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ECLESIASTICA . .
.
BRA,SILEIR.A
VOL. 5 MARÇO 1945 FASC. t"
SUMARI,O
SUMARIO (Continuação)
Co municações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 1 OG
T r i n d· a d e, D. Henrique Golland, Ação Católica no Ser-
tão ( 109). P i r e s, Pe. Heliodoro, O Aleijadinho e os
-
i: Revista Ecleslástl ea
Brasileira está registrada no D. I. p: E' seu Diretor
responsável perante esta repartição Frei João de ·Castro Abreu Magalhães, o. F. M.
Caridade Fraterna Entre Sacerdotes.
Psicologia de Suas Dissensões.
Por Mons. S i 1 v a n o d e S o u s a, Seminário de S. Francisco de Paula,
Pelotas, Rio Grande do Sul.
A Fraternidade e a Eucaristia.
Metodologia Aplicada
à Elaboração de Trabalhos Científicos.
Pelo Pe. V i e e n te M. Z i o n i,
Professor no Seminário Central do Ipiranga, São Paulo.
1. Metodologia.
Método designa o processo racional empregado n a pesquisa
e demonst ração de u m a Verdade, " a d consequendum f inem in
ten tum . "
Metodologia, portanto, é a Ciênc i a d o M étodo q u e s e deve
emprega r para a conquista ela Verdade Filosófica, Religiosa, H is
tórica, e Experi ment a l , ou C i ent ífica.
A M etodol ogia pode ser geral ou espec i al. Geral, q u a n do
aplicável à Ciência em geral e à el aboração de qualquer t rabalho
intelectual . Especial, quando pecu l i a r a u m a determ inada ciência
ou trabalho.
2 . Trabalhos Científico-Intelectuais.
D enom inam-se " trabalhos i n telectuais", em oposição aos tra
balhos manuais ou meramente materiais, aquêles nos quais se
14 Z i o n i, Metodologia Aplicada
J. Fase Inicial.
§ t. Escolha do Assunto.
Na es col ha do assunto para o trabalho deve-se determinai·
be m o campo ou ramo da C iência, dentro do qual será fixado
0 te ma especial q u e s e tem em vista desenvolver.
A lei t u ra dos docu men tos que fazem parte do elenco biblio
gráfico deve ser fei ta com todo o c u i dado, a f i m de evitar qual
quer d isperdício de tempo e simu ltâneamente, ele coisa alguma
q ue possa valer ao trabalho.
A -fina l idade desta lei tura será, portan to, perm i t i r a assmu
Jação fácil daqu ilo que m a i s convém ao trabal ho, su bmetendo a
u ma crítica racional as passagen s escolhidas que fo rem passíveis
de crítica.
Para ser verdadeira m ente útil, esta l ei tura deve ser ordenada
e atenta ou atil•a.
tos deve ser orden ada sej a sob o pon to de vista dos livros que
cons tituem o Material Bibl iográfico, sej a sob o ponto ele vista da
matéria nêles conti da.
1 ) quanto aos livros, observem-se as seguin tes regras : a)
ler primeiramente as obras m a i s recen tes e que mel hor tra tam
do assu n to, a fim de evi tar a i n u t i l idade de lei turas repetidas
sem provei to, sôbre u m a mesma coi sa ou f atos i dênticos ; b) pas
sar, em segui da, às obras m a i s antigas, para veri fi car se ainda
h á algum a coisa ele u ti l i zável para o traba l ho ou pel o menos
ainda n ão consi derada pelos modernos ; c ) e m ambos os casos,
da r a cada livro a i m p ortância que m erece, relativamente ao tema
escolhi do. "Discam u s cursim legere ea q u re sunt m i n oris momen
ti; attente e t i tera ta l ection e, si opu s est, qu re m a ioris valori s
sun t." 1
2) quanto à matéria dos livros, ten ha-se em men te o segu i n
te princípio : A leitura sómente será boa e p rovei tosa qu a n do
feita, na m edi da do poss ível, em ordem lógica "juxta ordi nem
quo una qurestio ab alia penclet, i n cipien do ah i is qu re postea
supponencla sun t ." 2
§ 1. Introdução Geral.
1 0. Normas Gerais.
A redação definitiva elo trabalho pode-se fazer de diversos
modos, segundo as diferentes finalidades do mesmo. Donde as
várias espécies de trabalhos científicos, sej a quanto à forma, sej a
quanto ao tema desenvolvido :
a ) q u anto à f o r m a e publ icidade, os t rabalhos podem
ser :
Livros de estudo ou vulgariz ação ;
Artigos para Coleções, Enciclopédias, Revistas ou j ornais ;
Conferências e aulas i naugurai s ;
Recensões bibl iográficas o u apreciações e m geral ;
b) q u an to ao t e m a escolhido, serão :
estudos ou ensaios
bibliografias
biografias
monografias.
1 1 . Normas Especiais de Redação .
A redação de qualquer trabalho científico deve, o u t rossim,
revestir-se das segu i n tes características : seriedade, atenção, uti
l idade e precisão.
Seriedade. O trabalho deve sempre traduz i r acentu ado cunhe
de seriedade i n telectual, que se oponha à leviandade de quem
sem nenhuma compostura e autoridade, versa sôbre assuntos que
desconhece ; ou critica, a esmo e sem base, tudo quanto escri
tores de renome escreveram sôbre o tema em questão.
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1, março 1 945 21
1 4. Corpo do Trabalho .
A redação do corpo do trabal ho deve ocupar as maiores
atenções do escritor, sej a quanto à ordem e disposição da ma
téria, sej a quanto à apresentação dos argumentos, sej a quanto
. ao estilo .
.a) Ordem e disposição da matéria.
1 ) Clareza. - A nota predominante de uma boa expos1çao
·da matéri a é a clareza obj etiva, sem a qual o trabalho perde a
sua razão de ser, que é servir à intel igência dos nossos seme
lhantes. Obtém-se :
evitando as repetições inúteis, proven ientes da disseminação
aqu i-ali, pelas várias partes do trabalho, das mesmas questões,
argumen tos e idéias ;
observando ordem e dependência lógica entre as várias par
tes do estudo, muito embora a ordem defini tiva geral somente se
possa estabelecer no curso do trabalho ;
seguindo, pràticamente, como norma inicial o método se
guinte : 1 .0 expor o estado d a questão a estudar ; 2.0 apresentar
sumàriamente as razões opostas à mesma ; 3.0 sumariar as sen
tenças relacionadas com o assunto ; 4.0 expor os · principais ar
gumentos em favor da tese escolhida ; 5.0 refutar as dificuldades
de maior importância, que porventura existirem contra a tese.
2) Divisão .
- Para a boa disposição da matéria, exige-se,
outrossim, uma bem pon derada divisã-0 das várias partes do tra
balho, primei ramente em capítulos ou secções ; a seguir em artigos
( parágrafos ou al íneas ) e finalmente em núli1eros, sej a no texto,
sej a na margem. " Fiat clara divisio, secundum diversa� pa rtes
argumenti ; et singulis partibus prremi ttantu r tituli, ut lector fa
cile sciat de quanam re hic e t nunc agitur."
Para que a divisão possa realmente ser t'ttil aos leitores
é necessário :
a) acompanhar gràficamente - pela mudança dos caracte
res - as partes do trabalho ;
b ) conservar sempre rigoroso equ i l íbrio entre as várias par
tes da obra ;
c) evitar o exagêro de uma intrincada e sufocadora divisão
e subdivisão de partes e subpartes.
b) Apresentação dos argumentos. - A apresentação dos ar
gumentos e conclusões pessoais do autor deve ser sólidamente
documentada, si ncera e lógica .
._ .
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 23
1 6. Bibliografia.
A Bibl iografia, que aliás não se deve confundir com as ci
tações, compreende todos os livros e documentos usados ou ape
nas consul tados n a elaboração do trabalho. Con seguintemente
abrange :
1 ) o el enco das fontes usadas ( man uscri tos, impressos, mo
numentos li terários, fatos col igidos, etc. , etc. ) .
2 ) o elenco bibl iográfico própri amente dito relacion ado di
reta e estritamente à questão estudada, distinguindo-se, porém :
1 .0 as obras que diretamente se referem à questão, porque es
pecializações sôbre a mesma, e que sempre devem ser di spostas
em ordem cronológica, e acompanhadas de uma ligeira apreciação
ou crítica ; 2 .0 as obras que apenas servi ram como elementos sub
sidiários, e que devem ser dispostas sempre em ordem alfabética.
Em ambos os casos, o lugar mais aconselhável para as in
dicações bibliográficas é o fim da obra.
Convém acrescentar, no princípio do trabal ho, também o ín
dice das abreviações e siglas ou sinais convencionais usados no
correr do trabalho, e dispostos em ordem alfabética.
Note-se que êste índice nunca deve acompan har a Biblio
grafia, para não se confu ndir com ela.
17. Citações.
As Citações podem ser de duas espécies : pequenas trans
crições de textos, ou simples referências aos lugares de onde foi
ti rada uma idéia ou argumentação.
Num e noutro caso, as citações devem ser, quanto possível ,
completas e suscep tíveis de uma fácil verificação, indicando
sempre :
a) o titulo completo da obra, se possível no original ;
b) o capitulo, parágrafo, página e números marginais, se
existi rem ;
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 25>
6 ) F o n e k, N. 82.
26 Z i o n i , Metodologia Aplicada
20. lndices.
" P rreponatur in pagin a separata index rerum, i . e., tituli par
tium in quas divisum est opus."
A necessidade dos í ndices e a utilidade apreciável que tra
zem aos leitores lhes m ereceu o título de "sinais de u rbanidade" .
" l ndices signum dicti sunt urbanitatis auctoris erga lectorem, et
bene facti, m u ltum augent utilitatem et i nfluxum libri ; unde mm
quam ex toto omittendi ." 7
Os índices podem ser feitos de diversos modos, segundo a
í ndole do trabalho e do seu autor :
a ) í n dice geral, segundo a ordem dos capítulos ou divisão
natural do trabal ho ;
b ) índice alfabético de matéria, pessoas, lugares, palavras,
l ocuções ou fórmu las ;
c ) índices das citações, com i n dicação da origem das mes
mas ( S . Escritura, Patrística, etc. ) .
Nos diversos índices convém i ndicar, p ràticamente : primei ro
as páginas e os n ú m eros marginais, bem como os capí tulos. Acon
sel ha-se sej am feitos sempre pelo mesmo autor do trabalho.
O Protestantismo
no Momento Atual Brasileiro.
Pelo P a d re A g n e 1 o R o s s i ,
D o Secretariado Nacional d a Defesa d a F é e Vice-Di retor d as F a c u l d a des
Católicas Campinei ras, C a m p i n as, Estado de São Paulo.
e as atri bui blasfem amente ao Esp í r ito Santo, poi s qu e foi ba
t i z ado no San to Esp írito.
As reu niões pen tecostistas, mescla de vozerio desconexo e
de pr omi scuid ade imoral, têm reclamado, não raramente, a in
te rve nçã o pol icia l .
Os meto distas, como o nome indica e como seu atual B ispo
e é s a r D a c o r s o F i 1 h o está u rgindo, é uma seita bem or
gan i za da e disciplinada. Algt� ns vêem no episcopado metodista
de Dac orso uma imitação da autoridade rom anista totali tária. O
ce rto é que César D acorso tem si do um excelente administrador,
m ere cendo assim ser reeleito ( pois o man dato episcopal é de
4 anos ap enas ) . Novamente volta à baila a questão : "um ou
t rês bis pos no Brasil ?" que, no último Concíl io, empol gou os
·
J esus Cristo p ara j u lgar o mundo. E' essa expectativa que torn a
os adventistas fanáticos vendedo res ambulantes ( colportores ) da
palavra divina. E honra lhes sej a fei ta, são especialistas n a venda
avul sa de l i teratura e n a p ropagação de suas revistas, mormente
"Atal ai a" e " V i d a e S a úde" . Pudera ! Também êles têm u m cur
:so especiali z ado, rigorosamente m i n ucioso, de colportagem . Por
.causa de sua lábia e dos seus arrazoados, vendem a bom preço
seus l ivros, ao contrário dos outros protestantes que distribuem
a l i teratura evangél ica p rosel itista a preço m ínimo, i n ferior ao
próprio custo.
O congregacionalismo, sob a forma de Congregação Cristã
·do B rasil, encontra-se m u i to espalhado no Estado de São Paulo,
-.on d e possui 273 salas e casas de oração . Conta tam bém em ou
t ros E s ta dos com as segui n tes congregações : 50 no Paraná, 1 0
-em M i'nas, 8 n o R i o d e J aneiro, 2 em Mato G rosso, 2 n a Baía
-e 2 no D istrito Federal .
São congregações i n te i ramente autônomas, embora conser
vem, e n t re si, relações de amizade, sendo federadas à Congre
;gação Cristã do B rasil da R u a A n haia 6 1 3, São Paulo.
S u bstancialmente têm os mesmos princípios que os pentecos
·tistas, ou Assembléia de Deus. Na Capital Pau l ista, pelo menos
.em certos bairros, são comumente conhecidos seus adeptos com
: a designação de " glórias" .
niti dam en te naci onalista à reli gião e assim muita gente o l h a com
si mpa tia a obra de S al o mão.
ú l tim am ente, ao f u n d ar m ai s u m a p aróqu i a catól ica-l ivre
na ap ital P a u l i sta, em V i l a Curaçã ( S . Miguel ) , for am distri
C
bu í dos, n a regiã o, fol hetos nos quais s e afirmava u m a i dentidade
en tre a I grej a C atólica L ivre e a I grej a C atól ica Romana, em
seu s p ontos f u n damenta is, excetu a n do-se apenas o culto em la
tim e o cel ibato obri gatório. A Filial do S . N. D. F . em S ã o
Pau l o es p a l ho u imedi atamente boletins desmascarando Salom ã o
Ferra z e s u a s e i t a menti ros a.
Os salvacionistas, m embros do E xército d a Salvação, p reten
dem estar l evando avante u m a " g u erra-relâmpago" , ao m enos no
R io G rande do Sul. Neste ano do fundador ( centen ário d a con
versão de W i 1 1 i a m B o o t h ; n asceu em 1 0 . 4 . 1 82 9 e foi um
rapaz leviano até o s 1 5 anos, q uando se converteu e s e trans
formou imedi atamente em pregador do Evangelho ) , o fogo pela
con versão dos infiéis e p ecadores patrícios contagiou o s sol dados
salvacion istas de todo o País. Existe en tre êles um concurso para
v <.' r quem avança mais, q u em vende mais literatura, etc. O bo
letim " B rado de G u erra" , profusamente espalhado pela e;; s o l d a
das q u e imperti nentemente p enetram até mesmo a s s a l a s e l e gan
tes de chít, n as grandes capitais, apresenta sempre as obras de
assis tênci a soci al prestada pelo Exército de S alvação . O mesmo
Or fan ato pode reaparecer 1 O vêze s p or ano no j ornalzinho salva
cio n ista. E os leitores católicos f icam i mpressionados com a vul
tosa assistênci a social e f i l antróp ica salvacionista e auxiliam êsse
t rabalho. Q u a n to s dos nossos nem s e l embram q u e temoc;; , o s ca
tól i cos, possivelmente 1 00 o u 200 vêzes mais organizações que
as do Exérci to de Salvação mas . . . (a meu ver, infel izmente, até
ce r to ponto ) falamos 1 000 vêzes menos dessas obras do que o s
salvacionistas n o afã d e esp a l h ar e dar a conhecer as s u a s ati
v i dades .
O Exército d e Salvação, entretanto, graças a u m a p ro p a
gan d a obstinada, j á vai conseguindo i nf l u i r n a mentalidade do
nosso povo. Até há pouco provocava riso dos popul ares. Em nos
sos di as, em m uitas cidades, desperta simpatia e admiração, como
p u d emos verificar pessoalmente e a través da imprensa leiga.
O s m ormões, p a ra não esquecer u m episódio pessoal , me
querem m u i to bem . Sempre que escrevi sôb re êles, m ovimentaram
céus e terra. C hoveram ameaças e, p ara tornar o caso mais in
:-1
34 R o s s i, O P rotestantismo no Momento Atual B rasileiro
S. Francisco de Sales.
Pelo Pe. A s c â n i o B r a n d ã o, Capelão do I nstituto das Pequenas
Missionárias de Maria Imaculada, São josé dos Campos, S. P.
A Verdadeira Devoção.
O obj etivo de S. Francisco de Sales era u n ificar, sintetizar a
vida espiritual num grande princípio : o amor de Deus. Aliás
não era u ma novidade. A Teologia sempre via n a caridade a es
sência da perfeição : Diliges Dominum Deum tu um ex foto corde
tuo et proximum tuum sicut teipsum.
P ara o santo Dou tor, amar a D eus é a um tempo comêço,
meio e fim do p rogresso espiritual . "Tudo é para o amor, no
amor e pelo amor n a Santa I grej a. " "Tout est à l' amour, en
l'amour, .pour l'amour en la Sainte Eglise."
O amor encerra tôdas as virtudes. Nenhum m estre da vida
espiritual in terpretou melhor aquêle gen ial Ama e t fac quod vis
de S. Agostinho. A êste amor, caridade, chama ê l e devoção .
Quando fala e escreve sôbre a devoção, entende o amor. Não é
o sentimento puro o u o sentimentalismo, não é o conj unto de
práticas piedosas, nem de pen i tências e obras extraordinárias.
E' o dever cumprido humilde, fiel, silenciosa e simplesmente ; é
a vontade sempre unida à vontade santíssima de D eus, e u m a
grande caridade f raterna . C o m o simpl ificou a v i d a espiritual 1
"Alguns ascetas, escreve M. P o u r r a t 1 , concebiam a per
feição de u m modo algo formalista e a consi deravam apenas um
conj unto de práticas de penitênci a . As tentações da vanglória
assal tavam não raro os monges. Macário de Alexandria não po
dia ouvir falar em u m a austeridade sem p raticá-la imediatamente ."
Os atos de virtude rwn numerantur sed ponderantur, dizia
S . Francisco de Sales, e combatia n a s u a di reção espiritual esta
mul tiplicidade de atos e devoções e penitências catalogadas, nu
meradas, sistematizadas, sem alma, sem amor e observadas rigi
damente sem a uni dade do princípio que penetra e inspira tu do,
a caridade, evitando esta inútil j u staposição de devoções minu
ciosas e esquisi tas, não raro com detrimento grave dos deveres
de estado.
No século XVI u m deplorável esp írito formalista i nvadiu a
piedade cristã. S . Teresa, S . I nácio de Loiol a e, sobretu do, m a i s
1 ) L a Spiritualité Chrétienne.
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 41
do, com receio de que o mundo aban donasse a ambas. Tal cál
culo pol í ti co nunca o teve o Santo D o utor. A devoção que êle
concebe e ensina, por si mesma se adapta ao mundo e faz o
mundo se adaptar a ela suavemente. A cruz é a mesma. A aus
teridade cristã j amais fôra afrouxada o u atenuada nos métodos
da ascese salesi ana. O que ela exige é a formação i n terior, a ca
ridade que tudo regu le e o rdene, e a fidelidade absoluta ao de
ver de estado. Não pode ser devoto quem não é, repete êle sem
pre . . . labourieux au devoir de sa charge."
Humanista Devoto.
tur a do espírito .
A Oração Mental e a Liturgia.
1.
A n tes d e entrarmos n o assunto, vej amos o que é carisma em
gera l . Foi nos dias dos Reis de J u d á que D eus desenrolou di an
te dos ol hos ele seu p rofeta Joel a visão d o Reino Messiânico e
lhe inspiro u esta p a l avra : " Effundam spiritum meum super om
nem carnem : et prophetab u n t filii vestri et filire vestrre ; senes
vestri som n i a somniabunt et i uvenes vestri visiones videbun t . " 3
Que êsse vaticínio tenh a-se reali z ado l i teralmen te, é S . Pedro
quem o atesta, q u a n do n a hora d a pro m u l gação d a I grej a, n a
testa gloriosa de Pentecostes, aplica a si e a s e u s condiscípulos
4 ) At 2, 1 6-2 1 .
5 ) Mt 1 0, 7-8.
6 ) Me 1 6, 1 7- 1 8.
7 ) Me 1 6, 20.
ª ) Cf. S. Oregor. PP. Horn. 29 in Evang. ; o ff . d iv. 8 A u g. et plura,
Ieet. I X .
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 53
de " ora re spi ritu" 20, "psallere spiritu" 21, "spiritu loqui my ste
ria" 22 ( a p alavra "mistérios" significa neste tópico : cois as ocul
tas, inco mpreensí vei s ) : a alma ora a Deus em arroubament o ex
tá tico, ao p asso que o Espírito Santo se assenhoreia das facu lda
des m en tais . "Nam si orem (proséukômai) l ingua, spi ritus meus
o ra t (to pnéuma mou proséuclzetai), mens autem (lzó de nous)
mca sine fructu est" 23 : a parte superior da alma ilumi nada e in
cen tivada pelo próprio Espírito Santo (to pnéuma) descansa em
Deus, enquanto a inteligência (lzo nous), o intelecto n atural, não
entende o significado e alcance das palavras. Razão por que o
obj eto da glossolalia nunca é a pregação do Evangelho ou ex
pl icação das verdades cristãs ; não se encontra no Novo Testa
mento um lugar onde u m carismático em l íngua estranha se dirij a
a homens. 24 Pelo contrário, sempre o obj eto do pneumaticón ( ca
risma) é : oração a Deus, louvor de Deus ; daí a contínua repe
tição nas epístolas de S. Paulo, das expressões : "orare" , "psal
lere" , "benedicere" , "gratias agere" , e, como se fôsse para cortar
de vez tôdas as futu ras obj eções, êle diz simplesmente : "Qui lo
quitur lingua, non lzominibus loquitur, sed Deo . " 26
3 11 ) Ef 2, 1 4.
