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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
METODOLOGIA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Profª. Drª. Claudia Rosa Riolfi

DIÁRIO DE CAMPO

Mateus Ramos Lourenço


Nº USP: 6834766

São Paulo, 2019


Diário de Campo

Os estágios foram realizados na EMEF Desembargador Amorim Lima, situada na região


do Butantã, Zona Oeste de São Paulo. Participei das atividade da escola principalmente às
segundas e terças-feiras no período da tarde e eventualmente às sextas, acompanhando as turmas
de 6º, 8° e 9° durante os meses de maio, junho e julho.
A Amorim Lima é reconhecida na região por desenvolver um trabalho pedagógico que
tem por baliza duas ideias centrais: uma delas é que os alunos devam construir uma relação ativa
e muito mais autônoma de aprendizagem; a outra, é a importância de recuperar, valorizar e
recriar a cultura e a tradição populares brasileiras.
A primeira dessas concepções determina as estratégias e a organização das aulas, que não
são centradas na exposição do professor, mas na realização de um estudo individual ou em
pequenos grupos, de dois a quatro alunos, a partir de um roteiro de pré-estabelecido no início de
cada ano letivo e distribuído à sala no formato de apostilas. Nesse material estão também alguns
exercícios e atividades que devem ser realizadas em um prazo estipulado, mas a base das leituras
e questionários se encontra em livros didáticos entregues aos alunos no início de cada aula. Em
cada uma dessas aulas, chamadas comumente pelos professores e alunos de “roteiro”, há pelo
menos dois professores responsáveis por acompanhar e encaminhar os estudos da sala,
resolvendo eventuais dúvidas e intervindo em questões disciplinares. Idealmente, porém, a
interferência dos professores nessas aulas deve ser mínima, ou então reativa, pois cabe aos
alunos decidirem a cada dia qual o ritmo e o conteúdo específico do roteiro que será estudado.
Essas aulas são realizadas em um espaço chamado de salão, onde se reúnem ao mesmo tempo até
três turmas de anos diferentes, cada uma com seus professores e sem uma interação entre os
alunos de anos diferentes. Ainda é importante lembrar que, conforme me informou a professora
responsável pelo meu estágio, ocorrem, todas as quintas-feiras, aulas reservadas para tutoria, em
que cada aluno, junto ao professor que é designado como seu tutor, avalia e discute o andamento
dos estudos e da realização das atividades, além de definir as metas para a próxima semana.
Quanto ao segundo ponto, de retomada e valorização das expressões culturais e das
tradições brasileiras, vale ressaltar que a escola promove uma série de oficinas, atividades
complementares, saraus e festas temáticas a fim de ampliar o espaço de convívio dos alunos com
essas manifestações: há, por exemplo, aulas regulares de capoeira, de instrumentos de percussão,
de agricultura sustentável (em especial de PANCs, plantas alimentícias não-convencionais) e
rodas de leitura em espaços abertos da escola. Os coordenadores e professores convidam com
frequência os alunos a participarem ativamente dessas práticas, que contam com a colaboração
de membros da comunidade, professores e outros profissionais que se voluntariam e ajudam a
pôr em prática os planos da escola. Uma boa parte dos alunos de fato protagoniza esses eventos,
no entanto, segundo alguns professores com quem conversei, há salas que parecem permanecer
desmotivadas ou não compreendem a proposta da escola. Sem arriscar uma análise dessa
questão, o que é certo é a variedade e frequência das atividades fora de sala organizadas pela
Amorim: apenas no tempo em que estive lá, participei de pelo menos três aulas de música e
dança, um mutirão de plantio de PANCs, uma visita ao Museu de Geologia da USP e uma festa
junina com danças típicas da Região Norte, como bumba meu boi e maracatu.

