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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

DIOGO TIMES ALVES

DIMENSIONAMENTO E EXECUÇÃO DE SAPATAS


ISOLADAS

RECIFE, 2016
2

DIOGO TIMES ALVES

DIMENSIONAMENTO E EXECUÇÃO DE SAPATAS ISOLADAS

Monografia apresentada à Universidade Federal de


Pernambuco como parte dos requisitos para obtenção de grau
de Engenheiro Civil.

Área de concentração: Engenharia Civil


Orientador: Prof. Leonardo Correia de Oliveira

RECIFE, 2016
3

Dedico este trabalho de conclusão aos meus familiares.


4

AGRADECIMENTOS

A Deus que iluminou o meu caminho e a minha vida nesta jornada. Aos meus familiares pelo
amor, incentivo e compreensão. A universidade Federal de Pernambuco que foi o local de
grandes aprendizados. Ao meu professor orientador pela atenção e orientação dada ao meu
trabalho.
Agradeço também a todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para o
desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso e não aqui citadas.
5

RESUMO
Este trabalho propõe um estudo sobre fundações, especificamente sobre sapatas isoladas. O
trabalho consiste no estudo de 3 etapas: a primeira é investigação do solo; a segunda é em
dimensionamento (tanto da geometria quanto da armadura); e, por fim, a terceira, que é a
execução.

Palavras-chaves: Sapatas. Tensões. Segurança.


6

ABSTRACT
This work proposes a study on foundations, specifically on isolated shoes. The work consists
of the study of 3 stages: the first one is investigation of the soil; The second is in dimensioning
(both geometry and armor); And, finally, the third, which is execution.

Keywords: Footing. Stresses. Safety.


7

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Dimensões da sapata............................................................................. 14


Figura 02 - Analise das distribuições das ações e reações segundo Terzaghi ......... 17
Figura 03 – Fatores de capacidade de carga............................................................. 17
Figura 04 – Número SPT médio............................................................................... 19
Figura 05 – Recalque de uma prova de carga.......................................................... 20
Figura 06 – fissuras causadas por recalques diferenciais ........................................ 20
Figura 07 – Gráfico da relação entre risco e custo por sondagem........................... 22
Figura 08 – Sapata com balanços iguais nas duas direções..................................... 23
Figura 09 – Distribuição das tensões no solo........................................................... 24
Figura 10 – Núcleo Central de Inercia .................................................................... 25
Figura 11 – Comportamento das reações do solo do caso a.1 ................................ 25
Figura 12 – Comportamento das reações do solo do caso a.2 ................................ 26
Figura 13 – Comportamento das reações do solo do caso a.3 ................................. 26
Figura 14 – Ação com duas excentricidades na sapata ........................................... 27
Figura 15 – Comportamento das reações do solo do caso b.1................................. 27
Figura 16 – Comportamento das reações do solo do caso b.2................................. 28
Figura 17 – Zonas de atuação da resultante na sapata segundo Caputo.................. 28
Figura 18 – Área da sapata comprimida na zona 03 ............................................... 29
Figura 19 – Área da sapata comprimida na zona 04................................................ 30
Figura 20 – Área da sapata comprimida na zona 05................................................ 31
Figura 21 – Dimensões das alturas da sapata........................................................... 32
Figura 22 – Comprimento de ancoragem mínimo.................................................... 33
Figura 23 – Dimensões da sapata............................................................................. 34
Figura 24 – Modelo de Bielas e Tirantes................................................................. 35
Figura 25 – Tensão Normal dentro da sapata a uma distância x do topo da sapata. 35
Figura 26 – Tensão de compressão da biela............................................................. 36
Figura 27 – Secções de referência para o cálculo das armaduras............................ 37
Figura 28 – Modelo para cálculo da armadura......................................................... 37
8

Figura 29 – Modelo para cálculo da armadura para o caso de carga excêntrica. 38


Figura 30 – Preparação do terreno...................................................................... 39
Figura 31 – Rebaixamento temporário do nível da agua .................................... 40
Figura 32 – Medidas de afastamento mínimo comumente adotadas................... 42
Figura 33 – Instalações de escadas quando necessário...................................... 43
Figura 34 – Sistema de drenagem...................................................................... 44
Figura 35 – Execução do concreto “magro”...................................................... 45
Figura 36 – Forma montada............................................................................... 46
Figura 37 – Armação da sapata com armadura de espera do pilar....................... 47
Figura 38 – Concretagem da sapata..................................................................... 47
Figura 39 – Detalhamento do Exemplo Prático................................................. 49
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estipulação da tensão do solo através da classificação do solo....................... 18


Tabela 2 – Comprimento de ancoragem das barras de aço no concreto............................ 33
10

LISTA DE SÍMBOLOS
A – Menor dimensão da sapata
B – Maior dimensão da sapata
D – Profundidade da cota de fundação
h – Altura no pescoço da sapata
h0 – Altura na extremidade da sapata
ap – Menor dimensão da secção transversal do pilar
bp – Maior dimensão da secção transversal do pilar
C – Dimensão do balanço da sapata
ex – Excentricidade em relação ao eixo x
ey – Excentricidade em relação ao eixo y
lb,nec – Comprimento de ancoragem necessário

