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PÚBLICAS
Keywords: Picture right - Intimacy - Privacy - Fundamental rights - Private life - Public
life - Non-authorized biographies - Image damage - Moral damage - Civil liability -
Compensation
Sumário:
1 Introdução
No primeiro capítulo será feita uma breve introdução sobre as mudanças que surgiram
no Brasil com o advento da nova Constituição Federal e a importância que os direitos
fundamentais do homem tomaram para a sociedade e, por consequência, para o Direito
também.
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Em seguida será exposto que o diálogo entre a Constituição Federal e o Código Civil se
dá de maneira que a lei infraconstitucional regule a eficácia dos direitos fundamentais
praticamente. Para tanto alguns conceitos são definidos, como o de intimidade, vida
privada, vida pública, privacidade.
Nos capítulos cinco e seis serão analisadas algumas circunstâncias que tornam pública a
vida das pessoas e as mudanças que serão introduzidas no ordenamento jurídico
brasileiro com a alteração do art. 20 do CC/2002, objeto do PL 393/2011. Também será
analisado o voto condutor da Min. Cármen Lúcia, com base no qual o Supremo Tribunal
Federal recentemente decidiu declarar a inconstitucionalidade de parte do art. 20 do
CC/2002, justamente a que será alterada com a aprovação do PL 393/2011.
O sétimo capítulo tem por objetivo demonstrar como deve se dar a solução de casos
concretos que envolvem a necessária ponderação entre o direito constitucional à
informação e o não menos importante direito fundamental à imagem. Para tanto é feita
uma breve análise do princípio da ponderação.
O capítulo seguinte se ocupa com os casos em que ocorre dano à imagem de pessoa
pública, alvo de notícias informativas ou publicações de maneira geral. Para tanto, o
instituto da responsabilidade civil é brevemente analisado.
Por último, alguns casos de dano à imagem de pessoas públicas, julgados pelo Superior
Tribunal de Justiça, são analisados.
Por outro lado, diz-se que o Estado é de direito porque é garantido constitucionalmente
ao cidadão brasileiro ou residente no Brasil o devido processo legal sempre que sua vida,
liberdade, propriedade, igualdade e segurança estiverem em jogo. Isso vem garantido
em seu art. 5.º, LIV e cria, de fato, um limite ao Estado democrático na medida em que
o clamor popular não pode servir de justificativa para toda e qualquer tomada de medida
administrativa, legal ou jurisdicional.
Conforme ensinamento de Peter Häberle, seria função do Estado criar condições para a
proteção da dignidade humana contra violação por parte do próprio Estado e, também,
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por parte de terceiros:
"Uma Constituição que se compromete com a dignidade humana lança, com isso, os
contornos de sua compreensão do Estado e do Direito e estabelece uma premissa
antropológico-cultural. Respeito e proteção da dignidade humana como dever (jurídico)
fundamental do Estado Constitucional constitui a premissa para todas as questões
jurídico-dogmáticas particulares. Dignidade humana constitui a norma fundamental do
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Estado, porém é mais do que isso: ela fundamenta também a sociedade constituída e
eventualmente a ser constituída. Ela gera uma força protetiva pluridimensional, de
acordo com a situação de perigo que ameaça os bens jurídicos de estatura
constitucional. De qualquer sorte, a dignidade humana, como tal, é resistente à
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ponderação, razão pela qual vale uma proibição absoluta de tortura".
Por fim, pode-se dizer que, com o advento da Constituição Federal, os direitos
fundamentais do homem passaram a ser garantias constitucionais, o que "obriga agora o
operador do direito privado a primar pelos direitos fundamentais estampados na Carta
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Magna".
Há, portanto, uma ideia clara e lógica de infiltração dos direitos fundamentais nas
relações civis, fenômeno ao qual se dá o nome de eficácia civil dos direitos fundamentais
, descrita brilhantemente por José Joaquim Gomes Canotilho: "Se o direito privado deve
recolher os princípios básicos dos direitos e garantias fundamentais, também os direitos
fundamentais devem reconhecer um espaço de autorregulação civil, evitando
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transformar-se em 'direito de não liberdade' do direito privado".
"Quando se fala em eficácia civil dos direitos fundamentais, portanto, fala-se justamente
desse fenômeno de as disciplinas do direito privado respeitarem os direitos fundamentais
esculpidos na Constituição e todos os regramentos que ela adota, como maneira de
realização do bem comum e de produção de efeitos jurídicos compatíveis com o respeito
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aos direitos fundamentais, essenciais à preservação da dignidade do ser humano".
Isso ocorre porque o aplicador da norma de direito privado muitas vezes não se dá conta
de que os direitos fundamentais têm sido reiteradamente violados no contexto das
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relações privadas e, mais grave, não percebe a constante violação porque ainda não
compreendeu quais os novos paradigmas trazidos para o direito privado com o advento
da Constituição Federal de 1988 e do Código Civil de 2002.
A Constituição Federal abarca, em seu art. 5.º, X, o direito à intimidade, à vida privada,
à honra e à imagem do ser humano, e o Código Civil, em seus arts. 20 e 21, regula essa
proteção de maneira a impor sanções em caso de desrespeito a eles.
Para este trabalho, os conceitos de vida privada, honra e imagem são de extrema
relevância. Mas, para que não haja confusão acerca de tais institutos, mister que se faça
uma breve explanação sobre como os dois diplomas legais dialogam em relação à sua
proteção.
Um verdadeiro Estado democrático tem como norma fundante o respeito aos direitos
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Assim, cabe ao Estado, em última análise, proteger, "ao menos em nível suficiente
(mínimo) imposto pela Constituição, também ao nível do direito privado, um particular
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de lesão ou ameaça (perigo) de lesão de outro particular". Isso não significa, no
entanto, que todos serão controlados pelo Estado, mas que deverão pautar seu agir de
maneira a respeitar os direitos fundamentais, que servem de alicerce para o Estado
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Democrático de Direito Brasileiro.
Já o Código Civil trata dos direitos da personalidade, como seu próprio Capítulo II
esclarece. Os direitos da personalidade formam parte de uma disciplina que compõe o
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direito civil (ao lado, por exemplo, do direito de família, de sucessões etc.).