Dia: ​06/05/19 (segunda-feira)

No salão estão cerca de 60 alunos. São três turmas de anos diferentes, em torno de mesas
grandes. Cada uma dessas turmas fica sob a supervisão de um professor.
A aula que acompanho é a do 8º ano, de leitura e produção de texto. A turma tem cerca
de 30 alunos, dos quais estão presentes 24. E tem uma hora e meia de duração.
Primeiro há uma retomada da leitura de uma resenha a respeito do filme ​Persépolis​.
A professora enfatiza, antes da leitura, que irá explicar para os alunos as características
do gênero textual da resenha. O que ela faz a partir da distinção com os usos e acepções
coloquiais do termo “resenha”.
Durante a explicação a professora faz contínuas interrupções disciplinares, pedindo
atenção dos alunos, para que guardem seus celulares, para que parem de conversar entre si
durante a fala dela. As reclamações da professora são mais enfáticas sobretudo quando se trata
do uso de celulares. Como estou sentado ao fundo da sala, ou no lugar que corresponderia à parte
mais afastada da lousa em uma sala convencional, ouço os comentários de alguns alunos que
dizem não estar ao celular, apesar de levarem os aparelhos em suas mãos.
A leitura, que havia sido pedida como tarefa para casa, começa a ser feita em sala porque
a maior parte da turma disse não ter cumprido a tarefa. Durante esse tempo mais algumas
interrupções devido à aparente desatenção da turma, o que parece surtir efeito, pois eles
procuram demonstrar estar mais atentos ao texto. A leitura passa a ser realizada por uma das
alunas, com poucas intervenções da professora, apenas para esclarecer dúvidas sobre o
vocabulário.
(A minha sensação inicial é a de que as demais turmas presentes no salão conversam
muito mais durante as aulas. O som chega em alguns momentos a se sobrepor à voz da aluna que
lê próxima a mim.)
Já na segunda metade da aula, depois de concluída essa etapa, a professora pediu aos
alunos que respondessem a algumas questões do livro didático referentes à leitura. Essas
perguntas procuram chamar atenção para o caráter opinativo da resenha: “Há uma crítica no
texto?”, “Há opinião do autor?”. A professora pede para que outra aluna leia em voz alta as
perguntas. Sem fazer muitos comentários sobre detalhes das questões, a professora pede que os
alunos deem sequência à atividade e escrevam suas respostas.
Alguns deles respondem individualmente em seus cadernos, outros conversam em voz
baixa enquanto folheiam os livros, talvez procurando encontrar as respostas, talvez apenas
disfarçando. Uma das alunas põe os fones de ouvido e mexe ao celular, aparentemente
escolhendo uma música, e logo depois começa a escrever suas respostas.
A professora, antes de finalizar a atividade, vai até outra parte do salão. Apesar disso, os
alunos pouco conversam, ou o fazem discretamente. Ela retorna e a turma permanece em
silêncio. Agora o engajamento deles é menor. Alguns se levantam, um responde mensagens no
celular sob a mesa vizinha à minha, mas boa parte da classe continua a ler o texto ou discutir as
respostas com os colegas.
A professora lê novamente as questões, agora convocando as respostas dos alunos. Ela lê
trechos do texto que servem como resolução.
A atividade é interrompida antes do fim da correção dos exercícios. A professora avisa
que a atividade será finalizada posteriormente.

Dia: ​07/05/19 (terça-feira)


Acompanho o 9º ano, há cerca de 25 alunos, no projeto de TCC, matéria em que os
alunos do 9º devem escrever um trabalho de conclusão de curso. Nessa aula, a professora explica
que eles devem produzir um relatório acerca do estágio da pesquisa do TCC que irá auxiliar no
seu andamento.
Relatório sobre TCC
1 Tema geral
2 Recorte do tema
3 Tese
4 Hipótese
5 Itens a serem pesquisados para comprovar a tese
6 Fontes de pesquisa
7 Relação do tema com o currículo escolar
8 Motivação da escolha do tema
9 Comentários sobre o que já foi estudado sobre o tema

Os alunos demonstram atenção durante a exposição da professora e começam a realizar a


atividade logo em seguida. Eles parecem definir o recorte e as perguntas centrais para sua tese.
Uma aluna conversa sobre o seu tema comigo: transtornos psicológicos. Mas ainda está
insegura por se tratar de um tema muito amplo. Procuro orientá-la a encontrar o núcleo de sua
pesquisa e concentrar-se naquela parte que mais lhe interessa.

