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Brasília
2012
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Básica – SEB
Diretoria de Formulação de Conteúdos Educacionais
Coordenação Geral de Materiais Didáticos
Elaboração
Egon de Oliveira Rangel
Colaboração
Marcos Bagno
Orlene de Sabóia Carvalho
Inclui glossário.
ISBN: 978-85-7783-091-6
1. Dicionário – Ensino e uso. 2. Ensino fundamental. I. Rangel, Egon. II. Programa Nacional do Livro Didático. III. Título.
Tiragem
1.660.000 exemplares
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Básica
Esplanada dos Ministérios Bloco L, Quinto andar, sala 500
Brasília/DF – CEP: 70047-900
Tel: (61)2022-8320/ 2022-8419
http://www.mec.gov.br
PNLD 2012 — Dicionários
Caro(a) professor(a):
Além de dotar a rede pública de ensino básico com coleções didáticas de todas as áreas, assim como
de acervos complementares destinados ao letramento e à alfabetização iniciais, o MEC está enviando
a nossas escolas de ensino fundamental (EF) e médio (EM) quatro acervos de dicionários escolares.
Esses acervos resultaram da seleção de obras avaliadas pelo PNLD Dicionários 2012, num criterioso
processo coordenado pela Faculdade de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Cada um
deles reúne obras de um mesmo Tipo, destinadas a diferentes etapas de ensino:
Com direito à palavra: dicionários em sala de aula é uma publicação que acompanha cada acervo.
E tem como objetivo apresentar a você tanto o mundo dos dicionários quanto as características
gerais desses acervos, esperando que, assim, o uso desses materiais possa ser otimizado.
Ao fazer chegar este impresso até você, o MEC o faz com a convicção de que ele será um apoio
significativo para suas atividades em sala de aula.
Ministério da Educação
Sumário
Primeira parte
1. Dicionários: para quê?................................................................................................... 9
Segunda parte
I. As atividades e seus objetivos...................................................................................... 44
Bibliografia consultada
Anexos
O processo avaliatório...................................................................................................... 91
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entre palavras do latim (e, às vezes, do grego) e qualquer utilidade imediata. De acordo com
línguas modernas como o espanhol, o francês e pesquisadores, essas listas tinham, provavel-
o português. Era uma forma de facilitar o acesso mente, a função de agrupar palavras com algum
dos alunos aos textos clássicos estudados nas traço comum: nomes de árvores, pedras, deuses,
universidades. funcionários, pessoas, animais, objetos; ou pa-
O segundo objetivo era sistematizar, ao lado lavras de mesma raiz, de mesma origem, de ter-
das então recentes gramáticas de línguas mo- minação idêntica etc. Tudo leva a crer, portanto,
dernas, o conhecimento de línguas cujas nações que já nesses primeiros registros, as culturas
lançavam-se à conquista de outros povos. Nesse que dispunham de um sistema de escrita regis-
contexto, gramáticas e dicionários de línguas traram palavras por um duplo interesse:
europeias como o espanhol tornavam-se ver- § o “domínio” ou conhecimento de mundo
dadeiros símbolos nacionais; e serviam para que elas propiciariam;
propiciar e estabelecer uma espécie de consenso § o conhecimento relativo a sua origem, sua
sobre que variedade da língua seria imposta estrutura e seu funcionamento na língua.
e ensinada aos conquistados. Por outro lado,
esse saber linguístico poderia ser mobilizado É certo, portanto, que, por meio das palavras
para que os próprios europeus descrevessem e registradas nessas listas, nossos antepassados
aprendessem as línguas desses mesmos povos, pretendiam conhecer melhor tanto as coisas do
para tornar possível, entre outros empreendi- mundo quanto as próprias palavras — e, por-
mentos decorrentes da conquista, a catequese. tanto, também a linguagem — que utilizavam
Podemos dizer, entretanto, que a origem dos para designá-las.
dicionários remonta às célebres “listas”, carac- De alguma forma, esta ainda é a dupla
terísticas dos quinze primeiros séculos da his- orientação dos dicionários contemporâneos: o
tória da escrita. Na Mesopotâmia, por exemplo, primeiro caso é o da preocupação enciclopédica,
os sumérios elaboraram inúmeras delas, com que leva os dicionários a associar a cada palavra
diferentes funções: inventariar patrimônios, re- registrada o máximo possível de informações a
gistrar acontecimentos importantes, especificar respeito da coisa que ela designa; o segundo caso
oferendas aos deuses e assim por diante. Todas é o da orientação linguística, que procura revelar
elas, ao que parece, explicavam-se por interesses de que forma estão organizadas na língua as pa-
práticos da vida econômica, da administração, da lavras repertoriadas. Assim, uma palavra como
história da comunidade, da religião, etc. Tratava- abacaxi virá associada, num dicionário, a infor-
se, assim, de registrar, para salvar do esquecimen- mações tanto relativas à coisa (classificação botâ-
to, informações de grande importância para o nica, usos culinários, região de origem etc.) quan-
desenvolvimento de atividades essenciais no dia to ao vocábulo: substantivo masculino, origem
a dia dessas sociedades. E, provavelmente, faziam tupi, usado também como gíria, com o sentido de
parte de um esforço para conhecer e dominar a “coisa trabalhosa e complicada”. E é exatamente
realidade que repertoriavam. a orientação predominante para a coisa ou para
Já as famosas “listas de palavras” — ou o vocábulo que está na base da diferença entre
“listas lexicais” —, tão frequentes quanto as dicionários enciclopédicos, no primeiro caso, e lin-
demais, nesse mesmo período, não evidenciam guísticos, no segundo.
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Em qualquer dos casos, o que distingue o palavras. É essa experiência, ainda, que nos faz
dicionário de outros gêneros é exatamente essa perceber a distância que sempre se estabelece
dupla aposta no poder da palavra e no seu estrei- entre o vocabulário que conhecemos e domina-
to compromisso com o léxico, que ele pretende mos e as demais palavras que circulam na comu-
inventariar e descrever. Na qualidade de compo- nidade linguística de que fazemos parte.
nente de uma língua, o léxico pode ser definido, Podemos dizer, então, que o léxico, mesmo
inicialmente, como o conjunto de todos os vocá- considerado apenas em sua dimensão de “con-
bulos de que essa língua dispõe. De forma geral, é junto das palavras disponíveis em uma língua”,
nesses termos que ele vem definido em boa parte é, antes de mais nada, uma rede de funções e de
das gramáticas escolares, mas também em mui- relações de forma e de sentido entre vocábulos2,
tos manuais e dicionários de linguística1. e não uma simples lista de itens. Isso porque no
domínio do léxico nenhuma unidade está isola-
O léxico no dicionário da das demais. Pelo contrário: cada vocábulo se
Já nesse primeiro entendimento o léxico define por uma série de relações com os demais.
é uma abstração, ou melhor, uma reconstru- E essas relações podem ser:
ção teórica do mundo das palavras, com base § de sentido — como as que se estabelecem
em experiências concretas sempre limitadas. entre palavras que pertencem a um mes-
Ninguém se depara, no uso cotidiano de uma mo campo temático (pão, leite, manteiga,
língua, com todas as suas palavras. O que de fato café, biscoito...), que são sinônimas ou
testemunhamos, nas diferentes situações de antônimas entre si;
comunicação, é o vocabulário efetivamente em- § de forma — como acontece com vocábu-
pregado por cada usuário com que temos conta- los que são homônimos ou parônimos
to. Nesse vocabulário, há termos de uso comum, um do outro, ou que apresentam as mes-
que todos, em princípio, dominam; outros, são mas sílabas ou os mesmos fonemas, mas
usados e/ou conhecidos apenas em determina- dispostos em ordens diferentes, um cons-
das circunstâncias, ou predominantemente por tituindo um anagrama do outro, como
um tipo particular de pessoa (crianças, idosos, América e Iracema;
homens, mulheres), em determinadas camadas § de forma e de sentido — como acontece
sociais ou em certas regiões. com as séries de palavras que têm um
Assim, nenhum falante é capaz de empregar mesmo radical (famílias de palavras).
ou mesmo reconhecer e compreender todas as
palavras de sua língua, nem dominar todos os Além dessas relações, as palavras desempe-
recursos de comunicação e expressão de que elas nham, quando em uso, diferentes funções possí-
dispõem. Mas é essa experiência individualmen- veis. Algumas dessas funções se referem à própria
te limitada com os vocábulos que nos permite interação e comunicação entre os usuários da
apreender sua natureza e estrutura e entender língua numa situação concreta. Há, por exemplo,
de que maneira funcionam, em nossa língua, os palavras do tipo eu, você, aqui e agora que ser-
mecanismos que nos permitem criar e utilizar vem para criar a própria cena de comunicação: o
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sujeito que fala (eu), aquele a quem ele se dirige Por outro lado, esse esforço cotidiano dos
(você), o lugar em que ambos se encontram (aqui) falantes da língua para usar a palavra certa na
e o tempo em que tudo isso acontece. Em outros hora certa leva a muitas inovações. Especial-
casos, as palavras funcionam para “azeitar as mente quando o termo mais adequado parece
relações” entre os interlocutores: estabelecendo faltar no repertório disponível, o falante pode
um nível de linguagem adequado (formal ou propor inovações vocabulares:
informal), dando ênfase ao que se diz (superla- § fazendo um novo uso de um velho termo
tivos e diminutivos, por exemplo), interpelando (o verbo baixar, em informática); ou pro-
diretamente o interlocutor (o caso dos vocativos), pondo um novo vocábulo, construído de
caracterizando o que um outro disse (ele disse, acordo com as regras da língua para a
gritou, vociferou, disparou ...), relacionando o que formação de palavras (a palavra imexível,
o falante diz com o que se acaba de dizer, etc. Há, por exemplo) — nesses casos, teremos
também, os vocábulos e as expressões fixas que um neologismo;
organizam o discurso, assinalando o seu início, § buscando a palavra mais adequada em
o seu desenvolvimento e a sua conclusão; ou, uma outra língua (abajur, araruta e
ainda, relacionando as diferentes partes de uma inúmeras outras) — teremos, então, o
fala ou texto umas com as outras. Finalmente, empréstimo.
há, também, as funções sintáticas que palavras
como as preposições e conjunções desempe- Por esses e por outros motivos, é sempre
nham na construção de frases e enunciados. possível acrescentar ou excluir algum item da
Assim, escolher “a palavra certa”, numa de- descrição que fazemos do léxico. E as relações que
terminada situação de comunicação, envolve reconhecemos entre os seus termos estão sem-
o conhecimento não apenas de uma lista de pre sujeitas a alterações, em decorrência de novas
termos possíveis e seus significados, mas, prin- demandas de expressão e comunicação. Aprovei-
cipalmente, das funções e relações que podem tando a oportunidade para um jogo de palavras
se estabelecer entre cada um deles e os demais, que ilustra bem essa realidade, podemos dizer
até porque seus significados resultam, em boa que, no léxico, um vocábulo não é isso ou aquilo,
medida, dessas relações e funções. Ao selecionar mas está, nesse ou naquele feixe de relações; por-
palavras do léxico, num contexto determinado, tanto, tal como acontece com a moeda, seu valor
o falante desenvolve, portanto, uma estratégia efetivo só se estabelece na hora do uso.
comunicativa particular, recorrendo aos seus co- Finalmente, vamos lembrar que o léxico, tan-
nhecimentos tanto do léxico quanto da própria to como abstração do falante leigo quanto como
situação em que se encontra. (re)construção do linguista ou do lexicógrafo,
Nesse sentido, podemos dizer que um dicio- é sempre um retrato possível da realidade da
nário será tão melhor, como inventário das pala- língua, e não a própria língua. E assim como é
vras de uma determinada língua e descrição de possível tirar retratos muito diferentes de uma
suas potencialidades, quanto maiores e mais per- mesma pessoa ou de uma mesma paisagem,
tinentes forem as informações reunidas sobre dependendo do enquadramento que dermos à
cada palavra, em suas funções e relações. Assim, objetiva, do ângulo com que captarmos a ima-
poderá municiar adequadamente o usuário. gem, do tratamento dado às cores e aos outros
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2. Para que servem os dicionários?
Na medida em que pretendem elaborar uma Da mesma forma, todo e qualquer especialis-
descrição plausível do léxico de uma língua — ta, quando presta contas de suas atividades ao
ou de uma parte dele —, os dicionaristas, ao con- público em geral, se vê diante da mesma deman-
ceber e elaborar suas obras, devem atender não da. Os dicionários servem, então, para subsidiar o
apenas às suas convicções teóricas mas também usuário nessas situações, diminuindo a distância
às principais demandas práticas do falante às que separa o vocabulário e os recursos lexicais
voltas com as palavras de sua língua. que ele domina das possibilidades que o léxico
Tanto na linguagem oral quanto na escrita, de sua língua oferece. Por essa razão, nas ocasiões
os usuários de uma língua enfrentam, cotidia- em que o sentido das palavras está em questão,
namente, situações em que seu domínio, e mes- os dicionários são sempre bem-vindos. Quando
mo seu conhecimento, sobre as palavras, pode nada, servem para tripudiar com o adversário,
ser decisivo para a eficácia de uma ação. Um como na tirinha do Hagar que abre esta seção.
médico, por exemplo, ao usar um termo técnico
em sua interação com o paciente, precisa ter Um servidor de muitos patrões
segurança quanto ao que significa o vocábulo e Como procuram registrar o maior número
às diferenças que existem entre ele e as palavras possível de palavras da língua escrita e falada, e
empregadas no linguajar comum para falar a se esforçam por reunir a seu respeito o máximo
respeito. Só assim poderá certificar-se de que o de informações pertinentes, os dicionários são
paciente entendeu o diagnóstico e está em con- servidores de muitos patrões. Servem a todas e a
dições de seguir o tratamento. Por outro lado, ao cada uma das especialidades com que convive-
explicar e pôr em circulação a terminologia téc- mos; e assim, devem fidelidade ao cotidiano de
nica, pode beneficiar-se de relatos mais precisos, usuários muito diferentes. Por isso mesmo, re-
da parte de seus clientes. “Trocar em miúdos” a gistram e explicam o que significam e como fun-
terminologia que emprega e transpor a lingua- cionam — ou seja, o que valem — as palavras que
gem do paciente para o jargão especializado, designam as mais variadas coisas que existem
na hora do diagnóstico, fazem parte do exercício à nossa volta (palavras lexicais), assim como as
profissional do médico, e não são apenas uma que servem para pôr a língua em funcionamento,
gentileza ou uma habilidade pessoal. organizar o discurso e estabelecer relações entre
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suas partes (palavras gramaticais). Assim, não explica sobre a língua, não são produzidas pelo
é por acaso que os dicionários muitas vezes são dicionarista, mas recolhidas por ele na cultura
chamados de tesouros (ou thesaurus, em latim), de que todos participamos e traduzidas ou
palavra que significa ao mesmo tempo “lugar transpostas. E provêm, então, de:
onde se guardam coisas” e “grandes riquezas”. § saberes populares, ou seja, conhecimen-
Na medida em que guardam palavras tos não especializados mas compartilha-
como quem guarda riquezas, os dicionários dos e consensuais, numa determinada
empregam técnicas e métodos apropriados, cultura; é o caso da própria noção de pa-
elaborados ao longo de séculos pela lexicogra- lavra como um tipo de unidade da língua,
fia, e capazes de indicar para os eventuais in- ou mesmo da ideia de que o mundo se
teressados — com maior ou menor fidelidade, organiza em categorias e subcategorias
mais ou menos detalhes, maior ou menor pre- de “coisas” ou “seres”: animais, vegetais,
cisão e rigor — o valor de cada palavra. Assim, minerais etc.;
o usuário poderá, nesses verdadeiros arquivos, § saberes especializados sobre a língua e o
identificar com precisão o que procura. Porém, mundo, ou seja, conhecimentos científicos
as informações reunidas pelo dicionário, tanto de variada procedência: linguística, teoria
no que afirma sobre as coisas quanto no que literária, matemática, biologia, física etc.
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§ assinalar, quando é o caso, o caráter regio- entram em contato com palavras típicas de
nal de uma palavra (informação dialeto- épocas passadas ou de outros países lusófonos,
lógica); um dicionário que cubra apenas o léxico do por-
§ descrever a pronúncia culta de termos tuguês contemporâneo do Brasil estará de bom
do português (ortoépia) e a pronúncia tamanho. Para aqueles que leem textos antigos
aproximada de empréstimos não aportu- e/ou de autores portugueses, moçambicanos e
guesados; angolanos, por exemplo, será necessário um di-
§ prestar informações sobre a história da cionário mais amplo. Da mesma maneira, para
palavra na língua (datação; indicação de usuários que não são profissionais da escrita,
arcaísmos e de expressões em desuso) uma descrição lexicográfica mais abreviada é
§ revelar a origem de um vocábulo (etimo- suficiente. Já para aqueles que precisam conhe-
logia). cer o máximo possível sobre os valores e o com-
portamento de uma palavra, para explorá-la
Quanto mais ampla for a seleção de vocábu- até o limite numa peça literária ou, ainda, num
los, maior será a cobertura que o dicionário faz texto que procura, pela reflexão, expandir os li-
do léxico; mais numerosa, portanto, será a sua mites do conhecimento estabelecido, o dicioná-
nomenclatura. E quanto mais detalhada e pre- rio adequado será aquele que recorrer a um rico
cisa for a descrição lexicográfica que se faça de aparato descritivo.
cada termo, mais rigorosa e mais aprofundada Assim, um dicionário prestará serviços tão
como conhecimento sobre a língua ela será. As- mais adequados quanto mais ajustados ao pú-
sim, em função dos objetivos que perseguem, os blico a que se dirige forem o seu zelo descritivo
dicionários podem diferir entre si em termos de e a representatividade de sua cobertura. Por
maior ou menor cobertura e de maior ou menor isso mesmo, todo e qualquer dicionário segue
profundidade, detalhamento e rigor descritivos. um plano próprio, orientado para uma situação
A esta altura, convém lembrar que o léxico de uso e um público determinados. O arranjo
é um componente dinâmico e aberto: novas particular de métodos e técnicas obedecido pelo
palavras surgem a todo o momento, para suprir dicionário é a sua proposta lexicográfica.
necessidades de expressão também novas; ao
mesmo tempo, outros vocábulos se despedem
da cena cotidiana para entrar na história da
língua (palavras em processo de desuso e arca-
ísmos consumados). Portanto, nenhum dicio-
nário, por mais exaustivo que se pretenda em
sua cobertura e descrição, atinge efetivamente
a completude. Mal é editado e publicado, e já o
léxico mudou, aqui ou ali.
Convém lembrar, também, que os níveis de
descrição e os graus de cobertura não interes-
sam igualmente a qualquer grupo de usuário.
Para adultos brasileiros que muito raramente
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3 Ver, a respeito, BRASIL. SEB. MEC. Edital do PNLD Dicionários 2012. Brasília: 2011.
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Como é fácil perceber por esse quadro, os
dicionários de um determinado tipo diferem
dos demais não só pela quantidade e pelo tipo
de palavra que registram, mas, ainda, pelo tra-
tamento que dão às explicações de sentidos, à
estrutura do verbete e à organização geral do
volume. E essas diferenças de porte e organiza-
ção devem justificar-se pelas particularidades
do usuário visado.
Em consequência, mesmo no interior de
um mesmo tipo, cada título oferece ao aluno
da educação básica a que se dirige um acesso
particular a diferentes aspectos da cultura da
escrita, dos vocabulários e do léxico do portu-
guês. Enfim: o mundo das palavras — com todos
os outros mundos a que elas podem dar acesso
— é apresentado e descrito de forma diversa por
cada proposta lexicográfica.
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4 Convém lembrar, a esta altura, que o mercado editorial brasileiro já conta com muitas versões
eletrônicas de dicionários, o que faz prever para breve sua incorporação a acervos escolares.
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5 As referências ao número de verbetes reproduzem as informações disponíveis nas edições analisadas em 2012.
