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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS

PÚBLICAS

A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS PÚBLICAS


THE PROTECTION OF THE PICTURE RIGHT OF PUBLIC PERSONS
Revista de Direito Privado | vol. 64/2015 | p. 39 - 80 | Out - Dez / 2015
DTR\2016\137

Maria Carolina Nery Selders


Bacharel em letras pela Julius Maximilians Universität Würzburg, na Alemanha.
Graduanda em Direito pela FAAP-SP. -carolina.nery@neryadvogados.com.br

Área do Direito: Constitucional; Civil


Resumo: O presente trabalho tem por objetivo o estudo do direito à imagem no
ordenamento jurídico brasileiro, em especial em relação à sua aplicação a pessoas
públicas. Faz-se, em primeiro lugar, uma introdução aos conceitos de direitos
fundamentais para a correta alocação do direito à imagem no sistema jurídico pátrio. O
conceito de imagem é, posteriormente, explorado e aplicado, conjuntamente com os
conceitos de intimidade, vida privada e privacidade, às pessoas que gozam de
publicidade na sociedade. Faz-se, então, uma breve introdução ao sistema de
responsabilidade civil para se mostrar como são dirimidos os conflitos advindos de danos
causados à imagem de pessoas públicas. Por fim são analisados alguns casos práticos de
danos à imagem. Conclui-se, por fim, que apesar da esfera secreta da vida privada de
pessoas públicas ser mais restrita do que a de pessoas privadas, ela existe e deve ser
respeitada.

Palavras-chave: Direito à imagem - Intimidade - Privacidade - Direitos fundamentais -


Vida privada - Vida pública - Biografias não autorizadas - Dano à imagem - Dano moral -
Responsabilidade civil - Indenização
Abstract: This paper aims to analyze the picture right according to the Brazilian law,
especially in reference to public persons. The concepts of image, intimacy, private life
and privacy are explored and applied to people who have a public life. A brief
introduction to the system of civil liability is then done, whereby it is shown how
damages to people's picture rights are resolved by the Brazilian courts nowadays. For
this purpose two cases are briefly analyzed. In conclusion, it is shown that the secret
sphere of public persons' private lives is more restricted that that of private persons, but
it nevertheless exists and should be respected.

Keywords: Picture right - Intimacy - Privacy - Fundamental rights - Private life - Public
life - Non-authorized biographies - Image damage - Moral damage - Civil liability -
Compensation
Sumário:

1 Introdução - 2 Breve introdução acerca do estado democrático de direito e o direito


1
privado - 3 A eficácia civil dos direitos fundamentais - 4 A imagem como direito
autônomo da personalidade - 5 A imagem como direito fundamental - 6 Circunstâncias
que tornam pública a vida privada - 7 Circunstâncias que autorizam a veiculação de
notícias públicas da vida privada - 8 Conflito entre direitos fundamentais - 9
Responsabilidade civil em caso de dano à imagem - 10 Casuística - 11 Conclusão -
Referências

1 Introdução

O presente trabalho tem por objetivo o estudo do direito à imagem no ordenamento


jurídico brasileiro e sua aplicação, em específico, a pessoas públicas.

No primeiro capítulo será feita uma breve introdução sobre as mudanças que surgiram
no Brasil com o advento da nova Constituição Federal e a importância que os direitos
fundamentais do homem tomaram para a sociedade e, por consequência, para o Direito
também.
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Em seguida será exposto que o diálogo entre a Constituição Federal e o Código Civil se
dá de maneira que a lei infraconstitucional regule a eficácia dos direitos fundamentais
praticamente. Para tanto alguns conceitos são definidos, como o de intimidade, vida
privada, vida pública, privacidade.

No terceiro e quarto capítulo o conceito de imagem é explorado como direito autônomo,


diferente de honra, e é categorizado como direito fundamental com eficácia jurídica
regulada pelo ordenamento jurídico pátrio.

Nos capítulos cinco e seis serão analisadas algumas circunstâncias que tornam pública a
vida das pessoas e as mudanças que serão introduzidas no ordenamento jurídico
brasileiro com a alteração do art. 20 do CC/2002, objeto do PL 393/2011. Também será
analisado o voto condutor da Min. Cármen Lúcia, com base no qual o Supremo Tribunal
Federal recentemente decidiu declarar a inconstitucionalidade de parte do art. 20 do
CC/2002, justamente a que será alterada com a aprovação do PL 393/2011.

O sétimo capítulo tem por objetivo demonstrar como deve se dar a solução de casos
concretos que envolvem a necessária ponderação entre o direito constitucional à
informação e o não menos importante direito fundamental à imagem. Para tanto é feita
uma breve análise do princípio da ponderação.

O capítulo seguinte se ocupa com os casos em que ocorre dano à imagem de pessoa
pública, alvo de notícias informativas ou publicações de maneira geral. Para tanto, o
instituto da responsabilidade civil é brevemente analisado.

Por último, alguns casos de dano à imagem de pessoas públicas, julgados pelo Superior
Tribunal de Justiça, são analisados.

2 Breve introdução acerca do estado democrático de direito e o direito privado

Com o advento da Constituição Federal de 1988 houve a adequação do Brasil a um


modelo de Estado que é considerado Democrático e de Direito. Diz-se que o Estado é
democrático porque todo o poder emana do povo, que pode exercê-lo tanto direta
quanto indiretamente por meio de representantes eleitos por ele. Essa matéria é
regulada pelo seu art. 14.

Por outro lado, diz-se que o Estado é de direito porque é garantido constitucionalmente
ao cidadão brasileiro ou residente no Brasil o devido processo legal sempre que sua vida,
liberdade, propriedade, igualdade e segurança estiverem em jogo. Isso vem garantido
em seu art. 5.º, LIV e cria, de fato, um limite ao Estado democrático na medida em que
o clamor popular não pode servir de justificativa para toda e qualquer tomada de medida
administrativa, legal ou jurisdicional.

No Brasil, o Estado democrático de direito assumiu um caráter social também, de


maneira que o sistema jurídico deve ser funcional e atender à justiça social e à
segurança das relações (inclusive privadas; entre particulares). Pode-se dizer, portanto,
que no Brasil há um entrosamento entre o Estado democrático e o Estado de direito. A
isto se dá o nome de Estado constitucional (ou Verfassungsstaat), segundo o qual o
poder estatal deve ser organizado de maneira democrática e no qual o poder político
2
deve sempre derivar do poder dos cidadãos.

Conforme ensinamento de Peter Häberle, seria função do Estado criar condições para a
proteção da dignidade humana contra violação por parte do próprio Estado e, também,
3
por parte de terceiros:

"Uma Constituição que se compromete com a dignidade humana lança, com isso, os
contornos de sua compreensão do Estado e do Direito e estabelece uma premissa
antropológico-cultural. Respeito e proteção da dignidade humana como dever (jurídico)
fundamental do Estado Constitucional constitui a premissa para todas as questões
jurídico-dogmáticas particulares. Dignidade humana constitui a norma fundamental do
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Estado, porém é mais do que isso: ela fundamenta também a sociedade constituída e
eventualmente a ser constituída. Ela gera uma força protetiva pluridimensional, de
acordo com a situação de perigo que ameaça os bens jurídicos de estatura
constitucional. De qualquer sorte, a dignidade humana, como tal, é resistente à
4
ponderação, razão pela qual vale uma proibição absoluta de tortura".

Por fim, pode-se dizer que, com o advento da Constituição Federal, os direitos
fundamentais do homem passaram a ser garantias constitucionais, o que "obriga agora o
operador do direito privado a primar pelos direitos fundamentais estampados na Carta
5
Magna".

3 A eficácia civil dos direitos fundamentais

Há, portanto, uma ideia clara e lógica de infiltração dos direitos fundamentais nas
relações civis, fenômeno ao qual se dá o nome de eficácia civil dos direitos fundamentais
, descrita brilhantemente por José Joaquim Gomes Canotilho: "Se o direito privado deve
recolher os princípios básicos dos direitos e garantias fundamentais, também os direitos
fundamentais devem reconhecer um espaço de autorregulação civil, evitando
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transformar-se em 'direito de não liberdade' do direito privado".

Nesse sentido, Rosa Maria de Andrade Nery diz que:

"Quando se fala em eficácia civil dos direitos fundamentais, portanto, fala-se justamente
desse fenômeno de as disciplinas do direito privado respeitarem os direitos fundamentais
esculpidos na Constituição e todos os regramentos que ela adota, como maneira de
realização do bem comum e de produção de efeitos jurídicos compatíveis com o respeito
7
aos direitos fundamentais, essenciais à preservação da dignidade do ser humano".

Tornar verdadeiramente operante a Constituição Federal para fazê-la determinante de


comportamentos de sujeitos de direito privado desafia constantemente o operador do
direito. Dessa forma, a moderna concepção de um sistema jurídico que preza pela
harmonia e correta relação entre os institutos do direito privado e a Constituição vem
encontrando dificuldade de compreensão e aplicação.

Isso ocorre porque o aplicador da norma de direito privado muitas vezes não se dá conta
de que os direitos fundamentais têm sido reiteradamente violados no contexto das
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relações privadas e, mais grave, não percebe a constante violação porque ainda não
compreendeu quais os novos paradigmas trazidos para o direito privado com o advento
da Constituição Federal de 1988 e do Código Civil de 2002.

Antes de adentrarmos ao estudo do direito à imagem de que dispõe o ser humano,


faz-se necessária uma breve introdução acerca da inserção topográfica de vida privada e
imagem no ordenamento jurídico brasileiro como direitos fundamentais que possuem
eficácia civil.

A Constituição Federal abarca, em seu art. 5.º, X, o direito à intimidade, à vida privada,
à honra e à imagem do ser humano, e o Código Civil, em seus arts. 20 e 21, regula essa
proteção de maneira a impor sanções em caso de desrespeito a eles.

Para este trabalho, os conceitos de vida privada, honra e imagem são de extrema
relevância. Mas, para que não haja confusão acerca de tais institutos, mister que se faça
uma breve explanação sobre como os dois diplomas legais dialogam em relação à sua
proteção.

O conceito de direitos fundamentais engloba os direitos humanos universais e os direitos


nacionais do cidadão que, pela sua importância, estão garantidos e abarcados pela
Constituição Federal contra quaisquer abusos que possam vir a ocorrer tanto por parte
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do Estado quanto por parte de particulares.

Um verdadeiro Estado democrático tem como norma fundante o respeito aos direitos
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fundamentais do ser humano, pois sua violação descaracteriza a própria democracia.


São fixados como fundamentais exatamente para se oporem aos interesses do Estado ou
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de particulares, quando esses se mostrarem abusivos.

Aliás, quanto ao abuso de direito por parte de particulares, vale mencionar o


posicionamento da Min. Cármen Lúcia em seu voto condutor da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADIn) 4.815/DF:

"Os conflitos entre particulares podem atingir direitos fundamentais pela


desproporcionalidade do poder exercido por um em relação a outro ou em contrariedade
ao interesse público. Nem por ser particular se haverá de desconsiderar ilegítimo tal
agir. Mais comum quando exercido pelo Estado, também o particular pode atuar com
abuso de poder ou com exorbitância de poder em relação a outrem, o que torna o
prejudicado legitimado a defender os seus direitos quanto à atuação contrária ao
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direito."

Assim, cabe ao Estado, em última análise, proteger, "ao menos em nível suficiente
(mínimo) imposto pela Constituição, também ao nível do direito privado, um particular
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de lesão ou ameaça (perigo) de lesão de outro particular". Isso não significa, no
entanto, que todos serão controlados pelo Estado, mas que deverão pautar seu agir de
maneira a respeitar os direitos fundamentais, que servem de alicerce para o Estado
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Democrático de Direito Brasileiro.

Ao fixar os direitos fundamentais do homem, a Constituição Federal, em numerosas


ocasiões, alcança aspectos da vida privada e do exercício pleno dos direitos de
personalidade, dando ensejo a que se forme em torno da pessoa uma proteção da sua
intimidade. Essa proteção ora se volta ao cuidado com a humanidade do ser humano,
ora alcança a pessoa no contexto de sua esfera privada.

Já o Código Civil trata dos direitos da personalidade, como seu próprio Capítulo II
esclarece. Os direitos da personalidade formam parte de uma disciplina que compõe o
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direito civil (ao lado, por exemplo, do direito de família, de sucessões etc.).

