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Antologia da

POESiA
ERÓTICA
BRasiL EIRA
Antologia da

POESiA
ERÓTICA
BRasiL EIRA
orga n iz ação

Eliane Robert Moraes

LISBOA
t i n ta-da- c h i n a

MMXVII
Para os Paes,
Obra publicada com o apoio do
Ministério da Cultura do Brasil / Dora
Fundação Biblioteca Nacional
e
José Paulo (in memoriam)

Para o Paixão,
Fernando

© 2017, Eliane Robert Morais e


Edições Tinta­‑da­‑china, Lda.
Rua Francisco Ferrer, 6A,
1500­‑461 Lisboa
Tels: 21 726 90 28/29/30
E­‑mail: info@tintadachina.pt
www.tintadachina.pt

Título: Antologia da Poesia Erótica Brasileira


Autores: AA.VV.
Organização: Eliane Robert Moraes
Revisão: Tinta­‑da­‑china
Composição e capa: Tinta­‑da­‑china (P. Serpa)

1.ª edição: Novembro de 2017

isbn 978-989-671-407-9
depósito legal n.º : 433 133/17
O amor é finalmente
um embaraço das pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.

Uma confissão de bocas,


uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa é besta.

Gregório de Matos,
«Definição do amor»
ÍNDICE

Lúdica e lúbrica: a língua erótica no Brasil 19


Eliane Robert Moraes

Nota editorial 23

Gregório de Matos (1623-1696)


Desaires da formosura com as pensões da
  natureza ponderadas na mesma dama 27
O homem mais a mulher 28
Com cachopinha de gosto 30

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)


Cartas chilenas 32
Lira xiv — Marília de Dirceu 34

João nepomuceno da silva (1766-1810)


A certa modista, que frequentada de rapazes parecia
  sua casa de trabalho um completo lupanar 36

Francisco de Paula Brito (1766-1810)


Lundu da marrequinha 37

Francisco Moniz Barreto (1804-1868)


A pica ressuscita a mulher morta 39
Aforismos poéticos — Quer cono 40
Aforismos poéticos — Quer pica 42

João Salomé Queiroga (1810-1878)


A aposta 44
Ah! Mamãe, que passarinho…46

Gonçalves Dias (1823-1864)


A baunilha 47
Leito de folhas verdes 49
Bernardo Guimarães (1825-1884) Fontoura Xavier (1856-1922)
Elixir do pajé 51 Roast-beef82

Laurindo Rabelo (1826-1864) Alberto de Oliveira (1857-1937)


As rosas do cume 58 O sonho de Berta 83
Por aqui uma só vez…59
Pode apalpar, pode ver…60 Múcio Teixeira (1857-1928)
Unde salus?87
Qorpo-Santo (1829-1883) Canto da bugra 88
Um queijo 62 Sistema antigo 92

Luiz Gama (1830-1882) Alexandrina da Silva Couto dos Santos (1859-1934)


Sob a copa frondosa e recurvada…63 A um apaixonado 94

Álvares de Azevedo (1831-1852) Raimundo Correia (1859-1911)


Meu desejo 64 Aspásia 95
Plena nudez 97
Junqueira Freire (1832-1855)
A um moçoilo 65 Cruz e Souza (1861-1898)
Temor 67 Lésbia 98
Encarnação 99
Luís Delfino (1834-1910)
Quartetos 68 Enéas da Silva Caldas (1863-1908)
Na alcova 69 A quadrilha 100

Franco de Sá (1836-1856) Leandro Gomes de Barros (1865-1918)


A esbelta 70 Qual será o beco estreito…101

Casimiro de Abreu (1839-1860) Olavo Bilac (1865-1918)


Amor e medo 71 Satânia 103
Ela 107
Fagundes Varella (1841-1875) Conto 108
Canção lógica 74
Desvario de um poeta 76 Emílio de Menezes (1866-1918)
Ao ver o Bilac inerme…110
Castro Alves (1847-1871)
Boa noite 77 Vicente de Carvalho (1866-1924)
Visão negra 111
Artur Azevedo (1855-1908)
Por decoro 79 Guimarães Passos (1867-1909)
Temperatura 112
Carvalho Junior (1855-1879) Opiniões 114
Antropofagia 80
Profissão de fé 81 Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
Tentações medievais 115
Francisca Júlia (1871-1920) Ascenso ferreira (1895-1965)
Dança de centauras 116 Misticismo n.º 2 144
Cinema 146
Aníbal Teófilo (1873-1915)
Algumas onzimas barbarescas — Onzima xxi 117 Barão de itararé (1895-1971)
Na França pescoço é cou 147
Anónimos
Que traste é mais delote… 118 Joaquim cardozo (1897-1978)
Eu caguei e tu cagaste… 119 Poema para a nudez de Ítala Nandi 148
A corda sensível 120
É tão bom, não dói nem nada 122 Raul bopp (1898-1991)
Abisag 149
Moysés Sesyom (1883-1932) Libido brasileira 150
O peido que a doida deu… 123
Sua avó, puta de estrada… 124 Dante milano (1899-1991)
Rodolfo dançando nu… 125 Farra 151

Augusto dos Anjos (1884-1914) Sosígenes costa (1901-1968)


A fome e o amor 126 Depois do pecado 153
Volúpia imortal 127 Não me toques 154

Zé Limeira (1886-1968) Murilo mendes (1901-1975)


Os anos não voltam mais… 128 Grafito para Ipólita 155

Anónimo Anónimos
A mulata cor de jambo 129 Bolina 157
O pinto pinica o velho 159
Olegário Mariano (1889-1958)
Dona Boa 131 Augusto meyer (1902-1970)
À maneira de mim mesmo (carta) 161
Luiz Leitão (1890-1969)
A cagada 133 Carlos drummond de andrade (1902-1987)
Iniciação amorosa 162
mário de andrade (1893-1945) A paixão medida 163
Soneto 134
Girassol da madrugada 135 Pedro nava (1903-1984)
Episódio sentimental 164
Jorge de lima (1893-1953)
Quichimbi sereia negra 139 Zé da luz (1904-1965)
Madorna de iaiá 140 A cacimba 166
As flô de Puxinanã  168
Gilka machado (1893-1980)
Sensual 142 Mário quintana (1906-1994)
Particularidades 2 143 O descobridor 170
Guilherme Santos Neves (1906-1989) Anónimo
Jayme Santos Neves (1909-1998) Mano, vamos fazer… 204
Paulo Vellozo (1909-1977)
O canto do puto 171 Affonso ávila (1928-2012)
Redondilhas… 173 antirromanceiro das mulheres Antirromanceiro das mulheres brasas
Comer um cu 174   (prontuário das corruptas) 205

Anónimos Haroldo de campos (1929-2003)


O marinheiro e a velha 175 Amabo, mea dulces iphithilla 207
Toda mulher um jardim… 177
Ferreira gullar (1930-)
Vinícius de moraes (1913-1980) Pôster 208
Os quatro elementos 178 Coito 210

Altino caixeta de castro (1916-1996) Hilda hilst (1930-2004)


Deusa da Hileia 181 Porque há desejo em mim… 212
Cúpula 182 Araras versáteis 213

Dora ferreira da silva (1918-2006) Mário faustino (1930-1962)


Erótica 183 Divisamos assim o adolescente 214

Péricles eugênio da silva ramos (1919-1992) Walmir ayala (1933-1991)


Propiciação 184 Paraíso onde as vulvas «inflamadas» 215

João cabral de melo neto (1920-1999) Adélia prado (1935-)


Paisagem pelo telefone 186 Dia 216
As frutas de Pernambuco 188 Lembrança de maio 217

ha de louvor Millôr fernandes (1923-2012) Hermínio bello de carvalho (1935-)


Poeminha de louvor ao strip-tease secular 189 receita para assassinato Receita para assassinato seguida de
  cardápio do corpo da pessoa amada 218
Dalton trevisan (1925-)
Cantares de sulamita 191 Anónimo
Há duas coisas no mundo… 222
José paulo paes (1926-1998)
Centaura 198 Roberto piva (1937-2010)
Epitalâmio 199 Teu cu fora da lei… 223

Max martins (1926-2009) Francisco alvim (1938-)


Tarde pesada de limos 200 Brincadeira 224
O amor ardendo em mel 201
Sebastião nunes (1938-)
Décio pignatari (1927-2012) Erótica batalha 225
Poeminha poemeto poemeu poesseu poessua da flor 202 Nova tropicália 226
Contribuição para um alfabeto duplo 203
Anónimos Ana cristina cesar (1952-1983)
Maria atravessou o regato… 227 Anônimo 251
B-a-bá… 228 Arpejos 252
Amarrei num lindo troço… 229
Angela melim (1952-)
Neil de castro (1940-) Ih… 253
Brasil versus Portugal ou língua portuguesa inculta e bela 230 Homem 254

Rubens rodrigues torres filho (1942-) Anónimo


Poesia pura 232 Um noivado no rincão do buraco 255
Que impede o lado de dentro? 233
Paulo franchetti (1954-)
Waly salomão (1943-2003) O fauno 258
Exterior 234 Quando você me oferece, pasto… 260
Cátedra de literatura comparada 235
Fernando paixão (1955-)
Cacaso (1944-1987) Cantiga d’amiga 261
Busto renascentista 236
Josely vianna baptista (1957-)
Velu 262
Maria lúcia dal farra (1944-)
A manga 237
Nelson ascher (1958-)
Trompas 263
Paulo leminski (1944-1989)
Sossegue coração 239
valdo motta (1959-)
Encantamento 264
Antonio cicero (1945-)
A eshu ganesha 265
Esse amante 240
Arnaldo antunes (1960-)
Alice ruiz (1946-) Boceta 266
Gotas 241 O tato 267

Omar khouri (1948-) Carlito azevedo (1961-)


As galinhas da infância… 242 Sob o duplo incêndio 269
Vem, amado, vem… 243
Alexei bueno (1963-)
Braulio tavares (1950-) Relíquias 270
Limeiriques 244 Vulva 271
Poema da buceta cabeluda 245
Claudia roquette-pinto (1963-)
Glauco mattoso (1951-) Debruçar-se sobre seu aroma… 272
Soneto 133 — Bocágico-camônico 247
Soneto 306 — Putanheiro 248 Anónimos
Soneto 423 — Perversivo 249 Romance da filha do imperador do brasil 273
Comprei um penico… 276
Paulo henriques britto (1951-) Maroca tu deste um peido… 277
Bonbonnière 250 Se quebranto tinhas… 278
*
LÚ DIC A E LÚ BR IC A :
A L Í N G UA E R Ó T I C A N O B R A S I L
Posfácio — Da Lira Abdominal 281
Eliane Robert Moraes

