujas vitimas eram enclausuradas pelos proxenetas ou exploradores do sexo. O advogado de tal empreendimento, o dr. Norman Jacob, justifica- va a Causa afirmando “O esporte e 0 sexo caminham de maos dadas”. Como jurista, Norman Jacob trata 0 trafico de seres humanos como um servigo comercial qualquer. Desde janeiro 2006 a Artemis recebia diari- amente 200 clientes atendidos por 60 “damas"; esperava-se que tal nume- ro fosse amplamente acrescido por ocasido da Copa do Mundo, de modo a se poder dizer que esta resultou nao sé na vitéria de determinada sele- ¢4o, mas também na vitéria dos proxenetas. Para satisfazer as exigéncias da Copa, foram reforgadas as instalagdes da Artemis, que assim péde * O proxeneta 6 0 explorador da prostituigao (N.d.R.) 450 FUTEBOL E CIDADE-SEXO 19 oferecer sala de ginastica, sauna, bar com bebidas nao alcoolizadas ofe- recidas gratuitamente, peep-show, cinema pomé, quadros adequados, uma caixa de Kleenex e um detergente de odor forte... tudo enfim para sugerir prostituigao livre, bela e higiénica. Os clientes so convidados a deixar suas vestes num compartimento préprio, tomar uma ducha (esta obrigatéria) e circular de roupo sobre a pele. As pessoas deficientes podem beneficiar-se de instalagées correspondentes. A contabilidade é posta a disposi¢ao dos curiosos, aos quais porém é ocultado o nome do proprietario de tal complexo; fala-se de um financiador “turco”. Alegalizacdo da prostituigao sugere a idéia de que se trata de um elemento legitimo da economia nacional. Considera-se que dar uma mulher em aluguel é um servigo como outro qualquer, quando na verda- de é a destruigéo do ser humano. Embora a ONU tenha considerado a prostituigao como uma forma de escravatura, o poder do dinheiro ou do lucro facil é gordo, fala mais forte e enverniza o direito aparente de se dispor do corpo da mulher para satisfazer a sede de prazer do homem. Na verdade o proxenetismo realiza o dominio escravizador da mulher. Bem o experimentam as jovens ucranianas, eslavas e africanas, sujeitas a tais patr6es. Os clientes pagam aluguel e por isto tém o direito de exigir © que mais thes agrade da parte das “meninas” e, quando um deles se queixa ao patrao, as mulheres sdo sujeitas a vexames, espancamento e prisdo, de maneira que se submetem aos caprichos dos seus explorado- res. Ainda é melhor trabalhar dentro do prostibulo do que ser rejeitada e deixada na rua, onde se prostituirao em termos ainda mais indignos e cruéis. Em suma, a mulher é assim levada a experiéncias infernais que ferem profundamente a sua personalidade. Entregam-se ao proxeneta que as vai buscar em terras distantes, prometendo-lhes as melhores con- digdes de vida, enganando a sua simplicidade e boa fé. Depois de che- gar ao prostibulo, ddo-se conta do horrivel logro, mas ndo tém como escapar; ainda é melhor o carcere do Eros-Center do que o incerto da rua... Uma prostituta pode dar tanto lucro ao patrao quanto 0 trafico de drogas. Vé-se com dificuldade como remediar a este mal. A Policia é inefi- caz ou mesmo abusa das mulheres. O poder dos proxenetas e 0 dinheiro arrecadado é grossa quantia. Diz sabiamente o fildsofo francés Blaise Pascal (t 1667): “Se nao é possivel conseguir que 0 justo seja forte, ocorre que 0 forte se torna justo”. Ainda na Alemanha, em Colénia, ha um Eros-Center, ainda mais imponente do que Artemis; 6 o Pacha’, antigo edificio reformado para atender 4 Copa do Mundo. Um imenso antincio publicitario cobre os muros do prédio, apresentando uma jovem mulher seminua sobre um fundo de ' Paché designa um chefe arabe. 451 20 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 bolas de futebol e de bandeiras dos paises participantes da Copa. O slogan esportivo soa “O mundo convida a visitar as amigas”. O alarde é assim assegurado, para a grande satisfagao dos proprietarios. A linguagem des- se bordel de dez andares é a de um convivio simpatico: fala de “pensionis- tas", também chamadas “filhas”, e de ambiente “familiar”. Todavia por tras desse linguajar se esconde a realidade: seres humanos explorados com capa “festiva” a fim de tranqiiilizar as consciéncias dos menos cinicos. Esse Eros-Center aluga quartos por um dia, por uma semana ou por um ano, cobrando o prego médio de 140 Euros por dia. As mulheres ai residentes é que alugam as acomodagGes em seu nome préprio para parecer que sao livres e espontaneas no caso. Dia e noite tais mulheres sao obrigadas a permanecer a disposig&o. O site internet do bordel Pacha permite alugar as mulheres de acordo com as preferéncias sexuais dos interessados, como se encomenda uma pizza, pois "ser tratado com um Pacha é coisa boa”, diz o slogan “familiar”. Nos corredores, as meninas ficam em trajes meno- res diante do respectivo quarto, 4 espera do bel-prazer do consumidor. E comum no Pacha o trafico de drogas assim como a corrup¢ao; os clientes pagam em espécie monetaria, e néo em cheque, para nao serem reconhecidos; 0 dinheiro recebido é lavado no estrangeiro, quan- do convém. 3. Avaliando Nao é preciso dissertar longamente para mostrar quanto é indigno o comércio com o corpo da mulher, ludibriada e mantida em regime de es- cravidéo no prostibulo; esta 6 melhor do que a prostituigdo de rua, a qual ela seria langada, caso nao satisfizesse ao patrao ou aos clientes. Na rua estaria totalmente desabrigada. No bordel tem o teto garantido assim como magra quantia de remuneragao. Tal 6 a escravidao reinante no século XXI. NAO ME MOVE, MEU DEUS, PARA QUERER-TE O CEU QUE DE T! TENHO PROMETIDO NEM ME MOVE 0 INFERNO TAO TEMIDO PARA DEIXAR POR ISSO DE OFENDER-TE. ‘TU ME MOVES, SENHOR, MOVE-ME O VER-TE CRAVADO NESSA CRUZ E ESCARNECIDO. MOVE-ME NO TEU CORPO TAO FERIDO VER O SUOR DE AGONIA QUE ELE VERTE. MOVES-ME AO TEU AMOR DE TAL MANEIRA QUE A NAO HAVER CEU AINDA TE AMARA E ANAO HAVER INFERNO TE TEMERA. _ NADA ME TENS QUE DAR POR QUE TE QUEIRA: QUE SE 0 MESMO QUE OUSO ESPERAR NAO ESPERARA O MESMO QUE QUERO TE QUISERA. (Santa Tereza de Jesus) 452 Quem és tu? ALMA HUMANA = MATERIA QUE TOMOU CONSCIENCIA DE SI? Em sintese: A antropologia de autores modernos nega a distingdo de corpo e alma humana, de modo que, quando alguém morre, morre todo e, para que nado haja hiato na existéncia desse aiguém, professa a ressurreicao logo apés a morte. - Ora tal teoria é contraditada tanto pela filosofia quanto pela fé; esta afirma a ressurreigéo no fim dos tempos (1Cor 15, 23; 1Ts 4, 17; 2Cor 5, 1-5). A morte néo é a extingao do ser humano, mas é a separagdo de corpo e alma; a alma, imortal por sua natureza, aguarda no além a re-uniao @ matéria. Esta sempre em foco a questao antropolégica: quantos elementos constituem o ser humano? — A resposta classica propde corpo material e alma espiritual como componentes de um todo unitario. Outra corrente admite corpo, alma e espirito, enquanto mais recentemente se diz que nao ha distingdo entre corpo e alma. E a esta Ultima sentenga que dedi- caremos as paginas subseqiientes. 4. 0 problema Na “Revista de Espiritualidade Inaciana”, junho de 2006, pp. 13s, 0 Pe. Joao Batista Libanio expe a nova antropologia nos seguintes termos: “Quadro da unidade radical indissociavel entre corpo e alma A mudanga veio por influéncia das ciéncias naturais e da filosofia moderna. A concepg&o evolucionista e o avango da microbiologia diminu- fram o limiar entre matéria e esptrito, entre corpo e alma, tanto no proces- so evolutivo quanto na realidade de cada ser. A unidade é pensada de tal modo que néo se entende como se podem separar corpo e alma na mor- te, j4 que a alma 6 a matéria que tomou consciéncia de si e a matéria é a alma ‘congelada’. Morre-se todo ou se volta ao nada ou Deus ressuscita imediatamente 0 todo”. Interessa-nos analisar mais atentamente tais nogdes de corpo e alma. 2. Alma humana: nova nogao A alma humana seria matéria que tomou consciéncia de si... 453 22 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 Imaginemos a matéria “rocha”. Pode ela chegar a ter consciéncia de si pelo processo evolutivo? Esta nas potencialidades da rocha “obter consciéncia de si mesma”? — Para responder, digamos o que é “ter cons- ciéncia de si mesmo”: é emergir acima de si mesmo e considerar-se como objeto do conhecimento; assim “escrevo e tomo consciéncia de que es- tou escrevendo”, Essa tomada de consciéncia leva a refletir, raciocinar, progredir no saber... coisas que ultrapassam as potencialidades da ma- téria. Esta 6 sempre confinada ao “aqui e agora”, incapaz de conceber nogées universais, incapaz de falar algum idioma, incapaz de evoluir na sua “civilizagao". Na verdade, o pensar ndo é produto de reagdes fisicas @ quimicas; caso 0 fosse, poder-se-ia um dia produzir matéria pensante em laboratério. As citadas operagdes supdem haver dentro da matéria um principio vital capaz de transcender as dimensGes do concreto “aqui € agora’, ou seja, um principio vital imaterial ou espiritual. Destas ponderagies se segue que 0 corpo humano sé pode ser sujeito que reflete sobre si mesmo, se ele é penetrado por um principio vital (alma intelectiva) que transcende o singular € concreto objeto dos sentidos (visao, audi¢ao, tato...). 