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3)
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Ainda que se destinem a crianças em fase alfabética, listas de vocábulos seguidas de suas
inicial de alfabetização, esses títulos pressu- respectivas ilustrações — e, algumas vezes, tam-
põem usuários que não só dominam o princípio bém de outros termos da mesma família. Neles,
alfabético da escrita, como já sabem identificar as ilustrações permitem que o aluno identifique
e decodificar palavras gráficas. Para ajudar os a palavra gráfica correspondente, funcionando,
alunos que não se encontrem nesse estágio, ainda, como definições.
será possível recorrer a um outro tipo de obra. Em dois dos dicionários de Tipo 1, persona-
Em qualquer um dos cinco diferentes acervos gens ficcionais, em ilustrações atraentes e bem-
complementares distribuídos às escolas em -humoradas, recebem o pequeno leitor “à porta”
2012, há, entre os livros da área de “Linguagens e do dicionário e o acompanham na visita aos
códigos”, alguns que podem prestar excelentes verbetes. No Caldas Aulete, esse papel é desem-
serviços para a reflexão que o aluno deve fazer penhado pela Turma do Cocoricó.
sobre a escrita, no processo de
apropriação do sistema alfabético.
São os “livros de palavras”. Todos
eles abrigam, dispostas em ordem
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Esse mesmo dicionário traz um recurso Sem ilustração, mas com quadros temáticos
de busca bastante produtivo para alunos dos (“painéis ilustrados”) em suas páginas finais,
anos iniciais do ensino fundamental. Trata-se o Dicionário júnior da língua portuguesa é o
de um índice das expressões idiomáticas de- que mais se assemelha aos de Tipo 3, no que diz
finidas na obra, com a indicação dos verbetes respeito ao projeto gráfico (inclusive formato) e
em que constam. também ao porte da nomenclatura. No entanto,
Por sua vez, o Dicionário ilustrado de portu- assim como nos demais exemplos desse tipo, o
guês distingue-se dos anteriores por apostar caráter didático revela-se em aspectos como se-
num projeto gráfico-editorial que lembra as leção lexical dirigida ao seu público, nas defini-
enciclopédias infanto-juvenis. De modo geral, ções em linguagem simples e sempre seguidas
a obra procura cumprir o duplo desafio de de exemplos, nas informações agregadas a cada
motivar as crianças para o “fascinante mundo vocábulo, justificadas por demandas escolares.
das palavras” e de introduzi-las no universo
de um dicionário bastante semelhante, no
que diz respeito à organização do verbete e
às informações disponíveis, aos destinados a
adultos. Num formato semelhante ao de livros
didáticos e com muitas ilustrações, o dicioná-
rio investe numa seleção criteriosa dos vocá-
bulos, estabelecida com base em um corpus de
cerca de seis milhões de palavras, recolhidas
em diferentes situações de escrita e de fala. A
apresentação é bastante didática e adequada
ao aluno desse nível, enquanto as definições
recorrem a linguagem simples mas precisa.
Assim como a anterior, duas outras obras
procuram assemelhar-se aos dicionários de uso
geral. Neste caso, até mesmo por meio da signi-
ficativa ampliação da nomenclatura, se as com-
paramos com as demais desse Tipo.
Em função de seus propósitos didáticos, o
Dicionário Aurélio ilustrado apresenta-se como
uma versão menor da obra de referência a que
se vincula: nomenclatura definida em função
do aluno recém-alfabetizado, numerosas ilus-
trações coloridas, acepções mais frequentes e
definições simplificadas.
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Dicionário da Língua
Portuguesa Evanil-
do Brechara; (cód.
32245L0000)
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descrever e explicar as palavras da língua para Seja como for, o que não se pode perder de
jovens aprendizes? Isso certamente nos remete vista é que, ao final de suas experiências com
às muitas formas diferentes de ensinar e apren- dicionários, os alunos devem ser capazes de
der, aos níveis de ensino e objetivos que podem reconhecer semelhanças e diferenças entre
estar em jogo e aos muitos usos que é possível dicionários de um mesmo tipo e de tipos dife-
fazer desse material. Remete-nos, ainda, ao fato rentes. Devem, ainda, sair do primeiro segmen-
de que muitos dos títulos dos Tipos 3 e 4 também to do ensino fundamental familiarizado com
estão de olho no usuário adulto, envolvido com o dicionários escolares de língua portuguesa e
uso profissional das palavras e com os conheci- em condições de aprender, ao longo do ensino
mentos especializados, inclusive aqueles sobre a médio, tanto a manusear obras do Tipo 3 e 4 com
língua e a linguagem. desembaraço quanto a entender e utilizar as in-
formações disponíveis em seus verbetes.
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interna de cada um deles e reconhecerá os prin- reproduzido na margem direita ou esquerda etc.
cipais traços de seu projeto, tanto lexicográfico O processo de ensino e aprendizagem da
quanto gráfico-editorial. E o mais importante: te- consulta a dicionários diferentes, especialmen-
rão acesso progressivo ao mundo do vocabulário, te quando do mesmo tipo, dará ensejo a uma
do léxico e da lexicografia. nova descoberta, por parte do aluno: ainda que
Convém, portanto, que esses dicionários — apresentem um número bastante próximo de
pensados para habitar permanentemente as verbetes, dois dicionários de porte semelhante
salas de aula — sejam deixados bem à vista (e à dificilmente apresentam a mesma nomencla-
mão) de todos. Mesmo os alunos mais letrados tura, ou seja, o mesmo conjunto de vocábulos.
e proficientes em leitura, inclusive os já fami- Nesse momento, será o caso de pôr em questão a
liarizados com dicionários, beneficiam-se desse seleção lexical operada por cada dicionário, para
convívio direto, podendo manifestar, em relação aprender um pouco mais sobre o que são e para
a esse universo, seus interesses e desinteresses, que são feitos os dicionários:
suas preferências pessoais, suas demandas e
possibilidades. E esses dados certamente serão Por que o dicionário A registra pala-
preciosos para o planejamento didático do pro- vras de baixo calão, mas o B, não? Por
fessor, que saberá quais dicionários foram mais que um traz gírias que o outro evita?
bem recebidos, quais os que se revelaram mais Que regionalismos é possível encon-
“amigáveis” em sua relação com os jovens leito- trar em cada um? Por quê?
res, quais os que provocaram antipatia, quais os
que despertaram interesse, mas se revelaram de Fazer essas perguntas é indagar-se a respeito
difícil compreensão etc. do projeto lexicográfico de cada obra e, portanto
Um outro momento desse convívio é, sem sobre os seus objetivos, limites e possibilidades
dúvida, o da consulta aos verbetes. Uma vez assi- —informações fundamentais para orientar o
milada a estruturação própria dos dicionários, a aluno em sua busca, colaborando para o desen-
consulta deve ser... ensinada. Sim, nenhum aluno volvimento de sua proficiência como usuário de
saberá consultar um dicionário se não aprender dicionários.
como é que se faz. E a chave para tanto é a ordem Já no campo do verbete, repete-se a neces-
alfabética, ao lado das técnicas que, sempre calca- sidade de reconhecer e “mapear” o território a
das nela, nos permitem a localização da palavra ser visitado. Junto com uma primeira leitura do
no volume. A esse respeito, a segunda parte deste verbete, será preciso indicar ao nosso “turista
Manual sugere algumas atividades que, com aprendiz” quais são os pontos de interesse, onde
eventuais adaptações a cada nível de ensino e estão. E isso começa pela identificação precisa
turma, podem ajudar bastante. Ainda no capí- do verbete procurado.
tulo da consulta, será preciso ajudar o aluno a Em alguns dicionários, os homônimos são
perceber e descobrir para que servem as separa- concebidos como palavras diferentes. Assim,
trizes e/ou as cores e outros recursos gráficos que vêm separados em verbetes numerados: man-
individualizam as seções alfabéticas, as palavras- ga 1 (a fruta) e manga 2 (a peça do vestuário);
-guia no alto das páginas, as dedeiras, a indicação banco 1 (tipo de assento) e banco 2 (instituição
da letra correspondente a uma seção, no alfabeto financeira), e assim por diante:
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Segunda
parte
I. As atividades e seus objetivos
II. O livro e o gênero: (re)conhecendo o dicionário
III. O vocabulário e o léxico: aprendendo com o dicionário
IV. Para saber mais: leituras recomendadas
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autor: quino
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Em seguida, escreva a palavra dicioná- • Peça que cada grupo pense no que desco-
rio no retângulo que encima a coluna da briu a respeito do dicionário e elabore um
esquerda, e livro de histórias no da direi- texto [uma “definição”] com o objetivo de
ta. Peça, então, que os alunos abram uma informar os colegas da série anterior, do
página qualquer do dicionário e outra de melhor jeito possível, sobre “o que é esse
cada um dos livros de histórias. livro, o dicionário”. Registre as melhores de-
• Faça perguntas sobre o que o dicionário finições na lousa e leia-as em voz alta. Para
tem de diferente dos livros de histórias e as turmas não alfabetizadas, conduza oral-
registre (ou peça que registrem) as res- mente a etapa de elaboração das defini-
postas nas colunas correspondentes: O ções, funcionando como escriba do grupo.
que há nas páginas do dicionário? O que • Explique o que é e para que serve uma de-
há nas páginas dos outros livros? Têm fi- finição. Compare as definições. Explore as
guras? O que mostram essas figuras, e por diferenças e semelhanças entre elas. Dis-
quê? Para que serve o texto que se pode cuta com os alunos quais são as melhores.
ler num dicionário? Para que serve o texto Algumas coleções de português do PNLD
que se pode ler num livro de histórias? de 1º a 5º anos trabalham, em diferentes
• Para orientar os alunos, leia com eles, al- momentos, com definições extraídas de
ternadamente, alguns dos verbetes e dos dicionários. Se quiser, inspire-se nas boas
trechos dos livros. Induza-os a perceber atividades que encontrar.
que, nos livros, há trechos contínuos de • Entre as definições dos dicionários de
histórias ou histórias completas; e, no Tipo 1, há títulos como o Meu primeiro
dicionário, sequências de textos curtos dicionário Caldas Aulete com a Turma do
e individualizados, os verbetes. Explore Cocoricó que trazem definições de um
a sequência alfabética do dicionário, tipo particularmente produtivo para o
em oposição à progressão narrativa da aluno iniciante: as definições oracionais.
história. Para cada diferença pertinente Por suas características, essas definições
apontada e/ou reconhecida pelos alunos, (Ver o glossário do Anexo 2) se asseme-
registre as expressões ou palavras-chave lham às que as próprias crianças elabo-
correspondentes nos quadros, até que as ram, ou mesmo às que o adulto formula
palavras registradas permitam opor ade- para elas: usam uma linguagem mais
quadamente os dois tipos de livro: simples e informal e, frequentemente,
são “interativas”, parecendo conversar
com o leitor. Por isso mesmo, são assimila-
dicionário livro de histórias
das mais facilmente pelo aluno e podem
funcionar muito adequadamente como
texto em colunas texto corrido
introdução ao gênero da definição.
séries de verbetes histórias completas
A título de exemplo, confira três defini-
ordem alfabética enredo
ções oracionais diferentes de livro:
explica as palavras conta histórias
etc. etc.
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3)
1)
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2. “Para que servem esses livros?”: con- consulta a um dicionário pode atender
vivendo com os dicionários e apren- (como o significado ou a grafia).
dendo a consultá-los • Anuncie que, para “saber mais sobre
objetivos: Levar alunos de primeiro ano essas palavras”, todos deverão consultar
— mas que já sabem reconhecer dicionários dicionários. E pergunte: “Como vamos en-
— a conviver com eles como obras de referên- contrar essas palavras nos dicionários?”
cia; desenvolver a prática da consulta e seu Divida a turma em grupos, cada um deles
princípio alfabético. com ao menos um dicionário do Tipo 1
O bs .: Para desenvolver as atividades aqui (se achar adequado, inclua também os
sugeridas, é fundamental que os dicionários de Tipo 2). E mostre para os grupos que a
estejam na sala de aula, em local de fácil aces- ordem das seções de verbetes é a mesma
so, para uso livre. É interessante que, antes de do alfabeto, considerando-se a letra da
desenvolver as atividades, os alunos possam palavra-entrada.
manusear à vontade os volumes disponíveis. Para evidenciar o paralelismo entre a se-
Nesse sentido, o professor poderia incluir os quência alfabética e a dos verbetes, recor-
dicionários entre os livros disponíveis para os ra ao alfabeto disponível na sala de aula
momentos de “leitura livre”. (em geral, fixado acima do quadro-negro),
• Selecione, para leitura em voz alta em ou a qualquer outra reprodução viável:
sala de aula, um texto curto e de interes- na lousa, em cartões individuais (ou por
se para os alunos, como uma fábula, por grupo), no caderno etc.
exemplo. Certifique-se, antes, de que to- • Selecione a primeira palavra da lista e
das as palavras que ali aparecem constam peça que cada grupo responda à pergun-
de dicionários do Tipo 1. ta: “Onde (na seção de que letra) vamos
• Faça a leitura com/para os alunos. Conver- achar a palavra X no dicionário?”
se, então, sobre as palavras de que eles mais • Depois de verificar as respostas e esta-
gostaram, ou que acharam esquisitas, ou belecer a informação correta, repita o
que não conheciam. Escreva na lousa todas procedimento para as demais palavras,
as palavras que forem sugeridas. fazendo aos alunos perguntas do tipo:
• Com a ajuda dos alunos, elabore uma “Qual palavra da lista vem primeiro no di-
pequena lista dessas palavras, “para cionário?”; “Qual vem por último?”; “Em
aprender um pouco mais sobre elas que ordem as palavras da lista vão apare-
e entender melhor o que significam”. cer no dicionário?”.
Circule as palavras escolhidas e apa- Em seguida, reorganize em forma de lista
gue as demais, sem qualquer preocu- alfabética, na lousa, as palavras anterior-
pação de reordenar alfabeticamente mente registradas.
as palavras circuladas. • Peça aos alunos que tomem a primeira
• Converse sobre essas palavras com os palavra da lista e localizem no dicionário
alunos: “O que gostariam de saber sobre a seção correspondente. Como a locali-
elas?” Ao lado das palavras selecionadas, zação das palavras numa mesma seção
registre algumas das demandas que a ainda precisará ser ensinada, peça que
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1 felicíssimo
2 explorável
3 cabeção
4 dramaticamente
5 escutou
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Pergunte aos alunos se estas palavras aos alunos que eles têm de encontrar
sublinhadas têm os mesmos sentidos que palavras que começam com aquela letra
eles encontraram em sua pesquisa (tal- associadas a cada tema. (Pode ser uma
vez apenas lima tenha uma relação mais palavra para cada tema, ou três, ou mais
próxima). O que elas significam agora? de quatro, a depender da turma.)
Explique a eles os sentidos de cada uma • Dê à turma 20-30 minutos para vascu-
das novas aparições das oito palavras e lhar nos dicionários. Não há problema
que é muito comum, em todas as línguas, se forem usados dicionários diferentes.
existirem palavras idênticas que apre- Circule pela classe e verifique as respostas
sentam muitos sentidos. Você pode até à medida que forem aparecendo.
apresentar o termo técnico homônimo, • Quando tiverem terminado, peça que
explicando que é uma palavra de origem comparem as respostas em grupos de
grega que significa “mesmo nome”. quatro. Qualquer palavra nova deve ser
OBS: Se já tiver sido feito algum trabalho explicada ao resto do grupo. Quantas
sobre as classes de palavras, o professor palavras novas eles conseguiram, ao todo,
pode mostrar que no dicionário apare- para cada tema?
cem os sentidos das oito palavras quando • Confira as respostas com toda a classe.
elas são nomes (ou substantivos). No caso Que temas foram os mais difíceis de
dos verbos, como nas frases da folha C, o ser preenchidos?
dicionário só registra os infinitivos.
animais transporte profissões
6. Tira-temas
comidas/
objetivos: Orientar a consulta; desenvolver construções atividades
bebidas
o vocabulário
• Prepare uma tabela com 9 ou 12 casas tamanhos
vestimentas cores
(ver exemplo abaixo). Decida os campos e formas
temáticos que você quer trabalhar com sentimen-
seus alunos ou permita que eles esco- música plantas
tos/emoções
lham os temas que lhes interessam (ou
ainda: escolha alguns e deixe que eles
escolham o resto).
• Faça uma cópia da tabela para cada aluno
ou peça a cada um que prepare a sua.
• Explique que os alunos vão procurar no
dicionário palavras associadas com de-
terminados temas. Distribua a tabela.
• Se você tiver deixado casas em branco,
convide os alunos a acrescentar campos
temáticos que são do interesse deles.
Escolha uma letra do alfabeto e diga
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7. Lista-temas
objetivos: Organizar o vocabulário por nutos. Quando todos tiverem terminado,
campos temáticos; desenvolver o vocabulário. peça às duplas que circulem e comparem
• Copie a folha de trabalho abaixo ou pro- as respostas. Devem acrescentar todas as
duza uma, num nível de dificuldade ade- respostas novas às próprias listas.
quado à sua turma. • Que nome dariam a cada lista?
• Divida os alunos em duplas e dê uma có- • Esse é um método de desenvolvimento do
pia da folha de trabalho a cada uma. vocabulário que ajuda a ampliar a con-
• Cada dupla acrescenta uma palavra a pelos fiança dos alunos, bem como favorece o
menos duas das listas. Dê a eles alguns mi- trabalho em equipe.
temas
Procure estas palavras em seu dicionário. Em seguida, organize-as em cinco listas lógicas.
—————————————————————————————
1
2
3
4
5
6
Resposta: Lista A (cores: ocre, grená, malva, carmim, bordô); Lista B (peixes: atum, tilápia, lamba-
ri, cação, traíra, dourado); Lista C (roupas: colete, saia, xale); Lista D (árvores: carnaúba, jacarandá,
buriti, ipê, carvalho); Lista E (doces: sonho, bomba, suspiro, casadinhos, brigadeiro).
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falante em relação à pessoa ou ao obje- • Peça aos alunos que sugiram outras ca-
to que ele está descrevendo, bem como tegorias em que possam esperar encon-
sobre aquilo que está sendo descrito. Por trar descrições positivas e negativas. Por
exemplo, gordo pode soar negativamen- exemplo: belo/feio; rico/pobre; generoso/
te. Forte ou nutrido já têm um tom mais sovina; inteligente/ignorante; moderno/
positivo. Diga à metade da turma que antiquado. Como trabalho de casa, peça
estude a palavra gordo; à outra metade, a a cada um que produza uma folha seme-
palavra magro. lhante, que eles poderão comparar com a
• Os grupos têm dez minutos para decidir do parceiro na aula seguinte.
se as palavras na parte de baixo da folha
de trabalho são positivas ou negativas,
usando dicionários como referência. Al- 10. Força de expressão
gumas palavras podem gerar discussão, objetivos: Desenvolver o vocabulário;
que deve ser encorajada. conscientizar os alunos a respeito das locuções,
• Peça que as duplas ou grupos que traba- expressões e idiomatismos.
lharam a mesma palavra comparem as • Prepare as folhas de trabalho A e B (mode-
respostas e descartem as divergências. los abaixo).
• Peça aos grupos que verifiquem mutua- • Distribua a folha A aos alunos, agrupados
mente as respostas, e explique quaisquer em duplas. Peça a eles que encontrem
dificuldades. todas as combinações possíveis entre as
palavras da coluna I e as palavras da colu-
GORDO MAGRO na II, usando sempre a preposição de para
ligá-las — por exemplo: senso (de) humor.
Positivo Positivo
• Peça que verifiquem suas combinações
no dicionário. Quais delas aparecem no
dicionário
→ como entradas?
Negativo Negativo → como remissões?
→ como locuções?
→ como exemplos nos verbetes?
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Respostas da Folha A: 1 mudança de atitude; 2 sinal de vida; 3 modo de Respostas da Folha B: 1 podre de rico; 2 sinal de vida; 3 tempo de
dizer; 4 força de expressão; 5 senso de humor; 6 tempo de sobra; 7 con- sobra; 4 mudança de atitude; 5 força de expressão; 6 controle de
trole de qualidade; 8 questão de tempo; 9 alvo de chacota; 10 homem qualidade; 7 questão de tempo; 8 lindo de morrer; 9 sangue de
de palavra; 11 prazo de validade; 12 golpe de sorte; 13 sangue de barata; barata; 10 prazo de validade; 11 alvo de chacota; 12 golpe de sorte; 13
14 lindo de morrer; 15 podre de rico. senso de humor; 14 modo de dizer; 15 homem de palavra.