ᵠ – Angulo interno de atrito


𝛾1 – Peso especifico do solo acima da cota de fundação
𝛾2 – Peso especifico do solo abaixo da cota de fundação
c – Coesão
N – Numero de SPT médio
σ – Tensão de ruptura do solo
𝑁𝑑 – Carga de calculo
As,min – área mínima da seção transversal de armadura longitudinal mínima
Asx – Área da secção transversal da armadura inferior de tração na direção x
Asy – Área da secção transversal da armadura inferior de tração na direção y
11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 14
1.1 Justificativa e Motivação ............................................................................................ 15
1.2 Objetivos Gerais e Específicos.................................................................................... 16
2 INVESTIGAÇÃO DO SOLO........................................................................................ 16
2.1 Tensões de Ruptura.................................................................................................... 16
2.1.1 Métodos Analíticos.................................................................................................... 17
2.1.2 Métodos Empíricos .................................................................................................... 18
2.1.3 Execução de prova de carga....................................................................................... 19
2.2Recalque........................................................................................................................ 20
2.3Riscos............................................................................................................................. 21
3 DIMENSIONAMENTO ............................................................................................... 23
3.1 Dimensionamento da Geometria................................................................................ 23
3.1.1Dimensionamento da Área da base............................................................................. 23
3.1.2 Dimensionamento das alturas..................................................................................... 32
3.2 Dimensionamento da Armadura ............................................................................... 34
4 EXECUÇÃO .................................................................................................................. 38
4.1 Preparação do terreno.................................................................................................
38
4.2 Locação .......................................................................................................................
39
4.3 Escavação .....................................................................................................................
40
4.3.1 Rebaixamento temporário do nível da água ..............................................................
40
4.3.2 Riscos mais comuns de ruptura ou desprendimento de solo e rochas........................
41
4.3.3 Sistemas de proteção em escavações ........................................................................
42
4.3.4 Escavação das sapatas................................................................................................
44
4.4 Preparo da superfície de apoio...................................................................................
44
4.5 Montagem das formas ................................................................................................
45
4.6 Colocação das armaduras ..........................................................................................
47
4.7 Concretagem................................................................................................................
48
4.7.1 Características do Concreto .......................................................................................
49
12

4.8 Reaterro ...................................................................................................................... 49


5. EXEMPLO PRÁTICO ............................................................................................... 49
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 51
14

1 INTRODUÇÃO

Fundações são estruturas responsáveis por transmitir os esforços das construções para o
solo. De acordo com a NBR-6122 (1996), pode-se ter as seguintes subdivisões: a fundação
direta, também chamada de fundação superficial; e as fundações profundas. As fundações
diretas possuem a altura menor que o dobro de sua dimensão máxima. As mais comuns são os
blocos de fundação e as sapatas. Os blocos são elementos de fundação de concreto simples, e
dimensionados de maneira que as tensões de tração sejam reduzidas, dispensando, assim, a
necessidade de armadura. As sapatas são elementos de concreto armado e são dimensionados
de forma que as tensões de tração sejam combatidas pela armadura, e as tensões de compressão
pelo concreto. As fundações profundas possuem profundidade maior que o dobro da sua
dimensão máxima, como os diversos tipos de estacas e os tubulões.
A fundação direta mais utilizada é a sapata, podendo ser isolada ou corrida. Esse trabalho
propõe um estudo sobre sapatas isoladas e sobre esforços atuantes e resistentes nestas. Sapatas
isoladas são as que não possuem associação com qualquer outra sapata, onde os esforços
solicitantes são em função de um só pilar, podendo ele ser de esforços normais e cortantes e
momento fletor. As dimensões da sapata devem ser de um tamanho suficiente para que o solo
seja capaz de suportá-la sem romper ou produzir grandes recalques. É importante conhecermos
essa tensão máxima admissível no solo para podermos fazer a escolha do tipo da sapata.
Figura 01 – Dimensões da sapata

FONTE: autor
15

A NBR 6118:2003 classifica as sapatas quanto à rigidez de acordo com as seguintes


expressões: h> (a-a0)/3 , para sapatas rígidas
h< (a-a0)/3 , para sapatas flexíveis

As sapatas flexíveis são de uso mais raro, sendo mais utilizadas em fundações sujeitas a
pequenas cargas e com a resistência do solo inferior a 0,15MP. As sapatas flexíveis apresentam
o comportamento estrutural de uma peça fletida, trabalhando à flexão nas duas direções
ortogonais. Portanto, as sapatas são dimensionadas ao momento fletor e à força cortante. A
verificação da punção em sapatas flexíveis é necessária, pois são mais críticas a esse fenômeno
quando comparadas às sapatas rígidas. Sapatas rígidas são aquelas em que o ângulo com a
horizontal com relação ao ponto da extremidade da sapata é maior ou igual a 30 graus, e são
mais utilizadas como elementos de fundações em terrenos que possuem boa resistência em
camadas próximas da superfície. Para o dimensionamento das armaduras longitudinais de
flexão, podem se usar vários métodos, que serão visto posteriormente. As sapatas rígidas podem
ser dimensionadas à flexão pelo modelo de Bielas e Tirantes.

Para se obter as características de solo, existem ensaios diretos, semi-diretos e os


indiretos. Os diretos penetram o solo e obtém amostras, já o semi-direto, apenas perfuram o
solo sem a obtenção de amostras. Os métodos indiretos não perfuram o solo nem se obtém
amostras, ideal para se ter noção de grandes áreas.

1.1 Justificativa e Motivação

A escolha deste tema foi feita porque representa o amadurecimento de conhecimentos


adquiridos ao longo do curso de engenharia civil, uma vez que o proponente possui afinidade
com a área de estrutura. Além disso, com a experiência advinda de estágios realizados
previamente na área de fundações, houve um aumento de interesse para realização do trabalho
de conclusão de curso nesta área.
16

1.2 Objetivos Gerais e Específicos


Os projetos de fundações necessitam de conhecimentos da área de Geotecnia, de Cálculo
Estrutural e de Construção Civil. Este Trabalho visa juntar as 3 áreas para o estudo, para que a
estrutura de fundação satisfaça segurança, funcionalidade e durabilidade. Sempre respeitando
os parâmetros da norma brasileira, como dimensões mínimas e armaduras mínimas.

2 INVESTIGAÇÃO DO SOLO

As sapatas, assim como qualquer fundação, quando carregadas, solicitarão do solo os


esforços resistentes, chegando ao problema interação solo-estrutura. O principal parâmetro que
se deseja obter do solo é a tensão de ruptura que é a tensão que o solo resiste sem se romper.
Esta tensão pode ser obtida por métodos empíricos, analíticos ou por provas de carga. Outro
fator importante que se deve atentar é aos recalques. Umas das principais causas dos recalques
é a compressibilidade dos solos arenosos, e o adensamentos dos solos argilosos. Os
deslocamentos admissíveis são aqueles que não prejudicam a utilização da estrutura. É
importante que os resultados obtidos na investigação do solo sejam parâmetros confiáveis, por
isso deve ser executado por empresas e profissionais qualificados.

