Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1
UNIDOS SOMOS UM
EQUIPE DE TRADUÇÃO:
JOHN DC
SAULO FERRAZ
MARCOS ZIMMER
FELLIPE FERNANDES
TANNY POND
CEMAR MELO
DAVID SOUZA
REVISÃO:
DOUGLAS WALLACE
2
UNIDOS SOMOS UM
Eles uniram-se com os militares dos EUA, mas isso pode não ser o
suficiente. A Garde precisa de reforços, e eles encontraram isso no
lugar mais inesperado. Adolescentes de todo o mundo, como o melhor
amigo de John Smith, Sam, desenvolveram Legados. Então, John e os
outros devem chegar a eles antes do Mogs, porque se eles não
chegarem, o seu inimigos usará estes adolescentes talentosos para o
próprio plano sinistro deles.
3
UNIDOS SOMOS UM
ELES
nos caçaram pelos nossos Legados.
ELES
também estão atrás de você agora.
ELES
sabem que você tem poderes.
NÓS
devemos usá-los da maneira certa.
NÓS
Podemos salvar esse planeta se
NÓS
lutarmos como um.
NÓS
precisamos da sua ajuda.
4
UNIDOS SOMOS UM
5
UNIDOS SOMOS UM
PRÓLOGO .............................. 08
CAPÍTULO UM .......................... 17
CAPÍTULO DOIS ........................ 27
CAPÍTULO TRÊS ........................ 38
CAPÍTULO QUATRO ...................... 46
CAPÍTULO CINCO ....................... 55
CAPÍTULO SEIS ........................ 64
CAPÍTULO SETE ........................ 74
CAPÍTULO OITO ........................ 83
CAPÍTULO NOVE ........................ 99
CAPÍTULO DEZ ......................... 112
CAPÍTULO ONZE ........................ 125
CAPÍTULO DOZE ........................ 133
CAPÍTULO TREZE ....................... 145
CAPÍTULO CATORZE ..................... 157
CAPÍTULO QUINZE ...................... 172
6
UNIDOS SOMOS UM
7
UNIDOS SOMOS UM
8
UNIDOS SOMOS UM
Ela quer dar um passo para trás da borda íngreme. É perigoso, ficar
oscilando aqui na borda do nada. Mesmo assim ela se encontra
incapaz de se mover. Seus pés estão presos no chão. Ela sente o chão
rochoso mudando e desintegrando abaixo dela. O abismo está se
espalhando. Logo, a borda em que ela se equilibra vai desaparecer e
ela irá cair, sendo engolida pela escuridão.
Isso seria ruim?
A cabeça da garota dói. É uma dor distante, quase como se
estivesse acontecendo com outra pessoa. É uma dor latejante que
começa em sua testa, passa por suas têmporas e desce para a
mandíbula. Ela imagina sua cabeça como um ovo que começou a
rachar, os trincos se espalhando pela superfície da casca. Ela esfrega
suas mãos sobre seu rosto e tenta focar.
Ela se lembra vagamente de ter sido jogada no chão rochoso. De
novo e de novo, segurada pelo tornozelo por uma força muito
poderosa para ser resistida, sua cabeça se chocando e fazendo
barulhos nas pedras imperdoáveis. Porém, parece que isso ocorreu
com outra pessoa, e não com ela. A memória, assim como a dor,
parece estar tão distante.
Na escuridão, há paz. Ela não terá que lembrar das batidas ou da
dor seguinte ou do que ela perdeu quando esse abismo sem fundo foi
explodido terra abaixo. Ela será capaz de ir, de uma vez por todas, se
ela apenas deslizar pelo resto da borda e cair.
Alguma coisa a puxa para trás. Uma consciência, profundamente
dentro dela, de que ela não deveria fugir da dor. Ela deveria lutar
contra ela. Ela precisa continuar lutando.
Há um lampejo de azul cobalto na escuridão abaixo dela, uma
solitária brasa de luz. Seu coração se acelera com a visão. Isso a faz
lembrar o motivo pelo qual ela lutou e protegeu e porque ela está tão
9
UNIDOS SOMOS UM
10
UNIDOS SOMOS UM
com tanta força contra o chão e que destruiu esse lugar que ela
amava. E agora ele está profanando as memórias dela. Ela fixa seu
olhar no dele.
— Oh, eu vou acordar, seu bastardo. E vou ir atrás de você.
Seus olhos lampejam, e ele tenta formar uma expressão de
surpresa; mas ela pode dizer que ele está com raiva. Seu truque
perverso não funcionou.
— Teria sido em paz, sua tolinha. Você poderia ter simplesmente se
atirado na escuridão. Eu estava lhe oferecendo misericórdia.
Ele começa a retroceder abismo adentro, deixando-a sozinha
naquele lugar. As palavras dele flutuam de volta para ela. “— Agora
tudo o que restou para você é mais dor”.
— Então assim será – ela diz.
11
UNIDOS SOMOS UM
pessoas. Ter pedido para você se infiltrar neles. É natural que você
desenvolvesse certa... simpatia.
— Amado Líder – diz o garoto caolho, com um tom de zombaria na
voz. Ele faz um esforço dentro da camisa de força. — Você veio me
salvar.
— Está certo – o homem diz com uma voz parecida com a de um
pai orgulhoso, ignorando o tom sarcástico do garoto. — Poderia ser
como era antes. Como eu sempre te prometi. Poderíamos reinar
juntos. Olhe para o que eles fizeram com você, como eles tratam você.
Alguém com seus poderes, e você os deixou trancá-lo como se fosse
algum tipo de animal...
— Eu caí no sono, né? – o garoto caolho pergunta. — Isso é um
sonho.
— Sim. Mas nossa reconciliação, ela sim será real, meu garoto – as
mãos poderosas caem de seus ombros e começam a desatar a camisa
de força. — Há apenas uma coisa que quero em troca. Uma
demonstração de sua lealdade. Simplesmente quero que me diga
onde eu posso encontrá-los. Onde posso encontrá-lo. Meu povo –
nosso povo – estará lá antes mesmo de você acordar. Eles irão libertá-
lo e reconstituir sua honra.
O garoto caolho não escuta com vontade a proposta do homem.
Ele sente a camisa de força se alargar enquanto as fivelas são
desatadas. Ele se concentra e se lembra que isso é um sonho.
— Você me jogou como se eu fosse lixo – ele diz. — Por que eu? Por
que agora?
— Eu percebi que o que fiz foi um erro – o homem diz através de
seus dentes. É a primeira vez que o garoto caolho ouve o homem se
desculpar. — Você é minha mão direita. Você é forte.
12
UNIDOS SOMOS UM
13
UNIDOS SOMOS UM
14
UNIDOS SOMOS UM
15
UNIDOS SOMOS UM
16
UNIDOS SOMOS UM
O garoto olha de relance para a foto em sua mão e percebe que ela
mudou. Está se movendo. A garota loira bate contra a foto como se
estivesse batendo num vidro, como se estivesse presa lá dentro. O
garoto pode ler os lábios dela. Ela está implorando por ajuda.
O homem estica sua mão. Ele quer que o garoto o ajude a levantar.
— O que você diz? Vamos acabar com isso juntos?
17
UNIDOS SOMOS UM
18
UNIDOS SOMOS UM
4:35
Eu me sento aqui no Patience Creek Bed & Breakfast e escuto o tempo
passar.
Na parede oposta da minha cama, há um quadro que parece uma
janela. Não há janelas de verdade, pelo quarto estar localizado bem
abaixo no subsolo, então eu suponho que os designers fizeram o melhor
que puderam. A cena na minha janela falsa é ensolarada e cheia de luz,
com gramas altas esverdeadas sendo assopradas pelo vento e a silhueta
indistinta de uma mulher bem longe segurando um chapéu na sua
cabeça.
Eu não sei porque eles fizeram a sala desse jeito. Talvez tenha sido
para transmitir uma sensação de normalidade. Se esse for o caso, não
está funcionando. Em vez disso, a sala parece ampliar cada sentimento
ruim que você poderia criar por estar hospedado num motel sujo e
sozinho – solidão, desespero, fracasso.
Eu tenho cada um desses sentimentos de sobra.
Aqui uma coisa que essa sala tem que os outros motéis da
interestadual não tem. O quadro da parede? Ele desliza para o lado, e
atrás dele há um conjunto de monitores que mostram as câmeras de
segurança de todo o redor de Patience Creek Bed & Breakfast. Há uma
câmera apontada para a porta de entrada da cabine pitoresca que está
posicionada acima desse subsolo, outra que está apontada para a grama
e solo perfeito mantidas com uma exatidão que têm as dimensões
necessárias para o pouso de um avião, e dúzias de outras que vigiam a
propriedade e o que há abaixo dela. Esse lugar foi construído por pessoas
paranoicas que estavam planejando uma invasão, um cenário de fim do
mundo.
Eles esperavam os russos, não os Mogadorianos. Mas mesmo assim,
acho que a valeu a pena ter pago pela paranoia.
No subsolo inimaginável desse lugar localizado a mais ou menos
cinquenta quilômetros de Detroit, perto do Lago Erie, há quatro níveis
19
UNIDOS SOMOS UM
20
UNIDOS SOMOS UM
Em vez disso, eu fico acordado. É isso que tem acontecido nas últimas
horas, sozinho nesse lugar estranho, tentando descobrir quando eu irei
conseguir dormir da mesma forma que, bem... que os mortos.
Prática. É a única esperança que eu tenho.
Eu sento na cama e olho para meu reflexo no espelho que está
pendurado na escrivaninha. Meu cabelo está crescendo, e há olheiras
abaixo dos meus olhos. Essas coisas não importam agora. Eu olho
fixamente para meu reflexo...
E então eu desapareço.
Reapareço. Respiro fundo.
E fico invisível de novo. Dessa vez eu consigo ficar mais tempo. Pelo
maior tempo que posso. Eu olho para o espaço vazio no espelho onde
meu corpo deve estar e escuto o relógio marcar os minutos.
Com o Ximic, eu devo ser capaz de copiar qualquer Legado que eu
encontrar. Basta que eu aprenda como controlá-lo, o que não é fácil,
mesmo quando o Legado vem com naturalidade. O Legado de cura de
Marina, a invisibilidade de Seis, a petrificação de Daniela – essas são as
habilidades que eu aprendi até agora. Eu vou aprender mais, o tanto que
eu puder. Eu vou treinar esses novos Legados até eles virem com
naturalidade para mim assim como meu Lúmen. E então eu vou repetir
o processo.
Todo esse poder, e um único objetivo.
A destruição de cada Mogadoriano existente na Terra. Incluindo e
especialmente Setrákus Ra, se ele ainda estiver vivo. Seis acha que ela
pode ter matado ele no México, mas eu não vou acreditar até os Mogs se
renderem ou até eu ver o corpo. Uma pequena parte de mim até espera
que ele ainda esteja por aí para que eu seja aquele que irá matar o
bastardo.
Um final feliz? Isso é o que está do lado de fora da janela. Eu fui
estúpido em acreditar nisso.
21
UNIDOS SOMOS UM
22
UNIDOS SOMOS UM
23
UNIDOS SOMOS UM
24
UNIDOS SOMOS UM
curei a maior parte dos ferimentos lá, e sua própria regeneração sobre-
humana aparentemente cuidou do resto. Ele dá um tapinha forte nas
minhas costas e na do Sam e se junta conosco seguindo pelo corredor.
Claro, Nove age como se não tivesse nada de errado, e, honestamente,
eu prefiro desse jeito.
Enquanto andamos, eu olho de relance pelo corredor que Nove veio.
Há quatro soldados fortemente armados lá, de guarda.
— Todos foram enquadrados? – pergunto a Nove.
— Sim, Johnny – Nove responde. — Eles têm várias celas de prisão
especiais aqui, incluindo a almofadada. Com o Gordinho aprisionado
com algumas almofadas e preso numa camisa de forças, ele não vai a
lugar algum.
— Ótimo – Sam diz.
Eu assinto em concordância. Cinco é um psicopata completo e merece
estar preso. Mas se eu for brutalmente prático sobre ganhar esta guerra,
eu não tenho certeza por quanto mais tempo nós poderemos pagar para
mantê-lo preso na gaiola.
Nós viramos em um corredor, e o elevador entra em visão. Acima, as
luzes de halogênio zunem alto, e eu percebo que Sam está coçando a
ponta de seu nariz.
— Cara, como eu sinto falta da sua cobertura, Nove – Sam diz. — Foi
o único esconderijo que tivemos com luzes normais.
— É, eu sinto falta também – Nove responde, uma nota de nostalgia
em sua voz.
— Esse lugar já está me dando uma séria enxaqueca. Deveriam ter me
dado alguns controles junto com aquele vídeo cassete.
Há um estalo de energia acima de nós, e uma das lâmpadas se apaga.
A iluminação do corredor de repente fica mais tolerável. Todos, com
exceção de mim param para observar.
— Bem, isso foi estranhamente cronometrado – diz Daniela.
— Bem melhor, não acha? – Sam diz com um suspiro.
25
UNIDOS SOMOS UM
26
UNIDOS SOMOS UM
27
UNIDOS SOMOS UM
28
UNIDOS SOMOS UM
perseguir. Por que? Por que eles tiveram que correr com Setrákus
Ra para outro lugar? Por que ele estava morrendo? Ou talvez já
estivesse morto?
Eu sei que eu o machuquei. Eu vi o pedaço de metal encravado
no peito daquele bastardo. Quase ninguém sobrevivera àquele
ferimento. Mas é de Setrákus Ra que estou falando. Não há como
dizer a velocidade em que ele se regenera ou qual tecnologia ele tem
à sua disposição para curá-lo. Embora eu tenha atingido o coração
dele. Eu vi. Eu sei que eu o acertei.
— Ele tem que estar morto – eu digo baixinho. — Ele tem que
estar.
Eu desfivelo o cinto do banco de passageiro e me levanto. Lexa
agarra meu antebraço antes de eu sair.
— Seis, você fez o que tinha que ser feito – ela diz com firmeza.
— O que você achou que fosse melhor. Não importa o que
aconteça, se Setrákus Ra está vivo ou morto...
— Se ele estiver vivo, então Sarah morreu em vão – eu respondo.
— Não em vão – Lexa diz. — Ela te tirou de lá. Ela te salvou.
— Ela deveria ter salva a si mesma.
— Ela não pensava assim. Ela— olhe, eu mal conhecia a garota.
Mas me pareceu que ela sabia o que estava em jogo. Ela sabia que
estávamos em guerra. E em guerra há sacrifícios. Casualidades.
— Fácil para nós dizermos. Estamos vivas – eu mordo meus lábios
e me solto de Lexa. — Você acha – droga, Lexa. Você acha que esse
tipo de conversa fria vai tornar as coisas mais fáceis para os outros?
Pro John?
— Alguma vez as coisas foram fáceis para qualquer um de vocês?
– Lexa pergunta, olhando para mim. — Por que começaria a ser fácil
agora? Esse é o fim, Seis. De um jeito ou de outro, estamos
chegando a um fim. Você faz o que tem que ser feito, e você se sente
mal por isso depois.
29
UNIDOS SOMOS UM
30
UNIDOS SOMOS UM
Eu vou mais adiante. Ella está coberta em uma das camas, seu
rosto virado para o lado da parede. Meu olhar se fixa nela por alguns
instantes, o que é suficiente para ter certeza de que ela ainda está
respirando. Ella foi a primeira pessoa que eu vi morrer ontem, com
exceção de que de alguma forma ela conseguiu voltar à vida.
Quando ela se jogou ontem naquele pilar de energia lórica no
Santuário, ela quebrou o feitiço que Setrákus Ra tinha posto nela.
Aparentemente, há efeitos colaterais após tomar um banho de
energia lórica e quase morrer. Ella retornou para nós como... bem,
eu não tenho certeza.
Bem no fundo da nave, eu encontro Adam sentado nos pés de
uma das camas. Olhando para os círculos escuros abaixo de seus
olhos e para sua pele incrivelmente pálida, eu tenho certeza de que
ele não dormiu sequer um minuto. Em vez disso, ele tem mantido
seus olhos em Marina. Ela está enrolada na mesma cama que Adam
está sentado, os olhos dela fechados, seu rosto horrivelmente
machucado, sangue seco ainda jazendo em suas narinas. Setrákus
Ra bateu ela no chão reiteradas vezes, e ela não voltou à consciência
desde então. Ela está aguentando firme, e tenho esperanças de que
John será capaz de curá-la.
Adam consegue expressar um sorriso fraco enquanto me sento
na frente dele. Mais um de nossos amigos feridos está coberto nos
braços dele. Areal quase foi morto no Santuário. Embora ele ainda
esteja muito fraco, Areal recuperou alguns de seus movimentos e
pelo menos conseguiu mudar sua forma para um tipo de lobo. Não
daquele tipo feroz, mas quase.
— Ei, doutor – eu digo para Adam, mantendo o meu tom de voz
baixo.
Ele grunhe. — Você ficaria surpresa sobre como é baixo o
treinamento médico que os Mogadorianos recebem. Não é uma
prioridade já que a maioria dos nossos soldados são descartáveis –
31
UNIDOS SOMOS UM
Adam vira sua cabeça para observar Marina. — O pulso dela está
forte, pelo menos. Isso eu posso dizer.
Eu assinto. Isso é exatamente o que eu queria ouvir. Eu estico meu
braço no espaço vago entre nós e acaricio o focinho de Areal. Uma
de suas patas traseiras começam a se mexer em resposta, embora eu
não tenha certeza se é por diversão ou se é um reflexo.
— Ele parece um pouco melhor – eu digo a Adam.
— Sim, ele estará uivando para a lua logo, logo – Adam responde,
olhando para mim. — E você? Como se sente?
— Como uma merda.
— Me desculpe por não poder ter feito mais – Adam diz. Quando
a batalha no Santuário acabou, foram Adam e Mark que carregaram
o corpo de Marina para dentro da nave de Lexa antes de Setrákus
Ra terminar o que começou. Foi depois disso que eu e Sarah tivemos
que lutar contra ele sozinhas.
— Você fez o suficiente. Você salvou Marina. Trouxe ela de volta.
Eu...
Meu olhar se volta para Sarah involuntariamente. Adam pigarreia
para ter minha atenção de volta. Seus olhos travam nos meus,
abertos e vigilantes.
— Não foi sua culpa – ele diz com firmeza.
— Ouvir isso não torna as coisas mais fáceis.
— Ainda é necessário dizer – agora foi Adam que se virou para
quebrar o contato visual. Ele olha para o corpo de Ella e franze. —
Eu espero que você tenha matado ele, Seis. A coisa é que,
conhecendo você, se você soubesse das consequências, você teria
parado.
Eu não interrompo Adam, embora o que ele esteja dizendo sobre
mim talvez não seja totalmente verdade. É estranho sentir esperança
por eu ter matado Setrákus Ra ao mesmo tempo em que sinto culpa
32
UNIDOS SOMOS UM
pelo que aconteceu com Sarah, e tudo isso piora com o sentimento
de medo de que eu não tenha conseguido nada. Estou horrível.
— Isso é uma das coisas pelo qual eu tenho respeito por vocês –
Adam continua. — A maioria da Garde meio que constrói força e
compaixão dentro de você. É o oposto do meu povo. Eu... eu teria
continuado não me importando com o que aconteceu.
No Santuário, Adam teve uma chance de matar Setrákus Ra. Isso
foi antes de Ella quebrar o feitiço que prendia sua vida à de seu
tataravô. Mesmo sabendo que iria matar Ella também, Adam foi em
direção da jugular de Setrákus Ra.
— Seu povo - Adam continua depois de um momento, — vocês
consideram as consequências, vocês choram suas perdas, vocês
tentam fazer o que é certo. Eu invejo isso. A habilidade de saber o
que é certo sem – sem ter que lutar contra sua natureza.
— Você é mais parecido conosco do que pensa – eu digo a ele.
— Eu gostaria de pensar assim – ele responde. — Mas algumas
vezes eu não sei.
— Todos nós temos arrependimentos – eu digo. — Não importa
a natureza. O que importa é continuar e melhorar.
Adam abre sua boca para responder, mas nenhuma palavra sai.
Ele está olhando além de mim. Um brilho azul fraco emana por cima
de meus ombros.
Eu me viro para ver Ella sentada em sua cama. Ela ainda está com
a energia lórica, seus olhos castanhos completamente substituídos
por orbes de cobalto azul. Quando ela fala, sua voz é um eco, como
era quando Legado estava falando através dela.
— Você não tem que sentir culpa – ela diz a Adam. — Eu sabia o
que você iria fazer assim que saí da Anúbis. Eu estava torcendo por
você.
Adam encara Ella. — Eu não – eu não sabia o que eu iria fazer
quando você saiu da Anúbis.
33
UNIDOS SOMOS UM
34
UNIDOS SOMOS UM
35
UNIDOS SOMOS UM
36
UNIDOS SOMOS UM
37
UNIDOS SOMOS UM
38
UNIDOS SOMOS UM
39
UNIDOS SOMOS UM
40
UNIDOS SOMOS UM
Eu não choro. Ela não iria querer que eu fizesse isso. Mas a insônia
que eu estava sentindo antes, desapareceu agora. Eu sinto como se eu
finalmente pudesse descansar, bem aqui, com Sarah.
— Então é isso?
Mark. Eu havia esquecido completamente que ele estava aqui comigo.
Eu levanto minha cabeça e me viro lentamente, sem me levantar. A
cabeça de Mark está inclinada; ele está me encarando, seus punhos
cerrando e voltando ao normal.
— O quê? – eu pergunto, surpreso pelo tom cansado de minha voz.
— Eu disse, então é isso? – ele repete, as palavras mais fortes agora.
— Isso é tudo o que você vai fazer?
— Não há mais nada que eu possa fazer, Mark – eu respondo com um
suspiro. — Ela se foi.
— Você não pode trazer de volta os mortos?
— Não. Eu não sou um deus.
Mark balança a cabeça como se ele esperasse essa resposta e mesmo
assim fica desapontado. — Merda – ele diz para si mesmo, e então me
olha diretamente nos olhos. — Para que droga você serve então?
Eu não vou fazer isso com ele. Não aqui. Não vou. Eu me levanto
devagar, olho uma última vez para Sarah e ando em silêncio em direção
da rampa da nave.
Mark entra no meu caminho.
— Eu te fiz uma pergunta – ele diz.
Por um momento, seu tom de voz me lembra os velhos tempos em
Paradise High. Eu sei que esse não é o mesmo idiota que atormentava a
mim e ao Sam – agora e possuí um olhar selvagem, cabelos rebeldes e
roupas imundas que iriam envergonhar o antigo Mark James. Mas ele
ainda mantém aquele tom de voz de macho-alfa. Faz com que ele pareça
ser mais alto do que realmente é.