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ditos e ditados
Todas as frases abaixo contêm ditos, 12 O Ari mora muito longe, lá onde Judas
provérbios e expressões idiomáticas muito perdeu as _____.
comuns no português brasileiro. Complete as 13 Aqui todo mundo está muito irritado,
que você conhece. Tente completar as outras, por isso estou sempre _____ em ovos.
usando algumas das palavras que aparecem 14 Nessa cidade tem restaurante bom a
no rodapé desta folha. _____ com o pau.
1 Márcia vive repetindo que seu aparta- 15 Aqueles dois vizinhos vivem em _____
mento novo custou os _____ da cara. de guerra.
2 Você é mesmo um exagerado, vive fazen- 16 Ela foi acreditar em promessas falsas e
do _____ em copo d’água! acabou ficando a ver _____.
3 Pedro tentou levar vantagem naquele 17 O teatro estava lotado, com gente sain-
negócio, mas o tiro acabou saindo pela do pelo _____.
_____. 18 Nossa empresa está indo de vento em
4 Para enfrentar essa situação, vamos ter de _____.
fazer das _____ coração. 19 Ela anda falando mal de você a _____ e a
5 É aí que a _____ torce o rabo! direito.
6 Está na hora de esclarecer tudo e de pôr os 20 O Geraldo está sempre com a cabeça no
pingos nos _____. _____ da lua.
7 Poupe seus esforços nesse caso, porque de
nada vai adiantar dar _____ em ponta de mãos, tempestade, olho, rim, culatra, coro-
faca. nha, tripa, perna, avião, rua, calçada, navio,
8 Ninguém aqui me leva a sério... Bem que o bota, calcanhar, livro, caderno, pente, porca,
povo diz: _____ de casa não faz _____. pata, berro, murro, chaminé, casa, dado, anjo,
9 Eu sei como essa máquina funciona, não castelo, deus, santo, árvore, mar, diabo, pó,
venha querer _____ o padre-nosso ao pão, torto, fazer, ladrão, falar, ai, dar, conta,
_____. milagre, pé, joelho, ensinar, padre, vela,
10 Paulo gosta sempre de dizer que a vida começar, ser, vigário, horário , ladrão, terra,
dele é um _____ aberto. mundo, popa, pisar, céu, mundo, ver
11 Dizem que essa moça sofreu muito, coita-
Respostas: 1 olhos, 2 tempestade, 3 culatra, 4 tripas, 5 porca, 6 is, 7
da: comeu o _____ que o _____ amassou. murro, 8 santo/milagre, 9 ensinar/vigário, 10 livro, 11 pão/diabo, 12
botas, 13 pisando, 14 dar, 15 pé, 16 navios, 17 ladrão, 18 popa, 19 torto,
20 mundo.
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Plebiscito
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e) Com base nessas definições, é possível con- estudiosos como vocábulo português (arcaís-
cluir que, mesmo tendo consultado um dicioná- mo), não ultrapassa as 14.000 citações; muitas
rio, o pai se enganou, quanto ao(s) sentido(s) de delas, inclusive, com sentido completamente
plebiscito. E, com isso, induziu toda a família ao diverso do original, não se tratando, portanto, da
mesmo equívoco. mesma palavra.
Pergunte aos alunos por que e leve- Seguem, nas seções seguintes, algumas
-os a perceber que o personagem tomou sugestões para o trabalho com palavras que cor-
como apropriada e atual uma acepção rem o risco de serem dadas como “inexistentes”,
inadequada ao contexto. Para deixar isso mas que podem ser devidamente reconhecidas.
ainda mais claro, explicite que o Dicioná- E o melhor: por meio de atividades que convi-
rio Unesp sequer inclui o sentido de “lei dam os alunos a desempenhar o papel de apren-
romana” como uma acepção da palavra, dizes de lexicógrafos.
apresentando-a apenas como uma in-
formação enciclopédica: 2.1 Colecionadores de palavras
• Na Roma antiga, o termo desig- objetivos: levar os alunos a coletar o
nava decreto aprovado em comício em maior número possível de palavras de seu in-
que tomavam parte os plebeus. teresse; levá-los a descobrir quais, entre elas,
não estão dicionarizadas; ensiná-los a pesqui-
1.4 Moral da história sar informações lexicográficas a seu respeito
objetivo: promover a compreensão global e organizá-las em fichas.
do conto. Nas grandes e médias cidades, adolescentes
Finalmente, peça que os alunos, consideran- e jovens caracterizam-se, entre outras coisas,
do a atitude do pai diante da família, do conheci- por uma linguagem própria, estampada em
mento e do dicionário, formulem a “lição” a que fanzines, letras de rap, publicações dirigidas a
o conto conduz. esse público, programas de rádio e TV, rodas de
conversa entre pares. O componente dessa lin-
2. “Ser ou não ser: eis a questão” guagem que, em geral, mais chama a atenção
É muito comum ouvirmos — ou mesmo ler- de quem não faz parte dessa comunidade é o
mos — que uma palavra como pegue-te “não vocabulário, muitas vezes tachado de pobre ou
existe”. E o critério para tal julgamento é sempre incompreensível.
o mesmo: “não está dicionarizada”. Para valorizar essa variedade linguística,
De fato, no caso de peguete, nenhum dos proponha a seus alunos, organizados em gru-
dicionários do Tipo 4 a inclui. Emitido quase pos, uma pesquisa: uma “caça” às palavras que
automaticamente, esse “veredito” é um con- caracterizem a juventude, grupo social de que
trassenso: palavras que não existem não circu- eles mesmos fazem parte. Peça, então, que iden-
lam socialmente. No entanto, basta digitarmos tifiquem o maior e mais diversificado número
peguete em qualquer aplicativo de busca na possível de publicações produzidas por jovens
internet, para termos acesso a mais de 120.000 ou para jovens, assim como gravações e audiovi-
ocorrências. Muito mais, por exemplo, que bofé, suais nas quais essa linguagem esteja significa-
que, apesar de ser facilmente reconhecida por tivamente presente. Esse material constituirá o
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corpus a ser considerado por todos; e para reuni- pre que possível, cotejá-las com outros jovens:
-lo num curto espaço de tempo talvez se possa como usuários dessa mesma variedade lin-
organizar uma grande gincana. guística, eles poderão ajudar os nossos caça-
Tomando esse corpus como base para a sua dores de palavras a (re)conhecer melhor suas
pesquisa, cada grupo poderá ficar encarregado presas. Os dados que forem considerados con-
de investigar um determinado tipo de material, fiáveis devem ser anotados no verso da ficha.
diante do qual poderá: Fissura
2.1.1 Levantar o maior número possível Sofreguidão.
de ocorrências que, por experiência própria, Subst. Fem. Usada em contextos co-
reconheçam como representativas do voca- loquiais. Recolhida de uma conversa.
bulário juvenil: Usada em todo o País. Segundo o pro-
• palavras pouco ou nada usuais em ou- fessor, é próprio de camadas populares.
tros contextos: azaração, peguete, fican- Etc.
te, tiriça (menina feia), zoar etc.
• acepções que certas palavras só assu-
mem na linguagem dos jovens: animal, 2.1.5 Verificar, então, quais dessas palavras
causar, ficar, fissura, massa etc. ou acepções constam de algum dos dicioná-
rios de Tipo 4. Para as que constam, avaliar as
2.1.2 Organizar, para cada palavra ou acep- definições propostas: parecem fiéis aos usos
ção levantada, uma ficha cartonada correspon- registrados? Se não, por quê?
dente: no anverso, deve constar, na parte su- 2.1.6 Propor, para os vocábulos não diciona-
perior direita, a palavra registrada; e, no corpo rizados, assim como para os definidos insatis-
da ficha, dois ou três enunciados do corpus em fatoriamente, formulações capazes de expli-
que ela apareça. O verso deve ser deixando em citar melhor os seus sentidos. Um critério para
branco, para preenchimento posterior. julgar se as definições propostas pelo grupo
2.1.3 Reunir o maior número possível de in- são ou não adequadas é o do julgamento dos
formações esclarecedoras, para cada vocábulo: pares, ou seja, de outros jovens, de preferência
O que quer dizer essa palavra? A que classe(s) não envolvidos no mesmo trabalho, para favo-
gramatical(is) pertence? Em que circunstâncias recer o distanciamento necessário.
ou tipos de atividade é utilizada? Foi registrada em
enunciados orais ou em publicações? Tem sentido 2.2 Lexicógrafo aprendiz
pejorativo? É de circulação nacional? Ou há fortes objetivo: organizar palavras e informações
indícios de que é própria da região ou mesmo da a elas associadas nos moldes de um dicionário.
localidade? É usada por jovens de todos os níveis A partir dos resultados obtidos na atividade
sociais ou parecem restritas a uma determinada anterior, os grupos podem organizar um pri-
camada? É possível fazer hipóteses bem fundadas meiro acervo de palavras, estruturado nos mol-
a respeito de como se formaram? des de um pequeno dicionário.
Na primeira parte deste livro, o professor
2.1.4 Discutir no grupo e com o(a) pro encontrará informações sobre o que é e como se
fessor(a) as informações levantadas. E, sem- estrutura um dicionário. Se julgar que a lingua-
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gem é adequada para seus alunos, a leitura e a 2.2.2 Obtida a nomenclatura e disposta
discussão desse texto em sala de aula pode ser em ordem alfabética, é hora de planejar a
uma boa pedida. Caso contrário, será possível microestrutura. Quantos e quais tipos de
elaborar, com base naquelas seções, exposições informação sobre as palavras constarão dos
mais simples e sucintas, para que todos tenham verbetes? Haverá exemplos?
em mente a natureza do trabalho. Não se deve Como referência para a microestrutura,
perder de vista, entretanto, que o principal os alunos podem tomar a que vem explicada
objetivo dessa empreitada é aprender com os e comentada no Anexo 2 ou escolher a dos
dicionários, e não fazer uma obra tecnicamente verbetes do dicionário de Tipo 4 de sua prefe-
impecável. rência. Para que os alunos façam a sua esco-
2.2.1 Para organizar esse acervo lexical, o lha, você pode organizar uma atividade nos
primeiro passo será definir a nomenclatura moldes da atividade 4 (p. X), originalmente
ou macroestrutura da obra, ou seja, o conjun- pensada para o ensino fundamental.
to de palavras que constituirão entradas ou 2.2.3 Tomando o modelo de microestrutura
lemas de um verbete. Quantas e quais serão escolhido, é hora de elaborar um verbete o mais
selecionadas? As já dicionarizadas serão des- completo possível para cada entrada. Para
cartadas? Por quê? Que grupo ficará encarre- redigir os exemplos, os enunciados originais,
gado de quais palavras? Etc. anotados nas fichas, serão muito úteis.
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sentidos de um texto. E estará de fato expan- logia e a lexicografia. A primeira parte do texto
dindo seus conhecimentos lexicais. focaliza a lexicologia, ou seja, o estudo científico
da palavra, entendida como um tipo particular
Guimarães, Eduardo & Zoppi-Fontana, Mó- de unidade linguística. Por isso mesmo, o concei-
nica (orgs.). 2006. Introdução às ciências to central dessa parte é o de léxico, examinado
da linguagem — A palavra e a frase. em seu funcionamento próprio e em suas rela-
Campinas: Pontes. ções com os outros componentes da língua. Na
segunda parte, o autor aborda a concepção e as
Organizado por dois professores do Institu- técnicas próprias da elaboração de dicionários
to de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, (lexicografia), discutindo a relação desse tipo de
este livro reúne contribuições de diferentes obra com as demandas sociais que elas procu-
especialistas. Os artigos mais diretamente ram atender. Assim, o papel do dicionário nas
relacionados com o léxico e os dicionários são políticas linguísticas que criam demandas esco-
“Gramática e dicionário”, de Luiz Francisco lares específicas fica bastante claro.
Dias e Maria Auxiliadora Bezerra, e “Lexicolo-
gia e lexicografia”, de José Horta Nunes. Ilari, Rodolfo. “Aspectos do ensino do vo-
No primeiro deles, o professor encontrará cabulário”. 1985. In: ___. A linguística e o
uma bem traçada visão panorâmica de gramá- ensino da língua portuguesa. São Paulo:
ticas e dicionários. No bloco inicial, os autores dis- Martin Fontes.
cutem diferentes concepções de gramática e sua
constituição histórica. Examinando o quadro Originalmente escrito como parte dos
brasileiro e tomando o estudo do pronome como “Subsídios à Proposta Curricular” do Estado
eixo, Dias e Bezerra refazem o percurso histórico de São Paulo, em 1978, este artigo permanece
das gramáticas brasileiras, assim como suas ar- atual. Partindo de uma crítica às muitas li-
ticulações com o universo escolar. Já no segundo mitações das abordagens do vocabulário em
bloco, o mesmo movimento se faz em relação livros didáticos da época, Rodolfo Ilari, do Ins-
aos dicionários, procurando-se responder a per- tituto de Estudo da Linguagem da UNICAMP,
guntas como: Que tipo de saber sobre a língua discute os principais aspectos linguísticos
um dicionário reúne? Como se constituíram os e pedagógicos do ensino do vocabulário. E
dicionários, em termos históricos? Que relações aponta perspectivas para o trabalho escolar
mantêm com a escola? Em conjunto, o artigo per- relativo ao uso das palavras, à reflexão a seu
mite ao leitor uma boa percepção das estreitas respeito e à (re)construção do léxico, pela
relações que se estabelecem entre gramática e criança, como um componente da língua (ao
dicionário, como instrumentos de descrição e lado da fonologia e da sintaxe, por exemplo).
normalização da língua.
No segundo artigo, José Horta Nunes focaliza Ilari, Rodolfo. 2002. Introdução ao es-
diretamente as duas disciplinas em que a orga- tudo do léxico; brincando com as pala-
nização de dicionários se fundamenta: a lexico- vras. São Paulo: Contexto.
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Esta é uma obra pensada diretamente Escrito para uma revista acadêmica de
para uso didático, ainda que não se vincule linguística, esse artigo examina o papel do
a uma série determinada, ou mesmo a um vocabulário na compreensão de textos na
ciclo. Dirigida ao professor do ensino fun- escola. Partindo do ensino do léxico proposto
damental, pode prestar bons serviços tam- por livros didáticos de português da época, a
bém no ensino médio. autora aponta e discute em profundidade os
O livro reúne 25 breves capítulos, cada problemas e as deficiências das abordagens
um deles consagrado a temas pertinentes que veem, no sentido do vocabulário, apenas
para o conhecimento do léxico: ambi- o efeito de uma propriedade da própria pa-
guidades, anglicismos, campos lexicais, lavra, e não o resultado de um processo mais
definições, estrangeirismos, etimologia, amplo e complexo de compreensão, em que
neologismos, formação de palavras, flexão os sentidos possíveis de um vocábulo são
nominal etc. Cada capítulo inicia-se defi- determinados e até transformados pelo uso
nindo o seu objetivo específico (“Objetivo”) que se faz dele. Depois dessa análise crítica,
e o(s) conceito(s) que procura(m) esclarecer Kleiman apresenta práticas alternativas de
(“Caracterização geral”). Seguem-se, então, exploração do vocabulário, em sintonia com
os “Exercícios”, que, partindo da leitura e uma concepção teoricamente mais adequa-
compreensão de textos, exploram esse(s) da da palavra, do vocabulário, do léxico e do
conceito(s), em aspectos diferentes e em- processo de leitura.
pregando estratégias variadas. Professora do IEL/UNICAMP, a autora
Redigido em linguagem ao mesmo tem- é nacionalmente conhecida por seu tra-
po simples e precisa, sem abusar da termi- balho voltado para o processo de ensino
nologia técnica, o texto pode tanto ajudar e aprendizagem, em especial o da leitura,
o professor a entender melhor cada um dos estreitamente relacionado com a explora-
conceitos selecionados quanto fornecer ção didática do vocabulário. E tem vários
atividades para o trabalho em sala de aula. títulos publicados nesse contexto. Entre
Assim, o docente poderá recorrer a esse li- eles, Texto e leitor: aspectos cognitivos da
vro para consulta, estudo, planejamento de leitura (Campinas, Pontes, 1999), Oficina de
aulas e ajuda na elaboração de exercícios leitura teoria e prática (Campinas, Pontes,
e atividades voltados para o aluno. Muitos 1993) e Leitura: ensino e pesquisa (Campi-
deles poderão, a juízo do professor, ser utili- nas, Pontes, 1989).
zados tais como figuram no livro.
Marcuschi, Luís Antônio. 2004. “O léxico:
Kleiman, Angela. 1987. “Aprendendo lista, rede ou cognição social?”. In: Negri,
palavras, fazendo sentido: o ensino Lígia; Foltran, Maria José; Oliveira, Rober-
de vocabulário nas primeiras séries”. ta Pires de (orgs.). Sentido e significa-
Trabalhos em Linguística Aplicada. (9): ção; em torno da obra de Rodolfo Ilari.
47-81. Campinas: IEL/UNICAMP. São Paulo: Contexto.
82
PNLD 2012 — Dicionários
Ainda que não se destine ao leigo, o ar- O livro de Artur Gomes de Morais, da Fa-
tigo do Prof. Marcuschi, da UFPE, é claro e culdade de Educação da UFPE, é escrito direta-
bastante esclarecedor. Por isso mesmo, pode mente para o professor do ensino fundamen-
ser lido com proveito pelo professor do en- tal, especialmente o das séries iniciais. Está
sino fundamental ou médio. Combatendo dividido em duas partes: na primeira, o autor
a concepção tradicional do léxico como lista discute o que é e como se aprende a ortografia;
das palavras de uma língua, o texto aponta na segunda, é o ensino que está em questão.
para os mecanismos linguísticos que estão À luz do que discutiu na primeira parte,
associados às palavras e que conferem ao Gomes de Morais faz, no primeiro capítulo da
léxico um funcionamento particular. Depois segunda parte, uma análise crítica das prá-
de examinar as teorias tradicionais que ticas mais comuns de ensino de ortografia.
explicam o sentido de uma palavra como E no capítulo seguinte propõe e discute um
resultante da relação entre ela e a coisa que conjunto de princípios norteadores para prá-
ela nomeia (teorias referenciais do sentido), ticas de ensino mais adequadas. O volume se
o autor discute o papel do léxico no discurso, encerra com um capítulo que examina situa-
ou seja, na linguagem em uso. E desvenda ções de ensino e aprendizagem da ortografia,
as formas pelas quais as palavras mapeiam com destaque para o uso do dicionário em
a realidade e dão sentido às coisas que no- sala de aula desde as classes de alfabetização
meiam. Com base nesse exame, o professor e para a revisão das produções infantis.
fundamenta sua concepção de léxico como
rede de sentidos socialmente construída. Welker, Herbert Andreas. 2004. Dicioná-
Em português, é, provavelmente, o texto rios; uma pequena introdução à lexico-
mais indicado para o professor tomar conhe- grafia. Brasília: Thesaurus.
cimento das discussões mais recentes sobre
a natureza do léxico e o seu funcionamento Bastante didático, o livro do professor
na língua. Welker, da UnB, é uma introdução cuida-
dosa e panorâmica ao mundo dos dicio-
Morais, Artur Gomes de. 1998. Ortografia: nários, tanto os monolíngues quanto os
ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 1998. bilíngues. A obra aborda as principais di-
ficuldades enfrentadas pelo dicionarista,
Uma das funções mais conhecidas dos di- na definição e na execução de seu projeto
cionários é a de registrar a escrita ortográfi- lexicográfico. Para cada tópico, há sempre
ca dos vocábulos, constituindo-se como obra uma apresentação dos conceitos centrais e
de referência para as questões da área. Por do estado atual da discussão, com base nos
esse motivo, os dicionários são usados com principais autores e tendências da área
frequência para resolver dúvidas de grafia. E envolvida. O último capítulo apresenta re-
também para auxiliar o processo de ensino e sumidamente um bom número de pesqui-
aprendizagem de ortografia. sas sobre o uso de dicionários, com dados
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PNLD 2012 — Dicionários
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Bibliografia
consultada
PNLD 2012 — Dicionários
Alves, Ieda Maria. 1988. “Para utilizar o dicionário na Ibrahim, Amr Helmy (coord.). 1989. Lexiques. Paris,
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Biderman, Maria Tereza Camargo. 1996. “Léxico e das Literárias de Passo Fundo: 20 anos de história
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Dell’Isola, Regina Lúcia Péret. O sentido das pa- cida Negri (orgs.). 2001. As ciências do léxico: lexi-
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-C abral , Leonor. orgs. Desvendando discursos: perspectiva do professor”. The Especialist. 20 (2):
conceitos básicos. Florianópolis: Ed. da UFSC. 157-178. São Paulo: EDUC.
