Sei sulla pagina 1di 353

TRADUÇÕES

A Second Circle Tattoos Novel


BY
nunca esperava encontrar-se fora de um estúdio de tatuagem à uma da
manhã. As cicatrizes que decoram suas costas são apenas mais uma lembrança
de coisas que ela preferia esquecer, o passado que ela quer deixar para trás, mas
antes que possa seguir em frente, ela necessita dele.

tem suas próprias razões para ser especializado em tatuagens sobre


cicatrizes. E não há nenhuma maneira no inferno que ele irá deixar Harper se
distanciar. Não quando uma mistura agitada de ternura e desejo bate dentro dele
toda vez que a vê. Estar com Harper é como ter dez rounds em um ringue,
emocionante, poderoso e perigoso. Ela mexe com seus sentimentos, esses que ele
achava que estavam bem distantes... Se ao menos ele pudesse passar por suas
defesas cuidadosamente construídas.

foi a única coisa que salvou Harper na última vez, mas cada sessão na
Second Circle Tattoos a deixa mais e mais perto de Trent. Seus toques
prolongados a seduz, fazendo-a acreditar em uma vida sem medo, onde ela
poderá ser feliz e inteira no amor. Porém, quando mensagens enigmáticas
começam a aparecer no telefone de Harper, entregas estranhas chegam à sua
porta e depois da Second Circle ser vandalizada, Harper está convencida de que
seu ex-namorado está perseguindo-a e, pior, que ele sabe sobre Trent. Ela correu
de seu passado uma vez antes, será que desta vez ela terá força suficiente para
lutar com ele?
O envelope azul da penitenciária de Marion do
estado de Illinois dos Estados Unidos ainda estava
selado fortemente na mente de Harper Connelly.
Encontrava-se na bolsa dela, onde esteve desde que havia
coletado a correspondência no dia anterior. Fora de vista, mas não
fora da mente. Assim, até que abrisse o envelope, ela poderia
continuar fingindo que estava segura. Uma vez que o seu dedo
deslizasse sob o selo, ela seria incapaz de ignorar as decisões que
tomaria.
Parada na faixa de pedestres, esperando as luzes na Collins
Avenue mudarem, ela empurrou a carta profundamente em sua bolsa
e assistiu quando um jovem casal em pé do outro lado da rua se
beijavam profundamente, viu quando a mão dele suavemente cobriu o
rosto dela, enquanto o polegar deslizou levemente em sua maçã do
rosto. Harper desviou o olhar, tentando ignorar a sensação de vazio
no peito. Será que ela ainda poderia se lembrar do sentimento do
primeiro amor? Passou tanto tempo desde que experimentou os
momentos inebriantes de querer estar com outra pessoa o tempo
todo. De ser incapaz de parar de tocar um ao outro, como imãs que se
atraem.
Finalmente a luz mudou e Harper praticamente suspirou de alivio
antes de caminhar com a bolsa no ombro e atravessar a rua, não
poupando o jovem casal uma segunda olhada. Ela só tinha que
conseguir trabalhar hoje sem se transformar em uma pilha de nervos.
E então, ela poderia desmoronar com o envelope na bolsa.
Perdida em seus próprios pensamentos, sentiu alguém empurra-la
na calçada. Fazendo a pele de Harper saltar por dentro. Um zumbido
alto encheu sua cabeça e sentiu um calafrio trilhar em sua coluna.
Seu coração batia para fora do seu peito enquanto suas mãos
tremiam, se esforçando para segurar sua bolsa.
Ela cambaleou. E viu um homem elegante de cabelos brancos
segurando um pequeno cachorro que parecia mais um rato em uma
coleira. Ele murmurou um pedido de desculpas por empurra-la
distraído. Disposta a acalmar o coração, Harper tentou responder à
altura, mas sua boca estava tão seca que ela não pode responder.
Dando um sorriso fraco, ela rezou que bastasse para o perdão.
Ele era apenas um senhor com um cachorrinho, disse a si mesma,
enquanto inclinava-se contra o poste de luz mais próximo e contava
respirações de cinco em cinco, tentando retardar o pulso acelerado.
Nada tinha a ver com a carta que queimava um buraco em sua bolsa
e também seus pensamentos. E nem mesmo com um prisioneiro que
estava a mil milhas de distância. Harper observou seu quadro parado
e resolveu continuar a descer a rua arborizada com palmeiras que
levava até a estrada de areia que iria até o calçadão da praia pela
Miami Beach.
Um arrepio frio se apoderou dela apesar do calor sombrio. Ela
ainda não estava acostumada com o clima de alguma forma e depois
de tanto tempo, ainda não conseguia acreditar. Seriam uns vinte
graus mais frios na volta para casa. Estremecendo forte, ela olhou
para as mãos observando os próprios dedos se alargarem sem sua
permissão.
O casal que ela viu anteriormente, caminhavam de mãos dadas
chegando ao outro lado da rua. Harper olhava saudosamente. Ter
uma simples intimidade assim era impensável. Ela não precisava se
roçar com um estranho para saber. O remetente da carta tinha feito
isso certo. Mesmo depois de todos esses anos, não suportava o toque
de outro ser humano, nem por um segundo.
Ainda tremendo, ela pegou um leve casaco com capuz da sua bolsa
e colocou, desesperada por um pouco calor.
Virando a esquina na rua que a levava longe do oceano, ela retirou
as mãos de dentro das mangas e caminhou lentamente, tentando
diminuir os batimentos cardíacos. Ela tentou se concentrar nas
graciosas decorações dos edifícios famosos de Miami. Acreditando que
não teria que fugir e deixar este belo lugar. As fachadas e os designes
deslumbrantes estavam entre suas coisas favoritas sobre a cidade
virada para o mar. Pinturas com muito estilos de nomes como hortelã
fresca, creme de manteiga amarelo e rosa coral, decoravam a simetria
estilística dos edifícios, trazendo vida a noite quando as luzes de néon
se tornavam um farol para os festeiros. Harper se imaginava olhando
para fora das janelas redondas clássicas e esperando o gigante vapor
do oceano vindo de lugares distantes. A ornamentação extravagante e
painéis fantasiosos remetia a uma época em que os ricos bebiam
champanhe e dançavam Charleston1 nos salões do último andar.
A brisa do oceano soprou sobre seus cabelos castanho escuro
lançando-os sobre seu rosto. Ela mergulhou a mão na bolsa com
cuidado, evitando tocar no envelope e pegando um dos muitos
elásticos no fundo. Rapidamente, ela amarrou as camadas em um
coque bagunçado na base do pescoço e se dirigiu para a pequena loja
em que trabalhava.
José, seu chefe, já tinha esticado o toldo marrom sobre a área do
pátio do café que levava seu nome. A correria da manhã estava
prestes a começar.
Drea, a subgerente, estava sentada em uma das mesas, com o sol
refletindo sobre suas luzes naturais loiras que enfeitava seu cabelo
castanho em camadas. Ambas estavam com vinte e sete, mas com a
pele bronzeada e uma pequena estrutura em contraste com a figura
atlética de Harper, ela parecia mais jovem.
Alívio a inundou completamente, a simples visão de sua melhor
amiga a ajudava a conviver com o pânico.
— Bom dia querida. — Ela disse, na esperança que Drea não
notasse sua falta de folego.
Olhos castanhos olharam em sua direção.
— Bom dia Harper. — Curiosamente, ela inclinou a cabeça. —
Você está bem? — Desde o dia em que se conheceram, esta menina
acabou com ela. Privada como Harper, Drea ainda conseguia
intimidar suavemente a vida de Harper e já deixou claro que somente
um aviso de despejo iria expulsa-la. — Está Tudo bem. — Ela jogou a

1
Estilo de dança muito famosa na década de 20.
questão a distância. — Você chegou antes de mim? — Harper
perguntou, tentando distraí-la. — Eu estou no turno errado?
— Não, sou estou. Eu cheguei cedo. Minha tia me deu uma carona
essa manhã, uma vez que o meu carro só sai da loja à tarde. Pronta
para mais um dia no céu expresso? — Harper acenou com o queixo
em direção a porta principal.
Drea suspirou.
— Sair e passar o dia nas ilhas Keys? — Sussurrou ela.
— Eu ouvi isso, Drea. — José gritou de dentro conforme se virava,
bloqueando a entrada deixando-as entrar. — Você. — Ele gritou
apontando para a Drea. — Pode sair. Ela... Nem tanto!
Ambas riram enquanto entravam e iam em direção a sala de
descanso para guardar suas bolsas.
— Estou sentindo o amor, José. — Murmurou Drea.
— Eu ouvi isso também. — José riu, suavizando sua voz.
José’s South Beach existia há quase cinquenta anos. O José
original ainda vinha religiosamente tomar seu café todos os dias,
mesmo fazendo muito tempo que ele entregou as rédeas para seu
filho, José Junior.
A loja longa e fina era mais do que apenas um café. Tinha uma
comida agradável e em sua volta tinha macias paredes creme com
madeira clara. José estava ocupado carregando o balcão com os
produtos recém-feitos de pastelaria. Pastelitos cubanos tradicionais
estavam alinhados ao lado dos clássicos croissants e pãezinhos de
canela. Com um avental preto envolta da cintura, Drea empilhava as
saudáveis saladas e os sanduiches com refrigerantes.
Harper inclinou-se sobre o balcão ligando as máquinas de café
expresso, liquidificadores e as cafeteiras que ladeavam a parede
esquerda. Ela puxou a bandeja com jarras de metal vazias para ferver
o leite e coloca-las ao lado estação de café.
Horas mais tarde, uma vez que a multidão da hora do almoço
começou a sair, ela iniciou o processo de limpar as mesas, antes que
as atividades da parte da tarde começassem.
— Mas não significa apenas que ela tinha sangue nas mãos? —
Ela ouviu alguém dizer, enquanto limpava uma mesa no piloto
automático, Harper olhou para algumas adolescentes sentadas na
mesa ao lado. — Ela dizia, “Fora, maldita mancha”, mas não acho que
ela realmente tinha sangue nas mãos. E também não acho que ela
chegou a matar alguém.
Harper fez uma pausa. "Macbeth2". Ato 5, se ela não estava
enganada. As alucinações da manipuladora Lady Macbeth, foi um de
seus favoritos. Ela queria ajudar as meninas, mas livros escolares e
notas era outro lembrete das coisas que há muito tempo ela jurou
deixar no passado. Aquela vida se foi. Imediatamente, Harper pensou
no envelope azul, que estava em seu armário na parte de trás da loja.
Ela já não podia mais ignorar a carta, independentemente do quanto
a vida seria mais fácil se ela nunca abrisse essa porcaria. Pela
segunda vez naquele dia, seu peito apertou. Era melhor saber. Após
uma rápida olhada ao redor para garantir que ninguém precisasse
dela, entrou no cômodo dos fundos e abriu o envelope, desejando que
o passado pudesse realmente ficar enterrado.

***

— O que diabos você me fez beber na noite passada, Cuj?


O café queimou a língua de Trent quando ele tomou um gole
recostando-se contra a janela do Second Circle3. Corretamente preto
como ele gostava e forte o suficiente para suportar uma colher, mas
não perto suficiente de acalmar a campainha de cinco alarmes
tocando na sua cabeça
— Alguma merda estranha de Martini que aquelas garotas
estavam bebendo. Elas queriam que nós brindássemos seu
aniversário mais de uma vez. Eu disse que elas eram problemas.

2
Macbeth é uma tragédia do dramaturgo inglês William Shakespeare.
3
É o nome da loja de tatuagens que ele trabalha.
— Eu não ouvi nenhuma reclamação quando aquela loira tinha a
mão dentro das suas calças.
Cujo esfregou a mão na cabeça careca e, em seguida, coçou a
sobrancelha sorrindo presunçosamente.
— Cara, ela era louca. Como foi a ruiva?
— Curvas em todos os lugares certos, professora de ioga. — Disse
Trent. Cujo soltou uma gargalhada. Trent olhou para a bota dele
descansando sabre a borda da janela e fez uma anotação mental de
cuidar da pintura lascada do peitoril.
Second Circle Tattoos era seu bebê e orgulho, o subproduto de
uma juventude desperdiçada e recuperada pelo seu mentor, Jimmy
"Júnior" Silver. Foi uma longa jornada para a localização atual da
loja, estar em uma das ruas em ascensão de Miami. Anos de um
período de aprendizado antes de sair sozinho, anos que ele e Cuj
passaram em um estúdio de merda antes de morder a oportunidade e
investir neste lugar. A equipe que ele tinha construído tinha uma
reputação sólida, com pessoas vindo de todos os lugares para vê-los e
as loucuras de seu calendário lembrava-lhe diariamente que elas
gostavam de seu trabalho.
Bebendo um longo gole de café, Trent avistou uma morena
incrível, classicamente bonita, andando do outro lado da calçada.
Cujo soltou um assobio longo e tranquilo.
— Essa é uma poderosa distração de boa aparência.
Trent olhou, grato por ter tirado seus óculos para desfrutar de sua
pausa para o café. Merda, o que ela estava vestindo? A camisa de
botão antiquada que parecia ser dois tamanhos maiores,
emparelhado com shorts cáqui flácidos que pareciam ter perdido a
vontade de viver. Embora, tirando as roupas feias, tinha um corpo
tonificado. E ele era como um idiota para o tipo atlético, tonificado e
ainda cheio de curvas. Provavelmente um pouco mais baixa que seus
1,86 metros, mas com pernas que não acabavam mais. Sua pele era
porcelana branca e inferno, sim, como um tatuador, ele iria apostar
cem jardas de distância que ela era virgem de tatuagem, o melhor tipo
de tela.
Ela usava seu cabelo castanho escuro, espesso em um coque
desarrumado, revelando um pescoço lindo que era seu ponto fraco,
ele amava a parte de trás da orelha de uma garota.
Quando ela se aproximou, ele podia ver que ela estava segurando
uma caixa de doces da loja de café da rua.
— Para mim, querida? — Ele gritou do outro lado da rua, sorrindo
da forma que as garotas sempre gostavam. Ele ouviu Cujo rir a sua
esquerda... Mas preferiu ficar focado na mulher. Ela parecia confusa
por um instante antes de perceber que ele estava gritando com ela.
Droga. Um sorriso tímido, lento e lá estava aquele rubor na pele dela.
Tão excitante. Puta merda.
Ele esperou ansiosamente para ela dizer algo em troca, mas ela
continuou andando. Desapontado, ele só podia imaginar o quão
bonita aquelas bochechas rosadas ficariam quando ele a embrulhasse
em seus braços, nos lençóis macios de sua cama, deixando um
delicioso calor chegar ao seu redor.

***

Harper inalou profundamente balançando a cabeça. Ela cruzou a


rua até chegar no calçadão dando poucos passos até a areia branca.
Era depois de seis e a praia estava começando a ficar vazia, os pais
arrastavam seus filhos cansados e irritados para seus hotéis à beira-
mar. As palmeiras balançavam ritmicamente na fresca brisa de início
de maio. E o sol estava começando a descer sobre a água azul escura.
Ele tinha falado com ela. Trent Andrews. Com ela. O Deus alto
tatuado, com cabelo desgrenhado, gritou para ela e ela simplesmente
tinha corrido como um rato fugindo da igreja. Em outra época, ela
teria pelo menos a confiança de inventar algo mais original do que um
simples sorriso.
Ele provavelmente achava que ela sabia quem ele era. O que, é
claro, ela sabia. Inferno, todos em Miami sabiam quem ele era, não só
por ser um dos tatuadores mais talentosos, como também, uma
espécie de celebridade local em Miami. Ela já viu fotos do trabalho
dele com cicatrizes que ele fazia e era muito bonito. Tão lindo, que ela
ficou sonhando se em suas costas o trabalho seria semelhante. Ele
poderia consertá-la, ela sabia disso e se ela estava querendo superar
o passado, bem, seu passado, ela ia precisar de um artista de
encobrimento muito espetacular.
Ela fez a matemática mental. Entre o que ela trouxe quando se
mudou para Miami e o que foi capaz de economizar e poupar ao longo
dos últimos quatro anos. Esperava que tivesse dinheiro suficiente
para cobri-lo. E também, ela sempre poderia esticar os turnos se era o
que tinha que fazer.
Sem pensar, ela chegou a tocar a base de suas costas. Foi
automático, um auto instinto de proteção. Não que isso pudesse
mudar alguma coisa, já tinham se passado quatro anos desde que a
faca a cortou por dentro.
Com um design em mente e um tatuador selecionado, a questão
não era saber se ela queria fazer uma tatuagem. Essa parte era fácil.
Porém, poderia Trent fazer o que estava em suas costas desaparecer?
E ela podia forçar-se a ficar lá e deixá-lo fazer?

***

Merda, ele ainda ia se refrescar a noite. Trent puxou o capuz do


seu moletom por cima do seu boné de beisebol. E se ele parecesse
mais bandido e menos um cidadão honesto? Isso manteria as pessoas
fora do seu caminho e ele iria para a cama mais cedo.
Dando uma última olhada ao redor do estúdio, ele apagou as luzes
principais deixando o design da enorme janela da frente iluminada
por luzes que vinham do teto. Soando o painel de alarme quando ele
digitou o código antes de se virar para sair.
Uma da manhã em uma cidade que ainda estava acordada. Uma
cacofonia de som rugiu em torno dele. Batidas pulsantes de hotéis,
bares e discotecas que recheadas repercutiam através do ar.
Motoristas aceleravam seus motores cruzando a rua, buscando
atenção.
A fechadura estava instável e ele teve que sacudir a chave com
uma delicadeza nata necessária, até que se virou.
— Você pode tatuar sobre cicatrizes grandes?
Uma voz macia, completamente inesperada, veio por trás dele. Ele
olhou por cima do ombro, com as chaves ainda na mão. Na sombra
da palmeira gigante que dominava a calçada, estava uma figura
solitária. Ela deu um passo em direção a ele.
Levou apenas um momento para reconhecê-la. A garota desta
tarde. Uau. Ela mudou as roupas, colocou no corpo claramente
esbelto um jeans skinny e uma blusa marfim que parecia ser feita,
bem, de nuvens ou algo assim. Seu cabelo estava para baixo agora,
em suaves cachos sobre os ombros, acentuando a pele mais
perfeitamente lisa que ele já viu. Seus braços estavam firmemente
contra ela.
Trent fez uma pausa com a chave na fechadura, sem tirar os olhos
dela.
— Depende de que tipo de cicatriz. Quão profundo, o tamanho,
local e etc?
Ela olhou para a calçada e como a ponta de um cigarro em seu pé
era a coisa mais fascinante de todas. Suas mãos se apertaram em
punhos e tão rapidamente, ela soltou, como se quisesse fazer algo,
mas não sabendo o que.
— Falamos de você ou outra pessoa?
Seus dedos ainda estavam tremendo. Ela levantou o queixo. O
olhar em seus olhos era de um incrível tom verde, como o mar de
vidro, ele imediatamente percebeu que ela estava com medo.
— Eu. — Ela disse calmamente.
Ele estava exausto. E a coisa toda o fez sentir-se estranho. Ele
devia apenas dizer-lhe para voltar amanhã, ou melhor, ainda, ligar e
agendar uma consulta. Mas se ele se afastasse agora, ela não voltaria.
Com toda certeza ele sabia, sentiu. Ela precisava de alguma coisa e
iria matá-lo, não saber o que fazer para ajudá-la.
— Quer entrar e deixar eu dar uma olhada? O local está fechado,
então ninguém mais vai estar em torno de... se você estiver bem com
isso... eu sou um cara legal, prometo.
Por que mesmo ela estava aqui à uma da manhã, sozinha e
parecendo aterrorizada? E não o tipo medo de que as agulhas vão
doer terrivelmente. Meninas quase sempre estavam acompanhadas.
Amigos. Namorados. Mesmo quando iam ao banheiro iam em pares.
Por que não havia ninguém com ela? Ele tinha um mau
pressentimento que isso ia ser sua cicatriz todos os dias.
— Eu sou Trent.
— Harper.
— Bem, Harper. — Disse, abrindo a porta que tinha acabado de
fechar. — Bem-vinda ao Second Circle.

***

— Não quero ninguém pensando que ainda estamos abertos. —


Disse ele, fechando a porta atrás deles depois de desligar o alarme.
Caminhou até o balcão curvo, mas em vez de ficar atrás como ela
esperava, ficou empoleirado na borda.
Por mais que tentasse, Harper era incapaz de dormir, inquieta com
a carta e por ver Trent anteriormente. Um minuto ela estava bem
acordada, olhando para o teto na cama. O próximo ela estava de pé
em um estúdio vazio com um homem que ela não conhecia, incapaz
de recordar os detalhes da viagem de ônibus e o caminho que tomou
para chegar lá.
Ela já acreditou em sinais uma vez, confiava neste instinto
implicitamente para guiá-la. Talvez fosse hora de voltar no tempo, em
vez de cismar com cada pequeno problema.
O silêncio cresceu entre eles e as cãibras em suas mãos deixaram-
na louca. O movimento súbito de seus dedos era a sua "resposta de
estresse", de acordo com um de seus muitos psicoterapeutas
tagarelas e doía quando as cãibras começavam. Ela balançou a mão
esquerda e apertou-a com a direita para aliviando a dor.
— Eu gosto do lugar. — Declarou realmente assombrada. Mesmo
na penumbra, parecia mais uma galeria do que um estúdio de
tatuagem. O piso de madeira escura envernizada fortemente
contrastada com as paredes brancas brilhantes. Todos os estilos de
arte pendurada sobre elas, dos pôsteres antigos de meninas atraentes
para desenhos a lápis, góticos, escuros. Havia duas tevês de tela
plana, com um extenso contraste negro que chocava com a cor e a
vibração das obras de arte que os rodeava.
— Obrigado. Eu também.
Harper podia sentir os olhos de Trent sobre ela enquanto
caminhava ao redor da sala, passando lentamente a mão ao longo das
paredes e bancadas em todo o espaço.
— Eu googlei4 você. — Disse Harper, virando-se para encará-lo.
— Encontrou alguma coisa interessante?
— Você é um dos melhores que existe.
Ele revelou duas covinhas marcantes quando sorriu. Tirou o boné
de beisebol e o seu capuz sobre a cabeça na maneira estranha que os
caras fazem, arrastando-o pela gola sobre suas costas. Ele puxou a
camiseta com um movimento, revelando um estômago duro com um
rico abdômen. Os rumores na internet sobre esse corpo foram
precisos. Consertando rapidamente a situação, ele puxou a camisa
para baixo, alisando o cabelo escuro rebelde antes de colocar o boné
de beisebol virado para trás. Seus olhos eram incrivelmente escuros,
mais perto do preto do que marrom. Ele olhou para ela, com suas
sobrancelhas franzidas.
— Bem, querida, eu poderia ter lhe dito isso. O que mais?
— Você é realmente bom em tatuar sobre cicatrizes.
Uma breve carranca passou por seu rosto quando ele esfregou sua
barba com uma mão antes de mover o boné novamente.

4
Aqui ela fala que fez uma pesquisa sobre ele no google.
— Eu gostaria de pensar que eu sou realmente bom em tudo. —
Suas palavras transpiraram confiança, mas a sua risada
autodepreciativa não o fez soar arrogante –Hey, uma pergunta para
você, querida e eu não estou tentando apressá-la. Mas, nós vamos
continuar com este papo sobre mim? Senão, eu vou pedir uma pizza,
porque eu estou morrendo de fome, ou você está pronta para me dizer
o porquê você está aqui?

***

Ela congelou. Como estava totalmente desligado. Cara, ela estava


começando a relaxar. Merda, ele tinha quase conseguido um sorriso
dela com seu comentário eu sou bom em tudo (o que era apenas
oitenta por cento de chance exatamente... e olha que ele dispensou as
coisas que não importavam).
Ela ficou imóvel no meio do estúdio. Ele nem sabia se ela ainda
respirava. Tudo parou, exceto seus dedos, que ainda freneticamente
movimentavam.
Ele a ouviu inalar profundamente quando ela olhou para trás em
direção à porta. Ela o lembrou do cavalo mustang no rancho de seus
avós em Wyoming, nervoso e pronto para fugir. Com uma respiração
profunda, ela finalmente ergueu os ombros e voltou seu olhar para
ele.
— Eu quero saber se você pode tatuar sobre algumas cicatrizes
nas minhas costas. — Disse ela calmamente.
— Para decidir isso, eu teria que a ver.
Ele podia sentir a sua indecisão. Ele permaneceu sentado no
balcão, preocupado que o menor movimento de sua parte seria
suficiente para manda-la embora.
— Isto é tão difícil. — Ela murmurou.
Ela lentamente alcançou a bainha da blusa, levantando-a para
revelar um top de biquíni branco. Uau. Ela era realmente
impressionante. O corpo dela era uma obra de arte e em
circunstâncias diferentes, ele levaria um pouco a mais de tempo
admirando-a. Geralmente ele não reagia assim aos clientes, se
orgulhava de ser um profissional. Mas, diabos, ele era humano.
Pensar em seu corpo estava deixando-o duplamente mal,
entretanto, dada a vibração que ela emitia. Ele precisava recitar o
alfabeto de trás para frente ou fazer alguma coisa, senão ela veria sua
apreciação muito claramente.
Seus dentes brancos e perfeitos morderam o lábio inferior.
— Você pode tatuar sobre isso? — Ela virou-se de costas.
Merda. Embora na penumbra ele só pudesse distinguir as
cicatrizes de diferentes tamanhos e profundidades estragando suas
costas, seu estômago embrulhou. Ele acendeu a luz da caixa
registadora, tirando um par de luvas da caixa ao lado dele e saiu do
balcão para ficar atrás dela.
Tremendo um pouco, ela puxou a camiseta para sua frente,
agarrando-a com força contra o peito. Ele olhou para as áreas
levantadas avermelhadas que foram claramente costuradas e as
cicatrizes prateadas deixadas para se cicatrizarem sozinhas.
Quê. Porra. Estava escrito? Ele poderia jurar que tinha alguma
coisa ali. Alguém tinha esculpido palavras nas costas de Harper.
Alguém colocou deliberadamente uma faca em sua pele.
Tudo agora fazia sentido. Seu nervosismo e agitação. Sua
necessidade de ficar e sua necessidade de sair de lá rapidamente. A
necessidade de seguir em frente e a necessidade de esconder.
Normalmente, ele iria sentir as cicatrizes, medindo a profundidade
do tecido sob a pele, no entanto, se fizer isso, ela irá correr. Ele podia
ver a forma que ela ficou nas pontas dos pés, com os ombros
firmemente enrolados. Ele inclinou-se aproximando o máximo que
pôde para estudá-los, avaliando se as cicatrizes estavam maduras o
suficiente para tatuar por cima.
Nas cicatrizes estavam as palavras "Minha putinha".
Quem poderia fazer isso para outra pessoa? Com ela?
Ele só poderia imaginar quão difícil deve estar sendo para ela ficar
aí no seu estúdio. A coragem dela surpreendeu-o e ele sabia que
encontraria uma maneira de encobrir o horror para ela.
Mas será que ela tinha alguma ideia do tempo que levaria? Seriam
meses de trabalho e horas de tatuagem e muitas vezes dolorosas, do
tipo que deixa o mais resistente dos homens de joelhos.
Ela veio até ele. Confiava nele para corrigir isso para ela. E
gostaria que de alguma forma ela confiasse nele. De algum jeito.

***

Silêncio nunca era bom.


Era óbvio que Trent estava tão enojado como todos os outros que
já tinham visto isso. Por um breve momento, ela foi transportada para
o julgamento, o desprezível olhar de horror na cara dos jurados
quando eles olharam para as fotografias dos ferimentos. Ela não tinha
mostrado isso novamente para uma única pessoa desde então.
— Esta foi uma má ideia. — Murmurou, tentando puxar a blusa
tão rápido quanto podia. Ela precisava sair dali.
— Espere. — Trent agarrou seu braço para detê-la, liberando
rapidamente quando ela se encolheu. — Merda, querida, isso foi uma
bela bola curva que você acabou de jogar em mim. De todas as coisas
que eu estava esperando, definitivamente não era o que pensava. Não
é como qualquer coisa que eu já vi. Eu não tenho certeza se eu posso
inventar algo que seja apropriado para isso.
— Não se preocupe com isso. — Retrucou, ansiosa para sair antes
que as lágrimas que estava segurando transbordassem e se
humilhasse ainda mais. Se não havia nada "apropriado" que poderia
fazer por ela, então, para o bem da sua sanidade, ela precisava ir tão
rapidamente quanto possível.
Harper puxou sua camisa para baixo indo em direção a porta.
Porcaria. Isso tinha batido nela. Sentia-se encurralada, uma sensação
muito familiar. Muito dolorosa. Ela precisava de ar. Era necessário
chegar a segurança de seu apartamento onde pudesse respirar
novamente.
— Por favor, a porta. — Ela sussurrou entre dentes, forçando-se a
ficar sob controle.
— Não até que eu faça o que você me pediu para fazer. Eu não vou
tocar em você a menos que você concorde, porém, eu não vou deixar
você correr para fora daqui com isso.
Harper balançou a cabeça, começando a se sentir fraca. Sua
respiração veio em rajadas curtas.
— Não há necessidade para eu ficar. — Ela ouviu sua voz vacilar,
traindo o quão perto da superfície suas emoções estavam. — Você já
disse que não pode chegar a qualquer coisa apropriada para isso,
então, por favor, deixe-me sair.
— As palavras, querida. Palavras apropriadas. Eu não conseguia
pensar em nada certo nada para dizer a você. Há muito que eu possa
fazer.
Sua respiração desacelerou enquanto tentava afastar o ataque de
pânico que ameaçava consumi-la. Ela olhou para o chão.
— Vamos sentar antes de você correr e eu ter que ir te buscar. Há
uma cama hidráulica em um quarto na parte de trás. Eu posso pegar
um pouco de água e dar uma olhada melhor no que eu vou trabalhar.
Suas palavras eram práticas, seu tom de voz suave.
— Se eu for embora, você vai atrás de mim?
Ainda olhando para baixo, ela notou que ele não tinha apertado
suas botas pretas de motociclista corretamente. Seus jeans estavam
desgastados na bainha. Ela balançou a cabeça lentamente,
humilhação a impedia de olhar em seus olhos.

***

O que você diria a alguém que tinha passado por algo tão
traumático? O que você faria? Não era como se ele tivesse anos de
formação, ele era apenas um profissional, que ouvia as histórias das
pessoas que utilizavam o processo de tatuagem como terapia.
Nenhuma tatuagem iria fazer isso acabar para Harper.
Ele se movia lentamente, com medo de que qualquer movimento
brusco pudesse assustá-la e enviá-la correndo para a porta. Se a
levasse para o quarto dos fundos e a deixasse à vontade, certamente
ele poderia convence-la a fazer isso.
— Siga-me. Se não gostar de nada que eu fizer, só dizer para parar
e eu vou me afastar imediatamente. Tudo bem?
Seu coração se partiu um pouco, quando ela colocou os braços em
volta de si e olhou para ele pela primeira vez desde que correu para a
porta. Ela o olhou brevemente nos olhos, fazendo-o se sentir como se
tivesse levado um soco no estômago. Ele viu algo passageiro naqueles
olhos notáveis que precisavam estar brilhando com felicidade, amor.
Inferno, até mesmo se via desejo, encoberto com medo.
Não houve nenhum movimento com a cabeça. Muito bem. Alívio
passou por ele.
Empurrando a porta, ele agradeceu ao ver que o quarto estava
impecável. Não era a primeira vez, mentalmente ele enviou um
obrigado à Pixie por seu empenho.
Ele acendeu as luzes completamente, pensando que a faria se
sentir mais segura.
— Suba aqui. — Deu um tapinha no couro preto da cama de
tatuagem, enquanto Harper o seguia. — Eu vou buscar uma garrafa
de água para você e então, nós daremos uma olhada nisto. — Na área
da cozinha, ele inclinou a testa por um momento no frigorífico.
Lutando para controlar a fúria que sentia pela pessoa que tinha feito
isso com ela e o desejo de socar uma parede queimava dentro dele.
Abrindo a garrafa de água quando retornou, ele sentiu suas mãos
tremerem. Ela tomou um gole pequeno.
— Tudo bem, Harper. Aqui está o que precisamos fazer. Querida,
você precisará tirar a blusa novamente e me entregar para eu poder
pendura-la no gancho da porta ou você mesma pode segura-la.
Qualquer coisa que faça você se sentir mais confortável. Irei fazer
cicatriz por cicatriz, olharei sobre cada uma e lhe direi se tem como
ou não tatua-la. Praticamente, você pode tatuar em qualquer coisa,
mas como a tinta se espalha e fica sobre o tecido cicatricial, o
resultado é menos previsível do que em uma pele sem cicatrizes. O
que torna mais difícil garantir o que vai aparecer quando estiver
pronto.
Ele agarrou um par de luvas do armário que ficava na parte de
trás da sala, antes de retornar e parar na frente de Harper.
— Quando eu der uma boa olhada, vou deixar você saber onde os
desafios podem estar e você pode me informar o que quer fazer. Você
acha que nós podemos fazer isso?
— Eu vou tentar. O que não nos mata nos torna mais fortes,
certo?
— Você acabou de citar Kelly Clarkson?
— Não, Nietzsche. — Harper respondeu com um sorriso silencioso.
— Não descreveria você como um fã da Kelly.
— Não. E se alguma vez você mencionar essa conversa, eu vou
negar todo o conhecimento dela.
Finalmente, um sorriso.
Trent estudou-a quando ela tirou a blusa pela segunda vez.
Qualquer pensamento inapropriado que passou pela sua cabeça
desapareceu no momento em que ele viu a extensão dos ferimentos.
Suas mãos ficaram frias e pela primeira vez em anos, ele se
perguntou se elas iriam continuar ficando frias. As luvas fizeram um
som estalado quando ele as puxou.
— Você quer que eu tire sua camisa?
— Não. — Ela disse rapidamente, puxando-a contra o peito. — Eu
só vou mantê-la... é... aqui.
Ele posicionou umas luzes que brilhavam em linha reta nas costas
dela, o que deixou as cicatrizes mais surpreendentes no relevo. Trent
apertou os lábios e soltou um suspiro suave. Seus ombros tremeram
ao ver que ela segurava a camiseta em seu peito como um cobertor de
segurança.
Dando um passo para trás, ele caminhou até a frente da cama e
sentou-se num banquinho com rodas.
Harper olhou para ele com medo e com uma forte determinação.
Ele se inclinou para frente, descansando os braços sobre os joelhos.
— Eu quero que você toque no meu braço. Nada assustador ou
estranho. Basta me tocar.
— Para que? Quero dizer, por que você quer que eu faça isso?
— Quando eu te toquei lá fora, anteriormente, você se retraiu.
Estou pensando que se você se acostumar em me tocar em primeiro
lugar, talvez você não se sentirá tão estranha.
Os dentes perfeitamente brancos de Harper, suavemente
morderam os lábios rosa.
Colocando o braço sobre a cama, com o lado interno voltado para
ela, Ele esperou pacientemente.
Timidamente, Harper levantou a mão esquerda, novamente seus
dedos se contraiam como se ela estivesse passando os dedos nas
teclas de um piano. Segundos se passaram. Inferno, ele poderia
esperar toda a noite se era isso o que ela precisava.
Ela exalou lentamente enquanto abaixava a blusa e movia seu
braço em direção a ele. Passando os dedos levemente pela sua pele,
ela começou com a parte interna do seu pulso, acariciando a
cobertura de gotas de sangue no canto de uma cruz tatuada no canto
de sua pele.
Estudando a tinta que tocava, podia vê-la em uma nova luz,
enquanto ela continuava pelo cotovelo, novamente se lembrou do
quão incrível um artista júnior poderia ser.
Seu toque era como uma lufada de ar sussurrando contra ele. Ele
assistiu a ponta de seu dedo escovar sobre a tinta, a pressão suave
provocava arrepios na sua espinha. As pontas dos dedos dela eram
tão frias como o mármore.
— É lindo. Você vai explicar isso para mim?
Trent estudou seu rosto enquanto ela continuava a tocá-lo. Com a
pele impecável, uma maçã do rosto elevada e longos cílios escuros que
ondulavam suavemente.
— Certo. Você conhece A Divina Comédia?
— A banda?5
Trent sorriu.
— Não, todas as minhas tatuagens são da Divina Comédia de
Dante. Algumas pessoas chamam “O Inferno de Dante”, mas isso não
é totalmente correto. São três capítulos. Inferno, Purgatório e Céu.
— Então, isso é...? — Harper fez uma pausa. — Céu. — Ele
levantou seu braço esquerdo e mostrou o Inferno e em suas costas, o
Purgatório.
Ela continuava acariciando lentamente seu braço, seus dedos
suaves enviavam tremores por todo seu corpo enquanto ela
atravessava o numeral romano XII. Ele ficou tão animado para
mostrar a Cujo depois de ter feito.
Cujo adorou até o ponto em que Trent contou-lhe tudo sobre as
doze almas que iluminam o mundo intelectualmente. Então, ele
apenas riu e chamou-o de burro imponente.
— Beatrice conduz Dante através de nove esferas celestes,
começando com a lua deixando-a inconstantemente aqui. — Ele
apontou para o Rosário enrolado em volta do seu pulso com uma cruz
presa no arame farpado. — As almas que abandonam a sua fé. Elas
sobem no meu braço até o nono Primum Mobile, o lar dos anjos. —
Ele aponta para a parte superior do bíceps. — Meu ombro é o destino
final. O firmamento, onde Deus mora.
Levantando o braço, ele deixou-a traçar as letras que estavam em
torno dele apenas acima do cotovelo. Tinha levado uma eternidade
para Junior conseguir que o texto ficasse azul-escuro com as estrelas
perfeitamente em torno dele e a maldição de Dante descrevia o

5
Ela pensa que ele está falando de uma banda britânica chamada The Divine Comedy (A Divina
Comédia).
“padrão de luzes” com tantos detalhes. .Diligite iustitiam qui iudicatis
terram.
— Você ama a justiça, vós que são juízes na terra. — Ela disse,
surpreendendo-o.
— Você conhece Dante?
Harper deixou cair à cabeça para se concentrar novamente em
suas tatuagens.
— É uma citação popular, não é?
Ele não tinha certeza.
— É a sexta esfera celeste. Júpiter, casa dos Governantes.
Os dedos dela continuaram sua perseguição lenta, brincando e
deslizando através das estrelas fixas de fé, esperança e amor.
— Nunca vi nada parecido. — Cara, aqueles olhos eram outra
coisa. Ela os levantou do seu braço para o rosto dele.
— Você vai ficar bem se eu tocar em você agora? — Ele sentiu a
ausência dos dedos dela, assim que deixaram a sua pele.
Harper franziu os lábios.
— Honestamente não sei. Eu acho que sim. Só vá devagar, ok?
Não deixo ninguém ver ou tocar minhas costas em anos. Só de você
fica em pé atrás de mim já é muita coisa.
O que era uma responsabilidade incrível ela confiar nele. Ele se
sentia homenageado.
Trent levantou e empurrou o banquinho de volta para o canto.
— Confie em mim. Tenho você.

***

A cabeça de Harper estava girando e não era somente pelo medo.


Tocando um outro ser humano, de uma pequena, mas incrivelmente
forma íntima, a deixou sem fôlego.
Os braços fortes de Trent, sua incrível paciência e a forma suave
em que ele tinha feito para ajudá-la. Debaixo do sentido usual de
pânico e medo, ele tinha conseguido provocar sentimentos em seu
corpo que estavam enterrados e dormentes por anos.
O movimento em seu estômago era uma mistura de desconforto e
alívio. A parte dela que ansiava por outro toque não era
completamente quebrado. Tal como aquela pessoa que sente o
chamado do oceano, mas não consegue nadar, ela sentia uma atração
entre ambos, porém não sabia como responder e ao mesmo tempo
ficar segura.
— Como você está, Harper? — Trent não a tinha tocado ainda,
mas ele estava em pé bem atrás dela. Ela podia sentir seu hálito
quente em sua pele.
— Um pouco tonta, para ser honesta.
— Ponha sua cabeça entre os joelhos. Eu sou muito grande, isso
acontece o tempo todo, por isso não se sinta mal com a adrenalina.
Tome algumas respirações lentas e profundas. O que você está
fazendo esta noite é um grande passo.
Ela fez o que ele disse. Suas botas pretas arranhadas
desapareceram da sua linha de visão e reapareceu um minuto mais
tarde.
— Por favor, não desmaie e caia da cama, meu seguro não cobre
dental. Eu tenho um pano frio para pôr na parte de trás do seu
pescoço. Eu só vou mover o seu cabelo e colocá-lo lá, ok?
— Claro. — Foi um pouco mais fácil ser tocada dessa vez, seus
dedos roçavam suavemente a parte de trás de seu pescoço, enquanto
ele colocava o pano frio.
— Melhor? — Perguntou ele enquanto acariciava seus cabelos. Seu
toque era realmente reconfortante. — Às vezes demora um pouco.
— Estou bem melhor. Obrigada.
Trent voltou ao redor da cama. Suas mãos se moviam
sistematicamente do seu pescoço até abaixo das suas costas, parando
aqui e ali.
Ela sabia que as cicatrizes eram grandes. A primeira linha da letra
M. A linha reta para baixo na letra P. A linha que ressaltava
"putinha". Os traços que foram feitos com mais raiva tinham causado
o maior dano.
Suas emoções ameaçaram levá-la lá mais uma vez, engolindo-a
inteira. Era tão embaraço se colocar em tal posição. Ela sentia raiva
de si mesma por ter permitido que outra pessoa a danificasse assim.
A Frustração de acreditar que a polícia iria mantê-la segura. O relevo
das cicatrizes era a única coisa que Trent podia ver, ele não sabia
tudo o que tinha acontecido naquela noite horrível. Havia algo
completamente diferente enquanto suas mãos enluvadas
continuavam a tocar sua pele com reverência. Ela focou em contar
suas respirações, chegando a dez antes de começar tudo de novo.
— Tudo bem, Harper. Vamos fazer. — Ela ouviu o estalo das luvas
quando ele as tirou.
Trent tomou um momento para remover o pano quente da parte de
trás do pescoço dela, despachando tanto ele quanto as luvas na lata
de lixo de aço.
Ela puxou a camiseta sobre a cabeça rapidamente, refugiando-se
da mesma.
Trent caminhou ao redor da cama para ela, puxando o banquinho
para trás.
— Tenho uma boa notícia e uma boa notícia. Qual você quer
primeiro?
— A boa notícia, eu acho. — Ela parecia incerta, o que era muito
melhor do que parecer assustada.
— Há muito que podemos fazer para esconder isso.
— E qual é a outra boa notícia?
— Eu quero muito fazer.

***
— A tatuagem é simples. O tatuador insere uma agulha com tinta
onde quer que ele queira. No entanto, se houver algo diferente sobre a
pele, a tinta não vai pegar. A maior parte da sua cicatriz eu vou poder
tatuar e digo com bastante certeza que a tinta vai ficar onde
queremos.
Isso não era como nenhuma outra sessão que ele já tenha feito.
Claro, ele já tinha tatuado centenas de cicatrizes. Queimaduras.
Acidentes de moto. Mas nada como isto. E isso iria levar algum tempo
e paciência entre ambos.
— Algumas das maiores cicatrizes e eu diria que há três que se
enquadra nesta categoria, podem ser menos previsíveis. Então, você
tem duas opções com elas: o projeto pode conter apenas
sombreamento com nenhum detalhe de difícil contorno, ou podemos
contornar as cicatrizes completamente mostrando-as. Contudo, elas
não significaram mais nada. Só a verão como marcas abstratas.
Trent tomou um momento para deixar que ela absorvesse. Sem
pensar, ele estendeu a mão e segurou a dela contraindo nas dele,
acalmando o movimento frenético de seus dedos frios com as palmas
das mãos. Ela não tentou afastar-se imediatamente, o que ele tomou
como um sinal de progresso. O tremor acalmava enquanto ele
continuava a segura-la.
— Você está muito tranquila, querida. Vai ficar comigo? — Ele
queria puxá-la para perto e envolver seus braços em volta dela. Com
toda certeza ela estava mal, mas ao mesmo tempo, ele sabia que ela
estava com ele.
— Me desculpe. É só... — Ela o olhou enquanto seus olhos
brilhavam com lágrimas. — Queria ter feito isso há muitos anos e
estava com medo de que você dissesse não.
— Não vou dizer que não. Não agora. A menos que você queira
uma tatuagem idiota do Piu-Piu. — Ela soltou uma pequena risada,
assim como ele esperava. — Mas preciso saber o que tem em mente.
As cicatrizes não desaparecem totalmente, mas a tatuagem
certamente vai enganar quando olharem.
— Não tenho nada de muito concreto. — Ela disse. — Porque eu
quero poder trabalhar com as cicatrizes, mas não sei o que poderia
fazer. Eu quero fazer como meu mantra: O aço mais forte é forjado no
fogo mais quente. O aço de uma faca fez isso comigo, porém de
alguma forma sobrevivi e vou passar por cima disso. Eu imagino as
palavras em um roteiro forte e uma espécie de espada sendo formada
em chamas. E espero que as chamas possam cobrir a maioria das
minhas costas. Ah e quero que também seja feminino.
— Grande tema. Forte e poderoso. Eu estou supondo que as
cores...
— Sim. Eu... — Harper de repente parou, mordendo o lábio e
olhando para o chão.
Ele soltou uma das suas mãos, tocando em seu queixo, não
conseguia resistir, ele queria olhar para ela, precisava vê-la. Ela
estremeceu com o contato e ele tirou a mão.
— Você o quê? — Ele perguntou, chutando-se mentalmente por
assustá-la.
Sua voz tremia e ele sabia que as lágrimas estavam a um momento
de distância.
— Eu quero que seja tão incrível que ninguém nem ao menos tente
descobrir o que as cicatrizes são.
Chegando ao balcão, Trent pegou uma caixa de lenços colocando
ao lado dela. Seu tipo favorito de tatuagem. Nada determinado pelo
cliente, ou seja, ele poderia deixar seu fluxo criativo fluir. E esse era o
ponto ideal onde ele fazia seu melhor trabalho.
— Acontece que tatuagens incríveis é minha especialidade, então,
não se preocupe. Porém, uma grande parte das suas costas vai
demorar bastante, por isso, preciso de compromisso da sua parte.
Podemos ir tanto quanto você pode, mas a criatividade começa a ficar
sufocante depois de quatro ou cinco horas. Então, gostaria de sugerir
blocos de três a quatro horas. Talvez menos para começar. Ficar
apenas na cama vai ser difícil para você em primeiro lugar. O quão
rápido você deseja fazer?
Puta merda. Seu sorriso era deslumbrante. Um pouco triste, mas
bonito. Assumiu todo o rosto dela. Seus olhos pareciam mais perto de
esmeralda agora e brilhavam. Ele viu como ela calmamente se
recompôs. Ela endireitou os ombros, balançou a cabeça até que seu
cabelo caiu em suas costas enquanto soltava um longo suspiro.
— Para ontem é rápido demais?
Rindo, ele agarrou suas mãos novamente, tentando não levar isso
a nada pessoal quando ela estremeceu.
— Se eu pudesse. Isto poderia durar entre cinco ou até seis
sessões, dependendo de quanto tempo você pode ficar na cama e nós
vamos ter que dá espaços, preferencialmente a cada duas semanas.
Você precisará de tempo suficiente entre as sessões para se curar. Por
que não começamos comigo desenhando alguma coisa para você
amanhã ou algo assim? Eu vou fazer até algumas opções de design e
um preço bom para você. Pode entrar para dar uma olhada no design
quinta-feira e depois, vou descobrir por onde começamos?
— Sim. Eu não sei o que dizer. Dizer obrigada parece tão
inadequado.
— Espere até que esteja pronta, Harper. Você pode me agradecer
depois. Mas você vai me odiar só para começar.
Não adianta, porra. Após um último rolar na cama, o
sono já tinha ido embora durante a noite. Jogando as
cobertas de volta, Trent olhou para o relógio. Era apenas sete
horas antes de seu alarme disparar.
Sentando, ele ajustou sua ereção matinal e arrastou as duas mãos
pelo cabelo. Apenas cinco horas se passaram desde que ele colocou
Harper em um táxi por insistência, no entanto, ela era a razão pela
qual que ele estava acordado tão cedo... Visões dos dois se
embrulhando no lençol branco e nada mais, todos aqueles longos fios
escuros caindo sobre seu peito, encheram seus sonhos. Ele precisava
parar de pensar sobre isso agora, antes que ele tivesse um caso sério
de bolas azuis.
Puxando uma calça moletom, Trent entrou em sua cozinha e
pegou o pó de café e os filtros. Parecia que todo mundo tinha aquelas
máquinas de uma xícara que substituiu essas coisas de plástico, mas
parece um desperdício para ele. Você só acabou com metade de um
copo, depois de todo esse plástico, e, pelo menos, seu filtro de café
velho poderia ser reciclado.
Quando o café começou a ferver, ele agarrou seus materiais de arte
e seu laptop que estava na prateleira da sala e os colocou sobre a
mesa de bistrô na cozinha.
Ele começou a visualizar a tatuagem de Harper no momento em
que ela começou a falar sobre isso. Estava na sua mente e não o
deixou dormir até que desenhasse. Algumas das suas melhores obras
de arte começaram dessa forma, uma visão completamente formada
em sua mente que exigia cada grama de sua concentração, para ele
ter sucesso e poder colocar tudo no papel. Esse processo era a ruina
da sua adolescência quando seu talento ainda estava se formando e
mesmo assim, ele ainda não era capaz de processar o caleidoscópio de
imagens que caia em sua mente. Ainda era uma surpresa para ele
sobre a sua capacidade de capturar toda a extensão da sua
imaginação e desenha-lo, seja em um corpo humano ou em um
pedaço de papel.
O projeto seria ousado e brilhante. Quase tridimensional. Haveria
muito espaço para adicionar símbolos e camadas de significados
ocultos. Era um tema forte e uma oportunidade de fazer algo
realmente original. Ela estava certa ao dizer que a espada poderia ser
muito masculina, porém, se ele tatuar as chamas com imagens de
flores e uma escrita com caligrafia suave, o efeito seria
definitivamente suavizado.
Ouvindo o borbulhar final do bule de café, ele serviu-se de uma
grande caneca fumegante. Fala sério, nada melhor que o primeiro gole
de café da manhã. Bem, a menos que você inclua acordar com uma
mulher doce e sensual em seus braços. Isso realmente era a maneira
perfeita de começar o dia.
Sentando na cadeira, ele visualizou as belas características de
Harper e pegou a caneta.

***

Extasiante? Não. Cativante? Não era bem isso. Que tipo de


professora de inglês não conseguiria achar uma palavra para
descrever os olhos de Trent? Eles eram, o que? Oh. Fascinantes.
Agora havia uma boa palavra.
Uma voz irritada atravessou o devaneio de Harper.
— Com licença, senhorita. Eu disse que gostaria de um copo
grande de descafeinado.
Com um rápido pedido de desculpas, Harper fez o pedido. Ela
entregou a cliente e recebeu o pagamento. A mulher o pegou
rapidamente sem deixar um agradecimento, não que Harper merecia
um.
José saiu da porta em estilo saloon6 da cozinha.
— O que há com você hoje, chica? Você está com a cabeça em
outro lugar. Está se sentindo bem?
— Não consegui dormir muito bem na noite passada. — Fazia três
horas desde que Harper tinha finalmente baixado a adrenalina e
quatro antes que tivesse desmaiado.
— Aquele cara que mora acima de você fez muito barulho de novo?
— Eddie, do apartamento onze, era bom o suficiente. Ele olhava para
ela de uma forma fraternal. Mas a combinação de seu trabalho como
segurança em uma boate e seu amor pela guitarra metal, muitas
vezes significava gritos que perturbavam seu sono.
— Não. Eddie está bem. Ele está tentando manter o barulho baixo.
Eu devo estar ficando doente. — Ela se sentiu mal por mentir, mas
Trent a deixou confusa e isso ia demorar mais do que um par de
horas de repouso para digerir isso.
— Olha, Drea acabou de entrar e não está tão cheio. Por que você
não sai mais cedo e vá para casa? Descanse um pouco. Não venha
amanhã, se você ainda se sentir doente.
Harper forçou um sorriso apertado.
— Obrigada. — Preocupação gravavam suas feições quando ele
olhava para ela, mas ele nunca havia perguntado a ela sobre seus
problemas. Ela queria desesperadamente sair, só não queria sentir-se
como se estivesse tirando proveito da natureza doce de José. — Eu
vou estar aqui no próximo turno.
Ela foi para a sala de descanso pegar a sua bolsa, sentia-se
culpada por mentir para José, mas estava tão exausta que mal
conseguia pensar.
— Hey, Harper. Ocupada hoje? — Drea cumprimentou-a quando
entrou, não olhando para cima, estava ajeitando o cabelo em um
coque bagunçado usando o espelho na parte de trás da porta.
Harper se sentou.

6
Um saloon é uma espécie de bar típico do Velho Oeste norte-americano. Os saloons serviam clientes
típicos daquela época e região.
— Nada mal. Poucas gorjetas. — Disse ela com um bocejo. — Eu
estou indo para casa.
A batida do armário reverberou ao redor da pequena sala de
descanso quando Drea se deixou cair sobre o banco ao lado de
Harper, fazendo com que seus ombros se tocassem brevemente.
Harper se encolheu com a conexão, mesmo que fosse com uma das
únicas pessoas que sabia alguma coisa sobre seu passado.
A partir do momento que Drea a entrevistou há dois anos para o
trabalho no José’s, Drea não tinha levado seu comportamento
retraído como algo mais do que um desafio. De alguma forma, Drea
conseguiu fazer seguir sua vida e Harper estava contente com isso.
Mas, mesmo assim, Harper esperou até três meses atrás para contar
para ela uma pequena parte do que Nathan tinha feito e por que ela
estava se escondendo.
— Realmente? Você está bem?
— Cansada. Não consegui dormir direito.
— Se aquele estúpido do Eddie está fazendo barulho de no...
— Não é Eddie. — Harper cortou o discurso rapidamente. — Eu...
— Respirando fundo, Harper soprou o ar para fora de novo
lentamente.
— Eu, o quê? — Drea virou-se de seu assento para olhá-la
diretamente no rosto. — O que você fez? — Suas sobrancelhas
levantaram. — Espere. Este é um novo olhar para você. Você
realmente está com um olhar culpado.
— Eu fui ver se eu poderia fazer uma tatuagem.
— O quê? Espere. Mesmo? Onde? — Drea estreitou os olhos.
As mãos de Harper queimavam, com a incapacidade de controlar a
onda de pânico causada por simplesmente falar sobre seus planos.
— Minhas costas. Eu fui nos Second Circle Tattoos.
— Whoa. Isso é enorme. Eu não tinha ideia que você estava
considerando isso. Como foi? Você está bem? — Perguntou Drea, com
a preocupação suavizando seus traços dourados.
— Não, eu me apavorei como uma grande covarde. Mas sim, eu
vou ter algo elaborado. Eu sei como você se sente sobre tatuagens e,
quatro anos atrás, eu teria concordado com você, mas, por favor, não
me julgue por isso.
— Você está brincando? — Os olhos de Drea se arregalaram. —
Como você pode dizer isso? Eu só não quero para mim, mas eu posso
ver porque você iria querer.
— Eu ainda não sei se eu vou fazer com ele. Vamos ver na quinta-
feira. — As covinhas de Trent apareceram em sua mente por um
breve momento.
— Espere um segundo. O que é isso no seu rosto? O que mais você
não está me dizendo?
— Nada.
— Nada minha bunda. Calma aí. Quem você disse que foi ver?
Second Circle Tattoos? É aquele estúdio desse cara gostoso? Super
alto com um tipo de cabelo bagunçado que você só quer enfiar as
mãos?
Harper se esforçou para esconder o sorriso.
— Então?
— Você está gamada pelo cara da tatuagem! — O grito foi tão alto
que poderia ter rachado o vidro. — Não posso dizer que culpo você.
Esse cara é um copo longo de água gelada. Coberto de muitas
tatuagens, mas quente do pescoço para cima, no entanto.
— Seu nome é Trent e não, eu não estou. Ele é bonito e tudo. E
realmente, realmente bom em tatuar.
— Trent, não é? Bem. — Drea bateu seu ombro. — A primeira vez
vai ser a mais difícil. Você sabe disso, certo? E eu nunca vi esse olhar
em seu rosto. Tenho que admitir. Parece bom aí.

***
Era uma maldita obra-prima. Trent estava trabalhando na
tatuagem de Harper e tomou a maior parte do seu dia, enfurnou-se
em seu escritório no intervalo entre seus clientes para terminá-la. Ele
foi pelo caminho mais longo do que o habitual em pesquisa e seus
olhos começaram a rebelar-se com a ideia de pesquisar outra coisa.
Tudo em torno de uma espada espetacular. O simbolismo vida e
morte de uma espada de dois gumes que representaria a vitória de
Harper sobre seu ataque.
Nos sonhos, as espadas geralmente representavam justiça e
coragem. Harper já tinha mostrado coragem em espadas e ele
esperava que ela tivesse justiça.
O punho foi enfeitado em pedras preciosas e símbolos celtas. Ele
sabia que a partir da conversa de ontem à noite, que ele poderia saber
o que aquilo significava, mas ele entendia que de alguma forma, ela
esperaria ele começar a tatuar suas costas para poder explicar seu
simbolismo.
A espada iria ficar linha reta em sua coluna vertebral. Ela foi
menos marcada lá, que a princípio não tinha feito nenhum sentido
para ele. Até perceber que a faca foi parada quando tocou o osso. Um
sentimento pesado estabeleceu-se em seu estômago. Ela teve sorte
que seu agressor não tinha danificado sua coluna vertebral.
Ele precisa de um esboço de suas costas para que pudesse expor o
desenho e alinhá-lo com as suas cicatrizes. As chamas, que ele
desenhou livremente chegariam em torno das rochas e subiriam pelos
lados exteriores das costas de Harper.
Inclinando-se para trás na cadeira, ele esfregou as mãos sobre o
rosto e nos cabelos.
A porta do escritório se abriu com um estrondo e Trent olhou para
cima, uma vez que a mesma bateu na parede.
— O que você está fazendo?
Ele soltou a respiração que não tinha percebido que ainda estava
segurando.
— Hey, Cujo. E aí, cara?
— Uau. Isso é seriamente uma tatuagem dolorida. Bom trabalho,
cara.
— Eu sou a porra de um gênio, eu sei. — Ele sorriu.
— Modesto também. — Cujo virou o esboço da tatuagem em cima
da mesa para que ele pudesse vê-lo melhor. — É para uma menina,
claramente. Vai demorar um pouco. Quem é ela?
Como descrever Harper? Por onde começar?
— Novo cliente. — Trent viu Cujo passar o dedo pelas bordas de
fogo. Não poderia falar sobre a sua situação com ninguém, nem
mesmo com seu melhor amigo, parecia um abuso de sua confiança.
— Ela já é tatuada? — Cujo mudou da mesa e sentou-se no braço
do sofá.
— Não. — Trent puxou o desenho mais perto. Era uma loucura,
mas assistir Cujo tocá-lo o irritava. Ele pertencia a Harper. E ele. Algo
profundamente pessoal entre os dois.
— Está tudo bem, cara? — Melhor amigo ou não, Trent não estava
pronto para compartilhar seus pensamentos.
— Sim. Por que?
— Você está sendo um binário7 em suas respostas. Você está
parecendo um bocado cauteloso.
Franzindo os lábios, Trent pegou sua caneta e começou a girar ao
redor de seus dedos.
— Apenas não quero entrar em detalhes. É a história dela, não
minha.
— Será que ela sabe da dor que vai passar para fazer para isso?
— Não mais do que o que ela já passou. — A pior dor não seria
física. O verdadeiro teste seria quando ele colocasse a máquina de
tatuagem em suas costas e fizesse o primeiro esboço. Ele só podia
imaginar o inferno emocional que ela passaria.

7
Binário: é a menor unidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida, usada
na Computação e na Teoria da Informação.
***

Era uma ideia idiota. Harper olhava para a caixa branca na mão.
Trent foi tão gentil com ela ontem, insistindo em conseguir um táxi
para casa e até mesmo indo longe demais pagando o motorista com
antecedência, que ela quis fazer algo para agradecer. Os bolos
pareciam uma ótima ideia, mas agora, do lado de fora do estúdio,
Harper não estava tinha tanta certeza.
Respirando fundo, Harper endireitou os ombros e entrou na loja.
Cada estação de tatuagem tinha alguém, alguns deitados de frentes e
outros sentados e havia uma fila de pessoas esperando na recepção.
Harper empalideceu quando viu um cara careca ter a imagem de um
cérebro tatuado em seu crânio. Ela desviou o olhar rapidamente
quando ele sorriu para ela, revelando um conjunto de dentes de ouro.
Um casal de jovens estava em pé perto da porta absortos em um
vídeo de rap. Um grupo de meninas estavam sentadas no sofá preto
preenchendo pedaços de papel ligados a uma prancheta. Música alta
soava e vídeos de rock estavam nos televisores de tela plana com
máquinas de tatuagem zumbindo ao fundo. Em comparação com o
silêncio da noite anterior, era um ataque sonoro.
Uma jovem mulher pequena com brilhante cabelo roxo cortado
sentou-se na recepção, com o telefone escondido entre a orelha e o
ombro enquanto ela furiosamente digitava algo em seu laptop. Seu
cabelo combinava com seu metálico bustiê roxo e unhas roxas longas.
Trent estava mesmo aqui? Harper olhou em volta até que viu o
boné de beisebol preto, o cabelo bagunçado escuro saindo nas costas
dando-lhe distância. Ele estava fazendo a parte de trás da perna de
um homem. Um dragão feroz cuspindo fogo estava tomando forma,
envolvendo-se em torno da panturrilha do cara.
— Oi. Posso ajudá-la? — Perguntou a moça da recepção. — Você
tem um compromisso marcado? — Ela se inclinou sobre a mesa,
revelando redemoinhos incrivelmente realistas de flores coloridas no
braço.
— Ei. Não. Eu só... hum... bem, vim ontem à noite e vi Trent. Ele
está fazendo um projeto para mim. Eu só trouxe esses doces para
dizer obrigado. — Oh meu Deus. Como isso soou pouco convincente?
— Eu posso ver que ele está muito ocupado. Posso deixá-los aqui e
você pode dar a ele mais tarde?
A mulher deu um sorriso brilhante.
— De jeito nenhum. Se você os deixar aqui, Cujo, o vácuo
humano. — Ela apontou a caneta na direção a um enorme cara
atraente com bíceps bem definidos, com a cabeça raspada e um
piercing na sua sobrancelha. — Vai comê-los antes de você sair por
aquela porta.
O homem chamado Cujo olhou para cima e jogou um beijo para a
recepcionista que retornou com uma língua para fora. Ele olhou para
Harper, com um olhar estranho de reconhecimento aparecendo em
seu rosto.
— Trent. — A recepcionista gritou por cima da música. — Entrega.
— Trent parou o que estava fazendo e virou-se em seu banquinho. Ele
sorriu para ela, colocando a máquina para baixo e inclinando-se para
dizer algo para seu cliente.
— Hey, Harper. E aí? — Ele disse, indo até ela.
Ele tirou as luvas pretas e jogou-as no lixo. Ele estava vestindo
uma camiseta preta, as mangas curtas destacavam seus braços
incríveis e jeans escuros que pendiam baixo em seus quadris.
— Eu trouxe isto para você. Para dizer obrigada. Pela noite
passada. — Ela viu Cujo olhar para cima a partir de sua estação e
levantar a sobrancelha perfurada para Trent.
— Foda-se, Cujo. — Trent latiu, mas ele estava sorrindo.
O calor subiu por suas bochechas. Tinha certeza de que seu rosto
estava vermelho brilhante.
— Merda, não gosto disso. Somente.... Você sabe o que eu quero
dizer. — Trent riu, sua humilhação agora estava completa. Ele olhou
para a caixa de pastelaria que ela segurava e lambeu os lábios.
— Mmm. Eu pulei o almoço. O que você tem aí?
Ele colocou uma das mãos sobre uma das dela e usou a outra
para abrir a tampa. Seu coração começou a bater forte quando seu
mecanismo de luta ou fuga apareceu. Um redemoinho de tontura
tomou conta dela quando a caixa balançou em seus dedos. Ele olhou
de suas mãos para seus olhos, quase desafiando-a a se afastar.
Trent se inclinou para ela, sussurrando.
— Nós fizemos isso antes, Harper.
Sua mão estava quente por cima da dela e apesar do sangue subir
à cabeça, não era debilitante tanto quanto esse tipo de contato
normalmente seria. Ela respirou fundo.
— Éclairs!8. — Ele pegou uma, dando uma mordida enorme, com
seus dentes brancos e perfeitos. — Cara, isso é bom. — Ele parecia
alheio ao seu ataque de pânico interno.
— Eu não sabia o que você gostava, então eu trouxe-lhe um pouco
de tudo. — Harper finalmente conseguiu falar.
— Sério, dezessete tipos de obrigado. — Ele murmurou com a boca
recheada de confeito açucarado. — Você não tem que fazer isso. —
Ele deu outra mordida gigante.
Ela se perguntou brevemente se seus lábios seriam tão suaves
quanto pareciam. Trent sorriu para ela quando ela corou,
imediatamente vergonhada de ser pega olhando.
— Como você está depois de ontem à noite?
Ela olhou ao redor, muito ciente do número de pessoas no
pequeno espaço.
— Bem. Eu acho. — Ela sussurrou enquanto o observava colocar o
último pedaço de éclair em sua boca antes de lamber o chocolate e
creme do seu dedo. Como poderia um cara parecer tão incrível
fazendo algo tão terrivelmente mundano quanto comer?

8
Éclairs: Éclair (Portugal) ou Bomba de chocolate (Brasil), também conhecida como água do pote, é um
doce de confeitaria caracterizado pelo formato longo, feito com massa de farinha de trigo, com recheio
cremoso (geralmente de natas ou chocolate) e cobertura de calda de chocolate endurecida.
Os dedos de Trent tocaram os dela quando ele pegou a caixa.
Vozes da fila de pessoas atrás dela o distraiu. Ela se virou para ver
duas meninas discutindo com Pixie sobre o seu tempo de espera, um
lembrete de quão ocupado Trent estava.
Era tola para fazer uma parada assim. E estranho. Harper acenou
com a cabeça em direção à porta.
— De qualquer forma. Desculpe por interromper. É melhor eu ir.
Trent olhou para ela, com as sobrancelhas franzidas por apenas
uma fração de segundo. Um lampejo de frustração cruzou seu rosto.
— Não se preocupe com a interrupção. Sempre apareça. Desculpe-
me não ter mais tempo agora. Está uma espécie de loucura hoje. —
Ele acenou com a cabeça em direção ao sofá de espera para as
pessoas. — Você ainda quer vir amanhã para verificar o seu projeto?
— Sim. Vou sair às três. Posso aparecer então?
— Parece bom. Eu vou me certificar de que esteja livre. E Harper,
eu estava falando sério quando disse que você deve aparecer por aqui
sempre.
— Ok, bem, eu vou vê-lo então. Tchau, Trent.
— Harper. — Ele chamou quando ela chegou à porta. Virando-se
ela viu-o tomar outra mordida de um dos doces. — Lembre-se. A
qualquer momento. — Disse ele com uma piscadela.

***

— Tchau, Harper! — A voz de canto de Cujo rolou por cima da


música.
— Vai se foder, cara.
— Ah, vamos lá! Pintinho bonito em queda por doces para dizer
muito obrigado por ontem à noite. O que mais um homem pode
pensar? Você está pedindo por essa merda. Você vai partilhar o que
diabos têm nessa caixa?
— Nah. São todos meus irmão e homem, que gosto bom. — Ele fez
um grande show de pegar outro doce da caixa e comê-lo no caminho
de volta para sua estação de trabalho.
Rindo da saudação de um dedo de Cujo, ele ofereceu ao seu cliente
um dos doces, não porque ele era um cara legal, mas porque seria
rude comê-los todos, até porque o cliente estava deitado na cama à
espera de sua tatuagem.
Era uma surpresa vê-la ali de pé em seu estúdio, no entanto, por
alguma razão parecia muito certo. Parecia como se estivesse um
milhão de graus lá fora. A maioria das meninas em Miami estavam
vestindo tão pouco quanto humanamente possível, mas ela ainda
conseguiu parecer adorável em sua camisa de botão branca.
Suas escolhas de moda faziam muito mais sentido agora que ele
sabia o que ela estava escondendo. Ele não podia imaginar ter algo
tão pesado pairando sobre sua vida. O que significava "ficar no
passado?” “Simplesmente sobreviver?” Isso não parecia suficiente.
Sentindo-se culpado, ele gritou para Cujo.
— Você pode ter um, se você fechar para mim esta noite, cara.
A caixa foi levada de suas mãos antes de ele terminar a frase.
— Eu deveria estar aqui até perto de você fechar de qualquer
maneira, idiota. Cara, o que você fez para justificar ganhar isto afinal?
— A tatuagem que você viu esta manhã. É para ela.
— Sem brincadeira. Mesmo? Qual é a história?
Trent engoliu em seco. Ele e Cujo não tinham segredos. Eles foram
melhores amigos por muito tempo. Desde o primeiro dia do jardim de
infância. E dado que o mesmo reconheceu que ele estava se
comportando estranhamente, era apenas uma questão de tempo
antes de Cujo desconfiar.
— Basta esquecer isso por agora, Cujo. Aqui. Leve a caixa até a
geladeira para mim. Eu tenho que voltar para isso.
Trent passou a mão pela sua mandíbula. Sua barba por fazer
geralmente garantia a distração de tudo o que acontecia ao seu redor,
mas ele estava certo de que não seria capaz de parar de pensar na
mulher intrigante que acabou de se afastar.
Seu almoço estava ameaçando voltar, como acontecia
na maioria das tardes. Sentimentos que ela passou os
últimos quatro anos enterrando voltaram de novo para ela.
Deus, se só em pensar em ir ver o projeto a fazia sentir-se tão
mal, como vai ser quando ela chegar à cadeira?
Harper desceu do ônibus. Um carro da polícia estava estacionado
na rua, os policiais conversavam com um ciclista na calçada.
Abaixando a cabeça, ela se apressou ao passar por eles. Ela nunca
confiaria neles novamente. Se eles não tivessem retido provas, ou
mentido em seu julgamento, ele teria recebido uma sentença muito
mais longa. A amargura que queimava em seu peito era como ácido.
A caminhada do ponto de ônibus até o Second Circle levou apenas
alguns minutos, um tempo precioso para Harper se acalmar.
Harper empurrou a porta do estúdio que estava aberta, o frescor
do ar-condicionado era uma bênção. O sofá estava vazio. Apenas duas
tatuagens estavam em andamento e a música não estava tocando
através de seu esterno.
— Hey, Harper. — A mesma mulher de cabelo roxo estava atrás do
balcão. — Ele está em seu escritório. Disse para enviar você para lá.
— Ela apontou para um longo corredor em direção ao fundo do
estúdio. — Segunda porta à esquerda. Sou Pixie, a propósito.
Desculpe por ontem. Quartas-feiras não são geralmente tão loucas.
Harper nervosamente tomou a mão estendida em sua direção e
tentou não vacilar quando ela apertou.
— Obrigada, Pixie. — Disse com um sorriso tenso antes de exalar
fortemente.
Respire, disse a si mesma. Respire. Ela levantou a mão para bater
e gritou quando a porta se abriu. Trent agarrou seu braço com uma
risada antes que ela caísse de costas contra a parede do outro lado do
corredor.
— Desculpe. — Disse ele, ainda sorrindo. — Não quis assustar
você.
Sentiu-se pequena em seus braços enquanto ele a endireitava. Sua
mão livre estava do seu outro lado, enquanto seu coração tentava de
forma idiota parar a sua batida. Um bom jeito de fazer uma boa
impressão.
O calor de sua mão atravessou a blusa, queimando a pele com seu
toque.
— Vamos entrar. Eu estava apenas procurando ver se você ainda
estava aqui. — Linhas de riso enrugaram nos cantos de seus olhos,
maldição, se não o deixava com bom aspecto.
— Estou aqui. Mas, santo guacamole, eu estou com medo.
— Posso arranjar-lhe uma água ou algo assim?
— Claro. Isso seria ótimo. — Ele retirou a mão de seu braço e ela
imediatamente sentiu a perda de seu toque.
— Volto já. — Disse ele, ao sair. — Sente-se. — Ouviu-o gritar do
corredor.
Harper tomou um momento para olhar em torno do escritório. Ela
sempre tinha imaginado estúdios de tatuagem como lugares sujos e
nojentos, mas estava feliz por estar errada.
A lã cinza escura do sofá era suave na ponta dos seus dedos e as
almofadas verde-limão eram tão luxuosas que acenavam para ela cair
nelas. Podia imaginar Trent sentado à mesa comprida encostada na
parede, com foco no laptop que atualmente estava mostrando
trabalhos de arte extraordinários na proteção de tela. As imagens de
tatuagens que a manga da sua camisa cobria desde o ombro até o
cotovelo ou mesmo seu pulso. Ela se perguntou se elas eram todas
obras de Trent. No meio da sala havia uma mesa de luz que havia
vários frascos de canetas e lápis. Toda a sala era pintada em um
cinza suave. Tinha Fotografias clássicos maravilhosas, dançarinas
burlescas adornavam as paredes, as primeiras meninas que
souberam colocar a provocação através do striptease. Eles tinham
esse estilo retro clássico dos anos 1930 e 40, uma reminiscência de
Bette Davis e Jean Harlow. A partir de uma dançarina do ventre com
cabelo escuro em um sutiã adornado e saia para uma loira
deslumbrante com enormes penas e saltos brilhantes, elas eram
sedutoras, sem ser indecentes.
Afundando-se no sofá, Harper juntou as mãos. Ela não
necessitava que a cãibra da noite anterior a seguisse, então as
flexionou.
Retornando, Trent sentou-se ao lado dela entregando-lhe a água.
Ela abriu a tampa e bebeu ao vê-lo fazer o mesmo.
— Eu gosto de seu escritório.
— Você parece surpresa. — Sua boca transformou-se em um
canto, revelando a ondulação mais bonita.
— Não.
Ele levantou uma sobrancelha para ela.
— OK. Talvez.
— O que você estava esperando? Um descarrego de casa de
fraternidade?
— Honestamente... algo um pouco mais... Eu não sei... rock 'n'
roll.
— Como crânios e veludo vermelho? — Ele riu e Harper estava de
repente envergonhada por suas expectativas clichês.
— Você perguntou. — Ela respondeu com um pequeno sorriso.
— Minha irmã Kit é uma designer de interiores. Ela me ajudou
com todo o lugar. — Ele olhou ao redor da sala. — Então. Pronta para
fazer isso? — Perguntou. — Esta é a parte mais fácil.
Harper acenou com a cabeça.
— Eu acho que estou.
Trent levantou-se e foi até a mesa de luz, acendendo a luz.
Estendeu a mão para pegar o tubo de papelão marrom, tirando a
tampa de plástico enquanto puxava os papéis.
Ele estendeu a mão para ela.
— Há apenas uma regra a partir deste ponto.
Tentando não pensar demais, ela estendeu a mão e pegou a mão
dele e ele a levantou.
— O que quer dizer?
Seus olhos escuros olharam bem dentro dela com firmeza.
— Honestidade total. Uma vez que fizermos isso, ela vai estar em
suas costas por um tempo muito longo. Você precisa adorar. Não
apenas gostar. Não apenas decidir que é bom o suficiente, pois
encobre o que já está lá. Você tem que amar cada pedaço dela. Tem
que a sentir. Você não vai ferir meus sentimentos se você não gostar
dela. Nós vamos desenhá-la quantas vezes nós precisarmos para que
isso seja perfeito para você.
O que ele estava dizendo fazia sentido e esclareceu uma de suas
próprias preocupações, ela não queria ofendê-lo se não gostasse do
que ele tinha desenhado para ela.
— OK. Isso eu posso fazer.
Desenrolando a obra de arte sobre mesa, lentamente o design foi
se revelando para ela. Era demais para absorver. As cores chamaram
sua atenção e as belas linhas capturavam seu fôlego. Ela levantou as
mãos ao rosto em uma oração.
Ela podia sentir Trent estudando-a, examinando sua reação. A
primeira lágrima rolou pelo seu rosto enquanto ela se movia para ficar
na frente ao esboço e tocando-o com dois de seus dedos.
A espada, com seu punho de joias e cada detalhamento era
espetacular. As chamas eram tão vívidas e pareciam tão reais que
seus dedos ficaram quentes enquanto acariciavam elas, mas a
maneira como elas se transformavam em flores de fogo era linda. A
pedra era de granito escuro com faíscas dentro dela. E o script estava
perfeito. A fonte itálica inclinada rodando pelo fogo simplesmente
declarava: "... o aço mais forte...o fogo mais quente" era tudo o que ela
esperava que seria. Ela moveu os dedos sobre ele uma segunda vez.
Trent veio para ficar ao lado dela.
— Gostou?
— Se gostei? Está excelente. — Sussurrou, lutando para controlar
suas emoções. — Eu nunca... eu quero dizer... merda... desculpa. Eu
nunca vi nada parecido com isso. Tem certeza de que pode fazer isso
por mim?
— Sim. Veja esta área aqui, onde tem apenas chamas? É aí que as
duas maiores cicatrizes verticais vão estar. E essa parte aqui, onde
estão as rochas, aqui é onde a cicatriz horizontal está. Nós vamos
tirar o olhar das pessoas das cicatrizes por apenas alguns
sombreamentos aqui, tornando o foco na espada e o texto no centro.
É para onde todos os detalhes irão, o trabalho de linhas finas. Isso é o
que as pessoas irão olhar. Não vou mentir, no entanto. Vai doer pra
caramba.
— Não mais do que ele fez quando fez isso. — Puta merda.
Palavras como loquaz, tagarela e volúvel veio à mente. Se ela quis
dizer isso? Improvável. Ela não fala sobre ele. Sempre. Tirando o
momento que ela sentiu a necessidade de compartilhar e contou para
Drea, o que levou bastante tempo. — E se eu não conseguir fazer
isso? — Perguntou Harper. — E se for demais?
— Eu vou compreender você. Prometo. Mesmo que demore
cinquenta sessões curtas, se eu tiver que fazer na sua casa, ou até se
eu tiver doente, Cujo não fará em você, eu vou levá-lo de alguma
forma. Nós vamos descobrir isso.
Eles ficaram em silêncio enquanto Harper continuou a passar os
dedos sobre seu design.
Precisando clarear a conversa, ela sacudiu o pensamento de não
ser capaz de fazer isso com ele na sua cabeça.
— Talvez eu seja capaz de usar um biquíni antes do final do verão.
— Agora há uma motivação. Você vai passar por isso e eu vou
compra-lo para você.
Harper olhou para ele.
— Não! Você não pode fazer isso. Eu vou pagar.
— Sim, eu posso. Você não é a única que gosta de um pouco de
motivação. — Ele sorriu para ela, mas seus olhos eram
intrigantemente inescrutáveis. Ele estava flertando com ela ou apenas
sendo gentil? Tinha se passado um bom tempo desde que ela teve o
mais remoto interesse em alguém que não poderia mesmo falar mais.
Ele estendeu a mão para ela. — De acordo? — Ele estreitou os olhos
para ela.
— Ok. — Ela estendeu a mão e colocou- a mão na sua. — De
acordo.
Ele deu-lhe o custo aproximado. Fazendo com que seus olhos
lacrimejassem, mas ela poderia pagar. Ela agarrou o pedaço de papel
que listou suas sessões.
— Só uma última coisa que eu gostaria de fazer antes de você ir. —
Disse Trent quando ele colocou os desenhos de volta no tubo marrom.
— O que?
— Eu preciso de um esboço de suas costas. — Harper podia sentir
a cor drenar do seu rosto. Ela pensou que teria alguns dias para lidar
com o acúmulo psicológico dele tocando-a.
— Eu vou ter que fazer as transferências que compõem os
contornos, para que eu possa colocá-los em suas costas em sua
primeira sessão. Eu tirei a obra de arte com uma ideia em mente.
Ela viu quando ele colocou um tubo marrom em uma prateleira,
Harper Connelly estava escrito no marcador preto no mesmo script
que ele usou em sua tatuagem. Havia uma pequena flor de lótus na
curva da letra Y. Trent tinha dado atenção a cada pequeno detalhe.
Agarrando sua própria mão, ela enfiou os dedos dolorosamente juntas
para parar a sua dança de costume.
— Acho que vou ter que me acostumar com você tocando minhas
costas em algum momento.
Ele se virou olhando para ela. Estendeu a mão, separando suas
mãos, mantendo-as suavemente e esfregando os polegares em seu
pulso interior. Sua testa franzida relaxou quando ele olhou para ela.
— Sim, você vai.
— Tudo bem.. Onde você precisa de mim?
— Eu vou levá-la para o quarto privativo que usamos na outra
noite e você tem que se deitar na cama. Há outra coisa.
— O que?
— Como você se sentiria se Cujo viesse me ajudar? É uma grande
área e vai ser difícil manter o papel firme. Eu posso controlar se você
preferir, mas vai ser mais preciso, se ele puder ajudar.
"Não" estava na ponta da língua. Alguém mais vê-la não era parte
do plano. Mas ela confiava em Trent. Ele estava olhando para ela com
tanta paciência. Sem pressão. Todos pareciam esperar que ela
voltasse ao "normal" até agora, com pressa para ela voltar para o
resto de sua vida.
— OK. Eu estou bem com Cujo.
Trent olhou para ela intensamente.
— Posso perguntar uma coisa altamente inapropriada?
— Você está prestes a me ver parcialmente nua, então vai em
frente.
Ele sorriu um delicioso sorriso mostrando ambas as covinhas.
— Como você se sentiria se eu te abraçasse?
Ser tocado por ele não parecia tão assustador como foi na noite
anterior, mas porque ela estava assustada?
— Eu não tenho certeza. — Harper sussurrou.
Ele abriu os braços para ela.
— Importa-se em descobrir?
Os dedos de Harper começaram a se contorcer, mas ela os parou
rapidamente, ligando-os juntos. Tudo isso não era sobre seguir em
frente? Ela caminhou lentamente em direção a ele, nunca perdendo o
contato com as piscinas escuras de seus olhos até que estava perto o
suficiente para sentir o calor irradiando dele.
Seu peito era tranquilizador, robusto, uma âncora para sua
inquietação. Ela descansou a testa nele, sua única parte que o tocava.
Seus braços pendurados inutilmente por seu lado eram incapazes de
chegar perto dele, incapaz de lidar com algo mais do que está apenas
ali.
Harper se encolheu quando suas mãos tocaram primeiramente
seus ombros, descansando lá suavemente. Ela fechou os olhos.
Lentamente, ele deslizou as mãos pelos braços dela e as envolveu em
torno da parte inferior das suas costas, ao sul das cicatrizes que
tinham tomado o controle de sua vida. Cheirava a sabão, detergente
de roupa e algo decididamente masculino.
Como uma flor do deserto após a chuva, Harper se afogou no
contato. Com seu peito expandido, ela respirou fundo.
Inexplicavelmente, se sentiu segura nos braços de um homem que ela
mal conhecia.

