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Gestão de redes sociais como atribuição da Assessoria de Imprensa: estudo

das páginas oficiais da UFOP no Twitter e Facebook 1

RIBEIRO, Lícia (mestranda)2


Universidade Federal de Ouro Preto/Minas Gerais

PRATA, Nair (doutora) 3


Universidade Federal de Ouro Preto/Minas Gerais

Resumo: Este artigo se propõe a apresentar como os diferentes usos das tecnologias na comunicação
têm redefinido as rotinas e processos do trabalho da assessoria de imprensa, que passa a incorporar a
gestão das redes sociais como principal atribuição. As mídias tradicionais dão lugar às mídias digitais,
que são importantes ferramentas de relacionamento com a imprensa e seus diferentes públicos, tornando-
se canais oficiais de informação institucional. Características próprias do ambiente digital como
interatividade e instantaneidade reconfiguram a circulação das notícias e, consequentemente, a produção
de conteúdo e as estratégias de comunicação. O artigo apresenta uma revisão bibliográfica sobre o tema
e, como estudo de caso, analisa a gestão das páginas oficiais da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP), Twitter e Facebook, que a partir das características da Web 2.0, são as principais fontes de
informação da instituição.

Palavras-chave: Assessoria de imprensa; Mídias digitais; Redes sociais.

Introdução
As diferentes potencialidades das redes sociais têm reconfigurado, nos últimos anos, as
rotinas de produção, as estratégias de comunicação, circulação de conteúdo e todo um conjunto
de ações que permeiam o trabalho da Assessoria de Imprensa. O presente artigo se propõe a
analisar a gestão das redes sociais como principal atribuição da Assessoria de Imprensa nos dias
de hoje e quais as consequências no relacionamento com jornalistas e na interação direta com
os diversos públicos das organizações. A análise dessa apropriação se dará por meio de estudo

1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Digital, integrante do V Encontro Regional Sudeste de


História da Mídia – Alcar Sudeste, 2018.

2 Jornalista, mestranda do Programa de Mestrado Comunicação e Temporalidades da Universidade Federal de


Ouro Preto – PPGCOM - UFOP, especialização em Gestão Estratégica da Comunicação (PUC-Minas).
Membro do ConJor. E-mail: licia.silvaribeiro@gmail.com.

3 Jornalista, doutora em Linguística Aplicada (UFMG), com estágio de pós-doutoramento na Universidad de


Navarra (Pamplona, Espanha). Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP). Diretora Científica da Intercom e vice-presidente da Associação Brasileira de
Pesquisadores de História da Mídia (Alcar). Membro do ConJor. E-mail: nairprata@uol.com.br
do trabalho da Assessoria de Comunicação Institucional da Universidade Federal de Ouro Preto
(ACI-UFOP) e como isso é refletido nas páginas oficiais da UFOP no Twitter e Facebook.
A rotina de trabalho do assessor de imprensa vai muito além do envio das sugestões de
pauta e relacionamento com jornalistas para divulgar clientes, pessoas ou instituições. De
acordo com o Manual de Assessoria de Comunicação/Imprensa da Federação Nacional dos
Jornalistas (Fenaj), publicado em 2007, o trabalho de Assessoria de Imprensa realizado por
jornalistas por definição, abrange: elaboração de press-releases, sugestões de pauta e press-kits;
relacionamento formal e informal com os pauteiros, repórteres e editores da mídia;
acompanhamento de entrevistas de suas fontes; organização de coletivas; edição de jornais,
revistas, sites de notícias e material jornalístico para vídeos; preparação de textos de apoio,
sinopses, súmulas e artigos; organização do mailing de jornalistas; clipping de notícias
(impressos, internet e eletrônicos); arquivo de material jornalístico; e participação na definição
de estratégias de comunicação (FENAJ, 2007). Após 11 anos dessa publicação, muitas dessas
atividades que eram realizadas off-line ainda permanecem, mas com o avanço do uso das
tecnologias digitais nas práticas comunicacionais, mudanças importantes são identificadas tanto
no relacionamento com imprensa e com os diversos públicos quanto na produção de conteúdo.
A divulgação e sugestão de pautas e notícias passam a se enquadrar nas singularidades das
mídias digitais que ganham espaço de destaque, como blogs, Facebook, Twitter, Instagram,
Youtube, Linkedin e WhatsApp. Os sites de redes sociais já são parte do cotidiano das pessoas
e a apropriação dessas redes como mídias sociais têm se dado na medida em que os usuários
interagem, filtram, criam e selecionam as informações (RECUERO, BASTOS, ZAGO, 2015).