3. Corpo humano = alma “‘congelada” “Alma congelada’” é expresso metaférica. Que significa essa locu- ¢40? Parece ser um conjunto de palavras que nao se podem concretizar. As ciéncias empiricas tém evoluido mostrando que a matéria, den- sa como é, consta, em ultima analise, de particulas at6micas ¢ subatémicas, que guardam certa distancia (minima) entre si. Tal estrutu- ra no deixa de ser material. A ciéncia, por mais avangada que seja, nao atinge a nog&o de espirito, de modo que ndo se pode dizer que a ciéncia moderna aproximou entre si matéria e espirito ou diminui a distancia en- tre um e outro desses elementos. A distingdo entre matéria e espirito 6 tema de filosofia e néo pode ser anulada pelo progresso das ciéncias empiricas, que nado chegam a nog&o de espirito. 4, Dualismo, dualidade e monismo Os autores modernos repudiam o dualismo de corpo e alma como se a matéria corpérea fosse um ente mau e o espirito uma criatura boa por si mesma. Tais pensadores tém raz4o; néo ha ser algum que seja mau por sua propria Indole; tal teoria seria o maniqueismo. Todavia, para fugir do dualismo, ndo é necessario professar 0 monismo, que identifica entre si corpo e alma, matéria e espirito. Entre dualismo ¢ monismo, existe a dualidade, que admite dois principios distintos um do outro, nado porém antagénicos (como no dualismo) e sim complementares. Assim, por exem- plo, entre homem e mulher ndo existe dualismo (oposigéo) nem monismo 454 ALMA HUMANA = MATERIA QUE TOMOU CONSCIENCIA DE SI? 23 (o homem néo é idéntico 4 mulher), mas dualidade (complementaridade). Desta maneira corpo e alma estao em dualidade, ndo em dualismo nem em monismo. Até aqui falou a filosofia. Vejamos o que propée a Teologia. 5. A Teologia que diz? 5.1. Amensagem biblica A Escritura é muito enfatica ao afirmar a disting&o de corpo e alma e a ressurrei¢&o no fim dos tempos: Mt 10, 28: ‘Nao temais aqueles que podem matar o corpo, mas néo podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode acabar com corpo e alma no fogo”. Jo 6, 39: “Esta 6 a vontade daquele que me enviou: que eu ndéo perca nenhum daqueles que Ele me confiou, mas os ressuscite no ulti- mo dia”. Jo 6, 44: “Ninguém pode vir a mim se 0 Pai... nao o atrair, e eu o ressuscitarei no dltimo dia”. Ver Jo 6, 54. 1Cor 15, 22s: “Visto que todos morrem em Adao, todos recupera- ro a vida por Cristo, Cada qual por sua vez: o primeiro é Cristo; depois, quando Ele voltar, aqueles que pertencem a Cristo”. 1Ts 4, 16: “Quando o Senhor... descer do eéu, entao os mortos em Cristo ressuscitarao”. 5.2, Aprofundamento teolégico A Teologia é a fé que procura compreender, Por conseguinte o ted- logo é um homem de fé. A fé 6 a adesdo a Palavra de Deus comunicada por seus drgaos oficiais, ou seja, pela Escritura e a Tradig&o oral que a Igreja exprime de maneira auténtica por seu magistério assistido pelo Espirito Santo. Ora o magistério da Igreja formulou os dados da Revela- ¢ao Divina referente 4 Escatologia nos seguintes termos: “1. Algreja cré na ressurreigao dos mortos. 2. Algreja entende que esta ressurreigdo se refere ao homem todo; para Os eleitos, ela ndo é sendo a extensdo aos homens da prépria Res- surreigao de Cristo. 3. A Igreja afirma a sobrevivéncia e a subsisténcia [continuationem et subsistentiam], depois da morte, do elemento espiritual, dotado de consciéncia e de vontade, de tal modo que subsista [subsistaf] 0 “eu hu- mano”, ainda que temporariamente privado do complemento do Proprio 455 24 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 corpo. Para designar este elemento, a Igreja usa o termo “alma” [anima], consagrado pela Sagrada Escritura e pela Tradi¢ao. Embora nao ignore que na Sagrada Escritura este termo tome significados diversos, julga, no entanto, que nao ha motivos validos para rejeité-lo, e o considera, além disso, um instrumento verbal absolutamente necessario para sus- tentar a Fé dos cristaos. 4. A Igreja exciui toda forma de pensamento ou de expressao que torne absurda, ou incompreensivel a inteligéncia, sua oragao, os ritos finebres, 0 culto dos mortos: todas estas coisas que, quanto 4 sua subs- tancia, constituem lugares teoldgicos. 5.‘A lgreja, segundo as Sagradas Escrituras, espera a manifesta- g4o gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 1Tm 6, 14; Tt 2, 13), que no entanto cré distinta e futura [dilatam] com relagdo a condigéo dos ho- mens logo apés a morte. 6. A Igreja, em seu ensinamento [in sua doctrina proponenda] so- bre o destino do homem depois da morte, exclui toda explicagao que esvazie o sentido da Assungao da Virgem Maria no que ela tem de singu- lar; isto 6, no sentido de que a glorificagado corporal da Virgem antecipa aquela glorificagéo que é destinada a todos os outros eleitos. 7. A Igreja, aderindo fielmente ao Novo Testamento e a Tradigao, cré na bem-aventuranga dos justos, que um dia estaréo com Cristo. Ela cré também que o pecador sera punido com o castigo eterno [poena aeterna], ficando privado da visdo de Deus, e ainda numa repercussao desta pena em todo o ser do préprio pecador. Quanto aos eleitos, a Igreja cré, além disso, que pode haver uma purificagdo prévia & viséo de Deus, que no entanto é completamente distinta da pena dos condenados. Eisto © que entende a Igreja quando fala do inferno e do purgatério. (Carta Recentiores episcoporum da Congregagao para a Doutrina da Fé 27.5.1979) Como se v6, 0 texto afirma a existéncia da alma separada do corpo até o fim dos tempos, quando se dara a ressurreigéo da carne. A glorifica- ao de Maria em corpo e alma antes do fim dos tempos é um caso singu- lar: n&o se repete. Tal concepgdo nao 6 objeto de uma definigao ex cathedra, mas emana do magistério ordinario da Igreja, que merece o respeito dos fiéis e, de mado especial, dos tedlogos. Nao se Ihe devem opor objegdes em nome da raz4o, pois nenhum absurdo ou nada de irra- cional ai se encontra. A propésito ainda se deve observar: a dualidade de corpo e alma exclui a trilogia “corpo, alma e espirito”, pois a alma humana 6 espirito. Nao ha no ser humano outro espirito (criado) além da sua alma espiritual. 456 Ainda o aborto: BEBES ESTRAGALHADOS E VENDIDOS Em sintese: Existem nos Estados Unidos clinicas que fornecem a pesquisadores partes do corpo de bebés estragalhados durante o aborto @ vendidos a bom prego. Pormenores e lista de pregos véo abaixo publi- cados. Via internet PR recebeu extratos de um livro intitulado “Cobaias Humanas — a historia secreta do sofrimento provocado em nome da cién- cia” (Andrew Goliszek). Do original “In the name of Science” — Editora Ediouro Publicagées S/A, Rua Nova Jerusalém 345 — Bonsucesso — CEP 21042-230 Rio de Janeiro (RJ) — Tel.: (21) 3882-8200 — Fax: (21) 2260- 6522 — e-mail: livros@ediouro.com.br, internet: www.ediouro.com.br Eis os trechos mais significativos: Oficinas de Desmanche Humano: O Florescente Negécio da Colheita de Tecidos © Sol mal tinha nascido sobre a pequena cidade do meio-oeste americano, quando uma técnica do lado de fora da clinica de sade de mulheres atirou dois sacos plasticos cheios de partes de corpos fetais descartados do dia anterior por sobre sua cabecga para dentro de um recipiente aberto. Isso porque o triturador da pia, onde os restos fetais geralmente so triturados e descartados na rede de esgotos da cidade, no estava funcionando bem. Os sacos verdes bateram contra a parede de metal, caindo numa pilha com o restante do lixo da semana. Dentro da clinica, outro técnico estava atarefado folheando uma lista, gerada por computador, e pedidos de pesquisadores em todo 0 mundo. Os pedidos incluiam rins, cérebros, uma medula espinhal, pul- mées, uma perna com quadril anexado, olhos, uma glandula timo e dois figados. Os pedidos sAo cuidadosamente examinados para coincidir com as pacientes com hora marcada naquele dia a fim de serem submetidas a aborto. Durante o restante da manhd e a tarde, fetos, alguns com 30 semanas, sero extraidos (as vezes mortos dentro do utero, se necessa- rio), dissecados; acondicionados em gelo seco e despachados pela USP, FedEx e Airbone para os laboratérios, companhias farmacéuticas, Uni- versidades e clinicas, para uso em experimentos médicos. 487 26 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 Embora a lei federal proiba a venda direta de tecidos ou partes do corpo humano, a Ordem Executiva, de 1993, do presidente Clinton, der- rubando a proibigdo de financiamento pelo contribuinte de pesquisa em fetos abortados, abriu as comportas para uma nova e florescente indus- tria: a colheita e venda de partes de corpos de bebés. Menos de um ano depois de ter sido assinada a Ordem Executiva, os Institutos Nacionais de Satide (NIH) dos Estados Unidos, que operam seu proprio servigo de coleta 24 horas por dia em clinicas de aborto patrocinadas, publicaram diretrizes praticas e informagées sobre seus servigos de colheita. O se- guinte texto foi tirado do manual do NIH de 11 de margo de 1994, com o titulo Disponibilidade de Tecido Fetal Humano. “Tecidos embridnicos e fetais humanos estao disponiveis através do Laboratério Central de Embriologia Humana da Universidade de Wa- shington. O laboratério, que é financiado pelos Institutos Nacionais de Satide, pode fornecer tecido de embrides e fetos normais ou anormais de idades gestacionais desejados entre 40 dias e termo. As amostras sao obtidas em questéo de minutos da passagem e os tecidos s&o identifica- dos assepticamente, estagiados e imediatamente processados de acor- do com as necessidades dos investigadores individuais. No presente momento, os métodos de processamento incluem fixagdo imediata, fixa- Go instanténea, congelamento instanténeo em nitrogénio liquido e colo- cacao em solugGes salinas balanceadas ou em meio designado e/ou for- necido pelo servico expresso noturno, chegando no dia seguinte 4 aqui- sigéo. O laboratério também pode fornecer cortes seriados de embrides humanos