***

Quem era essa mulher? Ela o puxou de uma maneira que


ninguém fez há muito tempo. Seus pensamentos vagaram para a sua
tentativa desastrosa de ter relacionamentos longos. Um divisor de
águas para a sua vida amorosa desde então. Nem uma única vez,
desde então, ele tinha se quer considerado qualquer tipo de relação
permanente. Até agora. Trent puxou-a para mais perto dele e respirou
fundo.
A maneira como seu corpo se encaixava perfeitamente contra o
seu, como peças de um quebra-cabeça, era tão incrivelmente bom que
o assustou. Ele abaixou a cabeça até que o seu queixo repousasse
sobre a cabeça dela, ele apreciava cada curva e linha pressionado
contra ele. Seu aroma lembrou-lhe o ar de verão, baunilha e morango.
Fresco, limpo, de dar água na boca. Ele sentiu o calor dela contra seu
peito, absorvendo o aumento lento e constante da sua respiração.
Cristo, as músicas falavam sobre esse momento e ele não estava
recebendo toda essa coisa poética de merda?
Ela ainda não havia se movido. Talvez ele devesse solta-la, mas
realmente ele não queria que esse momento acabasse. Então, ele
sentiu. O menor movimento de Harper com apenas um de seus dedos
delicadamente ser enfiado através da alça do cinto de sua calça jeans.
Esse pequeno gesto de confiança quase trouxe-o de joelhos. Ele
engoliu em seco quando sua mão lentamente derivou para cima e
para baixo de suas costas. O calor daquele único dedo significava
mais do que os abraços apaixonados. Quando ela suspirou e
afundou-se contra ele, ele enviou uma oração de agradecimento a
quem estivesse ouvindo no universo.
Sua cachoeira escura de cabelos era macia sob sua bochecha
quando ele a puxou para mais perto, apertando sua mandíbula e
engolindo em seco. Por que ela o afetava tanto? Seus sentimentos
estavam bagunçados, mas era apenas empatia pelo o que ela passou,
ou era algo mais? Determinado a se recompor, ele engoliu em seco.
Ela não tinha ideia de quanto isso, um dedo em seu cinto, tinha-lhe
atingido por dentro. Agora não era o momento do animal dele sair, ele
se esforçou para esfriar suas emoções. Harper confiava nele com a
parte mais significativa do seu ser. Como na terra ele ia viver com
essa responsabilidade? Como ele provaria para ela que sua fé nele era
justificada e que a sua coragem não foi desperdiçada?
Não era isso o que a sua própria tatuagem queria dizer? Era parte
dele. Fortaleza ou coragem de ser uma das quatro virtudes cardeais
mostrados na Paraiso da Divina Comédia. A capacidade de enfrentar
o medo e a intimidação. E, no entanto, o que ele sabia sobre isso? Ela
é a única que está em seu estúdio compartilhando as partes mais
difíceis de sua vida com um estranho.
— Eu não desejo me mover. — As palavras sussurradas entraram
em seus pensamentos.
— Então, não faça. — Ele deu um beijo suave em seu cabelo.
— Ninguém me abraçou em um longo tempo. — Disse ela,
afastando-se para estudá-lo com aqueles olhos com alma. —
Obrigada.
— A qualquer hora. Tatuagens e abraços. Eu sou bom em ambos.
Só não diga aos caras lá fora, ou eu nunca vou ouvir o final da
mesma.
Ele está tentando classificar completamente seus sentimentos por
Harper, balançou a cabeça para limpá-lo. A ideia de fazer sua
tatuagem o excitava como artista. Como homem, ele apreciava o jeito
que ela se encaixava em seus braços. E merda, nem o fez bater no
peito e dizer que ela tinha vindo até ele por ajuda. Mas se tudo o que
ele sentia era compaixão pela vítima que ela era uma vez, então ele
não devia estar segurando-a assim, não importando o quão perfeito
parecia.

***

Cinco horas depois, ele segurava uma dose de uísque, ainda não
conseguia tirar Harper da sua cabeça. O uísque queimava quando
deslizava pela garganta de Trent, um mal necessário para afastar os
arrepios de elaboração das costas de Harper. Ele sentiu sua angústia
cada vez que ela se encolhia, cada vez que ele a ouviu contar suas
respirações até dez.
Quando ela finalmente se sentou, as bordas vermelhas de seus
olhos continham lágrimas que haviam caído enquanto ela tinha ficado
lá. Ela tinha rasgado suas entranhas para algo muito além e ele não
poderia fazer tudo melhorar.
Ele quis embalá-la, acalmar suas lágrimas e sentia o mesmo
aperto arrebatador que sentira antes com ela em seus braços. Em vez
disso, ele segurou-se e observou-a se afastar do estúdio.
Dele.
Trent embalou o copo na mão. Segurar Harper em seus braços o
fez se sentir como se estivesse no céu. Por muito tempo, depois de
Yasmin, a ideia de uma relação permanente parecia como o inferno.
Ele adorou o dia em que ela entrou na Junior’s em seu vigésimo
primeiro aniversário para sua primeira tatuagem, mas, apesar de
seus melhores esforços durante seus dois anos juntos, ele nunca era
suficiente para ela. Não ganhava o suficiente, não era famoso o
suficiente, não tinha conhecido as pessoas certas. A última vez que
tinha ouvido falar dela, estava de caso com algum rapper local.
Quanto a ele, tinha começado a ter meninas e muitas vezes
alternadamente. Ele era honesto com elas, sempre, sobre a natureza
de curto prazo de seus relacionamentos. Mas nos três dias desde que
conheceu Harper, ele não pensou em mais ninguém.
— Isso é alguma coisa. — Disse Cujo, quando entrou no escritório,
serviu-se de uma dose e engoliu metade. — Você conhece a história?
— Não realmente. Só que isso aconteceu há alguns anos atrás e
ela está escondendo-a desde então. Eu não quero forçar muito. — Não
que ele não quisesse saber. Estava roendo suas entranhas.
— Quem diabos faria isso a outro ser humano? Isso é muito
confuso. — Um arrepio visível passou por Cujo.
— Vai ser duro. Reservei para ela cinco ou seis sessões de algumas
horas cada e vamos ver no que vai dá. — Colocando um outro par de
dedos do líquido dourado, ele apertou os olhos fechados e deixou cair
a cabeça para trás no sofá para evitar o pensamento sobre o quão
dura a primeira sessão vai ser para ela.
— Quem você acha que fez isso?
— Não tenho ideia. Não posso suportar sequer pensar nisso.
— Há algo sobre ela, não é? — Perguntou Cujo. Trent abriu os
olhos e levantou uma sobrancelha para o seu amigo. — Para você, eu
quero dizer. Algo está acontecendo com você.
— Obrigado, Oprah.
— Ah, qual é, cara. Eu te conheço o suficiente. Eu posso dizer.
Você fica diferente ao lado dela.
Trent suspirou. Não havia nenhum ponto a negar. Voltou a encher
o copo e bebeu-o. Ele só não sabia o que ele ia fazer sobre isso.

***

Porcaria. Eddie estava em casa. Harper deixou cair suas chaves no


prato colorido de cerâmica em forma de peixe que ficava no canto de
seu pequeno balcão da cozinha. Pegando a vassoura do armário
estreito ao lado da geladeira, ela bateu no teto como se fosse uma
velhinha em um seriado de TV.
O volume caiu.
— Desculpe Harp! — Veio um grito.
— Obrigada, Eddie. — Ela gritou para o teto. Seus armários e a
geladeira revelaram um pouco de molho de espaguete de sobra e uma
extrema necessidade de ir fazer compras no supermercado. Harper fez
uma lista de compras, enquanto o espaguete cozinhava. Talvez ela
pudesse persuadir Drea levá-la. Altamente possível se ela oferecesse
uma refeição grátis.
Harper se sentou no banquinho de bar no balcão da cozinha e
tirou a camisa, atirando-a com estilo perfeito de cesta de três pontos9
através da porta de seu quarto e em sua cama. Ainda não teve tempo
para arranjar um gato para seu apartamento, não que ela tivesse
vontade de ter. A cozinha era pequena, mas escrupulosamente limpa.
Odiava desorganização, Harper manteve todas as superfícies claras e
os seus armários eram meticulosamente arrumados. Ela olhou para a
janela que emoldurava a sala de estar. A vista era uma mistura pouco
inspiradora dos fios de concreto, mas a luz do sol durante o dia era
gloriosamente bem-vindo.
Ele era e ainda era tudo o que podia pagar. Mas foi o mais próximo
que de alguma forma a fez sentir-se segura desde o incidente. Pelo
menos de dia. Em seus pesadelos, ela novamente observava Nathan e
novamente ele era arrastado para fora do tribunal em seu macacão de
prisão, com os olhos esbugalhados de fúria em sua sentença. A
polícia pode não ter tomado as ameaças que ele gritou a sério, mas
ela sim.
Seus pais não concordaram com a sua saída, o que tornou tudo
mais difícil. Eles queriam que ela ficasse em casa por mais tempo. Até
se curar. Eles argumentaram que ela não precisava sair
imediatamente dada a duração da pena, porém, uma coisa que não
faltava para Nathan era um grupo restrito de amigos.
Winston Bell, o pai de Nathan, era sócio sênior em seu próprio
escritório de advocacia, tinha um ego que era ofuscado apenas pela
sua ambição política. Suas conexões nas forças policiais asseguraram

9
Uma jogada famosa no basquete.
que a aplicação da lei fosse de pouca ajuda para ela ou sua família.
Quando os pneus do carro de seus pais foram cortados, a polícia
havia dito que era uma travessura. Quando seu irmão, Reid, foi
assaltado no caminho para casa do trabalho e tomaram a sua
declaração, nunca houve uma prisão ou mesmo uma entrevista com o
suspeito.
Harper olhou para o molho no fogão. Mesmo dentro da cela,
Nathan tinha o poder de feri-la, punindo-a. Porém, quando o carro
dela foi empurrado da estrada por uma van sem marcação, ela sabia
que tinha que sair. Seus dedos apertaram a colher de pau na mão,
lembrando daquela noite. O sentimento de impotência que havia
batido nela quando escutou o solavanco e a batida do para-choque da
van contra o carro dela. O terror que sentiu tentando manter o carro
na estrada e depois novamente quando a polícia não conseguiu
responder a sua ligação para o 911.
Isso tinha a assustado mais do que tudo. Determinada a não ser
uma vítima novamente, ela se reuniu com o Capitão Lourie. Vestida
em um terno e cheia de determinação para ser levada a sério, Harper
foi ao seu escritório. Na ponta de sua mesa havia uma fotografia. O
capitão e o Winston em um campo de golfe árido, com suas camisas
polos, vermelhos de queimadura solar que ambos ostentavam.
Linhas foram traçadas, lados escolhidos e estava claro que a
polícia nunca estaria do lado dela. Por comprimento, eles foram a
julgamento para proteger Nathan, o que valeu a sua decisão de
correr.
Só de pensar nisso fazia sentir-se doente. O espaguete que
borbulhava na panela e o reaquecimento do molho no micro-ondas
não estavam mais atraentes. Harper sentou-se no balcão, batendo os
dedos nos três anéis do fichário barato que detinha cópias
documentadas dos momentos mais terríveis de sua vida, as provas do
julgamento, da última correspondência legal, incluindo a carta do
serviço prisional.
Harper pegou o telefone, digitou o nome que ela queria, discou e
esperou.
— Brewster, Grayson e Ross. Como posso direcionar sua
chamada?
— Você poderia me colocar com Lydia Grayson, por favor?
O telefone tocou através de correio de voz.
— Hey, Lydia. É Harp... Taylor Kennedy. Estou com a carta que
você me enviou a respeito de Nathan. Eu não posso acreditar que eles
estão considerando a liberdade condicional por bom comportamento.
Estou considerando o convite para falar na audiência, mas eu
realmente não acho que eu posso fazer isso.
Sua voz começou a rachar e Harper respirou fundo, forçando-se a
manter o controle.
— Eu gostaria de dar a declaração como vítima e seguir em frente.
Você poderia entrar em contato?
Frio correu por ela como se suas veias estivessem cheias de água
gelada. Colocando o telefone para baixo, Harper se perguntou se
alguma vez chegaria o momento em que a simples menção de seu
nome não trouxesse uma reação tão visceral. E mesmo com uma
tatuagem cobrindo o que Nathan fez, seria sempre verdadeiramente
assim?
O estúdio estava vazio. Não havia ninguém para
perturbá-lo. Ninguém para censurar sua escolha de
música. A oportunidade perfeita para beber uma cerveja do
frigobar em seu escritório. Trent tinha recriado seu desenho
em um esboço forte, colocando o mapa das costas de Harper sobre a
mesa iluminada e mergulhado o papel de transferência por cima.
Ele adorava não precisar que a sua criatividade fosse autorizada,
podendo assim, se expressar como artista. A combinação com o
zumbido da tatuagem fazia com que fosse uma experiência inebriante.
Qualquer tatuador semi decente poderia tirar uma foto ou uma
imagem e recriá-la. Ou aprender cinco fontes diferentes para escrever
o que o coração do cliente desejasse. Porém, essa era uma experiência
muito diferente de trabalhar, como se fosse uma criação totalmente
nova para o cliente. Vendo a sua própria arte original na pele de outra
pessoa era o melhor tipo de emoção.
Desenhar o contorno o acalmava, um contraste bem-vindo para a
loucura que havia ocorrido no estúdio hoje. Aparentemente, Anya não
gostava de seu nome escrito com um I e talvez seu homem devesse ter
descoberto isso antes que Cujo escrevesse seu nome em seu bíceps.
Anya definitivamente não foi legal com ele, as lágrimas e a gritaria
foi uma espécie de brinde. Primeiramente, seu homem tentou culpar o
estúdio, mas quando Pixie deixou claro que a estúdio não tinha
qualquer responsabilidade, porque ele tinha assinado sobre a
ortografia, ele perdeu o controle. Seu punho acertou na mandíbula de
Cujo, o impacto enviou a cabeça dele estalando para trás. Trent e Eric
tinham agarrado tanto Cujo quanto o cliente, mas não antes que Cujo
conseguisse um duro golpe no nariz do cliente. Houve um estalo forte,
seguido por um ilegível, "O que, merda, cara!".
Duas meninas que falaram a Pixie que estavam de férias vindas do
Des Moines claramente não estavam acostumadas à Costa Leste,
deixaram o estúdio sem fazer as tatuagens que vieram para fazer.
Cujo teve que cancelar os clientes, sentou-se no banco com um bloco
de gelo em sua mão de tatuar e fez Trent ameaçar chamar a polícia
para obter o namorado de Anya fora.
Alguns dias simplesmente não saem como planejado.
O toque estridente do telefone do estúdio interrompeu sua
concentração.
— Second Circle Tattoos.
— Trent? — O som suave de sua voz acalmou-o imediatamente.
— Hey, Harper. Eu estava pensando em você. — A curva da chama
que ele estava apenas esboçando se levantariam para seu ombro
esquerdo. Ele terminou antes de se levantar, suas costas gemeram
em protesto.
— Você estava? — Surpresa atada em sua voz. — Acho que eu
estava pensando em você também.
Trent sorriu, continuando a sombra das chamas.
— Esses pensamentos, eles te expulsaram da lista agradável de
Santa?
— Eu... eu não sei... talvez. Eu não. Eu queria saber sobre alívio
da dor para amanhã. — Respondeu Harper. Trent se deu um chute
por sua resposta nervosa. — Eu sou totalmente inconsciente da
posição da Santa com tatuagens e automedicação.
Ele riu.
— Estou desenhando sobre a sua transferência. É apenas para o
alívio da dor? Você não está ligando para cancelar comigo, não é? —
Ele estava brincando. Quer dizer mais ou menos.
— Não. — Ela disse rapidamente. — Eu me perguntava se eu
poderia tomar alguma cerveja antes de começarmos. Ou qualquer
coisa?
Trent fez uma pausa, a ponta de seu lápis pousou sobre o papel.
Ele tinha várias sugestões para dar, mas não tinha certeza de que
qualquer uma delas seria de interesse de Harper.
— Como, tomar Tylenol. — Continuou ela. — Ou tomar uma
bebida ou algo assim? Estou nervosa que eu recue e você fará uma
bagunça.
— Eu não farei uma bagunça. Eu te disse. Eu sou incrível.
Precisamos passar mais tempo juntos para que eu possa convencê-la
disso. — Harper riu e ele imaginou-a enrolada em uma cama branca,
seu cabelo escuro em torno dela.
— Posso fazer alguma coisa?
Ele colocou o lápis de volta na jarra e caminhou até o sofá,
sentando-se em uma extremidade com o antebraço descansando
sobre o braço do sofá.
— Para ser honesto, não muito. — E cara, ele gostaria que
houvesse mais, mas como Harper lidaria? Ele teve uma líder de
torcida que derreteu como uma vela por causa de uma tatuagem nas
suas costelas e um linebacker10 que desmaiou ao ouvir o som da
máquina. — Coma uma refeição decente antes de começarmos. Quer
que eu pegue alguma coisa para você? — Ou levá-la para o almoço?
Ele não achava que ela estava pronta para isso. Mas talvez, depois
desse processo, ela estaria.
— Não, mas obrigada. Eu vou direto do José’s. Irei pegar alguma
coisa lá.
Trent escondeu sua decepção.
— Tenha algo rico em proteínas. As pessoas têm desmaiado na
cadeira porque acreditam em algo que não é. Se você comer alimentos
antes, o seu nível de açúcar no sangue estará alto e você vai parar de
sentir a cabeça leve. E ainda vai ser capaz de tolerar a dor, claro, isso
se você não for um cratchity11 porque está morrendo de fome.

10
Linebacker: é uma posição do futebol americano e canadense, que foi inventada pelo
treinador Fielding Yost da Universidade de Michigan.
11
Trent refere-se ao livro A Christmas Carol do autor Charles Dickens, que em Português é conhecido
como Um Conto de Natal, no livro Cratchity ou Bob cratchit é um pobre empregado, pai de quatro
— Cratchity? Isso nem sequer é uma palavra. — Disse Harper,
sufocando o que soou como uma risadinha.
Trent fechou os olhos e sorriu.
— Claro que é. Google está aí para isso.
— Eu vou pesquisar. Como você mesmo o soletra de qualquer
maneira? Se nós estivéssemos jogando Scrabble12, eu desafiaria que
esta palavra valha uns cinquenta pontos.
— Scrabble, hein? — Ela poderia parecer mais bonita? — Você
certamente sabe como fazer uma festa. Talvez eu possa deixar você
me desafiar em algum momento.
A ideia de passar o tempo com ela, fazendo nada, ficou mais e
mais atraente.
— Você vai. — Eles ficaram em silêncio por um momento. — Você
tem certeza que não há nada que eu possa fazer para a dor?
— É verdade, querida. Cremes entorpecentes afetam a superfície
da pele e os produtos químicos neles, às vezes, pode afetar a
tatuagem. Eles também não vão durar por muito tempo, desde que a
sua sessão começar. Analgésicos apenas diluem seu sangue, o que vai
fazer você sangrar mais, o que será ruim para você e nojento para
mim. Eu tenho alguma solução entorpecente, posso pulverizar uma
vez que estivermos em curso. Só funciona em pele machucada.
— E o álcool? — Perguntou ela, esperançosa.
Normalmente, Trent não tinha paciência para esse tipo de
conversa. Sim, havia um dano por ter agulhas cutucando sua pele
continuamente por qualquer período de tempo. Você, ou estava bem
com isso ou não. Em algumas pessoas doem mais. Algumas pessoas
doem menos. Ele se tornou um profissional de identificar clientes
assim que entravam no estúdio, passando-as para Lia, que tinha a
paciência de um santo. Foi diferente com Harper fazendo perguntas,
porém e pela primeira vez ele se viu desejando ter melhores respostas.

filhos, com um carinho especial pelo frágil Pequeno Tim, que tem problemas nas pernas, no livro a ceia
de natal deles é bem pobre o que significa que eles passam fome, porém são muito felizes.
12
É um jogo de palavras - cruzadas.
— Por mais que eu imagine que você seja uma bêbada realmente
bonita, é a mesma coisa com os analgésicos. Dilui o sangue. Minha
sugestão, para o que vale a pena: Durma hoje e tenha uma boa noite
de sono. Coma uma refeição decente antes de vir. Traga música ou
jogos em seu telefone ou algo para distração. Vinte minutos, suas
endorfinas vão surgir de qualquer maneira. Dentro de uma hora, eu
vou pulverizar suas costas se você não puder suportar isso.
— Eu não posso acreditar que eu realmente vou fazer isso. —
Disse Harper em voz baixa.
— É melhor você acreditar ou eu vou ter que fazer essa tatuagem
em Cujo enquanto ele estiver dormindo. É boa demais para ir para o
lixo.
— Eu não consigo imaginar isso. — Ela riu suavemente. —
Desculpe incomodá-lo. Eu vou deixar você voltar para ela.
— Não se preocupe, Harper. Eu gostaria de ter melhores respostas,
mas prometo que vou ser tão suave quanto possível. Estou realmente
ansioso para fazer isso por você.
— Eu estou ansiosa para ver você fazendo isso por mim também.
— Ele se sentiu bem.
Será que era apenas isso? Ele sabia exatamente o que ela queria
dizer. Houve um silêncio longo e confortável antes que um deles falou.
— Boa noite, Trent. Vejo você amanhã.
— Boa noite. — Ele desligou o telefone e sorriu. Este era um bom
lugar para estar. Fazendo grandes tatuagens que eram significativas,
em seu próprio estúdio com sua própria equipe. Ele olhou para o teto
e silenciosamente agradeceu ao Júnior por ter visto algo mais do que
o delinquente juvenil, que ele tinha flagrado fazendo grafite em toda a
lateral do seu estúdio.
Ele se levantou, ajeitou a calça jeans e voltou para a mesa. As
chamas pareciam boas e ele pegou o lápis para continuar
desenhando. Ele mal tinha colocado o lápis no papel quando o
telefone o perturbou novamente. Considerou ignorá-lo, deixá-lo cair
no correio de voz, para que Pixie lidasse na parte da manhã, mas o
número privado podia ser de Harper com mais perguntas.
— Second Circle Tattoos
— Trent Andrews? — Merda. A voz masculina definitivamente não
era de Harper. E agora, ele era obrigado a falar com quem quer que
fosse.
— Sim.
— Ei, Trent. É Michael Cooper. Eu sou um produtor em Los
Angeles, trabalho em um reality show com tatuadores amadores e o
prêmio será um contrato de locação para o seu próprio estúdio. — Ele
reprimiu um suspiro e, pela segunda vez naquela noite, colocou o
lápis para baixo. Olhou ao redor do escritório. Que possuía.
— Parece ótimo, Michael, mas eu já tenho um estúdio. — O cara
no final da linha riu.
— Sim. Eu sei disso. Nós não queremos que você entre na
competição. Queremos ver se você seria bom como um juiz.
Um o quê? Um juiz? Trent passou a mão pela sua mandíbula e o
queixo, momentaneamente atordoado. Como na terra ele chegou no
radar desse cara?
— Nossos pesquisadores se reduziram a encontrar um grupo de
artistas de tatuagens fenomenais, com um catálogo distinto no
trabalho. Enviamos um olheiro para visitar seu estúdio. O cara cuja
perna você trabalhou com o dragão, ele foi um dos meus assistentes
de produção. A tatuagem ficou fenomenal, homem. Totalmente adorei.
Adorei a vibração e seu estilo. Gostaríamos muito de colocá-lo na
frente de uma câmera com outro de nossos juízes. Grande estrela do
rock. Você vai encontrá-lo se puder vim para LA.
— Uau. Esta é uma responsabilidade, muito grande. Estou
totalmente lisonjeado. Eu não estou muito certo o que você quer dizer
sobre isto. — Michael deu uma gargalhada.
— Normalmente, as pessoas gritam: “Sim Michael, me escolhe!",
mas eu entendo a sua reserva. Podemos marcar um tempo para falar
sobre isso?
O que ele tem a perder? Não haveria nenhum mal, era só uma
conversa.
— Isso seria muito legal.
Trent colocou o telefone para baixo balançou a cabeça para a
loucura dele. Apertando os lábios, ele pensou em Yasmin. Ela
adoraria essa merda e ele não seria capaz de compartilhar a
derradeira saudação de um dedo para a miséria que ela lhe causou. E
seus pais? Embora eles tivessem visto sua paixão pelas tatuagens
começarem a pagar as contas, eles ainda realmente não entendiam.
Conseguir esse papel seria a prova definitiva para todos eles, não
seria? Ele tinha se tornado alguma coisa.

***

— E como está a nossa residente gostosa? — Perguntou Drea,


espiando por cima do seu copo de vinho, um flash momentâneo de
diversão iluminando suas feições. Ela se sentou na cadeira solitária
em frente ao sofá, seu cabelo ondulado solto sobre os ombros.
— Trent é excelente. — Harper tentou esconder o sorriso se
formando em seu rosto, tomando um gole de vinho. — Hey. — Ela
rangeu quando tentou desviar do travesseiro destinado em sua
direção antes que batesse no copo da mão dela. Seria um desperdício
perder o Zinfandel13 que Drea trouxe para acompanhar o jantar que
Harper tinha cozinhado.
— Não me venha com essa, senhorita Gênio do Scrabble.
Não houve nenhuma discussão. Harper sabia que ela era muito
transparente no melhor dos dias e Drea era implacável. Podia muito
bem contar a verdade e ignorar o interrogatório.
— Você sabe como é. Você é a única amiga que eu tenho que sabe
disso. Eu ainda salto uma milha se alguém caminha atrás de mim. E
finalmente apenas deixei alguém tocar minhas costas pela primeira
vez em quatro anos. E ainda por cima, eu tenho uma outra carta de
Illinois. Nathan está sendo considerado para liberdade condicional.
Eu não estou em qualquer lugar para começar alguma coisa.

13
Estilo de vinho.
— Eu pensei que você disse que ele ficaria na prisão por um
tempo. — Drea mudou-se da cadeira para se sentar ao lado de Harper
no sofá de dois lugares, dobrando as pernas debaixo dela.
— Ele deveria ficar, mas ele fez todos esses cursos de reabilitação.
Gerenciamento de Raiva para Psicóticos ou algo assim. Tendo o
suficiente deles, significa que ele pode se formar mais cedo.
— Isso é besteira. — Disse Drea. — O que vai acontecer se ele sair?
— Ele vai tentar me encontrar. Ele já ameaçou. Porém, ele não
sabe que estou aqui. — Harper tomou um grande gole de vinho.
— Mas ele vai ter que ver um agente condicional, certo? E a polícia
vai vê-lo também. Ele não vai estar em alguma lista de agressor?
Harper riu, ela foi tão ingênua uma vez.
— Esses mesmos policiais testemunharam o pai de Nathan me
oferecendo dinheiro para retirar as acusações, porém, no tribunal
lotado de pessoas, falaram que eu estava inventando. Essa polícia? —
Cinismo amarrava suas palavras.
— Sério? Oh meu Deus, Harper. Então, o que você vai fazer?
— Eu não posso fazer muito sobre ele. Eles me pediram para
participar da audiência.
Drea estendeu a mão e colocou uma mão suave no braço dela.
— Você vai? Você sabe que eu gostaria de ir com você no mesmo
instante, se você me quiser lá.
Harper colocou o vinho para baixo e com cuidado colocou a mão
em cima da mão de Drea.
— Eu sei que você faria, querida, mas eu ainda não consigo
encará-lo. Entrei em contato com minha advogada hoje sobre a
apresentação de uma declaração de impacto para apreciação. Lydia
vai me ajudar.
Era por isso que a tatuagem dela era tão importante. Era hora de
seguir em frente e ela precisava se livrar do lembrete permanente,
recuperar essa parte dela. Caso contrário, Nathan sempre iria possuí-
la.
Sua mente vagou de volta para Trent trabalhando em seu design.
Imaginou-o em uma camiseta como naquela primeira noite e os jeans
escuros que envolviam seu bumbum. Ele sempre parecia ter seu boné
de beisebol, mas ela imaginou-o sem ele. Cada gota de sua
concentração focada em seu esboço.
Desta vez, o travesseiro bateu no seu ombro.
— Voltando a Trentville? — Drea questionou com uma risada.
— Desculpa. Eu não sei, Drea. Eu acho que ele pode estar sob
minha pele um pouco. Uma grande parte de mim não tem certeza se
estou pronta. Quer dizer, eu ainda posso surtar, mas pela primeira
vez em séculos, estou pensando sobre um cara.
— Então, vá com ele. — Drea se inclinou para colocar a mão de
leve no ombro de Harper, ignorando o vacilo sutil. — Não pode ser
certo eu ser a única pessoa no mundo que você vai tolerar tocar em
você.
— Você não é.
— O que você quer dizer, com “você não é”? Você já fez com ele? —
O grito atingiu os ouvidos de Harper.
— Não. Mas eu deixei ele me abraçar em seu escritório no outro
dia. — Recordar a força reconfortante de seus braços à fez suspirar.
Talvez Drea estivesse certa. Talvez ela não precisasse mais ficar
sozinha.

***

Ela não conseguia olhar para cima. Ele estava a observando. Ela
podia sentir isso. Esperando. Paciente. Imobilizada no banco do lado
de fora do estúdio, Harper estudou a hora em seu telefone celular.
Vinte minutos de atraso e ele sabia que ela estava sentada ali.
Isso é o que ela queria, certo? Por que não podia simplesmente
entrar lá? Por que isso era tão malditamente difícil? Cobrir as
cicatrizes nunca iria apagar as lembranças daquela noite, mas ela
podia seguir com o futuro se ela só fizesse isso.
Sua conversa mental estava em uma contínua roda gigante e foi
assim desde que devorou seu café da manhã. Se ela não for, Nathan
ganha. Bem, ganha novamente. Ele já havia ganhado quando ela
correu para escapar dele e desistiu de tudo o que conheceu. Quanto
tempo mais deixaria ele manter o controle de sua vida?
Não mais. Ela poderia fazer isso.
Harper levantou o olhar e olhou para a loja, imediatamente
travando os olhos com Trent. Já era tempo. Ela sabia disso. Ele deu a
ela o mais breve dos acenos. Harper devolveu.
O anel do sino foi perdido através da música alta. Sentia-se como
um geek14 que tinha acabado de entrar na festa das crianças legais.
Não podia ser verdade que cada pessoa ali estava olhando para ela,
mas certamente sentia o olhar dele.
— Hey, Harper. — Disse Cujo, quebrando o gelo. — Boa sorte hoje.
Vai parecer mortal quando terminar. — Ele se aproximou, inclinando-
se ligeiramente para bater o ombro dela com o seu.
Harper instintivamente colocou os braços em volta de si. Ela sabia
que Cujo não intencionava nada, mas ainda assim. Ela se forçou a
deixar cair os braços de volta para os lados.
Ela se virou.
— Hey, Trent.
Seu sorriso era de tirar o fôlego.
— Licorice? — Ele ofereceu-lhe o pacote de mastigáveis doces
vermelhos.
Harper pegou um pedaço.
— Maneira discreta de manter meu açúcar no sangue? — Ela deu
uma mordida na corda pegajosa.
— Não. Apenas amo alcaçuz vermelho e queria compartilhar. Não
passa de uma coincidência você estar fazendo sua tatuagem justo
agora.

14
Geek é uma gíria da língua inglesa cujo significado é alguém viciado em tecnologia, em computadores
e internet.
Harper riu. Era bom poder liberar um pouco da tensão que vinha
crescendo dentro dela.
— Acontece que eu amo, embora eu ache o alcaçuz preto melhor.
Ele apontou para a porta.
— É isso aí. Saia do meu estúdio. Alcaçuz preto é um passo de
adoração ao diabo.
— Um tipo de ponto de vista extremo, você não acha? — Caramba,
ela se ouviu rir?
— Na verdade, não. Gostar de alcaçuz vermelho e alcaçuz preto é
uma contradição.
— Isso não é um oxímoro15. Um paradoxo é uma combinação do
adjetivo-substantivo que combina termos contraditórios... como
mortos-vivos. Gostar de alcaçuz vermelho e preto não é.
— Wow. Scrabble. Definições extravagantes para a merda. Você é
uma professora de Inglês ou algo assim?
— Sim, eu... eu quero dizer, não. Eu trabalho em uma loja de café.
Eu apenas gosto de palavras isso é tudo. — Seu estômago virou. Por
que diabos ela tinha quase revelado sua carreira anterior para ele?
Seu trabalho foi a sua paixão, ela amava mais do que qualquer coisa.
Não que ela não pudesse fazê-lo novamente. Para isso, ela precisaria
registrar seus papéis e usar seu nome verdadeiro, o que não ia
acontecer. Nathan iria encontrá-la.
— Eu ainda estou esperando poder jogar Scrabble com você, mas
primeiro, há algo mais que precisamos fazer hoje. — Ele colocou o
pacote de alcaçuz para trás do balcão. — Você está bem? — Ele
perguntou.
Não era essa a pergunta de um milhão de dólares?

***

15
Oximoro: é uma figura de linguagem que consiste em relacionar numa mesma expressão ou
locução palavras que exprimem conceitos contrários.
Então, ela era uma professora de Inglês. Evolução interessante.
Por que diabos ela não estava ensinando? Escolas por toda a cidade
estavam clamando por grandes mestres. Hoje não era o dia de
pressiona-la para obter informações, mas ele queria saber.
— Este será o nosso quarto para as próximas muitas horas do
processo, no entanto. As transferências estão prontas lá para nós.
Quer dar uma olhada antes de começarmos?
A mão que ele segurava estava congelada até os ossos. Os dedos
de sua outra mão estavam queimando novamente. Nervosismo
irradiava dela. Cada instinto protetor nele estava gritando para puxá-
la em seus braços e segurá-la lá.
— Vamos raspar suas costas e, em seguida, colocar essas
transferências nela. Eu vou fazer isso com você de pé para que eu
possa ter certeza de que elas vão ficar em linha reta. Se estiver tudo
bem para você, eu vou pedir a Cujo para me ajudar, em vez de cortá-
la em pedaços.
— Como você fez isso? — Harper pegou as camadas que pareciam
papeis de cópias antigas.
— Alguns eu fiz a mão, outros fiz o esboço através do fax térmico,
como uma espécie de máquina de fax para projetos de tatuagem.
— Eu estou fazendo isso difícil para você, não é? — Harper de
repente se virou para ele. — Quero dizer, eu aposto que você
normalmente não tem que segurar as pessoas. As pessoas viajam
para vê-lo e não podem esperar para começar. Eles só querem uma
tatuagem feita por você, você é incrível e tudo. — Sua boca se curvou
em um pequeno sorriso. — Você teve que literalmente segurar minha
mão. — Disse ela, levantando as mãos unidas. — A cada passo do
caminho.
— Todo mundo é diferente, Harper. Se ajuda, esta é provavelmente
a situação mais única que eu já estive. Não posso dizer que
geralmente tenho que literalmente segurar a mão de alguém, mas não
é nenhuma dificuldade e eu vou ajudá-la de qualquer forma que
puder.
— Eu nunca quis uma tatuagem, você sabe. Antes, quero dizer. Eu
nunca teria pensado sobre a obtenção de uma, se isso não tivesse
acontecido. — Ela se virou para ele, apertando os dedos com tanta
força que ele se perguntou se era possível o fluxo de sangue. — Se a
cirurgia para remover as cicatrizes fosse uma opção, eu
provavelmente teria ido por esse caminho em vez disso.
Trent tentou ignorar a sensação de agitação em seu estômago. Ele
desejou que ela não tivesse dito isso a ele, desejava não saber que ela
detestava algo que era uma parte fundamental de quem ele era.
Ele a levou para a mesa de volta para ver as transferências que
esperava ser um dos melhores trabalhos que ele já tinha feito. Ela não
tinha ideia do quanto de si mesmo que ele tinha investido no detalhe
do projeto. Ele esperava que em determinado momento, ela
valorizasse a tatuagem mais do que apenas um truque para esconder
as cicatrizes e ver como uma indicação sobre quem ela era, o que ela
representava.
— Você sabe, caras adoram uma garota gostosa com uma
tatuagem durona, certo? — Disse ele, querendo trazer um sorriso de
volta ao rosto solene.
— Eu provavelmente sou a pessoa menos durona que existe. Eu
jogo Scrabble e trago doce em agradecimento. Durona para mim não é
não fazer reciclagem de meu lixo ou manter um livro da biblioteca
após sua data de vencimento.
Trent riu, amando seu senso de humor.
— Então, você está concordando com a parte da garota gostosa?
— Não! Quero dizer... porcaria... não... definitivamente não! —
Harper afobada era muito divertida. Poderia tornar-se uma ocupação
permanente.
— E eu amei o agradecimento com doces. Você pode traze-los a
qualquer dia da semana. — Ele riu quando Harper corou. — Bem,
como diz o ditado, a vida não é sobre se encontrar, ela é sobre a
criação de você mesmo. Pronta para ser recriada como uma durona?
Agora, seus olhos estavam brilhando.
— Tão pronta como eu nunca estive. Você está pronto para me
mostrar o quão incrível você é?
— Sempre. — Disse ele, sorrindo para ela. — Uma incrível
tatuagem durona saindo.

***

— Eu acho que há mais uma coisa que você precisa fazer antes de
começarmos. — Trent inclinou um longo espelho contra a parede.
— E isso seria? — O calor de seus dedos a sacudiu quando ele
envolveu em torno de seus pulsos.
— Não entre em pânico quando disser isso. Apenas me escute.
O tom de sua voz perturbava-a.
— Você precisa de um antes.
— Um o quê?
— Um antes... uma fotografia... para comparar com o depois. Para
ver o quão longe você foi.
— Não! — A ideia gelou seu estômago. Sentindo frio, ela agarrou a
camiseta. — Eu tenho vinte ângulos diferentes mostrados no
julgamento. Eu não preciso de outro ponto de vista.
— Você precisa. — Disse ele, chegando a colocar o cabelo atrás da
orelha. — E Isto é para você. Só você. Ninguém nunca vai vê-lo se
você não quiser que veja.
— Eu não posso... eu não... — Pânico se formava. Seu peito estava
apertando.
— Algum dia você vai fazer as pazes com isso, querida. Vai ser um
passo doloroso que formará a pessoa incrível que você é. Você vai ter
orgulho de sua própria força e determinação e gostará de ter o seu
próprio registro deste exato momento. Quando tiver alterado o
caminho em que estava.
Harper olhou para Trent. Ela podia sentir a sinceridade irradiando
dele e percebia que ele estava certo. Ela pegou seu telefone de seu
bolso traseiro.
— Por favor, não faça eu me arrepender confiando em você. —
Disse ela, entregando a ele.
— Nunca.
Tomado a fotografia e os esboços de suas costas, Harper se
agarrou ao casaco que ela estava atualmente
Estava vestindo, um top de biquíni com frente única. Foi sugestão
de Trent e um conforto para não se sentir tão exposta, mesmo que o
capuz pendurado em sua frente parecesse tão estranho.
Olhando no espelho, ela torceu um pouco e tentou sentir a tinta
roxa da transferência que cobria a maior parte de suas costas. A
gosma pegajosa que Trent tinha colocado lá antes de aplicar a
transferência, dizendo que ajudaria as linhas a permanecerem no
local enquanto ele tatuava, secando.
— Aqui. — Ele disse, virando-a para encará-lo. — Olha. — Ao
colocar o segundo espelho na frente dela, Harper podia ver toda sua
volta. Caramba, a tatuagem era enorme.
As veias do esboço roxo pareciam estranhas, como uma rede de
rios cruzando suas costas, mas a espada e o texto se destacaram,
estava tão bonita quanto ela esperava que fosse.
Lágrimas brotaram de seus olhos. Ela iria realmente fazer isso.
Depois de quatro anos, a evidência de Nathan em seu corpo seria
eliminada fisicamente, o impacto emocional diminuído.
Ela não estava brincando quando disse que não queria uma
tatuagem antes disso. Bem, muita das tatuagens que ela viu na
antiga escola em que ensinara que ficava no interior da cidade, tinha
uma quadrilha relacionada. Então, muitas crianças eram tatuadas
por tatuadores sem licença, dispostos a marcar permanentemente as
crianças menores de idade.
Aqui era diferente. Olhar para as linhas prestes a serem gravadas
em sua pele a deixava tonta. Seu coração batia em resposta ao
zumbido de adrenalina. Era isso o que todos sentiam naquele
momento antes de sua pele ser mudada irrevogavelmente? A
aceitação estranha da permanência das coisas, especialmente aqueles
que não poderia ser desfeito. Sua pele formigava com antecipação e
ela estremeceu um pouco, apesar do calor do quarto.
— Você tem certeza que quer fazer isso? — Disse Trent em voz
baixa. — Eu não pensaria menos de você se você não quiser.
Harper deu um último suspiro profundo.
— Eu preciso da minha vida de volta. Eu tenho vivido aqui por
muito tempo e não tive um mergulho no oceano. Eu não pedi para
que isso acontecesse comigo, mas é hora de eu parar de deixá-lo
governar o que eu faço. Eu sei que é hora de seguir em frente. Estou
com medo, Trent, mas eu realmente quero isso.

***

Trent checou seu equipamento. A forma redonda das cinco


agulhas no forro criaria um grande esboço da tatuagem. Ele
equilibrou o peso dela em sua mão, ia ter um monte de uso hoje. Ele
endireitou o saco da máquina que cobria praticamente tudo, exceto a
agulha. Seu equipamento sempre era esterilizado. Olhou para o estojo
com agulhas planas para colorir dentro do contorno. Ele podia
precisar delas hoje, dependendo de como eles iriam. Dando seus
equipamentos uma última verificação, Trent esperou por Harper dar
um passo, sentindo a mudança de energia na sala quando ela
finalmente decidiu ficar na cama.
Ele sabia desde o momento em que a viu naquela primeira noite
que fazendo isso ia ser algo especial, algo que ele queria fazer parte.
Tirando o boné de beisebol preto, Trent alisou o cabelo e, em seguida,
colocou de volta virado para trás. Alguma música country horrível,
provavelmente sobre desgosto, divagação, ou amor verdadeiro, estava
tocando em seu iPod. Sua escolha, não dele. Essa merda fazia seus
ouvidos sangrarem.
Ele colocou um par de luvas pretas, pegou a máquina de tatuagem
e se preparou para iniciar a primeira linha, tomando um momento
para suavizar com um pouco de vaselina para parar o sangramento
que ocorreria e ajudar a sua agulha a penetrar na pele de Harper sem
atrito.
Como ele tinha planejado a tatuagem na noite anterior, ele jogou
fora a maneira como normalmente fazia uma tatuagem dessa escala.
Queria que a primeira sessão tivesse um impacto real. Ele também
queria evitar algumas das partes mais dolorosas, se possível, já que
esta ia ser uma viagem longa e ele não queria fazer a antecipação de
futuras sessões piores.
— Aqui vamos nós, Harper. Respire fundo e lembre-se de segurar
isso. Se ficar muito ruim, deixe-me saber e eu vou parar tão
rapidamente quanto possível, dado onde eu estou. Os primeiros vinte
minutos vão ser os mais terríveis. Pronta?
— Pronta.
Ela se encolheu com o zumbido do equipamento. Ele estendeu a
mão e esfregou a parte baixa de suas costas.
— Não se preocupe, querida. São apenas as agulhas se movendo.
Ele esperou até que seu corpo relaxasse novamente.
— Tome respirações lentas para mim, querida. Sem vomitar na
minha cama, ok? A partir de três, dois, um...
O zumbido de sua máquina favorita vibrava em sua mão. Nada
mais o fazia se senti assim. Ele esticou a pele e baixou as agulhas nas
costas de Harper, saboreando aquele primeiro momento de contato,
uma pressão suave que todo artista tinha que dominar para
minimizar a dor. Tinta excedente, formava poças em torno da ponta,
borrando as linhas, ele teve que seguir. O pigmento fluiu com as
agulhas entrando e saindo da pele virgem de Harper. Ele ergueu as
agulhas e limpou a superfície com tinta indesejada. Sua mão estava
confiante e firme quando ele desenhou o primeiro par de linhas que
se tornaria a parte superior do punho da espada.
Mergulhando a máquina de volta para a tinta, Trent parou por um
minuto.
— Como você está? Se lembrando de respirar?
— Eu continuo dizendo a mim mesma que eu sobrevivi a algo pior.
Ele colocou a máquina de volta na mesa e deslizou seu banquinho
ao redor do topo da cama. Abaixando a cabeça para seu nível, ele
esperou ela olhar para ele.
— Você. É. Incrível. Eu tenho tatuado milhares de pessoas e
nenhum deles foi mais corajoso do que você está sendo agora. Por que
vale a pena, estou incrivelmente orgulhoso de você.
O olhar em seus olhos lhe disse que não acreditava nele. E isso
não era uma vergonha.

***

Ele olhava em seus olhos.


— Obrigada. — Ela disse e baixou a cabeça sobre seus antebraços.
Ela não merecia o seu louvor. Alguém que fugiu e ainda estava
fugindo não era valente. Merriam-Webster16 provavelmente iria
marcá-la como um exemplo ambulante de covardia, incapaz de
enfrentar seu agressor deixando-a toca-la.
O zumbido veio novamente e a dor lhe tirou o fôlego. Harper estava
focada em um nó no piso de madeira e contou até cinco com cada
respiração. Trent havia prometido a ela que as endorfinas iriam
aparecer em algum ponto, mas a menos que elas fossem tomadas
com alguns analgésicos pesados, elas não estavam fazendo algum
efeito.
A primeira hora passou como um borrão, a dor se tornou mais
suportável enquanto se ajustava a ela e Trent checava-a com
frequência para ver como ela iria. Ele disse que não gostava do termo
"arma de tatuagem", odiando a conotação de que a ferramenta do seu
trabalho era uma arma. Uma tatuagem, disse ele, nunca matou
ninguém. Ele preferia os termos "máquina de tatuagem" ou "ferros".
Em relação a tinta de pigmento, ele realmente não se importava de
uma forma ou de outra. Era um líquido colorido que era deixado para
16
A Merriam-Webster, originalmente conhecida como G. & C. Merriam Company, de Springfield,
Massachusetts, é uma editora estadunidense que publica livros de consulta, especialmente dicionários.
trás na pele e o fato de que a tinta de pigmento fez todo o tipo de
conversa discutível. Ele odiava a palavra "tatuado" para descrever
alguém que tinha tatuagens, gostava de ser chamado de tatuador em
vez de um tattoo que, na sua opinião, parecia como um planeta Star
Wars e odiava que alguém trouxesse uma foto de outra pessoa com
tatuagem pedindo-lhe para recriar.
Ouvir Trent realmente acalmava-a, porém, ao ouvir a palavra
"arma", um fio de gelo passou pelas veias de Harper. Tentando se
livrar dele, ela voltou a contar suas respirações. Ela tentou se
concentrar em uma pintura realista intrincado na parede a sua
frente, sua mão segurava um pedaço de tecido. Ela fechou os olhos,
mas por trás das suas pálpebras, as imagens começaram a tremer.
Ela abriu os olhos para escapar delas, mas ainda assim, elas vieram.
Podia ouvir vagamente Trent perguntando a distância se ela estava
bem. Ele parecia tão distante, como se estivesse em outra
extremidade de um longo túnel. E ela estava lá atrás. Deitada em sua
cama, Nathan gritando com ela. Ela sentiu a fria borda da lâmina
através de sua pele. Nenhuma resistência. Uma faca quente na
manteiga. E uma onda de bile começou a subir.
Harper piscou para conter as imagens furiosamente, reorientando-
a para o nó no chão. Contar não estava funcionando. Sua respiração
tornou-se superficial. Ela tentou se concentrar em Trent. Ele disse
que hiperventilar era ruim. O cheiro de álcool de Nathan se misturou
com o suor do seu corpo em suas narinas. Seu discurso retórico
continuou crescendo em seus ouvidos. Ela era uma prostituta. Ela
nunca poderia deixá-lo. “Você é minha putinha. De mais ninguém.
Você nunca vai ficar longe de mim.”
— Pare! — Ela chorou, colocando as mãos sobre os ouvidos.

***

Trent puxou a máquina, abandonando-a sobre a mesa enquanto


ele rapidamente deslizava ao redor da cama. Ela soava como um
animal ferido clamando por ajuda.
Suas mãos estavam sobre seus ouvidos. Cristo, ele tinha
considerado que havia uma chance de que a tatuagem fosse muito
próxima ao que ela já tinha atravessado, mas pensar e vê-la era duas
coisas horrivelmente diferentes.
Ele desesperadamente queria abraçá-la e beijar seus demônios,
mas tocá-la provavelmente não era o mais inteligente no momento.
Sentia-se inútil.
— Harper, querida. — Disse ele suavemente. — Você pode olhar
para mim?
Seus ombros ainda tremiam, todo o seu corpo estava rígido com a
testa pressionada no couro.
Ele precisava tocá-la. Ela precisava de alguém para tocá-la. Harper
tinha levado tudo isso sozinha por muito tempo. Ele tirou as luvas e
colocou as mãos em cima dela, cobrindo as orelhas. Ele beijou o topo
de sua cabeça.
Ele persuadiu as mãos de suas orelhas, seus polegares esfregando
os pulsos.
— Hey querida. Eu preciso que você me olhe.
Harper levantou a cabeça lentamente. E Trent delicadamente
limpou as lágrimas de suas bochechas.
— Sinto muito. — Ela engasgou, sem olhar para ele.
— Quer me dizer o que aconteceu, baby? — Ele alisou o cabelo do
rosto.
— Acabei voltando para lá. Como eu sempre faço.
— Vamos fazer uma pausa. Tome um pouco de água. — Ele não
queria pressiona-la para algum surto psicótico. Eles provavelmente
deveriam encerrar o dia.
— Não. — Harper se empurrou para cima em seus antebraços. —
Eu quero que você continue fazendo. Eu tenho que parar este ciclo.
Se eu deixar esta cama agora, nós dois sabemos que eu não vou
voltar.
O resto da sessão aconteceu sem intercorrências, assim, eles
caíram em um ritmo confortável de tatuagem e conversa. Trent
limpou as costas de Harper com cuidado para remover toda a tinta
excedente antes de ajudá-la a sair da mesa.
— Puta merda. — A boca de Harper estava aberta e seus olhos
estavam arregalados e brilhantes quando ela torceu e virou-se na
frente do espelho. — Você não estava brincando, não é? — As linhas
pretas da espada e as chamas realmente se destacavam como ele
pretendia. — Sobre o quê? — Observar a reação dela era inestimável.
— Você realmente é incrível nisso. — Ela olhou diretamente para ele.
Isso significava mais do que qualquer uma das competições que
ele tinha vencido ou qualquer prêmio que ele já tinha ganhado. A
quase aceitação relutante da carreira que amava por seus pais ou a
decepção por sua falta de sucesso com Yasmin. Foi por isso que ele
fez isso. Para pessoas como Harper. Calor espalhou-se dentro dele
enquanto ela olhava-o. Merda, ele estava se transformando em um
marica. Mas não se importava.
— Obrigado, Trent. Eu não sou realmente capaz de elaborar uma
frase melhor agora, mas isso significa muito mais para mim do que eu
posso colocar em palavras. — Sua voz estava cheia de admiração.
— O prazer foi meu, querida.
Ele passou suavemente o creme de vitamina E de forma uniforme
em todas suas costas. Normalmente, passar a loção sobre a pele
recém-tatuada não o afetava, mas a visão das linhas pretas que
levantavam a pele dela com manchas vermelhas em alguns lugares,
era como receber um soco no estômago. Sendo que a causa dessa o
deixava desconfortável. Ele pressionou as compressas de gaze sobre
sua pele, usando uma fita cirúrgica para deixa-las no lugar.
— Você tem alguém para ajudá-la a trocar as gazes daqui a
algumas horas? Você vai ter que lavar isso três vezes ao dia com
sabão antibacteriano, em seguida, colocar mais creme.
Ele ajudou Harper a colocar a camiseta de volta, deslizando
suavemente a manga até seu braço para que não escovasse contra
sua pele sensível.
— Minha melhor amiga disse que iria me ajudar. Ela vai vir mais
tarde.
Ele percebeu de repente que não iria vê-la novamente por um par
de semanas. O sentimento não era muito bom.
— Você quer anotar o número do meu telefone celular no caso de
ter alguma dúvida ou precisar de alguma coisa?
— Ótima ideia. — Harper respondeu rapidamente. Talvez ele não
fosse o único a sentir algo entre eles.
Dentro de instantes, o telefone de Harper tocou.
— Apenas eu. — Disse ele.
Ele sentiu a mão dela em seu pulso. Era a primeira vez que ela o
tocava sem ele fazer o primeiro movimento. Pareceu tão certo que
Trent teve de moderar seu enorme sorriso, tomando um momento
para absorver a sensação de sua mão macia contra a sua pele.
— Eu sinto muito pela cena anteriormente. Isso não acontece há
bastante tempo. — Disse Harper.
— Não se preocupe, Harper. Isso não pode ser fácil. O que me faz
admirá-la ainda mais. — Um rubor suave rastejou até seu rosto.
Lembrou-se da primeira vez que a viu, quando ela carregava a
caixa da loja de café. Ela parecia ainda mais deliciosa agora e era
difícil de resistir à tentação de se inclinar e testar se aqueles lábios
cor de rosa eram doces como ele imaginava. Ela fez uma pausa,
olhando timidamente por sob as pálpebras abaixadas.
— Eu deveria ir. Adeus, Trent.
— Eu vou acompanhar você, Harper.
Em breve, ele esperava.
Porque duas semanas era um maldito longo tempo.
— Hey, Harpe. — Disse Joanie, enquanto as duas
estavam limpando a máquina de café. — Eu posso falar
com você sobre algo? — O café estava fechando e além de
Drea que estava no escritório contando o dinheiro, elas eram
as únicas a ficar.
— Claro, o que está em sua mente? — Joanie trabalhava lá
há mais tempo do que Harper, embora ela só tinha acabado de fazer
vinte anos.
— Bem, você sempre pareceu tão inteligente e organizada. E
gostaria de saber se você poderia me ajudar com uma coisa. — Joanie
tirou algumas folhas amassadas de papel da frente do seu avental e
alisou-os na superfície do balcão, usando a palma da mão para deixá-
los plano. Era um artigo com um grande D- no canto superior. — Eu
realmente não quero que todos saibam, mas eu nunca terminei o
ensino médio. É uma longa história. Eu decidi tentar o colégio da
comunidade para ver se eu poderia fazer as aulas, mas... é realmente
difícil para mim.
Harper respirou fundo e chegou ao outro lado do balcão, pegou o
papel para que pudesse ler os comentários do professor.
— Voltar para a escola é a coisa mais incrível que você pode fazer.
Que tipo de ajuda você precisa?
— Tudo isso, realmente. Eu não consigo me organizar, continuo
passando dos prazos e estou recebendo notas de merda. Eu pensei
que poderia ser mais fácil agora que eu sou um pouco mais velha.
Mas... não.
Seu coração batia como se estivesse prestes a sair de seu peito.
Harper olhou para a prova em sua mão. Era uma coisa inocente.
Algumas linhas no papel, mas para ela, era uma encruzilhada. Ela
podia querer dar um passo adiante, recuperar uma pequena parte de
quem era, ou quem se tornou.
— Bem, com certeza eu posso ajudar com o gerenciamento de seu
tempo, especialmente com suas atribuições. E nós podemos tentar
fazer alguns pedaços da lição de casa e ver sobre o que se trata, ver o
que podemos fazer.
Lágrimas encheram os olhos de Joanie.
— Você realmente faria isso? Podemos conversar no salão de
bilhar hoje à noite?
Harper suspirou. Ela sempre evitou encontros sociais, qualquer
coisa que a colocasse no caminho de muitas pessoas em um ambiente
desconhecido. Até agora, ela recusou o convite de José para sair com
seus colegas de trabalho e tinha se mantido firme na persuasão
constante de Drea. Mas o olhar de esperança no rosto de Joanie
tornava difícil dizer não.
— Claro. Traga um caderno e uma lista de seus projetos em
andamento e nós vamos encontrar um lugar tranquilo para sentar e
descobrir isso.
Estar em um lugar tão público era o seu pior pesadelo. Foi muito
difícil evitar o contato com tantas pessoas em tanto tempo. Ela
observou Joanie sair pelas portas de vaivém na parte traseira e
esperava que pudesse encontrar a coragem para cumprir sua
promessa.

***

Deitando-se no sofá em seu escritório, Trent esfregou as mãos


sobre o rosto e fechou os olhos. Se ele soubesse que Eric marcaria
pela manhã, ele nunca teria saído para beber com Cujo noite
passada.
Uma batida na porta o fez gemer. Pixie entrou.
— Boas notícias. Seu último compromisso acabou de ser
cancelado.
Aleluia!
— Cujo, Lia e eu estávamos pensando em sair para o Long Cue se
você estiver interessado. Lia está quase terminando e Cujo só precisa
de mais meia hora.
Merda. O que ele realmente queria fazer era ir para casa e deitar
na cama, mas ele se viu concordando.
— Certo. Eu estarei lá. Talvez apenas uma cerveja rápida. — Disse.
— Rápida. — Pixie sorriu para ele. Fácil para ela dizer. Uma
década estava entre eles.
— Agora desligue a luz e me deixe em paz até nós irmos. —
Jogando o braço sobre os olhos, Trent tentou voltar ao seu sono.
A soneca do poder acabou em um piscar de olhos e depois de uma
unidade desconfortável, seu corpo estava esmagado na caixa de
fósforos que era o carro de Pixie, enquanto eles chegavam ao Longo
Cue.
— Eu reservei uma mesa em meu nome. — Pixie disse, abaixando-
se sob o braço de Trent enquanto ele segurava a pesada porta
vermelha aberta para todos eles. — Eu vou pegar uma guia e
podemos dividi-lo mais tarde. Pode ser?
O salão de bilhar tinha corredores longos, um lugar que nunca ia
acabar em um guia turístico. O bar ficava de um lado e seis mesas de
sinuca estavam perpendiculares a ele do outro lado. As paredes eram
de um branco amarelado, um testemunho da era do fumo
abandonado.
Por trás de cada mesa tinha um quadro, um par de placas com a
palavra "reservado" escrito neles e um rack de tacos de sinuca.
O jukebox clássico Wurlitzer no canto estava tocando "Bad Moon
Rising", clássico do Creedence Clearwater Revival. Alguém tinha
meticulosamente polido o cromo do vidro até brilhar. Os discos de
vinil pretos eram visíveis no topo. Era a única coisa no lugar que viu
qualquer reforma recente.
Trent deu uma olhada ao redor do salão e olhou uma segunda vez
quando viu Harper debruçada sobre uma mesa de bilhar, fazendo sua
jogada e afundando a bola branca. Ele riu quando ela fingiu bater a
cabeça repetidamente na tabela verde.
A sósia da Natalie Portman abaixou a cabeça ao lado de Harper,
dizendo algo que fez Harper levantar de novo e rir. Uau. Ela parecia
tão despreocupada quando sorria.
Harper bateu sua amiga no ombro, mas se encolheu quando uma
menina que usava saltos finos tentava equilibrar três cervejas e
acidentalmente esbarrou em Harper no caminho de volta para sua
mesa. O medo brilhou em seus olhos quando seus ombros pararam e
seu corpo ficou tenso.
Interessante. Sua amiga puxou-a para mais perto, colocando
Harper entre ela e a mesa. Isso aconteceu sem problemas,
rapidamente, como se tivessem feito isso antes.
Ele pensou sobre os textos que enviaram um ao outro nessa
semana, seu telefone tornou-se um apêndice permanente para que ele
não perdesse um sequer. Cujo jogou um par de meninas para ele no
fim de semana, mas o coração de Trent não esteve nisso. Claro que
ele flertou um pouco, as meninas eram bonitas e engraçadas, então,
por que não? Mas quando chegou a hora de dar um passo adiante, ele
se afastou, para grande desgosto de Cujo. E vendo Harper agora, ele
sabia o porquê.
Ele se perguntou por um momento o que ela estava fazendo no par
de dias desde que a viu pela última vez, o que ela gostava de fazer
quando não estava fazendo pedidos no café.
Caminhando na direção dela, ele se perguntava como ela reagiria
ao vê-lo. Teria aquele delicioso rubor enchendo suas bochechas?
Andou furtivamente tanto quanto um cara com sua construção podia,
querendo chegar lá antes que ela tivesse uma chance de entrar em
pânico.
— Hey, Harper. — Ele disse chegando a sua mesa.
— Trent. — Disse ela, assustada, com a mão no peito. — Oh meu
Deus. Você acabou de ver o que eu fiz?
Sim, houve o bonito rubor envergonhado e maldição se não enviou
uma inundação de sangue em algum lugar que não deveria.
— Se você está falando sobre a loucura da bola branca, então não,
eu não vi. — Disse ele, rindo. Ela bateu no seu ombro.
— Você é um idiota! — Ela disse enquanto ele agarrou seu braço
com mágoa simulada.
— Isso é uma questão de opinião. Eu preciso que você fique aí
ainda, Harper, porque estou prestes a colocar minhas mãos em seus
ombros e beijar sua bochecha, ok?
Seus dedos se movera brevemente, mas ela os parou tão
rapidamente como tinha começado.
Olhando para ele, ela sorriu.
— Ok.
Trent se firmou, movendo-se lentamente em direção a ela, não
querendo assustá-la. Empurrando o cabelo para trás sobre os ombros
de modo que suas mãos poderiam descansar em sua blusa, ele se
inclinou para frente. Sua pele ainda era rosada e macia. Ele respirou
fundo. Ela cheirava a baunilha, doce o suficiente para lembrá-lo de
sobremesa. Ele tocou os lábios em sua bochecha por uma fração de
um momento mais do que deveria e resistiu ao impulso de gemer
quando sentiu seu rosto inclinar-se para o seu.

***

A ternura em seu beijo parou completamente, o salão de bilhar foi


desaparecendo até que cada partícula de seu foco estava no ponto de
conexão. Uma de suas mãos se moveu para cima do ombro e para a
parte de trás do seu pescoço e seu polegar escovou lentamente a pele
sensível atrás da sua orelha.
Um tremor seguiu para baixo de sua coluna, deixando todos os
seus cabelos em pé, trazendo todos os nervos de seu corpo à vida.
Harper se inclinou uma fração de um grau para os lábios e fechou
os olhos, desfrutando por um breve momento uma conexão sensual
com outro ser humano.
Trent levantou a cabeça longe dela, mas sua mão continuava a
esfregar seu pescoço suavemente.
Ela abriu os olhos, lutando para trazer Trent de volta ao foco.
— Isso não foi tão ruim agora, foi? — Ele disse suavemente,
sorrindo.
Sem palavras, Harper apenas balançou a cabeça. Ela sentiu a
ausência de suas mãos imediatamente quando ele as colocou em seus
bolsos.
— Os meus amigos estão jogando numa mesa um pouco afastada.
Você já conhece Cujo e Pix. Vem ficar com a gente um pouco quando
você terminar com o seu jogo.
Ela encontrou-se incapaz de responder. O que diabos era isso que
ele fez que a deixou agindo como uma tola sem palavras?
Ela o observou caminhar (não, o ver caminhar definitivamente não
era justo) para a sua mesa e viu Cujo servir uma cerveja do jarro.
— Que. Merda. Foi. Essa? Oh meu Deus. Eu preciso me abanar lá
em baixo! — Drea riu.
Só durou cinco segundos no máximo, mas seu rosto ainda estava
inflamado onde seus lábios tocaram e seu corpo queimava.
— Esse menino tem uma coisa por você, menina. — Drea era
propensa ao exagero.
— Foi apenas um beijo, D. Não deixe fora de proporção. Eu não
acho que eu sou o tipo dele.
— Não parecia isso de onde eu estava. Você parecia exatamente o
tipo dele. O que ele disse?
— Ele disse olá e me pediu para ir dizer oi quando eu terminar de
jogar.
— Então vá agora. Eu te amo, mas você irá estragar isso e também
estou perdendo. Deixa que acabo com isto aqui.
— Não. Absolutamente não. Vou terminar. Então eu vou. Ele
provavelmente só quer me apresentar a um dos outros tatuadores.
— Yeah. Tenho certeza de que é isso o que ele quer. — Drea
murmurou.
O jogo terminou exatamente uma rodada mais tarde, quando,
apesar de seu foco total na bola verde, Harper atingiu a preta em vez
disso.
Tentando fugir da fúria simulada de Drea, ela pegou sua bebida,
tomou um gole e caminhou até a mesa de Trent. Pixie precariamente
balançava em um pé, tentando chegar até a metade da mesa verde,
seu pequeno corpo lutava para fazer um grande alcance.
Cujo estava rindo de seus esforços. Ele se aproximou, pegou-a pela
cintura em suas mãos enormes e levantou-a sobre a mesa para que
ela pudesse alcançar. Ela gritou, rindo enquanto ele fazia cócegas,
mas fez a tacada de qualquer maneira.
Trent e uma garota que ela não sabia quem era, estavam sentados
em uma pequena mesa redonda, com as cabeças próximas. Ela era
meio clássico Pin-up17, ou seja, uma menina gostosa. Cachos
vermelhos macios enquadravam perfeitamente na sua pele ilibada.
Ela tinha os lábios vermelhos e usava um vestido dos anos 50 que se
curvava em todos os lugares certos e mostrava suas tatuagens de
cima a baixo em ambos os braços. Escondendo as pequenas chamas
do ciúme, Harper contemplou uma rápida retirada, mas antes que
fosse capaz de dar um único passo, Trent olhou para cima e um
sorriso se espalhou de seus lábios quando ele a viu.
— Hey, Harper. — Trent gritou. — Isso não demorou muito.
Perdeu? — Ele falou com um aceno.
— Algo parecido com isso. — Disse ela com um sorriso
envergonhado.
— Harper, este é Lia. Ela trabalha no estúdio com a gente. Lia,
Harper é uma das minhas novas clientes. — Harper apertou as mãos,
aliviada de que ela era apenas uma colega de trabalho. Ele teria dito
namorada de outro modo, não teria? — Aqui. — Disse ele, puxando a
cadeira ao lado da sua. — Deixe-me puxá-la para você. — Ele pegou a
17
O termo significa "ser pendurado", por conta dos posters com fotos Pin-Ups que esbanjavam
sensualidade na década em que o estilo surgiu, 40. Esta moda ficou conhecida quando as mulheres
vestiam-se de Pin-Up para alegrar os soldados durante a 2ª guerra mundial.
mão dela e puxou-a para ele. Sem soltar seu pulso, ele encheu o copo
e depois a soltou. Harper tinha certeza que não era a cerveja dando-
lhe o zumbido que ela estava sentindo. — Então, como está a parte de
trás? — Ele perguntou casualmente.
— Melhor agora do que estava, obrigada. Eu pensei que iria morrer
naquela noite. Toda vez que rolava no meu sono eu me acordava.
Desculpe se mantive incomodando você.
— Não se preocupe. Não foi nenhum problema.
— Você está sendo gentil, mas eu estava sendo um pouco covarde.
Você tinha que me convencer a ir para o hospital, pelo amor de Deus.
Trent relaxou em seu assento, colocando o braço sobre as costas
da cadeira, sem tocá-la, mas tão perigosamente perto, sem tirar os
olhos dela, ele a estudou.
— Em alguns casos, pode ser muito mais tranquilo, mas vai ficar
melhor. Quer que eu dê uma olhada?
Harper balbuciou, cuspindo sua cerveja.
— Aqui? O quê? Não. Definitivamente não.
— Por que não? – Trent brincou. Ela podia ver Lia sorrindo,
observando-os com curiosidade.
— Porque não. Eu não sou o tipo de pessoa que levanta a camiseta
em um bar.
Trent estreitou os olhos para ela e algo aquecido e possessivo
brilhou nele.
— Fico feliz em ouvir isso, Harper. Talvez mais tarde, então.
Harper se esforçou para formar uma resposta, mas ele a
interrompeu.
— Quem está aqui com você?
— Trabalho. — Ela balbuciou. — Pessoas do trabalho. E a minha
melhor amiga, Drea.
Ele se inclinou para frente e sussurrou.
— Eu gosto quando você se confunde. — Sua respiração tocou
suavemente sua orelha. Ela estremeceu.
— Bem, bom. Porque confusa parece ser meu estado natural em
torno de você. — Ela sussurrou de volta, espantada que fosse capaz
de chegar a qualquer réplica.
— Sua vez. Ele chutou a minha bunda. Novamente. — Pixie caiu
em uma cadeira livre.
— Quem quer jogar com o maior jogador de todos os tempos? —
Perguntou Cujo, despenteando o cabelo de Pixie. Ela bateu na mão
dele, bem-humorada.
— Harper e eu vamos jogar com você.
— Um pouco de trabalho em equipe. Eu gosto disso. Você está
nisso.
Harper ficou horrorizada.
— Será que você não me viu arranhar a bola branca? E, em
seguida, a bola preta?
— É por isso que o jogo terminou tão rapidamente. Humm. É pior
do que eu pensava. Você precisa de um tutor.
Harper riu.
— Fala sério. Eu não deveria ser permitida estar perto de vinte
metros de uma mesa de bilhar. Eu sou claramente um perigo.
— Sim, mas eu sou um jogador incrível. Agora, se levante e deixe
eu te mostrar como se faz. — Harper levantou relutante quando Trent
agarrou a mão dela e a puxou de sua cadeira.
Inclinando-se para sua orelha, ela sussurrou.
— Incrível no bilhar, surpreendente em tatuagens, maravilhoso em
abraços. Há qualquer coisa que você não seja surpreendente?
Ele pegou a mão dela enquanto Cujo arrumava as bolas. Sorrindo,
ele se inclinou para trás em direção a ela e sussurrou.
— Ficar longe de meninas gostosas com tatuagens fodonas.
Ela sabia o que ele estava fazendo.
— Me deixe te ajudar a se alinhar, Harpe. — E com. — Aqui, se
você experimentar com este é melhor.
Era tão clichê que era ridículo. No entanto, ela não podia ignorar
nem os menores dos seus toques, com duração de não mais do que
um momento, quando seu braço tocou o dela para o giz ou quando
descansou na pequena mesa em suas costas quando era a vez de
outra pessoa. E como se isso não fosse suficiente, ele se inclinou
sobre a mesa para pegar a bola e se manteve revelando uma bunda
gostosa vestida com calça jeans apertada e com os braços tatuados
flexionados com as mangas arregaçadas de sua camiseta preta.
— Eu sei o que você está fazendo, Trent. — Ela disse quando ele se
encostou na parede assistindo Cujo fazer a sua jogada.
— E o que seria isso? — Ele perguntou, virando-se para encará-la
com um sorriso diabólico.
— Você sabe.
— Está funcionando?
Harper caminhou até a mesa, tomando um momento para pensar
na resposta à pergunta incrivelmente simples. Fazendo uma pausa
enquanto criava sua próxima tacada, ela olhou por cima do ombro
para onde ele ainda estava reclinado contra a parede, observando-a
pacientemente. Todas as razões que ela prometeu ficar sozinha, ficar
de fora, fugiu quando ele sorriu para ela.
— Talvez.

