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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
METODOLOGIA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Profª. Drª. Claudia Rosa Riolfi
DIÁRIO DE CAMPO
No salão estão cerca de 60 alunos. São três turmas de anos diferentes, em torno de mesas
grandes. Cada uma dessas turmas fica sob a supervisão de um professor.
A aula que acompanho é a do 8º ano, de leitura e produção de texto. A turma tem cerca
de 30 alunos, dos quais estão presentes 24. E tem uma hora e meia de duração.
Primeiro há uma retomada da leitura de uma resenha a respeito do filme Persépolis.
A professora enfatiza, antes da leitura, que irá explicar para os alunos as características
do gênero textual da resenha. O que ela faz a partir da distinção com os usos e acepções
coloquiais do termo “resenha”.
Durante a explicação a professora faz contínuas interrupções disciplinares, pedindo
atenção dos alunos, para que guardem seus celulares, para que parem de conversar entre si
durante a fala dela. As reclamações da professora são mais enfáticas sobretudo quando se trata
do uso de celulares. Como estou sentado ao fundo da sala, ou no lugar que corresponderia à parte
mais afastada da lousa em uma sala convencional, ouço os comentários de alguns alunos que
dizem não estar ao celular, apesar de levarem os aparelhos em suas mãos.
A leitura, que havia sido pedida como tarefa para casa, começa a ser feita em sala porque
a maior parte da turma disse não ter cumprido a tarefa. Durante esse tempo mais algumas
interrupções devido à aparente desatenção da turma, o que parece surtir efeito, pois eles
procuram demonstrar estar mais atentos ao texto. A leitura passa a ser realizada por uma das
alunas, com poucas intervenções da professora, apenas para esclarecer dúvidas sobre o
vocabulário.
(A minha sensação inicial é a de que as demais turmas presentes no salão conversam
muito mais durante as aulas. O som chega em alguns momentos a se sobrepor à voz da aluna que
lê próxima a mim.)
Já na segunda metade da aula, depois de concluída essa etapa, a professora pediu aos
alunos que respondessem a algumas questões do livro didático referentes à leitura. Essas
perguntas procuram chamar atenção para o caráter opinativo da resenha: “Há uma crítica no
texto?”, “Há opinião do autor?”. A professora pede para que outra aluna leia em voz alta as
perguntas. Sem fazer muitos comentários sobre detalhes das questões, a professora pede que os
alunos deem sequência à atividade e escrevam suas respostas.
Alguns deles respondem individualmente em seus cadernos, outros conversam em voz
baixa enquanto folheiam os livros, talvez procurando encontrar as respostas, talvez apenas
disfarçando. Uma das alunas põe os fones de ouvido e mexe ao celular, aparentemente
escolhendo uma música, e logo depois começa a escrever suas respostas.
A professora, antes de finalizar a atividade, vai até outra parte do salão. Apesar disso, os
alunos pouco conversam, ou o fazem discretamente. Ela retorna e a turma permanece em
silêncio. Agora o engajamento deles é menor. Alguns se levantam, um responde mensagens no
celular sob a mesa vizinha à minha, mas boa parte da classe continua a ler o texto ou discutir as
respostas com os colegas.
A professora lê novamente as questões, agora convocando as respostas dos alunos. Ela lê
trechos do texto que servem como resolução.
A atividade é interrompida antes do fim da correção dos exercícios. A professora avisa
que a atividade será finalizada posteriormente.
A aula do dia é sobre o gênero carta. A parte expositiva é breve e os alunos do 9º ano são
incentivados a escreverem duas cartas: a primeira, uma reclamação para o SAC de uma empresa,
a segunda, uma carta pessoal, deles para os avós.
Curiosamente, grande parte dos alunos começou pela reclamação ao SAC, seguindo os
passos estabelecidos pela professora, que apontavam o caminho para escrever uma carta formal.
Ao mesmo tempo que parecia mais fácil, por ter "regras" a seguir, os alunos pareceram se cansar
do tema rapidamente.
Aqueles que começaram pela segunda carta escreviam sobre o dia ou sobre algo que
fizeram recentemente. Alguns eram apressados, fazendo cartas que se aproximavam dos
telegramas, outros se alongavam, sobretudo quando começavam a relatar algum episódio que
revivesse um momento afetuoso.
Os alunos se mantiveram relativamente focados na atividade, com poucas intervenções
da professora. O tempo da aula não foi suficiente para que terminassem o exercício.
Os alunos se organizam para redigir as resenhas (ainda não foram entregues as resenhas
pedidas na semana anterior). Caminhando entre as mesas percebo que os textos em geral, são
resumos dos filmes escolhidos, muitos deles sobre filmes de super heróis, mas há também textos
sobre musicais, fantasias medievais, As vantagens de ser invisível e até séries como Grey’s
Anatomy. Por orientação da professora, circulo pelas mesas oferecendo ajuda a quem quisesse.
Sugiro, então, para alguns alunos que eles exponham mais diretamente a opinião deles sobre os
filmes, e que ressaltem os trechos que foram seus prediletos. Demonstro interesse pelos filmes e
séries escolhidos por eles, pergunto a eles qual o tema do filme, qual o trecho que foi mais
marcante para eles, o que os deixa, se minha impressão não me engana, contentes com suas
escolhas e até empolgados com a continuação que darão ao texto.
Os alunos entregaram as resenhas, a professora ainda não corrigiu. Grande parte da aula é
expositiva a respeito de resenhas, o que é, para que serve, como fazer… Os alunos demonstram
desinteresse, ou pouco interesse, mais conversando.
A segunda parte da aula é centrada na leitura de trechos de uma HQ sobre a crise civil e
humanitária na Palestina. Sento-me perto de um grupo de meninos e percebo que muitos deles
apenas folheiam o livro sem compreender muito o sentido das falas dos personagens. Procurei
ajudar com o contexto, o que os fez mudar pelo menos aparentemente a postura de apatia diante
do texto.
Na verdade, eu começava a sentir que em muitas aulas os alunos, apesar da proposta da
escola, esperavam pela aproximação de algum dos estagiários ou dos professores para realmente
se empenhar nas tarefas, talvez porque esse gesto de atenção os incentivasse, talvez porque
estivessem ainda inseguros com a dinâmica do estudo autônomo e dependessem ainda desse
acompanhamento mais contínuo. Ao mesmo tempo, havia alguns alunos, mais adaptados aos
métodos da escola, aparentando muita concentração e alguns deles inclusive bastante avançados
na realização dos estágios do roteiro.
Dia: 17/06/19 (segunda-feira)
A festa junina foi no sábado e durou o dia inteiro. A festa foi formada por alunos,
professores, funcionários e ex-alunos aproveitando as músicas, as danças e o dia quente de
inverno. O pátio da escola era palco das danças protagonizadas pelos alunos em grupos de idades
variadas, era local também onde ficavam as barraquinhas de jogos e de comidas típicas.
Foi muito legal ver a comunidade que integra a escola em um momento fora da sala de
aula e do contexto de ensino-aprendizagem. Neste momento alunos e professores, mais
relaxados, pareciam se comunicar melhor. Até porque os alunos assumiam uma postura de
responsáveis por aquele momento e pela diversão dos outros.
Hoje o dia voltou ao normal, a professora chegou atrasada e não foi possível passar o
filme que estava planejado (porque ela precisava pedir autorização no audiovisual), ela então
pediu que os alunos abrissem as apostilas e respondessem as questões.