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Casos práticos sobre a noção e fontes do Direito Comercial

A decide vender os produtos obtidos na exploração da sua propriedade rural.

 NOÇÃO COMÉRCIO EM SENTIDO ECONÓMICO


o corresponde à atividade de intermediação entre a produção e o consumo
o Então, EXPLORAÇÃO DUMA PROPRIEDADE RURAL – enquanto actividade
enquadrada no sector primário, não pode ser abrangida neste conceito económico e
restrito do comércio que apenas engloba uma parte do sector terciário de interposição de
trocas
o Mas se ATIVIDADE DE VENDA DOS PRODUTOS OBTIDOS POR VIA DESSA
EXPLORAÇÃO – já cabe no conceito de comércio (s. económico) porque media a
produção e o consumo
 NOÇÃO COMÉRCIO EM SENTIDO JURÍDICO
o corresponde ao conjunto de atividades económicas a que num dado país e num certo
momento se aplicam as leis comerciais
o No art. 230/1 e no 464º/2 e 4 CCOM, exclui-se a aplicação da lei comercial aos
agricultores, por isso, não se trata d e comércio em sentido jurídico.

B dedica-se ao transporte escolar de crianças.


 NOÇÃO COMÉRCIO EM SENTIDO ECONÓMICO
o corresponde à atividade de intermediação entre a produção e o consumo
o Então, não se trata de comércio em sentido económico porque o transporte escolar não
corresponde a uma atividade de interposição de trocas
 NOÇÃO COMÉRCIO EM SENTIDO JURÍDICO
o corresponde ao conjunto de atividades económicas a que num dado país e num certo
momento se aplicam as leis comerciais
o Por força do art. 230/7 e 366º CCOM aqui aplicáveis, já que as empresas de transporte
realizam uma actividade de prestação de serviços, são consideradas empresas e as
leis comerciais são-lhes aplicáveis.

C dedica-se à pesca
 é comércio em sentido jurídico porque o Decreto-Lei n.º 20677, de 28 de Dezembro de 1931,
sujeita a pesca à lei comercial
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 Mas já não o é em sentido económico porque não é uma atividade de intermediação ente a oferta e
a procura, não se enquadrando no sector terciário (mas ao invés, no sector primário)

D e E celebram um contrato de compra e venda de um quadro, que D tinha recebido de herança, destinado a
decorar a sala da casa nova de E. A respetiva dívida foi titulada numa letra de câmbio emitida por D e aceite por
E.
 ACTO DE COMPRA E VENDA
o não é um havido como comércio em sentido económico porque não é uma atividade reiterada e
profissional, nem tão pouco em sentido jurídico porque no caso não é feita para revenda
(464º ss)
 SAQUE DA LETRA DE CÂMBIO
o é um ato de comércio em si mesmo, um ato formalmente comercial, independentemente da
circunstância dos seus sujeitos ou do seu objeto serem mercantis (2º LULL) pelo que é comércio
em sentido jurídico

F dedica-se ao artesanato enquanto sua irmã G explora uma fábrica de sapatos


 ARTESANATO
o não pode ser comércio em sentido jurídico (460/1 e 464º/3), nem em sentido económico (uma vez
que se enquadra no sector secundário, onde não há interposição de trocas)
 EXLORAÇÃO DUMA FÁBRICA DE SAPATOS
o é uma atividade de transformação que se enquadra no conceito de comércio em sentido
jurídico (230º/1), ainda que não económico (porque transformar não é intermediar oferta e
procura – enquadra-se no sector secundário).

A sociedade X e o Banco Y celebraram um contrato de mútuo em que aquela é mutuária e este


mutuante. Este contrato previa para a hipótese de falta de pagamento das prestações do capital e dos
juros nas datas definidas para o respectivo cumprimento o segu inte: «no caso de mora no pagamento de
qualquer prestação de capital e/ou juros, incidirá sobre o montante dessa prestação, e durante o tempo em
que a mora se verificar, para além do juro fixado no contrato, uma sobretaxa de 2% ao ano. O
agravamento da taxa de juro em r azão da mora incidirá, porém, sobre todo o montante em dívida do
empréstimo». X entrou em mora quanto a certas prestações de capital e de juros. Consequentemente Y
enviou-lhe um desenvolvimento da sua conta em que se verifica anatocismo, ou seja, são capitalizados
juros que passam a vencer juros. Atento o disposto no art. 560º C.Civ., poderia o Banco Y capitalizar os
juros e lançar juros sobre esses juros?
 ANATOCISMO
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o em princípio a capitalização não seria possível, acarretando como consequência a
nulidade por violação de normas imperativas (294º e 560º/1 CC) porque
 CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS já havido sido feita a priori, quando o art.
560º/1 CC só admite que tal seja feito convencionalmente após o vencimento
dos mesmos
 o art. 560º/2 CC estipula que os juros só serão capitalizáveis após o período
mínimo de um ano, que não parece ser uma condição aqui observada
 e a sobretaxa de 2% poderia no caso concreto configurar uma situação de juro
usurário (559º-A CC)
 CASO SUB IUDICE
o contudo a prática do anatocismo nestes termos pode ser possível e legitima caso
tenhamos em linha de conta que o art. 560º/3 admite que, por força dos usos comerciais
(prática reiterada de capitalização de juros no sector bancário, e os usos mercantis de
facto – podem ser fonte derivada de direito se as leis ou as partes as convocarem)
e as regras do comércio (v. 5º/6 DL n.º 334/78 de 17 de Novembro, que prevê a
possibilidade de capitalização no período de 3 meses, e a susceptibilidade de acrescer
aqueles 2% consta do nº7 do ar t. 5 do mesmo DL)

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Casos práticos sobre atos de comércio
Contrato de compra e venda de um prédio urbano composto de vários apartamentos que o
comprador, funcionário público reformado, destina a arrendamento, sendo o vendedor uma sociedade
que o construiu para vender
 Enquanto o vendedor é uma empresa comercial (230º/6), logo é comerciante (13º/1), o
comprador é um particular, que não exerce profissionalmente o comércio (é funcionário público e
nem podia ser comerciante visto já estar reformado)
 O ato não é uma compra e venda comercial porque não é feita para venda nem para aluguer
(463º) mas, é subjetivamente comercial para uma das partes (2º/2ª parte) – trata-se portanto de
um ato subjetivamente comercial misto, que se pode tornar num ato comercial puro, por força da
analogia legis, com que todas concordam, logo, não repugna considerar esta operação

Contrato para o fabrico de uma mobília para a residência de um professor, sendo fabricante um marceneiro
que utiliza dois
empregados na sua oficina
 O acto não é subjetivamente comercial para nenhuma das partes – trata-se de facto de um ato civil

Contrato de trabalho celebrado entre A, na qualidade de trabalhador, e B, na qualidade de entidade patronal, cuja
atividade consiste
na construção de estradas, portos e caminhos-de-ferro
 O Contrato de trabalho não é, pelo menos à primeira vista, um AC, mas o Tribunal Relação de Coimbra já
o classificou como tal quando o patrão é comerciante (interpretação enunciativa do 230º/6) – trata-se
portanto de um ato subjetivamente comercial (2º/2ª parte) porque é um ato praticado por um comerciante
conexo à sua atividade comercial – para ENGRÁCIA ANTUNES é em concreto é um ato subjetivamente
comercial misto (em relação apenas uma das partes).