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Anexos
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O processo
avaliatório
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Considerando a destinação escolar das obras, demais tipos que incluam campos te-
assim como a coerência entre as suas caracterís- máticos como apêndices;
ticas e o Tipo em que se classifiquem, a Avaliação § os critérios adotados na estruturação
valeu-se de dois grupos de critérios: os de exclu- do verbete;
são e os classificatórios. § o número total de entradas;
§ o número total de ilustrações;
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO § o tamanho e o tipo de fonte empregada.
1. Os dicionários devem privilegiar o portu- Serão excluídas, portanto, as obras que não
guês contemporâneo do Brasil, tanto do explicitarem adequadamente sua pro-
ponto de vista dos vocábulos seleciona- posta lexicográfica.
dos quanto da linguagem empregada na
elucidação de seus sentidos e nos demais 3. Considerando-se o seu caráter peda-
textos descritivos e/ou explicativos, gógico, os dicionários devem trazer, em
inclusive a caracterização linguística e linguagem acessível para o aluno visado,
gramatical. Portanto, obras voltadas pre- um guia de uso capaz de explicitar clara e
dominantemente para o léxico de outra satisfatoriamente a organização geral da
variedade da língua portuguesa, ou mes- obra e os recursos de localização de infor-
mo escritas em outra variedade, serão mações de que disponha.
excluídas do PNLD Dicionários 2012.
4. Da mesma forma que os demais ma-
2. Todas as obras inscritas deverão conter teriais didáticos, os dicionários devem
uma descrição de sua proposta lexico- colaborar para a construção escolar da
gráfica, explicitando, para o professor, as ética necessária ao convívio republicano.
escolhas lexicográficas e editoriais que Assim, serão excluídos do PNLD Dicio-
consubstanciem sua destinação peda- nários 2012 as obras que apresentarem
gógica. Nessa descrição, deverão estar explicações, definições e/ou ilustrações
contemplados, entre outros, os seguintes preconceituosas ou estereotipadas.
aspectos:
§ o nível de escolaridade do aluno a que CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS
a obra se destina e, portanto, o Tipo Em sua adequação ao público visado, os
em que ela pretende enquadrar-se dicionários serão classificados de acordo com
(vide Item 3 – Da Caracterização dos dois blocos de critérios: os principais e os com-
Acervos); plementares.
§ o critério de seleção vocabular que
presidiu à organização da obra; Critérios principais
§ o critério de seleção de temas, tanto 1. Representatividade e adequação do voca-
em caso de obras dos tipos 1 ou 2 assim bulário selecionado
organizadas, quanto em obras dos Independentemente do tipo em que
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PNLD 2012 — Dicionários
Critérios complementares
7. Aspecto material
A obra será avaliada no que toca à quali-
dade da impressão, que deve ser livre de
borrões, falhas, ou quaisquer problemas
que dificultem ou impeçam a leitura. O
papel deve permitir a leitura, sem dificul-
dade, de ambas as páginas de uma folha.
O tamanho da fonte, o espaçamento e a
diagramação deverão: a) ser adequados
ao Tipo; b) favorecer a rápida localização
de informações na obra, na página e no
verbete. A obra será também avaliada
quanto a sua resistência ao manuseio.
8. Qualidade e pertinência dos apêndices
Quaisquer que sejam, os apêndices de-
vem ser pertinentes, tanto do ponto de
vista do nível de ensino e aprendizado em
jogo quanto do gênero dicionário.
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2. Obras selecionadas
Com base nesses critérios, os dicionários 7. Saraiva, Kandy S. de Almeida & Oliveira, Ro-
inscritos foram analisados e avaliados, tendo-se gério Carlos G. de. Saraiva Júnior; dicioná-
selecionado os títulos abaixo. rio da língua portuguesa ilustrado. 3 ed.
São Paulo: Saraiva, 2009. [7.040 verbetes]
Tipo 1
1. Bechara, Evanildo. Dicionário infantil ilus- Tipo 3
trado Evanildo Bechara. Rio de Janeiro: 1. Bechara, Evanildo (org.). Dicionário escolar da
Nova Fronteira, 2011. [1.000 verbetes] Academia Brasileira de Letras. 3 ed. São Pau-
2. Biderman, Maria Tereza Camargo & Carva- lo: Cia. Ed. Nacional, 2011. [28.805 verbetes]
lho, Carmen Silvia. Meu primeiro livro de 2. Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Au-
palavras; um dicionário ilustrado do por- rélio Júnior: dicionário escolar da língua
tuguês de A a Z. 3 ed. São Paulo: Ática, 2011. portuguesa. 2 ed. Curitiba: Positivo, 2011.
[999 verbetes] [30.373 verbetes]
3. Geiger, Paulo (org.). Meu primeiro dicioná- 3. Geiger, Paulo (org.). Caldas Aulete – mini-
rio Caldas Aulete com a Turma do Cocoricó. dicionário contemporâneo da língua por-
2 ed. São Paulo: Globo, 2011. [1.000 verbetes] tuguesa. 3 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2011.
[29.431 verbetes]
Tipo 2 4. Ramos, Rogério de Araújo (ed. resp.). Dicio-
1. Biderman, Maria Tereza Camargo. Dicioná- nário didático de língua portuguesa. 2 ed.
rio ilustrado de português. 2 ed. São Paulo: São Paulo: SM, 2011. [26.117 verbetes]
Ática, 2009. [5.900 verbetes] 5. Saraiva, Kandy S. de Almeida & Oliveira,
2. Borba, Francisco S. Palavrinha viva; dicio- Rogério Carlos G. de. Saraiva jovem; dicio-
nário ilustrado da língua portuguesa. nário da língua portuguesa ilustrado. São
Curitiba: Piá, 2011. [7.456 verbetes] Paulo: Saraiva, 2010. [19.214 verbetes]
3. Braga, Rita de Cássia Espechit & Magalhães,
Márcia A. Fernandes. Fala Brasil!; dicionário Tipo 4
ilustrado da língua portuguesa. Belo Hori- 1. B echara , Evanildo. Dicionário da língua
zonte: Dimensão, 2011. [5.400 verbetes] portuguesa Evanildo Bechara. Rio de Ja-
4. Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Di- neiro: Nova Fronteira, 2011. [51.210 entra-
cionário Aurélio ilustrado. Curitiba: Posi- das (verbetes e locuções)]
tivo, 2008. [10.243 verbetes] 2. B orba , Francisco S. Dicionário Unesp do
5. G eiger , Paulo (org.). Caldas Aulete – Di- português contemporâneo. Curitiba: Piá,
cionário escolar da língua portuguesa; 2011. [58.237 verbetes]
ilustrado com a turma do Sítio do Pica- 3. Geiger, Paulo (org.). Novíssimo Aulete dicioná-
-Pau Amarelo. 3 ed. São Paulo: Globo, 2011. rio contemporâneo da língua portuguesa.
[6.183 verbetes] Rio de Janeiro:Lexikon,2011. [75.756 verbetes]
6. Mattos, Geraldo. Dicionário Júnior da lín- 4. Houaiss, Antônio (org.) & Villar, Mauro de
gua portuguesa. 4 ed. São Paulo: FTD, 2011. Salles (ed. resp.). Dicionário Houaiss conciso.
[14.790 verbetes] São Paulo: Moderna, 2011. [41.243 verbetes]
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Maria da Graça dos Santos Faria (UFMA)
Maria das Dores CapitãoVigário Marchi (UFGD)
Maria de Fátima Sopas Rocha (UFMA)
Maria do Socorro Silva de Aragão (UFPB/UFC)
Maria Helena de Paula (UFG/Catalão)
Maria José Bocorny Finatto (UFRGS)
Maria Thereza Indiani de Oliveira (UFRJ)
Marilúcia Barros de Oliveira (UFPA)
Marilze Tavares (UFGD)
Maura Alves de Freitas Rocha (UFU)
Michelle Machado de Oliveira (UnB)
Mônica Magalhães Cavalcante (UFC)
Noemi Pereira de Santana (UFBA)
Paula Godoi Arbex (UFU)
René Gottlieb Strehler (UnB)
Rute Izabel Simões Conceição (UFGD)
Sandra Dias Loguercio (UFRGS)
Siane Gois Cavalcanti Rodrigues (UFPE)
Sílvia Mara de Melo (UFGD)
Simone Bueno Borges da Silva (UFBA)
Sônia Bastos Borba Costa (UFBA)
Sônia Maria de Melo Queiroz (UFMG)
Sulemi Fabiano Campos (UFRN)
Thais Fernandes Sampaio (UFJF)
Vander Lúcio de Souza (UFMG)
Veraluce Lima dos Santos (UFMA)
Waldenice Moreira Cano (UFU)
Waldenor Barros Moraes Filho (UFU)
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Para Entender
a Terminologia
Básica
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Neste glossário, estão definidos os termos que se encontram destacados na primeira seção
deste manual, além de alguns termos comuns aos guias de uso dos dicionários escolares sele-
cionados nesta edição do PNLD-Dicionários.
Nas definições abaixo, os termos ou expressões em negrito correspondem a verbetes do pró-
prio glossário.
Elaborado pela Profa. Dra. Orlene Lúcia de Sabóia Carvalho (UnB).
abonação [confrontar com exemplo] É um tipo formas reduzidas. Alguns dicionários op-
de exemplificação que ilustra o emprego da tam pelo termo abreviação.
entrada por meio de fragmentos extraídos
de textos literários, jornalísticos, técnicos etc. acepção É um termo usado para se referir a cada
Na tradição lexicográfica, as abonações cos- um dos significados que a entrada pode ter
tumam ser de autores literários consagrados em diferentes contextos. Cada acepção é
e têm natureza prescritiva, enquanto na lexi- explicada por meio de uma definição. Em
cografia moderna, de modo geral, são extra- geral, as palavras ou expressões têm várias
ídas de um corpus, e têm caráter descritivo: acepções, que, nos verbetes, frequentemente
aparecem separadas por números:
debulhar (de.bu.lhar) v.td. 1 Tirar os grãos,
os bagos ou as sementes de (fruta, cereal garra gar.ra substantivo feminino 1. Unha
etc.). § “Debulhar o trigo,/Recolher cada de animais como o gato, o leão, o tigre, a
bago do trigo...” (Milton Nascimento/Chi- águi, etc.: Espantou o gato quando o viu
co Buarque, “O cio da terra”). (...) afiando as garras no sofá. 2. Entusiasmo,
Dicionário da Língua vontade: Nosso time só venceu porque jo-
Portuguesa Evanildo Bechara, gou com garra.
Evanildo Bechara, Nova Dicionário Aurélio ilustrado,
Fronteira, 2011 Aurélio Buarque de Holanda
Ferreira, Positivo, 2008
abreviação Ver o verbete abreviatura.
achega Num verbete, achega é a informação
abreviatura É a forma reduzida de uma pa- que se acrescenta às de praxe, na explicita-
lavra. Nos dicionários, encontram-se abre- ção dos sentidos de uma palavra. Exemplo:
viadas as marcas de uso, as remissivas, a Orelha substituiu ouvido na nova termi-
informação gramatical da entrada etc. Os nologia anatômica.
dicionários escolares que fazem uso de Caldas Aulete — minidicionário
abreviaturas trazem a lista das utilizadas contemporâneo da língua portu-
na obra, no entanto, há aqueles que, por guesa, 3 ed., Lexikon, 2011
questões pedagógicas, preferem não usar
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PNLD 2012 — Dicionários
antônimo Uma palavra é antônima de outra exemplos e/ou abonações. O plural de corpus
quando significa o contrário dela. A antoní- é corpora.
mia é uma relação de significado. Nos dicio-
nários, os antônimos da entrada estão após a definição [também denominada enunciado
acepção ou as acepções a que se referem, ou definitório] É o enunciado que explicita o
no final do verbete: sentido de uma palavra ou expressão. São
muitos os tipos de definições e, em um mes-
rápido (rá.pi.do) adj. 1. Que é ligeiro, veloz mo dicionário, é comum encontrarmos mais
(O guepardo é o mamífero mais rápido do de um tipo.
mundo, chegando a correr a 110 quilôme-
tros por hora.); 2. que dura pouco tempo; definição analítica [também denominada de-
efêmero, breve (Aproveitou a carona do finição aristotélica] Na definição analítica,
tio para fazer uma visita rápida aos avós.); o enunciado explicita o sentido da palavra
(...) Antôn na acep 1 moroso e vagaroso. ou expressão por meio de duas partes prin-
Saraiva Jovem: dicionário da cipais: um hiperônimo (a categoria a que a
língua portuguesa ilustrado, palavra pertence) e as diferenças específicas,
Saraiva, 2010 isto é, as características próprias daquilo que
está sendo definido. É a definição predomi-
artigo O mesmo que verbete. nante nos dicionários. No exemplo abaixo, o
hiperônimo jogo identifica a categoria a que
cabeça de verbete O mesmo que entrada. pertence futebol, seguindo-se as característi-
cas específicas que distinguem o futebol de
campo temático É um conjunto de palavras ou outros tipos de jogos:
expressões, organizado por tema, noção, es-
feras de atividades ou área de conhecimento futebol fu-te-bol O futebol é um jogo dis-
específicos. Vários dicionários incluem cam- putado com os pés entre duas equipes de
pos temáticos em sua organização, muitas onze jogadores. O objetivo é fazer com que
vezes dispostos didaticamente em quadros. a bola entre no gol do adversário. O futebol
Alguns exemplos de campos temáticos: ali- é o esporte mais popular entre os brasileiros.
mentos, escola, corpo humano, família, ins- — família: futebolista, futebolístico
trumentos musicais, mamíferos, divisões do Meu primeiro livro de palavras:
tempo, brincadeiras, jogos etc. um dicionário ilustrado do por-
tuguês de A a Z, Maria Tereza
corpus É uma coletânea de textos selecionados Biderman, Ática, 2011
e organizados de acordo com critérios espe-
cíficos (língua escrita, língua falada, gêneros definição aristotélica O mesmo que definição
textuais etc.), digitalizada, que serve de base analítica.
para trabalhos linguísticos, entre os quais a
elaboração de dicionários. Em vários dicio- definição circular Ocorre quando uma entrada
nários, o corpus é utilizado para a extração de é definida por um sinônimo, e vice-versa. O
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PNLD 2012 — Dicionários
sinônimo definidor, quando sob a forma de pronomes você/a gente, o que lhe confere um
entrada, tem seu sentido definido por aquela caráter dialógico:
palavra que ele próprio definiu. A ausência
de definição em qualquer dos verbetes rela- fumaça fu-ma-ça
cionados leva a um círculo vicioso, como em: Fumaça é o que nós vemos subir pelo ar
quando uma coisa queima, pega fogo. A
cas.ca.ta Cachoeira. fumaça é o vapor da água, misturado com
ca.cho.ei.ra Queda d’água. pedacinhos daquilo que pega fogo.
sal.to Queda d’água. Meu primeiro dicionário Caldas
que.da d’á.gua Cachoeira, salto. Aulete com a Turma do Cocoricó,
Globo, 2011
definição enciclopédica A definição enciclopé-
dica distingue-se da definição linguística por Algumas definições instanciativas constituem-
explicar o sentido da palavra-entrada por -se de pequenos textos descritivos:
meio de informações sobre aquilo que ela de-
signa (o referente). Nos dicionários de língua, o arco-íris (ar-co-í-ris), os arco-íris
o uso combinado dos dois tipos de definição Arco-íris é o arco de várias listras colori-
é bastante frequente: das que se forma no céu quando faz sol
durante a chuva ou logo depois dela. As
Burguesia s.f. 1. Grupo social que se forma cores do arco-íris são: vermelho, laranja,
no final da Idade Média com o desen- amarelo, verde, azul, anil e violeta. O arco-
volvimento do comércio e o surgimento -íris também se chama arco-celeste.
das cidades, passando a dominar a vida Dicionário infantil ilustrado
econômica, social e política da Europa. Evanildo Bechara, Evanildo Be-
2. Grupo social formado pelos grandes chara, Nova Fronteira, 2011
proprietários de terra, os industriais, os
banqueiros, os empresários e os grandes definição linguística Em contraposição à defi-
comerciantes. Bur.gue.si.a nição enciclopédica, a definição linguística
Dicionário Júnior da Língua Portu- explica o sentido da entrada por meio de
guesa,Geraldo Mattos,FTD,2011 informações sobre seu conteúdo semântico,
seus usos e interpretações.
definição instanciativa A definição instanciati-
va foi inicialmente proposta para dicionários definição oracional [confrontar com definição
direcionados para aprendizes de inglês como instanciativa] O que caracteriza a definição
língua estrangeira (Dicionários Cobuild) e oracional é o fato de ser formulada sob a
tem sido utilizada em dicionários escolares forma de oração em que a entrada faz parte
brasileiros. Entre suas principais caracterís- do enunciado definitório. Como se trata de
ticas, estão: elaboração sob a forma de oração classificação de natureza sintática, as possi-
– é um tipo de definição oracional – e o uso bilidades de formulação são muito variadas,
de verbos na primeira pessoa do plural e dos podendo ser tanto um contexto instancia-
tivo, quanto uma definição semelhante às
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bral (na altura da cintura) e as pernas; pelve. graficamente as entradas secundárias, des-
3 Geog. Região banhada por um rio e seus tacando sua posição no verbete:
afluentes. (...)
Caldas Aulete Minidicionário colher co.lher (é) s.f. É um objeto que tem
Contemporâneo da Língua Por- cabo e uma concha rasa e que serve para
tuguesa, Lexikon, 2011 pôr a comida no prato, para comer e mexer
coisas líquidas ou pastosas.
empréstimo Denomina-se empréstimo lexical –— Dar uma colher de chá gíria É fazer
o fenômeno que ocorre na relação entre com que as coisas fiquem mais fáceis para
duas línguas: uma palavra ou expressão alguém. Meter a colher É dar palpites na
pertencente à língua A é incorporada ao lé- conversa dos outros.
xico da língua B. Os empréstimos costumam Caldas Aulete: dicionário escolar
sofrer adaptações fonológicas, ortográfi- da língua portuguesa: ilustrado
cas ou morfológicas ao sistema da língua com a turma do Sítio do Pica-
receptora, e, neste caso, com o passar do -pau Amarelo, Globo, 2011
tempo, deixam de ser identificados como
empréstimos pelos falantes da língua. Foi enunciado definitório O mesmo que definição.
o que ocorreu com palavras, como: abajur,
avião, balé, batom, boate, butique, clube, estrangeirismo [confrontar com empréstimo]
esnobe, estresse, futebol, garçom, golfe, ho- Estrangeirismos são palavras tomadas de
tel, iate, trem, túnel, restaurante etc. Mas uma língua estrangeira que não sofreram
há casos em que permanecem inalterados, adaptações ao sistema da língua em que foi
como a palavra know-how, do inglês, usada incorporada – às vezes, ocorrem apenas leves
em português. Neste caso, são chamados de adaptações de pronúncia. Como se trata de
estrangeirismos. palavra estranha ao sistema linguístico do
português – não houve alteração ortográfica
entrada [o mesmo que lema, cabeça de verbete, nem morfológica –, os dicionários costumam
palavra-entrada] É a palavra ou expressão fazer uso de recursos gráficos especiais para
que encabeça o verbete, o elemento a ser de- distingui-los e trazem a pronúncia. Alguns
finido ou explicado. De acordo com a tradição exemplos de estrangeirismos: backup, big
lexicográfica, há um padrão de registro para bang, download, drive-in, laptop, pizza, play-
as entradas de palavras morfologicamente back, shopping center, short, sho, etc.
variáveis: o verbo no infinitivo, o substantivo
e o adjetivo no singular masculino. etimologia Registro de informações sobre a ori-
gem da palavra. Alguns dicionários escolares
entrada secundária [o mesmo que subentrada] incluem esse tipo de informação como com-
Entrada secundária é uma parte integrante plemento do verbete:
do verbete, composta em geral dr locuções
ou expressões idiomáticas que contêm a pê.nal.ti s.m. desp em futebol, penalidade
entrada. Os dicionários costumam marcar máxima que consiste num tiro livre a 11
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PNLD 2012 — Dicionários
metros do gol, defendido apenas pelo go- noite toda. 2 conservar-se imóvel; ficar inati-
leiro [etim: ing. penalty ‘penalidade’, do lat. vo: A natureza dorme. 3 distrair-se: José dor-
poenalis, e ‘penal’] miu,perdeu o trem. (...) • d. de touca deixar-se
Dicionário Houaiss Conciso, enganar d. em pé estar muito cansado ou
Moderna, 2011 com muito sono d. no ponto deixar de tomar
providências: Lica dormiu no ponto, não
exemplo [confrontar com abonação] É um con- entregou os papéis. para boi d. para enganar:
texto criado pelo(s) autor(es) do dicionário Isso é conversa para boi dormir! (...)
ou adaptado de um corpus (ou de vários cor- Dicionário Unesp do português
pora), com o propósito de ilustrar o emprego contemporâneo, Francisco S.
da entrada: Borba, Piá, 2011
po.der verbo trans. dir. 1. Ter a faculdade, hiperônimo [confrontar com hipônimo] Uma
ou o direito, de: poder determinar algo. palavra é hiperônimo de outra quando tem
2. Ter força, ou energia para: Pode erguer um significado mais geral, abrangente, que
100 quilos. 3. Ter a possibilidade de, ou inclui a outra. A hiperonímia é uma relação
autorização para: Crianças não podem de significado. Por exemplo, doença é hiperô-
assistir a certos programas. 4. Estar arris- nimo de gripe, malária, câncer, entre outros
cado ou exposto a; ter probabilidade de: tipos de doença.