2.1 Tensões de Ruptura

Há 3 tipos característicos de rupturas: as generalizadas, localizadas e as por


puncionamento. A ruptura generalizada é caracterizada pela existência de um plano bem
definido de ruptura, tendo o levantamento do solo em torno da fundação. A ruptura localizada
também possuem um plano bem definido mas, diferentemente da generalizada, o deslizamento
ocorre dentro do maciço sem atingir a superfície do terreno. E, finalmente, a ruptura por
puncionamento, que não forma superfície de ruptura. Existem vários métodos de se obter o
valor dessa tensão de ruptura, como os métodos analítico, empírico e o determinado por
realizações de provas de carga.

2.1.1 Método Analítico – Teoria de Terzaghi


17

Método valido apenas para ruptura generalizada.

Figura 02 – Analise das distribuições das ações e reações segundo Terzaghi

FONTE: Dirceu A. Velloso

Fazendo o equilíbrio de forças e superpondo os efeitos, achamos a tensão de ruptura.


1
𝜎𝑟 = 𝑐 × 𝑁𝑐 + 𝛾1 × 𝐷 × 𝑁𝑞 + × 𝛾2× 𝐵 × 𝑁𝛾 (2.1)
2

Onde Nc, Nq e NƔ são os fatores de capacidade de carga, que são obtidos através da figura 03.
Vale salientar que estes fatores de capacidade de carga dependem exclusivamente do ângulo
interno de atrito. As propriedades do solo como ângulo de atrito e peso especifico podem ser
obtidos através de algum método de prospecção direto, como o SPT.

Figura 03 – Fatores de capacidade de carga

FONTE: Carolina Barros

2.1.2 Métodos Empíricos


18

A tensão admissível do solo pode inicialmente ser estipulada através da classificação


do solo, como poder ser observado na tabela da NBR 6122/94 .

Tabela 01 - Estipulação da tensão admissível do solo através da classificação do solo

FONTE: NBR 6122/94


19

Outro método empírico é através do SPT, onde a pressão admissível é estimada pelo
Número SPT médio em uma profundidade até 1,5 vezes a maior lado da fundação a partir da
cota de fundação. A tensão é igual ao número SPT médio dividido por 50.

Figura 04 – Número SPT médio

FONTE: Dirceu A. Velloso

2.1.3 Execução de provas de carga

A prova de carga simula o carregamento da fundação superficial. Este método consiste


na utilização de uma placa com área não menor a 0,5 cm², com a relação D/B igual ao da
fundação. O carregamento é feito em estágios sucessivos de no máximo 20% da tensão
admissível provável do solo através de um macaco hidráulico que reage contra um sistema
reativo qualquer. Sendo observado os recalques em cada etapa. O ensaio é levado até que se
atinja 25mm de recalque ou atingir o dobro da tensão taxa inicialmente admitida para o solo.
Tendo como resultado o menor dos dois valores: tensão para recalcar 10mm ou a metade da
tensão para recalcar 25mm.
20

Figura 05 – Recalque de uma prova de carga

FONTE: Dirceu A. Velloso

2.2 Recalques

A estimativa dos recalques é de extrema importância, tanto visual como estrutural. O


recalque pode adicionar esforços nas estruturas rígidas, os recalques podem produzir fissuras
em paredes.
Figura 06 – fissuras causadas por recalques diferenciais

FONTE: Lauren Cristina


Quando carregadas, as fundações solicitam esforços do solo, e o solo por sua vez reage,
se deformando. Essas deformações , os recalques, podem ser observadas que ocorrem em duas
etapas: a imediata e o recalque no tempo, o famoso adensamento. O adensamento ocorre por
21

causa da migração das partículas de água no solo com consequente diminuição do indicie de
vazios.
É importante ressaltar que a previsão dos recalques é um dos exercícios é um dos
exercícios mais difíceis da geotecnia e o resultado dos cálculos, por mais sofisticados que
sejam, devem ser considerado como uma estimativa ( Velloso, Lopes, 2004).
Os métodos para o cálculo do recalque se dividem em 3 métodos: métodos racionais; métodos

semi-empiricos; métodos empíricos.

Métodos racionais (cálculo direto e indireto), onde os parâmetros de deformabilidade, obtidos

em laboratório ou in situ são combinados a modelos para previsão de recalques teoricamente

exatos; Métodos semi-empíricos (baseados no SPT, baseados no ensaio de cone – CPT), é o

método mais aconselhado. Os parâmetros de deformabilidade obtidos por correlação com

ensaios in situ de penetração são combinados a modelos para previsão de recalques

teoricamente exatos ou adaptações deles; Métodos empíricos, é o método menos confiável para

se obter estimativas de recalques, o uso de tabelas de valores típicos de tensões admissíveis

para diferentes solos. Embora as tabelas não forneçam recalques, as tensões ali indicadas

estão associadas a recalques usualmente aceitos em estruturas convencionais (Velloso, Lopes,

2004).

2.3 Riscos

Em toda obra de engenharia, há um certo “risco”, ou seja, probabilidade de um


insucesso. Nas obras de terra e fundação, como decorrência, sobretudo, do material com que
se trabalha - o solo – esse risco é sensivelmente maior que as demais especialidades da
engenharia civil (Velloso, Lopes, 2004).
Segundo Casagrande, esses riscos podem ser classificados em dois tipos: os riscos de
engenharia, e os riscos humanos. Os riscos de engenharia se subdividem em riscos
desconhecidos, que são aqueles que se desconhecem até que se ocorra um problema e daí então
seja estudado; e os riscos calculados, que correspondem onde a geotecnia não apresentou uma
22

análise quantitativa satisfatória. Por sua vez os riscos humanos se subdividem em: organização
deficiente; uso insatisfatório de conhecimento disponível; e a corrupção.

