Sei sulla pagina 1di 13

A Previdência no país da Carochinha

por Eduardo Fagnani — publicado 20/02/2018 00h10, última modificação 19/02/2018 18h57

A defesa da reforma mistura propaganda enganosa, terrorismo econômico e compra de votos. O vale-tudo inclui
semear o pânico

A Previdência é item da “ambiciosa agenda de reformas para a modernização do Brasil” exigida pelo poder
econômico. Para capturar também esses recursos da sociedade, os detentores da riqueza têm de rasgar o pacto
social selado em 1988 e destruir o embrionário Estado Social. Essa ofensiva começou há mais de 30 anos. O
golpe parlamentar ao qual assistimos hoje é o fecho da mesma ofensiva. Hoje, o governo aposta no vale-tudo:
interdita o debate, desqualifica os interlocutores, despreza o conhecimento técnico, faz propaganda enganosa,
compra votos. E faz terror econômico.
Ao contrário do que rezam pós-verdades amplamente difundidas, a previdência do setor privado, que atende
mais de 35 milhões de famílias que, em média, recebem aposentadoria inferior a dois salários mínimos, (i) exige,
sim, idade mínima; e (ii) a questão das “aposentadorias precoces” está equacionada desde 2015 (Lei nº 13.183).
O problema também não está nos servidores públicos que começaram a trabalhar a partir de 2012. A Lei nº
12.618/2012 que criou a previdência complementar fixou o salário-teto de 5.189,82 reais. O problema está nos
servidores que começaram a trabalhar antes de 2012 (há situações específicas e de difícil solução, pois há
direitos adquiridos). Mas em nenhum caso haverá aposentadoria de “marajá” no setor público a partir de 2040.
Os dados oficiais mostram que os gastos tendem a cair. Fato: a reforma atinge, sim, os pobres.
Por acaso, os 79% dos trabalhadores que recebem até dois salários mínimos não são pobres?
O aumento progressivo da idade mínima (65 e 62 anos para homens e mulheres) será turbinado pelo “gatilho”,
sempre que se registrar aumento na expectativa de sobrevida aos 65 anos; A aposentadoria integral (40 anos de
contribuição) é objetivo inalcançável; A aposentadoria parcial (15 anos) reduz em 60% o valor do benefício; As
novas regras atingem o trabalhador rural; Proibir que a família acumule pensões e reduzir o valor das pensões
(50% do salário mínimo) equivalem a atacar o orçamento familiar;
Só haverá aposentadoria por invalidez quando o segurado sofrer acidente incapacitante durante a atividade
laboral. E o governo ensaia elevar a idade mínima (de 65 para 68 anos) exigida para o Benefício de Prestação
Continuada com que contam as famílias com renda per capita de até um quarto do salário mínimo.
Sem argumentos convincentes, o vale-tudo inclui semear o pânico. Há um terrorismo demográfico, que insiste
em que haverá menor proporção de trabalhadores contribuintes para um maior número de aposentados. Ao
mesmo tempo oculta que o financiamento da Previdência não depende unicamente da contribuição do
trabalhador ativo.
Há um terrorismo financeiro que insiste no mito do “déficit”. Há a típica “pedalada” contra a Constituição, como
vários estudos acadêmicos, ratificados pela CPI da Previdência Social, demonstraram. O mesmo terrorismo
aparece nas projeções catastrofistas do “déficit” para 2060. A única verdade, bem sabida por todos os
especialistas não terroristas, é que o governo não tem nenhum modelo atuarial que fundamente suas
“profecias” e os economistas não costumam acertar previsões trimestrais.
O terrorismo econômico, ainda mais vulgar, alardeia que o destino da nação dependeria crucialmente da
reforma da Previdência. Na profusão de banalidades, destaca-se a tese (fake) segundo a qual, sem reforma, a
dívida pública “explodiria” e o País “quebraria”.
A visão do governo de que “sem a reforma não há futuro” é contraditória com as ações do próprio governo que
derrubam as suas e as receitas da Previdência. Nisso, é emblemática a Medida Pro-visória nº 795/2017, que
concede benefícios fiscais a empresas petrolíferas. Por essa lei, o governo abre mão de receitas estimadas em 1
trilhão de reais nos próximos 25 anos. São 40 bilhões por ano, praticamente a “economia” que o governo diz
que obterá com a reforma da Previdência.
A incongruência nem sequer é um fato isolado. Há ao menos três Medidas Provisórias que caminham na mesma
direção: a 783/2017 (Programa Especial de Regularização Tributária), que refinancia parcela considerável do 1,8
trilhão de reais da Dívida Ativa da União por um período de 20 anos, com redução de 99% de juros e multas; a
793/2017 (Programa de Regularização Tributária Rural), que permite as produtores pagar só 4% do total de
dívidas com a Previdência e reduz a contribuição ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, de 2,1% para
1,3%; e a 778/2017, que permite a estados e municípios parcelarem as suas dívidas previdenciárias.
Para equilibrar as finanças da Previdência, é preciso haver crescimento econômico, pois suas receitas incidem
sobre a folha de salário, o faturamento e o lucro das empresas. E é preciso ampliar a contribuição das classes de
maior renda, restringindo-se privilégios dos quais só o poder econômico usufrui.
Os juros continuam elevados, quando o mundo pratica taxas reais negativas. Anualmente é transferido aos
rentistas o equivalente a quase dez anos de toda a economia que o governo projeta obter com a sua “reforma”
da Previdência.
Faz falta uma reforma tributária que enfrente o crônico caráter regressivo do sistema de impostos. Estima-se
que só a taxação sobre dividendos represente ganhos superiores a 60 bilhões de reais por ano.
Todo ano o governo federal abre mão de cerca de 20% das suas receitas, em isenções fiscais que dá a
segmentos econômicos específicos (em 2015, foram 282 bilhões de reais, 4,9% do PIB, doados como
“isenções”).
Segundo estudos do Banco Mundial, a sonegação de impostos no Brasil chega a 13,4% do PIB, cerca de 500
bilhões de reais anuais (equivalente a dez anos da “economia” que a reforma fake atualmente em estudos pode
talvez gerar).
A situação das finanças da Previdência agravou-se entre 2015 e 2017 por efeito da opção econômica que colocou
o País em grave recessão. Agora se trata de retomar o crescimento e combater os favores que privilegiam os
donos da riqueza financeira. Essa é a “meia-entrada” que o Brasil tem de combater.
Supermercado deve indenizar clientes negros revistados de
forma humilhante
Data: 08/05/2018
Categoria: Casos de Racismo, Violência Racial e Policial