Quem não se cuida pode ficar doente. (...)
Aurélio Júnior:dicionário escolar da hipônimo [confrontar com hiperônimo] Uma
língua portuguesa,Positivo,2011 palavra é hipônimo de outra quando tem um
significado menos abrangente, mais específi-
expressão idiomática Uma expressão idio- co, que está incluído na outra. A hiperonímia é
mática caracteriza-se, principalmente, por uma relação de significado. As palavras gripe,
ser uma combinação fixa – não se podem malária, câncer são hipônimas de doença.
inserir palavras livremente entre seus com-
ponentes – e por significar algo que não cor- homônimo [confrontar com polissêmico] Duas
responde à soma do significado individual ou mais palavras distintas são homônimas
das palavras que a compõem. Exemplos de se tiverem a mesma pronúncia (homófo-
expressões idiomáticas: abrir os olhos de nas) ou a mesma grafia (homógrafas), mas
alguém ‘alertar’, dar o braço a torcer ‘voltar significados diferentes, sem relação entre si.
atrás’, estar de mãos atadas ‘não poder agir’, A homonímia é uma relação de forma. Nos
meter os pés pelas mãos ‘se atrapalhar’, com- dicionários, quando duas ou mais palavras
prar gato por lebre ‘ser enganado’. Em vários são consideradas homógrafas, constituem
dicionários, as expressões idiomáticas cons- entradas distintas. Não há, entretanto, uni-
tituem entradas secundárias: formidade no tratamento:
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PNLD 2012 — Dicionários
locução Este termo tem aparecido em dicioná- palavra-entrada O mesmo que entrada.
rios escolares para designar a combinação
de duas ou mais palavras, em oposição a palavra gramatical As palavras gramaticais são
uma única palavra. As locuções podem ser: as que estabelecem relações entre as partes
composições nominais, termos de áreas es- constituintes do discurso, e seu significado
pecíficas, expressões idiomáticas etc: água depende do contexto em que se encontram.
com açúcar, açúcar mascavo, força de traba- Exemplos de palavras gramaticais em portu-
lho, mina de ouro, mulher de palavra, ser uma guês são as preposições e as conjunções.
mão na roda etc.
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PNLD 2012 — Dicionários
palavra-guia Na cabeça das páginas dos dicio- proposta lexicográfica A proposta lexicográfica
nários, como recurso auxiliar na localização consiste no plano de composição e organiza-
de um verbete, aparecem as palavras-guia, ção de um dicionário, incluindo informações
indicando a primeira e a última entrada de sobre o público-alvo a que se destina, os cri-
uma página específica. térios de levantamento e seleção vocabular,
a estrutura dos verbetes, as ilustrações etc.
palavra lexical As palavras lexicais designam coi- Nos dicionários escolares, essas informações
sas, pessoas, fenômenos, sentimentos, ações, costumam estar explicitadas nas primeiras
eventos etc., i.e., remetem-nos ao mundo em seções, denominadas “proposta lexicográfi-
nossa volta. Exemplos de palavras lexicais em ca”, “guia do usuário”, “chave do dicionário”,
português são verbos, substantivos, adjetivos “como é este dicionário” etc.
e alguns advérbios.
remissão O mesmo que remissiva.
parônimo Palavras parônimas são levemente
diferentes uma da outra, na pronúncia ou na remissiva [o mesmo que remissão] A remissiva
grafia. A paronímia é uma relação de forma. é uma indicação encontrada no verbete —
Nos dicionários, os parônimos da entrada vêm em geral, uma abreviatura, como q.v, v., cf.,
após a acepção ou as acepções a que se refe- cp. (queira ver; veja; confronte; compare)
rem, ou no final do verbete, indicadas por uma —, a qual remete o usuário a outro verbete.
abreviatura (frequentemente Cf. = confronte): Seu objetivo principal é induzir o usuário a
procurar, no verbete correspondente, infor-
diferir (di.fe.rir) v.int.tr. 1 Ser diferente; mações complementares e/ou relações que
distinguir-se.§ Diferimos muito deles. int. colaboram para a apreensão dos sentidos do
tr. 2 Divergir. § Sua ideia diverge da minha. vocábulo de referência:
(...) [Cf.: deferir] (...)
Dicionário da língua portugue- descrição des.cri.ção s.fem. apresentação
sa Evanildo Bechara, Evanildo das características; indicação dos deta-
Bechara, Nova Fronteira, 2011 lhes: Pela descrição que o mendigo fez, o
delegado identificou o local. µ Cp: discri-
polissêmico [confrontar com homônimo] Uma ção, em discreto.
palavra polissêmica tem vários significados. Palavrinha Viva: dicionário ilus-
Se consultarmos qualquer dicionário, vere- trado da língua portuguesa, Fran-
mos que praticamente todas as palavras são cisco da Silva Borba, Piá, 2011
polissêmicas. Quando uma palavra é consi-
derada polissêmica, seus variados significa- rubrica O mesmo que marcas de uso.
dos constituem apenas um verbete (com vá-
rias acepções). Se forem consideradas duas sinônimo Duas palavras são sinônimas se uma
palavras diferentes, recebem tratamento puder substituir a outra em um mesmo con-
homonímico e compõem dois verbetes. texto, sem que haja mudança de significado.
A sinonímia é uma relação de significado.
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PNLD 2012 — Dicionários
Nos dicionários, os sinônimos tanto podem te compõe-se de uma entrada e uma sequ-
complementar a definição (como ilustra o ência padronizada de informações sobre a
primeiro verbete), quanto aparecer após a própria entrada.
acepção ou as acepções a que se referem (se-
gundo verbete): vocabulário Subconjunto do léxico geral de
uma língua, podendo ser o conjunto dos vo-
assolar v. Destruir o que existe em algum cábulos utilizados numa região, numa certa
lugar: arrasar, arruinar, devastar – A tem- época, numa profissão, ou por uma pessoa,
pestade assolou o acampamento. (...) num determinado discurso. Existem, porém,
Dicionário Júnior da língua diferentes concepções de vocabulário.
portuguesa, Geraldo Mattos,
FTD, 2011
ingresso (in.gres.so) s.m. 1. O ingresso em
uma coisa acontece quando se entra nela.
O ingresso à universidade costuma ser
feito através do exame vestibular. 2. Um
ingresso é um pedaço de papel que apre-
sentamos para entrar num espetáculo ou
em outros tipos de eventos. Aqui está o in-
gresso do cinema. Sinônimo (de 2): entrada.
Fala Brasil! Dicionário ilustra-
do da língua portuguesa, Rita
de Cássia E. Braga; Márcia A. F.
Magalhães; Lúcia Fulgêncio,
Dimensão, 2011
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PNLD 2012 — Dicionários
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Novo Acordo
Ortográfico da Língua
Portuguesa – Decreto
nº 6.583, de 29 de
setembro de 2008.
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PNLD 2012 — Dicionários
Obs.: 1. Além destas letras, usam-se o ç (cê ce- em formas do mesmo tipo, é invariavelmente
dilhado) e os seguintes dígrafos: rr (erre duplo), ss mudo, elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph,
(esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), Nazareth; e se algum deles, por força do uso, per-
gu (guê-u) e qu (quê-u). mite adaptação, substitui-se, recebendo uma
2. Os nomes das letras acima sugeridos não adição vocálica: Judite, em vez de Judith.
excluem outras formas de as designar. 5º) As consoantes finais grafadas b, c, d, g e t
2º) As letras k, w e y usam-se nos seguintes mantêm-se, quer sejam mudas, quer proferidas,
casos especiais: nas formas onomásticas em que o uso as con-
a) Em antropónimos/antropônimos originá- sagrou, nomeadamente antropónimos/antro-
rios de outras línguas e seus derivados: Franklin, pônimos e topónimos/topônimos da tradição
frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwi- bíblica: Jacob, Job, Moab, Isaac; David, Gad; Gog,
nismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Magog; Bensabat, Josafat.
Taylor, taylorista; Integram-se também nesta forma: Cid, em
b) Em topónimos/topônimos originários que o d é sempre pronunciado; Madrid e Valha-
de outras línguas e seus derivados: Kwanza, dolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e
Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano; Calecut ou Calicut, em que o t se encontra nas
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras mesmas condições.
adotadas como unidades de medida de curso Nada impede, entretanto, que dos antropó-
internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium), nimos/antopônimos em apreço sejam usados
W-oeste (West); kg-quilograma, km-quilómetro, sem a consoante final Jó, Davi e Jacó.
kW-kilowatt, yd-jarda (yard); Watt. 6º) Recomenda-se que os topónimos/topô-
3º) Em congruência com o número anterior, nimos de línguas estrangeiras se substituam,
mantêm-se nos vocábulos derivados eru- tanto quanto possível, por formas vernáculas,
ditamente de nomes próprios estrangeiros quando estas sejam antigas e ainda vivas em
quaisquer combinações gráficas ou sinais português ou quando entrem, ou possam en-
diacríticos não peculiares à nossa escrita que trar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substi-
figurem nesses nomes: comtista, de Comte; tuído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo;
garrettiano, de Garrett; jeffersónia/jeffersô- Garonne, por Garona; Genève, por Genebra;
nia, de Jefferson; mülleriano, de Müller, shakes- Jutland, por Jutlândia; Milano, por Milão; Mün-
peariano, de Shakespeare. chen, por Munique; Torino, por Turim; Zürich,
Os vocabulários autorizados registrarão gra- por Zurique, etc.
fias alternativas admissíveis, em casos de divul-
gação de certas palavras de tal tipo de origem (a Base II
exemplo de fúcsia/ fúchsia e derivados, buganví- Do h inicial e final
lia/ buganvílea/ bougainvíllea). 1º) O h inicial emprega-se:
4º) Os dígrafos finais de origem hebraica a) Por força da etimologia: haver, hélice, hera,
ch, ph e th podem conservar-se em formas ono- hoje, hora, homem, humor.
másticas da tradição bíblica, como Baruch, Loth, b) Em virtude de adoção convencional: hã?,
Moloch, Ziph, ou então simplificar-se: Baruc, hem?, hum!.
Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um destes dígrafos, 2º) O h inicial suprime-se:
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PNLD 2012 — Dicionários
a) Quando, apesar da etimologia, a sua su- xer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez,
pressão está inteiramente consagrada pelo xarope, xenofobia, xerife, xícara.
uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, 2º) Distinção gráfica entre g, com valor de
ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, fricativa palatal, e j: adágio, alfageme, Álgebra,
herbanário, herboso, formas de origem erudita); algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido,
b) Quando, por via de composição, passa a almargem, Alvorge, Argel, estrangeiro, falange,
interior e o elemento em que figura se aglu- ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim, gerin-
tina ao precedente: biebdomadário, desar- gonça, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, gíria, here-
monia, desumano, exaurir, inábil, lobisomem, ge, relógio, sege, Tânger, virgem; adjetivo, ajeitar,
reabilitar, reaver; ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie
3º) O h inicial mantém-se, no entanto, quan- de papagaio), canjerê, canjica, enjeitar, granjear,
do, numa palavra composta, pertence a um hoje, intrujice, jecoral, jejum, jeira, jeito, Jeová,
elemento que está ligado ao anterior por meio jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jeri-
de hífen: anti-higiénico/anti-higiênico, contra- mum, Jerónimo, Jesus, jibóia, jiquipanga, jiquiró,
-haste; pré-história, sobre-humano. jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, laranjeira, lojista,
4º) O h final emprega-se em interjeições:ah! oh! majestade, majestoso, manjerico, manjerona,
mucujê, pajé, pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito.
Base III 3º) Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç
Da homofonia de certos grafemas consonânticos e x, que representam sibilantes surdas: ânsia,
Dada a homofonia existente entre certos ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso,
grafemas consonânticos, torna-se necessário dife- farsa, ganso, imenso, mansão, mansarda, man-
rençar os seus empregos, que fundamentalmente so, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã,
se regulam pela história das palavras. É certo que Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa,
a variedade das condições em que se fixam na es- tarso, terso, valsa; abadessa, acossar, amassar,
crita os grafemas consonânticos homófonos nem arremessar, Asseiceira, asseio, atravessar, benesse,
sempre permite fácil diferenciação dos casos em Cassilda, codesso (identicamente Codessal ou Co-
que se deve empregar uma letra e daqueles em dassal, Codesseda, Codessoso, etc.), crasso, devas-
que, diversamente, se deve empregar outra, ou sar, dossel, egresso, endossar, escasso, fosso, gesso,
outras, a representar o mesmo som. molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso,
Nesta conformidade, importa notar, princi- remessa, sossegar; acém, acervo, alicerce, cebola,
palmente, os seguintes casos: cereal, Cernache, cetim, Cinfães, Escócia, Macedo,
1º) Distinção gráfica entre ch e x: achar, ar- obcecar, percevejo; açafate, açorda, açúcar, alma-
chote, bucha, capacho, capucho, chamar, chave, ço, atenção, berço, Buçaco, caçanje, caçula, caraça,
Chico, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, dançar, Eça, enguiço, Gonçalves, inserção, lingui-
estrebucha, facho, ficha, flecha, frincha, gan- ça, maçada, Mação, maçar, Moçambique, Mon-
cho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho, ção, muçulmano, murça, negaça, pança, peça,
pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, Seiça
sachar, tacho; ameixa, anexim, baixel, baixo, (grafia que pretere as erróneas/errôneas Ceiça e
bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, Ceissa), Seiçal, Suíça, terço; auxílio, Maximiliano,
eixo, elixir, enxofre, faixa, feixe, madeixa, me- Maximino, máximo, próximo, sintaxe.
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PNLD 2012 — Dicionários
4º) Distinção gráfica entre s de fim de sílaba co), Matosinhos, Meneses, narciso, Nisa, obséquio,
(inicial ou interior) e x e z com idêntico valor fó- ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa,
nico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa,
esgotar, esplanada, esplêndido, espontâneo, tisana, transe, trânsito, vaso; exalar, exemplo,
espremer, esquisito, estender, Estremadura, Es- exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável;
tremoz, inesgotável; extensão, explicar, extraor- abalizado, alfazema, Arcozelo, autorizar, azar,
dinário, inextricável, inexperto, sextante, têxtil; azedo, azo, azorrague, baliza, bazar, beleza, bu-
capazmente, infelizmente, velozmente. De acor- zina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, Ezequiel,
do com esta distinção convém notar dois casos: fuzileiro, Galiza, guizo, helenizar, lambuzar, lezí-
a) Em final de sílaba que não seja final de pa- ria, Mouzinho, proeza, sazão, urze, vazar, Veneza,
lavra, o x = s muda para s sempre que está prece- Vizela, Vouzela.
dido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sistino
(cf. Capela Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, jux- Base IV
talinear, mixto, sixtina, Sixto. Das seqüências consonânticas
b) Só nos advérbios em –mente se admite 1º) O c, com valor de oclusiva velar, das se-
z, com valor idêntico ao de s, em final de sílaba qüências interiores cc (segundo c com valor de
seguida de outra consoante (cf. capazmente, sibilante), cç e ct, e o p das seqüências interiores
etc.); de contrário, o s toma sempre o lugar de z: pc (c com valor de sibilante), pç e pt, ora se conser-
Biscaia, e não Bizcaia. vam, ora se eliminam.
5º) Distinção gráfica entre s final de palavra e Assim:
x e z com idêntico valor fónico/fônico: aguarrás, a) Conservam-se nos casos em que são inva-
aliás, anis, após atrás, através, Avis, Brás, Dinis, riavelmente proferidos nas pronúncias cultas
Garcês, gás, Gerês, Inês, íris, Jesus, jus, lápis, Luís, da língua: compacto, convicção, convicto, ficção,
país, português, Queirós, quis, retrós, revés, To- friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico,
más, Valdés; cálix, Félix, Fénix, flux; assaz, arroz, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto.
avestruz, dez, diz, fez (substantivo e forma do b) Eliminam-se nos casos em que são inva-
verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz, riavelmente mudos nas pronúncias cultas da
petiz, Queluz, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato,
propósito, deve observar-se que é inadmissível coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção;
z final equivalente a s em palavra não oxítona: adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo.
Cádis, e não Cádiz. c) Conservam-se ou eliminam-se, facultati-
6º) Distinção gráfica entre as letras interio- vamente, quando se proferem numa pronúncia
res s, x e z, que representam sibilantes sonoras: culta, quer geral, quer restritamente, ou então
aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, quando oscilam entre a prolação e o emudeci-
Baltasar, besouro, besuntar, blusa, brasa, brasão, mento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres
Brasil, brisa, [Marco de] Canaveses, coliseu, defe- e carateres, dicção e dição; facto e fato, sector e
sa, duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposen- setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, cor-
de, frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, rupto e corruto, recepção e receção.
jusante, liso, lousa, Lousã, Luso (nome de lugar, d) Quando, nas seqüências interiores mpc,
homónimo/homônimo de Luso, nome mitológi- mpç e mpt se eliminar o p de acordo com o
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determinado nos parágrafos precedentes, o m lampião, limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, tige-
passa a n, escrevendo-se, respectivamente nc, nç la, tijolo, Vimieiro, Vimioso;
e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção b) Com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, bor-
e assunção; assumptível e assuntível; peremptó- boleta, cobiça, consoada, consoar, costume, díscolo,
rio e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptu- êmbolo, engolir, epístola, esbaforir-se, esboroar,
osidade e suntuosidade. farândola, femoral, Freixoeira, girândola, goela,
2º) Conservam-se ou eliminam-se, facultati- jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo, Páscoa, Pasco-
vamente, quando se proferem numa pronúncia al, Pascoela, polir, Rodolfo, távoa, tavoada, távola,
culta, quer geral, quer restritamente, ou então tômbola, veio (substantivo e forma do verbo vir);
quando oscilam entre a prolação e o emude- açular, água, aluvião, arcuense, assumir, bulir,
cimento: o b da seqüência bd, em súbdito; o b camândulas, curtir, curtume, embutir, entupir,
da seqüência bt, em subtil e seus derivados; o g fémur/fêmur, fístula, glândula, ínsua, jucundo, lé-
da seqüência gd, em amígdala, amigdalácea, gua, Luanda, lucubração, lugar, mangual, Manuel,
amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigda- míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabua-
lóide, amigdalopatia, amigdalotomia; o m da da, tabuleta, trégua, virtualha.
seqüência mn, em amnistia, amnistiar, indemne, 2º) Sendo muito variadas as condições etimo-
indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipo- lógicas e histórico-fonéticas em que se fixam gra-
tente, omnisciente, etc.; o t, da seqüência tm, em ficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é evidente
aritmética e aritmético. que só a consulta dos vocabulários ou dicionários
pode indicar, muitas vezes, se deve empregar-se e
Base V ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o
Das vogais átonas uso dessas vogais pode ser facilmente sistematiza-
1º) O emprego do e e do i, assim como o do o e do. Convém fixar os seguintes:
do u, em sílaba átona, regula-se fundamental- a) Escrevem-se com e, e não com i, antes da
mente pela etimologia e por particularidades sílaba tónica/tônica, os substantivos e adjetivos
da história das palavras. Assim se estabelecem que procedem de substantivos terminados em
variadíssimas grafias: – eio e – eia, ou com eles estão em relação direta.
a) Com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota por
arrepiar, balnear, boreal, campeão, cardeal (pre- aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia;
lado, ave planta; diferente de cardial = “relativo aveal por aveia; baleal por baleia; cadeado por
à cárdia”), Ceará, côdea, enseada, enteado, Flo- cadeia; candeeiro por candeia; centeeira e cente-
real, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor, eiro por centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia;
Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, correada e correame por correia.
peanha, quase (em vez de quási), real, semear, b) Escrevem-se igualmente com e, antes de
semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial, vogal ou ditongo da sílaba tónica/tônica, os
amieiro, arrieiro, artilharia, capitânia, cordial derivados de palavras que terminam em e acen-
(adjetivo e substantivo), corriola, crânio, criar, tuado (o qual pode representar um antigo hiato:
diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé; coreano,
(e identicamente Filipa, Filipinas, etc.), freixial, de Coreia; daomeano, de Daomé; guineense, de
giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, Guiné; poleame e poleeiro, de polé.
