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Para estudar o fenômeno criminal é necessário o estudo dos fatores sociais, dos criminosos e também como a sociedade reage ao
crime. Isso mostra que o crime não é um fenômeno individual e isolado; este resulta sempre de uma construção social ou de uma
reação social a um determinado comportamento. As teorias que estudaram o fenômeno criminal em conexão com os fenômenos
normais e ordinários da vida cotidiana foram as teorias de consenso e de conflito.
Consenso: defendem que a ordem na sociedade é encontrada quando há um perfeito funcionamento das instituições da
sociedade, de forma que os indivíduos tenham objetivos comuns entre eles. Nas palavras de Shecaira (p. 64):
Para a perspectiva das teorias consensuais, a finalidade da sociedade é atingida quando há um perfeito funcionamento
de suas instituições, de forma que os indivíduos compartilhem os objetivos comuns a todos os cidadãos, aceitando as regras
vigentes e compartilhando as regras sociais dominantes.
Conflito: o crime representa uma tentativa de subversão da ordem jurídica imposta pelas classes dominantes aos grupos
que, embora mais numerosos, não detém o poder de promover as alterações sociais que julgam necessárias pelos meios
convencionais. Segundo Shecaira (p. 134):
Para a teoria do conflito, no entanto, a coesão e a ordem na sociedade são fundadas na força e na coerção, na
dominação por alguns e sujeição de outros; ignora-se a existência de acordos em torno de valores de que depende o próprio
estabelecimento da força.
A) Teorias de Consenso:
Outro importante expoente foi Robert King Merton o qual explica que:
O comportamento desviado pode ser considerado, no plano sociológico, um sintoma de dissociação entre as aspirações
socioculturais e os meios desenvolvidos para alcançar tais aspirações. Assim, o fracasso no atingimento das aspirações ou metas
culturais em razão da impropriedade dos meios institucionalizados pode levar à anomia, isto é, a manifestações comportamentais
em que as normas sociais são ignoradas ou contornadas. (SAMPAIO, 62)
Cita-se como exemplo o recente caso do Haiti e a dificuldade de controle da ordem pública que a força de paz da ONU
enfrenta naquele Estado. O colapso do governo anterior gerou uma situação de anomia nos país (ex.: saques, estupros e violações
de direitos humanos, como torturas e aumento dos homicídios).
Teoria da Subcultura permite que a conduta delitiva se origine em razão do caráter diversificado da estrutura social, que é
formada por variados grupos com interesses e valores diferenciados e até mesmo discordantes. Assim, esses grupos se organizam
com seus próprios valores e normas de conduta aceitas com corretas em seu meio, criando-se aquilo que se chama de subcultura.
Com isso, surge a necessidade de que cada grupo busque fazer valer os seus interesses frente aos oficialmente impostos e
também frente aos interesses dos outros grupos sociais com que rivalizam.
A teoria da subcultura delinquente é tida como teoria de consenso, criada pelo sociólogo Albert Cohen (Delinquent boys,
1955). Três ideias básicas sustentam a subcultura: 1) o caráter pluralista e atomizado da ordem social; 2) a cobertura normativa da
conduta desviada; 3) as semelhanças estruturais, na gênese, dos comportamentos regulares e irregulares.
Essa teoria é contrária à noção de uma ordem social, ofertada pela criminologia tradicional. Identificam-se como
exemplos as gangues de jovens delinquentes, em que o garoto passa a aceitar os valores daquele grupo, admitindo-os para si
mesmo, mais que os valores sociais dominantes.
A partir deste contexto surge, então, o crime como expressão dos interesses e valores desses diversos grupos. Assim
sendo, um grupo de uma classe mais baixa rejeita os valores do grupo dominante porque não integram o seu mundo, pois os
valores da classe média divergem dos valores da classe menos favorecida financeiramente. As classes mais baixas procuram
então substituir normas e valores da sociedade com uma alternativa. Sendo assim, o crime passa a ser sinônimo de status, de
protesto ou ainda como uma forma de “aparecer”.
b) Escola de Chicago:
É considerada uma teoria sociológica explicativa do cri
me, com o surgimento da escola de Chicago, que possui como expoente Robert Park e Ernest Burguess, a criminologia abandonou
a figura do delinquente nato e passou a valorar a influencia do meio ambiente nas ações criminosas, para descobrir estes dados
utilizava inquéritos sociais, centrando seus estudos nos problemas sociais, a partir da imersão do cientista social no meio urbano e
na vida das comunidades, tendo a pesquisa de campo como método privilegiado para a coleta de dados, fundamentando assim
uma de suas principais características, que é empirismo e o emprego da observação direta em todas as investigações, ou seja,
caracterizou-se pelo seu empirismo e sua finalidade pragmática (CALHAU, p. 66). As teorias que compõe a Escola de Chicago
são:
c) Teoria Ecológica:
De acordo com Nestor Sampaio (p.57): “Há dois conceitos básicos para que se possa entender a ecologia criminal e seu
efeito criminógeno: a ideia de “desorganização social” e a identificação de “áreas de criminalidade” (que seguem uma gradient
tendency)”.