preservados no fixador metil-Carnoy, incluidos em parafina e seccionados em cortes de 5 microns... Separado e vendido em pegas, um Unico bebé poderia render até 14 mil dolares. Uma dessas empresas, a Opening Lines, Inc. de West Franklin, Illinois, processa mais de 1.500 fetos por dia e anuncia aberta- mente “tecido de primeira qualidade, de pregos mais acessiveis, mais fresco, preparado segundo as suas especificagdes e entregue nas quan- tidades de que vocé precisa, no momento em que vocé precisa”. Seus pregos, de acordo com o presidente corporativo, dr. Miles Jones, sao determinados por forgas de mercado e por quanto os compradores esto dispostos a pagar por tecido humano. O folheto da empresa, que estimu- la os aborteiros a “transformar a decisag de sua paciente em algo mara- vilhoso”, oferece uma lista detalhada de precos que inclui as seguintes tarifas: Amostra Ndo-Processada US$ 70 (> & semanas) Amostra Nao-Processada US$ 50 (< 8 semanas) 458 BEBES ESTRACALHADOS E VENDIDOS at Figados (<8 semanas) 30% de desconto, se significativamente fragmentados Figados (> 8 semanas) 30% de desconto, se significativamente fragmentados Bagos (< 8 semanas) Bagos (> 8 semanas) Péncreas (< 8 semanas) Pancreas (> 8 semanas) Timo (< 8 semanas) Timo (> 8 semanas) Intestinos e Mesentérios Mesentério (< 8 semanas) Mesentério (> 8 semanas) Rim (< 8 semanas) com/sem adrenal Rim (> 8 semanas) com/ sem adrenal Membros (pelo menos 2) Cérebro (< 8 semanas) 30% de desconto, se significativamente fragmentados Cérebro (> 8 semanas) 30% de desconto, se significativamente fragmentados Hipéfise (> 8 semanas) Medula Ossea (< 8 semanas) Medula Ossea (> 8 semanas) Ouvidos (< 8 semanas) Ouvidos (> 8 semanas) Olhos (> 8 semanas) 40% de desconto para um unico olho Olhos (< 8 semanas) 40% de desconto para um Unico olho Pele (> 12 semanas) Pulmées e Bloco Cardiaco Cadaver Embriénico intacto (< 8 semanas) Cadaver Embriénico Intacto (> 8 semanas) Cr&nio Intacto Tronco Intacto com / sem membros Génadas Sangue de Cordéo Congelamento Instanténeo em LNz Coluna Vertebral Medula Espinhal Pre¢os validos até 31 de dezembro de 1999 US$ 150 US$ 125 US$ 75 US$ 50 US$ 100 US$ 75 US$ 100 US$ 75 US$ 50 US$ 125 US$ 100 US$ 125 US$ 100 US$ 125 US$ 999 US$ 150 US$ 300 US$ 350 US$ 250 US$ 75 US$ 50 US$ 75 US$ 50 US$ 100 US$ 150 US$ 400 US$ 600 US$125 US$ 500 US$ 550 US$ 125 US$ 150 US$ 35 Uma realidade mantida oculta ao ptiblico é que os bebés freqien- temente precisam ser manipulados na posigao correta e lentamente reta- 459 28 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 \hados vivos durante o processo de colheita, para garantir que as merca- dorias valiosas n&o sejam danificadas. Um artigo de 1990 na revista Archives of Neurology descreve as técnicas de aborto que levam trés a quatro vezes mais tempo que o normal para preservar tecido e obter as melhores amostras possiveis. Quanto mais prolongado 0 procedimento, maior 0 tempo em que o bebé é sujeitado a tortura. Uma Entrevista Essa é uma transcrigdo parcial do testemunho de um caso em tri- bunal civil de julho de 1997 instaurado pelo colheiteiro sob contrato da Universidade de Nebraska, o dr. Leroy Carhart, contestando a proibigdo de Nebraska de certas técnicas de aborto. Garhart: Meu curso normal seria desmembrar a extremidade e depois voltar a tentar tirar o feto pelo pé ou pelo cranio antes, qualquer que seja a extremidade que consiga pegar antes. Advogado: Como o senhor procederia na desmembragao daquela extremidade? Carhart: Simples tracao e rotagéio, agarrando a porgao que consi- ga segurar, que geralmente seria algum lugar subindo pelo eixo da parte exposta do feto, tracionando-o para baixo através do osso, usando 0 osso inteiro como a contra-tragdo e rotagao para desmembrar o ombro ou o quadril ou o que quer que venha a ser. As vezes, vocé pega uma pernae nao consegue tirar para fora a outra. Advogado: Nessa situagao, quando o senhor traciona o brago eo remove, o feto ainda esta vivo? Carhart: Sim. Advogado: O senhor considera um brago, por exemplo, uma parte substancial do feto? Carhart: No meu modo de ver, acho que, se perco um brago, isso seria uma perda substancial para mim. Acho que teria de interpretar des- sa maneira. Advogado: E entdo o que acontece a seguir, depois que o senhor remove o braco? O senhor entéo tenta remover o restante do feto? Carhart: Entdo, eu voltaria e tentaria trazer os pés ou o cranio para baixo ou, até, as vezes fazer descer e remover 0 outro brago e entdo fazer descer os pés. Advogado: Em que ponto o feto esta... 0 feto morre durante esse processo? 460 BEBES ESTRAGALHADOS E VENDIDOS 29 Carhart: Realmente nao sei. Sei que o feto esta vivo durante 0 processo a maior parte do tempo, pois vejo o batimento cardiaco fetal no ultra-som. Advogado: Em que ponto no processo ocorre a morte fetal, entre a remogao inicial... remogao dos pés ou pernas e 0 esmagamento do cra- nio, ou, me desculpe, a descompressao do cranio? Carhart: Bem, o senhor sabe, novamente, é neste ponto que nao tenho certeza de que é morte fetal. Quero dizer honestamente também me preocupo. Vocé pode remover 0 contetido craniano e 0 feto ainda tera um batimento cardiaco por varios segundos ou varios minutos, e entdo 0 feto esta vivo? Teria que dizer provavelmente, embora nado ache que tenha qualquer fungao cerebral e, portanto, 6 cérebro morto naquele ponto. Advogado: Portanto, a morte cerebral poderia ocorrer quando o senhor comega a aspirar para fora do cranio? Carhart: Acho que a morte cerebral ocorre porque a aspiragaéo para remover o contetido sé dura dois ou trés segundos e, portanto, em algum ponto nesse periodo de tempo, obviamente nao quando vocé penetra no “ cranio, porque as pessoas recebem um tiro na cabega e nao morrem simediatamente por causa disso, se é que vao morrer, e, portanto, prova- yelmente nao é suficiente para matar o feto, mas acho que a remogao do Gérebro finalmente o fara. Testemunhos © horripilante segredo do desmembramento e colheita fetal foi re- velado publicamente em 1999 quando o 20/20 televisou uma reportagem investigativa e a colunista Mona Charen, cujo programa vai ao ar nacio- nalmente, descreveu um dia tipico em uma firma que faz trafico de partes do corpo. Entrevistando uma técnica — as vezes chamada de técnica de aquisic¢do de tecido fetal - Charen descreve como a jovem coletava fetos de abortos em estagio final de gravidez e depois os dissecava para obter as partes necessarias. De acordo com a técnica, quase todos os espéci- mens eram “perfeitos” e muitos tinham pelo menos sete meses de idade. Porém, nada poderia ter preparado a técnica médica para a expe- riéncia pela qual ela estava prestes a passar num certo dia quando um par de fetos gémeos de sete meses de idade foi levado a ela em um balde de metal. Olhando para baixo para os bebés réseos, ela deve ter recuado de horror ao ver que ambos estavam se movendo, ofegandc para respirar. Ela deve ter ficado ainda mais horrorizada quando o médi- co apareceu repentinamente e, de acordo com Charen, disse: “Consegui para vocé uns bons espécimens — gémeos" antes de verter uma garrafa 461 30 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 de Agua no balde para afogar o que até entdo eram dois seres humanos vivos, Enojada com o processo, a técnica disse que houve muitos desses nascimentos vives. Os médicos simplesmente quebravam seus pesco- gos delgados ou matavam os fetos batendo neles com pingas de metal. Em alguns casos, revelou a técnica, comegavam uma dissecagao cor- tando para abrir 0 térax, supondo que o bebé ja estivesse morto, somen- te para descobrir que o coragao ainda estava batendo. Ela acrescentou que a maneira como os abortos eram realizados tinha sido alterada, isto 6, feitos mais deliberadamente e lentamente, para garantir que tirasse 0 bebé antes de ele morrer. Quando o ritmo dos abortos aumentava, os bebés tirados vivos as vezes tinham Suas partes removidas antes de es- tarem mortos. Otreinamento parao cargo de colheiteiro fetal 6 assombradamente simples. Um técnico explicou da seguinte forma: “Quando eu estava la, 0 treinamento era no préprio trabalho, eles levando Para os fundos um enor- me prato — uma placenta, coagulo sangiineo - e me mostrando como esquadrinhar por toda a coisa que estava la dentro para encontrar mem- bros, figado, pancreas, rins — 0 que retirar, quais eram os marcadores de identificagéo em toda aquela confusao”. Lawrence Dean Alberty Jr. Em 9 de margo de 2000, em sessées do Congresso diante do Subcomité de Satide e Meio Ambiente, 0 técnico de aquisigao Lawrence Dean Alberty Jr. deixou os parlamentares aturdidos ao descrever um dia de rotina no Centro onde as Partes do corpo eram colhidas como se fos- sem plantagées: “Ao assumir o trabalho como técnico de aquisigao de tecido fetal, tive a impressao de que o que eu iria fazer tornaria a vida melhor para pacientes com cancer. Nunca fui levado a acreditar que o iecido seria ouira coisa sendo util para aqueles que estavam em necessidade. O que me fez mudar de idéia foi assistir a abortos quase no fim do termo, ver seus olhos olhando para mim quando cortava seu crénio a fim de extrair © cérebro para pacientes com Parkinson-e Alzheimer, cortar para abrir suas cavidades toracicas, somente para, no final, ver um coragao baten- do cada vez mais lentamente até Parar, @ durante todo o tempo cothendo sangue do seu coragao, ou assistindo a fetos numa panela de metal co- bertos de sangue, movendo-se e respirando, sé para acabar me vendo num