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Obs: Admitem-se, todavia, excepcionalmente, 3º) Os ditongos nasais, que na sua maioria
à parte destes dois grupos, os ditongos grafados tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos,
ae(= âi ou ai) e ao (= âu ou au): o primeiro, re- pertencem graficamente a dois tipos funda-
presentado nos antropónimos/antropônimos mentais: ditongos representados por vogal com
Caetano e Caetana, assim como nos respectivos til e semivogal; ditongos representados por uma
derivados e compostos (caetaninha, são-caetano, vogal seguida da consoante nasal m. Eis a indi-
etc.); o segundo, representado nas combinações da cação de uns e outros:
preposição a com as formas masculinas do artigo a) Os ditongos representados por vogal
ou pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos. com til e semivogal são quatro, considerando-
2º) Cumpre fixar, a propósito dos ditongos -se apenas a língua padrão contemporânea:
orais, os seguintes preceitos particulares: ãe (usado em vocábulos oxítonos e derivados),
a) É o ditongo grafado ui, e não a seqüência ãi (usado em vocábulos anoxítonos e deriva-
vocálica grafada ue, que se emprega nas formas dos), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe,
de 2a e 3a pessoas do singular do presente do in- mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão,
dicativo e igualmente na da 2a pessoa do singu- mãozinha, não, quão, sótão, sotãozinho, tão;
lar do imperativo dos verbos em – uir: constituis, Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões.
influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo,
formas com todos os casos de ditongo grafado ui colocar-se o ditongo i; mas este, embora se
de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guar- exemplifique numa forma popular como r i =
dafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfi- ruim, representa-se sem o til nas formas mui-
co-fonético com as formas de 2a e 3a pessoas do to e mui, por obediência à tradição.
singular do presente do indicativo e de 2a pessoa b) Os ditongos representados por uma vogal
do singular do imperativo dos verbos em – air e seguida da consoante nasal m são dois: am e em.
em – oer: atrais, cai, sai; móis, remói, sói. Divergem, porém, nos seus empregos:
b) É o ditongo grafado ui que representa i) am (sempre átono) só se emprega em flexões
sempre, em palavras de origem latina, a união verbais: amam, deviam, escreveram, puseram;
de um u a um i átono seguinte. Não divergem, ii) em (tónico/tônico ou átono) emprega-se
portanto, formas como fluido de formas como em palavras de categorias morfológicas diver-
gratuito. E isso não impede que nos derivados de sas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar
formas daquele tipo as vogais grafadas u e i se variantes gráficas determinadas pela posição,
separem: fluídico, fluidez (u-i). pela acentuação ou, simultaneamente, pela
c) Além, dos ditongos orais propriamente posição e pela acentuação: bem, Bembom, Bem-
ditos, os quais são todos decrescentes, admite- posta, cem, devem, nem, quem, sem, tem, virgem;
-se, como é sabido, a existência de ditongos Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens,
crescentes. Podem considerar-se no número enfim, enquanto, homenzarrão, homenzinho,
deles as seqüências vocálicas pós-tónicas/ nuvenzinha, tens, virgens, amém (variação de
pós-tônicas, tais as que se representam gra- ámen), armazém, convém, mantém, ninguém,
ficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: porém, Santarém, também; convêm, mantêm,
áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa, têm (3as pessoas do plural); armazéns, desdéns,
míngua, ténue/tênue, tríduo. convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho.
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dúctil (pl. dúcteis), fóssil (pl. fósseis), réptil (pl. xo, se fechado: pónei e pônei; gónis e gônis, pénis
réptéis; var. reptil, pl. reptis); cármen (pl. cárme- e pênis, ténis e tênis; bónus e bônus, ónus e ônus,
nes ou carmens; var. carme, pl. carmes); dólmen tónus e tônus, Vénus e Vênus.
(pl. dólmenes ou dolmens), éden (pl. édenes ou 3º) Não se acentuam graficamente os ditongos
edens), líquen (pl. líquenes), lúmen (pl. lúmenes representados por ei e oi da sílaba tónica/tônica das
ou lumens); açúcar (pl. açúcares), almíscar (pl. palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em
almíscares), cadáver (pl. cadáveres), caráter ou muitos casos entre o fechamento e a abertura na
carácter (mas pl. carateres ou caracteres), ímpar sua articulação: assembleia, boleia, ideia, tal como
(pl. ímpares); Ájax, córtex (pl. córtex; var. córtice, aldeia, baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico,
pl. córtices), índex (pl. index; var. índice, pl. índi- onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio (do verbo
ces), tórax, (pl. tórax ou tóraxes; var. torace, pl. apoiar), tal como apoio (subst.), Azoia, boia, boina,
toraces); bíceps (pl. bíceps; var. bicípite, pl. bicípi- comboio (subst.), tal como comboio, comboias, etc.
tes), fórceps (pl. fórceps; var. fórcipe, pl. fórcipes). (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, in-
Obs.: Muito poucas palavras deste tipo, com troito,jiboia,moina,paranoico,zoina.
as vogais tónicas/tônicas grafadas e e o em fim 4º) É facultativo assinalar com acento agu-
de sílaba, seguidas das consoantes nasais gra- do as formas verbais de pretérito perfeito do
fadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as
pronúncias cultas da língua e, por conseguinte, distinguir das correspondentes formas do pre-
também de acento gráfico (agudo ou circun- sente do indicativo (amamos, louvamos), já que
flexo): sémen e sêmen, xénon e xênon; fémur e o timbre da vogal tónica/tônica é aberto naque-
fêmur, vómer e vômer; Fénix e Fênix, ónix e ônix. le caso em certas variantes do português.
b) As palavras paroxítonas que apresentam, 5º) Recebem acento circunflexo:
na sílaba tónica/tônica, as vogais abertas grafa- a) As palavras paroxítonas que contêm, na
das a, e, o e ainda i ou u e que terminam em –ã(s), sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com
–ão(s), –ei(s), –i(s), –um, –uns ou –us: órfã (pl. ór- a grafia a, e, o e que terminam em –l, –n, –r ou
fãs), acórdão (pl. acórdãos), órfão (pl. órfãos), ór- –x, assim como as respectivas formas do plu-
gão (pl. órgãos), sótão (pl. sótãos); hóquei, jóquei ral, algumas das quais se tornam proparoxí-
(pl. jóqueis), amáveis (pl. de amável), fáceis (pl. tonas: cônsul (pl. cônsules), pênsil (pênseis),
de fácil), fósseis (pl. de fóssil), amáreis (de amar), têxtil (pl. têxteis); cânon, var. cânone, (pl. câ-
amáveis (id.), cantaríeis (de cantar), fizéreis (de nones), plâncton (pl. plânctons); Almodôvar,
fazer), fizésseis (id.); beribéri (pl. beribéris), bílis aljôfar (pl. aljôfares), âmbar (pl. âmbares),
(sg. e pl.), íris (sg. e pl.), júri (pl. júris), oásis (sg. e Câncer, Tânger; bômbax (sg. e pl.), bômbix,
pl.); álbum (pl. álbuns), fórum (pl. fóruns); húmus var. bômbice, (pl. bômbices).
(sg. e pl.), vírus (sg. e pl.). b) As palavras paroxítonas que contêm, na
Obs.: Muito poucas paroxítonas deste tipo, sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com a
com as vogais tónicas/tônicas grafadas e e o em grafia a, e, o e que terminam em –ão(s), –eis, –i(s)
fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais ou –us: bênção(s), côvão(s), Estêvão, zângão(s); de-
grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre vêreis (de dever), escrevêsseis (de escrever), fôreis
nas pronúncias cultas da língua, o qual é assina- (de ser e ir), fôsseis (id.), pênseis (pl. de pênsil), têx-
lado com acento agudo, se aberto, ou circunfle- teis (pl. de têxtil); dândi(s), Mênfis; ânus.
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c) As formas verbais têm e vêm, 3as pessoas fechada com a grafia o em palavras paroxítonas
do plural do presente do indicativo de ter e vir, como enjoo, substantivo e flexão de enjoar, po-
que são foneticamente paroxítonas (respectiva- voo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão
mente /tãjãj/, /vãjãj/ ou /t j/, /v j/ ou ainda de voar, etc.
/t j j/, /v j j/; cf. as antigas grafias preteridas, 9º) Prescinde-se, quer do acento agudo, quer
t em, v em), a fim de se distinguirem de tem e do circunflexo, para distinguir palavras paroxí-
vem, 3as pessoas do singular do presente do indi- tonas que, tendo respectivamente vogal tónica/
cativo ou 2as pessoas do singular do imperativo; tônica aberta ou fechada, são homógrafas de
e também as correspondentes formas compos- palavras proclíticas. Assim, deixam de se distin-
tas, tais como: abstêm (cf. abstém), advêm (cf. ad- guir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar,
vém), contêm (cf. contém), convêm (cf. convém), e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e fle-
desconvêm (cf. desconvém), detêm (cf. detém), xão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s);
entretêm (cf. entretém), intervêm (cf. intervém), pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (ê), substantivo
mantêm (cf. mantém), obtêm (cf. obtém), provêm ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substan-
(cf. provém), sobrevêm (cf. sobrevém). tivo, e polo(s), combinação antiga e popular de
Obs.: Também neste caso são preteridas as por e lo(s); etc.
antigas grafias det em, interv em, mant em, 10º) Prescinde-se igualmente de acento grá-
prov em, etc. fico para distinguir paroxítonas homógrafas he-
6º) Assinalam-se com acento circunflexo: terofónicas/heterofônicas do tipo de acerto (ê),
a) Obrigatoriamente, pôde (3a pessoa do sin- substantivo e acerto (é), flexão de acertar; acordo
gular do pretérito perfeito do indicativo), que se (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar;
distingue da correspondente forma do presente cerca (ê), substantivo, advérbio e elemento da
do indicativo (pode). locução prepositiva cerca de, e cerca (é), flexão
b) Facultativamente, dêmos (1a pessoa do plu- de cercar; coro (ô), substantivo, e coro (ó), flexão
ral do presente do conjuntivo), para se distinguir de corar; deste (ê), contracção da preposição de
da correspondente forma do pretérito perfeito com o demonstrativo este, e deste (é), flexão de
do indicativo (demos); fôrma (substantivo), dar; fora (ô), flexão de ser e ir, e fora (ó), advérbio,
distinta de forma (substantivo; 3a pessoa do sin- interjeição e substantivo; piloto (ô), substantivo,
gular do presente do indicativo ou 2a pessoa do e piloto (ó), flexão de pilotar, etc.
singular do imperativo do verbo formar).
7º) Prescinde-se de acento circunflexo nas Base X
formas verbais paroxítonas que contêm um e Da acentuação das vogais tónicas/tônicas
tónico/tônico oral fechado em hiato com a ter- grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas
minação –em da 3ª pessoa do plural do presente 1º) As vogais tóncias/tônicas grafadas i e
do indicativo ou do conjuntivo, conforme os u das palavras oxítonas e paroxítonas levam
casos: creem, deem (conj.), descreem, desdeem acento agudo quando antecedidas de uma
(conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem, re- vogal com que não formam ditongo e desde
veem, tresleem, veem. de que não constituam sílaba com a eventual
8º) Prescinde-se igualmente do acento cir- consoante seguinte, excetuando o caso de s:
cunflexo para assinalar a vogal tónica/tônica adaís (pl. de adail), aí, atraí (de atrair), baú,
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caís (de cair), Esaú, jacuí, Luís, país, etc.; alaúde, 7º) Os verbos arguir e redarguir prescindem
amiúde, Araújo, Ataíde, atraíam (de atrair), do acento agudo na vogal tónica/tônica grafada
atraísse (id.), baía, balaústre, cafeína, ciúme, u nas formas rizotónicas/rizotônicas: arguo,
egoísmo, faísca, faúlha, graúdo, influíste (de arguis, argui, arguem, argua, arguas, argua,
influir), juízes, Luísa, miúdo, paraíso, raízes, re- arguam. Os verbos do tipo de aguar, apaniguar,
caída, ruína, saída, sanduíche, etc. apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar,
2º) As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u enxaguar, obliquar, delinquir e afins, por oferece-
das palavras oxítonas e paroxítonas não levam rem dois paradigmas, ou têm as formas rizotó-
acento agudo quando, antecedidas de vogal nicas/rizotônicas igualmente acentuadas no u
com que não formam ditongo, constituem sí- mas sem marca gráfica (a exemplo de averiguo,
laba com a consoante seguinte, como é o caso averiguas, averigua, averiguam; averigue, averi-
de nh, l, m, n, r e z: bainha, moinho, rainha; adail, gues, averigue, averiguem; enxaguo, enxaguas,
paul, Raul; Aboim, Coimbra, ruim; ainda, consti- enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxa-
tuinte, oriundo, ruins, triunfo; at-rairn. demiuñr- gue, enxaguem, etc.; delinquo, delinquis, delin-
go, influir, influirmos; juiz, raiz; etc. qui, delinquem; mas delinquimos, delinquís) ou
3º) Em conformidade com as regras ante- têm as formas rizotónicas/rizotônicas acentu-
riores leva acento agudo a vogal tónica/tônica adas fónica/fônica e graficamente nas vogais a
grafada i das formas oxítonas terminadas em ou i radicais (a exemplo de averíguo, averíguas,
r dos verbos em –air e –uir, quando estas se averígua, averíguam; averígue, averígues, ave-
combinam com as formas pronominais clíticas rígue, averíguem; enxáguo, enxáguas, enxágua,
–lo(s), –la(s), que levam à assimilação e perda da- enxáguaim; enxágue, enxágues, enxágue, enxá-
quele –r: atraí-lo(s) (de atrair-lo(s)); atraí-lo(s)-ia guem; delínquo, delínques; delínque, delínquem;
(de atrair-lo(s)-ia); possuí-la(s) (de possuir-la(s)); delínqua, delínquas, delínqua, delinquám).
possuí-la(s)-ia (de possuir-la(s)-ia). Obs.: Em conexão com os casos acima referi-
4º) Prescinde-se do acento agudo nas vogais dos, registre-se que os verbos em –ingir (atingir,
tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras paro- cingir, constringir, infringir, tingir, etc.) e os ver-
xítonas, quando elas estão precedidas de diton- bos em –inguir sem prolação do u (distinguir, ex-
go: baiuca, boiuno, cauila (var. cauira), cheiinho tinguir, etc.) têm grafias absolutamente regula-
(de cheio), saiinha (de saia). res (atinjo, atinja, atinge, atingimos, etc; distingo,
5º) Levam, porém, acento agudo as vogais tó- distinga, distingue, distinguimos, etc.)
nicas/tônicas grafadas i e u quando, precedidas
de ditongo, pertencem as palavras oxítonas e es- Base XI
tão em posição final ou seguidas de s: Piauí, teiú, Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas
teiús, tuiuiú, tuiuiús. 1º) Levam acento agudo:
Obs.: Se, neste caso, a consoante final for a) As palavras proparoxítonas que apresentam
diferente de s, tais vogais dispensam o acento na sílaba tónica/tônica as vogais abertas grafadas
agudo: cauim. a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por
6º) Prescinde-se do acento agudo nos ditongos vogal aberta: árabe, cáustico, Cleópatra, esquálido,
tónicos/tônicos grafados iu e ui, quando precedi- exército, hidráulico, líquido, míope, músico, plástico,
dos de vogal: distraiu, instruiu, pauis (pl. de paul). prosélito, público, rústico, tétrico, último;
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sintagmática e semântica e tal elemento come- e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima
ça por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquan-
ao contrário do mal, pode não se aglutinar com do de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por
palavras começadas por consoante. Eis alguns cima de, quanto a;
exemplos das várias situações: bem-aventurado, f) Conjuncionais: a fim de que, ao passo que,
bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.
mal-estar, mal-humorado; bem-criado (cf. mal- 7º) Emprega-se o hífen para ligar duas ou
criado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante mais palavras que ocasionalmente se combi-
(cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmanda- nam, formando, não propriamente vocábulos,
do), bem-nascido (cf. malnascido), bem-soante mas encadeamentos vocabulares (tipo: a divisa
(cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto). Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte
Obs.: Em muitos compostos, o advérbio bem Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a
aparece aglutinado com o segundo elemento, ligação Angola-Moçambique), e bem assim nas
quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, combinações históricas ou ocasionais de topóni-
benfeito, benfeitor, benquerença, etc. mos/topônimos (tipo: Áustria-Hungria, Alsácia-
5º) Emprega-se o hífen nos compostos com -Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, etc.).
os elementos além, aquém, recém e sem: além-
-Atlântico, além-mar, além-fronteiras; aquém- Base XVI
-mar, aquém-Pirenéus; recém-casado, recém-nas- Do hífen nas formações por prefixação,
cido; sem-cerimônia, sem-número, sem-vergonha. recomposição e sufixação
6º) Nas locuções de qualquer tipo, sejam 1º) Nas formações com prefixos (como, por
elas substantivas, adjetivas, pronominais, ad- exemplo: ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-,
verbiais, prepositivas ou conjuncionais, não extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-,
se emprega em geral o hífen, salvo algumas sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) e em formações por
exceções já consagradas pelo uso (como é o caso recomposição, isto é, com elementos não autôno-
de água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mos ou falsos prefixos, de origem grega e latina (tais
mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à como: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hi-
queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de em- dro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-,
prego sem hífen as seguintes locuções: pan-, pluri-, proto-, pseudo-, retro-, semi-, tele-, etc.),
a) Substantivas: cão de guarda, fim de sema- só se emprega o hífen nos seguintes casos:
na, sala de jantar; a) Nas formações em que o segundo elemen-
b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com to começa por h: anti-higiénico/anti-higiênico,
leite, cor de vinho; circum-hospitalar, co-herdeiro, contra-har-
c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mónico/contra-harmônico, extra-humano,
mesmos, quem quer que seja; pré-história, sub-hepático, super-homem, ultra-
d) Adverbiais: à parte (note-se o substan- -hiperbólico; arqui-hipérbole, eletro-higrómetro,
tivo aparte), à vontade, de mais (locução que geo-história, neo-helénico/neo-helênico, pan-
se contrapõe a de menos; note-se demais, ad- -helenismo, semi-hospitalar.
vérbio, conjunção, etc.), depois de amanhã, em Obs.: Não se usa, no entanto, o hífen em forma-
cima, por isso; ções que contêm em geral os prefixos des- e in- e
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nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: palavras deste tipo pertencentes aos domínios
desumano, desumidificar, inábil, inumano, etc. científico e técnico. Assim: antirreligioso, antis-
b)Nas formações em que o prefixo ou pseu- semita, contrarregra, comtrassenha, cosseno,
doprefixo termina na mesma vogal com que extrarregular, infrassom, minissaia, tal como
se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, micros-
contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; sistema, microrradiografia.
arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, b) Nas formações em que o prefixo ou pseudo-
micro-onda, semi-interno. prefixo termina em vogal e o segundo elemento
Obs.: Nas formações com o prefixo co-, este começa por vogal diferente, prática esta em geral
aglutina-se em geral com o segundo elemento já adotada também para os termos técnicos e cien-
mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coo- tíficos. Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar;
cupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc. aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem,
c) Nas formações com os prefixos circum- e pan-, agroindustrial, hidroelétrico, plurianual.
quando o segundo elemento começa por vogal, m 3º) Nas formações por sufixação apenas se em-
ou n (além de h, caso já considerado atrás na alínea prega o hífen nos vocábulos terminados por sufi-
a): circum-escolar, circum-murado, circum-navega- xos de origem tupi-guarani que representam for-
ção;pan-africano,pan-mágico,pan-negritude. mas adjetivas, como açu, guaçu e mirim, quando
d) Nas formações com os prefixos hiper-, o primeiro elemento acaba em vogal acentuada
inter- e super-, quando combinados com ele- graficamente ou quando a pronúncia exige a dis-
mentos iniciados por r: hiper-requintado, inter- tinção gráfica dos dois elementos: amoré-guaçu,
-resistente, super-revista. anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim.
e) Nas formações com os prefixos ex- (com
o sentido de estado anterior ou cessamento), Base XVII
sota-, soto-, vice- e vizo-: ex-almirante, ex-diretor, Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver
ex-hospedeira, ex-presidente, ex-primeiro-minis- 1º) Emprega-se o hífen na ênclise e na tme-
tro, ex-rei; sota-piloto, soto-mestre, vice-presiden- se: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei,
te, vice-reitor, vizo-rei. enviar-lhe-emos.
f) Nas formações com os prefixos tónicos/ 2º) Não se emprega o hífen nas ligações da pre-
tônicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró- posição de às formas monossilábicas do presente do
quando o segundo elemento tem vida à parte (ao indicativo do verbo haver:hei de,hás de,hão de,etc.
contrário do que acontece com as corresponden- Obs.: 1. Embora estejam consagradas pelo
tes formas átonas que se aglutinam com o ele- uso as formas verbais quer e requer, dos verbos
mento seguinte): pós-graduação, pós-tónico/pós- querer e requerer, em vez de quere e requere, es-
-tônicos (mas pospor); pré-escolar, pré-natal (mas tas últimas formas conservam-se, no entanto,
prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover). nos casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s).