Fontes bibliográficas 319


Notas biográficas 327
Agradecimentos347


M ais de meio século separa a presente reunião de poemas


eróticos daquela publicada por Natália Correia em 1966.
Iniciativa notável da poetisa lusitana, tanto pela qualidade do 19

trabalho quanto pela coragem de ter desafiado a censura de um


regime ditatorial, a Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satí-
rica foi a grande inspiradora da seleção aqui apresentada e
permanece sendo sua principal interlocutora. Daí que esta
Antologia da Poesia Erótica Brasileira venha a ser, antes de tudo,
um convite ao leitor português para se lançar à descoberta de
um rico diálogo entre escritores que, vivendo em países tão dis‑
tantes quanto distintos, partilham a aventura da mesma língua.
Diálogo de certa forma clandestino, não só por ter ficado oculto
na história das relações literárias entre Brasil e Portugal, mas
principalmente porque gira em torno do sexo – e só do sexo.
Percorrer as páginas deste livro significa explorar um conti‑
nente a um só tempo conhecido e desconhecido: se, de um lado,
pode-se identificar nele alguns desdobramentos transatlânticos
do precioso erotismo literário português, de outro, o volume
se oferece como um possível guia para se apreciar a singular
erótica tropical criada no além-mar. Por certo, no espaço que
se estende entre esses pólos, o leitor terá a oportunidade de
ampliar ainda mais tal diálogo, sobretudo se der margem a esse
expediente fundamental de Eros que é a imaginação.
Patrono do trânsito entre as duas líricas eróticas, o poeta
Gregório de Matos Guerra é o único a figurar em ambas as sele‑
ções. Nascido e morto no Brasil, mas tendo vivido três décadas
na Metrópole, o bardo seiscentista ocupa de fato um lugar de
destaque nas duas compilações. No livro organizado por Natá‑ e por extraordinários poetas anônimos, inspirou nomes expres‑
lia Correia, cujo marco inicial é dado pela poesia do século xiii, sivos da contracultura, até alcançar a contemporaneidade com
o «Boca do Inferno», como ficou conhecido o poeta, ganha a força criativa de um Sebastião Nunes ou um Glauco Mattoso.
realce entre os grandes gênios satíricos da poesia barroca. Con‑ Não seria equivocado admitir uma continuidade entre uma
dição que a antologia brasileira, iniciada no século xvii, reco‑ tradição e outra. Todavia, justamente nesse ponto onde se pode
nhece e confirma, chegando a lhe atribuir um papel fundador, afirmar uma aproximação, vislumbra-se também uma sutil dife‑
uma vez que são de sua lavra os primeiros poemas do volume. rença: a linguagem passional da sátira lusitana, de tom extre‑
Por certo, a presença de Gregório de Matos nas duas antolo‑ mista e não raro escabroso, parece de alguma forma abrandada
gias abre para suposições interessantes e pode ser um bom ponto na poesia brasileira. Embora não haja distinções expressivas no
20 de partida para se interrogar o jogo de afinidades e diferenças uso de termos obscenos e grosseiros, comum a ambas, a função 21

entre esses conjuntos. Tarefa nada fácil, contudo, já que se trata do rebaixamento obedece a motivações distintas: se, tradicio‑
de um confronto entre poéticas do mesmo idioma, o que torna nalmente, a poesia portuguesa costuma se valer do escárnio
mais complexo o intento de aproximar ou distinguir. Como, para degradar e até mesmo destruir um inimigo, a brasileira
então, discernir as inflexões que singularizam um Eros literário parece jactar-se com a cumplicidade do riso. Como se pode tes‑
português e outro, brasileiro, no interior da «nossa» língua? temunhar nos poemas que se seguem, aqui o sarcasmo quase
Muitas seriam as possíveis respostas a essa questão, que aqui sempre redunda em brincadeira.
só pode ser tangenciada. Para ficarmos num só exemplo, vale Brincadeira, aliás, é um significante intenso na cultura bra‑
comparar brevemente a qualidade do gosto pela verve burlesca sileira, muitas vezes tangenciando o domínio sexual. Na litera‑
que é marcante na lírica dos dois países. Como lembra Natália tura, a palavra ganha força performática em vários títulos, entre
Correia, a imaginação satírica surge já no alvorecer da poesia os quais se destaca o livro Macunaíma, publicado por Mário de
portuguesa como contraponto ao erotismo celestial das chama‑ Andrade em 1928, que propõe uma fabulação complexa sobre
das «cantigas de amor». A virulência licenciosa dos primeiros o que o autor chamou de «entidade nacional». Personagem
trovadores do gênero escarninho e maledicente está, portanto, carnavalesco por definição, o protagonista é apresentado como
na base de uma pródiga tradição de cancioneiros satíricos que «herói sem nenhum caráter», o que o coloca em franca oposição
atravessa séculos e séculos da história literária de Portugal até à seriedade, ao juízo e ao bom comportamento. Safado, mole‑
chegar à extraordinária pena fescenina de Bocage. que e preguiçoso, ele evita ao máximo fazer qualquer esforço
Ora, já no caso do Brasil, apesar do papel inaugural atribu‑ que não resulte em gozo. Escusado dizer que sua atividade pre‑
ído a Gregório de Matos, o gosto burlesco desenvolve-se sobre‑ ferida é a brincadeira.
tudo a partir do século xix, ganhando cada vez mais adeptos. Verbo polivalente na cultura popular do país, a sugerir di‑
Não por acaso, esse veio abarca quase todo o volume, pas‑ versos sentidos, o «brincar» de Macunaíma comporta sobretudo
sando por escritores oitocentistas como Francisco Moniz Bar‑ uma forte conotação erótica. Supondo uma dimensão infantil,
reto, Laurindo Rabelo ou Bernardo Guimarães, para chegar no as «brincadeiras» em questão remetem por certo à sexuali­dade
século xx pelas mãos de poetas como Mucio Teixeira, Olavo Bilac perversa e polimorfa das crianças, ainda livre de todo agen‑
ou Guimarães Passos. Praticado pelos nossos grandes modernistas ciamento repressivo do mundo adulto. «Brincar do que?» —
pergunta uma parceira ao lúbrico personagem. «Brincar de ma‑ N O TA E D I T O R I A L
rido e mulher!» — responde o herói, abandonando-se a «um
deboche de ardor prodigioso».
Texto emblemático da literatura brasileira, Macunaíma for‑
nece uma importante chave de leitura para quem deseja percor‑
rer esta Antologia da Poesia Erótica Brasileira, notadamente no
que concerne à riqueza expressiva do nosso espírito burlesco,
que tem seus pontos altos tanto na dicção cômica quanto na
vertente paródica. Contudo, estas páginas prometem ainda
D e forma geral, a entrada dos poemas desta antologia segue
uma ordenação cronológica, tendo por base as datas de
nascimento de seus autores. Essa opção teve por modelo não só
22 outras surpresas. Ao longo de sua leitura, tem-se a oportuni‑ sua edição brasileira (São Paulo, Ateliê, 2015), mas importantes 23

dade de apreciar outras linhas de força dessa lírica que também publicações do gênero que também a adotaram, como é o caso
aposta com frequência e vigor no veio elegíaco. E, para além das da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, organizada
regularidades, será aqui a ocasião para se conhecer a sensuali‑ por Natália Correia (Lisboa, Afrodite, 1966), ou, mais recente,
dade sombria de um Augusto dos Anjos, o deboche nonsense da Antología de la poesía erótica española e hispanoamericana,
de um Qorpo-Santo, a erótica confessional de um Pedro Nava, editada por Pedro Provencio (Madrid, Edaf, 2003), entre diver‑
os cantos libidinosos de um Dalton Trevisan, o erotismo mítico sas outras. Ainda que não seja o único critério empregado nesse
de um Murilo Mendes, a pornografia concretista de um Décio tipo de compilações, a ordem cronológica aqui praticada tem a
Pignatari, a poética cósmica e lasciva de um Roberto Piva, entre seu favor o fato de permitir a apreciação das mudanças de con‑
tantas outras máscaras por meio das quais se vislumbra a mis‑ teúdo, de expressão e de forma ocorridos na poesia brasileira
teriosa face de Eros. ao longo de mais de quatro séculos, conferindo uma dimensão
Ao leitor português, fica o convite a essa aventura e ao insti‑ histórica à fabulação literária.
gante diálogo que ela propõe. No caso dos poemas cuja autoria não foi possível con‑
firmar, optou-se por agrupá-los na categoria dos anônimos,
sendo que sua inserção no livro foi determinada pelas datas
de publicação da fonte encontrada. Vale dizer que, no decor‑
rer da pesquisa, tentou-se sempre buscar a fonte escrita mais
antiga, mas a prudência obriga a não tomar por originais as
referências aqui apresentadas, o que de certa forma vale para
todo o conjunto.
No intento de tornar a leitura mais fluente, a grafia de algu‑
mas palavras foi atualizada. Afora isso, os poemas foram repro‑
duzidos tal qual aparecem nas fontes que estão apontadas em
seus finais, cujas referências completas podem ser consultadas
na bibliografia que fecha o volume. Cabe, portanto, remeter o
leitor a cada livro do valioso conjunto das «Fontes bibliográ‑
ficas», onde se encontram introduções, prólogos, glossários,
notas explicativas e outras informações de especial interesse
para quem queira aprofundar o assunto.

Antologia da

POESiA
24
ERÓTICA
BRasiL EIRA
DESAIRES DA FORMOSURA
COM AS PENSÕES DA NATUREZA
PONDERADAS NA MESMA DAMA

soneto
Gregório
de Matos
Rubi, concha de perlas peregrina, (1623-1696)

Animado cristal, viva escarlata,


Duas safiras sobre lisa prata, 27

Ouro encrespado sobre prata fina.

Este rostinho é de Caterina;


E porque docemente obriga, e mata,
Não livra o ser divina em ser ingrata,
E raio a raio os corações fulmina.

Viu Fábio uma tarde transportado


Bebendo admirações, e galhardias,
A quem já tanto amor levantou aras:

Disse igualmente amante, e magoado:


Ah muchacha gentil, que tal serias,
Se sendo tão formosa não cagaras!

[de Poemas escolhidos]


O HOMEM MAIS A MULHER 3
Aquartelaram-se então
com seu capitão caralho
todos no quartel do alho,
mote guarita do cricalhão:
e porque na ocasião
Gregório
O cono é fortaleza, haviam de ir por primeiros, Gregório
de Matos O caralho é capitão, além dos arcabuzeiros de Matos

Os culhões são bombardeiros, os bombardeiros, se disse,


28 O pentelho é o murrão. de que serve esta parvoíce? 29

Os culhões são bombardeiros.


décimas
1 4
O homem mais a mulher Marchando por um atalho
guerra entre si publicaram, este exército das picas,
porque depois que pecaram, toda a campanha das cricas
um a outro se malquer: se descobriu de um carvalho:
e como é de fraco ser quando o capitão caralho
a mulher por natureza, mandou disparar então
por sair bem desta empresa, ao bombardeiro culhão,
disse que donde em rigor que se achou sem bota-fogo,
o caralho é batedor, porém gritou-se-lhe logo,
O cono é fortaleza. O Pentelho é o murrão.