— Mark – eu digo com advertência.
— Você não pode simplesmente sair assim – ele responde.
41
UNIDOS SOMOS UM
42
UNIDOS SOMOS UM
— Exatamente! Você ficou na sua porque sabia que estar perto de você
era assinar uma sentença de morte. Até Sarah. Você não conseguiu
deixá-la sozinha. Você ficou egoísta, ou solitário, ou qualquer coisa, e
você – você a matou. Ela estaria viva e feliz se você tivesse se mudado
proutra cidade, John. Sim, toda essa invasão ainda estaria acontecendo,
mas eu tenho a impressão de que as naves de guerra Mogadorianos
estariam bem longe de Paradise. Sem você, sem essa droga toda, ela pelo
menos teria uma chance.
Eu não sei como responder. Parte do que Mark está dizendo é
verdade, mas ignora a maioria das coisas que eu e Sarah
compartilhamos. Talvez fosse egoísmo de minha parte se envolver com
ela, com exceção de que toda vez que eu a afastei ela voltou. Ela tomou
suas próprias decisões. Ela foi forte e me tornou mais forte. E ela foi a
primeira pessoa na Terra que me fez sentir como se eu tivesse a chance
de ter uma vida normal, como se existisse algo a mais do que uma fuga
e uma luta sem fim. Sarah me deu esperança. Mas eu não tenho palavras
para explicar isso a Mark, e eu não quero. Eu não preciso me defender.
— Você está certo – eu digo friamente, esperando que isso seja o
suficiente para acabarmos.
— Eu estou – eu estou certo? – Mark pergunta incredulamente,
arregalando os olhos. — Você acha que isso é o que eu quero ouvir?
Eu suspiro. — Mark, a verdade é que, eu não me importo com o que
você quer. Eu nunca me importei.
Ele me dá um soco. Eu vejo o movimento vindo de longe, mas eu não
me incomodo em me defender. É um soco que acerta meu estômago e
faz com que eu perca o fôlego. Não é a primeira vez que Mark me dá um
soco, e ele é forte – talvez um pouco mais do que eu me lembre. Mas eu
levei vários tiros nos últimos meses, mais fortes do que Mark possa
imaginar, e esse eu mal sinto.
Quando eu não reajo ao primeiro soco, Mark tenta um segundo.
Porém, ele não está com vontade. Ele levanta o braço em direção à
43
UNIDOS SOMOS UM
44
UNIDOS SOMOS UM
45
UNIDOS SOMOS UM
46
UNIDOS SOMOS UM
47
UNIDOS SOMOS UM
48
UNIDOS SOMOS UM
aqueles que estavam com o General Lawson que Sam me disse estar
no comando.
Um deles apenas encara Sam, parecendo uma estátua. O outro
parece mais amigável, mas ainda assim economiza nas palavras,
enquanto anuncia: — Haverá uma reunião.
— Tudo bem – Sam responde. — Nós sairemos em um minuto.
Os gêmeos levantam uma sobrancelha em uníssono quando Sam
usa a palavra “nós”. Ele fecha a porta na cara deles.
— Acho que estamos dentro – ele diz.
— De volta para a guerra – eu respondo com um sorriso doce-
amargo.
Enquanto eu começo a me vestir, eu gesticulo minha cabeça na
direção da porta. Há muito sobre nossa situação que eu ainda não
sei. Melhor ter respostas para minhas perguntas antes de irmos para
essa reunião militar.
— Qual é a dos gêmeos?
— Caleb e Christian – Sam diz os nomes e dá de ombros. — Eles
são do tiro de guerra. Eles são LANTs.
— Eles são o quê?
Sam sorri. — Eles são LANTs. Não sei porque pensei que você iria
saber o significado das novas siglas que o governo inventou.
Significa Legados Afligidos a Nativos Terráqueos.
— Afligidos? – eu pauso para pensar. — Essa palavra soa como se
fosse algo ruim.
— É, eles usam “melhorado” em vez de “afligidos” quando vocês
Garde estão por perto, mas meu pai viu um dos e-mails internos –
Sam dá de ombros se desculpando, como se ele fosse o embaixador
representando toda a humanidade. — Eu acho que as pessoas no
comando não têm ainda tanta certeza se o desenvolvimento de
Legados em um bando de seres humanos adolescentes é uma coisa
boa. Eles estão preocupados com um possível efeito colateral.
49
UNIDOS SOMOS UM
50
UNIDOS SOMOS UM
51
UNIDOS SOMOS UM
52
UNIDOS SOMOS UM
53
UNIDOS SOMOS UM
54
UNIDOS SOMOS UM
— E Lawson fala diretamente com ele... – Sam traz seu pai de volta
para o assunto sobre o qual estávamos conversando.
— Ah, certo. Bom, ele é um cara imprevisível – Malcolm diz
pensativo. — Parece um atirador certeiro, embora do tipo piedoso.
Um dos antigos, como eles dizem. Pelo menos, todos queremos a
mesma coisa.
— Sim, Mogs mortos – eu respondo, e gesticulo em direção da
sala de conferência. — Vamos ver o que ele tem a dizer.
Na hora que entramos, a maioria do pessoal do nosso grupo já
está sentado em volta de uma longa mesa oval. John está sentado
em um dos cantos, um pouco inquieto. Lexa está sentada ao lado
dele, ambos no meio de uma conversa apressada. Lexa segura
alguma coisa para John inspecionar, e eu reconheço como um dos
dispositivos de camuflagem que resgatamos no México. Essa é
nossa chave para atravessar os escudos que cercam cada nave de
guerra Mogadorianos.
O olhar de John se fixa na minha direção enquanto eu entro, e eu
praticamente congelo. Ele assente para mim, e assim que eu assinto
de volta ele imediatamente volta para sua conversa com Lexa. Eu
acho que estamos focados na tarefa e deixamos o luto para depois.
Ótimo.
Nove está sentado do outro lado de John, e Ella está perto dele.
Seus olhos não pararam de brilhar, o que está atraindo o olhar de
vários militares que estão na sala. Assim que nos sentamos, Nove se
inclina para Ella.
— Então, brilhinho, agora isso é uma coisa permanente ou você
pode pará-la?
Eu estudo Ella esperando uma reação. Estou feliz por ver um
pequeno sorriso envergonhado aparecer em seu rosto. A garota
costumava ter uma queda pelo Nove, e a reclamação dele sobre o
brilho perpétuo parece atingi-la. Então ainda há um pedacinho da
55
UNIDOS SOMOS UM
56
UNIDOS SOMOS UM
57
UNIDOS SOMOS UM
58
UNIDOS SOMOS UM
59
UNIDOS SOMOS UM
60
UNIDOS SOMOS UM
61
UNIDOS SOMOS UM
62
UNIDOS SOMOS UM
63
UNIDOS SOMOS UM
64
UNIDOS SOMOS UM
65
UNIDOS SOMOS UM
Lawson. Ele precisa saber que não somos a chave dele nessa guerra
contra Setrákus Ra.
Ele é a nossa.
Eu me levanto bem devagar para que ninguém se assuste. Enquanto
isso, eu olho ao redor e uso minha telecinese para ejetar o cartucho de
cada arma de fogo da sala. Os olhos dos soldados se arregalam quando
os cartuchos de suas armas caem no chão.
Todos estão me observando agora. Ótimo. Eu dou a volta na mesa e
me aproximo dos dois guardas que estão segurando os braços de Adam.
— Se afastem – eu digo.
Eles obedecem.
Adam olha para mim, e eu o vejo balançar a cabeça, como se ele não
quisesse que eu fizesse uma cena. Mas eu preciso.
Eu acendo meu Lúmen, minhas mãos brancas em segundos. Eu me
aproximo de Adam e cuidadosamente derreto as correntes para libertar
as mãos dele.
Depois, eu me viro para olhar para os outros. Todos os militares estão
com a mesma expressão, algo entre medo e raiva. Alguns do meu povo –
como Daniela e Sam – parecem nervosos. Outros, como Nove e Seis,
olham para mim com encorajamento diabólico. Agente Walker,
supreendentemente, esconde um sorriso de felicidade entre as mãos.
Eu foco em Lawson. A expressão dele permanece completamente
neutra e normal.
— Você simplesmente poderia ter pedido as chaves – ele me diz.
— Não respondemos a você – eu respondo, colocando minhas mãos
agora normais nos ombros de Adam. — Você não tem que tomar
decisões por nós. Você compreende, senhor?
— Eu entendo, e não irá ocorrer novamente – Lawson responde sem
mudar a expressão. Sua calma chega a ser preocupante. — Você precisa
entender, tivemos que ter certeza de que seu... seu amigo aqui estivesse
no andar.
66
UNIDOS SOMOS UM
67
UNIDOS SOMOS UM
tendo muita certeza de como Lawson poderia estar ciente disto. Então
eu olho por cima dos ombros dele para os dois gêmeos com expressões
rígidas – Christian e Caleb – que estiveram rodeando Lawson
constantemente desde que chegamos aqui. Eles desenvolveram
Legados, então com certeza eles estavam na sala quando eu conheci
todos os novos humanos com poderes. Eles devem ter reportado os
detalhes para Lawson. Se não forem eles, então talvez foi a filha do
presidente.
— O que tem isso? – eu pergunto.
— Bem, John, estes são centenas de inimputáveis que você está
recrutando ao redor do mundo. Há preocupações sobre a segurança
dessas crianças.
Eu lanço um olhar significativo para os gêmeos que seguem Lawson
antes de responder, esperando que ele aprecie a ironia.
— Não haverá lugar seguro neste planeta logo – eu digo a Lawson. —
Eles precisam do treinamento que apenas nós podemos dar a eles.
— Eu entendo isso – Lawson responde. — Mas você entende que isso
deixa algumas pessoas nervosas, não entende? Você construir um
exército das nossas crianças?
Eu mexo minha cabeça em descrença e espero que minha expressão
mostre o quão ridículo eu acho essa burocracia sem sentido. Quase me
faz lembrar dos meus dias de fuga.
— Não estamos construindo nada – eu digo, e então olho para os
gêmeos. — Vocês dois. Eu mandei vocês virem aqui? Eu forcei os outros?
Os gêmeos parecem ter sido pegos de surpresa por ter sido dirigidos
diretamente. Eles trocam olhares, e então olham para Lawson, pedindo
permissão.
— Podem falar – ele diz.
— Não. Você não fez nada disso – Caleb responde imediatamente, seu
irmão petrificado. Caleb aponta para Nove. — Mas aquele ali nos
chamou de bundões.
68
UNIDOS SOMOS UM
69
UNIDOS SOMOS UM
70
UNIDOS SOMOS UM
71
UNIDOS SOMOS UM
72
UNIDOS SOMOS UM
pelos próximos dias, talvez poderemos discutir como você irá treiná-los.
Com uma supervisão apropriada, claro.
Eu não gosto disso. Parece que estamos abrindo brechas muito fácil,
dando as localizações das Loralites para Lawson, sem falar dos Garde-
Humanos que ele parece estar muito interessado. Ainda assim, qual
escolha temos? Praticamente falando, usar as pedras e Loralite é a nossa
única forma de realizarmos um contra-ataque rápido.
— Nós iremos ajudá-lo a localizar o restante das Loralites – eu digo.
— Assim que estivermos prontos para usarmos os dispositivos de
camuflagem.
Lawson sorri à minha admissão relutante, mas continua
rapidamente. — Um problema resolvido. Mas falta o problema de
quantidade.
— Se não conseguirmos fazer isso rápido o suficiente, nós iremos
conseguir mais para você – eu digo, o começo de um plano se formando
em minha cabeça.
Nove expressa um sorriso maldoso. — Talvez devêssemos ir para um
lugar onde sabemos que haverá muitas delas.
— E onde é isso? – Lawson pergunta.
— Em uma das naves de guerra – eu respondo.
— Eu não acabei de explicar que— Lawson começa, frustrado. Ele se
controla rapidamente. — Se atacarmos eles – qualquer ataque – nós
arriscamos provocar um ataque a uma de nossas cidades.
— E se pudéssemos entrar e sair de uma das naves deles sem se quer
que eles notassem? – eu digo isso à Lawson, mas é para Seis que eu estou
olhando. Ele sorri para mim. Eu sorrio de volta. — E se pudéssemos
trazer para você um monte de dispositivos de camuflagem antes mesmo
dos Mogs notarem que eles sumiram?
— Isso... – Lawson esfrega uma das mãos sobre seu queixo,
considerando. — Isso seria ótimo.
73
UNIDOS SOMOS UM
74
UNIDOS SOMOS UM
estará fora da ação por algum tempo. Nem é meio dia ainda, e eu me
sinto como se já tivéssemos desperdiçado a maior parte do dia.
Enquanto todos correm pelos corredores de Patience Creek para
fazerem suas partes, eu puxo Adam para um canto. Ele parece pálido
como o habitual, com a diferença de algumas olheiras em seu rosto.
Todos que estavam naquela reunião pareciam ter um pouco disso. A
invasão está tirando o sono de muita gente.
— Você está bem? – eu pergunto a ele. — O que eles fizeram com
você?
Adam me encara, mexendo a cabeça. — Estou bem, John. Não foi
nada. Eu que deveria estar perguntando se você está bem.
Eu imaginei que isso aconteceria. Todos que conheciam Sarah – de
Sam à Walker – todos eles continuam me olhando como se eu fosse
desmoronar no próximo segundo. Eu odeio isso. Eu não quero ser
abraçado. Eu quero lutar. Eu esperava que pelo menos, quando eu
chegasse no Adam, de que eu tivesse um pouco de simpatia. Nunca
pensei que estaria ansioso para aprender alguma lógica Mogadorianos.
— Estou levando – eu digo a ele, e estou surpreso pelo tom da minha
voz.
— Entendi – Adam responde, obviamente entendendo o que eu quis
dizer. Ele levanta suas mãos para me mostrar seus pulsos onde as
algemas ainda estão atadas a ele. — Você se importa em tirar isso dos
meus pulsos?
— Sim, claro, havia me esquecido delas.
— Foi mais para passar uma mensagem para aquele tal de Lawson do
que para me tirar delas – Adam diz. — Eu saquei.
— Bem – eu respondo com um sorriso – você pareceu inconfortável.
— Todos aqueles soldados também – Adam ri. — Foi um ótimo
movimento. Você mostrou força.
75
UNIDOS SOMOS UM
76
UNIDOS SOMOS UM
77
UNIDOS SOMOS UM
78
UNIDOS SOMOS UM
79
UNIDOS SOMOS UM
80
UNIDOS SOMOS UM
81
UNIDOS SOMOS UM
— Mogs não saem por aí pedindo ordens, John. Eles fazem o que lhes
mandam. Eles falam quando falam com eles. Eles não incitam seu Líder.
— E não houve resposta da Anúbis ou da base de West Virginia?
— Nada - Adam confirma. — Silêncio total no rádio.
— Hmm.
O plano que eu tenho formulado é um pouco louco, muito perigoso,
e, você sabe, isso não me incomoda quase tanto como ele provavelmente
deveria. Eu penso sobre tudo o que Adam me contou a respeito da
cultura Mogadorianos, e em particular, sobre a probabilidade da
sociedade deles acabarem em uma guerra civil, assim que Setrákus Ra
estiver morto. Se eles matarem uns aos outros, tornariam as coisas
muito mais fáceis pro resto de nós. E se houvessealgo que poderíamos
fazer para acelerar esse processo? Tornar os Mogs uns contra os outros
antes mesmo de Setrákus Ra for transformado em cinzas? Um pouco de
guerra psicológica.
Antes que eu possa dar que qualquer continuidade nesse
pensamento, Noto põe a cabeça para fora da sala e gesticula para Adam
entrar. — De repente, começou toda essa conversa - diz ele.
Adam e eu corremos de volta para a sala. Eu abaixo minha cabeça
prouvir a transmissão, mas tudo soa como latidos de raiva para mim.
Embora o Mogadoriano que está transmitindo com certeza está
animado.
Observando os olhos de Adam lentamente se estreitarem, eu posso
dizer isto não é uma boa notícia. Depois de alguns segundos, ele vira
para mim. — John, devemos buscar os outros - diz ele. — Alguém
cometeu um erro terrível.
82
UNIDOS SOMOS UM
83
UNIDOS SOMOS UM
84
UNIDOS SOMOS UM
85
UNIDOS SOMOS UM
86
UNIDOS SOMOS UM
deixar que Lawson decida que está pronto para lutar e que precisam
de sua "proteção".
— Eita, com que tipo de intenções você está preocupado? -
pergunta Daniela.
— Eu não sei - John diz com um suspiro. — Um alistamento
compilado em uma organização militar secreta? Quem sabe?
— Você aprende a não confiar em pessoas com poder quando
você já passou por o que nós passamos - diz Daniela.
Ela balança a cabeça. — Boa perspectiva geral.
— Eu já me comuniquei com Lexa telepaticamente - Ella diz, com
os olhos ainda acendendo com a energia Lórica. — Ela está
preparando nossa nave.
— Ótimo - Nove diz, e bate palmas. — Vamos salvar alguns
noobs.
— Eu preciso que você fique aqui comigo - John diz a Nove, e
imediatamente o rosto de Nove mostra uma expressão de desgosto.
— Ah, tá zuando? - Nove responde. — Para que diabos?
— Você acha que eu não preferia estar lá fora lutando? - John
pergunta, em tom resignado. — Nós temos coisas para fazer se nós
vamos nos esgueirar para dentro da nave de guerra. Preciso de sua
ajuda com isso. Seis pode lidar com as Cataratas do Niágara.
— Você sabe que sim - eu sorrio para John, sentindo-me tão
ansiosa quanto Nove para voltar lá fora e lutar. Eu olho em volta para
os outros. — O resto de vocês está comigo?
— Eu preciso ficar aqui e monitorar as comunicações
Mogadorianos. Eles não sabem que estamos ouvindo, por isso, eu
vou ser capaz de dizer-lhe qual será sua situação - diz Adam. — Eu
também tenho que me encontrar com Malcolm e alguns dos outros
engenheiros para discutirmos sobre como replicar os dispositivos de
camuflagem.
— Eu estou com você - Sam diz para mim.
87
UNIDOS SOMOS UM
88
UNIDOS SOMOS UM
teto abobado irá se abrir e uma rampa irá aparecer para uma saída,
mas os velhos espiões que construíram esse lugar não pensaram
dessa maneira. Em vez disso, há um grande túnel cavado em uma
das paredes, quase sem iluminação e nada sofisticado, apenas
pequenas seções de madeira serrada cheia de sujeira. O túnel é
largo o suficiente para que um dos tanques passe, e ele leva a uma
caverna de aparência inocente a alguns quilômetros de Patience
Creek. Se o pequeno hotel que esconde tudo isso é no meio do
nada, então a saída da caverna é para o oeste do nada. Basicamente,
você nunca nos pegaria.
Lexa voou nossa nave através do túnel noite passada. Ela
conseguiu, embora tenha sido um pouco apertado. Ela já está com a
rampa estendida e com o nariz da nave apontado para a saída
quando entramos na garagem.
No nosso caminho até aqui, pegamos dois dos Chimærae que
estavam no pequeno laboratório do Malcolm Goode. Ouvindo os
outros falando dele, a maioria dos militares pensam que Malcolm é
algum tipo de gênio excêntrico. Talvez ele seja, de alguma forma. O
bando de animais aleatórios que ele cuida como animais de
estimação não fizeram nada para dissuadir os colegas desta noção.
Embora Walker e sua equipe saibam dos Chimærae desde o nosso
ataque à Ashwood Estates, ainda tentamos manter a existência deles
em segredo. Você nunca saberá quando um desses loucos do
governo irá procurar uma oportunidade para fazer experimentos em
animais extraterrestres vivos.
Nós pegamos Regal, que prefere estar em forma de falcão, e
Bandit, que anda por aí como um guaxinim. Os outros Chimærae
ficaram com o pai de Sam, observando enquanto ele trabalha nos
mais variados testes sobre o aparelho de camuflagem Mogadoriano,
tentando descobrir como copiar aquela frequência. Adam está com
ele, dando sugestões sobre em quais aparelhos terráqueos seriam
89
UNIDOS SOMOS UM
ideias parar combinar com aquele sinal. Até agora eles não tiveram
sorte, tampouco o time de engenheiros militares que estão
trabalhando na sala ao lado da deles.
Na garagem, Lexa desce a rampa para nos encontrar.
— Prontos para irmos? – eu pergunto.
— Acabei de finalizar o diagnóstico – Lexa responde. — Nós a
forçamos bastante fugindo do Novo México, e ela levou alguns tiros
da Anúbis. Mesmo assim, a velha garota está pronta para voar
novamente.
Daniela balança a cabeça e encara a nave. — Estou prestes a
andar num OVNI – ela diz.
— Sim, você está – Sam responde. Ele olha para mim com um
sorriso gentil, e então leva Daniela e os Chimærae a bordo.
Assim como eu, Ella não segue eles imediatamente. Ela suspira
fundo, olha para mim com seus olhos brilhantes e então começa a
subir a rampa. Eu hesito até Lexa me cutucar no cotovelo.
— Está tudo bem – ela diz baixinho. — Eu... eu limpei tudo.
Eu assinto. — Tantas lembranças ruins nessa nave.
— Eu sei – Lexa diz. — Depois que tudo isso acabar, você pode
me ajudar a destruí-la.
Eu sorrio ao pensar nisso, tanto na destruição da nave quanto ao
fim da guerra. Eu subo a rampa, seguindo Lexa.
No topo, eu pauso para dar uma olhada no resto da garagem. Há
alguns soldados por aqui, garantindo que os veículos estejam
funcionando em ordem. Eu sei que eles nos viram. Alguns deles
estão até nos observando. Mesmo assim, nenhum deles mostrou
algum sinal de tentar nos impedir.
Perto do elevador, eu noto Christian e Caleb. Eles não estavam
aqui quando chegamos. Alguém deve ter reportado nossa presença,
e os dois desceram aqui para observar. Ambos me encaram, sem
90
UNIDOS SOMOS UM
91
UNIDOS SOMOS UM
92
UNIDOS SOMOS UM
93
UNIDOS SOMOS UM
94
UNIDOS SOMOS UM
95
UNIDOS SOMOS UM
96
UNIDOS SOMOS UM
97
UNIDOS SOMOS UM
98
UNIDOS SOMOS UM
99
UNIDOS SOMOS UM
100
UNIDOS SOMOS UM
— Você pode dizer que vou estar com ele assim que terminarmos aqui
-respondo ao fuzileiro.