O que gera alguma confusão é a inserção dos conceitos de vida privada e imagem
também no Código Civil, como bens que merecem a tutela do Direito. Não se trata,
nesse contexto, apenas de direitos fundamentais inseridos simultaneamente em dois
diplomas legais, mas sim de direitos fundamentais que necessitam ter sua eficácia
regulada praticamente na sociedade. Isso é feito pelo Código Civil, na medida em que
são elencadas algumas situações de danos a esses direitos e as sanções correspondentes
a serem aplicadas ao caso concreto. Assim, nota-se claramente a presença da
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"principiologia do direito constitucional na formação estrutural do Direito Privado".
A pessoa, sujeito de direitos, é tratada nos arts. 1.º a 6.º do CC/2002. Sua
individualização e identificação precisas são dadas por meio dos atributos da
personalidade, quais sejam: o nome, o estado familiar, o domicílio, a capacidade e a
fama, sendo que essa última tem duas vertentes: uma como atributo da personalidade,
que identifica a pessoa, sujeito de direitos (ex. João da Silva, cirurgião dentista), e outra
como objeto do direito de personalidade, ligada "à potência sensitiva de nossa
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humanidade, à autoestima da pessoa".
Assim, a personalidade de que trata o Código Civil em seus arts. 11 a 21 não trata da
identificação da pessoa, como sujeito de direitos, mas "versa sobre situações jurídicas de
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personalidade, ou seja, situações jurídicas que têm por objeto determinados elementos
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que compõem a própria humanidade do ser (vida, liberdade, saúde, honra etc)".
Direito sobre a individualidade (das Recht auf Individualität), que se refere à ratificação
do caráter único e original de cada ser humano. Essa individualidade guarda três esferas,
quais sejam:
a esfera individual: nome, honra, imagem física, imagem de vida, imagem de caráter,
palavra falada, palavra escrita;
Como muito bem define Maria Helena Diniz, os conceitos de privacidade e intimidade não
se confundem, pois a privacidade se volta a "aspectos externos da existência humana -
como recolhimento na própria residência sem ser molestado", enquanto que intimidade
diz respeito "a aspectos internos do viver da pessoa, como segredo pessoal,
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relacionamento amoroso, situação de pudor etc.".
Intimidade, nas palavras de Leonardo de Agostini, seria "aquilo que está o mais dentro
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possível", ou seja, aquelas características individualizantes do ser humano que
merecem resguardo e cuidado. E o direito à intimidade seria "aquele direito fundamental
que protege o interesse existencial do indivíduo em viver alguns dos momentos mais
sublimes de sua vida, seja solitária ou inter-relacionalmente, de forma livre, autônoma e
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digna, sem que seja objeto de qualquer ingerência ou controle externo".
Podemos dizer, em linhas gerais, que o direito à vida privada é "a faculdade atribuída às
pessoas físicas de excluir do conhecimento dos outros, além da família e amigos íntimos,
sentimentos, emoções pensamentos, orientação sexual, valores espirituais próprios que
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revelem sua personalidade psíquica".
marca para a posteridade. O privado seria o espaço próprio do homem, de seu trabalho
e vida, enquanto que o público seria o âmbito do político. O público coincidiria com a
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permanência, com aquilo que, de tão importante, alcançaria as gerações futuras.
Na Idade Média, o lar passou a ocupar uma posição de integração entre as esferas
pública e privada. Depois, a esfera social, segundo concepção de Hannah Arendt, se
estabeleceu de maneira a devorar as esferas anteriormente conhecidas do político, do
privado e da intimidade. Assim, muitos assuntos que pertenciam à esfera familiar e,
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portanto, privada, passaram a adquirir um caráter de interesse público.
Em suma, pode-se dizer que o que pauta a ideia de vida pública é a ocorrência de fatos -
de variada gama - que retiram uma fatia da vida de privada da pessoa, sujeito de
direitos, alocando-a num espaço de possível conhecimento de todos.
Como bem salienta Walter Moraes, partir rumo ao estudo do direito à imagem sem antes
alocar corretamente imagem no ordenamento jurídico pátrio configura erro metodológico
grave que inexoravelmente leva o estudioso do Direito a confusões conceituais,
reduzindo "incoerentemente o direito a imagem a um capítulo do direito à honra, do
direito ao próprio corpo, à intimidade, à identidade, à liberdade etc., o que vale dizer,
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confunde imagem com honra, com identidade etc.".
Em linhas gerais, tem-se que imagem é a projeção ou reprodução de uma figura original
"em um suporte físico estático, a exemplo da fotografia, máscara, desenho, escultura,
caricatura, pintura, pichação; ou sob a modalidade dinâmica, como ocorrem nas
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filmagens em geral". Apesar de não se confundir com o conceito de personalidade,
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seria "um de seus veículos mais diretos de expressão".
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personalidade."
Assim, a imagem seria um direito distinto da honra, sendo que esta "se biparte em:
honra subjetiva, quando o prestígio social é avaliado pela própria pessoa, e honra
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objetiva, caso o juízo valorativo seja o do grupo social".
"O interesse jurídico que a lei penal protege na espécie refere-se ao bem material da
honra, entendida esta, quer como o sentimento de nossa dignidade própria (honra
interna, honra subjetiva), quer como o apreço e respeito de que somos objeto ou nos
tornamos merecedores perante os nossos concidadãos (honra externa, honra objetiva,
reputação, boa fama). Assim como o homem tem direito à integridade do seu corpo e do
seu patrimônio econômico, tem-no igualmente à indenidade do seu amor-próprio
(consciência do próprio valor moral e social, ou da própria dignidade ou decôro) e do seu
patrimônio moral. Notadamente no seu aspecto objetivo ou externo (isto é, como
condição do indivíduo que faz jus à consideração do círculo social em que vive), a honra
é um bem precioso, pois a ela está necessariamente condicionada à tranquila
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participação do indivíduo nas vantagens da vida em sociedade."