O que gera alguma confusão é a inserção dos conceitos de vida privada e imagem
também no Código Civil, como bens que merecem a tutela do Direito. Não se trata,
nesse contexto, apenas de direitos fundamentais inseridos simultaneamente em dois
diplomas legais, mas sim de direitos fundamentais que necessitam ter sua eficácia
regulada praticamente na sociedade. Isso é feito pelo Código Civil, na medida em que
são elencadas algumas situações de danos a esses direitos e as sanções correspondentes
a serem aplicadas ao caso concreto. Assim, nota-se claramente a presença da
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"principiologia do direito constitucional na formação estrutural do Direito Privado".

3.1 Conceito de pessoa e de personalidade

Para se compreender o diálogo entre os institutos jurídicos de pessoa e personalidade,


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mister diferenciar o conceito de pessoa, que é o "sujeito que atua", do conceito de
natureza humana ou humanidade do ser. Os direitos de personalidade, elencados nos
arts. 11 a 21 do CC/2002, se referem aos componentes da natureza humana, e não à
pessoa, sujeito de direitos.

A pessoa, sujeito de direitos, é tratada nos arts. 1.º a 6.º do CC/2002. Sua
individualização e identificação precisas são dadas por meio dos atributos da
personalidade, quais sejam: o nome, o estado familiar, o domicílio, a capacidade e a
fama, sendo que essa última tem duas vertentes: uma como atributo da personalidade,
que identifica a pessoa, sujeito de direitos (ex. João da Silva, cirurgião dentista), e outra
como objeto do direito de personalidade, ligada "à potência sensitiva de nossa
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humanidade, à autoestima da pessoa".

Assim, a personalidade de que trata o Código Civil em seus arts. 11 a 21 não trata da
identificação da pessoa, como sujeito de direitos, mas "versa sobre situações jurídicas de
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personalidade, ou seja, situações jurídicas que têm por objeto determinados elementos
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que compõem a própria humanidade do ser (vida, liberdade, saúde, honra etc)".

Quando a Constituição Federal protege o nome, a imagem, a honorabilidade, a


liberdade, a vida, a capacidade de ir e vir, de se reunir, de pensar e expor ideias,
volta-se para a humanidade do ser; para as essências e potências de sua humanidade.

3.2 Definição de intimidade, privacidade, vida privada e vida pública

Segundo Heinrich Hubmann, pode-se antever três momentos de incidência


lógico-jurídica do conceito de direitos da personalidade:

Direito ao desenvolvimento da personalidade (das Recht auf Entfaltung der


Persönlichkeit), que se refere à proteção da dinâmica criadora da personalidade (ex. a
liberdade de ação, a liberdade de expressão e pensamento);

Direito sobre a personalidade (das Recht an der Persönlichkeit), que se refere ao


reconhecimento e defesa, no ser, de um círculo de vida exterior e interior (ex. a vida, a
saúde, o sentimento) e

Direito sobre a individualidade (das Recht auf Individualität), que se refere à ratificação
do caráter único e original de cada ser humano. Essa individualidade guarda três esferas,
quais sejam:

a esfera individual: nome, honra, imagem física, imagem de vida, imagem de caráter,
palavra falada, palavra escrita;

a esfera privada: aquilo que o indivíduo pode subtrair do conhecimento da mídia e

a esfera secreta: ações, expressões, sentimentos de que ninguém deve tomar


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conhecimento.

Assim, faz-se necessária uma breve conceituação de intimidade, privacidade, vida


privada, e vida pública para que se possa estabelecer algumas diferenças entre pessoas
particulares e pessoas públicas e eventual tratamento diferenciado de sua imagem em
decorrência da publicidade de que gozam em sociedade.

Como muito bem define Maria Helena Diniz, os conceitos de privacidade e intimidade não
se confundem, pois a privacidade se volta a "aspectos externos da existência humana -
como recolhimento na própria residência sem ser molestado", enquanto que intimidade
diz respeito "a aspectos internos do viver da pessoa, como segredo pessoal,
20
relacionamento amoroso, situação de pudor etc.".

Intimidade, nas palavras de Leonardo de Agostini, seria "aquilo que está o mais dentro
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possível", ou seja, aquelas características individualizantes do ser humano que
merecem resguardo e cuidado. E o direito à intimidade seria "aquele direito fundamental
que protege o interesse existencial do indivíduo em viver alguns dos momentos mais
sublimes de sua vida, seja solitária ou inter-relacionalmente, de forma livre, autônoma e
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digna, sem que seja objeto de qualquer ingerência ou controle externo".

Ao tentar diferenciar vida privada e vida pública, no entanto, o estudioso do direito


encontra dificuldades, pois a compreensão do que deva ser aberto para o conhecimento
público mudou muito ao longo da evolução humana e continua mudando aceleradamente
na sociedade de informação em que vivemos.

Podemos dizer, em linhas gerais, que o direito à vida privada é "a faculdade atribuída às
pessoas físicas de excluir do conhecimento dos outros, além da família e amigos íntimos,
sentimentos, emoções pensamentos, orientação sexual, valores espirituais próprios que
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revelem sua personalidade psíquica".

Na Grécia Antiga se entendia que através da publicidade os indivíduos deixariam sua


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marca para a posteridade. O privado seria o espaço próprio do homem, de seu trabalho
e vida, enquanto que o público seria o âmbito do político. O público coincidiria com a
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permanência, com aquilo que, de tão importante, alcançaria as gerações futuras.

Para os romanos, as esferas pública e privada da vida do cidadão deveriam coexistir em


harmonia, de maneira que sua diferenciação era feita a partir da utilidade do assunto
tratado: fosse de utilidade comum, deveria ser público; fosse de utilidade apenas dos
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particulares, estava restrito à esfera privada.

Na Idade Média, o lar passou a ocupar uma posição de integração entre as esferas
pública e privada. Depois, a esfera social, segundo concepção de Hannah Arendt, se
estabeleceu de maneira a devorar as esferas anteriormente conhecidas do político, do
privado e da intimidade. Assim, muitos assuntos que pertenciam à esfera familiar e,
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portanto, privada, passaram a adquirir um caráter de interesse público.

O ponto fulcral do desenvolvimento da esfera social, portanto, consiste na compreensão


de que há coisas que devem ser ocultadas e outras que necessariamente devem ser
expostas ao público. Assim, compreende-se o porquê de termos, hoje em dia, situações
referentes à vida privada de personalidades públicas que são expostas ao público porque
adquirem um aspecto de relevância transindividual. Por outro lado, devemos considerar
que a exposição pública que o ser humano sofre hodiernamente é tão profunda, que
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criou-se a necessidade de regulação até mesmo do próprio esquecimento.

Em suma, pode-se dizer que o que pauta a ideia de vida pública é a ocorrência de fatos -
de variada gama - que retiram uma fatia da vida de privada da pessoa, sujeito de
direitos, alocando-a num espaço de possível conhecimento de todos.

4 A imagem como direito autônomo da personalidade

Como bem salienta Walter Moraes, partir rumo ao estudo do direito à imagem sem antes
alocar corretamente imagem no ordenamento jurídico pátrio configura erro metodológico
grave que inexoravelmente leva o estudioso do Direito a confusões conceituais,
reduzindo "incoerentemente o direito a imagem a um capítulo do direito à honra, do
direito ao próprio corpo, à intimidade, à identidade, à liberdade etc., o que vale dizer,
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confunde imagem com honra, com identidade etc.".

Em seu trabalho, intitulado "Direito à própria imagem", Walter Moraes resgata o


histórico de desenvolvimento doutrinário acerca do conceito de imagem e sua
consequente proteção jurídica. Identifica três teorias principais: (I) a teoria da imagem
como "manifestação do direito ao próprio corpo". Esta se ocupa em estudar a "imagem
original, ou seja, a forma física em si mesma, colocando-a como objeto fundamental da
análise jurídica"; (II) a teoria do direito de liberdade, que entende que a publicação de
um retrato de alguém sem sua prévia autorização "ofende seu direito de
autodeterminação e, portanto, a liberdade de manifestação de sua personalidade"; (III)
a teoria do patrimônio moral da pessoa, "segundo a qual o direito à própria imagem é
coisa capaz de integrar, juntamente com outros atributos da personalidade, o patrimônio
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moral do indivíduo".

Em linhas gerais, tem-se que imagem é a projeção ou reprodução de uma figura original
"em um suporte físico estático, a exemplo da fotografia, máscara, desenho, escultura,
caricatura, pintura, pichação; ou sob a modalidade dinâmica, como ocorrem nas
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filmagens em geral". Apesar de não se confundir com o conceito de personalidade,
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seria "um de seus veículos mais diretos de expressão".

De acordo com Walter Moraes:

"A ideia de imagem não se restringe, portanto, à representação do aspecto visual da


pessoa pela arte da pintura, da escultura, do desenho, da fotografia, da figuração
caricata ou decorativa, da reprodução em manequins e máscaras. Compreende, além, a
imagem sonora da fonografia e da radiodifusão, e os gestos, expressões dinâmicas da
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personalidade."

Assim, a imagem seria um direito distinto da honra, sendo que esta "se biparte em:
honra subjetiva, quando o prestígio social é avaliado pela própria pessoa, e honra
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objetiva, caso o juízo valorativo seja o do grupo social".

De acordo com Nelson Hungria,

"O interesse jurídico que a lei penal protege na espécie refere-se ao bem material da
honra, entendida esta, quer como o sentimento de nossa dignidade própria (honra
interna, honra subjetiva), quer como o apreço e respeito de que somos objeto ou nos
tornamos merecedores perante os nossos concidadãos (honra externa, honra objetiva,
reputação, boa fama). Assim como o homem tem direito à integridade do seu corpo e do
seu patrimônio econômico, tem-no igualmente à indenidade do seu amor-próprio
(consciência do próprio valor moral e social, ou da própria dignidade ou decôro) e do seu
patrimônio moral. Notadamente no seu aspecto objetivo ou externo (isto é, como
condição do indivíduo que faz jus à consideração do círculo social em que vive), a honra
é um bem precioso, pois a ela está necessariamente condicionada à tranquila
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participação do indivíduo nas vantagens da vida em sociedade."

É importante ressaltar que a honra é um bem jurídico tutelado tanto pelo direito civil
quanto pelo direito penal. Nas palavras de Sergio Cavalieri Filho, o ilícito penal "não
apresenta diferença substancial do ilícito civil. Ambos importam conduta voluntária
(culposa ou dolosa) contrária à lei. A diferença entre ambos é apenas de grau. O ilícito
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penal é mais grave que o ilícito civil. Este é um minus em relação àquele".

A mácula à honra de alguém, além de causar um dano civil, indenizável, configura


crime, notadamente de calúnia, difamação ou injúria. A calúnia é tipificada como a
imputação falsa a alguém de fato definido como crime. A difamação, como a imputação
a alguém de fato ofensivo à sua reputação (ou à sua honra objetiva). A injúria, como a
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ofensa à dignidade ou decoro de alguém (ou à sua honra subjetiva).

Nota-se, portanto, que "a lei penal defende, além dos interesses do indivíduo uti singuli,
o interesse social, pois não só se propõe a evitar cizânias e vinditas no seio da
convivência civil (ne cives ad arma veniant), como também visa a impedir que se frustre
o justo empenho do indivíduo em merecer boa reputação pela sua conduta orientada no
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zêlo de deveres socialmente úteis".

Partindo desse entendimento de honra e compreendendo sua tutela pelo direito penal,
torna-se mais cristalina sua diferenciação da imagem, direito autônomo e distinto de
honra:

"A imagem, aqui, deve ser entendida não somente como a representação de uma
pessoa, mas, também, como a forma pela qual ela é vista pela coletividade.
Compreende-se nesse conceito, não apenas o semblante do indivíduo, mas partes
distintas do seu corpo, sua própria voz, enfim, quaisquer sinais pessoais de natureza
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física pelos quais possa ser ela reconhecida."

Há quem entenda que o conceito de imagem deva ser mais abrangente e ampliado, não
significando "apenas a projeção fotográfica da pessoa, mas também, a expressão de sua
39
personalidade". Isso porque a imagem "carrega consigo não só um fator de
identificação, mas também de comunicação, de tal sorte que a representação do aspecto
físico pode evocar uma série de sentimentos e associações, bem como é capaz de por si
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só transmitir uma mensagem".

Nesse sentido, a doutrina estabeleceu a diferença entre a imagem-retrato e a


imagem-atributo do ser humano.

Enquanto a imagem-retrato compreende "o aspecto visual da pessoa em sua projeção


exterior como seus gestos, sua voz, atitudes, traços fisionômicos", a imagem-atributo
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"seria o conjunto de características pelas quais o indivíduo é reconhecido, ou seja,


através das quais sua personalidade é apreendida pela coletividade, no sentido do
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conceito social de que desfruta".