Contrato de compra e venda de um imóvel rústico, sendo o vendedor um agricultor que nele vem exercendo a sua
atividade agrícola
e o comprador uma sociedade comercial que o destina à construção de um edifício para armazenagem dos
produtos que fabrica
 COMPRA E VENDA (463º)
o não é mercantil porque não se destina a revenda
o contudo, o ato é subjetivamente comercial – misto (relativo a uma das partes) – em relação ao
comprador porque está conexionado com a atividade mercantil (2º/2ª p).

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Contrato de compra e venda de um imóvel rústico de que é proprietário um agricultor que nele vem
exercendo a sua atividade
grícola; o comprador destina o prédio à exploração de uma pedreira, atividade a que se dedica profissionalmente
 A exploração de uma pedreira não é comercial (230º) e também o vendedor não é comerciante – ato civil

Compra e venda de um automóvel em segunda mão, sendo vendedor um estudante e comprador um comerciante
 O vendedor não é comerciante, nada nos diz que comprou para revenda, logo seria venda civil; mas era
comercial do lado do comprador, a presunção pode ser elidida (uso pessoal)
 Quanto À natureza pura/mista depende da perspetiva adotada

Contrato de doação de um quadro pertencente a uma sociedade comercial a favor de uma fundação com fins
culturais
 Há um comerciante que é a sociedade comercial (13º/2)
 A fundação não é um comerciante (14º /2), tal como a doação não é um AC (mas não por não ser
lucrativo)
 NOTE-SE embora só venha regulada no CC, não é essa a interpretação que se atende (“à natureza
exclusivamente civil”; 2º/2ª parte), porque, na verdade, ela pode estar ligada ao desenvolvimento de
atividades comerciais, podendo ser indiretamente lucrativa – é um AC porque o seu ato é comerciante
e nenhuma circunstância impeditiva do art. 2º/2ª parte se verifica
 O art. 6º/1 CSC diz-nos que só há capacidades para actos lucrativos mas, o 6º/2 CSC prevê
liberalidades que promovem indiretamente a sociedade
 Portanto, em causa está um ASC misto

Por ocasião do Carnaval, A e B, donos de uma empresa transitária, adquiriram, numa agência de viagens do
Porto, bilhetes de avião
para o Brasil.
 A AGÊNCIA DE VIAGENS é AC porque é comerciante (230º/3, aplicação analógica e extensiva)
 a EMPRESA pode ser ou não um ato comercial porque não sabemos se foi para uso pessoal, só se
não for é que o acto é comercial pelo 2º/2ªparte
 Logo, pelo menos é um ato comercial misto, pode ou não ser puro.

A, empresário agrícola, comprou uma máquina debulhadora a C, o qual se dedica à venda de máquinas agrícolas
 É um ato comercial misto (em relação a C, mas já não pode sê-lo por parte do agricultor).

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A, dono de um “stand” de automóveis usados, adquiriu a B um magnífico “Buick” de colecção, tendo subscrito
uma letra em favor
deste para pagamento do preço
 A subscrição da letra é um AC formal (2º, 1ª parte), mas o caso não foi um AC porque foi dado um uso
pessoal pela natureza civil (2º, 2ª parte).

A, esteticista, casada com B, comprou em 1 de Julho de 2007 à sociedade C um laser especial para o seu
instituto de beleza, nada
tendo pago até hoje. Poderá a dívida ser cobrada? Em caso afirmativo, que bens responderão por esta
dívida e qual a taxa de juro aplicável?
 As esteticistas para efeitos de DCOM devem ser havidas como artesãs e não como comerciantes
(230º/1)
 Em causa está uma sociedade civil pelo que a compra do laser é um acto civil (≠ comercial) e,
como tal, ap licam-se as regras do CC quanto ao incumprimento do contrato.

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Casos práticos sobre os sujeitos jurídico-comerciais
António é proprietário de uma loja de tecidos e de pronto-a-vestir. Desenvolve a sua actividade com a
colaboração de alguns
empregados e da mulher, com quem é casado no regime da comunhão de adquiridos
 António é comerciante (463º) e sua loja de tecidos e pronto-a-vestir tem de facto personalidade
jurídica
 Muito embora, a comunidade conjugal não tenha personalidade jurídica, os cônjuges casados no regime
da comunhão de adquiridos são co - titulares de uma empresa comercial quando esta se trata de um bem
comum (presume -se que quando ambas administram a empresa, ambos fazem daquele comércio
profissão), mas mesmo no caso em que a empresa só seja gerida por um deles , pode o outro praticar actos
de administração ordinária (1678º e 1681º CC; ex: C/V aos fornecedores, pagar dívidas cobrar
dívidas) e além disso admite-se, por via do art. 1691º/1-d e do 1695º do CC, a responsabilidade comum
do casal por dívidas contraídas por qualquer um deles no exercício de actividade comercial
 Em relação à sua esposa, tendo em conta o exposto, não podemos afirmar com clareza a sua qualidade de
comerciante.

Admita que António e sua mulher deixam de trabalhar na loja e nomeiam gerente um dos seus empregados
(Bernardo) a quem
conferem plenos poderes de gestão
 Os GERENTES são todos aqueles que se acham propostos para tratar do comércio no lugar de outrem (o
que se trata aqui!) – conf. 248º e 253º CCOM.
o Sabendo que os gerentes negoceiam em nome dos seus proponentes (250º CCOM), e para a
doutrina maioritária os gerentes embora actuem por conta própria, agem em nome de outrem,
não sendo por isso havido como comerciantes
 O MANDATO é o NJ através do qual os proponentes conferem voluntariamente poderes ao gerente
o ele presume-se geral, compreendendo assim todos os atos necessários ao exercício do comércio
para o qual o gerente foi destacado (249º)

Suponha que Bernardo, para aumentar os seus rendimentos, decide vender aos Domingos na feira local peças de
roupa que adquire a
um fabricante têxtil

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 Em causa está a PROIBIÇAO DE CONCORRENCIA DO GERENTE (253º CCOM) segundo o qual,
nenhum gerente pode praticar, por conta própria (o que me parece ser o caso!) comércio do mesmo
género ou espécie, salvo com a expressa autorização do proponente, sob pena de ter de indemnizar os
danos e as perdas que o proponente possa eventualmente sofrer com aquela operação ou pode o
proponente reclamar para si os respetivos atos
 Todavia, Bernardo assume-se como um comerciante (2º, 7º, 230º/2 CCOM) e aos Domingos pratica atos
de comércio.