É importante ressaltar que a honra é um bem jurídico tutelado tanto pelo direito civil
quanto pelo direito penal. Nas palavras de Sergio Cavalieri Filho, o ilícito penal "não
apresenta diferença substancial do ilícito civil. Ambos importam conduta voluntária
(culposa ou dolosa) contrária à lei. A diferença entre ambos é apenas de grau. O ilícito
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penal é mais grave que o ilícito civil. Este é um minus em relação àquele".
Nota-se, portanto, que "a lei penal defende, além dos interesses do indivíduo uti singuli,
o interesse social, pois não só se propõe a evitar cizânias e vinditas no seio da
convivência civil (ne cives ad arma veniant), como também visa a impedir que se frustre
o justo empenho do indivíduo em merecer boa reputação pela sua conduta orientada no
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zêlo de deveres socialmente úteis".
Partindo desse entendimento de honra e compreendendo sua tutela pelo direito penal,
torna-se mais cristalina sua diferenciação da imagem, direito autônomo e distinto de
honra:
"A imagem, aqui, deve ser entendida não somente como a representação de uma
pessoa, mas, também, como a forma pela qual ela é vista pela coletividade.
Compreende-se nesse conceito, não apenas o semblante do indivíduo, mas partes
distintas do seu corpo, sua própria voz, enfim, quaisquer sinais pessoais de natureza
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física pelos quais possa ser ela reconhecida."
Há quem entenda que o conceito de imagem deva ser mais abrangente e ampliado, não
significando "apenas a projeção fotográfica da pessoa, mas também, a expressão de sua
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personalidade". Isso porque a imagem "carrega consigo não só um fator de
identificação, mas também de comunicação, de tal sorte que a representação do aspecto
físico pode evocar uma série de sentimentos e associações, bem como é capaz de por si
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só transmitir uma mensagem".
Alguns doutrinadores falam inclusive da "imagem moral" do indivíduo, que seria aquela
"reprodução gráfica acompanhada do conjunto de características de sua personalidade."
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No entanto, para que a honra do ser humano possa ser tutelada de maneira completa e
abrangente, de forma a contemplar aqueles casos de violação que não configuram crime
(injúria, calúnia e difamação), há a necessidade de se conceituar imagem tanto como
aspecto visual da pessoa (imagem-retrato) como também o conjunto de características
pelas quais o indivíduo é reconhecido (imagem-atributo), alocando, portanto, o conceito
de honra e imagem-retrato e imagem-atributo no espaço da potência afetiva do ser
humano.
Segundo o art. 5.º, X, da CF/1988: "São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação".
Destarte, pode-se dizer que "o direito à imagem é o que a pessoa exerce sobre a
projeção ou representação identificável de sua forma física, captada e fixada em um
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suporte que pode ser material ou imaterial".
"Dizer que a imagem é direito que possui disponibilidade relativa significa reconhecer no
indivíduo a possibilidade e a liberdade de atuar sobre ela, não no sentido de deslocá-la
para outra pessoa, mas com o intuito de admitir que o titular possa exercitar certas
faculdades, dentre elas a de autorizar que outrem dela tire proveito econômico ou dela
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se valham para outro fim, que seja, por óbvio, lícito."
Por consequência, tem-se que o direito à imagem é o da pessoa não ter "sua efígie
exposta ou mercantilizada sem seu consenso e o de não ter sua personalidade alterada
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material ou intelectualmente, causando dano à sua reputação".
A primeira lei alemã que regulava o direito à imagem, de 1907, e que serviu como
percursora de legislação semelhante em muitos outros países, dispunha em seu art. 23
os casos em que o retrato poderia ser divulgado sem o consentimento do retratado:
De acordo com Maria Helena Diniz, o direito à imagem sofre algumas limitações que
dispensam a anuência da pessoa retratada para que haja a efetiva divulgação da sua
imagem. Essas limitações ocorrem nos seguintes casos, quando: "a) se tratar de pessoa
notória, mas isso não constitui uma permissão para devassar sua privacidade, pois sua
vida íntima deve ser preservada. A pessoa que se torna de interesse público pela fama
ou significação intelectual, moral, artística ou política não poderá alegar ofensa ao seu
direito à imagem se sua divulgação estiver ligada à ciência, às letras, à moral, à arte e à
política. Isto é assim porque a difusão de sua imagem sem seu consenso deve estar
relacionada com sua atividade ou com o direito à informação; b) se referir a exercício de
cargo público, pois quem tiver função pública de destaque não pode impedir, que, no
exercício de sua atividade, seja filmada ou fotografada, salvo na intimidade; c) se
procura atender à administração ou serviço da justiça ou de polícia, desde que a pessoa
não sofra dano à sua privacidade; d) tiver de garantir a segurança pública, em que
prevalece o interesse social sobre o particular, requerendo a divulgação da imagem, por
exemplo, de um procurado pela polícia ou a manipulação de arquivos fotográficos de
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departamentos policiais para identificação de delinquente. Urge não olvidar que o
civilmente identificado não pode ser submetido à identificação criminal, salvo nos casos
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autorizados legalmente (CF, art. 5.º, LVIII); e) se busca atender ao interesse público,
aos fins culturais, científicos ou didáticos. Quem foi atingido por uma doença rara não
pode impedir, para esclarecimento de cientistas, a divulgação de sua imagem em
cirurgia, desde que preserve seu anonimato, evitando focalizar sua fisionomia; f) houver
necessidade de resguardar a saúde pública. Assim, portador de moléstia grave e
contagiosa não pode evitar que se noticie o fato; g) se obter imagem, em que a figura é
tão somente parte do cenário (congresso, exposição de obras de arte, enchente, praia,
tumulto, show, desfile, festa carnavalesca (RT, 556:178, 292:257 - em contrário: RJ,
10:89) restaurante etc.), sem que se a destaque, pois se pretende divulgar o
acontecimento e não a pessoa que integra a cena; h) se tratar de identificação
compulsória ou imprescindível a algum ato de direito público ou privado, deveras
ninguém pode se opor a que se coloque sua fotografia em carteira de identidade ou em
outro documento de identificação, nem que a polícia tire sua foto para serviço de
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identificação."
