Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
orais, He
ebrreu
us
e Ge
eraiis
PR. ARY
Q
QUEIROOZ
V
VIEIRA
UMA VIAGEM PELO NOVO TESTAM
MENTO
JÚ
ÚNIOR
Pastoraiis, Hebreeus e Gerrais | Pr. Ary Queiroz Vieirra Júniorr
Uma Viagem Pelo Novo Testamento
Pastorais, Hebreus e Gerais
Sumário
CAPÍTULO PRIMEIRO ...................................................................... 3
AS EPÍSTOLAS PASTORAIS ............................................................. 3
CAPÍTULO SEGUNDO ..................................................................... 6
EPÍSTOLAS PASTORAIS (PARTE II).................................................... 6
I TIMÓTEO ............................................................................ 6
II TIMÓTEO ........................................................................... 7
TITO ................................................................................... 7
CAPÍTULO TERCEIRO ..................................................................... 9
Hebreus e Gerais ...................................................................... 9
HEBREUS .............................................................................. 9
CAPÍTULO QUARTO ...................................................................... 13
EPÍSTOLAS GERAIS .................................................................... 13
AS EPÍSTOLAS GERAIS.............................................................. 13
TIAGO ................................................................................ 13
CAPÍTULO QUINTO....................................................................... 16
EPÍSTOLAS GERAIS .................................................................... 16
AS EPÍSTOLAS DE PEDRO .......................................................... 16
I PEDRO .............................................................................. 16
II PEDRO ............................................................................. 17
CAPÍTULO SEXTO ........................................................................ 19
EPÍSTOLAS GERAIS .................................................................... 19
JUDAS ................................................................................ 19
CAPÍTULO SÉTIMO ....................................................................... 21
EPÍSTOLAS GERAIS .................................................................... 21
JOÃO ................................................................................. 21
AS EPÍSTOLAS DE JOÃO ............................................................ 21
I JOÃO ............................................................................... 22
II JOÃO ............................................................................... 23
III JOÃO .............................................................................. 24
Pastorais, Hebreus e Gerais
CAPÍTULO PRIMEIRO
AS EPÍSTOLAS PASTORAIS
INTRODUÇÃO
As Epístolas de Paulo a Timóteo (I e II Tm) e a Tito devem ser tratadas em grupo, da mesma
maneira que as Epístolas da prisão (Ef, Fp, Cl e Fm), pelo que há em comum entre elas quanto
ao estilo, propósito e cenário histórico.
I Tm, II Tm e Tt foram chamadas “Pastorais” pela primeira vez no século dezoito, por D. N. [s1] Comentário: Não são Teologia
Pastoral, nem manual eclesiástico.
Bardot (1703), e popularizadas por esse título em 1726, por Paul Anton. Nelas, Paulo instrui
jovens pastores, amigos íntimos seus, quanto a suas lides ministeriais nas circunstâncias [s2] Comentário: Na verdade
delegados apóstolos, enviados para
históricas nas quais estavam inseridos. cumprirem missões específicas.
CENÁRIO HISTÓRICO
É fato que as viagens do Apóstolo como narradas nas Pastorais não podem ser enquadradas
nos itinerários de Paulo que são relatados em Atos.
(1) Em I Tm 1:3, o autor deixa Timóteo em Éfeso, com quem estava, e parte para a
Macedônia achando que o veria em breve (I Tm 3:14). No entanto, na Primeira Viagem [s3] Comentário: No contexto de
Atos, escritas durante a 1ª Viagem
Missionária, Paulo não esteve em Éfeso, não passou para a Macedônia e não estava Missionária: Gl, I e II Ts
com Timóteo (At 13,14). Na ida da Segunda Viagem, o Espírito Santo lhe proibiu de
[s4] Comentário: No contexto de
pregar na Ásia (At 16:6), portanto, não esteve em Éfeso antes de partir para a Atos, escritas durante a 2ª Viagem
Macedônia (At 16:8‐10). No retorno desta viagem Paulo parte de Corinto, passa por Missionária I e II Co e Rm
Éfeso rumo a Cesaréia, Jerusalém e Antioquia (At 18:18‐22).
Na ida da Terceira Viagem Missionária, Paulo exerceu grande ministério em Éfeso (At 19) e,
depois de haver passado três anos lá, foi à Macedônia (At 20:1; cf. 20:31). Todavia, desta vez
Timóteo não foi deixado em Éfeso, mas partiu com Paulo à Macedônia; foi com ele a Corinto e
com ele regressa à Macedônia; espera‐o em Trôade e, provavelmente, está com ele em
Jerusalém (Rm 16:21; At 20:3‐5).
Assim somos levados a concluir que todo este relato do itinerário do Apóstolo em Atos não
inclui a viagem mencionada em I Tm.
(2) Em Tt 1:5 somos informados que o escritor deixou Tito em Creta para completar a
organização das igrejas nesta ilha e posteriormente desejava vê‐lo em Nicópolis (Tt
3:12).
Segundo Atos, todavia, em nenhuma das três viagens Paulo foi à Creta. Somente na viagem a
Roma (At 27:7‐15) o Apóstolo passa por Creta, mas o faz como prisioneiro e não realiza
nenhuma obra evangelística na ilha, muito menos podia fazer planos onde haveria de
invernar.
(3) II Timóteo nos mostra uma espécie de prisão que não se coaduna com aquela que
Atos 28 nos informa.
Em II Tm Paulo está preso numa masmorra, em Roma, difícil de ser encontrada (1:16,17), é
considerado um malfeitor (2:9) e aguarda execução (4:6‐8) em meio ao abandono (1:15;
4:10,11).
Em franco contraste, a prisão narrada em Atos fornece um quadro de considerável liberdade
pessoal tanto quanto de oportunidade de pregar o evangelho (At 28:16,30,31). Soma‐se a isto
o fato de que, nas cartas escritas nesta prisão, Paulo revela esperança de ser posto em
liberdade (Fp 1:25‐27; 2:24; Fm 22).
Postos estes argumentos, a conclusão inevitável é que Paulo foi livre da prisão em Roma
registrada em Atos, teria feito mais viagens, momento em que escreveu I Tm e Tt e teria sido
novamente preso para ser martirizado, ocasião da escrita de II Tm.
Um possível itinerário do Apóstolo Paulo pode ser esboçado como segue:
(1) Paulo, tendo sido posto em liberdade (talvez em 63 d.C), vai em direção a Ásia Menor [s5] Comentário: Preso em Roma
e, ao passar por Creta, deixa Tito na ilha (Tt 1:5). [s6] Comentário: 62? Viaja até 64
(2) Em seguida chega a Éfeso, onde deixa Timóteo para pôr ordem na igreja (I Tm 1:3,4). [s7] Comentário: 7 Igrejas do
(3) De Éfeso parte à Macedônia, como havia planejado (Fp 2:24; I Tm 1:3). Ele espera Apocalipse
regressar em breve, mas prevê que sua ausência será prolongada (I Tm 3:14,15). Da
Macedônia (talvez Filipos) escreve duas cartas: I Timóteo e Tito.
(4) De acordo com o planejado, viaja a Nicópolis (Tt 3:12). Ali passa o inverno com Tito e,
com ele, viaja à Espanha (Rm 15:24). “As palavras de Clemente de Roma, em 95 dC, [s8] Comentário: O Canon
Muratoriano afirma que Paulo foi a
devem ser tomadas seriamente acerca de Paulo ter trabalhado na Espanha. Isto foi Espanha em 70 d.C
escrito cedo demais, após a morte de Paulo (dentro de trinta anos) para ter sido
[s9] Comentário: Rm é escrita na 3ª
informação falsa e a igreja não contestá‐la” (Broadus David Hale). Viagem Missionária
(5) Havendo regressado da Espanha, Paulo segue à Ásia Menor. Deixa Trófimo enfermo [s10] Comentário: Depois da
em Mileto (II Tm 4:20). É possível que aqui tenha se encontrado com Timóteo, onde barbaridade Neroniana de 64 fica
evidente que ao regressar da Espanha,
ocorreu a separação com lágrimas (II Tm 1:4). o apostolo não mais desfrutou da
(6) Em Trôade ele visita Carpo, em cuja casa deixa a capa (II Tm 4:13). Dirige‐se a Roma proteção política (Lc enfatiza
via Corinto, onde Erasto permanece (II Tm 4:20). “Volta a ser preso (não se sabe onde continuamente a justiça relativa e as
vezes as qualidades de amizade e
ocorreu – Trôade, Corinto, Roma ou outro lugar). Quem reina é o cruel Nero. Esse é o cooperação das autoridades Romanas
monstro que assassinou seu meio‐irmão, sua própria mãe, sua esposa (Otávia), seu ver At 21.31-23.9. No resgate do
tributo militar, etom 23.10; 28.12-35
tutor (Sêneca) e muitos outros. Quando Roma foi incendiada, em 64, o povo acusou Claudio Lisias da carta a Felix 27.30
Nero de ter ateado fogo à cidade. Ele tentou desviar de si a atenção e culpou os Centurião Julio; 28.7; o clero da Ilha
de Malta à Guarda pretoriana 29.16.
cristãos. O carnaval de sangue que se seguiu foi algo terrível” (William Hendriksen).