É ilícito abordar consumidores como suspeitos de furto de forma vexatória, sem qualquer amparo fático a não
ser a cor da pele, pois a prática equivale a tratá-los como seres invisíveis e sem valor.

no ConJur

Cada um deles deverá ganhar R$ 20 mil de reparação. A empresa ainda foi condenada a pagar multa por
litigância de má-fé por negar veementemente os fatos e, após mais de dois anos, ao final do processo, juntar
DVD com as imagens do circuito interno de segurança.

O fato ocorreu em 2013, quando o trio de estudantes comprou alguns pacotes de biscoito no estabelecimento.
Depois de pagarem pelos produtos no caixa, foram abordados por cinco seguranças, que mandaram os
jovens abrirem as mochilas e esvaziarem os bolsos.

Como nenhum produto de furto foi encontrado, os seguranças ordenaram que eles saíssem imediatamente do
local, na frente de todos os clientes. Os jovens, então, registraram boletim de ocorrência e moveram ação
contra o supermercado.

Em sua defesa, a empresa alegou que nenhum fato foi registrado ou ocorreu na data e hora alegadas pelos
estudantes. Sustentou que a história narrada pelos estudantes era ‘‘fantasiosa’’, constituindo-se numa
‘‘aventura jurídica para auferir lucro’’.

Após a instrução do processo, em memoriais, a empresa ré mudou a linha de defesa e confirmou a abordagem
aos autores. Segundo a versão, eles haviam colocado na mochila um energético para induzir os seguranças a
erro.

Uma testemunha, que estava na fila do caixa, disse que os seguranças se referiram aos meninos como ‘‘esses
neguinhos’’. Também afirmou que os rapazes ficaram nervosos com a situação, que gerou um tumulto. A
empresa não arrolou testemunhas, ainda que os nomes de dois dos seguranças tenham sido informados na
inicial.