2
Neste Forte recolhidos
há mil soldados armados,
à Custa de amor soldados,
e à força de amor rendidos:
soldados tão escolhidos,
que o General disse então,
de membros de opinião,
que assistem com tanto abono
na fortaleza do cono, [de Poemas atribuídos]

O caralho é capitão.
A FOME E O AMOR VOLÚPIA IMORTAL

A um Monstro Cuidas que o genesíaco prazer,


Fome do átomo e eurrítmico transporte
Augusto
dos Anjos Fome! E, na ânsia voraz que, ávida, aumenta, De todas as moléculas, aborte Augusto
(1884-1914) Receando outras mandíbulas a esbanjem, Na hora em que a nossa carne apodrecer?! dos Anjos

Os dentes antropófagos que rangem,


126 Antes da refeição sanguinolenta! Não! Essa luz radial, em que arde o Ser, 127

Para a perpetuação da Espécie forte,


Amor! E a satiríases sedenta, Tragicamente, ainda depois da morte,
Rugindo, enquanto as almas se confrangem, Dentro dos ossos, continua a arder!
Todas as danações sexuais que abrangem
A apolínica besta famulenta! Surdos destarte a apóstrofes e brados,
Os nossos esqueletos descamados,
Ambos assim, tragando a ambiência vasta, Em convulsivas contorções sensuais,
No desembestamento que os arrasta,
Superexcitadíssimos, os dois Haurindo o gás sulfídrico das covas,
Com essa volúpia das ossadas novas
Representam, no ardor dos seus assomos, Hão de ainda se apertar cada vez mais!
A alegoria do que outrora fomos
E a imagem bronca do que inda hoje sois!

[de Zenir Campos Reis (org.), Augusto dos Anjos: poesia e prosa] [de Toda a poesia]
INICIAÇÃO AMOROSA A PAIXÃO MEDIDA

A rede entre duas mangueiras Trocaica te amei, com ternura dáctila


Carlos balançava no mundo profundo. e gesto espondeu.
Drummond Carlos
de Andrade
O dia era quente, sem vento. Teus iambos aos meus com força entrelacei. Drummond
(1902-1987) O sol lá em cima, Em dia alcmânico, o instinto ropálico de Andrade

as folhas no meio, rompeu, leonino,


162 o dia era quente. a porta pentâmetra. 163

E como eu não tinha nada que fazer vivia Gemido trilongo entre breves murmúrios.
namorando as pernas morenas da lavadeira. E que mais, e que mais, no crepúsculo ecoico,
senão a quebrada lembrança
Um dia ela veio para a rede, de latina, de grega, inumerável delícia?
se enroscou nos meus braços,
me deu um abraço,
me deu as maminhas
que eram só minhas. A rede virou,
o mundo afundou.

Depois fui para a cama


febre 40 graus febre.
Uma lavadeira imensa, com duas tetas
imensas, girava no espaço verde.

[de Alguma poesia] [de A paixão medida]


RELÍQUIAS VULVA

Não se orgulha ele mais das que o quiseram Aracnídea boca


Que das que ele comprou. Sem voz, sangrando um ente
Alexei
Bueno
O vento onde um e muitas feneceram Desfeito eternamente Alexei
(1963-) Quente e úmido passou. Num fio que se apouca Bueno

270 Seu milagre e o tesouro que conserva E tomba. Casa em chamas. 271

É um torso, um riso alheio, Umbral do sono. Rio


Ancas sulcando o sol, pés entre a erva, Do olvido, onde um cicio
O alvor gerando um seio. De carne eriça as ramas.

Gosto do todo. Ogiva


Da vontade e do nada
A haurir, coralizada,
Quanta ânsia nela viva.

Sarça de extintos eus


A arder. Sol da penumbra
Onde se acende e obumbra
O oco onde esteve Deus.

[de Poesia reunida] [de Poesia reunida]


p o s fá c i o
 D A L I R A A B D O M I N A L *
eliane robert moraes

Mas a noite é nua,


E nua na noite,
Palpitam teus mundos 281

E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos,


Brilha o teu umbigo
Brilha toda a tua
Lira abdominal.

Manuel Bandeira, «Nu»

S ão misteriosos os laços que unem a poesia ao erotismo.


Misteriosos e duradouros, já que o despertar da lira de Eros
parece coincidir com a própria origem das línguas e, desde
sempre, seus ecos vibram com intensidade por toda parte. Não
admira, pois, que a escrita erótica tenha sido praticada por tan‑
tos poetas e que muitos deles tenham interrogado tais segredos
para melhor conhecer o pacto entre a carne e a letra. As respos‑
tas que nos legaram repercutem, de forma notável, umas nas
outras, como que reafirmando as fundações de um saber antigo.
Já na idade de ouro do lirismo grego, Safo manifestava tal dis‑
posição em delicadas súplicas para a paixão resistir à passagem

*  Este texto foi publicado como apresentação à edição brasileira desta Antolo‑
gia. Sem prejuízo à leitura, são citados nele alguns poemas que só se encontram
na íntegra na edição original (São Paulo: Editora Ateliê, 2015), à qual remeto.
do tempo, como se lê num de seus mais belos versos: «possa para sobretudo, imagina o que se oculta no recôndito de seu corpo.
mim esta noite / durar duas noites»*. Os fragmentos da poeta de O resultado é «o retrato de tudo o que estava escondido», ou
Lesbos, inaugurando a poesia erótica do Ocidente, evocam jus‑ seja, o retrato de «tudo aquilo», vale repetir, que confere a Maria
tamente aquela outra noite que, circunscrita à sua realidade de um rosto clandestino.
palavra, vem se acrescentar à noite vivida, duplicando o gozo dos Mais inquieto ainda, diante da imponderável tarefa de qua‑
amantes. Ao insinuar que a imaginação tem o poder de prolongar lificar a volúpia de um encontro vivido, mostra-se o eu lírico de
o encontro amoroso, seus versos conferem um lugar de honra ao um poema de Carlos Drummond de Andrade presente neste
impulso de fabulação que move a lírica sensual. livro. Valendo-se da invulgar nomenclatura dos tratados de ver‑
Não deixa de surpreender que essa mesma inquietação sificação — em particular a que designa os arranjos entre sílabas
282 esteja na base de um singelo poema popular, criado em outra longas e breves — ele propõe estranhas metáforas sexuais que se 283

era e em outro continente, recolhido por Mário de Andrade somam umas às outras, criando um rastro fantasmático daquilo
em suas andanças pelo interior do Brasil nas primeiras décadas que, um dia, teve concreta substância libidinosa. Em «A paixão
do século xx. De autor anônimo, a graciosa quadrinha inclu‑ medida», expressões inusitadas se sucedem umas às outras num
ída nesta antologia faz eco aos antigos versos da poeta grega crescendo para, enfim, dar lugar a uma interrogação decisiva
quando diz: sobre a impotência que ameaça a empreitada poética, como tal‑
vez possa ter ameaçado a sexual:
Maria atravessou o regato,
molhou a barra do vestido. Trocaica te amei, com ternura dáctila
Na água deixou o retrato e gesto espondeu.
de tudo o que estava escondido. Teus iambos aos meus com força entrelacei.
Em dia alcmânico, o instinto ropálico
Como se pode notar, aqui também o poema identifica um duplo rompeu, leonino,
do desejo, igualmente capaz de libertá-lo das limitações empíri‑ a porta pentâmetra.
cas para multiplicar suas potencialidades. Entende-se por que a gemido trilongo entre breves murmúrios.
matéria obscura e proibida, oculta debaixo do vestido de Maria, E que mais, e que mais, no crepúsculo ecoico,
ganha potência de imagem quando refletida no regato: o ina‑ senão a quebrada lembrança
bordável adquire então um corpo próprio, substituindo o corpo de latina, de grega, inumerável delícia?
real por outro, difuso e espectral. Mais que mero reflexo, por‑
tanto, o que o movimento fugidio das águas capta são as ines‑ Não é difícil perceber aonde quer chegar o poeta. Seus versos
gotáveis derivas da passagem da moça pelo riacho, ampliando irregulares convocam um léxico que, tendo por base o rigor da
ao infinito as possibilidades de um olho que não só a vê mas, medição e da enumeração, contrasta com o objeto em questão,
posto que a inumerável delícia ultrapassa qualquer possibili‑
*  Safo de Lesbos, Poemas e fragmentos, trad. Joaquim Brasil Fontes, São Pau‑ dade de contagem. «E que mais, e que mais?» — pergunta-se
lo, Iluminuras, 2003. o sujeito lírico, em urgência crepuscular, como que aludindo à
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N O TA S B I O G R Á F I C A S