Contexto da Comunicação Digital


O posicionamento estratégico da comunicação digital para ampliar o diálogo das
organizações com seus públicos de interesse e com a imprensa requer uma reflexão sobre o
cenário em que essas estão inseridas, o impacto das tecnologias nos processos comunicacionais
e a configuração da sociedade em redes dominada pelo poder da internet, como caracteriza
Castells (2003). O contexto dinâmico, cada vez mais flexível, mutante e complexo, requer um
olhar diferenciado do assessor para as transformações do ambiente externo, as perspectivas
interativas de relacionamento com os diversos públicos envolvidos e as novas demandas
sociais. As práticas diárias e a produção de conteúdo que antes passavam exclusivamente pelo
filtro das mídias ditas tradicionais, como rádio e TVs analógicos e jornal impresso passam a
incorporar as mídias digitais e as diferentes possibilidades que elas oferecem. Muito além do
envio de releases por e-mail, hoje, a comunicação tem acontecido fundamentalmente de forma
digital sendo interativa, direta e instantânea com seus públicos. Margarida Kunsch (2016)
destaca que os desafios da prática diária dentro do contexto digital se dão também em função
dos novos fluxos da comunicação, que passam de lineares para interativos. Segundo Recuero
(2009), a capacidade de difundir informações existentes entre atores alterou de forma
significativa os fluxos de informações de forma mais rápida e mais interativa.
O surgimento da Internet proporcionou que as pessoas pudessem difundir as
informações de forma mais rápida e mais interativa. Tal mudança criou novos fluxos
e canais e, ao mesmo tempo, uma pluralidade de novas informações circulando nos
grupos sociais. Juntamente com essa complexificação, o aparecimento de ferramentas
de publicação pessoal, tais como weblogs, fotologs, e mesmo o Youtube, por exemplo,
deu força e alcance para esses fluxos (Adar &Adamic, 2005), ampliando a
característica de difusão das redes sociais (RECUERO, 2009, p. 116).

A nova postura do cidadão-consumidor, mais exigente, participativo e consciente dos