·I O ) Cf. P r a t, o . e . , e d . 9, 1 , pág. 330, nota 2, relativamente a Gál
3, 28.
4 1 ) Ef 2, 1 8. Cf. a i n d a : Gál 3, 28 ; Col 3, 1 1 ; 1 Cor 1 0, 1 7 ; Ef 4,
4 ss. 1 5 ss.
4 2 ) 1 Cor 1 4, 4.
43) Me 1 6, 1 7.
H ) B i s p i n g, V a n S t e e n k i s t e .
Revi sta Eclesiástica B rasi leira, vol. 5, fase. 1, março 1 945 59
1I.
Exa minemos agora, à l u z do que foi dito, alguns fatos par
tic u l ar es relatados em outros l ivros do Novo Testame nto, fora
das epístolas paulinas.
Deix ando de lado os tópicos em que se refere o hagiógr afo
a os cari smas em geral, verificamos que apenas em três perícopes
se fa z r eferência nominal ao fato histórico e específico do donu m
li ngu aru m . Acham-se elas nos Atos dos Apóstolos : 2, 4- 1 3 ; 1 0, 44-
46 ; e 1 9, 6 . Submetamos primeiro a ligeiro exame os tópicos
co nti dos nos capítulos 10 e 19, para depois analisarmos a sublime
pe ríc ope de Pentecostes no capítulo 2.
Os hagiógrafos comunicam às vêzes os m i lagres mais des
lum bra ntes com as pal avras mais simples. E' o que se verifica
aqui. Nos capítulos 10 e 1 9 o mil agre da glossolalia é mencio
na do com apen as duas palavras : "loquentes lingu is" ( 10, 46 ) e
" loqueb antur l inguis" ( 1 9, 6) . A conclusão que se impõe é que
se trata aqui dum fato que os leitores imediatos de Lucas com
pre e n d iam sem úl terior comentário ; que o sucedido se dava re
p e ti d a s vêzes e lhes era bem conhecido por experiência, sendo
lhes também conhecido pelas epístol as que recebiam do Apóstolo
dos gentios. 4 5
No cap. 1 O, o autor sagrado refere como Pedro, sendo mi
lagrosamente cham ado pelo Espí rito Santo ao apostolado dos
gentios, na cidade de Cesaréia, se encontra com as primícias,
Cornélio e os amigos clêste, e cheio de entusiasmo lhes fala de
Jesus de Nazaré. "Adhuc loquente Petro verba hrec, eecidit Spi
ritus super omnes qui audiebant verbum . Et obstupuerunt ex cir
cumcisione fideles qui venerant cum Petro, quia et in nationes
gratia Spiritus Sancti effusa est. Audiebant enim i llos loquentes
l i nguis et magn ificantes Deum. " ( Vv. 44-46. ) E o cap. 19 ensi
na-nos como Paulo em Éfeso batiza no nome do Senhor jesus
a doze discípulos, que tinham recebido o batismo de joão, mas
n a d a sabi am da existência cio Espírito Santo, e lhes impõe as
mãos. " E t cum imposuisset i l l is manus Paulus, venit Spiritus
Sanctus super eos, et loquebantur linguis et prophetabant." ( 1 9 ,
4 8 ) Col 4, 1 4.
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 61
l
í n t e ru sa lem habitantes udrei, viri religiosi ex omni natione qure sub
ca! IO est. 6. Fact � autem hac. voce, .
convenit !11 u ltitudo, et mente confusa
t qu oni am aud 1 ebat u nusqu i sque hngua s u a 1 l los !aquentes. 7. Stupebant
es
au tem onmes et mirabantur dicentes : " N onne ecce omnes isti qui loq uun
tu r G ali lrei sunt, 8. Et quomodo nos audivimus u nusquisque I i n guam
no � tra m, i n q u a nati sumus? 9 . Parth i, et Medi, et JElamitre, et qui h a
bit ant Meso potamiam, l udream, et Cappadociam, Pontum, ·et Asiam, 1 0.
P h rygiam et Pamph i l iam, JEgyptum, et pa rtes Libyre, qure est circ a
Cyre nen, e t adveme R o m a n i , 1 1 . l udrei quoque, et proselyti, Cretes et A ra
bes : aud ivimus eos !aquentes nostris linguis magn a l i a Dei." 1 2. Stupe
ba nt aute m omnes, et m i rabantur ad i n v icem, dicentes : "Quidnam vult
!to e es se?" 1 3. Alii autem irridentes dicebant : "Quia musto pleni sunt isti."
Começa, em seguida, outra cena com êstes dizeres :
1 4. Stans autem Petrus c u m undecim, levavit vocem suam et locutus
cst eis : " Viri l u drei et qui h abitatis I erusalem u n iversi . . . "
Demonstraremos, primeiro, que aqu i se trata do verdadeiro
carisma da glossolalia de que fala S. Paulo ; em seguida, compen
diando as circunstâncias do ocorrido, procuraremos reconstru i r o
m i l agre de Pentecostes.
P r i m e i r o a r g u m e n t o : O sen tido óbvio do texto
obriga-nos a recon hecer que aqui temos todos os requisitos da
g l ossolal i a .
a ) A terminologia d e S . Lucas demonstra tratar-se d e fenô
meno idêntico ao que relata S . Paulo. No verso 4.0 se lê : êrxanto
/aléin hetérais glôssais, "coeperunt loqui variis ( seri a melhor "al
teris" ) linguis." Héteros significa : o outro dos dois, correspon
dendo ao têrmo l atino alter; logo o sentido é : começaram a falar,
cada um, outra l íngua, idioma diferente do seu próprio. A ori
gem, outra vez, é sobrenatu ral : "prout Spiritus sanctus dabat
eloqui i l l is" : o Espírito Santo inspirou-os a cada u m em parti
cular. Como errônea, portanto, tem que ser estigmatizada a opi
n ião dos que explicam esta perícope como se os discípul os, quer
todos j untos, quer cada um por si, fal assem uma só l í ngua ( " a
l íngua primi tiva" no parecer d e B e l s e r 4 7 ) , enquanto o s ou
vi ntes os entendiam cada um em seu próprio dialeto. Suposto
que o próprio falar fôsse m i l agroso, o que nesta hipótese nem
seri a preciso, então p resenci aríamos aqui d ois mil agres : ao lado
dum Spraclz w under (milagre no falar) , ainda um Horwunder (mi
!agre no ouvi r ) , como se exprimem os exegetas alemães ·1 8 ; po -
rém, de tal Horw 1rnder nem de longe se faz m enção ; não diz o
hagiógrafo : "prout dabat a u cl i re m u l titudini" o u "viris ex om ni
n a t i o n e " , mas só : prout dabat eloqui illis, e nada m a i s . Prout é
têrmo d istributivo . Conseqüentemente, êste lz etérais glôssais, " al
teris l i n guis'', l igado a katlzôs, " prout" , não a d m i te o u tra solu
ção do caso. Tampouco o Honv under s e pode apoiar no verso 8 :
"audivimus u n usquisque linguam nostram", pois n o grego não
está o acusativo, mas o dativo ; akouô, "audire'' , p o rém, rege
também no grego vulgar (lwinê) sempre o genitivo o u acusati
vo, nunca o dativo . Aqui, por consegµ inte, devemos mentalmente
ligar ao dativo ( = abl ativo no l a t i m ) o verbo laléin, que n o con
texto , v . 4, 6, 1 1 e especia l m ente imediatamente antes, n o v . 7,
e em S . Paulo em tôda parte, s e constrói com o dativo = ablativo
instrumenti. D e m a n e i r a que a tradução m a i s l i teral e exata seria
esta : " E t quomodo n o s audimus unusquisque ( i l l o s ) língua nostra
( l oqui ) , i n q u a nati s u m u s . "
b ) O obj eto aqu i também é : l o u v o r de D eu s : " l oquen tes
magna/ia Dei." ( V ers. 11.) Tà m egalêia é a expressão habi tual
para designar obras grandiosas, sublimes, m aravi l hosas ·1 9 e
magalfinô é : " magnificare" , fazer grande, engrandecer, sublimar.
I gualmente a p a l avra elo qui sugere esta idéia : pois apofthéngesthai
denota : " graviter et magnifice loqui . " D a í o têrm o técnico
apoftlzégmata para designa r respostas oraculares. A l i ás, nada
mais natural aqui do que o s discípulos abundantemente reple tos
do E s p í ri to S a n to, e l ev a rem i ncontinenti o coração e a a l m a Aque
le que de modo tão m i lagroso veio nêles habitar. E i s p o r que,
imedi atamente após a descid a das l ínguas de fogo, j á no próprio
cenáculo, se põem a f a l a r, a i n d a a ntes q u e o povo de j erusal ém
se tivesse aglomerado n a praça, como os versos 4 até 6 inclu
sive i n dicam claramente. Pois, quem quisesse comprovar o con
trário, deveria acusar a S. Lucas, sempre modêlo acabado de l in
guagem e estil o esmerado, de surpreendente falta de clareza. Pri
mei ramente narra : "factus est repente de creio sonus . . . et re
p leti sunt . . . et creperunt loqui" ; tudo isso se deu em poucos
instantes. Mas, antes que a mul tidão - introduzida pelo verso
50 ) Cla ro é que aqui não é i ntenção nossa excl u i rmos fórmulas pre
catóri as que se comparam a um falar-a-homens, como vemos tantas vêzes
nos sal mos, p. ex., Laudate Dominttm, omnes gentes. (SI 1 1 6. )
51 ) Vide supra.
• �2)
Vide supra. A segunda vez n ão lemos : Kai etháumadson, mas
d1€p orou n : "hresitabant, i ncerti hrerebant", cf. jo 1 3, 22.
53) V. 12.
64 H a a n a p p e 1, A G losso l a l i a no Novo Testamento
64 ) 1 Cor 1 4, 22.
6 6 ) J Cor 1 4, 23.
6 6 ) V. 1 3.
5 7 ) V. 4 : Repleti.
58 ) é o que denota a palavra " dispertitre", diameridsómenai, "quasi ex
u n o (dia-) sese distribuentes."
6 9 ) Cf. Commtznicantes, i n festo et Octav. Pentec. : "innumeris li n·
guis apparuit."
Revista Eclesiástica Brasi leira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 65
As Proposições da Encíclica
"Mystici Corporis Christi".
Por Prei C o n s t a n t i n o K o s e r , O . F. M., Lente de Teologia,
Convento dos Franciscanos, Petrópolis.
qua ,
�
m V en erabi l e s F a t res . . . " . 6 v a i o co rpo da e n c í cl i c a , q u e
ca . s O qu e
foi d i to s ô b re ê s t e tem a , v a l e só d e s t a segu n d a p a rte.
o " e x c a th edra" v a i da p á g . 1 029, a l í n e a 5, à p á g . 1 050, a l ín ea
2 i n cl u sive .
Percebe-se a o p r i m e i ro relance d e olhos, q u e e s t a segu n d a
pa rte é u m tecido comp acto de d o u t r i n a s , dedu z i d a s u m a s d a s o u
t ras e m form u l ações concisas, c l a r a s e i n cisivas. O s a rgumentos
escri t u rísticos, p a t r f sticos e teológicos s ã o m u i to breves. D e vez
em quando, como q u e p e r d i d a s em m e i o d u m a ob r a s i stemática,
repontam exclam ações p arenéticas, conselhos e a p l i cações práti
cas . 9 Com p a r a n do-se esta parte doutrinal da encíclica de Pio
X I I com a " S at i s cogn i t u m " de Leão XIII, que versa assunto
q u ase i dên t i co, p e rcebe-se n o documen to L e o n i n o m u i to m a i o r
� m p l i dão d e a r g u m e n t o s . Leão X I I I q u i s p ers u a d i r 10, P i o X I I ,
po ré m, q u e r redu z i r o o r b e catól i co à "obediência da fé." 11
Com p a ra n do-se a i n d a e s t a p a r t e d o u t r i n a l d a e n c í c l i c a com
as constituições dogm á t i ca s p o r exem p l o do C o n c í l i o do V aticano,
nota-se q u e e s t a s s ã o m u i to m a i s p arcas em a r g u m e n t o s e a n o
tações. A própri a form u l ação p rovi s ó r i a dos esquemas sôbre a
I g r ej a 1 2 n ã o c o n t a n e m d e l o n ge t ã o g r a n d e n úm e ro d e c i tações .
Estas foram postas fora d a s con s t i t u i ções e d e s e u s esqu emas,
nas "Adnotationes" 1 3 , o n d e s e encon t r a m a m p l as exposições d e
motivos, argumentações e e x p l icações dos s e n t i dos d a s fórm u l as
e p a l avras emprega d a s .
D estas co m p a rações dedu z-se q u e a p a r t e dou t r i n a l d a en
c í c l i c a "Mystici Corporis C h r i s t i " , sob o aspecto form a l , medeia
entre con s t i t u i ç ã o dogmática e encíclica parenética. S e n do assim,
ta s def in itõ riamente aos fiéis. Também n isto a encí clica se parece
a co n sti tuição dogmática, com seus " capi tula doct rinre " e seus
"c an on es damnationis e rrorum " . D iscern i r, porém, nos "capi t u l a
d oc trin re" proposições definidas e argumentos, expl icaçõe s, " ob i
te r di eta", considerações não definidas, será bem difíci l . Uma
pr op os ição n egativa· é mais fácil de verificar em seu alcanc e e na
questão da p roposição definitória. Mas assemelha-se à tangen te
que toca a esfera n u m ú nico ponto. P o r m ai s q u e se m u l ti p l i quem
as proposições n egativas, nunca s e chegará a exau r i r p o s i t iva
mente o complexo de doutrina. A p roposição negativa é. rica em
determinação, pobre em conteúdo. As p roposições positivas, com
menor trabalho e menos m u l tiplicação de frases, dão m u i to maior
riqueza positiva. Em paga são m u i to menos determinadas em seu
alcance, desbordando-se para todos o s l ados em margens de i n
certezas, entrozando-se m u ltiformemente com a rgumentos e ex
posições não definidas, sem apresentar arestas claras e p recisas.
São deficiências i n evitáveis do pensamento de sêres contingentes.
e) . A s Propo sições e Condenações Contidas na Eocíctlca.
c íclica "Mysti c i Corporis Christ i ' ' , Pet rópolis, 1 944, pág. 1 46.
2 6 ) Cfr. Denz. 468.
2 7 ) Co l l Lac. V I I , col. 578s, anotação 2.
.
2 8 ) R EB 1 030, 2.
29 ) Cfr ., para i n dicar u m a só passagem, 1 Cor 1 2, 27.
3 0 ) R E B 1 030- 1 042.
3 1 ) O t t, Fidelis, Der Kirclzenbegriff bei Richard von Mediavilla,
" Fr anz iskanisc he Studien " , 1 938, 3 4 1 .
3 2 ) R E B 1 042, 2-4.
74 Kose r, As Proposições da Encíclica "Mystici Corporis Christi"
s e : " Eccl esi am esse corpus srepe S acra Eloquia prredicant . . . " .
Logo a segu nda, porém , é manifestamente mais que argumen to,
:\ j u l ga r pela própria formul ação : " Quodsi corpus est Eccle
s i a . " . Nem se diga, que esta afirmação da uni dade e indivi
. .
sibili dade, bem como da visibilidade da I grej a não deve ser con
s i d e r a d a como tese própria, por estar contida na primeira pro
posição . A definição "Corpo Místico de Cristo" é analogia, e seu
s e n t i d o precisa de u l terior determinação, para a qual o Magistério
E c l es i á s tico é a única instância competente. Pio X I I define por
i s to, que o " tertium comparationis" j ustifica a dedução da uni
dade, indivisibilidade e visibil i dade. A analogia, por si mesma,
po d e ria ser restringida a sentido meramente espiritual. N ão há
n e n hu m a necessi dade lógica que obrigue à dedução da visibi li
dade, da un idade e unicidade ( indivisibilidade) . Pio XII nos diz
que e s ta restrição seria excessiva.
Como argumento para a unidade e indivisibi l idade ou un ici
dade cita o Papa uma passagem de S . Paulo 37, com o que nos
d i z ser esta proposição uma tese "de fide divino-catho{ica" . Para
a visibilidade na Encíclica serve-se apenas de deduções teológi
cas. N ão se pode entrever se são conclusões teológicas propria
mente ditas, ou em sentido l ato, pelo que será difícil dt:cidir só
pela Encíclica se é tese " de fide divino-catholica" ou só "veritas
catholica" . Sabemos, todavia, que a visibi lidade está implici ta
mente contida nas teses que nos falam da fundação da I grej a
com constituição monárquico-j erárquica, da instituição dos sa
cramentos como sinais visíveis, eficazes na produção da graça,
e t c . Trata-se, pois, ao menos de revelação impl ícita, nã.:> de in
direta. Pelo que também esta tese é "de fide divino-catholica",
dogma própriamente dito.
l:: s te grupo de dogmas não é de todo novo em sua propo
sição . Que a I grej a de Cristo é u m Corpo no sentido de organis-
3º) R EB 1 030, 3.
37) Rom 1 2, 5.
76 K ose r, As P r o p o s iç õ es da Enclclica "Mystici Corporis Christi'�
38 ) Denz. 1 97. Esta defi n i ção d e concilio particu l a r foi confirmada por
Bon i fácio l i , e proposta à fé d a I g rej a u n ive rsa l . ( Cfr. De nz 200a 200 b . )
. -
SO ) Denz. 696.
4 0 ) Denz. 875.
4 1 ) Denz. 6 .
4 2 ) C f r . Denz. 468-469.
4 3 ) Denz. 1 82 1 .
H ) Schema de Ecclesia, caput 5, Co l l . L a c . , col. 569 ; e Cânon 5,.
lc. c o l . 577.
4 6 ) Denz. 1 793. 4 G) Denz. 1 823.'
Revista Eclesiástica B rasilei ra, vol . 5, fase. 1 , ma rço 1 945 77
do Cor p o : " A I grej a é una por ser corpo ; é visível por ser cor
p o" : "Quodsi corpus est Ecclesia, unum quiddam et indivisum
s it op orte t . . . Nec solummodo . . . sed al iqu id etiam conc retum
a c per spicibile . . " . 47 Com isto Pio X I I define clara e solene
.
69 ) 1 Cor 1 2, 1 3.
7 0 ) Ef 4, 5 ; Mt 1 8, 1 7.
71 ) Coll. Lac. V I I , col. 567d.
7 2 ) D istingue-se o " Corpo da Igrej a" da "Alma da I grej a" e o "Co r
po Místico de Cristo" da "Alma do Corpo Místico".
7 3 ) M o r s, Th eologia Fundamen talis, 11, Petrópolis, 1 944, 201 .
6•
84 K o s _e r, As P roposições da E n c í c l i c a "Mysti c i Corporis Ch r ist i "
74) Cfr. D e n z . 348 ; 482 ; 696 ; 7 1 2 ; 796 ; 799 ; 861 ; 870 ; 895 ; 1 470 ;
20'12.
7 5 ) Cfr. a do u t r i n a dos SS. P P . sôbre os catecúmenos.
7 6 ) C f r . as de f i n ições do C o n c í l i o do Vaticano.
77) Cfr. D e n z . 324 ; 805-808 ; 833 ; 837 ; 862 ; 1 393.
7 8 ) O efeito da excomu n hão está def i n ido com a defin ição da j u ris
dição eclesiást i c a como verdadei ramente j u d i c i a l e coactiva, i nte r n a e ex
tern amente. Cfr. D e n z . 4 1 1 ; 499 s ; 763 ; 764.
7 9 ) R E B 1 032, 4.
8 0 ) Cfr. D e n z . 473 ; 627 ; 629 ; 63 1 s ; 647 ; 838 ; 1 358 ; 1 4 1 3 ; 1 422s ;
1 5 1 5.
81 ) Mt 9, 1 1 ; Me 2, 1 6 ; Lc 1 5, 2.
Revista Eclesiástica Brasileira, vo l . 5, fase. 1 , m a rço 1 945 85
c ep ta era t" -
e não faria nenhuma dificuldade. Pio X I I , porém,
3 re s t r in ge
com têrmos claros e exclusivos : " . : . cum conci onan
do s u a tr adi dit p rrecepta . . . " . l:: s te con texto i mediat o da propo
siç ã o, p ois, não oferece nenhum apoio a uma i n terpretaç ão di
ve rsa da q ue se impõe à primeira vista.
Pio X I I , porém , ao explicar a proposição da consumação da
I g r ej a p ela Pai xão e Morte de Cristo, diz : " . . . atque e Crucis
vi rt ute Serv ator noster, etsi iam in utero Virginis Caput totius
humanre familice constitu tus, i psum Capitis munus in Ecclesia sua
plenissime exercet." 99 A " gratia capitis" , pois, segundo o mesmo
Pontífice, data do instante da Conceição de Cristo no seio da
Virgem Mãe. E porque Cristo-Homem desde o primeiro instante
de s u a vida p ossui pleno uso de suas faculdades de i n teligência
e von tade, podia desde êste primeiro i nstante " ipsum Capitis mu
nus exercere", conquanto n a vida pública e n a paixão e morte
o viesse a exercer mais plenamente. Pelo fato de ser " Caput" des
de o instante da Conceição, podia, pois, segu ndo Pio X I I , começar
a atividade em prol dos seus membros, a atividade de funda
ção da I grej a.