Problemas causados pela falta de investigação do solo podem ser bastante onerosos, ou
até mesmo inviáveis de se corrigir. O risco admitido para certa obra deve ser proporcional ao
risco associado, isto é, para obras onde o insucesso causaria muito dano deve-se ser adotar um
coeficiente de segurança maior e gastar mais recursos com a investigação do solo.
Figura 07 – Gráfico da relação entre risco e custo por sondagem

FONTE: Autor
23

3 DIMENSIONAMENTO

Pode-se dividir essa etapa em dois processos, primeiro: dimensionamento da geometria


da sapata; segundo: dimensionamento da armadura.

3.1 Dimensionamento da Geometria

3.1.1 Dimensionamento da Área da base

A área deve ser de um tamanho suficiente para que o solo possa suportar os esforços
solicitantes. É uma tendência dimensionar a sapata isolada com balanços iguais, para que se
possa ter os momentos fletores solicitantes e a armadura de flexão não muito diferente nas duas
direções da sapata. Isto é as distancias entre a face do pilar e a extremidade da sapata sejam
iguais nas duas direções.

Figura 08 – Sapata com balanços iguais nas duas direções

FONTE: José Milton de Araújo

Utilizando os balanços iguais podemos deduzir a seguinte equação:

A – ap = B – bp. (3.1)

A tensão ou pressão de apoio que a área da base de uma sapata exerce no solo é um dos
fatores mais importantes relativos à interface base-solo. Diversos estudos apontam que a
pressão do solo na sapata não é necessariamente uniforme, pois ela depende de vários fatores
24

como: existência de excentricidade do carregamento aplicado; rigidez da fundação;


propriedades do solo.

Figura 09 – Distribuição das tensões no solo

FONTE: Dirceu A. Velloso

A distribuição real não é uniforme, mas a NBR 6118/90 admite que seja adotado
distribuição uniforme para as pressões do solo, representada pelas linhas tracejadas, para o caso
das sapatas rígidas. No dimensionamento estrutural, esta consideração eleva os valores dos
esforços solicitantes quando comparados com a situação em que se usa a distribuição real.

Os carregamentos podem ser centrados, produzindo uma distribuição uniforme do solo,


e também podem ser excêntricos, produzindo uma distribuição do solo não uniforme. Vários
fatores como ação do vento e força vertical fora do centro de gravidade podem causar essa
excentricidade. Se essa excentricidade for grande é possível que ela tenha saído do núcleo
central de inércia, e causaria uma tensão de tração entre a base da sapata e o solo. Mas sabemos
que o solo não seria possível essa situação logo essa tensão é zero. E para compensar o equilibro,
o lado do solo comprimido responderia de uma forma mais intensa. Por questões de segurança
devem-se evitar essas situações onde a forca resultante se situaria fora do núcleo central de
inércia. Para facilitar o entendimento, vamos classificar o estudo em dois casos, o primeiro com
excentricidade em uma direção, também chamada de flexão reta; e o segundo caso com
excentricidade em duas direções, também chamado de flexão oblíqua.
25

Figura 10 – Núcleo Central de Inercia

FONTE: R. C. Hibbeler

a) Excentricidade em uma direção

a.1- dentro do núcleo central

Figura 11 – Comportamento das reações do solo do caso a.1

FONTE: Dirceu A. Velloso


26

a.2 – No limite do núcleo central

Figura 12 – Comportamento das reações do solo do caso a.2

FONTE: Dirceu A. Velloso

a.3 – Fora do núcleo central

Figura 13 – Comportamento das reações do solo do caso a.3

FONTE: Dirceu A. Velloso


27

b) Excentricidade em duas direções (flexão composta)

Figura 14 – Ação com duas excentricidades na sapata

FONTE: Autor

𝑒 𝑒𝑦 1
b.1 – Dentro do núcleo central ( 𝑎𝑥 + ≤6)
𝑏

Figura 15 – Comportamento das reações do solo do caso b.1

FONTE: Dirceu A. Velloso

𝑒 𝑒𝑦 1
b.2 – Fora do núcleo central ( 𝑎𝑥 + ≥6)
𝑏
28

Figura 16 – Comportamento das reações do solo do caso b.2

FONTE: Dirceu A. Velloso

Segundo Caputo (1978), dividindo-se a área da base da sapata em regiões, a obtenção da


tensão máxima depende das coordenadas ex e ey que definem o ponto de aplicação da ação e
caracteriza a zona na qual está sendo aplicada tal ação.

Figura 17 – Zonas de atuação da resultante na sapata segundo Caputo

FONTE: Caputo

 Zona 1
29

Neste caso, a região comprimida é toda a região da sapata. Esta região


corresponde ao núcleo central de inércia da sapata, aplicando-se a fórmula da flexão
composta obtemos a tensão máxima:

Fv 6.ex 6.𝑒𝑦
σ= (1 + + ) (3.2)
a.b a 𝑏

 Zona 2

É inaceitável a aplicação da ação nesta região, pois o centro de gravidade da


sapata estaria na região tracionada.