Tácito registra esses eventos assim: “Assim, para abafar o rumor, Nero pôs como culpados,
que puniu com crueldade mais refinada, um grupo de homens detestados por seus maus
hábitos, que a plebe conhecia como cristãos ... Primeiro, os que confessaram foram presos;
depois, com base nas informações deles, uma grande multidão foi condenada, não tanto
como incendiários quanto por seu ódio à raça humana. Sua execução acabou sendo um
esporte: alguns foram costurados dentro da pele de animais selvagens e jogados aos cães
para serem despedaçados, outros foram amarrados em cruzes e transformados em tochas
vivas, para iluminar a cidade quando o dia acabava. Nero abriu os jardins do seu palácio para
o espetáculo e organizava jogos no circo, misturando‐se à multidão ou pondo‐se em pé sobre
uma biga, vestido de condutor. Com isso, apesar de as vítimas serem criminosos que
mereciam a mais severa punição, o povo começou a sentir pena delas, porque pareceu que
estavam sendo sacrificadas para satisfazer a paixão por crueldade de um homem, e não para
o bem do povo” (citado por F. F. Bruce).
Paulo foi levado nesta onda de violência. A tradição afirma que ele foi decapitado em cerca
de um ano após o incêndio de Roma (65 dC), fora desta cidade, na Via Óstia.
AUTOR
O escritor das Pastorais foi o Apóstolo Paulo (I Tm 1:1; II Tm 1:1; Tt 1:1). Segundo ele próprio,
antigo perseguidor da igreja (I Tm 1:12‐17; cf. At 8:3; 9:1,2; 22:4,5; 26:9‐11; I Co 15:9). Após
sua conversão, foi divinamente designado para Apóstolo (I Tm 1:1,11; 2:7; II Tm 1:1,11; Tt 1:1;
cf. At 9:15; 22:14,15; 26:16‐18; II Co 12:12; Gl 1:1; 2:7) e sofreu muito em defesa da verdade e
pelo ministério que recebeu (II Tm 1:12; 2:10; 3:10,11; cf. At 14; II Co 11; I Ts 1:6; 2:2).
DESTINATÁRIOS
Timóteo era um homem notável. Seu nome significa “honrar ou adorar a Deus”. Suas [s11] Comentário: Não precisamos
de super crentes
qualidades inquestionáveis eram a abnegação, a disposição para servir e a fidelidade (Fp 2:19‐
22; II Tm 1:2; 4:9,21). Está sempre disposto a ser enviado em viagens as mais arriscadas, que
nem todos suportavam (At 13:13) apesar de sua juventude (I Tm 4:12; II Tm 2:22), timidez (II
Tm 1:7) e “freqüentes enfermidades” (I Tm 5:23).
Timóteo era cidadão de Listra (At 16:1). Provavelmente um convertido de Paulo na Primeira
Viagem Missionária (c. 47 dC), pelo que este o chama de “filho” (I Co 4:7; I Tm 1:2; II Tm 1:2),
todavia sua mãe Eunice e sua avó Lóide muito cooperaram para a sua conversão (II Tm 1:5). A
partir da Segunda Viagem Missionária (At 16:1ss.) juntou‐se às missões de Paulo a quem serviu
e com quem serviu até o fim.
Quanto a Tito, seu nome não é mencionado em Atos. Mas certamente ele é um daqueles
“alguns dentre eles” que subiram a Jerusalém para o Concílio (At 15:2; Gl 2:1,3). Tito é
mencionado novamente durante a Terceira Viagem Missionária de Paulo, tendo sido enviado
para uma missão em Corinto mais de uma vez (entre 54‐58 dC), daí seu nome ser mencionado
nove vezes em II Coríntios (2:13; 7:6,13,14; 8:6,16,23; 12:18). Ele parecia ser o tipo de homem
adequado para situações difíceis. A próxima menção a Tito é feita quando ele está a cargo da
igreja em Creta (Tt 1:5).
Uma comparação entre I Tm 4:12 e Tt 2:15 parece indicar que Tito era mais velho que
Timóteo. Tito era mais líder; Timóteo, mais seguidor. Timóteo necessitava de estímulos mais
que Tito (II Tm 1:6; II Co 8:16,17). Ambos tinham em comum a inabalável lealdade à causa do
evangelho, a disposição de servir em condições adversas e elevado respeito pelo seu amigo e
superior, Paulo.
CAPÍTULO SEGUNDO
EPÍSTOLAS PASTORAIS (PARTE II)
I TIMÓTEO
I Timóteo foi escrita para (1) fortalecer o espírito de Timóteo (I Tm 4:!4; 6:12,20); (2) transmitir [s12] Comentário: Manual da
liderança
orientações quanto aos erros que estavam sendo difundidos na igreja (I Tm 1:3‐11, 18‐24; 4; 6) Diretrizes para a organização –
em face da demora de Paulo em retornar (I Tm 3:14,15). Para Paulo, a eleição do tipo (Administração)
adequado de líderes era o melhor antídoto contra o erro (cap 3); e (3) fornecer diretrizes [s13] Comentário: Uso ilegítimo da
apropriadas para o culto público (cap 2). lei
Versículo Chave: 3.15‐16; 6.11‐12
Capítulo Chave: 3
ESBOÇO
I. Instrução concernente à doutrina (1:1‐20)
II. Instrução concernente ao culto público (2:1‐15)
III. Instrução concernente à eleição de oficiais (3:1‐16)
IV. Instrução concernente aos falsos mestres (4:1‐16)
V. Instrução concernente ao trato com diversos grupos (5:1‐25).
VI. Diversas exortações (6:1‐21)
COMENTÁRIO
Após a saudação (1:1,2), Timóteo é encorajado a combater o erro dos que se recusam a
reconhecer sua condição pecaminosa à luz da lei de Deus (1:3‐11), como faz o próprio Paulo
(1:12‐17). Em face disto, exorta Timóteo a cumprir sua responsabilidade (1:18‐20).
Segue‐se as diretrizes para a adoração pública. Nela, deve‐se orar por todos os homens (2:1‐7)
bem como comportar‐se de modo conveniente. Os homens devem levantar mãos santas (2:8)
tanto quanto as mulheres (2:9‐15). E que estas se vistam decorosamente e se portem de modo
a reconhecer sua honrosa posição, divinamente ordenada.
O capítulo 3 ministra diretrizes quanto à instituição dos ofícios. Em 3:1‐7 temos o incentivo ao
bispado bem como os requisitos necessários para o bispo. Em 3:8‐13 temos os requisitos
necessários para os diáconos e as mulheres que os assistem. Em 3:14‐16 se encontram as
razões pelas quais estas diretrizes estão sendo comunicadas na forma escrita.
O capítulo 4 traz diretrizes a Timóteo sobre como este deveria comportar‐se ante a apostasia.
Em 4:1‐5 a apostasia é descrita. Em 4:6‐16 é ministrado como lidar com ela.
Os deveres do ministro ante os vários grupos sociais da igreja são esboçados no capítulo 5. Em
5:1,2 temos o como lidar com idosos, jovens, homens e mulheres; em 5:3‐16, com as viúvas;
em 5:17‐25, com presbíteros e candidatos.
No capítulo 6 temos exortações aos escravos (6:1,2), quanto aos falsos mestres que aspiram
fama e riquezas (6:3‐10), ao próprio Timóteo (6:11‐16), às pessoas ricas neste mundo (6:17‐19)
e novamente a Timóteo (6:20‐21).