Adélia Prado nasceu em (RJ), em 1937. Diplomou­‑se em


Divinópolis (MG) em 1935. farmácia, em 1884. Seu livro de
Começou a escrever poesia aos estreia, as Canções românticas, data
quinze anos, na ocasião da morte de 1877, mas sua poesia tornou­‑se
da mãe. Começou a lecionar em conhecida mais tarde, sobretudo
1955, profissão que exerceria por com as coletâneas das quatro séries
327
um quarto de século. Alguns anos de Poesias, que se sucederam de
depois de terminar uma graduação 1900 a 1928. Foi um dos maiores
em filosofia, em 1973, publicou o cultores do soneto em língua
livro de poemas Bagagem, em 1976. portuguesa. Com Raimundo Correia
O cotidiano e a condição feminina, e Olavo Bilac, constituiu a trindade
a sexualidade e a religião são temas parnasiana no Brasil. Durante
centrais da autora, que inclui toda a carreira literária, colaborou
títulos como O coração disparado com diversos jornais cariocas.
(1978, Prêmio Jabuti), A faca no
peito (1988), Oráculos de maio Alexandrina da Silva Couto
(1999) e A duração do dia (2010). dos Santos nasceu em Campos
(RJ) em 1859 e morreu em Campinas
Affonso Ávila nasceu em (SP) em 1934. Seus dados biográficos
Belo Horizonte (MG), em 1928, são escassos. Segundo o historiador
onde faleceu em 2012. Autodidata, Celso de Mello Pupo, Alexandrina
desde jovem envolveu­‑se com as foi jornalista, tendo tido seu talento
letras, por intermédio da poesia e de poeta reconhecido em círculos
do jornalismo. Atuou na imprensa, restritos. Não publicou livros, apenas
no rádio e ocupou cargos públicos. um caderno manuscrito, herdado
Em 1957, fundou a revista Tendência, por seu sobrinho­‑neto, o escritor
especializando­‑se depois em Guilherme de Figueiredo. O caderno
estudos sobre arte e literatura do contém poemas transcritos de
período colonial brasileiro, o que autores românticos, provérbios,
propiciou o aparecimento da revista pensamentos e setenta e dois
Barroco. Entre suas publicações poemas de sua própria autoria.
estão Código de Minas (1969),
Discurso da difamação do poeta Alexei Bueno nasceu no Rio de
(1976) e Homem ao termo: poesia Janeiro (RJ) em 1963. Seu primeiro
reunida (2008), entre outras. livro, As escadas da torre, foi
publicado em 1981. Em seguida
Alberto de Oliveira nasceu lançou Poemas gregos (1985), A via
em Palmital de Saquarema (RJ) estreita (1995) e diversos títulos
em 1857 e faleceu em Niterói reunidos mais tarde em sua Poesia
completa (2013). Traduziu Edgar os primeiros poemas ainda jovem, Angela Melim nasceu em Porto livro de poesia, Ou e. Em 1992, já em
Allan Poe e Gérard de Nerval, entre em jornais da cidade natal, mas, Alegre (RS) em 1952 e vive no Rio carreira musical a solo, produziu o
outros. Desde 1994 trabalha como distante do circuito cultural dos de Janeiro (RJ). Teve seu primeiro CD Isto não é um livro de viagem,
editor e crítico organizando obras grandes centros urbanos, manteve­ livro de poemas publicado em com leituras do poeta Haroldo de
completas de escritores como Olavo ‑se praticamente inédito até 1980, 1974, sob o título O vidro o nome, Campos. Publicou As coisas (1993),
Bilac, Jorge de Lima, Vinícius de quando lança Cidadela da rosa: e fez carreira como tradutora e Et eu tu (2006) e a antologia Como
Moraes e outros. Organizou uma com fissão da flor. Sua obra poética redatora no Rio de Janeiro. Entre é que chama o nome disso (2006).
Antologia Pornográfica (2004), atravessa diversos estilos, incluindo suas publicações estão também As
com uma seleção de poemas também Diário da rosa errância mulheres gostam muito (1979), Os Artur Azevedo nasceu em São
eróticos brasileiros e portugueses. prosopoemas (1989) e a edição caminhos do conhecer (1981), Poemas Luís (MA), em 1855, e faleceu no Rio
póstuma Sementes de sol, de 2004. (1987) e Mais dia menos dia (1996). de Janeiro (RJ) em 1908. Figurou, ao
Alice Ruiz nasceu em Curitiba lado do irmão Aluísio de Azevedo,
(PR) em 1946. Seus primeiros Álvares de Azevedo nasceu em Aníbal Teófilo nasceu em no grupo fundador da Academia
328 329
poemas apareceram em jornais e São Paulo (SP) em 1831 e morreu no Humaitá (RS) em 1873 e faleceu no Brasileira de Letras. Aos quinze anos,
revistas culturais do início da década Rio de Janeiro (RJ) em 1852. Aluno Rio de Janeiro (RJ) em 1915. Além escreveu a peça Amor por anexins,
de 1960. Participou do grupo de de direito, envolveu­‑se intensamente de poeta e colaborador de diversos que conheceu grande êxito. No
vanguarda Áporo (1969), contra o com a vida literária paulistana. periódicos de seu tempo, teve carreira jornalismo desenvolveu atividades
provincianismo do meio cultural Relatos de orgias e satanismo na militar e atuou como secretário do que o projetaram como um dos
paranaense. Em 1971, iniciou carreira Sociedade Epicureia, que formou Teatro Municipal do Rio de Janeiro. maiores contistas e teatrólogos
como letrista de música popular em com colegas escritores, causaram Suas poesias foram recolhidas no brasileiros. Além disso, organizou
paralelo à atividade como tradutora. furor à época e tiveram eco em volume Rimas, editado em 1911. publicações literárias, como A
Publicou seu primeiro livro, sua obra; mas contrastam com seu Gazetinha, Vida Moderna e O Álbum.
Navalhanaliga, em 1980, a que se histórico de aluno exemplar e apego Antonio Cicero nasceu no Rio
seguiram vários outros títulos, como à família. Apesar da morte precoce, de Janeiro (RJ) em 1945. Passou Ascenso Ferreira nasceu em
Vice versos (1989) e Luminares (2012). a publicação póstuma de obras a adolescência em Washington, Palmares (PE) no ano de 1895 e
como Lira dos vinte anos, Macário nos EUA, e, de volta ao Brasil, morreu em Recife (PE) em 1965.
Alphonsus de Guimaraens e A noite na taverna garantiram seu iniciou o curso de filosofia no Rio Publicou seus primeiros poemas
nasceu em Ouro Preto (MG) em lugar entre os principais autores de Janeiro, vindo a concluí­‑lo na em 1922, em jornais locais. Por
1870 e morreu em Mariana (MG) em do romantismo brasileiro. Universidade de Londres. Seus influência de Mário de Andrade e
1921. Cursou a Faculdade de Direito poemas, escritos desde a juventude, outros modernistas, logo passou a
do Largo São Francisco e, em São Ana Cristina Cesar nasceu foram inicialmente conhecidos por incorporar temas locais e humor aos
Paulo, tornou­‑se colaborador dos no Rio de Janeiro (RJ) em 1952 meio da voz de sua irmã, a cantora seus versos, divulgando pessoalmente
jornais Correio Paulistano, O Estado e morreu na mesma cidade em Marina Lima. Publicou, entre outros, suas obras em recitais pelo país.
de S. Paulo e A Gazeta, entre outros. 1983. Teve seus primeiros poemas os livros Guardar (1996), A cidade Publicou Catimbó (1927) e Cana
De volta para Ouro Preto, concluiu publicados aos sete anos, no jornal e os livros (2002), Livro de sombras caiana (1939), depois reunidos em
bacharelado em 1894 e atuou como Tribuna da Imprensa. Participou do (2010, com o artista plástico Luciano Poemas, de 1951, livro acrescido de
promotor de justiça e juiz. Estreou movimento da poesia marginal e Figueiredo), e Porventura (2012). outras obras e de disco encartado
na literatura com os livros de colaborou para publicações como no qual recitava seu famoso poema
poemas Setenário das Dores de Nossa Opinião, Jornal do Brasil, Folha de Arnaldo Antunes nasceu em «O trem de Alagoas», musicado
Senhora, Câmara ardente e Dona S.Paulo e com o periódico Beijo. São Paulo (SP) em 1960. Nos anos por Heitor Villa­‑Lobos.
mística, todos de 1899, publicando Atuou como tradutora e analista de 1980 integrou a primeira formação
em seguida diversos outros volumes. textos para a TV. Em 1979, lançou da Banda Performática e, em 1982, Augusto dos Anjos nasceu
seu primeiro livro de poesia, Cenas apresentou­‑se pela primeira vez com em Cruz do Espírito Santo (PB)
Altino Caixeta de Castro de abril. Publicou também A teus a banda Titãs do Iê­‑Iê, que passou em 1884 e faleceu em Leopoldina
nasceu em Patos de Minas (MG) em pés (1982), e em 1985 foi lançado o posteriormente a se chamar apenas (MG) no ano de 1914. Formou­‑se
1916, onde faleceu em 1995. Publicou livro póstumo Inéditos e dispersos. Titãs. Em 1983 lançou seu primeiro na Faculdade de Direito do Recife
em 1907, retornando em seguida e poeta. Cursou a Faculdade de participa, tornaram­‑se referências sensuais. Conviveu com escritores
para a Cidade da Paraíba (atual João Direito em São Paulo e se tornou da chamada «poesia marginal». de sua época, como Artur Azevedo,
Pessoa), onde passou a dar aulas amigo dos poetas Aureliano Lessa Fontoura Xavier e Teófilo Dias.
de português no Liceu Paraibano e e Álvares de Azevedo, com quem Carlito Azevedo nasceu no Rio
a publicar seus poemas em jornais fundou a Sociedade Epicureia, que de Janeiro (RJ) em 1961. Estreou Casimiro de Abreu nasceu em
locais. Em 1912, financiado pelo ganhou fama no meio paulistano. na literatura com o livro Collapus Barra de São João (RJ), em 1839,
irmão Odilon, publicou seu único Em 1852, publicou o livro de linguae (1991), publicando em seguida e faleceu em Nova Friburgo (RJ),
livro, Eu, que ganhou edição póstuma poemas Cantos da solidão, e, em As banhistas (1993), Sob a noite física em 1860. Iniciou a atividade literária
em 1920, com vários poemas inéditos. 1875, lançou o romance A escrava (1996) e Versos de circunstâncias em Lisboa, com a publicação de
Isaura, sua obra mais conhecida. Sua (2001), ano em que também reuniu um conto, e foi nessa cidade que
Augusto Meyer nasceu em Porto poesia se desdobrou entre o lirismo seus poemas na antologia Sublunar. escreveu a maior parte de suas
Alegre (RS) no ano 1902 e morreu bucólico, a sátira e a bestialogia. Também tem trabalhos como poesias e também o drama
no Rio de Janeiro (RJ) em 1970. tradutor, autor de poemas infantis, Camões e o Jau, representado
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O autor faz parte do modernismo Braulio Tavares nasceu em coordenador editorial e editor da no Teatro D. Fernando (1856).
gaúcho, tendo lançado seu primeiro Campina Grande (PB) em 1950. revista de poesia Inimigo Rumor. Aos dezessete anos já colaborava
livro de poemas, Ilusão querida, em Criado numa família de poetas, Em 2009, lançou Monodrama. na imprensa portuguesa, ao
1920. Fundou a revista Madrugada escreveu os primeiros sonetos lado de Alexandre Herculano,
e colaborou com poemas e ensaios aos oito anos. Entre suas obras Carlos Drummond de Andrade Rebelo da Silva e outros. Em
críticos em jornais do Rio Grande do publicadas estão Balada do andarilho nasceu em Itabira (MG) em 1902 1856, o jornal O Progresso
Sul. Em 1937, mudou­‑se para o Rio Ramón e outros textos (1980), e morreu no Rio de Janeiro (RJ) imprimiu o folhetim Carolina.