A e B constituíram uma sociedade comercial com o objetivo de explorarem uma fábrica de calçado. Antes
mesmo de procederem ao
registo dessa sociedade comercial, adquirem um lote de peles proveniente da Turquia
 A SOCIEDADE COMERCIAL (1º/2 CSC) é havida, fruto do disposto no art. 13º/1º, como
comerciante
 As SC gozam de personalidade jurídica e existem como tais a partir do registo definitivo

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Casos práticos sobre os bens jurídicos-comerciais
A, comerciante, explora um estabelecimento de pronto a vestir na Rua de Passos Manuel que
funciona em imóvel arrendado. Querendo retirar-se da atividade comercial, decide doar o
estabelecimento ao seu sobrinho B. Este último, continuando a utilizar a firma de A, com muito
prestígio no meio comercial, opta imediatamente por transformar o estabelecimento numa loja de
música. Pronuncie-se sobre a validade do trespasse do estabelecimento, os direitos do senhorio, e a
transmissão da firma
 O TRESPASSE
o (NJ abstrato) de um estabelecimento comercial vem regulado no art. 1112º CC e ele
constitui um negócio protótipo de transmissão directa (inter vivos) e a título definitivo
da propriedade da empresa, ie, daquele estabelecimento comercial (no caso: pronto-a-
vestir), sendo indiferente a natureza gratuita ou onerosa do mesmo (no caso: a
transmissão operou por via da doação)
o O trespasse é um negócio formal pelo que tem de revestir forma escrita, sob pena de
nulidade
 Em RELAÇÃO AOS DTOS DO SENHORIO importa desde logo referir que este não pode
impedir a transmissão do dto de arrendamento (de A para B) que se transmite sem o
consentimento/acordo do senhorio que, todavia, tem o
o dto de ser informado desta mesma operação (424º e ss., 1112º/1-b e 1109º/2 CC), sob pena
de, no caso senhorio não ter sido informado ou de não ter sido informado no prazo
devido (resulta do art. 1109º CC), a cessão da posição de arrendatário não lhe ser
oponível, podendo com isso resolver o contrato nos termos do art. 1059º/2 e 1112º/5 CC.
Além do dto a ser tempestivamente informado, o senhorio
o por força do art. 1112º/4 CC, goza ainda do dto de preferência no trespasse (no caso, pq
feito por doação, não seria admissível)
 Quanto à TRANSMISSÃO DA FIRMA, estabelece o art. 44º do Reg. Nacional das Pessoas
Colectivas que «O adquirente, por qualquer título entre vivos, de um estabelecimento comercial

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pode aditar à sua própria firma a menção de haver sucedido na firma do anterior titular do
estabelecimento, se esse titular o autorizar, por escrito», todavia, é certo que não se pode
«adquirir uma firma sem ser a do estabelecimento a que esta se acha ligada»
o Além disso, o contrato deve consagrar expressamente um conjunto de elementos para
que a transmissão opere validamente, sabendo que , à partida, o nome e a insígnia do
estabelecimento fazem parte do âmbito natural de entrega (v. 31º/4 e 5 CPI)
 PROBLEMA: estamos perante uma situação de falso trespasse (1112º/1-a CC)? No caso, porque
nada indicia o conluio entre trespassante/trespassário, ie, que o antigo comerciante tinha
conhecimento da reserva mental do trespassário, presume-se a boa fé do primeiro, e uma vez não
sendo justo penaliza-lo, deve permanecer válido o trespasse.

A, comerciante de electrodomésticos e mobiliário, vendeu a B o estabelecimento comercial de que era titular e


que estava instalado no r/c de um prédio de que o mesmo A era proprietário. A venda englobava também o direito
de propriedade sobre o local. As chaves do estabelecimento deveriam ser entregues a B quinze dias após a
formalização do contrato por escritura pública. Contudo, nessa data, quando B abriu a porta do estabelecimento,
verificou, surpreendido, que não se encontravam no seu interior nem electrodomésticos nem mobiliário para
revenda. A apenas lhe tinha deixado as prateleiras e as mesas utilizadas por ele e pelos seus empregados. Teria B,
com a compra do estabelecimento, adquirido os electrodomésticos e o mobiliário que se encontravam no
local para revenda, no momento da outorga da escritura pública?
 O NJ em apreço é o TRESPASSE
o Ele vem regulado no art. 1112º CC e constitui um negócio protótipo de transmissão directa (inter
vivos) e a título definitivo e imediato da propriedade da empresa, ie, daquele estabelecimento
comercial (no caso: de electrodomésticos e mobiliário), sendo indiferente a natureza gratuita ou
onerosa do mesmo (no caso: a transmissão operou por via da C/V)
o O trespasse é um negócio formal pelo que tem de revestir forma escrita, sob pena de nulidade
 Como qualificar o MOBILIÁRIO E OS ELECTRODOMÉSTICOS?
o No caso de se tratar de elementos que se enquadram no âmbito de entrega mínimo, porque a falta
destes elementos implica a inexistência do trespasse já que a sua transmissão é necessária e
suficiente então a falta dos mesmos implica a inexistência do trespasse (constituindo assim
situação de falso trespasse)
o no caso de os considerarmos elementos de âmbito natural eles transmitir-se-iam
naturalmente com o trespasse, independentemente de convenção das partes nesse sentido