***

Eles perderam. Trent não se surpreendeu. Ele mal era capaz de


olhar para as bolas, toda a sua energia estava focada em Harper.
Homem, quando ela não estava mostrando a bunda bem poderosa
enquanto se inclinava para tacar, ela totalmente o envolveu com seus
comentários engraçados, autodepreciativos.
Quanto mais tempo passavam juntos, mais confortável ela ficava
com ele. O que era exatamente o que ele estava trabalhando, embora
que com uma garota, definitivamente não era o seu habitual modo.
Era difícil de definir do que se tratava Harper o porquê de ela ser tão
diferente, mas ela totalmente valia o esforço.
Quando Harper fez sua jogada, Cujo tentou distraí-la dançando na
frente da caçapa que ela estava direcionando. Trent riu quando ele a
ouviu ameaçar o mais importante órgão de Cujo.
— Qual é o negócio com você e ela, Trent? — Perguntou Lia. — Ela
não é apenas uma cliente, não é?
— Não tenho ideia do que você está falando. — Disse Trent,
despreocupadamente servindo-se de mais uma cerveja do jarro e
sinalizando para a garçonete trazer outro.
— Vamos, T. Eu te conheço há o que, dez anos? Nós tivemos que
arrastá-lo aqui para uma rápida cerveja duas horas atrás e agora eu
apostaria meu Aaron Cain18 edição limitada de cinco forros que não
poderíamos leva-lo embora se quiséssemos.
— Eu não quero os seus cinco forros vermelhos e pretos com os
lados perfurados, para pesos leves como você.
— É framboesa e cinza e eu não sou um peso leve. É Aaron Cain!
De qualquer forma, você está perdendo o foco. Por que você não fez
um movimento? Vocês ficam bem juntos.
A conversa estava começando a beirar a fronteira do
desconfortável. Caras não se sentam com caras e discutem seus
sentimentos ou merdas assim. Mas esta era Lia. Estes eram seus
amigos e eles os conheciam melhor do que ninguém.
Porra. Ele não conseguia nem explicar a si mesmo, não conseguia
encontrar as palavras ou até mesmo decidir que lado o vento soprava
agora.
Isso estava começando a bater um pouco demasiado perto de casa.
— Sim, bem, o suficiente falando sobre nossas partes femininas.
— Ele riu enquanto Lia deu um tapa no braço. — Eu estou indo
salvá-la de um destino pior que Cujo.

18
Tatuador famoso.
Cujo se inclinou sobre a mesa de bilhar, franzindo os lábios e
soprando no lado do rosto de Harper para distraí-la de sua tacada.
Trent cutucou longe com o seu quadril.
— Essa é a única maneira que você pode ganhar, Cuj?
Cujo endireitou e riu, piscando para Harper.
— Harper pode aguentar.
— Ela não deveria. Você não precisa ser um idiota. — A amiga de
Harper entrou na conversa da mesa ao lado, onde ela estava jogando
atualmente.
Trent virou-se para olhar para ela. Ela era uma coisa um pouco
mal-humorada; seu olhar fulminante foi direto em Cujo.
— Uau. A gatinha tem garras. — Cujo respondeu com um sorriso
irônico. — É chamado de diversão.
— Não. Chama-se ser um idiota. — Ela gritou de volta antes de
voltar ao seu jogo.
Cujo levantou uma sobrancelha para ele e deu de ombros. Eles
jogaram até que fossem os únicos no salão de bilhar, Drea,
eventualmente, se juntou a eles.
— Você redefiniu a palavra idiota. — Trent a ouviu dizer para Cujo,
que estava encostado a mesa de bilhar, com os braços cruzados na
frente do peito, enquanto Drea gesticulava loucamente diante dele.
A falta de espaço no salão estava totalmente trabalhando em favor
de Trent. A pequena mesa com cadeiras esmagadas, uma do lado da
outa, significava que Harper estava sentada tão perto dele que suas
coxas se tocavam.
Ela não vacilou visivelmente quando seu braço foi em torno do
encosto da cadeira, ocasionalmente, alisando os cabelos do seu
ombro. Na verdade, ele tinha certeza que estava provocando o arrepio
ocasional. De vez em quando, ela olhava de soslaio para ele, no que o
fez pensar em seu olhar de colegial sexy ou o cotovelo nas costelas
quando ele intencionalmente esfregou as costas de seu pescoço.
Drea veio até eles.
— Tenho que ir, estou abrindo na parte da manhã. — Disse ela,
pegando seu casaco e sua bolsa. — Você vem comigo, Harper, ou vai
ficar?
Harper olhou para ele.
— Eu deveria ir. Está ficando tarde.
— Eu vou levá-la até lá fora. — Ele se virou para Pixie. — Eu vou
estar de volta em um minuto para acertar a conta.
— Tome o tempo que você precisa, doce. — Disse ela com um
sorriso. Lançando um sorriso, ele caminhou atrás de Drea e Harper.
— Espere aqui. Eu vou pegar o carro. — Disse Drea desaparecendo
no estacionamento do lado, deixando-os lado a lado no meio-fio.
— Foi divertido esta noite. Obrigada, Trent.
— De nada, querida. A qualquer hora. — Ele fez uma pausa, por
mais uma vez totalmente incerto sobre o que fazer. Ele não queria
estragar tudo. Mas foda-se, você só vive uma vez.
Trent virou-se para Harper. Lembrando seu primeiro abraço no
estúdio, ele deslizou um dedo dentro do cinto de sua calça capri e
descansou a mão na parte de trás do seu pescoço. Olhando fixamente
em seus olhos, ele ficou aliviado ao ver apenas algum pânico leve e
uma dose saudável de atração, mas não medo.
— Você sabe o que vem depois, certo, Harper?
— Sim. — Ela disse, um pouco sem fôlego, passando a língua
sobre seu lábio inferior.
— E você não está me parando?
— Não, eu não estou.
Alívio e antecipação surgiu por dele. Puxando o laço único, ele a
puxou para ele, movendo-se lentamente enquanto sua mão deslizava
ao redor de sua cintura, se estabelecendo na parte inferior das suas
costas. Trent inclinou-se cautelosamente em direção a ela, seus olhos
nunca perdendo o contato com os dela, observando como suas
pupilas dilatavam em antecipação quando ele tocou os lábios nos
seus.
Cristo. Sua boca era suave e disposta, derretendo contra a sua.
Ele a puxou mais apertado para ele e a beijou novamente, passando
lentamente a língua pelos lábios, saboreando seu doce sabor. Se isso
não era como estar voltando para casa, ele não sabia o que era. Ele
ouviu o gemido suave dela que se perdeu no beijo e caramba, se não
era o som mais sexy que ele já tinha ouvido.
Ele sentiu sua tentativa de controle sobre seus bíceps e quase se
desfez quando as mãos dela foram em torno de sua cintura e de suas
costas. Ele estava duro como uma rocha depois de um beijo e não
havia nenhuma maneira que ela não poderia perceber. Um carro de
bombeiros passou através de um cruzamento nas proximidades e a
sirene interrompeu o momento, um lembrete de que eles estavam na
calçada. Mas ele não queria deixa-la ir. Ainda não.
Apesar de sua relutância, Trent afrouxou o aperto e se afastou um
pouco, no mesmo instante em que o carro de Drea parou na frente
deles. Sua respiração ainda estava acelerada no peito.
Com um último olhar, ele passou o polegar sobre o lábio inferior
inchado e empurrou o cabelo dela atrás da orelha. Seus olhos
estavam vidrados, os lábios entreabertos e um rosa quente
polvilhavam suas bochechas. Olhando um para o outro, eles tentaram
ganhar o controle de sua respiração.
— Sonhe comigo, Harper. — Disse ele, virando para caminhar de
volta para o salão de bilhar.
Se alongando com um gemido Harper se virou
para olhar para o despertador, 09:10 piscava em
vermelho. Uau. Quase dez horas de sono sem interrupção.
Quando foi a última vez que isso aconteceu?
Revirando em seu travesseiro, ela sorriu, levou os dedos aos lábios
e pensou sobre a noite passada. A boca de Trent tinha primeiramente
sido hesitante, então depois apaixonada. O pensamento fez seu
estômago revirar.
Seu corpo tinha respondido de tal maneira que tudo a consumiu.
Calor corria por suas veias e alívio inundou-a. A parte na qual ela
pensou que estivesse morta, estava mostrando sinais de recuperação.
Ela estremeceu, revivendo a sensação do polegar dele sobre a pele
macia atrás da sua orelha e o calor de sua mão na parte inferior das
costas. E não há nenhuma dúvida que ele gostou tanto quanto ela.
Sentiu-o contra ela.
Harper gritou quando enterrou a cabeça nos travesseiros. O
tempo, como disseram, está definitivamente mudando. Não sabendo o
que fazer com o excedente de energia que de repente ganhou, Harper
decidiu correr algumas milhas. E depois de dez milhas, dois
croissants e um chuveiro, era quase onze horas.
Harper abriu seu laptop. Ela passou por sua dose diária de fofocas
e fez uma nota de venda da Victoria Secret. Talvez as mudanças que
ela estava fazendo em sua vida devesse incluir a adição de algo sexy
de volta para ela. Conectando a conta que compartilhava com seus
pais, ela abriu a pasta de rascunhos, onde uma única mensagem
estava esperando. As mensagens de sua mãe sempre a animava,
começando sobre as idas e vindas de volta para casa. A mensagem
terminou, como sempre, com "Esteja segura, amor mãe xxx”. Harper
excluiu, substituindo com sua própria resposta.
Ao abrir sua segunda conta, ela respirou fundo. Havia um e-mail
de sua advogada com um projeto da sua declaração de impacto nele.
Demorou mais meia hora de estimulação na frente do computador e
mais duas xícaras de café antes que ela se forçasse a abri-lo. Lê-lo
agora era como ler sobre outra pessoa, uma bizarra experiência fora-
do-corpo. Como tinha sobrevivido ao que era feito para ela? Lendo o
relato em primeira pessoa fez a dor renascer através dela.
Visceralmente. Tão real. Trinta e dois pontos. A mandíbula quebrada.
Um nariz quebrado. Um osso molar fraturado. A lista continuava.
Envolvendo os braços em torno de si mesma, ela deixou que as
lágrimas descessem, tremendo apesar da manhã úmida de Miami.
Com os ombros curvados, ela fisicamente caiu em si mesma e sua
testa descansou na borda da mesa.
Será que ela nunca realmente escaparia dele? Ela tolamente fez
vista grossa quando Nathan usava cada vez mais cocaína, esperava
que o menino que ela tinha se apaixonado voltasse para ela, que de
alguma forma ela seria suficiente para ele se agarrar e voltar. Porém,
quanto mais o tempo passava, mais ele não tinha sequer tentando
esconder sua dependência dela. Quando ele foi preso, Harper tinha
entregado à polícia a pequena lata de metal onde Nathan mantinha as
oito esferas de coca. Por todo o bem que lhe fizera. No julgamento, sob
juramento, o policial afirmou que ela havia dito que as esferas eram
dela.
Todo mundo estava usando, contou, jurando que ela disse que era
apenas uma escapada... como o álcool. Quão ingênua uma pessoa
poderia ser? Durante o julgamento, ela aprendeu que um rato,
quando dada a escolha de comida, água ou cocaína, ele sempre
escolherá cocaína, até passaria fome ou teria uma overdose.
No início, sob o olhar atento de seu irmão, Nathan era ótimo para
ela. Mas com o tempo, ele se tornou alguém irreconhecível. Ela
sempre era uma pessoa caseira e ele passava cada vez mais tempo
com seus amigos festejando, ele a ignorava cada vez mais. Tanto
quanto ele não se preocupava mais com ela, ela não era mais
divertida, ou até mesmo interessante. Ele parou de falar com ela.
Tocá-la.
Memórias ressurgiram inundando seu café da manhã. Ela tinha
cozinhado sua carne assada favorita para o aniversário de dois anos
que ficou na mesa por uma hora antes de ele finalmente mandar uma
mensagem dizendo que ela deveria congelá-lo, porque ele estava
hospedado com amigos. Ela deixou um bilhete de amor feito com
palavras cruzadas no balcão para ele uma noite, mas encontrou os
pedaços espalhados em torno da cozinha na manhã seguinte. Ela
reuniu a coragem de comprar um livro sobre sexo para tentar corrigir
essa parte de seu relacionamento e ele riu e disse que ela era a único
que precisava.
Informar-se sobre sua vida amorosa extracurricular era o disjuntor
do negócio. Até aquele momento, ela não tinha percebido que nunca
seria capaz de consertar o que já estava quebrado.
Humilhação a invadiu. Ela correu para o banheiro apenas a tempo
de seu café da manhã vir à tona. Ela foi encontrada por seu melhor
amigo, ainda amarrada na cama. O horror nos olhos dos paramédicos
ofuscavam suas tentativas de profissionalismo. Ouvia as palavras
suaves de sua mãe no hospital sem ser capaz de vê-la por causa do
inchaço de seu rosto.
E Reid. Seu relacionamento com seu irmão não era capaz de
resistir ao julgamento. Dividido entre seu melhor amigo e sua irmã,
ele escolheu nenhum dos dois. Sua falta de apoio esmagou ela. Sim, a
declaração de impacto foi brutal, mas serviu como um lembrete
rigoroso. Ela iria bem por conta própria. Melhor do que bem. Ela não
tinha necessidade de colocar esse tipo de confiança em um outro
cara, só para ter seu coração arrancado novamente. Ou pior.

***

Trent desligou o telefone e recostou-se na cadeira do escritório,


sua mente cambaleavam com as possibilidades. Um único telefonema
pode mudar sua vida. Michael lhe mostrou o passo a passo as ideias
do programa de TV e cara, era um grande show.
O show já havia sido aprovado pela rede para a produção e iria ser
gravado durante oito semanas por um ano com o painel de juízes, os
artistas mais talentosos do país, dando-lhes a chance de competir por
um estúdio próprio. Dred Zander, cantor/compositor e tudo que
possa imaginar, a cabeça da banda de metal Preload, já havia
assinado como um juiz. O cara era uma maldita lenda aos vinte e oito
anos, sua voz e suas tatuagens eram igualmente impressionantes. As
reuniões com Dred foi motivação suficiente para querer fazer o show.
Trent abriu o acordo de confidencialidade que Michael enviou por
e-mail para ele. Júnior teria adorado a ideia. Ele sempre disse que
talento era natural. Boas tatuagens podiam ser ensinadas, mas
grandes tatuagens eram talento natural. Trent sempre se perguntou
como Júnior poderia dizer que daria uma volta natural quando Trent
ainda não tinha percebido o seu talento. Tudo o que Júnior sabia era
que Trent era bom com uma lata de spray.
O show certamente teria um impacto sobre o estúdio, é claro. Ele
precisa pesar os prós e contras e discuti-los com Cujo, que iria acabar
por ter de pegar o seu horário no estúdio enquanto ele estivesse
ausente. O que seria mais fácil se um de seus artistas, Eric, não
tivesse fodido tudo recentemente.
A publicidade que traria para seu estúdio seria enorme. Ami
James e os rapazes do Miami Ink viriam o sucesso esmagador nos
bastidores de seu reality show. Ele e Cujo poderiam expandir o
estúdio ou até mesmo abrir outro em outro lugar, embora deixar
Miami permanentemente não estava em seus planos.
Ele acabou concordando em voar para Los Angeles para se
encontrar com Michael, Dred e os outros membros da equipe para
encontrar por "química na tela", palavras que nunca pensou que
ouviria em uma sentença com seu próprio nome. Todas as despesas
seriam pagas, ele seria capaz de visitar alguns amigos e talvez até iria
passear de bicicleta até a costa para conferir alguns estúdios da costa
oeste pelo caminho.
Ele enviou o documento de confidencialidade para a impressora. O
chocalho do papel, uma vez que carregado na máquina, era alto no
silêncio da sala.
A vida certamente iria tomar um rumo interessante. Bem, dois. Ele
não tinha planejado beijar Harper na noite passada. Porra, ele ainda
não tinha a intenção de vê-la.
Qualquer outra pessoa já estaria na sua cama por uma única
prosa, mas pensar em fazer com Harper não era direito. Ela merecia
coisa melhor. E não apenas uma noite, pela primeira vez em tanto
tempo, ele desejava ambos. Ele ficou tão animado como um
adolescente quando ela devolveu o beijo ontem à noite com mais
paixão do que ele poderia imaginar.
A forma como seus lábios se moveram sobre o dele, como eles se
abriram para ele. E que língua, o fez gemer mais uma vez pensando
nisso. Como se ele fosse um adolescente ou algo assim, ele foi para a
cama sem escovar os dentes para que pudesse continuar a apreciar o
seu doce sabor, perguntando-se como seria o gosto do resto.
Reorganizando seu jeans para trazer a si mesmo algum alívio, ele
agarrou seu telefone, tomando a decisão de ligar para ela antes de
falar com Cujo sobre o show, essa história de não divulgação que se
dane. Ele não estava tomando uma decisão tão grande sem falar com
o seu melhor amigo. Assim como para Harper, não havia nenhuma
maneira de ele começar suas esperanças até que a tinta secasse.
Esperaria até que o negócio fosse feito e a surpreenderia. Talvez ele
esteja iludindo de que eles seriam um casal até lá, mas ele queria ter
certeza que terá mais a oferecer a ela antes que colocasse seu coração
na reta novamente.

***

Pela segunda noite consecutiva, Harper se viu em pé na sua caixa


de sapato chamado quarto, se preparando para fazer algo que não
tinha certeza de como tinha aceitado. Trent ligou e apesar de suas
tentativas de dizer não, ela se viu concordando. Amaldiçoou a si
mesma, quando permaneceu impotente olhando para seu armário
estreito buscando inspiração.
Uma bebida não seria tão ruim. Ela educadamente falará para ele,
que ela só precisará dele para terminar a tatuagem. E que eles
poderiam ser amigos, mas apenas amigos. Isso era nada mais do que
ela queria. Ou precisava.
Com uma bufada alta, ela se jogou sobre o edredom de espinha de
peixe branco e socou seu travesseiro. Quem ela estava tentando
enganar? Não importa quantas vezes ela tinha dito para si mesma, ela
sempre voltava a pensar em como seus lábios se sentiram nos dela.
Agarrando o travesseiro, ela puxou-o sobre sua cabeça, usando-o
para amortecer um grito frustrado.
O telefone tocou, fazendo-a saltar.
— Hey, Harper, o que está acontecendo? — Drea poderia ser tão
alegre.
— Eu estou jogando uma partida de piedade e ninguém está
convidado.
— Será que vai ser a noite toda? Sorvetes, pijamas e um filme na
TV estão envolvidos?
— Engraçado, Drea. Estou falando sério.
— Eu pensei que você estaria em seu lugar feliz, dado o bloqueio
labial que você e o cara da tatuagem estavam ontem à noite.
— Você pode parar de chamar ele de cara da tatuagem? Seu nome
é Trent. E isso não tem nada a ver comigo em meu lugar feliz.
— Certo. Então você está ignorando a parte de bloqueio labial.
Quer vir e jantar comigo? Podemos sair. Eu vou compartilhar meu
sorvete; você pode trazer seus próprios pijamas.
Harper suspirou. Ela nem sabia o que estava frustrando-a mais.
— Obrigada pela oferta, mas parece que eu tenho um encontro,
querendo ou não.
O grito que veio através da linha quase explodiu o tímpano de
Harper.
— Como você está em um humor irritado quando você tem um
encontro com um cara gostoso? Isso é uma coisa boa, certo?
— Eu estou quente e fria na ideia.
— Sim. Estou percebendo isso, mas por que?
— Eu estou confusa. Na noite passada fique com um cara bonito
fora de um salão de bilhar e então hoje, eu passei meu dia de folga
editando minha declaração de impacto antes de falar com minha
advogada, que disse que se eu não aparecer em pessoa irá favorecer
Nathan. Eu me sinto enjoada pensando nisso.
— Ah querida. Eu não posso dizer que é natural para alguém que
passou pelo que você passou, mas eu tenho que acreditar que é isso.
Por que você não me contou? Eu teria pedido um dia de folga e
podíamos ter saído.
Harper suspirou. Drea sempre conseguia resolver as coisas.
— Eu acho que você precisa realmente começar a viver novamente,
Harper. Dê um salto. É apenas um dia. E ele parece ser um cara
legal.
— Isso é onde eu fico presa. Nathan era um cara legal quando eu o
conheci.
No primeiro encontro, ele a levou para Jackson Park em um
domingo à tarde. Eles passearam em torno dos jardins de mãos dadas
e encontraram um lugar na ilha arborizada para um piquenique que
haviam preparado.
— Pelo que você me contou, as drogas e algumas circunstâncias o
mudou. Até o final de tudo isso, ele não era até mesmo o cara que
você se apaixonou.
Harper apoiou um travesseiro contra a cabeceira da cama e
sentou-se contra ela.
— Em algum momento eu sei que vou ter que superar isso. Mas é
como hera. Toda vez que eu tento cortar parte dela fora, um outro
ramo me envolve e ameaça me sufocar.
— Não seja tão dura consigo mesma, Harper. Você fez algumas
grandes mudanças físicas. Você deixou sua casa em sabe-se lá aonde.
Você se instalou aqui. Você encontrou um trabalho com uma colega
de trabalho maravilhosa. Você está tomando passos para apagar os
sinais físicos do que aconteceu. Você está apenas recuperando o
atraso emocional, é tudo.
Harper respirou fundo. Drea estava certa. As oscilações
emocionais foram dando-lhe chicotadas. Talvez fosse simplesmente
tempo para apenas dar uma chance.

***

— Você não vai acreditar nas gostosas que acabaram de chegar. —


Cujo irrompeu na cozinha, onde Trent estava segurando um café. —
Sério homem, porra, dezenas.
Trent tomou um gole e riu de Cujo, que estava praticamente
pulando sobre as pontas de seus pés. Tatuar gostosas enquanto ouvia
death metal era a sua definição de "satisfação no trabalho."
— Quantas?
— Três. E todas elas estão preparadas e carregadas. Uma para
você, uma para mim e uma para Eric.
Trent verificou a hora em seu telefone, realizando alguma
matemática rápida em sua cabeça.
— Lia está ocupada agora? Estou pensando passar. — Ele queria
desesperadamente chegar em casa e ir para o chuveiro antes de pegar
Harper para tomarem algumas bebidas. Esperava chegar cedo o
suficiente para persuadi-la a jantar.
— Que porra é essa, cara? Que parte do gostosa, nova,
preparadas, meninas seminuas que você não ouviu? — Cujo passou a
mão por cima da sua cabeça; o olhar de pura chateação em seu rosto
era visível.
— O cliente de Lia desta manhã não compareceu, talvez ela possa
tomar conta em seu lugar. E tenta ser profissional. Pelo menos espere
até terminar sua tatuagem para convidá-la para sua casa.
— Seu desperdício, cara. Espere. — Cujo parou e voltou para fora
da cozinha. — Por que você está cancelando?
— Tenho lugares para ir, Cujo. Pessoas para ver. Você sabe como
é. — Os olhos de Cujo estreitaram nos cantos enquanto examinava o
rosto de Trent.
— Você nunca deixa passar gostosas.
— E daí?
— Você verá Harper esta noite. É isso aí, não é? Você está saindo
com ela.
— Seria um problema se eu fosse?
Cujo levantou as mãos em frente a ele, dando um passo para trás.
— Não meu. Nenhum insulto pretendido, homem. Eu gosto dela.
Seja qual for a merda que ela tem em andamento é bizarro, mas eu
gosto dela. Hey, Harper é estranha... Como aquele imã de gatas.
Certo?
— Entendi. — Trent respondeu, fechando os olhos brevemente e
rezando para sua paciência não acabar para Cujo. — Não vou discutir
com você, cara, porque: a) Não temos vaginas e b) Você é um idiota.
— Ok. Tenho que ir. Tenho uma bunda sexy para decorar com... a
citação... 'a borboleta mais brilhante de todas’. Boa sorte hoje à noite,
bro. Tenho que acreditar que não será um caminho fácil.
— Sorte, Cujo. — Trent virou-se para lavar a caneca de café e
colocá-la na pia. Podia não ser um caminho fácil, mas era o qual ele
estava e, ele só podia esperar que houvesse alguma sinalização.
Ele digitou para Harper um texto rápido para informa-la que ele
terminou cedo e pedir-lhe para se juntar a ele para jantar. Sua
resposta, foi curta "certo", não inspirou confiança, algo que não
conseguia parar de preocupar ele, correu para casa, tomou banho e
então dirigiu para a casa dela.
O prédio de quatro andares de Harper, denominado no art deco
clássico que Miami era conhecida por ter, viu melhores dias. A cidade
fez um trabalho incrível de preservar muitos dos edifícios históricos,
mas alguns, como o dela, eram cheios de rachaduras. A sombra de
tinta rosa que sua mãe sempre se referia como "flamingo" estava
desbotada e lascada, o que devia ter sido branco uma vez, agora
estava amarelado-cinzento, remendado com gesso cinza que alguém
não teve totalmente chegado perto da pintura. A porta da frente era
de um azul estranho que parecia totalmente fora do lugar. Encontrou
a campainha e deu-lhe um toque rápido.
— Trent? — Ele a ouviu, mas não através do intercomunicador.
Tomando alguns passos para trás pelas escadas, ele protegeu os
olhos e olhou para cima. Harper estava inclinada para fora de uma
janela no terceiro andar. — Vou descer em um segundo.
Enquanto esperava, ele digitou um texto rápido para Pixie sobre o
novo lote de tinta verde que ele usou hoje. A cor não era tão vibrante
como de costume. Ele pressionou enviar assim que a porta se abriu.
Telefone esquecido, ele levou um momento para observa-la.
Ela usava um vestido creme com rosas vermelhas sobre ele, na
cintura tinha um cinto vermelho. Seu cabelo estava solto e
perfeitamente em linha reta, o que refletia o último raio de sol no
início da noite. Mas foram os sapatos que realmente o pegou. Ele só a
viu em flip-flops19 ou flats20, mas estes... estes eram sapatos
assassinos. Graças a sua irmã, Kit, ele passou a conhecer que os
sapatos de verniz vermelho escuro eram da Mary Janes21. Seus
saltos espetaculares fizeram exatamente o que eles queriam, mostrou
a forma de suas panturrilhas requintadas.
— Você está incrível. — Disse ele, sorrindo. — Assim, seriamente
gostosa.
Ele rodou seu dedo, em silêncio, instruindo-a a rodopiar. Sorrindo
timidamente, ela fez exatamente como instruído. Uau, ela realmente
estava um pouco gostosa.
— Obrigada. Eu acho. Peguei emprestado o vestido de Joanie no
trabalho. Você está ótimo também. — Disse ela calmamente.
Felizmente, ele colocou uma camisa de colarinho e seus desgastados

19
Flips-flops: chinelos de dedos;
20
Flats: sapatilhas baixas;
21
Estilo de sapato.
jeans escuros, ou então, ela teria seriamente se vestido demais para
ele.
Ele estendeu a mão para ela enquanto caminhavam até o carro,
mas ela não aceitou. Talvez se ele oferecesse para segurar seu
cardigan ou algo assim ela aceitaria?
— Esses são sapatos assassinos.
Harper não disse uma palavra. Apenas se focava onde pisava, nem
mesmo olhou para ele. Não era bem a resposta que ele esperava.
— Existem mais como esses em seu armário?
— Poucos. — Trent segurou a porta do carro aberta para ela
porque era a coisa cavalheiresca a fazer e porque ele também queria
pegar um vislumbre de suas coxas perfeitamente tonificadas quando
ela se abaixou para o banco. Ele fechou a porta e respirou fundo.
No restaurante, apropriadamente chamado Diablo, Trent observou
Harper empurrar o chorizo al vino22 em seu prato. Ela pegou na
tabla de carne, respondendo educadamente às suas tentativas para
iniciar uma conversa de verdade.
— Então, quanto tempo você trabalha no José’s? — Perguntou ele,
esperando que isso a estimularia a dizer como ela acabou em Miami.
— Um par de anos. — Ela murmurou um educado agradecimento
ao garçom que removeu seus pratos, observando com olhos
arregalados quando ele serviu a enorme paella de mariscos na mesa.
Ele comeu uma garfada; era sua refeição favorita. Mas esta noite,
embora o camarão estivesse suculento e o arroz cozido perfeito, era
como se ele não pudesse sentir os sabores, não com Harper estando
assim. Duas vezes ela olhou para cima, como se estivesse prestes a
dizer algo, mas ambas as vezes ela parou. Esta não era a Harper que
jogou bilhar com ele ontem à noite e o beijou do lado de fora, na
calçada, no meio-fio.
Trent tomou um gole de seu vinho, desejando por tudo no mundo
que ele não tivesse escolhido dirigir. Uma cerveja gelada a essa altura
seria ótima agora. Ou um jarro dela. Ou um barril.

22
Chorizo al vino é um prato espanhol com chouriço assado e servido com um molho de vinho tinto;
— Eu preciso lhe fazer uma pergunta pessoal, Harper. E eu quero
a resposta mais honesta que você puder me dar.
Ela parou de estudar sua comida e olhou para ele. Seus ombros
caíram. Claramente, ela sabia o que estava por vir.
— O que aconteceu? Ontem à noite você estava curtindo, sorrindo
e falando. E aquele beijo, por sinal, me manteve acordado metade da
noite com pensamentos altamente inapropriados. Hoje, parece que
você não quer estar aqui. O que aconteceu?
Harper mordeu o lábio. A mão que segurava o garfo começou a se
contorcer.
— Basta dizer o que está pensando. — Ele disse suavemente,
tomando-lhe a mão, acalmando seus dedos. — Bom ou mau, nós
podemos falar sobre isso.
— Eu sinto muito. Tem sido um dia ruim. Eu tenho coisas
acontecendo na minha vida e eu continuo indo para trás e para a
frente para saber se este é o momento certo para eu fazer isso. —
Empurrando o resto de sua comida ao redor em seu prato, ela evitou
olhar para ele.
— É sobre este jantar, ou está falando no geral? — Usando o
polegar e o indicador, ele ergueu seu queixo.
— Ambos. Não é você. Merda, eu pareço clichê. É apenas. Merda...
merda... — Tinha lágrimas em seus olhos vidrados.
— Quer sair daqui para que possamos conversar?
— Sim. — Ela suspirou. — Sim por favor. Eu realmente quero.

***

Desceram a via de azulejos e a leve camada de areia esmagaram


sob os pés, eles passaram os arbustos verdes e foram em direção à
praia. Em uma pedra ao lado do calçadão, Trent soltou sua mão e
tirou seus sapatos. Sentia-se estranhamente íntima. Surpreendente.
Mas agradável. Ele tirou os próprios, pegando ambos os pares em
uma das mãos, oferecendo-lhe a outra.
Sentindo conforto na forma como a mão dele envolvia a dela
enquanto caminhavam lentamente para a água, Harper tentou
organizar seus pensamentos. A pressa e o alvoroço das ruas
prósperas acalmavam quanto mais perto eles chegaram do oceano,
substituído com a suave mistura de palmeiras e sons de ondas
quebrando na areia.
— Hoje eu tive que escrever uma declaração de impacto. Eu tive
que reviver cada detalhe do que aconteceu e, em seguida, escrever
sobre como isso afeta a minha vida agora. — Harper fez uma pausa,
grata por Trent não dizer nada e apenas continuar a esfregar
pequenos círculos na parte interna do seu pulso. — Eu acabei
olhando para as fotografias do hospital e fui para uma caminhada
fodida. — Harper soltou um suspiro de frustração. — Desculpa. Eu
não costumo xingar. Bem, talvez. Eu não sei.
Trent riu e puxou-a em seus braços fortes para abraçá-la.
— Sério, querida, você nunca tem que pedir desculpas para mim
por isso.
Andando, cheirando o ar do mar e ouvindo o barulho calmante das
ondas ajudou Harper a centrar-se e manter-se a falar.
— Foi o que aconteceu há quatro anos. — Ela parou, balançando a
cabeça. — Eu ainda não entendo como eu me permiti chegar a esse
lugar. Eu ainda estou com raiva de mim.
Trent havia parado, em seguida, ajudou-a a sentar na areia de
frente para a água. Ele se juntou a ela, esticando suas longas pernas.
Não havia quase ninguém na praia e as poucas pessoas em torno ou
estavam demasiado longe ou demasiado absortos em suas próprias
vidas para dar-lhes muita atenção.
A mente de Harper acelerou. Quanto ela deveria dizer a ele? Ela
ainda não tinha certeza. Talvez o suficiente para entender onde ela
iria o que também podia ser o suficiente para assustá-lo.
— Não era um estranho aleatório. — Começou ela, cutucando a
areia com uma vara pequena. — Ele era alguém que eu estive por dois
anos. O melhor amigo do meu irmão.
As ondas rodavam lentamente até a praia. Harper observou-as
atentamente, tentando ignorar o sentimento doentio crescente
profundo no peito.
— Eles trabalharam juntos com mecânica em uma loja de
customização de motos. Meu irmão nos apresentou.
Harper jogou a vara na água assistindo a maré puxá-la para o
mar. Ela limpou a areia de suas mãos nos lados de suas pernas.
Ela soltou uma risada irônica.
— Você sabia que dois dos três atos de violência contra as
mulheres nos Estados Unidos são por alguém que elas conhecem? Eu
sou uma estatística ambulante.
Trent colocou o braço em torno do ombro e puxou-a para ele. Ela
sacudiu com o contato, mas seu braço estava quente contra o frio que
a envolvia.
— O primeiro ano foi ótimo. Eu estava terminando a faculdade. No
nosso primeiro encontro, ele me comprou uma versão antiga do
Boggle, porque meu irmão tinha lhe dito que eu amava jogos de
palavras. Ele fez todos os tipos de merda. Como no Dia dos
Namorados, ele invadiu o campus de rede do computador e mudou
todas as telas salvas para um anagrama com citações românticas que
ele sabia que eu ia achar. O cara era um gênio do computador, mas
de alguma forma, não poderia se encaixar na escola. O segundo ano...
nem tanto. Ele começou a passar cada vez menos tempo comigo.
As palavras de Nathan ainda doíam nela. Suas pequenas
divagações sobre a vida passar por ela tranquilizando-a com palavras
doces sussurradas sobre o quanto ele sentia falta dela e se ela não se
juntasse a ele, rapidamente se transformava em farpas definitivas: ela
se preocupava mais com as crianças na escola do que com ele. Ela
estava ficando velha para sua idade. Ela não era mais divertida para
se estar junto.
Ela mexeu os dedos dos pés na areia fria e suspirou,
instintivamente se movendo mais para perto de Trent.
— Seu comportamento tornou-se mais errático. Eu não sabia o
que estava fazendo mais. Ele nunca me machucou fisicamente, mas
suas mudanças de humor e a raiva dominavam nosso
relacionamento.
Harper se sentia aliviada ao conseguir por tudo isso para fora.
Havia algo sobre estar em uma praia tranquila, com Trent, que tornou
mais fácil de dizer.
— Em seguida, ele passou por um ponto de inflexão. Tornamo-nos
mais como colegas de quarto e companheiros tensos. Eu não tenho
certeza com quantas mulheres ele me traiu. No espaço de trinta
minutos, toda a minha vida mudou. — Ela continuou calmamente. —
É difícil descobrir para onde ir a partir daí. Confiar em alguém é
impossível.
Como é que a pessoa que deixou uma trilha de pistas em
anagrama como seu presente do Natal em todo o seu condomínio um
ano antes tinha se transformado em um psicopata? Ainda não parecia
real.
Memórias fugazes de pizza e cerveja, uma caminhada ao longo do
cais da marinha e de falar até as primeiras horas da manhã trouxe
um sorriso triste em seu rosto. Eles estavam bem juntos uma vez. No
verão em que ela tinha pego um terrível problema estomacal que a
derrubou, ele havia limpado quando ela estava doente, segurou-a até
quando ela tentou tomar banho, lavou a roupa de cama todos os dias,
para que ela tivesse agradáveis lençóis limpos para deitar. Havia o dia
também que ele a levou para a Biblioteca Newberry de Chicago e
beijou-a, dizendo-lhe que seria o lugar perfeito para o seu casamento.
A consciência do corpo forte de Trent ao lado dela trouxe de volta
ao presente.
— Se a pessoa que você amava, que estava ao seu lado... — Ela riu
tristemente pela escolha irônica de palavras. — Se você não pode
confiar nessa pessoa, o que você vai fazer a partir daí?
A visão ininterrupta das constelações era majestosa, seu brilho
amplificado em um céu sem nuvens cor de tinta preta. O crescente
bater das ondas era a trilha sonora perfeita para o cenário
incrivelmente romântico, mas aqui estava ela, revivendo seu passado.
— De qualquer forma. — Disse ela, deixando cair seu olhar para a
areia ao redor de seus pés. — Ele está elegível para a liberdade
condicional depois de apenas quatro anos, porque ele completou
alguns cursos. Haverá uma audiência. E eles querem que eu assista,
para tentar articular a um grupo de pessoas o quanto ele detonou
com a minha vida, quando eu mal posso ter a minha própria cabeça
focada nisso.
Trent esfregou seu ombro suavemente.
— O que você quer fazer?
— Eu não quero nunca mais ver ele. Há uma cláusula. Posso
escrever uma carta, uma declaração de impacto, então eu não tenho
que ir em pessoa, mas reviver isso dói tudo de novo. Parece que estou
sendo sugada de volta toda a vez que tento me libertar.
Ele beijou o topo de sua cabeça.
— 'Quanto mais uma coisa é perfeita, mais ele sente prazer e dor'.
Dante. — Ele riu. — Não significa que você seja uma coisa, é claro.
Você deve ser muito, muito perfeita, Harper.
Harper soltou a respiração que estava segurando. Ela estava
esperando as platitudes habituais. Essa simples frase, mas altamente
inesperada, significava mais do que qualquer coisa ela tivesse ouvido
antes. De pensar que ela havia julgado mal Trent apenas por causa
de suas tatuagens, descartando tatuadores como ignorante antes que
tivesse conhecido um. Ensino 101, nunca julgue um livro pela capa,
mas isso era exatamente o que ela tinha feito. Uma onda de
constrangimento a atingiu.
Ela se virou para olhar em seus olhos, que eram tão escuros
quanto o céu noturno.
— Você realmente é louco por Dante, não é?
— Serve muito quando eu preciso parecer inteligente, o que não
acontece com muita frequência. Normalmente eu fico com as letras de
metal e eu tenho certeza que eu não consigo pensar em uma
apropriada neste momento. Não achei que você ia gostar de ser
comparada a uma máquina rápida que mantem seu motor limpo,
mesmo se terminar dizendo que você é a melhor maldita mulher que
eu já vi. — Ele deu de ombros.
— AC / DC?23. — Harper riu. — Então, de qualquer maneira, isso
é porque eu sou uma bagunça. Você é o primeiro, você sabe.
— Primeiro o quê?
— A primeira pessoa que eu beijei desde então. — Embaraçoso ou
não, ela podia muito bem colocar tudo para fora. Ela pegou areia na
mão e assistiu como peneirava em seus dedos.
— Eu estive em tantos lugares hoje, não que eu quero que você
pense que eu sou um desastre emocional. — Lágrimas ameaçaram,
mas ela as afastou. — Eu digo que quero seguir em frente, mas
quando a oportunidade vem, eu congelo. Eu sei que vai ser difícil. Eu
só não sei por que você iria querer fazer esse tipo de esforço.
— Quer saber o que eu vejo? — Disse Trent perto de seu ouvido.
Ela virou-se para olhar para ele.
— Um caso de loucura?
Ele balançou a cabeça e falou com uma firmeza calma.
— Eu vejo uma mulher que fez tudo o que tinha que fazer para
afasta-lo. Eu vejo uma mulher que criou uma nova vida para si
mesma em outro lugar para que pudesse se sentir segura. Eu vejo
uma mulher que está deixando esse passado com um passo de cada
vez, fazendo o melhor que pode e que, a cada passo, recupera um
pouco de si mesma.
Seus olhos ardiam com lágrimas não derramadas. Suas palavras a
esquentou, subjugando-a.
— Quer saber o que mais eu vejo? — Piscando suas covinhas, ele
levantou uma sobrancelha e Harper se sentiu compelida a acenar
com a cabeça.
Trent se inclinou e soprou em seu pescoço enquanto ele falava.

23
Sigla de uma banda de Rock.
— Na superfície e eu estou apenas sendo honesto aqui, eu vejo
uma sexy mulher com os olhos piscina mais apaixonados que
refletem seu humor.
Ele esfregou o ponto sensível sob seu ouvido, fazendo-a tremer.
— No interior, vejo uma mulher que é espirituosa e inteligente, que
está usando dez por cento de seu cérebro para trabalhar em uma loja
de café quando ela é claramente capaz de muito mais.
Ele moveu-se para beijar apenas sob seu queixo enquanto ele
gentilmente cutucava a areia.
— E eu vejo uma mulher que eu realmente quero beijar de novo e
eu estou meio que esperando que ela vá deixar.
Ele subiu em cima dela agora, com os lábios a centímetros longe
dela, esperando por sua permissão. Seu coração disparou, seja de
pânico ou paixão que ela não tinha certeza. Ela podia sentir sua
respiração suave e quente em sua boca e ela estremeceu.
— Sim. — Harper sussurrou. Trent lentamente abaixou-se e tocou
os lábios nos dela suavemente como um sussurro.
Ela sentiu a mão dele chegar até seu lado, se movendo pela sua
cintura e sobre seu ombro em uma trilha lenta e deslizando em seu
cabelo. Seus olhos permaneceram abertos, segurando seu olhar,
terrivelmente íntimo. Ele se afastou um pouco e estudou.
— Você é linda. — Ele sussurrou.
Quando sua boca encontrou a dela novamente, ela sentiu as
muralhas de gelo de dentro começarem a derreter um pouco quando
ela se abriu para encontrá-lo.
O toque macio de sua língua através dela causou arrepios em sua
espinha. Sua mão deslizou através de seu cabelo e suas ações se
tornaram mais urgente, sua língua moveu pelo seu lábio superior,
desesperada para prová-lo. A pressão de sua boca na dela se
intensificou, sensações inundaram as partes adormecidas por muito
tempo. Ela sentiu sua ereção contra sua perna e seu corpo
respondeu, empurrando suavemente contra ele.
Um suave gemido escapou dela quando ele a beijou mais uma vez
antes de ele levantar distância e ergueu-se sobre os antebraços.
— Estou seriamente atraído por você, Harper Connelly. — Ele
arrastou um dedo pela sua testa e no nariz antes de executar o
polegar pelo seu lábio.
Ele gemeu, inclinou-se para mais um beijo antes de sorrir e ficar
de pé. Ele espanou a areia fora de sua bunda bem a sério.
— Antes de você totalmente fazer-me esquecer de que estamos
nesta praia. — Disse, alcançando a mão para ela. — Acho que é hora
de eu te levar para casa.
Harper pegou a mão que ele oferecia, saboreando que ela
realmente desejava seu toque.
Trent deu zoom no logotipo da janela da frente,
ajustando a lente até que o ângulo estivesse perfeito.
Sorriu quando sua obra entrou em foco. Tinha valido a pena
cada hora que ele gastou para encontrar os tons certos de preto,
prata e cinza. O círculo perfeito segurando as palavras "Second
Circle Tattoos" era simples e imponente. Cujo ainda reclamou sobre
ele no dia em que ele tinha insistindo em mexer com a fonte e o
tamanho do texto. Mas a imagem do círculo continha o verdadeiro
coração estilizado sendo rasgado por tornados de ar era sua obra-
prima. O contraste do verdadeiro amor e luxúria contra um pano de
fundo dos ventos do desejo insaciável era o seu favorito,
pessoalmente, de toda a arte que ele havia criado.
Ele brincava com as configurações de exposição para ver se
poderia conseguir mais luzes, querendo os destaques de prata para
refletir mais. Ele odiava mentir para a equipe sobre por que ele estava
com Annie Leibovitz24 esta manhã, ele disse a eles que queria novas
fotos para o site, embora, na verdade, Michael lhe pedira para trazer
uma série de retratos do estúdio com ele para Los Angeles.
Ele checou a imagem novamente, gostando do contraste entre o
logotipo e o brilho do vidro. Sua mãe foi e ainda era, uma louca por
Dante, uma major em Inglês com especialização em poesia italiana.
Cristo, sua casa era preenchida com imagens gráficas de textos. Ele
cresceu aprendendo sobre a peregrinação de Dante pelo Inferno.
Guiado por Virgílio, ele teve que passar por todos os nove círculos.

24
Annie Leibovitz: é uma fotógrafa estadunidense que se notabilizou por realizar retratos, e cuja marca
é a colaboração íntima entre a retratista e seu retratado.
O Primeiro Círculo, o limbo, foi para aqueles cujo único pecado era
rejeitar Cristo e a Igreja. Chato para um menino que não era
remotamente religioso.
O Segundo Círculo, no entanto, era a luxúria. Muito mais
interessante para seu tesão de quatorze anos de idade. Um lugar para
as pessoas que deixam seus apetites balançarem seu raciocínio. Para
aqueles superados pela necessidade de amor sensual em sua vida.
Muita gente pensaria que por luxúria valia a pena ser punido por
uma violenta tempestade que os soprava para trás e para a frente
sempre.
Quem não gosta de um pouco de amor sensual em sua vida? A
mente de Trent vagou de volta para Harper na praia. Seus
pensamentos sobre as últimas doze horas definitivamente poderiam
pousar ali.
Voltando para dentro, ele notou que Eric e Lia estavam apenas
encerrando com seus clientes. Enquanto caminhava de volta para seu
escritório para abandonar o paletó, ouviu Pixie anunciar sua chegada.
Para uma coisa pequena, essa menina certamente tinha voz.
Sextas-feiras eram sempre ocupadas. Talvez não suficiente o
bastante para a maníaca loucura dos sábados, porém, todos estavam
em seus postos. Se ele não guardar seus pensamentos de Harper para
mais tarde, ele não faria nada.

***

O zumbido a surpreendeu. Harper deu uma olhada rápida no seu


telefone.
O que você está fazendo?
Sorrindo no espelho, ela cuidadosamente terminou de aplicar o
batom, pensando na pessoa que inspirou este novo hábito. Eram oito
horas, a hora de encerramento no José’s.
Apenas me preparando para jantar com a Drea. Você?
Não mencione a palavra jantar! MORRENDO DE FOME! Ainda no
estúdio.
Ouch. Que doce. Por muito tempo?
Horas ainda. Queria que você estivesse de volta na minha mesa!
Uau. Seria uma mentira dizer que não tinha pensado exatamente a
mesma coisa... talvez sem os movimentos das agulhas e a máquina
rasgando suas costas.
É o único lugar? Ela digitou, prendendo a respiração quando ela
apertou enviar.
Você acabou de flertar comigo?
Pode ser. Obviamente estou fazendo errado se você precisou
perguntar :) É que tem algum tempo.
Gostei, Harp! Nós estaremos mandando sexting antes que você
perceba. Divirta-se, baby.
Vou pensar em você enquanto estiver comendo.
Mulher cruel!
Com uma risada, Harper deixou cair o telefone em sua bolsa. Trent
trabalhava tanto. Sempre estava no estúdio. Ele não tinha convidado
ela para outro encontro ainda, mas talvez fosse a sua vez de fazer algo
de bom para ele.
Quando ela abriu a porta do Second Circle quinze minutos depois,
Harper foi atingida por uma parede de som que quase a fez cair. O
que acontecia com os meninos e seu metal no último volume?
O estúdio era um jardim zoológico. Pessoas esperando para fazer
tatuagens, tinha pessoas no processo de obtenção de tatuagens,
pessoas com pessoas que estavam fazendo tatuagens. Pessoas em
vários estados de nudez ocupavam todos os cantos da loja.
Olhando para baixo, branca, em seus desgastados jeans skinny e
camiseta de cor amarela pálida, ela se sentiu como uma mamãe do
futebol que tinha apenas aparecido em uma festa da fraternidade.
Talvez, uma vez que a tatuagem estivesse concluída, seria hora de
fazer compras.
Cujo a viu primeiro e deu-lhe um sorriso, inclinando a cabeça na
direção da janela antes de retornar para a manga que ele estava
trabalhando.
Como sempre, Trent tinha o seu boné de beisebol para trás. Ele
estava colocando um curativo em torno da coxa de uma mulher que
parecia velha o suficiente para ser sua mãe.
Respirando fundo, ela caminhou até sua estação.
— Não poderia tê-lo morrendo de fome.
Ele começou a sorrir antes de olhar para cima. A ondulação
formada no lado de seu rosto enquanto ele pressionava o resto da fita
na coxa de seu cliente.
Girando em seu banco, ele se virou para olhar para ela, tomando
seu chapéu e alisando o seu cabelo para trás antes de colocá-lo
novamente. Ele olhou para o saco na sua mão e seu sorriso se
alargou.
— Volte para o meu escritório. Eu estarei lá em um segundo.
Harper utilizou o tempo que levou para Trent terminar com o seu
cliente para puxar o panini25 e salada fora do saco. Ela estava
lutando com o saco plástico contendo os talheres quando ele entrou
no escritório.
— Você. — Ele sorriu, pontuando a declaração com um beijo em
sua bochecha. — É uma dádiva de Deus. — Ele deu uma mordida
enorme no panini.
— Quem iria terminar a minha tatuagem, se você morresse de
fome?
— Mercenária. — Ele murmurou com a boca cheia.
Quando ela terminou de abrir todos os pacotes, incluindo os bolos
que faziam dar água na boca, ela o deixou agarrar seu braço e puxá-
la para o lado dele.
— Este lugar tem sido uma loucura o dia todo, então eu tenho uns
cinco minutos no máximo antes de precisar voltar lá fora. Sério, é
realmente incrível você fazer isso.
25
É um sanduíche típico da Itália, de preparo fácil.
Pelo tamanho das mordidas que ele estava tomando, ele só ia
precisar de três.
— Eu não tinha certeza do que você gostava, então eu joguei pelo
seguro.
— Eu teria inalado sujeira se você tivesse colocado em um
sanduíche. — Disse Trent. — Estou seriamente com fome.
Eles se sentaram em um silêncio confortável enquanto ele
devorava o resto da comida.
— Isso é tão bom. Eu te devo uma, Harpe. — Disse ele, inclinando-
se para colocar o recipiente vazio sobre a mesa.
Ele pegou uma mini bomba de chocolate e deu uma mordida,
flocos da massa caíram sobre sua camiseta. Tomando um momento
para mastigar, ele inalou lentamente e, em seguida, virou-se para
olhar para ela.
— Abra.
Seu sorriso fácil desapareceu. Seu coração acelerou.
— Por favor, abra. — Sua voz estava áspera. Ele segurou a massa
em seus lábios.
Timidamente, Harper abriu os lábios e deu uma mordida. Quando
ela estendeu a mão para limpar o que ficou em sua boca, ele a deteve
com a mão livre.
— Hmm. — Trent murmurou antes de se inclinar para mordiscar
seus lábios lentamente. — Chocolate. — Ele respirou contra ela. Sua
língua tocou os lábios, provocando-a com um beijo açucarado.
Ela estremeceu com a boca aberta.
Trent soltou um gemido suave quando sua língua tocou a dela. Ele
tinha um sabor delicioso e era suave e quente, uma calma à loucura
no resto de sua vida.
— Bem melhor. — O martelar na porta balançou Harper para fora
de seu transe. Ela saltou longe dele no sofá. Fora da porta, Cujo
sorria.
— Vá se foder! — Trent gritou e depois gemeu. — Me desculpe por
isso. Acho que os meus cinco minutos estão terminando. — Ele se
inclinou para a frente para dar-lhe um beijo, mas igualmente
alucinante e curto. — Obrigado mais uma vez pelo jantar. Eu estava
começando a temer as próximas horas. — Ele colocou seu cabelo para
trás da orelha e acariciou sua bochecha com o polegar por um breve
momento.
— O prazer é meu.
— Meu também. — Um sorriso apareceu em seu rosto. — Eu vou
levá-la até lá fora.

***

Trent amava domingos. Por um lado, Second Circle fechava mais


cedo. Era um pouco depois de seis quando ele finalmente virou o
sinal fechado e desligou as luzes principais do estúdio. Os televisores
tinham parado sua cintilação e o sistema de som foi finalmente
desligado.
Um suspiro de alívio escapou dele. Os meninos o achariam
patético se soubessem o quanto esses momentos de silêncio
significavam para ele.
Por uma sólida hora, ele se debruçou nos recibos da semana e
sobre os extratos bancários, somando todos. Finanças não era seu
assunto favorito, ele nunca ia fazer um MBA, mas Júnior havia lhe
ensinado o suficiente para gerir seus próprios livros e nunca ser
aproveitado.
A semana foi boa para a loja. Toda a loucura significa
completamente mais dinheiro rolando e mais clientes significava que
suas despesas fixas em geral estavam sendo cobertas com mais
facilidade.
A reputação da equipe cresceu, tinha se tornado um dos maiores
trabalhos. Mais da metade de seus clientes atuais queriam grandes
peças.
O fluxo de caixa tornou-se possível também, para ele se dar ao
luxo de pagar um trabalho mais livre em conjunto com a unidade de
reabilitação local, responsável pela recuperação de sua irmã.
Lembrou-se do momento em que Kit entrou na loja de Junior com
lágrimas nos seus grandes olhos castanhos. Ela tinha quatorze anos,
seu cabelo castanho escuro ainda nas tranças, tão incrivelmente
jovem e sua reação inicial ao ver seu choro foi de perguntar que idiota
ele precisava matar por magoá-la. Mas então, ela levantou a manga,
mostrando-lhe as feridas frescas, vermelhas e a coleção de linhas
pratas que arranhavam seu braço.
— Por favor, os corrija para mim. — Ela sussurrou para ele. Seu
estômago embrulhou com a lembrança. Ele reconheceu as linhas
imediatamente. O que ele não compreendia, era o que na terra
poderia causar a uma menina doce de uma boa família à
automutilação dessa forma. Ele a puxou para ele, segurando-a com
força enquanto ela desmoronou, pensava que se eles apenas ficassem
juntos poderia impedi-la de fazê-lo novamente.
Eles passaram através de corte de Kit como uma família,
aprenderam sobre o grupo de idosos que diariamente faziam um
inferno na vida de Kit e trabalharam através do impacto que eles
tiveram em sua autoestima. A unidade de reabilitação tinha lhe dado
às ferramentas e habilidades para lidar com os desafios da vida de
uma forma mais produtiva. E ele prometeu a Kit que uma vez que ela
estivesse tratada, ele seria bom e experiente o suficiente para ajudá-la
a cobrir a evidência de sua dor, aquele rastro no braço.
Quando os livros estavam equilibrados, ele fechou o laptop e saiu
de seu escritório de volta ao estúdio. Puxando o casaco, ele olhou em
volta, lembrando o dia em que instalou as novas camas hidráulicas
com movimentos completos. Ele e Cujo ficaram tão bêbados numa
festa que eles dormiram sobre elas na primeira noite. Agora, Second
Circle estava muito além do ponto de equilíbrio. Trent sorriu para o
pensamento de ganhar bem o suficiente e se mudar para um
apartamento maior. Ou talvez, até mesmo uma casa com uma
garagem onde ele pudesse arrumar uns carros. Não que ele tivesse
qualquer hora para gastar em carros agora. O estúdio consumia a
maior parte de suas horas de vigília e, se o programa de TV decolasse,
ele teria ainda menos tempo livre.
A imagem do dia de abertura do estúdio estava pendurada ao lado
do painel de alarme. Nenhum deles estava olhando diretamente para
a câmera. Eles estavam fora da loja. Cujo tinha o braço estendido
sobre o ombro de Trent, mas ele estava olhando ao redor para dizer
algo para Pixie, que tinha a cabeça jogada para trás rindo. Trent tinha
quase esquecido que Cujo costumava ter um cabelo mais longo. Ele
tinha ficado tão chocado quanto qualquer um quando Cujo tinha
raspado a cabeça para levantar fundos para a unidade de
reabilitação. Trent, com um enorme sorriso no rosto, estava olhando
por cima da cabeça de Pixie para Lia que, vestida recatadamente
como uma pinup dos anos cinquenta, estava soltando um pássaro.
Depois do disparo, a mãe dele tinha desistido de tentar pegá-los todos
olhando para a câmera dizendo queijo.
Ele acionou o alarme e trancou. Seu estômago roncou. Hora do
jantar e ele duvidou que sua pequena anja estivesse propensa a
entregar-lhe comida novamente. Parecia uma eternidade desde que a
vira, nem parecia que a viu ontem. Ela estava trabalhando no turno
da tarde. Talvez se resolvesse tudo rapidamente, ele poderia ir a uma
sessão na academia e fazer um lanche antes de levá-la para casa.

***

— Você estava certa. — Disse Harper para Drea enquanto limpava


o vapor na máquina de café expresso. Faltavam vinte minutos até o
fechamento. Ela rezou para que ninguém viesse querer um café com
leite.
— Eu estou sempre certa, Harper. Sobre o que? — Drea varria
debaixo do balcão. Joanie ainda estava na parte de trás, se
preparando para sair e o café estava vazio.
— Beijei Trent. Novamente. Duas vezes.
— Você não fez! — Drea gritou. — Isso é incrível, Harper. Como
foi?
— Eu estaria mentindo se eu dissesse que não me deu calafrios.
— Será que ele tem habilidades sérias no departamento da boca?
Parece que ele tem. — Drea jogou o pano do outro lado do balcão,
pousando-o na pia.
— Drea!
— Vamos lá menina, diga. Você esqueceu como fazer isso depois
de todo esse tempo. — Drea puxou um dos bancos dos clientes, de
frente para Harper. — Este é o momento onde você derrama todos os
detalhes picantes.
— Eu não tenho certeza do que fazer...
— Não, não, não, não, não! Este não é o momento que falamos
sobre o passado, ou o que significa, ou onde ele está indo. Este é o
momento onde você vai contar tudo com olhos sonhadores e
pegajosos e me dizer como seu coração quase saltou do seu peito.
Como suas mãos se dirigiam à beira da distração. Como você quase
teve um orgasmo quando ele beijou você. Não me prive deste
momento. Eu esperei anos.
O olhar de expectativa no rosto de Drea era demais. Harper não
conseguiu conter o riso.
— Oh vamos lá! Estou falando sério. Não me faça ficar com raiva.
— Ok, ok. Foi quente. O primeiro foi na praia após nosso encontro
e a segunda vez foi ontem no estúdio. Eu levei o jantar para ele.
— LOGÍSTICA! — Drea gemeu, batendo sua cabeça contra a mesa.
— Eu não quero pirar com a logística. Uau. Você realmente é inútil.
Por que você não me disse isso ontem à noite? Espere, não...
Línguas? Não teve línguas?
— Sério. Quanto anos nós temos? Doze? — Harper abafou um riso
pelo olhar severo no rosto de Drea. — Tudo bem! Primeira vez,
estávamos deitados na areia e nos beijamos, ele estava muito
animado, você sabe o que quero dizer. Na segunda vez, ele beijou o
chocolate de uma das nossas bombas de chocolate famosas do meu
lábio e sim, havia línguas. Fumaça quente, línguas alucinantes.
— Você chegou a sentir o tamanho? Quão grande? — Usando as
palmas das mãos, Drea gesticulou comprimentos variados quando ela
ergueu as sobrancelhas.
— Oh meu... sério, Drea? — Harper corou. — Eu não estou com
vontade de responder a essa pergunta. Será que eu já não
compartilhei o suficiente?
— Compartilhou o suficiente sobre o quê? — Sendo o homem do
momento. — Você vai me dizer o que colocou essa cor em seu rosto,
querida?
Ele parecia estar melhor cada vez que ela o viu. Com a sua
construção forte, Trent certamente sabia como preencher a porta. Ele
usava jeans desbotados, botas pretas e uma camiseta preta que
destacava suas belas tatuagens com perfeição.
Seu cabelo ainda estava molhado de uma chuva recente. Era uma
decisão difícil. O que poderia ser mais espetacular? Seus olhos
escuros profundos ou suas covinhas engraçadas?
— Seus ouvidos devem ter sido queimados. Nós estávamos falando
sobre você, querido. — Drea ofereceu, sorrindo maliciosamente.
— DREA! — Harper gritou, sentindo suas bochechas vermelhas de
vergonha. — Sério, aprenda a filtrar!
Ambos riram dela.
— Eu vim para ver se eu poderia lhe dar uma carona para casa se
você estiver pronta. Se não, eu posso simplesmente sair até que você
esteja pronta.
Drea agitou as mãos em direção à porta.
— Vá, Harper. Não há mais ninguém para entrar e se eles virem,
eu tenho certeza que eu posso lidar com isso.
Joanie saiu da sala de descanso segurando uma folha de papel ao
peito e entregou a Harper.
— É minha tarefa de Tom Sawyer26. Eu fiz o que você disse com a
estruturação e outras coisas, mas eu queria saber se você poderia dar

26
Tom Sawyer é o personagem principal dos livros infantis: As Aventuras de Tom Sawyer, As Viagens de
Tom Sawyer e Tom Sawyer Detective, de Mark Twain.
uma olhada nele para mim antes de eu entregá-lo. Será honesta
comigo?
Harper olhou para a avaliação do personagem de tia Polly e sorriu
com orgulho. Era uma escolha interessante, muitas pessoas teriam
escolhido Huckleberry Finn ou Tom Sawyer.
— Eu adoraria, Joanie. Você fez uma ótima escolha. Vou trazê-lo
de volta para você em alguns dias, ok?
Depois de Joanie sair e Drea desaparecer nos fundos, Trent
chegou ao balcão, usando o bolso do seu avental para puxá-la para
ele.
— Você vai me dizer o que estava dizendo sobre mim? — Sua voz
era baixa e rouca.
Não confiando em sua voz com uma resposta, Harper
simplesmente balançou a cabeça.
— Pensei que não. — Ele murmurou antes de pressionar seus
lábios nos dela. — Tenho pensado em fazer isso o dia todo.
A porta de vaivém para a área da equipe abriu e Harper
rapidamente voltou ao seu lado do balcão. Trent sorriu.
Drea depositou a jaqueta e a bolsa de Harper em suas mãos.
— Largue o avental e saia antes que eu bata em sua bunda gorda.
Agora vá. Eu prometo que vou trancar logo depois que você sair, se
você não contar a José.

***

— Como você foi acabar com um Plymouth Road Runner 383? —


Perguntou Harper, esfregando as mãos em todo o traço suave, com
seus acessórios cromados. — Este é um dos meus carros favoritos.
— Era do meu mentor, Junior. Colocou-me debaixo dele quando
eu comecei. Ele deixou para mim quando o grandalhão o chamou e eu
o restaurei. — O orgulho era evidente em sua voz. — Este é o meu
bebê. Eu amo carros velhos. Eu não o dirijo muitas vezes, para ser
honesto.
— Você fez tudo isso? Eu sou tão ciumenta. O que é isso, o modelo
original? Assim iria colocá-lo em 1968-1970, certo? — Seus dedos
arrastaram reverentemente sobre os antigos mostradores.
— Yup, 1969. Uma menina que curte carros? Você me surpreende
cada vez mais, Harper. Assim, como você sabe tanto sobre clássicos?
— Ele brincou.
— Reid. Meu irmão. Ele estava sempre consertando carros e
motos. Ele trabalhava em uma loja que fazia customização de motos.
Ele me deixava ajudá-lo quando eu era mais jovem. Prometeu que ia
me conseguir um desses. — Lágrimas ameaçaram.
— E ele conseguiu?
— Não. — Harper balançou a cabeça. — Uma daquelas coisas que
simplesmente nunca aconteceu.
Eles pararam do lado de fora do prédio. Trent desligou o motor,
silenciando o rugido alto.
— Você quer saber por que eu gosto deste carro? — Perguntou
Trent, puxando-a em sua direção para a fortaleza de seus braços. —
O banco. Ninguém está fazendo bancos de carros e as futuras
gerações vão perder a oportunidade de se fazer no banco da frente,
sem ter que rastejar sobre o freio de mão.
Ele abaixou os lábios nos dela com um gemido profundo.
Fechando os olhos, Harper se sentiu em colapso nele, apreciando a
sensação de segurança que tomou conta dela. Cheirava a sabão
fresco e puro sexo masculino, uma combinação mortal.
Sua língua tocou a dela, na tentativa de reivindicar primeiro e
depois. Ela estava queimando por ele. Desejar seu oxigênio era um
desafio tanto quanto o seu coração bater fora de seu peito.
A mão de Trent subiu no lado dela e tocou seu seio, seu polegar
circulava seu mamilo, fazendo ela sentir tremores. Harper formigava
em lugares que não tinha formigado em um tempo muito longo.
— Eu preciso de você, Harper. — Ele gemeu, sua voz rouca
espalhava calor através de seu estômago. Ela sentiu sua mão deslizar
para cima e em volta do pescoço, ela inclinou a cabeça um pouco
para que pudesse se aprofundar.
A sensação de sua mão em suas costas, puxando-a para mais
perto dele, era um lembrete assustador de seu passado. Um calafrio
deslizou em sua espinha, como uma intrusão. Harper tentou se
concentrar em Trent, seu toque e seu cheiro, mas sua mão apertada
no cabelo dela empurrava-a de volta ao passado. As paredes
interiores começaram a fechar-se sobre ela. Ele agarrou sua camisa,
apertando-a em torno de sua cintura, com seus dedos arrastando-lhe
a espinha. O atordoamento que ela sofreu na cama de tatuagem
voltou, todo o calor que escoava de seu corpo tão rapidamente como
tinha chegado.
— Pare. — Ela subiu rapidamente para o outro lado do assento e
agarrou a maçaneta da porta. Constrangimento a engolfou. Ela
poderia realmente ser mais patética? Ela abriu a porta, precisando
desesperadamente escapar.
— Harper, espera. — Trent gritou para ela quando pulou para fora
do carro. Ela ouviu a porta abrir quando ele saiu para ir atrás dela.
Fugindo para a porta, ela pegou sua chave.
— Não. — Ela falou por cima do ombro. — Eu sinto muito. — A
porta se fechou atrás dela.
Seu telefone tocou poucos minutos depois.
— Eu sinto muito. — Disse ela, sem olhar para o identificador de
chamadas.
— Taylor? — Ela ouviu uma voz feminina dizer. Ouvir seu antigo
nome era estranho.
— Oh, Lydia. Desculpe... Achei que você...
— Como você está? — A advogada dela não soava com o seu
costume autocontrole.
— Estou bem. Você está bem?
— Eu tenho certeza que vou estar. Eu não quero que você se
preocupe, mas eu fui roubada esta noite. Eu saí, mas o cara fugiu e,
infelizmente, a minha bolsa com o laptop estava no carro.
Harper engasgou.
— Você está machucada? O que aconteceu?
— Só um pouco abalada. A polícia acha que é provavelmente
apenas um roubo de carro aleatório, o laptop foi apenas um bônus
para quem tomou e que ele vai ficar limpo e será vendido. Mas Taylor,
eu queria que você soubesse que as suas informações de contato e
onde você vive agora, estavam lá.
— Você acha que o que aconteceu tem algo a ver com Nathan? —
O coração de Harper acelerou.
— Eu não sei. Eu gostaria de não pensar, mas nós duas sabemos
que ele tem sido capaz de fazer as coisas acontecerem mesmo preso.
Eu vou deixar você saber como precaução. Ele não está fora da
prisão, para organizar isso seria difícil, mas não impossível. Eu disse
a polícia sobre a natureza confidencial dos arquivos. — As mãos de
Harper tremeram.
— Você não disse a eles sobre mim, não é? — A ideia de que a
polícia iria acabar com o laptop e descobrir onde ela estava, a
assustava. Nathan havia aterrorizado ela; ela ficava atada à noite,
recebeu cartas ameaçadoras e visitantes de fim de noite na casa de
seus pais. A polícia a tinha abordado cada vez que ela saia em seu
carro. O assédio a deixou emocionalmente vulnerável, incapaz de
pensar coerentemente ou ficar sozinha.
— Eu não mencionei você especificamente. Mas eu tenho certeza
que está no arquivo que eu sou sua advogada. Você tem pessoas que
pode contar, certo?
— Sim, eu tenho. — A mentira estava presa em sua garganta.
— Bom. Eu vou estar em contato se alguma coisa vier à tona.
Cuide de si mesma.
— Você também, Lydia. — Harper olhou ao redor de seu
apartamento, envolvendo os braços em volta de sua cintura. Ela
estava sozinha. Mas isso tornaria mais fácil de executar.
Ela era uma pessoa horrível. O pensamento passou
pela cabeça de Harper pela milésima vez naquela manhã.
Trent não tinha feito nada mais do que ele pensou que ela
queria. Sentada em um carro clássico com o cara mais
gostoso na cidade, ela queria que ele a arrastasse para o seu
colo e abraçasse-a com força. Beijando-a suavemente.
Em vez disso, ela se apavorou assim que seus braços envolveram
ela. Claro, aqui sentada, olhando para a terceira xícara de café que
fez, era fácil separar Trent de Nathan. Mas no carro de Trent, no
escuro, quando ela finalmente abandonou o controle e deixou a
emoção tomar conta, ela não podia distinguir o homem segurando-a
de quem a machucou. O puxão no cabelo dela, suave como era, a
confundiu. E a pressão da mão de Trent nas costas dela a fez lembrar
de ambos os homens. Seu passado e presente se tornara uma
bagunça.
Ela pegou o telefone e, em seguida, o colocou para baixo, jogando-
o sobre a mesa de brechó ela pensou em si mesma. Será que ele quer
mesmo falar com ela? Ele provavelmente pensou que ela estava
pirando.
Covarde. Isso é o que ela era. Trent lhe dissera que ela era
corajosa, mas ela não era. Ela evitou tudo. Ela evitou as
consequências da execução do julgamento. Ela evitou qualquer
confronto futuro com Nathan, ocultando a mil quilômetros de
distância sob um nome falso. Ela evitou ter de enfrentá-lo através do
envio de uma declaração de impacto da vítima. E ela estava evitando
Trent agora.
Era hora de assumir a responsabilidade por seu futuro. Evitar não
estava dando certo em sua nova vida e não há tempo como o presente
para corrigi-lo.
Harper juntou suas coisas e se foi ao Second Circle. Descendo do
ônibus algumas paradas antes, ela serpenteava o calçadão devagar
para acalmar-se. A brisa do mar acalmava seus nervos. Ela lembrou
como o guincho estridente das cigarras tinha a assustado quando ela
chegou. Agora, o som era sinônimo da beira-mar que ela amava.
Houve momentos após o ataque quando Harper pensou que nunca
iria se aquecer novamente. O inverno frio de Chicago tinha adicionado
uma camada de congelamento em torno do escudo frio que ela usava.
Terapia vinha fazendo pouco para quebrar as defesas que ela criou e
seu corpo era lento para curar. Assim que os médicos haviam a
declarado fisicamente saudável, ela usou o dinheiro e a rede de
ônibus para seguir para o sul, para o calor.
Harper levantou o rosto, desfrutando a sensação de sol de
primavera na noite em sua pele. O calçadão era seu lugar favorito.
Não que ela morasse muito perto, mas era um pequeno salto de
ônibus. Ela corre ou caminha um par de milhas nas tardes de
domingo, sonhando em fazer um passeio ao longo do deslumbrante
Oceano Atlântico na luz persistente do dia com alguém especial. Uma
onda de calor inundou quando viu o local onde ela e Trent sentaram
para conversar algumas noites antes. Talvez ainda houvesse
esperança para eles.
Com os nervos estimulados pela adrenalina, Harper se aproximou
do Second Circle. Lia e Trent estavam fora, encostados na janela,
empenhados em uma conversa animada. Seus pés estavam virados
para liderar. Ela se esforçou para se mover para a frente.
Lia a viu e acenou, forçando Trent a se virar para ver quem estava
lá. Lia sussurrou algo em seu ouvido e sorriu para Harper quando se
virou para voltar para o estúdio.
Esperando que pudesse dizer a coisa certa, Harper olhou para
Trent.
— Estraguei tudo. Eu fiquei assustada e corri. Eu sinto muito. —
Tudo saiu com um longo suspiro. Apesar das palavras bonitas que ela
pensou durante a caminhada na praia, que é o que se resumia. Ela
entrou em pânico e ao invés de enfrentar seus medos, ela fugiu.
A admissão foi cansativa, mas Trent ainda tinha um olhar de
decepção.
— Não vamos falar sobre isso na rua onde todos podem nos ver,
querida.
Ele a chamou de querida. Isso tinha que contar para alguma coisa,
certo? Ela o seguiu através do estúdio e ele segurou a porta do
escritório para ela, fechando-a atrás deles.
Ele ainda não havia a tocado. E não era irônico que o toque de
outra pessoa seria realmente uma coisa boa agora? Nem teve ele
sorrindo para ela ou lhe dando qualquer outro sinal de que isso ia
ficar bem.
Sentando no sofá, ele continuou a estudá-la. Ele estava esperando
por mais, de forma clara, mas Harper não tinha certeza o que mais
havia. O silêncio era estranho.
— Me desculpe novamente. Eu só queria te dizer isso. E espero
que você ainda esteja bem para terminar a minha tatuagem.
Seu silêncio estava começando a perturba-la. Ela caminhou em
direção à porta.
— Eu acho que eu deveria ir.
— Não corra novamente. Venha, sente-se ao meu lado. Por que
você apenas não coloca os freios e fala comigo?
Harper se virou para ir ao redor do escritório. A questão a
incomodou desde as primeiras horas da manhã. Ela levantou o cabelo
na parte de trás do pescoço dela e fez um coque antes de solta-lo
novamente.
— Eu não sei. — Ela fez uma pausa para olhar para ele. — Eu só
entrei em pânico, eu acho. E tudo o que eu pareço fazer em torno de
você é surtar. Estou farta disso. Eu odeio que ele me controle. Eu
odeio me sentir como no carro ontem à noite. Eu odeio isso! Você deve
pensar que eu sou uma maluca.
Ele não respondeu de imediato, o que não era um grande sinal.
— Não é bem assim. Responda-me. Você sente alguma coisa por
mim? Você queria que eu te tocasse no carro?
— Sim! Essa é a questão. Eu gosto... eu quero dizer, eu quero. É a
primeira vez que eu sinto algo desde sempre. Eu estava pensando
sobre isso o dia todo. — Finalmente um sorriso. Sua autossatisfação
era um pouco presunçosa, sorriso masculino, mas era um sorriso, no
entanto.
— Eu estava preocupado que talvez tivesse ultrapassado algum
limite. Eu estava tão louco em mim mesmo tendo você ali, que não
notei que eu estava fazendo você correr. Eu nunca iria forçar você,
Harper. Você sabe disso, certo?
Finalmente criando coragem, ela se juntou a ele no sofá, com as
mãos entrelaçadas no colo. Graças a Deus pelo rímel à prova d'água.
— Você não fará. Eu sou a rainha das mensagens contraditórias.
Sério, eu estrago tudo.
Lágrimas se agarraram a seus cílios, mas ela quis que ficassem lá,
já que estava cansada de cair aos pedaços na frente dele.
Sua mão era quente e reconfortante quando ele pegou a dela.
— Você sabe o que eu acho?
— O que? — Ela fungou.
— Nós vamos fazer isso. Você e eu. Vai ser no seu tempo, mas
vamos fazer isso. E para torná-lo mais fácil para nos dois, você
precisa falar comigo.
Trent a ergueu sobre seu colo, circulando seus braços ao redor
dela.
— Vou tentar. Eu não disse a você tudo ainda e eu não sei se eu
posso.
— Então me diga quando estiver pronta. Se você não estiver
pronta, diga-me também. Eu sou um homem paciente.
Ela assentiu com a cabeça e colocou a cabeça na curva do pescoço
dele, deixando o calor de seus braços fortes acalmá-la.
— Há uma outra coisa. — Disse ele. — E eu não quero que você se
ofenda.
— O que é?
— Você precisa seriamente iluminar-se e ter mais diversão. — Ela
lhe deu uma cotovelada rápida antes de olhar para cima novamente
rindo. — Quero dizer. Claro, você já passou por alguma merda
seriamente fodida, mas meramente existente não é o mesmo que
estar. É bom rir, deixar ir e se divertir um pouco. Esse é o maior foda-
se que você pode dar para o cara que fez isso com você. Eu só quero
te conhecer. Todas as partes. Mas especialmente as excitantes,
engraçadas e sensuais.
Uma sensação de alívio tomou conta dela, trazendo um sorriso
enquanto ele acariciava seus cabelos.
— Aí está. — Disse Trent, inclinando-se para beijar sua boca
gentilmente. — Feliz é de longe a sua melhor aparência.
Sentada em seu colo na segurança de seu escritório, ela estava
começando a acreditar.
Havia algo muito diferente sobre Harper quando ela
entrou pela porta do estúdio. Ele não conseguia colocar o
dedo na ferida. Ele não era particularmente poético, mas ela
parecia ainda mais... merda, alguma coisa. Havia um tipo
diferente de confiança quieta sobre ela.
Um sorriso iluminou seu rosto depois que ela o viu. Ela ainda
acenou para Cujo enquanto caminhava.
— Como você se sente sobre PDA27? — Ela perguntou.
— A menos que envolva nudez, acho ótimo. — Ele não gostava,
realmente. Ele geralmente odiava, faltava delicadeza. Mas para
Harper, ele ia ficar bem com isso. Se ele sorrisse mais, iria quebrar
seu próprio queixo.
Ela levantou-se na ponta dos pés e colocou os braços ao redor de
suas costas antes de envolver seus próprios braços em volta do
pescoço dele.
— Bom. — Ela sussurrou contra sua boca enquanto o beijou. Ela
riu quando ele a levantou apenas o suficiente para tirar os dedos do
pé do chão e levou-a para a sala de tatuagem privada.
Ele se perguntou se seria submetido à música country neste
tempo. Unhas arranhando um quadro negro soaram melhor para ele
do que aqueles sotaques estridentes. Mas qualquer coisa para deixa-
la mais relaxada.