de Janeiro, onde dirigiu o Instituto O homem artificial (1999) e Os em 1987. Diplomou­‑se em farmácia
Nacional do Livro. Entre seus livros martelos de Trupizupe (2004), este em 1925, mas nunca exerceu a Castro Alves nasceu em Muritiba
estão Coração verde (1926), Giraluz último focado na poesia de cordel, profissão, tendo iniciado a vida (BA), em 1847, e faleceu em Salvador
(1928) e Poemas de Bilu (1929). uma de suas especialidades. Tem profissional como redator de jornais (BA) em 1871. Cursou a Faculdade de
várias parcerias musicais gravadas e, posteriormente, como funcionário Direito, onde se tornou conhecido
Barão de Itararé (pseudônimo pelo cantor Lenine e assinou roteiros público. Poeta, cronista e tradutor, e admirado por seus versos.
de Fernando Apparicio Brinkerhoff de filmes como Besouro (2009) estreou na literatura em 1930 com Consciente do papel de poeta social,
Torelly) nasceu no Rio Grande (RS) e O homem que enganou o diabo Alguma poesia. Em 1942, lançou o escreveu o drama Gonzaga e, em
em 1895 e morreu no Rio de Janeiro (2007), além da minissérie A pedra livro Poesias, ao qual se seguiram 1868, transferiu­‑se para o Sudeste,
(RJ) em 1971. Nome importante do reino, exibida na TV em 2007. títulos como A rosa do povo (1945), terminando o curso de Direito em
da sátira política no Brasil, valeu­ Claro enigma (1951), Lição de coisas São Paulo. A lado da lírica amorosa,
‑se do humor para ironizar as elites Cacaso (Antônio Carlos Ferreira (1962), Boitempo (1968). Seu livro de foi um expoente da chamada «poesia
e enfrentar governos autoritários de Brito) nasceu em Uberaba (MG) poemas eróticos, O amor natural, foi condoreira», marcada pelo combate
em jornais como A Manha e em 1944 e morreu no Rio de Janeiro publicado postumamente, em 1992. à escravidão, sendo conhecido como
Almanhaque. Preso sucessivas (RJ) em 1987. Ingressou no curso de «Poeta dos Escravos». Lançou o
vezes, foi companheiro de cárcere filosofia da Universidade Federal do Carvalho Junior nasceu no Rio primeiro livro em novembro de
do escritor Graciliano Ramos. Rio de Janeiro em 1964. Em 1967, de Janeiro (RJ) em 1855 e morreu 1870, Espumas flutuantes, único
Sua obra poética inclui Pontas lançou o primeiro livro de poemas, na mesma cidade em 1879. Formou­ que chegou a publicar em vida.
de cigarro (1916) e a publicação A palavra cerzida. Colaborou ‑se em direito em 1877 e, no mesmo
póstuma intitulada Máximas e com jornais como Opinião e período, colaborou com o jornal Claudia Roquette­‑Pinto nasceu
mínimas do Barão de Itararé (1985). Movimento e militou ativamente paulistano A República. Atuou no Rio de Janeiro (RJ) em 1963.
contra a ditadura. Nos anos 1970, como promotor público e juiz Formou­‑se em tradução literária
Bernardo Guimarães nasceu foi um dos poetas da «geração municipal no Rio de Janeiro. Em pela Universidade Católica de sua
em Ouro Preto (MG) em 1825, onde mimeógrafo», e seu livro Grupo 1789, publicou seu único livro de cidade (PUC­‑RJ). Dirigiu, durante
morreu em 1884. Foi magistrado, escolar (1974), bem como a coletânea poesia, Parisina. Poeta parnasiano, cinco anos, o jornal cultural Verve e
jornalista, professor, romancista 26 poetas hoje (1975), da qual seus poemas foram considerados também realizou diversas traduções.
Entre seus livros de poesia publicados de Campos e Augusto de Campos, Enéas da Silva Caldas nasceu no e do volume de prosas poéticas
estão Os dias gagos (1991), Saxífraga com quem lançou o movimento ano de 1863 em local desconhecido Palavra e rosto (2010).
(1993), Zona de sombra (1997), Corola de poesia concreta e o Plano­ e morreu em 1908. Foi um poeta
(2002) e Margem de manobra (2005). ‑piloto para poesia concreta (1958). popular do Rio Grande do Norte, Ferreira Gullar (pseudônimo
Formado em direito, foi ensaísta, mas de biografia praticamente de José Ribamar Ferreira) nasceu em
Dalton Trevisan nasceu em tradutor, dramaturgo, professor e desconhecida. Participou do livro São Luís (MA) em 1930 e radicou­
Curitiba (PR) em 1925. Quando pesquisador da área de semiótica. Uns fesceninos, organizado por ‑se no Rio de Janeiro. Sua extensa
estudante de direito, costumava Publicou o volume de contos O rosto Oswaldo Lamartine de Faria no produção poética compreende mais
lançar seus contos em folhetos. da memória (1988) e o romance final dos anos 1960 e publicado de vinte títulos, entre os quais A
Entre 1946 e 1948, editou a revista Panteros (1992), entre outros. em «edição fora do mercado» no luta corporal (1954), Poema sujo
Joaquim, que se tornou porta­‑voz de Rio de Janeiro (Erotica Lexikon, (1976), Muitas vozes (1999) e Em
uma geração de escritores, críticos Dora Ferreira da Silva nasceu 1970). Sobre ele, que morreu alguma parte alguma (2010), vários
e poetas nacionais. Em 1959, lançou em Conchas (SP) em 1918 e faleceu com apenas 45 anos de idade, o deles traduzidos em outros idiomas,
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Novelas nada exemplares, seguido em São Paulo (SP), em 2006. Além organizador diz ter sido um «rapagão além de diversos livros de poesia
de Cemitério de elefantes e Morte na de poeta, destacou­‑se também por exuberante», boêmio, que «talvez infantil. Tradutor e dramaturgo,
praça, ambos de 1964, e O vampiro seus trabalhos de tradução, que tenha sido o versejador primeiro ele também publicou crônicas,
de Curitiba (1965). A partir dos incluem obras de Rainer Maria da lira fescenina papa­‑jerimum». memórias e vasta obra ensaística
anos 1990, passou a dedicar­‑se a Rilke, T. S. Eliot, Valéry e Carl Jung. em torno da cultura, da literatura
uma vigorosa prosa minimalista, Fundou ao lado do marido e filósofo, Fagundes Varella nasceu em e das artes plásticas no Brasil.
de que dão exemplo os livros Ah, Vicente Ferreira da Silva, a revista Rio Claro (SP) em 1841 e faleceu
é? (1994), 234 (1997), Pico na veia Diálogo, que teve dezesseis edições. em Niterói (RJ) em 1875. Em 1859, Fontoura Xavier nasceu em
(2002) e Desgracida (2010). Após a morte precoce do esposo, mudou­‑se para São Paulo, onde Cachoeira do Sul (RS) em 1856
lançou a revista Cavalo Azul, com terminou os cursos preparatórios, e morreu em Lisboa (Portugal) em
Dante Milano nasceu no Rio a colaboração de Vilém Flusser sendo que logo depois ingressou na 1922. Foi um ardoroso propagandista
de Janeiro (RJ) em 1899 e faleceu e Anatol Rosenfeld. Dentre seus Faculdade de Direito do Largo de São da República. Em 1877, escreveu
em Petrópolis (RJ) em 1991. Por livros publicados estão Andanças Francisco, participando intensamente O régio saltimbanco, famoso poema
conta das dificuldades financeiras (1970), Talhamar (1982), Poemas da vida boêmia da cidade. Visto contra D. Pedro II. Assinou colunas
da família, começou a trabalhar em fuga (1997) e Hídrias (2004). como principal nome da década de de veículos como Repórter, Gazeta de
cedo como revisor do Jornal da 1860, seus primeiros poemas foram Notícias, Besouro e Revista Ilustrada.
Manhã e da Gazeta de Notícias. Emílio de Menezes nasceu em publicados já em 1859, no periódico Em 1881, fundou com Artur Azevedo
Publicou o primeiro poema em Curitiba (PR) em 1866 e faleceu no O Publicador Paulistano, mas sua e Aníbal Falcão a Gazetinha.
1920, na revista Selecta, mas só Rio de Janeiro (RJ) em 1918. Poeta, estreia em livro ocorreu somente em Seguiu carreira diplomática e foi
teve o primeiro livro editado em cronista e jornalista, publicou seus 1861, com o lançamento de Noturnas. embaixador do Brasil em Lisboa.
1948, sob o título Poemas. Também primeiros poemas no jornal Íris Traduziu para o português poemas
foi escultor e atuou ainda como Paranaense. Seu primeiro livro, Fernando Paixão nasceu em de Shakespeare e Baudelaire.
tradutor de obras de Horácio, Dante Marcha fúnebre, data de 1893. Em Beselga (Portugal) em 1955 e mudou­
Alighieri, Baudelaire e Mallarmé. 1909, reuniu sua obra completa ‑se para o Brasil em 1961. Estreou na Francisca Júlia da Silva nasceu
sob o título Poesias. Candidatou­ poesia com Fogo dos rios, de 1989. em Xiririca (atual Eldorado, SP)
Décio Pignatari nasceu em ‑se duas vezes a uma cadeira da Seguiu carreira de editor por mais de em 1871 e faleceu em São Paulo
Jundiaí (SP) em 1927 e morreu em Academia Brasileira de Literatura: duas décadas, período em que lançou (SP) em 1920. Publicou, em 1891,
São Paulo (SP) em 2012. Filho de em 1911, perdeu o posto para 25 Azulejos (1994), Poeira (2001) o soneto «Quadro incompleto»,
imigrantes italianos, publicou os Oswaldo Cruz e, dois anos mais e A parte da tarde (2005). Professor no jornal O Estado de S. Paulo.
primeiros poemas em 1949 e, no tarde, embora eleito, não tomou de literatura no Instituto de Estudos A partir de 1892 trabalhou como
ano seguinte, estreou com o livro posse por ter tido o discurso Brasileiros, IEB­‑USP, é autor dos colaboradora de jornais de São Paulo
Carrossel. Em 1952, fundou a revista­ censurado. Publicou Últimas rimas ensaios Narciso em sacrifício (2003) e do Rio de Janeiro. Seu primeiro
‑livro Noigandres, ao lado de Haroldo em 1917, um ano antes de falecer. e Arte da pequena reflexão (2014), livro de poemas, Mármores, foi
publicado em 1895. Escreveu obras Brasileiro», acumulou prestígio glorioso pecado (1928), Sublimação exerceu atividade de advogado e
poéticas para crianças, como Livro na sociedade baiana pelo talento (1938) e Velha poesia (1968). de arcebispo na Bahia colonial.
da infância (1899) e Alma infantil em compor versos de improviso. Alcunhado de Boca do Inferno pela
(1912). Em 1961 foi publicada Seus poemas «meditados», porém, Glauco Mattoso (pseudônimo de virulência de suas sátiras, a ele é
postumamente a antologia Poesias. como os do volume Clássicos Pedro José Ferreira da Silva) nasceu atribuída vasta obra que compreende
e românticos, de 1855, foram em São Paulo (SP) em 1951. Poeta, não só a poesia satírica e erótica, mas
Francisco Alvim nasceu em Araxá rechaçados pela crítica. Em contista, cronista, ensaísta e tradutor, também a lírica amorosa e religiosa.
(MG) no ano de 1938. Começou a 1864, lançou sob pseudônimo a adotou o nome artístico por conta É considerado o maior poeta
escrever já adolescente e iniciou a coletânea de poemas fesceninos de um glaucoma, doença congênita barroco da América portuguesa.
carreira literária em 1968, com Sol Álbum da rapaziada. Ao invés do degenerativa, que lhe tirou a visão em
dos cegos. No ano seguinte, viajou dinheiro que o autor abertamente 1995. Formado em biblioteconomia e Guilherme Santos Neves
como representante do Brasil na assumia esperar da publicação, em letras, editou o fanzine Jornal do nasceu em Porto Final (ES) em