 Zona 3

Nesta região a tensão máxima é dada por:

12 Fv b+2.s
σ= x (3.3)
b .tg(α) b2 + 12.s2

Onde:

3 𝑎−2𝑒𝑥
𝑡𝑔(𝛼) = 𝑥 (3.4)
2 𝑠+𝑒𝑦

𝑏 𝑏 𝑏2
𝑠= ×( +√ − 12 ) (3.5)
12 𝑒𝑦 𝑒𝑦 2
30

A região comprimida corresponde à área hachurada na figura abaixo. O eixo


neutro fica definido pelos parâmetros s e α:
Figura 18 – Área da sapata comprimida na zona 03

FONTE: Caputo

 Zona 4

Nesta região a tensão máxima é dada por:

12 Fv a+2.t
σ= x (3.6)
a .tg(β) a2 + 12.t2

Onde:

3 𝑎−2𝑒𝑥
𝑡𝑔(𝛽) = 𝑥 (3.7)
2 𝑠+𝑒𝑦

𝑏 𝑏 𝑏2
𝑡= ×( +√ − 12) (3.8)
12 𝑒𝑦 𝑒𝑦 2

A região comprimida corresponde à área hachurada na figura abaixo. O eixo


neutro fica definido pelos parâmetros t e β:
31

Figura 19 – Área da sapata comprimida na zona 04

FONTE: Caputo

 Zona 5
Neste caso, a região comprimida corresponde à área hachurada na figura abaixo.
A tensão máxima é calculada aproximadamente como:
𝐹𝑣
σ= × 𝛼 [12 − 3,9 (6𝛼 − 1) × (1 − 2𝛼) × (2,3 − 2𝛼)] (3.9)
𝑎.𝑏

Onde:
𝑒𝑥 𝑒𝑦
𝛼= + (Com ex e ey com sinal positivo). (3.10)
𝑎 𝑏

Figura 20 – Área da sapata comprimida na zona 05

FONTE: Caputo
32

3.1.1 Dimensionamento das alturas

Figura 21 – Dimensões das alturas da sapata

FONTE: Autor

 h

A NBR 6118 diz que: para a sapata ser considerada rígida, ela tem que possuir
a−ap
h≥ ; o cobrimento necessário para um elemento estrutural em contato com
3

o solo deve possuir uma espessura de 4 a 5 cm, dependendo da classe de


agressividade em que estejam; e que h também deve ser grande o suficiente para
permitir a ancoragem da armadura de arranque. Logo:

h − c ≥ lb, nec (3.11)

Onde: h= altura no eixo da sapata; c= cobrimento; lb,nec= comprimento


de ancoragem necessária; que pode ser obtido através da seguinte tabela na NBR
6118.
33

Tabela 02 – Comprimento de ancoragem das barras de aço no concreto

FONTE: NBR6118

Figura 22 – Comprimento mínimo de ancoragem

FONTE: Silvio Edmundo

 h0

A altura na face da sapata deve ser o suficiente para permitir a dobra da armadura
de flexão. Para José Milton Araújo (2010), em seu livro Curso de Concreto
Armado volume 4, as alturas das faces das sapatas devem respeitar os seguintes
valores:

h
h0 ≥ 3 ; h0 ≥ 0,2m
34

3.2 Dimensionamento da Armadura

Dada a sapata com as seguintes dimensões:

Figura 23 – Dimensões da sapata

FONTE: José Milton de Araújo

Como a distribuição de deformações em uma secção transversal é não linear nas sapatas
rígidas, não é aplicável a teoria de flexão de vigas. A NBR 6118 (1996) e José Milton Araújo
(2010) recomendam que o comportamento estrutural da sapata seja analisado através do Modelo
de bielas e tirantes. Este método consiste em substituir a estrutura, ou parte da estrutura, por
uma estrutura de barras articuladas, geralmente plana ou em alguns casos espacial, que
representa seu comportamento. As barras comprimidas são denominadas bielas e representam
a compressão do concreto. As barras tracionadas são denominadas tirantes e representam as
forças de tração das armaduras.
35

Figura 24 – Modelo Bielas e Tirantes

FONTE: José Milton de Araújo

Na figura, representa-se a sapata submetida à carga de calculo 𝑁𝑑 , a qual é transmitida


até a base através de uma série se bielas inclinadas que se apoiam no tirante inferior
representada pela armadura. Nessa figura, admite-se que as bielas mais distantes do eixo do
pilar possuam uma inclinação θ = tan−1 1/2, o que corresponde ao emprego de sapatas com a
menor altura possível para ser rígida. Se a altura do centro da sapata for maior do que esse valor
mínimo, a inclinação dessas bielas externas seria maior, o que ficaria a favor da segurança.

Figura 25 – Tensão normal dentro da sapata a uma distância x do topo da sapata

FONTE: José Milton de Araújo


36

A tensão σ𝑑 aplicada no topo é obtido pela divisão da carga de cálculo pela área da

secção do pilar. Há alguns casos que a tensão σ𝑑 é superior à resistência do concreto da sapata,
o que indica que a secção de contato não é capaz de absorver a carga 𝑁𝑑 . Para não haver o
esmagamento da biela de concreto, deve-se impor a condição 𝜎𝑐 ≤ 𝑓𝑐𝑑 , onde fcd é a resistência
à compressão de cálculo do concreto e 𝜎𝑐 é a tensão de compressão que atua na área 𝐿𝑠𝑒𝑛𝜃,
onde L é a largura da biela medida na horizontal. A força de compressão na biela é dada por:
𝐹𝑐 = 𝜎𝑐 𝐿𝑠𝑒𝑛𝜃 . (3.12)

Figura 26 – Tensão de compressão da biela

FONTE: José Milton de Araújo

Igualando a componente vertical de 𝐹𝑐 à forca vertical de σ1𝑑 𝐿, pode se obter a tensão


𝜎
1𝑑
de compressão da biela inclinada: 𝜎𝑐 = 𝑠𝑒𝑛²𝜃 , como para a biela mais afastada do centro da

sapata, 𝜃 = tan−1 1/2 e sen² 𝜃=0,20 , as bielas devem convergir para uma seção horizontal
dentro da sapata onde a tensão de compressão foi reduzida a 0,2𝑓𝑐𝑑 .
Logo, Se σ𝑑 ≤ 0,2 𝑓𝑐𝑑 , as bielas podem convergir para a seção do topo da sapata, sem
que ocorra esmagamento. Neste caso, o braço de alavanca é a própria altura útil da sapata junto
às faces do pilar ( Z=d ). Se σ𝑑 ≥ 0,2 𝑓𝑐𝑑 , as bielas devem convergir para uma seção situada a
uma distancia x do topo da sapata. A área dessa seção foi mostrada na figura acima. O valor de
x pode ser encontrado satisfazendo a seguinte equação:
𝑎×𝑏
(𝑎 +4𝑥)×( 𝑏+4𝑥)
≤ 0,2 fcd (3.13)

Fazendo com que o braço de alavanca (Z), fique igual a : (d – x) .