Dia: ​13/05/19 (segunda-feira)

A aula do dia é sobre o gênero carta. A parte expositiva é breve e os alunos do 9º ano são
incentivados a escreverem duas cartas: a primeira, uma reclamação para o SAC de uma empresa,
a segunda, uma carta pessoal, deles para os avós.
Curiosamente, grande parte dos alunos começou pela reclamação ao SAC, seguindo os
passos estabelecidos pela professora, que apontavam o caminho para escrever uma carta formal.
Ao mesmo tempo que parecia mais fácil, por ter "regras" a seguir, os alunos pareceram se cansar
do tema rapidamente.
Aqueles que começaram pela segunda carta escreviam sobre o dia ou sobre algo que
fizeram recentemente. Alguns eram apressados, fazendo cartas que se aproximavam dos
telegramas, outros se alongavam, sobretudo quando começavam a relatar algum episódio que
revivesse um momento afetuoso.
Os alunos se mantiveram relativamente focados na atividade, com poucas intervenções
da professora. O tempo da aula não foi suficiente para que terminassem o exercício.

Dia: ​20/05/19 (segunda-feira)

Novamente acompanho o 8º ano na aula de leitura e produção de texto. A professora


chega e começa a escrever no quadro:
Resenha
Gênero textual cuja principal característica é fazer uma crítica sobre determinado assunto, em
equilíbrio com momentos de descrição.
Seu vocabulário deve ser simples, direto e impessoal.
Não deve faltar:
imparcialidade
cientificidade
objetividade
conhecimento do objeto
Pode ser:
descritiva - julgamento de verdade
crítica/opinativa - julgamento de valor
Etapas de produção:
leitura do objeto/ da obra
resumo do objeto/ da obra > base da resenha
selecionar ideia de destaque
elaborar julgamento
redigir resenha
Estética da resenha:
título
referência da obra / dados bibliográficos
resumo
avaliação crítica

Os alunos começam a copiar o conteúdo da lousa momentos depois da professora com


relativa atenção e continuam bastante concentrados também durante a exposição da professora.
Após a explicação, que levou o tempo da primeira parte da aula, a professora pediu aos alunos
para que eles selecionassem um filme, uma série ou um desenho para redigirem uma resenha a
ser entregue na aula seguinte.
Alguns alunos, então, começam a falar sobre os filmes que gostam e sobre quais
poderiam escrever. Outros começam a conversar sobre assuntos não relacionados à aula. A maior
parte do barulho, entretanto, vinha das turmas dos outros anos no salão.
Alguns poucos alunos tentam começar a escrever no momento.

Dia: ​27/05/19 (segunda-feira)

Os alunos se organizam para redigir as resenhas (ainda não foram entregues as resenhas
pedidas na semana anterior). Caminhando entre as mesas percebo que os textos em geral, são
resumos dos filmes escolhidos, muitos deles sobre filmes de super heróis, mas há também textos
sobre musicais, fantasias medievais, ​As vantagens de ser invisível e até séries como ​Grey’s
Anatomy​. Por orientação da professora, circulo pelas mesas oferecendo ajuda a quem quisesse.
Sugiro, então, para alguns alunos que eles exponham mais diretamente a opinião deles sobre os
filmes, e que ressaltem os trechos que foram seus prediletos. Demonstro interesse pelos filmes e
séries escolhidos por eles, pergunto a eles qual o tema do filme, qual o trecho que foi mais
marcante para eles, o que os deixa, se minha impressão não me engana, contentes com suas
escolhas e até empolgados com a continuação que darão ao texto.