Tem sua atenção voltada para o impacto criminológico em face do desenvolvimento urbano. De acordo com essa teoria, a
cidade é que produz a delinquência, pois há um paralelismo entre o crescimento da cidade e o aumento da criminalidade.
a) desorganização do desenvolvimento;
b) falta de controle social gerados pelo desenvolvimento urbano;
c) deterioração dos grupos primários, como família, escola, etc., resultando em relações sociais superficiais, alta mobilidade, crise
nos valores tradicionais, superpopulação e descontrole social.
Nesse sentido, o crime nada mais é do que um subproduto da desorganização da grande cidade. Segundo a teoria
ecológica, somente uma reestruturação urbanística e arquitetônica será capaz de influir na diminuição e prevenção da
criminalidade.
Outra importante contribuição desta escola foi a Teoria das Zonas Concêntricas (Ernest Burguess), que baseava a cidade
de Chicago em 5 zonas concêntricas, que se expandem a partir do centro. A conclusão deste estudo foi que quanto mais próxima
fosse a localização da zona em relação ao centro da cidade, maior a taxa de criminalidade. Além disso, constatou que taxas mais
altas indicavam os locais nos quais havia maior deterioração do espaço físico e população em declínio.
d) Teoria Espacial:
A analise da área social explicariam o delito, ou seja, o nível social, a urbanização e a segregação estariam diretamente
ligados ao crime. Essa teoria busca explicar que algumas arquiteturas propiciam o crime, como por exemplo, a construção de uma
casa de vidro em pleno centro urbano. A Obra Defensible Space, de Oscar Newman, um dos defensores desta teoria, defende um
modelo residencial que crie obstáculos à pratica do delito. Para o arquiteto, o desenho arquitetônico de uma casa pode favorecer
ao crime, quando essa arquitetura torna fácil o acesso a estranhos ou quando existe visibilidade de fora para dentro. Além disso,
Oscar Newman defende a construção de áreas publicas menores, para que cada morador tenha atitudes de dono do local.
Segundo Newman, as pessoas só preservam e cuidam dos espaços que são percebidos como seus.
Para finalizar, a Escola de Chicago atribui sobrepeso à desorganização social, elevando-a à categoria de fator criminógeno.
(VIANA, p. 96)
B) Teorias de Conflito:
De acordo com essa teoria, o individuo se converte em delinquente não porque tenha realizado uma conduta negativa, mas
sim porque determinadas instituições sociais etiquetaram lhe como tal, tendo ele assumido o referido status de delinquente que as
instituições do controle social distribuem de forma discriminatória.
Cumpre observar que para os defensores da teoria do etiqueta mento, o sistema penal opera na contramão de seus
pretensos objetivos, pois de acordo com essa mecânica, a prisão teria a função reprodutora, pois uma vez aplicada sobre o
individuo a etiqueta social que o identifica como criminoso, será ele lançado em um circulo vicioso, passando o individuo a
enxergar-se como delinquente e agir como tal. Nestor Sampaio (p. 65), define bem a criminalização primária e a secundária:
Sustenta-se que a criminalização primária produz a etiqueta ou rótulo, que por sua vez produz a criminalização
secundária (reincidência). A etiqueta ou rótulo (materializados em atestado de antecedentes, folha corrida criminal, divulgação de
jornais sensacionalistas etc.) acaba por impregnar o indivíduo, causando a expectativa social de que a conduta venha a ser
praticada, perpetuando o comportamento delinquente e aproximando os indivíduos rotulados uns dos outros. Uma vez condenado,
o indivíduo ingressa numa “instituição” (presídio), que gerará um processo institucionalizador, com seu afastamento da sociedade,
rotinas do cárcere etc. Uma versão mais radical dessa teoria anota que a criminalidade é apenas a etiqueta aplicada por policiais,
promotores, juízes criminais, isto é, pelas instâncias formais de controle social. Outros, menos radicais, entendem que o
etiquetamento não se acha apenas na instância formal de controle, mas também no controle informal, no interacionismo simbólico
na família e escola (“irmão ovelha negra”, “estudante rebelde” etc.).