"A imagem recebe tratamento jurídico diferente dos demais itens, por comportar regime
diferente, sendo permitida a sua divulgação quando a pessoa tiver notoriedade, o que
não constitui, por certo, anulação do direito à intimidade e à privacidade, como
mencionado acima, apenas diminui o espaço de indevassabilidade protegida
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constitucionalmente."
Assim, tem-se por certo que em algumas situações excepcionais, como as mencionadas
acima, mesmo a pessoa privada, que não goza de notoriedade midiática, pode ter a
divulgação de sua imagem realizada sem seu consentimento, sem que isso constitua
ofensa à sua imagem e gere, portanto, dano à sua pessoa. Portanto, o direito à imagem
sofre "algumas restrições, tais como: necessidade de informação do público, em razão
da notoriedade de determinadas pessoas, presença das pessoas em um cenário público e
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por motivo de interesse cultural, científico e de ordem pública."
Nas palavras de Ingo Wolfgang Sarlet:"O direito à imagem, quando em causa o direito
de não ser fotografado ou retratado sem o devido consentimento, não é digno, em
princípio, da mesma proteção constitucional, quando se trata de pessoa ocupante de
cargo ou função ou que exerça atividade pública, no sentido de uma atividade em que a
publicidade seja algo essencial, pois em tais situações se presume um acordo tácito, no
sentido de um consentimento implícito, o que deve ser levado em consideração
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especialmente no plano da colisão entre direitos fundamentais".
De acordo com Janice Ferrari, "a reprodução da imagem é permitida, a fim de que possa
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prevalecer o interesse social, respeitados, no entanto, os limites da atividade pública".
Assim, poder-se-ia concluir que a pessoa pública tem a sua vida privada e privacidade
reduzidas no limite de sua atividade, ou exposição públicas. Entende-se que a pessoa
pública aceita o ônus da exposição social e midiática que sofre em decorrência de sua
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Uma das questões mais polêmicas dos tempos modernos, no entanto, é justamente a
elevação da fofoca a um nível de negócio altamente lucrativo. Imagens de celebridades
em situações constrangedoras e até humilhantes são a regra em revistas, jornais e sites
de fofocas. Tornou-se tão comum a veiculação de tais imagens que pode-se falar em até
mesmo uma banalização do ridículo. Parece que muito pouco pode ser feito para
preservar o direito à imagem de pessoas públicas. Parece que tudo que resta à pessoa
pública é esperar que o dano à sua imagem ocorra para que possa, então, pleitear
indenização em ação própria contra o ofensor.
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Seu voto enfatiza que "a privacidade de quem sai à rua não pode ser considerada de
igual quadrante da intimidade daquele que se mantém guardado em seu secreto
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quarto". Além disso, deixa claro que "entre a história de todos e a narrativa de um,
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opta-se pelo interesse de todos".
A pessoa pública passa a ter, portanto, uma limitação muito maior da esfera de sua vida
privada na medida em que não tem mais controle algum sobre o que será publicado a
seu respeito na biografia. A única coisa que lhe resta é, em caso de danos, buscar sua
reparação por meio de indenização.
No entanto, diversos aspectos da proteção aos direitos do biografado não foram levados
em consideração na votação da ADIn 4.815/DF. O primeiro é que o autor da biografia e
a editora da obra auferirão lucro com a publicação da obra. Não se menciona se o
biografado terá ou não direito a participar dos lucros advindos da publicação de fatos
sobre sua vida. Em segundo lugar, permitir a publicação de biografias não autorizadas
indistintamente é praticamente um convite ao caos. Não que deva haver censura prévia
do que será escrito, mas a esfera secreta da vida privada de todo e qualquer cidadão,
seja ele pessoa pública ou não, deve ser respeitada sempre, aprioristicamente.
A doutrina ainda não compreendeu nem teorizou quais são os parâmetros que devem
ser considerados para delimitar a esfera secreta da vida privada de alguém, que não
justificaria publicação, ou seja, que não mereceria ser revelada. Além disso, apenas a
ultrapassagem desses limites teria acesso à institucionalização do sistema de
responsabilidade civil a justificar a indagação sobre se houve ou não dano passível de
indenização.
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O dano objetivo pelo ataque à imagem atributo de alguém, construída com interesse
político, econômico ou midiático, somente seria causa de imputação se a notícia fosse
inverídica; se os dados não fossem verdadeiros. Fora desse espectro mínimo, ao autor
do texto biográfico será permitida plena desenvoltura para revelar fatos conhecidos e
não conhecidos, admiráveis ou condenáveis, a respeito da vida pregressa do biografado.
7 7.1 PL 393/2011
Foi aprovado na Câmara dos Deputados o PL 393/2011, que altera o art. 20 do CC/2002,
de forma a garantir a liberdade de expressão, informação e acesso à cultura.
"§ 1.º Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes."
"§ 2.º A mera ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e
informações com finalidade biográfica de pessoa cuja trajetória pessoal, artística ou
profissional tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse
da coletividade.
§ 3.º Na hipótese do § 2.º, a pessoa que se sentir atingida em sua honra, boa fama ou
respeitabilidade poderá requerer, mediante o procedimento previsto na Lei 9.099, de 26
de setembro de 1995, a exclusão de trecho que lhe for ofensivo em edição futura da
obra, sem prejuízo da indenização e da ação penal pertinentes, submetidas estas aos
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procedimentos próprios."
Em consonância com o que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADIn
4.815/DF, o PL 393/2011 alterará o conteúdo do art. 20 do CC/2002 no sentido de
tornar permitida a veiculação não autorizada de informações e imagens sobre pessoas
públicas em obras biográficas.
No entanto, assim como já foi dito anteriormente em relação ao voto condutor da Min.
Cármen Lúcia, permanece o fato de que será estabelecida, legalmente, uma restrição
severa à esfera secreta da vida privada de pessoas públicas que vierem a ser objeto de
biografias.
Segundo Walter Moraes, "assim como a propriedade sofre restrições nas regras do
direito de vizinhança, assim também o direito à própria imagem há que sofrer limitações
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ditadas pelo bem comum, análogas àquelas contidas nas regras de vizinhança".