A juíza afirmou que a abordagem foi desmotivada, abusiva e truculenta e resultou em abalo moral e psíquico.
‘‘Foi em horário de pico, em estabelecimento muito próximo à escola onde estudavam, frequentado por
colegas, amigos e pais de colegas, de modo que foram expostos, a não ser pelo fato de serem negros, à situação
vexatória, humilhante e violenta.’’ A sentença foi proferida em 30 de abril.

Herança do escravagismo
Karla Aveline de Oliveira fez uma espécie de análise antropossociológica do racismo no mundo e no Brasil. Para
ela, entender o que se passou no supermercado exige que se compreenda, primeiro, o histórico do país,
“herdeiro de um passado escravagista e indigno”.

A julgadora falou sobre características do Brasil colônia, privilégios de determinados grupos, racismo e a “figura
do negro e da negra como estranhos o imaginário coletivo brasileiro”.

Para Karla, os fatos mostram que ficou configurado o agir ilícito da empresa, que não se preocupou em
preservar a imagem, a integridade emocional e a honra dos adolescentes. ‘‘Ao contrário, em total desprezo,
abordou-os como se suspeitos de furto fossem, na frente de todos os clientes, sem qualquer razão, a não ser a
discriminação e o preconceito racial.’’

Indenização e multa
Ela também fez referência ao fato de que a empresa tratou de resguardar as imagens da abordagem para usar
no momento oportuno, já que demorou mais de dois anos para entregar o DVD à Justiça e ainda mudou a
versão do fato.

A sentença considera que foi uma conduta ‘‘pensada e planejada’’ pela ré, para não disponibilizar detalhes
sobre o conflito. ‘‘Sem justificar o aparecimento repentino do DVD, ousou referir que a ação da empresa, além
de não ter produzido qualquer dano, deu-se porque a segurança foi induzida em erro pelos adolescentes para
provocar uma abordagem’’, concluiu.

Diante disso, a magistrada também condenou o supermercado a pagar multa no valor equivalente a 10 salários
mínimos aos autores da ação por má-fé, já que ‘‘alterou, vergonhosamente, a verdade dos fatos, procedendo,
inclusive, de modo temerário’’. Da decisão, cabe recurso. Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-RS.
Assassinato de estudante não-binária alerta sobre violência contra
trans
Crime que aconteceu no Rio de Janeiro escancara a realidade de preconceito que a comunidade transexual
vive no Brasil

Por Da Redação
access_time8 maio 2018, 21h23 - Publicado em 8 maio 2018, 21h20

Nesta segunda-feira, 7, a família da estudante Matheus Passareli Simões Vieira, de 21 anos, também conhecida
como Matheusa, confirmou que a jovem, que estava desaparecida há um pouco mais de uma semana, foi
assassinada. Aluna de Artes Visuais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Theusa se identificava como
não-binária, ou seja, não se definia como homem ou mulher.

Segundo investigações da polícia do Estado do Rio de Janeiro, Matheusa foi morta em um morro na zona norte
da cidade, próximo ao local onde foi vista pela última vez por amigos ao deixar uma comemoração. Ao que tudo
indica, a artista foi assassinada por conta do preconceito contra a comunidade LGBTQ+ e teve seu corpo
queimado.

Esse triste caso levanta a questão da violência contra gays, lésbicas, bissexuais e transexuais. No Brasil, a
expectativa de vida de transexuais é de apenas 35 anos, de acordo com dados do Grupo Gay da Bahia. Esse
número representa menos da metade da média nacional, que é de 75 anos.

Segundo o Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil de 2017, feito pela Associação Nacional
de Travestis e Transexuais, ocorreram 179 assassinatos de pessoas trans em 2017. Um número alarmante e que
escancara uma realidade triste: o Brasil é um dos países que mais mata transexuais no mundo. Essa violência e
a transfobia que existem no país precisam ser discutidas.

O preconceito que humilha, machuca e marginaliza está tirando a vida de pessoas por pura ignorância.
Envolvida com o mercado de moda e ativista do movimento LGBTQ+, a vítima da vez foi Matheusa. A
transexualidade é uma questão de identidade e deve ser respeitada como qualquer outra.