A sociedade «Decor – Decoração de Interiores, Lda.», pertencente em quotas iguais aos sócios
gerentes A e B, tem uma rede de estabelecimentos de venda ao público nas principais cidades do país. A
sociedade, em Janeiro de 2003, vendeu a C o estabelecimento situado no Porto, na Rua de Santa
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Catarina. Em Maio de 2003, A abre, a dois quarteirões de distância, na Rua Sá da Bandeira, um
estabelecimento destinado ao comércio de artigos de decoração.
C, incomodado com a situação, interpela A para ele mudar o ramo do negócio, ao que este responde
negativamente afirmando
não ter sido ele o trespassante do estabelecimento, mas sim a sociedade «Decor, Lda.». Comente a situação descrita
.
 O TRESPASSE (NJ abstracto) de um estabelecimento comercial vem regulado no art. 1112º
CC e ele constitui um negócio protótipo de transmissão directa (inter vivos) e a título definitivo
da propriedade da empresa, ie, daquele estabelecimento comercial, sendo indiferente a
natureza gratuita ou onerosa do mesmo
o Como o trespasse é um negócio formal, ele tem de revestir forma escrita, sob pena de
nulidade
 No caso o trespassante seria a sociedade Decor e o trespassário o indivíduo C
 A OBRIGAÇÃO DE NÃO CONCORRÊNCIA
o é a ob. a cargo do trespassante (no caso: a sociedade Decor) que consiste no dever de este
não exercer actividade económica concorrente ou análoga àquela que trespassou e de
modo a que possa afectar a capacidade fruitiva do trespassante
o Esta é uma cláusula que se pode considerar implícita no contrato, contudo há que se
ultrapassar o estrito domínio da titularidade formal para que possamos imputar esta ob.
aos sócios da empresa, suscitando assim o problema da desconsideração da
personalidade jurídica da empresa (ie, saber se os dtos e as ob. da sociedade podem ser
imputados aos seus sócios?) até porque estamos perante uma ob. de entrega e o alienante,
nomeadamente, os seus representantes, têm a ob. de entrega da coisa alienada
acrescida da ob. de assegurar o gozo pacífico desta
o Todavia, a própria ob. de não concorrência está sujeita a certos limites
 temporais, em virtude da proximidade temporal e
 espaciais, em virtude da proximidade espacial
o No caso sub iudice, passaram-se apenas 4 meses e o novo estabelecimento situa-se a
dois quarteirões de distância pelo que me parece procedente afirmar-se a violação desta
cláusula de garantia, caso considerássemos estendíveis as ob. aos sócios da sociedade
comercial

A solução seria diferente caso, em vez da transmissão do estabelecimento, tivesse ocorrido uma mera t
ransmissão da quota de
A a C?

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 Ainda assim há uma transferência substancial do estabelecimento comercial e por isso admite -se a
ob. de não concorrência no caso de transmissão de participações
 Assim sendo, e contra a posição do prof. COUTINHO DE ABREU, que sustenta a sua posição no
objecto do NJ que é diferente no caso da transmissão da quota, admite -se que a ob. de garantia recai ainda
sobre o A

A, casado com B no regime de comunhão de adquiridos, constituiu em 1994 um E.I.R.L. cujo objecto é a
indústria hoteleira. O capital é de 100 000 €, integralmente realizado no momento da outorga da
escritura: 10% em dinheiro e o resto com um restaurante que é propriedade de A.
1) Os fornecedores do E.I.R.L. poderão, em caso de necessidade, penhorar os bens comuns de A
e B para satisfazer os seus créditos?
 ESTABELECIMENTO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (DL 248/86)
o é um património autónomo que, no caso, se encontra ao serviço de um comerciante – aquele
que exerce uma actividade comercial (13º CCOM)
o O EIRL tem de ser constituído por uma pessoa física, sabendo que uma pessoa só pode ser
titular de um único EIRL.
 REGIME DO EIRL (3º DL)
o o EIRL tem de ter um capital mínimo de 5000€ (no caso é de 100 000€)
o que tem de ser realizado em numerário (no caso: 10 000€) ou em coisas (no caso:
restaurante de A) suscetíveis de penhora (no caso: admite-se, em pp., a penhora), sabendo
que a parte em numerário não pode ser inferior a ²/3 do capital mínimo (então ²/3 de 5
000€ ≈ 3333,3€; no caso: 10 000€)
 CERNE DO REGIME JURIDICO OU A AUTONOMIA PATRIMONIAL DO EIRL (10º e 11º
DL)
o o património do EIRL responde apenas pelas dívidas relativas ao seu património, sabendo
que os demais bens do seu titular não respondem pelas dívidas do EIRL – ideia de que «os
bens do EIRL respondem apenas e só pelas dívidas do mesmo»
o Todavia, o legislador previu no art. 10º/2 DL que, no caso de o titular do EIRL tornar-se
insolvente o património pessoal do seu titular não fica necessariamente a salvo, caso os
credores (no caso: os fornecedores) provem que «não foi respeitado o pp. da autonomia
patrimonial na gestão do estabelecimento, admitindo-se com isto que os credores possam
recorrer à penhora de bens pessoais do titular do EIRL

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o Aqui também importa referir os art. 1691º/1-d (quanto às dívidas que responsabilizam
ambos os cônjuges: se contraídas no exercício de actividade comercial, em proveito
comum), 1695º (quanto aos bens que respondem pelas dívidas de ambos os cônjuges: os
bens comuns do casal).

2) Admita que A contraiu uma dívida para pagar as despesas de uma intervenção cirúrgica a que teve de
submeter -se em uma clínica privada. Poderá o titular da clínica penhorar o E.I.R.L. para satisfazer o seu
crédito?
 CERNE DO REGIME JURIDICO OU A AUTONOMIA PATRIMONIAL DO EIRL (10º e 11º
DL)
o o património do EIRL responde apenas pelas dívidas relativas ao seu património, sabendo
que os demais bens do seu titular não respondem pelas dívidas do EIRL – ideia de que «os
bens do EIRL respondem apenas e só pelas dívidas do mesmo»
o Todavia, o legislador previu no art. 22º DL 248/86 a admissibilidade da penhora do
EIRL conquanto se faça prova da insuficiência dos restantes bens pessoais do credor
(pq a dívida é pessoal e não é uma dívida própria do EIRL)
o Importa referir ainda que quando a lei fala de penhora do EIRL ela não admite a
penhora de bens específicos do estabelecimento, mas antes do próprio estabelecimento
como um todo (e com isto o legislador foi insensato pq seria mais acertado a
admissibilidade da penhora de apenas de alguns bens do EIRL no caso de dívidas
pequenas, como se presume ser o caso!)