27
Na realidade ela quer falar DPA (Demonstrações Públicas de Afeto)
Isso ia ser um grande compromisso para ela. Depois disso, sua
cicatriz provavelmente seria irreconhecível. A tatuagem ainda estaria
muito longe de terminar, mas o esboço seria suficiente, os detalhes e
o sombreamento estaria no lugar para distrair o olho.
Ele não podia esperar a hora para vê-la sem nada nas costas, ou
um biquíni, ou simplesmente em nada. Ora, havia um pensamento
para distraí-lo da baba que tinha começado a fluir dos alto-falantes.
Sim. Pensamentos de Harper nua definitivamente poderia distraí-lo
do inferno do cantarolar acompanhado por um pandeiro.

***

— Eu estive pensando sobre nossa conversa de ontem. — Disse


Harper, uma vez que o choque dos primeiros quinze minutos de
tempo de agulha passou.
— Você pensa demais, querida. — A irritação parou
momentaneamente e Harper podia sentir Trent enxugar o excesso de
tinta de suas costas.
Ela estremeceu quando as agulhas começaram a voltar em sua
pele. Não era mais tão doloroso como foi na primeira sessão. Ou
talvez fosse, mas ela estava apenas acostumada.
— Há, ha. Mas, falando sério, eu pensei muito sobre isso esta
manhã. Eu quero te dizer um pouco mais sobre o que aconteceu
comigo. Basta tirar a agulha do caminho para que você possa saber.
Se eu te disser aqui, enquanto você está fazendo isso, pode ser um
pouco como um exorcismo, se você sabe o que quero dizer.
— O que você quer me dizer, eu vou ouvir, você sabe disso.
— Eu não sei o que eu posso falar sobre isso. Mas eu acho que eu
posso dizer. Como um relatório de notícia.
As agulhas vibravam nas suas vértebras e seus minúsculos faziam
movimentos bruscos enquanto Trent detalhava o que parecia ser a
alça da espada. Ela precisava explicar para ele, para lhe dar um
quadro mais claro de referência a respeito de porque ela era tão
emocional. Era injusto esperar que ele simplesmente a aceitasse.
— Com certeza, querida. Eu sou seu público cativo. — O barulho
lento da máquina de tatuagem esfregando ritmicamente em suas
costas, na verdade, começou a acalmá-la.
Ela centrou-se na reflexão das luzes no chão de madeira até que o
brilho fez seus olhos lacrimejarem.
— Nathan começou a sair com um público diferente, festejando
mais, usando cocaína. Eu não gostava disso, mas eu me perguntava
se eu estava apenas sendo uma puritana. Talvez ele estivesse
passando por coisas difíceis, também, eu nunca soube com certeza.
Ele pedia dinheiro emprestado. Vinte dólares aqui, cinquenta lá.
Harper passou a mão em seu rosto. Em retrospectiva era tudo tão
óbvio. Ele era capaz de ganhar o suficiente para manter-se com um
vício em cocaína, mas não podia pagar as outras opções que ele tinha.
— Descobri acidentalmente que ele estava vendo outra pessoa. A
mensagem apareceu em seu telefone enquanto ele estava tomando
banho. Não foi uma grande surpresa, ele já tinha perdido interesse
em mim por um tempo. Eu não era tão emocionante quanto os seus
novos amigos, ou ela, aparentemente.
Seus dedos começaram a incendiar, mas observá-los, de alguma
forma, ajudou a manter o foco. Essa história precisava ser contada e
ela não ia surtar.
— Eu os peguei juntos, esperei até que ele saísse e comecei a
embalar tudo o que eu podia. Seu temperamento estava ficando pior,
mais curto, qualquer coisa poderia estoura-lo. Eu estava correndo
para casa dos meus pais. Pensava que eu tinha muito tempo, quando
ele saia, geralmente ficava fora por horas. Mas desta vez, ele ficou
sem dinheiro. Ele chegou em casa, muito drogado, queria algum
dinheiro de mim e me encontrou enchendo uma mala com roupas. Eu
não tinha ideia de quão ruim seu hábito era, para que você possa
adicionar estúpida na minha lista de falhas.
Trent esfregou lentamente o braço dela enquanto ela falava, não
interrompendo. Engolindo o constrangimento, Harper tomou algumas
respirações profundas antes que pudesse continuar.
— Ele realmente não pediu nenhuma explicação sobre o que eu
estava fazendo, simplesmente me bateu, quebrando meu nariz. — A
primeira lágrima caiu.
Ela sentiu seus ossos quebrando sob a força do punho de Nathan.
Ela provou seu próprio sangue escorrendo pela parte de trás de sua
garganta enquanto tentava processar o choque e a dor.
— Eu pensei que estava engasgada porque eu não conseguia
respirar. Perguntei o que tinha acontecido, por que ele tinha feito
isso, mas ele só me disse para calar a boca. — A respiração de Harper
parou. Trent agarrou a mão dela e ela nunca foi tão grata que ele não
podia ver seu rosto.
— Em seguida, ele quebrou meu maxilar para me silenciar. Mas,
Deus, eu tentei gritar. Tentei gritar 'Não!', mas ele não quis me ouvir.
Ele estava demente. Seus olhos estavam vidrados como se não
pudesse se concentrar em qualquer coisa e ele parecia louco. Eu
pensei que ele ia me matar.
Harper retirou a mão de Trent e enxugou as lágrimas do rosto. Ela
respirou fundo e contou até dez expirando.
— Quando eu tentei me levantar e correr, ele socou meu lado,
quebrando uma das minhas costelas, antes de me amarrar na cama
de barriga para baixo.
O burburinho do equipamento de tatuagem parou.
— Não pare. — Se ele parasse, ela nunca terminaria antes de cair
aos pedaços. — Ele divagava, continuava falando sobre como ele
poderia fazer alguma coisa por mim. Ele tinha uma faca na tábua da
cozinha... — Ela engasgou, determinada a não perder mais lágrimas
por Nathan. — Então ele me disse que eu seria sempre sua puta.

***
Trent vibrou de raiva. Não haveria nenhuma maneira que ele
pudesse manter o foco no trabalho sobre o punho de prata intrincado
da máquina. Suas mãos tremiam, o requinte necessário para fazer
esses pequenos padrões era impossível agora. Ele trocou as
máquinas. As linhas incrivelmente precisas com três agulhas que ele
tinha selecionado eram importantes demais para estragar. E sua
concentração estava abalada. A fúria que sentia ao ouvir a lista de
seus ferimentos consumiu ele. Ele queria abraçá-la.
Ele se inclinou e beijou a base de sua coluna que estava sendo
deixada descoberta, transmitindo o que as palavras não podiam.
Pegando sua curva magnum rodada, ele mudou para sombrear as
rochas da espada, algo que ele poderia fazer em seu sono. Ele
observou como as agulhas circulavam sua pele, fazendo uma pausa
para limpar a tinta excedente a distância.
Ele recitou mentalmente os benefícios de por que uma curva
magnum rodada era melhor do que um magnum empilhada. Menos
impacto para a pele, desvia melhor a pele, se movem mais livremente
sobre a pele. Qualquer coisa para acalmar a raiva ainda fervendo
dentro dele. Harper descansou a cabeça em seus braços e
estremeceu. Ele podia ver os solavancos aparecerem em seus braços,
seus pelos louros finos de pé. Porra.
Deixando seu equipamento desligado, ele se levantou e se agachou
na frente da cama para olhar para ela. Quando seus olhos finalmente
se encontraram, os dela estavam molhados de lágrimas. Ele podia ver
o esforço que estava tomando para manter-se. Ele admirava o
controle que ela estava começando a mostrar.
— Eu realmente quero ser normal com você, Trent. Eu quero
seguir em frente, vestir um biquíni na praia. Eu quero aproveitar e
dançar novamente. Eu quero antecipar a primeira noite que você irá
dormir na minha casa e a primeira vez que, você sabe... supondo que
não será desse jeito. — Ela sorriu para ele, mas não chegou a atingir
os olhos. — Agora que você tem uma ideia do que aconteceu, você
ainda quer ser normal comigo?
As palavras o sufocaram. Até que ele pudesse encontrar sua voz,
ele pegou a mão dela, virou-a e beijou a palma da mão. Ele queria
protegê-la para o resto de sua vida.
— Mais do que você imagina. Podemos tentar absolutamente ser
normais, porque eu quero que você olhe para a frente de todas essas
coisas. Inferno, eu também quero olhar para a frente, especialmente
na parte do sexo. — Ele riu suavemente.
Ela sorriu e corou.
— Depois de tudo o que eu disse, é a parte do sexo o que você
pega.
— Eu sou um cara. Nós sempre pegamos a parte do sexo, mesmo
se você não mencionar sexo. E isso fez você sorrir. — Ele pegou um
lenço e enxugou as lágrimas dela. — Então, a partir de hoje, você e eu
somos normais, certo? Eu sei o suficiente sobre o que aconteceu e
você sabe que não afeta o que eu penso de você. E se algo que
fazemos desencadeia memórias, vamos falar sobre isso antes de
prosseguir. Combinado?
Ela apertou sua mão com a que ele tinha acabado de beijar.
— Combinado. — Disse ela. E desta vez quando ela sorria, atingiu
seus olhos.
Merda. Trent moveu seu copo de café para o outro lado
e tentou sacudir-se das gotas de líquido escaldante que
foram atualmente queimando seu braço e caindo sobre o
assento do banco do carro.
Harper caminhava na sua direção com um minúsculo short
jeans, que mostrava suas tonificadas pernas de corredora e com um
top branco e um top de biquíni preto por baixo. Ele nunca viu ela em
tão pouca roupa e ela parecia positivamente deliciosa. Sim,
provavelmente era ruim para os negócios fechar o estúdio em uma
sexta-feira em pleno maio, mas era ótimo para a moral e veio com a
vantagem adicional de passar o dia com Harper. Os caras estavam
falando sobre o festival de música na praia por semanas e era uma
ótima desculpa para tirar um dia de folga.
Ele saiu do carro, colocou seu café no capô, se aproximou e pegou
as malas dela, pousando um beijo rápido nos lábios.
— Bom dia, querida. Você está maravilhosa. Como você dormiu?
— Como um bebê. Minhas costas estão muito melhor hoje. É irreal
a diferença de alguns dias.
Trent colocou as malas no porta-malas antes de fechar.
— Deixe-me ver. — Disse ele virando e levantando o top. — Mmm.
— O que quer dizer 'mmm'? — Perguntou Harper, impaciente.
— Nada... só... Mmm.
— Há algo errado? Será que eu não coloquei o creme direito ou
algo assim? — Ela tentou olhar por cima do ombro.
Trent passou o dedo na borda da espada antes de seguir os
contornos para as chamas, apreciando a forma como ela estremeceu
em resposta.
— Não. Muito quente, é tudo. — Disse ele em agradecimento,
continuando a acariciá-la. — Eu te disse... garota quente com uma
tatuagem fodona... na verdade, uma tatuagem fodona feita por mim
na minha garota quente... Funciona para mim.
Ele riu quando ela se virou e bateu-lhe nas costelas.
— Você é um idiota, Trent Andrews.
— Então, eu falei, Srta. Connelly. Eu falei.
Era um dia glorioso e a temperatura deveria chegar a meados dos
vinte e seis pela tarde. Ainda era cedo o suficiente em maio e a praia
não estaria tão louca como seria em julho.
O caminho para a praia estava cheio de adornos, cabelos de rock
clássico dos anos 80 e um monte de risadas. Eles acharam o resto
dos caras perto da água e com cobertores ao lado deles. Cujo já
estava deitado de bruços em uma enorme toalha de praia. Eric e Pixie
estavam nadando e Lia estava sentada em uma cadeira baixa de praia
lendo um livro erótico de bolso, não que capa da frente desse
qualquer indício.
Havia uma área de palco montado mais longe da praia e mesmo
que ainda estivesse razoavelmente cedo, uma estação de rádio local
estava transmitindo ao vivo, um mix de música pop irritantemente
cativante dos alto-falantes.
Trent agarrou a mão de Harper e puxou-a para um longo beijo de
bom dia. A sensação de suas pequenas mãos segurando em seus
bíceps o fez gemer.
— Hey. — Ele resmungou quando ela o empurrou. — Eu estava
gostando disso.
— Eu estou começando a queimar. — Disse ela, sorrindo.
— Então sou eu.
— Não, é uma espécie de queimadura de terceiro grau a caminho.
— Ele viu quando ela remexeu na bolsa. — Você poderia passar um
pouco nas minhas costas, por favor?
Visões de esfregar o creme em sua pele macia passou por sua
cabeça, fazendo um caminho até seus calções. Ele leu o rótulo do
protetor solar e riu.
— Fator 90? Harper, baby. Sério?
— O que há de errado nisso? Eu não quero ter câncer de pele.
— Sim, mas você não pode querer parecer como um fantasma!
Você é a pessoa mais pálida que eu conheço. — Disse Trent,
levantando-se nos cotovelos. — Olhe ao seu redor, Harper. Todo
mundo aqui tem um pouco de cor.
Ele tinha razão, tudo o que podia ver tinha tons dourados.
— Aqui. — Trent buscou ao redor em sua própria bolsa. — Fator
30. Ele tem todo tipo de material UVA nele. Você não vai fritar.
— Não, eu só vou assar em meus próprios ossos.
Rindo, ele esguichou um pouco do creme em sua mão.
— Onde você quer? — Disse ele, levantando uma sobrancelha
sugestivamente.
— Eu posso fazer isso sozinha, você sabe. Eu não tenho doze anos.
— Aturdida. Apenas como ele gostava dela.
— E onde é que a diversão entra nisso? — Tomando a iniciativa,
ele agarrou sua perna quando ela riu, alisando o creme lentamente
para cima e para baixo de suas longas pernas.
Má ideia. Ele ia ficar mais duro do que granito em poucos minutos.
Ele esfregou o creme em suas panturrilhas macias, suaves, bem
devagar para massagear os músculos firmes dela. Alcançando seus
joelhos e acariciando suavemente a parte de trás deles, seguiu até as
coxas em direção a barra de seu short. Sua pele perfeita estava
quente do sol.
Cara, se ela tivesse um pouco de cor sobre aquelas pernas mais
brancas do que o branco, provavelmente, ela pareceria mais
deslumbrante do que já era.
Quando seus dedos tocaram suavemente sob a barra, ele não pôde
resistir.
— Você está deixando eles hoje, Harper? — Ele sussurrou, tão
perto de sua boca que seus lábios tocaram os dela enquanto falava.
Verdade seja dita, ele estava desesperado para vê-la sem eles.
Menos uma peça de roupa entre ele e a Terra Prometida.
Um rubor suave passou sobre sua pele úmida, tentando-o e ele
roubou um beijo rápido.
— Trent. — Ela sussurrou, olhando para Cujo e Lia. Ela pegou a
mão dele, que ainda estava se movendo sob a barra.
Amando que ele poderia constrangê-la assim, ele sorriu.
— Ninguém está prestando atenção. — Inclinando-se sobre ela, ele
a beijou suavemente. — Deixe-me tira-los para você, querida. — Ele
murmurou baixinho contra seus lábios. — Você sabe que você me
quer.
Chegando neles, ele desabotoou e, lentamente, desceu o zíper,
roçando seu estômago com os nós dos dedos, quando abaixou.
Ele gemeu quando foi atingido nas costelas por um lance de
futebol perfeito de Cujo, que agora estava sentado em sua toalha.
— Obtenha um quarto de merda, cara.
Os olhos de Harper viraram ligeiramente para o lado e seu rubor
se aprofundou.
Com uma piscadela para ela, ele se lançou para o amigo e levou-o
para a areia.
— Oh meu Deus, vocês são meninos! — Lia gritou, sacudindo a
areia de dentro de sua bolsa.
Eles continuaram a lutar, rolando sobre os cobertores.
Cujo finalmente desistiu.
— Velho.
Harper puxou alguns papéis de sua bolsa. Ele amava o jeito que
ela mordia o lábio quando estava se concentrando e quão energizada
e animada ela parecia quando falava sobre a ajuda de sua amiga,
Joanie.
Enquanto caminhava em direção à água para lavar a areia, ele
desejou que pudesse simplesmente arrastar Harper com ele, mas a
tatuagem dela não estava nem perto de estar curado. Seria perto do
fim do verão quando todas as sessões seriam feitas e mais uma etapa
de cura de duas a três semanas.
Era ótimo vê-la em um top minúsculo com a parte superior da
tatuagem aparecendo. Ela estava sempre tão abotoada com mangas
compridas. Ela parecia mais jovem hoje, mais despreocupada. Ele não
podia esperar para a tatuagem cura-la o suficiente para que pudesse
mostrar.
Ele deveria comprar-lhe o biquíni preto-e-branco de bolinhas que
ela queria. Ele ficaria ótimo com a tatuagem dela e o novo tom que ela
estava conseguindo. Mais dias de praia eram necessários. Ou um
tempo na varanda do seu condomínio seria perfeito para uma
pequena tarde deliciosa.
Mergulhar na água ajudou-o a refrescar o seu desejo e se livrar da
ereção que vinha crescendo com o pensamento dela em duas peças.
Ir devagar iria matá-lo, mas não havia uma sombra de dúvida em
sua mente que a mulher inteligente e perspicaz embrulhada em um
corpo sexy valia a pena. A verdade era que ele estava gostando de ter
que trabalhar por isso.
Virou-se na água para olhar para ela. Harper colocou os papéis
para baixo e virou sobre seu estômago, sem o short, sua bunda
empinada ficou visível a todos. Ele só podia esperar que a espera
fosse breve.

***
Os meninos de Abercrombie28 não tinham nada como esses
homens. Todos eles eram pegáveis. Cujo com a sua altura muscular,
cabeça calva e olhos azuis penetrantes. Eric com o porte de um
corredor atlético e cabelos loiros. E Trent.
O breve flash que ela teve dele naquela primeira noite no estúdio
era nada além de uma provocação. Ele tinha, Deus sabe quanto, um
pacote e esse louco V, essas coisas que a levam à lugares que
atualmente pareciam estar ocupando somente seus sonhos. Com
calções que pendiam em seus quadris, ele era a fantasia de cada
menina. Ao vê-lo caminhar até a praia todo molhado, passando a mão
no seu cabelo escuro com as duas mãos, com seu bíceps e peitorais
flexionados, a fazia vibrar.
Ele sentou na toalha a sua frente e descansou a cabeça em seu
estômago. Ela passou os dedos pelos cabelos incrivelmente escuros, o
sol o secou e o deixou com ondas suaves, desarrumado.
Harper nunca tinha se sentido mais viva. Era perfeito, o som de
gaivotas que voam sobre a água azul cristalina, o sol quente em sua
pele, toques suaves sedutores de Trent quando eles ficavam juntos.
— Por mais que eu não queira lhe interromper. — Disse ele, em
voz baixa. — Você poderia colocar um pouco de protetor solar em
mim?
Ela derramou um pouco em suas mãos e esfregou-as.
Trent se sentou e Harper ajoelhou-se atrás dele, suas coxas
apertadas contra seus quadris.
Sua pele estava quente quando ela passou o creme sobre os
ombros, tendo mais de um momento para admirar seus músculos
antes de ir mais baixo. Ela não teve a oportunidade de verificar o
resto de suas tatuagens de perto antes. Elas eram espetaculares.
— Diga-me mais sobre suas tatuagens.
— O que você quer saber? — Trent perguntou preguiçosamente,
acariciando com os dedos o topo de uma das coxas dela.

28
Abercrombie nome de uma loja de roupa masculina, que tem modelos tipo as “angels” da victoria
secrets.
— O que elas querem dizer. O que significa a que tem nas costas?
— Suas mãos fizeram progresso lento e constante, esfregando o creme
mais e mais. Parecia um pouco com uma paisagem montanhosa com
anjos levando os seres humanos até o cume.
— Purgatório.
— E essa. — Ela acariciou as mãos sobre um belo casal abraçado.
— Nossa, bem, ela é incrível.
— Minha mãe costumava me dizer que a razão da Divina Comédia
é interessante, porque mostra como o amor está ligado a tudo. Os
sete terraços na montanha do purgatório refletem cada um dos sete
pecados. As pessoas acabam lá por causa de seu amor por algo
considerado profano.
Ela se inclinou e beijou seu ombro.
Trent rapidamente virou a cabeça e capturou seus lábios, rindo
enquanto ele a pegava desprevenida.
— Sim, é um pouco estranho, certo? Dante queria mostrar que o
amor que vem de Deus é puro, mas que quando chega em nossas
mãos, temos uma tendência a estragar tudo. O amor pode ser
abusado por nós, meros mortais. Assim, como o amor muito forte
pode ser luxúria. Ou quando o amor é muito abusado, pode levar um
cara para a ira.
Suas palavras bateram muito perto de casa. Harper cutucou
novamente para que ela pudesse dar uma olhada. Havia tantos
detalhes para ver. Ela podia ver elementos da história que se
lembrava.
— Quem fez isso para você?
— Junior. Ele encontrou Cujo e eu quando tínhamos treze anos,
pichando a parte de trás de seu estúdio.
Harper riu.
— Você era uma criança vândala, eu posso ver isso de alguma
forma.
— Sim... Tudo culpa do Cujo... o pior problema que eu já entrei
estava com ele. Mas Júnior me ensinou tudo que sei. Ele fez tudo isso
em dois anos, assim, até eu ser velho o suficiente.
— Bem, ele fez um trabalho espetacular. Desejaria tê-lo conhecido.
— Eu também. Ele era outra coisa. Metade do meu tamanho, mas
poderia chutar a minha bunda daqui para Nova York. Se eu puder ser
tão bom quanto ele, eu vou ser feliz.
Harper colocou os braços ao redor da cintura de Trent, inclinando-
se contra suas costas.
— Sinto muito. — Ela sussurrou em sua pele. Suas mãos cobriram
as dela.
— Está tudo bom. Júnior teve tempo de fazer as pazes com o
mundo antes de ir e o homem tinha uma vida louca. Ele me deu três
presentes, minha surpreendente tinta, o Road Runner e uma carreira
que eu amo. Todas as coisas que considero, eu amo o cara.
Harper tinha a sensação de que a partir de tudo o que ela tinha
ouvido falar, Junior tinha se sentido da mesma maneira sobre o
homem altamente adorável sentado à sua frente.
Trent puxou os braços apertados em torno de sua frente e
suspirou. O sol converteu o mar em uma água-marinha espumante.
Os pais corriam pela água rasa, perseguindo crianças cobertas de
picolés derretidos enquanto levavam pequenos baldes de plásticos.
Casais caminhavam de mãos dadas, parando periodicamente para
beijar ou simplesmente para se olharem nos olhos.
— Isso é bom. — Disse Trent, voltando-se para ela com um sorriso
suave. — Se você sabe o que quero dizer. — Ela sabia, porque sentiu
isso também.
— É normal. — Disse ela, beijando-o suavemente. — Eu gosto do
normal. Estou bem com todas as outras coisas que temos de
trabalhar, mas normal pode ser muito espetacular. Só de estar aqui
com você, em um belo dia. Isso é bom.
Pela primeira vez em anos, Harper se permitiu pensar que talvez
tudo fosse funcionar do jeito que era suposto.
Cujo pegou uma pizza para o jantar, complementando com
cervejas que todo mundo estava bebendo clandestinamente em copos
de plástico, todos, até Trent, o condutor pessoal designado. O festival
estava em pleno andamento agora e a multidão estava ficando maior.
A música tocada do palco principal pela praia inspirou Pixie e Lia a
arrastarem Harper para dançar, mesmo que ela não quisesse.
No final da noite, dirigindo seu carro com as janelas abertas, ela
respirou o ar fresco. Fechando os olhos, bocejou e deixou que o
zumbido do motor a acalmasse.
— Acorde, dorminhoca. — Harper abriu os olhos, surpresa ao
encontrar-se estacionada em frente a seu apartamento. Uau, um dia
inteiro de praia, sol e Trent poderia realmente acabar com uma
menina. O relógio no painel mostrava onze horas.
— Acho que você me esgotou hoje. — Disse ela, levantando os
braços e esticando o melhor que podia.
— Esse era o plano.
Harper não podia conter seu bocejo.
— Desculpe, eu desmaiei em você. — Ela olhou para baixo e
percebeu que ela ainda estava usando o gigante casaco com capuz
que Trent lhe emprestara quando a noite tinha esfriado.
— Não se preocupe. Você estava bonita enquanto estava dormindo.
Deixe-me ajudá-la a pegar as suas coisas do carro.
Andando para o seu lado do carro, Trent abriu a porta e ajudou-a
sair. Harper começou a puxar seu braço do casaco para levantá-lo
sobre sua cabeça.
— Eu deveria lhe devolver.
— Nah. Fica com isso. Ele fica bem em você. — Ele ajudou-a
puxando de volta para baixo e, em seguida, puxou o enorme capuz
sobre a cabeça.
Rindo, Harper puxou-o para trás para que ela pudesse ver.
— Idiota.
— Como eu disse esta manhã... Eu falei, senhorita Connelly. Eu
falei.
Trent levou as malas até a porta.
— Então... umm. — Ela realmente não sabia o que fazer.
— Não fique tão malditamente nervosa. Eu não mordo e eu não
vou entrar. Ainda não. — Ele colocou as mãos em cada lado do rosto.
— Você, realmente é bonita Harper. Obrigado por passar o dia
comigo.
Foi tudo muito lento, a maneira como ele puxou-a delicadamente
em direção a ele e colocou seus lábios macios nos dela. Sua
proximidade fazia com que a escuridão parecesse mais íntima. Sua
língua tocou os lábios e sua provocação tornou-se muito.
Ela gemeu. Sem espera, ela fez. Esse som veio dela quando ele
colocou os braços ao redor da cintura e sentiu seu corpo firme a
empurrar contra a porta.
De repente, ele se afastou dela.
— Tenho que sair daqui. — Disse ele, descendo a dois passos da
porta. — Tenho um encontro com um banho de água fria. —
Acrescentou com uma careta.
— Obrigada mais uma vez pelo belo dia, Trent. E desculpe sobre o
chuveiro frio.
— Eu também. — Disse ele com uma risada antes de entrar em
seu carro.
— Estas são para você. — Disse Eddie, segurando um
enorme ramo de rosas amarelas.
De pé na entrada de seu prédio, Harper segurou os
mantimentos mudando para outro braço para que pudesse
seguras as flores.
— É, Eddie... Hum... Obrigada.
— Que merda?
— Isso é doce vindo de você.
Sua risada barulhenta encheu o velho corredor.
— Oh Harper, eu totalmente desejo que você pudesse ver seu
rosto. Elas não são minhas, embora talvez eu devesse ter pensado
nisso. O cara da entrega estava aqui quando eu cheguei em casa da
minha corrida, então eu assinei por você.
O alívio passou por ela. Por um breve momento, ela pensou que ele
estava dando em cima dela. Para ser justo, ainda era cedo e seu café
não tinha entrado ainda. Eddie era um bom vizinho, mas não era o
tipo dela. Qual era exatamente o tipo dela? Será que ela ainda tem
um? Se tivesse de adivinhar, o tipo dela deveria ter provavelmente
1,86 metros de altura, um corpo bem construído, cabelos ondulados
escuros dando um toque perfeito e olhos mais escuros do que rocha
vulcânica. Ah, e o corpo construído tinha que ter uma infinidade de
músculos e tatuagens.
O som da voz de Eddie tirou-a de seu devaneio.
— Você sabe, eu tenho uma irmã, Harper. E se algum cara vir
farejando em torno dela, eu iria verifica-lo e ameaçar espanca-lo se ele
a maltratasse. Você precisa de mim para fazer o mesmo por você?
O rosto de Eddie era sincero quando disse, pela primeira vez,
Harper estava genuinamente grata que o segurança amante de metal
era seu vizinho.
— Eu acho que estou bem, Eddie. — Ela sorriu, escondendo seu
rosto nas flores para que pudesse desfrutar de sua fragrância. — Ele
parece ser um cara legal, mas eu vou manter isso em mente.
— Ok. — Eddie virou-se para subir as escadas, mas fez uma pausa
antes de virar o poste. — Você sabe que se você gritar, eu vou ser
capaz de ouvi-la, certo?
— Pensamento agradável, Eddie. Obrigada. Muito reconfortante. —
Ela o viu desaparecer até o primeiro conjunto de escadas, em silêncio,
murmurando obrigado virando de costas.
Abrindo a porta de seu apartamento, ela deixou as chaves sobre a
mesa pequena ao lado da porta, em seguida, caminhou até a cozinha.
Colocando o buquê brilhante no balcão, Harper estudou as flores por
um momento. Ela puxou o pequeno envelope branco e abriu.

Porque todos os dias deve ter a luz do sol nela. Trent x

Ela abraçou o cartão. Ele estava fazendo ela se sentir pegajosa


internamente. Era um longo tempo desde que ela se sentiu assim.
Decidindo sobre uma boa xícara de chá para aperfeiçoar sua
manhã, Harper colocou a água para aquecer e pegou uma caneca.
Aguardando ferver, ela tomou um assento em um dos banquinhos no
bar de café da manhã e admirou as flores. Botões amarelos bonitos,
com flores abertas em contraste com folhas verdes escuras.
Felizmente, eles tinham vindo em um vaso. Caso contrário, eles
teriam acabado em seu jarro de limonada.
Batendo o dedo na parte superior de seu telefone, ela debatia entre
chamar Trent com uma mensagem de texto. Ele provavelmente
estaria no meio de uma tatuagem, com seu chapéu para trás e focado.
Melhor não o perturbar.

Uma bela maneira de começar o dia. Obrigada xx

Não esperando uma resposta em breve, Harper começou a


arrumar as compras. Seu telefone tocou segundos depois, fazendo-a
saltar e bater a cabeça na porta da geladeira aberta.
— Merda. — Ela xingou, esfregando a cabeça até chegar ao balcão
para pegar o telefone.

Não tão bonita como você. De nada.

Ela terminou de fazer sua bebida e estava tomando um gole de chá


bem quente quando seu telefone tocou novamente.

Saindo hoje à noite, quer vir?

Largando a caneca, Harper olhou para seu telefone por um


minuto. Todas aquelas pessoas para se evitar em um lugar público.
Mas ela estaria com Trent. Ele cuidaria dela, certo? Tempo para usar
calças menina grande.

Eu amaria. Sugestão de roupa?

Algo sexy ;-)

Se ela possuísse algo que combinasse com essa descrição.


— Eu preciso da sua ajuda! — Disse Harper ao telefone cinco
minutos depois.
Tendo puxado cada item do seu armário antes de descartá-los, eles
estavam fora das opções.
— O quê? Nada de 'Olá Drea, como você está?' Acabamos indo
direto ao assunto? — Drea parecia sonolenta. Como ela poderia ainda
estar com sono, às onze horas da manhã? Harper já tinha completado
uma corrida de seis milhas ao longo da praia antes de comprar seus
mantimentos.
— Você deve fazer comedia com frases como essa. Estou falando
sério. Eu tenho um problema.
— Eu tenho um também. Você está me incomodando no meu dia
de folga, amiga.
Merda. Parecia que ela estava apenas metade brincando. Harper
envolveu seu rabo de cavalo em torno de sua mão e puxou
ligeiramente.
— Será que a guerra começou? Queria encontrar a cura para o
câncer? A fome no mundo?
Ok, para o espírito de guerras e fome em países estrangeiros, o seu
não era um negócio tão grande, com os problemas de primeiro mundo
e tudo isso.
— Trent apenas mandou uma mensagem me convidando para
acompanhá-lo naquele bar de luxo extravagante que abriu no mês
passado. Valeur ou, seja lá o que é chamado.
— E? Você me chamou porque você não consegue se lembrar como
se escreve a palavra sim?
— Drea, sério. O que diabos eu posso usar? — Ela pegou na
bainha desfiada em um par de jeans desbotados. Cara, ela realmente
tinha se deixado ir. Camisetas surradas com caretas, camisas de
mangas compridas em todas as cores imagináveis. Não se misturar
não significa que ela tem que andar como um mendigo.
— Tudo bem. — Disse Drea. — Me encontre fora da Zara na
Lincoln Road Mall, em trinta minutos.
Era mais de sessenta minutos mais tarde, quando Drea finalmente
apareceu, mas ela chegou rapidamente ao trabalho, preenchendo
ambos os braços com as coisas para Harper experimentar.
— Puta merda. — Disse ela, quando Harper tirou a camisa no
minúsculo vestiário que estavam compartilhando. — Quando você
disse que ia fazer uma tatuagem, você não estava brincando.
Harper olhou para ela.
— Você não gostou?
Harper olhou por cima do ombro, se vislumbrando no espelho. A
espada era alta e orgulhosa pela sua espinha, a lâmina agora
completamente à sombra, embora a alça ainda estava no esboço. As
pedras de granito fissuradas estavam brilhantes, como se estivessem
refletindo nas luzes do vestiário. As misturas vermelho, amarelo e
laranja das chamas, se arrastavam até suas costelas do lado direito;
do lado esquerdo, as linhas de tinta laranja desbotada mostrava onde
o detalhe de fogo iria aparecer eventualmente.
— Não, só me pegou desprevenida. Quero dizer, eu vi o contorno
quando você foi a primeira sessão. E agradeço a Deus de você não
precisar de mim para fazer aquela coisa de creme novamente, pois era
nojento. Parecia... — Houve um longo silêncio.
— Você não precisa gostar, Drea. Eu entendo.
— Não é isso. Apenas, eles querem dizer algo muito diferente para
mim. Eu acho que vai ser sexy pra caralho em você, no entanto.
Harper estudou o belo corte de uma blusa sem mangas marfim em
três espelhos. Era como nada que ela já tivesse usado antes e ela
estava certa que Trent apreciaria.
— Joanie me contou como você está ajudando-a com suas aulas.
— Sim, ela está indo muito bem. — Ouça Harper, eu não vou
perguntar por que você não está lá fora fazendo algo mais com seu
cérebro. Se eu tivesse que adivinhar, diria que tem algo a ver com o
seu ex e o que aconteceu. Joanie diz que ela está fazendo muito
melhor com seu apoio e eu queria saber, será que você poderia me
ajudar?
Harper se sentia culpada por reter tanta informação sobre seu
passado para sua melhor amiga. Parte dela doía para explicar a
verdade de quem ela realmente era.
— Nós só descobrimos que meu primo Milo é disléxico e minha tia
está ficando louca de preocupação. Ela está pensando em encontrar
um tutor. Gostaria de saber se você é qualificada e, você sabe,
disposta a ajudar.
— Claro que vou ajudar. Eu adoraria. Por que você não diz para a
sua tia me ligar ou vim me ver na loja?
— Eu vou. Eu... — Drea fechou a boca e fingiu estar procurando
algo na pilha de roupas que ela tinha trazido.
— O quê? Basta dizer o que está em sua mente. — Drea era
sempre direta com ela.
— Bem, eu espero que você saiba que eu tenho suas costas. —
Harper sorriu e puxou sua melhor amiga no primeiro abraço que já
tinham compartilhado.
Harper fungou e recuou.
— O que você acha? — Ela perguntou com um sorriso aguado,
girando no lugar.
Drea enxugou uma lágrima de debaixo de seu olho.
— Você precisa de um tamanho menor, deixe-me ir buscar um.
Harper soltou um suspiro profundo e puxou um lenço de sua
bolsa, pegando seu telefone, uma vez que tocou.
Ansiosa para ver se era Trent, ela verificou a tela.

Voyeurismo29 sinistro tímido.

A boca de Harper ficou seca e seu coração batia forte quando ela
olhou para a mensagem. Um número desconhecido. Harper inalou
lentamente pelo nariz e expirou pela boca. Não havia nenhuma razão

29
É uma prática que consiste num indivíduo conseguir obter prazer sexual através da observação de
pessoas.
para entrar em pânico por algo que era provavelmente um número
errado. Poucas pessoas tinham seu número de celular de Miami. As
letras no texto que compunham Harper saltaram para ela. As cartas
de anagramas sempre tinham caído em um lugar dentro dela, como
um Tetris de alfabeto. Nathan costumava dizer que era estranho. Os
melhores anagramas sempre continham palavras para distrair a
atenção os tornando mais difícil de formar novas palavras. Ela já
podia ver as palavras e começou a amarra-los em frases. Elogiá-la
nesta tempestade. Dentro do exército soviético. Uma pessoa muito
séria. Mas nenhuma delas utilizava todas as letras do texto. Harper
balançou a cabeça e desviou o olhar do telefone. Isso era bobagem.
Havia tantas combinações possíveis. Como neste mundo pode
realmente significar alguma coisa? Ela olhou para trás. Esqueça. Isto.
Não é. Sobre. Você. É que eu deixei: Harper, eu senti sua falta. Isso
ainda não acabou.
Drea arremessou a cortina.
— Este é mais o seu tamanho.
Harper deixou cair o telefone de volta em sua bolsa. Era um erro,
alguém acidentalmente errou o número ou teve problemas de
autocorreção. Lendo qualquer coisa sobre isso era loucura. Ela
precisava parar de imaginar o pior.

***

Uau. Assistir Harper entrar no clube era um grande aprendizado.


Ele não estava realmente certo para onde olhar primeiro. De cima
para baixo, ela era uma mulher quente. Seus longos cabelos escuros
estavam enrolados em ondas suaves.
Ela tinha feito aquela coisa manchada com seus olhos,
capitalizando sobre sua beleza natural verde escuro. Imaginar suas
pálpebras pesadas enquanto ela estivesse rastejando até a cama para
ele o fez balançar a cabeça e pegar sua cerveja.
Ela estava usando o mais sexy salto preto com jeans skinny preto
e tomou cada gota de esforço para não imaginar aquelas pernas ao
redor de sua cintura. Ele se perguntava quantos outros muitos pares
de sapatos espetaculares ela tinha escondido naquele apartamento.
Talvez ela desfilasse para ele um dia, em sua roupa intima. Não, nua.
Ele trancou seu olhar sobre ela até que ela o encontrou e sorriu
aquele sorriso tímido.
Chutou Cujo da extremidade do sofá, literalmente e recebeu um
soco no braço por seus esforços, ele se levantou e foi até ela.
Segurando seu rosto com as duas mãos, ele tocou a testa com a sua
antes de beijá-la suavemente.
— Hey, baby. — Disse ele em seu ouvido. Ele passou os braços em
torno de sua cintura para abraçá-la mais de perto.
Puta merda. Recuando, de repente, ele olhou para ela e sorriu.
Malícia espumava em seus olhos lhe dizendo que tinha planejado
essa surpresa só para ele.
— Vire. — Ele sussurrou. Ele queria ver tudo dela, frontal e
traseira.
Sem dizer uma palavra, ela virou-se. A blusa creme tinha tiras
estreitas e enquanto ela aparecia coberta na frente, nas costas ela
exibia sua tatuagem.
O esboço da espada estava concluído e o sombreamento ele
terminou no encontro anterior, escondendo a pior de suas cicatrizes
de prata. Mesmo que ainda estivesse inacabada, seu trabalho parecia
bom sobre ela.
Harper olhou por cima do ombro e murmurou.
— Surpresa!
Trent soltou uma risada. Um idiota bêbado abriu caminho entre os
dois para chegar ao andar de dança. Ele tropeçou, em seguida,
agarrou as costas de Harper para recuperar o equilíbrio.
A jovialidade nos olhos de Harper desapareceu, pânico foi
substituído.
Trent segurou o braço do cara e o afastou de Harper.
— Você precisa olhar por onde anda amigo.
— Desculpe, cara. — Ele murmurou, tropeçando longe.
Enquanto era difícil de ignorar os arrepios nos braços de Harper,
ele imaginou que brincar a coisa toda era melhor para ela.
Envolvendo os braços em volta dela, ele a puxou para seu peito.
— Você é uma mulher bonita, Harper Connelly. — Ele colocou os
lábios para baixo ao lado de seu pescoço, mordiscando-a gentilmente.
— Quer sair agora e ir para a minha casa? — Perguntou ele,
acariciando até o ombro.
— Não, espertinho. — Harper gritou por cima da música alta. —
Você prometeu um encontro normal, beber e dançar é normal. — Sua
voz soava confiante, mas Trent não se deixou enganar como ela usou
os braços para puxá-lo ainda mais apertado contra suas costas.
Cujo os cumprimentou quando eles caminharam até a mesa. Ele
levantou uma sobrancelha na direção de Trent.
— Hey, Harper. Estas bem!
— Obrigada, Cujo. — Cujo deslizou, abrindo espaço para Harper
se sentar no sofá.
Ele adorava assistir Harper com seus amigos. No entanto, ela
passou os últimos anos afundando-se sozinha, mas sua confiança
estava voltando e dada pela roupa nova, parecia que ela estava
começando a reconhecer a mudança em si mesma.
Por mais que ele tentasse, ele não conseguia se manter longe dela.
Era estranho. Trent não era um cara de demonstrar afeto em público.
Claro, era estranho fazer aqui e ali, mas essas coisas melosas era
tudo novo. Ele simplesmente nunca era estimulado.
O DJ mudou o ritmo das batidas de dança sensuais pesadas para
músicas mais lentas. Inclinando-se, beijou Harper atrás da orelha.
— Você quer dançar?
Ela olhou surpresa.
— Deixe-me adivinhar... você é um dançarino incrível.
— Claro que eu sou Harper. — Ele pegou sua mão, guiando-a para
a pista de dança, puxando-a para mais perto.
Apesar dos melhores esforços de todos para fazê-lo beber, Trent
tinha ficado limpo de álcool a maior parte da noite, apenas para que
ele pudesse ter o privilégio de levar Harper para casa. E agora, ele
estava grato por estar plenamente consciente das sensações que o
corpo quente de Harper estava criando enquanto ela se movia contra
ele.
Ela era uma dançarina natural. Dando toda a sua graça e ritmo
enquanto balançava contra ele. Ele se perguntava quantos segredos
mais ela tinha. Se ele for um homem de sorte, ele iria passar os
próximos sessenta anos descobrindo todos eles. Sim, era
definitivamente esse tempo para um homem, até porque ele estava se
apaixonando por ela. Fortemente.

***

Uma brisa fresca soprou para dentro do carro através das janelas
abertas quando Trent a levou para casa. Era um alívio abençoado
para o calor sufocante que estava na boate e no bar, claro, o que era
suposto ser.
Inclinando a cabeça para trás contra o encosto de cabeça, Harper
fechou os olhos e se concentrou em ouvir Trent cantarolando um rock
clássico no rádio.
Quem diria que o cara tinha movimentos na pista de dança?
Talvez ele realmente fosse incrível em tudo.
O céu noturno estava manchado de tinta preta, iluminado por
uma lua baixa e um punhado de estrelas. Havia um cara quente ao
volante deste carro, igualmente quente, levando-a para casa enquanto
ele gentilmente segurava a mão dela com seu forte aperto.
Engraçado como ela tinha que fazer todo o caminho para Miami
para encontrar tudo isso. Quão diferente a sua vida teria sido se o
ataque não tivesse acontecido? Quatro anos mais tarde e ela estaria
começando a se perguntar se era exatamente onde ela deveria estar.
— O que você está pensando? — Trent rompeu seu devaneio. —
Eu posso ouvir essas engrenagens girar daqui. — Ele olhou para ela e
sorriu.
— Eu estava pensando que é engraçado como a vida acaba.
— De que maneira, querida?
— Eu estava pensando, sobre tudo o que me levou a estar sentada
aqui neste carro incrível com uma cara ainda mais surpreendente. —
Ele sorriu com isso. — Eu quero dizer o quão louco as voltas e
reviravoltas da minha vida têm sido até chegar a Miami. Tudo o que
tive que passar. Um ônibus diferente e eu poderia ter terminado na
Costa Oeste. E, no entanto, aqui estou eu.
— Eu acredito que há um plano maior para todos nós. Eu acho
que o universo conspira para nos dar o que precisamos, não o que
nós queremos.
Suas vísceras se transformaram em geleia quando Trent levantou
a mão e beijou suavemente os nós dos seus dedos.
Momentos depois, ele virou na rua tranquila de Harper e
estacionou em frente a seu prédio. Era bem depois da uma da manhã,
mas Harper sentia-se energizada em vez de cansada.
— Eu acho que essa é a minha parada. — Disse ela.
— Eu acho que sim. — Trent virou o carro, empurrando-os em
silêncio.
Harper destravou o cinto de segurança.
Trent não havia se movido, estava sentado virado em sua direção,
ainda com o cinto de segurança. Em um momento de bravura, Harper
deslizou pelo banco e destravou o dele também. Um sorriso se
espalhou pelo rosto de Trent e caramba, se aquelas covinhas não
faziam isso com ela o tempo todo.
Harper abraçou sua confiança, montou seu colo e colocou as mãos
em cada lado do seu rosto. Os dedos de Trent arrastaram pelas suas
costas, estabelecendo-se na bunda dela. Ele puxou-a com força em
direção a ele.
Deixando escapar um suspiro rápido, ela se inclinou para frente e
tocou os lábios através dos seus.
— Não vai correr? — Trent implorou contra seus lábios.
— Não vou correr. — Harper prometeu.
Com um gemido de alívio, Trent a devorou. Ele virou quase um
selvagem, beijando, lambendo, sugando os lábios dela.
Tiros de excitação a percorreu, inflamando sentimentos
profundamente dentro de seu núcleo. Ela estremeceu quando Trent a
puxou apertado contra ele.
— Mmm... Harper, as coisas que você faz para mim. — Suas mãos
deslizaram sobre sua pele nua, medindo a largura de sua parte
inferior das costas. Harper tremia enquanto seus lábios abriam
caminho para o lado de seu pescoço e de volta, chegando ao descanso
da sua orelha. — Está tudo bem? — Ele sussurrou contra ela, seu
tom preocupado a fazia derreter. Puxando para trás, ela olhou em
seus olhos de pálpebras pesadas escuras.
— Melhor do que bem. — Ela gemeu quando uma de suas mãos
correu até o interior de sua blusa e acariciou a parte inferior de seu
seio.
— Você vai me matar. — Ele rosnou, puxando-a de volta para sua
boca. Sua língua sondou mais profundamente, girando dentro de sua
boca. Seu gosto era inebriante. Cada curso criava um puxão profundo
em seu clitóris. Se ele encostasse contra ela com mais força, ela
poderia vir.
— Oh Deus, Trent, por favor. — Ela gemeu quando as pontas dos
dedos dele esfregaram seu mamilo, apertando-o suavemente.
— Por favor, o que, baby? — Ele respirou contra seus lábios.
— Mais... por favor.
— Como isso? — Ele perguntou, segurando seus quadris com as
duas mãos e puxando-a com força contra ele.
— Ah, sim... oh é... eu... — A explosão começou bem no fundo e
mudou-se através de cada parte dela. Onda após onda douradas a fez
estremecer.
Descendo, Harper estava vagamente consciente de Trent,
segurando-a contra ele, esfregando as mãos para cima e para baixo
em suas costas, acalmando-a enquanto tentava recolher a respiração.
Seus olhos estavam começando a se sentirem pesados, quando um
veículo virou a rua e seus faróis brilhantes deram um lembrete
assustador de que eles ainda estavam no carro de Trent. Não só
estavam no carro, mas como Trent ainda estava duro como pedra
debaixo dela.
— Você é tão bonita quando goza, Harper. Estou honrado que você
me deixe ver isso.
Enterrando a cabeça mais para dentro da curva do pescoço de
Trent, Harper ficou momentaneamente sem palavras. Não sabendo o
que fazer, ela passou a se afastar dele.
Seu braço estendeu e puxou-a para trás.
— Ei, aonde você está indo?
Harper olhou para baixo enquanto brincava com os botões de sua
camisa, vergonha passava por ela.
— Ei, olhe para mim Harper. — Ele esperou, até que ela levantou
os olhos para ele. — Este foi um passo incrível na direção certa, não
foi? — Ele pegou as duas mãos na sua, trazendo-as para seus lábios
enquanto beijava os nós dos seus dedos.
— Mas... e você? — Perguntou Harper calmamente.
— Eu? — Trent parecia genuinamente confuso.
— Você não... você sabe... — Alívio inundou suas feições enquanto
ele ria.
— Você pode usar as palavras, Harper. Eu não gozei, é o que você
quer dizer?
— Senhor, isso poderia ficar mais embaraçoso?
— Estou bem. Este não é o primeiro caso de bolas azuis que já tive
e, infelizmente, pouco provável será o último.
Envolvendo seus braços ao redor dela, ele a puxou de volta em
direção ao seu peito. Harper não conseguiu resistir quando ele
inclinou sua mão estendendo-a para acariciar seu cabelo.
— Você. — Ele beijou sua testa. — É uma. — Seu nariz. —
Impressionante. — Uma face. — Mulher. — A outra. — Sexy. — Seus
lábios tocaram os dela em um beijo quente e amoroso. — Agora, saia
do meu carro e entre em seu apartamento antes que eu decida levá-la
lá e ter o meu mau caminho com você.
Inclinando-se para frente, ela roubou um último beijo.
— Boa noite, Trent.
Ela acenou quando chegou à porta. Talvez ela não estivesse
fugindo de nada. Houve uma mudança monumental. Talvez agora ela
estivesse correndo para alguma coisa.
O baixo estava tão alto que Trent podia senti-lo
vibrando em seu peito antes mesmo de entrar no prédio.
Como Cujo tinha conseguido bilhetes para o mais quente
lançamento da banda de metal na décima primeira hora, era
uma incógnita, mas Trent não estava reclamando. Cujo tinha um
pequeno livro de pessoas que conhecia, pessoas que ele
constantemente aproveitava.
O local, um velho armazém caído em um dos bairros mais ásperos
de Miami, era bem conhecido por sediar shows de metal e rock
pesado. Verdadeiros amantes da música se reuniam lá para ver suas
bandas favoritas e era raro não vender por fora.
Eles passaram direto na frente em vez de ficar na fila. Ele pagaria
para ter crescido em Miami. Trent tinha ido para a escola com um dos
caras que trabalhava na portaria, na qual, já o tinha tatuado.
No andar superior, tinha uma varanda com vista para o palco,
onde eles poderiam ficar longe dos corpos fluentes e da multidão de
surfistas desonestos. Ao mesmo tempo, ele teria sido o primeiro cara
a está lá fora perto do palco, mas aos trinta e dois anos, ele estava
ficando velho demais para essa merda.
Indo para o bar, eles pegaram algumas cervejas e foram até a
borda para assistir a banda. Cinco caras ingleses em seus primeiros
vinte anos estavam fazendo as rondas de metal com comentários
fenomenais. Para ser tão jovem e ter o mundo a seus pés tinha que
ser bastante impressionante.
O som era insano. A voz do cantor era totalmente contraditória,
angelical na harmonia com cada nota de cristal clara e brutalmente
crua quando ele gritava através do coro.
Estava demasiadamente alto para uma conversa. Dada a forma
como embalado estava, era uma espécie de alívio que Harper não
tivesse vindo com eles, por causa disso. Não que ele não a quisesse do
seu lado, ele não viu ela por dois dias e já estava ficando cheio de
tiques e protegê-la nesta loucura estaria fora de seu controle mesmo.
Seu celular vibrou no bolso de trás.

“ Ei. Estou em casa. Você está bem?”


“Uma cerveja em um show louco. Como foi o seu dia?”
“Uma merda, mas eu vou viver. Banheira e depois cama”.
“Nua ???”
“ Para a Primeira, definitivamente, a segunda talvez :)”
“Agora há um pensamento! Noite, baby.”

— Tudo bem? — Cujo gritou em seu ouvido.


Trent se inclinou em direção a ele.
— Sim, Harper está chegando em casa do trabalho.
— Eu tenho uma palavra para você, meu amigo. Chicoteado. —
Cujo riu, tomando um gole de sua cerveja.
— Começando a pensar que não é tão ruim, irmão. — Trent
abanou a cabeça, mais para si mesmo do que para qualquer coisa.
— Realmente? Vocês têm o quê? Um mês? — As sobrancelhas de
Cujo estavam franzidas, como se ele fosse incapaz de calcular o que
estava ouvindo. — E eu aposto que ela nem sequer colocou para fora
ainda, vendo como você está um bastardo irritadiço.
— Então? O que é um mês? E vamos lá, cara. É da Harper que
estamos falando. Você viu suas costas. Você acha que vai rolar e
chegar a ser tão depressa depois disso? Não sabia que eu tinha que
informar as bases perfeitas para você, Cujo. — Eles não tinham
lutado fisicamente desde que tinham catorze anos, mas Trent tinha a
sensação que hoje à noite isso poderia mudar se Cujo continuasse
com essa linha de questionamento.
— Nós sempre falamos sobre essa merda. — Cujo teve a ousadia
de olhar ofendido.
— Nós não fazemos essa coisa de falar.
— É o que fazemos. Você simplesmente não quer falar sobre
Harper. — Cujo pegou sua cerveja, engolindo o último gole. —
Normalmente, você me dá alguma resposta grosseira e com certeza
você teria me perguntado se eu tive sorte com aquelas gêmeas da
noite passada.
A resposta de Trent ficou presa em sua garganta quando ele
considerou o comentário de Cujo. Não era isso, era? A ideia de
compartilhar o que estava acontecendo entre eles, o que aconteceu no
carro, o fez se sentir mal. Parecia quase um sacrilégio comparar notas
com Cujo sobre algo tão perfeito.
— Eu simplesmente não entendo por que você iria querer ficar com
apenas uma pessoa. Você é uma fodida lenda. E nesse show, você
estaria indo para obter acesso a todos os tipos de bundas. Não
encerre suas opções, homem.
— Mantenha suas opiniões para si mesmo, cara. Está correndo o
risco de parecer uma menina, eu realmente gosto dela. E isso está me
matando, só você não consegue ver isso e ainda, na verdade está me
incentivando a brincar ao redor. — Trent bateu a cerveja no parapeito
da varanda.
Cujo colocou o braço para fora para parar Trent de sair.
— Explique-me então. – Ele parecia sincero. Confuso mesmo. —
Qual é o grande negócio? Você está muito cuidadoso com essa garota.
Isso não é você.
— Eu não posso explicar isso. Se eu nunca sossegar, eu quero pelo
menos o que minha mãe e meu pai tem. Eu pensei que tinha uma
vez, mas depois de Yasmin, eu jurei que nunca deixaria uma menina
começar a me ter assim de novo. Mas agora... eu não sei. Harper é
diferente.
Trent tomou um gole de sua cerveja. Pensar sobre sua ex o usando
causava uma queimadura em seu intestino. Eles estavam juntos há
quase dois anos. E enquanto as coisas não foram perfeitas e o
dinheiro era apertado, ele pensou que estivessem felizes. Até a tarde
que ele saiu cedo e voltou para o seu prédio para contar a ela sobre a
gorjeta de cem dólares que ele tinha conseguido.
As malas na entrada deveriam ter sido a sua primeira pista.
Em algum lugar entre "Que porra você está fazendo em casa?" E
"Eu moro aqui", Yasmin tinha estabelecido claramente quão pouco ela
pensava dele e sua vida. O apartamento era muito pequeno. (Era tudo
o que podia pagar). Ele não iria a lugar nenhum (Ele estava apenas
começando, construir uma sólida base de clientes levava tempo). Ele
não tinha "opções." (Sendo que, um artista de tatuagem era o que ele
realmente queria fazer). Ele não comprou seus presentes em número
suficiente. (Bem, alguém precisava pagar a conta do gás).
Ele tinha pensado que estavam no mesmo barco. Ele pensou que
eles estavam em uma aventura, tentando construir um futuro.
Neste dia, ele sentiu as reverberações da porta batendo atrás dela
e o quarto caindo em silêncio.
Cujo o cutucou com um empurrão no ombro.
— Então Harper está fazendo você repensar essas coisas, hein?
Trent fez uma pausa e depois sorriu.
— Sim. — Ele tomou um gole de sua cerveja para se recompor. —
Então, vou me despedir, tudo bem, cara? Harper e eu ainda temos
um monte de porcaria para passar e vai ser difícil o suficiente sem
você se eu for por esse caminho.

***

Sentada em um belo pátio, na companhia de um homem


incrivelmente charmoso, enquanto tomava um copo bem gelado de
sauvignon blanc, era a maneira perfeita para passar um almoço de
quinta-feira. Tinha passado quase três dias, não que Harper estivesse
contando, desde que ela viu pela última vez Trent e quando ele tinha
passado no café para levá-la para comer, era tudo o que podia fazer
para manter suas mãos longe dele.
— Você sabe que eu faço meu próprio horário, Harper. Se você me
der o seu com antecedência, eu provavelmente poderia organizar o
meu de acordo com o seu durante a semana. — Trent segurou a mão
dela sobre a mesa, massageando suavemente a palma da mão. — Nós
provavelmente poderíamos gastar um pouco mais de tempo juntos.
Os olhos de Trent brilharam queimando, em seguida, fecharam.
Ele respirou fundo e estremeceu.
— Você está bem? — Perguntou ela. Ele abriu os olhos, deu um
sorriso devastador. — Só pensando sobre o momento que passamos
no meu carro.
— Oh meu D... você realmente disse isso em voz alta? — Ela
sussurrou, com mortificação em seu tom.
— Você fica constrangida tão facilmente, querida. — Disse ele,
rindo. — Então me diga o que aconteceu em seu mundo.
Eles conversaram enquanto apreciavam a cesta de pão,
arrancando pedaços da macia focaccia e mergulhando no delicioso
azeite que era trazido para a mesa.
Trent pediu licença para ir ao banheiro e Harper usou esse tempo
para verificar seu telefone. Drea ia mandar sua mudança na próxima
semana.
Abrindo suas mensagens de texto, ela ficou emocionada ao ver um
de Joanie:

A- !!! Obrigado!!

Wow, parabéns, você merece! Ela mandou uma mensagem de volta


rapidamente.

A próxima era consideravelmente mais perturbadora:

Era uma vez um fevereiro bruto diferente


Harper sentiu o sangue de seu rosto, suas mãos apertaram ao
redor do telefone. Nathan a tinha atacado em fevereiro e ninguém
poderia argumentar que ele não era um bruto diferente.
Uma mensagem ela conseguia conciliar como uma anomalia. Mas
duas? Com palavras estranhas, a partir de um número desconhecido.
Ela tentou lembrar-se que Nathan estava trancado, longe da
ensolarada Miami. Ele não podia mandar mensagem para ela. Mas no
fundo de sua alma, Harper sabia que a mensagem não era apenas um
agrupamento aleatório de palavras. Era um anagrama. Suas mãos
começaram a incendiar quando ela olhou para o telefone, sua boca
ficou seca de medo.
Agarrando um guardanapo e uma caneta de sua bolsa, Harper
escreveu as letras e trabalhou sistematicamente nelas.
Canyon... canonicato... sobre... pode... Você.
Você pode correr …
Mas tantas outras palavras eram possíveis. Van Buren County30,
Grade, mesmo Avenida Central estava lá dentro, a rua onde sua
amiga Carrie vivia em Matteson.
Olhando de volta através de suas mensagens, ela puxou o texto
que ela recebeu quando estava fazendo compras com Drea. Ela estava
começando a suar e um gelo de medo perfurou seu peito,
comprimindo sua respiração.
Tímido voyeurismo sinistro: Harper, eu senti sua falta. Isso ainda
não acabou.31
Ela tinha se acostumado a não ser mais Taylor, não lhe tinha
ocorrido até agora que se a mensagem era, de fato, a partir de
Nathan, ele sabia seu novo nome. E se ele sabia disso e seu número
de telefone, ele provavelmente sabia onde ela estava.
— Você está bem? — Trent perguntou antes que pudesse descobrir
o que o último texto significava. Ela ainda não tinha notado que ele
tinha voltado para a mesa. — Você está pálida, querida.

30
Van Buren County é um condado situado no estado norte-americano de Michigan.
31
Nesses casos, os anagramas foram feitos a partir das palavras em inglês. Anagramas são palavras com
as mesmas letras, porém escritas diferentes. Ex: amor e roma.
Ela amassou o guardanapo em uma bola na mão e rebocou um
sorriso falso no rosto.
— O quê? Não, estou bem. José me enviou uma mudança de
turno. Estava esperando por mais algumas horas.
Ela bloqueou o celular. Ela precisava ligar para Lydia.

***

— Eu acho que estou em apuros. — Harper segurava o telefone no


ouvido enquanto olhava para fora da janela do quarto com a vista de
concreto miserável.
Ela caminhou de volta para a cama, onde pegou um fio de um
botão solto no edredom e explicava sobre os textos.
— Eles eram anagramas, Lydia. Essas eram as minhas coisas.
Nathan usava para me enviar anagramas o tempo todo. — Harper
tentou ignorar memórias de encontrar a pequena nota Evitando nosso
grito anexado ao espelho do banheiro uma manhã. Querida eu te
amo. Ele admitiu mais tarde na web, rindo de essa era a primeira e a
última vez que usava a palavra "querida", mas não havia tirado sua
alegria como a maneira que ele tinha dito a ela a primeira vez que a
amava.
— Ninguém sabe sobre Harper. — Disse sua advogada. Ela pegou
o pedaço de papel com os anagramas resolvidos. Eu senti sua falta
Harper, ainda não acabou. O primeiro dos textos. O segundo era mais
ameaçador: Você pode correr, mas nunca será livre.
— OK. Eu quero que você os envie para mim e eu vou tentar
descobrir, discretamente, o que Nathan tem feito. Ele não tem acesso
a um telefone celular na prisão, no entanto. E para ser honesta, eu
não posso vê-lo estragar sua chance de liberdade condicional quando
está tão perto de sua revisão. Se você estiver realmente interessada,
porém, você deve entrar em contato com a polícia.
— A polícia? Sério?
— Taylor, ninguém quis mais do que eu que você tivesse ficado, de
modo que pudéssemos ter apresentado acusações contra Winston e o
chefe de polícia. Foi um pouco corrupto. Não deixe que a sua
experiência a impeça de obter ajuda se você precisar.
Indo para a polícia envolveria revelar quem ela realmente era. Não
haveria relatórios e sim uma trilha de papel eletrônico. Detetives com
emblemas gigantes do Departamento de Polícia de Miami conduziria a
investigação. E consistiria, que ela estava assumindo que pudesse
encontrar qualquer tipo de força para pôr o pé em uma delegacia de
polícia mais uma vez.
Harper esfregou a testa. Ela estava em uma situação sem saída.
Ela sabia que o que Lydia falava era verdade, mas em seu interior, ela
não podia acreditar que os textos eram uma brincadeira. O roubo do
carro estava conectado, ela sabia disso. Como não poderia ser? Uma
coisa que o julgamento tinha ensinado: Nathan não precisa estar
perto para machucá-la e se ele tivesse perto dela agora...
Depois de dizer adeus a Lydia, ela enviou os textos para ela e
deixou seu telefone na cama. Houve um pequeno rasgo no papel de
parede, que estava implorando-lhe para pegar e puxar. Os impactos
emocionais e físicas dos últimos quatro anos estavam apenas
começando a diminuir. Era o psicológico que estava propenso a fazer
a sua loucura.
Será que ela não merecia uma nova vida embora? E todos os
clichês sobre ser hoje o início do resto da sua vida? Ou o velho ditado,
"Não deixe seu passado ditar o seu futuro." Devia haver mais do que
um elemento de verdade para eles; todos os livros de autoajuda na
biblioteca jorravam isso.
Harper considerou a mensagem que ela havia deixado para Trent
anteriormente. Acordando de um sonho de brincadeira erótica
envolvendo os dois e uma garrafa de calda de chocolate, ela sentiu
uma necessidade urgente de dá ao seu relacionamento um passo
adiante. Ela poderia sentar aqui o resto do dia e pensar sobre todos
os horrores que poderiam estar em seu caminho, ou ela poderia parar
de mexer com o botão antes de cair fora e continuar com sua vida.
***

Às dez horas, Trent estava de volta ao estúdio, sua viagem a


Marathon para visitar Kyoko, a esposa de Junior, estava completa.
Ele olhou para o bonsai sentado no canto da mesa, uma da coleção
pessoal de Kyoko e riu recordando suas palavras.
— Como você ousa me fazer esperar todos esses anos antes de
pedir um bonsai para dar a uma menina. — Ela repreendeu quando
ele pediu uma das pequenas árvores que ela alimentava.
Verificando seu telefone, ele podia ver o alerta de correio de voz.
A primeira mensagem era da assistente de Michael Cooper. Eles
queriam fazer arranjos para ele viajar para Los Angeles para se
encontrar com a equipe do programa de TV ainda sem nome.
A segunda era de Harper.
— Hey, baby. — Ela parecia sonolenta e ele jurou que ouviu o som
de folhas farfalhando. Talvez ele só estivesse ficando desesperado.
Sua mão era o seu único parceiro na hora de dormir e à ideia de
Harper, nua, suave e quente... mmm. — Eu sinto muito que nossos
horários não funcionaram tão bem esta semana, mas eu realmente
gostei do almoço ontem. Eu estava pensando que talvez você
pudesse... umm... bem, vir. Para a minha casa. No sábado. Para a
minha casa... eu disse isso já? — Ele sorriu satisfeito, ele poderia
perturbar lhe, mesmo sem estar lá. — Eu pensei em fazer o jantar.
Quer dizer, eu sei que você tem que trabalhar, mas você sabe, mais
tarde. Como queira. De qualquer maneira. Chame-me e deixe-me
saber. Adeus querido.
Oh sim. Talvez a seca estivesse chegando ao fim.
Ele pegou o vinho e a caixa com o bonsai, fazendo uma
decisão consciente de deixar a sua mala no carro. Se ele
fosse um homem de apostas, ele colocaria dinheiro sem precisar
dela, mas ele não queria assustar Harper com sua presunção.
Ele lançou um olhar rápido até as janelas abertas de seu
apartamento quando chegou à frente do edifício. Estava prestes a
tocar a campainha quando um alto cabeça de carne abriu a porta.
— O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou, com seu olhar
não-foda-comigo em DEFCON 132.
— O que isso tem a ver com você?
— Eu cuido das meninas do meu prédio. Isso é o que tem a ver
comigo, amigo.
Trent interiormente sorriu com alívio, mas não iria mostrar ao
Godzilla. Alguém olhando por Harper era uma coisa boa.
— Estou aqui para ver Harper. Você vai me deixar entrar ou devo
chamar ela? — Ele não gostava de estar neste tipo de desvantagem
com as mãos cheias. — Você é o cara que mandou as rosas no outro
dia?
— Sim, a menos que algum outro cara esteja enviando-lhe flores.
Por que?
O rosto do Godzilla relaxou.

32
Em combate é uma posição de alerta no nível máximo.
— Eu me ofereci para fazer o meu grande discurso de irmão em
você, mas ela parecia pensar que você não precisaria dele. Eddie. —
Disse ele, estendendo a mão.
— Trent. — Ele respondeu, apertando a mão de Eddie brevemente,
mas com firmeza. — É bom saber que você tem as costas dela, cara.
— Eu vivo em cima dela. Posso ouvi-la se ela gritar.
— Pensamento agradável. — Ele teria que lembrar de perguntar a
Harper sobre Eddie mais tarde.
— Sim, bem, eu vou ter o seu couro se você fizer alguma coisa
para perturbar essa menina. Considere-se avisado.
Eddie deixou o prédio e deixou a porta meio fechada, um período
audível em sua conversa. Trent virou-se para as escadas, observando,
o edifício velho até que era limpo, mas precisaria de alguma
manutenção.
Ele encontrou o apartamento número oito e bateu na porta.
— Conheci o seu vizinho. — Disse a Harper, quando ela o deixou
entrar. — Aquele que pensa que é intimidante.
— Você? — Ela beijou-o e então, rapidamente o levou para a
cozinha, onde uma campainha estava soando. — Intimidado, quero
dizer.
— Eu não deixo as pessoas me intimidarem. — Disse ele, inalando
o aroma rico de alimentos cozidos. — Agora, fornos, por outro lado...
Ela riu e puxou uma bandeja de canapés do forno e colocou-os em
um rack para esfriar.
Qualquer coisa que levam mais de um pote ou em um forno de
micro-ondas tendem a dar-lhe pesadelos. Mas Harper parecia estar
no seu melhor elemento.
— Estes parecem deliciosos. — Ele pegou um, soprando sobre ele
quando passou de mão em mão para esfriá-lo.
— É só massa folhada com cogumelos.
Ele colocou na boca e estremeceu, procurando rapidamente para
uma cerveja.
— Quente. — Murmurou.
Harper riu e passou-lhe um copo de água gelada.
— Quer um beijo para melhorar? — Ele perguntou, mostrando sua
língua.
— Eew, não. — Ele sorriu com a reação de Harper, com o nariz
todo amassado.
Ele se ofereceu para ajudar, mas Harper era inflexível sobre ele
sentar e relaxar na frente da TV. Ele não podia fazer, não quando
Harper estava debruçada sobre a esquerda, direita, no centro e na
cozinha com o pequeno vestido. Então, ele pulou do banquinho sob a
barra de café da manhã para lhe fazer companhia. O pequeno bonsai
sentou no balcão ao lado dele, o olhar no rosto de Harper quando ele
tinha dado a ela valeu a pena a longa viagem até Marathon.
Sentado ao lado dele, parecia que tinha um papel graduado do
ensino médio. Apenas seu olhar para ele o fazia estremecer. O dia em
que ele chutou a areia da escola fora de seus sapatos era um dos
melhores em sua vida.
— O que é isso?
Harper levantou os olhos do prato que ela estava lavando na pia.
Vendo o papel em sua mão, seu rosto iluminado como um fogo de
artifício.
— É a última atribuição de Joanie. Ela está tentando se formar.
Ela tem um A menos.
Estava escrito por todo o seu rosto, a alegria que vinha de ensinar
e ele se perguntava quando ela seria realmente limpa e confirmasse o
que ele já tinha adivinhado.
— Ela já se formou?
— Ainda não, mas eu sei que ela conseguirá. — Disse Harper,
voltando a limpar o prato. Ele queria pressionar. Pergunte-lhe mais.
Mas esta noite não era a noite.
Apesar de seu apartamento ser um pouco pequeno, ela tinha feito
um grande trabalho de decorar o lugar. O deixava caseiro. Como se
alguém realmente vivesse uma vida aqui. Será que sempre voltava de
onde ela veio? O pensamento o chutou no intestino. Quando estava
em casa para ela de qualquer maneira? Na outra noite, ela tinha
mencionado que tinha ficado em um ônibus. Ele estava desesperado
para saber mais sobre ela.
Harper caminhou ao redor da cozinha e ficou diante dele, o vestido
de verão listrado em cinza e preto mostravam suas curvas
perfeitamente.
— Temos alguns minutos antes que eu tenha que desenformar os
nossos aperitivos. Quer ir sentar no sofá ou algo assim?
Trent colocou os braços ao redor da cintura dela, puxando-a entre
suas pernas até as coxas dela tocarem no banquinho.
— O 'ou algo assim’ parece promissor.
Seus lábios tocaram os dela enquanto suas mãos percorriam seu
traseiro, dando-lhe um grande aperto. Sua língua tocou a dela,
acariciando a ponta suavemente. Cara, ela tinha um gosto tão bom
pra caralho. Todo doce e especiarias.
Harper chegou até a deslizar ambas as mãos nos cabelos de Trent.
Ela podia mexer em tudo o que ela quisesse, a sensação de suas
unhas suavemente arrastando contra seu couro cabeludo valeria
qualquer dano que ela fizesse para ele.
Um gemido ressoou profundamente em seu peito enquanto ela se
inclinou para ele e ele sentiu seu sorriso sexy contra os seus lábios.
— Você tem esse efeito em mim. — Ele murmurou contra seus
lábios.
Um zumbido alto veio da cozinha e Harper moveu os lábios dos
dele. Fornos, ele odiava.
Durante o jantar ele aprendeu muito mais sobre ela. Ela odiava
filmes de terror, amava o Natal e era campeã de xadrez júnior em sua
escola.
Ela também era boa com flertes. O jeito que ela realizou seus olhos
enquanto ele conversava com ela sobre como montou o Second Circle
com Cujo, rindo das histórias de seus percalços ao longo do caminho.
Acariciando seu braço com as pontas dos dedos quando ele fez uma
pausa para beber seu vinho. Era difícil desde o momento em que ele
entrou e viu que o vestido estava se agarrando a suas curvas
deliciosas.
Estava claro que ela ainda estava evitando detalhes sobre seu
passado e tinha abertamente se corrigido duas vezes quando o
assunto tinha se desviado muito perto de sua cidade natal e o que ela
fez antes de se mudar para Miami.
Ele sabia o suficiente sobre o que aconteceu, mas não entendia por
que ela tinha sentido a necessidade de correr. O cara estava na
cadeia, então por que ela ainda se sentia tão ameaçada e assustada?
Então, com medo de que ela deixou toda a sua vida para trás.
— Isso foi o mais impressionante jantar caseiro que tive em um
tempo muito longo, Harper.
— Fico feliz que você tenha gostado. Há sobras que você pode levar
para casa amanhã. — Harper levantou-se para limpar a mesa.
Trent colocou a mão em seu pulso para detê-la.
— Minha mãe me mataria se ela soubesse que eu deixei você
cozinhar para mim e limpar. Sente-se. Eu faço isso.
Ele observou enquanto ela cuidadosamente pegava a taça pela
haste, rodando suavemente o vinho rico, vermelho-sangue em torno
do fundo. A forma em que seus lábios se abriram para saborear e o
gemido enquanto saboreava o vinho o fez gemer. Sacudindo o
pensamento, ele reuniu os pratos e os enxaguou antes de voltar para
sua cadeira. Quando a sua vida tinha se transformado em um
romance do caralho?

***

— Então eu tenho que perguntar: depois de uma refeição assim, o


que há para a sobremesa?
Ele a olhava intensamente. Talvez fosse o vinho, mas Harper
sentiu uma onda repentina de confiança.
— Eu?
Trent balbuciou quando ele pulverizou seu vinho tinto em frente a
toalha. Uau. Era tão louca essa sugestão? Teria ela interpretado mal a
situação? Não seria a primeira vez. Talvez fosse muito rápido para ele.
Ou muito grave ou algo assim. Constrangimento a engolfou.
— Não importa. — Disse Harper, tentando parar a queimadura em
seus olhos para que não se transformasse em lágrimas. Trent ainda
estava tossindo. Levantando-se, ela colocou seu guardanapo na mesa
e se dirigiu para a cozinha.
— É bolo com chocolate derretido. — Ela falou por cima do ombro,
esperando que ele não pudesse ver a mortificação no rosto.
A respiração de Harper foi roubada de seus pulmões quando Trent
agarrou seu braço.
— Você me surpreendeu, isso é tudo. Não pense por um minuto
que eu não quero você. Nunca. — O fogo de seu olhar aquecia suas
entranhas. — Ir lento está me matando. — Disse ele, com a voz baixa
e rouca.
Seus lábios esmagaram os dela enquanto a levantava em seus
braços, envolvendo suas pernas em volta de sua cintura e
empurrando-a contra a parede da sala de estar.
— Ter você nua é tudo que eu tenho sido capaz de pensar desde
aquela noite na praia.
Seus braços fortes a segurava como se ela não pesasse nada.
Agarrando seu bíceps flexionado, Harper recostou a cabeça contra a
parede, enquanto sua boca abriu caminho pelo seu pescoço.
Um arrepio passou por ela quando seus dedos empurraram o
vestido para cima, acariciando a pele macia da parte interna da sua
coxa.
O corpo dela estava sentindo todas as sensações.
— Eu adoro tocar em você, Harper. Você é tão suave.
— Eu estou nervosa. — Ela confessou baixinho.
Trent se inclinou e beijou gentilmente.
— Não fique, baby. É só você e eu, certo? Quando andarmos para
seu quarto, não deixe ninguém vir conosco. Eu quero que você seja só
minha hoje à noite.
Ainda com ela, ele caminhou até seu quarto. Quando ele a abaixou
na cama, Trent ajoelhou-se entre suas coxas, fazendo uma pausa
para correr os dedos pelo seu cabelo.
— Diga-me se precisar que eu pare. — Seus olhos estavam à
procura dela, procurando permissão para continuar. Ele estava
devorando-a com apenas um olhar. Não é possível colocar em
palavras a miríade de sentimentos consumindo-a, Harper apenas
balançou a cabeça.
Os dedos de Trent deslizaram suavemente sob a barra de seu
vestido. Ele lambeu e beijou o caminho de sua clavícula até a parte de
trás da orelha. Harper estremeceu quando sensações começaram a
sobrecarregar seus sentidos.
— Isso está me deixando louco, o jeito que você derrete contra
mim, Harper. Há tantas coisas que eu quero fazer com você que eu
não sei por onde começar.
Afastando-se dela, ele levantou o vestido o resto do caminho até as
coxas e sobre sua cabeça em um ritmo dolorosamente lento.
Ajoelhando-se nos calcanhares, ele a estudou. Uma leitura lenta,
lânguida de seu corpo.
Ficou feliz que tivesse investido em alguma roupa nova (obrigado,
Victoria Secret), Harper resistiu à vontade de desmoronar sob o seu
controle e viu como seus olhos percorriam seu corpo. A forma como
suas pupilas queimavam enquanto estudava seu sutiã de renda preta
e calcinha fio dental valiam a pena as dicas que recebeu sobre eles.
— Sou seriamente um homem de sorte esta noite. — Trent
sussurrou reverentemente. Sua pele irrompeu em arrepios enquanto
suas mãos deslizavam até o lado de sua caixa torácica, fortes
polegares tocavam seus mamilos através do laço delicado macio de
seu sutiã.
— Eu acho que eu poderia ser a sortuda — respondeu ela,
beijando o lado de sua mandíbula.
Harper tentou conter seu suspiro quando ele chegou em suas
costas e abriu o fecho. Ela sentiu o sangue começar a queimar
quando ele se inclinou para a frente, lambendo a parte superior de
seu peito. As pontas dos dedos quentes deslizaram as alças do sutiã
de seda para baixo de seus braços, removendo-o completamente.
Ela estendeu a mão e agarrou a parte de trás de seus cabelos,
puxando-o para mais perto dela enquanto sua língua traçava um
círculo em torno de seu mamilo antes de puxá-lo profundamente em
sua boca, sugando suavemente.
Harper gemeu. Ele estava lambendo o mamilo contra o céu da
boca, cada curso a deixava louca. Ela estava ficando úmida com
necessidade.
Com os dedos trêmulos, ela puxou a camisa para fora da parte de
trás de sua calça jeans e começou a desfazer os botões. Precisava
sentir sua pele contra a dela mais do que desesperadamente na
próxima respiração.
Sua boca voltou para a dela, sua língua deslizava dentro e fora em
um ritmo lento excruciante. Quando ela terminou com os botões,
Trent levantou-se e empurrou-a para a cama. Ela observou,
mordendo o lábio quando ele puxou sua camisa e começou a abrir
seu cinto.
Deus certamente nunca tinha criado um homem de aparência
mais quente. Seu abdômen lançava sombras à luz das velas, assim
como seus bíceps flexionados, empurrando sua camisa para baixo
seus belos braços tatuados apareceram.
— Vendo algo que você gosta, Harper? — Ele disse, sorrindo para
ela suavemente. Ela corou de vergonha. Ele a pegou praticamente
babando.
Empurrando seus ombros para baixo, ele rastejou sobre ela,
beijando-a profundamente. Sua mão se estendeu entre eles,
movendo-se lentamente entre o vale de seus seios nus, desenhando
círculos lentos em torno de seu umbigo antes de deslizar suas mãos
dentro de sua calcinha.
Quando seus dedos acariciaram com reverência as partes mais
sensíveis, um gemido escapou dela.
— Trent.
— Cristo, você já está tão molhada para mim, Harper. Eu tinha
grandes planos para esta noite, mas eu não sei quanto tempo eu
posso esperar para estar dentro de você, querida.
Deixando ela, Trent voltou a ficar ao pé na cama para tirar sua
calcinha pelas pernas.
Harper estava de repente muito consciente de que estava muito
nua e Trent não. Sentando-se, ela o puxou para ela por seu cinto. Oh
senhor. Ele estava tão excitado.
Inclinando-se para frente, ela beijou seu comprimento através do
jeans. Ouvindo Trent gemer no fundo do peito, era o único afrodisíaco
que ela precisava.
Desfazendo o zíper, ela baixou os jeans e cuecas boxer.
Trent saiu de suas roupas e, ajoelhando-se diante dela, empurrou
suas coxas abertas.
— Você está brilhando, Harper. — Sua língua lambeu em linha
reta até seu centro, fazendo-a saltar para fora da cama de prazer. —
Oh querida. Você tem um gosto tão bom como eu pensei que teria.
A língua de Trent estava fazendo coisas insanas para seu clitóris,
lambendo em torno dele sem tocá-lo, em seguida, sugando-o duro em
sua boca. A sensação em seu cerne sensível arrasava com ela.
— Mais duro, Trent, eu estou tão perto. — Ela conseguiu gemer.
Incapaz de segurar a cabeça por mais tempo, ela caiu sobre o
travesseiro.
Apenas quando Harper pensou que iria morrer de todas as
sensações que estava sentindo, Trent deslizou um dedo dentro,
rapidamente seguido por um segundo.
— Eu tenho você, querida... apenas deixe ir. — Luzes explodiram
atrás de seus olhos quando um orgasmo explodiu através dela. Ela
montou as ondas intensas.
— Trent. — Ela gritou quando pulso após pulso de prazer corria
por suas veias.

