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Estudo de Dosagem e

Controle de Qualidade do Concreto


Prof. Dario de Araújo Dafico, Dr.

Versão: Ago./2012
Sumário

1. O Traço .......................................................................................................................... 2

2. Obtenção das Equações das Leis Fundamentais ......................................................... 10

3. Método de Estudo de Dosagem do IPT / EPUSP ......................................................... 18

4. A Curva de Gauss .......................................................... ............................................... 22

5. Controle de Qualidade do Concreto............................................ .................................. 30

1
1 - O TRAÇO

1.1 - DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS

Denomina-se TRAÇO a expressão da proporção dos materiais componentes de uma


“receita particular de concreto”. O traço expressa as quantidades relativas de agregados
miúdos, agregados graúdos e de água em relação à quantidade de cimento.

Chama-se DOSAGEM o ato de medir e misturar os componentes do concreto (cimento,


agregados, água, aditivos e adições) a partir de um TRAÇO pré-definido. DOSAGEM
TÈCNICA é aquela feita em obra que possui o conhecimento de um TRAÇO elaborado de
acordo com a técnica. DOSAGEM EMPÍRICA é aquela feita em obra que não possui o
conhecimento de um TRAÇO elaborado de acordo com a técnica, para dosagem de
concreto com os materiais disponíveis na obra, mas utiliza um TRAÇO EMPÍRICO, ou seja,
uma “receita de bolo” que não considera a implicação da variabilidade das fontes de
materiais para o concreto nas suas propriedades. Atualmente é inconcebível a utilização de
dosagem empírica para o preparo de concreto estrutural.

Denomina-se ESTUDO DE DOSAGEM ao procedimento técnico utilizado para obtenção do


traço que satisfaça certos pré-requisitos particulares de uma obra, em geral um certo valor
mínimo de resistência à compressão aos 28 dias, mas podem ter vários outros como, por
exemplo, resistência à tração na compressão diametral, módulo de deformação, retração,
fluência, massa específica, etc.

ESTUDO DE DOSAGEM EXPERIMENTAL é aquele realizado utilizando dados de misturas


experimentais feitas com amostras dos materiais que serão utilizados para o preparo do
concreto para a obra. Para isso são realizados diversos ensaios de caracterização dos
materiais em laboratório e realizados ensaios para determinação das propriedades dos
concretos, obtidos através das misturas experimentais.

ESTUDO DE DOSAGEM NÃO EXPERIMENTAL é aquele realizado sem os dados de


misturas experimentais feitas com amostras dos materiais que serão utilizados para o
preparo do concreto para a obra. Para que seja possível a realização de um ESTUDO DE
DOSAGEM NÃO EXPERIMENTAL é necessário haver uma grande “massa de dados”
acerca dos materiais de uma determinada região, para que se possa obter os “valores de
referência” de cada material componente da mistura, necessário para a realização dos
cálculos do estudo, através de simples avaliação visual. ESTUDOS DE DOSAGEM NÃO
EXPERIMENTAIS eram muito utilizados antigamente no Brasil para a obtenção de TRAÇOS
para obras de menor porte em função da dificuldade de se encontrar laboratórios
especializados. Hoje isso não faz mais sentido, o país se desenvolveu e se integrou. Há
laboratórios espalhados por todo o território nacional. Nas localidades mais longínquas do
Brasil, aonde não há laboratório nas proximidades, também não faz sentido a realização de
Estudo de Dosagem Não Experimental pois, neste caso, também não haverá dados que
fundamentem o estudo. É importante lembrar que atualmente há uma grande diversidade de
tipos e marcas de cimento no país, o que dificulta ainda mais a realização desse tipo de
estudo.

No nosso curso iremos aprender como obter um TRAÇO através do ESTUDO DE


DOSAGEM EXPERIMENTAL e como fazer a DOSAGEM TÉCNICA na usina ou na obra, em
massa, ou volume unitário. A expressão do traço será sempre feita em proporção da massa
de cimento.