A, sociedade por quotas, em 2000, tomou de arrendamento a B, pessoa individual, o r/c e a cave de
um edifício de que este é proprietário, estipulando-se no contrato que o local arrendado se destinava a
armazém de géneros alimentícios e bebidas. Por cessão de quotas realizada em Janeiro de 2002, os sócios
da sociedade A cederam a totalidade do capital à sociedade C, grossista de géneros alimentícios e
bebidas. A partir dessa data, A cessou a sua actividade comercial e os seus trabalhadores passaram a ser
pagos por C. Também a partir daquela data, o estabelecimento instalado no r/c e cave foi integrado na
exploração comercial de C, que passou a pagar as rendas em nome de A. B, senhorio, invocando o art.
1112.º, nº 4 Cod. Civil, pede ao tribunal o reconhecimento do direito de preferência. Terá razão?
 O TRESPASSE (NJ abstracto) de um estabelecimento comercial vem regulado no art. 1112º
CC e ele constitui um negócio protótipo de transmissão directa (inter vivos) e a título definitivo
da propriedade da empresa, ie, daquele estabelecimento comercial, sendo indiferente a natureza
gratuita ou onerosa do mesmo

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o Como o trespasse é um negócio formal, ele tem de revestir forma escrita, sob pena de
nulidade
 Como qualificarmos o CONTRATO DE ARRENDAMENTO DO IMÓVEL?
o Hoje discute-se na doutrina admissibilidade dos contratos negociais (com os quais a
empresa se encontra envolvida) como elementos integrados no âmbito natural da entrega (ie,
aqueles elementos que, no silêncio das partes, se presumem transmitidos com o
trespasse)
o De facto, para a doutrina dominante, e com fundamento nos art. 424º do CC, exige-se
o consentimento dos contraentes cedidos, presumindo-se o consentimento do cedente e
do cessionário
o Todavia discordo e, partilhando a posição do docente ENGRÁCIA ANTUNES, até para
facilitar a circulação das empresas no comércio jurídico, defendo a aplicação analógica de
outras disposições (ex: 85º CT que no caso até releva na medida em que os trabalhadores
de A, depois da cessão, passaram a ser pagos por C) que admitem a transmissão direta do
contrato.
 Em RELAÇÃO AOS DTOS DO SENHORIO
o importa desde logo referir que este não pode impedir a transmissão do dto de
arrendamento (de A para C) que se transmite sem o consentimento/acordo do senhorio
que, todavia, tem o dto de ser informado desta mesma operação (424º e ss., 1112º/1-b e
1109º/2 CC), sob pena de, no caso senhorio não ter sido informado ou de não ter sido
informado no prazo devido (resulta do art. 1109º CC), a cessão da posição de
arrendatário não lhe ser oponível, podendo com isso resolver o contrato nos termos do
art. 1059º/2 e 1112º/5 CC.
o Além do dto a ser tempe stivamente informado, o senhorio, por força do art. 1112º/4 CC,
goza ainda do dto de preferência no trespasse.
 Em causa está a LOCAÇÃO do estabelecimento comercial (art. 1109º CC) que é o negócio
oneroso mediante o qual se cede a exploração do estabelecimento comercial, todavia, ao
contrário do trespasse, esta é uma transmissão temporária do dto de propriedade pelo que o
locatário dispõe apenas de poderes de gozo ou de simples fruição
o Embora não se exija a observância de forma, à semelhança do trespasse, deve obedecer a
forma escrita (v. 1112º/3)
o No caso, o cedente/locador seria A e C seria o cessionário/locatário
o A consideração do estabelecimento como uma realidade organizativa implica a
manutenção do contrato de arrendamento anterior
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A, comerciante em nome individual, casado com B no regime de comunhão de adquiridos, é titular de um
estabelecimento comercial de venda por grosso de produtos têxteis. No âmbito da exploração deste
estabelecimento tinha celebrado com C, empresário de fiação têxtil, um contrato de fornecimento de
diversos produtos. Entretanto, A aliena a D o seu estabelecimento comercial e a sua firma, retirando-se
da vida comercial. Neste momento, restava a C, como última fase de execução do contrato celebrado com
A, fornecer uma determinada quantidade de uma fibra especial, ao preço unitário de 15 000 euros. C
realiza o fornecimento do material, mas A recusa- se a proceder ao pagamento, alegando já não ser o
titular do estabelecimento. Igualmente, D, entretanto interpelado por C, recusa efectuar o pagamento,
invocando, por seu turno, não ter sido parte no contrato. “Quid iuris”?
 O TRESPASSE (NJ abstracto) de um estabelecimento comercial vem regulado no art. 1112º
CC e ele constitui um negócio protótipo de transmissão directa (inter vivos) e a título definitivo
da propriedade da empresa, ie, daquele estabelecimento comercial (no caso: EC de venda por
grosso de produtos têxteis), sendo indiferente a natureza gratuita ou onerosa do mesmo (no caso: a
transmissão operou por via da C/V)
 O trespasse é um negócio formal pelo que tem de revestir forma escrita, sob pena de nulidade
 Quanto à TRANSMISSÃO DA FIRMA, estabelece o art. 44º do Reg. Nacional das Pessoas
Colectivas que «O adquirente, por qualquer título entre vivos, de um estabelecimento comercial
pode aditar à sua própria firma a menção de haver sucedido na firma do anterior titular do
estabelecimento, se esse titular o autorizar, por escrito», todavia, é certo que não se pode
«adquirir uma firma sem ser a do estabelecimento a que esta se acha ligada». Além disso, o
contrato deve consagrar expressamente um conjunto de elementos para que a transmissão
opere validamente, sabendo que, à partida, o nome e a insígnia do estabelecimento fazem parte
do âmbito natural de entrega (v. 31º/4 e 5 C PI)
 Como qualificar o CONTRATO DE FORNECIMENTO? De acordo com a posição dominante na
doutrina, os contratos negociais (com os quais a empresa se encontra envolvida) não são elementos
integrados no âmbito natural da entrega (ie, aqueles elementos que, no silêncio das partes, se
presumem transmitidos com o trespasse), porque, e com fundamento nos art. 424º e ss. do CC,
exige-se o consentimento do(s) contraente(s) cedido(s), presumindo-se o consentimento do cedente
e do cessionário. Todavia discordo e, partilhando a posição do docente ENGRÁCIA ANTUNES,
até para facilitar a circulação das empresas no comércio jurídico, defendo a aplicação analógica de
outras disposições (ex: 85º CT , 95º/8 da Lei do Contrato de Seguro…) que admitem a transmissão
direta do contrato.

15
Casos Práticos sobre os sinais distintivos do comércio
Anacleto Verbo e o irmão Belisário fundaram uma sociedade destinada à edição de livros. Essa sociedade adotou
como firma o apelido dos seus fundadores (“VERBO, Lda.”). A sociedade conheceu posteriormente uma enorme
expansão, tendo o seu capital aumentado, ao longo dos anos, com participações de outras pessoas e entidades.
Belisário veio entretanto a falecer e Anacleto acabou por se tornar um sócio min oritário. Em determinada
altura, suscitou-se um litígio entre este e os sócios maioritários. Anacleto decidiu então retirar-se da sociedade e
proibir esta de continuar a usar o seu apelido. A sociedade opõe-se, alegando que se tornou conhecida no meio
comercial pela utilização dessa firma e que a alteração da mesma prejudicaria gravemente a sua projeção
comercial. QUID IURIS?

