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SAÚDE E EDUCAÇÃO CORPORAL
Na história da Educação Física, considerando suas diversas áreas - esportes, danças, ginástica, lutas e jogos, não
encontramos nenhum programa de exercícios referente aos músculos dos olhos. Os livros existentes nesta área,
geralmente têm sido escritos por médicos, fisioterapeutas e filósofos. Este artigo tem a finalidade de mostrar novos
Palavras-Chave e significativos meios de educação corporal, valorizando os exercícios para os músculos que controlam o globo
Educação Corporal, ocular, com o foco no fenômeno, na prevenção e na preservação de uma boa visão. Lendo este artigo, professores
Saúde, de Educação Física podem adquirir uma melhor “visão” da importância dos micro-movimentos, especialmente
Exercícios para daqueles executados pelos músculos do globo ocular.
os olhos,
Micro-Movimentos.
GAIARSA (l973), propõe entregar à Educa- BATES (apud GAIARSA, l973), criou nos Es-
ção Física, a responsabilidade do desenvolvimen- tados Unidos, uma Escola de Oftalmologia, onde
to da consciência corporal. Apresentou um artigo revela que os defeitos da visão, devem-se às de-
intitulado “Exercícios para os olhos”, onde relata formações elásticas do olho, do tônus muscular
uma “fundamentação neurológica, psicológica e aumentado ou diminuído cronicamente. A tensão
oftalmológica de uma rotina de exercícios para dos músculos retos (externo, interno, superior, in-
separar, cultivar e coordenar a visão periférica da ferior) produziria achatamento do globo ocular,
retina” (p. 67). resultando em hipermetropia. A ação dos múscu-
los oblíquos, (grande e pequeno) alongamento do
PRIMEIRO. a visão humana não é nem a mais globo ocular, resultando em miopia.
aguda nem a mais abrangente, que
a de outros animais. Nosso campo ALEXANDER (l983) considera que a muscu-
de visão binocular é de 120° (no latura deve ter um tônus adequado, adaptando-se
diâmetro horizontal), comparável às situações de maior atividade (para agir) ou de
apenas a um pequeno número de maior passividade (para descansar): ela chama o
espécie de símios. Todos os demais fato de eutonização.
animais têm campo de ação bino- Segundo GAIARSA (l973), as tensões crô-
cular assaz restrito. Sabidamente, nicas fora dos padrões normais, além dos efeitos
l. A pessoa de pé, pés ligeiramente afastados, Quando nos sentimos ligeiramente tontos,
braços soltos ao longo do corpo, olhando bem nós nos contraímos com medo de cair. Mas com
em frente, solicita-se que ela: isto ocorre uma fixação visual bastante automáti-
ca e perdemos com isso, a capacidade de perceber
- ponha o braço direito na horizontal na frente vivamente o que ocorre na periferia da retina. É
da própria face, o dedo indicador na continua- como se os olhos, no momento que o corpo se vê
ção do braço e na direção dos olhos. É o gesto ameaçado de queda funcionasse como duas linhas
de apontar bem em frente; ou dois cabos que nos amarraram em um lugar a
- descreva com a ponta do dedo, o maior arco fim de não cairmos. A principal dificuldade de se
horizontal possível, sem tirar os pés do chão. conquistar definitivamente uma boa capacidade de
Ao mesmo tempo que o indicador vai traçando visão periférica da retina, está em vencer este te-
uma linha horizontal, da esquerda para a direi- mor, isto é, está em realizar longamente os exercí-
ta e vice-versa, solicita-se da pessoa que se de- cios propostos sem sentir tontura, ou sentindo, mas
tenha mais na contemplação do cenário - que acostumando-se com ela (p.72).
parece correr rapidamente em sentido contrá- 3. Em seguida, apenas como variante, far-se-á o
rio ao do dedo. movimento de 45° para a direita e 45° para a
Esta sensação do cenário que corre em direção esquerda, direções situadas nos intervalos en-
ao dedo é a expressão direta da visão periféri- tre a grande cruz que traçamos com os dois
ca da retina. O balanço deverá ser individua- movimentos anteriores. O dedo da mão osci-
lizado, cada pessoa procurando aquele ritmo lará do quadrante direito superior para o qua-
dentro do qual consegue a “ ilusão “ convin- drante superior esquerdo e inferior direito. Ela
cente do movimento do mundo. Como se vê, irá sempre de extremo a extremo. Quando o
este exercício, de certo modo é mais mental braço cansar, ela troca de braço (p. 72).
do que físico. Para conseguir a ilusão perfeita 4. Quando as pessoas controlarem sua tontura ,
é preciso um certo processo psico-fisiológico, pode-se propor a elas que girem lentamente so-
difícil de pôr em palavras, mas de regra fácil bre si mesmas com o braço esquerdo à frente,
de executar (p. 71). mas fazendo este braço ondular irregularmen-
2. Depois que a pessoa se familiarizou bem com te. Com o giro e a ondulação irregular do bra-
o movimento na direção horizontal, solicita-se ço, retorna a sensação vertiginosa, pois temos
algo semelhante com o movimento vertical. a ilusão em certos momentos de estarmos flu-
Quer isto dizer que a pessoa de pé vai se in- tuando num barco (p. 72).