lugar sem médicos, sem Safdas, pensando o tempo todo: ‘Meu Deus, © que eu fiz para ver isso?’, Noite apés noite em meu sono, os fetos estavam Ié. Os coragées estavam batendo, os gritos de suas mées quan- do os bebés eram puxados para fora de seus corpos. Esses sonhos se 462 BEBES ESTRAGALHADOS £ VENDIDOS 3 transformaram em pesadelos sobre o fim do mundo. Pesadelos apocalipticos me acordavam suando frio. Eu me senti enojado todos os dias, nunca querendo deixar o conforto do meu lar’. Mais tarde durante a sesso, Alberty foi questionado por um dos parlamentares sobre 0 motivo pelo qual ele finalmente chamou o FBI. Sua resposta deixou muitos na Camara sem fala. “O motivo pelo qual chamei o FBI foi que um dia vi dois fetos gémeos de mais de 24 semanas de gestagdo nascidos vivos e trazidos para mim em uma panela. Quando a pessoa removeu 0 pano € me mostrou 0 que era, aquilo me perturbou to intensamente que fiquei sem saber o que fazer. Nos meus olhos, ver dois fetos gémeos, movendo-se, chutando e respirando numa panela re- almente me transtornou. N&o sou médico. Nunca, jamais afirmei ser um médico e n&o poderia Ihes dizer se esses gémeos tinham qualquer pro- blema genético. Tudo que vi foi que estavam intocados, quero dizer, nao havia marcas de grampos neles, ndo estavam sangrando, eram dois gé- meos se aninhando um com o outro na minha frente. Caminhei até a porta e sai”. Brenda Pratt Shafer Jalvez o testemunho mais horripilante tenha vindo de Brenda Pratt Shafer, uma enfermeira registrada designada por sua agéncia a um Cen- tro de colheita. Favoravel ao direito de escolha naquela época, avenfer- meira Shafer supés que sua tarefa seria rotina e que um servicgo de valor estava sendo realizado com 0 uso de tecido fetal descartado para o avan- go da ciéncia médica. De acordo com o Ashville Tribune, que contou sua historia, o que a enfermeira Shafer testemunhou provocou uma mudanga nela para sempre. “Fiquei de pé ao lado do médico e o assisti realizar o aborto de um nascimento parcial em uma mulher que estava gravida de seis meses. O batimento cardiaco do bebé era claramente visivel na tela do ultra-som. O médico fez o parto do corpo e bragos do bebé, tudo exceto sua cabecinha. O corpo do bebé se mexia. Os dedinhos estavam apertados. Estava chutando com os pés. O médico pegou um par de tesouras € as inseriu no dorso da cabega do bebé e o brago do bebé sacudiu num recuo, uma reagdo de sobressaito, como um bebé faz quando acha que pode cair. Entéo 0 médico abriu as tesouras. Depois, introduziu o tubo de aspiragao em alta poténcia dentro do buraco e aspirou para fora 0 cére- bro do bebé. Entdo, o bebé estava inteiramente flacido. Nunca mais vol- tei a clinica. Mas 0 rosto daquele menininho ainda me assombra. Erao rosio angelical mais perfeito que ja vi". Alguns temem que, no final, se é que ja nao esta acontecendo, as mulheres optardo por ficar gravidas € fazer abortos seletivos simples- 463 32 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 mente para ganhar dinheiro com o tecido fetal, satisfazendo nesse pro- cesso as demandas de Pesquisadores que precisam de um suprimento continuo de partes frescas do corpo para experimentos médicos. Ha uma previsdo de que o mercado, que tinha crescido a um ritmo anual de 14%. vale atualmente mais de um bilh&io de délares Por ano, sem contar quais- quer que sejam os lucros que advirdo das patentes relacionadas e produ- tos das empresas. Enquanto o numero de Programas de pesquisa nas universidades, nas empresas de biotecnologia e nas corporagées farma- céuticas cresce a uma velocidade recorde (somente o NIH concede mais de 20 milhées de dolares Por ano para pesquisa com tecido fetal), as oficinas de desmanche humano continuardo a florescer; e os bebés a apenas semanas do nascimento serao sacrificados para que os pesqui- Sadores possam aprender, com tecidos e orgdos que eles colhem, como melhorar a vida das futuras geragdes que tiverem sorte bastante para terem sobrevivido. Sem comentarios. oe 14 MANEIRAS VENCEDOR 1. DIZ: ERREI, E APRENDE A LICAO 2. SABE QUE ADVERSIDADE E O MELHOR MESTRE 3. SABE QUE O RESULTADO DEPENDE DE SI 4. TRABALHA MUITO, MAS TEM TEMPO PARA S| 5. ENFRENTA OS DESAFIOS UM A UM 6. COMPROMETE-SE, DA PALAVRAS E AS CUMPRE 7. DIZ: SOU BOM, MAS SEREI MELHOR 8. ESCUTA, COMPREENDE E RESPONDE 9. RESPEITA OS QUE SABEM E APRENDE Com ELES 10. SENTE-SE RESPONSAVEL POR ALGO ALEM DO SEU TRABALHO 11, DIZ: DEVE HAVER MELHOR FORMA DE FAZER 12. E PARTE DA SOLUGAO 13. CONSEGUE VER A PAREDE NA SUA TOTAL VISIBILIDADE 14, PASSA ESSA MENSAGEM AOS AMIGOS 464 Alerta: DOENGAS E INTERESSES ECONOMICOS Em sintese::O artigo vem a ser um alerta apontando o fato de que certas firmas fabricantes de medicamentos se esmeram em denunciar doen- gas de todo tipo a fim de promover a venda de seus produtos farmacéuticos. No jornal O GLOBO de 25/7/06, p. 30 !é-se 0 seguinte: UE APOIA ESTUDO DE CELULA-TRONCO DE EMBRIAO HUMANO Deciséo se opde ao caminho escolhido pelos EUA, que vetaram pesquisas médicas defendidas por pacientes Industria aplaude o resultado da votagao A despeito das limitagdes de financiamento, um porta-voz da Euro- pa-bio — que representa as empresas de biotecnologia da Europa — afir- mou que a industria estava feliz com 0 resultado da votagao. O orgamento de pesquisa da UE para o periodo 2007-2013 é de 57 bilhGes de euros. Esta noticia parece fazer eco a uma denuncia que pela internet chegou @ PR e merece alencdo, como se pode ver a seguir: Os VENDEDORES DE DOENGAS As estratégias da inddstria farmacéutica para multiplicar lucros es- pathando 0 medo e transformando qualquer problema banal de sade numa “sindrome” que exige tratamento. Ray Moynihan, Alain Wasmes Hé cerca de trinta anos, o dirigente de uma das maiores empresas farmacéuticas do mundo fez declaragées muito claras. Na €poca, perto da aposentadoria, o dindmico diretor da Merck, Henry Gadsden, revelou 4 revista Fortune seu desespero por ver o mercado potencial de sua empresa confinado somente as doengas. Explicando que preferiria ver a Merck transformada numa espécie de Wringley’s — fabricante e distribui- dor de gomas de marcar —, Gadsden deciarou que sonhava, havia muito tempo, produzir medicamentos destinados as... pessoas saudaveis. Por- que, assim, a Merck teria a possibilidade de “vender para todo mundo”. Trés décadas depois, o sonho entusiasta de Gadsden tornou-se realidade. As estratégias de marketing das maiores empresas farmacéuticas almejam agora, e de maneira agressiva, as pessoas saudaveis, Os altos @ baixos da vida tornaram-se problemas mentais. Queixas totalmente co- muns sao transformadas em sindromes de panico. Pessoas normais sa0, 465, 34 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 cada vez mais, pessoas transformadas em doentes. Em meio a campa- nhas de promogao, a industria farmacéutica, que movimenta cerca de 500 bilh6es de délares por ano, explora os nossos mais profundos me- dos da morte, da decadéncia fisica e da doenga — mudando assim literal- mente o que significa ser humano, recompensados com toda razao quan- do salvam vidas humanas e reduzem os sofrimentos, os gigantes farma- céuticos nao se contentam mais em vender para aqueles que precisam. Pela pura e simples razéo que, como bem sabe Wall Streeet, dé muito lucro dizer s pessoas saudaveis que estéo doentes. A fabricagdo das “sindromes” A maioria de habitantes dos paises desenvolvidos desfruta de vida mais longa, mais saudavel e mais dinémica que as de seus ancestrais. Mas 0 rolo compressor das campanhas publicitarias, e das campanhas de sensibilizagao diretamente conduzidas, transforma as pessoas sau- ddveis preocupadas com a satide em doentes preocupados. Problemas menores s&o descritos como muitas sindromes graves, de tal modo que a timidez torna-se um “problema de ansiedade social”, e a tensdo pré-mens- tual, uma doenga mental denominadas ‘problema disforico pré-menstru- al”, O simples fato de ser um sujeito “predisposto” a desenvolver uma patologia torna-se uma doenga em si. O epicentro desse tipo de vendas situa-se nos Estados Unidos, abri- go de intimeras muitinacionais farmacéuticas. Com menos de 5% da popu- lagéo mundial, esse pais ja representa cerca de 50% do mercado de meai- camentos, As despesas com a satide continuam a subir mais do que em qualquer outro lugar do mundo. Cresceram quase 100% em seis anos ~e isso ndo sé porque os pregos dos medicamentos registram alfas drésticas, mas também porque os médicos comegaram a prescrever cada vez mais. De seu escritério situado no centro de Manhattan, Vince Parry repre- senta o que ha de melhor no marketing mundial. Especialista em publicida- de, ele se dedica agora 4 mais sofisticada forma de venda de medicamen- tos: dedica-se, junto com as empresas farmacéuticas, a criar novas doen- gas. Em um artigo impressionante intitulado “A arte de catalogar um estado de sade", Parry revelou recentemente os artificios utilizados por essas em- Presas para ‘favorecer a criagdo” dos problemas médicos. As vezes, trata-se de um estado de satide pouco conhecido que ganha uma atengao renova- da; as vezes, redefine-se uma doenga conhecida hé muito tempo, dando-!he um novo nome; e outras vezes cria-se, do nada, uma nova “disfungao’. Entre as preferidas de Parry encontra,-se a disfungao erétil, 0 problema da falla de atengao entre os adultos e a sindrome disforica pré-menstrual — uma sindrome t&o controvertida, que os pesquisadores avaliam que nem existe. Pode-se crer que a cobiga do dinheiro chega a tais requintes? — Digam-no os fatos acima. 