A possibil idáde só, porém, n ão é motivo bastante para inter
pretar restritivamente uma parte duma proposição, e i n terpretar
sem restrição a outra . Pio X I I nos auxilia neste embaraço, acres
centando à possibilidade a i nda a declaração do fato. Pouco depois
da frase que acabamos ele citar, ao fal ar da assemelhação exis
tente entre Cabeça e Membros do Corpo Místico, o Papa se refere
explicitamente à · vida oculta de Cristo, fala da função de modêlo
perfeito para todos os homens. D i z ainda ser um dos motivos da
própria encarnação a assemel hação dos homens a Deus : "At si,
Verbum "semetipsum exinanivit formam servi accipiens" 1 00 , hoc
e a quoque de causa egit, ut suos secundum carnem fratres con
sortes faceret divinre n aturre." 1 0 1
N ão estamos, porém, limitados a i ndicações tão parcas. Pio
X I I nos fal a bem explicitamente da atividade fundadora de Cris
to du rante o · pe r íodo de sua vida oculta ·: " Eiusmodi vero aman
tissinza cognitio, qi.ta divinus Redemptor a primo lncarnatio nis suce
1 1 2 ) REB 1 034, 1.
1 1 3 ) Cfr. Denz. 1 22ss ; 1 60as ; 286 ; 3 1 9 ; 323 ; 344 ; 46 1 etc.
1 1 4 ) REB 1 034, 1.
1 1 6 ) Cfr. Denz. ibidem.
1 1 6 ) Cfr. Denz. 792a-843, especialmente 799. 117 ) REB 1 034, 1.
94 K os e r, As Proposições da Encfclica "Mystici Corporis Christi..
118
definida no Tridentino. N o V ienense, na Constitu ição "De Sum
ma Tri n itate e t fide cathol ica" lemos estas palavras : " . . . sed
etiam emi sso iam spiritu perforari l ancea sustinuit latus suum , ut
exinde profluentibus undi s aqure et sanguinis, formaretu r unica et
immaculata ac vi rgo sancta mater Eccl esia, con iux Christi, sicut
de latere primi hom i n i s soporati Eva sibi i n coniugium est for
1
mata . . . " 11 9 Pio X I I relembra esta tradicional analogi a. 20 A de
f i n ição do V ienense, sôbre êste ponto, se i dentifica mais ou me
nos com a de Pio X I I . Esta p roposição é nova quanto à f or..,
m u l ação, conqu anto os elementos possam ser col igidos das defi
nições feitas no V i enense e Tri den tino.
37 ) "Ecclesia morte Christi in Cruce uberrima ilia Spiritus
121
communicatione dilata est, qua divinitus illustratur. " N ão nos
consta tenha sido feita j amais proposição igual pelo Magistério .
Pio X I I , como i u ndamen tos desta verdade, aponta para a Tra
dição. Parece, pois, tratar-se duma tese "de fide divino-cathol ica" ,
especificação do dogma da consum ação da I grej a com a morte
122
de Cristo n a Cruz.
38) "Pretiosce suce mortis hora Ecclesiam suam uberioribus
Paracliti muneribus dilatam v oluit, ut ln divinis Redemptionis
fructibus impertiendis validum evad_e ret incarnai� Verbi instru
1 8
m entum, numquanz u tique defuturum . " 2 Para esta proposição
Pio X I I não aponta para f u n d amentos n a Revelação. Apresenta-a
como conclusão da proposição anterior : " S icut igitur . . . " Não
nos con sta tenha o Magi stério Eclesi ástico em data an terior ap re
sen tado p roposição semel hante. Pio X I I a propõe i n serida numa
argumentação para outra tese. N ão é, porém, nem argumento,
n em "o biter dictu m " , nem ainda mera expli cação, m as verdadei ra
m e n te u m a tese i rredu tível à superior. Nesta p roposição se i ndica
a f i n a l i dade da comu n i cação do divino Espí rito S a n to, enquanto
na superio r se f i x a a data em q u e se fêz. Pelo modo de Pio X I I
a p ropor, parece t ratar-se duma con cl usão teológica " ex a n a logia
f i dei " . Assim é difícil decidi r se é resu l t ado da combin ação de
dados revel ados, revelação i m p l ícita, e portan to dogm a prõpria
m e n te dito, tese "de f i de
divino-catholica" ; ou se é con clusão teo
l óg ica propriamente dita, com u m a prem issa n ã o revelada, reve-
8) Tom bo G. 1 , 89 v.
9 ) Tombo G. I I I , 1 45.
1 0 ) Tombo G. I I I , 1 57.
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 1 03
1 1 ) Tombo G. I I , 5 1 .
Revista Eclesiástica B rasileira, v o l . 5, fase. 1 , março 1 945 1 05
1 7 ) Livro d o Centenário, 7 e 8.
1 8 ) Tombo G. I V , 20 v.
1 9 ) Rev. lnst. Hist. Geogr. Br. 1 902, 1, 2 1 6.
20 ) Frei B asf l i o Rõwer, O. F. M., O Convento de Santo A ntônio, 2.•
ed. 1 87, ss.
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 1 09
CO M U N ICAÇÕ ES
Ação Católica no Sertão.
Sob êste título, S. Exc i a . Revma. D. Frei H e n rique G o l l a n d Tri ndade
acaba de publicar opo rtuníssi ma Carta Pasto ral, de que transcrevemos a
segunda pa rte :
E j á chegamos ao illtimo ponto desta nossa ráp ida e i ncompleta visão
de 3 anos de episcopado, p onto que fornece rá o assunto p ropriamente d i to
desta nossa mo destíssi ma c a rta pastoral : a fel i z i n stal ação, em n o ssa cara
d i ocese, da p rovi dencial e oportuna Ação Católi ca, inspi ração fel icíssima
do grande P ap a Pio X I , p reparada pelos seus a n tecesso res e continuada,
com a mesm a visão l arga e profunda, p e l o seu sucesso r o S a n to Padre
P i o X I I , glori osamente re i n a n te - Ação Católica, que não q uer o utra coisa
senão vol tar, de todos os modos possíveis, à s fonte s p u ras do catolic ismo,
que se enco ntram, doutri n à r i amente, nos evangelhos e cartas apostól icas,
e, pràticamente, n a p r i m i tiva vida d a I g reja, onde tudo coopera, com um
entusiasmo s i n c e ro e uma caridade sem sep arações, p a ra a dil atação do
Rein o de C risto, cujos salutare s i n f l uxos se começaram a perceber, cla ra
m ente, 1J1as a l m as, n a s fam i l i as, na socie dade, quer j udaica, quer pagã,
daqueles tempos heróicos.
Oportunidade. - A m u i tos, talvez, p a recerá que a A. C. vem m u ito
tarde à nossa diocese. O utros, talvez, e j á o ouvimos, d i rão que a A. C.
é prem atura, ·nestes sertões. N ã o condenamos ·n em uma, nem o utra o p i n ião,
pois que cada uma tem a sua p a rcela d e razão. Sim, é tarde, pois não
é de hoj e q u e os Soberanos Pontífices i n sistem em sua p ronta di fusão,
por tôda p a rte, sem mesmo excetuarem as te rras de m issão. E' cedo, pois
quem c o n hece a ignorância re l i giosa de n o sso povo, a deficiência deso l a
dora do clero, bem compreen d e que, em tais c i rc u nstânci as, a A. C. a i n d a
n ão é fruto p e rfeitamente maduro, p ara se colhêr e sabo rea r.
O Fato. - Sej a como fôr, depois de quase 3 anos de anseio e de p re
.p a ração remota, e dep o i s de 3 meses de p rep a ração próxima, n a g rande e
sign ificativa festa de S. Pedro, d i a do Papa., 24 diocesanos (senhoras, ho
mens, moças e rapazes) p restaram, e m nossa i g rej a cated ral do Senhor
d o Bonfim, o compromisso legal, recebendo das mãos de seu bispo, como
vido e agradecido, o distintivo
·
que deve esp a l h a r luz e esperança p o r
tôda pa rte.
O Nosso Papel. - Estava l a n çada, em terra bonfinense, a p reciosa
sementi n h a da A. C. B rasi l e i ra. Não nos il udíamos, p o rém ; era uma se
mentinh a apenas, que devia ser cercada de todo o c a rinho, para se desen
volver, c rescer, multip l icar-se . En tregamos a N. S. êste trabalho, pois, sem
i!:le, n a d a se consegue, reservando p a ra nós o papel d e seu primeiro au
x i l i a r, ·não visando a h o n ra que dai nos vem, e, sim, as fadigas e decep ções
que não hão de f a l ta r, e que desej a ríamos tôdas p ara nós.
Cooperação. - Entretanto, não podemos, n em queremos t raba l h a r
sozin ho, neste ap ostolado a n t igo-moderno do l a ica to ; s e r i a j á .p ecar p e l a
b a s e . E uma p rova desta -nossa asserção é e s t a h u m i l d e carta que vos
escrevemos, ded icados cooperadores e fil hos ca ríssimos, com o fim de me
d i tarmos j u ntos sôbre a s responsabili dades e as o b rigações, que a A. C.
impõe a todos n ós, c l é rigos e leigos, sem deixarmos de meditar também
1 10 Comunicações
sa lvaç ã o e santif icação das almas imortais como trabalho mais i mpo rtan te
- o que exige uma visão perfeita e completa da v i da, não esfacela da mas
brotan do de sua origem e d i r igindo-se a seu fim, i sto é, em relaçã o · í � tima
com Deus e a eterni dade.
Es tudo e Oração. - Para despertarmos êste espírito de fé, e para 0
conservarmos e desenvo lve rmos, é necessário o estudo religios o e a vida
de oração. Teremos o cuidado e a d i ligência perseverante, amados f i l h os
d e estudarmos e ensinarmos o catecismo, os evangel hos e epístolas, a l i �
tu r g i a da m issa e dos sacramentos, a história da I g rej a, os docu mentos
pont ifí c i o s este estudo não só fo rnecerá matéria p a ra n ossa o ração, co
.
8
1 14 Comunicações
<lades, que "muito dá quem dá tudo o que pode", ainda que possa dar
muito pouco.
D. Fr. H e n r i q u e G o l l a n <I T ·r i n d a d e, O. F. M.
B ispo de Bonfim.
jadinho was a leper, and lhe frightfui ravages of the disease which may
have been leprosy in combination with other maladies as w ell, so mu tilated
him that ln his last years he had to be carried to his w ork under a wide
sombrero and a flowing cape, so that none could see his features. He had
lost his hands and fingers, and the chisel and mallet had to be strapped on
to his stumps. "
Continuemos : He worked ali day, and 1vas carried home after nightfall .
His sculptures ln wood and stone are to be found in other to w11s of lhe
slates of Minas Gerais ln Congonhas, Mariana, S. joão dei Rei, but chiefly,
in Ouro Preto.
Outra observação ; há engano em Sitwell ; não nos consta que Antôn io
Lisboa tenha trabal hado em Mariana ; o pai do artista é que ali estêve tra
balhando. (0 Aleijadinho trabalhou em Sabará, como todos sabem. ),
Prossegue o pesquisador britânico : lhe soft soap-storze of lhe district
whiclz /zardens considerably after it /zas been quarried was lzis favourite
material . . . tlze sculptures of tlze O A leijadinlzo are ln flze grever - greener
soap-stone. São obra do Aleijadinho as fachadas das duas igrej as francis
canas a de Ouro Preto e a de S. João dei R.ei , conti nua Sitwel l. Depara
se nas duas desenho um tanto semel hante ; em cada lado uma tôrre re
donda ; o frontispício é de estuque entr e p ilastras de pedra, porém a por
tada e as decorações esculpidas são das mãos do Aleijadinho. Em S. Fran
cisco lhe doorway is of wonderfull elegan ce, like an elabora/e mirror frame.
Sôbre a porta existe grande medalhão esculturado.
N a outra igrej a (a de S. F rancisco em S. João dei Rei) o f rontispício
(doonvay) é mais elegante ; a mão do escultor trabalhou no remate acima
da cornij a.
N o interior d e S. F rancisco (de Ouro P reto ) o Lavabo ( tlze font) é
da lavra do Aleijadinho e p rovàvelmente o mais form oso e o mais elegante
de seus trabalhos ( lh e most beautiful and elegant of ali his works.) O es
tudioso inglês descreve em poucas linhas o Lavabo.
Sitwell atribui ao Aleijadinho o Lavabo da igrej a do Carmo. Peço
vênia para l embrar ao distinto publicista inglês que não é tese pacifica a
atribuição do Lavabo do Carmo ao Aleijadinho ; os que estudam mais de
perto esta escultura opinam que n a execução do Lavabo do Carmo há in
dícios do trabal ho de mais de uma pessoa.
Sitwell condensa em 14 linhas (pág. 67) as referências ao terraço de
Congonhas. A frontaria daquele santuário foi mesmo executada pelo Alei
j adinho? Quanto às capelas dos Passos de Congonhas entende o publ icista
que foram modeladas pelas de B raga e Lamêgo.
8*
1 16 Comu nicações
Exceções.
As obrigações do pároco são pessoais. Quer isto dizer que não se
dispensa da obrigação de assisti r aos fiéis pelo fato de lhe have r sido
dado vigário coadj utor ou cooperador. s
Primeira exceção : Licença do Ordinário. O Ordinário do lugar
-
. 3) Multas das funções pa roquiais podem se1· d esempenhadas por aquêles vi gá
.
rios e é porque o pároco não basta sozi nho, ou mesmo porque não pode, que o
vigário lhe é d ado. No entretanto os autores são unO.ni mes em afirmai· que o
pároco não pode recusar-se a m i n i strar pessoalmente aos fiéis quando êles re
q u i s i tarem n omeadamente os seus serviços. Cfr. e a p p e 1 1 o, Summa Juris Cano
n l c l , vol. I , n.0 68 ; V e r m e e r s c h, Theologla Mora! is, tomo I l i , n,o 181, ed . 3.•
4 ) :tl:ste caso suced e normalmente nesta Diocese d e Lamego e, certamente, na
maioria das d ioceses d e Portugal. No d i reito antigo quem t i vesse duas paróquins
u n i d a s pod eria resid i r na m a i s d i gna e, se não soubesse qual das d uas o er:o.,
d everia res i d i r na m a i s populosa. Cfr. F e r r a 1· 1 s, o. c. v. Parochus, art. 2.0•
n n . 7-9. No d i re i t o mod e1·no, e m tais c i rcuns tâncias, o 01·d inárlo d i rá em qual
das d uas o p á r o c o deverá fixar a sua residência.
õ) Após a celebração d o Co nclllo Plenário Português é i m p osta aos s acerdo
t es recém-01·denados a ass i stência aos e xerc!clos espirituais d urante o s três .p1·i
melros anos do seu sacerdócio. cfr. cân. 3. Muitos dlHes são nomeados .párocos
l ogo d epoi s da orden ação e, por i sso, estão nas condições expostas a respeito
d esta 2.• exceção.
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 121
dais. (Cfr. cânones 2 1 68-2 1 75 . ) Resta, porém, dizer algu mas palavras
da t .•
Restituição dos frntos do benefício . - Que os · frutos do benefício
são recebidos em razão do ofício é regra j u rídica de há m uito consagrada.
Ora, não tendo o pároco satisfeito a uma das condições em que recebeu
o ofício, e uma das principais, segue-se logicamente a privação dêsses
fru tos. E é tão geral e tão rigorosa a s u a restituição que, no caso mesmo
de não ser n otória a violação d a lei d a residência, o pároco não pode
fica r com êles.
A dificul dade maior está em i nterpreta r a expressão pro rata illegi
timre absentire. Contados todos os réditos proven ientes do dote de bene
fício, a que se chama a côn gru a p a roqu i a l , sej a ela constituída por uma
ou outra espécie de bens descritos nos cânones 1 4 1 0 e 1 4 1 5, o pároco
deve repor os p roventos proporcionais à ilegítima ausência. Distribuídos,
pois, os rendimentos a n u a i s por cada dia e multiplicado o quociente pelo
número de dias de ausência, fàcilmente se obterá a q u antidade dos frutos
a restituir. "
-0 consentimento del as, a não ser que haj a prova em contrário." E para
esta cláusula final cita como exemplo o cân. 302, q u e assim reza : "Consti
t u ant ( V icarii et P rrefecti Apostolici) Consi l i u m ex h;"ibus saltem antiquiori
bus et prudentioribus mission ariis, quoru m sententiam, saltem per episto
'/am, .audiant in gravioribus et difficilioribus negotiis."
C h e 1 o d i (De Personis, n . 92, 1 02) : "Quando várias pessoas devem
ser ouvidas, o seu conselho ou consentimento constitui u m ato colegial.
Ora, os atos colegiais devem ser feitos colegialmente (c. 1 05, n. 2.º ) . Por
con segu i nte, não se satisfaz à razão da lei e nem mesmo à sua letra,
qu ando o Superio r pede a opinião dos seus conselhei ros separadamente,
embora talvez desta maneira mais fàcilmente se obtenh a u m sufrágio u nâ
nime. Pois, manifestamente e x i ge o d i reito (c. 1 05, n . 2.º) que tais negó
cios sej am discutidos em comum deliberação, du rante a q u a l cada u m
possa, natu ralmente c o m a j usta reverência devida ao Superior, com f é
e sinceridade expor a s u a opinião . . . "
mente ausente, mande o seu voto por escrito ou o transmita por um pro
cu rador. Isto será i nterdito somente nas eleições canônicas estritamente di
tas e "nisi lege peculiari aliud caveatur" (e. 1 63 ) . O que se deve esten
der também aos casos que requerem votação secreta."
O o y e n e e h e ( Com. pro Religiosis, 1 922, pág. 329 sq. ) : "Quando 0
di reito, tanto comum como também particular, de alguma Religião exige
para o tratamento e definição dos negócios o sufrágio ou parecer dos as
sistentes ou conselhei ros, deve o Superior convocá-los todos e todos ou
vir. Pois declara o cân. 1 05, n . 2.º : "Si requ i ratu r consensus vel consilium
non u n i us tantum vel alterius personre, sed plurium simul, ere personre
legitime convocentur, salvo prrescripto can. 1 62, § 4, et mentem suam ma
n i festent . . . " Isto, aliás, é mu ito natu ral ; pois, se o Superior, para poder
agi r, necessita dos sufrágios de seus conselhei ros que fazem parte dum
corpo moral ou grêmio, tem a obri gação de convocar to dos os membros
daqu ele corpo moral e não lhe assiste o d i reito de chamar arbitràriamente
estas ou aquelas pessoas, preterindo out ras. Mas todo o .f Olégio, assim
como está j u ridicamente constituído, é q u e deve ser convocado e reunido.
O cânon citado não deixa ma rgem para dúvidas.
"Mas além disso pode-se perguntar : O Superior, que certamente agi
ria ilicitamente não convocando todos os conselh e i ros qu ando segundo as
no rmas do di reito deve pedir a sentença do Conselho, agiria também in
vàl idamente? A primeira vista o cân. 1 05 parece querê-lo i nsinuar, dizendo :
" Cum ius statuerit Superiorem ad agendum indigere consensu vel consi lio
aliquaru m personarum : l .º s i consensus exigatur, Superior contra earundem
votum invalide agit : si consi l i u m tantum per verba de co11silio consultorum
vel audito Capitulo, paro clzo, etc. satis est ad valide agendum ut Superior
i l ias personas audiat." Logo não satisfaz às condições n ecessárias para
agir vàlidamente o Superior que não ouve as pessoas que devem ser con
suitadas. Ora, sendo necessário o consentimento o u parecer não de uma
o u outra pessoa, mas de várias simu ltâneamente - o que se verifica
quando se torna m ister o sufrágio dum Conselho ou Capítulo - todos
elevem ser convocados e ouvi dos, como ficou dito acima. Logo, ainda que
uma só pessoa fôsse p reterida, agiria invàlidamente o Superior.
"Quod si p l u res quam te rtia pars c lectoru m neglecti fuerint, electio est
i pso i u re n u l l a . "
Conclusões.
Exigindo, pois, o d i reito o consentimento ou conselho de várias pes
soas simu ltâneamente, essas pessoas devem ser legitimamente convocadas
e manifestar e m comum deliberação o seu parecer, de maneira que o Su
perior, segu ndo a opinião u nâ n i me ele todos os autores, agiria ilicitamente,
se em c i rcunstâncias ordinárias negligenci asse esta lei eclesiástica. N B .
Não é mister convocação especial, quando a reunião do Conselho se rea
liza periodicam ente em dias marcados de cada mês o u ano ; pois, neste
caso, tal determin ação faz as vêzes ela convocação especi a l (cfr.
O o y e n e c h e, Com . pro Religiosis, 1 922, pág. 33 1 ) .
Quanto à invalidade, porém, d o ato h á d ivergência entre os Autores.
C o r o n a t a , C h e 1 o d i , E i c h m a 1 1 n e outros defe ndem a i nvali dade
cio ato se os sufrágios o u votos não tiverem sido dados em comu m de
l iberação ; w· e r n z - V i d a 1 diz apenas "não é suficiente, se o Superior
pedir o consentimento o u conselho dos conselhei ros separadamente" ;
V e r m e e r s c h - C r e u s e n declara : "segundo O j e t t i requer-se a
comum deliberação para o valor do ato" ; C o c c h i fala de exceções,
isto é , "a não ser que as constitui ções, costu mes e indu ltos aconselhem
o contrário" ; da mesma maneira também se exprime mais ou menos M a -
r o t o, admitindo exceções da regra gera l .
su pressa.