clinar para trás, até que o seu indicador aponte 5. Outro exercício global consiste em que as pes-
muito definidamente atrás da própria cabeça soas de pé, estendam um braço com o indica-
- mas sempre ao alcance da direção da visão dor na direção de um dos braços e o movam da
- braço estendido. forma que quiserem, de preferência ao ritmo e
Depois ela percorrerá o arco vertical situado ao longo de uma música que de algum modo
na sua frente, debruçando-se em seguida e indo é dançada. Mas durante a dança, a atenção da
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pessoa estará preponderantemente na sensação Se levarmos em conta a quantidade de porta-
de movimento e de colorido, que vai correndo dores de deficiências visuais, que não consegue
pelos seus olhos como se ela estivesse num ve- usufruir das condições acima e do pequeno núme-
ículo. Este exercício poderá ser complementa- ro de Escolas de Medicina em relação às Escolas
do se dermos atenção à respiração, solicitando de Educação Física, poderíamos afirmar: seria in-
das pessoas que, ao se moverem, emitam al- teressante que a visão, além de tratar-se de uma
gum som sem palavras. A respiração solta du- questão de SAÚDE, fosse também uma questão de
rante movimentos desse tipo pode trazer uma EDUCAÇÃO.
excepcional continuidade na ondulação e uma O educador deixará de ser limitado, para agir
excepcional nitidez na visão, contribuindo, em todo o seu potencial: cuidará das habilidades
além disso, para atenuar o medo da queda e a motoras e capacidades físicas, e de todo o proces-
contratura global consequente. Terminar com so psico-social que deverá acompanhar sua ação
uma dança final e contínua (p.73). pedagógico-terapêutica.
6. Outro exercício que desperta o interesse das Ao acervo cultural deste “ novo “ educador,
crianças é fazer com que todas improvisem deverão ser incorporados, novos temas, pois to-
um par de óculos, com um pouco de cartoli- dos eles apresentam uma relação direta ou indireta
na. Uma vez obtida a armação da cartolina, com as questões relacionadas aos problemas da vi-
recorta-se um pequeno círculo com meio cen- são. São temas relativos:
tímetro de diâmetro e suspende-se este círculo
no meio do vazio dos óculos, através de duas - Aos Sistemas e/ou Métodos – Ioga, Euto-
linhas coladas ou amarradas. Depois convida- nia, Calatonia, Consciência Corporal e Integração
se as crianças a fazer uma fila indiana e a pas- Funcional, Ginástica Holística, Educação Somá-
sear pela escola inteira, mas olhando sempre tica Existencial, Antiginástica, Psicomotricidade,
em frente. Como a visão central fica obliterada Biomecânica Existencial, Ginástica Escolar es-
pelo pequeno círculo central, os garotos irão pecial, Bioenergética, Educação Física Adaptada,
aprendendo a se aperceber de tudo o que acon- Biodança, Shiatsu, Do-in.
tece em volta deles sem fixar nenhum ponto, - Às Técnicas - Ludopedagogia, Ludotera-
isto é, sem imobilizar o mundo. Aqui também pia, Meteorologia do Corpo, Dinâmicas de Grupo,
o difícil é vencer a sensação de vertigem e a Massagens Integrativas, T’ai Chi Chuan, Pintura,
consciência de manter-se, mas, respirando, Modelagem, Escultura, Tecelagem.
ajuda bastante (p. 73).
- Aos Assuntos - Afetos Posturalizados, Pro-
Segundo o Dr. Bates, os desportistas de um priocepção, Sensibilidade e Relaxamento, Equi-
jogo coletivo podem usufruir dos exercícios que líbrio do Tônus Muscular, Tato e Contato Cons-
estimulam a visão periférica, devido o raio de ação ciente, Estudo da Pele e dos Ossos, Movimentos
dos olhos ter a necessidade de visualizar simulta- Passivos e Ativos, Continuum Vísceras-Músculos-
neamente uma grande parte da quadra ou campo Nervos, Criatividade, Corporificação da Experiên-
(de basquetebol, handebol, futebol, volibol, hó- cia, Transdisciplinaridade, Ludicidade Encarnada,
quei, etc...), os jogadores da mesma equipe, os da Sexualidade, Empatia, Transicionalidade, Com-
equipe concorrente e os alvos a atingir (cestas, gol, partilhamento, Autenticidade, Alexitimia, Anedo-
linhas de fundo). nia, Emotividade, Vitalidade, Confiança.
É preciso muito treino para resistir à tentação A conjugação de todos esses assuntos, méto-
de fixar o objeto que foi percebido pela retina. É dos e técnicas referem-se ao tratamento do corpo
por isso talvez que a formação do antigo Samurai na sua totalidade e influenciam a cura dos proble-
era tão prolongada e difícil. Ele também treinava mas visuais, como se manifestou o próprio SCH-
olhar em frente sem ver nada, a fim de perceber NEIDER (1998), referindo-se à ajuda oferecida
tudo o que acontecia em volta e poder responder por Miriam, a bibliotecária que havia se interes-
ao ataque simultâneo de vários inimigos (GAIAR- sado pela sua saúde e que lhe havia ensinado os
SA, l973, p. 73). exercícios para a visão:
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