***

Harper desmoronando em seus braços e em sua boca era a coisa


mais quente que Trent já tinha experimentado. Ele sabia que estava
perto, mas ele queria seguir esse momento.
Deslocando mais para a cama, ele levantou Harper e mudou-se
para mais perto da cabeceira da cama. Seus olhos ainda estavam
fechados quando o último de seu orgasmo estremeceu através dela.
— Olhe para mim, Harper. Eu quero ver você na primeira vez que
eu deslizar em você, querida.
Ele rapidamente puxou um preservativo e acomodou-se entre as
coxas. Empurrando sua coxa para trás com o braço, ele esfregou-se
pela sua entrada molhada.
— Vamos lá, querida, não se esconda de mim agora. — Ele
precisava que ela soubesse com quem ela estava. Que ela estava
segura com ele, que ele iria protegê-la.
Ela estava pingando para ele e já estava matando-o não poder
apenas empurrar sobre o calor dela, queria que ela estivesse
preparada para ele tanto emocionalmente como fisicamente.
Harper estava se contorcendo contra ele.
— Agora, por favor, Trent.
— O que você precisa, querida? — Ele perguntou em voz baixa,
continuando o deslizar firme contra seus lábios exteriores.
— Eu preciso... — Seus olhos se arregalaram quando ela soltou
outro gemido suave. Cristo, esse som só estava fazendo-o explodir
antes que mesmo ele tivesse afundado uma polegada.
— Diga-me. — Ele insistiu, precisando ouvi-la dizer isso. A
necessidade de saber que este estava bem para ela. A necessidade de
saber que ela sabia que era ele.
— Eu preciso de você dentro de mim. Agora, Trent. — Alívio
percorreu-o enquanto ele ouviu seu nome e sentiu a picada de suas
unhas em sua bunda, tentando puxá-lo profundamente para dentro
dela.
Com seu próximo impulso, ele deslizou, gemendo com a sensação
erótica de Harper apertando em torno dele.
— Olhe para mim, Harper. Eu preciso ver você. — Seus olhos
encapuzados se abriram quando ele se retirou, deixando apenas a
ponta de sua cabeça antes de empurrar mais fundo dentro dela.
Os olhos de Harper estavam mais escuros do que ele já viu,
nadando com paixão e bem abertos enquanto ele se retirava e
empurrava de volta até a base.
Trent fez uma pausa, fazendo com que suas bolas se
profundassem em Harper e abraçando o sentimento cru de posse.
Realmente era um longo tempo para ela. Ela estava tão apertada ao
redor dele, não havia nenhuma maneira que isso fosse durar. Sentia-
se muito bom pra caralho.
Ele podia sentir os dedos dela cavando sua pele, agarrando,
encorajando-o a levá-la. O fogo batia mais e mais até que Harper
soltou, correndo por ele.
Harper gemeu e ele sentiu o aperto em torno dele, apertando o
canal já estreito fazendo-o temer por sua própria sanidade. Perdendo-
se na força da liberação de Harper, ele encontrou seu caminho
próprio com força explosiva.
Incapaz de sustentar o seu próprio peso por mais um momento,
ele entrou em colapso e sua cabeça pressionou firmemente contra o
ombro de Harper.
Puta merda. Se isso não fosse o momento mais perfeito de sua
vida, ele não sabia o que era. O coração de Trent ainda estava
batendo forte, enquanto ele ainda continuava a se contorcer no
interior Harper. Ele saboreava a sensação de finalmente estar
exatamente onde ele queria estar.
— Eu realmente pretendo me mover para fora de você quando
aparecer algum sentimento de que estou sentindo as minhas pernas.
— Ele murmurou no travesseiro.
— Sem pressa. — Harper respondeu sonolenta.
Os músculos de Trent se contraíram quando ele levantou em seus
braços e olhou para ela. Sua pele estava vermelha da vida amorosa e
seus olhos com pálpebras pesadas, com um olhar muito satisfeito
refletindo de volta para ele. Seus lábios estavam inchados a partir da
intensidade de seus beijos. E ela tinha um caso grave de cabeça na
cama. Ao todo, ela parecia uma mulher que estava muito satisfeita.
— Isso foi incrível, querida. — Disse ele, inclinando-se para tirar
proveito desses lábios macios mais uma vez.
Seus dedos estavam acariciando de cima para baixo sua espinha
quando ela falou.
— Eu não tenho certeza se posso encontrar as palavras certas...
Por mais que ele não quisesse se mover, ele tinha o preservativo
para lidar. Agarrando seus quadris com ambas as mãos, ele
lentamente empurrou profundamente dentro dela uma última vez,
com um gemido antes de retirar. Sentindo-a apertar, viu suas pupilas
incendiarem e um sorriso lento cruzar seu rosto.
Quando voltou para a cama, Harper estava sentada, segurando o
lençol sobre os seios.
— Você pode escondê-los, mas eu ainda sei que você está nua sob
isso. — Ele estendeu a mão para a borda no canto da cama e puxou
duro, arrancando um grito de Harper enquanto tentava manter-se
modestamente coberta.
— Pare! — Ela riu quando o cobertor, eventualmente, caiu no
chão.
— Ah, não, eu esperei muito tempo para desfrutar de seus
prazeres escondidos. — Disse ele, mergulhando na cama ao lado dela
e rolando-a de costas para um beijo lento.
Passando os dedos ao longo das curvas de seu lado, Trent soltou
um gemido de auto- satisfação.
Em suas fantasias sobre como a noite seria, sempre acabava na
cama, mas a realidade de sua maneira de fazer amor excedeu seus
sonhos.
Ele rolou de costas, insanamente feliz quando ela enrolou contra
ele, colocando a cabeça no seu ombro.
— Isso foi realmente bom para você? — Ela perguntou
timidamente, enterrando a cabeça mais contra seu pescoço. — Você
não poderia dizer se foi?
Harper ficou em silêncio por alguns momentos.
— Eu não tenho muita experiência. Meu ex, ele... ele me disse...
bem, disse que eu era... que eu não era muito... divertida, acho.
Um lampejo de raiva passou por ele. Esse filho da puta tinha feito
um número real em sua auto- confiança.
— Foi mais que perfeito. Você realmente é incrível, Harper. — Ele
apertou seu braço ao redor dela, usando o outro para acariciar o vale
suave da pele entre sua cintura e quadril.
Eles ficaram assim, em um silêncio confortável por um tempo,
observando as luzes se moverem através do teto e as reflexões de
carros que passam pela rua.
Trent olhou para seu relógio de alarme, as luzes vermelhas
mostravam 21:30 horas. Demasiado cedo para ir para a cama,
embora ele estivesse realmente esperando para acelerar o ritmo para
um replay.
Harper interrompeu seus pensamentos.
— Você ainda quer sobremesa? — Ela perguntou, apoiando-se
sobre um cotovelo. Ele olhou para ela à meia-luz. Como diabos ele
conseguiu essa sorte? — Só vai demorar cerca de 20 minutos para
cozinhar. — Acrescentou com um sorriso.
— Mmm. Como posso resistir? — Perguntou ele, esticando os
braços acima da cabeça. Ele podia ir lá fora e pegar a sua mala no
carro enquanto ela estivesse cozinhando. Após um reabastecimento
rápido, ele estaria pronto para ir novamente.
Ele observou Harper sair da cama nua e jogar sua camisa. Ela
virou-se com ela ainda aberta. Porra. Ele não precisava de vinte
minutos. Ele estava pronto agora.

***

Harper acordou lentamente, fazendo um inventário mental de seu


corpo. Sim, ela tinha uma deliciosa dor que só veio do alucinante
sexo.
Trent se mexeu atrás dela, seus braços fortes em volta dela,
deixando um colorido contraste das suas tatuagens com sua pele
clara. Sua mão estava segurando gentilmente seu seio enquanto sua
ereção estava pressionada contra a parte inferior das costas dela.
Tomando um momento para respirar profundamente, ela saboreou
a segurança de sentir-se segura e bem cuidada, uma sensação, que
tinha certeza que ela nunca iria experimentar novamente. Quantas
pessoas iriam acordar nesta posição e não perceberem o quão
incrivelmente afortunados eram?
Ontem à noite foi tudo o que ela esperava. Depois de comer o
pecaminosamente chocolate de sobremesa eles voltaram para a cama,
onde Trent tinha feito amor com ela mais uma vez antes de
adormecerem nos braços um do outro.
Ele era gentil e atencioso. Assim como ela precisava.
Seu peito subia lentamente contra suas costas enquanto ele
respirava, seu movimento lento dava um conforto agradável.
Harper suspirou. Uma pequena fenda nas cortinas deixou em uma
tira fina da luz solar na parede oposta. Ela não tinha ideia de que
horas eram. O relógio estava do outro lado da cama.
Seus braços se apertaram ao redor de sua cintura e seu polegar
acariciou a ponta de seu mamilo.
— Mmm. — Ele gemeu, seu corpo apertando quando ele se
esticou. — Bom dia. — Deus, sua voz estava tão áspera de sono e o
som enviava arrepios a sua barriga.
— Hey. — Ela respondeu suavemente, balançando contra ele.
Ela podia sentir um sorriso se formando em seus lábios quando ele
apertou-os na curva do seu pescoço deixando um rastro de beijos
suaves por detrás da orelha até o ombro.
Harper suspirou enquanto sua mão seguiu em seu estômago,
fixando-se sobre o seu monte.
Trent deslizou sua coxa entre as dela e baixou os dedos sobre seu
clitóris. Seu gemido reverberou através de sua coluna vertebral.
Mergulhando a ponta do seu dedo em sua umidade, retirou-se e
preguiçosamente circulou seu mamilo sensível.
Harper engasgou, vibrando com necessidade enquanto ele a
estimulava. Toda vez que seu dedo roçava seu clitóris, pequenas
faíscas iluminavam dentro dela.
— Trent. — Ela gritou, seu orgasmo estava começando a se
construir. Ela precisava mais do que sua deliciosa fricção para
mandá-la ao longo da borda.
— Assim? — Sua voz estava rouca enquanto seu dedo deslizava
profundamente dentro dela, a palma da mão escovando seu clitóris
enquanto ele puxava novamente.
Oh, se sentia tão bem. Seus dedos de repente retiraram-se e ela
sentiu ele começar a se mover atrás dela.
— Fique aí, querida. — Ela ouviu o barulho revelador de um
pacote e, em seguida o rasgo, sentiu- o mergulhando na cama quando
voltava por detrás dela.
Ambos gemeram quando Trent abriu caminho dentro dela. Sentia-
o tão grande em seu canal sensível quando ele deslizou até o punho.
Deslizando a perna para trás entre as dela, Trent começou a se mover
em um ritmo lento primorosamente, puxando todo o caminho até que
apenas a ponta de sua cabeça permanecesse, em seguida, apertou
puxou para trás até que empurrou duro contra seu núcleo.
Cada terminação nervosa estava em chamas com ele bombeando
dentro dela.
— Oh meu Deus, Trent.
Suas mãos percorriam seu corpo, acariciando seus seios e
agarrando seus quadris puxando-os mais contra ele.
A respiração de Trent estava mudando, mais frenética, pontuada
por gemidos e murmúrios suaves quando pegou velocidade.
— Oh... foda... Harper. — Ele gemeu.
Seu dedo voltou para seu monte, provocando-a até que toda a
força de seu orgasmo estava caindo sobre ela. A luz branca cegou
quando ele rasgou através dela, roubando todo pensamento coerente
que ela tinha.
Ela estremeceu quando ele empurrou forte nela uma última vez,
perdido em sua própria libertação.
Ela deveria ter sido mais feliz com cada cliente nos
meses atrás. Suas gorjetas estavam consideravelmente
boas hoje. Mordendo o lábio para esconder ainda outro
sorriso, Harper fez uma nota mental de comprar mais calda de
chocolate. Ela estremeceu enquanto servia um café misturado
em um copo de plástico transparente.
Pensamentos de Trent tinha assegurado a maior parte do dia que
já tinha passado rapidamente. Quando Drea chegou às duas horas
para o turno da tarde, Harper ainda estava sorrindo.
Ao lado de Drea, estava uma mulher um pouco mais velha,
segurando firmemente os ombros de um menino com cabelos
castanhos encaracolados, vestido com uma camisa e calções da
Flórida Marlins.
— Tia Celine, esta é Harper. Harper, esta é a minha tia Celine. —
Disse Drea, gesticulando entre elas.
Harper saiu de trás do balcão para se juntar a eles perto de uma
das mesas vazias.
— Oi, Celine. Estou tão feliz em conhecê-la. — Disse ela,
apertando a mão de Celine. — Obrigada por concordar em nos ver. —
A voz de Celine era suave e calma.
Harper se agachou.
— Bem, você deve ser Milo. Estou muito contente em conhecê-lo.
Gostei da sua camiseta.
— Minha mãe comprou para mim no meu aniversário. —
Respondeu ele, revelando um dente em falta.
Drea estendeu a mão na direção dele.
— Você quer vir buscar um sorvete comigo? — Milo assentiu com
entusiasmo e Drea levou-o para o balcão. Harper levantou-se e sorriu
para Celine.
— Por favor, sente-se. — Disse ela, estendendo o braço em direção
a uma mesa.
Os olhos castanhos de Celine se encheram de lágrimas.
— Nós o estamos perdendo, Harper. Ele está indo tão para trás
que levou anos para convencer de que algo estava errado. Eu só não
sei por onde começar.
Harper segurou a mão de Celine do outro lado da mesa. Descobrir
que seu filho estava lutando pela escola era um ajuste grande tanto
para os pais como para a criança. Dificuldades de aprendizagem,
TDAH, problemas de comportamento. Tudo poderia ser assistido ou
gesticulado, mas ao mesmo tempo que era verdade que ter grandes
professores e recursos, nunca seria o suficiente.
— Bem, vamos dividir juntas e ver o que você precisa. Vamos
separar a casa e a escola. A coisa mais importante a lembrar é que
quando a dislexia não pode ser curada, a instrução e o processo
adequado pode ajudar a aliviar algumas das dificuldades. Primeiro,
vamos falar sobre que tipo de apoio da escola você tem direito.
Harper recolheu uma série de notas que tinha escrito durante a
conversa e entregou-os a Celine que os folheou cuidadosamente.
Seus ombros relaxaram e Celine soltou um suspiro.
— Obrigada por fazer isso. — Disse ela, colocando as páginas em
sua bolsa.
Harper abraçou Milo e Celine dizendo adeus, esperançosa que
tivesse dado a Celine alguns conselhos práticos e conforto emocional.
— Isso significa muito para eles e para mim, que você esteja
fazendo isso. — Drea disse, depois que uma Celine muito feliz e um
açucarado Milo saíram.
— Estou feliz por poder ajudar. — Drea olhou para ela. — Você
parece extremamente feliz. Uau. Tão feliz que se eu não soubesse
melhor, eu poderia perguntar se...
— Eu estive com Trent na noite passada. — Disse Harper
rapidamente.
— Para jantar ou janta-lo? — Ela perguntou, desconfiada.
Harper sorriu.
— Janta-lo.
— Você não! — Se Drea gritasse mais alto iria quebrar o vidro. —
Oh meu Deus! Oh meu Deus! Você totalmente fez. — Drea agarrou a
mão dela, arrastando-a para a sala de descanso. — Marco, cubra o
contador. — Ela gritou por cima do ombro.
Já estando lá, com as mãos nos quadris, com os dedos do pé
batendo furiosamente, Drea olhou para Harper com expectativa.
— Então me conta.
— Foi espetacular. — Harper corou ao se lembrar de como se
sentia bem. Toda vez era maravilhoso, quente e diferente. A restrição
de tempo, mesmo no chuveiro esta manhã tinha fundido sua mente.
— EU SABIA!! Ok, então detalhes... quantas vezes, onde, quanto, é
bom? Ele é tão sexy nu como eu imagino que ele é?
— Drea! — Exclamou Harper. — Já esteve pensando em Trent nu?
—Perguntou ela, batendo sua amiga no ombro.
— Você está brincando comigo? O papa é católico? Você já viu o
seu namorado? A maioria das mulheres querem saber como ele se
parece nu. De qualquer forma, nós estamos divagando... então?
Harper não sabia se deveria ficar horrorizado ou prazerosa.
— Sim. Para responder às suas perguntas... é... um monte, em
todos os lugares, alucinante. Será que já cobriram tudo?
Drea olhou incrédula.
— Isso não constitui qualquer lugar perto de uma quota bastante
grande. Você é lamentável quando se trata dessas conversas. Eu não
tenho ideia por que eu sou sua amiga.
— Ok. Quantas vezes para quê? Sexo ou orgasmos?
— Puta merda. Há uma diferença? Garota de sorte!
— Hey Drea, está ficando meio cheio aqui fora, já desocupou? —
Grito de Marco veio através da porta de vaivém.
— Nós ainda não terminamos, senhora. Precisamos de uma
bebida. Em breve. — Quando Drea saiu para ajudar Marco, o telefone
de Harper tocou.

Saudade de você. Posso ver você hoje à noite? Na minha casa?

Harper sentia-se tão tonta como uma adolescente quando ela releu
a mensagem.

SIM. Eu amaria. Qual o seu endereço?

Não se preocupe. Vou buscá-lo quando eu terminar aqui... 8


horas? P.S. Levar saco de dormir ;-)

***

— Por isso você não está escolhendo o próximo filme. — Disse


Trent, pegando o controle remoto, Harper riu. Sua escolha de filme
foram duas horas de drama familiar chato, cheio de angústia sem fim.
Eles precisavam de algo engraçado, ou pelo menos ação, para aliviar o
clima.
Caixas de pizza estavam sobre a mesa de café, finalizados por duas
garrafas de cerveja. Um filme, um pouco de comida e algumas
bebidas. Ele adorou.
— O que acha sobre este clássico? Já viu The Blues Brothers? —
Ele olhou para Harper, que estava encolhida no sofá com a cabeça
apoiada em sua coxa.
Ela estendeu no sofá, fazendo sua camiseta levantar um pouco
revelando uma tira de pele sexy acima de seus jeans. Ele passou os
dedos de uma polegada sob o cós, viu suas pupilas incendiarem em
resposta. Por mais que quisesse levá-la para a cama, ele estava
gostando disso. Ela se encaixava. Em sua casa, seu carro e na sua
vida.
— O que Chicagoan não tem? Meu pai até hoje ainda está bravo
com a cidade por todos os problemas de trânsito causados para filmar
aquela cena grande de perseguição sob o El. E todas as manhãs de
domingo eles bloqueavam pedaços do centro.
Trent ficou imóvel. Ela percebeu o que estava dizendo? Estava
finalmente se abrindo para ele?
— Não vejo uma garota do campo bonita como você amar um filme
de R & B. — Ele acariciou o cabelo dela, ignorando o momento mais
importante de John Belushi saindo da prisão, tudo o que luz brilhava
atrás dele.
— O que não amar? — Ela rolou de costas, olhou para ele e ele se
inclinou para beijá-la suavemente. Sua mão escorregou em torno da
volta de seu pescoço, as pontas dos dedos fazendo cócegas. Seus
lábios brincaram com os dela, escovado e beliscando. Saboreando.
Ele se afastou e pegou sua cerveja, tomou um longo gole. A
necessidade de respostas roía ele, mas se afastar dela não ia rolar.
Ela precisava dizer a ele em seu próprio tempo.
— Há passeios que você pode fazer ao redor de Chicago e ver todas
as localidades utilizadas nos filmes. Me deixava louca quando eu
comecei a trabalhar. O escritório do meu pai era baixo em...
Harper parou abruptamente sentando no sofá. A cor tinha drenado
de seu rosto e ela estava segurando a mão dela contra sua boca. Ela
olhou para seu colo. Ele permaneceu em silêncio, esperou para ver o
que mais ela iria partilhar com ele.
— Eu sou de Chicago. — Ela deixou escapar. Pela primeira vez em
semanas, Trent podia ver o pânico de volta em seus olhos e feriu-o vê-
lo lá. Só pensar que compartilhar esses detalhes com ele iria assustá-
la.
— Bem, eu imaginei que você estava em algum lugar ao norte,
querida. Jordan ou Pippen? — Era a primeira coisa que ele poderia
pensar, mas ele queria mantê-la falando, precisava dela para
continuar a falar de Chicago para conter a frustração que retumbava
em seu interior.
— Jordan, mas Reid sempre dizia Scottie Pippen. Eu gosto dessa
música. — Disse Harper, olhando para a televisão. — Como se
chama? Ela pegou o... era o nome de uma menina... algo assim.
Ela deitou-se no sofá, descansando a cabeça em seu colo
novamente, mas seu corpo estava rígido.
— Katy. É 'Ela travou Katy.' O que você acha que vai acontecer só
porque eu sei que você cresceu em Chicago?
— Nada. Nada vai acontecer. — Disse ela em voz baixa, mas seus
dedos continuavam apertados. Eles estavam queimando de dentro e
fora de novo em alta velocidade. Ele estendeu a mão, acalmando-os
entre as suas. — Eu sinto muito, Trent. — Disse ela, finalmente.
Ele beijou sua mão.
— Eu sei Harper. Você pode confiar em mim. Você tem que saber
isso por agora.
Ela olhou para ele.
— Sim, eu sei. — Disse ela. — Eu só estou tão acostumado a não
confiar em alguém que é difícil.
Trent tirou o filme e puxando Harper em seu colo se acomodou no
sofá.
— Você quer começar, agora?
— O que você quer saber? — Ela perguntou ingenuamente.
— Tudo.

***

— Eu nasci e cresci em Chicago. Só eu, minha mãe, pai e Reid. —


Harper começou. — Eu era uma professora de Inglês do nono ano lá.
Era o meu emprego dos sonhos. Eu amo as palavras. Eu amo a
estrutura da linguagem e eu amo a inspiradora escrita.
Harper fechou os olhos e podia se ver de volta ensinando os
adolescentes em sala de aula, esperando que pudesse transmitir toda
a sua paixão para desencadear até mesmo a cintilação do mais
mínimo interesse em cada criança que vinha na porta de sua sala de
aula.
— É por isso que eu amei ajudar Joanie com seu diploma. E
também ajudar o primo de Drea, Milo e sua família a lidar com sua
dislexia.
— Eu sabia. — Disse Trent, passando-lhe uma cerveja e tilintando
o topo de sua garrafa com a sua. — Todas as coisas que você jorrou
sobre substantivo e objetivo no estúdio naquele dia. Oferta
inoperante. — A mão dele estava em torno de sua cintura, seu polegar
fazendo pequenos círculos sobre o osso do seu quadril.
— Era uma combinação de substantivo e adjetivo, mas isso não é
a questão. — Harper abriu um sorriso fraco. — Meu pai trabalhava
em uma empresa de serviços financeiros e sempre esperou que eu me
tornasse uma advogada ou uma médica, mas ensinar as crianças era
tudo que eu sempre quis fazer. — Ela sorriu, lembrando-se do louvor
apaixonado de seu pai quando ela ganhou seu primeiro prêmio por
ser uma professora inspiradora. — Meu irmão, Reid, era tudo para
mim. Ele era meu protetor. Ele me aterrorizou como todos os irmãos
mais velhos fazem é claro, mas ele era meu melhor amigo. — Pensar
em Reid fazia seu coração doer. Ela não tinha falado com ele desde a
manhã que o veredicto de Nathan era lido na corte. — Tudo o que ele
queria fazer era arrumar carros e motos. Mamãe e papai tentaram de
tudo para levá-lo a fazer uma faculdade, mas não era o que ele
queria. Ele era um macaco de graxa. Ele era brilhante. — Houve
tantas brigas, mas Reid manteve-se firme em sua escolha.
— Eu entendo isso. — Trent respondeu. — Esse sentimento de não
viver das expectativas de seus pais, ou de qualquer outra pessoa.
Deve ter sido difícil para ambos.
As lágrimas ameaçando cair, mas Harper mordeu o lado de sua
língua, duro, para mantê-los afastados. Respirando fundo, ela
balançou a cabeça e se recompôs.
— Eu sinto falta deles. Muito. Eu não os vi em anos. Temos uma
conta de e-mail que compartilhamos, então eu sei o que está
acontecendo em suas vidas, mas não é o mesmo.
— Então por que não está com eles? Por que não estão com você?
— Eu disse a você o que aconteceu, certo? Bem, ficar preso não o
impediu. — Ela tomou outra profunda respiração. — Isso é mais
difícil do que eu pensei que iria ser...
— Leve o seu tempo. Nós temos a noite toda. — Trent disse
suavemente. Ela estudou seu rosto. Era forte, tinha covinhas, bonito.
Mas o mais importante era tranquilizador, calmo.
— Eu testemunhei no julgamento. O olhar no rosto dos jurados
quando eles viram as fotos do que ele fez, Trent... eu estava me
afogando em sua piedade. Todo mundo olhou. Tornei-me uma
menina.
Harper tomou um gole de cerveja e pensou por um momento. Se
sentia mais catártico do que ela esperava, compartilhando tudo o que
tinha acontecido com ele.
— Então, é por isso que você saiu? — Perguntou Trent, sentando-
se ao lado dela.
— Nathan foi condenado a oito anos de prisão. É possível que ele
saia em quatro. Saberemos em breve. Ele ameaçou me matar quando
saísse, disse que eu era sua e nunca iria ficar longe dele. Eu não
poderia lidar com os olhares de pena, todo mundo sabendo o que
aconteceu comigo. Com todo mundo pisando em ovos em torno de
mim. Ele estava me deixando louca. Eu nem sequer tinha Reid. No
momento que voltamos da sentença, Reid foi embora. Ele
simplesmente fez as malas e desapareceu. Ninguém ouviu falar dele
desde então. Eu acho que a sua amizade com Nathan era mais forte
do que o seu relacionamento comigo.
O olhar de angústia no rosto de Reid quando ouviu a sentença. O
jeito que ele se virou para olhá-la tão intensamente.
— Após o julgamento, eu comecei a receber ligações de ameaças
contra minha família e eu. Comecei a encontrar fotos na caixa de
correio de mim deixando a academia ou saindo para uma caminhada,
lembretes de que eu não estava segura, que alguém estava me
seguindo. De alguma forma, até mesmo na prisão, Nathan estava
recebendo a ajuda de seus amigos do lado de fora para fazer as coisas
para ele.
Trent colocou o copo sobre a mesa e puxou-a em seu peito.
— Alguém deveria ter estado lá para cuidar de você. Por que não
chamou a polícia?
— Só de pensar na polícia me deixa irritada. A lista de maneiras
pelas quais eles deixaram e minha família para baixo é tão longa que
levaria a noite toda. — Harper suspirou e deixou Trent levantar seu
queixo para encará-lo.
— Diga-me, querida. Eu quero saber. Eu preciso entender. — Ele
beijou sua testa.
— Eu fui interrogada pela polícia uma vez que dei entrada no
hospital. Um bom oficial com o nome de Patrick Doherty. — A voz
suave do oficial mais velho, com seu ligeiro sotaque irlandês com tons
simpático, tinha ajudado ela a se sentir segura e protegida. A
medicação que os médicos lhe deram tinha aliviado a dor e tirado fora
seu pânico. Médicos e enfermeiros cuidavam dela enquanto ela
entrava e saia do sono. Seus pais e Reid tinham tomado voltas
sentados com ela, acariciando a costa da sua mão. O tempo tornou-se
nebuloso, algo que não podia agarrar com os analgésicos trabalhando
sua magia.
O som estridente de metal contra metal e alguém segurando seu
pulso dolorosamente tinha acordado ela. Confusa, ela viu seu pai
prendendo seu irmão no o canto da sala estéril, derramando angústia
no rosto de Reid.
As memórias a subjugou. Harper esfregou seus pulsos e se virou
para Trent.
— Eles me prenderam. Eu estava sobre os direitos de Miranda e
fisicamente ligada a uma maca de hospital com algemas. Prenderam-
me inicialmente para a bateria penal, porém, se esforçaram para
provar a intenção assim que a carga foi reduzida para agressão
simples. Eles tentaram me culpar pelo ataque, disseram que eu tinha
iniciado. Falaram que eu era a única com o problema das drogas.
— Puta merda, Harper. Isso é tão errado. Como é que eles... por
quê? Eu não entendo.
— Vamos apenas dizer que a ajuda da polícia para mim foi
inversamente relacionada com a quantidade de dinheiro que o pai de
Nathan estava bombeando para o fundo de aposentadoria da polícia.
Evidências, como o resultado de teste de drogas de Nathan,
desapareceram ou foram adulterados antes do julgamento. O policial
que me referi Doherty. Ele foi forçado a se aposentar e disse que
nunca seria capaz de provar que ele viu os resultados originais de
drogas que declarava que Nathan tinha crack, metanfetamina e
ecstasy em seu sistema. Ele e sua família foram ameaçados. Eles
ainda ameaçaram tirar sua pensão depois de trinta anos na força.
Ela se permitiu ser puxado contra ele, suavizando quando ele
beijou o topo de sua cabeça.
— No dia seguinte em que eu estava internada no hospital, eu tive
um visitante. O pai de Nathan, Winston, veio me ver. Um policial
estava no meu quarto me fazendo algumas perguntas de
acompanhamento. Winston me ofereceu cem mil dólares para largar o
caso, para não depor e apenas sair. No julgamento, ambos Winston e
o oficial juraram que a única coisa que ele fez foi pedir desculpas.
— Cristo, eu não posso acreditar que você teve que passar por
tudo isso. Quer dizer, eu acredito em você, mas você sabe. Parece um
filme.
— Sim, bem, não parecia muito um filme quando eu chamei 911 e
eles nunca vieram.
— Foda-se. — Trent rosnou e puxou-a em seu peito. — Se algum
dia eu ver aquele filho da puta, eu vou quebrar todos os ossos do seu
corpo maldito. — Seus olhos pareciam aço. Focado. — Estamos nisso
juntos. Nós podemos mantê-la segura. Eu não quero que nós
tenhamos segredos, querida. Eu quero saber mais. Tudo.
Segredos. A única coisa que não podia prometer-lhe. Seu nome
verdadeiro estava na ponta da língua, mas ela mordeu com força. Ela
era Harper agora e não havia nenhum valor ele saber sobre Taylor.
— Eu estou tentando, Trent, mas eu prometo que vou te dizer o
que eu puder.
Lydia tinha ligado mais cedo para que ela soubesse que sua bolsa
de trabalho foi entregue na Delegacia de Polícia do Sexto Distrito do
Sul em Halstead. Nenhum sinal do carro ou sua carteira, mas seu
laptop estava a salvo. Nathan estava sendo um estudante A+ e as
mensagens em seu telefone vieram aparentemente de Gresham,
Oregon, quase duas mil milhas de distância de Illinois. Talvez dizer a
Trent sobre as mensagens de texto seria uma coisa boa, mas ele
provavelmente iria insistir que ela chamasse a polícia. Ela era
inteligente o suficiente para perceber que havia alguns bons policiais
lá fora. Mas não havia nenhuma maneira de ela poder contar com
eles novamente e não havia nenhum motivo em ela e Trent discutir
sobre isso. Por que arrastar Trent mais longe em seu drama?
Ele a beijou, seus lábios macios contra o dela. Enquanto ela estava
esperançosa de que o pior da tempestade tinha acabado de passar,
ela teve uma estranha sensação de que estavam realmente apenas
sentados no interior do olho dele.
QUINZE
Ir ao ginásio às seis da manhã não era normalmente
uma tarefa árdua, mas sentia-se muito diferente hoje. Eles
conversaram mais um pouco antes de Harper adormecer no
seu colo. Afastar-se da sua forma suave, nua esta manhã tinha
exigido um esforço hercúleo.
Ele precisava extravasar toda a raiva e a frustração residual que
corria em suas veias e Frankie era apenas o cara. Franco "Frankie"
Reyes estive cedo na vanguarda da cena no MMA. Ele lutou com
alguns dos grandes nomes do UFC adiantados como Royce Gracie,
Kenneth Shamrock e Patrick Smith. Juntos, esses caras tinham
forjado a luta da gaiola moderna.
— Eu preciso bater na gaiola hoje.
Frankie deu um longo olhar para seu rosto.
— Claro garoto.
Depois de uma hora suado, Trent foi ao vestiário e colocou a
cabeça debaixo da torneira fria. Uma vez que sua respiração voltou
para alguma aparência de normalidade e seus músculos parassem de
gritar, ele estaria bem. Seu corpo podia estar em agonia, mas
finalmente sua mente tinha acalmado.
— Você quer me dizer o que tem no seu rabo esta manhã?
Ninguém chegou tão perto de mim desde que eu sair do pró.
Trent desligou a torneira e empurrou seu cabelo molhado para trás
sobre sua cabeça, deixando-a escorrer para sua camisa já
encharcada.
— Se eu pudesse, eu diria, Frankie. Você sabe disso. Mas eu
preciso de um favor.
— Diga. Você sabe que eu tenho sua retaguarda.
— Eu tenho uma amiga, uma mulher, que precisa aprender a lutar
principalmente se estiver em uma situação difícil.
— Então, a leve para se inscrever nas aulas das senhoras. Nós
funcionamos duas vezes por semana.
— Não posso fazer. Ela já foi atacada. De maneira ruim. Precisa de
confiança, tanto quanto ela precisa de movimentos. Tenho dúvida que
ela viria aqui para uma sala cheia de pessoas. Não gosta de ser
tocada, no entanto. Eu estou trabalhando nisso, mas vai levar tempo.
Frankie olhou para o relógio e franziu os lábios.
— Eu não tenho nada que não possa ser mudado nas próximas
horas. Sua garota está por aí?
Era o dia de folga de Harper e ela estava em dúvida se pegaria sua
próxima sessão no período da tarde, o que ele realmente não poderia
esperar. Cobrir uma garota nunca era tão excitante.
— Eu vou pular no chuveiro, em seguida, ligar no caminho para a
loja, ver se ela pode vir.
— Ok, converse com ela e eu posso ter uma conversa, sem luta,
hoje, apenas a compreensão do que ela precisa. Descobriremos o que
podemos fazer. Qual o nome dela?
— Harper. Harper Connelly.
— Harper Connelly, hein? Devo estar lendo algo nesse sorriso
extravagante que acompanha você?
Trent deu de ombros.
— Provavelmente. — Frankie bateu-lhe no ombro, rindo e deixou-o
tomar banho.

***

Harper deixou o apartamento de Trent e seguiu seu caminho para


o endereço que Trent lhe dera. A unidade industrial única com
andares parecia vaga olhando do exterior. Havia um simples sinal
preto com Frankie’s na rotulação do ouro pendurado acima de uma
das janelas sujas. Trent tinha avisado a ela para não se deixar levar
pelo exterior.
A ligação dele pegou ela de surpresa e Harper tentou abraçar a
adrenalina que vibrava. O conceito de uma formação de luta parecia
tão óbvio, mas ela não tinha pensado nisso por si só. Ou, talvez, a
ideia nunca apareceu, porque o conceito de colocar-se
deliberadamente no caminho de outra pessoa não era algo que ela
estava disposta a cogitar. Até Trent.
Ela empurrou a pesada porta e foi imediatamente atingida pelo
cheiro de suor e água sanitária. O som de uma corda de pular
batendo o concreto e o baque monótono de um saco de velocidade
sendo socado ecoou como um ritmo em torno do ginásio. Ela entrou
mais no ginásio, empurrando um saco de pancadas suspenso quando
ela passava.
— Olá? — Sua voz ecoou no espaço cavernoso.
— Hey Harper. Eu sou Frankie, bom conhecê-la. — Harper saltou
quando Frankie veio por trás dela de um escritório escondido. Ele era
mais alto do que ela, vestia calças térmicas e um colete que mostrava
um corpo apertado. As correntes de ouro que ele usava combinava
com o ouro em seus dentes, mas ele tinha olhos bondosos. — Trent
me disse muito pouco, exceto que você precisava de alguma
autodefesa e que poderia ser difícil para você. Você pode me contar
tudo ou nada, não faz diferença para mim. Mas se eu souber os seus
problemas, poderia ajudá-la e nós poderíamos nos concentrar neles.
Harper estudou-o atentamente por um momento. Ela confiava em
Trent e algo lhe dizia que ela poderia confiar nesse homem na frente
dela. Ela precisava de toda ajuda que pudesse conseguir.
As palavras misturavam em sua cabeça, o que levou um momento
para Harper endireita-las.
— Eu fui atacada. Por um homem. Eu acabei no hospital. E isso
me deixou... nervosa... em torno de pessoas, quero dizer.
Frankie assentiu.
— Duas perguntas. O bastardo está na prisão?
— Por enquanto. — Harper respondeu. Ela tentou não pensar até
quando daria essa resposta.
— Em segundo lugar, você quer fazer isso por você, ou você está
fazendo isso porque Trent sugeriu isso?
Harper ponderou a questão por um momento.
— Por mim. — Ela respondeu com confiança. — Eu quero está
mais preparada se por acaso ele vier atrás de mim novamente. Mas eu
realmente não tenho certeza se posso fazer isso.
— Bom. Isso não vai funcionar se você não estiver aqui por si
mesma. Vamos dar uma volta no ginásio, conversar um pouco mais,
ver que tipo de planos possamos descobrir.
Frankie apontou para vários equipamentos e alguns dos exercícios
que poderiam ajuda-la. Eles discutiram o que seria necessário e
quando as sessões iriam começar.
— Então, na nossa primeira sessão vamos nos concentrar em
táticas básicas para se defender de um atacante. — Disse Frankie
depois que ela lhe disse uma versão abreviada de sua história. Ele se
inclinou para trás em sua cadeira. — Mas assim que você estiver
preparada, nós vamos tentar trabalhar com alguém vindo atrás de
você em todas as sessões. Medo não reconhecido é uma fraqueza e
você está sendo corajosa por enfrentá-lo.
— Eu aprecio isso Frankie, eu realmente quero fazer.
Um menino jovem acenou para eles através da janela. Desajeitado
sob o peso de uma mochila grande, ele caminhou em direção a uma
série de pequenas mesas.
— Meu filho, Anton. — Ambos olharam sobre como ele puxou um
livro, intrigado com o que quer que estivesse lendo. — Ele luta. Bem,
tem alguns problemas para escrever. Ele é ótimo em Matemática. Eu
acho que a sétima série é difícil. Estamos definindo-o para iniciar na
próxima semana, então?
Harper acenou com a cabeça e pegou sua bolsa.
— Eu diria que eu não posso esperar... mas...
Frankie sorriu:
— Está tudo bem, eu entendo. Nós vamos passar por isso.
Quando estava saindo, ela viu Anton puxar a mão pelos cabelos
em frustração, os ombros arredondados em derrota.
— Hey, Anton. — Harper caminhou em sua direção. Ele olhou para
ela com curiosidade. — Sou Harper. O que você está trabalhando?
Ele olhou para seu pai antes de responder.
— Ensaio estúpido sobre o mar.
— Posso ver? Eu posso ajudar se você quiser. — Suas
sobrancelhas franziram e ele mordeu o lábio pensando. Movendo sua
mochila fora do caminho, ele criou espaço para ela se sentar.
— Hmm. "Crie uma citação sobre o mar a partir da literatura e
discuta o que o autor estava tentando expressar." Wow. Isso é uma
excelente pergunta. O que você estava pensando?
— Eu não sei. Eu não sei muitas citações.
— Bem, talvez nós pudéssemos usar o computador do seu pai,
mas aqui está uma citação de improviso: Você sabia que Franz Kafka
escreveu certa vez que um livro deve servir como “o machado para o
mar congelado dentro de nós”?
— O que, como se os livros nos fizessem sentir quente? — Ele
olhou para ela, esperançoso.
— Definitivamente. Você é um biscoito esperto. — Respondeu
Harper, aquecida pelo primeiro sorriso genuíno que viu no rosto de
Anton. — Estou certa de que podemos conseguir mais.

***

O sol entrando pelas janelas principais refletia a silhueta de


Harper quando ela entrou um pouco mais tarde naquela tarde. Houve
um vermelho profundo na escuridão de seu cabelo que ele nunca
tinha notado antes. Ele se inclinou contra a parede do corredor e
observou-a conversando animadamente com Pixie.
Ela usava um vestido preto sem alças que ia até o chão e sandálias
prata que exibia o rosa brilhante dos seus dedos do pé. Um biquíni
por cima do pescoço e agora que sabia o que estava por baixo, ele
achou cada vez mais difícil de manter seu pau em cheque.
A Harper que ele estava olhando agora, de pé na ponta dos pés
para olhar sobre a mesa em que estava o laptop de Pixie, era tão
diferente da Harper que o tinha abordado na rua naquela noite. Ela
parecia tão frágil naquela época, até mesmo sua pele era gélida ao
toque.
Parecendo senti-lo, ela virou a cabeça para olhar diretamente para
ele, seus olhos estavam cobertos com emoções que ele não podia ou
não queria reconhecer plenamente. Sua língua lambeu seu lábio
superior diante de seus dentes depois o inferior.
Nenhum deles se moveu. Eles simplesmente se levantaram,
olhando como se uma eletricidade passasse entre os dois. Ele se
afastou da parede. Cristo, ele foi feito para isso.
Sem dizer uma palavra, ele andou e ficou bem diante dela,
praticamente de igual para igual. Ele sabia que sua altura lhe dava
uma enorme vantagem e ele sorriu quando ela se inclinou para trás
para olhar para ele.
— Apenas a beije logo! — Pixie deu um grito.
Harper riu, o som mais doce de todos e Trent não conseguia
segurar por mais tempo. Inclinando-se, ele passou os braços ao redor
da sua cintura e levantou-a até que seus rostos estavam perto do
nível, com suas pernas ainda pendendo para baixo.
Quando seus lábios se tocaram, a queima que ele tinha por ela
inflamou ainda mais quente. Sem parar, ele andou para fora do
estúdio principal em direção ao seu escritório, sacudindo o dedo para
Cujo, que estava olhando para eles com a boca aberta.
Empurrando seu vestido para cima, ele envolveu as pernas de
Harper em torno de sua cintura, apoiando-a na porta de seu
escritório e trancou passando a trava.
A música estava explosivamente barulhenta, vibrando as fotos na
parede com a batida pesada e disfarçando os sons deles, tornando-os
como dois adolescentes em seu escritório.
— Como foi com Frankie? — Ele conseguiu perguntar antes que
seus lábios recuperassem os dela.
— Útil. Senti sua falta. — Harper murmurou contra seus lábios
enquanto ele empurrava sua dolorida ereção contra seu estômago.
— Realmente. — Ele murmurou de volta. — Eu não sinto falta de
você toda hora. — Sentir o leve puxão em seu cabelo o fez gemer.
Harper inclinou a cabeça para trás e riu quando ele estendeu a
mão e puxou para baixo seu vestido sem alças, descobrindo o top do
biquíni. Ele seriamente iria para o inferno se transasse em seu
escritório com um estúdio cheio de pessoas do lado de fora.
Era difícil resistir a seus mamilos, que estavam de pé em tão
perfeita atenção. Ele se inclinou e gentilmente mordeu um através de
seu biquíni antes de levantar seu superior.
— Jesus, Harper. — Seu coração estava ficando um inferno de um
treino, uma vez que bateu em seu peito. — Você vai ser a minha
morte.
— Oi, baby. — Ela olhou para ele sob os cílios abaixados.
Como poderia ele querer ela tão mal o tempo todo? Sua boca
estava inchada a partir da troca aquecida. Uma neblina sexual de
seus olhos ardia com as costas arqueadas. Esquecendo-se da
tatuagem, ele queria transar com ela no chão agora.
Ele apertou o controle sobre suas coxas, empurrando as pernas
abertas mais amplas para que pudesse colocar sua ereção ainda mais
perto de seu ponto doce. Trent gemeu quando ela se esfregou contra o
seu comprimento duro feito pedra.
Seus lábios se chocaram juntos com uma necessidade furiosa.
Trent interrompeu, afastando-se dela.
— Precisamos ir para a porta ao lado agora, antes que eu comece
algo desagradável com você aqui.
Deus, seu sorriso era outra coisa. Ele realmente era um caso
perdido.

***

Controlar intensos impulsos sexuais era um novo problema para


Harper. Tendo vivido os últimos anos como um auto imposto
celibatário, ligar uma barragem, uma vez que já estivesse aberta
estava provando ser um desafio.
E quando a própria pessoa que tinha puxado o plugue proverbial
sobre ela não estava um pé de distância após maltratá-la contra uma
parede, era ainda mais difícil.
Trent levou-os para o quarto privativo e se inclinou para beijá-la
suavemente uma última vez antes de mudar a altura da cama.
— Até que você vá. Vou pegar o resto do que eu preciso para
começar.
Harper observou-o trazer pequenos potes de tintas e alinhá-las
apenas como ele queria.
— Eles se parecem um pouco brilhantes sentados lá. Eu não quero
olha-los como uma caixa de Crayola33 jogada em cima de mim.
— Eu te disse Harper, eu sou incrível neste tipo de coisa. Eu
aprendi que vermelho e amarelo é igual a laranja no jardim de
infância.
Harper não pode deixar de rir.
— Desculpa. Não quis ofender sua experiência criativa, mas você
tem que admitir, o aspecto é um pouco vivo.
Chegando em sua bolsa, ela tirou seu iPod e começou a encontrar
alguma coisa para ouvir durante a sessão. Talvez um pouco de Garth
Brooks. Isso ajudaria. Ou Lady Antebellum... sempre uma boa
escolha.
Antes que pudesse detê-lo, Trent tomou o iPod de suas mãos.

33
Crayola; Giz de cera
— Tudo bem, querida. Eu não posso fazer isso. Eu não posso
passar mais de três a quatro horas de merda nisso. Eu sei que você o
ama e eu não tenho ideia do por que, isso fere os dentes. Podemos,
por favor, por favor, por favor, não as ouvir hoje? — Um olhar para o
seu rosto e Harper começou a rir.
— O que aconteceu com o cliente tem sempre razão? Você não
disse nada na última vez que estive aqui. — Harper virou-se
ajoelhando-se sobre a mesa, tentando agarrar o iPod das mãos de
Trent.
Ele levantou-o acima de sua cabeça fora de seu alcance,
mostrando uma magnífica polegada de seu estômago tanquinho.
— Sim, mas eu estava tentando levá-la para a cama comigo e
estava sendo agradável. Eu não tinha lambido calda de chocolate dos
seus mamilos perfeitos antes. Eu acho que me dá algum direito a ser
um pouco mais honesto agora.
— Oh meu Deus, você é inacreditável.
Ainda segurando o iPod em uma das mãos sobre a cabeça, ele
envolveu a outra mais apertada em volta da cintura e puxou-a para
si, beijando-a, brincando.
— Mmm. Uma vantagem inesperada dessa conversa. — Ele soltou
um gemido quando Harper lhe deu uma cotovelada nas costelas,
empurrando-o para longe.
— Bem. Se não ouviremos country. O que podemos ouvir? — Trent
enfiou a mão no bolso de trás da calça jeans e pegou seu telefone e
acenou para ela.
— NÃO. De jeito nenhum. Eu não quero alguma mensagem
subliminar me dizendo que eu deveria ir pular de uma ponte ou me
tornar um adorador do diabo.
Trent soltou uma gargalhada alta.
— Sério Harper. — Continuou ele, rindo. — Onde diabos você tira
essas ideias?
Ela deu-lhe o olho do mal, mas ele continuou rindo como se fosse
a coisa mais engraçada que já tivesse ouvido.
Ele deslizou seu iPod no bolso de trás.
— Eu estou indo educá-la na fina arte do metal esta tarde,
querida. De acordo com nosso contrato de locação, a adoração
satânica não é permitida no local e nós só sacrificamos animais vivos
às terças-feiras e sábados, para que você esteja segura.
Com um gemido, Harper se sentou, empurrando para baixo o
vestido sem alças para revelar suas costas enquanto Trent brincava
com a estação de encaixe.
Bateria em um ritmo rápido foram seguidos por guitarras. A voz
rouca cantava sobre um homem branco que vinha do outro lado do
mar se juntando ao ritmo cativante.
— Isto. — Disse Trent. — É o começo de Metal da Harper 101. Até
o final deste, você vai querer saber o que diabos viu no country. Para
começar o clássico Iron Maiden. 'Run to the Hills'. — Ele empurrou o
cabelo para trás, colocou o boné de beisebol para trás, calçou as
luvas e sentou-se em seu banquinho.
Não era tão mau como Harper estava esperando. Você poderia
ouvir as letras e o refrão realmente era atrativo, não que ela nunca
fosse dizer a Trent. Seu pé estava batendo quando ele endireitou o
cabo de uma de suas máquinas de tatuagem.
Uma vez que estava feito, ele olhou para ela.
— Você está usando um biquíni completo, ou apenas a parte
superior? — Completo. Parecia estranho apenas vestir o topo. —
Lembrou o TOC, mas isso é quem ela era. — Tire seu vestido todo. Ele
vai me dar mais inspiração para trabalhar. — Um olhar para os olhos
dele disse que ele não estava brincando.
— O que eu ganho em troca de ser sua musa? — À concepção de
uma tatuagem fodona, o que mais? — Oh. Ela gostava de sua
confiança. Ela gostava. Muito.
Ajoelhando-se na cama para encará-lo, ela contorceu o vestido
para baixo lentamente através de seu estômago plano e sobre os
quadris. Os olhos de Trent escureceram e ele lambeu seu lábio
inferior antes de mordê-lo enquanto ele a olhava descer o vestido até
os joelhos.
Balançando a cabeça, ele sorriu.
— Você continua a me surpreender, Harper. Totalmente pensei
que você iria dizer não. Isso é incrível. Deveria ter lhe pedido para
fazer isso da última vez que você esteve aqui. OK. Deite-se, digno de
nota. Eu tenho um pouco de tinta para brincar e algumas inscrições
até suas costas estar concluída.
A máquina começou a zumbir e a sensação habitual de
antecipação tingida com um pouco de medo surgiu nela. Suas mãos
acariciaram sua pele. Pele que ele tinha raspado no chuveiro naquela
manhã. A vaselina que ele esfregou em sua pele estava um pouco
pegajosa.
— Sexta sigle que eles lançaram e o primeiro com seu novo
vocalista, Bruce Dickinson. Você verá muito isso no metal. Existe
uma grande quantidade de movimentos de pessoas entre as bandas.
Às vezes permanente, às vezes não. Eu vou começar com Dio e Ozzy
como exemplos. Este foi provavelmente sua canção de maior sucesso
comercial... discutível se é ou não é o melhor, mas definitivamente um
dos mais populares.
Talvez fosse porque a natureza da relação deles tinha mudado
muito desde última consulta, mas parecia mais intimista ter Trent
fazendo a tatuagem dela. Quando as agulhas começaram a fazer as
suas coisas em sua pele, ele tirou o fôlego. A música terminou e Trent
se inclinou para alinhar a próxima.
A voz do assombro começou a contagem decrescente.
— Oito... sete... seis... seis... seis... cinco... quatro ..
— Oh ótimo. — Harper murmurou. — Seis seis seis? Sério?
— Que contagem regressiva de metal estaria completa sem pelo
menos uma oferta do Slipknot? Metal nu. Esta é a Heretic Anthem de
Iowa, o seu segundo álbum. Nascido em Des Moines, Iowa,
curiosamente e famoso por usar máscaras quando eles se
apresentam.
— Parece que o cara vai vomitar suas cordas vocais. — Seu biquíni
caiu solto quando Trent desamarrou as cordas.
— Ei. O que você está fazendo?
— Eu já vi o que está embaixo, querida. É assim fica mais fácil
para mim com ele fora do caminho. Se eu não fizer isso, você vai
acabar com letras faltando.
— Se mais uma roupa sair eu poderia muito bem estar nua. — Ela
resmungou, mais para si mesma do que Trent.
— Agora há um pensamento. O que eu tenho que fazer para você
ficar nua na minha cama?
— Eu não estou recebendo para estar nessa lista.
— Que lista? — Ele parou para mudar as músicas novamente. — A
“Quantas namoradas nuas Trent tatuou no quarto dos fundo?" Essa
lista.
Ela saltou quando Trent apareceu agachado na frente dela. Merda.
Ele parecia chateado.
— Só para ficar bem claro, não há nenhuma lista. Eu não tatuei
nenhuma namorada no passado. Eu não tive qualquer pessoa nua na
minha cama. Eu não uso o que eu faço como uma maneira de pegar
garotas e transar. — Ele estudou-a atentamente até que seu rosto
suavizou e ele acariciou sua bochecha com o dedo e se inclinou para
um beijo suave. — Mas para você, eu fiz uma exceção definitiva. Você
é uma primeira de muitas maneiras, querida.
De pé, ele acariciou seu rosto mais uma vez antes de retornar ao
seu banco.
Uma primeira de muitas maneiras. Que diabos ele quis dizer com
isso?
Altas batidas momentaneamente precedidas por Cujo que abriu a
porta e enfiou a cabeça para dentro.
Harper agarrou as cordas do biquíni com pânico, mas Trent
simplesmente colocou a mão sobre a dela quando ela tentou amarrá-
los enquanto ele continuava a limpar sua parte traseira com um
pano.
— O que vocês, crianças loucas, estão fazendo aqui? — O polegar
de Trent continuou a esfregar contra seu pulso, acalmando-a. Se ela
ficasse deitada em sua frente, Cujo não conseguiria ver nada.
— Estou ampliando o conhecimento musical de Harper no gênero
metal. Certo, querida?
— Algo assim. — Harper virou a cabeça olhando para o gigante
careca que estava sorrindo para ela.
— Então, qual é o próximo na lista? Metallica? — Ele entrou e
inclinou-se na cama, olhando para suas costas.
— Nah. Eu vou acabar com isso. Provavelmente algum Killswitch
Engage, talvez alguns Converge e Cannibal Corpse, Dio e
provavelmente alguns Korn em nome dos velhos tempos, eu acho. —
Oh meu Deus. Será que eles não percebem que ela estava
praticamente nua entre eles? Eles estavam tendo essa conversa super
normal.
— Isso parece épico, T. Poderia ser o melhor trabalho que você já
fez. Você mal pode ver a... é... bem... você sabe. — Ele parou.
Houve um momento estranho. Harper jurou que ela podia ver a
deriva um tumbleweed34.
— Está tudo bem. Essa é a ideia geral, por isso é bom que você
não pode vê-los.
Houve um suspiro de alívio.
— Fico feliz que você disse isso Harper, porque eu acho que o seu
garoto estava prestes a me rasgar.
— Ainda posso, idiota, se você não sair e parar com esse olhar
fodido para minha menina. — Trent riu e pegou a máquina de
tatuagem para carregar a próxima rodada de tinta.
Quando Cujo fechou a porta, ele pressionou o play com a mão
livre.
— Desculpe por isso, querida. — Disse Trent. — Às vezes ele não
pensa antes de sua boca falar besteira.
Um vento soprando assobiou através dos alto-falantes, seguido por
uma introdução elétrica. Trent surpreendeu-a ao cantar sobre um
34
Tumbleweed é o nome que se dá para aquelas plantas rolantes, muito comum em filmes de velho
oeste, que sempre aparecem em algum momento de suspense, silêncio ou substituindo o famoso “cri
cri…” São basicamente bolas de mato seco que secam e o vento arranca fazendo elas rolarem pelo
deserto.
mergulhador santo sendo pressionado por muito tempo. Ela podia
sentir a vibração na cama quando ele bateu o pé junto com a batida.
— Desculpe... boas lembranças por essa música. Eu e Cujo
tocávamos ela no air guitar35. Saiu quando eu tinha três anos, mas o
tio de Cujo era um grande fã, ainda joga até hoje. Voltamos ao metal.
Então, nós conversamos sobre organizações intercambiáveis... este é
o Dio, 'Holy Diver'. Ele substituiu Ozzy no Sabbath por alguns anos
antes de fazer sua própria carreira. Não é o meu favorito, mas teve
alguns momentos de diversão com ele.
Harper encontrou sua zona e estabeleceu-se quando Trent
continuou a trabalhar nas suas costas. Por mais que ela odiasse
admitir, a música era muito melhor do que ela pensava que seria.
Talvez porque Trent estava explicando sobre as bandas ou porque o
estilo era interessante. Ela ouviu a maior parte, algumas ela pedia
para Trent pular, para sua diversão. Ao que parece, death metal e
algo chamado matemática-algo-ou-outro foram definitivamente além
de seus limites sonoros.
— Isso está realmente começando a soar mortal, Harper. Até o
momento eu cobri a escritura e as rochas hoje, o que só dará mais
uma sessão. Está tudo bem se você tiver mais alguns minutos ou algo
assim? Eu só quero ajeitar mais alguns detalhes.
Começando a sentir-se muito cansada, ela simplesmente assentiu
com a cabeça confirmando.
— Última música do dia. Metallica. — Sua cabeça estava
começando a doer, mas não ia falar para Trent. Ele tentou tanto
manter a mente dela ocupada enquanto se concentrava em fazer a
sua tatuagem.
Uma guitarra lenta acústica começou a tocar. Harper esperou
pelas pesadas guitarras elétricas que estavam por vir, ou gritos, mas
isso não aconteceu. Não houve grunhidos ou gritos vocais. Apenas
uma introdução de guitarra longa e doce.
— 'Nothing Else Matters’. Supostamente escrita enquanto o cantor
James Hetfield estava no telefone com sua namorada falando sobre

35
Jogo de vídeo game onde se toca uma guitarra.
como eles ainda estavam próximos um do outro, mesmo quando
estavam separados com ele fazendo uma turnê. O mais próximo de
uma canção de amor que você irá ter de uma banda de metal.
As letras eram bonitas. Falavam sobre nunca ter aberto o caminho
antes e como cada dia é algo novo. Harper relaxou e deixou a suave
melodia tomar conta dela, as palavras que foram tão cuidadosamente
escolhidas e ainda poderia ter sido escrito por ela. Ela suspirou.
Deveria ser muito incrível alguém escrever uma canção especial tão
comovente para você. Ela nem sequer podia compreender o
sentimento para se tornar um sucesso lendário.
Trent estava cuidadosamente limpando suas costas. Ela podia
sentir a água ser pulverizada e limpada todo o excesso de tinta.
O creme que ele estava passando nela era bom e ele está sendo tão
gentil com sua pele queimada. Ele iria ajudá-la com a dor da primeira
noite neste momento. Sorrindo para si mesma, ela se lembrou da
noite após a primeira sessão de tatuagem, quando ele falou sobre a
emergência se ela caísse. Ele devia ter pensado que ela era patética.
A sensação dos dedos dele suavemente correndo pelas suas costas
acendeu fogos de artifício dentro dela. Havia algo sobre a intimidade
de ficar praticamente nua enquanto Trent trabalhava em sua
tatuagem que de repente se tornou incrivelmente erótica.
Enquanto suas mãos continuavam o acidente vascular cerebral
massageando com o creme em suas costas, um calor começou em sua
barriga e espalhou pelo seu núcleo. Puxando os joelhos apertados
juntos na cama, ela apertou suas coxas antes de lembrar que Trent
podia ver exatamente o que ela estava fazendo.
O barulho das rodas de seu banco parou na frente dela. Abrindo
um olho, Harper olhou para ele e sorriu suavemente. Estava escrito
no seu rosto que ele estava se sentindo da mesma maneira. Seu olhar
suave era pesado com emoção e sua boca estava ligeiramente aberta
enquanto passava o dedo sobre o lábio inferior.
Levantando o queixo, ela o encontrou no meio do caminho quando
ele se moveu para beijá-la, um encontro sincero com seus lábios
macios e quentes tocando os dela suavemente antes de passar a mão
no cabelo dela para puxá-la na direção dele.
Ele tinha sabor de café, alcaçuz vermelho e algo exclusivamente
Trent. Um sabor que ela não conseguia obter o suficiente.
Sua língua se moveu lentamente contra a dela e seus olhos se
fecharam enquanto ela tentava mostrar tudo o que estava sentindo
através de um lado do corpo onde se juntaram. Um arrepio percorreu-
a quando ele puxou seu broche de cabelo, massageando suavemente
o couro cabeludo antes de mergulhar mais fundo em seu cabelo,
segurando um punhado de cabelo ao lado de sua cabeça.
Harper se sentia tão distante, fora de seu próprio corpo que quis
experimentar qual sensação seria em beijar alguém que você
realmente ama. Ela não podia ignorar os sentimentos que tinha
dentro dela por mais tempo. Era hora de aceitar o fato de que ela o
amava.
E que iria quebrar seu coração se tivesse que correr novamente.

***

Colocando a testa na dela, Trent tomou uma respiração profunda.


Sentia-se fisicamente esgotado e ainda completamente energizado...
como se tivesse tomado Valium36 e ter velocidade ao mesmo tempo.
Ele tentou separar seus sentimentos, quebrando-os. Primeiro, era
simplesmente tesão. Ele passou as últimas quatro horas olhando
para uma mulher gostosa, quase nua que ele sabia que iria leva-la
para casa e fazer tudo o que ele estava sonhando com ela esta noite.
Apesar de suas suspeitas, por opção ele nunca tatuou uma
namorada, nua ou de outra forma.
Em segundo lugar, ele estava cansado. Cujo estava certo. Isso ia
ser seu melhor trabalho e já estava lhe custando cada gota de energia

36
Medicação usada para tratamento de transtornos, como por exemplo a ansiedade.
mental para isso ser o mais espetacular, assim como era em sua
cabeça.
Terceiro. Bem, era uma terceira-de-merda sensação. Algo sobre a
combinação de tudo isso. Cristo, ele devia uma carta de
agradecimento ao Metallica. Observando-a relaxar, vendo-a afetá-la...
oh homem, quando ela apertou suas coxas e levantou perfeitamente o
bonito bumbum. Sabendo que a tinta em seu corpo era dele, uma
sensação louca de propriedade e orgulho que ela estava usando sua
marca. Ele a amava. Era tão simples. Ele tinha considerado que
poderia estar caindo, mas era hora de admitir que ela tinha seu
coração.
Ele precisava levá-la para casa, agora, ou ele irá explodir se
demorar mais do que quinze minutos.
— Cristo, você é outra coisa, Harper. — Disse ele depois de um
tempo, necessitando que um deles fizesse uma jogada.
Segurando seu biquíni desamarrado no peito com um braço,
Harper mudou-se para sentar-se. Suas bochechas estavam coradas e
seus olhos estavam maduros com o calor.
— Eu preciso de analgésicos e álcool para dormir em nenhuma
ordem particular.
— Você ainda está voltando para casa comigo, certo? Por favor. —
Será que ele quer que ela ouça o desespero em sua voz?
Ela maliciosamente passou a ponta dos dedos em sua ereção
muito dura.
— Você pode esperar por muito tempo?
Impedi-la devia ser seu curso de ação, mas ele se sentia tão bem,
especialmente quando ela apertou-o... mmm... apenas isso.
Botões estavam pipocando em suas calças e ele ainda não
conseguia afastá-la. Cristo, este era a seu estúdio, pelo amor de Deus.
Seus funcionários estavam lá fora. Não deveria um deles estar
crescidos o suficiente para pará-lo?
Uma vez que suas mãos estavam dentro de suas calças, ele sabia
que não estava dando para trás até que ela tivesse feito tudo o que ela
queria fazer.
— Harper.
— O quê? Pare? Continue?
Ela ficou na frente dele e puxou o top do biquíni, empurrando-o de
volta até que sua bunda atingiu a parede. Com o pouco de sangue
que restava em seu cérebro, ele estendeu a mão e moveu a fechadura
da porta.
Harper abaixou suas calças e como fúria, a sua ereção surgiu
livre.
Envolvendo ambas as mãos em todo o comprimento do seu eixo,
Harper acariciou de cima para baixo algumas vezes.
Observando-a cair joelhos e alinhando a boca perfeita até o final
do seu eixo era uma overdose de estimulação visual. Harper olhou
para ele, seus intensos olhos verdes pesados e encapuzados quando
ela sacudiu sua língua em toda a sua umidade.
Seu abdômen apertou involuntariamente com a primeira
varredura.
Abrindo sua boca, ela prendeu a cabeça, puxando-a para fora e
deixando a saliva lubrifica-lo ainda mais antes de deslizar mais dele
de volta para aquela boca doce. Lábios cor de rosa cercavam ele, o
que lhe permitia deslizar mais longe em sua garganta. Sua língua
acariciava a parte inferior de seu pau, uma pressão perfeita, até que
ela se retirou e provocou sua coroa.
Ele engoliu em seco, esperando não se libertar cedo demais,
querendo desfrutar durante o tempo que ela estava disposta a fazer
isso por ele. Suas faces coravam enquanto olhava sua boca engolindo
sua ereção.
Perdendo-se no momento, ele inclinou a cabeça para trás contra a
parede e gemeu. Ele enfiou as mãos em seu cabelo duramente e fez o
seu melhor para não a puxar na direção dele. Ele já estava deslizando
para baixo a parte de trás de sua garganta.
Merda. Ele estava gozando.
— Harper, você precisa... Eu vou... — Ele tentou afasta-la, mas ela
alcançou suas coxas, agarrando sua bunda e puxando-o para ela. —
Harper. Fooddaaa. — Suas bolas apertadas chegaram lá no fundo de
sua garganta. Ele bateu a cabeça contra a parede enquanto seus
olhos reviravam.
Ele ainda estava tentando reunir algum pensamento compreensivo
quando Harper levantou-se na frente dele, usando o polegar para
limpar o canto da boca.
— Jesus querida. Você é uma surpresa constante para mim.
Venha aqui. — Estendendo os braços, ele os envolveu em torno de
seus ombros, puxando-a firmemente enquanto sua respiração
continuava rápida e furiosa.
Metallica estava encerrando a balada. Timing perfeito. Ele nunca
mais seria capaz de ouvir essa canção sem pensar em Harper
ajoelhada, sugando-o.
Beijando o topo de sua cabeça, ele esfregou as mãos nos braços
dela e percebeu que ela estava praticamente nua e ele ainda não
tinha enfaixado suas costas.
— É melhor não cuidar de você aqui, querida. Você precisará de
algum curativo nas suas costas. Então, eu poderei te levar para casa
e vou lhe mostrar o quanto eu gostei disso.
— Foi... você sabe... bom?
— Querida, foi muito melhor do que bom.
— É só que... bem, eu estou começando a fazer isso. E eu posso
não ser, você sabe, o que ele me falou que eu era. E eu gostaria de
tentar coisas novas. Com você... é claro. Eu não quero que você me
trate como se eu fosse sempre quebrar. Eu quero saber o que você
gosta. E como você gosta.
Trent sorriu.
— Você está tentando me seduzir com conversa suja, Harper
Connelly? Porque eu gosto.
O rubor suave de cores que se aproximou do rosto era uma das
coisas mais bonitas sobre ela.
— Você sabe o que quero dizer. — Disse ela, atingindo-o no braço.
— Ow. — Ele fingiu recuar e riu quando ela fez uma careta para
ele. Era tão fácil perturba-la. — Eu sei o que você quer dizer. Mas, às
vezes, é mais quente do que o inferno ouvir a sua menina dizer. Para
colocar em palavras o que ela quer de você. O que ela pensa que você
pode fazer por ela. E eu sei que essa coisa de professora de escola do
interior e apropriada que você tem isso, mas também há uma garota
quente com uma boca suja.
Ele tocou os lábios nos dela uma última vez, segurando as três
palavras que ele queria colocar para fora.
DEZESSEIS
— Ow, ow, ow.
Trent riu, ao ver se contorcer um corpo nu debaixo dele.
— Você conhece as regras até agora. Você tem que lubrificar-
se três vezes por dia.
Era uma noite longa e dolorosa para ela. Ele odiava meninas que
não podiam sentir um pouco de dor, mas vendo seus olhos
lacrimejarem com lágrimas cada vez que ela rolava de costas, estava
perto de quebrar seu coração, droga.
Como ela não tinha dormido até as primeiras horas, ele não teve
coragem de acordá-la cedo. Nenhum dos dois tinha que estar no
trabalho até o meio-dia, de modo que ficaram na cama até as nove.
Parecia cruel forçá-la a entrar no chuveiro e se lavar com o sabão
antibacteriano, mas Trent viu as consequências de tatuagens que não
haviam sido limpas adequadamente.
Quando ele tirou o creme, Harper fugiu dele, embora ela pensasse
que ele iria vestir apenas um pequeno par de shorts cinza que ele não
tinha ideia onde estava.
Fixando-a em cima da cama, sentar em toda a sua bunda era a
única solução.
— Eu juro querida, isso vai fazer você se sentir melhor. Sabe disso.
Isso é o que, a sua terceira vez?
— O que não torna melhor que a primeira. É quase horrível,
porque eu sei o que está por vir.
Ele apertou um pouco de creme nas pontas dos dedos e esfregou-o
suavemente.
— Você sabe. — Disse ele, inclinando-se sobre ela, seus braços
tendo o peso para mantê-lo fora de suas costas até que ele pudesse
sussurrar em seu ouvido. — Falando em vir37, eu provavelmente
poderia ter feito você gozar ontem à noite.
Quando ele finalmente chegou a sua casa depois de saírem do
estúdio, ele encorajou-a a estar no topo. Se ela queria mais dele, ele
estava disposto, pronto e capaz.
— Eu te odeio agora. — Ela resmungou, mas sua bunda levantou e
esfregou contra ele em desacordo.
— Mmm. — Ele gemeu. — Eu realmente gosto do quanto que você
me odeia.
Ele sentiu sua risada enquanto seu peito vibrava sob suas mãos.
— Mostre-me o quanto você gosta que eu odeie você. — A voz de
Harper era como embrulho de seda em torno dele.
Deslizando a calcinha para baixo sobre sua bunda, ele colocou um
rastro de beijos suaves ao longo da pele sem os adornos brancos. Ela
estava começando a ficar com um pouco de cor em outro lugar agora
que ela abandonou o UVB 100. Estaria surpreendente quando tudo
terminasse.
— Trent Vincent Andrews! — Veio uma voz de dentro do
condomínio.
— O que foi isso? — Harper saltou. Trent fez uma careta. A manhã
estava preste a ficar muito divertida.
— Você está em casa, querido?
Os olhos de Harper passaram longe.
— Vincent?
Trent pulou da cama e jogou o edredom sobre Harper.
— Minha mãe aparece, você está nua, eu tenho uma furiosa ereção
e ainda assim você se concentra no meu nome do meio?

37
Vir também quer dizer gozar, em inglês.
— Eu não o vejo você como um Vincent. — Disse ela, rindo para o
edredom enquanto ele puxava suas calças de brim da noite passada
antes de passar a mão pelo cabelo.
— Você tem cinco minutos. Pegue uma camiseta limpa na gaveta,
se você precisar de uma. — Ele puxou uma para si mesmo e colou-a
sobre sua cabeça.
— Shorts na parte inferior.
— O quê? Não... tira ela daqui... eu não encontrar com ela assim.
— Ela assobiou quando o som de passos foi em direção ao quarto. —
Vá levá-la para fora.
— Cinco minutos. — Ele murmurou para ela com uma piscadela
antes de sair pela porta.

***

Harper amaldiçoou quando ela bateu a cabeça no travesseiro.


Reunião com os pais não fazia parte do plano de jogo.
Pulando da cama, ela correu para o banheiro e passou uma escova
no cabelo ainda úmido. Ela vasculhou sua bolsa por um elástico de
cabelo e rapidamente colocou seu cabelo em um coque bagunçado.
Felizmente, ela carregava uma pequena bolsa de maquiagem,
embora geralmente pouco usasse. Ela enrolou seus cílios
rapidamente e, em seguida, um revestimento rápido de rímel.
Empurrando a varinha do brilho labial dentro e fora do tubo para
revesti-la, ela tomou uma boa olhada em si mesma. Sim, ela parecia
que tinha acabado de ter sexo. E que ela tinha ido no chuveiro.
Ela tinha pendurado o vestido em uma cadeira na noite passada.
Com um movimento rápido, ela se vestiu como se estivesse fugindo.
Incapaz de suportar a ideia de amarrar as cordas do biquíni em toda
a sua volta, ela confiou no pequeno suporte de apoio em seu lugar.
Com menos de um minuto no relógio, ela rapidamente colocou
seus brincos e prendeu seu colar antes de dá uma última olhada no
espelho alto que pendia pela cômoda.
A luz branca em seu telefone lhe chamou a atenção. Podia esperar,
não poderia? Harper olhou para a cozinha, onde ela podia ouvir Trent
e sua mãe rindo.
Ela bateu a tela do telefone com o dedo.
Um número fora-do-estado, mas um diferente do que das
mensagens anteriores.

Pai humilhação bochecha malfeitor. Eu vou estar vendo você em


breve.