 FIRMA
o sinal nominativo (ie, só composto por palavras) identificativo e individualizador dos
empresários (concepção subjectiva acolhida pela doutrina maioritária) que dispõe assim de
um direito de uso exclusivo e oponível erga omnes (valor absoluto da firma – 33º e 35º CNCP)
a empresários concorrentes
o sabendo que a adopção da firma é de natureza obrigatória e não facultativa
o No caso, está em causa uma firma subjectiva tendo em conta que esta é composta pelo apelido
dos sócios fundadores (“VERBO; Lda.”), admissív el ao abrigo do pp. da liberdade de
denominação (32º/4 CNPC), conquanto estejam respeitados os limites decorrentes do pp. d a
verdade (32º CNPC), nomeadamente, as firmas devem ser verdadeiras e não induzirem erro

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sobre a identificação, natureza ou actividade do se u titular e não podem sugerir actividade
diferente da que constitui o objecto social – no caso não parece que a firma enferme de vícios

 SOCIEDADE COMERCIAL
o em causa trata-se de uma sociedade destinada à edição de livros (230º/5º), nomeadamente,
aplica-se porque sociedade por quotas, o disposto no art. 202º/1 CSC

 Ora sempre que a pessoa singular cujo nome figure na firma deixe de ser associado, deve tal firma ser
alterada no prazo de um ano por força do art. 32º/5 RNPC, a não ser que o associado que se retire
consinta por escrito na continuação da mesma firma – o que não é o caso!

Os irmãos Dioclécio e Edmundo, sócios de uma sociedade que explora uma pequena mercearia, pretendem adoptar
como firma social “Dioclésio & Irmão – Hipermercado, Lda.”

 FIRMA
o sinal nominativo (ie, só composto por palavras) identificativo e individualizador dos
empresários (concepção subjetiva acolhida pela doutrina maioritária) que dispõe assim de um
direito de uso exclusivo e oponível erga omnes (valor absoluto da firma – v. 33º e 35º CNCP)
a empresários concorrentes
o sabendo que a adoção da firma é de natureza obrigatória e não facultativa. No caso, está em
causa uma firma mista tendo em conta que esta é composta pelo nome próprio de um dos
sócios fundadores e por uma expressão aparentemente relativa à actividade/negócio e tal é
admissível ao abrigo do pp. da liberdade de denominação (32º/4 CNPC), conquanto estejam
respeitados os limites decorrentes do pp. da verdade (32º CNPC), nomeadamente, as firmas
devem ser verdadeiras e não induzirem erro sobre a identificação, natureza ou actividade do
seu titular e não podem sugerir actividade diferente da que constitui o objecto social – no
caso, a dúvida está relacionada com a palavra “Hipermercado” que de facto pode potenciar a
violação do art. 32º/2 e 3 porque de facto trata-se da exploração de uma «pequena mercearia»
e o hipermercado implica per si uma exploração no mínimo abrangente pelo que no caso penso
que há violação do art. 32º

As irmãs Fremosinda e Generosa, sócias de uma sociedade que explora uma empresa cosmética e solário, pretendem
adotar como firma

“Obama – Bronzeado Natural, S.A.”


 FIRMA

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o sinal nominativo (ie, só composto por palavras) identificativo e individualizador dos
empresários (concepção subjectiva acolhida pela doutrina maioritária) que dispõe assim de
um direito de uso exclusivo e oponível erga omnes (valor absoluto da firma – v. 33º e 35º
CNCP) a empresários concorrentes (firma em causa é uma sociedade anónima)
o sabendo que a adoção da firma é de natureza obrigatória e não facultativa
o No caso, está em causa uma firma mista tendo em co nta que esta é composta por um nome
próprio mas de nenhum dos sócios fundadores e por uma expressão aparentemente
relativa à actividade/negócio. Ora de facto, são admissíveis, ao abrigo do pp. da liberdade
de denominação (32º/4 CNPC), as firmas mistas, mas desde que respeitados os limites
decorrentes do pp. da verdade (32º CNPC), nomeadamente, as firmas devem ser verdadeiras e
não induzirem erro sobre a identificação, natureza ou actividade do seu titular e não podem
sugerir actividade diferente da que constitui o objeto social
o No caso em concreto é usado o nome “Obama”, que não equivale a nenhum dos sócios
contra o art. 275º/1 CSC; em relação ao “Bronzeado Natural” de facto parece-me respeitar-se o
pp. da verdade

Foram apresentadas junto do INPI os pedidos de registo das seguintes marcas:


1) a forma de uma garrafa como marca de uma aguardente
 MARCA
o sinal susceptível de representação gráfica (222º CPI), sabendo que esta pode ser composta por um
conjunto variado de elementos (figurativos, nominativos, sonoros…) conquanto que susceptíveis de
representação gráfica
o Em causa está a violação do pp. da autonomia (1 dos pp. conformadores da marca) porque em
causa a garrafa é necessariamente um elemento necessário e funcional do produto, logo viola-se o
223º/b

2) a expressão “TV” para um novo tipo de televisor


 MARCA
o sinal susceptível de representação gráfica (222º CPI), sabendo que esta pode ser composta por um
conjunto variado de elementos (figurativos, nominativos, sonoros…) conquanto que susceptíveis de
represen tação gráfica
o Em causa está a violação do pp. da eficácia distintiva pq a marca “TV” trata-se de uma marca
genérica (223º/1-a, c) porque constitui a própria designação do produto.

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3) a expressão “Diesel” para um automóvel
 MARCA
o sinal susceptível de representação gráfica (222º CPI), sabendo que esta pode ser composta por um
conjunto variado de elementos (figurativos, nominativos, sonoros…) conquanto que suscetíveis de
representação gráfica
o Em causa está a violação do pp. da eficácia distintiva pq a marca “Diesel” trata-se de uma marca
descritiva (223º/1-a, c) porque constitui uma característica própria do produto.

4) cores da bandeira italiana (vermelho, verde, branco) para artigos de vestuário


 MARCA
o sinal suscetível de representação gráfica (222º CPI), sabendo que esta pode ser composta por um
conjunto variado de elementos no caso figurativos (as cores vermelho, verde e branco) conquanto que
suscetíveis de representação gráfica.

5) a expressão “Bix” para uma esferográfica


 MARCA
o sinal susceptível de representação gráfica (222º CPI), sabendo que esta pode ser composta por um
conjunto variado de elementos (figurativos, nominativos, sonoros…) conquanto que susceptíveis de
representação gráfica
o Em causa, sob pena de violação do pp. novidade não deve ser admissível pq a marca “Bix” facilmente
pode ser confundida com a marca Bic e porque em causa estão produtos idênticos (esferográficas)
conf. 239º/1 -a – mas é duvidoso pq não há identidade total mas uma reprodução aproximada

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Casos práticos sobre os títulos de crédito
A sociedade A, dedicada ao negócio da informática, sacou uma letra de câmbio sobre a sociedade B à
ordem do Banco C. Este letra teve origem num contrato de aquisição de computadores celebrado entre a
vendedora A e a compradora B, tendo a última aceite a letra para pagar o preço respectivo. A letra foi
emitida à ordem de C, uma vez que este banco tinha concedido anteriormente um empréstimo a A
destinado a financiar o seu negócio de venda de computadores. Na data do vencimento da letra, quando
demandado por C, B recusa-se a pagar alegando que os computadores vendidos eram defeituosos, pelo
que a excepção de não cumprimento do contrato lhe era oponível. “Quid juris”?

 CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO DO PORTADOR DUMA LETRA


o o direito do portador C é um direito autónomo (17º LULL) – princípio da autonomia
cartular: o direito dos portadores da letra é um direito independente em relação ao dos
demais, no entanto, esta relação de autonomia só vale em relação às relações mediatas e

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aos portadores de boa fé – no caso em apreço o sujeito é um portador mediato, porque
não é sujeito da relação fundamental, mas encontrar-se-á de boa ou má fé
o Há dolo directo? Há conluio? E na hipótese de não admitirmos o conluio entre as partes, o
portador sabe que ao aceitar a letra estava a impedir que B invocasse as excepções relativas
à RJ fundamental?

 ENGRÁCIA ANTUNES
o não há conluio, nem consciência de prejudicar o devedor, porque quando o Banco recebe
a letra não estava em condições de conhecer os efeitos uma vez que ainda não tinham
ocorrido os factos que podiam prejudicar B
o Em suma, o B teria de pagar a letra ao credor

Na sequência de uma abertura de crédito bancário, o empresário A aceitou uma letra sacada pelo banco B,

tendo esta sido assinada por sacador e aceitante. Suponha as seguintes hipóteses:

1) Uma vez que no momento da emissão da letra ainda não era possível apurar o montante de

crédito utilizado por A, sacador e aceitante acordaram que a quantia cambiária seria inscrita

posteriormente em função do “plafond” de crédito utiliza do em data determinada. “Qui juris”?

 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

o situação duma letra em branco que, embora não contenha os elementos obrigatórios

elencados no art. 1º LULL, já dispõe da assinatura das partes, da menção letra e de

possíveis acordos de preenchimento futuro da mesma

 PRODUÇÃO DE EFEITOS

o apenas com o preenchimento das menções em falta, retroagindo-se ao momento do saque (=

data de emissão) – conf. art. 10º LULL relativo à admissibilidade do preenchimento das

menções em falta

2) Antes dessa data, B inscreveu como quantia cambiária o “plafond” até então utilizado por A, tendo
endossado a letra a C, que, na data de vencimento, vem reclamar de A o pagamento da letra
 PREENCHIMENTO DA LETRA EM BRANCO
o dá-se em termos contrários ao fixado pelas partes, em violação do pacto de preenchimento,
por isso estamos perante um preenchimento abusivo (10º LULL) pelo que “não pode ser
motivo de imposição ao portador” mediato e de boa fé como de facto se encontra C (não
é titular da RJF e não se encontra de boa fé)

21
 DIREITOS
o por um lado, C pode exigir a letra ao sacado-aceitante A que não lhe pode opor o mau
preenchimento da letra
o por outro lado, A tem o direito de demandar civilmente (âmbito da
responsabilidade civil – 483º ss. CC) e cambiariamente (no caso de ter garantes) por via
de regresso (49º LULL – se o endossante pagou pode pedir a parte aos seus garantes)

A “PIZZA e Co, Lda.” adquiriu um restaurante a A. Para saldar a dívida, o gerente daquela sociedade, X,

sacou uma letra a favor de A, indicando como sacado B, um seu fornecedor. Suponha as seguintes

hipóteses (independentes entre si):

1) Mesmo antes de X entregar a letra a A, este apropriou-se dela, endossando-a a Z, que ignorava o sucedido
 NASCIMENTO DA RJ CARTULAR
o a sua constituição dá-se com a feitura e subscrição do título (teoria da criação) ou quando se dá a
feitura e consequente entrega voluntaria do título ao respetivo portador (teoria da emissão)?
o A teoria perfilhada pelo DOCENTE é a segunda – NOTE-SE aqui não se trata de uma
questão de autonomia porque tal só se coloca quando já existe um direito constituído, esta é uma
questão prévia.

2) Para garantir a dívida proveniente da compra de um automóvel, o tomador A endossa a letra com
cláusula “sem regresso” ao
vendedor C, que vem a falecer, deixando como único herdeiro o seu filho D. Este, por sua vez, endossa a
letra a E com “cláusula sem despesas”, o qual, na data do respectivo vencimento, vem apresentar a letra,
sucessivamente, a B (que recusa pagar por não ter aceite a letra), a A (que se recusa sem mais a pagar), a
D (que recusa pagar com fundamento nas cláusulas apostas na letra), ao gerente X (que afirma que a letra
foi subscrita em nome da sociedade), e à “Pizza” (que alega ter o restaurante, contrariamente ao acordado,
ter sido entregue sem algum equipamento essencial, v.g., mesas, cadeiras, cozinha).
 ANÁLISE
o no caso sub iudice, o herdeiro (D) assume a posição de C e torna-se endossado –
transmissão do direito via “sucessão mortis causa”
 DEDUÇÕES À ARGUMENTAÇÃO FEITA
o ARGUMENTO DE B – procede, porque por regra, ressalvados os casos especiais (que para
o caso não importam), não há obrigação de aceite
o ARGUMENTO DE A – porque se opôs a uma cláusula sem regresso esta tem como efeito
a exoneração do endossante da sua responsabilidade de aceite e/ou pagamento da letra

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(15º/1 LULL) e, partindo-se do princípio que no caso, ele se exonerou de ambas as
obrigações então A deixa de ser garante em via de regresso daquela letra
o ARGUMENTO DE D – ele vai (sub)entrar na posição de A porque as letras transmitem-se
mortis causa; em relação ao seu argumento, ele invoca indistintamente a cláusula sem
regresso e sem despesas – a ultima dispensa o portador de lavrar protesto, tornando mais
onerosa a letra, a primeira não foi oposta por ele o que coloca o problema do alcance
exoneratório das responsabilidades cambiarias, mas ela só aproveita ao endossante
que a opôs, logo, só aproveita a A e não a B que só pode invocar a outro cláusula (que o
prejudica, inclusive)
o ARGUMENTO DE X – coloca-se a questão de saber se ele é ou não o sacador da letra?
Quando o gerente de uma sociedade deve referir uma menção (expressa ou tacita) dessa
qualidade de gerente (ex: carimbo da firma social – menção tacita ≠ menção explicita
dessa qualidade – expressa) ele não se assume como tal – conf. Ac. 1/2002 de 6/12/01
que nos diz que «a qualidade de membro de órgão social pode ser deduzida de factos
concludentes nos termos do art. 217º CC, mas tais factos têm de resultar da letra e não
de uma outra convenção extra - cartular». (5) ARGUMENTO DA SOCIEDADE
“PIZZA” – partindo do pressuposto que não há trespasse ou que este foi incumprido então
a sociedade não seria titular do restaurante, contudo, conf. 17º/2 LULL não podem ser
opostos ao portador mediato e de boa fé as nulidades e os vícios ligados à RJF de outros
sujeitos, portanto, teria então de pagar a E – o que conta é a posição actual da letra ou do
titular do direito cambiário.