Alguns doutrinadores falam inclusive da "imagem moral" do indivíduo, que seria aquela
"reprodução gráfica acompanhada do conjunto de características de sua personalidade."
42

Assim, ao se conceituar imagem, não só a o aspecto físico da pessoa, em sua


manifestação exterior, deve ser contemplado, mas também, no entendimento de parte
da doutrina, a sua reputação, suas expressões distintivas. Poder-se-ia dizer, em suma,
que a:

"Imagem é a representação exterior de uma pessoa; sua figura é um composto de


matéria e forma, que não se limita aos ossos, músculos, pele e tantas outras
características físicas. Vai além delas, incluindo a própria anima, cujo significado é a
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"forma substancial de um ser vivo."

O problema dessa conceituação é que a imagem-atributo se confunde, muitas vezes,


com a honra objetiva do ser humano, e, como anteriormente exposto, imagem e honra
são bens jurídicos distintos.

No entanto, para que a honra do ser humano possa ser tutelada de maneira completa e
abrangente, de forma a contemplar aqueles casos de violação que não configuram crime
(injúria, calúnia e difamação), há a necessidade de se conceituar imagem tanto como
aspecto visual da pessoa (imagem-retrato) como também o conjunto de características
pelas quais o indivíduo é reconhecido (imagem-atributo), alocando, portanto, o conceito
de honra e imagem-retrato e imagem-atributo no espaço da potência afetiva do ser
humano.

5 A imagem como direito fundamental

No sistema jurídico brasileiro, a imagem é tutelada tanto como direito fundamental, na


Constituição Federal, quanto pelo Código Civil, como direito da personalidade, o que faz
com que o direito fundamental constitucionalmente garantido ao ser humano encontre
proteção eficaz nas relações envolvendo a pessoa, sujeito do direito à imagem.

Segundo o art. 5.º, X, da CF/1988: "São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação".

Do dispositivo Constitucional tem-se que a imagem merece tutela jurídica


incondicionada; que é um bem a ser "resguardado em si e por si só, e não em razão de
outro valor qualquer, o que vale dizer: a própria imagem se constitui precisamente em
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objeto autônomo da tutela do direito".

De acordo com o Código Civil, em seu art. 20:

"Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da


ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a
exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
requerimento e sem prejuízo da indenização que lhe couber, se lhe atingirem a honra, a
boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais."

Ora, se o direito à imagem é considerado como direito autônomo, e se sua exposição


pode ser proibida pelo sujeito, é também um direito "oponível erga omnes", donde se
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conclui que "é direito absoluto".

Destarte, pode-se dizer que "o direito à imagem é o que a pessoa exerce sobre a
projeção ou representação identificável de sua forma física, captada e fixada em um
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suporte que pode ser material ou imaterial".

Temos, portanto, que a imagem é um direito inato, extrapatrimonial, vitalício, de


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disponibilidade relativa, intransmissível, irrenunciável, imprescritível, impenhorável.
Assim sendo:

"Dizer que a imagem é direito que possui disponibilidade relativa significa reconhecer no
indivíduo a possibilidade e a liberdade de atuar sobre ela, não no sentido de deslocá-la
para outra pessoa, mas com o intuito de admitir que o titular possa exercitar certas
faculdades, dentre elas a de autorizar que outrem dela tire proveito econômico ou dela
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se valham para outro fim, que seja, por óbvio, lícito."

Por consequência, tem-se que o direito à imagem é o da pessoa não ter "sua efígie
exposta ou mercantilizada sem seu consenso e o de não ter sua personalidade alterada
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material ou intelectualmente, causando dano à sua reputação".

Portanto, o direito à imagem é violado quando há captação não autorizada da imagem


física (ou imagem retrato) de alguém, bem como quando há "veiculação desautorizada
ou injustificada da imagem (seja ela integral ou parcial), mas também pela distorção e
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mesmo falsificação da imagem quando de sua veiculação".

6 Circunstâncias que tornam pública a vida privada

O exercício de vida político-partidária, o exercício de função pública, o exercício de


atividade com repercussão midiática, a atividade criminosa, a pobreza ou a riqueza
extrema, a proximidade pessoal com pessoas públicas, a projeção científica, a
eventualidade de alguém ser alcançado por catástrofe pública são algumas das situações
que geram fatos que, notoriamente, fazem com que a vida privada de alguém possa vir
a se tornar pública.

A primeira lei alemã que regulava o direito à imagem, de 1907, e que serviu como
percursora de legislação semelhante em muitos outros países, dispunha em seu art. 23
os casos em que o retrato poderia ser divulgado sem o consentimento do retratado:

"1) quando se tratar de imagem do domínio da história contemporânea; 2) quando a


pessoa retratada aparece como acessório de uma paisagem ou uma localidade; 3)
quando se tratar de reuniões, cortejos e acontecimentos semelhantes de que participe a
pessoa representada; 4) retratos não realizados por encargo, quando a sua difusão ou
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exposição servir a um interesse artístico superior."

O que se extrai da regra antiga é, em primeiro lugar, que há circunstâncias que


permitem a divulgação da imagem de alguém independentemente de sua anuência.

De acordo com Maria Helena Diniz, o direito à imagem sofre algumas limitações que
dispensam a anuência da pessoa retratada para que haja a efetiva divulgação da sua
imagem. Essas limitações ocorrem nos seguintes casos, quando: "a) se tratar de pessoa
notória, mas isso não constitui uma permissão para devassar sua privacidade, pois sua
vida íntima deve ser preservada. A pessoa que se torna de interesse público pela fama
ou significação intelectual, moral, artística ou política não poderá alegar ofensa ao seu
direito à imagem se sua divulgação estiver ligada à ciência, às letras, à moral, à arte e à
política. Isto é assim porque a difusão de sua imagem sem seu consenso deve estar
relacionada com sua atividade ou com o direito à informação; b) se referir a exercício de
cargo público, pois quem tiver função pública de destaque não pode impedir, que, no
exercício de sua atividade, seja filmada ou fotografada, salvo na intimidade; c) se
procura atender à administração ou serviço da justiça ou de polícia, desde que a pessoa
não sofra dano à sua privacidade; d) tiver de garantir a segurança pública, em que
prevalece o interesse social sobre o particular, requerendo a divulgação da imagem, por
exemplo, de um procurado pela polícia ou a manipulação de arquivos fotográficos de
52
departamentos policiais para identificação de delinquente. Urge não olvidar que o
civilmente identificado não pode ser submetido à identificação criminal, salvo nos casos
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

autorizados legalmente (CF, art. 5.º, LVIII); e) se busca atender ao interesse público,
aos fins culturais, científicos ou didáticos. Quem foi atingido por uma doença rara não
pode impedir, para esclarecimento de cientistas, a divulgação de sua imagem em
cirurgia, desde que preserve seu anonimato, evitando focalizar sua fisionomia; f) houver
necessidade de resguardar a saúde pública. Assim, portador de moléstia grave e
contagiosa não pode evitar que se noticie o fato; g) se obter imagem, em que a figura é
tão somente parte do cenário (congresso, exposição de obras de arte, enchente, praia,
tumulto, show, desfile, festa carnavalesca (RT, 556:178, 292:257 - em contrário: RJ,
10:89) restaurante etc.), sem que se a destaque, pois se pretende divulgar o
acontecimento e não a pessoa que integra a cena; h) se tratar de identificação
compulsória ou imprescindível a algum ato de direito público ou privado, deveras
ninguém pode se opor a que se coloque sua fotografia em carteira de identidade ou em
outro documento de identificação, nem que a polícia tire sua foto para serviço de
53
identificação."

Nas palavras da Min. Cármen Lúcia:

"A imagem recebe tratamento jurídico diferente dos demais itens, por comportar regime
diferente, sendo permitida a sua divulgação quando a pessoa tiver notoriedade, o que
não constitui, por certo, anulação do direito à intimidade e à privacidade, como
mencionado acima, apenas diminui o espaço de indevassabilidade protegida
54
constitucionalmente."

Assim, tem-se por certo que em algumas situações excepcionais, como as mencionadas
acima, mesmo a pessoa privada, que não goza de notoriedade midiática, pode ter a
divulgação de sua imagem realizada sem seu consentimento, sem que isso constitua
ofensa à sua imagem e gere, portanto, dano à sua pessoa. Portanto, o direito à imagem
sofre "algumas restrições, tais como: necessidade de informação do público, em razão
da notoriedade de determinadas pessoas, presença das pessoas em um cenário público e
55
por motivo de interesse cultural, científico e de ordem pública."

Quanto às pessoas públicas, as circunstâncias pessoais que as colocam em evidência


social não eliminam seu direito à imagem, à intimidade e à privacidade. Somente levam
a uma diminuição da sua esfera secreta e indevassável de vida privada e privacidade.
Essa diminuição tem por objetivo fornecer ao público informações sobre o noticiado, o
que deve ser feito, no entanto, de maneira comedida, de forma a respeitar seus direitos.

Nas palavras de Ingo Wolfgang Sarlet:"O direito à imagem, quando em causa o direito
de não ser fotografado ou retratado sem o devido consentimento, não é digno, em
princípio, da mesma proteção constitucional, quando se trata de pessoa ocupante de
cargo ou função ou que exerça atividade pública, no sentido de uma atividade em que a
publicidade seja algo essencial, pois em tais situações se presume um acordo tácito, no
sentido de um consentimento implícito, o que deve ser levado em consideração
56
especialmente no plano da colisão entre direitos fundamentais".

De acordo com Janice Ferrari, "a reprodução da imagem é permitida, a fim de que possa
57
prevalecer o interesse social, respeitados, no entanto, os limites da atividade pública".

No mesmo sentido argumenta Leonardo de Agostini que "a pessoa notoriamente


conhecida experimenta certa redução no espaço de sua vida privada, mas não, de sua
intimidade". Isso porque "os fatos relacionados àquela esfera [da intimidade] da vida do
indivíduo não estão relacionados ao desempenho da atividade que o impulsionou ao
conhecimento e, muito menos, guardam relevância pública a ponto de autorizar sua
58
divulgação."

Assim, poder-se-ia concluir que a pessoa pública tem a sua vida privada e privacidade
reduzidas no limite de sua atividade, ou exposição públicas. Entende-se que a pessoa
pública aceita o ônus da exposição social e midiática que sofre em decorrência de sua
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

atividade pública. Entende-se que há um consentimento implícito da pessoa pública em


ter o seu direito à imagem relativizado e a sua esfera de privacidade e vida privada
severamente diminuídas pelo simples fato de exercer alguma atividade pública. Essa
aceitação tácita de exposição de sua imagem relativiza a esfera de proteção que existirá
ao redor de sua imagem.

No entanto, essa relativização deveria se limitar à atividade exercida, e não se estender


para toda a esfera da intimidade e da vida pessoal da pessoa pública. O que é estranho
à sua atividade não deveria ser considerado de interesse público. A autora Janice Ferrari
conclui dizendo que "o interesse público terá que ser relevante, o que significa dizer que
a divulgação da notícia terá que se ater ao interesse social, objetivando levar ao público,
conhecimento de eventos que justifiquem a reprodução de imagens sem o prévio
59
consentimento de seus titulares".

Assim, percebe-se absolutamente relevante a divulgação da imagem de chefes de


Estado se encontrando em uma conferência ou almoçando juntos, mas não se pode
justificar a publicação de fotos de um chefe de Estado de sunga de banho em uma praia
deserta durante suas férias para ilustrar uma reportagem que versa sobre estrias ou o
sobrepeso.

Uma das questões mais polêmicas dos tempos modernos, no entanto, é justamente a
elevação da fofoca a um nível de negócio altamente lucrativo. Imagens de celebridades
em situações constrangedoras e até humilhantes são a regra em revistas, jornais e sites
de fofocas. Tornou-se tão comum a veiculação de tais imagens que pode-se falar em até
mesmo uma banalização do ridículo. Parece que muito pouco pode ser feito para
preservar o direito à imagem de pessoas públicas. Parece que tudo que resta à pessoa
pública é esperar que o dano à sua imagem ocorra para que possa, então, pleitear
indenização em ação própria contra o ofensor.

É nesse sentido o voto da Min. Cármen Lúcia na Ação Direta de Inconstitucionalidade


(ADIn) 4.815/DF, em que argumenta que "o direito fundamental constitucionalmente
assegurado compreende, pois, a busca, o acesso, o recebimento, a divulgação, a
exposição de dados, pensamentos, formulações, sendo todos e cada um responsável
60
pelo que exorbitar a sua esfera de direitos e atingir outrem". O foco, parece, está no
direito à informação do público. Custe o que custar. O retratado que arque com as
consequências de sua popularidade e busque a devida indenização por eventuais danos à
sua imagem.

