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TREINANDO SEUS OLHOS:

Revisão
SAÚDE E EDUCAÇÃO CORPORAL

LUIZ ALBERTO LORENZETTO


Universidade Estadual Paulista - DEF/IB

Na história da Educação Física, considerando suas diversas áreas - esportes, danças, ginástica, lutas e jogos, não
encontramos nenhum programa de exercícios referente aos músculos dos olhos. Os livros existentes nesta área,
geralmente têm sido escritos por médicos, fisioterapeutas e filósofos. Este artigo tem a finalidade de mostrar novos
Palavras-Chave e significativos meios de educação corporal, valorizando os exercícios para os músculos que controlam o globo
Educação Corporal, ocular, com o foco no fenômeno, na prevenção e na preservação de uma boa visão. Lendo este artigo, professores
Saúde, de Educação Física podem adquirir uma melhor “visão” da importância dos micro-movimentos, especialmente
Exercícios para daqueles executados pelos músculos do globo ocular.
os olhos,
Micro-Movimentos.

TRAINNING YOUR EYES: HEALTH AND BODY EDUCATION


Studying or reading the history of Physical Education and considering it’s different areas - for example sports,
Keywords
dance, gymnastic, games - we didn’t find a program of exercises concerning the muscles of the eyes. This article
Body aims to show new and significant ways of body education, focusing on the phenomena and in the preservation for
Education, a good vision. Reading this article, the Physical Education Teachers, will acquire a better “ vision “ about micro-
Health, Eyes movements, specially about the ones concerning the eyes’ muscles.
Exercises,
Micro-Movements

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Introdução O trabalho com a musculatura ocular é tão im-
portante que pode alterar os ritmos respiratórios e
Ao longo da história da Educação Física, não circulatórios, provocar tonturas, cefaléias e até um
têm sido encontrados nos textos dos especialistas aumento de tensão nos próprios músculos oculares
dessa área, citações referentes a exercícios que e na região cervical, como afirmam LOWEN &
possam normalizar, recuperar ou melhorar a eficá- LOWEN (l985). Eles sugerem que seja realizada,
cia do aparelho visual. antes dos exercícios para os olhos, uma série de
exercícios para soltar e alongar o pescoço e logo
Mesmo a Psicomotricidade, a Educação Física
em seguida uma série de exercícios faciais.
Adaptada, a Ginástica Orgânica, a Ginástica Es-
colar Especial, a Antiginástica, as Ginásticas Sua-
ves, não propõem exercícios para os músculos dos
olhos. Desenvolvimento
LORENZETTO ( l994, l995, l995a ), vem de- LOWEN & LOWEN ( l985 ), propõem que as
monstrando sua preocupação com algumas visões pessoas pisquem durante a realização dos exercí-
restritas da motricidade humana, com a qualidade cios, mantendo os olhos em movimento:
de vida dos indivíduos e com a educação do ser
humano como um todo. Nestes trabalhos, o autor a. Se o exercício for feito com um grupo sentado
enfatiza veementemente a necessidade de se per- no chão, em círculo, cada pessoa deve olhar
ceber o corpo sob um enfoque mais pleno, solidá- cada uma das outras, para que os olhos se to-
rio e harmonioso, resultado de um profundo pro- quem por um momento, por assim dizer. Quan-
cesso de reflexão, crítica e criação, baseado numa do os olhos se tocam sente-se um flash rápi-
Filosofia da Educação, do Corpo e do Jogo e nas do de reconhecimento. Você sentiu o contato
Dimensões Ecológicas destes mesmos corpos. entre os seus olhos e os das outras pessoas?
Você sentiu um rápido flash de reconhecimen-
Os movimentos constituem mais do que a es- to? Você lançou os seus olhos ou paralisou o
trutura e a forma da vida, dão-lhe SIGNIFICADO! olhar? Você piscou? (LOWEN & LOWEN,
Segundo SCHNEIDER (2001), “a essência da 1985, p. 122).
vida, e cada movimento infunde vida nova ao cor- b. Sem mexer a cabeça, olhe o máximo possível
po. A inteligência inata do corpo revela-se através para a direita. Pisque e depois lance o olhar
do movimento sutil - é um instrumento para criar para cima e para baixo. Em seguida, olhe len-
toda melhoria que se deseja” (p. 9). tamente para a esquerda, pisque, e novamente
A musculatura que controla a visão tem as lance os olhos para cima e para baixo. Repita o
mesmas características da musculatura estriada do exercício duas vezes, e fique atento para qual-
restante do corpo - é contrátil e elástica. Levando- quer tendência de “ congelar “ os olhos.Você
se em conta que o professor de Educação Física estava respirando durante o exercício? Achou
é um especialista no trabalho com a musculatura, difícil piscar ou mexer os olhos? (LOWEN &
não há razão alguma que o impeça de trabalhar LOWEN, 1985, pp. 122-123).
com os músculos da região ocular. c. Sem mexer a cabeça, gire os olhos movendo-
Segundo LOWEN & LOWEN (l985), “os os primeiro para a direita, depois para cima,
músculos dos olhos, como quaisquer músculos para a esquerda e para baixo. Faça lentamente
em outras partes do corpo, estão sujeitos à tensão. vários círculos com os olhos. Repita o exercí-
Relaxá-los ajuda a manter os olhos descontraídos” cio na direcção oposta.Você estava prendendo
(p. 121). Os movimentos dos olhos, “envolvem o a respiração durante o exercício? Você se es-
contato ocular com outra pessoa do grupo, sendo queceu de piscar? Este exercício fez você se
importante não deixar seu olhar fixo ou rígido, sentir tonto? Provocou-lhe uma leve dor de
para que o olhar não se paralise” (p. 121), pois o cabeça? Você sentiu alguma tensão nos mús-
congelamento dos olhos impede a aproximação, o culos oculares ou na nuca, na base do crânio?
compartilhamento e a afetividade. (LOWEN & LOWEN, l985, p.123).