G o y e n e c h e é do mesmo parecer, apoiando a sua o p i n i ão sôbre
o fato de que também nas eleições, ato tipicamente colegial, a preterição
de u m ou outro membro q u e dev ia ser convocado, não a n u l a " ipso i ure"
a eleição. Mas invàl idamcnte agiria o Superior, segu ndo Goyeneche, caso
dei xasse de convocar mais do q u e a têrça parte dos conselheiros.
A sentença dêstes últi mos autores parece estar sólidamente fundada,
de maneira que não hesitamos cm nos declarar solidários com ela. Abs
traindo, pois, da eleição, cios negócios j u d iciais em sentido estrito e tam
bém lato (v. g. dim issio ) , das nomeações para algum ofício, sobretudo
quando fazem as vêzes de verdadeiras elei ções, como são aquelas que de
per si competem aos Capítu los, m as são feitas pelo Conselho, ficando vago
algum ofício du rante o tempo de seu regime ; abstraindo, digo, dêstes ca
sos e ele outros para os quais o d i reito, sej a u n iversal sej a particular,
prescreve " a d vali ditatem" a cong regação dos respectivos conselhei ros, não
nos pa rece agir i nvàli damente o Superior se pedir o consentimento ou
conselho das pessoas convocadas a cada u m a em particu lar. I l ícito, sim,
seria tal procedimento em geral ; entretanto, em caso u rgente ou em c i r
cunstâ ncias extraordi nárias, não sendo possível reu n i r os conselhei ros sem
i ncômodo g rave, desaparecerá também, segu ndo nossa opini ão, a i l iceida
de, como sói acontecer em outros casos da legislação positiva.
Aconselhamos, porém, a todos que consultem d i l i gentemente a sua
própria legislação particular. Pois as constitu ições e n o rmas particulares
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 1 29
Casos Particttlares.
"Cum suo Consí l i o " . - Tanto o Código como também as normas par
ticulares das várias Religiões, em muitos casos determi nam expressamente,
se o voto dos conselheiros é deliberativo o u apenas consu ltivo.
Outras vêzes o Código emprega a fórmula um tanto obscura "cum
suo Consilio" ( n as Constitu ições ocorre "cum suo Definitorio" ) , como p o r
exemplo n o s cânones segu intes : 494, § 2, 5 1 0, 549, 646, § 2, 650, § 1 ,
655, § 1 , 1 395, § 3.
L a r r a o n a ( Com. pro Religiosis, 1 928, pág. 426 ) , concedendo em
bora que tal fórmula não signifique necessàriamente o voto deliberativo,
acrescenta entretanto que o exame atencioso dos cânones citados nos en
s i n a que, de fato, o Legislador em quase todos ê les emprega a fórmu l a
"cum suo Consilio" no sentido do voto deliberativo. - V e r m e e r s c h -
C r e u s e n escreve (Epitome, 1 , n. 1 97, pág. 1 53) : " l ste modus dicendi
Revista Eclesiástica B rasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 131
quadant e nus ambiguus est ; aliud tamen est quidpiam tribuere ipsi Consi
lio, aliud quidpiam committere Superiori cum suo Consilio. Quare, per se,
cum potestas Superioris favorabilis sit, existimamus tunc sufficere ut, au
dito Consilio vel Capitulo, agat. jam tunc enim agit cum Consilio seu Ca
pitulo." Da mesma opinião é F a n f a n i, escrevendo (De Jure Religioso
mm, n. 67 ) :" . . . cum potestas in Superiore aliquid favorabile sit, ea libera
in agenClo relinquenda est, nisi expresse ligetur." Podemos, pois, concluir
que a fórmula "cum suo Consilio", "cum suo Definitorio" , pode ser en
tendida do voto consultivo, caso não conste o contrário "ex rerum natura
vel contextu" . Sempre, porém, que o direito exige o consentimento dos
conselhei ros, o voto dêles é deliberativo, e o Superior age i nvàlidamente,
procedendo contra o voto dos conselheiros.
Resposta Final.
O próprio consulente declara na exposição do caso que êle é vigário
numa paróquia religiosa, mas que a igrej a matriz continua sendo sewlar.
Neste caso, como temos visto e como o declara expressamente o cân.
630, § 4, a admin istração dos bens da fábrica de tal igrej � cabe di reta
mente ao Ordinário do lugar. De di reito, pois, não é o pároco o adminis
trador dêstes bens, como pensa errôneamente o consulente, mas o Ordiná
rio do lugar. Entretanto, segundo a nossa opinião acima externada, os nos
sos Exmos. Srs. Bispos, pelo decreto 322 do Cone. Plen., confiaram para
sempre a administração de tais bens ao pároco, também religioso se é vi
gário numa igrej a secular. Caso nos enganemos neste particular, compete
ao Ordinário do lugar, por ser o administrador nomeado pelo Código, de
confiar a referida administração a um substituto, porque dificilmente o
próprio Ordinário do lugar vai se encarregar da administração dêstes
bens. Em vista do que foi dito, achamos desnecessário dar uma resposta
às demais perguntas especificadas que se explicam por si mesmas.
Frei A 1 e i x o, O. F. M. (Petrópolis. )
êstes casos, é porque o clérigo não compra estas coisas com a intenção
inicial de as vender depois. (S. Alf. n. 836. )
6) Comprar certos gêneros por um preço barato em tempo de far
tura para vendê-los em tempo de escassez, pelo mesmo preço, aos amigos,
parentes e pobres ; ou também vendê-los mais caro, contanto que o ex
cesso no preço sirva para compensar as despesas de transporte, conserva
ção, etc. , pois neste caso não se pode falar em negociação lucrativa.
7) Vender pelo preço corrente o bjetos recebidos de presente ou por
um preço módico em atenção à própria pessoa.
8) Segundo a opinião comum dos autores, não é proibida aos clérigos
a negociação propriamente dita, quando essa se torna necessária para o
sustento do próprio clérigo e o dos seus ; devendo-se isto entender mais
provàvelmente do sustento necessário em relação à condição social do seu
estado. (S. Af. n. 837.) Mas para êstes casos deve o c lérigo ter licença
do Ordinário.
NB. Se um clérigo ficar, por herança, proprietário de4Jt1 ma casa de
comércio de que não possa desembaraçar-se logo sem grave prej u ízo, po
derá temporàriamente conti nuar a exercer tal negócio mediante outras
pessoas mas com a devida licença do Ordinário, que determinará o prazo
de tempo. A êste ponto acrescenta G é n i e o t ( Th. Mor. n. 39) : "Attamen
ob consuetudinem videtur l icere ut, si clericus una cum fratribus succedat
in negotia paren t11m, ea per alias gerere pergat." (D' Annibale, 1 1 1 , n . 1 56,
nota 1 2. )
9) Nesta altura convém tratar da questão, s e aos clérigos é licito ou
não comprar "ações" e "obrigações" das sociedades industriais e co
merciais.
"Obrigações" são títu los de capital emprestado a uma sociedade e pe
los quais o possuidor adquire o direito a certos j u ros segu ndo uma tabela
fixa, até que o capital emprestado lhe sej a restituldo. Os possuidores de
"obrigações" são credores de tais sociedades e chamam-se obrigacionistas.
"Ações" são títulos representativos de capital emprestado a uma so
ciedade, pelos quais o possuidor vem a fazer parte de companhia ou so
ciedade comercial ou industrial, com direito a um emolumento variável
("dividendo" ) , conforme o lucro, verificado no balanço. Os possu idores de
tais "ações" são sócios (mas não necessàri amente administradores) de tal
sociedade e chamam-se acionistas.
Ora, segu ndo a opinião comum dos Autores, é lícito aos clérigos co
locar o seu dinheiro em "obrigações" de qualquer sociedade honesta, con
tanto que se trate de dinheiro próprio.
Relativamente às "ações" há controvérsia entre os Autores sôbre se
é l ícito comprar "ações" de tôdas as sociedades, porque várias exercem
negoci ações proibidas aos clérigos. Podemos dizer o seguinte : Todos
afi rmam ser l icito aos clérigos comprarem "ações" de sociedades estrita
mente industriais. A divergência entre os Autores se refere, portanto, so
mente às sociedades com erciais. Enqu anto nos consta, a S. Sé até agora
não deu nenhuma decla ração que definisse esta questão. Nos esquemas
preparatórios, o cânon 1 42 tinha um § 2, do teor segui nte : "Licet tamen
clericis obligationes vel actiones societatum i ndustrialium vel commercia
lium aut arcarum publicre util itati inservientium emere, dummodo ere socie
tates nullum habeant propositum finem illicitum vel quomodoli bet suspectum
neque clerici i isdem actionibus aut obligationibus negotiationem exerccant."
(Cfr. M a r o t o, Inst. ]. C. n. 572, pág. 657.) Como êste pa rágrafo foi
1 42 Assuntos pastorais
Resposta à Consulta.
diocese, uma certa corporação tinha d i reito especial de escolher por elei
ção o pároco do l ugar, onde estava estabelecida. Tendo falecido o páro
co, reu n i ram-se os eleitores, e foi escolhido, observadas as normas j u rí
dicas, o Padre Zigu. Mas dias antes os eleitores an daram dizendo qual 0
candi dato de cada um, de sorte que o povo já esperava a escolha do
Padre Zigu . - Teriam sido vàli damente eleitos êstes dois sacerdotes, con
forme as normas do Cód i go ?
Resolução . - Eleição eclesiástica, n o sentido lato, significa qualquer
designação legitima de u m a pessoa para u m oficio eclesiástico. No sen
tido estrito é a escolha canônica de uma pessoa idônea para um oficio
vacante, por meio de pessoas que têm direito de dar votos. Diz-se escolha,
porque o eleito depois deve receber a provisão da autoridade competente
e não a obtém só pela eleição, salvo determi nação em contrário. Três
são as formas de eleição aceitas pelo Código : por escrutínio, por com
promisso e por quase inspi ração. O primeiro modo consiste em que as
pessoas competentes dêem votos, e se torna eleito o que 4'\lJ tém n ú mero
legal de votos. Dá-se o segundo modo quando as pessoas, a quem as
siste o d i reito de eleger, entregam seus direitos u n â n i memente a certos
varões idôneos, que, em nome dos eleitores, fazem a escolha da pessoa
para o benefício. O terceiro modo se dá, quando os eleitores, sem prévia
combin ação, sem nenhuma contradição, como que i nspi rados, unâni me
mente concordam em admitir tal pessoa determi nada. Bste (1 ltimo modo
de eleger, só é aceito pelo Código n a eleição do Romano Pontífice ; dos
outros dois modos, o primeiro é o mais usado. O costume de fazer elei
ção data dos primeiros tempos da I grej a, entrando antigamente, muitas
vêzes, os simples fiéis em eleições. Bste costume passou por várias modifi
cações, e foi, pouco a pouco, restringido. Pelo direito comum, a eleição
mais i mportante é a do Sumo Pontífice, cujas normas se acham n a cons
tituição Vacan te Sede de Pio X; existe ainda a eleição do vigário capitular
e a do ecônomo, sede vacante, a dos abades e superiores de ordens e de
congrega Ç ões, quer de homens, quer de mulheres. Relativamente à no
meação de Bispos, cônegos, capelães, etc., não se prescreve eleição ; em
vários lugares porém existe em virtude de d i reito particular.
P assemos a examinar as determin ações do Código, que possam ter
aplicação ao caso presente em matéria de eleição. Podem dar votos os
membros de corporações a quem assiste o direito de eleição, com exceção
das pessoas a quem o Código tira êste direito. Estas são : a ) as pessoas
incapazes de ato humano, como as inteiramente patetas, malucas, etc. ; b)
as impú beres ; e) as i nfames ou l i gadas por censu ra, mas só depois da
sentença declaratória ou condenatória ; d ) as que se alistaram em seita
herética ou cismática ou que pitblicamente lhes aderiram ; e ) as que re
ceberam a pena de privação de voz ativa, quer por sentença do j uiz, quer
por determinação do direito comum ou particular (cfr. Código, e. 1 67 § l ) .
vado pelo uso e pela autoridade eclesiástica, e, como Oti mamente, 0 des
creve Frei B a s i 1 i o R õ w e r em seu "Dicionário Lihhgico" : "Estandarte
Religioso (vexillum, fano) - pano quadrado ou quadrilongo de uma ou
mais côres, às vêzes ricamente bordado ou pi ntado com legendas, emble
mas ou imagens de Santos, inteiro ou recortado na orla inferior, armado
numa v erga horizon tal, que, p rêsa na vara, forma uma cru z . - Representa
o estandarte a Cristo em seu triunfo ou os Santos na glória. (NB. Cristo
ressuscitado e triu nfador é sempre representado com tal estandarte na
mão . ) Por isso são levados nos p réstitos religiosos solenes e são empre
gados também para enfeitar os altares, sendo colocados ao lado, e as
igrej as . . . " N B . Quando se benze o vexilo, a bênção cai sôbre a cruz pela
qual é encimada a haste principal e sôbre a imagem do Santo ; o pano
não é bento.
Concluscío . - Escreve o consulente : "Adotaram aqui ultimamente o
sistema das bandeiras, abandonando os estandartes." Para dizer a ver
dade, a nós parece pouco conforme com o uso e espírito cj,'? lgrej a êste
afastamento dos estandartes, para i ntroduzir o sistema das bandei ras. Por
isso duvidamos seriamente que a Santa Igrej a i rá aprovar êste novo cos
tume, novo, pelo menos, em muitas partes do orbe católico.
Frei A 1 e i x o, O. F. M.
Batismo sob Condição. - Há muito desejava fazer a seguinte consul
ta à REB : Sempre duvidei do Batismo administrado em casa. Por aqu i o
povo tem receio, graças a Deus, de deixar as crianças sem o Batismo ;
por isto, havendo qualquer perigo, batizam em casa. Mas a maioria não
batiza direito. Quase sempre é a fórmula que é truncada. Quanto à ma
téria, não sei . . . Pergunto : l .º Deve-se batizar sempre sob condição tais
crianças batizadas em casa por pessoa leiga? Tanquerey diz "generatim"
deve-se batizar sob condição. Qual é a extensão dêste "generatim"? 2.º E'
necessário dizer sempre "si non es baptizatus . "? -
. .
k e 1 b a c h, A n 1 e r . . . )
As obras pias q u e . o sacerdote con fessor pode comutar são as assim
chamadas condições ordinárias, como sej a m : confissão, comu nhão, preces,
j ej u m , visita d a igrej a, contanto que esta estej a situada n o lugar ond�
a pessoa está morando. Pois não é p rovável que o Legislador, com o
p resente cânon, quisesse dar aos sacerdotes confessores a faculdade de
1 50 Assuntos pastorais
Resposta : "Non licet Sabbato Sancto missam cantatam vel lectam celebra
re, quin eidem ignis et cerei benedictio prremittatur, neque prophetire ante
Missam omitti possunt." (S. R. C., 12 Aprilis 1 755 ; cf. REB, 1 942, p. 462.)
Pe. H. B.
1 52 Documentação
D O C U M E N TAÇÃO
Atos da Santa Sé.
Purlffcatlo et Ablutlo Calicls Sola Aqua. - Decretum S. Congregatio
nis Rituum. P l u res locorum Ordinarii Sanctissimo Domino N ostro Pio
Papae XII exposuere sacerdotes suarum dioecesium, o b ingravescentes i n
d ies bel l i causa d ifficultates, etiam vini penuriam p ro sacrosancto Missae
sacrificio passu ros esse ; ideoque Eum supplicibus verbis o raverunt, u t vini
p a rsimoniae meliori q u o fieri p ossit modo consulere d ignaretur. San ctitas
p o rro Sua, in audientia infrascripto Card i n a l i Sacrae Rituum Congregatio
'
nis Praefecto concessa, die 1 2 Maii 1 944, attentis hodiernis peculiaribus
rerum adiu�tis, i isque perdu rantibus, benigne indulget, ut p urificationes
e t ablutiones calicis, quae i n Missa, i u xta rubricas, cum vino primum ac
postea simul cum aqua peragendae sunt, sol a aqua fieri possint i i s i n locis
ubi, iuxta prudens Ordinarii iudicium, vini angustiae hodie habeantur, vel
i n posterum p raevideantur. Contrariis q u ibuslibet n o n obstantibus. D i e 1 2
Maii 1 944. C. Card. Salo tti, Ep. P raen ., P raefectus. A . Carinci, Secretarius.
- (AAS, 20 Maii 1 944, p . 1 54 . )
Prohibltlo Operum. - Decretum S. S. Congregationis S. Officii. Decreto
26 Martii l 924 huius Sup remae Sacrae Congregationis S. Officii opera et
scripta omnia Ernesti B uonaiuti damn ata fueru n t ; q u i n ihilominus p e rstitit
in operibus edendis, etiam fundamenta fidei christianae evertere n itenti
bus, quorum aliqua iam a S. Officio .proscripta sun t ; n uperrime autem opus
omn i n o imp robandum e d i di t, c u i titulus "Storia dei Cristianesimo". I taque
Emi ac Revmi Patres Cardinales Sup rem ae Sacrae Congregationis Sancti
Officii, rebus fidei a c morum tutandis p raepositi, i n p l enario conventu fe
riae I V, diei 1 7 Maii 1 944, praehabito RR. D D . Consultoru m voto, damna
verunt atque in l n d i cem l i b rorum prohibito rum inserenda mandaru nt opera
et scripta omnia a h Ernesto B u o n aiuti p ó st decretum supradictum usque
ad eundem diem 1 7 Mai i 1 944 edita. Et sequenti feria V, die 18 e iusdem
mensis et anni, Ssmus D. N. Pius divina P rovi dentia Papa X I I , in solita
audientia Excmo ac Revmo D. Adsessori S. Offici i impertita, relatam Sibi
Emorum Patrum resol utionem adp robavit, confirm avit et .p ub l i c i iuris fieri
i ussit. Datum Romae, ex Aedibus S. Officii, die 1 7 Iunii 1 944. loatznes Pepe,
Supr. S. Congr. Sancti Offi c i i N otarius. - ( A AS, 26 I u n i i 1 944, p. 1 76.)
Da tum Romae, ex Aedibus S. Officii, die 2 1 lulii 1 944. /. Pepe Supre mae
S. Congr. S. Offici i Notarius. - (AAS, 28 lulii 1 944, p. 2 1 2. )
·
'
V. Sacerdotes ape rte fideles doceant eos gravite r p rohiberi, ne, quamvis
sibi consc i i sint culpae mo rta l i s, nondum in confessione recte accusatae
Revista Eclesiástica Brasi leira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 1 55
dicitur eum a metu ad simulandum adductum esse seu causam simul atio
nis fu isse metum.
3. ln facto. - Pacificum est Titum, actorem, ob gravem sponsae Lu
ciae morbum qui a medico declaratus e rat insana bilis, non amp l i us vo-
1 u isse eam ducere uxorem, neque p ostquam p uellam reddidit praegn antem
eumque ad evitandas nuptias aufugisse Mediolanum. Actor ad rem ltae �
de posuit : " Dopo circa due a n n i dalla n ostra conoscenza, tratt enendomi
un giorno con lei alia "Casina delle Rose", m i accorsi cite ebbe uno sbocco
di sa ngue. Fu p ortata dai p rof. A., ed io stesso assistei alia visita. l i p ro
fess o re disse che la ragazza era spacciata e a me consiglio di astenermi
an clte dai baciarla. Dopo tale sentenza, suo padre e sua sorella mi con
sigliarono d i non rompere subito le relazioni, ma d i radarle a poco a poco.
D'altra p a rte anch'io, sen tendo d i volerle bene, non ebbi il coraggio d i ve
n i re a u n a rottura. Elia si mise in cura p resso il p rof. M. e miglioro molt is
simo. 1 rapporti intimi in q uesto periodo avvennero tre o quattro volte. Nel
1 930 ella rimase incinta e me ne diede notizia i nsistendo "i?e rclte io l a
sposassi. l o rimasi atterrito ai pensiero di dover sposare u n a d o n n a amma
l ata e di mettere ai mondo figli amm alati . . . Pensai percio di eclissarmi
e infatti, con qual clte aiuto finanziario datomi dai signor Livio, p resso cui
tavoravo, me ne andai a Milano." Cum haec a m u l ie re conventa confirmata
atque a testibus p robata sint, n ullum exsistit dubium de motivo, ob quod
vir recusavit n uptias i n i re cum sua sponsa graviter aegrota.
4. - Pariter ex depositionibus p artium et testium certo constat Lu
ciam e iusque p ropinquos tum contra Titum p raesentem tum contra absen
tem coram dilo Livio minas mortis pronuntiavisse, atque puellae soro rem
eti am viri m atrem, insciam tam culpae quam fugae filii, post p rofectum
Titi i n i u ri i s affecisse. At m i nae mortis, quae p raecipue a conventae sorore
Aemilia iactatae sunt, non erant verae commin ationes, sed potius verba
in aestu i rae p rolata. U t i d ostendatur, sufficit audire Luciae sororem
Aemil iam, quae ad rem haec retut it : " l o era la persona piit energica deli a
famigl i a e tenevo molto a quel la sorella p iit p iccola tanto che le volevo
bene come a una figlia . . . Non nego che, nell 'escandescenza, mi uscirono
anche p a role di m i n accia e cite dissi ai Tito che lo avrei ammazzato se non
avesse fatto i1 suo dovere. N atu ralmente - sincere fatetur testis - lo
dissi i n atto d i rabbia, senza quasi pensare a que! che dicevo e senza aver
in animo di attuare l a min accia : cio sarebbe stato fisicamente impossibile,
perclte egl i e un uomo ed e molto piit grosso di me. l o non credo cite egl i
abbi a potuto aver paura di me ; tanto e vero - recte conclu d i t - cite non
s'indusse affatto a sposare, anzi per evitare il matrimonio se ne fuggl
a Milano."