seus direitos requer uma visão estratégica do comunicador com foco no diálogo ágil com seus
públicos, que deixam de ser apenas agentes passivos e se tornam também agentes ativos no
processo comunicacional. “A expressão cultura participativa serve para caracterizar o
comportamento do consumidor midiático contemporâneo, cada vez mais distante da condição
receptor passivo. São pessoas que interagem com um sistema complexo de regras, criado para
ser dominado de forma coletiva” (JENKINS, 2008, p. 29).
Para atuar nesse contexto dinâmico e complexo, as organizações precisam considerar as
perspectivas interativas e de atuação instantânea, características intrínsecas da Web 2.0
indicadas por Palácios (1999, 2003), que estão muito além do que era feito há alguns anos com
Comunicação Organizacional tradicional. “A comunicação não é mais descrita como transmissão
de mensagens ou conhecimento, mas como uma atividade prática que tem como resultado a
formação de relacionamento” (KUNSCH apud TAYLOR, 2016, p. 49).
Para padronizar o uso do termo no presente artigo, buscamos definir redes sociais e
mídias sociais. CIPRIANI (2014, p. 5) define mídias sociais como “ferramentas que permitem
a formação de discussões entre as pessoas e empresas na rede, colocando o usuário em primeiro
lugar”. Já as redes sociais, para o autor, “são um dos tipos de ferramentas oferecidas pela
plataforma Web 2.0 e que constituem exemplos de mídia social”. Para Raquel Recuero (2009)
as redes sociais são constituídas de representações dos atores sociais e suas conexões. E são
essas conexões, seu alcance e interações que interessam à nova configuração do trabalho de
Assessoria de Imprensa. Optamos então pelo uso do termo redes sociais como padrão.
Gestão das ferramentas digitais como atribuição da Assessoria de Imprensa
O uso das plataformas digitais interativas exige que as rotinas produtivas e as estratégias
de comunicação sejam revistas. Se antes a assessoria de imprensa precisava “conquistar” espaço
nos veículos para alcançar seu público de interesse, nas redes sociais a interação ocorre de forma
direta, sem intermediários, em tempo real. Dentro dessa perspectiva, a gestão das ferramentas
digitais passa a assumir, portanto, um papel de grande relevância nas instituições, com funções
mais estratégicas do que meramente táticas e técnicas. As redes se tornam o elo que deve
compreender e analisar o ambiente como um todo, transformando informações em estratégias
integradas perante as ameaças e oportunidades, por meio de uma relação mais próxima com
seus diferentes públicos. Para Carolina Terra (2009, p. 13), “trata-se de mais um papel a ser
assumido pelo comunicador: gestor da imagem nas redes sociais, sendo capaz de avaliar a
presença da marca e propor estratégias que deponham a favor das organizações”.
Habilidades fundantes da Comunicação Digital integram o cotidiano das organizações,
no que se refere à produção de conteúdo com narrativa própria, conexão de textos, produção de
vídeos, imagens e sons, mensuração, métricas e multiplicidade de vozes. Marcos Palacios
(1999) mapeou cinco características do ciberjornalismo para produção de conteúdo em meio
digital:
Interatividade: o usuário se sente parte do processo, ao emitir opiniões, produzir conteúdo
próprio que complementa a informação dada por outros atores sociais, ou pelo simples contato
com a outra parte.
Instantaneidade: indica a rapidez do acesso, facilidade de produção e de disponibilização,
propiciadas pela digitalização da informação que permitem agilidade de atualização do
material.
Hipertextualidade: possibilita a interconexão de textos por meio de links (hiperligações), os
usuários podem postar links de direcionamento para outras páginas, com o objetivo de publicar
informações mais completas.
Personalização ou individualização: permite a customização do conteúdo de acordo com seus
interesses individuais.
Multimidialidade: se refere à convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem,
texto e som) na narração do fato jornalístico; a característica hipertextual da Internet reforça a
convergência desse meio, pois, com essa estrutura, o usuário pode navegar em uma sequência
não-linear, indo de uma página a outra, com acesso às informações em todas as suas formas.
Memória: na web se torna coletiva, por meio do processo de hiperligação entre os diversos nós
que a compõem. O volume de informação disponível ao usuário e ao produtor da notícia cresce
exponencialmente e pode ser acessado a qualquer momento.
Além das características do meio, Palácios et al. (2002) apontam três fases do
webjornalismo, que se correlacionam com os tipos de tratamentos informativos desenvolvidos
nas redes sociais pelas assessorias de imprensa. A primeira fase se caracteriza por um modelo
transpositivo, que funciona de acordo com a lógica da mídia tradicional, no qual as informações
são repassadas em seus canais de comunicação, ou seja, são divulgados links que levam às
matérias institucionais no site, sem o uso da interatividade proporcionada pelo meio. A segunda
fase é marcada pela tentativa de explorar as características oferecidas pela rede, sem abandonar,
no entanto, a transposição de conteúdo. Nessa fase, a interatividade e a hipertextualidade são
utilizadas; porém, as possibilidades dadas pelas redes sociais e a comunicação integrada não
são potencializadas. Já na terceira fase, é possível encontrar o uso de todas características
descritas pelos autores, com o uso correlacionado de todos os formatos informativos (texto, som
e imagem). Essa fase se caracteriza pela produção de conteúdo destinado diretamente às redes
sociais, bem como pelo diálogo entre diferentes áreas da comunicação social.

O uso do Facebook e Twitter pelas assessorias de imprensa


A gestão de informações seja em suporte de texto, áudio, imagem ou vídeo tem se dado
principalmente por meio de mídias digitais e interativas como Twitter, Facebook, Instagram,
LinkedIn e WhatsApp, que muitas vezes passam a ser os canais oficiais de informação dessas
organizações, ocupando papel central no trabalho diário do assessor de imprensa. Neste artigo,
vamos nos ater ao Facebook e Twitter que têm características similares e são as redes mais
usadas pela Universidade Federal de Ouro Preto.
Segundo pesquisa realizada pelo suplemento de Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio Contínua (Pnad Contínua)
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)4, realizada no 4º trimestre de 2016,
dos 116 milhões de pessoas que acessaram a internet no Brasil em 2016, 94,2% enviaram ou
receberam mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos, o que inclui redes sociais, como
Facebook, e programas de mensagem, como Whatsapp. Segundo pesquisa realizada em junho
de 2016 pelo site Internet World Stats5, 49,5% da população mundial acessa a internet, sendo