37

As secções de referência para cálculo dos momentos e das armaduras estão


representadas nas figuras abaixo:

Figura 27 – Secções de referência para o cálculo das armaduras

FONTE: José Milton de Araújo

Figura 28 – Modelo para o cálculo da armadura

FONTE: José Milton de Araújo

Quando a carga for centrada como no exemplo da figura acima, pode-se achar as áreas
de aço através das seguintes formulas:
𝑁𝑑 (𝐴−𝑎)
𝐴𝑠𝑥 = (3.14)
8𝑍𝑓𝑦𝑑
38

𝑁𝑑 (𝐵−𝑏)
𝐴𝑠𝑦 = (3.15)
8𝑍𝑓𝑦𝑑

E finalmente, quando a resultante da carga for excêntrica como no exemplo da figura


abaixo, pode-se dimensionar as áreas de aço através das seguintes formulas:
𝑅1𝑑 (𝑥1 −0,25𝑎)
𝐴𝑠𝑥 = (3.16)
𝑍𝑓𝑦𝑑

𝑅1𝑑 (𝑦1 −0,25𝑏)


𝐴𝑠𝑦 = (3.17)
𝑍𝑓𝑦𝑑

Onde 𝑅1𝑑 é a resultante das reações do terreno e 𝑥1 é a distancia de 𝑅1𝑑 até o eixo do
pilar.

Figura 29 – Modelo para o cálculo da armadura para o caso de carga excêntrica

FONTE: José Milton de Araújo

3.3 Verificação à Punção


A ruptura por cisalhamento ocorre sob a forma de punção, segundo um cone com
inclinação de aproximadamente 45º. Isso se deve a elevada parcela de carga que atua de baixo
para cima, no cone de punção. A tensão de cisalhamento solicitante de cálculo deve ser menor
ou igual à tensão de cisalhamento resistente de cálculo.

(3.18)
1−𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑣 = (3.19)
250
39

(3.20)

4. EXECUÇÃO

4.1 Preparação do terreno

Deve se fazer um reconhecimento do terreno listando possíveis os elementos que se deve


preservar como: arvores, construções antigas e outros. Fazer eventuais desvios de instalações
tais como condutas de esgotos, água, gás e cabos elétricos. Limpeza do terreno e terra vegetal
(decapagem), retirar eventuais materiais depositados e remover ou transplantar vegetação
existente.
Caso o solo não apresente características satisfatórias para fundação ou circulação de
equipamentos pesados, realizar técnicas de melhoramento de solos, como os aterros de
conquista.
Execução de terraplanagem a fim de regularizar o terreno deixando-o em conformidade
com as cotas de projeto ou necessidades de acesso dos equipamentos para operações de
movimentos de terras.
Figura 30 – Preparação de terreno.

FONTE: Pão de Açúcar News


40

4.2 Locação

Com o projeto de fundação em mãos o primeiro passo para execução das sapatas é a sua
locação, para locar os elementos de fundação deve se retirar as coordenadas cartesianas do
projeto e fazer as devidas marcações no gabarito, a partir dessa marcação estica-se uma linha
de nylon nas duas direções o cruzamento dessas linhas será o local da sapata, essa etapa deve
ser feita com a maior precisão possível utilizando mão de obra e equipamentos especializados,
pois uma excentricidade no carregamento gera momentos fletores que não foram levados em
conta no dimensionamento da fundação isso pode levar a estrutura ao colapso.

4.3 Escavação

4.3.1 Rebaixamento temporário do nível da água.

Escavações do terreno podem exigir o rebaixamento temporário do nível da água


encontrada no subsolo para permitir a execução das fundações.
Figura 31 – Rebaixamento temporário do nível da água.

FONTE: Cecil Engenharia


41

Existem três metodologias de rebaixamento de lençol. A mais comum é composta por


ponteiras filtrantes, formada por poços de diâmetros entre 4" e 6" onde são posicionadas
ponteiras ligadas por tubos a um coletor e uma bomba de sucção. Outra metodologia é a de
poços profundos com bombas submersas de eixo vertical, para lençóis muito profundos e
permeáveis. No fundo do poço é colocada uma bomba centrífuga, com diâmetro mínimo de 10
cm. Por isso, o diâmetro do poço deve variar entre um mínimo de 40 cm e um máximo de 60
cm. Dois eletrodos são instalados junto com a tubulação de recalque para que a bomba não
funcione a seco. Dessa forma, a bomba é ligada quando o nível da água atinge o eletrodo
superior e desligada quando atinge o nível do eletrodo inferior. A última metodologia é a de
poços profundos com injetores. Nesse sistema os poços atingem até 30 m de profundidade, com
diâmetros variando entre 20 cm e 30 cm e espaçamentos de 4 m a 10 m. Daí, uma bomba lança
água por tubulação vertical de injeção, que alcança o injetor na base do poço. A água
subterrânea é aspirada para a superfície por tubulação paralela à de injeção.
A escolha entre os três métodos mais comuns de rebaixamento é determinada pelo
projetista, que deve levar em consideração aspectos técnicos do terreno, do entorno da
construção, logísticos e de prazo.
O rebaixamento do lençol freático deve ser feito com bastante critério, qualquer que seja
o sistema de rebaixamento empregado o mesmo impõe uma diminuição das pressões neutras
do solo e, conseqüentemente, um aumento nas pressões efetivas que podem causar (e muitas
vezes causam) recalques indesejáveis às estruturas situadas no raio de influência do
rebaixamento, principalmente se estiverem sobre camadas compressíveis como argilas moles
ou areia fofa.