Após a veiculação da novela A Força do Querer, da Rede Globo, que tinha o personagem Ivan, um homem
transexual, o assunto passou a ser discutido em uma escala maior na sociedade brasileira. Porém, a discussão
sobre o assunto não pode parar com o final da obra. A educação sobre o tema é necessária para acabar com a
transfobia e eliminar o preconceito.
Violência e preconceito são crimes e nunca devem ser tolerados!
Sensação de insegurança não diminui após dois meses de
intervenção no Rio
À espera dos recursos prometidos, militares ocupam as ruas em horário comercial
por Redação RBA publicado 19/04/2018 11h17

São Paulo – Dois meses depois de anunciada, a intervenção militar no Rio de Janeiro não alcançou os
resultados prometidos pelo governo. Enquanto Michel Temer se diz satisfeito com as operações, os moradores
não viram os índices de violência caírem, ao contrário, e há aumento da sensação de insegurança.

Os militares ainda esperam por verbas para estender o reforço do policiamento durante a noite. Até o
momento, eles são autorizados a ocupar as ruas apenas em horário comercial, da 8h às 17h.

Especialista em formulação de políticas de segurança pública, a antropóloga Jacqueline Muniz considera que a
medida, até agora, não passa de um teatro. "O que de fato fez a intervenção até agora? Nada, ela não
apresentou um plano de emergência que pudesse articular o que de fato eles pretendem fazer, em junção
com a polícia militar, civil e corpo de bombeiros, para reduzir as incidências criminais e violentas", critica.

Março teve o maior índice de roubos de carro da história do Rio. Na zona norte, as ações da polícia não
reduziram o roubo de cargas e o maior exemplo da falta de planejamento foi a presença do Exército na Vila
Kennedy, uma espécie de laboratório da intervenção militar.
Depois de 30 dias os soldados deixaram a comunidade sem prender o chefe do tráfico, nem apreender
quantidade expressiva de armas e drogas.
"Eles foram lá fazer uma ação de suporte pontual, isso significa duas coisas. Primeiro, eles não têm recursos
para garantir o policiamento 24 horas. Segundo, eles não têm competência e qualidades para fazê-lo", afirma
Jacqueline.

A intervenção militar nas ruas do Rio reforçou o policiamento com 165 agentes federais, além dos efetivos das
polícias civil e militar, mas depois de dois meses não existe um balanço detalhado das operações. Em algumas
regiões do estado, o que houve foi até o aumento da violência, como no caso dos tiroteios.

Foram registrados 1.500 disparos com armas de fogo e confirmadas seis execuções, como as de Marielle
Franco e o motorista Anderson. Enquanto a população espera a solução para os crimes a orientação da própria
polícia para quem tem carro, é comprar um seguro ou deixar na garagem.

"O sentimento que se tem é que trocou seis por meia dúzia. A insegurança continua sendo percebida de
maneira generalizada pela população e as polícias seguem fazendo a rotina que estava fazendo com poucos
recursos", conclui a especialista.
Meia Hora faz contraponto à "editoria de guerra" do Extra
por Redação — publicado 24/02/2018 13h00, última modificação 25/02/2018 11h31

Jornais populares seguem caminhos distintos ao cobrirem intervenção federal no Rio

Jornal criticou
fichamento de
moradores de
comunidades em sua
capa deste sábado 24

A intervenção federal
no Rio divide
opiniões na
população, o que
reflete na cobertura
dos dois jornais
populares de maior
circulação no estado. Na edição deste sábado 16, o jornal Meia Hora destacou uma foto que mostra um
morador de Vila Kennedy, na zona oeste da capital fluminense, tendo sua identidade fotografada por um
soldado do Exército.
A estratégia adotada pelas Forças Armadas de fichar os moradores de diversas comunidades no Rio é ironizada
pela publicação, que contrapõe a imagem a uma foto da orla de Ipanema e do Leblon esvaziada, sem qualquer
abordagem militar ou policial. O jornal destacou ainda as críticas da OAB e da Defensoria Pública à prática, por
considerarem uma violação aos direitos humanos.