A reprodução de imagens de pessoas públicas sem o seu consentimento deverá ser


muito bem fundamentada e justificada, pois qualquer excesso, como vamos demonstrar
mais a diante, gera dano à imagem da pessoa retratada e deve ser indenizado.

7 Circunstâncias que autorizam a veiculação de notícias públicas da vida privada

Ao longo deste capítulo analisaremos brevemente o cerne do voto condutor da Min.


Cármen Lúcia na ADIn 4.815/DF, em que se discutiu a inconstitucionalidade do
dispositivo do art. 20 do CC/2002 que prevê a necessidade de autorização prévia do
61
biografado para a publicação de biografias.

Em geral, a Ministra se ateve à questão da liberdade de expressão do autor da biografia


e à problemática da suposta censura envolvendo o dispositivo legal que acabou sendo
considerado inconstitucional. Em diversos pontos ela reforçou a ideia de liberdade como
sendo um valor e um direito fundamental na sociedade brasileira atual e salientou que
condicionar qualquer tipo de publicação à autorização do sujeito sobre quem se escreve
seria uma forma de censura. E, segundo a Ministra, "censura é repressão e opressão.
Restringe a informação, limita o acesso ao conhecimento, obstrui o livre expressar, o
pensado e o sentido. Democracia deveria escrever censura com 's' em seu início:
62
sensura (...)".

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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
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Seu voto enfatiza que "a privacidade de quem sai à rua não pode ser considerada de
igual quadrante da intimidade daquele que se mantém guardado em seu secreto
63
quarto". Além disso, deixa claro que "entre a história de todos e a narrativa de um,
64
opta-se pelo interesse de todos".

Em geral, pode-se resumir que o voto condutor da ADIn 4.815/DF, ao sopesar os


direitos fundamentais à informação do público e à liberdade de expressão do autor da
biografia de um lado e a intimidade, privacidade e imagem do biografado do outro,
chega à conclusão de que deve prevalecer o direito do público à informação e à liberdade
de expressão, direitos esses tão caros à sociedade brasileira. Afinal, "pela biografia não
se escreve apenas a vida de uma pessoa, mas o relato de um povo, os caminhos de uma
65
sociedade".

Qualquer transgressão aos direitos à inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da


honra e da imagem da pessoa biografada, segundo a Ministra, deverá ser reparada
66
mediante indenização. O voto afirma, no entanto, que a biografia pode doravante ser
publicada sem autorização do biografado, incluindo imagens fotográficas dele e de
pessoas de seu convívio, além da veiculação de informações talvez danosas à sua
imagem atributo, à sua honra, à sua intimidade. Segundo a Ministra, "não é com
mordaça ou censura que se resolve a inverdade. É com mais verdade sobre o inocorrido
67
e narrado por má-fé ou ignorância".

Ao permitir tamanha restrição aos direitos do biografado, pode-se, a partir de agora,


partir do pressuposto de que os direitos à informação e à liberdade de expressão têm
peso maior do que o direito à imagem do biografado. Parte-se do pressuposto de que a
veiculação de todo e qualquer fato e imagem sobre a pessoa pública biografada é
permitida, não importando o conteúdo do que será revelado.

A pessoa pública passa a ter, portanto, uma limitação muito maior da esfera de sua vida
privada na medida em que não tem mais controle algum sobre o que será publicado a
seu respeito na biografia. A única coisa que lhe resta é, em caso de danos, buscar sua
reparação por meio de indenização.

No entanto, diversos aspectos da proteção aos direitos do biografado não foram levados
em consideração na votação da ADIn 4.815/DF. O primeiro é que o autor da biografia e
a editora da obra auferirão lucro com a publicação da obra. Não se menciona se o
biografado terá ou não direito a participar dos lucros advindos da publicação de fatos
sobre sua vida. Em segundo lugar, permitir a publicação de biografias não autorizadas
indistintamente é praticamente um convite ao caos. Não que deva haver censura prévia
do que será escrito, mas a esfera secreta da vida privada de todo e qualquer cidadão,
seja ele pessoa pública ou não, deve ser respeitada sempre, aprioristicamente.

Não se pode partir do pressuposto de que o direito do público à informação e à liberdade


de expressão é mais relevante do que o resguardo da esfera secreta de intimidade de
uma pessoa pública. A ponderação entre todos esses direitos fundamentais, que vem
sendo feita sempre em casos de publicações de fatos e imagens sobre pessoas públicas
no país, deve ocorrer uma vez constatado o dano. Da maneira como se pôs a questão na
ADIn 4.815/DF, no entanto, a ponderação é feita aprioristicamente no sentido de se
estabelecer a premissa de que o direito à intimidade, à privacidade e à imagem da
pessoa pública é menos importante do que o direito à liberdade de expressão e de
informação do público.

A doutrina ainda não compreendeu nem teorizou quais são os parâmetros que devem
ser considerados para delimitar a esfera secreta da vida privada de alguém, que não
justificaria publicação, ou seja, que não mereceria ser revelada. Além disso, apenas a
ultrapassagem desses limites teria acesso à institucionalização do sistema de
responsabilidade civil a justificar a indagação sobre se houve ou não dano passível de
indenização.

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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

O dano objetivo pelo ataque à imagem atributo de alguém, construída com interesse
político, econômico ou midiático, somente seria causa de imputação se a notícia fosse
inverídica; se os dados não fossem verdadeiros. Fora desse espectro mínimo, ao autor
do texto biográfico será permitida plena desenvoltura para revelar fatos conhecidos e
não conhecidos, admiráveis ou condenáveis, a respeito da vida pregressa do biografado.

Evidentemente, poder-se-ia apontar como fato indicador de uma possível revelação


capaz de causar dano indenizável aquela que se fizesse com o espírito emulativo de
levar o leitor a retirar dos dados objetivamente considerados conclusões que se
afastassem da razoabilidade natural do relato. Assim, a indenização só se revelaria
possível não pela informação do fato, mas pela indução do leitor a acreditar em
consequências que não necessária e logicamente decorreriam do fato, o que abriria para
ambas as partes (biografado e biógrafo) longa polêmica argumentativa em juízo.

Ou seja, aprioristicamente, a decisão do SFT limita qualquer movimento do biografado


no sentido de impedir a publicação, exigir retificação, exigir a existência de relato
neutralizador das conclusões do biógrafo. Restará ao biografado apenas direito à
indenização se for antevista, na biografia, a manipulação de dados (ainda que
verdadeiros) para compor uma falsa versão, prejudicial no seu conjunto, à imagem que
a pessoa pública teria direito de revelar caso viessem à luz, também, outros fatos que
maliciosamente foram ocultados na biografia.

7 7.1 PL 393/2011

Foi aprovado na Câmara dos Deputados o PL 393/2011, que altera o art. 20 do CC/2002,
de forma a garantir a liberdade de expressão, informação e acesso à cultura.

O projeto ainda aguarda apreciação no Senado Federal e, segundo a proposta, o


parágrafo único do art. 20 do CC/2002 seria transformado em § 1.º e seriam
acrescentados dois parágrafos, de sorte que a redação do art. 20 passaria a ser:

"Art. 20: Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à


manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que lhe couber, se lhe atingirem a
honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais."

"§ 1.º Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes."

"§ 2.º A mera ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e
informações com finalidade biográfica de pessoa cuja trajetória pessoal, artística ou
profissional tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse
da coletividade.

§ 3.º Na hipótese do § 2.º, a pessoa que se sentir atingida em sua honra, boa fama ou
respeitabilidade poderá requerer, mediante o procedimento previsto na Lei 9.099, de 26
de setembro de 1995, a exclusão de trecho que lhe for ofensivo em edição futura da
obra, sem prejuízo da indenização e da ação penal pertinentes, submetidas estas aos
68
procedimentos próprios."

Em consonância com o que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADIn
4.815/DF, o PL 393/2011 alterará o conteúdo do art. 20 do CC/2002 no sentido de
tornar permitida a veiculação não autorizada de informações e imagens sobre pessoas
públicas em obras biográficas.

Importante atentarmos para o fato de que a alteração "equilibra o direito de informação


da coletividade acerca de pessoas notoriamente públicas, dada a exposição de suas
pessoas, ao mesmo tempo em que confere a estas o direito de se insurgirem contra o
69
que julgarem ofensivo à honra e à respeitabilidade pessoal".
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

No entanto, assim como já foi dito anteriormente em relação ao voto condutor da Min.
Cármen Lúcia, permanece o fato de que será estabelecida, legalmente, uma restrição
severa à esfera secreta da vida privada de pessoas públicas que vierem a ser objeto de
biografias.

8 Conflito entre direitos fundamentais

8.1 Direito à imagem da pessoa pública e direito à informação

Apesar do direito à imagem ser fundamental e, portanto, considerado absoluto, é


importante ressaltar que nenhum direito, no sistema jurídico pátrio, pode ser imune de
70
restrições e limitações.

Segundo Walter Moraes, "assim como a propriedade sofre restrições nas regras do
direito de vizinhança, assim também o direito à própria imagem há que sofrer limitações
71
ditadas pelo bem comum, análogas àquelas contidas nas regras de vizinhança".

No caso do direito à imagem, é inegável que, apesar de ser considerado um direito


fundamental (e de personalidade), ele frequentemente se encontrará em relação de
oposição a dois outros direitos fundamentais: o de informação e o de liberdade de
expressão. Nas palavras de Gilmar Mendes, há "uma inevitável tensão na relação entre a
liberdade de expressão e de comunicação, de um lado, e os direitos da personalidade
constitucionalmente protegidos, de outro, que pode gerar uma situação conflituosa, a
72
chamada colisão de direitos fundamentais (Grundrechtskollision)."

A limitação ao direito à imagem decorre da previsão do direito à informação como outro


direito fundamental, previsto também na Constituição Federal, em seu art. 5.º, XIV: "É
assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional".

Assim sendo, o direito à imagem de qualquer indivíduo será limitado de acordo com a
necessidade de informação do público. No entanto, "o interesse público terá que ser
relevante, o que significa dizer que a divulgação da notícia terá que se ater ao interesse
social, objetivando levar ao público, conhecimento de eventos que justifiquem a
73
reprodução de imagens sem o prévio consentimento de seus titulares".

Nas palavras de Sergio Cavalieri Filho:"Tem se entendido que se a imagem de alguma


pessoa estiver inserida em um contexto amplo e genérico, de modo a ficar claro na
composição gráfica que seu propósito principal não é a exploração econômica, tampouco
a identificação da pessoa, mas sim noticiar determinado acontecimento, não haverá que
74
se cogitar de violação do direito à imagem".

No mesmo sentido, pode-se entender que pessoas ocupantes de cargos públicos, ou que
tenham sua profissão ligada ao público de alguma maneira, como os artistas, não gozam
da mesma proteção à imagem como se fossem particulares "não comprometidos com a
publicidade. Até pela necessidade que têm de exposição, há uma presunção de
consentimento do uso da imagem dessas pessoas, desde que preservada a vida privada
75
delas".

Assim, entende-se que, em certas situações, o direito à própria imagem pode sofrer
restrições. No entanto, não se pode proceder à restrição de direitos fundamentais
aleatoriamente. Há que se ter um método coerente de avaliação da eventual colisão
entre os direitos fundamentais no caso concreto.

Exemplo desse tipo de restrição ao direito de imagem é o da divulgação de fotografias


de chefes de Estado em encontros oficiais, ou de jogadores de futebol durante uma
76
partida, ou até mesmo a fotografia de alguém procurado pela polícia.

Isso porque a informação é necessária "a toda atividade humana e, nesse sentido, a
reprodução da imagem é permitida, a fim de que possa prevalecer o interesse social,
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

77
respeitados, no entanto, os limites da atividade pública".

Em linhas gerais, tem a doutrina que para que um direito fundamental seja restrito,
deve haver uma cumulação de cinco requisitos essenciais: a) a restrição deve estar
constitucionalmente autorizada (...). Ainda que a restrição possa ser feita
legislativamente, seu fundamento, necessariamente, deverá ser algum dispositivo
constitucional que autoriza referida restrição. (...) b) a limitação deve ser proporcional.
Toda limitação a direito fundamental deverá ser proporcional, mas especificamente
precisará observar a proibição de excesso, a fim de impedir que a restrição ao direito
fundamental culmine no aniquilamento daquele direito; c) restrição deve atender ao
interesse social, privilegiando assim outros direitos fundamentais. A restrição deve
ocorrer para amparar e conferir maior tutela e proteção para a sociedade civil (...). Daí
que a restrição fundada no interesse social somente pode ocorrer a partir da explicitação
de que direitos fundamentais da sociedade estarão sendo privilegiados; d) o ato do
poder público que restringe direito fundamental deve ser exaustivamente fundamentado.
(...) e) o ato do poder público que restringe direito fundamental pode ser amplamente
78
revisado pelo Poder Judiciário".

