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Resumo: Este artigo se propõe a apresentar como os diferentes usos das tecnologias na comunicação
têm redefinido as rotinas e processos do trabalho da assessoria de imprensa, que passa a incorporar a
gestão das redes sociais como principal atribuição. As mídias tradicionais dão lugar às mídias digitais,
que são importantes ferramentas de relacionamento com a imprensa e seus diferentes públicos, tornando-
se canais oficiais de informação institucional. Características próprias do ambiente digital como
interatividade e instantaneidade reconfiguram a circulação das notícias e, consequentemente, a produção
de conteúdo e as estratégias de comunicação. O artigo apresenta uma revisão bibliográfica sobre o tema
e, como estudo de caso, analisa a gestão das páginas oficiais da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP), Twitter e Facebook, que a partir das características da Web 2.0, são as principais fontes de
informação da instituição.
Introdução
As diferentes potencialidades das redes sociais têm reconfigurado, nos últimos anos, as
rotinas de produção, as estratégias de comunicação, circulação de conteúdo e todo um conjunto
de ações que permeiam o trabalho da Assessoria de Imprensa. O presente artigo se propõe a
analisar a gestão das redes sociais como principal atribuição da Assessoria de Imprensa nos dias
de hoje e quais as consequências no relacionamento com jornalistas e na interação direta com
os diversos públicos das organizações. A análise dessa apropriação se dará por meio de estudo
4 Disponível em <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2013-agencia-de-
noticias/releases/20073-pnad-continua-tic-2016-94-2-das-pessoas-que-utilizaram-a-internet-o-fizeram-para-
trocar-mensagens.html>. Acesso em 08 mai 2018.
5 Disponível em <https://www.internetworldstats.com>. Acesso em 08 mai 2018.
que 22,9% delas usam Facebook. No Brasil, os números são maiores, 67,5% da população tem
acesso e 53,9% desse total, usam Facebook. Em relação ao Twitter, CIPRIANI (2014, p.3)
indica que mais de 218 milhões de pessoas frequentam a rede social que mais rapidamente
cresce no mundo.
Lançado comercialmente em 2004, o Facebook alcançou 2,13 bilhões de usuários ativos
por mês, no final de 20176. As pessoas normalmente se colocam como perfis, os quais seguem
outros perfis, páginas ou grupos de interesse; e as empresas, instituições ou pessoas públicas
são cadastradas como páginas ou fanpages, as quais são curtidas ou seguidas pelos usuários. O
Facebook possibilita divulgar links, textos, enquetes, imagens e vídeos conectados em sua
timeline que são acessados pelos usuários em modo público ou restrito. Esse acesso permite
ações de compartilhamento, reações positivas e negativas nos posts por meio dos botões de
curtidas, além de comentários com inclusão de texto e imagem direto nos posts.
O Twitter é um microblog dinâmico amplamente usado para interação direta entre
usuários. Cada post/tweet suporta até 280 caracteres e permite divulgação de textos, vídeos,
fotos e links com interações de retweets (compartilhamento), comentários e reação por meio do
botão “amei”. No Twitter não é possível deixar outras reações como no Facebook. Uma
característica comum observada é que muitas organizações ainda têm usado essa ferramenta
segundo o modelo transpositivo, o que para Gabriela Zago (2008) trata-se de uma possibilidade
interessante, pois “permite a presença da organização no Twitter sem que efetivamente precisem
produzir um conteúdo específico para ser veiculado na ferramenta” (ZAGO, 2008, p. 11).
Mas o uso do Twitter como estratégia comunicacional para Assessoria de Imprensa pode
ir além da replicação de links. É possível usá-lo na transmissão de notícia em tempo real, criação
de enquetes, interação via hastags, cobertura de eventos ou entrevistas. O Twitter possibilita
também que os porta-vozes das organizações possam se posicionar de forma direta, em seus
perfis pessoais, o que garante a confiabilidade da declaração e fonte direta de informação para
a imprensa. A produção de conteúdo específico para o Twitter e a gestão de relacionamento com
os usuários são estratégias comunicacionais que diferem as organizações no microblog.
Ainda no que se refere às práticas diárias das assessorias, entra em cena um novo modo
de se relacionar com imprensa. Além dos e-mails, contato telefônico ou até mesmo visitas às
redações, o uso de aplicativos multiplataforma de troca de mensagens para smartphones, como
6 Disponível em <http://link.estadao.com.br/noticias/empresas,facebook-chega-a-2-13-bilhoes-de-usuarios-em-
todo-o-mundo,70002173062>. Acesso em 04 mai 2018.
WhatsApp, Hangout, Skype, Telegram tornou o acesso ágil e instantâneo. Além de mensagens
de texto, assessores e jornalistas podem trocar imagens, áudio, vídeos e documentos.