O jornal Extra deu menor destaque ao tema em sua edição deste sábado 24. Com a chamada "Moradores de
favelas são fichados", o periódico ressaltou que até idosos tiveram suas identidades fotografadas, mas não
chegou a mencionar na capa as críticas de especialistas e órgãos contra a prática.
Desde o início da intervenção, Extra e Meia Hora demonstram ter narrativas distintas sobre o comando dos
militares na segurança pública. Após o anúncio do decreto por Temer, o primeiro cobriu o nome "Rio" com uma
faixa escrita "intervenção federal". No topo, destacou que o tema estava relacionado à chamada "Guerra do
Rio".
No ano passado, o Extra anunciou em editorial
que passaria a usar o termo para se referir a
episódios de violência na capital fluminense e
criou a chamada "editoria de guerra" para
cobrir o tema. "Foi a forma que encontramos
de berrar: Isso não é normal!", explicou o
editorial. "É a opção que temos para não
deixar nosso olhar jornalístico acomodado
diante da barbárie".
O Meia Hora seguiu caminho distinto. Ao
anunciar a intervenção, reconheceu: "Beleza, o
negócio tá feio mesmo". Em seguida, a
publicação cobra, porém, investimentos
sociais. "Mas não seria o caso de rolar um
apoio de verdade pra educação, saúde,
habitação, lazer, cultura e trabalho?"
Mulher de 22 anos é violentada após deixar bar na Cantareira
Data: 04/05/2018

Categoria: Violência contra Mulher Por Vanessa Lima, no O Fluminense

Segundo vítima, estuprador a levou para as margens da baía e disse: ‘agora você vai aprender a gostar de homem’

A polícia está à procura de um homem acusado de violentar uma jovem de 22 anos às margens da Baía de
Guanabara, próximo à Praça Juscelino Kubitschek, no Centro de Niterói. O crime aconteceu na noite da última
quinta-feira, por volta das 22 horas.

De acordo com a polícia, a vítima contou que conheceu o estuprador pouco antes do crime, em um bar na
Cantareira, em São Domingos, e que teria evitado as investidas dele por expressar interesse em uma mulher que
estava no local. Mais tarde, quando voltava para casa, ela acabou abordada, ameaçada e abusada.

O crime – A vítima contou que estava na Cantareira, onde conheceu dois rapazes em um bar e foi convidada a
beber com eles. Durante as investidas de um dos homens, ela teria revelado sua orientação sexual e afirmou estar
interessada em uma mulher que estava no local. Pouco tempo depois, a jovem se despediu dos rapazes e foi
conversar com a mulher.

Por volta das 22h, a vítima seguiu caminhando em direção ao Centro, onde pegaria um ônibus para casa. Segundo
ela, um dos homens que estava no bar a abordou na altura da Praça JK e a forçou a caminhar até as margens da
baía. Ela disse que ainda tentou gritar pedindo socorro, mas foi agredida com tapas e socos. Em depoimento,
ainda relatou que no momento do estupro o agressor teria dito: “Agora você vai aprender a gostar de homem”.

Após o crime, o acusado fugiu e a jovem foi socorrida por um amigo. Ela deu entrada na Unidade de Emergência
Mario Monteiro, em Piratininga, onde foi submetida a exames e tomou coquetel de medicamentos contra
doenças sexualmente transmissíveis. Na última sexta-feira, o caso foi registrado na 81ª DP (Itaipu) e será
transferido nesta quarta-feira para Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), no Centro.
Ocupação no centro de SP desaba após incêndio; uma vítima foi
confirmada
Prédio, no Largo do Paissandu, foi antiga sede da Polícia Federal. Causas do fogo ainda serão investigadas.
Governador prefere acusar "indústria de ocupações" em vez de prestar solidariedade