Dia: ​04/06/19 (terça-feira)

Acompanho a turma do 6º ano na aula de roteiro pesquisa, a matéria estudada é


conjugação de verbos. A professora expõe a matéria e pede que os alunos respondam os
exercícios da apostila.
Modo indicativo
presente
pretérito
futuro
O exercício pede que o aluno complete lacunas com a conjugação adequada do verbo
presente nos parênteses, e depois para que preencha uma tabela com os verbos utilizados. Os
alunos se separam, em duplas ou grupos, e abrem a apostila. Alguns alunos sequer começam os
exercícios e passam a conversar ou mexer no celular.
Percebo uma dupla que ainda não perdeu totalmente o interesse na atividade, mas que
demonstra em suas feições estar com dificuldade em resolver os exercícios. Me aproximo para
tentar explicar, uma delas me dá atenção, enquanto a outra tenta criar uma distração. Depois de
algum tempo insistindo consigo fazer com que uma das alunas entenda o exercício, a outra
participa por poucos minutos, então escapa e vai conversar com outro colega do outro lado do
salão. Fico até o final da aula ajudando a aluna a preencher a tabela, incentivando-a acertar, com
a promessa de que se ela preenchesse tudo, eu daria a ela um chocolate na aula seguinte, o que
obviamente despertou de imediato o interesse dela. Mesmo após o sinal tocar, ela queria ainda
terminar a atividade, mas combinamos que a promessa ainda valeria para a próxima aula.

Dia: ​11/06/19 (terça-feira)

Os alunos entregaram as resenhas, a professora ainda não corrigiu. Grande parte da aula é
expositiva a respeito de resenhas, o que é, para que serve, como fazer… Os alunos demonstram
desinteresse, ou pouco interesse, mais conversando.
A segunda parte da aula é centrada na leitura de trechos de uma HQ sobre a crise civil e
humanitária na Palestina. Sento-me perto de um grupo de meninos e percebo que muitos deles
apenas folheiam o livro sem compreender muito o sentido das falas dos personagens. Procurei
ajudar com o contexto, o que os fez mudar pelo menos aparentemente a postura de apatia diante
do texto.
Na verdade, eu começava a sentir que em muitas aulas os alunos, apesar da proposta da
escola, esperavam pela aproximação de algum dos estagiários ou dos professores para realmente
se empenhar nas tarefas, talvez porque esse gesto de atenção os incentivasse, talvez porque
estivessem ainda inseguros com a dinâmica do estudo autônomo e dependessem ainda desse
acompanhamento mais contínuo. Ao mesmo tempo, havia alguns alunos, mais adaptados aos
métodos da escola, aparentando muita concentração e alguns deles inclusive bastante avançados
na realização dos estágios do roteiro.
Dia: ​17/06/19 (segunda-feira)

A festa junina foi no sábado e durou o dia inteiro. A festa foi formada por alunos,
professores, funcionários e ex-alunos aproveitando as músicas, as danças e o dia quente de
inverno. O pátio da escola era palco das danças protagonizadas pelos alunos em grupos de idades
variadas, era local também onde ficavam as barraquinhas de jogos e de comidas típicas.
Foi muito legal ver a comunidade que integra a escola em um momento fora da sala de
aula e do contexto de ensino-aprendizagem. Neste momento alunos e professores, mais
relaxados, pareciam se comunicar melhor. Até porque os alunos assumiam uma postura de
responsáveis por aquele momento e pela diversão dos outros.

Hoje o dia voltou ao normal, a professora chegou atrasada e não foi possível passar o
filme que estava planejado (porque ela precisava pedir autorização no audiovisual), ela então
pediu que os alunos abrissem as apostilas e respondessem as questões.

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