II TIMÓTEO
Em II Timóteo Paulo é novamente um prisioneiro. II Tm 4:21 menciona seu último inverno [s14] Comentário: Manual de
combate
sobre a terra (talvez em 65 dC). Ele já havia estado perante o tribunal uma vez, e a maioria de Persistência na sã doutrina
seus amigos o havia deixado (1:15‐17; 4:10,11,16). Ele previa o pior (4:6,18). Em face dos
acontecimentos ele escreve a Timóteo para que esse fosse a Roam o mais brevemente possível
(4:9,21). Todavia, temeroso que ele não chegasse a tempo, Paulo concentra‐se em admoestá‐
lo a persistir na defesa da verdade e no cumprimento de seu ministério em meios às
dificuldades (4:1,2).
Versículo Chave: 2.3‐4 / 3.14‐17
Capítulo Chave: 2
Palavra Chave: Persistência no ministério
ESBOÇO
I. Perseverança nas provações atuais (1:1‐2:26)
II. Encorajamento para o ministério nos dias trabalhosos que virão (3:1‐4:22)
COMENTÁRIO
(I) Após a saudação (1:1,2) e ação de graças (1:3‐5) há um desafio à vida
corajosa, como de um ministro chamado por Deus (1:6,7). Como Paulo,
que Timóteo nunca se envergonhasse do evangelho (1:8‐14) e, como
Onesiforo, que ele não se envergonharia das cadeias de Paulo (1:15‐18),
como fizeram “os que estão na Ásia”.
Segue‐se às exortações de paciência no sofrimento (2:1‐13). E, quanto a sua conduta pessoal,
que Timóteo evitasse os falatórios inúteis, seguisse a paz e a santidade e estivesse apto a
instruir (2:14‐26).
(II) Timóteo é advertido que virão tempos difíceis nos quais se levantarão
inimigos que têm “aparência de piedade”, mas que negam a eficácia dela
(3:1‐9). Que Timóteo perseverasse na sã doutrina, sabendo que ela está
baseada nas Escrituras Sagradas, inspirados por Deus (3:10‐17).
Que Timóteo continuasse firme no cumprimento de sue ministério em face da apostasia (4:1‐
5) e do iminente martírio de Paulo (4:6‐8).
Seguem‐se instruções pessoais (4:9‐18), saudações e uma bênção (4:19‐22).
TITO
A carta a Tito foi escrita para que este fosse encontrar Paulo em Nicópolis (Tt 3:12) tanto [s15] Comentário: Diretrizes para a
santificação.
quanto fornecer diretrizes para a promoção da santificação em um povo reconhecidamente de
má reputação (1:12,13).
Palavra Chave: Manual de Conduta
Versículo Chave: 1.5/3.8
Capítulo Chave: 2
[s16] Comentário: Tito apresenta
ESBOÇO duas seções principais: (1) de designar
presbíteros; (2) colocar as coisas em
ordem.
I. Escolha de oficiais e estabelecimento da disciplina (1:1‐16)
II. A conduta padrão da vida cristã (2:1‐3:15)
COMENTÁRIO
(I) Após a saudação (1.1‐4), Paulo expressa a razão pela qual Tito foi deixado em
Creta (1.5) e como deveria proceder na escolha de pessoas para a liderança na
igreja (1.6‐9). A razão para designar‐se oficiais conforme os requisitos necessários
é a presença de falsos mestres, tanto quanto a má reputação dos cretenses (1.10‐
16).
(II) A norma para a conduta cristã é exigida de diferentes grupos de modo a
adornarem a doutrina de Deus (2.1‐10). A razão disto é a manifestação universal
da graça de Deus de modo a “purificar para si um povo seu, zeloso de boas obras”
(2.11‐15).
Quanto à vida pública, que os crentes obedeçam as autoridades (3.1) bem como sejam mansos
para com todos (3:2), visto ter sido a graça de Deus, e não nossas obras, o que nos trouxe à
salvação (3.3‐8). Por outro lado, é preciso rejeitar as questões estéreis tanto quanto os
homens irreconciliáveis (3.9‐11).
Após algumas orientações com respeito aos itinerantes (3.12‐14) seguem‐se saudações finais e
uma bênção (3.15).
CAPÍTULO TERCEIRO
Hebreus e Gerais
HEBREUS
“A epístola aos hebreus não é igual a nenhum outro livro do Novo Testamento. Ela começa
como um tratado, continua como um sermão e conclui como uma carta” (A. T. Robertson,
citado por Broadus D. Hale). Está escrito no melhor grego literário do Novo Testamento.
Certamente, à medida em que o tempo passava aos cristão primitivos, ficava claro a distância
entre o cristianismo e o judaísmo. O cristianismo apresentava‐se como a revelação completa e
superior para a qual a instituição judaica era apenas uma imperfeita introdução. Acresça‐se
que a mensagem cristã deixava claro que no Senhor Jesus Cristo encontrava‐se a
complementação e o cumprimento do qual a instituição mosaica foi apenas figura. Em suma,
era uma tolice cabal apegar‐se a uma instituição que já tinha servido ao seu propósito (Mc
7:13)
Por outro lado, e somando‐se esta revolução à mentalidade judaica do primeiro século, os
novos cristãos estavam sendo perseguidos por seus compatriotas. Toda a vida dos crentes
judeus estava sendo afetada. Havia o perigo de imaginarem que o cristianismo deveria
acontecer dentro do judaísmo ou de, simplesmente, trazerem sua herança judaica para a
caminhada cristã.
O autor descreve sua mensagem como “a palavra desta exortação” (13:22). Ele deseja
despertar aqueles que estavam impedidos em seu crescimento (5:11‐6:3) à busca da
maturidade cristã. E isto só aconteceria quando os crentes descansassem na suficiência de
Jesus Cristo, “autor e consumador da fé” (12:2), demonstrado em um total rompimento com o
judaísmo (13:8,12,13).
Para tal, o escritor assevera que tudo o que havia de bom no judaísmo não passava de figura
ou sombra das realidades de Jesus Cristo (8:5,6; 9:23‐10:18). Além disso, é dito que Jesus cristo
é superior a tudo aquilo sobre o que o judaísmo foi construído: revelações através dos
profetas (1:1), dos anjos (1:4ss), a Moisés (3:1ss), a Arão (4:14ss; 7:1ss) ao sistema sacrificial
(8:1ss). O autor em nenhum momento condena estas coisas, todavia, deixa claro que já que
cumpriram a finalidade para a qual foram designadas, devem ser abandonadas, uma vez que
Cristo veio (9:23‐28; 10:1‐18; 7:22‐28; 8).
Este livro tem muito a dizer aos cristãos modernos:
Primeiro, que não devemos ficar perto demais dos elementos de nossa vida anterior. Fomos
chamados ao rompimento total com aquelas velhas coisas que hoje só nos envergonham (Rm
6:21).
Segundo, somos alertados por esta carta contra o perigo da estagnação espiritual, de
permanecermos sempre “crianças” (5:11‐6:3).
Terceiro, a mensagem de Hebreus ainda nos adverte que não fomos chamados a esquivarmo‐
nos das dificuldades, cedendo às velhas práticas (12:4‐6).
Quarto, em meio aos problemas desconcertantes da vida, o crente refugia‐se na suficiência de
Jesus Cristo (12:2) e participa de seus sofrimentos (13:13,14).
AUTORIA
Como os evangelhos e o livro de Atos, a carta aos “Hebreus” é anônima. A falta da saudação
inicial nos priva do conhecimento de quem a escreveu.
Com esta lacuna posta diante de nós, muitos nomes têm sido propostos. Clemente de
Alexandria (c. 180 dC) propôs Lucas como o seu autor. Orígenes sugeriu Clemente de Roma.
Tertuliano propôs Barnabé. João Calvino sugeriu Lucas ou Clemente de Roma. Martinho Lutero
propôs Apolo. No início do século dezenove foi sugerido o nome de Silvano ou Silas (I Pe 5:12;
At 15‐18). Jerônimo e Agostinho aceitaram a carta como sendo de Paulo.