Raquel Recuero indica que, nas redes sociais há elementos característicos como “a
capacidade de difundir informações através das conexões existentes entre atores” (RECUERO,
2009, p.116). Em função disso, a possibilidade de diálogo com os públicos, compartilhamento
de assuntos de interesse comum e interação com os públicos, a gestão dessas ferramentas
precisa se ater às características de cada rede social. Elas permitem compartilhamento de
opiniões, ideias, experiências e perspectivas por meio de textos, imagens, áudio e vídeo. Nelas,
o público busca se informar com seus pares, compartilhar informações, e ainda, influenciar seus
seguidores gerando, assim, novas práticas sociais e transformações nos processos
comunicativos. Além disso, muitos jornalistas fazem uso das redes sociais para encontrar
pautas, fontes e verificar informações.
Considerações finais
A Comunicação Digital alterou de forma substancial a maneira como as organizações
se comunicam e se relacionam com seus públicos de interesse. Os padrões de bidirecionalidade,
instantaneidade e intermediação foram atingidos em diferentes níveis. Porém, mesmo com
grande parte dos públicos envolvidos ativamente nas conexões das redes sociais, as
transformações ocorridas nos suportes midiáticos, narrativas e temporalidades
comunicacionais, ainda não foram absorvidas em sua integralidade pelas organizações e suas
assessorias.
A divulgação de notícias feita pela Assessoria de Imprensa de muitas organizações ainda
tem se pautado na primeira fase, com uso somente de transposição de conteúdos. As notícias
são divulgadas em seus sites institucionais e os links são postados no Facebook e Twitter
acompanhados de um pequeno texto explicativo. A ideia é fazer com que o usuário vá até o site
para ter acesso à notícia completa e ainda possa navegar por outras notícias ou informações.
Mas é preciso destacar que o acesso muitas vezes é feito em dispositivos móveis, como
smartphones ou tablets. O uso de redes sociais em mobilidade pode dificultar a leitura de textos
longos ou a visita a sites complexos, via links. Além disso, a capacidade de banda dos usuários
ainda é limitada. O acesso pago via dados móveis, também é outro elemento que pode ser um
entrave para a difusão correta das informações e vídeos que muitas vezes não são acessados,
pois demandam o uso de uma banda maior.
A análise das páginas oficiais da UFOP no Facebook e Twitter indica que ainda
prevalece em suas redes sociais a lógica da mídia tradicional, sem o uso das funcionalidades da
Comunicação Digital, potencializadas por meio da convergência digital e da interatividade. A
ausência de estratégias de Comunicação Digital pode enfraquecer a gestão de relacionamento
com o público, que é uma importante ferramenta das redes sociais. A principal consequência
disso é a perda de espaço e interação no meio e a desvinculação do papel do usuário na
construção das redes sociais. E se não há estratégia de ação para o trabalho diário, também não
há planejamento para uma possível crise de imagem nos meios digitais, que já é realidade nos
grupos de discussão que publicam denúncias de assédio, machismo, homofobia, discriminação
e diversas outras ações negativas que envolvem a universidade. A gestão das redes sociais é
uma das principais atribuições da Assessoria de Imprensa da UFOP, principalmente em função
do grande número de público que o Facebook atinge, entretanto ainda não há uma visão
estratégica sobre a importância desse trabalho, que tem originado pautas e dialogado com o
principal público da universidade que é a comunidade acadêmica e a comunidade local, onde a
UFOP atua.
Com o crescimento do mundo digital e a ascensão do conteúdo online, o assessor
necessita, agora, entender esse âmbito e saber gerar e gerenciar conteúdos adaptados às redes
sociais, que passaram a ser muito mais complexos, com a conexão de texto, vídeo, som e
imagem. As tecnologias da informação introduziram novas possibilidades no fazer jornalístico
em assessoria de imprensa, com linguagem, formato, personalização e, principalmente,
interatividade, para potencializar os resultados (MOTA et.al., 2011). A exemplo do Jornalismo
2.0 e suas adaptações frente à web 2.0, adequar a assessoria de imprensa às redes digitais é um
dos grandes desafios para a comunicação.
Um dos caminhos possíveis indicados por Margarida Kunsch (2016) dentro desse
contexto digital é o envolvimento de todas as áreas da empresa ou organização: pessoas,
estratégia e estrutura, conteúdo e tecnologia para que a comunicação organizacional passe dos
fluxos lineares aos fluxos interativos. A gestão das redes sociais é hoje uma das principais
atribuições da Assessoria de Imprensa, mas os desafios são muitos para que essa gestão seja
realizada de forma estratégica e planejada.
REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a internet, os negócios e a
sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003.
RECUERO, Raquel. Análise de redes para mídia social. / Raquel Recuero, Marco Bastos e
Gabriela Zago. – Porto Alegre: Sulina, 2015.
RECUERO, Raquel. Diga-me com quem falas e dir-te-ei quem és: a conversação mediada
pelo computador e as redes sociais na internet. FAMECOS, v.1, n.38, pp.118-128, abr.2009.