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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE LETRAS
IHP087 – LITERATURA BRASILEIRA IV
2ª AVALIAÇÃO

ALUNXS: Adrielly Rebeca Kerolaine Cordeiro


Daniel de Lima e Souza

Orientações
1. A avaliação foi entregue aos alunos no dia 13 de junho de 2019 para ser devolvida à professora, no dia 21 de junho
de 2019, por email. Até 23h59min.
2. Esta avaliação pode ser realizada com consulta a qualquer texto, desde que seja feita a referência adequada.
3. Esta avaliação pode ser realizada em dupla.
4. As questões possuem caráter dissertativo-argumentativo, portanto, não serão consideradas as respostas que
apresentem esquemas, tópicos, tabelas ou outros formatos que fujam à redação do gênero e tipologia textual
especificados.
5. As questões deverão ser respondidas com clareza, objetividade, coesão e coerência – e correção gramatical.
6. Será aplicada a nota zero para o texto que se configurar como plágio (primário, secundário, citação, alusão não
referendada – conforme manual apresentado no primeiro dia de aula).

Os excertos foram retirados de MELO NETO, João Cabral. Morte e vida severina. Auto de Natal Pernambucano.
Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016.

O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI

— O meu nome é Severino, de velhice antes dos trinta,


não tenho outro de pia. Mas isso ainda diz pouco: de emboscada antes dos vinte,
Como há muitos Severinos, se ao menos mais cinco havia de fome um pouco por dia
que é santo de romaria, com nome de Severino (de fraqueza e de doença
deram então de me chamar filhos de tantas Marias é que a morte severina
Severino de Maria; mulheres de outros tantos, ataca em qualquer idade,
como há muitos Severinos já finados, Zacarias, e até gente não nascida).
com mães chamadas Maria, vivendo na mesma serra
fiquei sendo o da Maria magra e ossuda em que eu vivia. Somos muitos Severinos
do finado Zacarias. iguais em tudo e na sina:
Somos muitos Severinos a de abrandar estas pedras
Mas isso ainda diz pouco: iguais em tudo na vida: suando-se muito em cima,
há muitos na freguesia, na mesma cabeça grande a de tentar despertar
por causa de um coronel que a custo é que se equilibra, terra sempre mais extinta,
que se chamou Zacarias no mesmo ventre crescido a de querer arrancar
e que foi o mais antigo sobre as mesmas pernas finas, algum roçado da cinza.
senhor desta sesmaria. e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta. Mas, para que me conheçam
Como então dizer quem fala melhor Vossas Senhorias
ora a Vossas Senhorias? E se somos Severinos e melhor possam seguir
Vejamos: é o Severino iguais em tudo e na vida, a história de minha vida,
da Maria do Zacarias, morremos de morte igual, passo a ser o Severino
lá da serra da Costela, mesma morte severina: que em vossa presença emigra.
limites da Paraíba. que é a morte de que se morre
QUESTÃO 01 - Perceba que as características de Severino são apresentadas de modo generalizante,
através da gradação. Infira o motivo pelo qual isso acontece, relacionando ao poema como um todo.
(2,5)

Como anuncia Moisés (2004), a gradação (ou clímax, termo usado na retórica clássica) consiste
em repetir o último termo da unidade do período anterior no início das unidades seguintes. Desta forma,
estabelece-se uma acentuação de efeito pela repetição.
No texto aqui evidenciado, esta “repetição de ideia” e adição de informação ocorre pois a pessoa
que informa se chamar “Severino” carrega não apenas o mesmo nome, mas a mesma sorte que os demais
Severinos que nascem e sofrem naquela região. Então faz-se imprescindível marcar cada vez mais de
qual Severino o texto está falando, visto que outros também assim nomeados possuem história
semelhante a do personagem retratado.
Além disso, os títulos de cada parte que compõe a obra se referem a este personagem como “o
retirante”, como um narrador que apenas apresenta a situação, mas deixa a explanação acerca dela a
cargo deste “retirante”, que também irá se deparar com os outros Severinos.

QUESTÃO 02 - Relacione o fragmento abaixo ao poema como um todo, explicando um pelo outro.
(2,5)

Somos muitos Severinos


iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.

Mostra-se a identidade de maneira única, sem individualidade. O mais importante é


compreender o grupo em si, e não o indivíduo. A partir do momento em que inicia-se a descrição desse
Severino mas que, mesmo assim, precisaria de mais explicações, isso quer dizer que há realidades
semelhantes. A vida é difícil, tira tudo, e tira inclusive a identidade deles. Não é possível ter uma
identidade. Muito interessante também é a questão de “morrer jovem antes dos trinta”, conferindo uma
maior experiência de vida àqueles que sofreram todo o tipo de mazelas desde tenra idade, e trazendo as
marcas dessas mazelas no rosto e no corpo, o que configura numa velhice precoce.
Fala-se de uma forma muito geral até da “morte severina”, que seria uma morte comum a quem
fosse retirante. Morrer por conta da seca, por conta da falta de comida, ou de alguma doença causada
por aquele modo de vida, ou pelo ambiente, enfim, a questão da individualidade não existe nesse
momento, e se passa a se falar sobre um grupo social.
E tais considerações convergem para a citação da morte severina, ou seja, a morte do retirante,
bem como da vida severina, igualmente comum a todos os retirantes (sair da própria terra por conta da
seca, realizar trabalhos análogos à escravidão pra poder ter o sustento, muitas vezes sem sucesso). Em
suma, a vida severina significa vivenciar este sofrimento pungente, e até mais tortuosa que a própria
morte severina, pois esta pode ser considerada como o último descanso, ou até mesmo o único.
Trata-se de um grupo condenado à essa vida severina, e nem a morte traria essa individualidade
a eles.

QUESTÃO 03 - Antonio Candido em “O direito a literatura”, p.178, faz referência às três faces distintas
da natureza complexa da literatura. Explique, a partir de Morte e vida severina. (5,0)
Visto que, como já foi comentado nesta atividade, Neto usa a gradação para apresentar o
personagem principal de Morte e Vida Severina, já que outros Severinos passam pelo mesmo que aquele
em destaque. Além disso, percebe-se que a obra apresenta-se como um auto, que era uma estrutura
textual medieval para teatro, e versos curtos. Outro ponto citado anteriormente é o título de cada parte
do poema funcionando como um narrador, e o texto sendo tomado pelas próprias falas dos personagens.
Todas essas escolhas não são gratuitas. Como diz Candido no texto contido no enunciado: “o
conteúdo só atua por causa da forma, e a forma traz em si, virtualmente, uma capacidade de humanizar
devido à coerência mental que pressupõe e que sugere.”. Mais à frente, o autor indica que toda obra
literária pressupõe a superação do caos, determinada por um arranjo especial das palavras e fazendo
uma proposta de sentido.
Isto posto, podemos dizer que há inúmeras maneiras de se contar uma história. Porém, cabe a
quem escreve utilizar o código de uma maneira que esta história seja contada com todo o efeito de
sentido que uma história pode carregar. Este efeito depende da maneira com que esta mensagem será
propagada e, mesmo que a mensagem traga substância, sua forma deve fazer jus a toda esta carga.

REFERÊNCIAS

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. [In] Vários escritos. 4. ed. Sâo Paulo: Duas Cidades; Ouro
sobre azul: Rio de Janeiro, 2004.

MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cultrix, 2004.

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