Imagino que Lawson foi informado que Seis e os outros deixaram a
base sem notificá-lo. Não tive a intenção de desperdiçar meu tempo
explicando nossos movimentos ao general. Se ele quer uma atualização,
ele pode vir me encontrar. Eu tenho coisas para fazer. Claro que não digo
isso para os guardas.
A roda range quando o soldado a gira; a porta se abre e os dois guardas
se afastam com pressa.
— Me perguntava quando viria me visitar.
Cinco senta-se de pernas cruzadas no chão de sua cela acolchoada e
sorri para mim e para Nove. Seus braços estão seguros em uma camisa
de força, suas pernas em um par de calças de pijama largas e de pés
descalços. O chão sob ele é como uma grande almofada. Não há nada na
sala que Cinco possa tocar que o permita ativar sua Externa. No pior dos
casos, ele pode transformar sua pele em algodão.
Eu não supervisei o encarceramento de Cinco. Eu realmente não
estava num estado emocional para me preocupar com ele, então Nove e
Sam arranjaram esta instalação. Olhando para a sala acolchoada, você
pensaria que foi projetada especificamente para manter Cinco. Para
nossa sorte os espiões que construíram o lugar originalmente estavam
preparados para qualquer possibilidade, incluindo um dos deles
perdendo a cabeça num cenário pós-apocalíptico.
O rosto de Cinco continua ferido e inchado onde Nove o acertou logo
depois de nossa batalha na Ilha da Liberdade. Ao prendê-lo aqui em
baixo, Sam e Nove tiraram até o tapa olho que ele mantinha no rosto.
Uma órbita vazia me encarando.
— Preciso de sua ajuda - digo. As palavras deixam um sabor amargo
em minha boca.
Cinco gira a cabeça um pouco para o lado, assim seu olho bom foca
em mim. — Você salvou a minha vida, John. Eu sei que você nunca vai
101
UNIDOS SOMOS UM
confiar em mim. Não depois de tudo o que aconteceu. Mas estou a sua
disposição.
Ao meu lado, Nove grunhe. — Eu quero vomitar.
Cinco se vira para Nove. — Você sabe, eu aceitei a responsabilidade
de meus atos, Nove. Eu sei que o que eu fiz foi . . . equivocado. Mas
quando você vai aceitar as suas?
— As minhas?
— Sempre esquecendo de fechar a droga da sua boca sagrada - Cinco
rosna. — Se você calasse a boca ao menos uma vez por alguns
instantes...
— Então minhas piadas te transformaram no traidor psicótico que
você é? - Nove responde. Percebo que os punhos dele estão cerrados. Ele
olha para mim. — Essa é uma ideia estúpida, John.
Balanço minha cabeça. — Olha, quando tudo isso acabar, se vocês
dois quiserem se trancar numa gaiola de metal e acabar um com o outro
de uma vez por todas, estará tudo bem para mim. Mas agora, não
podemos perder mais tempo.
Nove faz uma cara feia e fica em silêncio. Cinco continua me
encarando como se pudesse ver através de mim. Depois de um segundo
ele estala a língua.
— Que diferença um dia faz - Cinco diz. Então ele se dirige a Nove
como seu eu nem mesmo estivesse na sala. — Ontem ele estava fazendo
de tudo para evitar que matássemos um ao outro, lembra? O Garoto
Protetor. Agora está todo mudado - ele lança um sorriso para mim que
parece quase orgulhoso. — Eu vejo o olhar em seus olhos, John. Você
não estava pronto antes, mas agora está.
— Pronto para quê? – pergunto, indignado comigo mesmo por ter
mordido a isca com tanta facilidade.
— Para a guerra - Cinco responde. — Preparado para fazer o que for
necessário para ganhar. Talvez preparado para fazer algo mais do que o
102
UNIDOS SOMOS UM
103
UNIDOS SOMOS UM
104
UNIDOS SOMOS UM
105
UNIDOS SOMOS UM
106
UNIDOS SOMOS UM
107
UNIDOS SOMOS UM
108
UNIDOS SOMOS UM
109
UNIDOS SOMOS UM
dizer que pela maneira que seus músculos do braço flexionam, que ele
está tentando mover seus dedos, mas não consegue. — Isso é estranho.
Cinco transforma seu corpo inteiro em pedra para combinar com a
mão. Quando ele volta ao normal, a mão de pedra continua a mesma.
Ele franze.
— Merda. É permanente?
— Não sei - digo a ele. — Posso tentar curar isso.
— Por favor, faça - ele diz, e estende a mão.
Pego a mão de Cinco e deixo meu Legado de cura se despejar nela. O
esforço é maior do que o normal; meu Legado tem que trabalhar pela
pedra fria e encontrar algum tecido vivo para recriar. Eventualmente, a
pedra começa a esfarelar, revelando uma pele lisa por baixo.
— Talvez deixa apenas o mindinho - Cinco diz de repente, como se
tivesse tido uma ideia. — Eu não preciso do meu mindinho.
Faço uma cara estranha. Ele quer que eu deixe o mindinho, assim ele
sempre será capaz de transformar seu corpo em pedra. Balanço minha
cabeça.
— Não vai acontecer.
— Qual é, John - ele diz, e sorri para mim. Há sangue em seus dentes.
— Não confia em mim?
Em resposta, curo sua mão completamente. Não solto seu braço por
enquanto.
— Quando estávamos lutando, você disse que Setrákus Ra apareceu
em um sonho. Estava apenas tentando me irritar?
— Não, aquilo aconteceu - Cinco congela. — Eu não aceitei a oferta
dele, a propósito. Estou cansando de acreditar no que aquele velho
bastardo diz.
Antes que eu possa deixar Cinco se afastar, Nove vira a esquina numa
arrancada completa. Com minha audição ampliada, posso ouvir outra
dúzia de passos em disparada alguns segundos atrás dele. Consigo até
mesmo ouvir os clicks que denunciam armas automáticas. Eu
110
UNIDOS SOMOS UM
111
UNIDOS SOMOS UM
112
UNIDOS SOMOS UM
comandos cada vez que isso acontece, para evitar que o bico da
nave vá direto ao chão. Até agora, ela tem sido capaz de nos manter
relativamente estável. Mas assim que a gente atingir aquelas
árvores, no entanto, nós vamos ficar loucamente desestabilizados.
Sam fica parado no meio do corredor. Parece ter entrado em
pânico. Eu não posso culpá-lo, já que essa descida abrupta é
praticamente culpa dele.
— Essa porra de nave é amaldiçoada. – murmuro para mim
mesma.
— FUNCIONA! – Sam grita pela vigésima vez. — Nave! Eu
ordeno que você volte a funcionar!
— Não está adiantando. Os sistemas continuam inoperantes, e eu
estou totalmente bloqueada. – Lexa responde da cabine. — Talvez
se você tentar pedir de uma forma mais gentil.
Sam pigarreia e sua voz sobe uma oitava. — Nave? Por favor,
ligue de novo?
Nada acontece.
— PORRA, LIGUE!
Eu pego Sam pelos ombros e faço ele olhar para mim.
— Você está apenas berrando agora, e sabe disso, certo? Você
precisa ter foco. Pare de surtar e use seu Legado.
— Eu não sei como, Seis. Gritar é o que honestamente funcionou
para mim até agora.
— Você fez isso antes com o vídeo game. Apenas, sei lá. Tenta
visualizar?
— Eu estou deixando a gente morrer – Sam geme.
— Eu tenho visto poucos futuros em que isso realmente acontece,
Sam. – Ella interrompe. Ela continua calmamente sentada em sua
cadeira. Sam a encara.
— Viu? Ela viu poucos futuros com essa possibilidade – eu digo a
Sam.
113
UNIDOS SOMOS UM
114
UNIDOS SOMOS UM
115
UNIDOS SOMOS UM
116
UNIDOS SOMOS UM
117
UNIDOS SOMOS UM
118
UNIDOS SOMOS UM
119
UNIDOS SOMOS UM
120
UNIDOS SOMOS UM
121
UNIDOS SOMOS UM
122
UNIDOS SOMOS UM
123
UNIDOS SOMOS UM
124
UNIDOS SOMOS UM
125
UNIDOS SOMOS UM
de Marina, suas mãos espalmadas para cima para mostrar que está
desarmado. Desarmado e totalmente pelado, na verdade.
— Você está segura - digo a Marina.
— Me desculpe, mas não é o que parece - Marina responde.
Olho por cima de meu ombro. Atrás de mim, ao fim do corredor, há
uma dúzia de soldados armados. As armas deles não estão apontadas.
Não acho que eles sabem o que fazer nesta cena, mas ainda assim não
são uma visão de boas-vindas. Nove está de pé a alguns passos à frente
deles, seus braços cruzados e sua boca fechada. Eu não deveria esperar
que ele defendesse Cinco. Na verdade, é impressionante que o fato dele
não estar torcendo para Marina.
— Estamos numa base militar secreta fora de Detroit - explico para
Marina, mantendo meu tom neutro. — Você foi ferida na batalha com
Setrákus Ra. Eu curei você, e você esteve descansando.
— Então Setrákus Ra ainda está vivo.
— Sim - respondo. — Embora Seis tenha machucado muito ele. Ele
não se curou daquele ataque ainda. Ganhamos tempo, não muito, mas o
suficiente para planejar nosso próximo passo...
— E quanto a esse aí? - o pingente de gelo balança em frente ao rosto
de Cinco para enfatizar. Cinco recua, o pingente de gelo mergulha
perigosamente em resposta e ele fica rígido de novo.
— Capturamos Cinco em Nova Iorque. Ele é nosso prisioneiro.
— Ele não parece com um prisioneiro.
— Ele estava me ajudando com uma coisa. Ele está voltando para a
cela agora. Certo, Cinco?
O olho de Cinco se move brevemente em minha direção. Ele engole
seco e cuidadosamente assente com a cabeça. — Sim - ele diz
calmamente.
Marina zomba quando ele fala. Ela volta seu olhar para mim, e
consigo ver isso, uma mistura de raiva e confusão surge quando ela vê
Cinco, ela quer confiar em mim.
126
UNIDOS SOMOS UM
127
UNIDOS SOMOS UM
128
UNIDOS SOMOS UM
— Ele está desesperado - digo, porém não estou certo de que acredito
nisso inteiramente. — Ele não sabe onde estamos, mas nós sabemos que
ele está ferido, e sabemos onde encontrá-lo. Assim que resolvermos
algumas coisas para os militares, estamos indo para West Virginia, e
vamos terminar isso.
Marina me olha fixamente quando menciono os militares. Me ocorre
quanto ela perdeu no pequeno espaço de tempo em que esteve
inconsciente. Levo ela de volta a enfermaria. Não há muitas coisas aqui
dentro, com exceção de alguns leitos limitados por cortinas e
equipamento de monitoramento, o lugar está completamente vazio,
Marina foi a única paciente. Agora que estamos sozinhos, a informo
rapidamente. Conto a ela sobre a batalha em Nova Iorque, a conversa
com o presidente, a origem de Patience Creek e a nomeação do General
Lawson como comandante especial. Eu sei como soou — todo negócio,
como um comandante colocando seu soldado a par de tudo brevemente
— mas não consigo parar.
Marina ouve pacientemente, mas percebo seus olhos começarem a se
estreitar enquanto ele me estuda mais de perto.
— John - ela me interrompe quando eu pauso para me respirar. —
Onde estão os outros? Estão todos bem?
Olho para o chão. Me ocorre então o motivo pelo qual estou dando a
ela tantos detalhes. Obviamente, Marina tem o direito de saber como
está indo a guerra, mas é mais do que isso.
Ela não sabe.
Estou evitando contar a ela sobre Sarah.
Eu não deveria ter que fazer isso. Não deveria dar as notícias. Não
deveria nem mesmo dizer as palavras.
Marina me assiste com expectativa. Ela sabe que algo não está certo.
— Sarah, ela... - cubro meu rosto com as mãos. Não consigo olhar para
Marina quando digo isso, tenho que encarar o chão. — Ela não
conseguiu.
129
UNIDOS SOMOS UM
— Deus, John, eu sinto muito. Estou tão... - Marina pausa e olha para
suas mãos, sobre o colo. — Se eu não tivesse sido... eu poderia ter feito
alguma coisa. Eu poderia ter salvado ela.
— Não - respondo. — Nem mesmo pense algo assim. Não é verdade,
e isso não leva a nenhum lugar bom.
Caímos num silêncio, sentados próximos um do outro em um leito de
enfermaria. Marina se inclina contra mim e segura minha mão. Ambos
olhamos para o chão.
Após de um momento, Marina começa a falar suavemente. — Depois
que Oito foi morto, eu estava com tanta raiva. Não foi apenas a forma
que aconteceu. Não foi só porque eu estava me apaixonando por ele.
Aquilo foi... todos perdemos alguém, antes, você sabe? Mas com Oito,
ele era — ele era a primeira pessoa com quem eu imaginei um futuro.
130
UNIDOS SOMOS UM
131
UNIDOS SOMOS UM
Me viro para longe dela. Eu sei que ela está tentando me dar
esperança. Eu apenas não estou pronto para isso ainda. A única coisa
que quero é vingança.
— Depois de tudo, eu sinto um senso de paz. Minha raiva se foi -
Marina ri duramente, como se tivesse se lembrado do que aconteceu há
alguns minutos atrás, como ela quase arrancou o olho remanescente de
Cinco. — Obviamente, não durou muito. Eu tentei — eu sempre tentei
— viver honrosamente, de forma certa, como os Anciãos iriam querer.
Em face de tudo que aconteceu, tentei me segurar. Ainda depois de tudo
isso, basta ver Cinco no corredor para trazer o pior em mim, para fazer
a raiva voltar.
— Talvez não seja seu pior eu - digo a Marina. — Talvez seja apenas
quem temos que ser no momento.
— E quem seremos depois, John?
— O depois não importa mais - digo a ela. — Já perdemos tanto. Se
não ganharmos, se não pararmos Setrákus Ra, então para que foi isso
tudo?
Percebo que a mão de Marina começa a emanar um frio doloroso. Ao
invés de afastar minha mão, deixo meu Lúmen se ativar. E emano meu
calor contra ela.
— Sem Sarah, não me importo com o que aconteça comigo - continuo.
— Só quero destruí-los, destruir Setrákus Ra, de uma vez por todas. Isso
é tudo que importa.
Marina concorda. Ela não me julga por estas palavras. Eu acho que ele
entende. Ela sabe o como é continuar em frente, continuar em
movimento para evitar se despedaçar.
— Eu só espero que tenha sobrado alguma coisa de quem éramos, algo
restante para nos reconstruir, quando isso tudo tiver acabado - Marina
diz calmamente.
— Eu também - admito.
— Bom - ela responde. — Agora, vamos começar.
132
UNIDOS SOMOS UM
133
UNIDOS SOMOS UM
134
UNIDOS SOMOS UM
135
UNIDOS SOMOS UM
136
UNIDOS SOMOS UM
— Sim?
— Você acha que elas parecem estar prontas para o que estar por
vir?
— Algum de nós estava realmente pronto quando entramos nessa
nave? – eu respondo.
Lexa me lança um olhar. Eu encaro de volta, e ela logo se volta
para a janela a sua frente, deixando o assunto para lá. Eu saio do seu
lado e cruzo a porta em direção a área de passageiro, me apoiando
de costas a porta atrás de mim e observo os nossos recém-chegados.
Tem Fleur, seu cabelo louro puxado para trás e molhado de suor
e água de rio. Eu entendo porque Nove estava ofegante como um
daqueles cães de desenho animado quando a viu no vídeo. Ela é
linda. Exceto que agora há marcas de queimadura em todo seu
braço, em seus ombros, no lado do pescoço – a pele está queimada,
com bolhas. Ela estremece quando Daniela, cuidadosamente
pressiona uma compressa gelada em seus ferimentos.
— Você vai ficar bem. – Daniela diz a ela. — John pode curar até
essas queimaduras. Ficará novinha outra vez!
Fleur acena com a cabeça, e até esse movimento parece causar
muito desconforto. Ela se esforça para responder a Daniela no
sotaque inglês. — Você... já aconteceu isso com você antes, não é?
Daniela sopra uma mecha de cabelo do rosto. — Na verdade, eu
tenho me saído muito bem em não ter levar tiros até agora. Embora
desde que a invasão começou, tenho feito toda essa merda de
vamos-defender-o-planeta. Então, eu ainda tenho tempo para isso.
— Ah – Fleur responde quase desapontada. — Eu pensei que
você era um deles. Ou que ao menos tivesse, hum... fazendo isso há
algum tempo.
Daniela sorri com isso, mas nega com a cabeça. É meio louco para
mim que ela esteja sendo vista como um membro veterano da
Garde. Ela sobreviveu a o ataque de Nova Iorque; o que não foi
137
UNIDOS SOMOS UM
pouca coisa. Não significa que ela não seja novata. Nós da Garde
original tivemos anos de treinamento para uma batalha como essa.
Essas crianças novas não tiveram esse luxo. Elas foram jogadas direto
nessa bagunça.
Daniela percebe que eu estou olhando ela. Ela deixa Fleur com a
compressa fria e anda até onde estou ficando ao meu lado na porta
da cabine.
— Tudo bem? – eu pergunto a ela.
— Eles vão sobreviver – ela responde. — Mas o garoto-inseto,
não quer me deixar olhar ele.
Ela está falando de Bertrand. Através da porta aberta, eu o vejo
deitando ao lado do compartimento médico. Ele lembra um urso de
pelúcia em pânico. Ele tem marcas de queimaduras, iguais as de
Fleur, mas a maioria delas estão em suas costas e em sua bunda.
— Por que não? - pergunto a Daniela.
— Ou ele não quer me deixar ver a bunda dele, ou ele está se
sentindo com vergonha por ter corrido dos mogs – ela responde.
— Ele só correu depois que usou os insetos dele para obstruir o
motor de um daqueles Escumadores e derrubá-lo – eu digo. — Ele
não tem nada do que se envergonhar. Porra, você sabe quantas
vezes eu saí correndo ou fiquei invisível quando eu era nova? Você
não pode lutar sempre.
Daniela ri. — Nova? – ela repete. — Você é o quê... dois anos
mais velha que ele? Sim, você é uma verdadeira senhora de idade,
Seis.
— É assim que me sinto – respondo sorrindo. Ela está certa. Esses
quatros, eles são um ou dois anos mais novos que eu, no máximo.
No entanto, eles me parecem apenas crianças. Que inferno, Ella
parece ser mais velha que esse bando. Embora, talvez eu esteja
confundindo dureza com idade.
138
UNIDOS SOMOS UM
139
UNIDOS SOMOS UM
— Eles têm sido corajosos, mas eles sentem tanto medo - Ella diz.
— Nós nascemos dentro dessa guerra, Seis. Até eu, tive anos para
me preparar para essa possibilidade. Eles tiveram horas. Nós
deveríamos estar protegendo eles, e não marchando com eles para
a batalha.
Como se tivesse palpitando sobre, Fleur começa a chorar
silenciosamente. Daniela vai até ela e gentilmente, acaricia suas
costas.
— Que outra escolha nós temos? – pergunto a Ella. — É agora ou
nunca. Vencer ou morrer.
— Quando tudo foi perdido em Lorien, os Anciãos nos enviaram
aqui para lutar em um outro dia - Ella responde. — Setrákus Ra não
quer destruir a Terra; ele quer colonizá-la. Se nós falharmos em parar
ele, estes novos Garde poderiam formar a base de uma nova
resistência.
— Isso é uma perspectiva sombria - eu digo.
— Quando você pode ver o futuro, você começa a ter planos para
todas as eventualidades.
Olhando ao redor da cabine, preciso admitir que Ella pode ter
razão. Algumas dessas crianças seriam passíveis, se trouxéssemos
eles ao ataque na base de Setrákus Ra. Nós gastaríamos metade do
tempo se certificando que eles não fossem mortos.
— Bem - Ella acrescenta, lendo minha mente. — Há uma exceção.
Ambos olhamos para Ran, sentada em sua cadeira com as mãos
nos joelhos, as palmas para cima, quase como se ela tivesse
meditando. Dos quatros, ela é a única que não parece totalmente
abalada. Ela estava pronta para nos explodir quando chegamos as
cataratas, e provavelmente ela teria feito se Nigel não a tivesse
detido. Ela tem o olhar de sobrevivente.
Ran percebe que estou observando ela e olha em minha direção.
De acordo com Nigel, ela mal fala inglês. Ela sustenta meu olhar por
140
UNIDOS SOMOS UM
141
UNIDOS SOMOS UM
142
UNIDOS SOMOS UM
143
UNIDOS SOMOS UM
144
UNIDOS SOMOS UM
145
UNIDOS SOMOS UM
— Isto é o que eles têm feito você fazer? - pergunto, tentando evitar
qualquer traço de zombaria em minha voz. Velhos hábitos são difíceis
de deixar.
Walker faz uma careta. — Como os poderosos caíram, huh? Isto é o
que acontece quando Lawson e seu povo querem discutir alguma coisa
delicada. Sou mandada para entregar incumbências.
— Não entendi. Porque eles iriam querer excluir você?
Ela bufa com isso. — Eu era ProMog, John.
— Você era ProMog. Você é basicamente a única razão de estarmos
sendo capazes de ajudar essas pessoas.
— Uma vez traidor, sempre traidor, é o pensamento de Lawson -
Walker explica. — Eu não o culpo por ser cauteloso. Inferno, eu estaria
em uma cela de prisão, ou pior, se eu não tivesse ajudado a localizarem
você em Nova Iorque. Eles não confiam completamente em mim,
provavelmente nunca irão.
— Eu confio em você - digo, embora as palavras soem ocas. — Mais
do que no resto deles, de qualquer forma.
— Entendo, obrigada - ela diz, ignorando isto. — A única razão de eu
ainda estar aqui é porque Lawson pensa que talvez eu esteja apta para
lidar com você. Como ele pensa pequeno...
Eu rio com isso, e Walker finalmente se permite um pequeno sorriso.
Alguns minutos mais tarde, no hangar, reconheço a verdade das
palavras de Walker quando eu vejo o pequeno grupo de Seis saindo da
nave. Quatro novos Garde, dois deles machucados, todos olhando ao
redor da presença militar com os olhos abertos. Eles parecem que
cairiam de exaustão se eles não estivessem tão sobrecarregados e
aterrorizados.