2º) Não se emprega, pois, o hífen: Nestes contextos, as formas (legítimas, aliás)
a) Nas formações em que o prefixo ou falso qué-lo e requé-lo são pouco usadas.
prefixo termina em vogal e o segundo elemento 2. Usa-se também o hífen nas ligações de for-
começa por r ou s, devendo estas consoantes mas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-
duplicar-se, prática aliás já generalizada em -me, ei-lo) e ainda nas combinações de formas
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pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando em À semelhança das cisões indicadas, pode
próclise (por ex.: esperamos que no-lo comprem). dissolver-se graficamente, posto que sem uso
do apóstrofo, uma combinação da preposição
Base XVIII a com uma forma pronominal realçada pela
Do apóstrofo maiúscula: a O, a Aquele, a Aquela (entendendo-
1º) São os seguintes os casos de emprego do -se que a dissolução gráfica nunca impede na
apóstrofo: leitura a combinação fonética: a O = ao, a Aquela
a) Faz-se uso do apóstrofo para cindir gra- = àquela, etc.). Exemplos frásicos: a O que tudo
ficamente uma contração ou aglutinação pode; a Aquela que nos protege.
vocabular, quando um elemento ou fração res- c) Emprega-se o apóstrofo nas ligações das
pectiva pertence propriamente a um conjunto formas santo e santa a nomes do hagiológio,
vocabular distinto: d’ Os Lusíadas, d’ Os Sertões; quando importa representar a elisão das vo-
n’ Os Lusíadas, n’ Os Sertões; pel’ Os Lusíadas, gais finais o e a: Sant’Ana, Sant’Iago, etc. É, pois,
pel’ Os Sertões. Nada obsta, contudo, a que estas correto escrever: Calçada de Sant’Ana, Rua de
escritas sejam substituídas por empregos de Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem de Sant’Iago.
preposições íntegras, se o exigir razão especial Mas, se as ligações deste gênero, como é o caso
de clareza, expressividade ou ênfase: de Os Lusí- destas mesmas Sant’Ana e Sant’Iago, se tornam
adas, em Os Lusíadas, por Os Lusíadas, etc. perfeitas unidades mórficas, aglutinam-se os
As cisões indicadas são análogas às dissoluções dois elementos: Fulano de Santana, ilhéu de San-
gráficas que se fazem, embora sem emprego do tana, Santana de Parnaíba; Fulano de Santiago,
apóstrofo, em combinações da preposição a com ilha de Santiago, Santiago do Cacém.
palavras pertencentes a conjuntos vocabulares Em paralelo com a grafia Sant’Ana e congê-
imediatos: a A Relíquia, a Os Lusíadas (exemplos: neres, emprega-se também o apóstrofo nas liga-
importância atribuída a A Relíquia; recorro a Os ções de duas formas antroponímicas, quando é
Lusíadas). Em tais casos, como é óbvio, entende-se necessário indicar que na primeira se elide um o
que a dissolução gráfica nunca impede na leitura a final: Nun’Álvares, Pedr’Eanes.
combinação fonética: a A = à, a Os = aos, etc. Note-se que nos casos referidos as escritas
b) Pode cindir-se por meio do apóstrofo uma com apóstrofo, indicativas de elisão, não impe-
contração ou aglutinação vocabular, quando dem, de modo algum, as escritas sem apóstrofo:
um elemento ou fração respectiva é forma pro- Santa Ana, Nuno Álvares, Pedro Álvares, etc.
nominal e se lhe quer dar realce com o uso de d) Emprega-se o apóstrofo para assinalar,
maiúscula: d’Ele, n’Ele, d’Aquele, n’Aquele, d’O, n’O, no interior de certos compostos, a elisão do e da
pel’O, m’O, t’O, lh’O, casos em que a segunda parte, preposição de, em combinação com substanti-
forma masculina, é aplicável a Deus, a Jesus, etc.; vos: borda-d’água, cobra-d’água, copo-d’água,
d’Ela, n’Ela, d’Aquela, d’A, n’A, pel’A, m’A, t’A, lh’A, estrela-d’alva, galinha-d’água, mãe-d’água,
casos em que a segunda parte, forma feminina, é pau-d’água, pau-d’alho, pau-d’arco, pau-d’óleo.
aplicável à mãe de Jesus, à Providência, etc. Exem- 2º) São os seguintes os casos em que não se
plos frásicos: confiamos n’O que nos salvou; esse usa o apóstrofo:
milagre revelou-m’O; está n’Ela a nossa esperança; Não é admissível o uso do apóstrofo nas com-
pugnemos pel’A que é nossa padroeira. binações das preposições de e em com as formas
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pror- rogar, as- segurar, bis- secular, sos- segar, bis- início da linha imediata: ex- -alferes, serená- -los-
sex- to, contex- to, ex- citar, atroz- mente, capaz- -emos ou serená-los- -emos, vice- -almirante.
mente, infeliz- mente; am- bição, desen- ganar,
en- xame, man- chu, Mân- lio, etc. Base XXI
3º) As sucessões de mais de duas consoantes Das assinaturas e firmas
ou de m ou n, com o valor de nasalidade, e duas Para ressalva de direitos, cada qual poderá
ou mais consoantes são divisíveis por um de manter a escrita que, por costume ou registro
dois meios: se nelas entra um dos grupos que legal, adote na assinatura do seu nome.
são indivisíveis (de acordo com o preceito 1º), Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia
esse grupo forma sílaba para diante, ficando original de quaisquer firmas comerciais, nomes
a consoante ou consoantes que o precedem de sociedades, marcas e títulos que estejam ins-
ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra critos em registro público.
nenhum desses grupos, a divisão dá-se sempre
antes da última consoante. Exemplos dos dois ANEXO II
casos: cam- braia, ec- tlipse, em- blema, ex- plicar, NOTA EXPLICATIVA DO ACORDO ORTOGRÁFICO
in- cluir, ins- crição, subs- crever, trans- gredir, abs- DA LÍNGUA PORTUGUESA
tenção, disp- neia, inters- telar, lamb- dacismo, (1990)
sols- ticial, Terp- sícore, tungs- tênio.
4º) As vogais consecutivas que não perten- 1. Memória breve dos acordos ortográficos
cem a ditongos decrescentes (as que perten- A existência de duas ortografias oficiais da
cem a ditongos deste tipo nunca se separam: língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem
ai- roso, cadei- ra, insti- tui, ora- ção, sacris- tães, sido considerada como largamente prejudicial
traves- sões) podem, se a primeira delas não é u para a unidade intercontinental do português e
precedido de g ou q, e mesmo que sejam iguais, para o seu prestígio no Mundo.
separar-se na escrita: ala- úde, áre- as, ca- apeba, Tal situação remonta, como é sabido, a 1911,
co- ordenar, do- er, flu- idez, perdo- as, vo- os. O ano em que foi adotada em Portugal a primeira
mesmo se aplica aos casos de contiguidade de grande reforma ortográfica, mas que não foi ex-
ditongos, iguais ou diferentes, ou de ditongos e tensiva ao Brasil.
vogais: cai- ais, cai- eis, ensai- os, flu- iu. Por iniciativa da Academia Brasileira de
5º) Os digramas gu e qu, em que o u se não Letras, em consonância com a Academia das
pronuncia, nunca se separam da vogal ou diton- Ciências de Lisboa, com o objetivo de se mini-
go imediato (ne- gue, ne- guei; pe- que, pe- quei), mizarem os inconvenientes desta situação, foi
do mesmo modo que as combinações gu e qu em aprovado em 1931 o primeiro acordo ortográfico
que o u se pronuncia: á- gua, ambí- guo, averi- entre Portugal e o Brasil. Todavia, por razões que
gueis, longín-quos, lo- quaz, quais- quer. não importa agora mencionar, este acordo não
6º) Na translineação de uma palavra com- produziu, afinal, a tão desejada unificação dos
posta ou de uma combinação de palavras em dois sistemas ortográficos, fato que levou mais
que há um hífen, ou mais, se a partição coincide tarde à convenção ortográfica de 1943. Perante
com o final de um dos elementos ou membros, as divergências persistentes nos Vocabulários
deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no entretanto publicados pelas duas Academias,
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que punham em evidência os parcos resultados colhe é a de que eles visavam impor uma unifi-
práticos do acordo de 1943, realizou-se, em 1945, cação ortográfica absoluta.
em Lisboa, novo encontro entre representantes Em termos quantitativos e com base em estu-
daquelas duas agremiações, o qual conduziu dos desenvolvidos pela Academia das Ciências de
à chamada Convenção Ortográfica Luso-Brasi- Lisboa, com base num corpus de cerca de 110.000
leira de 1945. Mais uma vez, porém, este acordo palavras, conclui-se que o Acordo de 1986 conse-
não produziu os almejados efeitos, já que ele foi guia a unificação ortográfica em cerca de 99,5%
adotado em Portugal, mas não no Brasil. do vocabulário geral da língua. Mas conseguia-a
Em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, fo- sobretudo à custa da simplificação drástica do
ram promulgadas leis que reduziram substan- sistema de acentuação gráfica, pela supressão dos
cialmente as divergências ortográficas entre os acentos nas palavras proparoxítonas e paroxíto-
dois países. Apesar destas louváveis iniciativas, nas, o que não foi bem aceito por uma parte subs-
continuavam a persistir, porém, divergências tancial da opinião pública portuguesa.
sérias entre os dois sistemas ortográficos. Também o acordo de 1945 propunha uma
No sentido de as reduzir, a Academia das unificação ortográfica absoluta que rondava
Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de os 100% do vocabulário geral da língua. Mas tal
Letras elaboraram em 1975 um novo projeto de unificação assentava em dois princípios que se
acordo que não foi, no entanto, aprovado oficial- revelaram inaceitáveis para os brasileiros:
mente por razões de ordem política, sobretudo a) Conservação das chamadas consoantes
vigentes em Portugal. mudas ou não articuladas, o que correspondia a
E é neste contexto que surge o encontro do uma verdadeira restauração destas consoantes
Rio de Janeiro, em Maio de 1986, e no qual se en- no Brasil, uma vez que elas tinham há muito
contram, pela primeira vez na história da língua sido abolidas.
portuguesa, representantes não apenas de Por- b) Resolução das divergências de acentuação
tugal e do Brasil mas também dos cinco novos das vogais tônicas e e o, seguidas das consoantes
países africanos lusófonos entretanto emergi- nasais m e n, das palavras proparoxítonas (ou
dos da descolonização portuguesa. esdrúxulas) no sentido da prática portuguesa,
O Acordo Ortográfico de 1986, conseguido na que consistia em as grafar com acento agudo e
reunião do Rio de Janeiro, ficou, porém, inviabi- não circunflexo, conforme a prática brasileira.
lizado pela reação polêmica contra ele movida Assim se procurava, pois, resolver a diver-
sobretudo em Portugal. gência de acentuação gráfica de palavras como
António e Antônio, cómodo e cômodo, género
2. Razões do fracasso dos acordos ortográficos e gênero, oxigénio e oxigênio, etc., em favor da
Perante o fracasso sucessivo dos acordos or- generalização da acentuação com o diacrítico
tográficos entre Portugal e o Brasil, abrangendo agudo. Esta solução estipulava, contra toda a
o de 1986 também os países lusófonos de África, tradição ortográfica portuguesa, que o acento
importa refletir seriamente sobre as razões de agudo, nestes casos, apenas assinalava a tonici-
tal malogro. dade da vogal e não o seu timbre, visando assim
Analisando sucintamente o conteúdo dos resolver as diferenças de pronúncia daquelas
acordos de 1945 e de 1986, a conclusão que se mesmas vogais.
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A inviabilização prática de tais soluções leva- ção gráfica, especialmente das esdrúxulas, e a
-nos à conclusão de que não é possível unificar hifenação.
por via administrativa divergências que assen- Pode dizer-se ainda que, no que respeita às
tam em claras diferenças de pronúncia, um dos alterações de conteúdo, de entre os princípios em
critérios, aliás, em que se baseia o sistema orto- que assenta a ortografia portuguesa, se privile-
gráfico da língua portuguesa. giou o critério fonético (ou da pronúncia) com um
Nestas condições, há que procurar uma certo detrimento para o critério etimológico.
versão de unificação ortográfica que acautele É o critério da pronúncia que determina, ali-
mais o futuro do que o passado e que não receie ás, a supressão gráfica das consoantes mudas
sacrificar a simplificação também pretendida ou não articuladas, que se têm conservado na
em 1986, em favor da máxima unidade possível. ortografia lusitana essencialmente por razões
Com a emergência de cinco novos países lusó- de ordem etimológica.
fonos, os fatores de desagregação da unidade É também o critério da pronúncia que nos
essencial da língua portuguesa far-se-ão sentir leva a manter um certo número de grafias du-
com mais acuidade e também no domínio orto- plas do tipo de caráter e carácter, facto e fato,
gráfico. Neste sentido importa, pois, consagrar sumptuoso e suntuoso, etc.
uma versão de unificação ortográfica que fixe É ainda o critério da pronúncia que conduz
e delimite as diferenças atualmente existentes à manutenção da dupla acentuação gráfica do
e previna contra a desagregação ortográfica da tipo de económico e econômico, efémero e efê-
língua portuguesa. mero, género e gênero, génio e gênio, ou de bónus
Foi, pois, tendo presentes estes objetivos, que e bônus, sémen e sêmen, ténis e tênis, ou ainda de
se fixou o novo texto de unificação ortográfica, o bebé e bebê, ou metro e metrô, etc.
qual representa uma versão menos forte do que Explicitam-se em seguida as principais alte-
as que foram conseguidas em 1945 e 1986. Mas rações introduzidas no novo texto de unificação
ainda assim suficientemente forte para unificar ortográfica, assim como a respectiva justificação.
ortograficamente cerca de 98% do vocabulário
geral da língua. 4. Conservação ou supressão das consoantes
c, p, b, g, m e t em certas seqüências consonânti-
3. Forma e substância do novo texto cas (Base IV)
O novo texto de unificação ortográfica agora
proposto contém alterações de forma (ou estru- 4.1. Estado da questão
tura) e de conteúdo, relativamente aos anterio- Como é sabido, uma das principais dificul-
res. Pode dizer-se, simplificando, que em termos dades na unificação da ortografia da língua
de estrutura se aproxima mais do acordo de portuguesa reside na solução a adotar para a
1986, mas que em termos de conteúdo adota grafia das consoantes c e p, em certas seqüências
uma posição mais conforme com o projeto de consonânticas interiores, já que existem fortes
1975, atrás referido. divergências na sua articulação.
Em relação às alterações de conteúdo, elas Assim, umas vezes, estas consoantes são in-
afetam sobretudo o caso das consoantes mu- variavelmente proferidas em todo o espaço geo-
das ou não articuladas, o sistema de acentua- gráfico da língua portuguesa, conforme sucede
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em casos como compacto, ficção, pacto; adepto, e súdito, subtil e sutil, amígdala e amídala, am-
aptidão, núpcias; etc. nistia e anistia, aritmética e arimética, nas quais
Neste caso, não existe qualquer problema a oscilação da pronúncia se verifica quanto às
ortográfico, já que tais consoantes não podem consoantes b, g, m e t (v. Base IV, 2º).
deixar de grafar-se (v. Base IV, 1º a). O número de palavras abrangidas pela dupla
Noutros casos, porém, dá-se a situação inver- grafia é de cerca de 0,5% do vocabulário geral
sa da anterior, ou seja, tais consoantes não são da língua, o que é pouco significativo (ou seja,
proferidas em nenhuma pronúncia culta da lín- pouco mais de 575 palavras em cerca de 110.000),
gua, como acontece em acção, afectivo, direcção; embora nele se incluam também alguns vocá-
adopção, exacto, óptimo; etc. Neste caso existe bulos de uso muito frequente.
um problema. É que na norma gráfica brasileira
há muito estas consoantes foram abolidas, ao 4.2. Justificação da supressão de consoantes
contrário do que sucede na norma gráfica lusi- não articuladas (Base IV 1º b)
tana, em que tais consoantes se conservam. A As razões que levaram à supressão das
solução que agora se adota (v. Base IV, 1º b) é a de consoantes mudas ou não articuladas em pa-
as suprimir, por uma questão de coerência e de lavras como ação (acção), ativo (activo), diretor
uniformização de critérios (vejam-se as razões (director), ótimo (óptimo) foram essencial-
de tal supressão adiante, em 4.2.). mente as seguintes:
As palavras afectadas por tal supressão a) O argumento de que a manutenção de tais
representam 0,54% do vocabulário geral da consoantes se justifica por motivos de ordem
língua, o que é pouco significativo em termos etimológica, permitindo assinalar melhor a
quantitativos (pouco mais de 600 palavras em similaridade com as palavras congêneres das
cerca de 110.000). Este número é, no entanto, outras línguas românicas, não tem consistência.
qualitativamente importante, já que compre- Por outro lado, várias consoantes etimológicas
ende vocábulos de uso muito frequente (como, se foram perdendo na evolução das palavras ao
por ex., acção, actor, actual, colecção, colectivo, longo da história da língua portuguesa. Vários
correcção, direcção, director, electricidade, factor, são, por outro lado, os exemplos de palavras
factura, inspector, lectivo, óptimo, etc.). deste tipo, pertencentes a diferentes línguas ro-
O terceiro caso que se verifica relativamente mânicas, que, embora provenientes do mesmo
às consoantes c e p diz respeito à oscilação de étimo latino, revelam incongruências quanto à
pronúncia, a qual ocorre umas vezes no interior conservação ou não das referidas consoantes.
da mesma norma culta (cf. por ex., cacto ou cato, É o caso, por exemplo, da palavra objecto,
dicção ou dição, sector ou setor, etc.), outras vezes proveniente do latim objectu-, que até agora
entre normas cultas distintas (cf., por ex., facto, conservava o c, ao contrário do que sucede em
receção em Portugal, mas fato, recepção no Brasil). francês (cf. objet), ou em espanhol (cf. objeto). Do
A solução que se propõe para estes casos, no mesmo modo projecto (de projectu-) mantinha
novo texto ortográfico, consagra a dupla grafia até agora a grafia com c, tal como acontece em
(v. Base IV, 1º c). espanhol (cf. proyecto), mas não em francês (cf.