Harper pegou a cômoda para firmar-se, seu coração estava


acelerado e suas mãos úmidas.
Ela enviou o texto para Lydia e olhou para a porta. Tomando um
último suspiro profundo para acalmar os nervos, ela abriu.
A mãe de Trent estava sentada em um dos pequenos bancos de
almoço conversando com seu filho, que estava colocando um filtro na
cafeteira. Harper nunca teria imaginado que ela era velha o suficiente
para ter um filho da idade de Trent. Ela era tão pequena como ele era
enorme. Perfeitamente juntos, ela usava jeans embutidos e uma
jaqueta branca lindamente cortados. Ela e seu filho de cabelos
escuros, pesadamente tatuado nem sequer se pareciam. Todos os
genes devem ter vindo de seu pai.
— Seu pai está apenas estacionando com Kit. Ela queria
surpreendê-lo, nós não conseguimos vê-lo no seu aniversário.
— Bem, eu definitivamente estou surpreso. Você não poderia ter
enviado uma mensagem uns trinta minutos antes de chegar? — Os
dois riram.
Ele se virou pegando alguns copos do armário e viu Harper em pé
no corredor. Malditas covinhas. Será que ele tem que fazê-la derreter
toda vez que a ver?
Ele inclinou a cabeça para os alto-falantes.
— Tito e Tarantula. 'After Dark.' Tambores baseados em Blues,
mas às vezes quase guitarra metal. Robert Rodriguez é um grande fã.
Ele caminhou ao redor do balcão e estendeu a mão para ela antes
de puxá-la para ele.
— Mãe, esta é a minha menina, Harper. Harper, esta é a minha
mãe, Diana Andrews.
Diana sorriu para os dois antes de ficar de pé e envolver Harper
em um abraço apertado. Harper encolheu com uma mistura de dor da
tatuagem e da dor ainda presente pelo medo que somente Trent
conseguiu derrotar. Só espero que Diana não leve como pessoal.
— Bem, se não é mais bonita do que na foto? É tão bom te
conhecer, Harper. Eu devo pedir desculpas por minha muito pobre
etiqueta. Se eu soubesse que Trent tinha companhia, eu teria batido,
mas Kit me deu a chave e eu estava tão animada para ver o meu filho.
— Seus olhos azuis brilhavam de excitação, enquanto ela continuava.
— Vamos sentar enquanto Trent nos faz dois cafés e você pode me
falar um pouco sobre você. — Diana deu um tapinha no banco ao
lado dela.
Com um rápido beijo na testa dela, Trent foi continuar a fazer as
suas bebidas.
Por onde começar? Oh sim, eu sou praticamente um
haphephobica38 e estou no caminho de um psicótico que tentou me
matar. Grande primeira impressão.
— Eu tenho vinte e oito, quase vinte e nove. Meu aniversário é
neste mês. — Ela olhou para Trent, que levantou uma sobrancelha
para ela. Ela não tinha dito a ele. Opa. — Eu trabalho no José’s, que
é um pequeno café, com minha melhor amiga, Drea. Não há muito a
dizer.
— De onde você veio? Isso não soa como um sotaque da Florida. —
Harper entrou em pânico, tentando pensar em uma mentira plausível.
Por que ela não conseguia se lembrar de nenhuma de suas respostas
às perguntas pessoais? Mentir costumava ser muito mais fácil.
A campainha do condomínio a interrompeu e Diana saltou de pé.
— Oh, eles estão aqui. Espere até que vejam vocês dois. Vão ficar
de boca aberta.
38
Haphephobia: Medo de ser tocado.
Trent se inclinou sobre o balcão e pegou a mão dela, puxando-a
para perto.
— Diga o que quer que você precise dizer para se sentir segura,
querida. — Ele sussurrou. — Nós podemos desfazer tudo isso mais
tarde se precisarmos.

***

— A propósito, eu preciso te dizer Harp que eu vou ficar fora por


alguns dias. Eu tenho que ir para Los Angeles na próxima semana a
negócios. — Após lutar a semana inteira se dizia ou não a verdade
para Harper do por que ele iria, ele decidiu não contar a ela.
Reconhecendo embora, que dizer-lhe em um restaurante na frente da
sua família não poderia ser a melhor ideia que ele já teve.
O flash rápido de decepção que atravessou seu rosto não fez nada
para aliviar a sua culpa.
— Eu sempre quis ir para lá. — Disse Harper suavemente. — Eu
iria para o Getty Center na parte da manhã, Pier Santa Monica, à
tarde, e, em seguida, Mann’s Chinese Theatre à noite. — Ela soltou
uma risada suave que o aqueceu. — Mesmo não sabendo se esses
lugares ficam próximos um do outro. O que você vai fazer lá?
— Você vai ver Shane? — A queda de Kit sobre o cara não era
segredo, mas felizmente unilateral, uma vez que ele era mais de uma
década mais velho que ela. A verdade era que, mesmo se ele tivesse a
mesma idade que ela, Shane era um otário quando se tratava de
mulheres com curvas, grandes curvas reais e o bom estado de Kit,
com o corpo atlético a colocaria fora da disputa.
— Sim, estou indo para verificar a sua nova loja de tatuagem,
pegar uma de suas motos até a costa e ir para a expo anual de
tatuagens com ele e Juliette. — Ele respondeu, rindo da careta de Kit.
Seu piercing no nariz brilhou quando ela franziu o rosto em resposta
ao nome da esposa de Shane.
Será que ele ficaria em algum lugar de LA que Harper gostaria de
visitar? Apenas para fazê-lo se sentir pior por mentir para ela. Graças
a Deus, literalmente, que não havia um círculo no inferno por pecado
de omissão. Se houver, certamente, ele irá lá quando o grandalhão
chamar. Assumindo que não era um cara grande. Algo que Trent não
estava absolutamente certo.
Uma parte dele queria compartilhar a notícia sobre o programa de
TV com ela. Era bom ter alguém para compartilhar seu entusiasmo.
Mas como será a reação dela se ele não conseguir? Ele poderia viver
com ela decepcionada?
Ele observou Harper tocar em seu camarão al ajillo, o molho
cremoso de alho provavelmente temperado com perfeição, enquanto
escutava educadamente a sua mãe falar sobre a mais recente venda
de JCPenney. Harper olhou para ele e sorriu.
— Obrigado por escolher este lugar, mamãe. Faz um tempo desde
que eu vim aqui. — Conhecendo-o bem, seus pais o tinham levado
para o seu restaurante cubano favorito, Versailles, em Little Havana,
o centro orgulhoso da comunidade cubana. Uma vez que você podia
passar pelas paredes espelhadas e ornamentadas fileiras de grandes
candelabros, que era um lugar muito legal. Apenas os políticos
ambiciosos haviam bebido o rico café e beijado seus bebês aqui.
Bush, Thompson, Cain, todos eles bebiam seus cafés para uma foto
perfeita. Se você quisesse um voto cubano, você começava a
campanha em Versalhes.
— Hey. — Harper exclamou quando ele espetou um dos seus
camarões com o garfo, sorrindo para ela quando ele colocou em sua
boca.
— Você pode ter alguns dos meus. — Ele murmurou sobre o
saboroso camarão. Ele carregou o garfo com a ropa vieja e a carne
desfiada ameaçou a cair. — Abra.
— Mmm. Isto é tão bom. Nós vamos ter que voltar aqui para que
eu possa experimentar de tudo.
Sim, ele queria trazê-la de volta para cá. Leva-la a alguns dos
melhores restaurantes da região. E viajar com ela. Ela não tinha tido
férias em quase cinco anos, ainda não tinha se arriscado fora de
Miami desde que se mudou para cá e era hora de alguém corrigir isso.
O show, se ele trabalhasse para fora, certamente iria ajudá-lo a ser o
único a fazê-lo. Seu estilo de vida mudaria exponencialmente se
acontecesse. Mas ele não estava lhe dando esperanças só para depois
desapontá-la. Esse caminho era doloroso.
Harper se inclinou e sussurrou em seu ouvido.
— O que você tem que está parecendo tão sério? — O calor de sua
respiração e seus lábios no pescoço parecia muito melhor do que ela
provavelmente pretendia.
Ele virou-se e beijou-a suavemente atrás da orelha.
— Há uma lua cheia hoje à noite e eu estou querendo saber se eu
posso fazer amor com você na varanda.
Sentiu um salto quando ela corou e riu dele. Mentir não era
naturalmente o negócio dele e se sentiu particularmente inquietante
por estar mentindo para Harper.
Havia uma possibilidade muito real de ele não começar o show,
uma vez que os produtores percebessem que ele não tinha experiência
nenhuma perto do que eles estavam procurando. E o mundo não
precisava saber que ele falhou, se ele não falasse nada. Ele tinha
experiência em primeira mão como era ver o olhar de decepção no
rosto de alguém que ele amava e ele não estava pronto para vê-lo
novamente.
— Alguma chance de Drea poder cobrir algumas de suas
mudanças antes de eu ir para que pudéssemos passar mais tempo
juntos?
Ele olhou para ela mandando mensagem para sua amiga, fazendo
o melhor para ignorar o sussurro lhe dizendo que mentir para ela era
realmente uma má ideia.

***

— Lembre-se, colocar a parte do corpo mais forte que você tem


disponível para a parte mais fraca dele que você pode encontrar.
Vamos novamente. — Harper memorizou cada palavra.
Trent disse que Frankie era um lutador incrível, tinha lhe
mostrado alguns dos combates de Frankie on-line, mas aprender com
ele valia a pena a dor.
Harper encolheu quando Frankie agarrou seu braço direito
ligeiramente acima do seu pulso. Girou o braço na altura do cotovelo
no sentido horário, forçando a mão dele quebrar seu alcance.
Erguendo a mão esquerda, ela apontou para seus olhos com os
dedos.
— Ótimo Harper. Isso foi muito bom. — Harper respirou fundo. A
quantidade de contato com o corpo que ela estava experimentando
dava-lhe solavancos, mas não muito digno de pânico. Frankie passou
para Harper sua garrafa de água e ela, agradecida derrubou alguns
grandes goles. Ela estava suando em lugares que ela não sabia que
era capaz de transpirar. — Pronta para ir de novo? — Eles já estavam
treinando por cerca de 45 minutos e era tão difícil como qualquer
outro treino que Harper já tinha feito.
— Claro, treinador. — Ela gemeu.
— Você quer tentar uma abordagem por trás para terminar a
sessão? — Frankie examinava seu rosto, observando a reação dela.
— Na verdade não, mas eu tenho que passar por isso, certo?
— Você precisa lembrar que vale a pena se defender. Você tem que
ter coragem no momento do ataque e tomar medidas. Você pode não
gostar dessas ações. Ferir alguém não é natural para a maioria de
nós. Mas, nesse momento, você precisa se lembrar de que você tem
um direito dado por Deus para se defender e fazê-lo com firmeza.
— Quando você o coloca assim. — Harper deu-lhe um sorriso
fraco. — Vamos tentar.
— Para começar, eu vou deixar você saber quando meus braços
estão chegando. Você apenas tem que se afastar. Vamos guardar a
garra surpresa para a próxima semana.
Fortes braços musculosos vieram ao redor de seus ombros e
cruzaram sobre o seu peito, as palmas das mãos seguravam firme
seus pulsos opostos. A pressão sanguínea de Harper estava cravada,
seu coração batia rápido. Eles não são os braços dele, eles não são
seus braços, ela repetia para si mesma mais e mais.
Seus pés estavam livres e suas mãos poderiam fazer algo na parte
inferior de seu corpo. Pense, Harper, pense.
— Vamos, Harper. Se isso fosse real, você estaria correndo contra
o tempo. — A sensação da respiração de Frankie em seu pescoço a fez
estremecer. Ela se inclinou para a frente rapidamente, levando-o com
ela e beliscou o interior de ambas as coxas antes de levantar o pé e
bater com força em seu arco. Frankie lançou-se imediatamente
xingando e segurando o pé.
— Puta merda, Frankie. Eu sinto muito. Você está bem?
— Você está brincando comigo? Esse foi o melhor que eu vi de você
a noite toda. Isso é o que você precisa para sair de uma situação
perigosa, mas vamos trabalhar nele vindo de um lugar de controle em
vez de um lugar de pânico, ok?
Os chuveiros no ginásio do Frankie eram utilitaristas, mas a água
escorria quente por muito mais tempo do que o minúsculo tanque em
seu apartamento, então Harper aproveitou antes de ir para casa.
Com a toalha enrolada firmemente em torno dela, Harper foi até os
armários e pegou seu telefone. Ela se sentou em um banco que havia
sido empurrado contra a parede.

Não posso comer isso sem pensar de você!

Trent tinha agarrado um éclair com uma mordida. Harper riu.

Saudades de você também!

Ela fechou a mensagem e viu o anagrama sem solução. Pai


humilhação bochecha malfeitor. Não poderia ser normal seu coração
começar a bater tão rápido. O pânico que ela tinha lutado em sua
apresentação anterior inundou ela.
Por alguma razão, este anagrama parecia o mais difícil de resolver
do que os outros. Harper tinha tentado várias vezes ao dia resolvê-lo,
mas parecia estar chegando a lugar nenhum.
Havia apenas onze vogais de modo que não poderia ser mais do
que cinco ou seis palavras. A menos que alguém tivesse usado
cavanhaque para jogar fora as médias. Não havia P ou Y assim que
nem Taylor nem Harper estavam presentes.
O que não era um alívio. Fechando os olhos, ela se inclinou para
trás contra os azulejos brancos clínicos do banheiro de vapor. Não eu,
por isso não é, em ou ele. Letras que faltam eram tão grandes como
uma pista de letras incluídas.
Se ela pudesse provar que a mensagem era claramente de Nathan
pelas escolhas das palavras. Ou encontrar algum tipo de prova
irrefutável de que ela não estava imaginando coisas. Trent acreditaria
nela, de que Harper estava certa, mas ninguém mais o faria.
Isso ainda não era uma razão boa o suficiente para arrastá-lo para
sua bagunça. Ela abriu os olhos e enfiou a mão na bolsa, retirando
seu bloco de notas de garçonete. Cuidadosamente, ela transpôs as
letras em um único alphagram, uma longa lista de letras do alfabeto.
Hmm... a letra “E” apareceu seis vezes, o que significa que
provavelmente estaria em cada palavra, talvez duas vezes. E é
aumentada a probabilidade de que o artigo utilizado foi o “O”.
Ela golpeou pelas três letras “T, H e E”. Cada letra aparecia duas
vezes. Coração... o coração. Lar é onde o coração está sem o F nele.
Um coração apaixonado é a sabedoria a mais verdadeira... obrigada
Charles Dickens... novamente com o F.
Harper apertou a toalha em torno de seu peito e olhou para o teto.
Citações do coração.
A realização aterrorizante tomou conta dela. Ela sentou-se de
repente, atravessando cartas fora da lista furiosamente até que
nenhuma sobrou.

Ausência faz o coração crescer mais afeiçoado. Eu vou estar vendo


você em breve.
Merda.
DEZESSETE
A vista sobre Tinseltown era tão intimidante como
inspiradora. O escritório de Michael era em um andar
superior de um Golias de vidro e cromo de um edifício.
Todo branco com sofás de couro e travesseiros elétrico-azul,
como um mau episódio da MTV Cribs jogado lá de cima. Não é
realmente sua xícara de chá. Por um segundo, ele pensou em
entregar a Michael um dos cartões de Kit.
Pareciam horas desde que as letras gigantes L A X desapareceram
do seu espelho retrovisor, mas na realidade foram alguns dias. Era
ótimo visitar Shane. Eles pedalaram o El Camino Real até Los Padres
National Forest e passaram a tarde caminhando nos canyons. A feira
de tatuagem que eles assistiram lhe dera algumas grandes ideias,
embora não pudesse ver a si mesmo entrando em todos os holofotes
oculares de tatuagem em breve.
Hoje, ele se arrastou ao longo da 405 a Century City, completou
um par de entrevistas com alguns figurões e se preparava para os
testes de tela no dia seguinte. Exausto, ele não podia esperar para
chegar ao hotel após a última tarefa do dia, o que era mais
emocionante.
Michael abriu a porta de vidro e caminhou sem falar com o
vocalista do Preload. Era uma das bandas favoritas de Trent e ele
esperava não ter um daqueles momentos de fã com a língua presa.
— Trent, deixe-me apresentar-lhe Dred. Dred, este é Trent
Andrews, o artista cujo trabalho todos nós gostamos. — Trent
levantou-se para apertar sua mão.
— Prazer em conhecê-lo, cara. Eu sou um grande fã. Pensei que o
último álbum estava fraco, mas Screwed ainda é o meu favorito. —
Que bom que você gostou. Foi um pouco diferente para nós. Grande
fã de seu trabalho também. Amei o que eu tenho visto até agora. O
dragão que você fez foi uma loucura.
Dred ficou olho no olho com Trent. Vestido de verde escuro, calças
cargo rasgado com botas de merda e uma jaqueta de couro, ele
exalava uma aura "Não brinque comigo". Trent estava admirado com
o homem.
— Eu vejo que você tem um conjunto muito mortal de tatuagens
você mesmo. — Dred acenou com o queixo para os braços de Trent e
Trent colocou-os na frente dele, deixando Dred estudar o trabalho
duro de Junior.
— Sim obrigado. Fiz com a pessoa na qual eu fui aprendiz.
Lendário artista de tatuagem fora de Miami.
— Eu estou pensando em começar minhas metades mais cheias,
talvez as minhas mãos. — Dred se levantou novamente e tirou sua
jaqueta de couro. — O que você acha?
Depois de uma hora de conversa sobre música e tatuagens, ficou
claro que, mesmo se ele não participasse do show, ele tinha feito um
bom amigo em Dred.
Mesmo senso de humor e gosto na música, tatuagens e carros.
Quando Dred pediu-lhe para ir beber com os rapazes naquela noite,
foi um acéfalo.
— Escute, eu tenho que ir cuidar de alguns papéis da minha
própria merda, mas por que eu não passo pelo hotel e te busco por
volta das oito?
Era quase seis horas quando Trent parou para o luxuoso hotel
L'Ermitage. Ele parou pelos altos pilares da passarela coberta. Um
manobrista uniformizado veio correndo para fora do hotel e levou as
chaves antes de tirar seu casaco para fora. Parecia um pouco
estranho ter alguém com metade do seu tamanho carregando sua
bagagem, como se ele de alguma forma não fosse capaz de consegui-
lo por si mesmo. Ele se inclinou para o cara e foi para o check-in,
tentando não ficar de boca aberta com o que era provavelmente o
melhor hotel que já tinha ficado.
A grande sala de plano aberta era iluminada e arejada. Uma cama
de baixo de um pedestal de madeira dominava a área do quarto,
empilhados com almofadas, mais do que qualquer cara usaria para
ser sincero. Ele abriu as portas de correr e olhou em seus arredores,
jardins podados dentro de uma polegada de sua vida. Ele voltou para
o quarto e se sentou em um dos dois grandes sofás que ladeavam
uma mesa de vidro. Um presente embrulhado e um envelope estava
sobre ela.

Trent, Ainda bem que você pôde sair e nos ver. Acho que este é o
começo de uma viagem fantástica. Michael.

Uma garrafa de conhaque Louis Royer. Não sua bebida habitual de


escolha. Cerveja ou uísque era mais sua coisa, mas ele apreciou o
sentimento.
Pendurando suas roupas no armário, ele se perguntou o que
Harper iria fazer em seu quarto, que era duas vezes o tamanho do seu
apartamento.
Harper. Ele estava começando a se arrepender de ter sido
desonesto com ela. Mesmo que ele pudesse ver o duplo padrão em
pressiona-la para ser honesto com ele para em seguida manter isso
escondido dela. Se ele tivesse dito a ela, ela estaria aqui com ele agora
e ele poderia devastar essa desculpa má para uma cama. Não era
como se sua agenda estivesse lotada também. A reunião foi apenas
um dia e meio de viagem. O resto foi todos os R & R, amigos, cervejas
e um passeio de moto até a costa. Muito tarde, ele percebeu o quanto
tudo seria melhor se ela estivesse com ele.
Ele saiu da suíte em busca do jantar. Passando uma boutique,
lembrou-se que ele ainda devia a ela um biquíni de bolinhas. Talvez
ele pode compra-lo enquanto ainda estivesse aqui em LA. Sim. Ele
adorava a ideia dela em um biquíni minúsculo, em uma
espreguiçadeira ampla onde ele poderia passar por cima dela
enquanto ela estava quente e oleosa.
Ele estendeu a mão para ajustar-se. Definitivamente um erro não
a trazer com ele.
Talvez eles tivessem algo para comemorar quando ele voltasse, no
entanto. Se este teste de tela funcionasse bem, ele estaria fazendo
uma boa grana. Fazer uma viagem com ela seria fantástico. Eles
poderiam ir de última hora para o México ou em algum lugar do
Caribe. Sua próxima sessão era susceptível de ser a última e depois
de um par de semanas suas costas estaria totalmente curada. Eles
poderiam se dar ao luxo de ter uma incrível viagem em um nível de
conforto não muito ao seu alcance atual.
Porra, talvez ele pudesse até mesmo falar com ela sobre se
mudarem. Estava ficando velho demais para ficar carregando um
saco de roupa limpa na parte de trás de seu carro no caso dele ter a
oportunidade de ficar a noite. Sim, ele iria rápido demais, mas assim
era ele. Ele sabia que ainda tinha a última sessão de tatuagem, mas
vê-la com seus pais e irmã tinha confirmado isso.
Ele só esperava que Harper estivesse indo para o mesmo lugar.

***

Segundo Círculo? O quinto é para você.

O círculo do Inferno para a raiva. Será que Nathan sabe sobre o


estúdio de tatuagem? Ele queria deixá-la saber o quanto ele estava
furioso? Como na terra que ele sabia? Fora o grupo de amigos do
Trent, a única que sabia sobre seu relacionamento era Lydia e ela
confiava em sua advogada como sua vida.
Harper olhou para o anagrama que ela tinha, Infracções
estultificar escolha horrível? e jogou seu telefone de volta em sua
bolsa.
Quatro mensagens no total. Estava realmente assustada agora.
Definitivamente não era uma coincidência. Era Nathan, mas como ela
poderia convencer alguém? A primeira mensagem que ela tentou
convencer a si mesma era um número errado. A segunda deixou ela
nervosa. A terceira tinha demorado um pouco mais para descobrir:
Pai malfeitor bochecha humilhação, Ausência faz o coração crescer
mais afeiçoado. Mas quatro? Quais eram as suas opções? No caso
improvável de não ser Nathan, a investigação ainda iria começar com
ele e ela não podia arriscar que o Departamento de Polícia de Chicago
soubesse seu paradeiro. Se fosse ele, ela estava ferrada. Os policiais
de Miami podiam ajudar, mas a primeira chamada que eles fariam
seria para Chicago e ela só podia imaginar sua resposta. Na melhor
das hipóteses, eles fariam de chacota, desacreditá-la e girar a história
como fizeram no seu julgamento. Na pior das hipóteses, eles
convenceriam a polícia de Miami para compartilhar sua localização.
Como é que a cooperação policial entre os Estados funciona de
qualquer maneira? Será que eles serão capazes de fazer isso, ou será
que a polícia tem regras de confidencialidade sobre o
compartilhamento de informações com outras forças? Lydia
provavelmente saberia.
E se Nathan fosse atrás de Trent? Ou o estúdio? Quem saberia o
que quatro anos na prisão tinha feito ao seu código moral? Será que
ele só viria atrás dela, ou ele realmente ia ferir Trent?
Quando ela abriu a porta da sala, o telefone tocou. Ela ignorou a
regra de não atender telefones no trabalho. Podia ser Trent.
— Taylor! — Exclamou Lydia. — Eu estou tão contente de falar
com você.
Harper tentou não parecer muito desapontada.
— Hey, Lydia. Eu estava pensando em você também. Eu não posso
atender ligações pessoais no meu turno aqui.
— Ah, sim. O café. Eu odeio ter que dizer isso Taylor, mas a
liberdade condicional de Nathan foi aprovada esta manhã.
O sangue subiu à cabeça, deixando suas extremidades geladas.
Harper colocou a cabeça entre os joelhos. Este dia iria chegar; ela
apenas não esperava que fosse tão rápido. Ela inspirou, lento e
profundamente, um pouco surpresa com a rapidez que foi capaz de
obter o controle de volta. Dois meses atrás e a notícia teria provocado
um ataque de pânico.
— Taylor, você está bem? — Harper inalou profundamente.
— Notavelmente melhor do que eu pensei que estaria. Então, o que
acontece agora? — Ela olhou para a mão dela; os dedos ainda
estavam bem. Progresso.
— Bem, eles precisam processar a papelada, providenciar a
liberação e atribuir um oficial de condicional. Você recebeu mais
mensagens?
— Sim, eu tenho quatro agora. Quanto tempo?
— Ele vai sair na próxima semana, talvez até no mesmo dia.
Taylor, eu ainda acho que você deveria ir à polícia.
— Porque isso funcionou tão bem para mim na primeira vez,
certo? — Harper não podia se impedir quando sentimentos de raiva e
frustração começaram a borbulhar de novo. — E pensar que, se eles
tivessem feito o trabalho deles, eu estaria com a minha família, ainda
ensinando. Eu teria me sentido segura com Nathan na prisão. —
Harper fez uma pausa por um minuto quando a realidade bateu nela.
— Eu vou me sentir com mais medo se a polícia realmente souber
sobre isso. O que vai acontecer se a polícia de Miami chamar a de
Chicago para saber mais sobre Nathan e dizerem a Chicago onde eu
estou?
— Não se você dizer que tem uma liminar final, uma ordem de
restrição, que não tem data de expiração do mesmo. Nathan ou você
teriam que se apresentar e terem isso alterado. Eles tomam cuidado.
Mas não era uma garantia. A única maneira de ficar longe dele por
um bom tempo seria correr e não contar a ninguém neste momento
para onde iria, nem mesmo Lydia.
Mas já não era tão simples.

***
O chão estava se movendo. Ok, talvez fosse o teto. Trent caiu de
cara na cama. Ele olhou para o relógio na mesa de cabeceira; as luzes
intermitentes verdes começavam com três era tudo que ele precisava
saber. Puta merda, aqueles caras sabem beber.
Eles tinham ido a um high-end bar serviço de garrafa e passaram
a noite na seção VIP. Vodka e tequila fluíam como a água. Ele era um
cara mais de cerveja, mas tinha mantido a sua própria. Embora agora
fosse uma questão diferente, com a cabeça e o estômago ameaçando
fazer uma rebelião.
Indo até o banheiro para se lavar, ele deu uma boa olhada no
espelho. Cristo, ele olhou áspero. Talvez um banho rápido enquanto
aguardava alguns dos comprimidos fazerem efeito seria uma coisa
boa.
Estar sob o spray era legal, ele olhou para a pequena laje e
imaginou Harper com as mãos sobre ela enquanto se inclinou para
ele. Apesar da frieza do chuveiro, seu pau saltou para a vida e
precisava de algum alívio.
Um par de golpes e ele simplesmente não iria cortá-la.
Pegando uma toalha, ele tentou chegar em seu telefone, ele
movimentou duas vezes antes de fechar um olho e realmente
conseguir segurar sua bola.
O telefone tocou várias vezes indo para correio de voz. Trent tentou
novamente. Segunda vez e o charme.
— Olá? — Harper murmurou baixinho.
— Hey querida. Onde você está? — Ele acabou a calúnia ou o que?
Ele ouviu-a rir baixinho.
— Miami.
— Ha ha. Você é engraçada. Eu já te disse isso? Não, realmente,
onde você está?
— Na cama. — Disse ela com um suspiro e ele jurou que podia
ouvi-la organizando seu travesseiro e arrumando o edredom. Ele
podia vê-la, ali deitada nua, como sua primeira noite juntos.
Bochechas coradas tudo de sua vida amorosa, seu cabelo espalhado
ao redor dela, tão confusa, mas tão inegavelmente quente.
— Porra. Você está nua? — Ele fechou os olhos para as paredes
pararem de se mover.
— Não exatamente baby. Eu roubei sua camiseta.
O pensamento dela em apenas sua camisa o fez gemer.
— Desejaria que estivesse aí agora para vê-la vestida nela. — Ele
começou a se derramar lentamente. Longo, movimentos firmes para
cima e para baixo para o som de sua voz.
— Você bebeu por acaso, Trent Andrews? — Sua risada
assegurou-lhe que ela não era louca.
Merda. Ela era perfeita para ele.
— Estava pensando, você quer fazer sexo por telefone comigo?
— Sério? Eu não tenho certeza se...
Trent já estava pronto para a incerteza e a cortou rapidamente.
— Sim, Harper. Tenho certeza. Estou tão duro só de pensar em
você todos os dias... por favor, vamos amor?
— Talvez. Vai depender do que você quer que eu faça.
— Eu quero tirar a camiseta que você está vestindo. Levantá-la da
sua cintura querida. — Ele podia ouvi-la a arrastando ao redor. —
Agora, eu quero que você lambe dois de seus dedos.
Houve uma longa pausa, seguido pelo som dela fazendo o que ele
pediu. — Ok... O que você quer que eu faça agora?
— Eu quero que você os deslize para baixo e circule o seu clitóris
para mim, querida. — O gemido que ele deu foi alto e ele esfregou o
polegar sobre sua ponta, precisando da lubrificação.
— É uma sensação... boa, uhm, Trent? Você está... você está se
acariciando?
Ele deixou escapar um suspiro quando puxou um pouco mais
difícil todo o caminho até suas bolas e voltar antes de puxar por cima
de sua coroa.
— Ah, sim, querida. Eu estou fodendo para você. Deslize um de
seus dedos dentro de você e me fale como está.
Nossa, era como se ele nunca tivesse tido relações sexuais antes.
Ele ia despejar toda a sua carga no algodão egípcio de oitocentos
dólares em questão de minutos.
Seu suspiro o fez se mover um pouco mais rápido.
— Deus Trent, eu estou tão molhada. Eu queria que você estivesse
aqui para... — Sua respiração estava vindo mais rápido. — Trent, eu
estou..
— Deslize os dois dedos em para mim, Harper. Imagine que sou eu
batendo dentro e fora de você. Eu estou gozando em breve e eu
preciso que você goze comigo. Esfregue o seu clitóris assim como eu
faria se estive aí, enquanto você brinca com você mesma e venha para
mim.
— Trent, eu... oh meu Deus...
— Eu estou gozando também, querida... ah... porra... — Ele
despejou jorros quentes sobre o peito e a cama enquanto ele a ouvia
choramingando leve.
Nenhum deles disse nada por um tempo. Trent usou a toalha para
limpar-se e depois deixou-a cair no chão ao lado da cama. Ele
desligou a luz na mesa de lado, mergulhando a sala na escuridão da
noite.
— Obrigado, querida — Ele sussurrou.
— Eu sinto falta de você, baby. — Sua voz sonolenta o fez sorrir. O
que ele não daria para ela está envolta de seus braços agora.
Agarrado por trás dela, sentindo sua bunda macia empurrar apertado
contra ele.
— Nem metade do que eu estou sentindo sua falta. Eu am... — O
bip em seu ouvido informou-lhe que o celular tinha morrido.
Provavelmente foi a melhor coisa. Ele queria ser capaz de lembrar a
primeira vez que falasse para Harper que a amava.
Era errado que uma pasta de arquivos expansíveis
pudesse trazer há uma pessoa tanta felicidade? Colocou
uma nova caneta gel vermelha para fora do bloco sobre a
mesa de café, porque vamos considerar, o professor não
precisa usar uma caneta vermelha. Harper pegou os
separadores da pasta e escreveu seus nomes: Joanie, Milo, Anton.
Depois de anexar as guias, ela inseriu os planos de aula
cuidadosamente elaborados e os objetivos de aprendizagem de seus
três estudantes em seus respectivos bolsos. Ela estava ensinando
novamente e era o sentimento mais glorioso do mundo. Ela olhou
para as restantes nove folhas na pasta e se perguntou o que ela teria
que fazer para preenchê-los todos.
Harper abriu seu laptop e viu que havia três mensagens. José
tinha enviado a programação para a semana que vem e acrescentou
os dias no seu calendário. A próxima era de Trent. Uma mensagem
curta, pensando em você e um link para um artigo de sua revista
favorita de tatuagem titulada "Razões porque amamos meninas
tatuadas." Ela sorriu enquanto lia. A última era da biblioteca de
MiamiDade que estava promovendo um Festival de Literatura Infantil
que parecia divertido. Ela fez uma nota da data.
Harper levantou a xícara de chá e encostou-se no sofá. As
maneiras em que sua vida estava mudando eram infinitas. Aulas de
autodefesa, ensinar, Apaixonar-se. Caramba, até mesmo sexo por
telefone. Ela tocou seu rosto com as costas da mão e fez uma careta
para o calor de seu embaraço.
Não ser capaz de ensinar era uma das piores partes da fuga, mas a
semente de uma ideia foi crescendo: Ela podia dá aulas particulares,
sem ter que revelar tudo sobre seu passado. Não era forte, mas
pensava em ter um homem em sua vida e um divertido grupo de
amigos se desenvolvendo.
Se não houvesse nenhum maníaco, enigmático, assediador ex na
foto, seria perfeito.
No final da tarde, ela não estava se sentindo tão perfeita quando
Frankie definiu a sessão.
— Vai se sentir um pouco desconfortável, eu sei. Mas eu não
estaria treinando-a corretamente se eu não a empurrar. — Harper
olhou para fora da janela do escritório de Frankie e viu dois caras se
aquecendo no ringue mais próximo do escritório. A ideia deles
tocando-a fez seu estômago embrulhar, mas Frankie estava certo. Ela
precisava se acostumar com as pessoas tocando-a.
— Ok, Frankie. — Disse ela, enquadrando os ombros. — Vamos
fazer isso.
Frankie saltou de sua cadeira, muito mais animado sobre a
próxima hora do que ela. Harper seguiu Frankie até a porta. Ele se
virou para olhar para ela. — Eu tenho as suas costas garota, não
importa o que aconteça. Você diz para e tudo para. Ok?
Harper mastigou o interior de seu lábio e assentiu.
— Jace. Leon. Quero que vocês conheçam Harper, uma amiga de
Trent. — Ambos os rapazes riram para ela.
— Fico feliz em ajudar, Harper. — Disse Leon e adiantou-se para
apertar a mão dela. Cada polegada de sua pele estava coberta por
tatuagens coloridas, até mesmo o pescoço e o lado raspado de seu
crânio.
— Também, Leon, pelo menos eu penso assim.
Jace riu quando ele pegou a mão dela em um aperto firme.
— Vá devagar com nós, Harper. Frankie falou que você tem
habilidades, menina. — Sua mão parecia minúscula na mão dele e ele
se elevava sobre ela. Harper tentou ignorar a percepção de que ele
poderia facilmente empurrá-la para baixo e mantê-la lá.
— Ok Harper. — Frankie interrompeu a direção que seus
pensamentos tinham tomado. — Vamos derrubar esses covardes.
Harper respirou fundo, o cheiro de suor e desinfetante queimava
seu nariz. Jace olhou para ela, saltando suavemente de pé para pé.
Ele iria na direção dela, que era o propósito do exercício, mas ele
sorriu para ela e Harper encontrou sua tentativa de colocá-la à
vontade encantador.
O controlo apertado de suas grandes mãos ao redor de seus bíceps
assustou-a, a mudança foi repentina e Harper não podia se mover,
ficou congelada no local.
Em algum lugar distante, Frankie gritava com ela e ela precisava
se concentrar no que ele estava dizendo.
Suave é a parte mais difícil. Harper focou no rosto de Jace e
concentrou-se em ignorar o contato físico entre eles. Usando o
calcanhar de sua mão, ela enfiou a mão sob o queixo duro.
Jace deu um passo rápido ou dois para trás.
— Cara, Harper. Frankie vai precisar me pagar, você é perigosa,
menina. Eu deveria ter usado o meu protetor de boca.
Uma risada escapou e o peso pressionando seu peito foi erguido
ligeiramente.
— Ok, brilhante. — Disse Leon saltando sobre as cordas do ringue
e empurrando Jace. — Sai fora do caminho e deixa que um homem de
verdade tenha uma chance.
Leon piscou para ela quando se abaixou e torceu em torno dela,
seus pés se moverão tão rapidamente e silenciosamente, era difícil
descobrir onde ele iria. Braços estavam em torno de seu meio, seu
peito duro batendo contra as costas dela antes que ela tivesse uma
chance de respirar.
Harper olhou para Frankie, que disse:
— Você consegue. — E ela conseguiu. Harper, impulsionada pela
confiança de Frankie e o tropeço de Jace, deu uma cotovelada rápida
nas costelas de Leon. Capaz de se libertar de seus braços, Harper
girou rapidamente com a perna estendida. A dor aguda ricocheteou
sua perna quando a canela atingiu a traseira de seus joelhos, mas
rapidamente desapareceu quando ela viu a forma prostrada de Leon
na esteira.
— Eu consegui, Frankie. — Disse ela, chocada.
Frankie estava rindo, em voz alta.
— Sim você conseguiu, boa garota. — Ele se virou olhando para
Leon que estava levantando-se da esteira. — Eu disse que ela era
espontânea.
— Oh meu Deus, desculpe. — Disse Harper, oferecendo a Leon
uma mão. O mínimo que podia fazer era ajudá-lo.
— Não se preocupe, durona. — Ele respondeu com uma careta.
Era perto de fechar a academia e estava tranquilo. Uma batida na
janela do escritório de Frankie o assustou quando ela passou por ele,
dirigindo-se para a porta da frente. Frankie acenou para ela entrar.
— Hey Harper, desculpe a segura-la antes de ir, mas eu queria
saber se eu poderia falar com você sobre Anton.
— Claro, Frankie, o que foi?
Frankie abriu a gaveta da mesa e tirou uma prova escrita à mão
com um B + em vermelho na parte superior.
— Melhor nota que ele já teve e ele me falou que foi por sua causa.
— Bem, isso é muito gentil da parte dele, mas ele fez todo o
trabalho duro. Eu só o ajudei a descobrir uma abordagem. — Ajudar
ele era o ponto alto de uma semana já agitada. Ela amou cada minuto
disso.
— Você está sendo humilde, senhora. O garoto foi estudante D
todo o semestre. Ele não ficou apenas bom por conta própria. —
Frankie se inclinou para trás em sua cadeira, girando-a ligeiramente
da esquerda para a direita.
— Às vezes as crianças só precisam descobrir como aprender. Em
uma grande sala de aula, é um pouco difícil para o professor
descobrir isso com cada criança. — Explicar algo para cada criança
de uma forma que ele ou ela entendesse era duro, mas
definitivamente a parte mais gratificante do trabalho.
Harper subiu os degraus de seu prédio sentindo-se feliz e dolorida.
Sentia-se mais forte e era uma sensação gratificante. Ela não podia
esperar para chamar Trent e dizer-lhe como ela tinha ido. Ela podia
sentir seu rosto ficando vermelho enquanto pensava sobre o seu
último telefonema.
— Harper Connelly?
— Sim? — Ela se virou e viu uma van de entrega de flores parada
no meio-fio, o motorista gritava pela janela.
— Espere. Eu tenho uma entrega para você. — O motorista, um
jovem esguio com cabelos ligeiramente gordurosos, tinha tatuagens
que cobriam a metade superior de cada braço. Ele caminhou em sua
direção com um enorme arranjo floral branco.
— Eu gosto de suas tatuagens. — Disse ela enquanto ele
entregava-lhe o vaso.
— Obrigado. Fiz no Second Circle. Um cara chamado Trent. Artista
muito bom. Eu poderia ligar para ele se quiser.
Harper escondeu o sorriso por detrás das flores.
— Eu estou bem. Obrigada,
Praticamente dançando em seu apartamento, ela colocou as flores
sobre o balcão e pegou o cartão. Trent era tão bem planejado. Ele
sabia o quanto ela amava as rosas amarelas ele tinha enviado antes.
Em memória. O que diabos? O cartão tinha uma rosa branca que
descansava em uma Bíblia branca e prata. Estou triste de ouvir sobre
sua perda. Harper olhou para o envelope. Ele era definitivamente
dirigido a Harper Connelly. Uma onda de náusea tomou conta dela
quando ela virou o envelope e o cartão à procura de pistas.
Ela pegou o telefone dela.
— Olá, floricultura. Sou Addison, como posso ajudá-la?
— Eu tenho uma entrega e não há nenhum nome no cartão. Eu
não tenho ideia de quem seja e eu queria saber se você poderia me
dizer. — Harper forneceu os detalhes da entrega e depois de alguns
momentos em espera, Addison falou novamente.
— Sinto muito, mas não havia nenhum nome dado a nós para o
cartão e não estamos autorizados a dar informações pessoais.
Harper desligou o telefone. Ela estava em apuros. Problema real.

***

— Você parece tão bem quanto eu me sinto irmão. — Dred sentou-


se no sofá da sala de maquiagem do estúdio, cabeça entre as mãos,
cabelo escuro cobrindo o rosto e uma grande garrafa de água entre
seus pés.
Trent desabou ao lado dele, puxando os óculos escuros e
colocando-os no bolso do paletó.
— Eu juro que ainda posso provar tequila. — Ele tomou outro gole
de seu café. Não tão forte quanto ele gostava, mas era o melhor que
podia fazer.
Dred sentou-se.
— Cristo homem, o mundo ainda está girando porra.
Se Trent não estivesse de ressaca, ele teria protestado toda a
maquiagem que estavam colocando em cima dele. Essa gosma
marrom, fundação ou o que eles chamavam. Boa coisa Cujo não está
aqui para testemunhar sua humilhação.
— Vamos balançar essa merda. — Disse Dred quando eles foram
guiados para o estúdio. Eles foram recebidos por uma mulher bonita,
seu cabelo estava em um coque apertado e vestia-se estranho e com
óculos pontudos.
— Ok caras, sou Pam. Eu preciso de vocês dois se sentando nas
cadeiras ali e falando uns com os outros. — Ela acenou com a
prancheta na direção de duas cadeiras. — Basta clicar em seus
microfones.
Trent olhou em volta para o microfone. Dred alcançou ele e clicou
algo na pequena coisa preta conectada à parte traseira de sua calça
jeans.
— É melhor você me comprar o jantar se você quer ficar tão perto.
— Disse Trent, rindo quando Dred se afastou.
— Você está brincando comigo? Você não sabe sobre as estrelas do
rock? Podemos conseguir qualquer coisa que queremos e de graça. —
Não é nenhuma novidade que você possa. Este é um burro de classe.
Eu precisaria de pelo menos uma visita a Olive Garden antes de
colocar tudo para fora.
— Buzinas?
— Combinado.
Eles mataram quinze minutos rasgando um sobre o outro, muito
para a diversão da equipe de som.
— Ok, Trent, Dred. Obrigado por isso. — Pam estava de volta,
olhando um pouco mais assediadora do que a última vez que a viu. —
Temos alguns tatuadores disponíveis para você...
— Artistas de tatuagem. — Corrigiu Trent.
— Desculpe. — Disse Pam. — Os artistas de tatuagem disponíveis
para você trabalhar para ver como você irão interagir com os
competidores.
Foi um saco total. Um garoto, Johnno, que não parecia ter muito
mais que vinte e um cara mais velho, Buck, que tinha sempre foi
tatuador a maior parte da sua vida. Uma mulher, Margarida, que
lembrava bastante de Lia que chegava a ser estranha.
— Você não precisa mudar o revestimento para o sombreado se
está apenas dando um pequeno retoque sobre a linha existente. Basta
ligá-lo de lado para que as agulhas se alinhem em linha reta, como
esta. — Trent instruiu, apontando para Daisy sair de sua cadeira
para que ele pudesse se sentar. Ele pegou o sombreador para
mostrar-lhe o que ele queria dizer.
— Necessita ganhar um estúdio de tatuagem, amigo? — Dred riu
dele do assento na cadeira do competidor.
— Venha e aprenda algo que você possa parar com toda essa “Isso
parece mortal, homem” toda a porcaria que você está jorrando toda a
tarde.
Depois de lavar o rosto com força com sabão e algumas horas mais
tarde, ele estava de volta com Michael.
— Você foi impressionante hoje. Estou muito satisfeito com o que
vi. Temos que colocar as fitas na frente do nosso público-alvo, mas
você trouxe apenas o tipo de vibração que nós esperávamos que você
fizesse. Conseguimos obter tudo o que precisamos hoje, por isso, não
preciso de você amanhã. Seguro viagem de volta Trent. Eu tenho um
sentimento que vou estar em contato novamente com uma notícia
muito boa em breve.
Ficou grato que o assistente de Michael tinha agendado o voo mais
cedo na manhã seguinte, Trent rejeitou o convite de Dred para mais
uma noite de bebedeira e optou por um início de noite no hotel. Meio
dormindo, seus pensamentos foram para Harper.
Horas mais tarde, ele foi acordado pelo toque estridente do seu
telefone celular. Ele abriu um olho olhando para o relógio na mesa de
cabeceira. Cinco horas. Ele pegou o telefone e viu a cara feia de Cujo
olhando para ele. Com um braço sobre seus olhos, ele respondeu.
— É melhor que seja algo bom, CUJ. — Ele respondeu, grogue.
— Desculpe acordá-lo homem, mas a frente do estúdio foi
vandalizada durante a noite. Acabei de ver quando abri. — Cristo. Ele
esfregou a mão no rosto para acordar.
— Quão ruim está? Será que eles quebraram o vidro?
— Não. — Respondeu Cujo. — Apenas alguma tinta de spray no
vidro do lado de fora. Vamos tentar tira-lo.
— O que eles colocaram no spray? — Ele esperava que não fosse
algo totalmente ofensivo. Lojas de tatuagem não eram sempre as lojas
mais procuradas, a metade da população da América tinha um pouco
de medo do tipo de clientela que, por vezes, poderia atrair esses tipos
de ataque.
— Essa é a parte estranha, parece que é em italiano. Amor
condusse noi ad una morte39, — Cujo falou em um sotaque italiano
massacrado.
— Poderia ser pior, eu acho. — Trent bocejou. — Odeio fazer isso,
mas devemos chamar a polícia. Se a tinta não sair, vamos precisar de
um relatório da polícia para o seguro, eu acho.
— Junior ficaria decepcionado com você. — Cujo riu.
— Sim, bem. Se o merda que fez isso for pego rondando ao redor,
talvez você possa lhe oferecer um ensinamento.
Uma vez que um plano de limpeza foi abordado, Trent desligou.
Pelo menos quem fez isso tinha mostrado um pouco de classe. O
amor nos trouxe para uma morte. Uma citação famosa no segundo
círculo citado por Francesca, Canto cinco. Se ele não estivesse tão
chateado, ele ficaria impressionado.

***

— É ele, Lydia. Eu sei que é. — Disse Harper no telefone. Ela


passeou pela sala de descanso, arrastando uma mão através de seu
cabelo.
— Eu não sei o que te dizer, Taylor. Eu tenho o meu perito em
tecnologia conferindo as mensagens que você enviou. A tecnologia
existe para devolver mensagens de todo o mundo. Poderia ser de
qualquer lugar.
Harper chutou o uniforme muito forte, derramando o avental sujo
pelo chão. Ela amaldiçoou e se curvou para pegá-los.
— Então, o que eu faço? Apenas sento aqui e espero ele vir para
terminar o trabalho?
— Taylor, ele está cumprindo os termos de sua libertação. Você
sabe que eu estou do seu lado. Eu concordo com você sobre Nathan
está por trás disso, mas não há nenhuma prova. — Harper
permaneceu em silêncio, lutando para controlar seu temperamento,
39
O amor nos trouxe para uma morte.
que estava prestes a explodir. — Ouça. Eu já lhe disse que você
precisa ir para a polícia. Já que é provável que Nathan está envolvido,
a polícia realmente só irá fazer perguntas e não vão dizer para ele
qualquer coisa que ele já não saiba. E se por algum milagre ele não
esteja implicado nessa bagunça feia, ela só vai reduzi-lo a Miami. Este
é o trabalho deles. É o que eles fazem.
A porta atrás dela se abriu e Drea empurrou seu caminho para o
banheiro, lançando um olhar preocupado em sua direção enquanto
ela passava.
— Eu tenho que ir, Lydia. Eu ligo para você depois.
Harper desligou e soltou uma respiração afiada, apanhada no
sentimento feio de ser encurralada. Dizer a Lydia não tinha ajudado,
dizer para a polícia não iria ajudar e dizer para Trent só iria envolvê-lo
em algo que ela queria que ele estivesse longe.
Harper afundou-se em uma das cadeiras de plástico e deixou cair
a cabeça em suas mãos. Ela fechou os olhos quando Drea esfregou o
topo de sua cabeça, acalmando-a.
Drea se agachou na frente dela e tomou suas mãos.
— Você tem que vir comigo. Eu tenho um presente para você que
eu sei que vai animá-la.
— Posso ter seis éclairs como boas-vindas e sexo por favor? —
Harper ouviu enquanto seguia Drea para fora no restaurante.
Trent estava do outro lado do balcão com um sorriso enorme no
rosto. Ele estendeu um pequeno saco rosa com alças brancas.
Harper se jogou em seus braços e lhe permitiu levanta-la do chão
para um beijo de boas-vindas completamente quente. Seu cabelo
escuro estava completamente desgrenhado e seus olhos estavam
escondidos pelos óculos de sol escuro.
— Os éclairs eu posso fazer. O sexo vai ter que esperar. — Ela
sussurrou contra seus lábios, empurrando seus óculos para o topo da
sua cabeça para que ela pudesse vê-lo corretamente. Ela suspirou de
alívio quando ele a abraçou com força, descansando a cabeça em seus
ombros fortes.
— Sério? — Ele gemeu. — Eu honestamente pensei que você
tivesse acabado de falar “vem aqui para mim”.
Harper bateu-lhe com força contra seu braço.
— O quê? — Trent riu em falso horror. — Eu ainda trouxe
presentes.
Harper caiu no chão quando ele a deixou ir e presenteando-a com
o saco que ele ainda estava segurando.
Harper cautelosamente colocou a mão na bolsa e trocou o papel de
seda cobrindo o presente.
As bolinhas preto-e-branco dos pontos eram fatais quando ela
retirou o mais ínfimo biquíni que ela já viu.
— Espero que ele caiba, porque eu não vou ser capaz de devolvê-lo
tão cedo.
Harper correu os pequenos laços entre os dedos. Era bonito, mas
ela nunca tinha usado um maiô tão minúsculo.
— É um pouco... bem, pequeno, não é? — Harper sentiu seu rosto
ficar vermelho.
— Sim. — Trent se inclinou para beijá-la lentamente de novo,
puxando suavemente o lábio inferior com os dentes antes de se
afastar. — E eu acho que você vai ficar sexy pra caralho nele. — Ele a
puxou firmemente contra ele pela cintura de seu avental e ela podia
sentir sua ereção pressionando contra seu estômago, o quão quente
deu para perceber que ele pensou nela usando-o.
— Obrigada. — Harper balbuciou.
Se a combustão humana espontânea realmente aconteceu, ela
provavelmente estava muito próxima. Quando ele a beijou novamente,
Harper sentiu todas as peças caindo juntas. Seu coração explodiu
com o conhecimento que ela tinha caído no amor por ele, apesar de
suas melhores intenções. Que mesmo, com todas as coisas horríveis
acontecendo ao seu redor, ele tinha se tornado sua rocha.
— Vá. Vá para casa. — Drea rompeu o deslumbramento de
Harper. Afastando-se um pouco de Trent, não que ela pudesse ir
muito longe com o aperto que ele fazia em torno da sua cintura, ela
virou-se para olhar para sua melhor amiga.
— Sério, vá! Eu vou cobrir você. Você só tem mais uma hora de
qualquer maneira.
— Obrigada, Drea. — Harper afastou as mãos de Trent e riu
quando ele pigarreou em sua fuga. — Eu só vou pegar minhas coisas.
— Minha casa ou a sua? — Trent perguntou enquanto se inclinava
para frente ligando o carro.
— Fácil. Se você sente falta da sua casa por ter ficado longe
podemos ir para lá, ou você pode vir para minha casa porque eu
tenho comida.
— Eu estou morrendo de fome... então vamos para a sua.
A viagem para casa passou dolorosamente lento, embora Trent
quebrou apenas alguns limites de velocidade concebível. Sua mão mal
deixava sua coxa, acariciando círculos suaves com o polegar.
Trent entrou em seu apartamento, deixando cair as malas no chão
com um baque alto antes de ele estendeu a mão para ela.
Mãos empurraram sua blusa puxando-a sobre sua cabeça antes
que ela pudesse sair do hall de entrada.
— Pensei que você estava com fome! — Exclamou ela entre beijos.
— Eu estou... você não acha? — Puxando contra a cintura de seus
calças curtas, ele arrancou o botão e o zíper antes de arrasta-la para
baixo de suas pernas. Cada parte dela estava viva com entusiasmo
quando ele a agarrou e puxou-a com força contra ele. — Eu senti sua
falta querida. — Ele gemeu antes de esmagar seus lábios nos dela.
Harper o alcançou e levantou sua camiseta sobre seus ombros
largos. Ela precisava disso. Precisava sair de sua própria cabeça por
um tempo. Será que ela nunca se cansaria de vê-lo nu? Ela arrastou
as unhas suavemente para baixo do seu peito, raspando os botões
apertados de seu mamilo, rindo do choro sincero que escapou de seus
lábios.
Trent a pegou, puxando-a com força contra seu peito enquanto ele
a levava para o quarto dela. Graças a Deus ela arrumou sua cama
antes de pegar o turno.
Deitando-a sobre o edredom macio, Trent removeu o resto de suas
roupas antes de dar-lhe um sorriso. Ele ergueu o travesseiro e tirou
sua camiseta.
— Eu sonhei com você nesta camiseta. — Disse ele em voz baixa.
— Eu poderia ser destroçado, mas puta merda, você estava quente no
telefone querida.

***

Trent puxou a camiseta sobre a cabeça dela. Era uma pena ter que
encobrir esses belos seios, mas ele queria ver como ela ficava, assim
como ele a imaginou.
Harper deitou-se na cama, com as pernas ligeiramente
espalhadas, a bainha da camiseta cobria o que ele precisava ver.
Tomando um momento, ele tirou suas botas e estendeu a mão
para o botão de sua calça jeans. Cristo, Harper era de tirar o fôlego.
Lábios inchados de seus beijos e um resplendor suave através de
suas bochechas. Esse cobertor escuro de cabelos espalhados por todo
o edredom branco, seus olhos um profundo verde esmeralda. E um
sorriso. Só para ele.
Isso era tudo o que ele precisava. Isso era o que ele queria ver em
casa. Seu coração balançou em seu peito quando ele percebeu que
queria isso. Esta era a única coisa que ele desejava.
Ele tirou seus jeans e cuecas boxer, parando para tirar um
preservativo da sua carteira. Agarrando sua ereção pulsante em sua
mão, ele acariciou-o algumas vezes antes de rolar o preservativo.
Harper estava esfregando as coxas juntos na cama em antecipação.
Quando sua camiseta levantou um pouco até estômago, ele podia ver
a conjugação de umidade brilhando entre suas coxas, tudo para ele.
— Querida, seriamente, eu amo ir lá embaixo e sentir o seu gosto,
mas se eu não chegar dentro de você agora, eu acho que eu vou
explodir.
Trent se arrastou até a cama até pressionar diretamente sobre
Harper. Por um momento ele estudou-a atentamente, podia ver as
emoções não ditas em seus olhos, podia ver tudo o que ele estava
sentindo refletindo de volta para ele.
Levantando seu peso sobre os antebraços, ele empurrou
firmemente dentro dela, violando os lábios quentes macios, onde ela
estava molhada e pronta para ele, até que ele foi abraçado dentro
dela.
Ele não conseguia conter o gemido profundo que fugiu quando ele
empurrou fundo. Dando a Harper um momento para se ajustar a ele,
ele alisou o cabelo do rosto dela e abaixou para beijá-la suavemente.
— Eu senti tanto a sua falta querida. Tanto. — Ele se retirou dela
antes de mergulhar de volta com um disco rígido. — Diga-me que
você também sentiu.
O rosto de Harper era tão incrivelmente expressivo.
— Eu senti sua falta também, Trent. Tanto que me assustou. —
Ela embrulhou suas longas pernas em torno dele e apertou-as,
puxando-o mais profundo.
Beijando-a com uma suavidade e traindo a sua necessidade, ele
deslizou de volta para ela. As pontas dos dedos se arrastaram
lentamente seus lados, através de suas costelas, fazendo-o estremecer
com a intimidade brincalhona.
— Eu senti falta disso. — Ele murmurou baixinho contra seus
lábios. — Eu senti falta por estar tão profundamente dentro de você.
Eu senti falta do jeito que você suspira quando eu deslizo fundo. Eu
senti falta desse momento, pouco antes de você gozar para mim.
Afastando-se, ele manteve-se equilibrado em sua entrada. Harper
soltou um agudo suave, levantando seus quadris contra ele, puxando
suas costas com as unhas.
Ele empurrou de volta, mais rápido desta vez, até que ele estava
apertado dentro dela. Ela saltou e pressionou sobre o seu pau duro.
Ela queria ele lá.
— Porra, eu senti sua falta. — Ele rosnou antes de devorá-la. Ele
lambeu a pele ao longo do lado do pescoço dela, mordeu o lóbulo da
sua orelha e beijou-a com uma necessidade que ele sentia que
pudesse morrer. Ele adorava a sensação de seu aperto em torno dele;
sua pele macia e quente pressionando-o.
Empurrando forte e gemendo, ele empurrou e empurrou até que
ele podia sentir suas bolas se apertando. Ele continuou a bombear
até que ele podia sentir-se desmoronando ao seu redor. Harper
gemeu, arqueando para trás enquanto ela ordenhava sua libertação.
Olhando profundamente nos olhos da mulher que ele amava, ele
veio mais difícil do que ele sabia que era possível.
— Você pode sair de meu assento, por favor? —
Harper olhou para cima para ver Drea encarando
Cujo. O redemoinho de luzes cor de rosa, vermelhos e
alaranjados na discoteca que piscavam em seu rosto, não
fazia nada para esconder o olhar ameaçador que ela estava
lhe dando.
Cujo se inclinou para frente.
— Não é o seu lugar, docinho. Eu só estou conversando com
Harper.
— O quê? Eu não posso mais ir ao banheiro agora? — Ela gritou
por cima da batida.
— O quê? Aqui virou escola? — Ele imitou seu arremesso
perfeitamente. Harper abafou uma risada estranha, embora o atrito
entre os dois era inquietante. — Você honestamente pediu para
Harper guardar um lugar? — Cujo brincou.
Ele riu quando Drea saiu pisando duro em direção ao bar.
Harper se virou para Cujo.
— Eu realmente não sei o que está dando nela hoje.
— Não é o seu problema. Todos nós temos dias ruins. Ela só
parece ter mais do que a maioria. — Cujo colocou o braço em torno do
seu ombro e Harper se encolheu. — Desculpe Harp. Eu não queria. —
Cujo levantou o braço rapidamente.
Harper pegou a mão dele antes que ele pudesse tira-la.
— Não Cujo. Pode deixar. Está tudo bem. Quero dizer, não ainda,
mas está ficando melhor.
— Quer tirar o seu braço da minha menina? — Trent apareceu ao
seu lado, dando-lhe uma piscadela reconfortante e colocando uma
mão quente em seu ombro.
— Não é verdade, cara. Ela se encaixa perfeitamente comigo. —
Harper tentou resistir quando Cujo a puxou mais apertado para o seu
lado, sabendo que ele estava apenas fazendo isso para chatear Trent.
— O que você diz, Harper? Foge comigo e deixa esse idiota. Eu sou
melhor na cama do que esse sessenta aí.
— Sessenta?
— Segundos... que é o tempo que ele dura, certo?
— Você é um filho da puta. — Trent segurou Cujo e conseguiu
puxá-lo em uma chave de braço.
— Se a carapuça serviu. — Cujo conseguiu moer para fora com a
cabeça presa entre o corpo e o braço de Trent. Trent deu um tapa na
parte de cima de sua cabeça e deixou-o ir. Cujo ficou de pé sorrindo e
rangeu seu pescoço de lado a lado. — Honestamente, H, se você
quiser um homem de verdade, você sabe onde estou. Tenho coisas
acontecendo lá embaixo que só você pode sonhar. — Com uma
piscadela, ele se afastou para falar com Pixie.
Seu celular vibrou em seu bolso e piscou quando Trent beijava sua
testa.
— Eu vou pegar outra cerveja. Quer alguma coisa?
Sorrindo, ela balançou a cabeça.
— Não, obrigada.
Ela ligou o telefone.

Será que você gostou das suas flores? Tão triste que Taylor
morreu. Você não acha?
Ela olhou para onde Trent se destacava no bar, conversando com o
barman. Ela e Trent estavam apenas encontrando seu caminho
juntos. Ela não poderia viver consigo mesma se ele se machucasse
enquanto cuidava dela. No entanto, a compulsão habitual de correr
não estava lá. Pela primeira vez em muito tempo, ela queria lutar.

***

— Olá, estranho. — Uma longa unha vermelha acariciou o seu


braço. Definitivamente não era Harper. Trent entregou ao bartender
uma nota de vinte e virou-se para olhar para a menina que estava em
seu espaço pessoal.
Ela parecia familiar, mas ele estava lutando para lembrar dela.
Então, seu amigo apareceu e ele se lembrou. Ela era a ruiva que
estava comemorando o aniversário naquele seu fim de semana. Como
se chamava? Jennifer? Janice?
— Joanne. — Ela fez beicinho. — Eu não posso acreditar que você
não se lembra de mim.
Em sua memória, ela era bastante gostosa, mas nesta noite ela
parecia brega em um vestido verde que lutava para se conter.
— Eu não parei de pensar em você. — Ela ronronou, acariciando a
unha para baixo sua bochecha.
Isso não ia terminar bem. Trent abanou a cabeça e agarrou-lhe as
mãos, mantendo-as longe de seu corpo quando ele se moveu um
passo de distância.
Cujo não parecia está tendo o mesmo problema com seu
reencontro. Sua amiga loira já estava beijando ele e suas mãos
abriam o botão de cima da camisa.
— Veja. Esse não é um grande momento para isso. — Ele estava
tentando descobrir como ela o tinha encontrado. Eles não se
encontraram nesse bar.
— Entendi. É uma surpresa me ver. Há algum lugar mais privado
que podemos ir por alguns minutos para se acostumar?
— Não. Minha situação mudou desde a última vez que nos
encontramos.
— Ah querido, eu tenho certeza que qualquer situação que você
esteja seja exatamente como eu. Flexível. — Ela deu mais um passo
agressivo na direção dele. E ele deu um passo mais longe.
— Eu realmente não acho que seja uma boa ideia, eu conheci
alguém. — Ela interrompeu-o, empurrando-o contra a barra e
batendo os lábios vermelho-cereja ao seu.

***

— O que diabos está acontecendo? — Harper pesquisou os


destroços na frente dela.
Uma loira esbelta em um vestido com bandagem branca estava
envolvida em torno do Cujo, correndo a ponta dos dedos em seu
couro cabeludo nu enquanto ele a beijava sem sentido.
Pior era a cadela ruiva magricela, sugando o rosto do seu homem.
Drea estava bem atrás dela.
— Que porra é essa? — Sua melhor amiga engasgou.
Ela observou Trent empurrando a Barbie ruiva para longe dele.
Marchando em linha reta, ela agarrou o braço da mulher, cavando
as unhas com tanta força que ela não tinha certeza se não tinha saído
sangue.
— Tire suas mãos de meu namorado. — Disse ela com uma calma
que nunca tinha sentido.
— Harper, sério, isso não é o que parece. — Trent não se moveu,
suas sobrancelhas levantaram e colocou seus braços na frente em
sinal de rendição. — Sério, querida, não é.
— Seu namorado? — A mulher rosnou, olhando Harper de cima
para baixo com um olhar que dizia que tinha encontrado alguma
deficiência em Harper. — Sério? — A palavra escorria com sarcasmo.
Harper tentou não se abater, mas era um pensamento que ela
mesma costumava ter todos os dias. O visual de Trent com a ruiva
era surpreendente. Eles pareciam feitos um para o outro, um
pensamento que a machucou.
— Eu sugiro que você saia daqui antes que eu quebre os seus
dedos. — Disse Harper.
— Ouça. Ele e eu estamos indo dormir juntos, por isso, a menos
que queira se juntar a nós...
— Foi só uma única vez, Harper, antes de nos conhecermos. —
Seus olhos estavam focados nos dela.
A ruiva voltou sua atenção para Trent.
— Você realmente não pode estar falando sério querido.
Seu olhar deixou o de Harper por um momento quando ele se
virou para a ruiva.
— Ouça. Agradeço a oferta, mas há apenas uma garota que eu
quero e ela está bem ali. — Ele apontou para Harper.
O rosto da ruiva endureceu.
— Quem perde é você. — A mulher cuspiu, virando-se e olhando
para a amiga. Ela agarrou a mão dela e arrastou-a para fora do clube.
Cujo deliberadamente ajustou seus jeans.
— Uau, Harper, você é completamente empata foda.
— Você seriamente acabou de dizer isso? — Drea falou franzindo a
testa. — Você tem a sensibilidade de uma rocha, seu imbecil.
— Com ciúmes, querida? — Cujo olhou para ela com sua
sobrancelha perfurada levantada.
— Só nos seus sonhos. — Drea caminhou até Harper. — Você está
bem, querida?
— Não, eu não estou. Eu preciso de um minuto. — Ela caminhou
de volta para sua bebida e bebeu-a rapidamente.
Suas mãos tremiam pelo confronto e ver Trent com outra mulher
apertou o seu coração dolorosamente.
— Harper, querida. Espere. — Trent gritou, correndo atrás dela. —
Olha, eu sinto muito.
— Desculpa. Você está brincando comigo? Se desculpar nem se
quer começa a cobrir a tua bunda.
— Eu não planejei isso. Ela simplesmente apareceu, me pegou
desprevenido. Eu entendo que isso foi ruim e eu sinto muito. Por
favor. Fica aqui comigo. Ela se foi. Eu não quero ela aqui, eu só quero
você. Eu prometo.
Harper vacilou. A raiva que sentia era irritante.
— Tudo bem. — Ela retrucou, tentando manter a fúria de emoções
sob controle.
Harper tomou a mão que Trent ofereceu e seguiu-o de volta para
sua mesa.
— Com quantas mulheres mais eu irei assistir fazendo isso com
você?
Trent limpou a boca com um guardanapo.
— Cristo, Harper, eu não pedi a mulher para vir aqui e jogar-se em
mim. Foi somente no aniversário dela um fim de semana antes de
você entrar no meu estúdio e virar meu mundo de cabeça para baixo.
— Você não faz essas coisas quando você está com alguém, Trent.
Eu vou ter uma imagem na minha cabeça de você se beijando com
outra mulher e eu não vou ser capaz de me livrar dela. Imagine como
você se sentiria se a situação fosse ao contrário.
Trent apertou os lábios plenamente contra o um e o outro e cruzou
os braços.
— Eu soco filho da puta até a morte.
Harper estendeu as mãos para o lado dele e levantou seus ombros.
— Talvez um pouco exagerado, mas é exatamente assim.
— Tudo bem. — Ele concordou. — Entendi. Eu não gostaria que a
situação fosse ao contrário. Sempre. Então, eu vou dizer de novo.
Sinto muito, querida.
Harper olhou para longe. Trent puxou-a para ele lentamente,
deslizando as mãos em seus quadris.
— É verdade o que eu disse. — Ele murmurou, seu nariz
deslizando pela sua mandíbula em direção a parte de trás de sua
orelha. — Você balançou meu mundo desde o dia em que você entrou
nele e tudo o que fez agora, foi confirmar quão superficial costumava
ser minhas escolhas por mulheres.
Harper balançou a cabeça e colocou as mãos em seus braços.
— Diga-me, você ainda é minha garota? — Ele sussurrou. Harper
permaneceu em silêncio. — Você sabe que eu não quero ela. Eu quero
você. E eu sei que você me quer. Então me diga. Você ainda é minha
garota?
— Você fede a perfume barato, mas sim, eu ainda sou sua garota.
Trent gritou e pegou-a, girando em torno dela e plantando um
enorme beijo estalado.
— Agora que somos namorados, eu posso te dizer uma coisa sem
você ficar com raiva de mim? Eu não gostaria que você deixasse cair a
F-bomba em mim novamente. — Ele olhou para ela com expectativa,
rindo quando ela bateu em seu braço.
— O quê?
— Você é meio sexy quando está com ciúmes.
Harper o acertou novamente, mais forte dessa vez.
— Eu não estava com ciúmes.
Ela balançou a dor de seus dedos. Trent pegou a mão dela e
começou a beijá-la uma a uma.
— Sim, você estava. E foi quente. Eu pensei que vocês senhoras
iriam se pegar no tapa bem aqui no bar. Não tenho certeza se eu já fui
disputado antes. — Harper resmungou com seu comentário.
Inclinando-se, ele sussurrou: — Isso prova que você gosta de mim e
eu gosto muito disso.
Ela bateu-lhe novamente, desta vez mais leve e rindo.
— Você é um idiota.
— Então, já foi dito, Srta. Connelly. Então, já foi dito.
Oito horas e o estúdio estava em silêncio. Ter todos
saindo cedo tinha dado um trabalho. Harper estaria
chegando em breve para a sessão e Trent queria o estúdio só
para ele.
Configurando os pequenos potes de tinta com seus títulos, ele fez
notas para as cores no qual, ele precisava. O extremamente
intrincado detalhamento do punho da espada ia levar um par de
horas. Seria um trabalho lento e doloroso, todo focado em uma área
muito pequena das costas de Harper.
As sessões de Harper provavelmente chegariam mais perto do fim
depois de hoje e Trent contava-as com relutância. Reforçando
algumas cores e linhas, das suas costas e estaria praticamente
concluída e dada a sua visão sobre a tatuagem em geral, ele estava
certo de que ela não estaria sendo tatuada em sua cama novamente.
Uma batida na porta da frente o fez sorrir. Sua menina. O
pensamento aqueceu-o enquanto ele a deixava entrar. Lia já tinha
acendido o sinal de fechado apagando as principais luzes do estúdio
quando ela tinha saído. O estúdio estava banhado em um fulgor
morno com pequenas luzes acima do logotipo Second Circle.
— Ei querida. — Disse ele, agarrando-a em seus braços para um
beijo suavemente quente. Ele adorava a sensação de sua rendição
quando ele a abraçava. Ela percorreu um grande caminho desde os
dois meses que ele tinha conhecido ela, desde que ela se levantou,
imóvel como uma estátua, o único dedo em seu cinto era seu único
ponto de contato.
Se afastando um pouco dela, ele pegou o saco marrom de seu
braço. O cheiro de comida encheu a entrada do estúdio e seu
estômago roncou em apreço.
— Pensei que você poderia estar com fome. — Disse ela com um
sorriso tímido. — Eu sei que normalmente você ainda não comeu e é
hora do jantar de qualquer maneira.
Jogando o braço em torno do ombro dela, ele beijou o topo de sua
cabeça. Tendo cuidado de abrir caminho para Harper e ao mesmo
tempo a puxando para o seu peito. Ela nunca tentou conseguir
alguma coisa dele, tinha simplesmente o visto e o aceitado por quem
ele era. Onde ele estava.
Ele estava animado com a sessão. E não apenas porque ele estava
passando um tempo com Harper. De todos os trabalhos que ele já fez
com cicatrizes, este para ele era o mais significativo. Sem dúvida, a
confiança de Harper estava crescendo como resultado do processo.
Levando-a á seu escritório, ele fez uma rápida parada na cozinha
para pegar alguns pratos e talheres.
Harper tirou a água do frigorífico e entregou a ele, assim que ele
colocou a bolsa para baixo. Ele deu um passo atrás dela e passou a
ponta do dedo ao longo do comprimento da cicatriz antes de beijá-la
tão suavemente quanto pôde.
Harper estremeceu com seu toque.
— Não são muito grossas? — Ela perguntou em voz baixa.
— De modo nenhum. Por que? Elas são parte de quem você é. —
Ele virou-a, ela precisava olhar nos olhos dele. — Acho que nunca te
falei sobre a Kit. — A ligeira pontada de traição picou. Não era
realmente a sua história para compartilhar os segredos de kit, mas
ele queria que Harper entendesse e saber com toda certeza que as
cicatrizes não o incomodava.
Ele se sentou em uma cadeira ao lado da mesa e puxou Harper em
seu colo, saboreando a maneira como ela moldava contra ele.
— Você sabe o que é automutilação? — A boca de Harper abriu em
surpresa e ela balançou a cabeça. — Kit se Automutilava. Quando ela
me falou, já tinha cerca de vinte riscos em seu bíceps. — Trent
estremeceu, revivendo o momento que ela o mostrou a primeira vez.
— Seus problemas eram tão esmagadoramente dolorosos que a
única maneira que ela podia escapar deles era cortando fisicamente
sua pele e não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Eu era
seu irmão mais velho e eu não podia ajudar.
Levou tempo para entender que era a única maneira de Kit deixar
a dor lavar o ruído que estava acontecendo em sua vida. Era a única
maneira onde ela sentia que estava mantendo o controle.
Harper colocou a mão na bochecha dele e ele se inclinou para ela,
acolhendo o seu conforto.
— Eu sinto muito, Trent.
— Ela mostrou para os meus pais e a mim, em primeiro lugar. Me
pediu para ajudá-la. Nós apenas não sabíamos como, por isso, meu
pai encontrou um lugar em que ela pudesse obter ajuda profissional.
Eu prometi a ela que se ela fosse para lá, eu iria descobrir como
encobrir as cicatrizes para ela, claro, se ela quisesse.
A profissão médica estava dividida sobre se as pessoas que se
automutilavam deviam fazer tatuagens, ou seja, elas poderiam
comparar a dor da agulha com a dor de uma lâmina. Alguns médicos
acreditavam que permitindo aos pacientes uma substituição o ato
lesivo mesmo socialmente aceitável, alcançava os mesmos objetivos
momentâneos dentro de suas cabeças quando eles se concentravam
na dor. Trent não concordava. Em sua mente, fazer uma tatuagem
para representar algo significativo em sua vida, não chegava nem
perto do vício de se cortar como uma forma de escapar da dura
realidade da vida. Acrescentando que as inúmeras razões pelas quais
as pessoas se cortam e que elas estão querendo se expressar e isso
significa a mesma coisa?
— Então, é por Kit que você faz isso? — Harper levantou a mão e
beijou os nós dos dedos dele, um gesto doce que espalhou calor por
meio dele.
— Passei a estudar sobre as cicatrizes, os diferentes tipos e em
como afetava as camadas da pele. Eu brinquei com tintas e agulhas
para ver o que seria melhor trabalhar. Eu não queria correr nenhum
risco de que não seria perfeito para ela. — Harper sentou-se em seus
braços, olhando para ele com tanta admiração que sentia como se ele
pudesse voar ou alguma merda. — E o processo? Essa é a melhor
parte. Rastreei as cicatrizes para construir um projeto em torno delas
e tirei as fotos antes. Eu pesquisei as borboletas e libélulas que ela
queria. Provavelmente poderia dizer os nomes de todos eles em latim,
se você quisesse.
— Você é incrível. — Harper tocou os lábios macios contra o seu.
— Você é um bom homem, Trent Andrews.
Ele a puxou para mais perto e tomou o beijo mais profundo por
um momento antes de se afastar.
— Então, para responder à sua pergunta, não, elas não são
grossas. — Ela parecia tão bem em seus braços que ele a beijou
novamente. O estômago de Harper roncou e ele riu dela gemendo de
vergonha. — Vamos pegar um pouco de comida.
Olhando no saco, ele viu tapas40 de um restaurante próximo dali.
Ele podia sentir o cheiro de manjericão de bruschetta fresca e o molho
de amendoim espetado no frango. Ela trouxe todos os seus favoritos.
Trent encostou-se na mesa e observou-a abrir todos os recipientes
com seus dedos leves. Ele adorava a curva lenta de seus lábios e o
flash de emoção em seus olhos.
— O que você está pensando?
Inclinando-se para frente ele agarrou os dedos que ela estava
prestes a pegar um guardanapo e chupou-os em sua boca, lambendo
devagar entre eles. Os olhos de Harper brilharam amplamente em
resposta. Ele adorava surpreendê-la.
— Eu estava pensando sobre a última vez que trabalhamos na sua
tatuagem. — Um rubor rosa martirizou suas bochechas. — Por que
você acha que este lugar está vazio, querida? Eu quero que você seja
capaz de fazer o que você quer fazer hoje à noite. — Ele riu ao ver a
expressão de choque no rosto dela. Pegando um pedaço do bruschetta
do recipiente, ele tomou uma mordida grande e gemeu. — Mmm, isso
tem um gosto tão bom. Mas não tão bom quanto você mais perto.