A respeito da autoria de “Hebreus”, podemos afirmar que...:
a) É extremamente improvável que Paulo a tenha escrito. O autor de Hebreus se coloca fora
do grupo apostólico (2:3) e afirma ter sido firmado no evangelho por aqueles que viram ao
Senhor (comparar com Gl 1:1,12ss; 2:6ss). Além disso, o autor não se identifica pelo nome, ao
estilo das treze cartas paulinas.
b) Por outro lado há muita semelhança entre as idéias desta carta e as paulinas, o que nos leva
a crer que, de algum modo, ele esteve ligado a ela. Como? Não sabemos.
Portanto, ficamos com a seguinte afirmação de Orígenes:
“Se, portanto, qualquer igreja sustenta que esta carta é de Paulo, que ela seja aprovada por
isto também (como por sustentar a verdade inquestionável), pois não foi sem razão que os
homens dos tempos idos a passaram como se fosse de Paulo, mas quem escreveu a epístola só
Deus sabe certamente” (Eusébio em História Eclesiástica).
DESTINATÁRIO
Ainda por falta de saudação inicial, nos falta a informação precisa sobre para quem a carta foi
escrita. O título “aos Hebreus” é encontrado na última metade do segundo século (c. de 200
dC) e foi dado à carta por dedução óbvia de seu conteúdo. A carta foi escrita a quem tinha o
Antigo Testamento como fonte autoritativa e nenhuma indicação há acerca de religiões
gentias.
O fato da carta não fazer menção ao templo de Jerusalém (mas ao tabernáculo móvel) e destes
leitores ainda não haverem “resistido até ao sangue” (12:4) aponta para uma audiência cristã‐
judaica fora da Palestina. A expressão “os da Itália vos saúdam” (13:24) pode apoiar uma
destinação romana.
DATA
Se a carta foi escrita a judeus‐cristãos de Roma, uma comparação de 10:32‐34 e 12:4 sugere
uma perseguição grave no passado, mas sem martírio, o que colocaria a carta antes de 64 dC,
ano do incêndio de Roma e do desencadeamento de cruel violência contra os cristãos. O
imperador Cláudio, em 49 dC, ordenou expulsão de todos os judeus de Roma, com confisco de
propriedades e maus tratos, mas sem martírio. Os quinze anos entre 49‐64 dC são uma data
provável para a composição de Hebreus.
ESBOÇO
I. A parte doutrinária (1:1 – 10:18)
(1) Introdução: As duas revelações (1:1‐3)
(2) Jesus é superior aos anjos (1:4‐2:18)
(3) Jesus é superior a Moisés (3:1‐4:13)
(4) Jesus é superior a Arão (4:14‐10:18)
II. A parte prática (10:19‐13:25)
(1) A fé verdadeira e advertência (10:19‐39)
(2) Exemplos de fé verdadeira (11:1‐40)
(3) Esperança como estímulo de perseverança (12:1‐29)
(4) Deveres cristãos (13:1‐17)
(5) Conclusão e bênção (13:18‐25)
COMENTÁRIO
I. A parte doutrinária
Todo o argumento é construído em torno da superioridade de Cristo. Em Seus
pronunciamentos, Cristo é superior às palavras que vieram através dos pais (1:1‐3).
Aqui são apresentadas sete qualificações de Cristo: Ele é Herdeiro de todas as coisas (1:2; Ef
1:20‐23), Agente da criação (1:2; Jo 1:3), Resplendor da glória de Deus (1:3; I Jo 1:5; Jo 1:14),
Expressão exata do Ser de Deus (1:3; Cl 1:15; II Co 4:4), por Sua palavra sustenta o Universo
(1:3; Cl 1:17), Sacerdote que, pela oferta de Si mesmo, purifica pecados (1:3; Jo 1:29), e ocupa
o trono soberano à destra de Deus (1:3; Sl 110:1; Ef 4:10).
Em 1:4‐2:18 Jesus é apresentado como superior aos anjos, seres importantes para os judeus e
que atribuíam importância ao judaísmo (At 7:53; Gl 3:19).
Em 3:1‐4:13 Jesus é apresentado como superior a Moisés, como Mestre, assim como um filho
é superior ao escravo da casa e como um fundador da casa é superior ao membro dela. Moisés
não foi o fundador da família israelita de Deus. Jesus Cristo, todavia, é o fundador da família
sobre a qual Ele é colocado. Seguem‐se aplicações e advertências em 3:7‐4:13.
A partir de 4:14 é demonstrada a superioridade de Jesus sobre Arão e todo o sistema sacrificial
levítico. Em 5:10 o autor menciona Melquisedeque, mas interrompe seu pensamento para
uma advertência contra os perigos do retardamento espiritual, em 5:11‐6:20.
Há três razões para este parêntese de 5:11‐6:20:
Primeiro, o escritor estava pronto a continuar sua discussão sobre o sacerdócio de Cristo,
porém seus leitores não estavam aptos para entendê‐la. Eram bebês necessitados de leite
(5:11‐14).
Segundo, o escritor declara que não continuará aplicando seu tempo aos rudimentos da fé. Ele
pretende continuar expondo os elevados princípios do cristianismo (6:1‐3).
Terceiro, há necessidade de uma compreensão sobre os apóstatas (6:4‐6). Eles são chamados
de “iluminados” (instruídos ou esclarecidos; cf. 10:26; II Pe 2:20). Deles se diz que “provaram o
dom celestial”. Provar é entender em algum sentido o significado, mas não inclui comer nem
digerir a ponto de tornar em nutrição. O apóstata é aquele que saboreia o gosto e o recusa (cf.
Mt 27:34; Jo 6:54).
Em seguida é dito que “se tornaram participantes do Espírito Santo”, ou seja, que
compartilharam dos seus dons e operações (cf. Mt 7:21,22; I Co 12:13). E que “provaram a
boa palavra de Deus”, o que significa que souberam que Deus foi fiel à Sua promessa em
relação ao Messias; e “as virtudes do século futuro”, talvez um resumo de tudo o que foi dito
(conhecimento acerca de Deus e de Sua Palavra, etc).
Dos apóstatas é dito ser impossível que aqueles que “recaíram, sejam outra vez renovados
para arrependimento”. Eles rejeitaram tudo o que constitui a verdade e, se passaram a
considerar Jesus um impostor, não mais O considerarão o Messias, e, se consideram o
cristianismo uma fábula, não mais o considerarão a revelação de Deus. “De novo crucificaram
o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”, ou seja, a conduta deles é que “nossos pais fizeram
bem em crucificá‐lo como impostor”.
Em 7:1 o autor retoma seu pensamento e segue comparando o sistema sacrificial levítico com
o sacrifício e ministério superiores de Jesus, até 10:18.
II. A parte prática
Nesta seção há uma advertência contra a negligência e a apostasia (10:19‐39), seguida por
exemplos de fé verdadeira e de maturidade espiritual (11:1‐40), extraídos do Antigo
Testamento. O melhor exemplo, todavia, é do próprio Senhor Jesus que, tendo completado
Seu ministério terreno e agora intercedendo nos céus por nós, virá outra vez. A certeza de Sua
volta é estímulo para o crescimento do crente (12:1‐29).
Em 13:1‐6 há deveres cristãos práticos dentro da sociedade e em 13:7‐17 deveres religiosos.
Seguem‐se um pedido de oração (13:18,19), uma bênção (13:20,21), uma exortação final
(13:22), uma informação sobre Timóteo (13:23), uma saudação final e a bênção (13:24,25).
CAPÍTULO QUARTO
EPÍSTOLAS GERAIS
AS EPÍSTOLAS GERAIS
Após Hebreus, as próximas sete cartas do Novo Testamento (Tiago, I e II Pedro, I, II e II João e
Judas) foram chamadas, a partir de Eusébio, o historiador da igreja (265‐340), de “católicas”,
“gerais” ou “universais”. O termo provém do grego “katholikós”, que significa geral ou
universal.
Estas cartas foram assim chamadas por não terem sido endereçadas a igrejas em particular ou
pessoas individuais, mas, se não a todas as igrejas, pelo menos um grupo maior delas.
Esta explicação é válida para Tiago, I e II Pedro, I João e Judas. Contudo, II e III João são
endereçadas a um grupo, ou pessoa, o que as faria não caber na classificação. A resposta é que
II e III João foram consideradas como anexos a I João e, portanto, foram agrupadas a elas.
TIAGO
A primeira das “cartas gerais”, como arranjadas na ordem que conhecemos, é “Tiago”.