Em um caso julgado pelo Supremo Tribunal Federal alemão (Bundesgerichtshof), foi


decidido que:"Um conflito entre a liberdade artística e o âmbito do direito de
personalidade garantido constitucionalmente deve ser resolvido com fulcro na ordem de
valores estabelecida pela Lei Fundamental; nesse sentido, há de ser considerada
particularmente, a garantia da inviolabilidade do princípio da dignidade humana
79
consagrada no art. 1.º, I".

Há que se considerar, portanto, que um direito fundamental é, aprioristicamente,


absoluto, devendo ser respeitado a todo custo. Sua limitação, quando necessária em
casos muito específicos, autorizados por lei, deve ser muito bem fundamentada. Além
disso, não se pode olvidar que o princípio da dignidade humana deve sempre prevalecer.

Assim, tem-se que a restrição do direito à imagem de pessoas públicas em situações


informativas, absolutamente desprovidas de qualquer conteúdo diferente do da mera
disseminação da fofoca, é discutível.

8.2 O princípio da ponderação como técnica de solução de conflitos entre dois ou mais
direitos fundamentais

Diz-se que:"Art. 11. Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva


pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida
no art. 1.º, III, da CF (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão
entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da
80
ponderação".

A ponderação, tanto como princípio quanto como técnica, é a chave para a resolução dos
conflitos entre direitos fundamentais.

A proteção à imagem, portanto:"Deve ser ponderada com outros interesses


constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à
informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a
notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e,
ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica)
81
privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações".

A aplicação do princípio da ponderação, no entanto, não é tarefa fácil. A subjetividade do


termo ponderação é inerente à própria natureza aberta dos princípios, o que faz de seu
manejo, no caso prático, uma arte. Diuturnamente se fala da possibilidade da ocorrência
de discricionariedade por parte do juiz para julgar muitas causas que encontram seu
ponto fulcral em questões como o conflito entre direitos fundamentais.

Em aprofundado estudo sobre o tema, Carmen Lígia Nery defende que não há que se
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
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falar, muito menos se conceber, a possibilidade de discricionariedade do juiz ao julgar. A


jurisdição não deve se assemelhar a uma loteria, em que o jurisdicionado deva torcer
para ter sua causa julgada por esse ou aquele juiz, essa ou aquela Câmara, sem dispor
de segurança jurídica sobre posições a serem tomadas de um modo geral pelo Judiciário.
82

O que há, de fato, é a correta aplicação do princípio da ponderação no caso concreto,


que levará o juiz inexoravelmente à solução correta para o litígio. Não se trata de
discricionariedade, mas de um exercício de lógica que, se feito corretamente, levará o
83
julgador a apenas uma conclusão: a adequada para o caso concreto.

Conforme ensinamento de Georges Abboud, "quando impomos a obrigatoriedade de


haver uma resposta correta, não estamos exigindo do julgador que ele forneça uma
decisão que contenha uma verdade anistórica e imutável que deverá ser aceita por todos
os participantes do processo interpretativo. A resposta correta é, antes de tudo, uma
veemente negação do relativismo, mais precisamente da utilização da discricionariedade
para solução das questões jurídicas. Quando colocamos para o julgador a necessidade de
alcançar a resposta correta, em verdade, impomos a ele a obrigação de evidenciar
porque a solução alcançada por ele é a que melhor se adequa ao direito, mais
precisamente, é aquela que está em consonância com a Constituição, com as leis, com
os precedentes, enfim, com a doutrina. Ou seja, porque essa solução alcançada é a que
respeita a coerência e a integridade do direito. Ato contínuo, a resposta correta exige do
julgador a demonstração, mediante fundamentação da sentença, de porque aquela
decisão é a melhor em relação às outras soluções trazidas pelas partes no caso concreto
e outras que porventura existam em outros tribunais ou tão somente em sede
84
teórico-doutrinária".

Falar, portanto, que um princípio ou um direito fundamental deva se sobrepor a outro,


85
sem aplicar os conceitos jurídicos ao caso concreto, "é apoderar-se de fala autorizada"
para justificar repúdio dos julgadores em relação a determinada parte.

Ao descrever como a Corte Constitucional Alemã lida com a aplicação do princípio da


ponderação, Gilmar Mendes salienta que "não se deve atribuir primazia absoluta a um
ou a outro princípio ou direito. Ao revés, esforça-se o Tribunal para assegurar a
aplicação das normas conflitantes, ainda que, no caso concreto, uma delas sofra
86
atenuação".

Mais uma vez, nota-se a importância e inevitabilidade da apreciação do caso concreto


para a correta ponderação por parte do juiz.

9 Responsabilidade civil em caso de dano à imagem

O sistema da responsabilidade civil é um mecanismo que permite apurar a ocorrência de


um dano e sua imputação ao sujeito que o causou. O liame lógico entre o fato danoso e
o próprio dano é denominado nexo de causalidade. Assim, para a configuração da
87
responsabilidade civil, deve-se comprovar que houve um fato que gerou um dano.

A responsabilidade civil pode ser tanto objetiva quanto subjetiva. A regra geral do
sistema jurídico brasileiro é a da reponsabilidade civil subjetiva, que decorre do art. 186
do CC/2002 e se funda na teoria da culpa, segundo a qual o dever de indenizar surge a
partir da existência do dano, do nexo de causalidade entre o fato e o dano e da culpa
lato sensu do agente (culpa stricto sensu - imprudência, imperícia, negligência - ou
88
dolo).

Já a responsabilidade civil objetiva funda-se na teoria do risco, segundo a qual para que
haja o dever de indenizar é irrelevante a conduta do agente (culpa ou dolo), bastando
restar comprovada a existência do dano e o nexo de causalidade entre o fato e o dano. A
responsabilidade civil objetiva ocorre por determinação legal (exemplo dos pais em
relação aos atos praticados por seus filhos menores - arts. 932 e 933 do CC/2002) ou
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
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quando o agente exerce alguma atividade que implica risco para o direito de terceiros
(art. 927, parágrafo único, do CC/2002, como por exemplo, atividades que envolvam
89
explosivos).

A obrigação de indenizar surge, portanto, tanto da lei quanto de um fato jurídico (atos
jurídicos, negócios jurídicos (inclusive contratos), atos ilícitos e até atos lícitos). Além
disso, ela engloba o dever de reparar o dano causado e também implica "um mecanismo
de desestímulo à prática de condutas ilícitas", o que não se faz necessariamente
mediante a imposição de pagamento de indenização a título de punitive damages, mas
pode ser feito mediante imposição de qualquer obrigação de fazer ou não fazer para
reparar o dano causado (por exemplo, a publicação de uma nota em jornal esclarecendo
90
algum ocorrido).

O dano causado à pessoa pode atingir tanto a esfera de seu patrimônio material quanto
a de seu patrimônio imaterial. Assim, apesar de todo e qualquer dano atingir, em geral,
o patrimônio do sujeito de direitos, a doutrina e a jurisprudência diferenciam os "danos
materiais" dos "danos morais". O dano moral, em linhas gerais, pode ser conceituado
como:

"A dor em função da conduta contrária ao direito, ou, tecnicamente, como o efeito moral
da lesão a interesse juridicamente protegido, como a dor, o trauma e o sofrimento
suportados. Estaria ligado à dor, às ofensas, à moral, ao decoro, à paz interior de cada
91
um, às crenças íntimas, aos sentimentos afetivos, à liberdade, à vida."

De acordo com José de Aguiar Dias:

"O dano moral é o efeito não patrimonial da lesão de direito e não a própria lesão,
abstratamente considerada. O conceito de dano é único, e corresponde à lesão do
direito. Os efeitos da injúria podem ser patrimoniais ou não, e acarretam, assim, a
92
divisão dos danos em patrimoniais e não patrimoniais."

Assim, da mesma maneira como os danos materiais podem ser muitos, derivados de um
mesmo fato (exemplo, custo do carro envolvido no acidente, custo dos tratamentos
médicos decorrentes do acidente, custo do laptop destruído por causa do acidente), os
danos morais podem ser também muitos, derivados do mesmo fato que gerou os danos
93
materiais (exemplo, danos estéticos, psicológicos). Destarte, quando a Constituição
94
Federal em seu art. 5.º, V prevê a indenização por dano à imagem, independente da
indenização por dano material ou moral, especifica que o dano à imagem deve ser
indenizado de qualquer maneira, sem prejuízo da comprovação de outros tipos de danos
morais oriundos do fato danoso (por exemplo, a vergonha experimentada pelo sujeito ao
ter sua imagem exposta em um jornal de grande circulação).

É, portanto, perfeitamente possível "cumular-se dano material, moral e à imagem


derivados do mesmo fato (...). Como a norma não impõe limitações à indenização por
95
dano moral, nem remete seu regulamento para a lei, nesse caso ela é ilimitada".

Não há dúvidas, portanto, de que a natureza do dano à imagem difere da natureza do


dano moral e do material. Isso porque "o constituinte ao incluir o dano à imagem não o
fez para facilitar a indenização de dano material e moral, o que fez foi reconhecer a
existência de outro dano independente dos outros dois, que incide sobre um bem jurídico
96
autônomo que é a imagem". Isso não significa que o dano à imagem não possa ser
definido como espécie do gênero dano moral, mas sim que sua configuração não afasta
a indenização por eventuais outros tipos de danos morais.

Como já foi demonstrado anteriormente, o conceito de imagem não se confunde com o


de honra, intimidade ou privacidade. Portanto, considera-se que a lesão ao direito de
imagem "decorre da divulgação não consentida, independentemente de ofensa à honra
97
ou à intimidade". Assim, a divulgação não autorizada de um retrato em uma revista
pode perfeitamente configurar dano à imagem de alguém mas não outro tipo de dano
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

moral, o que ensejaria, portanto, indenização apenas por dano à imagem, e não por
dano moral strictu sensu.

De maneira geral, tem-se que o direito à imagem sofre ameaça sempre que há abuso no
exercício de outros direitos fundamentais, como o de informação e de liberdade de
expressão. Assim, "como no Direito Alemão, afigura-se legítima a outorga de tutela
judicial contra a violação dos direitos de personalidade, especialmente do direito à honra
e à imagem, ameaçados pelo exercício abusivo da liberdade de expressão e informação".
98

Uma vez violado o direito à imagem, deve-se considerar que ele, assim como os outros
direitos da personalidade, "não possui um conteúdo econômico em si, mas uma vez
violado por meio da publicação sem o consentimento da pessoa e fora das hipóteses que
representam exceção surge o direito à reparação. Sendo assim, a ofensa ancora no
desrespeito ao direito exclusivo do titular, a quem cabe autorizar a veiculação de sua
99
imagem".

Portanto, o dano à imagem se configura pela mera veiculação não autorizada da imagem
do retratado. É nesse sentido a Súmula 403 do STJ, segundo a qual "independe de prova
do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
100
econômicos ou comerciais". A indenização por dano à imagem será devida caso
comprovada a veiculação não autorizada da imagem. Além disso, poderá, ainda, sobre
esse mesmo fato danoso (veiculação não autorizada da imagem do retratado) incidir
indenização por dano material (por exemplo, a não participação do retratado no lucro
auferido pela venda das revistas onde as fotos foram publicadas) e por dano moral (por
exemplo, a vergonha experimentada pelo retratado de ter suas fotos em momentos de
intimidade publicadas em veículo midiático de alta circulação).

No entanto, em relação às pessoas públicas, a veiculação de sua imagem sem sua


autorização é permitida. Assim, o dano à imagem não se configura com a mera
publicação não autorizada per se. Deve-se analisar, no caso prático, se houve abuso do
direito de informação e de liberdade de expressão por parte do veículo midiático, ou se
houve intenção de ofender a imagem-atributo do noticiado.

A grande diferença entre essas duas abordagens é que uma se dá a partir do


reconhecimento da responsabilidade subjetiva daquele que veiculou a imagem ou a
notícia sobre a pessoa pública: se o jornalista teve a intenção de macular a imagem do
noticiado, de manipular os dados jornalísticos com o condão de denegrir a sua imagem,
deverá responder subjetivamente pelo dano causado à imagem da pessoa, pois agiu com
dolo ou culpa.