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SCHNEIDER (2001), relata que: depois de neider descansava do “sunning”, ele praticava o
declarado legalmente cego aos sete anos de idade, “palming” e depois retornava em seguida para
conseguiu anos depois, ler sem o auxílio dos ócu- o “sunning”. Neste meio tempo o seu amigo
los, e trabalhar com outras pessoas portadoras de Isaac o estimulava a continuar executando ou-
deficiências físicas. Uma série de cirurgias quando tros exercícios de relaxamento e a praticar ati-
ainda pequeno, deu-lhe a possibilidade de discer- vidades inerentes às suas necessidades (p. 30).
nir luzes e sombras. Aos dezesseis anos começou 3. O “PISCAMENTO” - através deste exercício
a tratar-se com dois professores que lhe ensinaram deve-se abrir e cerrar as pálpebras de manei-
exercícios e técnicas para reverter esse processo ra constante, relaxada e vagarosa. A finalida-
de cegueira. de desta prática é aliviar a pressão dos olhos,
Segundo SCHNEIDER (2001), ele nasceu prevenir o estrabismo, manter a umidade dos
“vesgo, com glaucoma (excesso de pressão nos olhos e aumentar o fluxo sanguíneo dos globos
olhos), astigmatismo (curva irregular da córnea), oculares (p. 31).
nistagmo (movimento involuntário dos olhos) e 4. O “ALONGAMENTO” – alongam a muscu-
catarata (opacidade do cristalino). Em suma, eu latura geral do corpo, que devido às tensões
era cego” (p. 13). crônicas de Schneider, ocasionavam-lhe muita
Aos quatro e seis anos de idade foi operado da dor de cabeça. Estas dores só eram diminuídas
catarata e pôde distinguir luz, sombras e mesmo através da realização de massagens nas têmpo-
algumas formas vagas, mas seus cristalinos esta- ras, no couro cabeludo (p. 32), nas sombrance-
vam quase totalmente destruídos. Precisava usar lhas, nas pálpebras, nos cílios, e em todos os
lentes microscópicas. seus ossos, seus músculos e pele existentes ao
Na adolescência, em Tel Aviv conheceu Mi- redor dos seus olhos (p. 34).
riam, uma bibliotecária que se interessava por 5. O “SHIFTING” - através deste exercício apren-
massagem e movimento direcionado para a tera- de-se a focalizar objetos específicos, a des-
pia e que recentemente havia ajudado um menino cobrir pormenores e a enxergar tanto mental
(Isaac) a superar uma grave miopia, dando-lhe um como visualmente. A finalidade do “shifting”
livro de exercícios oculares, da autoria de um pio- consiste em melhorar a acuidade visual e tam-
neiro médico oftalmologista norte-americano, cha- bém em controlar o nistagmo. Após seis meses
mado Willian Bates. BATES (apud SCHNEIDER, de ter iniciado estes exercícios para os olhos,
2001) havia descoberto que a mente, a estafa, o Schneider conseguiu substituir suas grossas
relaxamento, o tempo, a disciplina e a paciência, lentes de aumento por um par de óculos (p. 34).
desempenham um papel importante na visão. 6. A “MUDANÇA DE FOCO” - este exercício
Segundo SCHNEIDER (2001), os exercícios consiste em mudar a posição dos olhos e a mo-
criados por Bates e que lhe foram passados por ver o foco de um ponto para outro, sem perder
Miriam (a bibliotecária), eram: nenhum detalhe. A finalidade deste exercício
1. O “PALMING” - o praticante deve sentar-se é forçar o uso da mácula, que é uma parte do
à mesa, tendo os cotovelos confortavelmente olho que consegue perceber com maior cla-
apoiados sobre uma almofada, cobrir totalmen- reza, mas só consegue enxergar um detalhe
te os olhos com as palmas das mãos, imaginar de cada vez. A partir daí a visão de Schneider
e acompanhar algo em movimento e permane- apresentou um pouco mais de melhora (p. 40).
cer visualizando a escuridão total. Este exercí- Após um incidente com areia nos olhos, SCH-
cio tem a importante finalidade de relaxar os NEIDER (2001) descobriu, através de Miriam, a
músculos e os nervos dos olhos ( pp. 28-29 ). importância de trabalhar também com o resto do
2. O “SUNNING” - este exercício deve ser exe- corpo: “os músculos posteriores e anteriores da
cutado olhando na direção do sol mantendo os perna, dos pés, dos ombros, dos braços e do pes-
olhos fechados, virando a cabeça suavemente coço” (pp. 42-43), buscando a eutonização mus-
para a esquerda e para a direita. Enquanto Sch- cular.