4 Disponível em <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2013-agencia-de-
noticias/releases/20073-pnad-continua-tic-2016-94-2-das-pessoas-que-utilizaram-a-internet-o-fizeram-para-
trocar-mensagens.html>. Acesso em 08 mai 2018.
5 Disponível em <https://www.internetworldstats.com>. Acesso em 08 mai 2018.
que 22,9% delas usam Facebook. No Brasil, os números são maiores, 67,5% da população tem
acesso e 53,9% desse total, usam Facebook. Em relação ao Twitter, CIPRIANI (2014, p.3)
indica que mais de 218 milhões de pessoas frequentam a rede social que mais rapidamente
cresce no mundo.
Lançado comercialmente em 2004, o Facebook alcançou 2,13 bilhões de usuários ativos
por mês, no final de 20176. As pessoas normalmente se colocam como perfis, os quais seguem
outros perfis, páginas ou grupos de interesse; e as empresas, instituições ou pessoas públicas
são cadastradas como páginas ou fanpages, as quais são curtidas ou seguidas pelos usuários. O
Facebook possibilita divulgar links, textos, enquetes, imagens e vídeos conectados em sua
timeline que são acessados pelos usuários em modo público ou restrito. Esse acesso permite
ações de compartilhamento, reações positivas e negativas nos posts por meio dos botões de
curtidas, além de comentários com inclusão de texto e imagem direto nos posts.
O Twitter é um microblog dinâmico amplamente usado para interação direta entre
usuários. Cada post/tweet suporta até 280 caracteres e permite divulgação de textos, vídeos,
fotos e links com interações de retweets (compartilhamento), comentários e reação por meio do
botão “amei”. No Twitter não é possível deixar outras reações como no Facebook. Uma
característica comum observada é que muitas organizações ainda têm usado essa ferramenta
segundo o modelo transpositivo, o que para Gabriela Zago (2008) trata-se de uma possibilidade
interessante, pois “permite a presença da organização no Twitter sem que efetivamente precisem
produzir um conteúdo específico para ser veiculado na ferramenta” (ZAGO, 2008, p. 11).
Mas o uso do Twitter como estratégia comunicacional para Assessoria de Imprensa pode
ir além da replicação de links. É possível usá-lo na transmissão de notícia em tempo real, criação
de enquetes, interação via hastags, cobertura de eventos ou entrevistas. O Twitter possibilita
também que os porta-vozes das organizações possam se posicionar de forma direta, em seus
perfis pessoais, o que garante a confiabilidade da declaração e fonte direta de informação para
a imprensa. A produção de conteúdo específico para o Twitter e a gestão de relacionamento com
os usuários são estratégias comunicacionais que diferem as organizações no microblog.
Ainda no que se refere às práticas diárias das assessorias, entra em cena um novo modo
de se relacionar com imprensa. Além dos e-mails, contato telefônico ou até mesmo visitas às
redações, o uso de aplicativos multiplataforma de troca de mensagens para smartphones, como

6 Disponível em <http://link.estadao.com.br/noticias/empresas,facebook-chega-a-2-13-bilhoes-de-usuarios-em-
todo-o-mundo,70002173062>. Acesso em 04 mai 2018.
WhatsApp, Hangout, Skype, Telegram tornou o acesso ágil e instantâneo. Além de mensagens
de texto, assessores e jornalistas podem trocar imagens, áudio, vídeos e documentos.
Raquel Recuero indica que, nas redes sociais há elementos característicos como “a
capacidade de difundir informações através das conexões existentes entre atores” (RECUERO,
2009, p.116). Em função disso, a possibilidade de diálogo com os públicos, compartilhamento
de assuntos de interesse comum e interação com os públicos, a gestão dessas ferramentas
precisa se ater às características de cada rede social. Elas permitem compartilhamento de
opiniões, ideias, experiências e perspectivas por meio de textos, imagens, áudio e vídeo. Nelas,
o público busca se informar com seus pares, compartilhar informações, e ainda, influenciar seus
seguidores gerando, assim, novas práticas sociais e transformações nos processos
comunicativos. Além disso, muitos jornalistas fazem uso das redes sociais para encontrar
pautas, fontes e verificar informações.