Assim sendo, o direito à imagem de qualquer indivíduo será limitado de acordo com a
necessidade de informação do público. No entanto, "o interesse público terá que ser
relevante, o que significa dizer que a divulgação da notícia terá que se ater ao interesse
social, objetivando levar ao público, conhecimento de eventos que justifiquem a
73
reprodução de imagens sem o prévio consentimento de seus titulares".
No mesmo sentido, pode-se entender que pessoas ocupantes de cargos públicos, ou que
tenham sua profissão ligada ao público de alguma maneira, como os artistas, não gozam
da mesma proteção à imagem como se fossem particulares "não comprometidos com a
publicidade. Até pela necessidade que têm de exposição, há uma presunção de
consentimento do uso da imagem dessas pessoas, desde que preservada a vida privada
75
delas".
Assim, entende-se que, em certas situações, o direito à própria imagem pode sofrer
restrições. No entanto, não se pode proceder à restrição de direitos fundamentais
aleatoriamente. Há que se ter um método coerente de avaliação da eventual colisão
entre os direitos fundamentais no caso concreto.
Isso porque a informação é necessária "a toda atividade humana e, nesse sentido, a
reprodução da imagem é permitida, a fim de que possa prevalecer o interesse social,
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respeitados, no entanto, os limites da atividade pública".
Em linhas gerais, tem a doutrina que para que um direito fundamental seja restrito,
deve haver uma cumulação de cinco requisitos essenciais: a) a restrição deve estar
constitucionalmente autorizada (...). Ainda que a restrição possa ser feita
legislativamente, seu fundamento, necessariamente, deverá ser algum dispositivo
constitucional que autoriza referida restrição. (...) b) a limitação deve ser proporcional.
Toda limitação a direito fundamental deverá ser proporcional, mas especificamente
precisará observar a proibição de excesso, a fim de impedir que a restrição ao direito
fundamental culmine no aniquilamento daquele direito; c) restrição deve atender ao
interesse social, privilegiando assim outros direitos fundamentais. A restrição deve
ocorrer para amparar e conferir maior tutela e proteção para a sociedade civil (...). Daí
que a restrição fundada no interesse social somente pode ocorrer a partir da explicitação
de que direitos fundamentais da sociedade estarão sendo privilegiados; d) o ato do
poder público que restringe direito fundamental deve ser exaustivamente fundamentado.
(...) e) o ato do poder público que restringe direito fundamental pode ser amplamente
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revisado pelo Poder Judiciário".
8.2 O princípio da ponderação como técnica de solução de conflitos entre dois ou mais
direitos fundamentais
A ponderação, tanto como princípio quanto como técnica, é a chave para a resolução dos
conflitos entre direitos fundamentais.
Em aprofundado estudo sobre o tema, Carmen Lígia Nery defende que não há que se
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A responsabilidade civil pode ser tanto objetiva quanto subjetiva. A regra geral do
sistema jurídico brasileiro é a da reponsabilidade civil subjetiva, que decorre do art. 186
do CC/2002 e se funda na teoria da culpa, segundo a qual o dever de indenizar surge a
partir da existência do dano, do nexo de causalidade entre o fato e o dano e da culpa
lato sensu do agente (culpa stricto sensu - imprudência, imperícia, negligência - ou
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dolo).
Já a responsabilidade civil objetiva funda-se na teoria do risco, segundo a qual para que
haja o dever de indenizar é irrelevante a conduta do agente (culpa ou dolo), bastando
restar comprovada a existência do dano e o nexo de causalidade entre o fato e o dano. A
responsabilidade civil objetiva ocorre por determinação legal (exemplo dos pais em
relação aos atos praticados por seus filhos menores - arts. 932 e 933 do CC/2002) ou
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quando o agente exerce alguma atividade que implica risco para o direito de terceiros
(art. 927, parágrafo único, do CC/2002, como por exemplo, atividades que envolvam
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explosivos).
A obrigação de indenizar surge, portanto, tanto da lei quanto de um fato jurídico (atos
jurídicos, negócios jurídicos (inclusive contratos), atos ilícitos e até atos lícitos). Além
disso, ela engloba o dever de reparar o dano causado e também implica "um mecanismo
de desestímulo à prática de condutas ilícitas", o que não se faz necessariamente
mediante a imposição de pagamento de indenização a título de punitive damages, mas
pode ser feito mediante imposição de qualquer obrigação de fazer ou não fazer para
reparar o dano causado (por exemplo, a publicação de uma nota em jornal esclarecendo
90
algum ocorrido).
O dano causado à pessoa pode atingir tanto a esfera de seu patrimônio material quanto
a de seu patrimônio imaterial. Assim, apesar de todo e qualquer dano atingir, em geral,
o patrimônio do sujeito de direitos, a doutrina e a jurisprudência diferenciam os "danos
materiais" dos "danos morais". O dano moral, em linhas gerais, pode ser conceituado
como:
"A dor em função da conduta contrária ao direito, ou, tecnicamente, como o efeito moral
da lesão a interesse juridicamente protegido, como a dor, o trauma e o sofrimento
suportados. Estaria ligado à dor, às ofensas, à moral, ao decoro, à paz interior de cada
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um, às crenças íntimas, aos sentimentos afetivos, à liberdade, à vida."
"O dano moral é o efeito não patrimonial da lesão de direito e não a própria lesão,
abstratamente considerada. O conceito de dano é único, e corresponde à lesão do
direito. Os efeitos da injúria podem ser patrimoniais ou não, e acarretam, assim, a
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divisão dos danos em patrimoniais e não patrimoniais."
Assim, da mesma maneira como os danos materiais podem ser muitos, derivados de um
mesmo fato (exemplo, custo do carro envolvido no acidente, custo dos tratamentos
médicos decorrentes do acidente, custo do laptop destruído por causa do acidente), os
danos morais podem ser também muitos, derivados do mesmo fato que gerou os danos
93
materiais (exemplo, danos estéticos, psicológicos). Destarte, quando a Constituição
94
Federal em seu art. 5.º, V prevê a indenização por dano à imagem, independente da
indenização por dano material ou moral, especifica que o dano à imagem deve ser
indenizado de qualquer maneira, sem prejuízo da comprovação de outros tipos de danos
morais oriundos do fato danoso (por exemplo, a vergonha experimentada pelo sujeito ao
ter sua imagem exposta em um jornal de grande circulação).
moral, o que ensejaria, portanto, indenização apenas por dano à imagem, e não por
dano moral strictu sensu.