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Enquanto SCHNEIDER (1995) exercitava-se é na área de visão comum aos dois
na praia, um senhor de nome Shlomo ensinou-lhe campos visuais que nós gozamos a
outros bons exercícios terapêuticos: sensação visual de profundidade,
Girar a cabeça, esquerda/direita, a mão es- da chamada esteroscopia (p. 67).
querda segurando a cabeça por trás e a mão direita SEGUNDO. as conexões dos nervos óticos com
segurando a testa. Girar os braços e os antebraços. regiões variadas do cérebro e as co-
Tocar as mãos, cruzando-as, uma atrás das costas nexões de regiões variadas do cé-
e a outra atrás da cabeça (flexão e rotação do tron- rebro com os músculos oculares,
co). Em decúbito lateral, encostar um joelho na formam a rede mais densa dentre
testa, e dobrando a mesma perna para trás, tocar a todas as conhecidas em anátomo-
parte posterior da cabeça. Em decúbito dorsal, er- fisiologia comparada. Esta densida-
guer um dos joelhos até o peito, e depois prender a de é tal que podemos afirmar: o im-
cabeça com as mãos até tocar o joelho com a testa pulso evolutivo que percorre toda
(pp. 45-46). a escala animal, parece tender, no
Segundo SCHNEIDER (2001), uma das suas homem, a acentuar continuamente
pacientes, desejando que o seu trabalho sobre a o valor e o significado da visão. O
visão fosse reconhecido pela classe médica, apre- homem é por excelência, o animal
sentou-o ao Dr. Shen, que também apresentava visual (p.68).
problemas de visão. Schneider ensinou-lhe alguns TERCEIRO. é notório o uso de óculos pela po-
exercícios de relaxamento e o “sunning”. Ao fi- pulação em geral. A fim de expli-
nal da sessão o Dr. Shen estava tão relaxado que car este fato, existem duas teorias;
adormeceu. A exercitação dos olhos era coisa to- a predominante - que levou à fa-
talmente nova para ele, e após praticar durante me- bricação dos óculos, precisamente-
ses, melhorou consideravelmente sua visão. fala em crescimento desigual do
SCHNEIDER (2001) conseguiu excelentes globo ocular. Devido a esta desi-
resultados de cura: melhoria da “visão dupla”, do gualdade de crescimento, por ve-
estrabismo, do nistagmo, da miopia, de infecções zes ele se alonga demasiadamente
oculares periódicas, da tensão muscular, do glau- (miopia), outras vezes ele se achata
coma, do astigmatismo, da catarata e diminuição (hipermetropia). Quando se defor-
da hipersensibilidade à luz. ma: (astigmatismo) (p.68).