Marina e Nove param perto de mim para cumprimentar os recém-
chegados. Seis e Ella parecem estar aliviadas e felizes por verem Marina
consciente. Marina lança a elas um rápido sorriso antes de correr
naquela direção, puxando imediatamente Fleur e Bertrand para o lado
146
UNIDOS SOMOS UM
147
UNIDOS SOMOS UM
148
UNIDOS SOMOS UM
Eu devia ter perguntado a Ella onde exatamente ela queria que nos
encontrássemos. Gastei mais tempo que deveria vagando pelo
subterrâneo de Patience Creek enquanto procurava por ela. Em algum
ponto, eu passo pelo laboratório onde Sam e Malcolm estão fazendo
engenharia reversa no dispositivo de camuflagem Mogadoriano. Do
corredor, eu posso ouvir Sam dizendo repetidamente, “transmitidos a
essa frequência” - quase como um mantra. Seis mencionou que ele
estava desenvolvendo um Legado que permite que ele se comunique
com máquinas. Até agora, não parece que o dispositivo de camuflagem
está disposto a ouvir.
Enquanto ando, Bernie Kosar trota do laboratório dos Goodes, onde
ele esteve passando um tempo com as outras Chimærae. Paro para que
ele me alcance e eu coce atrás de suas orelhas.
149
UNIDOS SOMOS UM
150
UNIDOS SOMOS UM
Posso achar Ella sozinho agora; ela deixou sua própria trilha na poeira
acumulada, mas não me importo de ter BK comigo.
Encontramos Ella no que uma vez foi uma sala de estar adjacente ao
lado da recepção de Patience Creek. Eu olho para o espaço atrás da mesa
onde há uma cabeça de alce montada. Há uma câmera escondida ali. Me
lembro disso do escaneamento de segurança na noite passada. Me
pergunto se alguém está me assistindo agora. Imagino Lawson de olho
em mim e nos outros constantemente. É o que eu faria se nossos papeis
estivessem trocados. Ao menos ele não tem sido agressivo ou tentado
interferir no que estou fazendo.
As paredes da sala de estar estão repletas de estante de livros, cada
uma com volumes amarelos dos anos setenta ou de caixas de jogos de
tabuleiro. Toda a mobília está debaixo de lençóis, com exceção da mesa
de jantar central, que Ella descobriu. Ele ela tem um pesado atlas das
estantes e está no processo de marcá-lo com uma caneta azul quando
entro.
— Quase terminado - ela diz, sem olhar para mim. Ela vira a página
dedicada a costa ocidental da África e começa a fazer um grosso ponto
azul no Sul do continente.
BK senta perto de mim, sua cauda batendo no chão. Inclino minha
cabeça, tentado olhar o projeto de Ella.
— Você sabe que temos computadores lá em baixo - digo a ela,
sentindo a necessidade de quebrar o silêncio.
— Eu não queria arriscar colocar informações no sistema antes de
você ter a chance de olhar - Ella responde com normalidade. — E eu
tinha que transcrever antes que desapareça de minha memória.
Ela vira para a frente o atlas, onde um mapa mundi já está coberto
com seus pequenos pontos, e então, ela empurra o livro pela mesa em
minha direção, seus olhos brilhantes fixos em mim. — Pronto.
— O que é isto?
— Um mapa.
151
UNIDOS SOMOS UM
152
UNIDOS SOMOS UM
153
UNIDOS SOMOS UM
morreu, quer ficar na missão. Mas a outra parte de mim quer gritar com
uma fúria incoerente com a injustiça de tudo isso.
Ela podia ter me avisado! - penso. Ela podia ter me dito, e eu poderia ter
feito alguma coisa! Melhor ainda, ela podia ter alertado Sarah!
“Eu disse a eles para correrem” – A voz de Ella soa claramente na minha
cabeça. Ela deve estar lendo meus pensamentos. “Mesmo assim, eu sabia
que eles não iriam, tentei convencê-los. E, John, você queria toda a decisão
sobre suas costas? Será que você queria ter que escolher entre Sarah e vencer
a guerra?”
“Eu teria encontrado outra maneira” - respondo, rangendo meus dentes.
“Claro que teria”. A voz dela soa como um corte, mesmo em minha
mente. “Há infinitas maneiras! Talvez você tivesse salvado Sarah com o
custo de algo mais. Ou talvez você apenas teria apressado a morte dela no
caminho, como o que aconteceu com Oito e sua profecia. Esse é o meu ponto,
John. É por isso que prever o futuro não é algo bom. Você sabe, pensei que eu
teria que morrer para que nossos amigos sobreviverem a batalha no
Santuário. Eu me joguei na energia Lórica pensando que seria isso, mas... Eu
não vi todas as possibilidades. Isso vai deixar você maluco tentando passar
por todas aquelas possibilidades, todas aquelas segundas opções”.
Nossos olhos estão vidrados. A sala está completamente silenciosa.
Se alguém estiver nos assistindo na câmera de segurança, devem estar
pensando que estamos em uma épica batalha de encarar.
“Por que me contou isso?”
“Porque eu me sinto culpada, John. Pensei que você deveria saber. Porque
eu sabia que você iria pedir para copiar meu poder, a clarividência, e eu não
acho que você deva”.
— Tudo bem, Ella; por favor, apenas saia da minha cabeça.
Ella estreita seus olhos para mim.
— Você estava na minha cabeça - ela diz, ambos voltando a usar nossas
vozes. — Você começou isso.
— Eu comecei?
154
UNIDOS SOMOS UM
Ella assente e anda até a janela. Ela abraça a si mesma e olha para o
lago tranquilo.
— Não estou surpresa que tenha desenvolvido a telepatia - ela diz. —
Eu usei com vocês vezes o bastante. Além de que, se você consegue falar
com as Quimærae telepaticamente, não é um salto tão dramático para
uma pessoa.
Limpo minha garganta e tento deixar de lado a conversa que
estávamos tendo.
— Alguma dica?
— Foque seus pensamentos - ela diz com um dar de ombros, sem
olhar para mim. — Direcione-os e eles vão encontrar um alvo.
— E quando eu não posso ver a pessoa ou estamos separados por uma
longa distância? Como você faz isso?
— Você já... - Ella pausa, transformando seus pensamentos em
palavras. — Digamos que você está em casa e sabe que tem alguém no
outro quarto. Você meio que sabe, instintivamente, o quão alto você
precisa gritar para fazê-los te ouvir, certo?
— Acho que sim.
— Penso nisso dessa forma - Ella diz. — Quanto mais você conhece a
pessoa, mais familiar é a mente dela para você, seu alcance com eles será
maior. Você vai perceber quando praticar. As vezes parece mais natural
do que falar. Pelo menos para mim.
Não estou certo do que mais dizer. Consegui o que eu queria e mais
do que eu barganhei. Pego o atlas da mesa e o coloco debaixo do braço.
— Obrigado, Ella - digo, esperando que não soe tão frio, não estou
certo se eu poderia dar alguma coisa mais quente.
— De nada.
Olho para fora através da janela. O sol está começando a baixar no
céu, a luz se tornando um cinza pálido.
Quais Legados eu ainda preciso?
155
UNIDOS SOMOS UM
156
UNIDOS SOMOS UM
157
UNIDOS SOMOS UM
158
UNIDOS SOMOS UM
159
UNIDOS SOMOS UM
160
UNIDOS SOMOS UM
161
UNIDOS SOMOS UM
162
UNIDOS SOMOS UM
163
UNIDOS SOMOS UM
Lawson sorri e coloca uma das mãos sobre o atlas. — Ah, baixa
tecnologia! Eu curto isso.
— Nós precisamos que esses locais estejam seguros antes mesmo
que os Mogs possam fareja-los - John continua. — Especialmente se
você quiser usá-los para transportar os dispositivos de camuflagem.
— Eu vou fazer com isso aconteça - Lawson bate de leve no atlas.
— E eu vou manter isso como uma base de conhecimento
fundamental. Sem vazar.
— Você pode ter mais Garde humanos teleportando, também - eu
digo. — Certifique-se que ninguém vai ferrar com eles. Mogs ou
humanos.
Lawson aperta o próprio queixo, totalmente barbeado, mesmo
em tempos como esses. — Você acha que nós estamos planejando
machucar esses jovens com Legados? - ele pergunta soando meio
ofendido.
Todos nós falamos ao mesmo tempo.
— Talvez não machucar... - Marina banca a diplomática.
— Recrutá-los - diz John.
— Explorá-los - eu jogo as verdades.
— Nós não queremos forçar ninguém a fazer o que não estão
preparados para fazer - Marina conclui.
Lawson nos encara por um momento. Ele olha para porta para ter
certeza que ela está fechada, provavelmente para garantir que os
gêmeos não ouçam o que ele está prestes a dizer.
— Olha, eu vou ser bem direto com vocês - ele diz. — Haverá
pessoas no nosso governo, inferno, não só aqui, mas por todo o
mundo, que verão esses novos jovens com poderes como... ativos.
Vocês viram o que aconteceu com o ProMog. Faça uma pequena
amostra de poderes extraterrestres na frente dessa gente e eles
venderão suas almas por isso, a invasão está condenada.
— E você não é uma dessas pessoas? - John pergunta.
164
UNIDOS SOMOS UM
165
UNIDOS SOMOS UM
166
UNIDOS SOMOS UM
167
UNIDOS SOMOS UM
168
UNIDOS SOMOS UM
169
UNIDOS SOMOS UM
170
UNIDOS SOMOS UM
171
UNIDOS SOMOS UM
172
UNIDOS SOMOS UM
173
UNIDOS SOMOS UM
174
UNIDOS SOMOS UM
175
UNIDOS SOMOS UM
176
UNIDOS SOMOS UM
177
UNIDOS SOMOS UM
Mais para cima, o grito fica cada vez mais alto. Eu me aproximo de
uma sala, que lembro que os Mogs separaram para interrogações. Há
uma janela para assistir tudo. No meio da câmara, um par de correntes
grossas está pendurada desde o teto.
Sam está preso nas correntes. Os gritos eram dele. Um ácido preto e
viscoso pinga através do metal e queima a pele dele, criando cicatrizes
em seus pulsos.
Setrákus Ra está de pé na frente de Sam, mas não da forma que estou
acostumado a vê-lo. Sua cabeça não está pálida e com veias negras, ele
não tem quatro metros de altura e ele não está com aquela cicatriz roxa
e grossa ao redor de seu pescoço. Esse Setrákus Ra é um homem jovem
adulto, como o cara que eu vi na visão da história de Lorien. Seu cabelo
preto está penteado para trás, seus músculos são fortes e ele parece
Lorieno.
Ele é do meu povo. Esse pensamento frita meus neurônios.
Ele age como se ele não tivesse me notado, embora eu saiba que isso
é mentira. Afinal de contas, ele me trouxe aqui. Eu fico parado do lado
de fora da sala de interrogação e o observo. Setrákus Ra anda para frente
e para trás, e toda vez que ele passa na frente das correntes,
momentaneamente as bloqueando de vista, a pessoa pendurada nesse
aparelho de tortura muda.
Sam se torna Seis, seus gritos ecoando na sala.
Depois é Adam.
Marina.
Nove.
Sarah.
Eu dou um soco no vidro que separa o corredor da sala de
interrogação. Ele se quebra facilmente e não me machuca. Eu flutuo pela
parede mais alta e pouso alguns metros longe de Setrákus Ra. Ele se vira
para me encarar, sorrindo como se tivéssemos acabado de trombar um
com o outro na rua.
178
UNIDOS SOMOS UM
— Olá, John.
Eu tento manter meu olhar fora do campo de visão de Sarah,
torturada, inconsciente, que está pendurada atrás dele.
Ela não é real. Ela não está aqui. Ela está em paz.
Eu finjo que estou olhando ao redor da sala e assobio através de meus
dentes.
— Sabe, no passado, esses sonhos costumavam me assustar.
— Sério?
— Agora eu sei que é apenas você se apresentando em desespero.
Setrákus Ra sorri indulgentemente, e cruza seus braços. — Você me
lembra tanto ele – ele diz. — Meu velho amigo Pittacus Lore.
— Eu não sou como ele.
— Não é?
— Ele teve misericórdia de você, e eu vou matá-lo.
Setrákus Ra começa a andar, fazendo com que Sarah fique entre nós.
Ele gentilmente empurra ele, e ela começa a balançar.
— Como minha bisneta está? – ele pergunta, puxando assunto.
Meus olhos travam em Sarah, e então voltam para ele.
— Muito melhor do que ela estava quando ficou presa com você.
— Ela vai voltar – ele responde com um sorriso. — Quando eu tiver
acabado com o resto de vocês, ela vai voltar para mim.
— Será que seu exército vai voltar também? – eu pergunto, inclinando
minha cabeça. — Enquanto você lambe suas feridas e se esconde em
meus sonhos, eles estão abandonando você.
A expressão dele escurece, e eu me sinto orgulhoso por ter ferido seu
ego. Ele se afasta de Sarah, e vem na minha direção.
— Os Mogadorianos sempre foram apenas um meio para um final
para mim, John. Uma espécie castrada de bestas que fizeram da sua
própria casa um lugar inabitável com seu amor estúpido por guerra e
poluição – ele cuspe no chão. — Os humanos vão ser objetos muito
179
UNIDOS SOMOS UM
180
UNIDOS SOMOS UM
181
UNIDOS SOMOS UM
182
UNIDOS SOMOS UM
183
UNIDOS SOMOS UM
184
UNIDOS SOMOS UM
na mesa atrás dele, todos os seus logos muito antigos. Eu acho que
refrigerante vencidos ainda têm um monte de cafeína. Eu o observo
pacientemente, um pequeno sorriso nos lábios.
— Meu pai tentou me dar um curso intensivo de
eletromagnetismo - Sam continua. — Frequências, ultravioleta, uh,
a ionosfera. Você sabe o que é a ionosfera?
Eu balanço minha cabeça.
— Ok, nem eu. Quer dizer, eu não sabia até meu pai explicar, e
agora eu meio que sei. A ionosfera é parte da atmosfera. É como
campo de força da natureza. As ondas de rádio saltam fora dele. E
se você quer entender como um campo de força iria trabalhar fora
da ficção científica, você começaria por aí. Ou pelo menos você teria
até alienígenas invadirem à Terra e mudarem o nosso entendimento
de, bem, todos os tipos de merda...
— Você está ficando sem argumentos, Sam.
Eu já estava na cama na noite passada quando Sam entrou na sala.
Eu escutei sonolenta enquanto ele reclamava sobre como Malcolm
o fez ir para a cama - como se ele fosse uma criança novamente e
não tentar salvar o mundo. Ele se jogou na cama e se virou para mim
por um tempo. Eventualmente, ele foi trabalhar na pequena mesa do
quarto. Por trabalho eu quero dizer a insistência em sussurrar um
monte de frases sem sentido para uma variedade de dispositivos
portáteis – o Game Boy infame, uma série de telefones celulares,
tablets, um e-reader. A voz calma de Sam me fez voltar a dormir.
— Desculpa. Então, alguns dos engenheiros que trabalham no
dispositivo de camuflagem tentou entrar em mais detalhes
sobre campos de força - você sabia que os militares já tinham um
protótipo funcional? Ele mantém o material, mas você não pode ver
através dele, então você estaria protegido, mas cego. Enfim, acho
que eles finalmente começaram a se perceber que explicar tudo
185
UNIDOS SOMOS UM
186
UNIDOS SOMOS UM
187
UNIDOS SOMOS UM
188
UNIDOS SOMOS UM
189
UNIDOS SOMOS UM
sargento. Eles têm razão de estar uma vez que, assim que
respondem, Nove aponta sua arma para eles.
— Legal. Então, quem quer tentar parar uma bala?
— Psh, vou transformar a sua bunda em pedra, se você apontar
essa coisa de novo para mim - diz Daniela.
Nove sorri e faz questão de apontar longe de Daniela. Se eu
realmente pensei que ele ia atirar em uma das novas crianças, eu
interviria. Ele não é tão estúpido, apesar de tudo. Eu não acho.
Nigel olha para baixo da linha de seu companheiro Garde.
Quando é claro que ninguém vai ser voluntário, Nigel dá dois passos
para a frente.
— Tudo bem, companheiro - diz ele, estendendo a mão em
tentativa com um movimento de "pare" enquanto Nove aponta a
arma para ele. — Eu vou tentar
Nove sorri. — Isso é corajoso da sua parte, John Lennon—
— John Lennon era um idiota.
— Tanto faz - Nove continua. — Aposto que ele tinha mais senso
comum do que o seu traseiro magro. Parar balas é uma merda
avançada que você definitivamente ainda não está pronto para fazer.
E de qualquer maneira, se você está lutando contra Mogadorianos,
que você pode esperar para estar, esses bastardos usam armas de
energia. Não é possível afastar a energia com telecinese. Então, qual
é a coisa mais inteligente, mais seguro e mais fácil de fazer?
— Desarmar o inimigo - Caleb responde
Nove aponta para ele com a mão livre. — Muito bom, gêmeo
número um. Ele olha de volta para Nigel. — Tente. Arranque a arma
da minha mão.
Nigel parece estar irritado por ter sido ministrado. Ao mesmo
tempo, ele faz um movimento para puxar a arma. Nove tropeça para
frente como se seu braço tivesse sido puxado, mas ele mantém o
controle sobre a arma.
190
UNIDOS SOMOS UM
191
UNIDOS SOMOS UM
192
UNIDOS SOMOS UM
193
UNIDOS SOMOS UM
194
UNIDOS SOMOS UM
estão estacionados. Eles estão num ponto para ficar fora de vista, por
razões óbvias. Contudo, eles têm escoltas rondando as Cataratas do
Niágara, transmitindo imagens da nave que está pairando, de
Escumadores vasculhando a região selvagem ao redor, e de tropas de
nascidos naturalmente no solo inspecionando a pedra de Loralite
inativa.
Eles nos dão todo esse relatório assim que aterrissamos e não
interferem. Eu poderia me acostumar com a hospitalidade Canadense.
Se as coisas ocorrerem mal na nave, esse pequeno time de operações
especiais irá cobrir nossa retirada. Nossa sobrevivência, de acordo com
o comandante deles, é sua única prioridade. Eles foram informados de
nosso "valor estratégico".
Tudo graças ao General Lawson. Acho que as vezes não é tão ruim ter
o governo na sua retaguarda.
Na nave de Lexa, estacionada agora ao lado dos Humvees das
operações especiais, afivelo um colete improvisado em meu peito. O
dispositivo de camuflagem está ligado na parte da frente, conectado a
uma bateria costurada apressadamente na parte baixa das costas. Isto é
o que vai me colocar dentro da nave de guerra.
— Tem certeza de que não posso ir? - Nove me pergunta pela vigésima
vez.
— Só posso carregar dois - respondo. — Seis precisa vir no caso de eu
estragar tudo com nossa invisibilidade, e Adam é obviamente crucial
para—
— Pilotar sua nave de guerra roubada - Adam intervém com aceno de
cabeça. Olho para ele, o pego correndo a mão por seu cabelo negro. Ele
parece cético. De fato, a maioria dos meus amigos parece céticos desde
que eu revelei o plano de tomar a nave de guerra. Adam prossegue. —
Você sabe, só eu voei num simulador de voo dessa nave. Não é um
trabalho para uma pessoa só. Não se você quer armas online.
195
UNIDOS SOMOS UM
196
UNIDOS SOMOS UM
Setrákus Ra noite passada. Posso dizer pela forma que eles estão me
olhando que estou parecendo meio desequilibrado. Mas mesmo que seja
verdade, eu sei que posso fazer isso. Eu posso sentir o poder percorrendo
por mim.
Uma nave de guerra não é o bastante para me parar.
— Você tem que acreditar em mim - digo a Marina, mantendo meu
tom de mesura, esperando que ela sinta minha certeza, veja em meus
olhos. — Eu sei o que estou fazendo. Tenho tudo sob controle.
— Olha - Seis diz antes que Marina ou Nove possam registrar mais
algum protesto. — Adam e eu vamos nos focar roubar os dispositivos de
camuflagem dos Escumadores desligado sem sermos detectados. Como
no plano original. E John vai se concentrar em segurar os Mogs. Se
acontecer de ele matar alguns milhares, ótimo. Se não, nós recuamos.
Marina solta o ar pelo nariz. — Como vamos saber se vocês estiverem
em apuros?
Ella levanta sua mão. Ela não tinha muito o que dizer desde ontem, e
estou grato por isso. A última vez que nos falamos, foi muito para
aguentar. As centelhas brilhantes em seus olhos estão mais turvas do
que ontem.
— Vou checá-los telepaticamente - Ella diz.
— E se estivermos com problemas, vocês vão me ouvir chamando -
completo.
— Oh - Marina diz, sua cabeça um pouco inclinada. — Você pode fazer
isso agora.
Lexa se inclina contra a porta da cabine, ouvindo tudo o que dissemos
sem nenhum comentário. — Eu tenho um segundo dispositivo de
camuflagem instalado em nossa nave - ela diz. — Poderemos passar pelo
campo de força sem nenhum problema, mas você precisa manter a porta
aberta para nós.
— Isso não será necessário - digo a ela.
197
UNIDOS SOMOS UM
Seis bufa. — Vamos deixar uma entrada para você, Lexa - ela me lança
um olhar significativo. — Melhor prevenir do que remediar.
— E traga alguns canadenses com você - Adam completa. Ele olha para
mim. — Você sabe, para o caso de precisarmos.
Checo duas vezes para ver se está tudo seguro no meu colete e se meu
dispositivo está ativo, então dou uma última olhada nos outros. —
Estamos bem?
Quando ninguém responde imediatamente, vou em direção a rampa
de metal, para fora da nave de Lexa direto para o ar enevoado da manhã.
Há um esquadrão de soldados por perto, esperando para ver se vamos
precisar deles para alguma coisa, os demais de sua unidade estão
formando um perímetro furtivo nas árvores. Ainda é estranho para
mim, estar cercado por homens e mulheres armados esperando que eu
os comande. Ou salve-os. Respiro profundamente e inclino minha
cabeça para trás, olhando para o céu cinzento e o topo dos pinheiros.
— Tem certeza do que está fazendo?
É Seis, ao meu lado, sua voz baixa assim os outros não vão ouvir.
Adam vem a alguns metros atrás dela, ainda na rampa.
— Eu tenho que fazer isso - digo a ela, minha voz calma como sempre.
— Preciso saber do que sou capaz.
— Você sabe que isso soa um pouco suicida, certo?
— Estou longe de ser suicida - respondo sombriamente.