Unesco para Paris, onde escreveu os esta lhe rendeu o único processo Brabil e colaborou com O Pasquim na 1906 e faleceu em Vitória (ES) em
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poemas de Passatempo (1974). De por publicação pornográfica década de 1970. Sua estreia na poesia 1989. Formado em direito no Rio
volta ao Brasil, integrou a primeira registrado no Brasil no século xix. ocorreu em 1975, com Apocrypho de Janeiro, atuou como juiz de
leva dos «poetas marginais», ao apocalypse, e na prosa de ficção em conciliação e professor de língua
lado de Chacal, Cacaso, Roberto Franco de Sá nasceu em Alcântara 1986, com o Manual do podólatra portuguesa em diversos ginásios
Schwarz e Geraldo Carneiro. (MA) em 1836 e morreu no Recife amador. Desde 1999 dedica­‑se e universidades do Espírito Santo.
Seguiu atuando como diplomata (PE) em 1856. Primogênito do a escrever sonetos, publicando Fundou em 1948 a revista Folclore,
e publicou Outros poemas (1981), desembargador e senador Joaquim inúmeros volumes do gênero. que dirigiu por mais de trinta anos,
Poesias reunidas (1988), O elefante Franco de Sá e neto do senador e publicou À margem do mais­
(2000) e O metro nenhum (2011). Costa Ferreiro, Barão de Pindaré, Gonçalves Dias nasceu em ‑que­‑perfeito (1948), Cancioneiro
aos quinze anos, ficou órfão Caxias (MA) em 1823 e morreu capixaba de trovas populares
Francisco de Paula Brito de pai e mãe. Matriculou­‑se na em Guimarães (MA) em 1864. (1950), Alto está e alto mora (1954)
nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em Faculdade de Direito de Olinda Foi poeta, dramaturgo, ensaísta e Ticumbi (1976), além de ser
1809 e faleceu na mesma cidade (PE), mas não passou do primeiro e cronista. Cursou direito na um dos autores de Cantáridas e
em 1861. Descendente de família ano. Depois de um baile, em que Universidade de Coimbra e foi outros poemas fesceninos (1985).
humilde, ainda jovem e com dançara muito, apanhou forte nomeado para várias missões no
conhecimentos em tipografia resfriado, o que resultou em uma Brasil e na Europa pelo imperador Guimarães Passos nasceu em
passou a trabalhar com Seignot­ tuberculose que o matou aos vinte Pedro II. Autor de poesias líricas, Maceió (AL) em 1867 e faleceu em
‑Plancher no Jornal do Comércio. anos. Após sua morte, teve o espólio épicas e dramáticas, é considerado Paris (França) no ano de 1909. Aos
Em 1831, comprou a livraria de poético reunido por seu irmão. um dos maiores representantes do dezenove anos, foi para o Rio de
um primo e, após implementar romantismo brasileiro. Seu primeiro Janeiro, onde entrou para a redação
melhorias, converteu­‑a na primeira Gilka Machado nasceu no livro, Primeiros cantos, foi lançado dos jornais, fazendo parte do grupo
tipografia e editoria do país. Em Rio de Janeiro (RJ) em 1893, onde em 1846. «Canção do exílio», que de Paula Ney, Olavo Bilac, Coelho
1835, lançou A mulher do Simplício morreu em 1980. A publicação de integra este volume, é um dos Neto, josé do Patrocínio, Luís Murat
ou a fluminense exaltada; entre 1849 seu primeiro livro, Cristais partidos, poemas mais populares do Brasil. e Artur Azevedo. Colaborou com
e 1854, tornou­‑se o proprietário do em 1915, causou escândalo na Já o poema «I­‑Juca­‑Pirama» é tido a Gazeta da Tarde, a Gazeta de
jornal A Marmota Fluminense, que época por combinar o rigor formal como ponto alto da poesia indianista. Notícias e A Semana, onde publicou
foi editado até o ano de sua morte. parnasiano com forte carga erótica. crônicas e versos. É autor de Versos
Teve obras traduzidas na Bolívia Gregório de Matos e Guerra de um simples (1891), Hipnotismo
Francisco Moniz Barreto e na Argentina, além de ser eleita nasceu em Salvador (BA) no ano (1900), Horas mortas (1901), Além
nasceu em Jaguaribe (BA) em em 1931 pela revista O Malho como 1633 ou 1636 e morreu no Recife (PE) de dicionário de rimas (1905) e
1804 e morreu no ano de 1868, Maior Poetisa Brasileira. Entre em 1696. Filho de família influente, Tratado de versificação, os dois
em Salvador (BA). Chamado por suas obras estão Estados de alma formou­‑se em direito na cidade de últimos com Olavo Bilac (1905).
seus contemporâneos de «Bocage (1917), Mulher nua (1922), Meu Coimbra, Portugal, e mais tarde
Haroldo de Campos nasceu pornográfica, de que fazem parte gaiato e candente». Apelidado de e publicava poemas em pequenos
em São Paulo (SP) no ano de 1929, Contos d’escárnio. Textos grotescos, «poeta graxeiro», ganhou certa jornais. Trabalhou como professor de
onde faleceu em 2003. Lançou o Cartas de um sedutor e Bufólicas, popularidade em sua época pela história natural e de literatura, além
primeiro livro, O auto do possesso escritos entre 1990 e 1992. ousadia da linguagem. Pertencente de ter exercido a função de deputado
(1950), pelo Clube de Poesia de São à tradição satírica, escreveu, entre e vereador. Realizou trabalhos como
Paulo, ligado à chamada geração de Jayme Santos Neves nasceu em outros, Os mortos na posteridade: pintor e publicou, entre outros,
45, com a qual rompeu em seguida. Vitória (ES) em 1909 e faleceu na poema histórico em três cantos Poemas escolhidos (1932), o romance
Com o irmão Augusto de Campos mesma cidade em 1998. Formou­ (1863), Sátiras (1864) e Usos e O anjo (1934), Tempo e eternidade
e Décio Pignatari, formou o grupo ‑se em medicina em 1932 e, por costumes do Rio de Janeiro (1879). (1935) e Quatro poemas negros (1937).
Noigandres, que editou a revista­ sua atuação na saúde pública e no
‑livro homônima (1952) e publicou combate à tuberculose no Espírito João Salomé Queiroga nasceu Josely Vianna Baptista nasceu
o livro Teoria da poesia concreta Santo, hoje dá nome ao maior em cidade desconhecida de Minas em Curitiba (PR) em 1957. Graduada
(1965). Destacou­‑se como tradutor hospital do estado. Seu primeiro êxito Gerais em 1810 e morreu em Ouro em língua e literatura espanhola e
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e ensaísta. Fazem parte de sua obra literário foi um conto premiado pela Preto (MG) em 1878. Considerado hispano­‑americana em 1979, também
poética Xadrez de estrelas (1976), revista Pulso, em 1965, que integraria um dos precursores da poesia cursou língua e cultura guarani
Signantia: quasi coelum (1979) e a coletânea Contos de médicos. romântica no Brasil, publicou (1985). Tradutora de Alejo Carpentier,
Galáxias (1984), entre outros. Publicou também A outra história seus versos apenas no fim da vida. Lezama Lima, Juan Carlos Onetti
da Companhia de Jesus, em 1984, e Dedicou poemas a figuras folclóricas e Mario Vargas Llosa, entre outros,
Hermínio Bello de Carvalho é um dos autores de Cantáridas e e hábitos do sertão mineiro, onde criou a coleção Cadernos da
nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em outros poemas fesceninos (1985). viveu, mas sua produção erótica foi Ameríndia, em 1996, dedicada a
1935. Compositor, poeta e radialista, toda feita em São Paulo na mocidade. temas do repertório cultural de etnias
dirigiu e produziu diversos projetos João Cabral de Melo Neto Entre seus livros estão Canhenho de indígenas sul­‑americanas. Publicou
na segunda metade do século xx, nasceu em Recife (PE) em 1920 poesias brasileiras (1870), Maricota e Ar (1991), Corpografia (1992) e A
como o programa de rádio Concertos e morreu no Rio de Janeiro (RJ) o padre Chico (1871) e Arremedos — concha das mil coisas maravilhosas
para a juventude (1958) e o musical em 1999. Passou a infância em lendas e cantigas populares (1873). do velho caramujo (2001).
Rosas de ouro (1965). Ao lado da engenhos de açúcar na Zona da Mata
obra poética, que inclui os livros pernambucana. Aos 22 anos, mudou­ Joaquim [Maria Moreira] José Paulo Paes nasceu em
Chove azul em teus cabelos (1961), ‑se para o Rio e publicou o primeiro Cardozo nasceu no Recife (PE) em Taquaritinga (SP) em 1926 e
Amor arma branca (1974) e Umas e livro de poemas, Pedra do sono 1897. Faleceu em Olinda, no mesmo morreu na capital do estado em
outros (1995), compôs versos para (1942). Iniciou a carreira diplomática Estado, em 1978. Engenheiro de 1998. Publicou mais de dez livros
clássicos da MPB como «Alvorada», em 1945. Ganhou maior popularidade formação, colaborou em algumas de poesia, entre os quais Prosas
de Cartola e Carlos Cachaça, e após 1965, quando o grupo de obras projetadas pelo arquiteto seguidas de odes mínimas (1992) e
«Fala baixinho», de Pixinguinha. Teatro da Universidade Católica Oscar Niemeyer, entre as quais o Socráticas (2001), além de poemas
(Tuca) encenou seu poema Morte Palácio do Itamaraty e a Pampulha. para crianças e ensaios sobre
Hilda Hilst nasceu em Jaú (SP) e vida Severina. Sua obra poética Dedicou­‑se aos estudos em literatura. Destacou­‑se ainda como
em 1930 e morreu em Campinas (SP) inclui ainda O cão sem plumas matemática, tendo atuado como editor e tradutor de autores como
em 2004. Lançou o primeiro livro, (1950), O rio (1954), A educação jornalista, ilustrador, professor e Ovídio, Aretino, Sterne, Kazantzákis
Presságio, em 1950 e em 1966 pela pedra (1966), entre outros. escritor de poemas e peças de teatro. e muitos outros. Organizou e
mudou­‑se para a Casa do Sol, em Como versejador, publicou diversas traduziu o livro Poesia erótica em
Campinas, para se dedicar apenas à João Nepomuceno da Silva obras no período de 1947 a 1976. tradução, que introduziu importantes
literatura. Além de poesia, escreveu nasceu na Bahia em local e data nomes da lírica erótica no Brasil.
peças teatrais e, em 1970, lançou desconhecidos e morreu no Rio Jorge de Lima nasceu em União
Fluxo­‑floema, sua estreia na prosa, de Janeiro (RJ) em 1879. Era dos Palmares (AL) em 1893 e morreu Junqueira Freire nasceu em
seguida de diversos títulos. Com considerado um rival de Luís Gama no Rio de Janeiro (RJ) em 1953. Salvador (BA) em 1832 e morreu
a publicação de O caderno rosa de no ataque ao preconceito, valendo­ Formado em medicina em 1914, em na mesma cidade em 1855. Monge
Lori Lamby, iniciou sua tetralogia ‑se do então chamado «realismo seus tempos de estudante escrevia beneditino, sacerdote e poeta,
viveu na clausura do Mosteiro de 1910. Formado em medicina, professora de literatura portuguesa e pesquisas. Em 1955, publicou O
São Bento de Salvador até pedir sua estreia na literatura deu­‑se em e teoria literária na Universidade homem e sua hora. Faleceu aos
sua secularização. Pouco antes 1852, com a publicação do conto Estadual de Campinas (SP) e 32 anos, em desastre de avião.
de falecer, cuidou da edição de «O órfão do templo» na revista depois na Universidade Federal