Características das páginas oficiais da UFOP no Facebook e Twitter


A Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Ouro Preto (ACI-UFOP)
atende os três campi (Ouro Preto, Mariana e João Monlevade) com uma equipe enxuta para
trabalhar as demandas da imprensa, produção da newsletter semanal “UFOP online” e produção
de conteúdo diária para alimentar o site e as redes sociais da universidade, Facebook, Twitter,
Instagram e Flickr. Segundo informações coletadas em entrevista realizada em maio de 2018
com a jornalista Lígia Souza, responsável pela gestão das redes sociais na ACI/UFOP, o site
institucional é o canal oficial de informações da universidade, porém o Facebook é o principal
canal de difusão e o mais acessado tanto pelos seus públicos diretos e quanto pela imprensa.
A equipe de trabalho da ACI/UFOP conta com quatro jornalistas e 16 bolsistas. Desses,
um jornalista e dois bolsistas são responsáveis pela gestão das redes sociais. Não há um
planejamento de ações de Comunicação nem para as redes sociais, nem para as mídias
tradicionais, exceto em grandes campanhas como Sistema de Seleção Unificada (SISU) ou de
economia de água e energia. O trabalho é realizado a partir de demanda vinda da comunidade
acadêmica ou da imprensa e essa é a principal dificuldade da assessoria em alcançar mais
eficiência na divulgação das ações da universidade.
Em relação ao trabalho específico para as redes sociais, eles consideram o Facebook o
principal canal de informação com seus públicos, em função do grande número de seguidores,
29 mil. A atualização é diária, com uma média de dois a quatro posts por dia que, em sua
maioria, são reprodução dos links postados no site. Os compartilhamentos são permitidos,
principalmente das páginas da TV e Rádio UFOP, mas são evitados para que o público não
receba informações duplicadas. Já o Twitter, com 6,2 mil (maio/2018), tem atualização diária,
e mesmo com um baixo número de seguidores, há uma grande interação principalmente dos
estudantes. Sobre o monitoramento de resultados nas redes, a jornalista explica que acompanha
informalmente os posts que têm mais ou menos alcance, mas os dados ainda não são coletados
e trabalhados sistematicamente. A média diária de alcance dos posts varia de 1 mil a 5 mil
visualizações, tendo chegado a 80 mil nos posts relacionados a pesquisas sobre assuntos que
estão na ordem do dia. Com a diminuição do alcance orgânico, os posts têm chegado no máximo
à 10 mil visualizações. No geral, o engajamento nos posts é relativamente baixo no que se refere
a comentários e curtidas, exceto em assuntos específicos. A principal ação é de marcação de
outros usuários que tenham interesse no assunto. Nas respostas e interações, a orientação da
ACI é encaminhar as dúvidas para os setores responsáveis para que não seja repassada
informação errada. Muitas solicitações chegam diariamente via mensagens diretas (inbox).
Foi criado pela equipe da Assessoria um pequeno guia para padronizar a produção de
conteúdo nas redes sociais, com indicação sobre a frequência de postagens, tamanho de textos
e imagens. Não há um trabalho específico da ACI voltado para a produção de áudios e vídeos.
Outras páginas relacionadas à UFOP também têm um grande número de curtidores. Com
destaque para os veículos TV UFOP, com 8.365 e Rádio UFOP Educativa, com 3.637. O
gerenciamento dessas redes sociais dos veículos da universidade é feito de forma independente,
sem vinculação com a ACI. Segundo a jornalista, há um monitoramento informal dessas
páginas, o qual pode gerar pautas para produção de textos para imprensa e redes sociais.
Em relação aos assuntos polêmicos e negativos no âmbito da universidade, que
envolvem denúncias ou críticas, ainda não há um trabalho específico de Comunicação voltado
para gestão de crise de imagem e a Assessoria não se posiciona fora da sua página e site oficiais.
Ainda sobre o Facebook, os grupos que têm UFOP no nome contabilizam 1.340, dentre
grupos públicos e fechados, ativos e inativos. Os assuntos são os mais variados, como cursos,
disciplinas, vendas, eventos, festas, movimentos sociais, turmas e discussões temáticas.
Curiosamente há grupos relacionados ao nome UFOP com mais integrantes que a página oficial
da Universidade, 35.577 mil inscritos no “UFOP”; 28.025 no “UFOP Compra e Venda” e
24.647 do “Vendas/Trocas/Usados UFOP”. Muito do que é produzido nas páginas oficiais da
UFOP tem repercussão nesses grupos pelo compartilhamento dos usuários, contudo a ACI
também não utiliza esses grupos como mecanismo de divulgação e interação.
Conforme observado, o trabalho de comunicação na ACI-UFOP ainda tem se baseado
na primeira fase do tratamento de informação indicada por Palácios et al. (2002), ou seja, o da
transmissão. Os assessores produzem texto e imagem para divulgação no site e replicam o link
no Facebook e Twitter.