Por outro lado, mesmo nos casos em que não houve a intenção de denegrir a imagem do
noticiado, pode-se avistar a possibilidade de reparação civil por danos causados à sua
imagem e danos morais. Isso porque, ao exercer seu direito à informação e à liberdade
de expressão, os veículos jornalísticos e midiáticos em geral têm dever de se ater à
verdade dos fatos. Tudo o que extrapola o direito de informar e de expressão livre
configura abuso de direito, que é ilícito objetivo e, portanto, indenizável.

De acordo com Nelson e Rosa Maria Nery, o abuso de direito ocorre quando:

"O ato é resultado do exercício não regular do direito (...). No ato abusivo há violação da
finalidade do direito, de seu espírito, violação essa aferível objetivamente,
independentemente de dolo ou de culpa (...). Distingue-se do ato ilícito do CC 186,
porque neste se exige a culpa para que seja caracterizado. Ambos são ilícitos, mas com
regimes jurídicos diferentes. (...) A ilicitude do ato cometido com abuso de direito é de
101
natureza objetiva."

Destarte, estaria perfeitamente caracterizado dano à imagem de um chefe de Estado


que teve seu retrato em trajes de banho publicado em capa de revista para ilustrar uma
matéria jornalística sarcástica a respeito de um assunto de importância internacional.
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

Neste caso, configura-se dolo de denegrir a imagem do noticiado por parte do jornalista.
Este pode agir com negligência, também, ou seja, com culpa, ao omitir, de sua matéria
jornalística, fatos que contrabalanceariam outros fatos trazidos à tona para a
reportagem, provavelmente porque não fez a pesquisa acerca do acontecido com a
cautela necessária. A conduta dolosa ou culposa do jornalista, nesses casos, caracteriza
a responsabilidade subjetiva à indenização pelos danos causados ao retratado ou
noticiado.

Na opinião de Ingo Wolfgang Sarlet:

"A responsabilidade pelo exercício da liberdade de expressão (ainda mais no âmbito da


liberdade de comunicação e de informação jornalística) há de ser uma responsabilidade
subjetiva, focada na análise sobre a existência de dolo ou culpa na ação do agente
causador do dano, o que, por sua vez, implica a consideração de diversos fatores, tais
como a posição da vítima, (por exemplo, se é ou não uma personalidade pública,
hipótese em que só ensejará responsabilidade a culpa grave), a intenção e a negligência
empregadas por quem apurou os fatos, quando o caso envolver a divulgação de notícias
inverídicas, a existência de algum interesse social na questão, quando a hipótese
resvalar no direito de privacidade, bem como a intensidade da lesão aos direitos
102
fundamentais do ofendido."

No entanto, não é somente através da comprovação da culpa ou do dolo ao publicar que


se aufere se houve ou não dano à imagem do retratado/noticiado. O abuso do direito de
informar e se expressar livremente é causa de responsabilidade objetiva e gera,
portanto, igualmente o dever de indenização pelos danos causados.

O abuso de direito estaria configurado sempre que o veículo midiático exercesse seu
direito a informar e expressar livremente de maneira a ofender a pessoa retratada ou
noticiada. Nesse caso, sua responsabilidade pelo dano é objetiva, havendo, portanto, o
dever de indenizar.

Uma vez constatada a violação à imagem de alguém, há alguns mecanismos jurídicos


que podem ser manejados para tutelar o referido direito fundamental, quais sejam: a
tutela de urgência, que pode ser tanto antecipada ou cautelar, e a tutela de evidência
(294 do CPC/2015).

Portanto, uma vez configurado o dano à imagem do retratado, resta-lhe pleitear por
indenização pecuniária e, eventualmente, por medidas processuais de urgência com o
intuito de impedir a veiculação da referida imagem, como retirar os exemplares do jornal
ou revista em que foram publicadas de circulação, ou impedir a realização de um filme.

10 Casuística

Com o intuito de demonstrar a dificuldade enfrentada pelo Judiciário ao julgar causas


envolvendo danos à imagem, o próximo capítulo se ocupará em mencionar dois julgados
do Superior Tribunal de Justiça envolvendo o direito à imagem.

10.1 REsp 1.432.324/SP

Trata-se de propaganda de televisão que se utilizava do apelido e de traços marcantes


de um conhecido piloto de Fórmula 1 em um contexto que claramente o identificava.

Como a veiculação da imagem do piloto não havia sido autorizada, e a empresa que
realizou a propaganda obviamente tinha o intuito de auferir lucro com a medida, o Min.
Paulo de Tarso Sanseverino entendeu que o direito à imagem do piloto foi violado.

O fato dele ser uma figura pública, que tem sua esfera de privacidade e intimidade
diminuída em relação às pessoas privadas, "não autoriza empresas privadas a
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

associarem o seu nome e imagem em campanha publicitária, sem contrapartida


103
financeira ou pagamento pelo uso do nome e da imagem".

Interessante ressaltar que a imagem-retrato do piloto não foi veiculada, uma vez que o
protagonista da propaganda era uma criança. No entanto, foi feita menção jocosa ao seu
apelido, de forma a ridicularizá-lo. Assim, configurou-se dano à imagem-atributo do
piloto quando a propaganda "foi veiculada, com fins lucrativos, divulgando-se o apelido
do autor, amplamente conhecido do público em geral, em um contexto que indicava
104
claramente a sua atividade".

Ementa:

"1. Ação de indenização por danos morais movida por conhecido piloto automobilístico
em face da veiculação de publicidade utilizando o apelido do autor, amplamente
conhecido pelo público em geral, em um contexto que claramente o identificava (criança,
em um carro de brinquedo, com um macacão na mesma cor que o piloto demandante
usava em sua equipe de Fórmula 1).

2. Jurisprudência firme desta Corte no sentido de que os danos extrapatrimoniais por


violação ao direito de imagem decorrem diretamente do seu próprio uso indevido, sendo
prescindível a comprovação da existência de outros prejuízos por se tratar de
modalidade de dano 'in re ipsa'.

3. Aplicável ao caso o Enunciado n. 278, da IV Jornada de Direito Civil que, analisando o


disposto no art. 18 do CC, concluiu: 'A publicidade que divulgar, sem autorização,
qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas
sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade'.

4. Retorno dos autos ao tribunal de origem para arbitramento da indenização por danos
extrapatrimoniais postulada na petição inicial.
105
5. Recurso especial provido."

10.2 REsp 801.109/DF

Esse recurso especial trata da publicação de matéria jornalística acompanhada de


fotografia de um magistrado no exercício de suas funções. O referido magistrado, por
não ter autorizado a veiculação de sua imagem previamente, ajuizou ação de
indenização em face da editora da revista em questão.

Em seu voto, o Min. relator Raul Araújo fez considerações perfeitamente coerentes e
precisas acerca da controvérsia. Em primeiro lugar, chamou a atenção para o fato de
que pessoas famosas ou ocupantes de cargos públicos gozam de "presunção de
106
consentimento do uso da imagem, desde que preservada a vida privada".

Apontou, ainda, que a matéria jornalística veiculada juntamente com a imagem do


magistrado era meramente informativa e não ofendia a pessoa do juiz. Aliás, ponto
muito importante levantado pelo Ministro foi o de que "o primeiro limite com que se
deparam os veículos de imprensa, no exercício da liberdade de informação, é o
compromisso com a verdade, sem a qual poderá ficar configurado o abuso do direito de
107
informar".

Assim, concluiu que a divulgação de notícias sobre pessoas públicas, ou agentes do


Poder Público, "a princípio, não configuram abuso no exercício da liberdade de imprensa,
desde que não se refiram a um núcleo essencial de intimidade e de vida privada da
pessoa ou que, na crítica, inspirada no interesse público, não seja prevalente o animus
108
injuriandi vel diffamandi".

O Ministro entendeu que não houve abuso no direito de informar, mas, ao mesmo
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

tempo, reconheceu que houve um dano moral sofrido pelo magistrado. Este dano, no
entanto, não seria indenizável, uma vez que não foi causado por ato ilícito:

"Deste modo, na espécie, embora não se possa duvidar do sofrimento experimentado


pelo recorrido, a revelar a presença de dano moral, este não se mostra indenizável, por
não estar caracterizado o abuso ofensivo na crítica exercida pela recorrente no exercício
da liberdade de expressão jornalística, o que afasta o dever de indenização. Trata-se de
dano moral não indenizável, dadas as circunstâncias do caso, por força daquela
'imperiosa cláusula de modicidade' subjacente a que alude a eg. Suprema Corte no
109
julgamento ADPF 130/DF."

Verifica-se, assim, que apesar do Ministro aceitar o argumento de que houve dano moral
caracterizado pelo sofrimento do magistrado ao se ver retratado na reportagem em
questão, não houve um ato ilícito por parte do veículo midiático capaz de justificar uma
indenização pelo dano.

Ementa:

"1. Na hipótese em exame, a Lei de Imprensa foi utilizada como fundamento do v.


acórdão recorrido e o recurso especial discute sua interpretação e aplicação. Quando o v.
acórdão recorrido foi proferido e o recurso especial foi interposto, a Lei 5.250/1967
estava sendo normalmente aplicada às relações jurídicas a ela subjacentes, por ser
existente e presumivelmente válida e, assim, eficaz.

2. Deve, pois, ser admitido o presente recurso para que seja aplicado o direito à espécie,
nos termos do art. 257 do RISTJ, sendo possível a análise da controvérsia com base no
art. 159 do CC/1916, citado nos acórdãos trazidos como paradigmas na petição do
especial.

3. A admissão do presente recurso em nada ofende o efeito vinculante decorrente da


ADPF 130/DF, pois apenas supera óbice formal levando em conta a época da
formalização do especial, sendo o mérito do recurso apreciado conforme o direito,
portanto, com base na interpretação atual, inclusive no resultado da mencionada
arguição de descumprimento de preceito fundamental. Precedente: REsp 945.461/MT,
3.ª T., j. 15.12.2009rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 26.05.2010.

4. O direito à imagem, de consagração constitucional (art. 5.º, X), é de uso restrito,


somente sendo possível sua utilização por terceiro quando expressamente autorizado e
nos limites da finalidade e das condições contratadas.

5. A princípio, a simples utilização de imagem da pessoa, sem seu consentimento, gera o


direito ao ressarcimento das perdas e danos, independentemente de prova do prejuízo
(Súmula 403/STJ), exceto quando necessária à administração da justiça ou à
manutenção da ordem pública (CC/2002, art. 20).

6. Tratando-se de imagem de multidão, de pessoa famosa ou ocupante de cargo público,


deve ser ponderado se, dadas as circunstâncias, a exposição da imagem é ofensiva à
privacidade ou à intimidade do retratado, o que poderia ensejar algum dano patrimonial
ou extrapatrimonial. Há, nessas hipóteses, em regra, presunção de consentimento do
uso da imagem, desde que preservada a vida privada.

7. Em se tratando de pessoa ocupante de cargo público, de notória importância social,


como o é o de magistrado, fica mais restrito o âmbito de reconhecimento do dano à
imagem e sua extensão, mormente quando utilizada a fotografia para ilustrar matéria
jornalística pertinente, sem invasão da vida privada do retratado.

8. Com base nessas considerações, conclui-se que a utilização de fotografia do


magistrado adequadamente trajado, em seu ambiente de trabalho, dentro da Corte
Estadual onde exerce a função judicante, serviu apenas para ilustrar a matéria
jornalística, não constituindo, per se, violação ao direito de preservação de sua imagem
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
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ou de sua vida íntima e privada. Não há, portanto, causa para indenização por danos
patrimoniais ou morais à imagem.

9. Por sua vez, a liberdade de expressão, compreendendo a informação, opinião e crítica


jornalística, por não ser absoluta, encontra algumas limitações ao seu exercício,
compatíveis com o regime democrático, quais sejam: (I) o compromisso ético com a
informação verossímil; (II) a preservação dos chamados direitos da personalidade, entre
os quais incluem-se os direitos à honra, à imagem, à privacidade e à intimidade; e (III)
a vedação de veiculação de crítica jornalística com intuito de difamar, injuriar ou caluniar
a pessoa (animus injuriandi vel diffamandi ).

10. Assim, em princípio, não caracteriza hipótese de responsabilidade civil a publicação


de matéria jornalística que narre fatos verídicos ou verossímeis, embora eivados de
opiniões severas, irônicas ou impiedosas, sobretudo quando se trate de figuras públicas
que exerçam atividades tipicamente estatais, gerindo interesses da coletividade, e a
notícia e crítica referirem-se a fatos de interesse geral relacionados à atividade pública
desenvolvida pela pessoa noticiada. Nessas hipóteses, principalmente, a liberdade de
expressão é prevalente, atraindo verdadeira excludente anímica, a afastar o intuito
doloso de ofender a honra da pessoa a que se refere a reportagem. Nesse sentido,
precedentes do egrégio Supremo Tribunal Federal: ADPF 130/DF, de relatoria do Min.
Carlos Britto; AgRg no AI 690.841/SP, de relatoria do Min. Celso DE Mello.