— Apenas se lembre, você não está fazendo isso sozinho - Seis
responde, e me dá um tapinha no ombro. — Eu conheço a sensação de
querer se jogar em cima dos inimigos até que eles quebrem ou você
quebre, mas—
Enquanto ela fala, uma memória vem à tona na mente de Seis com
uma força impossível de ignorar. Ainda estou tentando dominar toda
essa coisa de telepatia. A parte mais difícil sobre isso é deixar os
pensamentos dos outros privados. Eles apenas começaram a invadir
minha mente, contra minha vontade, como uma visão de Seis em pé em
198
UNIDOS SOMOS UM
199
UNIDOS SOMOS UM
200
UNIDOS SOMOS UM
capacidade, para apreciar isso. Tudo o que posso pensar é no que está
adiante, e breve entrará na visão.
O volume de aço cinza da nave em forma de escaravelho paira sobre
as Cataratas do Niágara, criando uma sombra escura sobre a água
correndo. Esta nave de guerra não é tão grande quanto a Anúbis. Mas
ainda é uma visão assustadora.
— A Loralite - Seis diz. — Aquela, uh, coisa cinza indescritível lá em
baixo.
Olho para um pedaço de mata alinhada ao começo das cataratas. Não
posso pegar a pedra esta altura, mas posso facilmente dispersar a
multidão de Mogadorianos protegendo a área. Posso ver também os três
Escumadores que foram destruídos pela Garde-Humana. Mais das
pequenas naves percorrem o ar ao redor da nave de guerra, patrulhando
o bosque em círculos lentos. Voo para perto da nave de guerra enquanto
olho para baixo.
— John - Adam diz enquanto eu examino as patrulhas Mog. — John!
Olho para cima assim que eu ouço o zumbido do motor de um
Escumador vibrando. Está praticamente acima de nós, a nave de escolta
voltando para a nave de guerra. O piloto não pode nos ver, mas ele voa
perigosamente perto. Eu nos levo para direita e por pouco não somos
cortados por uma das delgadas asas do Escumador.
— Merda! - Seis grita. Suas unhas se enterram em meu pescoço
quando ela perde o aperto.
Fazemos uma derrapada. O giro me desorienta, e por um momento
estamos caindo. Meus dedos escorregam, e Adam desliza umas poucas
polegadas para longe. Eu o agarro com força debaixo das axilas.
Rangendo os dentes, eu nos estabilizo e volto a voar. Todos estão
segurando com um pouco mais de força agora.
— Desculpa - digo.
201
UNIDOS SOMOS UM
— Eu retiro todo o receio que tinha sobre seu plano - Adam diz quase
sem ar. — Se isso significar nunca mais voar com você, eu roubo dúzias
de naves de guerra.
O Escumador que passou por nós está vagarosamente entrando na
baía de decolagem da nave, as portas estão abertas atrás. Apesar do
medo, é o timing perfeito. Ganho velocidade, tenho a intenção de nos
passar por aquelas portas.
Assim que nos aproximamos da nave, o campo de força se torna
visível. Você não pode vê-lo até que você esteja indo em sua direção.
Uma vez que você está a cem metros ou menos o ar ao redor da nave
parece ondas de calor subindo do pavimento num dia quente. Eu posso
perceber uma grade de energia, como uma teia ao redor da nave. Isso me
lembra da aura ao redor da base na montanha de West Virginia, aquele
que me deixou doente por dias depois que corri direto para ele.
— Temos certeza de que esse dispositivo de camuflagem está
funcionando, certo? - pergunto tarde demais, não tenho a habilidade de
voo necessária para parar agora.
— Noventa e nove por cento de certeza - Adam responde.
Nos batemos no campo de força.
E passamos por ele.
Há um ligeiro zumbido em minhas orelhas e uma vibração elétrica em
meus dentes quando atravessamos o campo, tirando isso estamos bem.
Voo para frente, diminuindo a velocidade para não bater quando
entramos no embarcadouro Mogadoriano; e alguns segundos depois
estamos dentro da nave, no momento em que o Escumador que
seguimos aterrissou.
Mantenho-nos flutuando por um momento, assim posso ver o
andamento das coisas. Mesmo tendo andado com Ella pela a Anúbis, eu
nunca estive realmente dentro de uma dessa naves. O embarcadouro é
enorme, uma área de teto alto, com dúzia de Escumadores arrumados
em linhas. Parece que eles têm apenas um quarto da frota procurando
202
UNIDOS SOMOS UM
203
UNIDOS SOMOS UM
204
UNIDOS SOMOS UM
205
UNIDOS SOMOS UM
— Okay, quão longe antes que eles percebam que nós tomamos toda
sua divisão de macacos de graxa? - Seis pergunta, andado pra mais perto
agora que Areal está vigiando as portas.
Adam dá de ombros. — Depende da distância que patrulha deve sair.
— Não se preocupe - digo, caminhando na direção das portas duplas.
— Foque em despachar aqueles dispositivos de camuflagem. Vou olhar
o resto da nave.
— Tenha cuidado - Seis diz.
E então passo pelas portas, BK e Areal em meus calcanhares. O
pequeno corredor fora do hangar está vazio, então tenho um momento
para me agachar e conversar com as Chimaerae.
Vigiem minha retaguarda, digo a eles. Posso fazer isso enquanto nenhum
deles me pegar pelas costas, me pegar de surpresa. E não queremos nenhum
deles indo na direção de Adam e Seis.
Enquanto falo, ambas Chimærae se transformam em criaturas mais
imponentes. Ambos são parecidos com cães, mas são musculosos e com
garras de navalha, com duráveis, pele de couro e presas de aparência
terrível. A única forma de diferenciá-los é pelo raio de pelos cinzas que
corre pela espinha de Areal.
— Boa aparência, rapazes - digo, e me levanto e começo a me
aprofundar na nave.
Há uma fechadura na próxima porta que requer alguma força para
virar. Através dela um corredor se abre, de vermelho brilhante e austero,
com portas ramificando de ambos os lados. Há um par de Mogadorianos
andando na minha direção, os dois estudando um mapa digital das
Cataratas do Niágara.
Voo para frente, apunhalo o primeiro no olho e agarro o segundo ao
redor da garganta.
— Para que lado é a ponte? - pergunto a ele.
Ele aponta diretamente para frente. Quebro seu pescoço.
206
UNIDOS SOMOS UM
Não quero nenhum desses bastardos atrás de mim, então confiro sala
por sala. Vou conferir a ponte por último.
A primeira área que vou conferir parece com quartéis. As paredes em
forma de colmeia, com camas estreitas. Os nascidos artificialmente
basicamente dormem no topo de cada uma. Há centenas de Mogs aqui
agora, em repouso, muitos deles conectados à linhas intravenosas com
a gosma preta que Setrákus Ra tanto ama, aumentando a si mesmos
enquanto cochilam. Suponho que eles dormem em turnos, descansando
para o próximo ataque
Hoje, o despertador é uma bola de fogo.
Eu estendo minhas mãos e deixo o máximo de fogo sair pelos meus
dedos que eu posso controlar. Eu solto até minhas roupas realmente
começarem a esfumaçar. Logo, há uma parede de fogo crepitante fora de
mim, rugindo para a sala. Sinto o cheiro de plástico queimado e um
cheiro podre de torrefação que eu sei é que gosma negra ebulição.
O fogo começa a se espalhar além do meu controle. Me ocorre que eu
não quero fazer quaisquer danos irreparáveis à nave. Assim que esse
pensamento passa pela minha cabeça, as sensações em minhas mãos
alteram. Eu mudo de despejar fogo na sala para pulverizar o espaço
carbonizado com cristais de gelo e geada.
Um dos Legados de Marina. Nem tinha percebido que eu escolhi esse.
Ele funciona de modo semelhante ao meu Lúmen, é como por um carro
em marcha à ré.
Os Mogs que conseguiram escapar de seus beliches e evitar serem
incendiados logo são apanhados por um saraivada de estalactites. A
agitação pelo quartel atrai a atenção deles. Enquanto eu saio, um
pequeno esquadrão de guerreiros corre pelo corredor em minha direção.
BK e Areal os despacha rapidamente, atacando por fora de quartos
adjacentes assim que os Mogs se aproximam.
Os Mogs não estão preparados para isso, eu percebo. Eles não estão
preparados para nada.
207
UNIDOS SOMOS UM
208
UNIDOS SOMOS UM
Não tenho mais o elemento surpresa. Agora eles sabem que eu estou
vindo.
Quando eu começar a ir em direção à ponte, a passagem está
visivelmente vazia de inimigos. Rondando alguns passos atrás de mim,
tanto BK quanto Areal soltam grunhidos de advertência. Os Mogs quase
certamente têm caído para trás em uma posição defensiva, um ponto de
estrangulamento, onde se pode jogar toda o seu poder de fogo contra
mim.
Bem, vamos ver o que eles têm.
Duas altas portas duplas ficam na minha frente. Além delas, está a
ponte. O alarme continua a retumbar; as luzes continuarem a piscar.
Quando eu chego a vinte metro deles, as portas se abrem com um
whoosh hidráulico.
Através das portas há uma grande escadaria que leva para cima.
Acima da escada, posso apenas vislumbrar as janelas abobadadas de área
de navegação da ponte, o céu azul do Canadá visível. A nave está
sendo controlada a partir daqui. Certamente, o comandante nascido
naturalmente está lá em cima em algum lugar.
Nas escadas, entre mim e meu objetivo, estão cerca de duas centenas
de Mogadorianos. A primeira fila está de joelhos, a próxima linha está
deitada, a segunda; de joelhos, a terceira de pé, a linha atrás deles a
primeira etapa, e assim por diante, enchendo toda a escada. Cada um
deles possui um canhão apontado na minha direção.
Certa vez, isso teria me aterrorizava.
— Vamos lá! - eu grito para eles.
O corredor explode com a energia de centenas de canhões sendo
disparados ao mesmo tempo.
209
UNIDOS SOMOS UM
210
UNIDOS SOMOS UM
211
UNIDOS SOMOS UM
212
UNIDOS SOMOS UM
213
UNIDOS SOMOS UM
Adam se arrasta até a porta para verificar o corredor. Ele faz questão
de coçar atrás das orelhas de Areal, o que faz um barulho de lixa
graças a forma bestial do Chimaera. A cauda enorme de Areal
bate no chão de metal.
— Devagar - Adam repete, observando a condição de John. —
Você... você já matou todos eles?
John se agacha na frente da estante de armas. Ele empurra para o
lado canhões e baterias, procurando por algo.
— Não. Há um monte deles - ele diz simplesmente. — Estou
reagrupamento. Eles também estão. Eles não vão sobreviver por
outra rodada.
— O que você está procurando? - pergunto.
214
UNIDOS SOMOS UM
215
UNIDOS SOMOS UM
216
UNIDOS SOMOS UM
217
UNIDOS SOMOS UM
218
UNIDOS SOMOS UM
219
UNIDOS SOMOS UM
saber que é inútil, puxa uma espada como o pai de Adam costumava
carregar e grita para nós.
— Vocês nunca vão tomar a minha nave—!
Antes que ele possa até mesmo terminar a frase, um tiro de
canhão Mogadoriano decapita o comandante. Todos nós viramos na
direção de um jovem Mogadoriano segurando um canhão, seu rosto
com uma mistura de alívio e pedido dissidência. John levanta a mão
para despachar este último sobrevivente nascido naturalmente com
uma estalactite de gelo.
— Não! - Adam grita, e pisa no chão. Uma onda sísmica faz com
que toda a nave de guerra balance, e o chão onde Adam bateu o pé
amassa como papel alumínio. John é realmente sai do chão, mas
apenas por um momento. Ele usa seu Legado de voo para flutuar na
posição vertical, parecendo confuso, enquanto ele olha para Adam.
— Não-não o mate - diz Adam.
O Mog em questão, provavelmente da nossa idade e bem
construído, com o cabelo escuro cortado bem curto, joga de lado
seu canhão e cai de joelhos em frente de nós.
— Meu nome é Rexicus Saturnus - o Mog diz, embora eu tenha a
sensação de que Adam já sabe disso. — E eu estou à sua mercê.
220
UNIDOS SOMOS UM
221
UNIDOS SOMOS UM
222
UNIDOS SOMOS UM
223
UNIDOS SOMOS UM
224
UNIDOS SOMOS UM
225
UNIDOS SOMOS UM
— Sim, obrigado.
Os soldados ao redor abrem a boca. Ainda não estão acostumados a
ver pessoas voando por aqui, eu acho. Á medida que caminhamos em
direção à pedra de Loralite, Ella vira para mim.
— Você vai derrotar Setrákus Ra em breve, né?
— Você vai precisar do meu Dreynen - diz ela.
— Eu sei.
— Honestamente, estou surpresa que você não tenha tentado
aprender isso antes.
Eu olho para nossa nave de guerra pairando acima. — Eu precisava
de outros legados primeiro. Precisava ter certeza de que poderia passar
por todos os guardas de Setrákus Ra e chegar até ele. Dreynen só tem
uma utilidade. Como todos os legados que já observei, acho que posso
sentir o Dreynen escondido dentro de mim. A negatividade, um vácuo,
um vazio frio. Na verdade, eu não queria usá-lo. Parece errado.
Como se estivesse lendo minha mente. Ella me dá um olhar sombrio.
— Quando fui prisioneira na Anúbis, Setrákus Ra me fez praticar no
cinco. Não foi divertido.
— Praticar no cinco. Eu deveria ter pensado nisso - eu digo, apenas
para brincar um pouco.
— Setrákus Ra pode usar o Dreynen apenas com o pensamento. Eu
não cheguei a esse nível ainda. Ainda preciso carregar objetos com ele.
Talvez você aprenda mais rápido do que eu...
— Está indo no caminho - eu digo. — Já eu nem tentei ainda.
Ella franze os lábios. — Na verdade, pode ser até melhor assim. Usar
uma arma carregada com o Dreynen, assim como Pittacus Lore fez.
Dessa forma, mesmo se ele tirar seus legados primeiro, você ainda
poderá tirar os dele também.
— Boa ideia - eu respondo, inconscientemente tocando a lâmina de
Cinco, que está revestida e escondida em meu antebraço. — Obrigado.
226
UNIDOS SOMOS UM
227
UNIDOS SOMOS UM
Espio para o céu enquanto Lawson fala. Será que consigo fazer
novamente? Assumir outra nave de guerra mesmo do jeito como estou
me sentindo? Eu flexiono as mãos, sentindo a sensação de ardor nos
meus dedos que não tenho conseguido diminuir. Pedi a Marina para
tentar curar isso, mas ela disse que não sentiu nada de errado. A única
explicação é que forcei meus poderes além do limite, e meu corpo está
mostrando isso agora. Assim como não podemos curar a exaustão, não
podemos curar o dano causado pelo uso tão excessivo de legados.
Quanto mais posso lutar até que eu precise seriamente descansar?
Descansar. Isso é engraçado. Como se houvesse tempo para isso, com
naves de guerra pairando sobre vinte e tantas cidades, simplesmente
esperando Setrákus Ra terminar seus experimentos doentes, ficando
mais forte, e só então podermos atacá-lo. Não posso descansar.
Portanto, a questão é: até onde eu posso me esforçar e quanto dano
posso suportar até que eu entre em algum tipo de colapso?
Acho que vou descobrir.
— Verei o que posso fazer. Enquanto isso, certifique-se de que os seus
amigos estão prontos para iniciar o ataque o mais rápido possível.
Antes de Lawson responder, eu desligo.
Ao terminar de reativar a pedra de Loralite, Ella caminha de volta até
mim. Eu jogo o telefone via satélite, e ela pega com as duas mãos.
— Diga aos outros que coordenem com Lawson os locais para entregar
os dispositivos de camuflagem - eu digo. — Nos encontraremos em
West Virginia. Tragam a nave de guerra. Vamos derrubar a Anúbis e
acabar com Setrákus Ra.
— Huum, bem - Ella diz, e levanta uma sobrancelha. — O que você
vai fazer?
Olho na direção da nossa nave roubada, ainda visível no horizonte.
— Eu vou repetir o que já fiz.
Os olhos de Ella aumentam. — Outra nave de guerra?
— Estou apenas me aquecendo.
228
UNIDOS SOMOS UM
— Espere, John...
Antes de Ella poder tentar me convencer o contrário, saio voando,
como um raio me distancio das Cataratas do Niágara. É assim que tem
que ser. Eu preciso continuar. Não importa o quanto eu me sinta
cansado, preciso continuar lutando.
O sol já está ficando baixo no céu. Levou o dia inteiro para chegar até
aqui, assumir o controle da nave, e organizar todos. Muito devagar.
Forço para voar mais rápido, e sinto algo estranho como se eu
mergulhasse em uma piscina, então decido que vou pra Washington.
Não sou um GPS, não sei exatamente onde estou indo, mas acho que se
continuar rumo ao sudeste verei monumentos e cidades que
reconhecerei, e finalmente, verei meu alvo.
Diga a mim mesmo que será mais rápido assim, mais eficiente, e que
assim será mais seguro para os outros. Mesmo assim, eu acho que, pelo
menos deveria trazer Bernie Kosar comigo. Ele e Areal são parceiros de
luta inestimáveis, e ele poderia ficar em meu bolso do colete até que eu
precisasse dele.
Oh, droga. Meu colete.
Eu olho para mim mesmo e encolho. Eu sou um idiota. Levei algumas
rajadas de tiro de canhão durante meu ataque à nave de guerra. O
dispositivo que eu tinha amarrado junto ao meu peito junto com a
bateria que fornecia energia para ele estão completamente fritos. Estou
voando por aí com duas peças inúteis de plástico amarradas ao meu
corpo.
Com o tremor de desgosto da minha cabeça, solto o colete e deixo cair
abaixo.
Não posso voltar para as Cataratas do Niágara. Ella definitivamente
já deve ter contado aos outros, e eles tentariam me convencer a não sair
sozinho. Parte de mim sabe que essa ideia é louca, que Seis e Marina
jogariam isso na minha cara. Não, não posso voltar para lá.
229
UNIDOS SOMOS UM
Vou ter que fazer uma parada em Patience Creek. Tenho maiores
chances de não enfrentar conversas por lá.
Felizmente, não estou muito longe do lago Erie, e uma vez que eu
estiver perto dele é só refazer o caminho de voo que Lexa fez hoje cedo.
Depois de em alguns momentos voar na direção errada em um trecho e
me encontrar voando em nuvens que me deixaram incapaz de enxergar,
eu vejo na superfície o disfarce da base Patience Creek, que mais parece
um pequeno hotel abandonado, na margem do lago. Mesmo com as
voltas erradas, a viagem foi mais rápida do que se fosse na nave. E estou
apenas começando a usar esse legado de voo.
Meu plano é voar pela caverna alguns metros ao sul do complexo pelo
túnel, e entrar direto na garagem subterrânea, onde eu sei que estão os
dispositivos de disfarce. Entrar e sair. Exceto que quando pouso perto
da entrada principal, algo não parece certo.
O sol está começando a desaparecer, fazendo com que as árvores
lancem longas sombras sobre o chão. Eu sei que Lawson tinha alguns
soldados escondidos aqui, como sentinelas. Talvez a iluminação
estranha esteja mexendo com a minha visão, mas eu juro que não estou
vendo eles.
Eu voo mais baixo e vejo outra coisa. Há um SUV preto estacionado
na entrada de cascalho bem na frente da casa. Isso é incomum. Este
lugar tem sido mantido em segredo exatamente porque usamos a
entrada da caverna como garagem. Nenhum dos homens de Lawson
seria burro o suficiente para estacionar um veículo do governo tão
visivelmente ainda mais em frente a esse local super secreto.
Mas então eu me lembro, eu emprestei um desses carros para outra
pessoa. Por uma questão pessoal.
Mark James.
Eu aterrisso a alguns metros da varanda da velha casa que esconde a
base Patience Creek. Á minha esquerda, o balanço de pneu amarrado a
uma árvore balança suavemente para frente e para trás. Tudo parece
230
UNIDOS SOMOS UM
231
UNIDOS SOMOS UM
232
UNIDOS SOMOS UM
233
UNIDOS SOMOS UM
234
UNIDOS SOMOS UM
235
UNIDOS SOMOS UM
236
UNIDOS SOMOS UM
237
UNIDOS SOMOS UM
238
UNIDOS SOMOS UM
239
UNIDOS SOMOS UM
240
UNIDOS SOMOS UM
241
UNIDOS SOMOS UM
242
UNIDOS SOMOS UM
243
UNIDOS SOMOS UM
244
UNIDOS SOMOS UM
que é possível ver as costuras onde sua pele pálida de mogadoriano foi
rasgada e esticada sob seu novo corpo.
Parece que ele sente dor, e parece que está furioso com isso. Ele
grunhe e se desloca de pé em pé, esperando uma ordem. Phiri Dun-Ra
nota uma das câmeras de segurança, ela não parece preocupada.
— Certamente eles já sabem que estamos aqui - ela diz, então se vira
para o Mog-Píken. — Vá lá embaixo e diga um oi.
O Mog-Píken responde com um grunhido, então abre as portas do
elevador com as mãos e pula no vão.
Logo depois, através do chão, eu escuto tiros e gritos.
Com um sorriso, Phiri Dun-Ra se vira para mim.
— Quantos Garde estão lá, hmm? - Me pergunta. — Quantos amigos
seus eu vou ter que erradicar hoje?
— Eu não... eu não vou te contar merda nenhuma.
Phiri revira os olhos e puxa um canhão de seu quadril. Ela o aponta
para a parte de trás da cabeça do Mark.
— Vai me contar agora? - me pergunta, batendo na base do crânio de
Mark com a arma.
Quando sente a batida em sua cabeça, Mark de alguma forma
consegue se afastar. Alguma coisa dentro dele, um instinto de
sobrevivência, o permite lutar contra o controle do Mog Esguio. Ele solta
a corda, flexiona os dedos como se finalmente tivesse sentindo suas
mãos de novo, e se vira para Phiri Dun-Ra. Ele dá passos hesitantes em
direção a ela. É tudo que ele consegue fazer. Saliva escorre por seus
lábios e ele grunhe; o resultado de lutar contra o controle da mente
mogadoriano é evidente. Phiri nem se quer recua.
Ela olha para o Mog Esguio:
— Ele está lutando contra você - diz ela.
— Ele vai conseguir um aneurisma nesse cérebro frágil antes de
conseguir superar o meu controle - responde ele simplesmente.
245
UNIDOS SOMOS UM
246
UNIDOS SOMOS UM
247
UNIDOS SOMOS UM
248
UNIDOS SOMOS UM
249
UNIDOS SOMOS UM
250
UNIDOS SOMOS UM
251
UNIDOS SOMOS UM
252
UNIDOS SOMOS UM
precisa estar ligada a mim para manter meus Legados roubados, ela não
continua a perseguição.