Considerações finais
A Comunicação Digital alterou de forma substancial a maneira como as organizações
se comunicam e se relacionam com seus públicos de interesse. Os padrões de bidirecionalidade,
instantaneidade e intermediação foram atingidos em diferentes níveis. Porém, mesmo com
grande parte dos públicos envolvidos ativamente nas conexões das redes sociais, as
transformações ocorridas nos suportes midiáticos, narrativas e temporalidades
comunicacionais, ainda não foram absorvidas em sua integralidade pelas organizações e suas
assessorias.
A divulgação de notícias feita pela Assessoria de Imprensa de muitas organizações ainda
tem se pautado na primeira fase, com uso somente de transposição de conteúdos. As notícias
são divulgadas em seus sites institucionais e os links são postados no Facebook e Twitter
acompanhados de um pequeno texto explicativo. A ideia é fazer com que o usuário vá até o site
para ter acesso à notícia completa e ainda possa navegar por outras notícias ou informações.
Mas é preciso destacar que o acesso muitas vezes é feito em dispositivos móveis, como
smartphones ou tablets. O uso de redes sociais em mobilidade pode dificultar a leitura de textos
longos ou a visita a sites complexos, via links. Além disso, a capacidade de banda dos usuários
ainda é limitada. O acesso pago via dados móveis, também é outro elemento que pode ser um
entrave para a difusão correta das informações e vídeos que muitas vezes não são acessados,
pois demandam o uso de uma banda maior.
A análise das páginas oficiais da UFOP no Facebook e Twitter indica que ainda
prevalece em suas redes sociais a lógica da mídia tradicional, sem o uso das funcionalidades da
Comunicação Digital, potencializadas por meio da convergência digital e da interatividade. A
ausência de estratégias de Comunicação Digital pode enfraquecer a gestão de relacionamento
com o público, que é uma importante ferramenta das redes sociais. A principal consequência
disso é a perda de espaço e interação no meio e a desvinculação do papel do usuário na
construção das redes sociais. E se não há estratégia de ação para o trabalho diário, também não
há planejamento para uma possível crise de imagem nos meios digitais, que já é realidade nos
grupos de discussão que publicam denúncias de assédio, machismo, homofobia, discriminação
e diversas outras ações negativas que envolvem a universidade. A gestão das redes sociais é
uma das principais atribuições da Assessoria de Imprensa da UFOP, principalmente em função
do grande número de público que o Facebook atinge, entretanto ainda não há uma visão
estratégica sobre a importância desse trabalho, que tem originado pautas e dialogado com o
principal público da universidade que é a comunidade acadêmica e a comunidade local, onde a
UFOP atua.
Com o crescimento do mundo digital e a ascensão do conteúdo online, o assessor
necessita, agora, entender esse âmbito e saber gerar e gerenciar conteúdos adaptados às redes
sociais, que passaram a ser muito mais complexos, com a conexão de texto, vídeo, som e
imagem. As tecnologias da informação introduziram novas possibilidades no fazer jornalístico
em assessoria de imprensa, com linguagem, formato, personalização e, principalmente,
interatividade, para potencializar os resultados (MOTA et.al., 2011). A exemplo do Jornalismo
2.0 e suas adaptações frente à web 2.0, adequar a assessoria de imprensa às redes digitais é um
dos grandes desafios para a comunicação.
Um dos caminhos possíveis indicados por Margarida Kunsch (2016) dentro desse
contexto digital é o envolvimento de todas as áreas da empresa ou organização: pessoas,
estratégia e estrutura, conteúdo e tecnologia para que a comunicação organizacional passe dos
fluxos lineares aos fluxos interativos. A gestão das redes sociais é hoje uma das principais
atribuições da Assessoria de Imprensa, mas os desafios são muitos para que essa gestão seja
realizada de forma estratégica e planejada.

REFERÊNCIAS
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