5. - Profecto tales minae a viro vix considerabantur uti serio p ronun
tiatae, a quibus sibi grave malum imminere rati onabil iter p utabat ; potius
fugam capessendo vir ostendit se facile molestis instantiis p uellae ei usque
p ropinquorum se subtrahere potu isse, et quo facilius periculum hypotlteti
cum m i n a ru m i n sua p raesentia p rolatarum effugere potu it, eo minus ti
mere debuit m inas in sua absentia p rol atas, de quibus tantum per litteras
d fii Livii certio r factus est. Quare iam excl udendum est viro gravem m c
tum commurzem incussum fuisse, a quo ut se liberaret, v i r coactus fuisset
cligere matrimoni um .
6. - Neque qualificatus metus reveren tialis in casu admittendus est.
Actoris mater de suo influxu, quem i n filium exercuit ut eum ad contrahen
dum m atrimonium in duceret, ait ltaec : " U n giorno ( Lucia et Aem ilia so ro
res) mi affrontarono mentre uscivo dalla chiesa di Gesít e Maria e m i
1 58 Documentação
fecero una gran scenata sulla pubblica via. l o risposi ! o ro che avevo già
richiesto i documenti e che d a p a rte m i a ero pronta a fare il possibile
perchê i l matrimonio si facesse p resto. l n fatti, n o n per l e m i nacce ascol tate,
m a per il dovere di coscienza che p rofondamente sentivo, non sapendo
scrivere, detta i una lettera alia mia amica L. B . : i n questa lettera d icevo
a mio figlio che l o avrei disconosciuto se non fosse subito ritorn ato a fare
i l suo d overe, cioê a sposare quella ragazza che egli aveva disono rato . . .
Dopo la m i a lettera venn e subito." Mater igitur filio i n mentem revocavit
suam obligationem d u cend i sponsam a se defloratam et p raegnantem red
d itam, e i q u e aperuit se eum f i l i u m abdicaturam esse si officium suum adim
plere nol let.
7. - Ipse actor de influxu suae matris haec deposu it : "Conosciuto i l
m i o i n d i rizzo, ai tempo i n c u i m i trovavo a Genova, anche lei (sei . m ater)
m i scrisse : n o n m i parlo degl i i n sulti che le rivolgevano i parenti d i Lu
cia m a m i fece p resente dei dovere che avevo d i ripara re all'onore della
ragazza, e 4ia pensare ai figlio che stava per nascere." Quae autem acci
derint postquam Romam reversus est, vir sic exposu i t : " l o non dicevo d i
no, m a cercavo d i rimandare sperando d i pote r esimermi dai matrimonio.
N o n t rov a i pero alcun rifugio o alcun consiglio perchê mia m a d re par
teggiava completamente p e r l a Lucia. M i d iceva che il m i o era stato u n agi
re da m ascalzone, e che era giusto che i o dovessi riparare a l l ' o n o re della
ragazza. Aggiu nse che n o n mi avrebbe riconosciuto p i u per figlio se m i
fossi rifiutato." Quamvis autem mater semel vel bis filio aperuerit s e e u m
non amplius uti f i l i u m considerat u ram esse si puellam d ucturus n o n esset,
tamen probatum non est f i l i u m m atrimonium i deo contraxisse, q u i a secus
timuisset incu rrere in magnam d i uturnamque indign ationem matris. Potius
appa ret virum cessisse matris instanti is, quae ipsi obligationem contrahendi
ante oculos ponebat, eique morem gessisse.
8. - Sane, n u l l u s testis confi rmavit m atrem i n stitisse sub i l l i s verbi s
aut f i l i u m cessisse o b dictum t i m o rem ; n e q u e u l l o m o d o probatum e s t ma
t rem adhibuisse media vexantia aut simpliciter i n iusta ut f i l i u m a d con
trahendum permoveret. Potius testes u nice loquuntur de obligatione
conscientiae filio a m atre i n mentem revocata. Matrem a d i uvit Rev. P . N a r
cissus, q u i de suo i nterventu haec retuli t : " Di ssi i n fatti qualche parola
alia madre d i Tito e q uesta riuscl a far torna re a Roma i l figl io. Ebbi anche
dei colloqui con quest'ultimo (sei. post eius ·reditu m ) e cercai d i fargli
comprendere l e sue responsab i l i tà, spiegandogl i anche che non era poi
ragionevole aver tanto spavento, p o ichê anche a ltre donne avevano sposato
in simili condizioni e le cose erano andate bene." H i sce et matris mon itis
Titus serio non restitit, sed - l icet aegre - m atri m o n i u m contrahen d u m
acceptavi t. D e m o d o autem, quo sese p romptum declaravit ad id, n o s docet
dna T . R., quae i n eadem domo ac m ater Titi habitabat. "Quel che m i
consta - i ta haec testis - e che egl i era molto devoto d i sua madre e l a
sentiva molto ; percio finl c o l d i rl e : "Mamma, tu vuoi che m i sposi? Ebbe
n e, obbediro, m a ognuno rimarrà nella propria casa." Manifestum p roinde
est actorem passum n o n esse reverentialem metum qualificatum .
U. De slmulatione consensus matrlmonlalls. 9. l n iure. - Cum asserta
simulatio consensus m atrimonialis in casu a rcte connexa sit cum finibus
matrimonii, cumque Summus Pontifex gloriose regnans die 3 Octobris 1 94 1 ,
i naugurans novum annum i uridicum S. Rotae, d e finibus matrimoni i q uae
dam dixerit q u ibus Audito res i nvitare videbatur ad hoc .p unctum melius
perscrutandum et acc uratius pertractandum, praestat e xponere quae
sequuntur.
Revista Eclesiástic a B rasi leira, vol. 5, fase. 1 , março 1 94 5 1 59
Ex variis S � mmorum Pontificum <; onstitutio n i b us et Litteris Ency cli
.
c1s, ex commum Theologoru m, Canomstaru m, Moralistaru m doctrin a ex
e xplicitis I u ri s Canonici verbis constat p l u res esse m atrimo n i i fines q u � ru m
a l i us est p rimarius, alius secundarius. Can. 1 0 1 3, § 1 , a d rem hae � statui t :
"M atri m o n i i finis primarius est p rocreatio atque e ducati o p rol i s ; secun
darius mutuum adiutorium e t remedium concupiscentiae ." V erbum "f inis"
i n fontibus a llegatis sumitur sensu te ê: hnico et significat bonum in quod
obtinendum tenditur, sive ex i n dole naturae sive ex i ntention e delibe rate
agentis. Nota d i stinctio inter "finem operis" e t "finem opera ntis" ( q u i
possunt esse unus vel p l u res) a d h i b e n d a e s t etiam i n matrimo n io. " F i n is
o peris" i n matrimonio est i ll u d bonum i n q u o d obtinendum matrimo n i u m
t e n d i t e x n a t u r a s u a , q u a m D e u s Creator i n stituto matrimoni i indidit. Si
q uidem m atrim o n i u m "suapte n atura d ivinitus est i nstitutum" et "ab ipso
auctore naturae Deo atque e i u sdem n aturae restitutore Christo Domino le
gibus est commun itum, confirmatum, eleva tum", i deo "ex Deo sunt ipsa
matrimoni i i nstitutio, fines, leges, bona" ( L i tt. Encycl. Ca�� connub ii,
A . A . S., vol. X X I I , pp. 54 1 e t 542. ) Porro "finis operantis" est i l l u d bo
num, i n quod obtinendum tendit contrahentium voluntas. Per se p atet
finem operan tis cum fin e operis coincidere posse ; immo Pius XI f. m. con
trahentes expresse monet ut "eos fines in m atrimonio q u aerant p ropter
quos i l l u d est a Deo constitutum" ( loc. cit., pag. 586) ; et Catechismus
Romanus, u b i agit d e causis q u i b u s homines a d matrimon i u m contrahen
dum i mpellantu r, primo loco pon i t u n u m ex finibus ope ris, dicendo : " P rima
igitur est haec ipsa d iversi sexus n aturae instinctu expetita societas, mutui
auxil i i spe conc i l i ata, u t alter alterius ope adiutus vitae i ncommoda faci
.J ius ferre, e t senectutis imbecillitatem sustentare queat" (pars II, cap.
V I I I , q . 1 3. ) At non semper isti duo fines coincidunt. Ete n i m accidere
potest u t finis aperantis sit amnino extra vel praeter finem operis, s i v . g.
cantrahens tamqu a m finem primarium matrimon i i sibi constituit acq u i re re
divitias vel effugere malum secus sibi imminens. F i n is aperantis p o test esse
etiam cantrarius f i n i aperis, id quad accidit quoties q u i i n i t matrimonium,
intendit bonum seu finem, q u i uni vel amnibus finibus operis, idest matri
man i i , repugnat. Sed de fine operis iam seorsum agendum est.
1 0.
- Matrimon ium, consideratum uti opus e t i nstitutum naturae, est
societas natural is, una et i n divisa, specifice distincta a qual ibet alia homi
n u m associatione. Quare "finem aperis" habere debet n aturalem, u n u m
e t i n d ivisum, sp e cifice p roprium et a quolibet alio f i n e distinctum. Siquidcm
finis, teste Angel ico, e st causa formalis, qua plurium unio peragitur atque
specificatur talis qualis est. Unde p rovenit, quod ubi plures unius e iusdem
q u e societatis assignantur "fines aperis", ex i i s unus d e beat esse prinz us
et principalis, ratianem causae formalis habens, in quo a l i i fines conti
neantur vel a d quem a l i i accedant ut ipse faci l ius, securius, plenius obti
neri q u eat. Necesse igitur est u t inter matrimo n i i fines determi n atus sit
ardo, secundum quem fini principali, qui n aturam specificam m atrimon i i
determinat, a l i i fines operis subordinentur.
1 1.
- A. De matrimonii fine primaria. Matrimon i i "finis operis" pri
mus et p rincipalis, unus et i n divisus, atque m atrimon i i n aturam unice spe
cificans, est procreatio et educatio prolis. Haec autem considerari potest
a) aclive, b) passive, e ) sub utroque respectu. "Active" cansiderata respicit
activitatem caniugum, seu coni u ges quatenus prolem generant e d ucantque ;
"passive " i n tellecta respicit pralem inquantum generatur e t educat u r ; "sub
utraque respectu" sumpta coniuges et prolem simul complectitur. Fines ve
ra secundarii, q u i d icuntur a rdinati ad finem p rimarium, possunt spectare
1 60 Docu mentação
.· potius unam quam alteram rationem, sei. vel activam vel passivam, sed
, poss unt etiam aequali modo utramque rationem respicere.
1 2. - a) H aec matrimon ii ordinatio ad finem primarium obiectiva,
quae in eius natura recondita est, si consideratur in ordine exsecution is,
i:: o nsistit in eo quod con iunctio matrimon ialis (sive haec consideretur "in
.f ieri" sive "in facto sese" ) ex natura sua continet et afferre valeat ea omnia
, quae ex parte activitatis humanae requiruntur et sufficiunt, ut prolis gene
_.ratio et educa tio (modo naturae humanae convenienti eaque digno) obti- ·
neri possit. Etenim coniugio, ex ipsa sua natura, inest haec ad dictum finem
destinatio, aptitudo, suf/icien tia quia omnes, qui matrimonium contrahunt
,
eorum qui actum coni ugalem aut o m n i n o solvunt aut ultra debitam men
suram abducunt a matrimon i i fine primario, a d quem idem actus secundum
totam suam structuram ordinatur. l n talem errorem incidere d icen d i sunt
praeter alios etiam illi qui sustinent ad essentiam actus matrimonialis suf
fice re, quod hic actus secundum suam externam speciem naturali modo
.peragi possit, etiamsi in eo peragendo deficiat unum ex elementis, quae ex
parte ipsius activitatis coni ugalis omnino necessaria sunt et quorum de
fectus antecedens et insanabilis iuxta constantem i urisprude ntiam S. Rotae
(cfr. sententiam supra allegatam) hominem reddit ad matrimonium impo
ten tem, si sei . in eo deest facultas seu potentia effundendi in actu con iugal i
verum semen i dest in testiculis elaboratum, etsi careat spermatozois. Ve rba
Pii X I I sunt haec : "Due estremi . . . sono da fuggirsi : da una parte, il ne
gare p raticamente o il deprimere eccessivamente il fine secondario dei m a
trimonio e dell ' atto deli a generazione ; dall'altra, lo sciogl iere o il separare
o ltre misura l'atto coni ugale dai fine primario, ai quale secondo tutta la
sua intri nseca struttura e p rimieramente e i n modo principa!:l> ordinato"
(A. A. S., vol. X X X I I I , pag. 423.)
1 7. - B. De matrimonii fine secundaria. Finis secundarius matrimo n i i
in citato canone 1 0 1 3 assignatur duplex, videlicet "mutuum adi utorium"
et "remedium concupiscentiae", qui fines sunt "fines operis", non tantum
modo "fines operantis".
1 8. - a) De al tero fine secundario, de " remedio concupiscen tiae" et
de eius ad finem p rimarium relatione, pauca dicenda sunt.
Facile i n telligitur hunc finem ex n atura sua subordinari fini primario
generationis. N am concupiscentia sedatur itz matrimonio e t per matrimo
nium l icito facultatis generativae usu, qui fini p rimario matrimon i i desti
natur, proportionatu r ac subordinatur modo in antecedentibus d icto. Eo ipso
autem etiam "sedatio concupi scentiae", quae in actibus coniugalibus exer
cendis habetur, simul cum ipsis fini p rimario matrimoni i subordinata est.
1 9.
- b) Alius finis secundarius est "mutuam adiutorium", quod sat
varias coniugum mutuas p raestatfones seu officia comprehendit, v. g. c�ha
bitationem, communionem mensae, usum bonorum materialium, victus acqui
sitionem et administrationem, auxilium magis personale i n variis vitae con
dicionibus, in exigentiis psychicis et somaticis, in usu n aturalium faculta
tum atque etiam in exercitio virtutum supernatural ium ( cfr. Litt. Encycl.
Leonis X I I I Arcan um, n. 8 et 1 4, apud Codicis 1. C. Fon tes, vol. I I I,
pag. 1 56 et 1 6 1 , atque Litt. Encycl. P i i X I Casti connubii, A. A. S., vol.
X X I I , p . 548 s. )
20.
- Recentissimis his nostris temporibus auctores qu idam, de fini
bus matrimo n i i disserentes, hoc "mutuum adi utorium" alio modo explicant,
inquantum sei . "esse .p erson ale" con i ugum auxi lium et complementum acci
pit, atque contendunt, non secundarium sed p rimarium finem matrimon i i
esse · hanc "person ae" con i ugum evolutiorz em atque perfectionem, quam ta
men non omnes eodem, sed a l i i sub alio respectu considerant atque urgent.
Hi novatores in re matrimoniali a vera certaque doctri n a recedunt, quin so
l ida et p robata argumenta p ro suis opinionibus afferre valeant. Sepositis
igitur hisce doctrinis quorundam auctorum recentio rum, iam ordo et de
pen denti a inte r finem primarium et finem secundarium matrimonii exami
nanda sunt, omisso "remedio concupiscentiae", quod supra iam paucis ver
bis absolvimu s.
2 1 . - C. De relatione matrimonii finis secundarii ad finem primariam.
Mutuum adiutor·ium et totius vitae consortium inter duas personas diversi
sexus etiam extra matrimoniam haberi potest, sive per modum soli u s facti,
li
1 62 Documentação
nes matrimonii p rocedere potest. Etenim, prout supra iam dictum est,
sicuti in matrimonio contrahendo "ius in corpus" et "ius ad adiutorium"
non sunt aeque pr.incipalia seu coordinata, sed se habent ut obiectum prin
cipale seu superordinatum et obiectum secundarium seu subordin atum, ita
etiam fines, iuribus correspon dentes, non sunt aeque principales vel coor
dinati, sed unus est principal is, alter secundar.ius et subordinatus.
28. - b ) Descriptus ordo dependentiae et subordinationis non solum
i nvenitur in origine iuris secundar.i i, quod assecutioni finis secundarii desti
natur et per quod haec assecutio per se in tuto collocatur, sed idem o rdo
_patefit etiam in coniugio, "in facto esse" considerato.
Omn-is quidem homo, quippe qui ex natura sua est "ens sociale", in
diget aliorum auxilio ; quod auxilium invenit eo quod est membrum tum
:Societatis humanae i n genere, tum determinatae societatis civilis et domesti
cae in specie. ln hoc omnibus commune adiutorium intrat etiam auxil.i um
et complementum, quod unus sexus (etiam absque ullo affectu et activita
te carnal �accipit ex indole alterius sexus ; constat enim societas humana
ex viris et femin is, in invicem influxum exercentibus. At hoc adiutorium
commune non potest constituere finem operis matrimon i i ; u t hunc consti-
1uat, ulterius determinari debet aliquo elemento specifico, ex quo appareat,
cur "mutuum adiutorium" a Creatore inditum sit matrimonio tamquam fi
nis operis. Hoc elementum specificum iterum est et debet esse refatio ad
fin em primarium et ad ius principale. Coniuges nempe ex ipsa natura ma
trimonii fini primaria huius i nstituti ideo devincti sunt, quia per matrimo
n i u m acquisierunt ius et destinationem evadendi " auctores novae vitae",
procreando et educando prolem, etsi de facto non evadant.
U t vero huic specificae destinationi debite satisfacere valeant, indi
gent multiplici mutuo adiutorio, et quidem non tantum respectu activitatis
generativae proprie dictae, sed etiam respectu finis primarii in sensu com
pleto, idest tam active quam passive sumpti. Etenim evadere "auctores
n ovae vitae" natura vult eos qui, onusti multiplicibus natu rae et vitae exi
gentiis, simul dignitate humana o rnati sunt ; et quia tales sunt, natura ad
ius principale accedere facit multiplex adiutorium et totius vitae commu
n ionem. Haec mutui adiutorii matrimonialis nota specifica, quae manat ex
ipsa i nterna structu ra matrimonii, habetur etiam in matrimoni o in quo
coniuges nolunt vel non possunt ad effectivam generationem transi re. Si ·
c ati onem prolis quoad ipsum ius in corpus compartis relate ad act us ge
ne rativos. Titus utique non libenter duxit puellam graviter aegrotam , nam
ad co ntrahendum inductus est partim instantiis puellae eiusque prop inquo
r um atque certo metu inde orto, partim precibus piae suae matris atque
desiderio consulendi honori mulieris et bon o prolis nàsciturae. At ex actis
deduci nequit eum ob haec motiva positivo voluntatis actu exclusisse ipsum
ius radicale ad actus vere coniugales. Ex viri modo loquendi et agendi
sequitur potius contrarium.
Ex modo loquendi. lpse v. g. in iudicio declaravit : "Lei accetto (sei. :
che non avrei mai vissuto con lei) rendendosi perfettamente conto che io
non avrei adempito nessuno dei doveri con iugali" : ergo vir exclusit tan
tummodo adimplementum obligationum matrimon ialium, non autem ipsas
obligationes. Pari ter dná Silvia : "Tito mi ha sempre detto di non aver mai
usato dei diritti maritali .p erche sempre vivamente preoccupato di cont rarre
la malattia della sposa" : quare vir haec iura in contrahendo non exclusit,
sed tantum abstinuit usu horum iurium, neque ullo modo vir sibi co nscius
erat se nullum ius in corpus uxoris habere aut nulla obligation�:�eneri. Sic
autem non loquitur qui scit se in contrahendo positive denegasse quodpiam
ius, et nullam obligationem suscepisse.
Ex modo agendi. Si revera consensum matrimonialem simulasset, vir
- spectatis particularibus circumstantiis causae - id certo al iquando
manifestasset, sive ante nuptias sive decursu decennii post nuptias elapsi.
At vir nullum testem inducere potuit, cui assertam simulationem consensus
matrimonialis clare aperuisset. ln libello autem, quo matrimonium suum
accusavit null itatis, vir ipse commemorat "l'espresso proposito di non con
sumarlo", atque in iudicio iterum ac saepius, confirmantibus omnibus fere
testibus, ait tantum se cum puella transegisse et conven isse, quod coha
bitatio coniugum post nuptias non institueretur. I dem loquitur quidem etiam
de "pacto", hac de re cum puella inito. Sed indifferens est in casu, utrum
agatur de vero oneroso pacto bilaterali, an de mera transactione amicabili,
inter virum timentem infectionem et puellam desiderantem matrimonium
conclusa.
36. - Etenim sola excl usio finis secundarii matrimonii et correspon
dentis iuris non invalidat matrimonium. ld in specie de cohabitatione, quae
solum ad integritatem non ad essentiam matrimonii pertinet, quaeque est
unum ex praecipuis bonis cum fine secundario matrimon ii cohaerentibus,
a probatis auctoribus uti certum docetur (n. 25.) Immo, etiamsi in casu
ageretur de vera conditione sine qua non, a viro consensui apposita (dato,
null atenus concesso) , matrimonium non posset declarari nullum (ibid.)