— Você só está atrasando o inevitável, John - diz ela. Phiri olha para
os dois corpos no chão — Bertrand e Fleur, quase irreconhecíveis, suas
peles carbonizadas — e um novo tentáculo surge do seu braço de gosma,
sondando os dois. Ela suspira. — A faísca lórica nesses dois mal tinha
começado, hmm?
— Você os pegou antes de ficarem maduros - diz o Mog Esguio
enquanto ele e outro nascido artificialmente emergem do cômodo onde
eles se abrigaram. O nascido artificialmente se abaixa para pegar seus
canhões.
Phiri Dun-Ra segura minha coleira. —Nunca consegui a tirar da
minha cabeça— e dá de ombros ao Mog Esguio. Ela olha para mim.
— Eu me pergunto, foi assim que você se sentiu quando invadiu nossa
nave de guerra? - ela faz um som que chega perto de um ronronar. —
Você apreciou aquilo tanto quanto eu estou apreciando isso?
Ela dá um puxão na coleira, e começamos a andar novamente.
Enquanto ela me arrasta por Bertrand e Fleur, eu alcanço os dois. Eu sei
que é fútil—Estou sem Legados enquanto Phiri estiver me
controlando— Mas eu me abrigo em uma esperança desesperada que de
alguma forma eu vou conseguir usar meu Legado de cura neles. Meus
dedos encostam no ombro de Fleur; nada acontece, e eu sou forçado a
seguir adiante.
Viramos o corredor por onde Nigel e Ran fugiram, com os nascidos
artificialmente novamente liderando o caminho. A esse ponto, a única
coisa que eu posso fazer é atrasar o avanço dos mogadorianos.
Ignorando os cortes do laço de Voron, eu sigo Phiri o mais devagar que
consigo.
Não é exatamente uma estratégia defensiva, percebo que minha visão
começa a escurecer. Estou perdendo muito sangue. Em um momento,
eu caio apoiado em meus cotovelos e escuto meu ombro estalar. A dor é
253
UNIDOS SOMOS UM
tão forte e estou tão desorientado, que nem tenho mais certeza de onde
estamos em Patience Creek.
Não acredito em como isso vai acabar.
O som de luta ecoa por toda a base militar. Ao longe, escuto tiros e
gritos. Sons de batalhas perdidas ao longe. Continuamos nos corredores
quietos, caçando retardatários.
— Ali! - o Mog Esguio grita.
Olho para cima imediatamente, espiando por entre as pernas de Phiri
Dun-Ra. Os nascidos artificialmente imediatamente miram e abrem
fogo.
— Merda! - Sam grita enquanto se joga no chão para se refugiar em
um canto.
Ah não. O Sam não. Por favor, o Sam não. Eu não quero ver isso.
Ele não correu como eu mandei. Ele não fugiu. Ele está sozinho agora.
Não sei o que aconteceu com Malcolm e os outros cientistas, nem com
as Chimærae que estavam com eles, mas eu não consigo evitar imaginar
o pior. Antes de ele sumir de vista, percebi que Sam não está carregando
aquela mochila pesada. Talvez ele a tenha escondido em algum lugar, ou
talvez a tenha perdido durante a luta.
Os nascidos artificialmente avançam em direção a ele. Eles precisam
pular para trás quando Sam usa um canhão para atirar sem sair do canto.
— John?! - ele grita. — É você?
— Sam... - eu suspiro fracamente. — Sam, sai daqui.
— Eu vou te salvar, John! - grita ele de volta.
Phiri Dun-Ra dá uma risadinha.
— Awn, que tocante. Peguem-no e o tragam para mim. Eu quero fazer
isso devagar.
Como ordenado, os guerreiros marcham até a esquina do corredor.
Phiri, o Mog Esguio, alguns nascidos artificialmente e eu seguimos atrás,
seguros de qualquer tiro perdido. Consigo ouvir os passos de Sam pelo
corredor, correndo de seus agressores.
254
UNIDOS SOMOS UM
255
UNIDOS SOMOS UM
256
UNIDOS SOMOS UM
257
UNIDOS SOMOS UM
abaixa. Ele não parou quieto desde que subimos a bordo. Eu gritaria
para que ficasse quieto se não estivesse me sentindo da mesma
forma. Completamente inútil.
Marina e Ella estão sentadas de frente uma para outra. Ella está
com os olhos fechados, tentando usar algum tipo de magia
telepática. Está com o rosto franzido e há um ponto de sangue sob
seu nariz. Marina capta meu olhar e balança ligeiramente a cabeça.
— Ela já não é tão forte como era antes – Marina diz suavemente.
Tenho notado que o brilho de energia Lórica que rodeava Ella
depois que ela se jogou na fonte de energia da Entidade
desvaneceu-se gradualmente durante os últimos dias. Está
especialmente mais apagada depois que ela reativou a pedra de
Loralite nas Cataratas do Niágara. Na reunião com Lawson ela foi
capaz de espiar Setrákus Ra telepaticamente estando à milhas de
distância. Agora, tentar alcançar Patience Creek com sua mente
parece demandar muito esforço.
— Que timing perfeito – digo.
Marina estende o braço e aperta minha mão.
— Sam vai ficar bem – diz ela.
Belisco a ponta do meu nariz. — Sim, claro. Você não sabe disso.
— É o destino Seis. Lorien não lhe daria esses Legados – a ele ou
a nenhum dos outros humanos que se uniram a nossa guerra – se
eles não estivessem destinados a um papel importante na batalha
final.
— Você tem muito mais fé do que eu - digo a Marina
amargamente. — Tudo isso é aleatório, se quer saber. Quero dizer,
se ter Legados é obra do destino, como você me explica um pedaço
de merda como o Cinco? Ou Setrákus Ra?
— Eu... – Marina sacode a cabeça sem saber como responder.
Ella abre os olhos, respira profundamente e limpa o sangue do
nariz. Em seguida olha para mim e balança a cabeça.
258
UNIDOS SOMOS UM
259
UNIDOS SOMOS UM
260
UNIDOS SOMOS UM
261
UNIDOS SOMOS UM
262
UNIDOS SOMOS UM
263
UNIDOS SOMOS UM
264
UNIDOS SOMOS UM
265
UNIDOS SOMOS UM
266
UNIDOS SOMOS UM
- Vamos ver o que tem para mim, garoto – Phiri diz. E o extremo da
cauda afiada esbofeteia Cinco, buscando o espaço vazio de seu olho. Ela
se unirá ao Cinco assim como fez comigo.
É quando vejo a lamina de Cinco abandonada no chão. Um dos Mogs
que se converteu em cinzas deve tê-la levado junto.
— Cinco! – grito, chamando sua atenção já que ele começa a ficar azul.
Estico minha perna o máximo que consigo e chuto a lâmina até ele.
Espero que possa escutá-la deslizando no piso.
Antes que Phiri possa se conectar à Cinco , ele utiliza sua telecinese
para pegar sua espada e atá-la a seu braço. É tão natural, me dá a
sensação que não é a primeira vez que Cinco faz esse movimento. E o
que vem depois... bem, se é que Cinco tem experiência nessa área...
Com uma alegria maníaca, Cinco apunhala Phiri Dun-Ra. Ele corta o
tentáculo que estava em volta de seu pescoço até que não seja mais que
uma pasta e que seja capaz de deixá-lo cair no chão. Sua pele adquire a
textura endurecida novamente, e bem a tempo de absorver uma chuva
de fogo desesperada de Phiri. Sem se deter, Cinco vai direto a massa de
lodo no ombro dela, mutilando até que os tentáculos caiam e se
transformem em cinzas. Phiri grita de frustração, assim que sua adição
doentia volta a crescer. Cada vez que o faz, Cinco parece mais feliz em
ter a oportunidade a reduzir a pó o que vê. Quase tinha me esquecido do
quão sádico ele é.
— Só mate ela de uma vez por todas, Cinco! – grito caindo de volta ao
chão e faço uma careta ao ver o tamanho do rastro de sangue que ficou
para trás.
—Não me apresse! – grunhe.
Um Mog surge das sombras atrás de Phiri Dun-Ra. Esta deve ser a
extração que estava pedindo a gritos há alguns segundos. Ele envolve os
braços na cintura de Phiri Dun-Ra e dá um pulo para trás, as sombras os
envolvendo como líquido, ao redor deles, tragando-os.
267
UNIDOS SOMOS UM
Exceto que Cinco não à solta. Enterra sua espada no ombro de Phiri e
agora se lança nas sombras atrás deles. O tele transporte foi extremante
silencioso. Em um segundo estão aqui e no seguinte o cômodo está
completamente quieto. Aonde quer que o Mog Sombra levou Phiri,
levou o Cinco com eles.
— John!
Sam cai de joelhos no chão junto a mim. Posso dizer olhando em seu
rosto que estou um desastre. Há feridas pulsantes nas minhas coxas e
nas costas, ossos quebrados em meu braço e feridas profundas em torno
do meu pescoço. Tudo está pegajoso por causa do meu sangue.
— Estou... estou bem. – digo.
— Más que merda, não, definitivamente não está – ele responde —
Você pode se curar?
— Estou me curando – digo.
Sam me olha de cima a baixo. — Não. Está sangrando.
— Isto... vai demorar.
Agora que estou separado de Phiri Dun-Ra, sinto meus Legados
voltando pouco a pouco. Com um pouco de esforço, levanto meu braço
e examino a ferida pulsante abaixo dele. A lama negra está sendo filtrada
e expelida para fora do meu corpo. Uma vez que tudo isto estiver fora de
meu sistema, espero que meus poderes voltem com força. A única
questão será, se eu terei força para usa-los.
Sam corta um pedaço de sua camiseta e o coloca em meu pescoço.
— Este corte não se fecha nem um pouco – diz.
— Não, - eu digo. Debilmente sustento a corda. — Usaram aquele
Legado Voron em mim. Assim como Pittacus Lore fez a Setrákus Ra.
— Ah cara, vai ficar uma cicatriz – murmura Sam, movendo a cabeça.
Há movimento no teto. Vejo o Mog Sombra em tempo. Ele cai da
escuridão com um pé para frente, e nos aponta um canhão. Veio acabar
conosco.
268
UNIDOS SOMOS UM
269
UNIDOS SOMOS UM
270
UNIDOS SOMOS UM
271
UNIDOS SOMOS UM
272
UNIDOS SOMOS UM
— Pode ser - digo. — Cinco só acabou com o esquadrão que veio atrás
de mim. Não estou certo de quantos ainda tem, mas...
Todos podemos escutar ao mesmo tempo. Fortes passos que vibram
pelo corredor. Muito perto.
— Há algo grande - eu lhes digo. — Está caçando. Está...
— Despedaçando todos - diz Lawson. — Nos vimos os corpos.
Sam encara Christian. — Provavelmente ouviu seu disparo.
Seguimos em frente, nos apressando através do corredor,
ziguezagueando por outro. Porém, o Píken-Mog tem o nosso cheiro.
Posso ouvi-lo atrás de nós, cada vez mais perto gemendo com
entusiasmo.
Me dou conta que sou o único que nos atrasa. Olho por cima do
ombro e vejo sua sombra gigantesca movendo-se pelo corredor que
acabamos de passar.
— Vão - digo aos outros. — Cheguem ao elevador. Irei atrasá-lo.
Não nem ideia de como vou fazer isso, mas eles não têm que saber.
— John, não seja estúpido - diz Sam, e me arrasta pelo caminho, e me
sinto impotente em não poder detê-lo.
— E um garoto corajoso - Lawson resmunga. — Mas você e o nosso
maior ativo. Se vamos sair disso, vamos precisar de você.
O Píken-Mog aparece aproximadamente quarenta e cinco metros no
corredor. Ruge, emocionado porque finalmente nos tem na mira. A
coisa, apenas mais que um animal, bate seus punhos grossos contra a
carne que tem cicatrizes de seus volumosos peitorais.
Lawson se vira para Caleb e Christian. — Fiquem alerta.
Os gêmeos assentem ao mesmo tempo. Christian imediatamente da
meia volta e começa a caminhar até o Píken-Mog.
— Pare! – eu grito e então me viro para Lawson. — Está louco? Não
pode simplesmente enviá-lo para morrer.
A princípio, o Píken-Mog parece confuso com tudo isso, algum resto
de seu celebro natural registra que este solitário humano deve está
273
UNIDOS SOMOS UM
louco. Mas então, com uma linha de baba escorrendo pela sua
mandíbula, o Píken-Mog investe dirigindo-se até Christian.
— Está tudo bem - interrompe Caleb. — Veja.
É claro que vejo. Não conseguiria afastar os olhos nem se eu quisesse,
incluindo ainda voltando pelo corredor. Christian descarrega sua pistola
no Píken-Mog, mas as balas são absorvidas ou desviadas por sua grossa
pele.
Lawson faz uma careta. — Esperava que as balas fizessem o trabalho.
— É esse o seu plano? – grita Sam, com os olhos assustados.
O Mogadoriano do tamanho de um gorila alcança o Christian em
segundos e com sua mão esmaga a cabeça do rapaz. O levanta e o esmaga
primeiro contra a parede e depois contra o chão. Christian não faz
nenhum ruído. E ele sege arremessando. E logo depois de um golpe
particularmente asqueroso contra o chão, Christian evapora em um
estampido de energia azul. O Píken-Mog fica confuso.
— O quê...? – Sam exclama.
Ao meu lado, Caleb começa a brilhar. Todo o seu corpo começa a
vibrar, ficando fora de foco, partindo-se.
Um segundo depois, há mais dois dele. Duas novas versões de Caleb.
Eles piscam os olhos, para se orientarem, e logo olham o original. Caleb
mostra o Píken-Mog com a cabeça, e eles se jogam nessa batalha sem
esperança.
Ele nunca teve um irmão gêmeo. É um Legado. Ele pode se duplicar.
— Dois de uma vez - diz Lawson. — Está cada vez melhor, filho.
— Obrigado. – Caleb responde já que nos retiramos. Ele parece um
pouco tonto. Atrás de nós, eu escuto a surra que o Píken-Mog dá nestes
novos gêmeos. Uma olhada sobre o ombro revela que estão lutando
melhor que Christian, copiando e correndo para distrair a besta. Eles
não vão durar muito tempo, mas ao menos eles devem detê-lo por um
tempo.
— Tenho umas perguntas para você - eu digo a Caleb.
274
UNIDOS SOMOS UM
275
UNIDOS SOMOS UM
276
UNIDOS SOMOS UM
277
UNIDOS SOMOS UM
278
UNIDOS SOMOS UM
279
UNIDOS SOMOS UM
280
UNIDOS SOMOS UM
281
UNIDOS SOMOS UM
282
UNIDOS SOMOS UM
283
UNIDOS SOMOS UM
284
UNIDOS SOMOS UM
285
UNIDOS SOMOS UM
Uma vez mais Lexa nos leva ao norte das Cataratas do Niágara. A
viagem é tranquila e sombria, todo mundo está muito cansado ou
pensando muito, para dizer algo. John dorme pelo que deve ser a
primeira vez em vários dias. Marina está junto a ele, com seus olhos
atraídos pela ferida em seu pescoço que desafia a sua capacidade de
cura. Cinco decidiu não ir na nave, e só voar junto a ela. Uma decisão
que eu creio que todo mundo ficou agradecido.
Sam e Malcolm utilizam o tempo para ligar para mãe de Sam. É
uma conversa entre lágrimas, uma que eu trato de não escutar às
escondidas. Do outro lado da nave, de frente para mim, Nove chama
minha atenção.
— Deve ser agradável ter pessoas para dizer adeus – diz em voz
baixa.
Franzo a testa. — Nada de dizer adeus a ninguém, Nove.
—Vamos Seis. De verdade acredita que isso é certo?
Quando chegamos às Cataratas do Niágara, Adam e Rex já
terminaram de preparar as nossas encomendas. Os dois mogs
empacotaram nas mochilas de alta resistência (cortesia dos
286
UNIDOS SOMOS UM
287
UNIDOS SOMOS UM
288
UNIDOS SOMOS UM
289
UNIDOS SOMOS UM
290
UNIDOS SOMOS UM
291
UNIDOS SOMOS UM
292
UNIDOS SOMOS UM
293
UNIDOS SOMOS UM
294
UNIDOS SOMOS UM
295
UNIDOS SOMOS UM
— Olha Nove, se você está dizendo tudo isso porque acha que vamos
morrer lá em baixo, não é necessário.
— Não cara, não há nada certo sobre mim - Nove diz, travando os
olhos em mim. — Eu definitivamente quero sobreviver à essa merda.
Você por outro lado, você tem todo esse voar longe sozinho e não preciso
de amigos e tal... você está com tanta raiva por dentro que parece que vai
se explodir. Como se não se importasse com você mesmo.
Eu começo a protestar, mas Nove levanta a mão. — Não cara, isso é
legal. Porque os outros parecem não ter percebido, mas eu sim. Deixe
todo esse ódio para trás John. Faça o que tiver que fazer cara. Mas eu
não quero que você morra, e deixe toda essa merda na minha
consciência.
— Ok, Nove - eu respondo, balançando a cabeça. — Você está
perdoado.
— E também - continua ele, — você deve saber que eu prefiro que
você e eu possamos sair dessa vivos. Você é meu irmão cara, será ótimo
se conseguirmos.
Antes que eu possa pará-lo, Nove me dá um forte abraço de urso. Não
dura muito tempo, e termina com ele batendo nas minhas costas com
força suficiente para me fazer tossir.
— Você é o melhor ajudante que um cara poderia ter - diz ele.
— Vá se ferrar, Nove - eu respondo.
Ele sorri para mim. — Vejo você lá fora, Johnny.
Nove me deixa sozinho no Deck de Observação. Eu pego o meu
punhal Voron e o prendo em meu antebraço. Estamos chegando perto
da Caverna em West Virginia agora. Eu deveria descer e me aprontar.
Em vez disso, eu fico aqui, pensando no que ele disse. Ele está certo?
Será que eu não quero sobreviver? Tento imaginar como seria um
mundo onde derrotamos Setrákus Ra e eu ainda vivendo. Eu costumava
ter devaneios imaginando algo assim.
Agora, não consigo imaginar isso.
296
UNIDOS SOMOS UM
297
UNIDOS SOMOS UM
298
UNIDOS SOMOS UM
299
UNIDOS SOMOS UM
300
UNIDOS SOMOS UM
lembro dos sons que vinham desses corredores na última vez que visitei
a Base, gritos de animais sendo torturados e outros que não consigo
imaginar o que eram. — Acho que se ele está nessa montanha, é lá
embaixo que vamos encontrá-lo. É onde são criados os nascidos
artificialmente. É onde ele vai estar trabalhando em seus experimentos.
— Você acha que ele não vai vir até a porta dizer “olá” quando
batermos? - diz Nove.
— Você está certo - eu digo. — Ele também poderá sair para lutar. De
qualquer maneira, ele e tudo o que ele tocou será destruído. Assim que
o sol nascer, ele será apenas poeira e cinzas numa porra de cratera
gigante.
— Você faz tudo parecer tão fácil - Cinco murmura.
— Oh, não vai ser fácil de jeito nenhum - eu respondo. — Mas
podemos fazer isso. Nós temos que conseguir fazer isso.
— Bom, isso é tudo - Seis acrescenta. — Isso é tudo.
Percebo alguns dos meus amigos me olhando com expectativa. Tento
pensar no tipo de discurso que eu daria alguns dias atrás, quando Sarah
ainda estava viva.
— Olha pessoal, não há mais nada que eu possa dizer. Nós viemos até
aqui juntos, e vamos passar por isso juntos. Não vamos mais correr, não
vamos mais nos esconder, sem mais palavras. Lutaremos até vencer.
Aceno com a cabeça para todos. Olho para cada rosto bem nos olhos,
estou espantado com a calma que estou sentindo. Eu olho por cima do
mapa para a montanha, para a noite. As estrelas brilham lá fora.
Está na hora.
— Estou indo para a Anúbis - eu digo. — Eu vou dizer quando estiver
limpo e puderem se aproximar.
— Se cuide - Marina diz, suas palavras ecoam como se todos
dissessem o mesmo.
— Adam, pode me ajudar abrir a Comporta? - eu pergunto. O
Mogadoriano levanta uma sobrancelha para mim, surpreso com meu
301
UNIDOS SOMOS UM
pedido para ajudar a fazer algo que ele sabe que eu poderia fazer
sozinho. Ele não faz nada. Apenas balança a cabeça e me segue pro
corredor.
Juntos, nós andamos pelos corredores vazios da Nave de guerra. Os
vestígios do nosso ataque anterior ainda permanecem, cinzas
Mogadorianos estalam debaixo de nossos pés. Adam não diz nada. Ele
espera que eu fale alguma coisa.
— Ouça - eu começo, quando estamos longe o suficiente para ter
certeza que nem mesmo os que tem Audição Aguçada poderão ouvir. —
Assim que você desativar o campo de força, eu preciso que você volte
para Nave aqui.
— Ok... - diz Adam.
— Há uma chance de as coisas não acontecerem como planejamos lá
em baixo - eu continuo. — Se esse for o caso, eu vou te avisar
telepaticamente. Quando eu o fizer, não importa o que, não importa
quem tentar impedir você, preciso que você dispare o canhão de energia
da Nave. Destrua a montanha inteira. Tudo. Não importa se ainda
estivermos lá dentro. Setrákus Rá e seus experimentos malignos não
podem continuar a existir.
Adam para no meio do caminho e segura meu braço. — Você tá
falando sério?
— Você sabe que estou.
A mão dele aperta meu braço, em seguida ele me solta. Mas mantém
um tom de medo. — Por que você está me pedindo para fazer isso,
John? Só porque eu sou Mogadoriano acha que eu tenho o coração de
pedra? Acha que não me importo com o que acontece com vocês?
— Não - eu digo, segurando-o pelos ombros. — Eu sei que você se
importa, Adam. Eu sei que provavelmente vai morrer se fizer isso. Mas
você sabe que estou certo. É o único jeito. Parar Setrákus Ra é mais
importante do que... do que qualquer outra coisa. Se o pior acontecer,
você vai ter que puxar o gatilho e acabar com isso.
302
UNIDOS SOMOS UM
Adam me olha nos olhos por alguns segundos, em seguida, olha para
o lado. Ele dá um passo para trás e minhas mãos caem de seus ombros.
— Ok, John - ele só diz isso.
— Ok.
Eu realmente não preciso dele para me ajudar a abrir a saída.
