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JOÃO DOEDERLEIN ( @akapoeta )
“... e eu, que nunca recebi muito, espero demais dos outros, e quando alguém me entrega tudo,
eu fujo. A triste história de um coração que não está acostumado com a reciprocidade.”
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A Ansiedade dirigia meu corpo em dias de crise. A Ansiedade é uma péssima motorista, batia em
tudo o que via e não pedia desculpas. A Ansiedade afastava as outras pessoas, como um mal
motorista afasta os carros no trânsito. Meus amigos aos poucos deixavam de pegar carona na
minha rotina. Todos sabemos o que acontece com um carro que é constantemente dirigido por
alguém que não se importa com nada. O carro quebra. Quando as crises passavam, eu poderia
desesperadamente esconder as chaves da Ansiedade para que ela nunca mais voltasse. Mas ela
volta. E sem as chaves, ela arromba a porta do seu ser e toma o volante à força. Então eu aprendi
que o melhor a se fazer era deixar bilhetes espalhados pelo carro ensinando ela a dirigir melhor.
Dividíamos o mesmo carro. Ao invés de brigar, eu botava gasolina quando usava, e talvez a
Ansiedade deixasse o tanque cheio de combustível para continuar me movendo, quando
devolvesse o corpo. Aos poucos ela parou de esbarrar nas pessoas. Aos poucos, as pessoas
pararam de me evitar em dias de crise. É melhor educar a parte da sua alma que faz bagunça no
seu corpo do que tentar expulsá-la. Tentar arrancar fora uma parte de si pode ser mais doloroso
do que aprender a viver com ela. A Ansiedade em dias de crise dirige o meu corpo, mas hoje eu
sou seu copiloto.
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JOÃO DOEDERLEIN ( @akapoeta )
"... essa história é verdade, eu realmente conheci um homem que, como uma forma de
recomeçar, entrou pro circo logo depois que perdeu o pai. E lá, se vestindo de palhaço, que seus
pés enormes lhe mostraram o que sempre esteve ali: se um pé vai pra frente, um pé precisa fica
pra trás."