***
40
Tapas, são aperitivos servidos em bares e restaurantes, geralmente acompanhados por uma bebida,
que pode ser alcoólica ou não.
Pouco antes das nove, Harper estava deitada de bruços,
embrulhada suavemente na cama de Trent. Ele tinha a seduzido até
seu estado atual, beijando-a apaixonadamente, enquanto removia
lentamente a blusa e o sutiã.
Descansando a testa em seus braços e fechando os olhos, Harper
foi surpreendentemente embalado pelo som de Trent terminando a
configuração de sua estação.
Fazia sentido para ela agora por que as pessoas optam por fazer
tatuagens. É difícil não se comover com as lágrimas de um homem
adulto com a imagem do pé de seu filho recém-nascido tatuado em
seu ombro. Ou veja um veterano de guerra, que tem a data tatuada
da sua última turnê de dever sob a insígnia do SELO da Marinha.
Pessoas comemorando, celebrando e simplesmente reconhecendo um
momento no tempo com a sua tatuagem. Haveria sempre aqueles que
vinham com idade suficiente para serem tatuados, mas não maduros
o suficiente para escolher algo verdadeiramente significativo, há
aqueles também que saem com tatuagens do estoque de um livro.
Mas a maioria feita no estúdio de Trent tem histórias reais.
Na semana passada, Trent falou para ela, que o estúdio tinha
chegado a um impasse quando um jovem de Yonkers41 contou a
história de como seu avô foi libertado de Auschwitz42 em 27 de
janeiro de 1945. Ninguém tinha falado uma palavra quando Lia com
lágrimas criou seis dígitos tatuados do seu avô, do lado exterior do
seu braço esquerdo.
Todos tinham uma história. Assim como ela. Assim como Kit.
A paixão de Trent não era sobre ser o melhor artista de tatuagem
do mundo. Era mais profundamente pessoal, o que fazia sua
admiração por ele crescer
. Por mútuo acordo, metal e nem música country estava tocando.
Ela tomou a iniciativa de fazer uma lista única para os dois. One

41
Yonkers é uma cidade localizada no estado americano de Nova Iorque, no Condado de Westchester.
42
Auschwitz é o nome de uma rede de campos de concentração localizados no sul da Polônia operados
pelo Terceiro Reich nas áreas polonesas anexadas pela Alemanha Nazista, maior símbolo do Holocausto
perpetrado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.
Republic estava atualmente falando sobre segredos, Harper se
lembrou de que tinha essas músicas, mas estava a construir até
compartilhando tudo com ele.
— Pronto, querida?
Harper se virou um pouco para vê-lo virar o chapéu de beisebol
antes de puxar as luvas.
Ele se inclinou e beijou-a mais uma vez antes que ela pudesse
responder.
— Sempre. — Ela respirou contra seus lábios.
O rosto de Trent estava maduro com antecipação. Ele disse a ela
que queria que o momento em que ele tatuasse todos os detalhes do
punho fosse verdadeiramente simbólico para ela, então, eles
concordaram que ele não diria a ela o significado de todos os detalhes
até que ele estivesse tatuando-os em suas costas. Embora ela tivesse
visto a concepção global das cores, ela não sabia o que significava.
Mas ela confiava que Trent a conhecia bem o suficiente para escolher
algo perfeito.
— Aqui vamos nós.
A picada da agulha em sua pele cortou seus pensamentos
enquanto se ajustava à dor. Tornou-se um exorcismo das sortes. A
dor e o resultante da tatuagem estavam purificando-a de todas as
más lembranças que ela tinha e Trent estava ajudando-a a
reabastecer sua memória com bons momentos.
Era assustador ter que admitir que Trent estava se tornando tão
necessário para ela como o ar e a água.
Trent quebrou o silêncio, espalhando seus pensamentos.
— O que você sabe sobre os símbolos celtas?
A quantidade de tinta em um espaço muito pequeno estava
começando a irritar ela, as agulhas se deslocavam em uma área tão
pequena se tornando cada vez mais dolorosa. Ela pensou em voltar
para o esboço de sua tatuagem, lembrando que o cabo era feito de
nós da trindade, predominantemente celta e em torno tinha espirais
com pedras preciosas.
— Não muito. — Respondeu Harper com os dentes cerrados.
— Os nós da trindade celta ou triquetra pode significar muitas
coisas diferentes. No cristianismo significa o Pai, Filho e o Espírito
Santo. Os pagãos celebravam a Virgem, Mãe e a Anciã. Vida, morte e
renascimento em qualquer outro lugar. Eu prefiro esse. Que significa
o crescimento do espírito, ou seja, a vida é eterna e o amor que nunca
termina.
A energia calmante encheu a sala quando Trent descreveu o
significado por de trás das linhas que seriam permanentemente
gravadas em suas costas. O que começou como sendo puramente um
disfarce para algo tão horrível, estava se tornando uma definição de
quem ela era e o que ela esperava, muito além de sua intenção inicial.
— As espirais ou triskelions celtas, representam o ciclo eterno da
vida, morte e renascimento espiritual. Eu acordei na manhã depois
que eu conheci você e eu sabia que tinha que incluí-los de alguma
forma, porque é isso que eu acho que essa tatuagem significa para
você. — Harper sentiu Trent parar para limpar um pouco da tinta
excedente de suas costas. — E eu acho que uma parte de você morreu
quando aquilo aconteceu. — Ele se inclinou e beijou perto da base de
sua espinha, muito longe de onde estava a tatuagem. — Espero, que
este seja um renascimento para você, Harper. Isso é o que eu vejo
quando eu olho para você querida.
Engolindo o poder de suas palavras, mas com medo de falar, de
revelar a profundidade de seus verdadeiros sentimentos, Harper
permaneceu em silêncio.
Trent explicou que as duas extremidades das alças tinham
incorporado pedras de ágata de musgo.
— É a mais poderosa ágata. — Disse ele. — Acredita-se que serve
para ajudar a equilibrar a energia emocional, permitindo que o
usuário deixe ir a raiva e amargura.
Harper podia sentir a agulha indo para a esquerda de sua espinha
quando Trent fechou a pedra verde. Ela deixou o foco da sua mente,
visualizar a raiva reprimida e a frustração, fazendo-os sair de seu
corpo.
— A pedra central se chama aventurine, aventurina vermelha na
verdade. Pode ser considerado o seu birthstone43. Kit me garantiu
que ela suporta o seu chacra da raiz, se por acaso você acreditar. Não
me peça para explicar, porque não é minha coisa, mas ela é uma
grande adepta. Ela diz que o chacra da raiz garante que suas
necessidades básicas de segurança e saúde sejam atendidas. Ele
também ajuda o usuário a ver novas possibilidades e oportunidades.
E ela estava. Tudo estava ficando cada vez mais claro. Ela queria
ficar com o Trent. Essa noite não era à noite, porque ela não queria
manchar a noite incrivelmente intimista, mas amanhã ela contaria
para ele sobre as mensagens.
— Ouch. — O grito saiu por acidente quando Trent voltou sobre as
colisões de sua coluna vertebral. Harper fez uma careta. Trent estava
fazendo o seu melhor para mover a localização da agulha ao redor, ela
podia sentir isso, mas estava realmente começando a doer.
Ela ouviu Trent pousar o equipamento e deslize o banco ficando na
frente dela.
— Esse foi o pior, Harp. Você está sendo incrivelmente muito
corajosa. Eu já teria homens adultos chorando neste momento. — Ele
fez uma pausa por um momento antes de beijá-la suavemente na
cabeça. — Temos duas opções. Eu posso parar em um minuto e
podemos deixar para uma próxima vez, ou eu posso continuar por
mais vinte minutos e isso estará acabado. As nomeações finais, vão
ser curtas e doces. Na realidade muito menos dolorosa.
Harper respirou fundo e soltou o ar duramente. Determinada a
não chorar, ela mordeu o lábio com força. Ele parou o dilúvio
pendente, mas as lágrimas ainda ameaçavam.
— Oh querida. — Trent a beijou suavemente. — Eu trocaria de
lugar com você num piscar de olhos se pudesse. Eu sei que dói aonde
estou trabalhando.

43
birthstones está associado com os meses do ano, e cada um se acredita ter muitos poderes de cura. Eles
estão conectados com o ano em que você nasceu e seu signo do zodíaco. Aqueles que acreditam nos
poderes mágicos de birthstones usá-los para combater os efeitos do que eles acreditam ser o seu mau
karma.
Harper acenou com a cabeça. Ele entendeu.
— Você pode fazer isso em quinze?
Trent beijou o lado do olho, onde uma única lágrima estava
fazendo uma pausa para a liberdade.
— Eu vou fazer em dez.
— Hey, Harper, venha aqui. — Sussurrou José
quando Harper chegou no início de seu turno. Sua
testa enrugou quando ele acenou com a cabeça em
direção a uma mesa no canto. — Há um cara ali
perguntando por você. O cara é de uma aparência
estranha em um terno. Está tudo bem?
Harper balançou a cabeça ligeiramente.
— Eu não sei. Deixa eu ir ver o que ele quer.
— Você está me procurando? — Disse Harper quando ela alcançou
sua mesa.
— Harper Connelly? — Ele perguntou, com seus olhos redondos
observando-a. Ela assentiu com a cabeça. — Bem, sente-se senhorita
Connelly. Posso arranjar-lhe um café?
— Não, obrigada. Você se importaria de me dizer por que está
aqui?
— Claro. — Ele enfiou a mão em uma sacola e tirou uma pasta
verde, com O JARDIM VIDA ETERNA CEMITÉRIO gravado em ouro
sobre ele. — Estou aqui para o compromisso das duas horas que você
reservou. Para discutir os detalhes do funeral de sua amiga... — Ele
abriu a pasta olhando os detalhes, mas ela já sabia. — Ah sim, está
aqui. Para sua amiga, Taylor Kennedy.
Harper violentamente se empurrou para trás da mesa e saiu
correndo da loja, ignorando o grito de preocupação de José. Lágrimas
escorriam pelo seu rosto, mas ela ignorou os olhares estranhos que
recebia e se concentrou no seu destino. Sua bolsa se debateu ao redor
do seu ombro e seus sapatos se soltaram quando ela correu para o
único lugar que ela sabia que iria se sentir segura.
Abrindo a porta da Second Circle, ela esquadrinhou o estúdio e
encontrou Trent quando ele voltava da área principal de seu
escritório. Ela correu para os seus braços deixando tudo sair.

***

— Eu pensei que você pensaria que eu estava louca. Quer dizer,


com muitos dos meus problemas, por que você deveria ter que lidar
com isso?
Harper levantou seu uísque arremessando-se em seu sofá. Pixie
estava ligando e cancelando todos os seus compromissos da tarde e a
equipe estava trabalhando furiosamente para finalizar as tatuagens
em andamento.
Ele olhou mais uma vez para o telefone de Harper, amaldiçoando e
tentando controlar o desejo de bater na parede, porra seria difícil, ao
ver as mensagens ameaçadoras que ela estava recebendo e não tinha
contado para ele.
— Podemos conversar sobre por que você não compartilhou isso
comigo quando chegarmos em casa. Mas, por agora, vamos nos
concentrar em lidar com a polícia.
Harper soltou um suspiro longo e instável. Ele não sentiu
nenhuma satisfação em empurrar ela para chamá-los, sabendo o que
lhe custaria a concordar com a decisão. Houve uma batida na porta e
Cujo entrou. Trent levantou-se e caminhou até ele.
— Os policiais estão aqui. Qualquer coisa que eu posso fazer? —
Ele sussurrou.
Trent deu-lhe as chaves do seu apartamento.
— Tem como você ir na minha casa? Pega o Frankie no caminho.
Apenas certifique-se que não ter nenhuma surpresa quando levá-la
para casa.
— Entendi. — Ele saiu do caminho quando Pixie trouxe a polícia.
— Detectives Lopes e James. — Ela disse apresentando antes de
sair com Cujo.
Ele conduziu-os para as cadeiras perto do sofá e sentou-se ao lado
de Harper, puxando-a para mais perto.
— Harper, os detetives estão aqui. Você está pronta para isso? —
Harper empurrou o copo para fora do caminho e estendeu a mão
apertando para saudá-los.
— Você pode nos dizer, com tantos detalhes que você puder, o que
está acontecendo Harper? Então, podemos descobrir para onde ir a
partir daí.
Trent ouviu Harper nervosamente recontar a história para a polícia
e viu quando eles verificaram seu telefone. Ela estava apavorada,
segurando uma almofada com ambos os braços, puxando-a com força
em direção a ela, como se fosse um escudo. O desejo de fazer algum
dano a parede do escritório tinha se transformado na imagem dele
fazendo a mesma coisa no rosto de Nathan.
— Há um outro detalhe que você precisa saber. — Harper pegou
sua mão, virando-se para encará-lo enquanto falava. — Meu nome
não é Harper Connelly. É Taylor Kennedy. Esse é o nome que você vai
encontrar na ordem de restrição.
Cristo, haveria um fim para tantos segredos?
— Sinto muito. — Ela sussurrou só para ele.
Apesar de tudo, ele apertou a mão dela, com a necessidade de
confortá-la, apesar de sua raiva.
— Nós vamos falar sobre isso, uma vez que passarmos por isso.
Uma tosse interrompeu-os. Detective Lopes.
— Podemos levar o telefone para o nosso laboratório e ver se
alguma coisa pode ser rastreada, mas para ser honesto, esses tipos
de coisas são feitas com materiais descartáveis. Provavelmente sem
vestígios, tendo em conta a duração da mensagem. Faremos o melhor
que pudermos. Vamos falar com o florista, obter mais algumas
informações a partir deles. Espero que as flores foram compradas com
cartão de crédito hackeado.
— Então, o que mais pode ser feito nesse meio tempo?
— Eu gostaria de ter uma resposta melhor para você, Sr. Andrews.
Nós vamos investigar as ligações que você já nos deu, fazer algumas
ligações para Chicago e dar-lhe os nossos cartões para que você possa
entrar em contato conosco se alguma coisa estranha acontecer.
— Harp... Taylor teve alguns problemas com a polícia antes de
sair. — Trent olhou para Harper, sua boca estava aberta, com as
sobrancelhas levantadas. — Desculpe querida, mas eles devem saber.
— Não, você... não, por favor. — Ela começou, sua voz cheia de
pânico.
— Que tipo de problemas? — Detetive James cortou.
— O tipo que apenas dinheiro e conexões podem comprar. O pai de
seu atacante era muito bem conectado, especialmente com a polícia e
eles conspiraram para desacreditar, intimidar e deixá-la aberta para
que o assédio continuasse.
Ele sentiu as unhas de Harper cavar a palma de sua mão e depois
soltar, coçando e incendiando. A polícia não conseguiria fazer o seu
trabalho de forma eficaz sem todos os fatos, ele sabia. Tudo o que ele
podia fazer era esperar que tivesse feito a escolha certa.

***

O conteúdo da tabela ao lado do corredor sacudiu quando a porta


do apartamento de Trent fechou com uma batida. Ele não tinha
falado uma palavra com ela desde que os detetives deixaram seu
escritório, a não ser para dizer a ela que eles estavam saindo.
Ela saltou quando o armário da cozinha bateu. O tilintar de copos
batiam no granito.
— Quer um, Taylor? — Ele chamou o nome dela e parecia
estranho vindo de seus lábios. Harper balançou a cabeça quando ele
inclinou a cabeça para trás e bebeu.
O silêncio era terrivelmente frio. Ombros curvados, Trent colocou
as duas mãos sobre o balcão e abaixou a cabeça.
— Existe mais alguma coisa que eu preciso saber? Crianças
escondidas? Um registo criminal no seu próprio país? Porque eu
tenho que ser honesto, eu sinto como se tivesse tomado a pílula
vermelha e estou fora de Matrix.
A mágoa doía.
— Sinto muito. Eu pensei que fosse o melhor. Se alguém viesse
perguntar por mim, você não teria que mentir.
Trent ergueu os olhos para ela. Ela podia ver a dor gravada nas
linhas em sua testa.
— Você não confia em mim? É isso que você está dizendo? — Ele
perguntou em voz baixa.
— Não. — Exclamou Harper. Ela queria ir com ele, mas o
pensamento de ser rejeitada a enraizou no local. — Não é nada disso.
Eu não queria arrastá-lo ainda mais no meu drama só para depois se
machucar. Assim, ele não saberia que você estava envolvido.
Trent endireitou-se e caminhou em sua direção, parando bem na
frente dela e colocando as mãos em cada lado de seu rosto, seus olhos
despindo as mentiras e as inverdades.
— Você não entende, não é, Harper? Por razões que não posso
nem começar a compreender agora, eu quero estar com você. Eu
quero um futuro com você. Bom ou mal. Juntos. Então, aqui, agora,
você tem que me dizer o que você quer muito, porque se não é isso...
se não for nós... eu preciso saber. E se é isso que você quer, você
precisa me dizer se existe alguma coisa que eu preciso saber.
Sua testa tocou a dela, seu hálito quente em seus lábios.
— Não há mais nada. Você sabe tudo. E sim, é isso o que eu
quero. Mais do que tudo. É a única razão pela qual eu ainda estou
aqui. Que eu não tenho que correr. Você me ancora aqui.
Suas mãos afundaram em seu cabelo e sua boca esmagou a dela.
Nesse momento, enquanto ele a levava, ela percebeu que perder Trent
machucaria ela mais do que qualquer coisa que ela já havia passado.
***

Harper estava acariciando seu peito, sua respiração lenta e


constante. Eles haviam conversado. Muito. Suas lágrimas tinham
parado e felizmente os beijos dela não tinham. Ele poderia passar o
resto da noite apenas beijando seus lábios macios e inchados e ele
geralmente a olhava maravilhado como o jumento sentimental que ele
era.
— Você vai continuar me chamando de Harper? — Harper cruzou
os braços sobre o peito e olhou para ele pensativa.
— Eu vou chamá-la do que você quiser que eu a chame, querida.
Chamá-la de outra coisa senão Harper seria realmente estranho,
mas era a escolha dela.
— Eu não tenho certeza se gosto de Taylor, não mais.
Ele não conseguia parar de tocá-la. Ele correu uma mão para cima
e para baixo e mergulhou um pouco na base das costas sexy. A outra
ele gentilmente puxou através do comprimento de seu cabelo.
— Harper então. Como você escolheu o nome?
Harper soltou uma pequena risada.
— Honestamente?
— Eu espero que você seja sempre honesta comigo a partir de hoje
em diante, querida.
— Eu estava na estação de ônibus e fui em uma pequena loja de
conveniência para comprar água para a viagem. Enquanto estava em
pé na fila para pagar, eu vi Jennifer Connelly em uma capa de revista.
Eu sabia que iria usar um nome diferente e eu me disse uma vez que
eu parecia um pouco com ela, mas eu percebi que tomar todo o seu
nome seria mais do que um pouco estranho. A revista ao lado da que
ela estava era Harpers Bazaar. Então eu os combinei.
Trent riu, lembrando-se sem saber do comentário de Cujo sobre
Harper ser bizarro. Ele ficou lá, olhando para o teto, enquanto Harper
adormecia em seu peito. Eles não tinham tido o mais fácil de
arranques, mas eles estavam finalmente onde precisavam estar.

***

— Mora comigo.
Os batimentos cardíacos de Harper aceleraram com as palavras.
— Estou falando sério, Harper. Mora comigo. Quero que fiquemos
juntos. O tempo todo. Não só apenas quando nos esprememos na
noite.
Ela nunca pensou que iria ouvir essas palavras novamente. Ou
mesmo que fosse querer. E agora que ela tinha, simplesmente não era
assim tão fácil. Ela estava presa. Ela não queria correr mais, mas
criar raízes permanentes parecia demais, ela se perguntava se estava
pronta.
Ela colocou a xícara de café na mesa de bistrô ao lado da última
lição de Joanie, uma sinopse do Morro dos Ventos Uivantes que
Joanie tinha estruturado lindamente.
— Estou velho demais para fazer uma mala para uma festa do
pijama e seriamente já tive o suficiente de ir para o trabalho sem
cueca porque eu não tinha nenhuma roupa limpa para vestir. —
Trent sorriu.
Ele era tão extremamente atraente com pijama xadrez e com o
peito nu de fora. Suas tatuagens eram impressionantes na luz do sol
da manhã. Harper estudou seu rosto. Ele era um bom homem, forte,
sincero e ele queria que eles avançassem. Era apenas algo natural.
Em qualquer outra circunstância, Harper teria se sentido como a
mulher mais sortuda do mundo.
— Não é um pouco cedo? Quero dizer, nós só nos conhecemos há
alguns meses. — Houve um compromisso a ser alcançado? Ainda
tinha muita coisa em sua cabeça como um psiquiatra em um dia de
campo. Se ela fosse morar com ele, Nathan descobriria onde eles
viviam o que colocaria em risco a vida Trent. Por outro lado, se ela
fosse morar com ele, ela definitivamente ia está mais segura. Mas
tirando toda essa loucura de lado, quem se muda com seu namorado
depois de um curto período de tempo?
A mão dele alcançou em torno de seu pescoço e seu polegar
acariciou sua bochecha suavemente.
— Mais tempo só vai provar o que eu já sei, Harper, mas se você
não está pronta é só dizer.
O olhar de expectativa em seu rosto era tudo o que ela não podia
suportar. Por que não poderia ser apenas o dia mais feliz de sua vida
e acabar logo com isso? Trent levantou uma sobrancelha para ela.
Silencio.
— Então?
— Eu não sei o que pensar para ser honesta. Os últimos meses
que tivemos... Como você disse mesmo? Há sim, meu mundo ficou de
cabeça para baixo. Eu estou apenas começando a encontrar-me
novamente. Eu tenho fortes sentimentos por você, Trent. — Harper
estendeu a mão e colocou na bochecha dele. — Você não precisa se
preocupar com isso.
Trent recostou-se na cadeira, afastando-se de sua mão. Ele
esfregou a mão pela sua mandíbula sombreada da manhã.
— Talvez eu devesse dar-lhe algum espaço. — Disse ela.
Ele bateu com o copo. Café espirrou sobre o aro amassado em
torno da base.
— Onde diabos você tirou a ideia que eu quero espaço? Eu quero
você aqui. Comigo. O tempo todo. Eu quero voltar para casa e ouvir o
chuveiro caindo e ficar animado porque eu sei que você está nele. Eu
quero lutar todos os dias para ir à academia porque eu vou odiar a
ideia de deixar seu corpo quente para trás na cama. Eu quero ouvir a
chave girar na fechadura e me sentir satisfeito por saber que você
está em casa. Eu não quero nenhuma porra espaço Harper.
Harper riu.
— O que é tão engraçado?
— Eu não quis dizer o espaço que você está pensando. Eu quis
dizer espaço, como o espaço do armário, uma gaveta no quarto, parte
do balcão no banheiro.
A boca de Trent se contraiu e um leve sorriso fez caminho até seus
lábios.
— Como um compromisso. Um compromisso que eu quero muito.
Eu me lembro de você falando no carro sobre algo ser um passo na
direção certa para um objetivo que ambos concordarem. Bem, eu
quero todas essas coisas que você acabou de dizer, com você
eventualmente. E se começarmos a deixar as coisas na casa de um
dos dois, é um passo, certo?
Trent estendeu a mão, flexionando seu bíceps delicioso tatuado e
coçou o lado de sua cabeça. Sem falar, ele ficou de pé, agarrando
Harper e puxando-a para o elevador de segurança.
— Trent. — Ela gritou, chutando seus pés para se libertar. — O
que você está fazendo?
Ele deu um tapa na bunda dela de brincadeira e riu enquanto a
levava para o corredor.
Chegando ao quarto, Trent jogou-a sobre a cama.
— Estamos fazendo o espaço. Hoje, agora mesmo. — Ele começou
abrindo suas gavetas, olhando dentro de cada uma antes de tirar
coisas para fora e dividindo-as entre as outras.
— Ok, isso é para a sua roupa intima. Eu preciso ver sutiãs,
calcinhas e qualquer outra merda feminina que você tem aqui antes
do final do dia.
Como uma pantera à espreita, Trent se lançou para a cama,
agarrando seu tornozelo e puxando-a para a borda da cama antes de
varrer em seus braços para caminhar até o banheiro. Ele a levou no
canto da vaidade, onde as coisas dele estavam espalhadas através das
duas pias.
— Escolha um.
— Escolher um o quê?
— Um lado da pia. Qual você quer?
— Você está me dando uma pia inteira? Espere... pare...
Trent agarrou-a e começou a fazer cócegas nela. Harper não
reconheceu os risos femininos que escapavam dela.
Apontando para a pia mais distante da porta, ela viu quando ele
empurrou sua escova de dente, creme dental e produtos de higiene
para o outro lado da pia.
Ele fez a mesma coisa com as gavetas e criou um espaço embaixo
da pia.
— Espero ver escova de dente, pasta de dentes, xampu e seja o
que for que faz você ter o cheiro de baunilha aqui.
— Você gosta da baunilha? — Ele nunca deixou de surpreendê-la,
ele sempre lembrava de todos os detalhes.
Virando-se, ele agarrou seu rosto com as duas mãos e beijou-a
com força. Ele arrastou beijos atrás da orelha e respirou fundo antes
de voltar para encará-la.
— Absolutamente. Eu amo a porra do cheiro de baunilha. — Ele
murmurou contra seus lábios antes de beijá-la novamente, desta vez
suavemente.
— Ah e é melhor eu ver uma caixa de absorventes também.
— Oh meu Deus, agora você exagerou! — Harper corou
furiosamente.
— Eu quero você para muito mais do que apenas sexo, Harper. —
Ele agarrou a mão dela e levou-a de volta para o quarto antes de abrir
todas as portas do armário. Em poucos minutos havia espaço
suficiente e cabides vazios. — Eu vou arrumar algumas coisas agora e
então, nós vamos até a sua casa para fazer a mesma coisa. Eu estou
me mudando para sua casa e você também estará se mudando para a
minha e tudo isso vai ser hoje.
— Ow. — Harper rangeu quando Trent golpeou suavemente seu
bumbum. — O que foi isso?
— Eu não posso manter minhas mãos fora de sua bunda perfeita.
— Seu sorriso rápido fez seu coração apertar. — E já estou indo até a
sua casa antes que você mude de ideia.
Harper observou como sua boa forma poderosa caminhou em
direção a seu armário recém-arranjado. Ela quase se derreteu quando
ele baixou as calças do pijama e olhando por cima do ombro, piscou
para ela.
Harper trancou o apartamento de Trent e sorriu para
seu novo chaveiro, o crânio cor de rosa era brilhante
com um pouco de curva na parte superior da carcaça da
íris que refletia na porta.
Os últimos quatro anos tinha lhe dado uma apreciação
renovada para as pequenas coisas da vida. Eles tinham
adquirido chaves repartidas da casa de cada um e Trent tinha
comprado o anel de chave. Portanto, bem, não para ela, mas até que
era bonitinho. Ele colocou suas respectivas chaves do condomínio no
chaveiro e entregou-o de volta para ela. Quem diria que um crânio
pudesse fazê-la a garota mais feliz do mundo? Ele também a
presenteou com um novo telefone impressionante, completo com
números novos, conforme a polícia tomou distância.
Ela se dirigiu até o shopping para atender Drea. Elas caminharam
para a loja favorita de Drea e não meia hora depois, Harper já estava
sentada em um banco de provador observando-a puxar em um par de
calças brim vermelhas brilhantes.
— Então Dre, qual é o negócio entre você e Cujo? O que aconteceu
na outra noite?
— Urrgghh! Ele é irritante. Eu não sei como você não vê isso.
— Você está certa, eu não sei. Ele tem sido bom para mim, doce
mesmo.
Harper se inclinou para frente, observando Drea virar de um lado
ao outro para verificar o ajuste. Drea caiu ao seu lado no banco.
— Não é do mesmo jeito com você? A maneira como ele trata as
mulheres. Você viu como ele estava com a loira na outra noite. E ele
me trata como se eu fosse estúpida. Eu sei que eu só trabalho em
uma loja de café, mas eu ajudo também o José a gerenciar. Eu não
sou estúpida.
Harper colocou o braço em torno de sua amiga.
— Não, você definitivamente não é. Tem certeza não há nenhuma
maneira de você estar misturando as coisas? Eu trabalho no café,
tecnicamente, abaixo de você e ele não me faz sentir pequena.
Drea suspirou.
— Eu não sei. Acho que não. Talvez ele simplesmente não gosta de
mim e você é a namorada do chefe, então, ele tem que ser bom com
você.
Poderia realmente ser isso? Era uma possibilidade, mas de alguma
forma simplesmente isso não era certo. Ela lembrou-se dele sentado
com ela na sua primeira tatuagem, quando ela estive tão claramente
triste, ele riu e brincou com Trent até que, juntos, eles tinham tirado
a dor dela.
— Eu sei o que você está dizendo, Dre, mas eu, eu não sei, eu
realmente luto com isso. Eu não estou dizendo que é você ou ele... eu
só quero saber se você começou com o pé errado com ele.
— Você não vê como ele é arrogante? Penso que ele é do tipo que
pega o que precisa de uma mulher e, em seguida, deixa-a, assim não
haverá responsabilidades. Não se importa como ela se afeta e quanto
dói. Ele é como meu pai.
— Eu não tinha ideia, Drea.
— Merda. — Drea limpou furiosamente seus olhos, tomando uma
respiração profunda. — Você sabe o que? Está tudo bem, Harper. Ele
não gosta de mim, tudo bem. Ele não vai falar comigo se você não
estiver por perto e mesmo que fale, normalmente, somente vai ser
para dizer algo por dizer. Eu só vou evitá-lo quando estivermos
juntos.
Harper olhou para a amiga, perguntando se ela estava mesmo
ciente quão infeliz ela soou sobre ele. Enquanto Drea pagava a calça
jeans, Harper pegou o telefone e enviou uma mensagem de texto para
Trent. Ele iria amar o conjunto pequeno de sutiã e calcinha que Drea
tinha a encorajado a comprar. Um rico cetim verde-esmeralda com
laço preto. Ela bateu a tela e, em seguida, parou quando viu a
mensagem recebida. Não há para onde correr.

***

Trent sentou-se no banco de peso, seus músculos queimavam com


a dor pulsante que só vinha de um bom treino. Enquanto tomava um
longo gole de água, ele vasculhou o ginásio até encontrá-la.
Ela estava usando uma bandagem vermelha em suas mãos,
amarrado firmemente para proteger os pequenos ossos e articulações
de fratura, Harper alternadamente chutava e socava o gancho de
almofadas como uma profissional. Seu corpo estava definitivamente
mais tonificado do que antes, o que parecia seriamente bom nela.
Quando Frankie gritou.
— Pare! — Harper caiu drasticamente no chão, rindo enquanto
Frankie jogava a toalha para ela.
Ele observou enquanto ela brincava com alguns dos caras no
ginásio. Foi-se a menina nervosa e tímida, ainda que a corajosa
tivesse vindo para vê-lo naquela primeira noite. Em seu lugar estava
uma mulher forte e capaz. Ele podia jurar que estava mais
preocupado com as mensagens de texto do que ela, que era por isso
que eles iriam na delegacia de polícia, quando terminassem na
academia.
Leon jogou as almofadas sobre a corda e Trent viu quando eles
caíram no chão de concreto. Ela tinha lutado com Leon, a pedido de
Frankie, mas ele ainda queria vê-la em ação. O pontapé que ela deu
em Leon foi executado fora de equilíbrio, não era uma coisa fácil de
fazer nem para um lutador habilidoso.
— Sua garota é autentica. — Disse Frankie enquanto se juntava a
Trent no banco de peso. Trent observou como os pontapés
perfeitamente cronometrados no joelho fez o que eles foram feitos
para fazer. Os caras no ginásio aplaudiram quando Harper despejou
uma cotovelada golpeando a cabeça de Leon.
Trent abriu a boca para dizer alguma coisa, mas nada veio. Claro,
Leon poderia facilmente ter apagado, mas ela estava definitivamente
dando a ele um treino. Frankie riu.
— Sim, estávamos todos desejando que ela pegasse um pouco,
mas ela começou a pegar rapidamente. Ela poderia lutar, se ela
quisesse. Eu poderia treiná-la se ela quiser.
A luta acabou e ela caminhou em direção a ele com seus pequenos
shorts e regata, sua pele estava brilhantemente dourada,
desvendando o envoltório de mão em mão até que uma ela bateu a
loop de polegar.
— Preparado para sair, Andrews? — Ela perguntou, jogando o
envoltório para ele.
— Eu já te falei o quanto eu gosto de você molhada? — Trent
entregou-lhe uma garrafa de água antes de acariciar um polegar
sobre o brilho de suor em sua clavícula.
— Engraçadinho. — Ela sorriu, mostrando suas bochechas cor de
rosa. — Sério. — Ele disse, inclinando-se para beijá-la castamente.
— Ei. Bruto. Banho. Agora. — Trent ergueu a sobrancelha, a ideia
de um chuveiro com Harper era mais que tentador. —
Separadamente!
Ele riu ao ver que ela tinha lido sua mente.
Meia hora depois, eles estavam indo para a delegacia de polícia
para mostrar ao Detective Lopes as últimas mensagens.
— Eu não entendo como eles encontraram seu número tão
rapidamente. — Trent se movimentou nas desconfortáveis cadeiras de
plástico em frente a escrivaninha de Lopes.
— Eu estava conversando com nossos técnicos. Eles acham que
alguém está usando malware44.
— Malware? — Perguntou Harper, inclinando-se para colocar os
cotovelos sobre a mesa.
— É um Software malicioso. Você sabe como o worms45, vírus e
spyware46. Difícil de encontrar e mais difícil de tratar e quase
44
Malware também é conhecido como o Software que transmite o vírus Cavalo- de- Troia.
impossível de pará-lo. Ele pode ser instalado no seu computador,
telefone de qualquer dispositivo móvel. Tudo o que precisam é que
você abra um link e bum. Eles têm pleno acesso a todos os seus
dados.
Harper empalideceu. Ela respirou fundo.
— Você está bem, querida? — Ele Perguntou.
— Sim. — Ela olhou para ele. — Nathan era um gênio nesses tipos
de coisas de computador.
— Podemos arranjar alguém aqui para executar uma verificação
em todo o seu computador e telefone. Pode ajudar. — O detetive fez
uma pausa para tomar outro gole de café preto.
— Eu vejo que você teve alguns problemas no seu local de trabalho
Sr. Andrews. Vandalismo?
— Você teve? — Harper perguntou, com suas sobrancelhas
desenhadas juntas.
Merda. Ele deveria ter dito a ela mais cedo.
— Sim, querida. Nós tivemos. Não foi uma grande coisa. Aconteceu
enquanto eu estava em LA. Até eu voltar, Cujo tinha tudo limpo.
— Mas por que você chamou a polícia? — Grande. Agora, ela
estava toda preocupada com ele. Ele estendeu a mão e pegou a mão
dela, com os dedos imediatamente apertando em torno dele.
— Apenas no caso de precisarmos reclamar algo para o seguro,
mas eu não vejo como poderia ter uma ligação. Provavelmente
algumas crianças apenas sendo idiotas. Fiz o mesmo há muitos anos.
Eu acho que o estatuto de limites passou sobre isso, antes que você
tenha ideias.
— Vou fingir que não ouvi isso. Que seja.
Lopes sorriu.
— Qual foi o vandalismo?

45
É um programa capaz de se propagar automaticamente através de redes, enviando cópias de si
mesmo de computador para computador.
46
É um software que pode se instalar ou executar no computador sem que você tenha conhecimento ou
sem o seu consentimento ou controle
— Realmente, meio inteligente. — Disse Trent. — Eles picharam
uma citação de Dante no logotipo, na verdade, do second circle, canto
cinco... — Os olhos de Lopes estavam começando a revirar. — De
qualquer forma. — Disse ele, cortando o assunto. — Estava escrito
Amor condusse noi ad una morte que quer dizer amor nos trouxe
para uma morte.
As unhas de Harper pressionaram em sua pele, suas mãos
estavam úmidas.
— Escreva-o para mim. — Disse Lopes, passando um bloco e
caneta sobre a mesa para Trent. Eles encerraram a conversa com a
logística de terem seus dispositivos verificados.
Trent segurou a porta da delegacia aberta para Harper. Ele colocou
o braço em volta dos ombros de Harper e puxou-a para o seu lado
enquanto eles andavam pelo estacionamento. Harper olhou para ele,
o enrijecimento de sua mandíbula traindo seu nervosismo.
— Estava pensando sobre o que Lopes acabou de dizer. — Ele
começou, casualmente, como seus próprios nervos permitiriam. —
Precisamos ter cuidado, querida. Isso parece mais complicado do que
eu imaginei. Eu me sentiria melhor se nós apenas ficássemos juntos,
como todas as noites, e, tanto quanto pudermos durante o dia,
enquanto esperamos que isso acabe.
— Nós não podemos parar de viver nossas vidas só porque algo de
ruim está lá fora. Um milhão de coisas poderiam acontecer a nós dois
em qualquer dia. — Sua voz quebrou um pouco, mas ela lhe deu um
sorriso tenso.
Ele se virou para olhar para ela, depositando seus próprios medos.
— Você trabalha com Cujo diariamente. Isso é perigoso. — Disse
ela com um encolher de ombros.
Ele riu vendo como ela significava para ele. Que ela iria tentar e
fazê-lo se sentir melhor, era apenas uma das razões que ele estaria lá
para ela a cada hora. Se ele não podia mais ir a loja, que assim seja.
Ele poderia muito bem ser seu bebê, seu orgulho e alegria, mas ele
simplesmente não era sua principal prioridade.
***

O cheiro de bacon celeste despertou-a do sono. Aconchegando-se


no calor do edredom, Harper abriu um olho, piscando um olhar sobre
a cama agora vazia.
Um pedaço solitário de luz solar quebrou através das cortinas.
Harper levantou a cabeça e olhou para o despertador de Trent. Dizia
08:50.
Com um bocejo, Harper se sentou e se esticou, atingindo os braços
acima da cabeça. Ela já tinha a muito tempo desistido de tentar usar
roupas de cama. Invariavelmente Trent puxava para cima dela e
depois eles estavam muito condenados exaustos para colocá-las
novamente depois.
— Agora mesmo, isso daria uma grande fotografia. — Colocando a
bandeja no chão ao lado da cama, Trent empurrou-a de volta para
baixo e se arrastou em cima dela, seu peito perfeitamente liso escovou
contra ela.
Ele encostou sua boca na dela e a beijou suavemente, enquanto
colocava as mãos em cada lado do rosto dela, descansando os
antebraços por seus ombros.
Incapaz de resistir a seu corpo muscular, Harper passou os dedos
para o elástico das calças de moletom e suavemente o puxou. Será
que ela se acostumaria com o aperto em torno de seu coração e o
embrulho em seu estômago toda vez que ele a beijasse? Não podia ser
normal sentir algo tão forte por alguém.
Quando Trent puxou seus lábios dos dela, ela se sentiu desolada
com a perda.
— Feliz aniversário, querida! — Harper sentou-se e beijou suas
covinhas.
— Obrigada. — Ela murmurou contra seus lábios.
— Pensei que talvez você pudesse gostar do café da manhã na
cama para começar o dia. Não posso prometer uma delícia culinária,
mas é comestível e eu não ateei fogo em nenhuma coisa.
O tabuleiro foi ajustado perfeitamente, com pouco de sal, pimenta
e talheres embrulhados em um guardanapo. Havia até mesmo um
pequeno vaso com uma única rosa vermelha nele. A comida estava,
bem, empilhada. Literalmente empilhada no meio da placa. Ovos
mexidos, bacon e batatas fritas foram empilhados como escultura de
massa de modelar de uma criança de cinco anos de idade. Uma
torrada levemente queimada colocada ao lado de uma pequena placa.
Harper sorriu enquanto pegava uma fatia crocante de bacon e deu
uma mordida.
Eles comeram o pequeno-almoço sentados de pernas cruzadas na
cama, rindo de uma história que envolvia Cujo, um touro mecânico e
um mal ajustados jeans.
Quando terminaram, Trent pegou a bandeja e levou seus pratos
para a cozinha.
— Hora dos presentes. — Disse ele quando voltava. Ele deixou cair
um saco entre as pernas estendidas antes de colocar-se ao lado da
cama. — Estou guardando os outros para mais tarde.
Harper puxou a mão até o peito.
— Oh meu... você não tem que me dar nada.
Trent sorriu, mas pelo seu olhar dava para perceber que ele estava
nervoso.
— Fazer dois aniversários é algo digno de comemoração, querida.
Harper enfiou a mão na bonita sacola roxa, passando o papel de
seda prata, ela tirou uma caixa retangular preta. Abriu-a lentamente.
Sobre uma almofada roxa escura estava um pingente, um cristal que
parecia uma lágrima de vidro pendurado em um simples cordão de
couro preto. Fitas vermelhas e laranjas se torciam de dentro do vidro,
como se alguém tivesse deixado cair os tons brilhantes em um
redemoinho.
— É impressionante. — Harper segurou-a contra a luz para ver as
cores mudarem.
— Eu tirei a ideia de sua tatuagem. Um amigo meu é um artista
que mexe com vidro, então eu desenhei e pedi para que ele fizesse.
Os olhos dela se encheram de lágrimas felizes. Ele havia projetado
apenas para ela.
— As chamas me deram a ideia. — Ele tirou dela e girou o dedo
fazendo o pingente girar.
Harper virou-se e levantou o cabelo do pescoço. Ele prendeu o
colar beijando-a rapidamente no pescoço.
Ela foi no espelho ao lado da porta para olhar para ele, virando-se
de lado a lado. Parecia que fogo era inserido dentro do cristal.
Correndo de volta para a cama, ela se lançou em Trent e jogou-o de
volta na cama com um umph alto.
— Eu. Amei. Ele. — Harper pontuou as palavras com beijos altos
contra os lábios sorridentes de Trent. — Adoro. Adoro. Amá-lo. —
Harper continuou a beijar o rosto de Trent todo, enquanto ele fazia
cócegas para tirá-la dele.
Ela se concentrou na formação de Frankie. Muito suave, muito
macio. Pressionando o cotovelo suavemente contra o pescoço dele, ela
riu quando ele ergueu a mão longe deixando de fazer cócegas nela e
agarrando seu pulso. Sacudindo o braço para fora, ela quebrou sua
mão e apertou as coxas em torno dele.
— Jogando sujo, hein? — Ele riu, colocando um pouco de músculo
nela.
— Eu acho que tenho que agradecer Frankie por isso. — Ele
sentou-se rapidamente, envolvendo seus braços firmemente em torno
dela para fixar os braços em seus lados. Ela fingiu morder a bochecha
antes de lambê-lo rapidamente.
Finalmente rolando-a sobre ele, Trent pairava acima dela.
— Fico feliz que você gostou, querida. — Ele sorriu antes de baixar
seus lábios nos dela para um beijo prolongado.
Harper levantou as pernas para cima e envolveu-os em torno de
sua cintura.
— Eu amo isso. — Ela murmurou contra ele quando ele se moveu
contra ela.
— Não tanto quanto eu. — Ele praticamente gemeu. Agarrando o
cabelo dela em suas mãos, ela levantou a cabeça e encontrou seus
lábios nos dela.
— É impossível de rastrear, senhorita Kennedy. —
Detective Lopes disse ela ao telefone. — Não há
nenhuma maneira de relacionar ele inicialmente com as
mensagens.
Harper abriu a porta de correr para a varanda de Trent,
inalando uma respiração profunda do ar úmido do mar.
— Mas isso não significa que não seja Nathan, não é? — Detetive
Lopes era bom em atualiza-la ao longo dos últimos cinco dias, mas ele
raramente tinha algo de útil para dizer.
— Não, isso não significa. Não tenho nada para ir mais a frente.
Seu oficial de condicional fala muito bem dele. Ele está no emprego o
tempo inteiro e está atendendo todas as suas aulas de controle de
raiva. E ele ainda está em Chicago. Ele está cumprindo todas as
regras de sua liberdade condicional.
Harper encerrou a ligação. As informações de Lopes tinham lhe
dado um ponto sobre o vírus que podia está no seu celular e isso a
incomodava. Só Deus sabe o quanto que Nathan era um gênio
quando se tratava de computadores. Em uma ocasião, ele invadiu o
computador de seu professor para baixar as perguntas do exame
final, em um gesto que ele pensava ser romântico. Ele ficou chocado
quando ela se recusou a olhar para as perguntas.
Porém, havia algo a mais incomodando ela também. Harper
marchou para a cozinha e pegou o laptop de Trent e procurou pela
citação que foi pichado no estúdio de Trent com spray. Era
definitivamente uma citação poderosa e Harper precisava de uma
atualização sobre o motivo. Investigando, ela não precisou olhar
muito tempo para encontrar o que procurava. Era outra mensagem.
Ela levou alguns minutos para enviar a Lídia e a seus pais, uma
nota rápida para terem seus computadores verificados em busca de
algum vírus. Era apenas uma suposição, mas Nathan talvez estivesse
recebendo informações dela a partir deles, assim como ela.
Eram quase seis horas e Trent estava esperando por ela em breve.
Ele estava levando-a para o seu aniversário de Sal47, em um
restaurante sofisticado em Coconut Grove, que fica de frente para a
maré. Ela caminhou de volta para o apartamento e tirou a calcinha
verde e preta que havia comprado enquanto fazia compras com Drea,
colocando-a na cama ao lado de um vestido preto com tiras estreitas
que abraçaram apertado em todos os lugares certos. Com Trent
ameaçando seduzi-la com ostras, ela precisava de um pouco de
munição própria.
Ela pegou a maquiagem, determinada a agradar Trent. Na hora
que ia aplicar o rímel, Harper parou, congelado. Sua vida tinha se
tornado uma montanha-russa, altos e baixos de eventos e emoções
que corriam juntos em um borrão de alta velocidade diariamente. Mas
ela não estava em pânico. Suas mãos não estavam tremendo
rapidamente. Ela não estava se afogando em uma enxurrada de
pensamentos sombrios. Ela estava com medo, mas não em pânico,
tomando o controle e ficando com sua vida.
O pensamento a fez sorrir.

***

— Não sei como ela vai levar tudo isso. — Trent levantou um pé na
pequena mesinha contra a janela do estúdio, que vibrava ao som de
AC / DC "You Shook Me All Night Long".
— Bem. — Disse Pixie, olhando para a rua. — Você está prestes a
descobrir, garotão. — Ela bateu na lateral de seu rosto bem-
humorado e caminhou de volta para o estúdio.
47
É como se fosse um aniversário de verão, que tem tudo da praia envolvido.
Trent virou a cabeça e observou Harper caminhar em direção a ele.
Ela obviamente tinha ido em casa trocar de roupa. Um vestido de
verão preto, equipado com um cinto verde-esmeralda espesso exibia
sua cintura fina e figura incrível. Sapatos pretos de plataforma davam
a impressão que suas pernas recém-bronzeadas passaram por
milhas. Ela tinha um balanço sexy nos seus quadris enquanto se
movia.
Se empurrando para fora da janela, ele correu para chegar nela
antes que ela chegasse ao estúdio.
— Eu juro que você simplesmente parou meu coração, querida. —
Levando-se por seu sorriso, ele a puxou e permitiu que seus lábios
escovassem os dela. Aqueles lindos olhos verdes se fecharam quando
ele a levou mais profundo, o que o espantou ao perceber o quanto ela
respondeu a ele. Como eles se encaixam.
Afastando-se, ele deu-lhe um pouco de espaço e sorriu quando ela
encontrou seu equilíbrio novamente.
— Você acha que nunca vamos nos cansar disso? — Harper
perguntou com um rubor envergonhado.
— Cristo, eu espero que não. Basta se lembrar como se sentiu
agora, porque você poderá está com raiva de mim daqui a um minuto.
— Hum. Eu acho que não gostei de ouvir isso. — Harper levantou
uma sobrancelha para ele.
Ele pegou a mão dela e a levou para o estúdio antes de puxá-la na
frente dele, de costas para o seu peito. Era a posição mais segura
para se evitar um pontapé nas bolas e a melhor posição para bloquear
uma fuga rápida.
Ele sentiu a ingestão rápida da respiração de Harper quando ela se
virou para encará-lo com uma mão sobre sua boca.
— O que você fez? — Ela disse por entre os dedos.
— Feliz aniversário, querida.
Ele a empurrou pela porta quando todos lá dentro gritaram.
— Surpresa!
***

— Não pule quando eu fizer isso, Harp, ou você vai me dar um


complexo. — Cujo se colidiu, sentando ao lado dela na cama de
tatuagem em que ela estava tomando atualmente sua quinta dose.
Harper estava se voltando para perguntar exatamente o que ele
queria dizer com "isso", quando o braço de Cujo deslizou ao redor de
seus ombros, trazendo-a contra ele em um abraço amigável enquanto
ele beijava o topo de sua cabeça.
— Feliz aniversário, Harp. — Harper sentiu Cujo relaxar quando
ela não o saltou.
Ela não se sentia tão estranha agora quando alguém a tocava. Era
mais reconfortante e menos controlador. Suspirando, ela encostou-se
nele.
A festa estava em pleno andamento. Harper estava incerta de
exatamente quantas bebidas tinha consumido, mas ela estava
definitivamente ficando perto do seu limite. Quase todo mundo que
ela conhecia estava aqui. Joanie, os caras do café, Drea, Celine,
Frankie e um par de caras do ginásio. Mesmo Eddie estava em uma
profunda discussão com Eric, ele usava uma camisa com manga
puxada para cima que gesticula sobre o seu bíceps.
Trent e Drea estavam rindo de um retrato no telefone de Pixie.
— Nunca em um milhão de anos esperava por isso, você sabe. Ele
disse que estávamos indo para um restaurante foda.
— Ela acabou de caluniar? Oh meu Deus. Ela realmente bebeu o
suficiente. — Colocou o copo de rum e suco de abacaxi que ela estava
bebendo atrás dela e virou-se para enfrentar Cujo.
— Por que não? Você faz coisas como esta para alguém que você
ama.
Harper sentou-se atordoada por alguns momentos. Será que Trent
realmente a amava? Ela sabia que já fazia um tempo que estava
apaixonada por ele, chegando ao ponto de pensar deixá-lo apenas
para deixa-lo seguro. Ela só não tinha dito essas três palavras
incrivelmente poderosas em voz alta.
Cujo olhou com curiosidade.
— O quê? Não olhe para mim como se você não soubesse disso.
Ele está caído por você, mesmo que ainda não teve coragem de dizer.
— Eu o amo também. — Ela sussurrou, sabendo que sua
admissão bêbada estava sendo dita para a pessoa errada, mas ela era
incapaz de se deter.
Harper abraçou-se. Onde diabos tinha ido aquela bebida?
— Vocês são como macarrão com queijo.
— Macarrão com queijo?
— Sim. — Respondeu Cujo. — Ambos têm bom gosto por conta
própria, você sabe. Mas juntos, são a melhor comida caseira. Não há
uma pessoa no planeta que não aprecia macarrão com queijo.
Ela queria soca-lo, entregar algum retorno espirituoso sobre
pessoas que são intolerantes de lactose e trigo, que fortemente
discordariam desse sentimento, mas o que ele disse abalou seu
alicerce.
Ela sorriu. Talvez fosse isso. Havia mais do que apenas o calor
imediato de paixão e luxúria profundamente ardentes que a atraia
para ele como uma mariposa em chamas. Havia um conforto da alma
em deixar-se cair profundamente confiando que o seu "alguém
especial" fosse pegá-la.
Ela observou Trent, que estava rindo duramente de algo que Drea
tinha acabado de dizer, então ele olhou para ela, pegando seu olhar.
Levantando uma sobrancelha para ela, ele inclinou a cabeça na
direção de Cujo. Por diversão, ela se inclinou apertando contra Cujo,
que riu e passou os braços em volta dela.
Ele conseguiu um sonoro beijo com uma palmada em seu templo
quando Trent caminhou até eles.
— O que eu disse a você sobre bater em minha menina, Cuj?
— Ei, se você ignora um grande pedaço de traseiro como este em
uma festa, então, tem que se envergonhar. — Cujo saltou na cama. —
Pessoalmente, eu agarrei esta.
Trent olhou para ela.
— Se eu não me engano, srta. Connelly, você está muito bêbada.
— Ele entregou-lhe uma garrafa de água que estava segurando.
Harper franziu os lábios, tentando se concentrar em um Trent na
frente dela, ao contrário dos outros dois Trents em sua visão
periférica.
— Eu acho que você pode estar certo.
Harper se inclinou para frente e agarrou suas presilhas, puxando-
o para dentro do espaço entre suas pernas. Movendo os lábios ao lado
de sua orelha, ela beijou suavemente seu lóbulo.
— Quer saber um segredo, Senhor Andrews?
Trent não se mexeu.
— Sempre, senhorita Connelly.
— Eu nunca fiz sexo bêbada. Quer se juntar a mim? — Desta vez
foi a vez de Trent olhar surpreso enquanto recuava.
— Por que, você está me fazendo uma proposta, senhorita
Connelly?
— Eu acredito que sim, senhor Andrews.
— Isso é incrivelmente quente. — Ele a beijou suavemente. —
Como posso recusar quando você faz uma proposta, assim, tão
docemente?
Tomando-lhe a mão, ele a levou para seu apartamento, um lugar
que ela estava começando a se sentir em casa.

***

Na tarde seguinte, Trent clicou no ícone da impressora e sorriu. A


festa que ele tinha feito para ela foi divertida, mas ele não podia
esperar para ver a reação dela no jantar, ao descobrir a surpresa que
ele planejou apenas para os dois naquela noite. Ele fechou seu laptop
e caminhou até a impressora. Ele ao documento uma última
verificada antes de dobrar o papel e desliza-lo no envelope.
Seu celular vibrou na mesa e ele respondeu.
— Senhor Andrews, é o detetive Lopes.
— Ei, detetive. — Disse ele. — O que posso fazer por você?
— Você está perto de seu computador? Você precisa ver alguma
coisa.
— Claro. — Trent reabriu seu laptop e seguiu as instruções de
Lopes. Assim que o vídeo apareceu, o sorriso de Trent se alargou. Um
garoto usando um casaco, pichava o lado de fora de sua loja. Se o
garoto era burro o suficiente para postar fotos de seu crime on-line,
ele merecia ser pego.
— O nome dele é Deonte Walker. Quer ser a resposta americana
para algum artista Britânico chamado Banksy. Chama sua arte entre
aspas de Consciência Urbana. — A voz de Lopes era puro sarcasmo.
O garoto era esperto o suficiente para entender o nome da loja,
vinha com uma resposta inteligente. Trent reproduzido o vídeo e
observou a maneira como ele criou a fonte, manteve a consistência no
espaçamento, agradável e apertado, um caminho que Trent gostou.
Deonte tinha algum talento. Haveria apenas uma decisão que ele
poderia fazer.
— Eu não vou prestar queixa. — Disse Trent.
— Você não vai?
— Não, mas eu quero conhecer Deonte. Ele e eu temos muito em
comum.
Depois de eles finalizarem os detalhes, ele desligou o telefone. Que
coincidência maluca. A única coisa que faltou foi ele estar lá para
pegar Deonte. Em vez disso ele, tinha ido para Los Angeles com
Michael.
Michael ligou há dois dias e finalizado o contrato. Era oficial. Em
questão de meses, Trent estava adicionando um apresentador de TV
para seu currículo. A ideia ainda o fazia rir. Estar na TV nunca tinha
passado pela sua cabeça.
Verificando sua conta bancária naquela manhã, ele viu a prova
sentada lá, um belo bônus de seis números que ele planejava gastar
totalmente com Harper. Drea tinha mencionado um par de sapatos
incríveis que Harper estava namorando. Parte dele só queria acabar
logo com isso. Diga a ela esta noite. Ele iria ser capaz de oferecer a
Harper tudo o que ela desejasse, a menos que ela realmente quisesse
um grande iate, caso que o deixaria fodido. Mas fora a possibilidade
do iate, estava tudo bom.
Houve um pequeno pedaço de seu intestino dizendo que ela ficará
um pouco chateada por não ter sido envolvida no processo mais cedo,
porém, uma vez que ela superasse, ela veria o quão bom iria ser para
os dois.
Olhando uma última no espelho, ele colocou o envelope no bolso
de dentro e endireitou a jaqueta preta que usava.
Hoje a noite é uma ocasião muito especial, o início de uma viagem
emocionante em sua vida. Ele queria garantir que Harper entendesse
que ele só queria começar com ela.
Agarrando as chaves e deslizando sua carteira no bolso de trás da
calça jeans, ele apagou as luzes do apartamento e desceu acenando
para um táxi. Depois de dar ao taxista o endereço de Harper, Trent
descansou o cotovelo na maçaneta da porta e esfregou o queixo
enquanto olhava para fora da janela.
Ele era apaixonado por ela. Todos os sinais estavam lá. Não queria
ficar longe dela. Queria ficar com ela e mantê-la segura. Ficar com
ela. Adorava fazer amor com ela. Ele sorriu para isso. Sim. Ele a
amava e ele iria dizer-lhe esta noite.

***

Recostando-se na cadeira, Harper retirou o guardanapo do colo,


colocando-o ao lado dos restos do que era um suflê de pera.
— Isso foi tão bom, Trent. Posso muito bem explodir se eu comer
mais uma coisa. — A comida estava ótima.
— Eu tenho uma última surpresa para você, Harper. — Trent
enfiou a mão no bolso interno do paletó e tirou um envelope branco
longo. — Eu tenho uma grande notícia. A razão pelo qual eu fui para
LA, bem, eu fui convidado para fazer parte de um reality show de
tatuagem. Vai ser enorme. Vou explicar o show mais tarde, mas eles
me querem como jurado na maldita coisa. Vai significar que terei oito
semanas de filmagens, mas o dinheiro que me ofereceram Harper vai
decidir a nossa vida. Quero que moremos juntos.
Trent chegou do outro lado da mesa e entregou-lhe o envelope. Ela
abriu-a e tirou dois bilhetes para um voo com partida no dia seguinte
para Los Angeles. Os olhos dele estavam brilhantes e amplos quando
ele sorriu.
— Podemos comprar uma casa ou um apartamento maior, o que
você quiser.
A sensação de vazio se instalou na boca do estômago dela,
diferentemente do entusiasmo óbvio de Trent. Ele mexeu-se em seu
assento antes de se inclinar para frente beijando o dorso da mão dela,
o gesto fez seu peito apertar.
— Você não tem que sequer trabalhar se você não quiser. — Disse
ele com a risada profunda e rica. — Nós vamos para LA amanhã para
terminar a papelada. Eu preciso fazer algumas reuniões, mas eu
quero você lá comigo. Eu senti sua falta na última vez.
Harper tentou filtrar as informações. Um show. Uma viagem. Se
mudar. Era muita informação para absorver. E ele estava olhando
para ela. Seu sorriso geralmente a derretia, mas agora, ela mal
conseguia se concentrar.
— Você quer ser um tipo de celebridade? — Ela perguntou sem
filtrar a miríade de questões que bombardeavam o cérebro dela. Ela
viu em primeira mão o quão comprometido ele estava em fazer o
Second Circle um sucesso. As horas que ele se dedicou e o esforço por
trás de seu trabalho artístico. Mas a TV? Sua aparência solitária
realmente era reconhecidamente perfeita para a televisão, mas ele não
parecia ser uma pessoa faminta por fama.
— Eu realmente não me importo sobre ser celebridade de uma
forma ou de outra, Harper. — Seu polegar esfregou suavemente a
parte de trás da sua mão. — Trata-se de provar a mim mesmo. Ser o
melhor que eu posso ser. Sendo algo... eu não sei... algo a mais.
A cabeça de Harper começou a girar. Isso não poderia estar
acontecendo. Com Nathan lá fora e todo o negócio estranho
acontecendo com ela, ela não podia fazer nada que pudesse colocá-los
nos olhos do público. Uma pequena parte dela reconheceu que esta
era uma oportunidade incrível para Trent e ela desejava não estar
pesarosamente triste, era algo tão simples, mas ela não podia saltar
de sua cadeira para beijá-lo com parabéns.
— Eu... Trent... eu não tenho certeza que seja algo bom para mim
agora. — Ela puxou a mão e pegou seu copo de vinho, tomou um gole
de vinho de sobremesa. Ele fez pouco para aliviar a secura na
garganta.
— Bem, eu espero que você possa mudar de ideia sobre isso,
querida. — Ele se inclinou para trás em sua cadeira e ajeitou a manga
do paletó. — Eles querem filmar o episódio de Miami no estúdio, no
Second Circle. Você pode imaginar o quão incrível será para os caras?
O tipo de movimento que irá gerar? E eu falei com os produtores. Nós
vamos fazer um episódio sobre cicatrizes. — Trent continuou
animadamente. — E eu quero incluir você.
— Eu? — Disse Harper rapidamente. — Por que você iria querer
fazer isso? — Ela? Na televisão? Isso não podia está acontecendo.
Quem sabia o que poderia provocar em Nathan? O que finalmente
empurrá-lo sobre a borda?
Trent abanou a cabeça.
— Eu quero que o mundo veja. Quero que todos sintam orgulho de
você assim como eu. E mostrar como podem ser eficazes as tatuagens
que cobrem cicatrizes. Talvez o show possa dar algo de volta.
— Eu não posso fazer isso. — Harper gaguejou. Só a ideia de
mostrar a estranhos suas costas virou seu estômago. Ela tinha
acabado de se acostumar a mostrar a seus amigos. — Eu não posso
acreditar que você me pediu para fazer isso.
— Por que não? — Perguntou ele com as sobrancelhas franzidas.
— Você não entende o poder da sua própria história? O tanto de
inspiração que você poderia estar dando a outras mulheres na mesma
situação?
— Eu não me vejo muito como uma inspiração. — Ela olhou para
fora da janela de vidro arqueado, assistiu a velocidade de um táxi
amarelo ao longo da rua. Como o táxi, a conversa estava passando
rápido demais e ela sentiu-se deslocada.
— Sim, você é, querida. Você poderia ajudar tantas pessoas se
estiver disposta a fazer.
— Não é apenas sobre isso, Trent. Essa conversa não é sobre eu
aparecer no programa. É sobre a nossa vida. Ela está boa agora. O
estúdio faz bem. Estou resolvida. Eu tenho você e nossos amigos. Eu
não preciso de mais. É demais para mim. — Depois de tudo o que ela
tinha passado, o que ela tinha já era muito.
— Não, não é, Harper. Pare de tentar se convencer de que isso é o
suficiente. É uma meia-vida. Ainda haverá muitos compromissos.
Muitas coisas para se resolver, você se atrela a isso porque é mais
fácil. Mais seguro. — A voz de Trent levantou em frustração.
Harper olhou para os restos de sua sobremesa, a comida que ela
tinha comido estava pesada em seu estômago. Trent estava certo? Ela
estava realmente feliz, ou ela estava tentando convencer a si mesma
que estava?
Antes que ela pudesse responder o pensamento, Trent falou
novamente.
— Você quer voltar a ensinar. Eu sei que você quer. Eu vi o olhar
no seu rosto quando você lê um ensaio de Joanie. Ou quando você
chega em casa, cheia de energia depois de uma tarde com Milo.
Cristo, quando nós passamos por uma escola você suspira. Alto. E
isso me mata Harper, saber que você daria qualquer coisa para estar
lá dentro ensinando as crianças. Parece que você está presa.
Um casal sentado em uma mesa próxima olhou para eles, seu
argumento, obviamente se levando através do tapete azul-safira. O
maitre e um garçom olharam para eles com curiosidade.
— Eu não estou presa. — Ela respondeu em um sussurro irritado.
— Sim. Adoro ensinar. Mas o registro não é algo que eu quero fazer.
Sim, Nathan sabe onde eu estou, portanto não é assim, eu me
sentiria horrível se ele aparecesse onde eu estivesse trabalhando, ou
pior, se eu tive que deixar a classe a meio caminho, por causa de um
termo por culpa dele.
— E então isso volta para ele. E você corre. Você está certa. Isso
não é sobre o show. É sobre a sua vida. Você está vivendo pela
metade, Harper. — Trent se inclinou para frente em sua cadeira e
bateu os dedos duro em cima da mesa um par de vezes, antes de
aparafusar as mãos em um punho frustrado. — Você quer saber por
que eu quero fazer o show. Porque eu vivo no completo. Eu amo o que
faço. Estou orgulhoso do estúdio. Dos caras com quem trabalho. Eu
quero dizer ao mundo sobre eles. Todos. Eles. — Ele bateu a palma
da mão sobre a mesa fazendo com que os copos tremessem.
Frustração rolava em ondas para fora dele. — Porra. Você realmente
vai deixar que ele tome controle sobre você, fazendo você passar os
próximos cinco, quinze, cinquenta anos se preocupando com ele?
— O que você espera que eu faça? Não há nada de errado com
uma dose saudável de autopreservação. Estou feliz com o que temos.
— Você continua dizendo isso. Mas por que temos que nos
contentar com o que temos? É um status do caralho quo serve para
todo mundo Harper. Mas não para nós.
— Mas agora. Com sua liberdade condicional. E as mensagens. E o
vandalismo no Estúdio.
— Você acha que foi ele? — Trent a interrompeu, deixando-a
surpresa. — Era um garoto. Lopes me mostrou o vídeo hoje.
Não era Nathan? Mesmo? Ela estava tão certa, mas Trent não
tinha nenhum motivo para mentir. Alívio a inundou. Nathan não
estava tão perto de Trent como ela suspeitava. Mais uma razão para
ela não fazer o show.
— Desta vez não foi. Mas o show, com nós dois nele, poderia
pressiona-lo a fazer algo terrível.
— Você sabe, porra, eu meio que gostaria que pudéssemos ver
Nathan. Enfrentar o bastardo. Eu gostaria de bater na cara dele, só
pelo o que ele fez com você. Porque o show é algo que deveríamos
estar comemorando, não debatendo se é seguro o suficiente para
fazer.
— Você deve comemorar. Mas isso não é para mim. Nós não
estamos na mesma página em tudo. Eu preciso de um pouco de ar.
Harper pegou sua bolsa e esperava que pudesse manter o jantar
para baixo até que ficasse do lado de fora. Seus saltos clicaram em
voz alta sobre o lobby de azulejos enquanto corria para fora do
restaurante, passando um dedo debaixo dos olhos para tentar manter
as lágrimas.
Desesperadamente, ela olhou para cima e para baixo da rua e fez
sinal para um táxi indo na outra direção. Quando ele completou uma
meia-volta a parou na frente dela, ela sentiu os passos de Trent vindo.
Agarrando seu ombro, ele girou em torno dela.
— Que porra é essa, Harper? O que aconteceu?
— Eu não posso fazer isso, Trent. Você quer muito de mim. —
Suas lágrimas estavam escorrendo pelo seu rosto.
— Eu quero que você queira muito de si mesma. Você não é aquela
menina que se esconde por de trás de um avental usando cinco por
cento do seu cérebro para ter um salário mínimo. Você é mais do que
isso. Pare de tentar se convencer de que você está bem com isso.
— Eu não quero os holofotes sobre nós, Trent. Eu quero ficar
escondida. Eu sei que você pensa que eu sou louca, mas eu realmente
acredito que ele está lá fora para nos pegar. E eu não posso ter a
chance de ter toda atenção que o show trará, isso vai levá-lo direito
para nós, para você e vai fazê-lo chegar ao limite. — Todo o seu corpo
tremia. Ela precisava sair logo dali antes que caísse.
— Você quer que eu saia do show? OK. Eu não vou fazer isso. Eu
vou encontrar um caminho para sair dele. Droga, eu vou mesmo até
mesmo sair para onde você quiser. Mas se não for o show, vai ser
outra coisa. Você não vai se casar comigo, porque você não vai querer
registrar a licença? E se tivermos um bebê, você irá colocar um nome
falso em sua certidão de nascimento? Você nunca levará as crianças
ao beisebol, porque você não tem uma carteira de motorista? Você
nunca vai viajar para qualquer lugar porque você não vai querer
renovar o seu passaporte? Eu posso sair do show, Harper, eu posso
até me afastar de Miami, mas o que acontece na próxima vez? Porque
o nosso futuro tem de adicionar até mais do que isso.
— Eu sinto muito, Trent. Eu sei como vai ser boa esta
oportunidade para você, mas você tomou a decisão de mudar de vida.
Sem mim. Percebo que a nossa relação é muito recente e realmente
não merecemos isso. É ótimo para você. Eu sei por que você fez isso,
mas eu não posso fazer parte disso.
— Você realmente não pode me deixar triste por não falar com
você sobre algo importante, Harper. Você não é mais tão sincera que
uma nota de um real. — Seu sarcasmo a cortou como uma faca.
— Isso não é justo e você sabe disso. — Disse Harper em voz
baixa. — Eu já te falei tudo.
— Eventualmente. Talvez. — Trent estava gritando agora.
— Eventualmente? Você acha que eu estou escondendo merda de
você? Bem, eu estou contente de saber o que você realmente pensa de
mim. Foda-se. — Ela gritou e correu para o táxi.

***

— FODA! — Trent gritou e deu um soco no poste. A dor do


concreto dizimou os nós dos dedos dele, cortando o enorme
sentimento de frustração e tristeza de Harper tê-lo deixado em pé na
estrada impotente.
Possivelmente. De todas as coisas idiotas do caralho a dizer. No
momento em que a palavra saiu com raiva de sua boca, ele desejou
colocá-la de volta. É claro que ela lhe contou tudo. Ele sabia que ela
tinha.
— Senhor?
— O quê? — Ele gritou enquanto se virava. O maitre do hotel
estava de pé atrás dele, encolhido, segurando a conta da refeição.
Trent rapidamente entrou, pagou e teve um guardanapo cheio de
gelo para os nós dos dedos. Chamando um táxi, ele foi para seu
apartamento tentar ligar para o celular dela. Caia direto no correio de
voz, um sinal claro de que ela tinha o desligado.
Ele pensou em cada resultado possível. Ela deveria estar louca,
mas animada também. Louca, porque ele não tinha dito a ela, mas de
boa ele achava que isso iria ultrapassar o mau. Nunca considerou que
ela o deixaria na estrada. Ele poderia dar tudo para ela. Yasmin o
acusou de não ser capaz de fornecer tudo o que ela queria e ainda
assim, de alguma forma acabou não sendo o suficiente.
Parte dele se perguntava se ele deveria tê-la empurrado assim.
Mas morreria só de pensar em ela vivendo com baixas expectativas.
Saindo da cabine, ele correu até o seu prédio e entrou. E pensar
que ambos tinham trocado as chaves dias atrás.
— Harper... Harp, você está aqui?
Ele ascendeu as luzes de sala em sala, gritando seu nome.
Pensa. Pensa. Ela não veio para casa. O que ele tinha certeza.
Drea. Ele olhou para o relógio. Passava das onze e ele tinha certeza
que José já teria fechado por agora. Merda, ele nem sequer sabia onde
Drea morava, mas ele tinha o número do celular dela desde quando
ele organizou a festa.
Ele embalou o telefone sob seu ouvido enquanto andava o
comprimento da sala de estar para que pudesse verificar os nós dos
dedos. Removendo o pacote de guardanapo de gelo, ele flexionou-os
lentamente.
Que tipo de tatuador ele seria com os dedos quebrados? E qual a
impressão que iria criar para o programa de TV? Porra.
— Ei, é a Drea. Desculpe, não posso atender a sua ligação...
Onde diabos ela estava? Ele ligou de novo e teve exatamente a
mesma coisa. Ela era sua única chance de encontrar Harper. Ele
ligou para ela uma terceira vez.
— Que diabos você fez? — Trent deu um suspiro de alívio. Harper
devia estar com ela se já sabia.
— Eu vou ser honesto, eu não sei o que diabos aconteceu, mas eu
preciso falar com ela. Eu preciso me desculpar. Onde ela está? —
Cristo, ele precisava de algum alívio da dor para sua mão.
Ele caminhou até a cozinha e começou a olhar através de suas
gavetas para encontrar algo que ele poderia tomar.
— Ela não quer ver você. — Seu coração parecia que estava sendo
esmagado como um carro em um estaleiro de demolição.
— Por favor, Drea. Preciso vê-la. Tenho que concertar as coisas.
Ainda há muito que precisamos falar.
— A melhor coisa que você pode fazer é dar a ela algum tempo. Ela
ainda não se decidiu se está de coração partido ou furiosa. Dê-lhe
algum espaço. Vou dizer a ela que você ligou.
— Espere. Onde você mora? Eu vou aí. — Ele estava desesperado.
— Eu sinto muito, Trent. Boa noite.
Deixando cair o telefone em cima do balcão, ele se inclinou para
frente, apoiou os braços sobre a superfície fria e baixou a cabeça. Era
de alguma forma a melhor noite de sua vida para a pior e ele não
tinha ideia de como recuperá-la.
O sentimento doente em seu estômago combinava com a dor
latejante dos seus dedos. Ele abriu outra gaveta para procurar alguns
analgésicos e encontrou uma pasta branca. Ele abriu e viu a carta de
uma advogada de Chicago. O caso estava escrito como Kennedy v.
Bell.
Esse deveria ser o arquivo que ela tinha mencionado, que continha
todas as informações do julgamento.
"A evidência fotográfica apresentada pela Autora", ele começou a
ler.
Oito horas depois, ele estava no aeroporto, sentindo como se suas
entranhas estivessem rolando dentro de um liquidificador. Com a
ajuda de Cujo, eles esgotaram todas as vias para encontrar Drea. Eles
tinham ido até José ver se alguma delas tinham aparecido para o
trabalho, mas ele adivinhou que Drea já tinha dito a José para ele
não falar nada. Sem saber o sobrenome de Drea, ficou impossível
localiza-la e ela não tinha respondido aos textos de Trent.
Ele tinha uma obrigação contratual de estar nessa porra de avião,
mas a última coisa que ele queria era deixar Harper com o
relacionamento deles confuso. Pediu para Cujo manter um olho nela e
sentiu-se melhor ao saber que ela estava hospedada na casa da Drea.
Como sempre, quando envolvia Harper, suas emoções eram
complicadas. Ele estava chateado pra caralho. Seu coração parecia
como se estivesse arrancado do peito. Sentia como se seu estômago
estivesse passando por uma turbulência, especialmente quando ele
pensava sobre o que ele viu no arquivo.
A evidência. Nem sua pior imaginação conseguiria reproduzir a
cena, até que ele viu seus ferimentos em glorioso estado
Technicolor48. Ele sabia agora. De certa forma, ele não era capaz de
introduzir só com as descrições que ela deu. As fotografias, em sua
forma mais crua tiradas imediatamente após os ataques, mostraram
como foi doloroso e horrível para Harper.
Ele pegou o telefone uma última vez, mas em vez de ligar para ela,
ele abriu as fotos e rolou para a imagem que ele tinha tirado dela na
noite que eles “se mudaram” para a casa um do outro. Fizeram amor
em sua cama e ela estava deitada de frente com o lençol branco
puxado pelas suas costas. Seu cabelo escuro enrolado ao redor de
seus ombros e ela tinha um sorriso suave e onisciente em seus lábios.
Seus olhos brilharam quando ela olhou para a câmera e estava
prestes a dizer para ele não tirar seu retrato.
Mas estava lá na forma como ela olhava para ele. O jeito que ela
havia o amado lentamente, com os olhos bem abertos, pupilas

48
Technicolor é uma marca norte-americana pertencente à Technicolor Motion Picture Corporation em
que o processo consistia na coloração dos filmes.
dilatadas quando eles se mudaram juntos. Ela o amava tanto quanto
ele a amava. E ela estava se afastando antes que ele dissesse a ela.
O atendente do portão fez a última chamada para o voo. Ele
percebeu que não ligaria para ela hoje. E isso não era a porra de uma
merda? Ele embarcou no avião, tentando evitar olhar para o assento
vazio ao lado dele, pegou seu telefone e anexado a fotografia e
escreveu: “Você disse que não iria correr, Harper. Você não confia em
nós ainda”.

***

Um dia pós Trent, ela estava acabada. Drea tinha falado com Trent
e deixou José conhecer os ossos mais desencapados. Harper passou o
tempo todo na cama com um balde de pipoca e com várias caixas de
lenços.
Nem mesmo uma tigela de sopa de macarrão com galinha a fez
comer.
No segundo dia seu progresso foi menor, sob a forma de uma
chuveirada e pijamas limpos. Porém, as lágrimas ainda não tinham
parado e a dor batia constante em seu peito. Palavras ecoavam em
sua mente. Meia vida. Decisão. Status. Tudo. Doeu escutá-las, mas
havia algo nas palavras de Trent que ressoava toda vez que ela as
repetiu.
No terceiro dia, Harper finalmente desceu as escadas e pegou seu
telefone, mas só porque Drea a acusara de ser como a menina dos
romances de vampiros que passou seis meses miseráveis sentada em
sua janela à espera do seu amor voltar. Isso a fez sorrir brevemente
até que ela viu as dezoitos chamadas não atendidas e as oito
mensagens.
Uma rápida olhada mostrou que a maioria era de Trent. Seu
coração quebrou mais uma vez quando ela se forçou a ouvi-las,
conseguiu apenas ler as quatro primeiras antes de cair no chão da
cozinha da Drea em lágrimas.
O despertador de Drea no quarto de hóspedes tocou, sinalizando o
início do dia quarto dia pós Trent. As lágrimas não caiam mais com
antes e Harper decidiu que hoje seria tão bom quanto qualquer outro
dia para tentar voltar com alguma aparência de uma rotina normal.
O café ainda era o mesmo. Era uma sensação muito estranha o
resto do mundo está exatamente como você deixou quando tudo em
sua vida, estava se transformando em destruição.
José foi cauteloso com ela. Seus amigos falaram oi e esperavam
que ela estivesse se sentindo melhor, mas Harper sentia o oposto. Os
clientes pediam suas comidas e bebidas e Harper lhes servia em
piloto automático.
Ao final da tarde, Harper estava começando a ficar com a cabeça
em marcha novamente. A enxurrada emocional de três dias deixou ela
com uma ressaca inacreditável, mas o nevoeiro estava levantando
lentamente. O cansaço ameaçava consumi-la, mas Harper não
poderia digerir a ideia de voltar para casa.
Felizmente, ela ficou de dá uma passada na casa de Celine para
trabalhar com Milo, um compromisso que ela realmente queria
manter.
— Posso ter um grande colombiano49? — Harper virou-se de
repente do vapor do leite e ficou cara-a-cara com Cujo.
— Como você está? Você parece uma merda, Harper. — Ele sorriu
suavemente.
Havia bondade em seus olhos.
— Obrigada. Já estive melhor.
— Você pode conseguir um café e vim falar comigo um pouco? —
Ele não parecia zangado, mas os olhos podem se enganar. Ela olhou
em volta e, em seguida, para o lado de fora.
— Não. Ele não está comigo, Harper. Ele está em LA. Não teve
escolha, ao assinar o contrato significa que ele tinha que ir.