GAIARSA (l973), propõe entregar à Educa- BATES (apud GAIARSA, l973), criou nos Es-
ção Física, a responsabilidade do desenvolvimen- tados Unidos, uma Escola de Oftalmologia, onde
to da consciência corporal. Apresentou um artigo revela que os defeitos da visão, devem-se às de-
intitulado “Exercícios para os olhos”, onde relata formações elásticas do olho, do tônus muscular
uma “fundamentação neurológica, psicológica e aumentado ou diminuído cronicamente. A tensão
oftalmológica de uma rotina de exercícios para dos músculos retos (externo, interno, superior, in-
separar, cultivar e coordenar a visão periférica da ferior) produziria achatamento do globo ocular,
retina” (p. 67). resultando em hipermetropia. A ação dos múscu-
los oblíquos, (grande e pequeno) alongamento do
PRIMEIRO. a visão humana não é nem a mais globo ocular, resultando em miopia.
aguda nem a mais abrangente, que
a de outros animais. Nosso campo ALEXANDER (l983) considera que a muscu-
de visão binocular é de 120° (no latura deve ter um tônus adequado, adaptando-se
diâmetro horizontal), comparável às situações de maior atividade (para agir) ou de
apenas a um pequeno número de maior passividade (para descansar): ela chama o
espécie de símios. Todos os demais fato de eutonização.
animais têm campo de ação bino- Segundo GAIARSA (l973), as tensões crô-
cular assaz restrito. Sabidamente, nicas fora dos padrões normais, além dos efeitos

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fisiológicos, sofre influência dos fatores emocio- com o dedo até o chão, entre os pés. Fará depois
nais: esconder, disfarçar ou segurar o choro, levam o balanço inverso, indo daí até a posição extrema
à contração dos músculos oculares, independente contrária. De novo, será convidada a prestar aten-
do ato em si de enxergar e pode provocar uma ção ao cenário que corre. Estes exercícios, já pelo
perturbação na visão. movimento de balanço, já pela sensação de movi-
A fim de que as pessoas conseguissem melho- mento rápido, despertam vertigens ou tonturas na
rar sua capacidade de fixar os olhos e desta forma maioria das pessoas. É muito importante familia-
maximizar a utilização (nitidez) da sua visão cen- rizar-se com esta sensação e aprender a tolerá-la
tral, BATES (apud GAIARSA, 1973) criou uma sem se contrair. Quem não for capaz de se sobre-
longa lista de exercícios que envolvem o corpo em por a esta tontura não conseguirá cultivar a visão
geral , a respiração e os olhos em particular: periférica da retina.