4.3.2 Riscos mais comuns de ruptura ou desprendimento de solo e rochas.

- Operação de máquinas;
- Sobrecargas nas bordas dos taludes;
- Execução de talude inadequado;
- Aumento da umidade do solo;
- Falta de estabelecimento de fluxo;
- Vibrações na obra e adjacências;
- Realização de escavações abaixo do lençol freático;
42

- Realização de trabalhos de escavações sob condições meteorológicas adversas;


- Interferência de cabos elétricos, cabos de telefone e de redes de água potável e de sistema
de esgoto;
- Obstrução de vias públicas;
- Recalque e bombeamento de lençóis freáticos;
- Falta de espaço suficiente para a operação e movimentação de máquinas.

4.3.3 Sistemas de proteção em escavações.

Antes de dar início à escavação o projeto deverá ser revisto e deverá ser efetuado um
levantamento da natureza geológica e demais características do terreno, da envolvente, da obra
em si e do subsolo.
Imediatamente após a marcação do terreno da zona a escavar, abrir uma valeta
impermeável destinada a desviar as águas da chuva ou outras.
Nos casos de risco de queda de árvores, linhas de transmissão, deslizamento de rochas
e objetos de qualquer natureza, é necessário o escoramento, a amarração ou a retirada dos
mesmos, devendo ser feita de maneira a não acarretar obstruções no fluxo de ações
emergenciais.
Muros, edificações vizinhas e todas as estruturas que possam ser afetadas pela escavação
devem ser escoradas, segundo as especificações técnicas de profissional legalmente habilitado.
As cargas e sobrecargas ocasionais, bem como possíveis vibrações, devem ser levadas
em consideração para a determinação das paredes do talude, a construção do escoramento e o
cálculo dos seus elementos estruturais. O material retirado das escavações deve ser depositado
a uma distância mínima que assegure a segurança dos taludes.
Figura 32 – Medidas de afastamento mínimo comumente adotadas.
43

FONTE: Lan Geotecnia e Fundação

Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e
vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas
dimensionadas para este fim. Em valas com profundidade inferior a 1,25 m deve ser utilizado
escoramento sempre que as paredes laterais forem constituídas de solo passível de
desmoronamento, bem como nos casos em que, devido aos serviços de escavação, constate-se
a possibilidade de alteração da estabilidade do que estiver próximo à região dos serviços. A
definição do tipo de escoramento a empregar depende da qualidade do terreno, da profundidade
escavação e das condições locais.
No caso de escavação manual de valas, o escoramento deve ser executado
concomitantemente à escavação, ficando a profundidade da vala, para escavação manual em
limitada em até 2,00m. No caso de escavação mecânica, a distância máxima entre o último
ponto escorado e a frente da escavação deve ser de 2,00 m. A remoção do escoramento deve
ser feita cuidadosamente e a medida que for sendo feito o reaterro.
De acordo com a NR-18 as escavações com mais de 1,25 m (um metro e vinte e cinco
centímetros) de profundidade devem dispor de escadas de acesso em locais estratégicos, que
permitam a saída rápida e segura dos trabalhadores em caso de emergência.
Figura 33 – Instalação de escadas quando necessário.
44

FONTE: Lan Geotecnia e Fundação

Os materiais usados devem ser isentos de trincas, falhas ou nós, para não comprometer
a resistência aos esforços a suportar.

4.3.4 Escavação das sapatas.

Com os locais das sapatas devidamente locados deve se executar a escavação até cota
de projeto mais 5cm para concreto “magro”, a escavação deve ser realizada deixando uma folga
a mais na largura da sapata para permitir o trabalho dos operários.
Chegando a cota de projeto deve se examinar as caracteriza do terreno comparando as
com as características predefinidas no projeto, realizando observações visuais e ensaios
normalizados.
É prudente contemplar sistemas de recolha e poços para recepção de águas que afluem
ao fundo da escavação para bombeamento.

Figura 34 – Sistema de drenagem.


45

FONTE: Lan Geotecnia e Fundação

4.4 Preparo da Superfície de apoio.

O preparo da superfície de apoio da sapata compreende:


- Na limpeza do fundo da vala retirando materiais soltos.
- Na compactação do fundo da vala.
- Na execução do concreto “magro”, que é um lastro de concreto com função de
regularizar a superfície de apoio, criar base horizontal e limpa para colocação das armaduras e
montagem das formas, não permitir a saída da água do concreto da sapata além de isolar a
armadura do solo.

Figura 35 – Execução do concreto “magro”.

FONTE: Techne Engenharia


46

4.5 Montagem das formas.

Antes de começar a montagem das formas deve se garantir a locação exata da sapata, as
formas podem ficar perdidas como nas formas de alvenaria ou situações particulares em que
não seja possível ou viável recuperar o material, pode-se também escolher as formas
reutilizáveis (madeira, fibra, metálica e outras), normalmente nas fundações utiliza se materiais
reaproveitados devido à inexistência de exigências estéticas.
• Caso se deseje a recuperação do material para reutilização deve ser aplicado óleo
desmoldante.
• Em seguida, coloca se as fôrmas de acordo com o projeto de locação. Deve-se
conferir as marcações dos pilares e checar o nível da sapata.
• Preparar as fôrmas da borda da base da sapata, apoiando-as em estacas cravadas no
fundo e nas laterais da vala, atentando para o correto nivelamento dos topos das formas
laterais.
• Verificar o alinhamento e esquadro das peças para manter a largura e o comprimento
da sapata constantes.
• Uma vez montadas as fôrmas de borda, determinar a altura do começo do pilar,
atentando para um correto ângulo de inclinação das laterais da sapata.

Figura 36 – Forma montada.

FONTE: Cype Engenharia


47

4.6 Colocação de armaduras

A armação das sapatas pode ser feita no local ou pré fabricadas este último ganhou bastante
espaço na construção civil nos últimos anos, comprando o aço cortado, dobrado e armado
facilita a organização e gerenciamento da obra, dispensando o espaço usado para estocagem e
armações. Também elimina as perdas de aço, aumenta a produtividade e diminui a mão de obra.
A execução deve seguir a risca as plantas de armação respeitando:
• espaçamentos e sobreposição das barras;
• comprimentos de amarração;
• espaçamento;
• recobrimento;
As armaduras deverão estar isentas de depósitos superficiais que prejudiquem a aderência
(óleo, gelo, pinturas, ferrugem solta e outros elementos).
Nesta etapa, além da armadura da sapata, também deve se fazer o posicionamento da
armadura de arranque do pilar em relação à sapata, e a colocação das guias de arame,
para acompanhamento da declividade das superfícies do concreto se a fundação for tronco
piramidal.
Figura 37 – Armação de sapata com armadura de espera do pilar.