De maneira geral, tem-se que o direito à imagem sofre ameaça sempre que há abuso no
exercício de outros direitos fundamentais, como o de informação e de liberdade de
expressão. Assim, "como no Direito Alemão, afigura-se legítima a outorga de tutela
judicial contra a violação dos direitos de personalidade, especialmente do direito à honra
e à imagem, ameaçados pelo exercício abusivo da liberdade de expressão e informação".
98
Uma vez violado o direito à imagem, deve-se considerar que ele, assim como os outros
direitos da personalidade, "não possui um conteúdo econômico em si, mas uma vez
violado por meio da publicação sem o consentimento da pessoa e fora das hipóteses que
representam exceção surge o direito à reparação. Sendo assim, a ofensa ancora no
desrespeito ao direito exclusivo do titular, a quem cabe autorizar a veiculação de sua
99
imagem".
Portanto, o dano à imagem se configura pela mera veiculação não autorizada da imagem
do retratado. É nesse sentido a Súmula 403 do STJ, segundo a qual "independe de prova
do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
100
econômicos ou comerciais". A indenização por dano à imagem será devida caso
comprovada a veiculação não autorizada da imagem. Além disso, poderá, ainda, sobre
esse mesmo fato danoso (veiculação não autorizada da imagem do retratado) incidir
indenização por dano material (por exemplo, a não participação do retratado no lucro
auferido pela venda das revistas onde as fotos foram publicadas) e por dano moral (por
exemplo, a vergonha experimentada pelo retratado de ter suas fotos em momentos de
intimidade publicadas em veículo midiático de alta circulação).
Por outro lado, mesmo nos casos em que não houve a intenção de denegrir a imagem do
noticiado, pode-se avistar a possibilidade de reparação civil por danos causados à sua
imagem e danos morais. Isso porque, ao exercer seu direito à informação e à liberdade
de expressão, os veículos jornalísticos e midiáticos em geral têm dever de se ater à
verdade dos fatos. Tudo o que extrapola o direito de informar e de expressão livre
configura abuso de direito, que é ilícito objetivo e, portanto, indenizável.
De acordo com Nelson e Rosa Maria Nery, o abuso de direito ocorre quando:
"O ato é resultado do exercício não regular do direito (...). No ato abusivo há violação da
finalidade do direito, de seu espírito, violação essa aferível objetivamente,
independentemente de dolo ou de culpa (...). Distingue-se do ato ilícito do CC 186,
porque neste se exige a culpa para que seja caracterizado. Ambos são ilícitos, mas com
regimes jurídicos diferentes. (...) A ilicitude do ato cometido com abuso de direito é de
101
natureza objetiva."
Neste caso, configura-se dolo de denegrir a imagem do noticiado por parte do jornalista.
Este pode agir com negligência, também, ou seja, com culpa, ao omitir, de sua matéria
jornalística, fatos que contrabalanceariam outros fatos trazidos à tona para a
reportagem, provavelmente porque não fez a pesquisa acerca do acontecido com a
cautela necessária. A conduta dolosa ou culposa do jornalista, nesses casos, caracteriza
a responsabilidade subjetiva à indenização pelos danos causados ao retratado ou
noticiado.
O abuso de direito estaria configurado sempre que o veículo midiático exercesse seu
direito a informar e expressar livremente de maneira a ofender a pessoa retratada ou
noticiada. Nesse caso, sua responsabilidade pelo dano é objetiva, havendo, portanto, o
dever de indenizar.
Portanto, uma vez configurado o dano à imagem do retratado, resta-lhe pleitear por
indenização pecuniária e, eventualmente, por medidas processuais de urgência com o
intuito de impedir a veiculação da referida imagem, como retirar os exemplares do jornal
ou revista em que foram publicadas de circulação, ou impedir a realização de um filme.
10 Casuística
Como a veiculação da imagem do piloto não havia sido autorizada, e a empresa que
realizou a propaganda obviamente tinha o intuito de auferir lucro com a medida, o Min.
Paulo de Tarso Sanseverino entendeu que o direito à imagem do piloto foi violado.
O fato dele ser uma figura pública, que tem sua esfera de privacidade e intimidade
diminuída em relação às pessoas privadas, "não autoriza empresas privadas a
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS
Interessante ressaltar que a imagem-retrato do piloto não foi veiculada, uma vez que o
protagonista da propaganda era uma criança. No entanto, foi feita menção jocosa ao seu
apelido, de forma a ridicularizá-lo. Assim, configurou-se dano à imagem-atributo do
piloto quando a propaganda "foi veiculada, com fins lucrativos, divulgando-se o apelido
do autor, amplamente conhecido do público em geral, em um contexto que indicava
104
claramente a sua atividade".
Ementa:
"1. Ação de indenização por danos morais movida por conhecido piloto automobilístico
em face da veiculação de publicidade utilizando o apelido do autor, amplamente
conhecido pelo público em geral, em um contexto que claramente o identificava (criança,
em um carro de brinquedo, com um macacão na mesma cor que o piloto demandante
usava em sua equipe de Fórmula 1).
4. Retorno dos autos ao tribunal de origem para arbitramento da indenização por danos
extrapatrimoniais postulada na petição inicial.
105
5. Recurso especial provido."
Em seu voto, o Min. relator Raul Araújo fez considerações perfeitamente coerentes e
precisas acerca da controvérsia. Em primeiro lugar, chamou a atenção para o fato de
que pessoas famosas ou ocupantes de cargos públicos gozam de "presunção de
106
consentimento do uso da imagem, desde que preservada a vida privada".
O Ministro entendeu que não houve abuso no direito de informar, mas, ao mesmo
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS
tempo, reconheceu que houve um dano moral sofrido pelo magistrado. Este dano, no
entanto, não seria indenizável, uma vez que não foi causado por ato ilícito:
Verifica-se, assim, que apesar do Ministro aceitar o argumento de que houve dano moral
caracterizado pelo sofrimento do magistrado ao se ver retratado na reportagem em
questão, não houve um ato ilícito por parte do veículo midiático capaz de justificar uma
indenização pelo dano.