Tiago é a carta menos doutrinária do Novo Testamento. Por outro lado, é a mais prática e rica
em instruções para o viver cotidiano, assemelhando‐se à literatura de sabedoria do antigo
Testamento (Jó, Provérbios e Eclesiastes). É o “Provérbios neotestamentário”.
Ao leitor moderno “Tiago” tem muito a falar. A carta enfatiza problemas sociais. A religião nela [s17] Comentário: Amós do N.T.
esboçada é dinâmica e participa ativamente no contexto social. A fé é prática.
Esta carta tem muito a dizer a esta geração mimada, que cambaleia entre o materialismo
consumista ateu e as ilusões das promessas de saúde e prosperidade do neo‐pentecostalismo.
Ela nos desafia a termos “grande gozo quando cairdes em várias tentações” (1:2) e nos lembra
os exemplos de paciência dos “profetas que falaram em nome do Senhor” e de Jó (5:10,11).
AUTORIA
O autor da carta identifica‐se como Tiago (1:1), do grego “Iácobo”, tradução do hebraico Jacó.
No Novo Testamento quatro pessoas são chamadas Tiago:
(1) Tiago, o pai do Apóstolo Judas (Lc 6:16; At 1:13). Em Mt 10:3 e Mc 3:17 este
Judas (não o Iscariotes) é chamado Tadeu. Este Tiago não pode ser seriamente
considerado o autor da carta.
(2) Tiago, o filho de Alfeu (Mc 3:18), filho de outra Maria (Mc 15:40) e, talvez, o
irmão de Mateus (Levi, Mc 2:14). Este Tiago é mencionado pela última vez em
At 1:13, no Novo Testamento. Não há evidência na história de que este Tiago
tenha sido o escritor da carta.
(3) Tiago, o filho de Zebedeu e irmão de João (Mc 1:19; 3:17). Em At 12:1,2 este
Tiago foi decapitado por Herodes Agripa I (c. de 44 dC), o primeiro dos doze a
ser morto. A morte prematura refuta a autoria desta carta pelo filho de
Zebedeu. Além disso, se este Tiago ou o filho de Alfeu tivessem, um ou outro,
escrito esta carta, provavelmente teriam se identificado como “apóstolos”,
como o fizeram Paulo e Pedro.
(4) Resta‐nos o Tiago, um dos irmãos de nosso Senhor (Mc 6:3; Mt 13:55). Tiago,
como seus irmãos, não aceitava a obra de Jesus (Mt 12:46‐50; Mc 3:20‐33; Lc
8:19‐21), nem cria nele (Jo 7:1‐9). Tanto que quando Jesus estava na cruz,
cumprindo seu dever de filho mais velho, encomendou Sua mãe ao apóstolo
João.
Paulo (I Co 15:7) afirma que o Jesus ressurreto apareceu particularmente a Tiago. Em At 1:14
ele certamente estava com os discípulos no cenáculo. Em seguida Tiago já é mencionado numa
posição de liderança na igreja em Jerusalém (Gl 1:19; 2:9; At 12:17; 15:14‐21; 21:18). “Josefo, o
historiador judeu do final do primeiro século, escreveu que Tiago, o ‘justo’, era o irmão de
Jesus, ‘chamado o Cristo’, e que Tiago foi morto por orem do sumo sacerdote Anano, depois
da morte do procurador romano Festo e antes da chegada de seu sucessor, Albino. Tiago,
juntamente com alguns outros, foi acusado de ser um transgressor da lei e foi apedrejado até
a morte em 62 dC” (citação de Boradus David Hale).
Que Jesus tinha outros irmãos, a comparação dos textos seguintes provará: Mt 1:25; Lc 2:7;
7:12; 8:42; Jo 1:18.
“Tertuliano (final do segundo século e começo do terceiro), em seu comentário sobre Mt 1:25,
afirmou que tanto a virgindade como o casamento são santos em Cristo, pelo próprio fato de
que Maria foi primeiramente uma virgem (e deu nascimento a seu primogênito) e depois
esposa de José, no sentido completo da palavra, dando filhos a ele. As tentativas de ir‐se além
do sentido claro de Mateus 1:25 e Lucas 2:7 nada mais são que ‘agarrar‐se a qualquer coisa’,
para se tentar sustentar a crescente veneração de Maria e sua ‘virgindade perpétua’, que
levou a seu título de ‘mãe de Deus’, e à sua adoração como a ‘deusa‐mãe’” (Broadus David
Hale).
A evidência interna da carta identifica‐a com o discurso de Tiago em At 15:13‐21 e com a sua
carta em At 15:23‐30 (Tg 2:5 cf. At 15:13; Tg 2:7 cf. At 15:17; Am 9:12; Tg 1:1 cf At 15:34).
O autor desta carta revela impressionante familiaridade com o ensino de Jesus, especialmente
com o sermão do monte, aponto de citá‐lo livremente, sem consultar os evangelhos, até então
inexistentes em forma escrita definitiva. Além disso, ele é claramente um judeu (1:11; 2:2,21;
3:6,12; 4:4; 5:4,7).
Tudo isto aponta para Tiago, irmão do Senhor, como o autor desta carta.
DESTINATÁRIO
A expressão “às doze tribos que andam dispersas”(1:1) pode referir‐se aos judeus dispersos no
mundo de fala grega, mas certamente cristãos (1:18; 2:7; 5:7 cf At 2:5‐11; 8:1; 11:19), o que
nos leva a concluir que os leitores seriam judeus cristãos que viviam fora da Palestina.
DATA
A carta reflete uma época primeva do cristianismo. A simplicidade teológica de Tg 2:14‐26
parece preceder a carta aos Gálatas, o Concílio de Atos 15 e a carta aos Romanos, quando a
controvérsia judaizante explodia. Termos como “sinagoga” em 2:2 indicam um cristianismo
primitivo.
Estes fatos juntos nos fazem concluir a favor de uma data não após 48 dC.
ESBOÇO
I. Realidade contra imitação (1:1‐2:26) O teste da fé (1.1‐18)
II. Quanto aos mestres (3:1‐18) As características da fé (1.19 – 5.6)
III. O mundo contra Deus (4:1‐5:6) O triunfo da fé (5.7‐20)
IV. A conduta cristã no mundo (5:7‐20)
COMENTÁRIO
(I) Tiago escreve como um pastor afeiçoado ao seu povo e que conhece muito bem
suas tendências nocivas. Após a saudação em 1:1, ele introduz os testes de fé. As
provações exterrnas se destinam a produzir paciência e dependência de Deus (1:2‐
12). Ao passo que as tentações íntimas não provém dAquele que concede “todo o
dom perfeito” (1:13‐18). Estas devem ser restringidas com extrema prontidão.
Prosseguindo em seus testes, Tiago afirma como a fé reage ante a adoração pública. Para isso,
ensina um princípio (1:21,22), ilustra‐o (1:23‐25) e aplica‐o (1:26‐27).
A fé genuína deve produzir imparcialidade ante as variadas classes sociais (2:1‐13) tanto
quanto resultar em atos (2:14‐26). Uma fé que não se traduz em obras é ilegítimas, e morta.
Abraão foi “justificado pelas obras”, na medida em que as obras são a evidência de que houve
justificação (2:21). De modo que não há contradição alguma entre Tiago e Paulo (Rm 4). Paulo
escreveu sobre as bases da salvação, porquanto lutava contra o legalismo que defendia a
salvação nas bases da obediência à lei. Tiago escreveu sobre os resultados da salvação, pois
lutava contra a tendência humana ao antinomianismo, a idéia do desprezo à conduta ética
conforme a lei moral de Deus. Ambos, Paulo e Tiago, acreditavam que a fé genuína produz,
necessariamente, um viver justo.
(II) Quanto aos mestres, Tiago adverte acerca das responsabilidades que
acompanhavam a tarefa e do perigo correspondente (3:1‐12). Que, pois, eles
controlem a língua e distingam entre a sabedoria deste mundo (3:13‐16) e a
verdadeira sabedoria, proveniente de Deus (3:17‐18).
(III) O sistema mundano é inimizade contra Deus. A busca do prazer produz intrigas e
arrogância (4:1‐6). A única opção ao crente é a submissão ao Senhor, e somente
isto lhe trará felicidade real (4:7‐10), humildade no trato com outros (4:11,12) e
nas lides da vida (4:13‐17). Do contrário, o afã pelas riquezas pode levar ao
egoísmo, à soberba e à injustiça (5:1‐6).