11. A análise relativa à ocorrência de abuso no exercício da liberdade de expressão


jornalística a ensejar reparação civil por dano moral a direitos da personalidade depende
do exame de cada caso concreto, máxime quando atingida pessoa investida de
autoridade pública, pois, em tese, sopesados os valores em conflito, mostra-se
recomendável que se dê prevalência à liberdade de informação e de crítica, como preço
que se paga por viver num Estado Democrático.

12. Na espécie, embora não se possa duvidar do sofrimento experimentado pelo


recorrido, a revelar a presença de dano moral, este não se mostra indenizável, por não
estar caracterizado o abuso ofensivo na crítica exercida pela recorrente no exercício da
liberdade de expressão jornalística, o que afasta o dever de indenização. Trata-se de
dano moral não indenizável, dadas as circunstâncias do caso, por força daquela
'imperiosa cláusula de modicidade' subjacente a que alude a eg. Suprema Corte no
julgamento da ADPF 130/DF.

13. Recurso especial a que se dá provimento, julgando-se improcedentes os pedidos


110
formulados na inicial.

11 Conclusão

Ao longo do presente trabalho tentou-se demonstrar, em primeiro lugar, a alocação


topográfica e valorativa do direito à imagem no ordenamento jurídico brasileiro. Fez-se,
no primeiro capítulo, um retrospecto histórico acerca da formação do Estado
Constitucional brasileiro, que se caracteriza como democrático e de direito, e como isso
resultou na elevação de certos direitos do homem à categoria de direitos fundamentais.

No capítulo seguinte demonstrou-se que os direitos fundamentais, para terem eficácia


social, precisam ser regulados pelas leis infraconstitucionais. Alocou-se, assim, o direito
à imagem como direito da personalidade, regulamentado pelo Código Civil, que prevê os
casos de eventual dano à imagem e como esse dano deve ser reparado, de maneira a
conferir ao direito à imagem a possibilidade de ser aplicado efetivamente ao caso
concreto.

Em seguida, definiu-se imagem a partir de sua distinção dos conceitos de privacidade,


intimidade, vida privada e honra, de maneira a conceituá-la como direito autônomo, que
goza de status de direito fundamental e não se confunde com os outros, acima
mencionados. Fez-se a distinção entre imagem-retrato e imagem-atributo, a fim de
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
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demonstrar que a proteção jurídica de imagem abrange muito mais do que a mera
representação fotográfica da pessoa.

Nos capítulos seguintes cuidou-se de diferenciar vida privada de vida pública, de maneira
a ressaltar que as pessoas públicas gozam, sim, de uma esfera secreta de sua vida
privada que merece, portanto, ser resguardada, mas que essa esfera é mais restrita do
que a esfera secreta da vida privada de pessoas que não gozam de notoriedade
midiática.

Passou-se, assim, à análise do voto condutor da Min. Cármen Lúcia, em que o STF
decidiu pela declaração da inconstitucionalidade parcial do CC 20, e também do PL
393/2011, que alterará o texto do referido artigo em consonância com o que foi decidido
na ADIn 4.815/DF. As alterações mencionadas restringem consideravelmente o direito à
imagem de pessoas biografadas, que não mais poderão proibir a realização de biografias
acerca de suas vidas.

Explicou-se, então, como se lida, no ordenamento jurídico brasileiro, com o conflito de


direitos fundamentais no caso prático que, no escopo desse trabalho, consiste no conflito
entre o direito à imagem da pessoa pública e o direito à informação e à liberdade de
expressão dos veículos midiáticos. Concluiu-se que não há uma forma pré-estabelecida
de se decidir pela prevalência de um ou outro direito. É somente na análise prática do
caso concreto que a resposta correta para o conflito se dará.

Fez-se uma breve introdução ao sistema da responsabilidade civil no ordenamento


jurídico brasileiro, a fim de se demonstrar como os casos de danos à imagem podem ser
dirimidos no caso concreto. Chegou-se à conclusão de que não se pode estabelecer,
aprioristicamente, que o dano à imagem deva se submeter ao sistema da
responsabilidade civil objetiva ou subjetiva. Dependendo do caso concreto deverá ser
avaliado se o dano se deu por culpa ou dolo de quem o causou, caso em que se aplicaria
a responsabilidade civil subjetiva, ou se ocorreu por abuso do direito de informar ou se
expressar livremente, caso em que seria aplicada a responsabilidade civil objetiva.

Ao final foram analisados dois casos de dano à imagem julgados recentemente pelo
Superior Tribunal de Justiça. No primeiro caso demonstrou-se que o dano à imagem
pode ser causado pela ofensa à reputação da pessoa pública, sem que tenha havido
efetiva veiculação de sua imagem-retrato. No segundo caso restou evidente a restrição à
esfera da vida privada da pessoa pública e o fato de que o dano moral por ela sofrido,
pela veiculação não autorizada de sua imagem, não é passível de indenização, pois não
restou configurado, no caso concreto, culpa ou dolo ao noticiar fatos verdadeiros, nem
abuso do direito de informar e se expressar livremente.

Como se pode observar, a sociedade brasileira se encontra em um momento de


transição tanto social quanto jurídica.

Até o advento do PL 393/2011 e o julgamento da ADIn 4.815/DF, considerava-se dano à


imagem da pessoa sua mera veiculação não autorizada. Não era necessário provar-se
um dano material efetivo; o dano moral era implícito pelo fato de não ter sido autorizada
a publicação. No caso de pessoas públicas, esse entendimento sempre foi relativizado
pelo fato de que se considera inerente à publicidade de que gozam certas pessoas o
direito do público de se informar a respeito de suas atividades.

Assim, um chefe de Estado que se encontra com outro não deve ter que fornecer
autorização a um jornal para que este publique sua foto na manchete que noticia tal
encontro. Por analogia, uma pessoa fotografada ou filmada em público em um contexto
informativo, em que se noticia, por exemplo, uma enchente rigorosa, não deve
autorização aos meios midiáticos para que estes possam veicular suas matérias.

No entanto, com o desenvolvimento aceleradíssimo da sociedade de informação em que


vivemos, em que tudo que se faz é imediatamente eternizado em fotos e vídeos,
tornou-se cada vez mais difícil argumentar que algo pertença à esfera secreta da
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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
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personalidade humana (nas palavras de Hubmann). Tudo é passível de interesse


público; tudo é potencialmente informativo e educativo.

Em seu voto a favor da declaração de inconstitucionalidade do dispositivo do art. 20 do


CC/2002, que exige autorização prévia do biografado para a publicação de biografias, a
Min. Cármen Lúcia enfatizou diversas vezes a essencialidade da preservação do direito à
liberdade de expressão. Na audiência pública que precedeu o julgamento, Marcos
Vinicius Furtado Coelho, manifestando-se em nome da Ordem dos Advogados do Brasil,
mencionou a necessidade de mais liberdade de expressão, quase que a qualquer custo,
para que o público entenda que o herói, seu ídolo biografado, não passa de um ser
humano que erra também. Em suas palavras: "O exemplo, mesmo o negativo, pode ser
111
utilizado para educar futuras gerações a não cometê-los".

Percebe-se que o conceito de privacidade sofreu graves modificações nos últimos


tempos. O desenvolvimento das mídias sociais certamente contribuiu para a
popularização da publicidade da informação. Isso dificultou ainda mais o trabalho da
doutrina e da jurisprudência de definirem e institucionalizarem o que pertence, de fato, à
esfera secreta da vida privada de alguém e, portanto, merece ser preservado em
segredo, e o que se caracteriza como de interesse público e merece, assim, ser
publicado. Como podemos notar a partir do comentário do ilustre representante da
Ordem dos Advogados do Brasil, tudo é passível de interesse público e potencialmente
informativo: as notícias positivas e as negativas.

A verdade é que nós, enquanto sociedade, ainda não possuímos mecanismos nem
instrumentos para traçar um limite ao redor da esfera secreta da vida privada de
ninguém, muito menos de uma pessoa pública. E cada vez mais aceitamos que a vida
privada (de quem quer que seja) possa ser invadida e vasculhada por todos. Vivemos a
era do Big Brother que, levemente diferente do que previu Orwell, não é exercido
através do controle estatal, mas do controle privado. Hoje em dia não se pode sequer se
locomover em um elevador sem ser filmado.

É exatamente nesse sentido que vimos claramente a evolução do judiciário ao julgar a


ADIn 4.815/DF e do legislativo ao elaborar o PL 393/2011. As biografias (que em geral
são a respeito de pessoas públicas) podem ser publicadas indistintamente, sem a
necessidade da autorização prévia do biografado, porque o que deve prevalecer é o
direito à informação e à liberdade de expressão. Caso o biografado entenda ter sofrido
dano com a publicação, que se volte a uma ação de indenização para procurar o
ressarcimento pelo dano causado. O que, exatamente, configuraria dano à sua imagem e
à sua intimidade, no entanto, não está nem perto de ser descrito pela doutrina e pela
jurisprudência.

A partir da análise do rápido desenvolvimento da sociedade de informação em que


vivemos e a mudança radical dos conceitos de intimidade, vida privada e restrição do
direito à imagem de pessoas públicas, chegamos à conclusão de que a maneira de se
auferir se houve ou não houve um dano indenizável à imagem de uma pessoa pública
seria pelo sistema da responsabilidade civil subjetiva, quando presentes o dolo ou a
culpa ao denegrir a imagem do noticiado, ou da responsabilidade civil objetiva quando
presente o abuso de direito de informar e se expressar livremente, conforme previsto no
art. 187 do CC/2002.

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STJ, REsp 801.109/DF, 4.ª T., j. 12.06.2012, rel. Min. Raul Araújo, DJe 12.03.2013, v.u.

2 Böckenforde, Ernst-Wolfgang. Demokratie als Verfassungsprinzip". Em: Isensee, Josef;


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3 Häberle, Peter. Die Menschenwürde als Grundlage der staatlichen Gemeinschaft". Em:
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4 Häberle, Peter. Die Menschenwürde als Grundlage der staatlichen Gemeinschaft. In:
Isensee, Josef; Kirchhof, Paul (ed.). Handbuch des Staatsrechts der Bundesrepublik
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348. A tradução é de SARLET, Ingo Wolfgang. Dimensões da dignidade - Ensaio de
filosofia do direito e direito constitucional. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p.
128-129.

5 Nery, Carmen Lígia. Decisão judicial e discricionariedade: a sentença determinativa no


processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 72.

6 Canotilho, José Joaquim Gomes. Civilização do direito constitucional ou


constitucionalização do direito civil? A eficácia dos direitos fundamentais na ordem
jurídico-civil no contexto do direito pós-moderno. In: Grau, Eros Roberto; Guerra Filho,
Willis Santiago (org.). Direito constitucional - Estudos em homenagem a Paulo Bonavides
. São Paulo: Malheiros, 2001. n. IV, p. 113.

7 Nery, Rosa Maria de Andrade. Introdução ao pensamento jurídico e à teoria geral do


direito privado. São Paulo: Ed. RT, 2008. p. 230.

8 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
São Paulo: Ed. RT, com. 41, Parte Geral. p. 281.

9 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Constituição Federal Comentada.
5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014. com. 1 ao art. 5.º, p. 226.

10 Idem, com. 2 e 4 ao art. 5.º, p. 227.

11 STF, ADIn 4.815/DF, voto ainda em elaboração da Min. relatora Cármen Lúcia.
Disponível
em:[www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=293336&caixaBusca=N].
Acesso em: 14.09.2015, p. 58-59.

12 Steinmetz, Wilson. Direitos fundamentais e relações entre particulares: anotações


sobre a teoria dos imperativos de tutela. Doutrinas Essenciais de Direito Constitucional,
vol. 8. ago. 2015. p. 97-111. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br Acesso
Página 27
A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

em: 01.09.2015.

13 Moreira, Eduardo e Maria Eugenia Bunchaft. "Eficácia direta dos direitos fundamentais
nas relações entre particulares". Doutrinas Essenciais de Direito Constitucional - vol. 7,
ago. 2015, p. 687-705. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br]. Acesso em:
01.09.2015.

14 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil - Parte
Geral. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. I, t. II, p. 8.