l. A pessoa de pé, pés ligeiramente afastados, Quando nos sentimos ligeiramente tontos,
braços soltos ao longo do corpo, olhando bem nós nos contraímos com medo de cair. Mas com
em frente, solicita-se que ela: isto ocorre uma fixação visual bastante automáti-
ca e perdemos com isso, a capacidade de perceber
- ponha o braço direito na horizontal na frente vivamente o que ocorre na periferia da retina. É
da própria face, o dedo indicador na continua- como se os olhos, no momento que o corpo se vê
ção do braço e na direção dos olhos. É o gesto ameaçado de queda funcionasse como duas linhas
de apontar bem em frente; ou dois cabos que nos amarraram em um lugar a
- descreva com a ponta do dedo, o maior arco fim de não cairmos. A principal dificuldade de se
horizontal possível, sem tirar os pés do chão. conquistar definitivamente uma boa capacidade de
Ao mesmo tempo que o indicador vai traçando visão periférica da retina, está em vencer este te-
uma linha horizontal, da esquerda para a direi- mor, isto é, está em realizar longamente os exercí-
ta e vice-versa, solicita-se da pessoa que se de- cios propostos sem sentir tontura, ou sentindo, mas
tenha mais na contemplação do cenário - que acostumando-se com ela (p.72).
parece correr rapidamente em sentido contrá- 3. Em seguida, apenas como variante, far-se-á o
rio ao do dedo. movimento de 45° para a direita e 45° para a
Esta sensação do cenário que corre em direção esquerda, direções situadas nos intervalos en-
ao dedo é a expressão direta da visão periféri- tre a grande cruz que traçamos com os dois
ca da retina. O balanço deverá ser individua- movimentos anteriores. O dedo da mão osci-
lizado, cada pessoa procurando aquele ritmo lará do quadrante direito superior para o qua-
dentro do qual consegue a “ ilusão “ convin- drante superior esquerdo e inferior direito. Ela
cente do movimento do mundo. Como se vê, irá sempre de extremo a extremo. Quando o
este exercício, de certo modo é mais mental braço cansar, ela troca de braço (p. 72).
do que físico. Para conseguir a ilusão perfeita 4. Quando as pessoas controlarem sua tontura ,
é preciso um certo processo psico-fisiológico, pode-se propor a elas que girem lentamente so-
difícil de pôr em palavras, mas de regra fácil bre si mesmas com o braço esquerdo à frente,
de executar (p. 71). mas fazendo este braço ondular irregularmen-
2. Depois que a pessoa se familiarizou bem com te. Com o giro e a ondulação irregular do bra-
o movimento na direção horizontal, solicita-se ço, retorna a sensação vertiginosa, pois temos
algo semelhante com o movimento vertical. a ilusão em certos momentos de estarmos flu-
Quer isto dizer que a pessoa de pé vai se in- tuando num barco (p. 72).
clinar para trás, até que o seu indicador aponte 5. Outro exercício global consiste em que as pes-
muito definidamente atrás da própria cabeça soas de pé, estendam um braço com o indica-
- mas sempre ao alcance da direção da visão dor na direção de um dos braços e o movam da
- braço estendido. forma que quiserem, de preferência ao ritmo e
Depois ela percorrerá o arco vertical situado ao longo de uma música que de algum modo
na sua frente, debruçando-se em seguida e indo é dançada. Mas durante a dança, a atenção da
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pessoa estará preponderantemente na sensação Se levarmos em conta a quantidade de porta-
de movimento e de colorido, que vai correndo dores de deficiências visuais, que não consegue
pelos seus olhos como se ela estivesse num ve- usufruir das condições acima e do pequeno núme-
ículo. Este exercício poderá ser complementa- ro de Escolas de Medicina em relação às Escolas
do se dermos atenção à respiração, solicitando de Educação Física, poderíamos afirmar: seria in-
