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A canção cantada por Billie Holiday em 1939, presente na trilha sonora da série “Olhos que
condenam” é uma das muitas linhas de condução da narrativa construída pela diretora Ava
DuVernay, que se desenvolve a partir do episódio recente da história americana em que um grupo
de adolescentes fora acusado de agredir e estuprar uma mulher branca no Central Park, o parque
mais famoso de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Os cinco jovens foram presos e passaram mais
de uma década na cadeia. Os cinco acusados foram liberados em 2002, após evidências de DNA
comprovarem a inocência dos jovens Raymond Santana, Korey Wise, Antron McCray, Kevin
Apartir desta breve introdução é de suma importância citar o nome destes jovens e explicitar o lugar
em que moravam à época de suas condenações injustas. Os garotos residiam no Harlem bairro que à
época da narração fazia parte do complexo subúrbio novaiorquino, no Harlem estes garotos
guerra e nos anos 80, reduto afroamericano e latino em Nova york, local em que as origens
socioculturais destes jovens marcam o espaço segregado que ocupam na cidade. Em seus nomes, na
descrição de suas famílias e origens socioculturais o documentário mostra a para além do racismo
latina e afroamericana, em que podemos notar traços descritivos das personalidades dos jovens
retratados em seus hábitos, desejos, vestes, cabelos e roupas. Mas é o racismo estrutural, aquele que
segregação espacial nas cidades e da criminalização das culturas negras e latinas, o qual faz com
que os cinco jovens descritos sejam criminalizados mesmo sem evidências comprovadoras de suas
participações no crime.
série mostra a íntima colaboração entre, procuradoria e investigadores na culpabilização injusta dos
acusados, para isto a promotoria monta sua narrativa alterando a realidade dos acontecimentos
“Ninguém vai acreditar que um menino como você fosse ficar só olhando”, a fala do policial em um
dos episódios expressa a condenação prévia, componente racista no sistema de justiça norte-
americano. Entre os artifícios utilizados pela acusação na incriminação dos jovens esta a alteração
do horário do acontecimento. Outro elemento deste episódio histórico nos EUA retratado no
documentário foi sua repercussão midiática e as declarações racistas e reforçadoras da ação ilegal
Todos estes elementos somados: exposição midiática, criminalização da pobreza e racismo contra
latinos e afroamericanos, vão ser somados a elementos descritivos de mais uma etapa da segregação
e subalternização destes jovens, quando estes são condenados e ingressam no sistema prisional.
Neste ambiente suas vidas já estigmatizadas pela condenação ilegal serão marcadas por suas
trajetórias no sistema prisional, nele são novamente segregados e violentados. Após saída de parte
do grupo de jovens do sistema prisional em liberdade condicional, suas vidas continuam marcadas
pela condenação, e não conseguem retomar parte de suas trajetórias e desejos de antes do cárcere.
O caso reaberto após confissão do autor do crime e de novas evidências, o que resulta em 2002 na
cultural de segregação e subalternização destas populações. Podemos voltar à canção “Strange Fruit”
dos anos 30, e perceber que o racismo é mecanismo constante na história americana de
criminalização e extermínio dos negros. Mesmo após a luta por direitos civis da população
afroamericana o racismo ainda é componente constitutivo das ações do Estado e alguns de seus
agentes.