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ALGUMAS NOTAS SOBRE O CENTRO HISTÓRICO DO RIO DE JANEIRO:

A PEQUENA ÁFRICA (*)


Luiz Antônio da Costa Chaves
BAIRRO DA GAMBOA
Bairro localizado na Zona Portuária do Rio de Janeiro, habitado principalmente
por pessoas de classe média baixa. Associado aos bairros da Saúde e do Santo Cristo,
oriundo do primeiro, foi criado oficialmente em 1981.
A palavra Gamboa significa tanto marmelo quanto um remanso no leito dos
rios, dando a impressão de um lago. O segundo sentido se assemelha ao aspecto físico
do bairro, que se localiza numa zona de águas mais calmas da baía de Guanabara.
Entre o final do século XVIII e parte do século XIX, a Gamboa foi um local
habitado por aristocratas e pessoas endinheiradas – inclusive o Barão de Mauá – e ingle-
ses que se estabeleciam na cidade.
A Gamboa começou a perder seu status quando a nobreza, fugindo da proximi-
dade do porto, passou a ocupar os bairros do Catete, Glória, Flamengo, Botafogo e La-
ranjeiras.
Nela foi erguido o Cemitério dos Ingleses, um dos mais antigos cemitérios do
Brasil.
Depois da campanha militar de Canudos, em 1897, a Gamboa recebeu os con-
tingentes de soldados que foram lutar na Bahia. Nas encostas do Morro da Providên-
cia, nasceu, então, a primeira favela que se tem notícia. Segundo consta, o nome favela
seria proveniente de um morro da Bahia, considerado semelhante ao da Providência.
Favela seria, então, uma planta típica do sertão baiano.

BARRICADA DA SAÚDE
Ligada à Revolta da Vacina, na qual foram construídas barricadas e trinchei-
ras na Rua da Harmonia, atual Pedro Ernesto (onde se localiza o sítio arqueológico
do Cemitério dos Pretos Novos). Chefiou as barricadas, Horácio José da Silva, apelida-
do Prata Preta.

CAIS DO VALONGO
Foi a porta de entrada no país de cerca de 500.000 escravos entre os anos de
1811 e 1831 (de um total de cerca de 4 milhões de africanos trazidos para o Brasil).

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Foi redescoberto durante as obras de revitalização da zona portuária, tendo fi-
cado 168 anos soterrado.
Em 1843, o Cais do Valongo foi aterrado para a construção de um novo anco-
radouro, conhecido como Cais da Imperatriz (no caso, D. Tereza Cristina, esposa de
D. Pedro II).
“Aquela região, mais do que o cais, era um complexo de escravos, que incluía
o lazareto, para onde iam os escravos doentes, o Cemitério dos Petros Novos e os ar-
mazéns de engorda e venda de escravos, que se concentravam na Rua do Valongo, atua
Rua Camerino”. (TÂNIA LIMA)
Curiosidade: até meados da década de 1770, os escravos desembarcavam na
Praia do Peixe, atual Praça XV, e eram comercializados na Rua Direita, atual 1º de
Março. Isto acontecia à vista dos estrangeiros que chegavam para conhecer o Brasil, o
que, em linguagem popular, “pegava mal”.
Em 1774, uma lei estabeleceu a transferência do mercado de escravos para a
Rua do Valongo, com a justificativa de proteger os moradores da cidade das doenças
trazidas pelos africanos, mas, na verdade, o comércio de escravos “sujava” a imagem de
cidade europeia que os governantes queriam veicular do Rio de Janeiro.
A decisão de transferência partiu do vice-rei Marquês do Lavradio, alarmado
com “o terrível costume de tão logo os pretos desembarcarem no porto vindos da costa
africana, entrarem na cidade através das principais via públicas, não apenas carrega-
dos de doenças, mas nus”.
Para organizar o comércio de escravos, foi preciso construir o Cais do Valongo
(Até então os africanos eram desembarcados na alfândega e levados de bote até o mer-
cado do Valongo). A construção do Cais do Valongo ocorreu em 1811.
O auge do comércio de escravos aconteceu em 1808 (vinda da Família Real) a
1831 (quando então o tráfico de escravos passou a ser feito às escondidas, por conta da
lei do mesmo ano proibindo o tráfico de escravos, a “lei para inglês ver”).
O Valongo se transformou no principal porto de entrada de africanos, notada-
mente para os oriundos de Angola, da África Oriental e da África Centro-Ocidental.
Em 1831, o Valongo foi fechado devido à proibição do tráfico transatlântico
por conta das pressões inglesas. A lei foi ignorada (“lei para inglês ver”) e os comerci-
antes passaram a utilizar portos clandestinos.