Ementa:
2. Deve, pois, ser admitido o presente recurso para que seja aplicado o direito à espécie,
nos termos do art. 257 do RISTJ, sendo possível a análise da controvérsia com base no
art. 159 do CC/1916, citado nos acórdãos trazidos como paradigmas na petição do
especial.
ou de sua vida íntima e privada. Não há, portanto, causa para indenização por danos
patrimoniais ou morais à imagem.
11 Conclusão
demonstrar que a proteção jurídica de imagem abrange muito mais do que a mera
representação fotográfica da pessoa.
Nos capítulos seguintes cuidou-se de diferenciar vida privada de vida pública, de maneira
a ressaltar que as pessoas públicas gozam, sim, de uma esfera secreta de sua vida
privada que merece, portanto, ser resguardada, mas que essa esfera é mais restrita do
que a esfera secreta da vida privada de pessoas que não gozam de notoriedade
midiática.
Passou-se, assim, à análise do voto condutor da Min. Cármen Lúcia, em que o STF
decidiu pela declaração da inconstitucionalidade parcial do CC 20, e também do PL
393/2011, que alterará o texto do referido artigo em consonância com o que foi decidido
na ADIn 4.815/DF. As alterações mencionadas restringem consideravelmente o direito à
imagem de pessoas biografadas, que não mais poderão proibir a realização de biografias
acerca de suas vidas.
Ao final foram analisados dois casos de dano à imagem julgados recentemente pelo
Superior Tribunal de Justiça. No primeiro caso demonstrou-se que o dano à imagem
pode ser causado pela ofensa à reputação da pessoa pública, sem que tenha havido
efetiva veiculação de sua imagem-retrato. No segundo caso restou evidente a restrição à
esfera da vida privada da pessoa pública e o fato de que o dano moral por ela sofrido,
pela veiculação não autorizada de sua imagem, não é passível de indenização, pois não
restou configurado, no caso concreto, culpa ou dolo ao noticiar fatos verdadeiros, nem
abuso do direito de informar e se expressar livremente.
Assim, um chefe de Estado que se encontra com outro não deve ter que fornecer
autorização a um jornal para que este publique sua foto na manchete que noticia tal
encontro. Por analogia, uma pessoa fotografada ou filmada em público em um contexto
informativo, em que se noticia, por exemplo, uma enchente rigorosa, não deve
autorização aos meios midiáticos para que estes possam veicular suas matérias.
A verdade é que nós, enquanto sociedade, ainda não possuímos mecanismos nem
instrumentos para traçar um limite ao redor da esfera secreta da vida privada de
ninguém, muito menos de uma pessoa pública. E cada vez mais aceitamos que a vida
privada (de quem quer que seja) possa ser invadida e vasculhada por todos. Vivemos a
era do Big Brother que, levemente diferente do que previu Orwell, não é exercido
através do controle estatal, mas do controle privado. Hoje em dia não se pode sequer se
locomover em um elevador sem ser filmado.
Referências
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3 Häberle, Peter. Die Menschenwürde als Grundlage der staatlichen Gemeinschaft". Em:
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4 Häberle, Peter. Die Menschenwürde als Grundlage der staatlichen Gemeinschaft. In:
Isensee, Josef; Kirchhof, Paul (ed.). Handbuch des Staatsrechts der Bundesrepublik
Deutschland - Verfassungsstaatt. 3. ed. Heidelberg: Müller, 2004. vol. 2, § 22, n. 56, p.
348. A tradução é de SARLET, Ingo Wolfgang. Dimensões da dignidade - Ensaio de
filosofia do direito e direito constitucional. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p.
128-129.
8 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
São Paulo: Ed. RT, com. 41, Parte Geral. p. 281.
9 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Constituição Federal Comentada.
5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014. com. 1 ao art. 5.º, p. 226.
11 STF, ADIn 4.815/DF, voto ainda em elaboração da Min. relatora Cármen Lúcia.
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em: 01.09.2015.
13 Moreira, Eduardo e Maria Eugenia Bunchaft. "Eficácia direta dos direitos fundamentais
nas relações entre particulares". Doutrinas Essenciais de Direito Constitucional - vol. 7,
ago. 2015, p. 687-705. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br]. Acesso em:
01.09.2015.
14 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil - Parte
Geral. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. I, t. II, p. 8.
15 Nery, Rosa Maria de Andrade. Manual de Direito Civil - Família. São Paulo: Ed. RT,
2013. p. 81.
16 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
São Paulo: Ed. RT, 2014. com. 3 ao art. 10, p. 317.
18 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil - Parte
Geral. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. I, t. II, p. 7.
19 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil - Parte
Geral. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. I, t. II, p. 11-12.
20 Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. vol. I, p. 150.
22 Idem, p. 199.
23 Castro, Mônica Neves Aguiar da Silva. Honra, imagem, vida privada e intimidade, em
colisão com outros direitos. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 36.
24 Cf. Agostini, Leonardo Cesar de. A intimidade e a vida privada como expressões da
liberdade humana. Porto Alegre: Núria Fabris, 2011. p. 113 e ss.
25 Idem, ibidem.
26 Idem, ibidem.
29 Idem.
30 Daneluzzi, Maria Helena Marques Braceiro e MATHIAS, Maria Ligia Coelho. Aspectos
da responsabilidade civil sob a perspectiva do direito de imagem. In: NERY, Rosa Maria
de Andrade e DONINI, Rogério(coords.). Responsabilidade Civil - Estudos em
homenagem ao professor Rui Geraldo Camargo Viana. São Paulo: Ed. RT, 2009. p. 369.
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS
34 Hungria, Nelson. Comentários ao Código Penal. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1958.
vol. VI, p. 39.
35 Cavalieri Filho, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2014. p. 601.
36 Hungria, Nelson. Comentários ao Código Penal. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1958.
vol. VI, arts. 138-140, p. 29-30.