466 A natureza reage: INSEMINAGAO ARTIFICIAL: PROBLEMAS Em sintese: A revista VEJA de 12/7/06 mostra os problemas resul- tantes da inseminacao artificial: multiplicam-se os gémeos, trigémeos ou até mesmo mais, dando insano trabalho e acarretando despesas quase impraticaveis em muitos casos. Pode-se ver nesses fatos a réplica da natureza, que, violada em seu curso normal, protesta contra quem a ma- nipula. Ha muitos bebés abandonados que bem poderiam merecer 0 ca- rinho de casais biologicamente estéreis, mas ricos em afetividade e dedi- cagao a criangas. Arevista VEJA, edigao de 12 de julho 2006, pp. 108-111, traz uma reportagem intitulada “Amor (e problemas) demais” abordando o tema da inseminagao artificial e dos problemas que ela acarreta. Proporemos, a seguir, 0 texto de VEJA, ao qual se seguirao breves comentarios. 1. Surpreendentes conseqiléncias da “solugao” Muitos casais biologicamente impedidos de ter filhos por via natu- ral, tem recorrido a inseminagao artificial ou em proveta, na esperanga de assim conseguir a desejada prole. Eis, porém, que imprevistas conseqii- éncias vém apavorando esses casais, como se depreende da citada re- portagem. Com efeito, durante muito tempo a técnica mais usual reco- mendava que fossem inseminados até seis ovos de cada vez. O objetivo era garantir a eficdcia do procedimento e evitar o sofrimento causado pelo fracasso de sucessivas tentativas. O avango da técnica permite im- plantar um numero menor de embrides desde que sejam bem seleciona- dos. Acontece, porém, que a selecdo é tao bem feita que se verifica o nascimento de mais de uma crianga, causando grande embarago ao ca- sal, Eis o quadro que VEJA apresenta: Explosdo demografica... Desde o nascimento de Louise Brown, 0 primeiro bebé de proveta, o numero de gémeos, trigémeos e quadrigémeos aumentou vinte vezes no mundo. Em cada 100 nascimentos que resultaram de tratamentos de fertilizagaéo, mais da metade é de miltiplos. Veja algumas estatisticas: * Nos Estados Unidos entre 1978 e 2000, o numero de gémeos do- brou. O de trigémeos e quadrigémeos aumentou 600%. 467 36 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 * Desde 1990, ainda nos EUA, a taxa de nascimento de miultiplos entre mulheres com idade entre 40 e 44 anos cresceu 80%. Passou de 24 para 44 a cada 1000 nascimentos. Entre as mulheres com idade entre 45 e 49 anos, o crescimento foi de quase 600% (de 24 para 155 a cada 1000 nascimentos). * Nas sete melhores maternidades de Sao Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, houve aumento de 27% no nascimento de gémeos e de 14% no de trigémeos entre 2001 e 2005. + Na Inglaterra, 1 em cada 34 bebés 6 gémeo ou triggmeo. Em 1980, essa relacdo era de 1 em cada 52 bebés, .» @ de preocupagées As despesas com trigémeos em seu primeiro ano de vida sao dez vezes maiores do que as com os bebés Unicos. Um dos maiores custos aparece logo depois do nascimento: multiplos costumam ficar na UT! neonatal e necessitam de acompanhamento especial de uma equipe multidisciplinar. Os gastos nao sao os Unicos fatores de inquietagao dos pais * Aincidéncia de partos antes do tempo cresceu quase 30% nos ulti- mos 25 anos nos Estados Unidos, principalmente por causa dos avangos na reprodugao assistida. * Gémeos correm quatro vezes mais risco de morrer no fim da gesta- go ou na primeira semana de vida; entre trigémeos esse risco é sete vezes maior. + Gémeos nascem, em média, em torno da 37° semana de gestagdo e triggémeos com cerca de 34 semanas de gestagdo (0 periodo com- pleto seria de quarenta semanas). * Gémeos nascem em média com 2,5 quilos e trigémeos com 1,8 quilo (0 peso de um unico bebé é de 3,5 quilos em média). * A prematuridade pode causar atraso no desenvolvimento intelectual das criangas. Bebés nascidos com peso inferior a 1 quilo correm maior risco de ter QI abaixo da média. Um em cada dez prematuros apre- senta disturbios neurolégicos e, aos 6 anos, metade demonstra difi- culdade de aprendizagem. 2. Que dizer? A inseminagao artificial procura chegar a fecundagdo do évulo e ao parto mediante recursos nao naturais, como sao a proveta, a barriga de aluguel e outros. Ha dois tipos de fecundacdo artificial: a heterdloga e a homdloga. 468 INSEMINAGAO ARTIFICIAL: PROBLEMAS 37 A fecundag&o artificial heterdloga utiliza a semente vital ou a cola- borag&o de uma terceira pessoa além do marido e da mulher. Ora tal pro- cedimento fere as leis da natureza, que sao as leis de Deus; equipara a reprodugao humana & do gado, manipulando sementes fora do organismo humano, como se faria com animais irracionais. Pée-se de lado o especi- fico da reprodugao humana, que deve ser o fruto da intimidade de esposo esposa comprometidos para formar um lar que possa acolher a prole. N&o se pode portanto admitir a intervengao de uma terceira pessoa doado- ra de semente ou realizando a gestagao que compete a mae da crianga. A fecundagao artificial homdloga efetua-se dentro do casal. E ilici- ta se utiliza proveta ou promove a fecundagao fora do organismo femini- no. Pode-se aceitar, porém, a interveng&o da técnica para fortalecer a ago da natureza, sustentado-a e ajudando-a para que atinja a fecunda- ¢ao almejada. Acontece, porém, que esse fortalecimento da natureza dentro do organismo feminino, sem extragao da semente vital, é muito dificil ou impraticavel na realidade concreta. ‘So estas as razées pelas quais a Etica filosofica e a Moral catdlica tejeitam a inseminagao artificial como vem sendo praticada em nome da ciéncia cada vez mais avangada. A rejeigado é confirmada pelos indeseja- veis resultados que VEJA, sem preconceito religioso, vem apontando na citada edigdo. A natureza replica quando violada, seja qual for o tipo de transgressdo que se inflija as suas leis. Para atender ao legitimo anseio de casais estéreis (biologicamen- te), mas fecundos em carinho, pode-se indicar a adocdo de criangas, principalmente quando adotadas em seus primeiros dias apés o nasci- mento. Sao muitos os.bebés que nascem em condigées indspitas e ne- cessitam do amparo de uma familia hospitaleira. Assim se poderia dimi- nuir o numero de bebés jogados no lixo ou langados fora na rua ou em lugar deserto. SAo beneméritos os cénjuges que se dispdem a prestar tal servico a si mesmos e a criangas entregues a morte por falta de condi- des para ser educadas por quem as gerou. Comentario a Ave-Maria, por Séo Tomas de Aquino. Tradugao do latim por Osmayr José de Moraes Junior. — Ed. Eunate, Sao Paulo (SP), 2006, 71 pp. Esta obra, além de oferecer ao publico substancioso comentario de S&o Tomas de Aquino a Ave-Maria, apresenta o talento do jovem Osmayr, eximio latinista, que se esmerou na tradu¢ao; além do que propée ac feitor alguns tragos da vida universitaria da Idade Média, na qual se insere a obra de S&o Tomas. A leitura é muito recomendavel para familiarizar o leitor com o estilo e 0 vocabulério do santo Doutor. Enderego da Editora Eunate: Rua Antonio Roser, 9 Sao Paulo (SP), CEP 05794-230. 469 No calor da discussdo: ABORTO E A CAUSA COM DUPLO EFEITO Em sintese: O aborto nunca pode ser meio licito para se obter um efeito bom, pois é um homicidio e o fim (bom) nao justifica os meios maus. Acontece, porém, que certos atos bons execulados com finalidade ho- nesta podem ter um efeito mau nao desejado, mas inevitavel; pode-se recorrer a tais atos, desde que a finalidade do agente seja unicamente o efeito bom, e nao haja outro meio para obter esse efeito bom. Como exem- plo de tal procedimento, cita-se 0 caso de uma muther grévida que sofre de infecgao renal; pode tomar o antibiético que a cure, ainda que tal me- dicamento vé causar danos ao nascituro, desde que nao haja outra forma de atender 4 paciente. Os danos a crianga nao séo meio para se tratar da moléstia, mas conseqiéncia ndo desejada, e sim tolerada, de um proce- dimento executado com a Unica finalidade de salvar a sadde da enferma. O Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, Presidente do Pré-Vida de Anapolis, escreveu um artigo muito esclarecedor sobre o aborto, tema candente de nossos dias. Vai, a seguir, reproduzido, com os agradecimentos da Re- dagao de PR. A CAUSA COM DUPLO EFEITO 4. 