A estes casos de grafia dupla devem acres- projet). Nestes casos o italiano dobra a conso-
centar-se as poucas variantes do tipo de súbdito ante, por assimilação (cf. oggetto e progetto). A
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palavra vitória há muito se grafa sem c, apesar cepção, excepção, recepção, a consoante não arti-
do espanhol victoria, do francês victoire ou do culada é um p, ao passo que em vocábulos como
italiano vittoria. Muitos outros exemplos se po- correcção, direcção, objecção, tal consoante é um c?
deriam citar. Aliás, não tem qualquer consistên- Só à custa de um enorme esforço de memori-
cia a ideia de que a similaridade do português zação que poderá ser vantajosamente canalizado
com as outras línguas românicas passa pela para outras áreas da aprendizagem da língua.
manutenção de consoantes etimológicas do d) A divergência de grafias existente neste
tipo mencionado. Confrontem-se, por exemplo, domínio entre a norma lusitana, que teimo-
formas como as seguintes: port. acidente (do samente conserva consoantes que não se
lat. accidente-), esp. accidente, fr. accident, it. articulam em todo o domínio geográfico da
accidente; port. dicionário (do lat. dictionariu-), língua portuguesa, e a norma brasileira, que
esp. diccionario, fr. dictionnaire, it. dizionario; há muito suprimiu tais consoantes, é incom-
port. ditar (do lat. dictare), esp. dictar, fr. dicter, preensível para os lusitanistas estrangeiros,
it. dettare; port. estrutura (de structura-), esp. nomeadamente para professores e estudan-
estructura, fr. structure, it. struttura; etc. tes de português, já que lhes cria dificuldades
Em conclusão, as divergências entre as lín- suplementares, nomeadamente na consulta
guas românicas, neste domínio, são evidentes, dos dicionários, uma vez que as palavras em
o que não impede, aliás, o imediato reconheci- causa vêm em lugares diferentes da ordem
mento da similaridade entre tais formas. Tais di- alfabética, conforme apresentam ou não a
vergências levantam dificuldades à memoriza- consoante muda.
ção da norma gráfica, na aprendizagem destas e) Uma outra razão, esta de natureza psico-
línguas, mas não é com certeza a manutenção lógica, embora nem por isso menos importante,
de consoantes não articuladas em português consiste na convicção de que não haverá unifi-
que vai facilitar aquela tarefa. cação ortográfica da língua portuguesa se tal
b) A justificação de que as ditas consoantes disparidade não for revolvida.
mudas travam o fechamento da vogal prece- f)Tal disparidade ortográfica só se pode re-
dente também é de fraco valor, já que, por um solver suprimindo da escrita as consoantes não
lado, se mantêm na língua palavras com vogal articuladas, por uma questão de coerência, já que
pré-tónica aberta, sem a presença de qualquer a pronúncia as ignora, e não tentando impor a
sinal diacrítico, como em corar, padeiro, oblação, sua grafia àqueles que há muito as não escrevem,
pregar (= fazer uma prédica), etc., e, por outro, justamente por elas não se pronunciarem.
a conservação de tais consoantes não impede
a tendência para o ensurdecimento da vogal 4.3. Incongruências aparentes
anterior em casos como accionar, actual, actua- A aplicação do princípio, baseado no critério
lidade, exactidão, tactear, etc. da pronúncia, de que as consoantes c e p em
c) É indiscutível que a supressão deste tipo certas sequências consonânticas se suprimem,
de consoantes vem facilitar a aprendizagem da quando não articuladas, conduz a algumas in-
grafia das palavras em que elas ocorriam. congruências aparentes, conforme sucede em
De fato, como é que uma criança de 6-7 anos palavras como apocalítico ou Egito (sem p, já que
pode compreender que em palavras como con- este não se pronuncia), a par de apocalipse ou
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PNLD 2012 — Dicionários
egipcio (visto que aqui o p se articula), noturno sumpção e assunção, peremptório e perentório,
(sem c, por este ser mudo), ao lado de noctívago sumptuoso e suntuoso; etc.
(com c por este se pronunciar), etc. De um modo geral pode dizer-se que, nestes
Tal incongruência é apenas aparente. De casos, o emudecimento da consoante (exceto em
fato, baseando-se a conservação ou supressão dicção, facto, sumptuoso e poucos mais) se verifica,
daquelas consoantes no critério da pronúncia, sobretudo, em Portugal e nos países africanos, en-
o que não faria sentido era mantê-las, em certos quanto no Brasil há oscilação entre a prolação e o
casos, por razões de parentesco lexical. Se se emudecimento da mesma consoante.
abrisse tal exceção, o utente, ao ter que escrever Também os outros casos de dupla grafia (já
determinada palavra, teria que recordar previa- mencionados em 4.1.), do tipo de súbdito e súdi-
mente, para não cometer erros, se não haveria to, subtil e sutil, amígdala e amídala, omniscien-
outros vocábulos da mesma família que se es- te e onisciente, aritmética e arimética, muito me-
crevessem com este tipo de consoante. nos relevantes em termos quantitativos do que
Aliás, divergências ortográficas do mesmo os anteriores, se verificam sobretudo no Brasil.
tipo das que agora se propõem foram já aceites Trata-se, afinal, de formas divergentes, isto
nas Bases de 1945 (v. Base VI, último parágrafo), é, do mesmo étimo. As palavras sem consoante,
que consagraram grafias como assunção ao mais antigas e introduzidas na língua por via
lado de assumptivo, cativo, a par de captor e cap- popular, foram já usadas em Portugal e encon-
tura, dicionário, mas dicção, etc. A razão então tram-se nomeadamente em escritores dos sécu-
aduzida foi a de que tais palavras entraram e se los XVI e XVII.
fixaram na língua em condições diferentes. A Os dicionários da língua portuguesa, que
justificação da grafia com base na pronúncia é passarão a registrar as duas formas, em todos os
tão nobre como aquela razão. casos de dupla grafia, esclarecerão, tanto quan-
to possível, sobre o alcance geográfico e social
4.4. Casos de dupla grafia (Base IV, 1º c, d e 2º) desta oscilação de pronúncia.
Sendo a pronúncia um dos critérios em que
assenta a ortografia da língua portuguesa, é ine- 5. Sistema de acentuação gráfica
vitável que se aceitem grafias duplas naqueles (Bases VIII a XIII)
casos em que existem divergências de articula-
ção quanto às referidas consoantes c e p e ainda 5.1. Análise geral da questão
em outros casos de menor significado. Torna-se, O sistema de acentuação gráfica do portu-
porém, praticamente impossível enunciar uma guês atualmente em vigor, extremamente com-
regra clara e abrangente dos casos em que há plexo e minucioso, remonta essencialmente à
oscilação entre o emudecimento e a prolação Reforma Ortográfica de 1911.
daquelas consoantes, já que todas as sequências Tal sistema não se limita, em geral, a assi-
consonânticas enunciadas, qualquer que seja nalar apenas a tonicidade das vogais sobre as
a vogal precedente, admitem as duas alterna- quais recaem os acentos gráficos, mas distingue
tivas: cacto e cato, caracteres e carateres, dicção também o timbre destas.
e dição, facto e fato, sector e setor; ceptro e cetro; Tendo em conta as diferenças de pronúncia
concepção e conceção, recepção e receção; as- entre o português europeu e o do Brasil, era natural
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PNLD 2012 — Dicionários
que surgissem divergências de acentuação grá- tísticos com o objetivo de se delimitarem melhor
fica entre as duas realizações da língua. e quantificarem com precisão as divergências
Tais divergências têm sido um obstáculo à existentes nesta matéria.
unificação ortográfica do português.
É certo que em 1971, no Brasil, e em 1973, em 5.2. Casos de dupla acentuação
Portugal, foram dados alguns passos significa-
tivos no sentido da unificação da acentuação 5.2.1. Nas proparoxítonas (Base XI)
gráfica, como se disse atrás. Mas, mesmo assim, Verificou-se assim que as divergências, no
subsistem divergências importantes neste do- que respeita às proparoxítonas, se circunscre-
mínio, sobretudo no que respeita à acentuação vem praticamente, como já foi destacado atrás,
das paroxítonas. ao caso das vogais tônicas e e o, seguidas das
Não tendo tido viabilidade prática a solução consoantes nasais m e n, com as quais aquelas
fixada na Convenção Ortográfica de 1945, con- não formam sílaba (v. Base XI, 3º).
forme já foi referido, duas soluções eram possí- Estas vogais soam abertas em Portugal
veis para se procurar resolver esta questão. e nos países africanos recebendo, por isso,
Uma era conservar a dupla acentuação gráfi- acento agudo, mas são do timbre fechado
ca, o que constituía sempre um espinho contra a em grande parte do Brasil, grafando-se por
unificação da ortografia. conseguinte com acento circunflexo: acadé-
Outra era abolir os acentos gráficos, solução mico/ acadêmico, cómodo/ cômodo, eféme-
adotada em 1986, no Encontro do Rio de Janeiro. ro/ efêmero, fenómeno/ fenômeno, génio/
Esta solução, já preconizada no I Simpósio gênio, tónico/ tônico, etc.
Luso-Brasileiro sobre a Língua Portuguesa Con- Existem uma ou outra exceção a esta regra,
temporânea, realizada em 1967 em Coimbra, como, por exemplo, cômoro e sêmola, mas estes
tinha sobretudo a justificá-la o fato de a língua casos não são significativos.
oral preceder a língua escrita, o que leva mui- Costuma, por vezes, referir-se que o a tônico
tos utentes a não empregarem na prática os das proparoxítonas, quando seguido de m ou n
acentos gráficos, visto que não os consideram com que não forma sílaba, também está sujeito
indispensáveis à leitura e compreensão dos à referida divergência de acentuação gráfica.
textos escritos. Mas tal não acontece, porém, já que o seu tim-
A abolição dos acentos gráficos nas palavras bre soa praticamente sempre fechado nas pro-
proparoxítonas e paroxítonas, preconizada no núncias cultas da língua, recebendo, por isso,
Acordo de 1986, foi, porém, contestada por uma acento circunflexo: âmago, ânimo, botânico,
larga parte da opinião pública portuguesa, câmara, dinâmico, gerânio, pânico, pirâmide.
sobretudo por tal medida ir contra a tradição As únicas exceções a este princípio são os
ortográfica e não tanto por estar contra a práti- nomes próprios de origem grega Dánae/ Dânae
ca ortográfica. e Dánao/ Dânao.
A questão da acentuação gráfica tinha, pois, Note-se que se as vogais e e o, assim como
de ser repensada. a, formam sílaba com as consoantes m ou n,
Neste sentido, desenvolveram-se alguns o seu timbre é sempre fechado em qualquer
estudos e fizeram-se vários levantamentos esta- pronúncia culta da língua, recebendo, por isso,
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PNLD 2012 — Dicionários
acento circunflexo: êmbolo, amêndoa, argên- 5.2.4. Avaliação estatística dos casos de du-
teo, excêntrico, têmpera; anacreôntico, côm- pla acentuação gráfica
puto, recôndito, cânfora, Grândola, Islândia, Tendo em conta o levantamento estatístico
lâmpada, sonâmbulo, etc. que se fez na Academia das Ciências de Lisboa, com
base no já referido corpus de cerca de 110.000 pa-
5.2.2. Nas paroxítonas (Base IX) lavras do vocabulário geral da língua, verificou-se
Também nos casos especiais de acentuação que os citados casos de dupla acentuação gráfica
das paroxítonas ou graves (v. Base IX, 2º), algu- abrangiam aproximadamente 1,27% (cerca de
mas palavras que contêm as vogais tônicas e e o 1.400 palavras). Considerando que tais casos se en-
em final de sílaba, seguidas das consoantes na- contram perfeitamente delimitados, como se refe-
sais m e n, apresentam oscilação de timbre, nas riu atrás, sendo assim possível enunciar a regra de
pronúncias cultas da língua. aplicação, optou-se por fixar a dupla acentuação
Tais palavras são assinaladas com acento gráfica como a solução menos onerosa para a uni-
agudo, se o timbre da vogal tônica é aberto, ou ficação ortográfica da língua portuguesa.
com acento circunflexo, se o timbre é fechado:
fémur ou fêmur, Fénix ou Fênix, ónix ou ônix, 5.3. Razões da manutenção dos acentos grá-
sémen ou sêmen, xénon ou xênon; bónus ou ficos nas proparoxítonas e paroxítonas
bônus, ónus ou ônus, pónei ou pônei, ténis ou Resolvida a questão dos casos de dupla acen-
tênis, Vénus ou Vênus; etc. No total, estes são tuação gráfica, como se disse atrás, já não tinha
pouco mais de uma dúzia de casos. relevância o principal motivo que levou em 1986
a abolir os acentos nas palavras proparoxítonas
5.2.3. Nas oxítonas (Base VIII) e paroxítonas.
Encontramos igualmente nas oxítonas Em favor da manutenção dos acentos gráfi-
(v. Base VIII, 1º a, Obs.) algumas divergências cos nestes casos, ponderaram-se, pois, essencial-
de timbre em palavras terminadas em e tô- mente as seguintes razões:
nico, sobretudo provenientes do francês. Se a) Pouca representatividade (cerva de 1,27%)
esta vogal tônica soa aberta, recebe acento dos casos de dupla acentuação.
agudo; se soa fechada, grafa-se com acento b) Eventual influência da língua escrita so-
circunflexo. Também aqui os exemplos pouco bre a língua oral, com a possibilidade de, sem
ultrapassam as duas dezenas: bebé ou bebê, acentos gráficos, se intensificar a tendência para
caraté ou caratê, croché ou crochê, guiché ou a paroxitonia, ou seja, deslocação do acento tô-
guichê, matiné ou matinê, puré ou purê; etc. nico da antepenúltima para a penúltima sílaba,
Existe também um caso ou outro de oxítonas lugar mais frequente de colocação do acento
terminadas em o ora aberto ora fechado, como tônico em português.
sucede em cocó ou cocô, ró ou rô. c) Dificuldade em apreender corretamente a
A par de casos como este há formas oxí- pronúncia em termos de âmbito técnico e cien-
tonas terminadas em o fechado, às quais se tífico, muitas vezes adquiridos através da língua
opõem variantes paroxítonas, como acontece escrita (leitura).
em judô e judo, metrô e metro, mas tais casos d) Dificuldades causadas, com a abolição dos
são muito raros. acentos, à aprendizagem da língua, sobretudo
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PNLD 2012 — Dicionários
quando esta se faz em condições precárias, As razões por que se suprime, nestes casos, o
como no caso dos países africanos, ou em situa- acento gráfico são as seguintes:
ção de auto-aprendizagem. a)Em primeiro lugar, por coerência com a
e) Alargamento, com a abolição dos acentos abolição do acento gráfico já consagrada pelo
gráficos, dos casos de homografia, do tipo de Acordo de 1945, em Portugal, e pela Lei nº 5.765,
análise(s)/ analise(v.), fábrica(s.)/ fabrica(v.), de 18/12/1971, no Brasil, em casos semelhantes,
secretária(s.)/ secretaria(s. ou v.), vária(s.)/ como, por exemplo: acerto (ê), substantivo, e
varia(v.), etc., casos que apesar de dirimíveis pelo acerto (é), flexão de acertar; acordo (ô), subs-
contexto sintático, levantariam por vezes algu- tantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cor (ô),
mas dúvidas e constituiriam sempre problema substantivo, e cor (ó), elemento da locação de
para o tratamento informatizado do léxico. cor; sede (ê) e sede (é), ambos substantivos; etc.
f) Dificuldade em determinar as regras de b)Em segundo lugar, porque, tratando-se de
colocação do acento tônico em função da estru- pares cujos elementos pertencem a classes gra-
tura mórfica da palavra. Assim, as proparoxíto- maticais diferentes, o contexto sintático permi-
nas, segundo os resultados estatísticos obtidos te distinguir claramente tais homógrafas.
da análise de um corpus de 25.000 palavras,
constituem 12%. Destes, 12%, cerca de 30% são 5.4.2. Em paroxítonas com os ditongos ei e oi
falsas esdrúxulas (cf. génio, água, etc.). Dos 70% na sílaba tônica (Base IX, 3º)
restantes, que são as verdadeiras proparoxíto- O novo texto ortográfico propõe que não se
nas (cf. cômodo, gênero, etc.), aproximadamen- acentuem graficamente os ditongos ei e oi tô-
te 29% são palavras que terminam em –ico /– nicos das palavras paroxítonas. Assim, palavras
ica (cf. ártico, econômico, módico, prático, etc.). como assembleia, boleia, ideia, que na norma grá-
Os restantes 41% de verdadeiras esdrúxulas fica brasileira se escrevem com acento agudo, por
distribuem-se por cerca de duzentas termina- o ditongo soar aberto, passarão a escrever-se sem
ções diferentes, em geral de caráter erudito (cf. acento, tal como aldeia, baleia, cheia, etc.
espírito, ínclito, púlpito; filólogo; filósofo; esófa- Do mesmo modo, palavras como comboio,
go; epíteto; pássaro; pêsames; facílimo; lindíssi- dezoito, estroina, etc., em que o timbre do di-
mo; parêntesis; etc.). tongo oscila entre a abertura e o fechamento,
oscilação que se traduz na facultatividade do
5.4. Supressão de acentos gráficos em certas emprego do acento agudo no Brasil, passarão a
palavras oxítonas e paroxítonas (Bases VIII, IX e X) grafar-se sem acento.
A generalização da supressão do acento nes-
5.4.1. Em casos de homografia (Bases VIII, 3º e tes casos justifica-se não apenas por permitir
IX, 9º e 10º) eliminar uma diferença entre a prática orto-
O novo texto ortográfico estabelece que gráfica brasileira e a lusitana, mas ainda pelas
deixem de se acentuar graficamente palavras seguintes razões:
do tipo de para (á), flexão de parar, pelo (ê), subs- a) Tal supressão é coerente com a já consa-
tantivo, pelo (é), flexão de pelar, etc., as quais são grada eliminação do acento em casos de ho-
homógrafas, respectivamente, das proclíticas mografia heterofônica (v. Base IX, 10º, e, neste
para, preposição, pelo, contração de per e lo, etc. texto atrás, 5.4.1.), como sucede, por exemplo,
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7. Outras alterações de conteúdo mes próprios estrangeiros com trema (cf. mülle-
riano, de Müller, etc.).
7.1. Inserção do alfabeto (Base I) Generalizar a supressão do trema é eliminar
Uma inovação que o novo texto de unificação mais um fator que perturba a unificação da or-
ortográfica apresenta, logo na Base I, é a inclu- tografia portuguesa.
são do alfabeto, acompanhado das designações
que usualmente são dadas às diferentes letras. 8. Estrutura e ortografia do novo texto
No alfabeto português passam a incluir-se tam- Na organização do novo texto de unificação
bém as letras k, w e y, pelas seguintes razões: ortográfica optou-se por conservar o modelo
a)Os dicionários da língua já registram estas de estrutura já adotado em 1986. Assim, houve
letras, pois existe um razoável número de pala- a preocupação de reunir, numa mesma base,
vras do léxico português iniciado por elas. matéria afim, dispersa por diferentes bases de
b)Na aprendizagem do alfabeto é necessário textos anteriores, donde resultou a redução des-
fixar qual a ordem que aquelas letras ocupam. tas a vinte e uma.
c)Nos países africanos de língua oficial por- Através de um título sucinto, que antece-
tuguesa existem muitas palavras que se escre- de cada base, dá-se conta do conteúdo nela
vem com aquelas letras. consagrado. Dentro de cada base adotou-se
Apesar da inclusão no alfabeto das letras um sistema de numeração (tradicional) que
k, w e y, mantiveram-se, no entanto, as regras permite uma melhor e mais clara arrumação
já fixadas anteriormente, quanto ao seu uso da matéria aí contida.
restritivo, pois existem outros grafemas com
o mesmo valor fônico daquelas. Se, de fato, se
abolisse o uso restritivo daquelas letras, intro-
duzir-se-ia no sistema ortográfico do portu-
guês mais um fator de perturbação, ou seja, a
possibilidade de representar, indiscriminada-
mente, por aquelas letras fonemas que já são
transcritos por outras.
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