49
Algum doce ou salgado Colombiano.
— Hei Harper, esse cara está te incomodando? — José surgiu do
lado dela se esticando todo, mesmo que ainda não fosse páreo para
Cujo.
Harper foi esmagada com o apoio que sentia vindo dele.
— Ele só quer conversar comigo. Está tudo bem se eu fizer uma
pausa?
— Claro que sim. Aqui, tome isso. Eu posso fazer outra. — Ele
entregou-lhe um café misto.
Sentaram-se em uma pequena mesa na luz do sol, Cujo passou a
mão sobre o topo da cabeça, que bizarramente mostrava um pouco de
penugem loiras. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos.
— Ele está louco de preocupação, você sabe. — Cujo arrancou a
tampa do seu café e soprou a superfície para esfriá-la. — Ele
precisava saber que você está segura.
Harper tomou um gole da bebida gelada mista, mas sentou-se um
gosto de concreto em sua língua, sem graça e sem sabor.
— Por que você está aqui, Cujo?
— Bem, no começo eu estava vindo para dar-lhe uma palestra
sobre por que você não deveria ter corrido dele, mas olhando para
você, eu vejo que você já sabe disso. Então, eu vim perguntar se você
poderia perdoá-lo por ser um idiota. — Ele olhou por cima da borda
da taça enquanto tomava a bebida.
— Ele está bem? — Ela precisava saber.
— Pergunta estúpida, Harper. Ele está tão bem quanto você.
Então, ele não está bem.
— Tudo o que eu vim dizer é que... olha... eu sei que você já
passou por alguma merda. Eu não posso mesmo começar a pensar
em todas as maneiras que normalmente iriam foder um ser humano.
Mas há uma diferença entre a garota que você era no primeiro dia que
eu a vi no estúdio e a garota da noite do seu aniversário, antes de
toda essa merda aparecer. O mesmo eu digo para ele. Vocês são feitos
um para o outro. Você está melhor por causa de pessoas que a
ajudaram. Realmente me incomoda que você esteja fodendo a melhor
coisa que poderia ter acontecido com vocês dois.
Merda. Lágrimas de novo. Harper passou a mão por de baixo do
seu olho para mantê-las e deu um bom e longo gole da sua bebida,
esperando que a dor de gelo no céu da sua boca tomasse da sua
mente a dor.
— Quando você começou a ser tão sensível comigo, Cujo?
— Aww, harper. Sinto muito. Eu não queria fazer você chorar, mas
você tem que saber que ele te ama. E porque ele te ama, ele vai cuidar
de você e protegê-la. Merda, ele faria qualquer coisa por você. Vocês
só precisam parar com isso.
— É mais complicado do que parece. — Ela estudou sua bebida,
observando o creme branco se derreter no café.
— Não é não. Você ama ele. Você me disse. É incrivelmente
simples.
Ele esfregou a mão na parte de trás da antes de ficar de pé.
Abaixando-se, beijou o topo de sua cabeça.
— Eu vou ligar para ele e falar que eu encontrei você e que você
parece uma merda. Ele vai voltar para casa amanhã, se ele não puder
chegar em um voo hoje à noite. Pense sobre o que você vai dizer a ele.
Harper pegou sua bebida e assistiu ele atravessar a rua.
— Bom passeio, homem! — Ele gritou para um motociclista com
um capacete prata sentado em uma enorme besta negra.
O capacete balançou em sua direção antes que o motor acelerasse
em níveis ensurdecedores, saindo.
A tela de seu telefone chamou a atenção de Harper. Ela agarrou ele
na esperança de ver o nome de Trent.
Aproveite o resto de sua bebida, Taylor.
Reid. Harper colocou a fotografia de volta no balcão da
cozinha. Suspirando, ela tomou um gole de chá, com as
mãos envolvidas em torno de ambos os lados da caneca. Onde
ele estava? Apesar de tudo, ela sentia falta dele. Perdeu o menino
que derrubou Clinton Baines, só porque ele ia colocar grama molhada
na parte de trás do vestido dela. Quem tinha levado uma bronca
quando Harper cronometrou errado, jogando mal e tinha quebrado a
janela do banheiro.
Ele havia escolhido Nathan desde ela e ainda realmente não fazia
sentido o porquê. Eles estavam tão unidos até o ataque. Essa talvez
seja a parte mais comovente de toda a bagunça.
Pela primeira vez em anos, ela tinha de alguma forma improvável
construído um grupo de amigos. Drea era sua rocha. Os amigos de
Trent tinham a abraçado como se ela fosse um deles. Eles sabiam que
algo horrível tinha acontecido, mas não deixaram de estar lá para ela.
Cujo a tratava como uma irmã, lembrando-a de Reid na forma como
ele brincava com ela. Lia e Pixie procuravam o conselho dela, levaram
ela para suas lojas favoritas e ajudou a fazer essa festa de aniversário
para ela.
E então há Trent, que de alguma forma conseguiu esgueirar-se
passando por toda defesa que ela tinha construído no coração.
Ninguém mais poderia fazê-la vibrar com a necessidade de um único
toque. Ele tinha a capacidade de acalmar até mesmo suas arestas
mais ásperas. Ele encorajou-a a confiar nele mais e mais. E embora,
ele não contou a ela sobre o show, se ela lesse os sinais direito, ele a
amava tanto quanto ela o amava.
Então, o que mais estava lá? Claro, ela não queria machucá-lo por
Nathan, mas Trent era um menino grande que poderia cuidar de si
mesmo.
Ela não queria que ele passasse a tremenda oportunidade de ir
fazer o show. Ela não tinha absorvido os detalhes quando ele falou
para ela. Será que ela chegou a dizer o quanto estava orgulhosa dele
antes de deixá-lo em estado de choque no restaurante?
Ela olhou para o ferrolho extra que Eddie instalou ontem depois
que o Detective Lopes saiu do seu apartamento. Ele estava focado no
público que a câmera da CCTV50 capturou de alguém que enviou
uma mensagem de um telefone que a polícia já tinha confirmado
como registrado em Idaho. Ele também lhe entregou de volta o laptop,
limpo dos vírus que estavam monitorando a atividade de computador.
Uma ligação para Lydia tinha confirmado que o passaporte de
Nathan ainda estava sendo mantido e que ele tinha feito a sua
nomeação no início da noite com seu oficial de condicional um dia
antes do texto. O computador de Lydia ainda estava com um
especialista em TI, sendo verificado.
Sua mão estendeu e agarrou o belo colar que Trent tinha projetado
para ela, a bela gota de vidro com redemoinhos vermelhos e laranjas
que representavam as chamas em suas costas... o fogo mais quente
que ela tinha resistido. Ela esfregou-o entre os dedos como um
amuleto da sorte. Um talismã para mantê-la segura.
Através de todos os pensamentos piscando em sua mente a uma
velocidade rápida, um foi ressoando mais alto. Ela precisava de Trent.
Mais do que isso, ela adorava Trent e queria estar com ele.
Ela olhou para o relógio. Se Cujo estivesse certo, Trent
provavelmente estaria desembarcando muito em breve, encurtando a
viagem que tinha planejado para os dois. E se ele não estiver
preparado para dar-lhe uma segunda chance? Ok, talvez uma terceira

50
Circuito Fechado de Televisão.
ou até mesmo quarta chance. E se a sua paciência estivesse no fim e
aparentemente limitada com ela?
Seu telefone tocou. Cujo.
Ele está indo para o estúdio.
Essa era provavelmente a última chance que ela teria para fazer as
coisas certas.

***

Ele não iria até ela. Uma decisão que ele tomou, quando secou
uma garrafa. Ele pediu desculpas, por texto, por correio de voz e não
tinha recebido nada de volta. O último par de dias ele tinha fornecido
espaço necessário, porém esse espaço ainda não tinha fornecido
clareza.
Harper sabia como ele se sentia em relação a ela. Ele colocou o
mundo em um prato para ela antes que ele fosse e ela jogou de volta
em seu rosto. A ironia continuou batendo-lhe com força. Yasmin,
havia o deixado porque ele não poderia dar a ela qualquer coisa que
ela queria. Harper deixou ele, porque ele estava tentando dar tudo
para ela.
Mais do que tudo, esse tempo longe tinha solidificado uma coisa.
Trent ainda amava Harper. Essa parte era simples. Todo o resto era
tão complicado pra caralho que sua cabeça queria explodir.
Trancado no escritório, ele se esticou no sofá e fechou os olhos
enquanto esperava Cujo iniciar o turno dele. Ele pegou um voo de seis
horas em Los Angeles e agora estava perto das três. Sua bolsa de
viagem foi jogada no canto e o conteúdo da bagagem de mão estava
derramado sobre a mesa.
O táxi se dirigiu para o caminho de seu apartamento, até que ele
percebeu que não poderia estar lá sem Harper, então ele redirecionou
o motorista para cá. Embora, era tão difícil encarar os caras. Eles não
podiam esperar para ouvir os detalhes do show.
Se fosse apenas uma semana atrás, ele estaria sentado aqui
pensando que tinha o mundo em suas mãos? Era incrível a rapidez
com que o mundo mudava.
Ele olhou para a pasta de plástico azul com todos os locais de
filmagem e detalhes.
Ele disse para Dred que tinha levado um fora totalmente
embriagado. Trent acabou derramando suas entranhas sobre Harper.
Acariciando a mão pela sua mandíbula, ele examinou se a sua
decisão de não ir vê-la fazia sentido. Talvez ela precisasse dele para
lhe mostrar o quanto ele estaria lá para ela, não importa o que
acontecesse.
A tímida batida na porta o irritou.
— Eu disse que eu precisava de uma soneca. Por favor, vá se foder!
— Ele puxou o braço por cima dos olhos. Outro estrondo na porta,
desta vez com mais força. — Que porra é essa? Sério, você quer ser
demitido?
— É a Ha... Harper.
Trent sentou-se rapidamente e esfregou as mãos em seu rosto.
— Posso entrar? — Sua voz vacilou.
Caminhando para a porta, ele destravou e a escancarou.
Harper estava medonhamente pálida e parecia que tinha perdido
cinco quilos. Seus olhos estavam rodeados de olheiras. Ele tinha
pensado que se sentiria melhor de saber que ela estava sofrendo tanto
quanto ele, mas ele estava errado.
O instinto de puxá-la para ele e envolvê-la em seus braços era
forte. Ele estava rasgando-se por dentro de vê-la assim. Ela parecia
tão retalhada como ele se sentia.
A luz tinha saído de seus olhos verdes, mas havia um olhar
determinado quando ela ficou de frente para ele, ela segurava a porta
com a mão direita com tanta força que os nós dos dedos dela estavam
brancos.
— Eu preciso falar com você, se você me deixar. — Disse ela
baixinho.
***

Trent trancou a porta e sentou-se no sofá. Harper sentou-se ao


lado dele e virou-se para olhar para ele. Seu rosto estava com mais
barba do que o habitual e seus olhos estavam indecisos. Nenhum
sinal do homem geralmente feliz.
— Eu sinto muito. — Harper mastigou o interior de seu lábio
enquanto considerava suas próximas palavras com cuidado. — Eu sei
que eu já disse muito isso a você, mas eu sinto. Sinto muito. Eu sei
que parece um tipo de falha para uma professora de Inglês, mas estou
incrivelmente econômica com as palavras agora.
Ela respirou fundo enquanto Trent continuava a estudá-la.
— Eu sempre tive medo do que aconteceria se Nathan finalmente
me encontrasse, mas eu descobri que havia algo que me aterrorizava
mais. O que ele faria com você. Eu não posso arriscar você. Quando
você me falou sobre o show, tudo que eu podia imaginar era que este
poderia ser o seu ponto de inflexão. Você sabe, a coisa que o
pressiona o suficiente para sair das ameaças e ir para a ação.
— Eu não vou deixá-lo prejudicar qualquer um de nós, querida.
Há coisas que podemos fazer para termos cuidado e ficarmos seguros.
Estendendo a mão, ela pegou a mão de Trent aliviada enquanto
seu polegar roçava os nós dos dedos dela.
— Você não pode me prometer isso e está tudo bem, porque eu
percebi outra coisa. — Disse Harper, respirando fundo. — Você estava
certo. Todas as coisas que eu fiz para me sentir segura somam a
metade de uma vida plena. Eu decidi não correr, mas eu não tinha o
compromisso de ficar. Você estava certo. Eu estou vivendo pela
metade. Eu sinto muito, por toda essa bagunça que fiz.
Os olhos de Trent procuraram seu rosto.
— Eu não deveria ter pressionado você tanto, Harper. Você já
sofreu bastante.
— Não, você não vê? Você devia. Eu quero que você me desafie
para eu ser uma pessoa melhor a cada dia. Eu não quero que você
faça subsídios para mim, ou sentir pena de mim de alguma forma. E
eu deveria fazer o mesmo para você.
— Eu também sinto muito, Harper. Eu fiquei pressionando você
para confiar em mim e na realidade, era eu que não confiava em você
também. Eu menti para você sobre a viagem por uma razão.
O pulso de Harper começou a acelerar.
— Por quê? Quero dizer, que razão?
Trent olhou para suas mãos.
— Porque eu errei uma vez antes e eu não queria que isso
acontecesse novamente. — Ele soltou sua mão e passou os dedos
pelos cabelos. — Eu pensei uma vez que eu estava apaixonado.
A sensação de queimadura queimava o peito de Harper só de
pensar em uma outra mulher na vida de Trent.
— O que aconteceu? — Perguntou ela.
— Cristo, Harper, éramos tão jovens, porra. Na teoria, ela era
perfeita. Amávamos tatuagens, carros e eu, eu tinha esperanças. Nós
vivíamos em um apartamento ruim e eu pensava que nós estávamos
nessa aventura louca juntos.
Harper tentou ignorar as dores do ciúme e tentou envolver os
braços ao redor de sua cintura, até Trent puxar a mão de volta.
— Não, você não querida. Eu preciso te dizer isso. Eu não era o
suficiente para ela. Yasmin me deixou porque eu não poderia dar a
ela tudo o que ela queria rápido o suficiente. — Trent segurou seu
braço e puxou-a para seu lado. — O olhar no rosto dela quando me
falou que não estava preparada para esperar enquanto eu construía a
minha carreira. — Trent parou, balançando a cabeça suavemente. —
Ela estava desapontada comigo. E isso me esmagou. Eu pensei que
era sobre isso. Então, quando recebi o telefonema sobre o show, eu
apenas não pude falar para você. Eu não queria deixar você triste se
eu não conseguisse.
Trent deslocou-se no sofá e olhou para ela com o queixo tremendo,
enquanto ele lutava para recuperar a compostura.
— Eu não podia lidar com isso, se você fizesse igual a ela, Harper.
Eu deveria ter falado com você sobre o show antes de tomar todas
essas decisões.
Harper tocou os lábios nos dele.
— Você nunca poderia me decepcionar. É até incrível que você se
perguntou isso, mas mesmo se você não tivesse conseguido, eu ainda
teria ficado orgulhosa. De certa forma, sim, você deveria ter me
contado sobre isso, mas a nossa relação estava tão recente que
realmente não seria da minha conta. E mesmo agora, eu não posso
ser a única que fica no caminho de você conseguir algo incrível. Eu
quero ser a única a torcer por você, não fazer você parar de crescer.
Eu só não sei como fazer isso.
Trent levantou a mão e beijou-lhe os dedos suavemente.
— Eu acho que nós vamos descobrir isso juntos.
Ela olhou para a mão forte segurando a dela.
— Oh meu Deus, o que você fez? — Perguntou Harper com as
sobrancelhas levantadas e boca aberta quando ela estudou os cortes
e contusões.
— Tive uma conversa com um poste depois que você entrou no
táxi. — Disse ele, puxando-a para mais perto dele.
— Eu sinto muito, Trent. Eu realmente sinto. Se eu estraguei
nossa relação por causa de tudo isso, eu entendo e eu não culpo você.
É assim que funciono. Eu sempre tenho medo. Minha mente chega
até ter dúvidas se você e seus amigos vão me ajudar se eu precisar.
Eu sempre vou ser assim com tudo, exceto por eu amar você. Eu...
Harper rapidamente foi virada de costas e estava por baixo de
Trent em um piscar de olhos.
— Diga isso de novo. — Seus olhos escuros estavam ferozes
enquanto segurava cada lado do rosto dela em suas grandes mãos.
— Eu sinto muito, eu...
— Não. — Ele a cortou. — Não nessa parte. A parte do 'eu amo
você'.
— Eu amo você. — As palavras de Harper mal tinham saído da sua
boca quando os lábios de Trent desceram sobre a dela. Suas bocas se
enfrentaram juntas, batendo os dentes antes de acalmarem os lábios
com mordidas macias.
Trent se afastou, respirando fundo antes de olhar profundamente
em seus olhos. Harper podia sentir sua alma se fundir com a dela.
— Eu te amo, Harper. Todo o resto é detalhe. Um monte de porra
de detalhes, concedido, mas apenas detalhes.
Ele olhou para ela e abaixou a cabeça para beijá-la novamente,
desta vez de forma lenta e suave. Seus lábios acalmaram a
queimadura em seu coração, um bálsamo suave para a dor e mágoa
que ela carregava por tanto tempo.
Mãos agarraram o cabelo dela, segurando-a firme enquanto ela
derramava tudo o que sentia por ele em um beijo eletrizante de amor,
compartilhando tudo o que ela tinha medo. A gratidão de ter alguém
ao seu lado que iria cuidar dela e protegê-la como ela merecia.
Desejada. Necessária.
Harper arqueou para ele, assim, que ele deslizou as mãos pelas
suas costelas e sob a bainha de sua camiseta para esfregar os seus
seios. A escova de seu polegar sobre a renda branca do sutiã causou
um atrito delicioso através de seu mamilo.
Alcançando o fundo da sua camiseta, Harper levantou-a sobre a
cabeça assim que eles se separaram rapidamente. Trent fez um
trabalho curto em remover o resto de suas roupas, puxando um
preservativo e movendo-a para baixo no sofá antes de colocar de volta
em cima dela.
— Isso é tudo o que realmente importa, Harper. Você e eu e a
nossa vida louca que vamos proteger juntos. — Trent levantou uma
perna e empurrou-a com seu antebraço. — Harper. Eu preciso de
você agora. — Ele gemeu antes de deslizar lentamente para dentro
dela.
O sentimento de ter Trent enchendo-a tão completamente era
dolorosamente delicioso. Harper podia sentir cada deliciosa polegada
da grossa ereção se esticando dentro dela enquanto ele se movia mais
profundo.
Trent encostou a testa na dela.
— Nossa, querida, eu senti sua falta. Não faça isso comigo de
novo. Por favor. — Sua voz estava cheia de emoção quando ele moveu
para reivindicar seus lábios.
Harper passou os braços em torno de Trent puxando-o para perto
dela enquanto as mãos dele deslizavam debaixo dela agarrando sua
bunda com as duas mãos e levantando-a com força contra ele.
Era tão incrivelmente íntimo. Deitados contra um e o outro,
abraçados tão apertados, com Trent tão profundamente dentro dela,
enchendo-a fisicamente e emocionalmente. Lágrimas brotaram e ela
olhou fundo nos olhos do homem que ela amava.
— Eu não vou, eu prometo. — Ela precisava perguntar a ele a
pergunta que a queimava mais. — Você me perdoa?
Trent estava rangendo contra ela sem puxar para fora, seu pênis
se contraindo profundamente dentro dela.
— Cristo. Sim. — Ele resmungou, finalmente puxando para fora e
aliviando novamente seu interior.
Um orgasmo estava caindo sobre ela, profundamente dentro de
seu núcleo, ameaçando alcançá-la, afogá-la na sensação.
— Goze comigo, querida. Eu estou tão perto. — Trent estava
acelerando, afundando nela com um ritmo furioso. Ela podia sentir o
pulsar de sua ereção profundamente dentro dela. Podia sentir o amor
derramando-se dele em ondas. Podia ver as lágrimas nos cantos dos
olhos.
Trent gemeu quando ele veio profundamente em seu interior e não
havia mais nada que pudesse fazer e sim seguir.
Trent bateu na traseira do F150 de Cujo, sinalizando
que estava na hora de ir.
Harper virou-se para dar uma última olhada para seu
antigo apartamento e sorriu. A vida era boa para ela lá, dando-
lhe tempo e espaço para encontrar o equilíbrio no mundo
novamente.
— O prédio não será o mesmo sem você, Harper. — Eddie a
abraçou e Harper sorriu para si mesma quando ela não saltou. Desde
o dia em que ela chegou, ele era bom, um pouco barulhento, mas era
um amigo para ela.
— Eu tenho certeza que você vai encontrar alguém novo para
implicar com sua coleção de metal. Talvez seja uma nova inquilina e
ela vai conhecer e apreciar o que os Melvins são.
— Duvido. Ela provavelmente vai odiá-lo e bater no teto, assim
como você fazia. — Os dois riram.
— Pensando pelo lado positivo, estou ansiosa para ter uma noite
inteira de sono a partir de agora.
Mãos serpenteavam em volta de sua cintura por trás.
— Não conte com isso, querida. — Trent deu um beijo rápido atrás
da orelha dela.
— Oh meu Deus. Os meninos são tão grosseiros. — Drea riu
quando entregou a Harper as chaves do apartamento dela. — Vazio e
tudo trancado, senhora. Agora é bom você ir.
Harper bateu em Eddie uma última vez com seu ombro e virou-se
para abraçar Drea.
Uma moto gritou na rua e Cujo ligou o motor da caminhonete
como se estivesse na linha de partida em Daytona em resposta.
— Hora de ir meninos e meninas, se queremos chegar e
descarregar esta noite a tempo para o ver jogo.
Harper assistiu a moto e os cabelos de trás do pescoço ficaram
arrepiados. Algo sobre ele era muito familiar, mas ela não conseguia
lembrar.
Drea revirou os olhos.
— O que há com os meninos e seus motores grandes? Sério, que
ridículo.
— Drea... — Harper avisou suavemente. — Hoje não, por favor.
— Você está certa. Esse é o seu dia. Desculpe.
Assistindo Drea caminhar até seu carro, Harper suspirou e
recostou em Trent.
– O que há com esses dois?
— Hmm... quem sabe. — Respondeu beijando o lado do pescoço
dela do jeito que ela amava.
Harper fechou os olhos e inclinou a cabeça para o lado, dando-lhe
mais acesso. Normalmente, esse movimento era capaz de distraí-la de
tudo, mas algo tinha abalado ela. Algo sobre a aquela moto maldita.

***

— Eu sinto muito. — Trent deu um passo por detrás dela e


envolveu seus braços firmemente em torno da sua cintura. — Essa
não era a minha ideia de estar na nossa primeira noite juntos. Se
você quiser, posso matar Cujo de alguma forma. Jogá-lo sobre o
balcão, talvez.
Rindo, ela puxou seus braços apertados em volta da cintura.
— Está tudo bem. Você só vai ter que fazer isso por mim mais
tarde.
A maioria das coisas dela tinham ido para o armário de
armazenamento de Trent no porão do edifício. O resto ainda estava
embalado em caixas em torno de seu condomínio.
Um jantar de improviso de agradecimento para Cujo e Drea estava
se tornando rapidamente em uma festa total. As caixas de pizza
estavam abertas e parcialmente demolidas na bancada, a música
estava tocando em contraste com o jogo de calor que estava tocando
em silêncio e uma linha de garrafas de cerveja vazias estava
começando a crescer.
— Isso seria o meu prazer. — A respiração quente contra seu
ouvido a fez estremecer.
— Você tem um monte de amigos.
— Nós temos um monte de amigos. Estamos nisso juntos, você
sabe?
E cara, são justos aqueles amigos que sabem ultrapassar os
limites. Já tinha passado da meia-noite e Trent estava em uma
missão para chutar todos para fora do seu apartamento maldito.
Nunca ele pensou que veria o dia, em que ficaria grato que a sua
cerveja estava começando a secar.
Cutucar o pessoal para tirá-los do seu apartamento levou mais
vinte minutos. Ele virou o bloqueio para o último festeiro, dando um
suspiro de alívio e logo foi procurar Harper.
Encontrou-a na cozinha. Seu cabelo escuro estava em uma trança
bagunçada pelas costas e sua camiseta cinza estava deslizando para
fora de seu ombro, revelando o topo de sua tatuagem. Mais uma
sessão, uma pequena e ela estaria feita.
Ele se perguntou se poderia convencê-la a ter algo pessoal, apenas
para ele, com roteiro através de seu osso do quadril. Talvez ele
trouxesse seu equipamento para casa e tatuaria ela nua, na cama
dele. Isso seria quente.
Ficou difícil para Trent pensar nisso e estava apenas ajustando-se
quando Harper se virou da pia.
— Você está assistindo eu lavar os pratos, Sr. Andrews? Porque
isso é um pouco assustador. — O sorriso dela o aqueceu, ao mesmo
tempo em que ela se virou para pegar um pano de prato de dentro da
gaveta. A visão de seu traseiro muito apertado em um jeans Daisy
Dukes51 não estava fazendo nada para a pressão que estava subindo
no short dele.
Harper riu enquanto esfregava as mãos de cima para baixo em sua
bunda.
— Faça algo de útil e leve todas essas caixas de pizza para a lata
de lixo.
— Já estamos fazendo a parte do domesticado? Eu pensei que
íamos ter um período de lua de mel, onde temos que acasalar como
coelhos antes de chegar toda aquela lista do que fazer.
A camisa dela deslizou mais para baixo do ombro e ele beijou o
rastro de pele que se revelou. Harper pegou o prato final para secar,
mas inclinou a cabeça para um lado, aproveitando os benefícios de
conceder a Trent melhor acesso.
— Eu gosto de você aqui. — Disse ele entre beijos.
— Lavando seus pratos? — Harper riu quando ele passou os
braços ao redor da sua cintura. Ela colocou o prato de lado.
Ele agarrou-a, colocando ela sentada no balcão agora limpo.
Quando na terra ele iria manter qualquer tipo de controle com ela
olhando para ele assim? Ele acariciou as mechas soltas de seu cabelo
sobre o ombro e se inclinou para beijar a clavícula, lambendo o osso
com movimentos rápidos de sua língua.
— Sim, os pratos e a comida. — Harper tentou afastá-lo e Trent
riu. Ele passou os dedos pelas suas costelas lentamente. — Ou pode

51
É um short desfiado que tem como característica a de uma peça customizada e bem curta e justa.
ser simplesmente por cada parte de você que é tão incrivelmente sexy,
Harper.
As pernas dela enrolaram em torno de seus quadris, puxando-o
mais perto enquanto ela gemia baixinho.
— E cada parte de você é incrivelmente duro. — Ela sussurrou,
mordendo sua orelha.
Os lábios de Harper derreteram contra o seu enquanto ele abria o
botão de seu short. Levantando-a com as palmas das suas mãos, ele
deslizou seus shorts e sua minúscula calcinha pelas pernas dela.
— Ahh. Frio. — Ela gritou quando sua bunda bateu no granito
frio. Trent riu, continuando a despi-la.
Seus dedos deslizaram até suas coxas e ele sorriu quando ela se
abriu mais para ele. Um gemido suave passou entre eles quando ele
circulou o topo de suas coxas, deslizando-se sob sua camiseta para
abrir seu sutiã.
— Eu te amo, Harper Connelly.
— E eu te amo, Trent Andrews. — Disse ela com um grito quando
ele a pegou e levou-a para sua... a sua... cama.
— Santo Deus. Porra. Merda! — Trent virou-se para
ver o que deixou Pixie xingando como um marinheiro.
Dred estava de pé na soleira da porta, sua enorme
estrutura preenchia tudo completamente.
— Pensei em passar por aqui e ver se você é realmente bom em
toda esta merda. — Sorrindo, Trent aproximou-se e apertou a mão de
seu novo amigo. — Ótimo ver você, cara. O que você está fazendo na
cidade?
— Estamos tocando em Tampa amanhã à noite. Pensei em vir
mais cedo e fazer alguma nova tatuagem com você.
— De jeito nenhum, isso é loucura. Você devia ter dito que estava
chegando.
— Sim, bem, eu queria surpreendê-lo. Ver o que você pode fazer
em tempo real em vez de ter tempo para pensar sobre isso.
— Seria um prazer. Quer fazer um tour no estúdio?
— Wow. — Dred Zander estava de pé no meio do Second Circle.
Ele estava tendo totalmente um momento idiota de fã.
Havia um Escalade preto estacionado do lado de fora na rua e dois
seguranças corpulentos estavam na entrada do estúdio. Boa coisa. O
estúdio tinha um limite de cinquenta pessoas e ele não precisa do
chefe dos bombeiros no seu pescoço.
Pixie ainda estava olhando um pouco em estado de choque quando
se aproximou da mesa.
— Esta é a Pixie, nossa gerente de estúdio. Ela vai tirar os seus
dados quando você estiver pronto.
— Ei, Pixie, prazer em conhecê-la. — Trent nunca viu Pixie tão
inanimada. Ela não se mexia nem para pegar a mão que Dred tinha
oferecido.
— Pix? — Trent sorriu enquanto ela rapidamente se recompôs com
um aceno de cabeça e segurando a mão de Dred.
— Desculpa. Estava meio que fora do ar. Bem-vindo ao Second
Circle.
— Boas tatuagens você tem aí, Pixie. O que são esses?
— Flores. — Ela murmurou. Que diabos estava acontecendo com
Pixie? Eles já tiveram pessoas famosas no estúdio antes.
Dred riu.
— Eu posso ver que é. Eu só estava curioso para saber que tipo.
O telefone tocou e Pixie saltou para atender, efetivamente cortando
Dred para fora.
— Desculpe. — Trent se desculpou. — Felizmente, nós somos
geralmente muitos ocupados por aqui. Quer sentar e nós podemos
descobrir o que você está procurando? — Trent começou a caminhar
para uma das camas em direção a parte de trás do estúdio. — Nós
temos uma sessão na sala dos fundos aqui se você quiser um pouco
mais de privacidade.
Percebendo que Dred não estava prestando atenção, ele se virou
para vê-lo ainda olhando para as costas de Pixie.
— Ei cara. — Ele sussurrou. — Nós cobramos um extra pela
avaliação da equipe.
— O quê? Oh... certo, sim. Quanto? Eu definitivamente pago o
extra para uma visão mais próxima.

***
Harper olhou para seu novo telefone mais uma vez. Ele vinha
carregando por quase dez horas e ainda mostrava uma bateria
praticamente vazia. Caramba. Ela já tinha dado o número para Lydia
e seus pais. Ela teria que levá-lo na loja para substituí-lo ou conserta-
lo.
Felizmente, o dinheiro já não estava tão apertado como era. As
refeições que Joanie preparava para ela em vez do pagamento eram
deliciosas, o dinheiro que ela tinha guardado da tutoria era uma
dádiva de Deus e as suas despesas de aluguel tinha ido para baixo
desde que ela começou a viver com Trent. Era um simples prazer
caminhar até um caixa eletrônico e saber que ela poderia sacar o
dinheiro que queria.
Seu telefone quase morto tocou.
— Ei, Frankie.
— Ei Harper. Você poderia me fazer um favor? Você se importaria
de pegar Anton e seu amigo e trazê-los com você para o ginásio? É no
caminho da casa de Trent. Eu tenho um problema aqui que eu
preciso cuidar.
É claro que não seria um problema. Assim, mudando a logística,
ela desligou.
Sua mudança de manhã cedo, Harper andou ao redor do
condomínio. Ela já tinha feito duas lavagens de roupa. A cozinha era
limpa e o congelador já estava abastecido com porções grandes de
molho de macarrão e sopa.
Ela agarrou sua bolsa da academia e encheu com o que ela
precisava para sua lição de autodefesa à noite.
Um cronômetro soou alto. Deixando a bolsa no balcão da cozinha,
ela pegou uma luva de forno da gaveta.
Duas dúzias de biscoitos assados perfeitamente e o dobro de gotas
de chocolate estavam sentados no forno, à espera de ser removido.
Movendo-os para a mesa, ela decidiu que, uma vez que tivessem
esfriado, ela colocaria uma dúzia em um recipiente de plástico e iria
levá-los para o estúdio no caminho para o ginásio. Estava ficando
tarde e Trent nunca tinha tempo para parar e comer nas noites em
que ele estava trancado no estúdio. Além disso, ela iria começar a vê-
lo algumas horas antes do planejado. Bônus.
Havia uma fila de pessoas que espreitavam na janela do estúdio
quando ela chegou.
Um grande, homem calvo em um terno parou sua entrada.
— Você tem negócios aqui hoje, minha senhora?
— Não. — Ela começou e o homem colocou a mão do outro lado da
porta. — Quero dizer, meu namorado está lá e eu só preciso vê-lo.
O cara não se mexeu.
— Eu ouço essa desculpa um milhão de vezes por dia. — Ele
respondeu com uma voz monótona.
— Meu namorado é o proprietário, Trent Andrews. Eu trouxe
cookies. — Ela percebeu o quão idiota soou.
— Então você é a garota dele, hein? — Ele perguntou com um
sorriso irônico.
— Eu espero que sim. — Harper respondeu com um sorriso. —
Você sabe de algo que eu não sei?
— Ele estava tudo boo-hoo, perdido em LA. Ainda bem que deu
certo. — Harper sorriu. Ela sabia que era errado, mas deu-lhe uma
pequena sacudida de prazer saber que ele estava sofrendo como ela
ficou sobre a briga deles.
— Hey, Harper. Ele está na cama de trás. — Pixie gritou acima do
barulho.
Harper foi até sua mesa de recepção.
— O que há com os sósias de Tyson lá fora? Eu quase não pude
entrar aqui.
Pixie franziu a testa.
— Melhor ir perguntar ao seu menino. Estrela do rock famoso na
casa. — Pixie acentuou seu comentário com o puxão de sua caneta.
Eita, ele era enorme. Construído. E estava sem camisa. Ok, ela já
olhou o suficiente. Bem, talvez apenas por um segundo. Trent estava
debruçado sobre o cara e ela poderia jurar pela propagação de linhas
de transferência roxas que ele estava apenas começando uma luva no
braço inferior do outro homem. O cara na cadeira podia muito bem
ser uma estrela do rock, embora Harper nunca admitisse que ela não
tinha ideia de quem ele era.
Trent estava em sua habitual posição, boné virado para trás, luvas
e sentado em um banquinho.
Harper aproximou-se nervosamente. O grande tamanho do cara e
sua presença eram um pouco intimidante.
— Eu não mordo. — Oh Deus. Ele estava falando com ela.
— Desculpe-me?
Ele chupou ar entre com os dentes cerrados.
— Eu disse que eu não mordo. Você pode se aproximar. — Seus
olhos azuis brilhavam enquanto a observava de perto.
Trent olhou para cima.
— Ei querida. — Disse ele, colocando a máquina de tatuagem para
baixo e pegando sua mão. — Dred, esta é a minha menina, Harper.
Harper, este é Dred Zander da banda Preload. Ele é um dos outros
juízes que te falei.
Wow. Não que ela soubesse muito sobre o tipo de música que
Trent ouvia, mas, mesmo ela já tinha ouvido falar de Preload. Isso
certamente explicava a segurança do lado de fora.
Dred estendeu a mão e apertou a dela.
— Prazer em conhecê-la, Harper. E uma pena. Por um minuto, eu
pensei que você estava vindo para me ver.
— Não. — Exclamou Harper rapidamente, olhando para Trent, que
estava sorrindo para ela. — Quero dizer, não, eu só estava trazendo
para Trent alguns biscoitos. — Puta merda. Ela era realmente tão
idiota? Era como naquele momento em Dirty Dancing52 quando Baby
disse para Johnny que ela carregava uma melancia.
Dred se virou e sorriu enigmaticamente para Trent.
— Eu vejo o que você quer dizer, cara.

52
Filme de romance famoso que no Brasil é conhecido como “Ritmo Quente”.
— Eu sei que você vê. — Sorrindo, Trent estendeu a mão para ela.
Alcançando dentro de sua bolsa, ela tirou os biscoitos e entregou o
recipiente para ele. — Sério cara, ela é a melhor cozinheira do caralho
do planeta. — Trent fez uma pausa para tomar uma mordida gigante.
— Você tem que experimentar um. — Ele murmurou, oferecendo o
recipiente quase vazio.
Harper assistiu, mortificada, ao ver uma lenda do rock comer um
dos seus cookies.
Dred mastigou e gemeu.
— Eles são quase tão bons quanto sexo.
Harper riu.
— Não muito. — Respondeu Trent, dando-lhe um olhar que a fez
queimar. — Você tem que experimentar a sua carne assada. Poderia
trazer um homem adulto de joelhos. — Ele acenou com a cabeça em
direção a sua bolsa. — Onde você está indo? No Frankie?
— Sim. Mas antes eu vou pegar Anton na casa de um dos seus
amigos no caminho.
— Ok, manda uma SMS para mim quando você estiver acabado e
eu vou buscá-la.
— Gostaria de poder receber mensagem, mas eu não posso. O meu
telefone quebrou. Vamos precisar consertá-lo amanhã eu acho, o que
é uma porcaria. Vou ver com Frankie se posso ligar do seu.
— Vejo você mais tarde, querida.
— Tchau, Trent. Prazer em conhecê-lo, Dred.
A boca dele estava recheada com outro biscoito.
— Prazer em conhecê-la também. — Ele murmurou e migalhas
caíram em todos os lugares.
— E eu tenho outro trabalho para fazer. — Reclamou
Anton melancolicamente enquanto caminhávamos para o
estúdio de Frankie por um estacionamento deserto de um
centro médico.
Harper sorriu e olhou para os restos do que era um pôr do
sol glorioso. As crianças sempre pensavam que eles estavam
sobrecarregados com trabalhos de casa.
— Sobre o que é esse outro trabalho? — Ela perguntou.
— A batalha de Antietam53— Ela guiou Anton em torno de um
buraco gigante cheio de água marrom. A luz da rua piscava indecisa.
Escuro demais para está desligada, leve demais para ser ligada.
— Foi em 1862. O dia mais horrível de batalha que aconteceu nos
EUA. Há tanta coisa para escrever sobre isso.
— Eu posso querer escrever uma biografia do General Lee ou do
General McClellan, ou eu posso escrever sobre como a batalha
aconteceu.
— Todas as boas perguntas com muito espaço para pesquisa,
estruturação, elaboração e escrever um grande texto.
— Hey! — Anton gritou quando foi puxado para longe dela. Harper
estendeu a mão e conseguiu agarrar a parte inferior da camisa dele,
mas ela escorregou por entre seus dedos. Ela correu para o beco
estreito depois dele.

53
Batalha de Antietam: foi o primeiro grande confronto armado da Guerra de Secessão que se produziu
em território da União. A batalha teve lugar a 17 de Setembro de 1862, perto de Sharpsburg, no
condado de Washington, Maryland, Estados Unidos, e nos arredores de Antietam. A batalha fez parte da
Campanha de Maryland, e tratou-se da mais sangrenta da história dos Estados Unidos que, em apenas
um dia, registou 22 717 mortes.
— Entre na van, Taylor. — Harper olhou fixo na lâmina da faca
apontada para o pescoço de Anton. Nathan estava na sombra, de
costas para a parede, com Anton mantido firmemente na frente dele.
Ela olhou para o final do beco e passando pelas lixeiras
abarrotados, tinha uma van marrom estacionado no meio-fio, ela
tentou retardar sua respiração.
— Não o machuque, Nathan. Por favor. — Ela olhou em volta para
qualquer coisa que pudesse ajuda-los. Um pedaço de madeira ou um
tubo de metal descartado. Algo. Qualquer coisa.
Nathan estava drogado. Ela já viu aquele olhar enlouquecido
antes, seus olhos estavam tão grandes que as suas pupilas já tinham
ultrapassado o azul da sua íris. Sua respiração estava acelerada e
furiosa. Houve um brilho de suor em seu lábio superior, apesar da
brisa fresca da noite.
Seu rosto estava magro. Lá se foram as características que uma
vez foram belas, substituídas por um sorriso ameaçador. Firme,
musculoso e veias levantadas em torno dos braços que ela uma vez se
sentia segura dentro.
— Não há nenhuma opção aqui, Taylor. Entra na van ou eu vou
matar esse garoto, porra, aqui mesmo. — Ela olhou para Anton,
desejando que ele silenciosamente permanecesse quieto e silencioso.
Ele olhou para ela, com os olhos arregalados e o corpo congelado de
medo.
Suas unhas cavaram dolorosamente em suas palmas quando ela
apertou seus punhos. A visão de Nathan combinava com o pior
pesadelo de todos os professores de uma criança se machucar, o que
tornava difícil pensar. O que ela poderia fazer?
— Taylor! — Ele rosnou. — Mova-se antes que você me force a
fazer algo que você vai se arrepender. — A faca empurrou a pele do
pescoço de Anton. Uma pequena fatia, mas o suficiente para fazer um
pequeno filete de sangue escorrer do pescoço de Anton.
— Anton, não se mova. — Seus olhos estavam cheios de lágrimas,
mas ele ainda estava como uma estátua. Bom garoto. Harper
apressou-se em direção às portas abertas da van e entrou, jogando a
mochila de Anton na frente dela.
Ela girou e olhou de volta para a rua, a tempo de ver Nathan
empurrar Anton no chão. Ele aterrissou em cima do seu ombro e sua
cabeça bateu no concreto com um baque. Nathan marchara os
poucos passos para a van. Levante-se, Anton. Se mexa. Anton
começou a sentar-se lentamente. Ele estava bem.
As portas traseiras da van bateram. Ela teve alguns momentos
antes de Nathan subir no assento do motorista. Pense, pense. Se
gritasse, ele poderia voltar e matar Anton. Cooperar com Nathan era a
melhor maneira de garantir que Anton estaria seguro. Ela abriu a
mochila de Anton e a revirou, encontrou o telefone. Ela começou a
discar 911, mas a porta se abriu e se fechou. Nathan entrou sozinho.
Ela colocou o telefone por baixo do sutiã. Seu casaco de treino solto
iria esconder a forma.
Nathan subiu entre os assentos, com a faca em uma das mãos e
uma fita na outra.
— O que você fez com o Anton? — Ela sussurrou.
Ele colocou a ponta da lâmina em sua garganta.
— Não me faça te machucar, Taylor. Coloque seus braços atrás
das costas. — Ela estremeceu quando ele envolveu a fita firmemente
em torno de suas mãos, tentando flexionar seus dedos para manter a
circulação.
— Onde está Anton? Por favor, me diga que você não o matou. —
Ela olhou para a faca que ele deitou no assento ao lado dele,
enquanto ele subia no banco da frente. A lâmina estava impecável,
exceto pelo pouquinho de sangue na ponta. Nathan se balançou no
banco, xingando em um sussurro antes de rodar a chave na ignição.
A velha van balbuciou e vibrou com vida.
— Sente-se aqui perto de mim e não se mova. — Ele gritou,
ajustando o espelho retrovisor até que ela pudesse se ver nele. Ele
estava incrivelmente agitado, novamente drogado.
Harper se embaralhou no chão até que ela se sentou no banco do
passageiro de trás, posicionando-se de modo que pudesse ver um
pouco para fora do para-brisa.
— Nathan, você sabe que isso não vai acabar bem. Por favor,
deixe-me ir. Podemos descobrir como fazer isso.
— Descobrir como fazer isso? — Ele cuspiu. — Foda-se o
descobrir! Você está brincando comigo? Não há nada para descobrir,
Taylor. Você sempre será minha. Eu te falei isso. Acredita em mim
agora? — Uma explosão de risos irônicos avançou pelo meio da van.
— Agora, cale a boca. Você grita e isso ficará muito pior. A forma
como você se comportar determinará se isso vai ser rápido ou lento.
Então, se lembra disso antes de tentar me enganar, cadela.
Harper se esquadrinhou para o interior da van, esperando que
pudesse ter algo que ela poderia usar, mas era tão escuro. Se ela
pulasse em cima dele agora, sem o uso de seus braços, eles
provavelmente seriam mortos ou ele pegaria a faca.
Uma jaqueta de couro e um capacete de prata estavam no canto. A
moto. Claro. Era Nathan com a moto que era tão semelhante aos
projetos que ele e Reid utilizavam para trabalhar. Ele devia ter
mantido um dos que ele fez. Ele tinha pilotado para encontrá-la.
Nathan dirigiu bruscamente longe do meio-fio e Harper balançava
violentamente. Não era possível usar as mãos para parar a si mesma,
ela não tinha nenhuma maneira de não bater contra a parede de
metal da van. Sua visão ficou borrada no momento do impacto.
Harper olhou se concentrando na estrada à sua frente. Era
fundamental que ela soubesse onde estava sendo levada. Prédios
passavam muito rápidos no escuro, mas ela ficou aliviada ao ver a
Allison Park a sua direita. Eles estavam indo definitivamente em
direção ao norte. Onde ele estava levando ela? As lágrimas encheram
seus olhos, mas ela piscou-as ferozmente. Elas não iriam ajudá-la a
sair dessa. Ela precisava se concentrar e ter um plano para ficar
longe de Nathan, e, em seguida, alertar a polícia. Se ela não o fizesse,
bem, ela não podia dar ao luxo de se debruçar sobre essa opção.
O Canyon Ranch Hotel, com a sua envolvente única pedra branca
e rio ondulado de vidro escuro, passou. Em um sinal vermelho,
Harper olhou para as portas traseiras.
— Embriagado. — Ela olhou para Nathan, que estava estudando-a
no espelho retrovisor. Ele parecia quase arrependido.
— Por que você tem que fazer que isso seja tão difícil, Tay? Eu só
queria que nós estivéssemos juntos.
Harper estimava que quinze minutos já haviam se passado quando
a van de repente parou e Nathan saiu.
Quando as portas traseiras foram abertas, Harper viu que estavam
estacionados ao lado do esqueleto que uma vez era um clássico hotel
ou um edifício de apartamentos. Suas janelas estavam quebradas ao
longo e uma cerca de arame com sinais de cuidado sacudia na brisa
fresca.
Nathan arrastou-a da van. Seu pé bateu no chão em um ângulo
estranho, enviando uma dor por sua perna.
Ele empurrou-a através de uma abertura na cerca.
— Vamos. — Ele sussurrou ferozmente, empurrando a ponta da
faca em suas costas. — Não me faça ter que usar isso mais cedo do
que eu pretendo.
O corte da faca em sua pele fez Harper engasgar com a dor
intensa.
— Mmm, eu gosto um pouco do medo nos dias de hoje, Tay. A
maneira como você lutou comigo há alguns anos, me faz ter enorme
tesão. — O pensamento adoeceu-a. Ele estava tentando assustá-la e
estava funcionando. Seu coração acelerou com a familiaridade
horrível dele atrás dela com a faca na mão. Tonturas chegavam
enquanto ela engolia respirações. Tremendo, ela começou a contagem
até dez, com foco em sua respiração. Foco era a única coisa que
poderia salvá-la.
A ponta da lâmina deixou suas costas, mas os dedos cavados em
seu ombro a empurrava em torno da parte de trás da propriedade. O
crepúsculo tinha mudado o anoitecer e havia pouca luz na rua.
Enquanto eles se moviam através do paisagismo em direção a uma
piscina vazia, a propriedade estava ainda mais escura. Nathan
empurrou Harper em um pequeno anexo, fazendo-a cair para a frente.
Sem as mãos livres, ela caiu de cara no rasgado e desvanecido linóleo
azul. Uma dor aguda correu até sua bochecha quando o lado do rosto
dela fez contato com o chão duro.
Uma mão agarrou a parte de trás de seu capuz e ela foi arrastada
pelo chão coberto de lixo, antes de ser jogada, ela apoiou-se contra
uma cinzenta parede de alvenaria fria.
Ela estava em um bar ao lado da piscina deserta que era feito com
espelhos salpicados e vazios, com ilusão óptica. Luminárias
quebradas e fios pendurados no teto, balançavam em movimentos
perpétuos.
Nathan respirava pesadamente, andando para lá e para cá.
— Por que você faz isso, Taylor? — Ele sussurrou.
Harper permaneceu em silêncio, balançando a cabeça para limpar
o tremor por bater no chão. Ela tomou um tempo observando seus
arredores. Ela ouviu a voz de Frankie na cabeça dela, alto e claro.
Você tem que saber que vale a pena se defender.
— Eu apodreci naquele lugar por quatro anos e você estava
preparada para me deixar ficar lá por mais quatro. — Salivas
acumulavam nos cantos de sua boca enquanto ele estourava com ela.
Seus olhos fundos, rodeados por círculos pretos, centrados nela. —
Foda-se, o que fazer, o que fazer. — Ele murmurou enquanto andava
o comprimento da sala, passando a mão pelo cabelo curto, uma e
outra vez. Se ela não descobrisse alguma coisa em breve, ele iria
matá-la. Não se tratava de uma doença e confusão. Isso era sobre
vingança, puro e simples e o pensamento a aterrorizava.
— Nathan, esse não é você. É a droga falando. Você pode ter
ajuda.
— Ajuda? É isso que você queria que eu recebesse quando
escreveu a sua carta? — Nathan esfregou as mãos para cima e para
baixo dos braços enquanto olhava para ela. — Você quer saber do tipo
de ajuda que eu recebia na prisão? Porque eu posso dizer-lhe que tipo
de ajuda você pode dar e tirar de lá.
— Não faça isso, por favor Nathan. — Harper tentou comprimir o
pânico, substituindo a adrenalina que fazia que seu coração saltasse
como em uma corrida. Ela fechou os olhos e se concentrou nas
palavras de uma de suas primeiras sessões com Frankie... um lugar
de controle e não um lugar de medo.
Ela olhou para algo afiado que poderia se encostar e cortar a fita
de ligação das suas mãos. Uma moldura enferrujada de uma cadeira
estava contra a parede apenas polegadas de distância, a perna estava
dobrada e quebrada.
Silenciosamente, ela esperou até que Nathan estivesse andando
longe dela e, em seguida, embaralhou a curta distância para a
cadeira. Ele estava longe demais para perceber. Se ela pudesse ter os
braços livres, ela tinha opções. Possivelmente, o telefone, ou, pelo
menos, uma oportunidade de correr. Até mesmo lutar se fosse
preciso. Ele pode ter destruído ela na última vez, porém ele não teria
essa chance novamente.

***

— Frankie, como está? — Trent levantou um dedo para Dred e


murmurou, "Desculpe." Ele não costumava atender ao telefone
quando trabalhava com um cliente, mas Harper tinha dito que ela iria
ligar de lá.
Houve uma longa pausa e o som agudo de uma criança chorando.
— Ei cara, é, temos um problema. — A voz de Frankie estava em
pânico. O lutador geralmente calmo estava perturbado. — O cara que
Harper estava fugindo, Nathan, eu acho que ele a pegou.
— O que você quer dizer? — Trent levantou do seu banco,
esfregando as costas de sua mão enluvada na testa.
— Anton apenas correu para o ginásio, gritando sobre um cara
pegando Harper. Ele a fez entrar em uma van. Harper chamou-o de
Nathan.
Trent chutou o banco que tinha sentado e enviou-o no chão do
estúdio.
— Será que ele vai machucá-la? Você vai chamar a polícia? — Ele
perguntou, ciente do estúdio moer a um impasse em torno dele. Dred
já estava lá e Cujo tinha vindo, colocando a mão em seu ombro.
Felizmente, o estúdio estava perto de fechar e Dred era o único cliente
estava sendo tatuado.
— Sim, eles estão a caminho daqui. — Trent podia ouvir os soluços
de Anton ao fundo e ouviu Frankie resmungar palavras de conforto.
— Sinto muito cara, mas Anton disse que Nathan estava agindo todo
louco e tinha uma faca grande.
— Se ele a machucou? Quando Anton os viu sair, ela ainda
estava... ela...?
— Ela não estava ferida quando entrou na van.
Trent não tinha certeza se suas pernas iriam continuar a segurá-
lo. Ele colocou o braço para fora e se inclinou para frente, com a
cadeira de tatuagem tomando seu peso. Ele seria capaz de pensar
com clareza se a porra da sua cabeça não parasse de girar. Imagens
de Harper com uma lâmina em sua garganta deslizou através de sua
mente tornando difícil se concentrar.
— Trent, você ainda está aí cara?
— Sim, eu estou aqui, qual o caminho que ele a levou? Será que
Anton viu?
— Não, ele só começou a correr assim que Nathan entrou na van.
Mas Harper é inteligente; ela ainda tem a mochila de Anton. Eu
instalei um aplicativo GPS no telefone de Anton. Ele mostra o telefone
abandonado no caminho de Veterans Park. Unidades da polícia estão
se encaminhando até lá.
— Estou a caminho, me ligue se ele se mover.
Trent correu para a parte de trás e pegou o casaco e as chaves do
escritório, aliviado ao encontrar-se ladeado por Cujo e Dred enquanto
ia para a Porta dos fundos. Não que ele iria precisasse da ajuda deles
para destruir aquele filho da puta.
Cujo pegou as chaves de sua mão.
— Cuj, eu não tenho tempo para isso, me dê às chaves.
— Não posso fazer isso, irmão. Você não está em nenhum estado
apto para dirigir. Entra ou eu vou sem você.
— Cujo, me dê as chaves do caralho. — Cujo entrou no carro e
ligou o motor, o motor do Plymouth acelerou alto.
Trent sentiu um empurrão por trás.
— Entra no carro, Trent. — Dred disse, empurrando-o para a
porta. Sem mais tempo para discutir, ele subiu e Dred veio em
seguida, os três espremidos no banco.
— Norte para Collins, em direção Veterans Park.
Cujo resvalou para fora do estacionamento do Second Circle e
Trent se inclinou para frente, com a cabeça entre as duas mãos.
— Ela vai ficar bem. — Disse Cujo enquanto ele chutava por cima
do Plymouth através de Miami.
Trent esperava de todo o coração que Cujo estivesse certo.
Porque se ela não tivesse...
Foda-se.

***

O sangue escorria por seus pulsos, coletando-se nas palmas de


suas mãos. Sua primeira tentativa fracassada de cortar a fita na
perna enferrujada cadeira, resultou em um corte doloroso, mas
Harper forçou a dor na parte de trás de sua mente e continuou com
mais cautela do que na sua primeira tentativa. Ela empurrou as mãos
de volta para a borda áspera, sentindo o atrito na fita.
— Isso é tudo culpa sua. — Disse Nathan, parando bruscamente
seu ritmo. — Se você não tivesse tentado me deixar, nada disto teria
acontecido. Você me deve aqueles anos de volta, Taylor. Você me deve
por cada vez que você fodeu com seu novo namorado, enquanto eu
estava sentado em uma cela.
Ele passou o polegar lateralmente sobre a lâmina da faca, testando
a sua nitidez com o polegar, sibilando quando a borda passou por sua
pele.
— Você ainda não quer saber como eu encontrei você? — Ele
cuspiu.
Harper balançou a cabeça.
— Realmente não importa, não é?
— É claro que porra importa. Eu tive um grande esforço para
encontrá-la. Se você for esperta, você vai respeitar isso. — Ele
caminhou até a janela, perscrutando a escuridão com cautela. —
Você encontra todos os tipos de pessoas com todos os tipos de
talentos interessantes lá dentro. As pessoas que usam seus talentos,
sempre lhes devem um favor ou dois. A prisão é um enorme sistema
de troca e eu era muito bom em fazer-me inestimável para as pessoas
certas.
Harper levantou e baixou os punhos contra a cadeira, separando-
os simultaneamente para manter o tecido esticado. O som do metal
duro cortando a fita soou como um terremoto no silêncio da sala.
— É tão fácil manipular as pessoas desesperadas, com fome de
poder. Na prisão, os caras dependiam de favores. Quem pode fazer o
quê para quem? O bom e velho Winston poderia ter sido um pai inútil
do caralho, mas ele foi ótimo no sentido de conseguir custos e
conhecer os juízes. Sabe, a coisa interessante sobre as gangues, é que
eles têm integrantes em todo o país. Um pouco de "Você coça minhas
costas, eu coço as suas" para as pessoas certas e eu fui capaz de
conseguir o carro da sua advogada idiota e o laptop dela hackeado.
Através do laptop dela, eu comecei. Ela tinha seu endereço e o
número do telefone.
Nathan passeou novamente. Harper tentou arrancar a ligação da
fita dela com a cadeira, mas antes que ela pudesse se libertar, ele
retornou à sua frente, agachando dessa vez. Ele parecia mais calmo.
Ele empurrou o cabelo atrás da orelha dela, fazendo-a estremecer.
— "Evitando o nosso grito”. Quem teria pensado que anagramas
poderiam ser tão emotivos? Será que você gosta deles? — Ele estava
confundindo-a com seu emocional devoto. Ele parecia nostálgico,
amando mesmo. Eu te amo, querida. — Levei meses para ter os
anagramas certos para você. Aqueles que provocariam a reação certa.
— Ele empurrou-se para trás até seus pés. — Eu desejaria ter visto o
seu rosto. Não há nenhum lugar que você possa ir que eu não iria
encontrá-la.
Sua estimulação retomou e Harper freneticamente esfregou a fita
sobre a borda afiada. No momento em que começou a rasgar, ela
sentiu uma onda de alívio. Era agora ou nunca. Seu coração batia
com o pensamento do que ela estava prestes a fazer.
Ela esperou até que Nathan fosse mais distando até o final do bar,
em seguida, levantou-se e correu para a porta. Ela apertou os olhos
no escuro, lutando e tentando seguir o que restava do caminho
quebrado.
— Socorro! — Gritou o mais alto que podia. — Alguém me ajude,
por favor.
— Não! — Nathan rugiu. — Volte aqui, Taylor.
Os passos estavam se aproximando dela. Seus pulmões gritavam
por oxigênio enquanto ela corria o mais rápido que podia no terreno
irregular. Teias de aranhas chicoteavam suas pernas e braços, urtigas
cobriam seus tornozelos enquanto ela corria para a frente do hotel.
Ela gritou até ficar rouca, correndo até ver a cerca.
Braços por trás dela jogou-a no chão. A batida de seu corpo no
chão tirou o fôlego e ela engoliu em seco em busca de ar, tentando
recuperar alguma aparência de controle. Houve um ruído alto quando
a faca saltou ao longo do que restou do concreto, fora do seu alcance.
Parte mais difícil para a parte mais macia. Harper fez um
inventário mental. Nathan estava preso em cima dela. Mergulhando a
testa no chão, ela bateu a cabeça para trás o mais rápido que pôde,
sentindo a rachadura do nariz de Nathan contra seu crânio.
— Argh. Sua puta. — Ele gritou, rolando-a para segurar seu nariz.
Harper ficou em pé. Enquanto corria em direção à rua, ela ouviu a
sirene de um carro da polícia.
A cerca balançou quando ela começou a fazer a abertura. Ela
estava tão perto da rua. Uma mão agarrou seu braço, puxando-a para
trás e Harper sentiu a lâmina deslizar seu ombro. Não profundo, mas
o suficiente para trazer de volta o sentimento doentio de como foi há
quatro anos, sua pele simplesmente abriu-se com o aço afiado.
A dor trouxe lágrimas aos seus olhos. Como ela podia estar tão
perto e longe, só para ele para levá-la de novo? Ela torceu-se para
longe dele, se salvando por pouco do golpe afiado de Nathan
destinado a ela, o que a fez sentir alívio, pois só foi um arranhão. As
sirenes estavam ficando mais alto. Eles tinham que estar vindo por
ela. Sua salvação embrulhada em luzes azul-e-vermelho piscando.
— Eu não vou deixar você fazer isso comigo de novo, Nathan. —
Ela estava tensa com os dentes cerrados.
Se este fosse o fim, ela não estava morrendo sem uma luta. Agora
não.
— Eu não vou ser sua vítima novamente. — Levantando o joelho,
ela bateu forte na virilha de Nathan, fazendo-o dobrar-se de dor. Ele
tentou cortar sua perna com a faca, mas ela desviou com um chute
antes de ficar de pé no chão duro.
— Foda-se! — Ele gritou e se dobrou.
Ela trouxe seu joelho para cima com força contra seu nariz já
ensanguentado. Chegou a sentir seu osso contra seu joelho.
Com um gemido alto, ele caiu de joelhos.
Luzes piscando pararam ao lado da cerca e dois policiais saltaram,
já puxando suas armas.
— Para baixo, no chão. No chão. — Ela ouviu alguém gritar. Será
que eles estavam falando para ela?
Ela olhou em volta e viu os dois oficiais se aproximarem de
Nathan, com as armas em punho, apontando-as diretamente para ele.
— Você está preso. Você tem o direito de permanecer em silêncio.
— Harper colocou os braços firmemente em torno de sua cintura,
tremendo apesar da umidade do ar. Ela escutou o policial recitar o
resto dos Direitos de Miranda54 para Nathan.
— Você entendeu os direitos como expliquei-lhes a você?
— Foda-se você e foda-se aquela vadia estúpida ali. — Nathan
cuspia enquanto lutava contra o agente que colocava algemas em
seus pulsos.
Harper deixou ele ser movido para fora do caminho dela. Luzes
piscaram em sua visão periférica. Oscilando, ela agarrou os elos da
cerca. Ela tocou em seu ombro. E retirando a mão ela achou que
estava coberto de sangue.
— Harper.
Trent? Cristo, até coisas agora ela estava ouvindo, o que fez o
balanço do seu corpo piorar. Sua cabeça latejava. Ela fechou os olhos.
— Harper, graças a Deus. — Ela estava sendo puxada para uns
braços fortes.
— Trent. — Ela sussurrou entregando-se à escuridão.

***

Os paramédicos trabalharam arduamente para estabilizar Harper


e avaliar a extensão dos seus ferimentos. O sangue continuava a sair
da ferida feita pela faca em seu ombro e a gaze branca que o
paramédico mantinha firmemente pressionado contra ela
rapidamente estava ficando vermelha.
Trent pegou seu telefone e ligou para Drea.
— Hey Trent, o que está acontecendo?
— Drea, ele a encontrou. Nathan achou Harper. Nós estamos indo
para o hospital. Você pode nos encontrar lá? — Trent estremeceu no
curto soluço de Drea.
— Estou a caminho. Como ela está? Diga a ela que eu a amo.

54
É uma advertência que deve se dar a um imputado que se encontra em custódia da polícia dos
Estados Unidos, antes de que lhe façam perguntas relativas a comissão do ilícito
— Os paramédicos estão fazendo o melhor que podem. Cujo vai
encontrar você lá querida.
Desligando o telefone, ele sentou-se no pequeno banco do
passageiro da ambulância e assistiu o equipamento de rastreamento
dá o sinal sonoro sinais vitais de Harper. Não havia mais nada a fazer
senão rezar para que ela ficasse bem.
— Reid? — Ela murmurou.
Inclinando-se para frente, ele pegou sua mão, apertando-a
firmemente entre as suas. Parecia tão pequena, mas tão fria na dele.
— Reid não está aqui, baby. Eu não vou deixá-la sozinha por um
segundo. — Ele tranquilizou-a. O paramédico estava segurando a
gaze apertada contra o maior ferida do seu ombro. Ele estendeu a
mão e acariciou o cabelo de sua bochecha. — Eu amo você, querida.
— Sua voz falhou. — Não tenha ideias estúpidas sobre me deixar.
Depois de horas, Trent recostou a cabeça contra a parede e ficou
olhando para o teto de azulejos amarelados. Sentando-se em linha
reta, ele arrastou as mãos pelo o cabelo antes de curvar-se para trás,
com os cotovelos apoiados nos joelhos. Ele girou o anel em seu dedo
polegar ao redor.
— Ela vai ficar bem, cara. — Cujo sentou-se no chão de frente
para ele. — A enfermeira já falou que você vai poder vê-la em poucos
minutos.
Correndo até o meio-fio e ver Nathan sendo arrastado de Harper,
tinha arrancado sua última gota de controle. Ele pediu tanto para
Dred e Cujo segurá-lo, o impedindo de se lançar para o cara e rasgar
o rosto daquele maníaco com as mãos.
— Eu liguei para o resto dos caras. — Disse Cujo. — Achei que
você gostaria que eles soubessem que ela estava bem.
A viagem para o hospital com ela na ambulância havia arrancado
sua alma. Não viu muito sangue sair da pessoa que ele amava mais
do que qualquer outro lugar do mundo. Isso tinha praticamente o
paralisado.
Dred reapareceu com café, entregando um para Trent antes de
deslizar para o chão ao lado de Cujo.
— A polícia está aqui, homem, com um casal de rapazes de terno.
Colocamos eles com os meus rapazes da segurança. Eles vão para-los
por um tempo, mas você vai precisar lidar com eles eventualmente.
— Eu não dou a mínima para quem você acha que ela pode ver.
Eu sou sua melhor amiga. Deixe-me entrar lá. — Drea estava
protestando no corredor.
Cujo se levantou, alisando as pernas da calça jeans. Ele respirou
fundo e rangeu seu pescoço da esquerda para a direita.
— Eu vou pegar aquela mal-humorada. — Disse ele, sacudindo a
cabeça na direção da voz elevada de Drea. Trent o viu caminhar na
direção ao argumento de cerveja no posto de enfermagem.
— Senhor Andrews? — Um jovem médico de azul estendeu a mão.
— Eu sou o Dr. Yeung. Eu tenho o procurado após ver Harper. —
Todos se levantaram.
— Como ela está?
Cujo reapareceu com o braço em torno de Drea. Seu rosto
manchado de lágrimas era mais do que ele podia suportar. Eles se
juntaram a ele na frente do médico e Drea estendeu a mão para
agarrar a mão de Trent.
— Harper está sendo forte. Sua tomografia computadorizada
voltou muito bem, mas ela tem uma concussão desagradável.
Costuramos o ferimento na parte superior do seu ombro. É profundo,
mas felizmente não perdeu alguma coisa vital. O resto é mais
superficial, unimos ou simplesmente enfaixamos. Nós demos-lhe uma
vacina de tétano e limpamos o corte do seu pulso. Ela está em uma
dose de morfina para a dor e um antibiótico forte para prevenir a
infecção.
Os ombros de Trent relaxaram e o braço de Cujo foi em torno dele,
segurando-o. O alívio ameaçou trazer Trent de joelhos.
— Eu posso vê-la? — Ele esfregou as mãos sobre o rosto.
— Absolutamente. Ela pode ir para casa amanhã, mas precisa de
descanso. Ela ainda precisa ter cuidado com o ombro. Vou levá-lo
para ela e, em seguida, lhe dá algumas instruções de cuidados.
Harper estava mastigando o lado de sua unha, olhando
distraidamente para fora da pequena janela quando ele entrou em seu
quarto. Sua pele estava pálida e olheiras rodeavam seus olhos. Trent
correu para a cama, sentando-se suavemente no lado dela.
— Oh, querida. — Ele disse suavemente, tomando-lhe as mãos,
beijando cada junta suavemente antes de beijar o centro de sua
palma. — Você me assustou pra caralho.

***

— Trent. — Harper falou embargada. — É... E Anton, ele está


bem? — Sua voz estava rouca, lembrando-a das marcas vermelhas
que o médico tinha dito a ela que cobria o lado de fora de sua
garganta.
— Ele está bem, Harper. Um pouco abalado, ele é um herói.
Correu direto para Frankie. Deu à polícia todos os tipos de detalhes.
— Trent apertou sua mão dura. — Cristo, Harper, quando Frankie
ligou e me disse que Nathan tinha sequestrado... sequestrado... — A
palavra ficou presa e a determinação de Harper em não chorar vacilou
quando lágrimas encheram os olhos de Trent. Ele baixou a cabeça
suavemente para o estômago de Harper e passou os braços em volta
dela, suavemente e ela estava cheia de gratidão que ainda estivesse
aqui com ele.
— Eu estou bem, Trent. — Ela o acalmou, correndo os dedos pelos
cabelos dele. — Eu estava assustada, mas eu tinha algo para viver.
— Me desculpa por eu não ter chego lá mais cedo. Eu te amo
querida. Mais do que você pode imaginar.
— Eu sei, baby. — Ela gritou, finalmente, se deixando ir na frente
dele. — Eu também te amo.
Quando as lágrimas se transformaram em soluços altos, Trent a
abraçou suavemente em seus braços para que eles pudessem
confortar um ao outro.
Harper se envolveu nos braços de Trent, com a certeza de que
estava a salvo e viva. A dor no ombro estava aliviando, agradeceria
aos céus pela grande medicação. Pensamentos do outro julgamento
fez seu estômago revirar. Ela precisava chamar Lydia, provavelmente
em breve, se ela queria chegar à frente das maquinações do pai de
Nathan. E seus pais. Como ela se explicaria para eles o que estava
acontecendo ou por que ela não tinha entrado em contado com eles?
A polícia estava querendo sua declaração em breve, mas ela
precisava neste momento de Trent. Havia muitos pensamentos
apressando-se na sua cabeça e ela precisava de um tempo para
processar tudo o que tinha acontecido.
— Se ele não sair em breve e dizer o que está acontecendo, eu vou
lá. — Uma onda de alívio inundou Harper ao som de Drea no
corredor.
— Por mais que você ache que ela te ama, querida, ela o ama um
pouco mais. Dê-lhes um minuto.
Trent riu. Harper abriu os olhos e olhou para ele.
— Meu dinheiro está em Drea. — Ela sussurrou.
— Você pode tirar os seus braços estúpidos de mim?
Drea e Cujo irromperam pela porta. Os braços de Cujo estavam
enrolados na cintura de Drea e o ângulo que ela estava dobrando os
dedos para trás para soltar seu aperto deveria estar doendo.
— Eu tentei impedi-la, mas é como tentar abrigar um gato feroz
em uma caixa de sapato. — Cujo soltou um grunhido e deixou Drea
ir. Harper olhou de Cujo para Drea, desesperada para segurar o riso
ela que estava chegando.
A cama balançou quando Drea sentou-se. Ela agarrou a mão de
Harper e inclinou-se para abraçá-la suavemente.
— Oh meu Deus, Harper. Estou contente de ver você.
Harper estremeceu um pouco com a força que Drea lançou em seu
ombro, ela a soltou imediatamente.
— Oh não, me desculpa Harper. Eu só... — Os olhos de Drea
começaram a se encher de lágrimas.
Cujo colocou uma mão no ombro de Drea e a outra no topo da
maca do hospital.
— Ei você aí, Bruce Lee. Lembre-me de não mexer com você. — Ele
beijou o topo da cabeça de Harper. — Você me assustou, numa
espécie de maneira excitante. — Ele sussurrou.
— Saia de cima da minha menina, cara. — Disse Trent com uma
risada curta antes de empurrar o braço de Cujo da maca.
— Uma forma extrema de se ter atenção extra, mel de abelha. —
Lia ofereceu um sorriso irônico quando ela entrou na sala com Pixie e
Dred. Ela deixou cair uma mala creme, igual a maleta de maquiagem
clássico dela ao lado da cama. — Há um quimono de seda aqui, o que
é muito mais sexy do que a lona azul horrível que você está usando
no momento.
— Obrigada. — Disse Harper, as palavras parecendo
lamentavelmente inadequadas. A ideia de tirar o vestido do hospital
era o paraíso.
— Sim, bem, o número de pessoas que já me viram sem
maquiagem acaba de quintuplicar, assim você me deve. — Disse Lia
enquanto se sentava na ponta da cama. Ela parecia muito mais
jovem, com o rosto limpo do delineador e do batom vermelho alado
que costumava usar.
Pixie bateu a mão de Trent para afrouxar o aperto que ele tinha
sobre Harper, forjando um caminho para ela descer do outro lado da
cama. Seus olhos estavam vermelhos.
— Santo... — Pixie soltou uma respiração curta e apertou o braço
de Harper. — Você nos assustou. — Disse ela antes de se virar e bater
em Trent na parte superior da cabeça.
— Ow. — Trent fez uma careta. — Que diabos eu fiz? — Gritou no
estacionamento como um Bullitt55.
Harper tinha vagas lembranças de Trent pegando-a uma vez que a
polícia chegou. Como ele chegou lá? Como ele sabia onde ela estava?
Ela não podia sequer começar a pensar em como assustado Trent
deveria estar.
55
É um filme norte-americano do gênero policial.
— Não fui eu. — Disse Trent em um tom ferido. — Cujo que
dirigia.
Harper deixou cair a cabeça para trás no revestimento de plástico
dentro da fronha branca engomada. Ela podia sentir seus olhos
ficando pesados enquanto seus amigos continuavam com suas
brincadeiras em torno dela.
— Nós devemos ir, Harper tem que descansar um pouco. — Disse
Dred ao pé da cama. Ele lhe deu a menor de acenos.
O que tinha acontecido para trazer esse incrível grupo de amigos
para a vida dela? Harper estava perplexa. Cada um deles deu-lhe um
último beijo, abraço e palavras de encorajamento, até que sobrou
apenas Trent na sua esquerda.
— Você deveria ir para casa e dormir um pouco. — Disse Harper,
sonolenta, deixando a medicação para a dor ajudar a levá-la para
baixo.
Trent se levantou, abaixou a cabeça na maca e levantou a cabeça
de Harper afofando o travesseiro antes de suavemente reduzindo-a de
volta para baixo.
— Vejo você pela manhã. — Disse Harper, recusando-se de sentir
de repente o medo de ser deixada sozinha. A luz apagou-se no quarto
e o coração de Harper começou a pular. Ela precisava da luz acesa.
O colchão afundou quando Trent se sentou no lado da cama.
Sentiu-o inclinar para a frente e ouviu os seus sapatos caindo. Ele
puxou as pernas para cima da maca e deitou-se a seu lado, colocando
cuidadosamente o braço ao redor dela. O calor de sua respiração
atrás de sua orelha, a doçura de seus lábios contra sua pele aliviou a
pressão que sentiu.
— Sim, você, querida. Eu estarei bem aqui.
Três meses depois

Harper estava no convés de sua cabana perfeita


sobre as águas azul-turquesa do Oceano Pacífico do Sul.
Montanhas verdes cercavam a baía de seu hotel, um cenário
exuberante para as férias que tinham começado na noite
anterior. O sol estava lentamente despertando do sono em si e não
havia uma única alma que pudesse ser vista em qualquer lugar ao
redor do resort.
Pela primeira vez em quatro anos, ela viajou com o nome de Taylor
Kennedy. Era estranho ser chamada de Taylor. O nome pertencia a
uma pessoa e uma vida que não era mais dela. Ela iria mudar
legalmente seu nome para Harper. Harper Andrews, para ser mais
precisa, quando Trent fez sua promessa de fazer dela sua esposa.
Ela olhou para o anel de noivado espetacular que Trent tinha
colocado em seu dedo ontem, um pouco antes que eles deixaram o
apartamento para pegar o voo. A pedra redonda bonita era cercada
por doze diamantes menores que jogavam estrelas da cor do arco-íris
quando ele pegava sol. Ele projetou o anel só para ela, as doze pedras
correspondentes a XII56 em seu braço.

56
Aqui ela se refere aos 12 círculos de Dante que ele tem tatuado.
Revirando os ombros para trás, Harper deu graças silenciosas que
nenhum dano permanente foi feito. A ferida no ombro havia sido
curada e a cicatriz era pequena. Harper tinha abraçado toda a
experiência como um encerramento gigante dos últimos quatro anos.
Nathan estava de volta para a prisão à espera da sua nova data do
julgamento e o seu pedido de fiança foi negado. Desta vez, ela teria a
coragem de enfrentá-lo com firmeza no tribunal, com seu novo marido
a seu lado.
Marido. Apenas a palavra a fez sorrir. Quando voltassem, ela teria
um casamento para planejar. E uma festa de noivado para participar.
Drea e Cujo queriam organizar a festa para eles e ambos até mesmo
concordam em trabalhar juntos para que isso acontecesse. O que
Harper não daria para ser uma mosca na parede. Ela deu-lhes cinco
minutos antes de começarem a matar um ao outro.
Seu paraíso, de dez dias de férias era o refúgio perfeito no meio do
cronograma de filmagem de Trent. Os produtores estavam realmente
animados sobre a recepção que o show estava recebendo do público.
Ele havia concluído as filmagens em quatros cidades de todo os
estados no Centro-Oeste e Nordeste. Ele até jantou com os seus pais
quando gravou em Chicago, enviando para ela uma foto dele, Dred e
sua mãe, fora da sua pizzaria favorita.
Mãos em volta da cintura dela a puxou-a.
— Bom dia, querida. — Veio a voz de Trent, rouca e profunda de
sono enquanto ele esfregava o nariz atrás de sua orelha antes de
beijar o lado de seu pescoço.
— Hey. — Ela sorriu quando ele beliscou ela suavemente.
— O que aconteceu para que você esteja fora da cama tão cedo?
Eu não viajo pelo mundo em um balde de metal para acordar sozinho
no paraíso. — Ele estendeu a mão no seu cabelo e puxou-a
suavemente para o lado, fazendo-a tremer.
— É tão bonito e tranquilo. Eu não queria perder um minuto.
Eles estavam juntos, abraçados, enquanto observavam as
ondulações brilharem na água, tanto quanto os olhos podiam ver.
— Eu tenho uma ideia realmente boa. — Sussurrou Trent com
uma voz rouca. Suas mãos foram para frente do robe de seda preto
curto que ela usava e começou a desatar o cinto que segurava juntos.
— Humm. — Ela murmurou enquanto ele puxava os dois
comprimentos do robe de seda. — E qual seria a sua grande ideia?
Trent deslizou as mãos dentro do manto e puxou-a de volta com
força contra ele. Harper riu na apreciação quando sentiu sua ereção
imprensando suas costas.
Deslizando as mãos até seus seios, ele parou.
— O que você está vestindo, Harper? — Agora ele parecia
acordado. Harper sorriu.
Ele virou-a e empurrou o manto de seus ombros. Sua mandíbula
afrouxou e seus olhos escureceram quando ele viu o pequeno biquíni
de bolinhas preto-e-branco.
— Jesus Cristo, mulher. — Seus olhos a olharam de cima a baixo.
Inclinando ela para frente, ele a colocou no elevador de emergência
sobre seus ombros.
— Você tem muito bom gosto. — Harper riu quando ele a levou de
volta para sua cama.
Às vezes você não pode lutar contra o amor.

Potrebbero piacerti anche