0 aborto como meio No ano 70 d.C., a cidade de Jerusalém foi sitiada pelo general Tito, em represalia a uma rebeliao dos judeus comandada pelo partido dos zelotes. Flavio Josefo, chefe militar da Galiléia, foi capturado pelos roma- nos. Escreveu com detalhes os horrores daquela guerra, e tentou, em vao, fazer com que seus compatriotas se rendessem. O texto a seguir refere-se ao cerco de Jerusalém: “Josefo, cuja prépria familia sofreu com os sitiados, ndo recuou nem mesmo diante dum episédio desumano que prova que o desespero da fome ja comegava a turvar a razdo dos israefitas. Os zelotes percorriam as ruas em busca de alimento. Duma casa saia cheiro de carne assada. Os homens penetraram imediatamente na habitagéo e pararam diante de Maria, filha da nobre familia Bet-Ezob, extraordinariamente rica, da Jorddnia oriental. Maria tinha ido como pe- regrina a Jerusalém para a festa da Pascoa. Os zelotes ameagaram-na 470 ABORTO E A CAUSA COM DUPLO EFEITO 39 de morte se nao thes entregasse o assado. Perturbada, a mulher esten- deu-thes 0 que pediam, e eles viram, petrificados, que era um recém- nascido meio devorado — o préprio filho de Maria”. Poder-se-ia tentar justificar a atitude da mulher faminta, com o se- guinte argumento: se ela nao tivesse matado o proprio filho, ambos teri- am morrido; ao mata-lo para saciar sua fome, pelo menos uma das vidas foi poupada. No entanto, matar diretamente um ente humano inocente é um ato intrinsecamente mau, que nao pode ser justificado nem pela boa inten- a0, nem pelas possiveis boas conseqiiéncias, nem sequer pelo estado de extrema necessidade. Nunca é licito matar diretamente um inocente, nem sequer para salvar outro inocente. No repugnante caso acima, a morte do bebé era um meio para sal- var a vida da mde. Analogamente, se durante uma gestag&o 0 aborto fosse um meio para salvar a vida da gestante — e ainda que fosse o Unico meio = tal ato seria gravemente imoral. E dever do médico salvar mae e filho, mas nao se pode salvar um deles por meio da morte do outro. O fim, por mais nobre que seja, nao justifica um meio mau utilizado para alcanga-lo. Ha, contudo, depoimentos médicos que negam com veeméncia que 0 aborto possa servir de meio para salvar a vida da gestante. Segundo a Academia de Medicina do Paraguai (1996), “em casos extremos, o abor- to 6 um agravante, e ndo uma solugdo para o problema”. Ja em 1965, o médico-legal Jodo Batista de Oliveira Costa Junior, em sua aula inaugu- ral para os alunos dos Cursos Juridicos da Faculdade de Direito da USP, referindo-se ao aborto “necessario” ou “terapéutico” dizia: Digo, inicialmente, que, se me fosse permitido, chama-lo-ia de abor- to desnecessario ou, entao, aborto anti-terapéutico. i) Anite os processos aiuais da terapéutica e da assisténcia pré-natal, 0 aborto ndo é o unico recurso; pelo contrario, 6 o pior meio, ou melhor, nao é meio algum para se preservar a vida ou a satide da gestante. Resumindo: segundo afirmagdes contundentes de médicos, nado ha caso em que o aborto seja meio para salvar a vida da gestante. Se houvesse tal caso, 0 aborto continuaria sendo imoral. 2. O aborto como segundo efeito O aborto diretamente provocado, ou seja, querido como fim ou como meio, é um pecado gravissimo. Porém ha procedimentos médicos ou cinurgicos que em si nao sao abortivos, mas que podem ter como efeito secundario e indesejado (embora previsivel) a morte do bebé por nascer. 4m 40 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 Em tais casos, a morte do inocente, se houver, ocorrera indiretamente, como segundo efeito de uma acao que, em si, é boa. Por exemplo, uma intervengéo cirurgica cardiovascular em uma mulher gravida pode ter como conseqiiéncia a morte do nascituro. Em tal caso, a morte do inocente ndo é um fim visado pela cirurgia (0 fim é a cura da cardiopatia). Tambéem nao 6 um meio (pois nao é a morte da crianga que “causa” a cura da mae). E simplesmente um segundo efeito. Para que se possa, porem, tolerar o risco de um efeito secundario mau, é preciso que 0 bem a ser alcangado seja proporcionalmente supe- rior ou ao Menos equivalente a ele. No caso relatado, a cirurgia néo seria licita se fosse possivel esperar até o nascimento do bebé ou se houves- se outro meio terapéutico que fosse inofensivo para a crianga. Note-se bem que no se trata de “praticar um ato mau com boa intengao”. Isso nunca é moralmente licito. O fim nao justifica os meios, embora Maquiavel tenha dito o contrario. Repita-se: a morte do bebé nunca pode ser querida como fim nem como meio. Quando muito, pode ser tolerada como um segundo efeito de uma agdo boa. 3. O principio da causa com duplo efeito Muitos de nossos atos bons produzem efeitos maus indesejados mas inevitaveis. Ao tomarmos uma aspirina para curar uma dor de cabe- ¢a, podemos causar dano ao estémago. Ao corrigirmos 0 proximo, as vezes ele se sente humilhado ou envergonhado. Ao lutarmos contra o aborto, causamos a ira dos abortistas. Podemos praticar tais atos, que tenham duplo efeito: um bom e outro mau? Sim, mas com algumas condigées. a) que a intengao do agente seja obter o efeito bom, e ndo o mau; b) que a efeito bom seja obtido diretamente da agao, e nao através do efeito mau; ¢) que 0 efeito bom seja proporcionalmente superior ou ao menos equivalente ao efeito mau; d) que nao haja outro meio de se obter tal efeito bom, a ndo ser praticando a agao boa que produz tal efeito secundario mau. No principio em questao, trata-se de praticar um ato bom com bea intengao, mas que produz um efeito colateral mau indesejavel, mas ine- vitavel, embora previsivel. Vejamos 0 exemplo seguinte: Uma mulher gravida sofre de uma infecgdo renal. O médico pres- creve-lhe um antibidtico. Ha, porém, o perigo remoto de a droga causar danos ao nascituro. No entanto, nao ha outro antibiético que seja menos 472 ABORTO E A CAUSA COM DUPLO EFEITO Al nocivo ao bebé nem é possivel esperar o nascimento da crianca para iniciar o tratamento. Nesse caso: a) a intengo do agente é curar a infecgdo renal (efeito bom) e nao causar dano ao nascituro (efeito mau); b) a cura da infecgdo renal (efeito bom) é obtida diretamente da agao de tomar 0 antibidtico, e nao através do dano causado ao nascituro (efeito mau). Se, absurdamente, a mulher ndo tomasse o antibiotico, mas lesasse diretamente seu bebé, tal dano no iria causar a cura de sua infecgao renal. ¢) como a chance de lesdo a crianga, embora exista, é pequena, e como 0 tratamento é urgente, o efeito bom (a cura da infec¢ao renal) € proporcionalmente superior a0 possivel efeito mau. d) nao ha outro meio de se obter a cura da infecgao, a nao ser pela ingestao de um antibidtico. O médico poderia prescrever outro antibidti- co, mas nenhum seria isento de riscos para a crianga. Logo, 0 ato pode legitimamente ser praticado. O principio da causa com duplo efeito foi descrito de maneira lapi- dar pela Academia de Medicina do Paraguai (1996): “No comete ato ilicito 0 médico que realize um procedimento ten- dente a salvar a vida da mée durante o parto ou em curso de um trata- mento médico ou cirtrgico cujo efeito cause indiretamente a morte do filho, quando nao se pode evitar esse perigo por outros meios”. ATO BOM EFEITO BOM e praticado com boa querido pelo agente como FIM, e intengado decorrente diretamente do ato bom. EFEITO SECUNDARIO MAU n&o querido pelo agente, mas inevitavel decorrente diretamente do ato bom Resumindo: provocar diretamente 0 aborto é inadmissivel, ainda que ele fosse o unico meio de salvar a vida da gestante. Porém, a morte indireta de um inocente, como a crianga por nascer, pode as vezes ser tolerada como efeito secundario de um procedimento que, em si, 6 bom. 473 42 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 © conhecimento claro do principio da causa com duplo efeito, com a distingao precisa entre meio mau e efeito secundario mau, é um re- quisito basico para resolver varias questées de Bioética. KELLER, Werner. E a Biblia tinha razdo... Tradugdo de Joao Tavora. 2. ed. SAo Paulo: Melhoramentos, 1958, p. 340. ACADEMIA DE MEDICINA DEL PARAGUAY. Declaracion aprobada por el Plenario Académico Extraordinario en su sesién de 4 de Julio de 1996. COSTA JUNIOR, Jodo Batista de O. Por ‘que, ainda, o aborto terapéutico? Revista da Faculdade de Direito da USP, Sao Paulo, volume IX, Pp. 312-330, 1965. ACADEMIA DE MEDICINA DEL PARAGUAY. idem. n° 4. O PORCO E 0 CAVALO Um fazendeiro colecionava cavalos e s6 Ihe faltava uma determi- nada raga. Um dia ele descobriu que o seu vizinho tinha este determina- do cavalo. Assim, atazanou seu vizinho até conseguir compra-lo. Um més depois o cavalo adoeceu, e ele chamou 0 veterinario: — Bem, seu cavalo esté com uma virose, é preciso tomar este medicamento durante trés dias, no terceiro dia eu retomarei e, caso ndo esteja melhor, seré neces- sario sacrifica-lo. Neste momento, o porco escutava toda a conversa. No dia seguinte deram o medicamento e foram embora. O porco se aproxi- mou do cavalo e disse: - Forga, amigo! Levanta dai, sendo vocé sera sacrificado! No segundo dia, deram o medicamento e foram embora. O porco se aproximou do cavalo e disse: - Vamos 14, amigo, levanta, se- Nao vocé vai morrer! Vamos la, eu te ajudo a levantar... Upa! Um, doi trés. No terceiro dia deram o medicamento e o veterinario disse: — Infeliz- mente, vamos ter que sacrifica-lo amanha, pois a virose pode contaminar 08 outros cavalos. Quando foram embora, 0 Porco se aproximou do ca- valo e disse: — Cara, 6 agora ou nunca, levanta logo! Coragem! Upa! Upa! Isso, devagar! Otimo, vamos, um, dois, trés, legal, legal, agora mais depressa vai... Fantastico! Corre, corre mais! Upa! Upa! Upal!! Vocé ven- ceu, Campeao! Entao, de repente o dono chegou, viu o cavalo correndo no campo e gritou: ~ Milagre! O cavalo melhorou. Isso merece uma fes- ta... Vamos matar 0 porcol, REFLETINDO... A EXPERIENCIA ENSINA QUE QUEM QUER PRATICAR O BEM, ARRISCA-SE A SER MATERIALMENTE PREJUDI- CADO, APESAR DISTO, VALE A PENA PRATICA-LO, POIS DEUS SABE RECOMPENSAR DIVINAMENTE AQUELES QUE TEMACORAGEM DA GENEROSIDADE E DA MAGNANIMIDADE. 