FONTE: Techne Engenharia

4.7 Concretagem
48

Lançar o concreto vibrando em diversos pontos evitando o contato da agulha do vibrador


com as fôrmas e não vibrando o concreto pela armadura a base poderá ser vibrada normalmente,
porém para o concreto inclinado deverá ser feita uma compactação manual, isto é, sem o uso
do vibrador.
Os procedimentos de concretagem devem obedecer às especificações do projeto estrutural,
sendo obrigatório o controle tecnológico do aço e do concreto, conforme normas específicas.
Figura 38 – Concretagem da sapata.

FONTE: Techne Engenharia

Em locais onde a fundação vai ficar em contato direto com água é muito importante o
controle tecnológico, divido a grande incidência de problemas de deterioração do concreto
nesse meio. Os principais problemas são: a formação tardia de etringita (DEF) e a reação álcali
agregado (RAA). Os problemas da DEF são o surgimento de fissuras de origem térmica, devido
ao calor de hidratação do cimento, quando a temperatura passa dos 65°C . A reação RAA,
reação entre os álcalis do cimento e os agregados, causa expansão pela formação de um gel
expansivo (também chamado de gel de sílica) que absorve água por osmose e se expande entre
os poros do concreto, até que os espaços vazios terminem e leve a um aumento de tensão. Esse
aumento nos esforços internos pode causar a fissuração , e perda de resistência do concreto.

4.7.1 Características do Concreto


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O concreto deve possuir o fck solicitado pelo projeto. Também deve ser um concreto com
um abatimento pequeno, algo de aproximadamente 7 cm. Deve ser utilizado o cimento
pozolânico, também chamado de CP IV, pois é o cimento indicado para ambientes agressivos,
como é o caso das fundações.

4.8 Reaterro

Depois de curado o concreto, realiza-se a desfôrma da sapata e o devido reaterro da cava da


sapata até à cota prevista em projeto.

5. EXEMPLO PRÁTICO

Este exemplo apresenta o dimensionamento de uma sapata isolada, considerada como rígida
e com ação centrada, utilizando o método das bielas. A sapata será dimensionada para um pilar
de 45 cm x 45 cm com barras longitudinais de ᵠ = 16mm, com uma ação vertical de Fv = 1000
kN. A resistência característica do concreto a ser utilizado na obra é de fck = 25 MPa e o aço
do tipo CA-50. A tensão admissível do solo é de σ adm = 200 kN/m2.
Considerando-se a sapata quadrada e com apenas uma carga centrada, logo a resultante está
dentro do núcleo central, e um acréscimo na ação atuante de 10%, obtém-se o valor de a,
conforme vimos na figura 11.a = 2,35 m.
Tratando-se de uma sapata rígida, a altura a ser adotada deve satisfazer à seguinte
𝑎−𝑎𝑝
condição:ℎ ≥ , e h> 𝑙𝑏𝑛𝑒𝑐 + c ; obtemos h>47cm. Com isso adotamos: h=50cm
3

Para o h0 , ho> h/3 ; e h>20; com isso obtemos o valor de h0= 20cm.
Conhecida toda a geometria da sapata, podemos calcular a tensão real de baixo da sapata, pois
temos o volume e a densidade da sapata. Com isso achamos que a tensão real é de 0,18Mpa.
Como a tensão real é menor que a tensão admissível do solo, as dimensões da sapata estão bem
projetadas.
Antes de podermos dimensionar a armadura, temos que verificar a tensão de contato
para verificarmpos se as bielas poderam convergir para a altura máxima sem ser esmagadas.
Como σ𝑑 ≤ 0,2 𝑓𝑐𝑑 , as bielas não são esmagadas e podem convergir para a altura máxima,
fazendo com que o braço de alavanca Z = h – cobrimento. (Z=45cm). Para dimensionar a
armadura utiliza-se a equação 3.14 para achar as áreas de aço que vão ser iguais a: Asx = Asy
50

=18 cm². A área de aço mínima é achado pela equação: 0,15% x a x h, com isso achamos
As,min= 17cm². A área da seção de armadura por metro de largura é igual a 7,23 cm² /m, o que
equivale a ∅ 10 c/11. Com todas as informações necessárias, podemos fazer o detalhamento
conforme a figura 39.

Figura 39 – Detalhamento do Exemplo Pratico

FONTE: Edja Laurindo da Silva


51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724/2011, Informação e


documentação – Trabalhos acadêmicos - Apresentação
NBR 6023/2002, Informação e documentação – Referências – Elaboração
NBR 6024/2003, Informação e documentação – Numeração progressiva das seções de um
documento escrito – Apresentação
NBR 6027/2003, Informação e documentação – Sumário – Apresentação
NBR 6028/2003, Informação e documentação – Resumo – Procedimento
NBR 6034/2003, Informação e documentação – Índice – Apresentação
NBR 10520/2011, Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação
NBR 12225/2011, Informação e documentação – Lombada – Apresentação
IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993
NBR 6112/1996, Projeto e execuções de fundações
NBR 6118/2014, Projeto de estruturas de concreto – Procedimento
Recomendação Técnica de Procedimentos de escavações –Ministério do Trabalho
LAURINDO, Edja. Análise dos modelos estruturais para determinação dos esforços
resistentes em sapatas isoladas .1998.Dissertação (Mestrado em Engenharia) – USP
VELLOSO, Dirceu e LOPES, Francisco. Fundações. 1ª edição, 2004
CAPUTO, Homero. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6ª edição, 1996
MILTON, José. Curso de Concreto Armado. 3ª edição, 2010

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