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De 1850 a 1920, a região do Valongo se transformou no espaço que ficou co-
nhecido como Pequena África: um espaço ocupado por negros libertos de diversas na-
ções.

CEMITÉRIO DOS PRETOS NOVOS

Detalhes de um mapa de 1820, mostrando a localização do Cemitério dos Pretos Novos (círculo amare-
lo), na antiga região do Valongo. Ao lado, o mesmo local do cemitério destacado em um mapa atual. É
possível notar que boa parte da área original, onde havia mar, foi aterrada,

Funcionou de 1799 a 1831 e recebia os corpos dos escravos que já chegavam


mortos ou morriam antes de serem comerciados.
O local, também soterrado, foi redescoberto em 1996.
O mercado e o cemitério foram fechados em 1831 não só por conta da lei que
proibia o tráfico (tratado imposto pela Inglaterra em 1827, em troca do reconhecimento
da independência do Brasil), mas, principalmente, pelo inconveniente das atividades e
pelo mau cheiro dos corpos mal sepultos, reclamados pelos moradores das proximida-
des do cemitério. Na verdade, era também uma maneira de agradar os ingleses.
O fechamento do mercado dos escravos implicou apenas na mudança de local
do comércio de escravos.
O Cemitério dos Pretos Novos foi criado pelo Marquês de Lavradio, por conta
da transferência do porto de desembarque dos escravos da atual Praça XV para o Va-
longo, que na época ficava fora dos limites urbanos.
O cemitério passou a receber os enterros feitos anteriormente no Largo de San-
ta Rita, em frente à igreja do mesmo nome.

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PEDRA DO SAL (ver Anexo 1)

Monumento histórico e religioso localizado no bairro da Saúde, perto do Largo


de São Francisco da Prainha. Nessa localidade se encontra a Comunidade Remanes-
cente de Quilombos da Pedra do Sal, reconhecida em 1984.
É um local de grande importância para a cultura negra carioca e para a história
do samba e do choro. Pode ser considerada como o núcleo simbólico da região da Pe-
quena África, que era repleta de sungus, moradias coletivas de escravos e alforriados.
Até fins do século XIX, o mar chegava até a Pedra do Sal.
No passado, reuniam-se na Pedra do Sal grandes sambistas e chorões como
Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Heitor dos Prazeres, tendo sido o último quem
batizou a região como Pequena África.
Pela Pedra do Sal pode-se subir para o Morro da Conceição. O espaço tem ori-
gem quando um grupo de baianas se instalou na Saúde, onde a moradia era mais barata
e mais perto do Cais do Porto, no qual os homens encontravam trabalho como estivado-
res.
Inicialmente conhecida como Pedra da Prainha, mais tarde passou a ser co-
nhecida como Pedra do Sal.
Ao redor da Pedra do Sal os baianos passaram a se concentrar, trazendo para a
região sua cultura religiosa (candomblé) e musical.

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IGREJA DE SANTA RITA
Localizada no Largo de Santa Rita, tem estilo barroco-rococó.
A veneração a Santa Rita de Cássia teve início nos primórdios do século XVIII,
quando um casal de fidalgos portugueses, Manuel Nascentes Pinto e Antônia Marai,
trouxeram para o Rio de Janeiro um quadro da santa. Os mesmos construíram uma ca-
pela a partir de 1720, origem da atual igreja.
A Irmandade de Santa Rita de Cássia, que administra a igreja, foi criada em
1721.
Antes da criação do Cemitério dos Pretos Novos, os escravos recém-chegados
eram enterrados nas imediações dessa igreja.

MORRO DA CONCEIÇÃO

Marco da ocupação inicial do Rio de Janeiro pelos portugueses, o Morro da


Conceição formava, juntamente com os morros do Castelo, de Santo Antônio e de São
Bento, um quadrilátero onde a cidade cresceu por três séculos a partir da sua fundação
em 1565. Atualmente, os morros do Castelo e de Santo Antônio não mais existem, ten-
do sido derrubados.
O Morro da Conceição mantém um modo de vida peculiar, semelhante aos
bairros portugueses, apesar das transformações profundas ocorridas ao seu redor.