(IV) Segue‐se uma exortação para a verdadeira conduta cristã em um mundo que
passa. Que os crentes suportem os sofrimentos presentes, sob a perspectiva da
vinda do Senhor (5:7‐12). Por fim, os crentes são estimulados às atividades
práticas dentro da comunidade (5:13‐20).
CAPÍTULO QUINTO
EPÍSTOLAS GERAIS
AS EPÍSTOLAS DE PEDRO
I PEDRO
O Apóstolo Pedro escreve a um grupo específico de cristãos por uma ampla área (1:1). Eles
estavam sofrendo perseguição (1:6,7) e muito mais haveriam de sofrer (4:12).
O autor escreveu para encorajá‐los em meio aos sofrimentos. Para tal lembra‐lhes que foram
gerados para uma “viva esperança” (1:3,21; 3:5) e que vivessem de tal modo a tornar esta
esperança atraente aos pagãos (3:15).
Que os crentes entendessem que tudo estava sob o controle de Deus (4:19), que dirige a
história para o bem daqueles a quem elegeu (1:2) e chamou (1:15) e dos quais cuida nos
sofrimentos (5:6,7) e aperfeiçoa através dos sofrimentos (5:10).
Portanto, sofrer como cristão é uma honra (4:17‐18), ao passo que sofrer pelos erros que
cometeu é vergonha.
Também há na carta exortações e conselhos práticos que orientam os relacionamentos do dia‐
a‐dia (2:13‐3:17).
AUTORIA
O autor se identifica na saudação (1:1) e afirma ter isto testemunha dos sofrimentos de Jesus
(5:1). Ademais, as similaridades na fraseologia entre esta carta e os sermões de Pedro
registrados em Atos (cf. I Pe 1:20; At 2:23; I Pe 4:5; at 10:42) tanto quanto a presença
marcante do ensino de Jesus na carta (cf. I Pe 2:12,13‐17; 2:21;3:14; 4:13; Mt 5:10‐12,16;
10:38; 17:24‐27) apontam para a autoria petrina.
DATA
Se “Babilônia”, em 5:13, é símbolo oculto para Roma, a presença de Pedro em Roma no
período próximo a sua morte encaixa‐se com as informações da igreja primitiva. Além de ficar
fácil explicar a presença de Marcos (cf. II Tm 4:11) e Silvano com ele.
As datas prováveis são 63‐64 dC, antes da perseguição por Nero e do segundo aprisionamento
de Paulo, ou 65‐68, depois da morte de Paulo e antes da morte de Pedro.
ESBOÇO
I. A vocação do crente:
a. sua salvação (1:3‐12)
b. sua santificação (1:13‐2:12)
II. A submissão do crente (2:13‐3:12)
III. O sofrimento do crente (3:13‐5:14)
COMENTÁRIO
(I) Após a saudação usual (1:1,2), Pedro descreve a obra trinitária da salvação dos
crentes sob uma perspectiva futura (1:3‐5), um gozo presente (1:6‐9) e a predição
feita no passado, pelos profetas (1:10‐12).
Esta salvação implica em certos deveres que os salvos assumem em relação a si mesmos (1:13‐
21) e para com a sociedade (1:22‐25). Este crescimento em santidade acontece tanto em
termos individuais (2:1‐3,11,12) como coletivamente (2:4‐10).
II PEDRO
Pelos capítulos dois e três, fica claro que o propósito desta carta era advertir os leitores contra
a heresia introduzida pelos falsos mestres. Contra a moralidade frouxa e a negação da
realidade da vinda de nosso Senhor. Pedro contende, estabelecendo o verdadeiro
conhecimento da fé cristã como o melhor antídoto para aquela doutrinação herética (1:2,3;
3:8,18).
A evidência do verdadeiro conhecimento é o tema do primeiro capítulo. Pedro relembra a
necessidade dos crentes crescerem nas virtudes cristãs bem como afirma aos seus leitores
quão digna de crédito é a fé cristã, apoiada sobre testemunhas oculares (1:16‐18) e
comprovada pelas profecias divinamente inspiradas (1:20,21).
Ao contrario das predições dos verdadeiros profetas do Antigo Testamento, os falsos mestres
receberão a devida condenação (1:9). Sua negação de Cristo (2:1), seu desafio à autoridade
apostólica (2:2,10‐16,18,19; 3:3), sua avareza (2:3,14,15) e seu escárnio com respeito à volta
de Cristo (3:1‐16) caracteriza‐os como heréticos, contra os quais esta carta peleja.
AUTORIA
O autor afirma ser “Simão Pedro, servo e Apóstolo de Jesus Cristo” (1:1). O anúncio de sua
morte iminente (1:14) coaduna‐se com as palavras de Jesus em João 21:18. O autor afirma ter
estado presente na transfiguração (1:16‐18), no que é apoiado pelas narrativas dos Evangelhos
(Mt 17:1‐8; Mc 9:2‐8; Lc 9:26‐28). Por duas vezes afirma ser Apóstolo (1:1; 3:2); diz que esta é
sua segunda carta (3:1) e chama Paulo de “nosso amado irmão” (3:15), adequando somente
para alguém que o conhecia bem e o tem como seu igual.
DATA
Conforme II Pe 3:1 esta carta foi escrita aos mesmos leitores de I Pedro (1:1). Sendo. Portanto,
uma carta circular e necessariamente composta entre a primeira carta e o martírio do
Apóstolo (provavelmente em 68 dC). Se I Pedro foi escrita por volta de 64‐65 dC, II Pedro teria
sido entre 65 e 68 dC.
ESBOÇO
II. O verdadeiro conhecimento da fé cristã (1:1‐21)
III. Falsos mestres e falso ensino (2:1‐22)
IV. A veracidade da vinda do Senhor e a vida presente sob essa perspectiva
(3:1‐18)
COMENTÁRIO
(I) Após a saudação (1:12) Pedro afirma a suficiência do conhecimento de Cristo para
uma plena vida cristã (1:3) e relembra aos leitores da corrupção da qual
escaparam e das “grandíssimas e preciosas promessas” (1:4) que lhes foram
dadas.
Por isso, Pedro insiste com eles para que avancem, que ascendam na escada das virtudes
cristãs das quais a fé é o primeiro degrau (1:5‐7): virtude, ciência, temperança, paciência,
piedade, amor e caridade. É o crescimento nestas virtudes que provam a eleição e confirmam
a entrada no reino (1:8‐11).
Tal conhecimento é cabalmente comprovado pelo aparecimento histórico do Salvador, tendo
sido testemunhado pelos apóstolos (1:12‐18) e pelo testemunho prévio das Escrituras
inspiradas pelo Espírito Santo (1:19‐21).
(II) As afirmações de Pedro acerca da verdadeira profecia o levam a denunciar o falso
ensino da parte de falsos mestres que surgiam de dentro da igreja (2:1‐3; cf. At
20:30). A descrição que o autor faz desses mostra a certeza da sua condenação
(2:4‐9), a corrupção do seu car;ater (2:10‐16) e o perigo do seu ensino (2:17‐22).
(III) Pedro assevera que o melhor antídoto contra o falso ensino é o testemunho
verdadeiro da profecia do Antigo Testamento e dos apóstolos (3:1,2). Contra
aqueles que negam a vinda do Senhor com base no argumento de que Deus não
intervém em sua criação (3:3,4), o autor cita dois eventos passados (a criação e o
dilúvio) e um futuro (a recriação deste mundo sob fogo) (3:3‐7).Além disso, a
aparente delonga do retorno de nosso senhor se deve à diferente perspectiva de
Deus quanto ao tempo, em relação à nossa (3:8) e ao Seu propósito em salvar
todos os eleitos (3:9). No entanto, o grande dia virá (3:10‐13) e os crentes o
aguardam vivendo em santidade e crescendo “na graça e conhecimento de nosso
Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (3:14‐18).
CAPÍTULO SEXTO
EPÍSTOLAS GERAIS
JUDAS
Lamentavelmente a epístola de Judas é bastante desconhecida dos cristãos, não obstante
possua uma importante mensagem aos leitores modernos e a mais bela bênção do Novo
Testamento: “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar‐vos
irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória. Ao ;único Deus sábio, Salvador nosso, seja
glória e majestade , domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém” (Jd 24,25).