Para pagamento de um contrato de transporte celebrado entre ambos, o transportador A sacou à sua
própria ordem uma letra sobre o empresário B, que a aceitou. A endossou depois a letra a favor de C,
que, preparando-se para a mobilizar de novo, apôs a sua assinatura no verso da letra. Todavia, a letra
viria a ser-lhe furtada por D que, sem nada acrescentar na letra, a transmitiu a E, que ignorava o
sucedido. No vencimento, E protestou a letra por falta de pagamento: contra quem poderá ela exercer os
seus direitos cambiários?

 MODALIDADE DO SAQUE – art. 3º/1 LULL

 ANÁLISE – B é sacado e aceitante; há um endosso a C mediante assinatura no verso da letra


(verifica -se o requisito de forma: pressuposto objectivo)

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 LETRA – título à ordem, onde o tomador tem de estar sempre identificado, admitindo-se que
circule a título ao portador

 LETRA EM BRANCO
o no caso a letra foi endossada por C em branco
o O que pode fazer o endossado em branco? Conferir o disposto no art. 14º LULL:
preencher com o seu nome ou de terceiro, remete -la/endossa-la em branco tal e qual
como a recebeu (NOTE-SE o endossado em branco é sempre o ultimo portador,
nunca ficando registados os endossados intermédios)

 PORTADOR LEGÍTIMO – aquele que faça prova do seu direito, mediante a demonstração
da serie ininterrupta dos endossos (16º/1)

 CONCLUSÃO
o o B é o devedor principal e se não se sucedesse o que ocorre no caso, este sacador-
aceitante teria de pagar, mesmo na falta do seu garante
o mas se o portador da letra sabia ou tinha obrigação de conhecer aquele facto então os
sacadores, em via do regresso, poderiam opor-lhe esta exceção

Em 1 de Março de 2008, A sacou sobre B e à ordem de C uma letra a seis meses da vista. A letra viria
a ser endossada por C a D, mediante assinatura aposta no rosto da letra, tendo ainda E assinado na face
anterior da letra uma declaração nos seguintes termos: “bom para aval”. Em 1 de Junho de 2008, a letra
viria a ser apresentada ao aceite do sacado B, que aceitou pagar apenas metade da quantia cambiária.
Que direitos cambiários assistem ao portador D e como poderá estes exercê-los?

 SUJEITOS – no caso em apreço, A é sacador, B sacado e C tomador

 LETRA
o temos uma letra a certo termo de vista (33º LULL) que se vence decorrido o prazo de 6
meses nela previsto, contado a partir da data do aceite ou protesto (35º LULL) pelo que
a letra deveria ser paga até 1/12/2009 (porque devem ser apresentadas no dia de
vencimento ou nos dois dias úteis seguintes, 38º LULL), admitindo -se o pagamento antes
da data de vencimento com o consentimento do portador e por conta do sacado (40º/1 e 2
LULL)

 ENDOSSO – foi feito em branco, sabendo que a assinatura no rosto viola um dos pressupostos
objectivos (assinatura no verso) pelo que este endosso não é valido (13º LULL) porque a
declaração não é apropriada e não sendo válida, considera-se não escrita (12º/1 LULL)
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 PAGAMENTO PARCIAL – o sacado pode exigir a quitação ou que se faça menção expressa
de tal facto na letra (39º LULL), podendo o portador da letra exigir a parte cambiária
remanescente a qualquer obrigado em via de regresso.

Para garantia de um empréstimo bancário de 50 mil euros, A subscreveu uma livrança em favor de B. Tal
documento, todavia, omite
qualquer referência ao vencimento da livrança e ao lugar de pagamento, além de estipular como quantia
cartular o valor referido acrescido de uma cláusula penal. “Quid juris”?
 SUJEITOS – o A é subscritor e B tomador
 LIVRANÇA
o não obedece aos requisitos de forma legalmente exigíveis porque falta o requisito da época
de pagamento (75º/3 LULL)
o mas esta falta é menor, sendo sanável porque nos termos do art. 76º LULL considera-se
«pagável à vista»; e do lugar de pagamento (75º/4 LULL)
o mas tal falta também é relativa na medida em que nos termos do art. 76º LULL se
considera o lugar onde foi escrito ou o lugar do domicílio do subscritor
 CLÁUSULAS PENAIS
o são excluídas porque fixam uma obrigação pecuniária eventual, estando dependentes
do incumprimento do aceitante o que tornaria incerta a quantia cambiaria total, contra o
disposto no art. 75º/2 LULL, pelo que o título deve ser havido como inexistente (por falta
do pressuposto do art. 75º/2)
o Mas pode tal título ser exequível nos termos do art. 46º/1-c CPC? Executando-se portanto
a quantia cambiaria certa que já lá se encontra? Ou nega-se? A jurisprudência divide-se.

Em 1 de Outubro de 2009, A celebrou com B um contrato de fornecimento de géneros alimentícios, a


realizar em duas tranches, uma imediata e outra a prazo. Para o efeito, nessa data, A sacou três cheques
sobre a conta bancária de que é titular no banco C, que foram entregues de imediato ao fornecedor B. O
primeiro cheque, que não continha o nome do tomador B, foi por este endossado a D mediante simples
assinatura no verso do cheque. O segundo, que indicava B como tomador, foi emitido com data de 15
de Outubro (altura da realização da segunda tranche de fornecimento): todavia, B resolveu-o apresentar
de imediato ao banco, que lho pagou. “Quid juris”?

 PRIMEIRO CHEQUE – os endossos serão validos porque a lei o permite no art. 14º/1, 16º e
17º/2 LUC, mas seria desnecessário para legitimar a posse do segundo portador

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 SEGUNDO CHEQUE – é um título pagável à vista que deve ser apresentado a pagamento pelo
portador, num prazo de 8 dias a contar da data de emissão que deve em princípio ser pago
pelo sacado (maxime, Banco), embora tal cumprimento seja voluntario, podendo o sacador do
cheque emitir uma contra -ordem (28º e 29º LUC).

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