por Redação RBA publicado 01/05/2018 09h52, última modificação 01/05/2018 10h26

São Paulo – Um edifício de 24 andares desabou durante a madrugada desta terça-feira (1º), no Largo do
Paissandu, no centro de São Paulo, após ter as estruturas abaladas por um incêndio, que começou por volta da
1h30. O local abrigava cerca de 150 famílias sem-teto, numa ocupação não ligada a nenhum dos movimentos
sociais por moradia da capital paulista. Um outro prédio, em frente, foi atingido pelo fogo, que até as 10h, seguia
sendo combatido pelos bombeiros. Pelo menos uma pessoa morreu.
Uma integrante de outra ocupação presenciou o ocorrido. "Moro no prédio em frente. Esse prédio era de vidro, a
gente chamava de 'prédio de vidro'. Em um primeiro momento os vidros estouraram e ficamos muito
preocupados. Começaram a evacuar os dois prédios e o fogo ia subindo. Foi muito rápido, já que era vidro e
madeira", relata Jomarina Abreu, integrante do Movimento de Moradia Central e Regional.
Ela conta sobre a vítima fatal que tentava escapar do prédio em chamas: "Ele estava lá em cima acenando com
um objeto, acho que um celular, e na hora o prédio desabou. Muito triste. Metade das pessoas perdeu
documentos, perdeu tudo. Havia muitos estrangeiros, principalmente nigerianos. E muitas crianças também."
O advogado Benedito Barbosa, do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, diz que os policiais não permitiram
o acesso às famílias. "Essas famílias não fazem parte dos movimentos ligados à FLM, UMM, CMP, que são grande
parte das ocupações que o centro Gaspar Garcia acompanha. Não tivemos acesso, mas independentemente
dessa situação, ela representa o descaso do poder público, que não vem providenciando, em especial nesse
últimos dois anos, moradia social em São Paulo.
Ele diz que o incêndio era uma espécie de "tragédia anunciada", dado o descaso das autoridades públicas.
Benedito também criticou o governador Marcio França (PSB), que em vez de prestar solidariedade às vítimas,
falou na existência de uma "indústria de ocupações" no centro da capital paulista.

"Não vamos aceitar qualquer tentativa de criminalizar as famílias de baixa renda que estão sofrendo com a crise
social e vão para as ocupações. Os governos não apresentaram nenhuma solução. Estamos vivendo uma tragédia
na política habitacional e estamos vendo, infelizmente, o resultado disso na prática", denuncia Benedito Barbosa.

Além do déficit habitacional, agravado pela crise econômica e pela alta do desemprego, tanto o governo estadual
como a prefeitura pouco têm feito, segundo ele, garantir moradia digna para a população. Ele disse ainda que os
veículos da mídia tradicional nem sequer ouviram as lideranças dos movimentos de moradia que estiveram
presentes na tragédia.
‘Se em nome de Cristo destroem, em nome de Cristo vamos
reconstruir’: evangélicos ajudam a reerguer terreiro
queimado
Data: 25/04/2018
Categoria: Casos de Preconceito

Lugar de encontro e devoção de praticantes do candomblé há 17 anos, o terreiro de Conceição d’Lissá tem
recebido, nos últimos meses, visitantes inusitados.

Por Ana Terra Athayde Do BBC

Em uma manhã de sábado de fevereiro, a pastora Lusmarina Campos, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana
no Brasil, foi ao local acompanhada de três voluntários para, pessoalmente, ajudar na remoção de entulhos –
tijolos e pedaços de madeira que faziam parte do segundo andar do terreiro, área atingida pelo fogo em junho de
2014. Na época presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do estado (Conic-Rio), Lusmarina organizou a
campanha de arrecadação, concluída no fim do ano passado, para a reconstrução do templo.

“Logo que a gente ouviu sobre a destruição do terreiro, eu pensei: ‘Se em nome de Cristo eles destroem, em
nome de Cristo nós vamos reconstruir’. É extremamente importante dar um testemunho positivo da nossa fé,
porque o Cristo que está sendo utilizado para destruir um terreiro está sendo completamente mal interpretado”,
explica Lusmarina.

Aquele foi o oitavo ataque ao local de culto da mãe de santo. Antes, tiros haviam sido disparados contra o templo
e a casa de Conceição. Três carros que pertenciam a candomblecistas de seu grupo foram queimados. A polícia
ainda não identificou os responsáveis pelos crimes. Para tentar se proteger, Conceição instalou grades e reforçou
muros e cadeados do templo. Sem apontar suspeitos, ela afirma que os ataques têm cunho religioso: “Não há
roubo de televisão, rádio, uma porção de coisas que poderiam usar para fazer dinheiro. Não levam nada, só
destroem.”