15 Nery, Rosa Maria de Andrade. Manual de Direito Civil - Família. São Paulo: Ed. RT,
2013. p. 81.

16 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
São Paulo: Ed. RT, 2014. com. 3 ao art. 10, p. 317.

17 Idem, com. 10 ao art. 1.º, p. 287.

18 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil - Parte
Geral. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. I, t. II, p. 7.

19 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil - Parte
Geral. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. I, t. II, p. 11-12.

20 Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. vol. I, p. 150.

21 Agostini, Leonardo Cesar de. A intimidade e a vida privada como expressões da


liberdade humana. Porto Alegre: Núria Fabris, 2011. p. 113.

22 Idem, p. 199.

23 Castro, Mônica Neves Aguiar da Silva. Honra, imagem, vida privada e intimidade, em
colisão com outros direitos. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 36.

24 Cf. Agostini, Leonardo Cesar de. A intimidade e a vida privada como expressões da
liberdade humana. Porto Alegre: Núria Fabris, 2011. p. 113 e ss.

25 Idem, ibidem.

26 Idem, ibidem.

27 "A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito


ao esquecimento." Enunciado 531 da Jornada VI de Direito Civil do STJ. In: Nery Júnior,
Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed. São Paulo: Ed.
RT, 2014. com. 10 ao art. 11, p. 322.

28 Moraes, Walter. Direito à própria imagem (I). Doutrinas Essenciais de Direitos


Humanos. vol. 2, ago., 2001. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br]. Acesso
em: 12.08.2015.

29 Idem.

30 Daneluzzi, Maria Helena Marques Braceiro e MATHIAS, Maria Ligia Coelho. Aspectos
da responsabilidade civil sob a perspectiva do direito de imagem. In: NERY, Rosa Maria
de Andrade e DONINI, Rogério(coords.). Responsabilidade Civil - Estudos em
homenagem ao professor Rui Geraldo Camargo Viana. São Paulo: Ed. RT, 2009. p. 369.

Página 28
A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

31 Tradução livre de: "La noción de imagen humana no se identifica con la de


personalidad humana, pero sí es uno de sus vehículos más directos de expresión".
Adarraga, Ana Azurmendi. El derecho a la propria imagen: su identidad y aproximación
al derecho a la información. Madrid: Editorial Civitas, 1997. p. 20.

32 Moraes, Walter. Direito à própria imagem (I). Doutrinas Essenciais de Direitos


Humanos. vol. 2. ago., 2001. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br]. Acesso
em: 12.08.2015

33 Op. cit. p. 369.

34 Hungria, Nelson. Comentários ao Código Penal. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1958.
vol. VI, p. 39.

35 Cavalieri Filho, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2014. p. 601.

36 Hungria, Nelson. Comentários ao Código Penal. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1958.
vol. VI, arts. 138-140, p. 29-30.

37 Hungria, Nelson. Comentários ao Código Penal. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1958.
vol. VI, p. 41.

38 Castro, Mônica Neves Aguiar da Silva. Honra, imagem, vida privada e intimidade, em
colisão com outros direitos. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 17.

39 Ferrari, Janice Helena. Direito à própria imagem. In: PIOVESAN, Flávia e GARCIA,
Maria (coords.). Doutrinas Essenciais de Direitos Humanos. São Paulo: Ed. RT, 2011. vol.
II, p. 645.

40 Op. cit., p. 370.

41 Castro, Mônica Neves Aguiar da Silva. Honra, imagem, vida privada e intimidade, em
colisão com outros direitos. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 18.

42 Op. cit., p. 645.

43 Ribeiro, Iara Pereira. Direito à imagem: conceito jurídico pleno da própria imagem.
Tese de Doutorado em Direito apresentada na Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2013. p. 93.

44 Moraes, Walter. "Direito à própria imagem (I)". Doutrinas Essenciais de Direitos


Humanos. vol. 2. ago. 2001. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br]. Acesso
em: 12.08.2015.

45 Moraes, Walter. Direito à própria imagem (I). Doutrinas Essenciais de Direitos


Humanos. vol. 2. ago., 2001. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br]. Acesso
em: 12.08.2015.

46 Op. cit., p. 385.

47 Idem, p. 371.

48 Idem, p. 372.

49 Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. vol. I, p. 146-147.

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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

50 Sarlet, Ingo Wolfgang; Marinoni, Luiz Guilherme; Mitidiero, Daniel. Curso de Direito
Constitucional. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 443.

51 Moraes, Walter. Direito à própria imagem (I). Em: Doutrinas Essenciais de Direitos
Humanos. vol. 2. ago., 2001. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br]. Acesso
em: 12.08.2015.

52 Nesse sentido: "Encontramos a limitação do direito à imagem em virtude de


segurança nacional. (...) Assim, um criminoso procurado pela polícia não poderá
reclamar da divulgação de seu retrato de forma ampla e ilimitada." Op. cit., p. 651.

53 Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. vol. I, p. 149.

54 STF, ADIn 4.815/DF, voto ainda em elaboração da Ministra relatora Cármen Lúcia.
Disponível em:
[www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=293336amp;caixaBusca=N]
Acesso em: 14.09.2015, p. 94.

55 Op. cit., p. 376.

56 Sarlet, Ingo Wolfgang; Marinoni, Luiz Guilherme; Mitidiero, Daniel. Curso de Direito
Constitucional. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 442.

57 Op. cit., p. 650.

58 Agostini, Leonardo Cesar de. A intimidade e a vida privada como expressões da


liberdade humana. Porto Alegre: Núria Fabris, 2011. p. 219-220.

59 Op. cit., p. 650.

60 STF, ADIn 4.815/DF, voto ainda em elaboração da Min. relatora Cármen Lúcia.
Disponível em:
www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=293336&caixaBusca=N].
Acesso em: 14/09/2015, p. 64.

61 Idem.

62 Idem, p. 47.

63 Idem, p. 101.

64 Idem, p. 100.

65 Idem, p. 113.

66 Idem, p. 119.

67 Idem, p. 107.

68 Câmara dos Deputados, Redação Final do Projeto de Lei 393/2011. Disponível em:
www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=491955]. Acesso
em: 24.09.2015.

69 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
São Paulo: Ed. RT, 2014, com. 7 ao art. 20, p. 342.

70 Op. cit., p. 649.


Página 30
A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

71 Moraes, Walter. Direito à própria imagem (I). Doutrinas Essenciais de Direitos


Humanos. vol. 2. ago. 2001. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br]. Acesso
em: 12.08.2015.

72 Mendes, Gilmar Ferreira. Colisão de direitos fundamentais. Liberdade de expressão e


de comunicação e direito à honra e à imagem. Doutrinas Essenciais de Direitos Humanos
, vol. II. Coord. Flávia Piovesan e Maria Garcia. São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 549.

73 Op. cit., p. 650.

74 Cavalieri Filho, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2014. p. 138.

75 Idem, p. 139.

76 "Encontramos a limitação do direito à imagem em virtude de segurança nacional. (...)


Assim, um criminoso procurado pela polícia não poderá reclamar da divulgação de seu
retrato de forma ampla e ilimitada." Op. cit., p. 651.

77 Op. cit., p. 650.

78 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Constituição Federal Comentada.
5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014, com. 3 ao art. 5.º, p. 227.

79 Mendes, Gilmar Ferreira. Colisão de direitos fundamentais. Liberdade de expressão e


de comunicação e direito à honra e à imagem. Doutrinas Essenciais de Direitos Humanos
, vol. II. Coord. Flávia Piovesan e Maria Garcia. São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 551.

80 Enunciado 274 da Jornada IV de Direito Civil do STJ. In: Nery Júnior, Nelson e Rosa
Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014, com.
10 ao art. 11, p. 323.

81 Idem, com. 8 ao art. 20, p. 342.

82 Nery, Carmen Lígia. Decisão judicial e discricionariedade: a sentença determinativa


no processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 192.

83 "Se a norma é produto do programa normativo (textos legais, v.g., liberdade de


expressão e dignidade da pessoa humana) e do âmbito normativo (caso concreto), há
que se identificar prejuízos autênticos para a correta oposição desses textos ao caso que
se apresenta." Nery, Carmen Lígia. Decisão judicial e discricionariedade: a sentença
determinativa no processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 186.

84 Abboud, Georges. Discricionariedade administrativa e judicial - o ato administrativo e


a decisão judicial. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 469.

85 Nery, Carmen Lígia. Decisão judicial e discricionariedade: a sentença determinativa


no processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 187.

86 Mendes, Gilmar Ferreira. Colisão de direitos fundamentais. Liberdade de expressão e


de comunicação e direito à honra e à imagem. Doutrinas Essenciais de Direitos Humanos
, vol. II. Coord. Flávia Piovesan e Maria Garcia. São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 553.

87 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil -
Direito das Obrigações. São Paulo: Ed. RT, 2015. p. 401-402, vol. II.

88 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
Página 31
A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

São Paulo: Ed. RT, 2014, com. 3 ao art. 927, p. 1190.

89 Idem, ibidem.

90 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil -
Direito das Obrigações. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. II. p. 428.

91 Idem, p. 431.

92 Dias, José de Aguiar. O dano moral e sua reparação. Revista Forense Comemorativa,
100 anos. t. III. Direito Civil. Sylvio Capanema de Souza (coord.) Rio de Janeiro:
Forense, 2007. p. 249.

93 Nesse sentido, o STJ elaborou a Súmula 387, que prevê: "(...) a cumulação das
indenizações de dano estético e dano moral e a Súmula 37, que prevê a cumulação de
indenização por danos materiais e morais. Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade
Nery. Instituições de Direito Civil - Direito das Obrigações. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol.
II, p. 432.

94 "É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por


dano material, moral ou à imagem."

95 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Constituição Federal Comentada.
5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014, com. 18 ao art. 5.º, p. 230. A respeito da cumulação de
indenização por dano material e moral: Súmula 37 do STJ: "São cumuláveis as
indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato".

96 Ribeiro, Iara Pereira. Direito à imagem: conceito jurídico pleno da própria imagem.
Tese de Doutorado em Direito apresentada na Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2013. p. 86.

97 Op. cit., p. 386.

98 Mendes, Gilmar Ferreira. Colisão de direitos fundamentais. Liberdade de expressão e


de comunicação e direito à honra e à imagem. Doutrinas Essenciais de Direitos Humanos
, vol. II. PIOVESAN, Flávia e GARCIA, Maria (coords.). São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 554.

99 Op. cit., p. 382.

100 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Instituições de Direito Civil -
Direito das Obrigações. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. II, p. 433.

101 Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil Comentado. 11. ed.
São Paulo: Ed. RT, 2014, com. 6 e 7 ao art. 187, p. 565.

102 Sarlet, Ingo Wolfgang; Marinoni, Luiz Guilherme; Mitidiero, Daniel. Curso de Direito
Constitucional. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 467.

103 STJ, REsp 1.432.324/SP, 3.ª T., j. 18.12.2014, rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, DJe 04.02.2015, v.u., p. 3.

104 Idem, p. 9.

105 Idem, p. 1.

106 STJ, REsp 801.109/DF, 4.ª T., j. 12.06.2012, rel. Min. Raul Araújo, DJe 12.03.2013,
v.u., p. 13.

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A PROTEÇÃO JURÍDICA DA IMAGEM DE PESSOAS
PÚBLICAS

107 Idem, p. 15.

108 Idem, p. 17.

109 No referido julgamento, o Supremo Tribunal Federal entendeu que "em se tratando
de agente público, ainda que injustamente ofendido em sua honra e imagem, subjaz à
indenização uma imperiosa cláusula de modicidade. Isso porque todo agente público
está sob permanente vigília da cidadania. E quando o agente estatal não prima por todas
as aparências de legalidade e legitimidade no seu atuar oficial, atrai contra si mais fortes
suspeitas de um comportamento antijurídico francamente sindicável pelos cidadãos".
STJ, REsp 801.109/DF, 4.ª T., j. 12.06.2012, rel. Min. Raul Araújo, DJe 12.03.2013,
v.u., p. 33-34.

110 STJ, REsp 801.109/DF, 4.ª T., j. 12.06.2012, rel. Min. Raul Araújo, DJe 12.03.2013,
v.u., p. 1-3.

111 STF, ADIn 4.815/DF, voto ainda em elaboração da Min. relatora Cármen Lúcia.
Disponível em:
[www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=293336&caixaBusca=N].
Acesso em: 14.09.2015, p. 22.

1 Este capítulo baseia-se nas obras de: Nery Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade
Nery. Constituição Federal Comentada. 5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2014, art. 1.º, p.
177-180 e Nery, Carmen Lígia. Decisão judicial e discricionariedade: a sentença
determinativa no processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2014, Cap. 1.

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