Neque aliter iudicandum est ex circumstantia, quod in casu contrahentes,
simul cum cohabitatione, excluserint etiam usum matrimonii. Sicut enim
"non est contradictio accipere ius iam in ipsa acceptatione impeditum quoad
usum, ut evenit quando duo voto castitatis l igati contrahunt matrimonium,
ita non est contradictio tradere ius quoad usum impeditum ex consensu
alteriu s partis in tale impedimentum". Etenim "coniuges non obligantur
ad copulam nisi inquantum altera pars petat, quae iuri petendi renuntiare
potest se obligando ad non petendum, nec obligantur coni uges ad positi
vam p rol is generationem, modo eam positive non impediant" (n. 25. ) lam
ve ro Luc ia, ut superaret Titi timorem infectionis, sua sponte renuntiavit
iu re petendi debitum, quam renuntiationem vir acceptavit.
37. - Si igitur, prouti in casu, neque partes neque testes quidquam de
excl usione ipsius iuris ad actus coniugales revelaverint, et si omnino de
sint indicia ex quibus exclusio ipsius finis primarii matrimonii et corre-
1 68 Documentação
spondentis iuris principalis deduci po·s sit, declarari nequit virum in con
trahendo positive denegasse tradere comparti rel ativum i us m atrimon iale,
p raesertim cum vir, exceptis cohabitatione et usu matrimonii, semper se
gesserit tamquam maritus. Ceterum non defuit total iter "mutuum adiuto
rium" inter con iuges, praecipue quoad bonum materiale et spirituale filii.
" I due sposi pero - ait Rev. P. N arcissus - si vedevano, come appren
devo dai toro familiari, ed erano i n buoni rapporti fra toro . . . N acque i l
bambino concepito p r i m a d e i matrimonio e ricordo c h e si fece festa in casa
dell a sposa. lo vi p resi parte, anzi mi pare che battezzai i l bambino, ma
posso assicurare che il padre era p resente. Questi ha sempre pensato ai
mantenimento dei figliolo." At vir graviter rep rehendendus est, quod "se
dationem concupiscentiae", quae est unus ex finibus secundariis matrimo
n i i, non in tra sed extra matrimon ium quaesivit.
38.
- Neque dicatur actorem eiusque testes esse imperitos iuris ideo
que adhibere non potuisse verba i uridica. Ab imperitis iuris utique ex
spectari non possun t expressiones i u ridicae, sed si i idem ín iudicio p rae
ter cohabi t'lt ionem excl usam n i h i l p rorsus deposuerun t in praeiudicium va
.J iditatis consensus a viro praestiti, si vir n u nquam suis p ropinquis et amicis
dixit, quod sese non consideraverit l igatum vinculo matrimon iali, et si
demum post decennium a n uptiis mulier a quodam sacerdote audivit coha
bitationem exclusam secumtraxisse n u l l i tatem consensus, et si viri mate r
Summum Pontificem directe adiit Ei exponendo casum s u i f i l i i : tunc non
remanet aliud n isi perpendere uti caput n u l litatis i l i am cohabitationem iam
ante n uptias exclusam e t post n uptias n u nquam institutam. Verum supra
iam dictum est, ex hoc u n i co facto n u l l i tatem matrimo n i i deduci non posse.
Proinde supervacaneum est inquirere de causa assertae simulation is, seu
de metu.
39. - l deo Patres de turno declaraverunt omnia suade re virum, sacer
dote N a rcisso monitore e t p i a matre hortante ut tum Luciae tum proli
nasciturae ex obli gatione conscientiae consuleret, verum consensum el icere
volu isse et reapse elicu isse, quin eum positivo vol untatis actu essentialiter
vitiaverit. Quare iam videndum, a n constet saltem de ill c onsummation e h uius
matrimollii et de i u sta causa dispensandi.
Ili. De inconsummation e matrimonii. 40. ln iure. - Matrimonium ratum
et non consummatum a Summo Pontifice ex iusta causa d issolvi potest,
"utraque parte rogante vel alterutra, etsi alte r a sit i nvita" ( can . 1 1 1 9 ) ,
dummodo p raeterquam d e i usta causa omnino constet d e facto inco n sum
rnationis. Soluto matrimonio, i dest exstincto i u re radicali i n corpus com
partis, ipso facto corruit omne matrimoniale ius ad mutuum adiutorium.
Verum hoc intell igendum est de solo titulo "iuris matrimonialis", n o n de
quol ibet alio titulo, sive caritatis sive i ustitiae. Accidere sane potest ut
post sol utionem vinculi matrimonialis p ristinae comparti et pro l i ante
n uptias p rocreatae a l iquod adiutorium praestandum sit, et ut ad hoc gra
vis, immo gravissima habeatur obligatio. Sed neque obl igatio neque adiu
to rium in tal i casu est "matrimoniale", quamvis fo rte respectivus titulus
adsit, saltem ex pa rte, propter pristinum matrimon ium. U nde intel ligitur,
c u rnam S. Sedes h i n c iode, concessa gratia sol utionis vinculi, explicitum
det monitum, ut alteri parti i ndigenti et p ro l i ante n uptias generatae q uan
tum fieri possit consulatur ; immo, curnam aliquando petitam gratiam so
Jutionis matrimon ii deneget, q u i a orator recusat parti, a qua recedere vult,
debito modo succurre re.
41 .
- Quamvis aute m exstinctum "matrimoniale ius ad adiutorium"
non exstinguat eo ipso alios titulos auxilii exigendi, tamen ipsum hoc
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 94 5 1 69
secund arium ius ex sese nequit esse ratio, ob quam perduratio vincu li
exi gatur, si pro solutione vinculi adsit causa propo rtionate gravis. Tale
quid ex igere aequivalet tentamini inve rtendi ordinem ab ipsa natura consti
tu tum atque innititur falso fundamento. Subordinatum enim et dep endens
ius nunq uam potest, ratione sui, superare vel impedire ius princi pale ex
quo m anat. Solum si causae, ad obtinendam dispensatio nem super rato
adductae, sint insufficientes, non tantum ius principale, sed etiam iura
subordinata obstant concessioni imploratae gratiae, quoniam ex sese et ex
ti tulo iustitiae exigunt ut vinculum permaneat. Sunt enim vera iura ma
tr imonial ia, ab Auctore naturae coniugibus data, matrimonio intrínseca�
non tantum ab extrínseco ad illud accedentia.
42. ln facto.
- Uterque coniux in iudicio declaravit matrimo n ium nun
qua m consummatum fuisse. Vir ad rem haec exposuit : "II dom icilio c oniu
gale non fu mai instaurato. Andai una vol ta in casa sua per il batte simo
dei bambino e un 'altra volta, quando aveva sei anni, perchê era molto
ammalato. Ci siamo veduti diverse altre volte per la strada o . ai ne gozio
per parlare dei bambino e per l'assegno mensi le che io le p a·�o. Le ho
anche cu rato i denti (sei. in cubículo sui heri, apud quem Ti tus laborat
uti artifex technicus. ) Ma i rappo rti di marito e mogl ie non vi sono mai
stati e il matrimonio non e stato consumato." Et mulier ait : "Egl i (die sei.
nuptiarum) mi riaccompagno a casa, ma non volle sal i re. Non ci vedemmo
piu fino alia nascita dei bambino, e comunicammo soltanto per telefono.
Egl i prese p arte ai battesimo dei bambino e alia piccol a festicciol a di fa
miglia, insieme ai suoi parenti. Sia in questa circonstan za che in molte
altre i miei e suoi parenti insistettero perchê si instau rasse la convivenza,
ma egli non ne vol le sapere . . . Solo un'altra volta egli venne in casa mia
per una malattia dei bambino. Noi c'incontriamo rare volte e sempre in
strada per trattare di cose riguardanti i l bambino." Equidem mulier oblita
est commemorare se etiam in cubículo (vulgo : gabinctto) mediei dentium,
apud quem Titus occupatus est uti "odontotecn ico", vidisse suum maritum
et cum eo Jocutam esse, sed per se patet hisce occasionibus matrimon ium
non potuisse consummari.
43.
- l u ratae depositiones con iugum confirmantur a testibus, p rimum
indirecte, inquantum testantur de religiositate et veracitate coni ugum, lice t
v i r quoad mores reprehendendus sit; dein de directe, n a m omnes fere testes
credibilitatis sunt etiam testes de scientia, inquantum tempore non suspecto
a coni ugibus de inconsummatione matrimon i i audiverunt, p rout seq uitur
ex testimoniis quae sequuntur. "Qua lche volta intesi occasionalmente da
Tito che i l matrimonio non era stato consumato, perchê il giovane aveva
paura dei contagio" ( Rev. P. Narcissus. ) "Sono convinto, per le contin ue
confidenze ricevute da Tito, che i l matrimonio 11on sia stato consuma to . . .
Non vi e stata mai convivenza. 1 due con iugi si vedono qualche volta per
parlare dei loro bambino" (diius Silvius.) "Per quel che ho sempre sen
tito fa casa dei Tito, i due sposi . . . 11on hanno piu avuto rapporti di ma
rito e mogl ie. Ritengo percià che il matrimonio non sia stato co11sumato"
(diia A. B.) "A11che in segu ito potei constatare che egli 11 on conviveva con
la moglie, ed egli ebbe occasio11e di dirmi di non avere mai avuto con lei
rapporti di marito e mogl ie dopo i l matrimonio" (diius A. F.) "li Tito mi
ha sempre detto di non aver mai usato dei diritti maritali perchê sempre
viv amente preoccupato . di contrarre la malattia della sposa. Percio son per
suasa che il matrimonio non sia stato consumato" (diia Silvia. ) At non
solum vir, sed mulier quoque semper declaravit matrimonium suum man
sisse inconsummatum. "! due sposi si vedo110 qualche volta ; ma so, per
1 70 Documentação
confidenze conti n ue ricevute dalla mia sorella, che non hanno consumato
il matrimonio" (Luciae soror Aemilia.) "1 d u e sposi hanno continuato a
vedersi per trattare del l e loro cose e s'incontrano specialmente ai gabinetto
dentistico dei dott. Silvio ove mio figlio ê impiegato. Ma rapporti intimi
non sono piU avve nuti, come m i consta per confidenze dell'uno e dell'altro"
( o rato ris mater. ) "Mi consta per averlo continuamente app reso da Tito
che i d u e sposi non hanno mai convissuto e non hanno mai consumato i l
matrimonio. U n giorno trovai L u c i a presso la madre d i T ito, e d a n c h e lei,
i n conversazione, ammise di non aver piU avuto rapporti col marito dopo
la celebrazione di quel matrimonio. T u tto quello c ite io ho detto ê di pub
blico domin io tra i parenti e i conoscenti delle due parti" (dominus 1 . C.)
44. - Quamvis a rgumentum physicum i n causa p raesenti desit, tamen
argumentum morale ex expositis apparet tam firmum esse, ut moral ite r
certum sit con iuges matrimonium suum n unquam consumavisse. Constat
autem etiam de causa in consummationis matrimonii. I dem nempe motivum,
quod viru� per plures menses deterruit a n uptiis ineundis, sei. timor in
fectionis, eum detinuit etiam a matrimonio consummando. Constat denique
d e iustis causis dispensandi. Nam dissociatio animorum coniugum hodie
tanta est, ut uterque coniux reconciliationem reiiciat ; instauratio vitae
coniugalis iam sperari nequit ; vir denique est i n p roximo periculo i ncon
tinentiae, et mulier liberari vult a viro, dicens se n uptam esse et maritum
habere videri, at de facto non habere. l deo Patres de turno declaraverunt
consulendum esse Sanctissimo u t implo ratam dispensationem concedere
dignetur. V i r vero ab Ordinario monendus est, n e censeat se dissolutione
sui matrimon i i l iberatum e sse eo ipso etiam ab obligatione p rovidendi
sustentationi et educationi f i l i i ante n uptias conoepti et post n uptias nati ;
agitur nempe de obl igatione quae independenter a matrimon i o exsistit
atque perdurat.
45. - Quibus omnibus in i u re et in facto perpensis, Nos infrascripti
Auditores de turno, pro tribunali sedentes et so l u m Deum prae oculis ha
bentes, Christi nomine invocato, decernimus et defin itive sententiamus : Non
constare de matrimonii n ullitate, at consilium praestandum esse Sanctissi
·
m o pro disp ensatione super matrimon io rato et non corzsummato, in casu,
seu ad dubia proposita respondemus : Negative, ad primum ,· affirmative,
ad alterum, monito viro u i etiam in posterum pro videat sal11ti materiali et
spirituali filii ante rzuptias geniti.
Committimus proinde Excmo Nostro Decano, ut Ssmo consilium p rae
stet pro dispensatione super matrimoni o rato et n o n consummato, in casu.
Obtentae autem d i spensationis rescriptum actis causae inseratur et pa rti
bus n otificet u r.
Romae, in Sede Tribunalis S. R. Rotae, die 22 lanuarii 1 944. Arcturus
Wynen, Pon ens. Gulielmus Heard. Albertus Canestri.
E x Cancellaria, die 9 Februarii 1 944. l oannes Pinna, Notarius.
Ex Audentia Ssmi diei 1 1 Februarii 1 944, Sanctitas Sua, audita in
fr:ascripti relatione, petitam dispensationem super matrimonio rato et non
consummato i n casu ben igne concedere d ignata est, ea tamen lege u t vir
etiam i n posterum provideat saluti tum materiali tum spirituali filii ante
nuptias gen iti. l ulius Grazioli, D ecan us. - (AAS, 26 l u n i i 1 944, pp. 1 79-200.)
Revista Eclesiástica B rasileira, vol . 5, fase. 1 , março 1 945 171
!ou até o mais profundo a pobre família humana, mas que ao mesm o
tempo lhe indicou o caminho para novas metas.
Austeras Lições da Dor - Nós não queremos ren unciar à confiança
.
que os povos - que passaram todos pela escola da dor - tenham sabi
do aprender as lições austeras. E nesta esperança Nos sentimos conforta
dos com as palavras de homens que têm p rovado mais os sofrimentos da
guerra e têm achado acentos generosos para exprimir, j untamente com
a afirmação das próprias exigências de segurança contra qualquer agres
são futura, o seu respeito pelos direitos vitais dos outros povos, e a sua
aversão contra tôda usurpação dos mesmos direitos. Seria vão esperar que
esta sábia .p osição, ditada pela experiência da história e por um alto senso
polftico, sej a - enquanto os ânimos ainda se encontram incandescen tes
- comumente aceita pela opinião pública, ou mesmo apenas pela maioria.
O ódio, a incapacidade de se compreenderem mutuamente, fêz surgir
entre os povos que se vêm combatendo uma nuvem demasiado densa
para que se possa esperar ter j á chegado a hora em que um facho de luz
desponte• iluminar o trágico panorama dos dois lados da escura mu ra
lha. Mas de uma coisa sabemos : chegará o momento (e talvez antes
que se pense) em que uns e o utros recon hecerão como, tudo bem consi
derado, não há senão um caminho para sair da maranha em que a luta
e o ódio envolveram o mundo, e que é a volta a uma solidariedade há
muito esquecida, solidariedade não restringida a êstes ou aquêles povos,
mas universal, fundada na íntima conexão de sua sorte e sôbre os direitos
que igualmente lhes compete.
A punição dos Delitos. - Ninguém certam ente pensa em desarmar
a j ustiça em relação àqueles que se valeram da guerra para cometer ver
dadeiros e provados del itos de direito comum, aos quais as supostas ne
cessidades militares poderiam no máximo oferecer um pretexto, mas nun
ca uma j ustificação. Mas se alguém presumisse j ulgar e punir, não j á os
indivíduos singul armente, mas comunidades inteiras coletivamente, quem
poderia deixar de ver em tal procedimento uma violação das normas que
presidem a qualquer j ulgamento humano?
IV. A Igreja Defensora da Verdadeira Dignidade e Liberdade Humana.
- Num tempo em que os povos -se acham frente a deveres que não en
contraram talvez nunca, em curva alguma da história, êles sentem ferver
me seu coração atormentado o desejo impaciente e como que in ato de to
mar as rédeas do p róprio destino, com maior auton omia que no passado,
esperando que assim lhes será mais fáci l defender-se contra as irrupções
periódicas do esp írito de violência, que como uma torrente de lava incan
descente a nada poupa de quanto lhes é caro e sagrado.
Graças a Deus, podem-se crer passados os tempos em que a apelação
aos princípios morais e evangélicos p a ra a vid� dos Estados e dos povos,
era desdenhosamente excluída como irreal. Os acontecimentos dêstes anos
de guerra se encarregaram de refutar, do modo mais cruel que se teria
podido imaginar, os propagandistas de semelhantes doutrinas. O desdém
por êles ostentado contra aquêle pretendido irrealismo, mudou-se numa
espantosa real idade : brutalidade, iniqüidade, destruição, aniquilamento.
Se o futuro pertencer à democracia, uma parte essencial de sua reali
zação deverá pertencer à religião de Cristo e à Igrej a, mensageira da pa
lavra do Redentor e continuadora da sua missão salvadora. Ela de fato
ensina e defende as verdades, comunica as fôrças sobrenaturais da graça
para realizar a ordem dos sêres e dos fins estabelecida por Deus e que
é o fundamento último e a norma diretiva de tôda democracia.
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. I, m a rço 1 945 1 79
Gr.a"fiiliio Paterna.
- Mais ainda que o costume tradicional, foi o nobre
:.impulso de vossos corações que, nesta vigilia do Santo Natal e ao aproxi
mar-se do .ano n ovo, vos conduziu, Veneráveis I rmãos e diletos filhos, à
Casa .do Pai Comum dos fiéis. Vós, que durante o ano que chega a seu
ocaso, Nos houvestes assistido com vossos sábios conselhos e com vossa
iassfdua -colaboração, quisestes agora oferecer-Nos o dom de vossas fer
vorosas orações e dos vossos votos expressos com tão deferente bondade,
oeom tanto frescor, e tão claros acentos, pelo vosso emi nente intérprete,
.o venerando Senhor Cardeal Decano do Sagrado Colégio ; quisestes d izer
�
V sões _d o Ano que Termina. Não apenas ? ºs anais da Urbe, mas
� �
-
de defendê-l a contra as i nsfdi �s dos erros dominantes, sem resp eito hu
m ano e sem fraquezas ; de abrir o s olhos aos homens de bo a von tade e
assin aladamente dos fiéis, sôbre os perigos de algumas .c orren tes mod e rn s · �
de aguçar a perspicác i a de seus j uízos, para discernir imediat amente 0�
erros que revestem uma aparência de verdade, a fim de que os p ovos n ão
t enham que experimentar, demasiado tarde e à própria custa, a amar ga
ad moestação do Profeta : Arastis impietatem, iniquitatem messuistis, come
distis f rugem mendacii. 4
Mensagem de Natal. -Solfcitos por cumprir êste grave dever, N ós,
como nos anos passados, também na presente solenidade natalícia dirigi
remos, ainda hoj e, uma Mensagem aos fiéis de tôda a terra, mu itos dos
quais, separados m aterialmente por causa do conflito mundial, desta Sé
de Pedro, têm duplamente a n ecessidade de sentir-se un idos, como mem
bros igualmente verdadeiros e igualmente amados, à grande familia da
Igrej a ; e alegrar-se-ão se N ossa palavra chegar portadora de �mor e de
bem, ainda àqueles que não estão unidos a Nós pelo santo vínc11To da fé.
Entrementes, tudo o que o Nosso coração encer·ra de afeto, benevo
lência e gratidão por vós, Nós o depomos, Veneráveis I rmãos e diletos
fil hos, aos pés do berço Daquele que se abaixou na humildade da carne
para tornar os que crêem N êle participantes de suas inesgotáveis rique
zas e de sua imperscrutável dignidade, suplicando-Lhe vos faça saborear
abundantemente, a todos e a cada um na esfera dos próprios deveres, as
alegrias intimas e a consolação desta filiação divina. Com tal augúrio Nós
damos de coração a vós e a todos aquêles que desej ais incluir em vossas
orações e nos vossos votos de N atal, como penhor das mais e leitas gra
ças do Príncipe da Paz, a Nossa Bênção Apostólica.
P E LAS R EV ISTAS
A Missão da Igreja e o Pontificado de Pio XII.
lll e rece perpetuado nas páginas desta Revista o brilhante artigo que J o ã o d e
L o u r e n ç o pub l i cou no "Jornal do Comércio" (Rio. 30-VI-44) e no qual exalta
a figura luminosa d o atual Pontlfice gloriosamente reinante, e a m issão do Papad o.
Pio. O primeiro foi mártir em meados do segundo século. Era pai de Sant a
.Prudência e de Santa Praxedes. Combateu as heresias de Valentino. Aco
l heu os hereges da seita de Cerinto. Criou 12 bispos, 1 8 presbíte ros e
·
2 1 diáconos.
Só depois de doze séculos su rgi u Pio l i , a quem se deve a ca noniza
ção de Santa Catari na de Sena. Eleito Papa, almejou unir os cristão s, para
combater o islamismo. Morreu preparando uma cruzada. Recebe u a cabeça
do Apóstolo Santo André, trazida do Peloponeso. Mandou guardar pro
fundo e perp étuo silêncio a propósito do tema das discussões entre fran
cisca·n os e dominicanos sôbre o sangue de Cristo derramado du rante a
Paixão. N.o comêço do século XVI, três anos depois do descobrimento do
Brasil, principiou o pontificado de 26 dias de Pio I I I .