Sozinho, eu passo através do Ancoradouro da nave de guerra que
devastamos quando a invadimos, abro a saída e saio voando no céu
noturno. O deserto passa por baixo de mim, parece tão pacifico,
intocado. O vento enche minhas roupas, acho isso bom por causa do
suor em minhas costas.
A montanha escura num tom roxo toma forma diante de mim. Me
esperando.
Então eu fico invisível.
A Anúbis paira sobre a montanha, parece um inseto gigante. Seu casco
metálico reflete a luz do luar. Holofotes na barriga da Anúbis iluminam
tudo ao redor da montanha, incluindo o espaço em torno da entrada e
parte dos bosques que ficam perto da entrada. Eles estão nos esperando.
A Anúbis gira lentamente em torno do pico da montanha, assim como
fez em Nova Iorque.
Desta vez, porém, eu não estou fugindo.
Do meu bolso de trás, pego meu telefone por satélite. Disco o número
do General Lawson e digo duas palavras simples.
— Abrir fogo!
Não preciso ouvir a resposta. Eu sei o que vai acontecer em seguida.
Logo, no mundo inteiro, começarão a contra-atacar.
Eu deixo cair o telefone. Que se esmaga na floresta algumas centenas
de metros abaixo. Não vou mais precisar dele. Sem mais conversa, nada
mais de política.
Alcanço a Seis telepaticamente.
“A Anúbis está sobre a montanha. Preparem-se”.
303
UNIDOS SOMOS UM
Olho para trás na direção em que eu vim. Nossa Nave de guerra está
muito longe para conseguir ver, mas as nuvens de tempestade não.
Grossas e escuras, elas vão apagando as estrelas, arruinando o que era
um céu perfeitamente iluminado e claro. Relâmpagos e o vento forte me
fazem arrepiar, posso ouvir granizo caindo em algum lugar. Eles passam
por mim, seu alvo é a Anúbis.
Vai ser uma tempestade como os Mogadorianos nunca viram antes.
Estamos chegando.
304
UNIDOS SOMOS UM
305
UNIDOS SOMOS UM
306
UNIDOS SOMOS UM
307
UNIDOS SOMOS UM
308
UNIDOS SOMOS UM
309
UNIDOS SOMOS UM
310
UNIDOS SOMOS UM
311
UNIDOS SOMOS UM
312
UNIDOS SOMOS UM
313
UNIDOS SOMOS UM
314
UNIDOS SOMOS UM
315
UNIDOS SOMOS UM
Seis parece quase tão acabada quanto eu. Seu cabelo está uma
bagunça, emaranhado em seu rosto como se ela tivesse saído de dentro
de um vendaval, e toda suada.
— Por enquanto está tudo bem - diz ela.
— A tempestade mais bonita que eu já vi - eu digo a ela.
Lexa já está sentada no assento do piloto da nossa Nave, Marina
segura uma espingarda. Adam senta-se na parte de trás, com um canhão
Mogadoriano em seu colo. Ele evita fazer contato visual comigo. Eu noto
um barulho vindo de sua roupa, e percebo que ele está com o Areal
transformado em um rato cinzento até que chegue a hora da luta.
Nove está de pé quase em frente de Adam, e Bernie Kosar vem
trotando atrás dele. Cinco segue Nove, mas para em frente a mim e Seis,
seu único olho olhando animado pro show de luzes lá fora.
— Vocês sabem que eles vão atirar em nós assim que voarmos para
fora daqui né - diz ele.
— Não se nós dermos algo mais para eles atirarem - eu digo.
Seis e eu empurramos Cinco pra fora da Nave, e fechamos a porta
imediatamente.
— Pronta? - eu pergunto a Lexa.
— Dê a ordem - ela responde.
Sam e Rex, estão manobrando nossa Nave de Guerra, que fica
posicionada de modo que as portas do compartimento de carga ficam
bem acima da horda de Mogs reunidos lá em baixo. Eles lotaram a área
em frente da entrada da montanha e continuam atirando, também não
podemos atirar enquanto o escudo estiver ativado. Eles já perceberam
que nosso escudo continua intacto, mesmo assim continuam tentando.
Acho que eles ficaram loucos por termos destruído a nave mãe deles.
— Tudo bem, todos que tem telecinese, empurrem esses
Escumadores pra saída do compartimento de carga - eu digo, indicando
316
UNIDOS SOMOS UM
317
UNIDOS SOMOS UM
Cinco sai voando levando Seis e Adam, um em cada braço, para fora
da saída da nave. Eles ficam invisíveis antes de sair da Nave. Cinco
parece um inseto voador. Eu tenho que confira que ele vai levá-los ilesos
sobre essa massa de Mogs até a entrada da base.
Então, eu, Nove, Marina e BK lideramos o ataque de frente.
Nenhum de nós diz nada ao avançar em direção ao caos, á direita
centenas de Mogs estão prontos para nos matar. Não precisamos mais
discutir estratégia. Já fizemos isso antes.
Assim que descemos da rampa, Lexa decola com a Nave. Ela não voa
reto para cima. Em vez disso, ela vai decolando como um avião pela
horizontal derrubando a primeira onda de Mogs. Sou grato por isso.
Fogo dos canhões Mogadorianos queimam o ar que nos rodeia. Com
o caos criado pela partida de Lexa, pelas explosões aéreas e o fato de que
estão todos amontoados em frente á entrada da caverna, os Mogs
começam a tropeçar uns nos outros em confusão assim que correm
direto para nós. Mesmo assim, Nove e Marina não perdem tempo e
imediatamente os desarmam jogando suas armas pra longe. Logo,
começa a chover canhões, pois eles trazem os canhões de volta, e eles
acertam os Mogs pela cabeça.
Eu uso minha visão-pedra, pintando a linha de Mogs mais próxima
de nós. Assim que faço isso, Marina estilhaça as estátuas de Mogs
petrificados com colunas de gelo nascendo do chão. Seus corpos
quebram em cacos quando Nove usa sua telecinese para jogá-los uns nos
outros. Estamos cercados por uma chuva de meteoros formados pelos
Mogs petrificados que Nove quebrou e jogou pra cima. Os detritos nos
dão cobertura, desviando a atenção deles e seus tiros de canhão
também.
Alguns Píkens estão espalhados na multidão de Mogs. As grandes
bestas parecem estar confusas e acabam pisoteando alguns Nascidos
artificialmente. Imponentes com seus corpos musculosos, eles parecem
uma mistura de um gorila e um boi, com presas, garras, e pele cinza com
318
UNIDOS SOMOS UM
319
UNIDOS SOMOS UM
320
UNIDOS SOMOS UM
321
UNIDOS SOMOS UM
322
UNIDOS SOMOS UM
Eu pulo para fora da ponte e voo para baixo para ajudar Cinco. BK me
segue, de volta a sua forma de Grifo. Eu rapidamente olho pelo meu
ombro e vejo Nove, curado, correndo, usando seu legado antigravidade
para correr pelas paredes. Marina se agarra a ele pelas costas.
Quando chego mais perto, dou uma olhada nesse melhorado Toda a
sua parte inferior do corpo está faltando. Da cintura para baixo, não há
nada, ele parece ser feito de algo semi-sólido. Seus membros balançam
e o impulsionam no ar. Sua mandíbula e boa parte do tórax também
estão faltando. Parece que ele não consegue parar de gritar, um spray
verde ácido espuma pela sua boca. Deve ter sido isso que queimou Nove,
é o que está atormentando o Cinco, o spray de ácido atravessou até
mesmo sua pele revestida de metal.
O melhorado não me vê chegando. Ele está prestes a dar mais um
passo na direção de Cinco quando eu bato nele a toda velocidade com os
dois pés nas costas dele. Eu o acerto e jogo duzentos metros abaixo,
sobre uma ponte, onde ele se esmaga e faz um som de algo molhado
sendo quebrado, e para de se mover.
Cinco aterrissa perto de mim, e sem compaixão, enfia a lâmina na
parte de trás da cabeça do melhorado já morto. Para ter certeza, eu acho.
Ele olha para mim; e, pela primeira vez, eu acho que vejo Cinco
assustado.
— Você viu aquilo? - ele me pergunta.
— Vi sim.
— Porque...? - ele balança a cabeça. — Ele prometeu aos Mogs, ele
me prometeu, novos Legados. Mas quem iria querer algo assim?
Balanço a cabeça e me aproximo de Cinco, toco seus braços e ombros
para curá-los. Ele se afasta de mim por um momento, mas então se
acalma e me deixa curá-lo.
— Ele é um louco, Cinco - eu digo. — Você foi criado por um louco.
— Ele tem que morrer - ele diz.
323
UNIDOS SOMOS UM
324
UNIDOS SOMOS UM
325
UNIDOS SOMOS UM
Matar ou morrer.
Setrákus Ra levanta a mão, e uma nuvem de liquido em forma de
escudo se estende em frente sua mão. Minha bola de fogo é absorvida.
Não importa.
Com ele distraído, eu arremesso meu punhal nele. E uso minha
telecinese para aumentar a velocidade.
A lâmina se enterra em seu ombro, perfurando direto através de sua
armadura. Uma ferida que ele não conseguirá curar graças ao Voron, que
estava carregada com meu Dreynen.
Mas, pareceu muito fácil. Quase como se ele quisesse que eu o
acertasse.
— Muito bem, John - Setrákus Ra diz presunçosamente. — Você já
domina o Dreynen.
Nada acontece. Ele ainda flutua. Ele ainda sorri.
— Você tirou minha conexão com Lorien. Não serei capaz de tirar
seus Legados - Setrákus Ra diz. — Não importa.
Setrákus Ra arranca a Adaga Voron de seu ombro e a joga de volta
para mim. Eu voo para o lado, e atrás de mim, Nove segura a Adaga com
sua telecinese.
— Sou superior agora. Estou além de míseros Legados. Seus poderes
vêm de um ser primitivo, aleatoriamente, sem razão nenhuma. Meus
experimentos me permitem escolher, sem ser limitado pela vontade de
uma entidade externa, posso usar minha imaginação. Que, aqui entre
nós, é impressionante.
A ferida no ombro não cicatriza. Em vez disso, ela se enche de liquido
preto.
Eu mal acabo de processar isso, e enfurecido me impulsiono para a
frente. Se o Dreynen não funcionou, há outro jeito.
Força bruta.
Eu acerto Setrákus Ra com meu ombro. Ele mal se move, rapidamente
aciono meu Lúmen, meus punhos jorram chamas incandescentes, dou
326
UNIDOS SOMOS UM
um soco, dois socos, três socos. Mas ele move apenas a cabeça para o
lado para desviar, com uma velocidade impossível.
Ele segura meu próximo soco. Sinto o cheiro de carne queimada
quando a mão dele cobre a minha. Ele parece nem ter notado.
— Depois de todos estes anos - Setrákus Ra diz, estamos cara a cara
agora. — Você ainda não entendeu?
Cinco chega rapidamente por trás de Setrákus Ra e começa esfaqueá-
lo nas costas. Ele atravessa sua lâmina afiada através da garganta de
Setrákus Ra, e vai rasgando-a até a bochecha.
Cada ferida é rapidamente preenchida pelo liquido preto.
O braço livre de Setrákus Ra gira em 180 graus. Sua mão vira como se
ele fosse completamente articulado, e sem se afastar de mim, agarra o
Cinco pela garganta. Agora ele está segurando a nós dois.
— Você nunca poderia me vencer - Setrákus Ra termina seu
pensamento. — Vocês todos só foram enviados aqui para morrer.
Então ele esmaga minha mão. Sinto cada músculo, cada junta ficar
compactada. A dor é insuportável. Ele me joga para longe dele com tanta
força que perco o controle do meu voo. Felizmente, Nove salta no ar e
me pega pela cintura. Marina se posiciona e cria um bloco de gelo sobre
o lago de liquido negro onde eu e Nove pousamos em segurança.
Nove olha para mim, com os olhos arregalados. — John, o quê... O
que diabos são esses poderes?
Eu engulo seco, tentando curar rapidamente minha mão, faço uma
careta quando os ossos esmagados voltam ao lugar. — Eu não sei.
Enquanto isso, Setrákus Ra balança o braço, que volta a posição
normal, ainda segurando cinco pelo pescoço. Cinco parou de esfaqueá-
lo e está tentando desesperadamente abrir os dedos de Setrákus Ra.
— Você - diz Setrákus Ra. — Uma das minhas maiores decepções. O
poder que eu poderia ter dado a você, rapaz...
327
UNIDOS SOMOS UM
328
UNIDOS SOMOS UM
329
UNIDOS SOMOS UM
330
UNIDOS SOMOS UM
331
UNIDOS SOMOS UM
quando eles deixam corpos. Me faz sentir algo quase como se fosse
culpa. — Talvez devêssemos ter ajudado ela.
Adam balança a cabeça. — Ela tentaria nos matar - ele responde.
— Rex não fez isso.
— Se houver outros Mogadorianos simpáticos como o Rex, não
vamos encontrá-los no calor da batalha - Adam responde.
Adam encontra a inteface à direita e começa a apertar alguns
botões. Um símbolo pisca em sua tela exibindo um aviso no idioma
Mog. Ele faz um barulho irritante como se fosse um chaveiro.
— Eu tenho que passar por um protocolo de segurança - diz ele.
— Veja se há um cartão chave em um desses corpos.
Rapidamente eu revisto os uniformes Mogadorianos. Eu encontro
um chip de plástico no bolso da frente da primeira nascidos
naturalmente que verifico, assopro um pouco de pó e entrego o chip
a Adam.
— Ótimo - ele diz. Ele insere o chip, puxa uma alavanca, e
segundos depois há um som elétrico alto. Adam vira para mim, —
Escudos desativados.
— Impressionante - eu respondo. Sinto cócegas em minha mente,
como se por um momento alguém estivesse ocupando espaço em
meu cérebro. É Ella nos observando. Ela provavelmente já relatou
nosso progresso pro John. Eu bato palmas. — Vamos acabar com
isso.
— Espere - Adam diz hesitante. — Há algo que eu preciso te dizer
antes, antes que seja tarde demais.
Eu coço a cabeça. — Agora?
Adam balança a cabeça, os lábios se apertam. — John me pediu
para voltar à nossa Nave e destruir essa montanha. Se vocês não
conseguirem derrotar Setrákus Ra ele quer que eu destrua tudo,
mesmo se vocês não conseguirem sair a tempo.
Penso nisso por um momento. — Tudo bem. O que mais?
332
UNIDOS SOMOS UM
333
UNIDOS SOMOS UM
Areal age rápido. Ele corre para longe de Adam, sua forma de
lobo se completa, o pelo cinza eriçado, costas musculosas, dentes
rangendo. Ele acerta Phiri Dun-Ra com suas patas dianteiras
enormes, e pula. Seus dentes quase se fecham no rosto de Phiri
Dun-Ra, mas ela consegue inclinar a cabeça para trás, apenas o
suficiente para escapar da morte um de seus tentáculos se enrola em
Areal, e o amordaça. Os outros tentáculos começam a penetrar o
corpo de Areal. Ainda assim, a Chimaera luta, arranhando-a e
pressionando seu peso em cima dela.
Logo que Areal a ataca, o tentáculo da Phiri sai de mim. Eu
provavelmente cairia se Adam não me pegasse. Ele aperta a mão
contra minha ferida, me ajudando a encostar na parede. Meu sangue
forma bolhas em sua mão, e eu posso dizer pelo pânico nos olhos
dele que eu não pareço nada bem.
— Seis, precisamos ir até Marina ou John—
Adam é interrompido por um grito, e, em seguida, um peso
pesado se choca contra nós dois. É Areal, foi jogado longe por
aquela doente Phiri Dun-Ra. A pele dele está encharcada de sangue,
os buracos feitos pelos tentáculos de Phiri diminuem quando ele
diminui sua forma. Ele tenta ficar de pé, mas nem consegue mexer
as pernas. Os olhos escuros de Areal se fixam em Adam quando ele
se ajoelha ao seu lado, choraminga uma vez, e em seguida seus
olhos param.
Adam grita.
Phiri Dun-Ra está de pé, o rosto e o peito coberto de marcas das
garras de Areal. Adam pega seu canhão e atira. Ele acerta ela uma
vez no peito, mas os próximos dois tiros são absorvidos por seus
tentáculos. Ela se abaixa e corre para trás alcançando a porta,
correndo para se esconder.
“Seis!” - é a voz de Ella na minha mente. “Estou enviando os outros
para ajudar você!”
334
UNIDOS SOMOS UM
335
UNIDOS SOMOS UM
336
UNIDOS SOMOS UM
337
UNIDOS SOMOS UM
338
UNIDOS SOMOS UM
tudo.
Tudo o que eu tenho, eu jogo nele.
Primeiro, meu Lúmen. Meu filho mais velho, o Legado mais confiável.
Eu voo para fora do bloco de gelo que Marina fez, deixo Nove lá atrás e
lanço duas torrentes de fogo em Setrákus Ra. Sua capa estúpida infama,
sua armadura aquece a vermelho vibrante. Eu vejo bolhas em sua pele
pálida, que descasca, mas num piscar de olhos, é quase curada pelas
artérias de logo negro que circula em seu corpo.
Ele nem sequer parece incomodado pelo meu ataque. É como se ele
não sentisse dor. Ele simplesmente flutua cima de seu lago de lama
negra, olhando para baixo, um sorriso irritante em seu rosto.
— Isso é o melhor que você pode fazer? - ele pergunta.
Setrákus Ra voa em minha direção a uma velocidade que eu não
poderia duplicar e me dá um soco direto no esterno. Há pontas afiadas
que crescem para fora de seus dedos, que não estavam lá um segundo
atrás, e eu ouço minhas costelas quebrarem. Fui jogado para trás sobre
um bloco rochoso, derrapando até parar em meus cotovelos.
Imediatamente, eu começo a curar minhas costelas quebradas.
339
UNIDOS SOMOS UM
340
UNIDOS SOMOS UM
que um recurso. Como o minério, como a água. Você ora para um rio
enquanto eu crio barragens. Você conta com os caprichos da natureza,
enquanto meu intelecto é capaz de moldar galáxias. Você não vê agora
que o meu trabalho, o meu progresso, tem o poder de criar?
— Eu vejo um velho solitário e idiota se escondendo em uma porra de
caverna! - grita Nove, com a lança em sua mão.
Nove tenta dar um soco que Setrákus Ra esquiva facilmente. Nove
tropeça e perde o equilíbrio, então Setrákus Ra o agarra pelo cabelo e
puxa-o para trás. A mão de Setrákus Ra fica plana, a borda se torna
reluzente como a lâmina de uma espada. Ele move a mão em direção ao
pescoço de Nove.
Eu arranco Nove com minha Telecinese antes que Setrákus Ra
cortasse fora a cabeça dele. Mas ele ainda arrancou um punhado de
cabelo de Nove, um punhado que agora está faltando no lado direito de
sua cabeça.
A velocidade. A invulnerabilidade. Alterar a forma de seu corpo, esse
doente está além do que posso imaginar. É uma loucura pensar que já
fiquei intimidado por Setrákus Ra, quando ele apenas podia mudar de
tamanho e anular nosso Legados.
Mas esse monstro diante de mim é muito pior do que isso.
— Alguma ideia? - Nove me diz.
— Vamos distraí-lo - eu respondo, vamos nos espalhar.
Nove ainda está com o punhal Voron. — Posso?
— Seja minha carta na manga.
Estamos tentando mostrar que estamos confiantes, mas posso dizer
que Nove ficou mexido depois da exibição de poder de Setrákus Ra.
Estamos em apuros.
Com um sorriso de lobo, Setrákus Ra começa a avançar sobre nós.
Antes que ele chegue muito perto, ele é salpicado por uma saraivada de
gelo caindo do céu. Ele parece uma almofada de alfinetes, os fragmentos
de gelo esfaqueando suas costas de cima para baixo.
341
UNIDOS SOMOS UM
— Tudo o que você fez é causar dor e sofrimento! - Marina grita para
ele. — Todos esses corpos no caminho! Por que? Só para você ter esses
poderes hediondos?
Setrákus Ra sorri. — Ah, não minha cara. Lorien é mesquinho com
seus dons. As minúculas faíscas de poder que se escondem dentro de
todos vocês são meras gotas em um balde. Eu tinha que ter acesso direto
na fonte para criar o que vocês estão vendo aqui agora - ele passa a mão
em seu próprio rosto. — Aqueles outros foram apenas testes, serviram
para aperfeiçoar meus experimentos. Eles morreram em serviço do
glorioso progresso.
— Você é louco! - Marina grita furiosa. — Nem mesmo você com toda
a sua suposta genialidade, nunca iria criar nada tão bonito como Lorien
fez um dia!
Uma súbita onda de calor irradia de Setrákus Ra, e o gelo derrete fora
dele. Em seguida, ele se vira para enfrentar Maria, ele muda de
aparência. Sua pele escurece a uma cor de caramelo, e de sua cabeça
brota um tufo de cabelo escuro encaracolado.
— Não estou no céu? - ele pergunta. Seu rosto, sua voz, mudou, ele
tomou a forma de oito.
Marina recua com horror quando ele começa a flutuar até ela.
— Eu não prometi que iria juntar você e seu amor? - Setrákus Ra
pergunta, seus olhos cheios de uma malícia que Oito nunca teve na vida.
— Você ainda pode ter isso, querida Marina...
Usando minha visão-pedra, eu transformo sua metade inferior em
granito maciço e ligo isso ao chão da caverna, de modo que Setrákus Ra
agora parece uma Estalagmite, levantando-se das rochas. Ele olha para
si mesmo e abandona a aparência de Oito, seu Eu mais jovem retorna e
ele faz uma careta.
— Primitivo - ele rosna.
Primitivo ou não, ele ficou surpreso. Nove aproveita, e corre
rapidamente com meu punhal Voron e dá um soco na cara dele. Preso
342
UNIDOS SOMOS UM
343
UNIDOS SOMOS UM
344
UNIDOS SOMOS UM
345
UNIDOS SOMOS UM
346
UNIDOS SOMOS UM
347
UNIDOS SOMOS UM
348
UNIDOS SOMOS UM
Com minha Telepatia, fiz Sam testemunhar tudo isso. Ele sente o que
estou sentindo. O fluxo e o refluxo da dor, rasgando meu corpo.
— Sam. Os outros estão saindo, você pode fazer isso agora, Sam?
— John.. - sua tristeza flui em mim, é pior do que a dor.
Ele vai fazer. Eu sei que ele vai.