No ano passado, 71,5% dos casos de intolerância religiosa registrados no Rio de Janeiro foram contra grupos de
matriz africana, segundo a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos. Crimes
de ódio contra os adeptos de religiões como o candomblé e a umbanda também ocorrem em outras partes do
país, que possui cerca de 600 mil devotos de crenças de origem africana, segundo o Censo de 2010.

“É um fenômeno nacional, agora com essa face cruel, que já se expressou em 2008 e vem desde a década de 90,
que são os traficantes instrumentalizados por grupos neopentecostais que atacam os templos religiosos nas
periferias e favelas”, comenta o babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância
Religiosa

“O arcabouço do que está acontecendo no Rio de Janeiro, em termos de violência religiosa tem como fundo uma
lógica de guerra”, complementa a pastora Lusmarina. “Faz parte de um projeto de poder a descaracterização de
outros grupos religiosos, ou seja, uma linguagem de desrespeito e condenação. Porque, nesse tipo de concepção,
a diversidade não é permitida. É um enfrentamento que precisamos fazer porque é muito mais amplo do que a
questão estritamente religiosa. A questão é política. Por isso, a gente precisa se unir.”

O babalaô acompanhou desde o início a ação de apoio ao terreiro em Duque de Caxias organizada por Lusmarina.
“Esse ato é um divisor de águas na luta contra a intolerância religiosa no país”, comenta ele. A entrega do
dinheiro, com o maior aporte vindo de fiéis da Igreja Cristã de Ipanema, que é evangélica, foi celebrada no fim do
ano passado com uma cerimônia inter-religiosa no terreiro de Conceição. Alguns dos que participaram tiveram de
enfrentar críticas e ameaças, principalmente na internet e nas redes sociais. Lusmarina conta que um youtuber
evangélico gravou um vídeo em que incentiva outras pessoas a agredirem. “Ele diz: ‘Pastora vadia,
vagabunda…Tem que tomar tapa na cara’, de maneira muito agressiva e violenta.”

A discriminação, no entanto, não é exclusiva de grupos extremistas. Os próprios voluntários que acompanharam
Lusmarina na preparação do terreiro para as obras admitiram que, em determinado momento da vida, chegaram
a ter uma visão negativa em relação a religiões de matriz africana, por acreditarem que eram ligadas ao mal.

“O candomblé sofre preconceito desde que era a religião professada pelos nossos antepassados, que vieram para
o país escravizados”, comenta Conceição. “As pessoas hoje endemonizam o candomblé como se tivéssemos uma
relação estreita com essa figura chamada diabo, sem saber que o diabo não faz parte do nosso panteão de
divinizados. É uma visão eurocristã que não tem nada a ver conosco.”

A exemplo da iniciativa tomada no Rio de Janeiro, a direção nacional do Conic decidiu criar o Fundo de
Solidariedade para o Enfrentamento de Violências Religiosas. A entidade já começou a receber doações e
pretende criar um comitê inter-religioso que fique responsável por gerir o fundo e selecionar pessoas e espaços
que precisem ser atendidos – em especial, os de religiões de matriz africana.

“Essa repercussão já significou um racha na base de um grande bloco de igrejas que parecia mais ou menos
uniforme”, diz Lusmarina. “Embora uma parte das igrejas e de pessoas dentro de igrejas não tenha apoiado a
nossa ação, a grande maioria das pessoas apoiou e a grande maioria das igrejas prefere o respeito à violência,
prefere o amor, a aproximação…que é de fato a mensagem central do evangelho. Esses são valores fundamentais
dos quais não podemos abrir mão.”
As obras no terreiro da mãe de santo Conceição começaram pela cozinha, que estava funcionando no quintal
desde que a estrutura interna da casa foi danificada pelo incêndio. O local é considerado “o coração do barracão”,
uma vez em que lá são produzidas as oferendas – parte importante da tradição candomblecista.

“Quando eles vêm dar essa ajuda pra gente, é justamente [uma forma de] reconhecer que, primeiro, a gente
sofre o ataque. Depois, é reconhecer que a gente tem o direito de existir e professar o nosso sagrado”, comenta
Conceição. “Eles não vieram aqui pra me mudar, evangelizar ou dizer que o que eu faço está feio ou é do diabo.
Vieram para dizer: ‘Faça aquilo que você crê. Eu vou te ajudar’.”

Potrebbero piacerti anche