Ainda n o século XVI, ascendeu Pio IV à cátedra d e Pedro, marcando
a época da convocação do Concílio de Trento e da reforma do Colégio
Cardinalício. Proibiu e anulou todo o comentário e inter1p retaçã9-.61 cêrca do
Concilio. Tornou obrigatórios os seus atos e decretos, a part f r de 1 .º de
j unho de 1 564. Instituiu uma congregação de cardeais para cumprimento
dos cânones de Trento. Fundou a ordem militar de Santo Estêvão. Restau
rou a ordem dos Cavalheiros de São Lázaro. Aj udou Filipe li na luta con
tra os turcos. Fêz edificar o Convento dos Ca rtuchos nas Termas de Dio
cleciano. Mandou construir uma rua que terminava na magnífica Porta
Pia, através da qual passaram, em ímpeto de vandalismo, as fôrças que
sitiaram a Cidade Eterna. Levantou palácios e praças. Abriu ruas e portas
sob a orientação de Miguel Angelo. Fundou a imprensa do Vaticano. Insti
tuiu, com o nome de Casa Pia, um recolhimento destinado a receber mu
lheres infelizes, no seu retôrno ao caminho da verdade.
Pouco depois da segunda metade do século XVI, govern a a Igrej a
Pio V, j á aos 1 4 anos com o hábito de São Domingos ; p rofesso r de teo
logia durante 1 6 anos. esse pontífice assistiu com os seus conselhos a Ma
ria Stuart na luta contra Isabel da Inglaterra. Obrigou os bispos ao aca
tamento das leis de residência, segundo o Concílio de Trento. Estabeleceu
a confraria da Doutrina Cristã, para ensino do catecismo às crianças.
Foi um período de pu ngentes lutas religiosas e sociais na Europa, dian
te de cuj a calam idade Pio V instituiu a oração das 40 horas, com indul
gência plenária aos que se confessassem, comungassem e erguessem preces
pela paz. Renovou o Papa dom in icano as leis canônicas. Aprovou o esta
tu to do povo romano, el aborado por j u risconsul tos. Declarou Santo Tomás
de Aquino quinto doutor da Igrej a latina. Pacificou a Córsega. Lançou a
bula de excomunhão contra Isabel, Rainha da Inglaterra. Corrigiu o Bre
viário Romano, o Missal e o Oficio da Vi rgem. Publicou o Catecismo Ro
mano, o Breviário e o lndex. Foi beatificado por Gregório XV e canoni
zado em 4 de agôsto de 1 7 1 2. E' o í1ltimo Papa canonizado. Aguarda ago
ra a alma católica a santificação de Pio X, o Papa da Eucaristia das
crianças.
Doutor aos 17 anos, ascende Pio VI ao trono ·p ontifício mais de dois
séculos depois, inaugurando o período cruento e glo rioso dos Papas que
govern aram a Igrej a desde o início da fase da metamorfose democrática.
ele mesmo viu explodir a revol ução que transferiu a soberan ia do Rei para
o povo ; do povo para os legisladores incrédulos. Em 1 79 1 condenava
Pio VI a constituição civil do clero. Consistiu o seu primeiro ato em abri r
o j ubileu do Ano Santo. Colocou a pedra para a constru ção da sacristia
da Igrej a de São Pedro. Modificou a admin istração do patrimônio eclesiás
tico, visando aliviar a sorte dos pobres. Enviou um vigário apostól ico a
1 90 Pelas revistas
Nas m issas que repetem, e m todo o o rbe, tantas vêzes i n d i ferente, o sa
crifício da imolação do Redentor, p ede a cristan d a d e que Deus vele pela
.sua I g rej a s a n ta, pelo s e u P o ntífice, a fim de q u e sobrepairem aos des
varios d a inj ustiça d a s c r i a t u ras. Só um sentido p ro f u n d amen te h u mano,
exclusivamente h u m a n o d a vida não compreende a m i ssão d a I g rej a no
momento d a esco l h a do sucessor de Pedro.
H á também uma l ei de g r avitação n o m u n do moral. Para q u e possa
mos entendê-l a , impõe-se distin g u i r entre o divin o e o h u m a n o. O que é
d ivin o não pode ser i n tegralmente comp reend ido segundo os processos co
m u n s d a razão h u m a n a . N a esfera m aterial d a vida, gravitar significa ten
der p a ra baixo. N o domín i o moral, gravitar corresp o n d e a s u b i r até que
· O espírito, desprendendo-se de su a s l igações com a terra, a d q u i r a a pere
n idade dos sêres etemos. A I g rej a é o centro de gravitação do m undo.
Atente-se para o sentido dessas duas coincidên cias : morre Pio X pou
co d�1l.2,,i s de i rromp i d a a primeira conflagração m u n d i a l e desap a re ce
Pio X lfi o e x ó rdio do ano trágico d a segunda confl a g ração. Sôbre a face
da terra, a tordoad a e i n quieta, começara a soprar a tragédia, com a f ú ria
dos ven d avais. Pio XI vi u decorrer o seu p o n tificado n um ambiente de q u a
se c a l a m i d a d e e sp i r i t u a l . Altas expressões do pensamento contemporâneo
i n q u i r i a m se n ã o n o s estávamos avi z i n h a n do do fim d a civilização 1 Aí e stá
d ef i n i d a a imensa responsabilidade q u e p esou sôbre os ombros d e Pio X I ,
e m f a c e d a q u a l só u m a c o i s a se mostrou maior : a sabedoria do Pontí
f i ce, t antas vêzes p a i rando sôbre um oceano de ·l ágrimas.
A esco l h a d e P i o X I I foi i n sp i ra d a p e l a n e cessidade de contrapor ao
·m u n d o e m desvario uma alma p u rificada p e l a ascese. Com os tesou ro s de
.su a m isericórdia, d e su a j usti ç a , de s u a onipotência, reserva Deus g r a n des
coisas a o m u n do pelo i n f l u xo d a p rece e do sofrimento do P a p a Angélico.
Não é possível p reve r o sentido que terão os fatos no domínio do f u t u ro.
Mas Deus faz a o homem revel ações sôbre o porvir. E x a l çado à cátedra
,pontifícia o C a rdeal Pacelli, com o nome de Pio X I I , significa i sso que
Deus p romete a o m u n do g r a n de s coisas. Com o s e u sacrifício, com a s l á
grimas q u e tantas vêzes b a n h a ra m o seu rosto sublime, Pio X I comoveu
a m a j estade d i v i n a e Deus fêz do C a rdeal P acel l i o g u i a do reba n h o u n i
·versal 1 A P rovidência p romete grandes acontecimentos ao mundo 1
N a s u a p ri m e i ra encíclica, f a l o u P i o X I I a o coração e à i n teligência
,dos homens, e m pleno p rólogo d a seg u n d a guerra. A alma do S a n to P a d re
verte a m a r g u ra inexprimfvel ao sentir q u e o seu pontificado coincide com
o insucesso do esfôrço d a I grej a, p a r a evit a r a confl a gração. Adverte o
Pontífice q u e a P rovi d ê n c i a n ã o a b e n ç o a a c o n q u ista dos impérios q u e se
n ão baseiam n a j u stiça. Lembra q u e o Estado pode e x i g i r os b e n s e o san
•gu e dos homens ; a s u a a l m a n u n c a .
Certo estadista d e u m a n ação p rotestante, n a i m i n ê n c i a do rompimen
to d a guerra, a f i r m o u não ser p ossível n utrir esp e r a n ças de congraçamen
to u n iversal sem o t r a b a l ho, sem o esfôrço, sem a colaboração do V a t i c a n o .
.o conceito é verdadeiro n a s u a essê n c i a . C a rece, todavi a, de p recisão.
A f i r m a r que o mundo n ão pode t e r p a z, sem a cooperação do V aticano,
· p ressupõe o p ropósito d e p romover o a m b i e n te necessário à eficácia dessa
cooperação.
A h istór i a do atual p o n t ificado já está marcada p o r sinais i n de l éveis.
Pio X I I subiu à cátedra de São Pedro em circunstân c i a s decisivas p a r a
. a v i d a d a I grej a . Desde e n t ã o vem o m undo sofrendo a ng ú stia s insondá
o rebanho que l he foi confiado. Deus conceda ao Papa Pio XII a paz que
êle suplica para o mundo, a paz .p ela plenitude do ·r eino de Cristo nos in
divíduos, nas familias, na -comunidade das nações, em tômo de Roma e ter
na, fecundada pelo sangue dos mártires, inviolável e intemerata, ecclesia
principalis, unde unitas sacerdotalis exorta est!
Revista Eclesiástica B rasi leira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 1 95
A Margem da Hierarquia?
o I nsi gne escritor e professor de Direito Canônico, Pe. :r. u
ere sen s :r
qu e · jui�
publ ico u em 1929 o seguinte artigo na "Brotérla" ( vol. 8, pll.gs. 170-179) ,
gamos de lnterêsse para os nossos leitores.
1 3*
1 96 P e l as revistas
com alg u n s dos seus p a roquianos, sem o concurso ativo d e leigos i nstrui
dos e influentes.
Outro s motivos p ara favo recer a "vida paroqu ial" se poderiam acres
centar a in da, quer de caráter rel igioso quer de o rdem pu ramente adminis
trativa. 1 E só há razão para n o s alegrarmos ao ver que, ao lado do rej u
venescimento cristão, se i n tensifica o " m ovimento paroquial" c ada d i a mais
vasto e mais fervoroso.
Mas os a licerces s ô b re que se deve edifica r hão de ser somente da
verdade. P o r i sso convém n ão j ustificar o u promover a volta a u m a vida
paroq u i a l mais i n tensa com motivos que são de todo o u e m parte falsos.
Sobretudo devem a rredar-se das teorias acêrca da v i d a paroqu i a l e rros de
índole histórica, teológica, e p ri ncipalmente dogmática.
E' p reciso pois chamar i nsistentemente atenção para fórm u l as, talvez
susceptiveis d e sentido exato, m a s cujo contexto habitual d e nu n c i a confu
são e até mesmo falsidade das idéias sôbre a natureza da paróquia e da
viii'a J'lto q u i a l . E' bom l embrar que e ntre tantas "proposições condena
das" pelos P apas, m u itas o foram porque, e m b o ra n ão estivessem m ancha
das de heresia o u de ê r ro, e ra m pelo menos " e scandalosas" , dada a sua
generalização e a r rôjo. E ' mais u rgente ainda combate r fórmulas q ue não
só n ão exprimem cl aramente idéia al g u m a verdadeira, mas até por causa
dos seus e rros podem chegar a se r uma heresia.
Tal o fim destas págin as. T e n do em v i sta imicamente a verdade e não
a confusão das pessoas, não citaremos nomes d e escritores n e m títulos
de l ivros o u revistas. N ão se trata de polêmica, m a s d e discussão. São
coisas diversas. 2
P a r a atrair o s fiéis aos ofícios paroquiais, e para os agrupar n os m i-
1) Para as prescl'lções ou I n s t i t u ições ecloslâstlcas não 6 p l'e c l s o a l l'ga1· ª ' " " I""' r a
zõ e s d e ordem i1nedíatam e n t c sobrenatural ou rel igiosa .
2) Pa1·a exe1n2>los, tomamos de cllversas revistas ou periódicos algumas frases que
mostrarão melhor o alcance e u t il idade d a s cons iderações feitas neste a r t igo. Repare o
leitor sobretudo para o contexto dalgumas e veJa se oxa.gero. mos.
1. " . • t ra i s socló têa sph·ltuelles h161·arch lquemenl u n l flêos o.uxquollos tout c a t hol l ·
.
q u e dolt apparlonl r : L' Jl:gl lso roma lne, s o n d locêse, s o. parolsso . En c616b rant pendant ce
mole l 'annlversalre de l e u r d6dlcace, renouvelons notre pl6t6 flllale e nvers ces trais fa
mtlles i·el lglouses e t ceux que des noces mys tlques en ont falt les Pê1·es : l e Souve·
raln Pon t l fe, notre Evêque, notre c u ré . "
Notem-se a s aproximações q u e I nduzem o l e i tor a concl u i r q u e h á. semel hança e até
Igualdade, onde só existo uma 1mra analogia. Pois na real idade há. g1·0.nde d i fe rença
entre a necessidade d o u m catól ico pertencer à lgl'eJ a romana o a do l>ertoncei· a. paró
q u i a . Pelo q ue respeita às bodas mlstlcas, conv6m observar que são m u l t o d i ferentes
as d e u m 116.roco a movlvel do. suo. pa1·6qula, e as que fazem do Papa o chefe d o. Igrej a ,
e do bl s1>0 o 11astor do. sua d iocese.
2. "Vlvre d e l o. grll.ce, être d u Roya ume, c'est s'unlr dane la chr6tlent6 au tou r
du Pape, dane le d locêse a u t o u r dos Evêques, dane los po.rolsses autour du cur6. Telle
est l a bell o ordonnanco de la h lérarchle, p a r laquelle s 'o1>êre l a R6dem1>tlon . . . "
" C 'es t dane à la parolsse qu'U /au t ê t re lneor1>or6 comme lo frult est soud6 au ra·
m e a u q u l lo porte. So.ns doute, l a s u i t e d e s tem)ls a permls et m ê m e exlg6 pour cer·
talnes man l festatlons de vle la m u l t l1>l lcatlon des soul'Ces de gl'llce en dohol's d e 1 ' 6gl ise
po.rolsslo.le. li fo.ut remarqu ei· q u e se1dc celle-cl a conserv6 les fonte baptl smaux, q u l
naus f on t nattl'e à l a v l e dlvlne, qu e soule e l l o a g a r d ê l ' e n t l êret6 de l a J u l' i s d l c t lon s u r
I c e fldêles. Mal h c ul'eusement l e s f aclllté s o.ccm·dées ont engendr6 l a d l s1>erslon e t n au s
av on e vu no.ttl'o des amvres multlples q u l n'611rouvêrent plus l e sou c l de v lvre à l 'ombre
du clocho1· ·de l a pa1·olsso e t s'oruanís<l rcnt en m arga de la MérarcMe." (0 gl'ifo 6 nosso . )
Note-se d e passagem que o. s é não tem fonte b a t i s m a l , quando n ã o é paróqu i a . Jl:ste
fato tornará. a Igreja do p r i meiro pastor da d iocese Inferior à s Igrej a s p a l'oqu l a l s ? - Um
cri stão que tem vã.rios domicilias ou quase-dom i c i l i as 1>ertence a vâl'ias PO.l'óqu l a s ; e a tó,
como sucede e m grande mlmero de casos, pode não pertencer à freguesia e m que foi ba
tizo.do. Donde s e vê que esta s i tua ção compl icaria clum modo slngulal' a suo. v i d a crlstll,
s e s e u rgisse multo a Iden t i ficação d o. vida ci·lstã. e d a vida pa roqu i a l . Mas Isto são
pa1·tlcularldades d e pouca mon t a . O que l mpol'ta ó a te oria, contida no texto c i tado,
o que forma o obj eto do presente a r t i go.
3. "C e t organlsme ( u n comlt6 d'actlon parolesl a l o ) vlent d ' ê h·o c1·é6 e n vue de
pl'omouvo l r l ' ldée l l turglque d a n e l c amvres p a rolsslales, l a po.rolsse 6tant pl'O.tlquement
l ' Egl l s e . "
E' supérfluo faz er comentârlos a êste texto.
Revista E c l esiá�tica B rasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 1 97
nisté rios d e piedade ou caridade que pe rtencem exd usivame nte à p a róqu ia
não falta quem oponha êsses m i n istérios e atos de cul to aos atos l itúrg ico �
ou n ão e às obras que se desenvolvem "à ma rgem da j erarqu ia". A con
cepção " eclesiástica" expressa nesta frase que é talvez só i nfel i z e inex ata
e nvolve antes d e mais nada uma g rave i n j ú r i a para a Santa Sé ; além d isso ''
é i n tei ramente e r rônea ; p o r último, pode d a r o r i gem, p o r dedução l ó gica
'
a u m a p roposição herética. Bastaria u m a só nota destas p a r a a conde n a r.
A margem da jerarquia. S e tais p a l avras têm sentido, devem design a r
obras, agrupamentos ou i ndivíduos q ue, existi n do m u ito embora n a I gre
j a, saem, sob o ponto de vista religioso 3 , do q u adro da j e rarq u i a ou nem
sequer l h e estão subordin ados.
N o primei ro caso se r i am pelo m e n os uma monstruosidade, uma ex
c rescênc i a viciosa d o c o rpo eclesiástico. N o segundo estariam sepa rados
da I g rej a a que j ulgam permanecer u n idos. Na prime i ra hipótese só po
deriam receber uma vida religiosa enfraquecida e m utilada ; n a segunda
n ão poderiam p a rticip a r dos frutos d a redenção. " " :i- -
Ora, se n i n guém ousa decl a r a r o u pensar que os I n stitutos religiosos,
mesmo o s i sentos, estão fora da I g rej a, não deixa de haver q uem a f i rm e
encontrar-se a sua atividade e a o rg a n i zação d o s seus m i n i stérios " à m a r
gem d a j e r a rquia". 4 P o r i sso os fiéis q u e a êles recor ressem estariam pelo
menos e m c am i n hos anormais d a salvação : seriam vítimas dum " i ndividua
l ismo" esse n c i a l m ente contrário ao p l a n o redentor e à organ ização da I g rej a.
Esta concepção, d i zíamos, e n volve p r i m e i ramente uma i n j t't ria grave
à S a n ta Sé. H á m u itos séculos, concede a I grej a a sua p roteção à vida re
l igiosa em tôdas as suas formas, e particularmente às o rdens religiosas,
cujos m i n i stérios e o b ras estão o rganizados com aprovação explicita e
m uitas vêzes repetida do Supremo P asto r.
Na recente Cod i ficação d a discip l i n a eclesiástica e d a organ ização
j e rá rq u i c a da I grej a, o s Sumos Pontífices con firmaram a isenção total ou
parcial d e certas p essoas, obras e i n stitui ç ões.
E ' a S a n ta S é quem concede aos superiore s dos I n stitutos de cléri
gos isentos j u risdição ordinária sôbre todos os seus fam i l i a res e até sôbre
aquêles que por motivo de hospedagem p assam por suas casas (cân. 5 1 4 . )
Dai o exercício d e certos di reitos p a roquia is, c o m o p o r exemplo a admi
n istração dos t'tltimos sacramentos. E ' a Santa Sé quem m a n tém aos su
periore s regul a res a autoridade exclusiva sôbre a s O rdens Tercei ras, as
confrarias cio S a n tíssi mo Rosário e as C o n g regações Marian as, ap rovan
do com b u l a s solen íssi mas estas obras, embora não estabel ecidas em i g re
j as paroquiais. E ' também a Santa Sé q u em ordena q u e à admissão d e re
l ig i osos n u m a diocese a n d e anexo o d i re i t o de exercer os m i n i stérios p ró
p rios d o seu I nstituto, o que trará q u ase sempre consigo, suposta a a u to
rização do Ordinário, a e reção d u m a capela p ú b l i c a ou d u m a i grej a n a s
c a s a s de sace rdotes re l i giosos. Af irm ar portanto q u e a vida c r i stã só se co
m u n i c a normalmente por m e i o da j e rarquia paroquial e que os m i n istérios
extra-p a ro q u i a i s se devem considera r à margem da j erarq u ia é p re tender
que a Santa Sé favorece h á séculos e m a n tém atualmente certos fatôres
de pern i c ioso i n d ividualismo e i n stituições m u i to p rejudiciais para a vi
d a c r i stã.
A f rase à margem · da jerarq uia exp rime também uma idéia falsa. Por
q u e "po r i n stituição d i v i n a, a sagrada j era rq u i a , q u an to à o rdem, con sta
3) Poi s nlio s e trata d o obra s ou a s ru1>amen toe flnancoh·os, poU t l cos, etc.
4) Referimo-nos aqu i aos rel l s l oeos, porque são êlee q u a s e oe l°i n l c o s ,· lsados nca t a e
t eo r i a s tend enciosa s . Q u a n d o ee trata d a açlio catól ica, à s v ê z e s colocam também à ma l"
gcm da Jcra 1·c111ia os superiores d e colég i os e os reitores doe s o m l n â r l os d i oc es a nos.
1 98 Pelas revistas
5) Consul to·so um manual de Dlr. can. no titulo de paroc110. C fr. De Meestor, Jurl.s
can. 418 .
com11 . , I , n . º 4 4 6 ; II, n . º
. 6) O cód i go serve-se por vêzes da expressão j"rlsdfotio paroeclali8 ( c fr. can. 1 038. )
7) Vej a m os textos citados atrás, no. nota.
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , m a rço 1 9 45 1 99
Seria pois heresia afirmar que, para estar unido a N osso Senhor Je
sus Cristo e participar dos frutos d a Redenção, é de absol uta necessidade
passa r por i ntermédio dum bispo, e, com maioria de razão, por i ntermédio
dum membro da j erarq u i a de d i reito p u ramente eclesiástico. Deve também
ter-se p o r he rética a afi rmação de que fiéis, m i n istérios, o bras, e exerci
do do m ú n u s sacerdotal, estão à margem da jerarquia, no sentido de fora
da jerarquia, quando se encontram total ou parcialmente sob a autoridade
imediata do Sumo Pontífice.
N ão será porventura n atural que se tome em sentido desfavorável a ex
pressão à margem da jerarquia, quando vemos que a aduzem precisamente
para desvirtuar certas obras, certos m i n istérios, o gênero da v i d a e as
práticas de devoção s dalguns fiéis e de determ inados sacerdotes?