474 Esclarecendo... A RENOVAGAO CARISMATICA CATOLICA DEPEN- DE DO PROTESTANTISMO? Em sintese: O Papa Ledo Xiil publicou em 1897 a enciclica Divinum Illud Munus sobre o Espirito Santo e a 1° de janeiro de 1901 invocou publicamente o Espirito Santo. Logo tiveram origem diversos movimentos pentecostais entre os cristéos; primeiramente entre denomi- nag6es protestantes e, em 1967, entre catélicos, sem que se possa dizer tenha havido dependéncia direta do grupo inicial catolico em relagao 40s grupos protestantes. Trata-se de uma grande onda que tinha por base o texto biblico, principalmente os relatos de Batismo no Espirito Santo. Pode-se dizer que a “redescoberta” moderna do Espirito Santo tem inicio com o Papa Leo XII, que em 1897 publicou a enciclica Divinum Iilud Munus sobre o Espirito Santo e em 1° de janeiro de 1901 invocou publicamente o Espirito Santo em nome de toda a Igreja. Assim incitava @ oragdo ao Espirito Santo. A resposta foi dada (talvez inconscientemente) por comunidades protestantes antes das catélicas. As 11 horas da noite do mesmo 1° de janeiro a estudante Agnes Ozman pediu ao pastor Parham que lhe impusesse as m&os sobre a cabega e orasse por ela a fim de que recebesse 0 Batismo no Espirito Santo. Feito este gesto, a jovem comegou a falar em linguas; nos dias seguintes outras pessoas fizeram a mesma experiéncia, dando assim origem ao Pentecostalismo que tem o titulo “Assembiéia de Deus”. No decorrer do século XX semelhante experiéncia ocorreu entre luteranos, anglicanos, presbiterianos, desejosos de renovar as suas CO- munidades. Na década de 1960 também a Igreja Catdlica comegou a viver se- melhantes episédios ou os primeiros surtos da Renovagao Carismalica. Foram-se efetuando encontros de oragao em grupos de estudantes norte- americanos das Universidades de Notre Dame, South Bend, Duquesne; professores e alunos se aplicavam intensamente & oragao. Dois fatores contribuiram para alimentar o movimento: 1) os Cursilhos de Cristandade, cujos membros haveriam de assumir a lideranga da Renovagao Carismatica 475 44 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 Catdlica (RCC) e 2) a leitura de dois livros: “Eles falaram em outras lin- guas” de John Sherrill (1964) e “A Cruz e o Punhal” de David Wilkerson (1963). Sao duas obras que relatam a ago do Espirito Santo entre os figis. © marco inicial da RCC ocorreu no famoso Fim de Semana de Duquesne, de 17 a 19 de fevereiro de 1967. Eis como a sra. Patti Gallagher Mansfield, na época estudante da Universidade de Duquesne, narra 0 que lhe aconteceu na sessdo inicial da RCC: "Fago parte de um grupo de estudo da Biblia do nosso campus, Tivemos um Fim de Semana de Estudos nos dias 17 a 19 de fevereiro de 1967. Preparando-nos para esse encontro, femos os Atos dos Apéstolos e um livro intitulado “A Cruz e o Punhal” da autoria de David Witkerson. Fiquei particularmente impressionada pelo conhecimento do poder do Espirito Santo e pelo vigor e a coragem com que os Apéstolos foram capazes de espalhar a Boa-Nova apos Pentecostes... Durante os nossos grupos de discussao, um dos lideres colocou em tela o fato de que devemos confirmar constantemente os nossos votos de Batismo e de Crisma, assim como devemos ter a alma mais aberta para o Espirito de Deus, Pareceu-me... um pouco dificil acreditar quando me foi dito que os dons carismaticos concedidos aos Apéstolos séo ainda dados as pessoas nos dias atuais — que ainda existem sinais do poder de Deus e milagres — e que Deus prometeu enviar seu Espirito para que se fizesse presente a todos os filhos da carne. Decidimos entao efetuar a renovagao dos votos de Batismo e Crisma como parte da Missa de encerramento no domingo @ noite. Mas 0 Senhor tinha em mente outras coisas para nés. No sabado a noite tinhamos programado uma festinha de aniversa- rio para alguns dos colegas, mas as coisas foram simplesmente aconte- cendo sem alternativa. Fomos sendo conduzidos para a capela, um de cada vez, e recebendo a graga denominada Batismo no Espirito Santo no Novo Testamento. isto aconteceu de maneiras diversas para cada uma das pessoas, Eu fui atingida por uma forte certeza de que Deus é real e nos ama. Oragdes que eu nunca tivera a coragem de proferir em voz alta Saitavam dos meus labios, Agora entendo perfeitamente o que Claudel que- fia dizer quando se referia a uma voz interior que é autenticamente mais nés mesmos do que aquilo que acreditamos que somos. Esse ndo era, pois, um bom fim de semana, mas na realidade uma experiéncia transformadora de vida que ainda esta prosseguindo e se desenvolve em crescimento e expansao” (Como um novo Pentecostes, Editora Louva-a-Deus, pp. 3s). Mais adiante escreve a autora: “O nosso retiro de 17 a 19 de fevereiro de 1967... veio a ser mundi- almente conhecido como o Fim de Semana de Duquesne. Este evento vem sendo geralmente aceito como o marco inicial da Renovagao 476 ARENOVACAO CARISMATICA CATOLICA DEPENDE DO. PROTESTANTISMO? 45 Carismética na Igreja Catélica, por ter sido o primeiro em que um grupo de fiéis catélicos experimentou o Batismo no Espirito Santo e os dons carisméticos. Conquanto jé existissem catélicos assim batizados anteri- ormente, aquele retiro veio a sero ponto de partida de um amplo Movi- mento da Renovagao Carismatica, cuja abrangéncia estendeu-se pelos Estados Unidos e por todo o mundo. Nao ful eu a unica pessoa que deu exuberante testemunho dessa nova efuséo do Espirito Santo e dos seus dons no ano de 1967. Ja a noticia sobre a experiéncia pentecostal renovadora espalhava-se com @ rapidez de fogo solto através de cartas, pelo telefone e em contatos pes- ‘soais. Um dos professores que tinha ‘sido lider no Fim de Semana de Duquesne reportou a seus colegas de Notre Dame: “Eu nao tenho que acreditar em Pentecostes, porque eu o vi". ARCC associa a sua origem também a oragdo proferida pelo Papa Jodo XXIII a abertura do Concilio do Vaticano lem 1962: “Renova os teus milagres neste nosso dia, como em um novo Pen- tecostes. Permite que tua Igreja, unida em pensamento e firme na oragao com Maria, a Mae de Jesus, e guiada pelo abengoado Pedro, possa pros- seguir na construgao do Reino do nosso Divino Salvador, Reino de Ver- dade e de Justiga, Reino de Amor e de Paz’. ARCC 6 tida por seus membros como parte da resposta dada pelo Senhor a esta prece do Papa Joao XXII. Pergunta-se agora: QUE DIZER? Proporemos duas observagées: 4) A tomada de consciéncia dos acontecimentos atras assinalados leva a dizer que a RCC é a expressao, na Igreja Catolica, de um movimento desencadeado pelo Papa Ledo XIll, que, certamente sob o impulso do pré- prio Deus, preconizou atenta estima da agdo do Espirito Santo entre os cris- tZos, Sem querer entrar em pormenores, vemos que 0 século XX foi forte- mente marcado pela procura de ausculta @ fidelidade ao Espirito. Isto se deu copiosamente em comunidades protestantes' e na década de 60 tambem em grupos de oragao catdlicos. Pode-se crer qué 0 interesse tenha sido contagiante, de modo que noticias das experiéncias feitas ca ou {a transmi- tidas (essas noticias) por carta, telefonemas, devem ter estimulado os. indife- rentes a aderir a esse novo estilo de oragdo, sem que tenha havido plagio de uns para com outros. O impulso veio do Espirito, passando pelos irmaos. —_—_—_—__—_ 1 Nao tencionamos debater aqui a natureza de tais fenémenos: teréo sido auténticos dons do Espirito Santo ou meras projegdes do psiquismo humano? Pode o Espirito ‘Santo manifestar-se em comunidades ndo catélicas? 477 46 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 2) ARCC merece o aprego dos catdlicos quando bem orientada. Tem renovado a fé e a biedade de muitas pessoas afastadas ou tibias. Pelos frutos bons se conhece a arvore boa. Nao ha duvida, tem havido falhas, exageros, ‘subjetivismos em varias expressdes da RCC. O entusi- asmo de pessoas despreparadas, destituidas de formago doutrinaria, tem provocado desastres Pequenos e grandes. Mas isto nao extingue o valor da RCC concebida como tal. Em tudo que é humano ha falhas a nao ser que o préprio Deus o queira evitar por especial privilégio. O bem da Igreja pede que nao se combata a RCC, mas se interessem os res- ponsaveis por oferecer aos seus membros 0 estudo aprofundado da dou- trina de fé catélica assim como a orientago de dirigentes seguros na fé e na Moral. De modo especial é necessério enfatizar, nos grupos de ora- 40, que os dons extraordinarios ndo devem ser preferidos aos ordinari- OS OU que o espalhafatoso nao deve ser almejado como sinal de santida- de. “O justo vive da fé”, diz Sdo Paulo (Rm 1, 17), nao de milagres. Seja também recordado que o sentir (sentir-se bem, euférico) nao é constitutivo. necessario da vida de fé. Esta pode ser auténtica mesmo na aridez e no claro-escuro da luta em pro! da fidelidade a Cristo. E preciso também nao confundir fenémenos meramente psicolégi- cos com dons do Espirito Santo. CARO(A) LEITOR(A), SE ESTA REVISTA LHE AGRADOU, PENSE NOS NOSSOS IRMAOS QUE ANDAM SEQUIOSOS A PROCURADO SENTIDO DA VIDAE DE LUZ EM MEIO AO TURBILHAO DE IDEIAS QUE AGITAM © MUNDO DE HOJE E PASSE-LHES ESTE FASCICULO OU UMA ASSINATURA DE PR, PRE- SENTE QUE TORNA VOCE PRESENTE AOS SEUS AMIGOS DURANTE DOZE MESES SUCESSIVos, AESCOLA “MATER ECCLESIAE” OFERECE-LHE TAMBEM 21 GUR- SOS POR CORRESPONDENCIA, VESANDO SOBRE OS DIVERSOS TRA. TADOS DA TEOLOGIA (DOGMATICA, LITURGIA, MORAL, ESCRITURA, HISTORIA DA IGREJA, ECUMENISMO...) ALEM DISTO, OFERECE 51 OPUSCULOS RELATIVOS A JESUS CRISTO E AOS PROBLEMAS DA ATU- ALIDADE, SENDO OS ULTIMOS RELATIVOS A CREMAGAO DE CADAVE- RES, AO CODIGO DA VINCI, A MARIA MADALENA NOS EVANGELHOS E NOS APOCRIFOS... TRATA-SE DE LIVRETOS DE FACIL LEITURAAPRE. GO BARATO. PEDIDOS PELO TELEFAX (21) 2242-4552 OU PELO ENDE. REGO POSTAL: C.P. 1362, 20001-970 RIO (RU). © MUNDO TEM FOME NAO SO DE PAO, MAS DE TODA PALAVRA QUE SAI DA BOCA DE DEUS. COLABORE CONOSCO PARA SACIAR ESSA FOME E VOCE SE ALEGRARA UM DIAPOR TER ASSIM FEITO EM UNIAO COM CRISTO. 