37 Hungria, Nelson. Comentários ao Código Penal. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1958.
vol. VI, p. 41.
38 Castro, Mônica Neves Aguiar da Silva. Honra, imagem, vida privada e intimidade, em
colisão com outros direitos. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 17.
39 Ferrari, Janice Helena. Direito à própria imagem. In: PIOVESAN, Flávia e GARCIA,
Maria (coords.). Doutrinas Essenciais de Direitos Humanos. São Paulo: Ed. RT, 2011. vol.
II, p. 645.
41 Castro, Mônica Neves Aguiar da Silva. Honra, imagem, vida privada e intimidade, em
colisão com outros direitos. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 18.
43 Ribeiro, Iara Pereira. Direito à imagem: conceito jurídico pleno da própria imagem.
Tese de Doutorado em Direito apresentada na Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2013. p. 93.
47 Idem, p. 371.
48 Idem, p. 372.
49 Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. vol. I, p. 146-147.
Página 29
A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS
50 Sarlet, Ingo Wolfgang; Marinoni, Luiz Guilherme; Mitidiero, Daniel. Curso de Direito
Constitucional. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 443.
51 Moraes, Walter. Direito à própria imagem (I). Em: Doutrinas Essenciais de Direitos
Humanos. vol. 2. ago., 2001. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br]. Acesso
em: 12.08.2015.
53 Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. vol. I, p. 149.
54 STF, ADIn 4.815/DF, voto ainda em elaboração da Ministra relatora Cármen Lúcia.
Disponível em:
[www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=293336amp;caixaBusca=N]
Acesso em: 14.09.2015, p. 94.
56 Sarlet, Ingo Wolfgang; Marinoni, Luiz Guilherme; Mitidiero, Daniel. Curso de Direito
Constitucional. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 442.
60 STF, ADIn 4.815/DF, voto ainda em elaboração da Min. relatora Cármen Lúcia.
Disponível em:
www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=293336&caixaBusca=N].
Acesso em: 14/09/2015, p. 64.
61 Idem.
62 Idem, p. 47.
63 Idem, p. 101.
64 Idem, p. 100.
65 Idem, p. 113.
66 Idem, p. 119.
67 Idem, p. 107.
68 Câmara dos Deputados, Redação Final do Projeto de Lei 393/2011. Disponível em:
www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=491955]. Acesso
em: 24.09.2015.
69 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
São Paulo: Ed. RT, 2014, com. 7 ao art. 20, p. 342.
74 Cavalieri Filho, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2014. p. 138.
75 Idem, p. 139.
78 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Constituição Federal Comentada.
5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014, com. 3 ao art. 5.º, p. 227.
80 Enunciado 274 da Jornada IV de Direito Civil do STJ. In: Nery Júnior, Nelson e Rosa
Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014, com.
10 ao art. 11, p. 323.
87 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil -
Direito das Obrigações. São Paulo: Ed. RT, 2015. p. 401-402, vol. II.
88 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
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PÚBLICAS
89 Idem, ibidem.
90 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil -
Direito das Obrigações. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. II. p. 428.
91 Idem, p. 431.
92 Dias, José de Aguiar. O dano moral e sua reparação. Revista Forense Comemorativa,
100 anos. t. III. Direito Civil. Sylvio Capanema de Souza (coord.) Rio de Janeiro:
Forense, 2007. p. 249.
93 Nesse sentido, o STJ elaborou a Súmula 387, que prevê: "(...) a cumulação das
indenizações de dano estético e dano moral e a Súmula 37, que prevê a cumulação de
indenização por danos materiais e morais. Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade
Nery. Instituições de Direito Civil - Direito das Obrigações. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol.
II, p. 432.
95 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Constituição Federal Comentada.
5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014, com. 18 ao art. 5.º, p. 230. A respeito da cumulação de
indenização por dano material e moral: Súmula 37 do STJ: "São cumuláveis as
indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato".
96 Ribeiro, Iara Pereira. Direito à imagem: conceito jurídico pleno da própria imagem.
Tese de Doutorado em Direito apresentada na Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2013. p. 86.
100 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil -
Direito das Obrigações. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. II, p. 433.
101 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
São Paulo: Ed. RT, 2014, com. 6 e 7 ao art. 187, p. 565.
102 Sarlet, Ingo Wolfgang; Marinoni, Luiz Guilherme; Mitidiero, Daniel. Curso de Direito
Constitucional. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 467.
103 STJ, REsp 1.432.324/SP, 3.ª T., j. 18.12.2014, rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, DJe 04.02.2015, v.u., p. 3.
104 Idem, p. 9.
105 Idem, p. 1.
106 STJ, REsp 801.109/DF, 4.ª T., j. 12.06.2012, rel. Min. Raul Araújo, DJe 12.03.2013,
v.u., p. 13.
Página 32
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PÚBLICAS
109 No referido julgamento, o Supremo Tribunal Federal entendeu que "em se tratando
de agente público, ainda que injustamente ofendido em sua honra e imagem, subjaz à
indenização uma imperiosa cláusula de modicidade. Isso porque todo agente público
está sob permanente vigília da cidadania. E quando o agente estatal não prima por todas
as aparências de legalidade e legitimidade no seu atuar oficial, atrai contra si mais fortes
suspeitas de um comportamento antijurídico francamente sindicável pelos cidadãos".
STJ, REsp 801.109/DF, 4.ª T., j. 12.06.2012, rel. Min. Raul Araújo, DJe 12.03.2013,
v.u., p. 33-34.
110 STJ, REsp 801.109/DF, 4.ª T., j. 12.06.2012, rel. Min. Raul Araújo, DJe 12.03.2013,
v.u., p. 1-3.
111 STF, ADIn 4.815/DF, voto ainda em elaboração da Min. relatora Cármen Lúcia.
Disponível em:
[www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=293336&caixaBusca=N].
Acesso em: 14.09.2015, p. 22.
1 Este capítulo baseia-se nas obras de: Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade
Nery. Constituição Federal Comentada. 5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014, art. 1.º, p.
177-180 e Nery, Carmen Lígia. Decisão judicial e discricionariedade: a sentença
determinativa no processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2014, Cap. 1.
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