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O conceito de lógica e sua relação com o Direito

Maria Francisca Carneiro, advogada (OAB-RO nº 59)

Admitir a existência de uma verdade no Direito significa admitir a


existência da lógica jurídica e não simplesmente da argumentação.

Costumo conceituar a lógica como a ciência das inferências necessárias.

De uma maneira simplificada, podemos dizer que a lógica é a ciência que


estuda as estruturas do raciocínio. Para Newton Carneiro Affonso da
Costa, a lógica pode ser entendida como o estudo pelo qual certas
sentenças ou proposições podem ser deduzidas de outra[1]. Irineu
Strenger define a lógica como uma metalinguagem, ou seja, como um
sistema de palavras que se refere à linguagem, ou, como expressa Carnap,
a lógica é a sintaxe da linguagem[2]. Para Cezar Mortari, “lógica é a ciência
que estuda princípios e métodos de inferência, tendo o objetivo principal
de determinar em que condições certas coisas se seguem (são
conseqüência), ou não, de outras”[3].

A lógica do Direito pode ser entendida também como metodologia


jurídica[4], segundo Lourival Vilanova. Para o referido autor, esse
cabimento tem sentido se considerarmos uma lógica especial de um setor
do conhecimento jurídico, assim entendido qualquer espécie de saber que
se dirija ao Direito com pretensão cognoscente [5].

Cabe lembrar que a etimologia da palavra lógica em grego, logos significa


pensamento, proposição, palavra ou razão. Alguns autores utilizam os
vocábulos lógica e dialética como sinônimos. Todavia, cabe observar que
a etimologia da palavra grega dialética inclui o prefixo diá, que significa
através de. Portanto, dialética ou dialógica quer dizer através da razão.

A lógica pode estudar o processo pelo qual as inferências são válidas ou


não e assim explicitar se um raciocínio está correto ou errado. Em parte,
isto se aplica ao Direito. Entretanto, sendo o Direito uma ciência social,
como se pode saber com certeza o que é verdadeiro ou falso? Não apenas
os comportamentos humanos são eivados de contradições, como também
existem diferenças e variações de uma cultura à outra. Assim, podemos
considerar que, se existe uma lógica jurídica, ela não é absoluta, mas
relativa.

Cumpre notar que ao Direito se aplicam principalmente a lógica deôntica


(do dever, onde operam os conectivos permitido, proibido e facultativo);
e a lógica axiomática (dos valores). Portanto, a lógica jurídica não fica
restrita apenas ao problema da verdade e da falsidade.

Existem as chamadas lógicas não-clássicas, que admitem contradições.


Entretanto, os tratadistas não são unânimes quanto à possibilidade de sua
aplicação ao Direito. Todavia, Willard von Orman Quine lembra que, nas
últimas décadas, a lógica sofreu tal evolução que pode ser considerada
como uma ciência nova[6]. Diz ainda que a lógica antiga está para a nova
lógica, menos como outra ciência anterior, do que como um fragmento
pré-científico da mesma disciplina[7]. É o mesmo Quine quem diz que, em
certo sentido, podemos afirmar que a lógica trata de tudo (...). A lógica é
uma ciência geral, no sentido de que as verdades lógicas se referem a
objetos quaisquer[8]. Assim sendo, a lógica se refere também ao Direito.
Diversas são as definições de lógica; todas trazem, no entanto, o
pensamento e o raciocínio como fundamento. É o que diz Edmundo
Dantès Nascimento, acrescentando a definição de Stuart Mill, segundo a
qual a lógica é a ciência das operações do espírito que concernem à
estimação da prova[9]. Seu papel é discernir o verdadeiro do falso a fim
de atingir a verdade, daí sua íntima relação com o processo judicial.

Entretanto, alguns autores negam a aplicação da lógica ao raciocínio


jurídico. Ricardo V. Guarinoni ressalta que a partir de Perelman, varios de
los cultores de la teoría de la argumentación (...) sostienen que la lógica
no sirve para describir correctamente los razonamientos jurídicos, aunque
no la descartan totalmente, pero creen que es necesario un aparato
conceptual diferente[10]. Para esse autor, muitos dos argumentos contra
a relação entre lógica e Direito põem a tônica sobre as contradições,
quando na verdade deveriam colocá-la sobre a interpretação.[11]

Na minha opinião, a lógica é aplicável ao Direito se o entendermos como


ciência, como quiseram Hans Kelsen e Norberto Bobbio. A ciência busca a
verdade, e não apenas a persuasão. Entretanto, se entendermos o direito
meramente como arte, cabem-lhe mais a argumentação e a retórica do
que a lógica.

Penso que o Direito é, ao mesmo tempo, ciência e arte. Portanto, a ele se


aplicam a lógica e também a argumentação, de modo não excludente
entre si.

(*) E-mail: mfrancis@netpar.com.br

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[1] Jornal Folha de São Paulo, reportagem de Maurício Tuffani, em 30 de
novembro de 1997, apud STRENGER, I. op.cit.,p.36.

[2] STRENGER, I. Lógica jurídica. São Paulo: LTr, 1999, p.11.

[3] MORTARI, C. A . Introdução á lógica. São Paulo: Editora UNESP/


Imprensa Oficial do Estado, 2001, p.2.

[4] VILANOVA, L. As estruturas lógicas e o sistema do direito positivo.


(S.L.): Editora Max Limonad, 1997, p. 62.

[5] Idem, ibidem.

[6] QUINE, W. O . O sentido da nova lógica. 2a Ed., Curitiba: Editora da


UFPR, 1996, p.15.

[7] Idem, ibidem.

[8] Idem, ibidem, p. 21.

[9] NASCIMENTO, E. D. Lógica aplicada à advocacia técnica de persuasão.


São Paulo: Saraiva, 1991, p.14.

[10] GUARINONI, R. V. Derecho, lenguaje y lógica ensayos de filosofía del


derecho. Buenos Aires: Lexis Nexis Argentina, 2006, p. 208.

[11] Idem, ibidem, p. 224.

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