Analisemos a carta de Judas aqui, antes de vermos as epístolas de João, pela inegável
semelhança entre esta carta e II Pedro.
Muito de Judas (3‐18) é incrivelmente semelhante a II Pedro (2:1‐3:3), incluindo o uso das
mesmas palavras e idéias, como demonstra a tabela abaixo:
Desefa
II PEDRO Enfoque Propósito Descrição dos Falsos Mestres c/ Falsos Doxologia
JUDAS Mestres
Referência 1 5 8 14 17 24 25
4 2:1
Dever
5 2:5 Julgam. Caract. Julgam.
Divisão Introdução do Conclusão
Passado Presentes Futuro
6,7 2:4,6 Crente
Tópico Razão para lutar Como lutar
8,9 2:10,11 Cenário Desconhecido
11,12 2:15,16 Data Cerca de 66‐80 d.C
12,13 2:17
16 2:18
17 3:2
18 3:3
Embora nenhuma decisão seja conclusiva, a maioria dos estudiosos acredita que Pedro se
utilizou de Judas, e não o contrário, na hipótese de um ter usado o outro, como maneira de
explicar as semelhanças e diferenças.
Um forte argumento a favor daqueles que acreditam que Pedro utilizou Judas é a premissa de
ser mais provável um escritor posterior elaborar a partir de um documento mais antigo, ao
invés de resumi‐lo. Para outros, que acreditam que Judas se utilizou de Pedro, tem peso o
argumento de que, em Pedro, no referir‐se ao aparecimento dos falsos mestres, é
predominante o uso do tempo verbal futuro, mas Judas o faz com verbos no passado, o que,
segundo esta linha de pensamento, o colocaria numa data posterior (cf. Jd. 18; II Pe 3:3).
Pelo que lemos em Judas 3, o autor tencionava escrever aos seus leitores sobre a doutrina da
salvação, mas a urgência dos últimos acontecimentos o levaram a mudar os planos e manejar
sua pena na defesa da fé. Judas considerou sua carta uma exortação que adverte contra a
heresia surgida repentinamente (3).
AUTORIA
O autor identifica‐se com “Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago” (1). Dos seis homens
chamados Judas no Novo Testamento, Judas Iscariotes (Mc 3:19), Judas da Galiléia (At 5:37) e
Judas de Damasco (At 9:14) não podem ser, por razões óbvias. Judas Barsabás é improvável (At
15:22), ele teria usado seu nome completo e não consta que teria um irmão chamado Tiago.
Judas, filho de Tiago, um dos apóstolos (Lc 6:16; Jo 14:22; At 1:13) idem, pois o autor da carta
exclui‐se do grupo dos doze (17,18).
Resta‐nos Judas, meio‐irmão de Jesus, conforme Mt 6:3, que, por razões semelhantes a de seu
irmão Tiago (Tg 1:1), não usou sua relação natural com o Senhor como fonte de autoridade.
Por outro lado, Tiago, era homem conhecido suficientemente para estabelecer a referência de
sua pessoa (At 15; Gl 1:19).
DESTINATÁRIO
Pouco se pode afirmar acerca dos leitores originais de Judas. Do versículo três deduz‐se ter
havido estreito relacionamento entre o autor e eles, o que nega a afirmação de que esta carta
tinha por fim uma circulação geral, originalmente.
DATA
A data desta carta depende de como ela se relacionava com II Pedro. Se Pedro se utilizou dela,
ela foi escrita antes de 68 dC, ano provável da morte de Pedro. Se, todavia, Judas fez uso de II
Pedro, ela se localiza entre a data desta e a morte de Judas (64‐80 dC).
O USO DOS APÓCRIFOS
Judas é o único livro do Novo Testamento que cita livros apócrifos. Há uma citação direta
(14,15) de I Enoque (1:9) e uma possível citação da Assunção de Moisés (9).
Duas verdades podem ser salientadas quanto a isso:
(1) Judas, ao citar esses livros, não lhes atribui qualquer autoridade de “Escritura”. Ele
apenas faz uso de literatura conhecida de seus leitores para ilustrar sua
advertência. Assim também como Paulo se refere a escritores pagãos (At 17:28; I
Co 15:33; Tt 1:12), faz uso da tradição rabínica (II Tm 3:8) e cita um “midrash”
judaico (I Co 10:4).
(2) A inspiração divina capacita os escritores a selecionarem verdades dentre a
tradição (Lc 1:1‐4).
ESBOÇO
I. Introdução (1‐4)
II. Denúncia da impiedade e anúncio do julgamento dos falsos mestres (5‐16)
III. Exortação e bênção final (17‐25)
COMENTÁRIO
(I) Após a saudação (1,2) Judas esclarece o propósito de sua carta e explica uma
mudança de planos motivada pelo recente movimento que exige uma urgente
reação (3,4).
(II) Ao relembrar aos seus leitores exemplos de incredulidade no passado (5‐7), o
autor mostra que estes novos mestres são da mesma natureza ímpia daqueles
exemplos da história (8‐11). Segue‐se a descrição dos falsos mestres e sua
condenação (12‐16).
(III) A exortação aos fiéis começa com um lembrete da advertência apostólica (17‐19),
seguida do dever pessoal (20,21) e de uns para com os outros (22,23), e termina
com uma doxologia (24,25).
CAPÍTULO SÉTIMO
EPÍSTOLAS GERAIS
JOÃO
AS EPÍSTOLAS DE JOÃO
O Apóstolo João contribuiu com cinco livros para o cânon do Novo Testamento: O Evangelho
de João, as três epístolas que ora analisamos e o Apocalipse. Isto faz de João o autor mais
versátil do NT, por ser o único a escrever nos três tipos de literatura encontrados ali: histórico,
epistolar e apocalíptico.
AUTORIA
II e III João são, com justiça, denominadas de “irmãs gêmeas”. Uma simples comparação entre
elas demonstra que, inquestionavelmente, provieram do mesmo autor, como revela a tabela
abaixo:
II JOÃO III JOÃO
1 1
4 3
10,11 8, 9, 10
12 13,14
Enquanto que a terceira epístola foi destinada a um indivíduo, a segunda foi a uma igreja, o
que explica as diferenças e a razão para que existam duas, e não só uma.
Uma nova comparação entre II e III João com a I João, uma carta mais extensa, torna
indubitável que todas provieram do mesmo autor.
I JOÃO II JOÃO
1:4 12
1:6,7; 2:6,11 4
2:7 5,6
2:14,24 2
2:18; 4:1‐5 7
2:23 9
3:6,9 III Jo 11
“Dos treze versículos de II João, pelo menos sete podem ser combinados com versículos de I
João. É inescapável o fato de que todas as três epístolas vieram da mesma mão” (Broadus
David Hale).
Avançando o raciocínio, é igualmente impressionante a semelhança de palavras, conceitos e
estilo entre as epístolas de João e o seu evangelho, especialmente entre esse e a carta mais
extensa (I João).
O quadro abaixo fornece algumas semelhanças entre o quarto evangelho e I João, no que têm
em comum uma ou ambas as outras epístolas.
Evangelho I João II João III João
2:24 4:1‐3 7
8:31 3:18 1 1
10:18 4:21 4 3
13:34 2:7 5
14:21 5:3 6
15:11; 16:24 1:4 12,13 13,14
21:24 12
Já determinamos no estudo do evangelho de João que este Apóstolo, o “discípulo a quem
Jesus amava”, filho de Zebedeu e irmão de Tiago, o escreveu sendo ele o mesmo autor das
epístolas joaninas.
DATA
As epístolas de João foram escritas entre os anos 80 e 90 d.C. Contribuem para isso os fatos de
que o evangelho as precedeu e da falta de menção a perseguições, o que as encaixaria no
período anterior à perseguição sob Domiciano.
LOCAL DA COMPOSIÇÃO
Pelas epístolas de Paulo aos Colossenses e a Timóteo e pelas cartas de Pedro, fica estabelecido
que a heresia gnóstica estava se introduzindo na Ásia Menor. Acresça‐se a isso as tradições
mais antigas que associavam João e sua literatura com Éfeso, capital daquela região.