uma coletânea de versos, a que carioca Beija­‑flor. O poema mais de Sergipe, onde se aposentou e Mário Quintana nasceu em
deu o nome de Inspirações do famoso de sua primeira fase poética, vive até hoje. Publicou diversos Alegrete (RS) em 1906 e morreu
claustro, impressa na Bahia. «A filha d’África», foi publicado em ensaios em torno de poetas como em Porto Alegre (RS) em 1994. Seu
1862, na Revista Popular. Colaborador Herberto Helder, Florbela Espanca primeiro livro de poesia, A rua dos
Laurindo Rabelo nasceu no de diversos periódicos, seus livros e outros. Estreou na literatura em cataventos (1940), trazia sonetos de
Rio de Janeiro (RJ) em 1826, onde de poemas foram publicados todos 1994 com o volume de poesia Livro influência parnasiana. Na publicação
morreu no ano 1864. Patrono postumamente, em catorze volumes. das Auras, seguido do Livro de seguinte, Canções (1946), o poeta
da cadeira 26 da Academia possuídos (2002) e de Alumbramentos se valeu de maior liberdade formal,
Brasileira de Letras, figurou entre Luiz Gama nasceu em Salvador (2011), além da coletânea de contos tendência que permaneceu em suas
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os principais poetas da segunda (BA) em 1830 e morreu em São Paulo Inquilina do intervalo (2005). obras posteriores. Em 1966, foi
fase do romantismo brasileiro. Por (SP) em 1882. Filho de mãe negra e lançada sua Antologia poética, com
seu físico desengonçado, recebeu pai fidalgo de família portuguesa, Mário de Andrade nasceu em sessenta poemas inéditos. Quintana
o apelido de «Poeta Lagartixa». foi vendido pelo pai aos dez anos São Paulo (SP) em 1893, onde faleceu também atuou como jornalista e
Negro de origem humilde, tentou como escravo, embora tenha nascido em 1945. Seu primeiro livro, Há uma traduziu mais de 130 obras literárias.
sem sucesso as carreiras militar, livre. Aprendeu a ler aos dezoito gota de sangue em cada poema, data
religiosa e médica, morrendo de anos e se tornou conhecedor das de 1917. Foi um dos idealizadores Max Martins nasceu em Belém
problemas cardíacos um ano após leis em defesa dos negros, tendo da Semana de Arte Moderna, de (PA) em 1926 e morreu na mesma
estabelecer­‑se como professor. Teve conseguido a libertação de mais de 1922, ano em que publicou Pauliceia cidade em 2009. Autodidata, fez
só um livro publicado em vida, quinhentos escravos até 1880. Poeta, desvairada. Poeta, romancista, estudos particulares nas áreas de
Trovas (1853). A coletânea póstuma publicou Primeiras trovas burlescas cronista e ensaísta, foi incansável literatura, poesia, artes e filosofia.
Poesias livres, de 1882, reuniu seus de Getulino. Como jornalista, pesquisador do folclore e da cultura Entre 1946 e 1951, publicou poemas
poemas eróticos e satíricos. participou da criação de diversos popular do país. Sua extensa no Suplemento Literário da Folha
jornais, tendo editado o Diabo Coxo. obra inclui os títulos Amar, verbo do Norte, da capital paraense, que
Leandro Gomes de Barros nasceu intransitivo (1927), Lira paulistana viriam a fazer parte de seu livro O
na Fazenda da Melancia, Pombal (PB), Luiz Leitão nasceu em Niterói (1945) e Contos novos (1947), além estranho (1952). Foi secretário de
em 1865, e morreu no Recife (PE) em (RJ) em 1890, onde faleceu em 1936. de Macunaíma (1928), que se tornou redação do jornal Folha do Norte
4 de março de 1918. Considerado o Publicou o primeiro livro aos 23 anos, um dos livros mais representativos e também exerceu o cargo de
«rei dos poetas populares» em seu quando trabalhava como funcionário do modernismo brasileiro. diretor da Fundação Cultural Casa
tempo, recebeu educação por parte da prefeitura de sua cidade natal. da Linguagem, entre 1990 e 1994.
da família do padre Vicente Xavier A partir de 1915, destacou­‑se como Mário Faustino nasceu em Sua obra poética inclui os livros
de Faria, seu tio e proprietário da autor de teatro de revista, alcançando Teresina (PI) em 1930 e faleceu em Caminho de Marahu (1983) e Para
fazenda. Em 1889, começou a escrever sucesso com peças como Pra cima Lima (Peru) em 1962. A partir dos ter onde ir (1992), entre outros.
folhetos com versos humorísticos. de moi e Minha sogra é do outro dezesseis anos, passou a escrever
Entre 1906 e 1907, morou em mundo. Em 1922, fundou o jornal O editoriais e crônicas para jornais Millôr Fernandes nasceu em
alguns municípios de Pernambuco, Almofadinha, distribuído no carnaval. paraenses, chegando à chefia de 1923 no Rio de Janeiro (RJ), onde
dando continuidade a uma intensa Autor do volume de poesia erótica redação da Folha do Norte em faleceu em 2012. Foi chargista,
produção de poemas, comercializados Comidas bravas (1934), sua principal 1949, quando ingressou no curso caricaturista, ilustrador, escritor,
nas cidades do interior. obra é a coletânea de sonetos de direito (PA), interrompido no poeta, dramaturgo, tradutor. Em
humorísticos Vida apertada, de 1926. terceiro ano. Entre a década de 1939, ganhou um concurso de contos
Luís Delfino nasceu em Desterro, 1950 e 1960, viajou para os EUA e a e foi convidado para escrever na
atual Florianópolis (SC), em 1834, Maria Lúcia Dal Farra nasceu Europa, conciliando a literatura com revista A Cigarra. Criou a seção
e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em em Botucatu (SP) em 1944. Foi atividades políticas, jornalísticas «Poste­‑Escrito», assinando como
Emmanuel Vão Gôgo, pseudônimo paulistano, somam­‑se o surrealismo como A Cigarra, O Meio, A Rua. dos estudos literários. Publicou o
que também assinou sua coluna e o catolicismo, este último por conta Em 1891, foi nomeado oficial volume de prosa ficcional O sangue
no Diário da Noite. Dirigiu e da morte do pintor e amigo Ismael da Secretaria do Interior do dos dias transparentes (2002) e os
colaborou com diversas revistas. Em Nery, em 1934. Sua vasta obra inclui Estado do Rio. Em 1898, logrou livros de poesia Oeste / Nishi (2008),
1945, produziu o «Pif­‑Paf», seção os livros Poemas (1930), Tempo o posto de inspetor escolar do Escarnho (2009), Memória futura
humorística da revista O Cruzeiro e eternidade (1935), O visionário Distrito Federal, cargo em que se (2010) e Deste lugar (2012). Também
e, de 1969 a 1975, participou do (1941), As metamorfoses (1944) e aposentou, pouco antes de falecer. assina a edição «cartonera» do
semanário carioca O Pasquim. Contemplação de Ouro Preto (1954). volume de versos Mal d’Orror (2011).
Olegário Mariano nasceu em
Moysés Sesyom nasceu em Caicó Neil de Castro [Nei Leandro Recife (PE) em 1889 e morreu no Rio Paulo Henriques Britto nasceu
(RN) em 1883 e morreu em Assu de Castro] nasceu em Caicó (RN) de Janeiro (RJ) em 1958. Publicou o no Rio de Janeiro (RJ) em 1951.
(RN) em 1932. Nos tamboretes da em 1940. Aos vinte e oito anos, primeiro livro em 1906, e fez parte Atua como professor nas áreas de
escola do professor José Gonçalves mudou­‑se para o Rio de Janeiro, do círculo literário de Olavo Bilac, tradução, criação literária e literatura
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do Vale, vulgo Zezinho Escrivão onde colaboraria com O Pasquim ganhando o título de «Príncipe dos brasileira na Universidade Católica
(escrivão de Caicó), aprendeu a entre 1970 e 1974, período em que Poetas Brasileiros» concedido pela do Rio de Janeiro (PUC­‑RJ) e
ler e a fazer contas. Foi padeiro, passou a assinar suas crônicas revista Fon­‑Fon, em 1938. Entre como tradutor, tendo trabalhado
professor primário, comerciante e como Neil de Castro. Tendo atuado suas obras estão Angelus (1911), com nomes como Faulkner, Byron,
suplente de delegado. É considerado por longo período como redator Últimas cigarras (1915), e Ba­‑Ta­ Bishop, Pynchon e Stevens, entre
um dos maiores poetas populares publicitário, escreveu livros em verso ‑Clan (1924), além das crônicas outros. Estreou como poeta em
do Nordeste. Por suas glosas e prosa, tendo sido premiado com o publicadas sob o pseudônimo João 1982, com Liturgia da matéria, a
picantes e irreverentes, recebeu o romance As pelejas de Ojuara, pela da Avenida nas revistas Careta e que se seguiu Mínima lírica (1989),
apelido de «O Bocage Potiguar». União Brasileira de Escritores. Para Todos. Atuou ainda como Trovar claro (1997), Macau (2003)
deputado e censor teatral. e Formas do nada (2012). Também
Múcio Teixeira nasceu em Porto Nelson Ascher nasceu em São publicou uma coletânea de contos,
Alegre (RS) em 1857 e morreu no Paulo (SP) em 1958. Traduziu poesia Omar Khouri nasceu em São Paraísos artificiais (2004).
Rio de Janeiro (RJ) em 1928. É autor de vários idiomas (inglês, francês, Sebastião do Pouso Alegre (SP)
de mais de setenta obras entre peças espanhol, italiano, alemão, russo e em 1948. Em 1975, fundou a revista Paulo Leminski nasceu em 1944 em
teatrais, ensaios, romances, dramas, húngaro), que foram reunidas em experimental de poesia Artéria, na Curitiba (PR), onde morreu em 1989.
poesias, traduções e biografias. livros como O lado obscuro (1996) qual publicou a maior parte de sua Nos anos 1960, participou da Semana
Publicou seu primeiro livro de poesia e Poesia alheia (1998). Foi editor obra, ao longo de dez edições e quase Nacional de Poesia e Vanguarda,
aos quinze anos, com o título Vozes do Folhetim, antigo suplemento quatro décadas. Escreveu ainda aproximando­‑se dos criadores da
trêmulas (1873). Fundou a Sociedade cultural da Folha de S.Paulo, e outros dois livros assinados pela Poesia Concreta. Foi professor de
Pártenon Literário, em Porto Alegre. da Revista da USP, dedicando­‑se «persona» do Dr. Ângelo Monaqueu: história e redação em cursos pré­
Valeu­‑se de diversos pseudônimos, também à crítica literária. Entre seus Poemas sob a égide de Eros (2001) ‑vestibulares; diretor de criação e
entre eles Boêmio, Muciano Tebas livros de poesia publicados estão e Poemas da mãe (2008), ambos redator em agências de publicidade;
e Manfredo. É de sua autoria a Ponta da língua (1983), O sonho da lançados pela Nomuque Edições. tradutor e crítico literário. Foi
primeira biografia sobre Castro Alves. razão (1993) e Algo de sol (1996). É também professor universitário, parceiro musical de artistas como
lecionando teoria da comunicação, Caetano Veloso e Itamar Assumpção.
Murilo Mendes nasceu em juiz Olavo Bilac nasceu no Rio semiótica e teoria e crítica da arte. Entre suas publicações estão Catatau
de Fora (MG) em 1901 e faleceu em de Janeiro (RJ) em 1865 e faleceu (1975), Caprichos e relaxos (1983)
Lisboa (Portugal) em 1975. Publicou na mesma cidade em 1918. Foi Paulo Franchetti nasceu em e Distraídos venceremos (1987).
seus primeiros poemas em revistas um dos fundadores da Academia Matão (SP) em 1954 e vive em