Eu desligo a minha telepatia. Concentro-me apenas na cura. Deixo
toda a energia Lórica armazenada dentro de mim irradiar para fora
como uma cachoeira.
Espero que seja o suficiente.
Estou cara a cara com Setrákus Ra. Nós dois presos juntos. Minha
cura continua a derramar-se nele, a cada segundo, o rosto jovem dele se
derrete, o óleo tenta preencher. Sua pele pálida retorna, sua cabeça
branca, as bochechas afundadas, a cicatriz roxa vívida. Ele rosna para
mim. E cospe na minha cara. E bate a cabeça dele na minha.
Em seus olhos negros, pela primeira vez, vejo dúvida.
— Eu vou matar você - ele rosna, seu hálito quente miserável contra
o meu rosto.
Eu sei que isso é verdade. Vou morrer aqui. Entrelaçado com o meu
pior inimigo. Curando-o, enquanto ele me dilacera.
— Você... - sangue escorre quando tento falar. — Você vai morrer
primeiro.
Uma mecha se seu lodo, gelada e afiada como uma navalha, penetra
meu abdômen. Me perfura.
Eu empurro calor, energia de cura para ele. Vejo como seu rosto fica
cinza e enrugado. Um homem com séculos de idade.
O lodo se aglutina em volta das minhas pernas. Tenta esmagá-las,
meus ossos estalam como galhos.
Mais poder de cura. Uso um pouco no meu corpo apenas para me
manter, e o resto direciono para ele. Um pedaço de lodo endurecido cai
longe dele e se transforma em poeira no chão da caverna. Setrákus Ra
349
UNIDOS SOMOS UM
suspira de dor. Ele rasga minha caixa toráxica. Suas garras cavam minha
carne, até o osso. Ele está tentando acertar meu coração.
Seja forte, John.
Eu deixo ele continuar tentando. Concentro meu Lúmen num brilho
quente onde ele me cava com as garras. Eu poderia derreter com tanto
calor.
— Você... você realmente acha que pode matar? - ele zomba. Uma veia
negra explode em sua testa.
— Eu já fiz isso por muitos anos, acha que não posso suportar alguns
minutos?
— Você sempre foi um tolo, Pittacus.
— Eu não sou Pittacus Lore - eu digo entre os dentes. — Eu sou o
Número Quatro. Eu sou aquele que pode te matar.
Um tremor. Todo o complexo da caverna treme. Com o canto do meu
olho, vejo um flash de luz vermelha vívida.
O bombardeio começou.
Obrigado, Sam.
Agora é só eu manter ele aqui. Enterrá-lo aqui, com todas as suas
experiências horríveis. O rosto murcho, medonho, na minha frente ri
histericamente.
Eu fecho os meus olhos.
Imagino Sarah. Ela segura uma câmera, tira uma fotografia e sorri
para mim.
Deixo meus Legados fluírem totalmente para fora de mim. Todos
eles.
Até que não haja mais nada.
350
UNIDOS SOMOS UM
351
UNIDOS SOMOS UM
352
UNIDOS SOMOS UM
353
UNIDOS SOMOS UM
354
UNIDOS SOMOS UM
Eu não vou deixar o John morrer aqui. Ele acha que pode vencer
isso sem o resto de nós, acha que precisa se sacrificar para
compensar o que aconteceu com Sarah.
Ele não precisa carregar esse fardo sozinho.
Então eu corro. Meus pés batem com força contra o piso irregular.
Logo, estou correndo para baixo pela borda em espiral, indo cada
vez mais fundo. Eu posso ver o reservatório nojento de gosma negra
lá em baixo. Eu sei que é onde eles estarão. Vejo um obstáculo à
minha frente, então eu salto da borda em que estou logo abaixo para
economizar tempo. A descida é estonteante, e meu coração bate
forte.
Perto do fundo, eu desacelero e fico invisível. Assim que eu
chego à beira do lago, que parece vazar, eu paro.
Uma passa de gosma negra se espalha pelo chão de pedra aqui,
quase como se um balão cheio com a gosma tivesse explodido.
Alguns tentáculos do liquido parecem ter saído para fora, como um
peixe fora da água. Apesar disso, maior parte do material está seco
e endurecido.
John está bem no meio dessa bagunça. Parece que foi colocado
em um moedor de carne. Não há um centímetro em seu corpo que
não esteja encharcado de sangue. Sua pele está rasgada, mutilado,
ossos apontando em alguns lugares. Eu acho que as pernas e os
braços estão quebrados. Eu observo o peito por alguns segundos,
na esperança de vê-lo subir e descer.
Ele não se move.
Me lembro de como ele era quando nos encontramos em
Paradise. Bonito e valentão, tão ingênuo. Pronto para arriscar a
própria vida. Lembro-me de segurar essa mão que agora está com
os dedos todos quebrados, me lembro do calor, do conforto que ele
me deu quando eu precisava.
Ele morreu aqui sozinho.
355
UNIDOS SOMOS UM
356
UNIDOS SOMOS UM
357
UNIDOS SOMOS UM
358
UNIDOS SOMOS UM
359
UNIDOS SOMOS UM
meio, com uma parte viva e a outra morta, e duas naves se aproximando
do planeta de lados opostos. É essa que estou esfregando agora.
Na verdade eu meio que gosto dessa pintura, por isso a deixei por
último. Minha interpretação é que o pintor não sabia quem iria vencer
a guerra pela Terra. Por isso ele a deixou tão vaga. Ela ainda tem que
sumir. Estou tentando não me debruçar sobre o passado muito mais.
Eu quero que esse lugar seja sobre o futuro.
Então continuo esfregando.
— Acho que já está limpo, John.
A voz de Ella me tira do transe. Não sei ao certo quanto tempo faz
que estou limpando as paredes. Horas, talvez. Os músculos de meus
braços estão dormentes. Provavelmente eu estou polindo as paredes de
pedra já faz um bom tempo, as pinturas completamente apagadas.
— Viajei por um momento - eu digo timidamente.
— É, estou sentada aqui já faz uns dez minutos - ela responde.
Ella me rastreou até aqui alguns meses atrás e está por perto desde
então. Não tenho certeza de como ela conseguiu isso. Acho que ser uma
telepata provavelmente ajudou.
No Himalaia, achei que encontraria um bom lugar para me esconder
um pouco, para arrumar minha cabeça. Ouvi sobre essa caverna de
Marina e Seis. Quando estavam fugindo pela Índia, essa câmara de
profecias sofreu um aterramento durante o ataque mogadoriano.
Cheguei pretendendo escavar e ver se alguma coisa podia ser
recuperada, mas os Nacionalistas do Oito Vishnu me impediram.
Aparentemente, a caverna é um lugar reverenciado por eles. Eles já
haviam começado a escavar e deixaram eu me juntar ao grupo sem fazer
perguntas. Hoje em dia, eles protegem a área, mantém alpinistas
aleatórios longe e geralmente me deixam em paz. Eu acho que algum
deles pode ter vazado minha localização para Ella, mas eu meio que
duvido.
360
UNIDOS SOMOS UM
Olhando para ela, acho que ainda existe alguma coisa transcendental
sobre Ella. Aquele brilho maluco que tinha em seus olhos sumiu, mas
agora, banhada com a luz azul-cobalto da caverna, vejo um pouco de
Lorien restante em suas pupilas. Talvez ela tenha visto eu e meus
projeto em uma de suas visões e decidiu vir ajudar.
Não me incomodo com a companhia.
Ella cresceu bastante nos últimos doze meses, entrou naquela
adolescência desajeitada que eu não sinto nem um pouco a falta. Seu
rosto está bronzeado por ser de fora, seu cabelo trançado como o dos
locais. Ela vai para a escola no vilarejo no pé da montanha, e as outras
sete crianças de sua classe fingem que ela não é diferente de jeito
nenhum.
Ela está sentada de pernas cruzadas em uma grande mesa que instalei
no centro da caverna - meu projeto - puxando um pedaço da lona que
usei para cobrir.
— Então, as paredes estão limpas - Ella diz.
— É.
— Agora você não tem mais motivo para procrastinar.
Desvio o olhar dela. Ela está me enchendo praticamente todos os dias
para sair e encontrar os outros. Eu sempre tive essa intenção — o
trabalho que estou fazendo aqui, não é só para mim. Entretanto, acho
que uma parte de mim veio para apreciar a solidão e o sentimento
enraizado do Himalaia. Quando foi a última vez que eu consegui ficar
em um lugar sem constantemente olhar por cima do meu ombro?
Além do mais, estou um pouco nervoso de localizar todo mundo.
Muita coisa mudou em um ano.
De suas costas, Ella tira uma caixa de cigarros de madeira onde eu
tenho guardado outras peças do meu projeto. Ela o estende para mim.
— Tomei a liberdade de pegar isso para você - ela diz. — Pode sair
agora mesmo.
Franzo meus olhos para ela.
361
UNIDOS SOMOS UM
362
UNIDOS SOMOS UM
363
UNIDOS SOMOS UM
Mesmo com toda sua segurança, a Academia não está preparada para
um homem voador invisível. Pouso no campus sem ser detectado.
Esse lugar foi construído como parte da Declaração Governamental
da Garde, um conjunto de regras aderidas pelas Nações Unidas depois
do Dia da Vitória da Humanidade. Adolescentes de todo o mundo serão
enviados para cá com o intuito de aprender a controlar seus poderes e,
eventualmente, trabalhar para o bem da humanidade. Existem outras
regras, também— Coisas sobre os Lorienos e Mogadorianos, regras
sobre quando Legados podem ser usados, esse tipo de coisa.
Para ser sincero, eu não li nenhuma delas.
O campus está completamente deserto agora. Pelo o que ouvi, os
únicos estudantes treinando aqui são os que não têm nenhum outro
lugar para ir. Aqueles que perderam suas famílias durante a invasão. O
resto vai aparecer daqui alguns meses quando o lugar abrir de verdade.
Na entrada, há um cartaz de uma imagem que circulou todos os
lugares durante o esforço de limpeza que se seguiu à invasão. Nele, a
filha do presidente está para em uma pilha de escombros em Nova York,
usando sua super-força para levantar uma pilha de destroços para que
uma mãe segurando seus dois filhos pequenos possa escapar com
segurança por baixo. No fundo, uma glamorosa bandeira esfarrapada
americana balança. Os noticiários afirmaram que a família estava presa
lá por uma semana, mas eu sempre pensei que a coisa toda pareceu
encenada. Inspiradora, sim, mas encenada.
Na parte inferior do cartaz, o slogan diz: GARDES HUMANOS
DEFENSORES DA PAZ — VOCÊS SÃO O ADMIRÁVEL NOVO
MUNDO.
Ainda invisível, eu caminho pelos corredores da Academia. Não
demora muito para que eu comece a ouvir os sons de treinamento. Sigo
na direção deles, sabendo que é lá que ele vai estar.
Estou em um ginásio descomunal, um punhado de crianças pratica
sua telecinese uma com a outra. Pares deles atiram bolas de futebol para
364
UNIDOS SOMOS UM
frente e para trás sem usar as mãos, e cada vez que um apito soa,
acrescentam outra bola à mistura. Quando um grupo deixa uma das
bolas cair, eles soltam um gemido coletivo e começam a dar voltas pela
quadra.
Nove observa tudo isso de uma passarela acima. Ele está vestido
como um treinador de futebol — moletom e capuz. Uma de suas mangas
é costurada devido seu braço que falta.
Seu cabelo preto está amarrado em um rabo-de-cavalo. Achei que o
governo iria obriga-lo a cortar, mas não tive essa sorte.
— Professor Nove, quanto tempo nós vamos ter que fazer isso? - uma
das crianças reclama, e eu tenho que conter minhas risadas.
— Até eu me cansar de te ver estragando tudo, McCarthy - Nove
responde.
Eu voo até a passarela e pouso devagar ao lado de Nove. Ele sente o
movimento e vira a cabeça assim que fico visível.
— Olha só para esse vendido, trabalhando para o gove - oof!
Nove quase me derruba da passarela com seu abraço de um braço só.
Quando ele termina de apertar a vida para fora de mim, ele me segura
na distância de um braço, me estudando assim como eu estou estudando
ele.
— Johnny Hero, puta merda - Nove balança a cabeça. — Você está
aqui.
— Estou aqui.
Percebendo a falta de movimentação das crianças, Nove olha para
baixo. Seu grupo de Garde órfãos parou de treinar para nos observar. Me
observar em particular.
— Mas que diabos? - ele grita. — De volta ao trabalho, seus vermes!
Relutantemente, as crianças fazem o que ele manda. Não consigo
evitar sorrir para o controle de Nove sobre eles. Ele se vira para mim e
aperta minhas bochechas, e percebo que tenho uma barba irregular
crescendo. Deve fazer alguns meses que não me barbeio.
365
UNIDOS SOMOS UM
366
UNIDOS SOMOS UM
— Na verdade vim aqui para te dar uma coisa. Para Lexa também, se
ela estiver por perto...
Nove levanta uma sobrancelha para mim.
— É, vamos lá dar um oi. Tem uma coisa que quero te mostrar.
Nove libera sua turma e me guia até um escritório no terceiro andar.
Tem vista para todo o campus, ou vai ter quando as janelas forem
colocadas. — Por enquanto há um monte de lonas azuis cobrindo os
espaços abertos nas paredes. Lexa está sentada em sua mesa, olhando
para um equipamento de computador múltiplo. Assim como Nove, ela
está vestida casualmente e parece à vontade aqui. Seu sorriso se alarga
quando me reconhece, e imediatamente abandona sua tela para me dar
um abraço.
— Então, você é professora também? - pergunto a ela.
Lexa zomba de mim.
— Não, Nove me ultrapassou. Estou de volta ao meu trabalho
favorito: Hacker benevolente - ela me conduz até o monitor. — Dê uma
olhada.
De relance, é difícil absorver toda a informação que passa nas telas
do computador de Lexa. Tem mapas-múndi com pequenos pontos azuis,
múltiplos bots de procura vasculhando a internet, fóruns da deep web e
janelas de data criptografada trabalhando rápido no processo que eu não
entendo.
— Certo, para o que estou olhando?
— Estou mantendo o controle sob a Garde - Ela explica. —
Escondendo suas informações se ficarem públicas. Mantendo suas
famílias confidenciais. Mesmo eles estando sob a proteção da Academia,
não faz mal ser cuidadoso. Sem mencionar que alguns governantes
ainda não são tão entusiastas sobre toda essa nova iniciativa.
— Isso é necessário?
— Melhor prevenir do que remediar. - ela responde. — Lawson e os
outros Garde-Humanos foram legais conosco, mas...
367
UNIDOS SOMOS UM
— Mas aí tem merdas como essa que fazem você ficar na dúvida -
Nove interrompe me entregando uma papelaria que parece ser do
governo. Dou uma lida rápida.
Eu, com meu juramento, declaro que sou um ser humano naturalmente
nascido na Terra e um cidadão cumpridor de leis de uma nação da Terra
Garde. Com minha assinatura, declaro lealdade a uma divisão de
manutenção da paz plenamente sancionada pelas Nações Unidas e
administrada pelos Estados Unidos. Juro solenemente que irei defender
o planeta e os melhores interesses da minha nação e seus aliados contra
todos os inimigos, terrestre e extraterrestre; que irei ter verdadeira fé e
lealdade a Garde da Terra; que só irei usar meus Legados em serviço
para o meu planeta; E que irei obedecer às ordens do conjuntamente
nomeado Alto Comando dos Garde da Terra de acordo com o
regulamento e o Código Uniforme da Justiça Militar.
368
UNIDOS SOMOS UM
369
UNIDOS SOMOS UM
370
UNIDOS SOMOS UM
Vendo aquele líquido me leva de volta para a nossa última batalha com
Setrákus Ra. Tudo depois que eu fiquei trancado com Setrákus Ra é
como um sonho. Me lembro de como quebrado e destruído meu corpo
estava, e eu lembro de uma visão de Sarah, uma alucinação inclinando-
se para me beijar, para me fazer continuar.
Lembro-me de voar. Para cima, para baixo, deixando aquele calor para
trás, fugindo do cheiro da morte. Eu lembro do casaco de Bernie Kosar
suave contra o meu rosto.
Lembro-me do som de alguém chorando, e eu me lembro de nós
parando, ainda dentro do montanha. Lembro-me de ser capaz de abrir
os olhos apenas o suficiente para ver uma criatura lobo cinzento peludo
mas com as pernas de aranha, coberto de sangue seco, imóvel. Um
Chimaera congelado em sua última forma.
E eu me lembro Adam embalando esse Chimaera, Areal, e chorando
na pele de seu pescoço.
— Ele me puxou para fora... ele me salvou... - lembro-me de Adam
dizendo para Seis, delirante, perto da morte.
Fechei os olhos para o bem depois disso. Eu não podia ver mais nada.
Eu saberia o que aconteceu depois. Como Areal mergulhou atrás de
Adam, assumiu uma forma que o deixaria sair do abismo e arrastou
Adam tanto quanto ele poderia para longe das cavernas. Ele teve que
morder Adam para levá-lo em segurança, e, depois que ele morreu, uma
das presas de Areal ainda estava incorporado no ombro de Adam.
371
UNIDOS SOMOS UM
Adam usa essa presa em volta do pescoço, agora, ligado a uma cinta
de couro lisa. É um dos poucos privilegios que lhe é permitido aqui no
Alasca.
Quando eu o encontro, Adam está de pé na frente de uma pequena
fogueira, suas mãos enfiadas em um puído casaco de inverno. Está
congelando aqui fora. O cabelo escuro de Adam, cresceu mais do que
antes, está para fora de debaixo de um chapéu de lã. Mesmo agasalhado,
ele treme. Está no meio da tarde, e não há nenhuma luz solar. Esta parte
do Alasca - cinquenta milhas ao norte da cidade - não mais próximo
obter um pouco de luz nesta época do ano.
Este campo de prisioneiros especialmente construído para a ocasião
é onde a ONU mantém os Mogadorianos que se renderam. Os que foram
capturados. O nascidos artificalmente que lutaram até o último
momento; eles não sabiam nada melhor. Os nascidos naturalmente, no
entanto, se auto preservaram, especialmente quando Setrákus Ra
morrue.
Uma dúzia de malocas com aquecimento irregular, comida e nada
mais. Uma aldeia de Mogadorianos no meio do nada — e com um
perímetro de soldados da ONU que superam o sobreviventes
Mogadorians em vinte-para-um — em todos os momentos. Há mísseis
voltados aqui perpetuamente. Drones projetado para suportar os
elementos voam em cima.
Falou-se sobre a opção de execução de todos eles. Ainda se fala. Por
enquanto, os Mogadorianoss capturados ficam aqui e esperaran.
— Eu renuncio os ensinamentos do Grande Mentiroso! - grita um
Mog com cicatrizes em toda a sua cabeça calva de onde ele esculpiu fora
suas tatuagens. Ele joga uma cópia do Grande Livro na fogueira, e um
pequeno amontoado de Mogs, Adam e Rex estão entre eles, vir para a
frente para abraçá-lo e parabenizá-lo.
Talvez haja esperança para a reabilitação.
Outro contingente maior de Mogs assistem os queimadores de livros.
372
UNIDOS SOMOS UM
373
UNIDOS SOMOS UM
— Meu povo notaria quando não houver ninguém aqui para defendê
los dos demais - ele responde com tristeza. — E, além disso,
tecnicamente, eu posso sair a qualquer momento.
Isso é verdade. Devido ao seu papel na luta contra a invasão
Mogadoriana, Adam recebeu perdão através do próprio Geral Lawson.
Ele optou por não usá-lo. Quando os nascidos naturalmente começaram
a ser enviados para o Alasca, Adam estava aqui esperando por eles.
— Eu vi uma menina no meio da multidão que se parecia com você -
eu digo timidamente, não sabendo o quanto posso falar sem em
intrometer demais.
— Minha irmã - Adam responde melancolicamente. — Ela amava o
nosso pai. Eu acho que ela me odeia agora, mas talvez um dia...
— E sua mãe? - pergunto
Adam balança a cabeça. — Ela desapareceu. Talvez ela tenha morrido
lutando na invasão, ou talvez ela esteja se escondendo. Uma parte de
mim espera que ela vai aparecer aqui um dia, e uma parte de mim espera
que ela não vai.
— Você não quer que ela tenha que viver aqui - eu digo.
— Estou mais preocupado de que lado ela estaria – diz Adam. — É
desolador, John, mas este é a meu dever agora. Eu estou fazendo mais
bem do aqui do que eu poderia fazer em qualquer outro lugar.
Eu marco isos. Eu odeio ver meu amigo aqui em cima, afastado em
conjunto com o resto deles, então eu não quero vir e concordar. Mas ele
poderia estar certo.
Eu pego a mão de Adam e pressiono um objeto da minha caixa de
madeira para ele. Ele olha para baixo, assustado com o brilho azul-
cobalto que irradia de sua palma. Rapidamente, ele esconde o que eu dei
a ele debaixo de sua camisa.
— Para quando você estiver pronto.
374
UNIDOS SOMOS UM
375
UNIDOS SOMOS UM
376
UNIDOS SOMOS UM
deles.
Eu imaginei isso tantas vezes, mas não posso fazê-lo. Eu não posso
dar esses passos.
Estou com muito medo. Eu não quero ver o olhar em seus olhos. Eu
não quero lidar com a dor que eu tenho lhes causou.
Talvez um dia eu vou estar pronto.
Hoje não.
377
UNIDOS SOMOS UM
378
UNIDOS SOMOS UM
379
UNIDOS SOMOS UM
380
UNIDOS SOMOS UM
Marina volta para o Himalaia comigo. Quando ela vê o que eu fiz com a
caverna, com a caverna de Oito, ela passa as mãos sobre os lugares onde
as profecias costumavam estar gravadas, sentindo a suavidade da nova
pedra, a possibilidade de uma tela em branco. Ela se deixa chorar,
finalmente.
Depois disso, Marina fica bem na minha frente. Ela estende os braços
e segura meu rosto com as mãos.
— Obrigado, John - diz ela calmamente. As lágrimas não secaram nas
bochechas.
Ela me beija. Eu não sei o que significa.
Talvez nada.
Marina cora, sorri para mim e lentamente se afasta. Eu sorrio de
volta. Esta caverna do Himalaia fica de repente muito mais quente.
Talvez algo.
No centro da caverna, eu puxo a lona para mostrar a Marina no que
eu trabalhei durante o ultmo ano. Esculpida a partir de árvores que
cortei da montanha, há uma mesa que usa a pedra Loralite como base. É
enorme e circular, modelada com minhas memórias da mesa no centro
381
UNIDOS SOMOS UM
382