das pessoas que, ao se moverem, emitam al- teressante que a visão, além de tratar-se de uma
gum som sem palavras. A respiração solta du- questão de SAÚDE, fosse também uma questão de
rante movimentos desse tipo pode trazer uma EDUCAÇÃO.
excepcional continuidade na ondulação e uma O educador deixará de ser limitado, para agir
excepcional nitidez na visão, contribuindo, em todo o seu potencial: cuidará das habilidades
além disso, para atenuar o medo da queda e a motoras e capacidades físicas, e de todo o proces-
contratura global consequente. Terminar com so psico-social que deverá acompanhar sua ação
uma dança final e contínua (p.73). pedagógico-terapêutica.
6. Outro exercício que desperta o interesse das Ao acervo cultural deste “ novo “ educador,
crianças é fazer com que todas improvisem deverão ser incorporados, novos temas, pois to-
um par de óculos, com um pouco de cartoli- dos eles apresentam uma relação direta ou indireta
na. Uma vez obtida a armação da cartolina, com as questões relacionadas aos problemas da vi-
recorta-se um pequeno círculo com meio cen- são. São temas relativos:
tímetro de diâmetro e suspende-se este círculo
no meio do vazio dos óculos, através de duas - Aos Sistemas e/ou Métodos – Ioga, Euto-
linhas coladas ou amarradas. Depois convida- nia, Calatonia, Consciência Corporal e Integração
se as crianças a fazer uma fila indiana e a pas- Funcional, Ginástica Holística, Educação Somá-
sear pela escola inteira, mas olhando sempre tica Existencial, Antiginástica, Psicomotricidade,
em frente. Como a visão central fica obliterada Biomecânica Existencial, Ginástica Escolar es-
pelo pequeno círculo central, os garotos irão pecial, Bioenergética, Educação Física Adaptada,
aprendendo a se aperceber de tudo o que acon- Biodança, Shiatsu, Do-in.
tece em volta deles sem fixar nenhum ponto, - Às Técnicas - Ludopedagogia, Ludotera-
isto é, sem imobilizar o mundo. Aqui também pia, Meteorologia do Corpo, Dinâmicas de Grupo,
o difícil é vencer a sensação de vertigem e a Massagens Integrativas, T’ai Chi Chuan, Pintura,
consciência de manter-se, mas, respirando, Modelagem, Escultura, Tecelagem.
ajuda bastante (p. 73).
- Aos Assuntos - Afetos Posturalizados, Pro-
Segundo o Dr. Bates, os desportistas de um priocepção, Sensibilidade e Relaxamento, Equi-
jogo coletivo podem usufruir dos exercícios que líbrio do Tônus Muscular, Tato e Contato Cons-
estimulam a visão periférica, devido o raio de ação ciente, Estudo da Pele e dos Ossos, Movimentos
dos olhos ter a necessidade de visualizar simulta- Passivos e Ativos, Continuum Vísceras-Músculos-
neamente uma grande parte da quadra ou campo Nervos, Criatividade, Corporificação da Experiên-
(de basquetebol, handebol, futebol, volibol, hó- cia, Transdisciplinaridade, Ludicidade Encarnada,
quei, etc...), os jogadores da mesma equipe, os da Sexualidade, Empatia, Transicionalidade, Com-
equipe concorrente e os alvos a atingir (cestas, gol, partilhamento, Autenticidade, Alexitimia, Anedo-
linhas de fundo). nia, Emotividade, Vitalidade, Confiança.
É preciso muito treino para resistir à tentação A conjugação de todos esses assuntos, méto-
de fixar o objeto que foi percebido pela retina. É dos e técnicas referem-se ao tratamento do corpo
por isso talvez que a formação do antigo Samurai na sua totalidade e influenciam a cura dos proble-
era tão prolongada e difícil. Ele também treinava mas visuais, como se manifestou o próprio SCH-
olhar em frente sem ver nada, a fim de perceber NEIDER (1998), referindo-se à ajuda oferecida
tudo o que acontecia em volta e poder responder por Miriam, a bibliotecária que havia se interes-
ao ataque simultâneo de vários inimigos (GAIAR- sado pela sua saúde e que lhe havia ensinado os
SA, l973, p. 73). exercícios para a visão:

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Com sua ajuda e orientação, comecei a sentir a dirigir automóveis, sem restrições, pelo Estado da
conexão entre meus olhos e o resto do meu corpo, Califórnia.
e como cada parte afetava a outra. Aprendi de que Estas mudanças foram vividas por Martin Bro-
modo o esforço em meus olhos havia contribuído fman, portador de um cancro terminal, que estava
para a tensão no pescoço, ombros, costas, estôma- a aniquilar sua estrutura corporal, comprometendo
go e outras partes de meu corpo, e como esta ten- seus movimentos, propiciando espasmos e acarre-
são física crônica, por sua vez, afetava meus olhos tando dores insuportáveis. Foi-lhe informado que
para pior (p. 180). nem mesmo a aplicação de quimioterapia e radio-
SCHNEIDER (1998) sempre acreditou na efi- terapia poderiam surtir qualquer efeito positivo.
cácia dos exercícios para relaxar a musculatura do Em função dessa situação ele resolveu passar
globo ocular. Primeiramente tornou-se mais claro suas férias na Martinica, onde entrou em contato
o contraste entre a claridade e a escuridão, a som- com um iniciado em Meditação Zen, que afirmou
bra tornou-se mais escura e a luz mais brilhante, as que a sua doença sofria uma tremenda influência
formas vagas evoluiram para formas mais distintas psicológica, e era este o caminho que ele deveria
e imagens mais precisas. A tomada de consciên- trilhar para combatê-la.
cia sobre o grande esforço utilizado para enxergar
(contração dos musculos da face) e o treinamen- BROFMAN (1999) resolveu então passar do
to para aceitar a luz em vez de evitá-la, o ensinou pior para o melhor, reprogramando suas motiva-
a relaxar os olhos e prepará-los para ver: em seis ções e intenções, estabelecendo consigo próprio
meses lia letras impressas com lentes de vinte um diálogo mental encorajador, em situações de
dioptrias e após um ano e meio lia sem quaisquer um relaxamento profundo, deixando para trás tudo
óculos. o que pudesse significar desalento e derrota.
“Por meio de meus exercícios de visão, eu Dois meses após ter iniciado o trabalho, re-
havia criado visão funcional onde nenhuma havia tornou ao seu médico, que não encontrou nenhum
existido” (SCHNEIDER et al, 1998, p. 180). sinal da doença diagnosticada. Além disso ele usu-
fruiu de um benefício extra, pois deixou de usar
SCHNEIDER et al. (1998) propõem ainda óculos para corrigir uma miopia e um astigmatis-
exercícios de meditação e som de música suave, mo que o acompanhavam há vinte anos.
para acompanhar outros exercícios, principalmen-
te quando o aluno ou paciente estiver cobrindo os BROFMAN (1999) procurou ler obras refe-
olhos com as mãos. rentes à melhoria da visão (oito ao todo), come-
çando pelo livro do Dr. William Bates, e verificou
Experimentei os exercícios propostos pelos que essa sensível mudança havia ocorrido porque,
autores, pessoalmente, em alguns professores do além das suas práticas mentais, dos exercícios de
Departamento de Educação Física da UNESP de respiração, da diminuição das tensões musculares e
Rio Claro e da Rede Oficial de Ensino: eles pu- emocionais, das tentativas de viver autenticamente
deram normalizar vários distúrbios visuais: vista as expressões do seu Ser, da prática da liberdade e
cansada, miopia e hipermetropia. da felicidade, da confiança em si mesmo, ele tam-
bém havia mudado a sua forma de “ver” o mundo
à sua volta, e completa: “desde 1975 que tenho
Considerações finais trabalhado com milhares de pessoas, observando
como a maioria delas melhora a sua visão através
A prática dos exercícios que conduz à norma- de um novo treino das suas consciências e de uma
lização dos distúrbios visuais, longe de resolver mudança nas suas vidas” (p. 13).
apenas estes problemas, acabou por diminuir a
dependência que Schneider tinha em relação a ou- O próprio medo de “enxergar a realidade” que
tras pessoas e ao meio ambiente, criar um original afeta alguém pode prejudicar a visão, pois o indi-
senso de estética, exercitar o seu ser emocional, víduo acaba perdendo seus eixos, seu “chão”, seu
até que em 1981, dez anos após o início do seu equilíbrio, descorporalizando-se. Seus passos tor-
tratamento, foi-lhe concedida uma licença para nam-se inseguros e sua marcha irregular, e as pes-

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soas acabam acreditando que nunca mais poderão Sei em teoria, que uma visão deficiente pode ser
enxergar com a mesma naturalidade e nitidez que melhorada. Tenho a certeza de que, se eu aprender
o faziam no passado. a arte de ver, poderei melhorar minha própria visão
A tendência é enxergar cada vez menos! deficiente. Agora, ao olhar qualquer coisa, estou a
praticar a arte de ver e é provável que venha a ver
HUXLEY (1998) propõe aos portadores de melhor que no passado; mas se não vir tão bem
visão deficiente, além de demonstrar uma atitude como esperava, não ficarei preocupado ou infe-
mental correta, focar suas energias numa fé posi- liz com isso, mas continuarei no mesmo caminho
tiva, capaz de remover montanhas: até que uma visão melhor se estabeleça (p. 119).

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Av. 24-A, 1515


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e-mail: lorenzetto@rc.unesp.br

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