modernistas da década de 1920, Brasileira de Letras e dedicou­‑se ao Campinas (SP). É professor de teoria Paulo Vellozo nasceu em Vitória
como a Verde, de Cataguazes/MG, e a jornalismo e à arte literária. Estreou literária na Universidade Estadual (ES) em 1909 e faleceu no Rio de
Revista de Antropofagia, de São Paulo. na literatura, aos 23 anos, com de Campinas (Unicamp) e autor de Janeiro (RJ) em 1977. Bacharel
À influência inicial do modernismo Poesias. Fundou vários jornais, diversas obras ensaísticas em torno em direito, foi delegado e depois
chefe de polícia em Vitória por em Porto Alegre (RS) em 1883. outros poemas (1978), entre outros. (1988­‑89). Também assina como
quase uma década. Após trabalhar Após o assassinato do pai, em 1839, Fez carreira na diplomacia, tendo Sebastunes Nião, Sabião Bestunes,
como procurador em Pau Gigante transferiu­‑se para Porto Alegre servido o Brasil em vários países. Bastião Nu e Sebastião Nuvens, este
(hoje Ibiraçu), Colatina e Vitória, (RS), onde trabalhou no comércio. último em livros infanto­‑juvenis.
aposentou­‑se e passou a lecionar na Formou­‑se no magistério público Roberto Piva nasceu em São Trabalhou como editor e fundou
Universidade Federal do Espírito em 1850 e, em seguida, dividiu­ Paulo (SP) em 1937, onde faleceu a editora Dubolsinho. Sua obra
Santo. Chegou a atuar como suplente ‑se entre a atividade teatral e o em 2010. Poeta com forte influência inclui ficções como Somos todos
de deputado em 1946, com o fim jornalismo. Em 1857, mudou­‑se com da geração beat e do movimento assassinos (1980) e Elogio da punheta
da Era Vargas. É um dos autores de a família para Alegrete, fundando surrealista, teve a cidade natal (2004), além de ensaios e crônicas.
Cantáridas e outros poemas fesceninos um colégio que lhe assegurou como pano de fundo da sua obra.
(1985), publicado depois de sua morte. reconhecimento público. Em 1862, Era partidário de uma poesia Sosígenes Costa nasceu em
sob suspeita de doença mental, foi transgressora e em ligação direta Belmonte (BA), em 1901, e faleceu
Pedro Nava nasceu em Juiz afastado do ensino e, após 1873, com o inconsciente, em consonância no Rio de Janeiro (RJ) em 1968.
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de Fora (MG) em 1903 e faleceu deixou de colaborar em periódicos. com uma de suas máximas: «Só Estreou na imprensa por volta de
no Rio de Janeiro (RJ) em 1984. Quatro anos depois, inaugurou a acredito em poeta experimental 1928, em Ilhéus, onde foi colaborador
Formou­‑se em medicina em 1927, própria gráfica em Porto Alegre, que tem vida experimental.» Autor do Diário da Tarde. No mesmo
profissão que exerceu por toda vida. onde publicou sua Enciclopédia. de diversos livros de poesia, sua ano, trabalhando como professor
Participou da comissão editorial de obra está reunida nos volumes Um primário, tornou­‑se membro da
A Revista, primeira publicação do Raimundo Correia nasceu em estrangeiro na legião (2005), Mala Academia dos Rebeldes, com Jorge
movimento modernista mineiro. 1859, a bordo do navio brasileiro São na mão & asas pretas (2006) e Amado, Edison Carneiro e Dias da
Em 1947, lançou o primeiro livro, Luís, ancorado na Baía de Mogúncia Estranhos sinais de Saturno (2008). Costa. Sua Obra poética foi publicada
Território de Epidauro. No ano (MA), e faleceu em Paris (França) em em 1959, ganhando nova edição
seguinte, deu início à redação de 1911. Estudou na Faculdade de Direito Rubens Rodrigues Torres revista e aumentada em 1978, além
suas memórias, publicadas em cinco de São Paulo, quando também Filho nasceu em Botucatu (SP) do livro póstumo Iararana (1979).
volumes, tornando­‑se um dos mais colaborou em jornais e revistas. em 1942. Formou­‑se em filosofia na
importantes memorialistas do país. Magistrado, professor, diplomata Universidade de São Paulo, em 1963, Tomás Antônio Gonzaga nasceu
e poeta, estreou na literatura em onde concluiu mestrado e doutorado no Porto (Portugal) em 1744 e
Péricles Eugênio da Silva 1879, com o volume de poesias e se tornou professor. Publicou seu morreu em Moçambique em 1810.
Ramos nasceu em Lorena (SP) em Primeiros sonhos. Em 1883, publicou primeiro livro de poesia, Investigação Estudou no Colégio dos Jesuítas,
1919 e faleceu em São Paulo (SP) as Sinfonias, onde se encontra um do olhar, em 1963. Participou da em Salvador (BA), e formou­‑se em
em 1992. Poeta, ensaísta, crítico dos mais conhecidos sonetos da criação da revista Almanaque: direito na Universidade de Coimbra,
literário e professor, formou­ língua portuguesa, «As pombas». Cadernos de Literatura e Ensaio e onde exerceu a magistratura. Ao
‑se em direito em 1943. Três anos traduziu diversos textos clássicos de retornar ao Brasil, morou em Vila
depois, estreou com o livro de Raul Bopp nasceu em Santa filosofia. Sua obra poética inclui O Rica (Ouro Preto, MG), onde
poemas Lamentação floral. Fundou, Maria (RS) em 4 de agosto de 1898 voo circunflexo (1981), A letra descalça cercou­‑se de intelectuais e poetas,
em 1947, com outros escritores e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) (1985), Figura (1987), Poros (1989), como Alvarenga Peixoto e Cláudio
e poetas, a Revista Brasileira de em 1984. Entre 1918 e 1925, cursou Retrovar (1993) e Novolume (1997). Manuel da Costa. Participante da
Poesia, divulgadora dos preceitos direito em diversas capitais do país Inconfidência Mineira, em 1789
estéticos da chamada geração de 45. até formar­‑se. Na década de 1920, Sebastião Nunes nasceu em foi preso e levado ao degredo em
Dedicou­‑se ao trabalho de tradução participou ativamente do movimento Bocaiúva (MG) em 1938. Artista Moçambique. Considerado um dos
de autores como Shakespeare, modernista, ao qual contribuiu com gráfico, fez uso de sua experiência principais poetas árcades do Brasil,
Mallarmé, Villon e Gongora. suas extensas pesquisas em torno com tipografia e fotografia para sua principal obra é Marília de
das raízes da cultura brasileira. Em criar poemas de forte apelo visual. Dirceu (1792), sendo também a ele
Qorpo­‑Santo (José Joaquim 1931, lançou Cobra Norato, primeiro Começou a publicar por edições atribuído o volume Cartas chilenas.
de Campos Leão) nasceu em livro de uma obra poética que próprias em 1968, reunindo suas
Triunfo (RS) em 1829 e morreu inclui Poesias (1947) e Mironga e poesias nas Antologias mamalucas
Valdo Motta (Edivaldo Motta) música, tornou­‑o um dos poetas mais Zé Limeira nasceu em Teixeira
nasceu em São Mateus (ES) em 1959. populares do Brasil no século xx. (PB) em 1886 e faleceu em
Cursou teatro amador em sua cidade Campina grande (PB) em 1954.
natal e jornalismo na Universidade Walmir Ayala nasceu em Porto Foi poeta e repentista, tendo parte
Federal de Espírito Santo (Ufes). Alegre (RS) no ano de 1933 e faleceu de sua obra registrada em fitas
Tendo abandonado a graduação, no Rio de Janeiro (RJ) em 1991. magnéticas. É considerado um dos
tornou­‑se autodidata e passou a Formado em filosofia, é autor de cordelistas mais populares do país,
ministrar oficinas literárias. Além extensa obra em vários campos, conhecido também como «poeta
de recitar poesias em escolas, teatros incluindo poesia, teatro, crítica, do absurdo». A pornografia foi
e outros locais, voltou­‑se para os ensaios, ficção infantojuvenil e um dos temas mais habituais de
estudos de numerologia, religião e adulta. Ao lado de Manuel Bandeira, sua obra. Afora isso, combinava
mitologia. Entre suas obras estão: organizou a Antologia de poetas noções históricas com pitadas de
Bundo e outros poemas (1996), brasileiros, publicada em 1967. Entre elementos surrealistas. No plano
344 345
Transpaixão (1999) e Recanto (2002). as obras que publicou estão Face da linguagem, sua marca registrada
dispersa (1955), Questionário (1967), foi a criação de neologismos.
Vicente de Carvalho nasceu Cangaço vida paixão norte morte
em Santos (SP) em 1866 e faleceu na (1972) e Os reinos e as vestes (1986).
mesma cidade em 1924. Aos vinte
anos, já era bacharel em direito, Waly Salomão nasceu em Jequié
tendo se mudado para São Paulo (BA) em 1943 e morreu no Rio de
em 1907, onde foi nomeado juiz de Janeiro (RJ) em 2003. Integrou o
direito. Em 1914, passou a ministro movimento Tropicalista, quando
do Tribunal da Justiça do Estado. publicou seu primeiro livro, Me
Atuou na imprensa em jornais segura qu’eu vou dar um troço
como o Diário de Santos, A Tribuna (1972). Participou da organização
e o Estado de S. Paulo. Publicou de Os últimos dias de Paupéria,
Ardentias (1885), Relicário (1888), que reunia poemas e artigos
Versos da mocidade (1909) e Páginas de Torquato Neto. Nos anos
soltas (1911), entre outros títulos. 1970, editou a revista Navilouca,
uma das principais revistas de
Vinícius de Moraes nasceu em vanguarda da época. Fez parceria
1913 no Rio de Janeiro (RJ), onde com músicos, como Jards Macalé,
morreu em 1980. Começou a escrever com quem criou a canção «Vapor
poemas aos nove anos e as primeiras barato». Entre suas publicações
canções aos quinze. Em 1933, sairia estão Algaravias (1997) e o livro
o primeiro livro, O caminho para a póstumo Pescados vivos (2004).
distância, ao qual se seguiu extensa
obra poética. Fez carreira diplomática Zé da Luz (Severino Andrade da
e, além de poeta, cronista e tradutor, Silva) nasceu em Itabaiana (PB) em
também foi dramaturgo. Sua peça 1904 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ)
Orfeu da Conceição, de 1954, tinha em 12 de fevereiro de 1965. Há raras
cenários de Oscar Niemeyer e foi referências à sua biografia. Sabe­‑se
adaptada para o cinema por Marcel que foi alfaiate e, na qualidade de
Camus, com trilha de Antônio poeta popular brasileiro, publicava
Carlos Jobim. O trânsito desenvolto suas obras em forma de cordel.
por diversas artes, em particular a
AGRADECIMENTOS

Amara Moira
Antonio Fernando de Franceschi
Antonio Dimas
Antonio Carlos Secchin
Alcides Villaça
Arthur Luiz Piza
347
Augusto Massi
Biblioteca Guita e José Mindlin
Biblioteca Mário de Andrade
Carina de Luca
Davi Arrigucci Jr.
Dominique Fingermann
Dora Paes
Fernando Paixão
Fundação Casa de Rui Barbosa
Humberto Werneck
Iumna Simon
José Leonardo Tonus
Juliana de Mello Schmitt
Maíra Moraes Mesquita
Marcos Visnadi
Maria Esther Maciel
Maria Lucia Bueno Ramos
Mariza Werneck
Nathalia dos Santos
Paulo Werneck
Plínio Martins Filho
Reinaldo Moraes
Renato Adura Martins
Rizio Bruno Sant’ana
Simon Berjeaut
Thais Fonseca
Vagner Camilo
Ubiratan Machado
Antologia da

POESiA
ERÓTICA
BRasiL EIRA

foi composta em caracteres


Minion e Inknut,
e impresso na Guide, Artes Gráficas
em papel CoralBook de 80 gramas,
em Outubro de 2017.

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