Por maior que sej a a boa-vontade, não é possível i n terpreta r ortodoxa
mente proposições em que a união com o pároco é equiparada à união com
o Sumo Pontífice, como elemen to essencial da vida da graça o u da parti
clifiíçl'i'fl9'1o Reino. Pois não se evita o perigo de entender m u i to inexata
mente a asserção de que os fiéis estão u n idos por meio do pároco ao bispo,
pelo bispo ao Papa e por êste a jesus Cristo. Não chega rão mesmo a con
siderar como exp ressões equ ivalentes as duas frases "vida cristã" e "vida
paroqu i a l ? "
Dadas as exp l ic ações p recedentes, comp reen der-se-á porventura c o m n i
tidez o significado das p a l avras à margem da jerarquia, aplicadas às obras
ou aos agrupamentos extra-p a roq uiais? Pois, nunca é demais repeti-to, só
se deve considerar à margem da jerarquia o que se faz i n dependentemente
dela ou contra a sua a u toridade.
O cristão que assiste a u m a reunião da O rdem Terce i ra numa igrej a
franciscana ou da Confraria do Santíssimo Rosário n u m a igrej a dom i n i
cana, não está mais à m argem da j e rarquia do que os fiéis reun idos n a
capela dum hospital, cuj o capelão desempenha c a rgos e d i reitos curia is, ou
do que os sem i n aristas q u e entoam Vésperas n a igrej a do sem i n á ri o . Qual
quer que sej a a igrej a ou capela em que a pal avra divina é p regada aos
fiéis, o sermão n u n ca se deve considerar à margem da jerarquia, se o pre
gador está sujeito ao Sumo Pontífice, e, no caso de o ter, ao seu O rdi
nário d iocesano.
Para não i n d u z i r em êrro os leito res e os ouvintes importa dar às
palavras o sentido que têm. Quando se fala ou escreve p a ra leigos, mes
mo i l ustrados, é dum modo espec i a l necessário usar de linguagem teolo
gicamente exata. Uma causa boa não l u c ra nada em ser defendida com
maus argumentos. Para combater o individualismo prático, deve ter-se mui
to cui dado em n ã o ensin a r teorias, total o u parcialmente falsas, e cuja
expressão pode interp retar-se em sentido herético. A renovação d a vida pa
roq u i a l , na medida em que é factível e desej ável, deve basear-se no fe
cundo princípio de S. Paulo : " veritatem facientes in caritate, crescamus
in illo per om n i a qui est caput Ch ristus". (Ef 4, 1 5. )
ni nos um grande n úmero ele atividades e funções comu ns, têm, entre tanto
certos aspectos ou campos de trabalho mais i ndica dos ou peculi ares a un �
e outr ? s. São m �1 itas as situaçõ es, por ci rcu nstâ ncias d o meio, do age nte
. . serviço,
assistente social - o u do propno
. .
em que e. mdicada a ação do
assistente social mascu lino, como em a lguns cargos de direção de servi
ços, administração técnica de estabelecimentos de educaçã o e reed ucação
penitenciárias e institutos de reforma de menores ; cargos de ação ind ivid ua i
i mediata, como os de c omissá rios e mon itores de educação e dis cipli na .
assistentes soci ais j unto a associações profissionais, mútuas, sin dicatos '
j unto a obras de indústria, como em cargos de fiscais do trabal ho e ou �
tros. Da mesma forma, outros campos de atividade dão p referência a as
sistentes sociais femi ninos. Em resu mo, principalmente na parte relativa
a o serviço social de trabalhadores, é reclamada a ação de agentes espe
ciatizados, e êsse campo comportaria um quadro numeroso de assiste ntes
sociais. Na orientação das atividades das assoc iações profissiona is, ou 110
exercício de suas funções j unto a emprêsas industriais e comer�'\1R+,•€:.�
são os intermediários indispensáveis nas relações entre o capital e o t ra
balho. Aos j ovens que já completaram os 1 8 anos e o curso s ecundári o,
ou têm preparo equ ivalente, o I nstituto proporciona uma solução valiosa
para os projetos de estudos a segu ir, pressuposta, é óbvio, a vocação re
querida para o trabalho social, que poderá bem estar por se despertar,
desenvolver, educar, no íntimo dos candidatos. Um curso i ntensivo inicial,
constante do I .º mês de aulas ( março ) , destina-se exatamente a esclarecer
êsse requisito, selecionando os candidatos, por u m critério o quanto pos
sível objetivo, quanto à capacidade e à inclinação. O Instituto tem i nspe
ção estadual permanente.
DO E S T R A N G E 1 R O.
N ECROLOG IA
Moos. Pedro dos Santos.
No dia 1 de j aneiro faleceu em Amparo (São Paulo ) , o Revmo. Mon
senhor Pedro dos Santos. S. Revma. que sucumbiu aos 84 anos de idade,
prestou assinalados serviços à causa da I grej a, notadamente nos postos
que ocupou na D iocese de Campinas, onde granj eou grande estima e ve
neração não só no seio do clero, como entre os seus fiéis. Seu sepultamento
foi uma grande demonstração do quanto era estimado não só pelas suas
excelsas virtudes de sacerdote como pelo seu alto espírito de bondade. Mons.
Pedro Francisco dos Santos nasceu a 14 de abril de 1 86 1 em Maraú,
, no Estado da Bafa. Era filho do Sr. Miguel Francisco dos Santos e de
� Joaquina dos Santos. Ingressou no Seminário daquele Estado em
fevereiro de 1 878. Recebeu tonsura e ordens menores em 1 884 das mãos
do Arcebispo da Bafa, D. Lu ís A ntônio dos Santos, diaconato em 1 7 de
março de 1 888 e presbiterato em 19 de março do mesmo mês e ano, das
mãos de D. josé Pereira da Silva Barros, Bispo de Olinda. Foi V igário
das segu intes paróquias : Santa Cruz e do Rio das Contas, na Baia ; Mogi
mirim, S. joão da Boa Vista, jun diaf, Campinas ( Paróqu ia da Catedral) .
Em 1 908 foi transferido para A mparo, tomando posse em dezembro. Foi
nomeado Cônego Catedrático de Campinas em 3 de novembro de 1 909 ;
Arcediago do Cabido, em 28 de dezembro de 1 922 e Monsenhor Camareiro
Secreto em 24 de setembro de 1 923. Sua Revma. era o Pároco de Amparo,
embora estivesse afastado do mt'm us paroquial por motivo de seu precário
estado de saúde.
Moos. Raimundo de Oliveira.
No dia 1 2 de novembro faleceu em Fortaleza o ilustre sacerdote cea
rense Monsen hor Dr. Raimundo de Ol iveira, vulto de grande destaque
no clero do Amazonas, de cujo Bispado era Vigário Geral. Nasceu em
Pedra Branca, a 5 de dezembro de 1 878. Era filho legítimo de josé Felix
de Oliveira e D. Francelina Maria do Rosário. Doutorou-se em Roma,
onde recebeu ordens sacerdotais a 2 de abril de 1 904. Viveu sempre no
extremo no rte do pais, onde as suas virtu des e ilustração o impuseram
ao respeito e estima de quantos o conheciam. Desde j aneiro de 1 927 pa
roquiava, em Manaus, a freguesia de Nossa Senhora dos Remédios e, além
de Vigário Geral da Diocese, fazia p arte do Conselho Administrativo do
Estado. Pode ser dito que o morto era u m dos nossos conterrâneos mais
viaj ados. Excu rsionou por todos os continentes e nessas freqüentes pere
grinações hauriu grande soma de conhecimentos que dêle faziam um
"causeur" admirável. Era real mente um encanto a sua palestra sempre
animada por su gestivas reminiscências. Monsenhor Raimundo de Oliveira,
ao se senti r gravemente enfêrmo, quis ter a sepultura na mesma terra que
lhe fôra berço. E, aos 66 anos incompletos, fechou os olhos à vida em
casa de uma sua dileta i rmã, que tudo fêz por lhe suavizar os padecimentos
dos seus t'1 1timos dias.
cong resso que teve amplo êxito no campo espiritual, pelos frutos sadios
n ê le colhidos.
Além disso, senhor de estilo têrso e elegante, foi Frei Domingos um
notável escritor, que, se não conquistou as láureas da celebridade mun
dana, fêz i menso bem às almas com as suas obras espirituais e de pie
dade, animadas tôdas da sua grande devoção a Nossa Senhora.
nerada pela bondade e pelo extremado amor ao seu min istério. N asceu
Frei Felix d o Rio das P e d ras a 28 de abril d e 1 893, em Rio das Pedras,
Estado de São P a u l o . Seu nome, n o século, era josé D e F averi. E n trou,
a i n d a j ovem, para o claustro e, desde então, sua vida foi inteiramente de
dicada à prática do bem e aos deveres do seu sacerdócio. Missioná rio, es-
Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 5, fase. 1 , março 1 945 213
têve 25 anos devotado aos á rduos labõres e penosos sacriffcios dos que
se embrenham nas regiões inóspitas, em busca de almas para Cristo e cida
dãos para a Pátria. E ainda agora, nos últimos tempos dos seu s 54 anos
de vida trabalhosa, teve ânimo e fôrças para ir à Prelazia do Alto Soli
mões, e ali fundar, em São Paulo de Ol ivença, um seminário para vocações
missionárias. Como educador, Frei Felix empregou os seus magnlficos atri
butos de inteligência e operosidade, fundando e dirigindo colégios e semi
nários, assim como cooperando na difusão do ensino nas diversas locali
dades onde exerceu o seu sacerdócio. Foi reitor e várias vêzes lente do Se
minário Seráfico dos Capuchinhos, em P iracicaba.
Sacerdote exemplar, foi sempre e querido pelas suas peregrinas vir
tudes. Dedicado ora às missões, ora ao magistério, votava-se ainda às ati
vidades de zeloso pastor, como vigário e coadj utor de várias paróquias
confiadas à Or� em dos Capuchinhos. Em todos êsses misteres a que se
entregou, soube revelar-se, também, um grande patriota, cheio de amor ao
B rasil, con hecedor de muitos dos seus problemas, no trato do�� ;;i'f,"
como os da educação, da catequese dos indlgenas, de incorporação de po
pulações sertanej as ao meio civi lizado, viveu grande parte de sua vida.
últimamente, Frei Felix do Rio das Pedras achava-se bem doente. Mesmo
assim, não abandonara sua incansável ativ fdade. No dia 23 de j aneiro de
1 945, celebrou sua derradeira missa. Acometido de u m ataque de "angina
pectoris", logo após, na igrej a de São Sebasti ão, veio a falecer, cercado
dos seus i rmãos de hábito, tendo, antes, recebido os últimos sacramentos.
Extinguiu-se, assim, na sereni d ade do claustro, uma vida de trabalho e de
virtudes, inteiramente votada à prática da caridade e ao amor do próximo.
tudos literários e teológicos. Começou a escrever artigos para o " Lar Ca
tólico" , traduziu opúsculos religiosos como "Uma passiflora" , "Nosso cor
po é sagrado", "Como assistir à Santa Missa". Passou assim os últimos
anos no Colégio Arnaldo. Deus não quis que realizasse os seus planos e
ideais. Mas sua vontade inflexivelmente dirigida para o ideal escolhido
sua paciência heróica, sua fidelidade impecável para com a Congregação d �
Verbo Divino, sua preocupação constante com os problemas da vida social
católica, seu fervor pela causa da imprensa católica, e sua atividade como
conselheiro e amigo de muitas almas granjearam-lhe titulas de méritos
celestiais abundantes.
feriu. Mas não terá sido por mera coincidência que o Senhor chamo u ao
.seu seio o seu indômito l idador exatamente na véspera do N atal.
de lta pagibe, 96, onde ocorreu o óbito, para a Matriz da Cand elária em
cuj a n ave foi armada a câmara ardente. Todo o templo foi de cora d o a
ri g or, tendo sido grande a visitação. Pela m a n h ã foram celebrad os vá rios
ofíc ios fúnebres. As 1 4 horas, depois da encomendaç ão do corpo, saiu
o cortejo fúnebre e m demanda do Cemitério de São Francisco Xavier
on de foi sepultado o saudoso sacerdote. '
APRECIAÇÕ ES
Pregações Quaresmais, por D . O t á v i o C h a g a s d e M i r a n d a, Bis
p o d e Pouso Alegre. - Editôra Vozes Limitada, Petróp o lis, 1 945, 1 vol .
br., 1 40 X 200 mm, 243 págs. Cr$ 1 5,00.
N o p refácio a n teposto à obra , o Rev. Pe. Arli n do Viei ra S. J. indicou
l h e bem o sentido e os m e recimentos. " Essas p regações - escreveu êle -
despidas de todo artifício de linguagem, simples, claras, cheias de unção
e de piedade farão, por certo, grande bem a nosso p ovo que tem fé, mas
u m a fé amo rtecida, por falta de instrução re l igiosa . . . D . O távio repa rte
15
218 A p reciações
e a gen e rosidade que formam a refulgente e merecida glória dos abn ega
dos Missionários e civil izadores, daquela zona nordeste mineira. A segun
da época se refere a outras figuras e outros apóstolos que continuaram
a obra dos primeiros.
Eis como n asceu e se desenvolveu l tambacuri, hoje bela e flore sce nte
cidade, com um futuro promissor a lhe sorrir. Naquelas espêssas flore s
tas, outrora habitadas por feras e ferozes selvagens, existe hoje, graças
aos sacriflcios dos seus heróicos fundadores, um dos mais importantes mu
nicípios do Estado de Minas, com ubérrimas terras e inesgotáveis recur sos.
Foi desbravada a mata, assimilados e i ncorporados à vida civil milhare s
de índios, rasgadas estradas em tôdas as direções, construidas igrej as e
escolas e vive hoje dentro daquele território uma população considerável,
laboriosa, morige rada e, sobretudo, cristã. justamente admirado exclamou
ante a obra gigantesca realizada pelo humilde Frei Serafim o douto D. joa
quim Silvério de Sousa, Arcebispo de Diamantina : "A sua obra não é me-
111 o s�randiosa do que a do Padre Anchieta."
As nossas sinceras fel icitações a Frei jacinto por ter dado à publicidade
livro de tanto . mérito e ti rado do esquecimento a grande figura de Frei
Serafim, cuja obra honra o B rasil e a Igrej a. O volume vem i lustrado
com uma série de belas fotogravuras sôbre papel "couché" , reproduzindo
personagens, ediflcios e aspectos referentes ao texto do l ivro.
Pe. l. Ribas.
sem medida : no amor a Deus e ao p róximo." (P. 37. ) Difici lme nte poder i a
ser tributada a alguém melhor homenagem. Essas palavras resum em a
significação do opúsculo. P. C. Mendes.
Apóstolos no Próprio Ambiente, por Mons. Luís Civardi. Tradu ção de Rui
da Costa Duarte. Editôra Vozes Ltda., Petrópolis, R.. J . 1 945. 1 vol. 1 34
páginas. Broch. Cr$ 8,00.
O apostolado no ambiente tem sido recomendado, em muita s c i r
cunstâncias, pelos ültimos Sumos Pontífices e não apenas aos me mbros da
Ação Católica, mas a todos os fiéis membros do Corpo Místico de Cristo.
N ão obstante, ainda são poucos os católicos que hoje em dia usam esta
arma ao mesmo tempo fácil e eficaz. Para auxiliá-los no cumprime nto dêsse
dever u rgente foi escrito, por pena aprimorada e autoridade na matéria, 0
volume presente. Nos primeiros capítulos explica o conceito, o dever, a ne-
cessidade, e, ao mesmo tempo, a facil idade do apostolado no ambiente. ,-�
�
N os demai s capítulos se expõem os objetivos, as armas, a tática da guernf
santa pela <::o nquista das almas. Nos dois capítulos finais se ilustra a gló-
ria e a recompensa do apostolado. É, de fato, l iv·rinho de grande provei to
e atualidade. Oxalá sua leitura consiga reviver a chama do apostolado no
coração dos fiéi s ! Pe. L. Ribas.
B I BLIOGRAFIA
Esta secção regi stra a l i teratura, nas d iversas l lnguas, das ciências teológica� e
afins, e n quanto de l nterêsse para os nossos leitores
Esplnosa, J. M., Our debt to the Martins, M., Uma tradução portu
Franctscan mtsstonarles of New guêsa de Moltnos . - Brotéria ,
Mextco . - The Amertcas, Wash julho 1944, pãgs . 5 - 1 3 .
ington, julho 1944, pp . 79-87 . Matt, W. A., O. S. B., A rhetorlcal
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Dean Funes y la Pastoral de De Sacerdotto. - Patrlstlc Studles,
Mons . Muzt ( 1 824) . - Ctencta vol . LXXI, The catholtc Univ .
y Fe, Buenos Aires, jan . -março of Amerlca Press, Washington,
1944, pp . 27-47 . 1944, VI + 84 pp . $1 . 00 .
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Serrana . - The Amertcas, Wash the Church by centurles . From
ington, julho 1944, pp . 97-103 . St . Peter to Plus XII . - Herder
GervaJs, J., o. M. I., L'apologéttque Book co . , St . Louis, 2nd ed . ,
de Newman . Rev . Univ . 1944, XXIX + 1084 PP . $7 . 50 .
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439 . Vital, o Capuchinho . -. A Ordem, ..
Hablg, M. A., O. F. M., The Fran Rio de Janeiro, nov . - dez . 1944, � ·
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1944 , pp . 43-66 ; out . 1944, pp . doctor . Amer . Eccl . Rev . ,
179-206 . Washington, dez . 1944, págs . 439-
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Bookshop, West
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nas . - Lumen, Lisbo a, agõsto
TEOLOGIA SISTEMATICA 1944, págs . 482-489 .
Derisi, O . N., E l l lamado al s a c e r
Ba.rtra, T., S. J., Un texto y una docio . - Edit . Difusión, Buenos
enmienda en el Ubro I, capitulo
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Métodos. ( Buenos Aires, 1942) 287 pp. Broch. Cr$ 20,00
Mona. Tlhamer Tóth, Cristo Redentor. Sermones predicados em la
Universidad de Budapest. ( Buenos Aires, 1 941 ) 284 pp;
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S. Colombo, Panorama dei Cristianismo. Trad. de V. M. Bonamin.
( Buenos Aires, 1940) 136 pp. Broch. Cr$ 15,00
J. Marltaln, Religion y Cultura.
·
Trad. de G. Z anl . ( Buenos Aires,
1940) 143 pp. Broch. Cr$ 18,00
D. Lallemant, Principias Cató licos d e Acclón Civica. Obra aprovada
pela Assembléia dos Cardeais e Arcebispos de França. Trad. de
A. Fraguelro Oliveira. ( Buenos Aires, 1941 ) 280 pp. Broch. Cr$ 20,00
W. Paulll er, Ciencia, Filosofia y Laicismo. ( Buenos Aires, 1939)
2 vols. 246 & 320 pp. Broch. Cr$ 35,00
G. C. Ruttcn, O. P., La Doctrina Social de la Iglesia resumida en
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Garrigou- Lagrange, C hr istian Perfectlon and Contemplatlon (N. Y.)
470 pp. Enc. CrS 100,00
A . J. Osgniaeh, Christian Sta te <N. Y.) 356 pp. Enc. Cr$ 85,00
Sturzo, Chm·ch and State (N. Y. ) 584 pp. Enc. Cr$ 130,00
Collins, The Church edlfice and its appointments (N. Y.) 296 pp.
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Fent-On, The Concept of Sac1·ed Theology <N. Y.) 276 pp.
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Agar, The Dilemma of Science <N. Y.) 140 pp. Enc. Cr$ 50,00
Meyers, The Education of slste rs (N. Y.) 255 pp. Enc. Cr$ 100,00
Sheen, Freedom under God (N. Y.) 265 pp . Enc. Cr$ 55,00
Brennan, Gene1·al Psychology <N. Y.) 509 pp. Enc. Cr$ 90,00
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Kane, Some principies of education (N. Y.) 215 pp. Enc. Cr$ 40,00
Pourrat, Theology of the Sacrements (N. Y.) 417 pp. Enc. Cr$ 40,00 .
Brennan, Thomlstic Psychology (N. Y.) 401 pp. Enc. Cr$ 1 10,00
Fenton , We S t and with Chrlst (N. Y.) 463 pp. Enc. CrS 80,00
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comendado, em m u i tas c i rcunstâ ncias, pelos ú l t i m os Su
m os Pontífi ces e n ã o apenas aos m e m b ros d a Açã o
Catól ica, m a s a todos os fiéis m e m b ros do corpo mís
tico de Cristo .
Nos p r i m e i ros capítulos explica o conceito, o dever,
a n ecessidad e , e, a o mesmo tempo, a fa cilidade d o apos
tolado n o a m b i ente.
Nos dois c a p í tu l os finais se i l u stra a g l ória e a recom
p e n s a do a posto l a d o .
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Pagamento adiantado
N. B. l .º - A a ssi n a t u r a começa com o n ú mero correspondente ao
Advento (fim de novembro ) . Quem assi na depois dessa época
re c ebe rá os número s atrasados.
2.º - P a ra a remessa <.le colaboração assim como pa ra a s s i na tu ras
n ovas, renovação das m esm as, pedido de exemplares, dirigir a
correspondência, acompanhada da importân cia, a esta direção
Revista Litúrgica Argentina - Villanueva, 955
Huenos Aires
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Revista Eclesiástica Brasileira
Editóra Vozes Ltcla.
Petrópolis, E. do Río - B rasil
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