478 Um chavao: AIGREJA CATOLICA E RICA? (Pe. Pio Milpacher) Em sintese: O artigo dissipa o preconceito de que a igreja Catdlica é rica em virtude de ganancia e outros vicios. A Igreja tem enormes res- ponsabilidades desempenhadas por pessoas que se péem totalmente a servigo de Cristo e precisam de ser remuneradas. Ademais os tesouros de arte do Vaticano néo séo como o dinhelro nos Bancos a render juros; ao contrario, séo bens que exigem manutengao carissima. O Pe. Pio Milpacher, benemérito por seus trabalhos apostélicos, difundiu via internet um artigo que vai abaixo transcrito, pois responde a uma questdo freqdentemente formulada pelo grande publico. AIGREJA CATOLICA E RICA? Entre todas as teorias de conspiragao acerca da Igreja Catdlica, a afirmagao de que ela seria uma poténcia financeira é das que mais sub- siste em nossos dias e é habitualmente utilizada pelos seus detratores. Seria mesmo a Igreja Catélica uma instituigado bilhonaria, portentosa de riquezas, & qual bastaria vender todos os seus supostos tesouros para com isso acabar com a pobreza dos povos? O Obolo de Sdo Pedro ... O que é isso? E a coleta que sera feita uma vez por ano em todas as igrejas para ajudar a manutengdo da Curia Romana. “Como? O Vaticano nao é rico?” — Sim e nao! E rico de igrejas, ornamentadas com obras de arte de valor enorme, de museus igualmen- te cheios de doagées feitas por reis, principes, grandes artistas e benfei- tores da humanidade, que doaram objetos preciosos a igreja em reco- nhecimento a Deus por gracas recebidas. Mas nao s&o bens comerciaveis! Um dia (logo depois da guerra mundial) o Cardeal de Mil&o necessitava de dinheiro para reconstruir as igrejas da cidade, devastadas pelos bombardeios. Foi pedir empréstimos aos Bancos. Os banqueiros perguntaram quais bens a diocese tinha para hipotecar em caso de no restituigao do empréstimo. O Cardeal era um homem santo, mas entendia pouco de negocios comerciais; ofereceu hipotecar o domo de Milao. Uma catedral maravilhosa, de valor inestima- vel! Os banqueiros responderam: *Nao 6 um bem comerciavel! Quem a compraria? Tem sé despesas de manutengao!”. 479 48 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 532/2006 Os tesouros de arte do Vaticano, nao sfo como o dinheiro nos Ban- cos, que’ do renda; sao bens que exigem manutengdo carissima! As ofertas dos turistas que os visitam, devem ser empregadas para conser- vagao e restauro destes tesouros. Quem entra nas igrejas antigas de S. Paulo, como a de S. Francisco, admira toda aquela decoragao de madei- ra trabalhada artisticamente. Mas tera observado que desde anos estao técnicos trabalhando sobre os andaimes para salvar a madeira do cupim, da umidade, da poluigao do ar, restauré-la e refazer as pinturas. E nao é qualquer biscateiro que sabe fazer um trabalho semelhante! No Vaticano trabalham mais de dois mil empregados: guardas, porteiros, faxineiras, funciondrios das congregagdes romanas, que de- vem atender ao govemo de um bilhdo de catdlicos, coordenagao de mi- lhares de institutos religiosos, dioceses, seminarios... So em numero menor do que os funcionarios da prefeitura de Osasco; mas eles também nao vivem de ar, devem ser pagos pelo servi- Go que prestam. Se servirem ao povo catélico do mundo inteiro, é justo que os catdélicos contribuam ao sustento. O mesmo argumento vale para as dioceses. O Bispo e a ctria diocesana trabalham para 0 povo da diocese; devem ser mantidos pelo povo, como o seminario que prepara os futuros padres. O povo contribui com 0 dizimo e as coletas. Por isso as pardquias dao a coleta do dia de S. Pedro 4 manutengéo da igreja universal e dez por cento da arrecada- Gao mensal 4 manutengo da diocese e do seminario. E justo que seja assim. Mas somente em parte. O Estado deveria ajudar! Um dia, explican- do a um operario que o Estado nao ajuda em nada a igreja, ficou pasma- do: “Como? A Igreja que prega a honestidade, educa as novas geracées a evitar os vicios, prepara os jovens a formar familias honestas e firmes, no recebe nenhuma ajuda do Estado? Nao faz um servigo publico?” Eu Ihe respondi que o Estado nao ajuda a igreja, nem quer ensino religioso nas escolas porque os anticlericais dizem que nao todos os cidadéos tém religiéo. O homem rebateu: “Mas, se 6 por isso, o Estado nao deveria financiar o carnaval, por- que muitos preferem ir a praia em lugar de ver o desfile, nem deveria asfaltar as ruas de Vila Nova, porque n3o servem aos habitantes de Vila Velha! Dizer que a religido nao se ajuda porque nado todos a praticam é um argumento estupido!”. Reconheci que o homem tinha razao. E the expliquei: “Na institui- do da Republica os anticlericais disseram esta besteira. Nés engolimos, (Continua na p. 442) 489 Grande queima de estoque das Edi¢gdes Lumen Christi As Edigdes Lumen Christi esto numa grande promogio oferecendo, a baixos pregos, varios — Michael Emilio Scherer, Frei Domingos da Transfiguracao Machado — O restaurador da Congregacao Beneditina do Brasil, 1980,186 pp, R$ 13,00 - RS3x Frei Domingos da Cransfiguragio Machado (1824-1908) foi o ultimo Abade Geral da antiga Congregag4o Beneditina do Brasil. Monge santo, humilde, embora dotado de grande saber, zcloso, caritativo foi quem teve a iniciativa de pedir ajuda a Santa Sé para serem restaurados os mosteiros do Brasil, que morriam por falta de monges, devido 4 proibic¢ao governamental, no tempo do Império, de admissdo de novos novigos, Vieram, entiio, para o Brasil, a partir de 1895, Dom Geraldo van Caloen ¢ outros monges da Congregagiio de Beuron, que repovoaram os diversos mosteiros, dando novo vigor a vida beneditina no Brasil. — Dom Lourengo de Almeida Prado, Sao Bento, o eterno no tempo, 1994, 288 pp, RSIG40-RS 10,00, Coletanea de artigos e outros trabalhos do conhecido monge educador, por muitos anos diretor do Colégio de Sao Bento, mas que quis ser, antes de mais nada, discipulo do Patriarca de Montecassino. Eis alguns temas tratados: S, Bento e sua obra, S. Bento e sua mensagem, A primazia do espiritual, Hospitalidade ¢ apostolado, S. Bento, 0 trabalho ea construgiio da Cidade Medieval, S. Bento eo livro, O ensino na Ordem de S. Bento. — Joao Paulo 11 co espirito beneditino, 112 pp, RB4S0— RS 1,00. Este pequeno volume publica dez textos do Papa, de 1979 ¢ 1980, por ocasifio do XV centenario de Sao Bento, destacando-se a Carta A postélica “Sanctorum Altix”. — Saltério litirgico: Salmos ¢ CAnticos, 497 pp, R&2540 - RS 10,00. ‘Tradugio oficial, em lingua portuguesa, aprovada pela CNBB, dos 150 Salmos (também dos salmos ¢ versiculos imprecatorios que nao sao utilizados na Liturgia das Horas de Rito Romano, mas sim no Rito Monistico), 54 CAnticos do Antigo Testamento e 22 Canticos do Novo Testamento (alguns os CAnticos, préprios da Liturgia Monastica, so de tradugaio de Dom Marcos Barbosa, OSB). Todos os Salmos estéio dispostos na ordem numérica do Saltério. ~ Dom Cirilo Folch Gomes, Amor forte como a morte, 1983, 64 pp R$4,90= RS 1,00. Temos aqui os textos de conferéncias pronunciadas por Dom Cirilo, monge do Mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro e conceituado tedlogo, no 2° Congresso Latino-Americano sobre o Sagrado Coragao, em Quito. Tratam da contemplagiio do Coragao de Jesus nos sermées de Frei Mateus da Encarmacio Pinna, tedlogo brasileiro beneditino do século XVII. RENOVE O QUANTO ANTES SUA ASSINATURA DE PR Renovago ou nova assinatura (12 numeros) Numero avulso... R$ 5,00 PERGUNTE E RESPONDEREMOS Ano de 2004 e 2006.... R$ 70,00 cada Coleco encadernada em percalina com Indice (numero limitado de exemplares) Para pedidos, veja nossos enderecos na 2° capa, onde estado indicadas igualmente as formas de pagamento, R$ 50,00 ANS GRANDE PROMOCAO # PARA PAROQUIAS Caaf E ESCOLAS CATOLICAS As Edigdes Lumen Christi esto vendendo a paréquias e escolas catélicas, numa grande promogdo de queima de estoque, a pregos super reduzidos, dois livretos com Rituais: BODAS DE PRATA E DE OURO Rituale textos para a Missa— 12°edigéo, 1990 Os casais catétices costumarm celetrar ouae bodao de pratac de oure comuma Misoa em agiie de gragas. Este Uuneto especial (10,50 « 15,50cm) de 24 pp, foi elaborade hid udrias anes por Dom Hitdebrands Martins, OSL. presenta o rite da mised, cmitinds apenas a eragia eucaristicn, com adaptagies na acothida e no. rite penitencial eintraduz rites (niio.oficiaio ) de renouagie do. compromissa.e béngiia das atiancas, exagie dos fidis ¢ béngéie final. Us oxagies prdpriac odie as que constam de. Missal Romana (Missas para divewas cheunstincias) e ao leituias odo. apropriadas: 1 Ja4,7-12 Satma127 Mt22,35-40. MEUS QUINZE ANOS Ritual e textos para a Missa-18°edigdo, 1994 E igquatmente um tunete. dao mesmas dimenotes ¢ com 0 mesmo rulmere. de paginas que ¢ anterior, igualmente claborade pox Dom Hildelnande. Martins, OSB, que ction abguns rites peculiares (entrega da Biblia, oragae dos pais apés a homitia, antes da renouagia das promessas de batisme, sequinde-se 0 compromisse. do aniversonioute eno final da misoa uma catene agiie de gracas do jevemne de seus paid ). Feooulteatas adaptadas de acothidaate penitencial e aracéo doo fitio. le oragies oo do Missal, omitinde-o a Oragie Eucarstica a fim de pounitira escatha de teata mais adaptade. Uo teitura ste aprepriadas: 1 Ja4,7-12 SatmeI18,9-12 Mt22,35-40. ake S30 Pregos especiais para paréquias e escolas catélicas, conforme a tabela abaixo: 1 exemplar: enviamos gratuitamente aos que solicitarem Prego unitdrio: até 10 exemplares: R$0,60 de 31 a40 exemplares: R$ 0,30 de 11.a20 exemplares: R$0,50 de41a50 exemplares: R$0,20 de 21 a 30 exemplares: R$ 0,40 mais de 50 exemplares, R$ 0,10 Para pedidos, veja nossos enderecos na 2° capa, onde estado indicadas igualmente as formas de pagamento.

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