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Seu nome tem origem na pequena capela em homenagem à Nossa Senhora da
Conceição, construída no topo do morro em 1590, pela devota Maria Dantas. Mais tar-
de, a mesma Maria Dantas doou a capela e as terras ao seu redor aos frades do Carmo.
Em 1659, capuchinhos franceses iniciaram a construção do que mais tarde se tornaria o
Palácio Episcopal, atualmente ocupado pelo Serviço Cartográfico do Exército.
Outas construções históricas localizadas no Morro da Conceição: Fortaleza de
Nossa Senhora da Conceição (construída em 1718 por conta das invasões de corsários
franceses ao Rio de Janeiro), Igreja de São Francisco da Prainha (1696) e o Observa-
tório do Valongo.
Em 1906 foi inaugurado na encosta oeste do morro o Jardim Suspenso do Va-
longo, associado às reformas da cidade empreendidas durante o governo Pereira Passos
e que se associa à tentativa de “dessafricanização” da região do Valongo.

REFERÊNCIAS
http://inforsurhoy.com/cocoon/saii/xhtml/pt/features/saii/features/economy
http://www.uniblog.com.br/nacoeseculturadacor/223177/pequena-africa
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/saiba-tudo-cais-valongo
http://www.matrizdesantarita.org.br/historia.html
CIÊNCIA HOJE – abril 2012
(*) Informações colhidas por Luiz Antônio da Costa Chaves
Fotos do autor

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ANEXO I
Texto que deu origem ao processo de tombamento da Pedra do Sal, ocorrido em 20 de
novembro de 1984 - (E-18/300048/84-SEC)
Pedra do Sal é um monumento histórico da cidade do Rio de Janeiro.
Dali, os moradores da Saúde saudavam os navios que chegavam da Bahia com
familiares e amigos. A Pedra do Sal era, para migrantes, o que é hoje o Cristo Redentor
para os recém-chegados ao Rio: o primeiro abraço e o primeiro sentimento da cidade.
Ocorre que os moradores da Saúde e seus migrantes eram predominantemente
negros baianos retornados da Guerra do Paraguai (1865/70) ou em busca de melhores
condições de vida. A Saúde, debruçada sobre o porto, era uma pequena Bahia (como a
Bahia, por sua vez, era uma pequena África).
Lá, se encontraram as célebres tias, cabeças de famílias extensas – Bibiana,
Marcelina, Ciata, Baiana... Pretas forras.
Foi nas suas "pensões" que o batuque e o jongo se transformaram em partido alto
e, logo, no amplo espaço da Praça Onze, no samba que conhecemos.
Os pretos da Saúde e suas tias participaram dos principais eventos da cidade:
Abolição (1888), Revolta da Armada (1891/93), as greves de 1903/05, a Revolta Contra
a Chibata (1910) e outros. Participação amplamente documentada, embora subestimada
pela historiografia conservadora.
Já não existe a Praça Onze. Nada sobrou das "pensões" onde nasceu o samba.
Boa parte da Saúde (e da Gamboa, da Conceição, Providência e do Estácio, que a pro-
longavam) se descaracterizou. Ficou, como raro testemunho da cidade negra, a Pedra do
Sal.
A Pedra do Sal é um monumento religioso do povo carioca.
Na virada do século, a Saúde, como o velho centro do Rio, enxameava de tem-
plos afro-brasileiros; iyalorixás, cambonos e alufás em cada quarteirão. Os templos ca-
tólicos foram tombados e preservados. Nenhum afro-brasileiro o foi.
Na Pedra do Sal, se faziam despachos e oferendas (a Obaluaiyê, Xangô, Ogum,
Exu, Iansã e outros Orixás), se despejavam trabalhos. Era e é, local consagrado. À sua
volta, convergindo nela, ficavam diversas roças, hoje desaparecidas, reduzidas ou trans-
feridas para o subúrbio e Grande Rio.
Remanescendo como espaço ritual, a Pedra do Sal é um dos poucos testemunhos
físicos daquele passado de densa religiosidade carioca.
A Pedra do Sal é, em suma, mais que um bem cultural negro-brasileiro. É um
monumento histórico e religioso da cidade do Rio de Janeiro.
(1 de abril de 1984, Joel Rufino dos Santos, historiador).

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ANEXO II

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