I JOÃO
Pelo que vimos acima, I João teria sido escrita a uma igreja, ou grupo de igrejas da Ásia Menor,
em torno de Éfeso, para advertir seus leitores acerca do ensino de homens heréticos (2:18;
4:1‐5). Tais mestres saíram de dentro da igreja, pelo que fica provado que não eram crentes
(2:19; 4:1‐3). O ensino que negava a encarnação de Cristo (4:3), sua vida incoerente com o
andar cristão (2:6‐10) e sua falta de amor (4:7‐13, 20,21) denunciavam sua natureza espúria.
Como antídoto ao falso ensino, João enfatiza que o cristianismo autêntico caracteriza‐se pela
fé em Jesus como o Cristo vindo em carne (4:2; 5:1,12,13), a obediência aos mandamentos de
Deus (2:15‐17; 2:29‐3:10) e uma atitude de amor a Deus e ao próximo (2:4‐11,15; 3:11‐18;
4:19‐21).
ESBOÇO
I. Introdução (1:1‐4)
II. As provas para a comunhão (1:5‐2:14)
III. As precauções para a comunhão (2:15‐28)
IV. Características da comunhão (2:29‐5:3)
V. Conseqüências da comunhão (5:4‐21)
COMENTÁRIO
(I) A introdução de João declara que a base de sua mensagem é a realidade histórica
de Jesus Cristo (1:1‐4). Através desta mensagem é possível haver comunhão com o
Pai, com o filho e com outros crentes.
(II) É necessário que uma confissão em Cristo seja acompanhada por uma obediência
prática aos mandamentos de Deus. Quando um crente peca, ele é perdoado, mas
nem por isso ele economizará esforços na prática dos mandamentos de Deus. Esta
atitude é prova de que conhece e pertence a Deus (1:5‐2:11). Ademais, os crentes,
já perdoados e em comunhão com Deus, são fortalecidos para que possam vencer
as tentações (2:12‐14).
(III) As precauções para a comunhão são tanto práticas quanto doutrinárias (2:15‐23).
De sorte que, em contraste com os “anticristos”, os crentes têm o conhecimento
da verdade e a unção do Santo para não precisarem dar ouvidos àqueles (2:24‐28).
(IV) Em seguida, João introduz o tema da regeneração e declara ser esta demonstrada
na retidão (2:29‐3:10) e no amor (3:10‐23). Em 3:24 é iniciado o tema da habitação
de Deus em nós, pelo Espírito. A presença do Espírito confirma a encarnação de
Cristo e a doutrina apostólica (4:1‐6) tanto quanto se revela pelo amor aos irmãos
como reflexo da realidade da encarnação (4:7‐16). Também antecipa a perfeita
comunhão por vir pela vitória sobre o temor (4:17‐19). Em 4:20‐5:3 João
novamente une os temas do amor e obediência a Deus e do amor ao próximo.
(V) A vitória sobre o mundo é a experiência do homem regenerado, que tem fé em
Jesus (5:4,5), plenamente testificado como o Cristo (5:6‐13). Segue‐se a
experiência do acesso a Deus, em oração (5:14‐17).
(VI) A carta é concluída com três certezas (5:18‐20) e uma exortação (5:21). Primeira,
que o homem regenerado não permanece no pecado (18); segunda, que somos
possessão de Deus (19) e terceira, que temos a vida eterna em Jesus Cristo (20).
I Jo 5.18‐21 – 3 certezas:
(1) O pecado é uma ameaça à comunhão e deve ser considerado algo estranho na posição
do crente em Cristo (cf; Rm 6);
(2) O crente está em Deus contra o sistema satânico do mundo;
(3) A encarnação produz verdadeiro conhecimento e comunhão com Cristo. Visto ser Ele
“o verdadeiro Deus e a vida eterna”, aquele que o conhece deve fugir do engodo de
qualquer substituto.
II JOÃO
Esta carta foi endereçada a uma igreja (1,13). O termo “eleita” também é usado em I Pe 5:13
para referir‐se a uma igreja.
O propósito desta carta é advertir a igreja contra a heresia do gnosticismo (7‐9) e adverti‐los a
não darem boas vindas aos “anticristos”, mestres do erro (10,11).
ESBOÇO
I. Saudação (1‐4)
II. Cumprir o mandamento já dado (5‐6)
III. Conservar a verdade já possuída (7‐9)
IV. Não receber falsos mestres (10,11)
V. Conclusão e saudação final (12,13)
COMENTÁRIO
(I) Na introdução, o Apóstolo João apresenta‐se como “o presbítero” e fala da sua
alegria de ver os crentes no amor e na verdade (1‐4).
(II) Segue‐se uma exortação para que continuem no mandamento da verdade e do
amor. (5‐6).
(III) Os heréticos são descritos como aqueles que negam a encarnação de Jesus (7).
Aqui a igreja é exortada a conservar a doutrina que os “anticristos” negam (8),
permanecendo a certeza de que “quem persevera na doutrina de Cristo, esse
tem tanto ao Pai como ao Filho” (9).
(IV) Que os heréticos não recebam atenção nem hospitalidade para que o seu erro
não seja promovido (10,11).
(V) A carta é concluída com a esperança do autor em ver seus leitores (12) e com
uma saudação final da parte da igreja de onde ele escreve (13).
III JOÃO
Esta carta é escrita a um desconhecido nosso chamado Gaio (1). João se refere a uma carta
anterior escrita à igreja, mas que um certo Diótrefes havia censurado e recusado hospitalidade
aos enviados do Apóstolo (9).
Diótrefes não apenas não recebeu os mensageiros de João, como também excluiu da igreja
aqueles que quiseram recebê‐los (10).
Os mensageiros retornaram a João com as notícias e ele agora escreve a Gaio, solicitando‐lhe
ajuda para aqueles missionários (5,6).
Demétrio é colocado em contraste com Diótrefes e, possivelmente, um excluído da igreja e
seguidor fiel da verdade (12).
ESBOÇO
I. Saudação (1)
II. Oração por saúde e alegria pela fidelidade (2‐4)
III. Elogio pelo amparo aos missionários (5‐8)
IV. Diótrefes é condenado pela inospitalidade e presunção (9,10)
V. Elogio a Demétrio (11,12)
VI. Saudação final (13,14)
COMENTÁRIO
(I) O autor identifica a si como “o presbítero” e o destinatário como “Gaio” (1).
(II) O Apóstolo afirma seu amor por Gaio e seu interesse pelo seu bem estar físico
e espiritual além de registrar sua alegria por saber que ele está firme na
verdade (2‐4).
(III) João solicita a Gaio que conceda amparo aos seus enviados, para que, com
isso, promova a verdade (5‐8).
(IV) Segue‐se denúncia contra Diótrefes no que o autor afirma que seu problema é
procurar “ter entre eles o primado”, ou seja, arrogância (9,10).
(V) Ao contrário, em favor de Diótrefes, pesa o testemunho da verdade e dos
crentes (11,12) de que “tem visto a Deus”.
(VI) O autor tem mais a escrever, mas porquanto planeja ver seus leitores face a
face, falará com eles pessoalmente. Segue a saudação final (13‐15).
• Ao contrário de 1 e 2 Jo o autor não faz menção direta ao nome de Cristo. O VS 7 é
uma menção indireta.
I, II E III JOÃO
João reúne os conceitos que apresentou numa cadeia circular de 6 elos, a qual começa com o
amor pelos irmãos (4.20 – 5.17):
(1) O amor pelos crentes é o produto inseparável do amor por Deus (4.20‐5.1);
(2) O amor por Deus emana da obediência a Seus mandamentos (5.2‐3);
(3) A obediência a Deus é o resultado da fé em Seu Filho (5.4‐5);
(4) Esta fé em Jesus, que era o Cristo n]ao só em seu batismo (a água), mas também em
sua morte (o sangue; 5.6‐8);
(5) O divino testemunho quanto à pessoa de Cristo é digno de plena confiança (5.9‐13);
(6) Esta fé produz convicto acesso a Deus em oração (5.14‐17). Visto que a oração
intercessória é uma manifestação do amor pelos outros a cadeia se fecha.
É permitida a reprodução deste material para uso do Evangelho
Citações da Bíblia da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (ACF),
© 1994 1995, 1996, 1997. Novo Testamento © 1979‐1997.
Autoria: Pr. Ary Queiroz Vieira Junior