2
1.2 - EXPRESSÃO DO TRAÇO DO CONCRETO

O traço do concreto pode ser expresso em termos de proporções em massa ou volume,


além de uma forma mista, que expressa o cimento em massa e os agregados em volume.
No nosso curso a expressão do traço será sempre feita em termos de proporções sobre a
massa de cimento (kg/kg). É a forma moderna de se expressar o traço do concreto.

A expressão do traço do concreto segue a seguinte configuração:

1 : a : b : a/c

onde:

1 => Primeiro termo que representa a Massa de cimento em relação à Massa de cimento
(Mc/Mc = 1);
a => Massa de areia em relação à Massa de cimento (Ma/Mc = a);
b => Massa de brita / Massa de cimento(Mb/Mc = b);
a/c => Massa de água em relação à Massa de cimento (Mágua/Mc = a/c).

Observação: Deve-se ter o cuidado para não confundir o significado da letra “a” quando
representando a proporção de areia do traço, com a letra “a” do parâmetro “a/c” que
representa a proporção de água e relação ao cimento.

Para entendermos melhor como funciona a representação através do traço vamos ao


seguinte exemplo. Seja uma mistura para concreto composta por 1 saco de cimento, 150 kg
de areia, 250 kg de brita 1 e 25 kg de água, então temos que:

50 / 50 : 150 / 50 : 250 / 50 : 25 / 50 (cimento : areia : brita : água)

Logo o traço será expresso como:

1 : 3 : 5 : 0,5

No caso de se utilizar mais de um agregado miúdo (areia) e/ou mais de um agregado graúdo
(pedra britada ou seixo rolado) o traço é expresso do material mais fino para o mais grosso.
Por exemplo, 2 areias e 3 britas:

1 : a1 : a2 : b1 : b2 : b3 : a/c

Temos algo como o exemplo de traço mostrado abaixo:

1 : 1,50 : 1,50 : 1,00 : 2,00 : 2,00 : 0,50, sendo a seqüência: (1 : a1 : a2 : b1 : b2 : b3 : a/c)

obs.2: Exceto o primeiro termo do traço que é sempre 1, todos os outros são expressos com números contendo
duas casas decimais.

Denomina traço bruto “m”, ou traço não desdobrado, à proporção do agregado total (miúdo +
graúdo) em relação ao cimento. Por exemplo, quando dissemos que m = 3, temos um traço
1:3, e isso significa que para cada kg de cimento temos a utilização de 3 kg de agregado
total.

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1.3 - CÁLCULO DA QUANTIDADE DE CIMENTO DO CONCRETO

Para se calcular a quantidade de cimento de um concreto, em kg de cimento por m3 de


concreto utilizamos a fórmula que obteremos a seguir:

Sabemos que um certo volume de concreto é o resultado da soma dos volumes absolutos
de seus constituintes, isto é, do cimento, areia (agregado miúdo), brita (agregado graúdo) e
água. Também sabemos que em 1 m3 temos 1000 dm3. Logo podemos escrever:

Vc + Va + Vb + Vágua= Vconc (1)

Sabemos ainda que a massa específica de um material é por definição a sua massa dividida
pelo seu volume absoluto. Logo o seu volume é a massa dividida pela massa específica ou
seja:

M M
se: ρ= , então: V = (2)
V ρ

Como queremos uma fórmula que calcule a quantidade de cimento em 1 m3 de concreto,


que é o mesmo que dizer a quantidade de cimento por 1000 dm3 de concreto, mas a
unidade de massa específica utilizada pelas normas técnicas é kg/dm3 , fazemos:

(2) em (1) temos:

Mc Ma Mb M água
+ + + = 1000 (3)
ρc ρa ρb ρ água

Como a massa específica da água é igual a 1 (ρágua = 1 kg/dm3), temos:

Mc Ma Mb
+ + + M água = 1000 (4)
ρc ρa ρb

Usando o artifício de dividirmos ambos os lados pela massa de cimento (Mc), pois
trabalhamos com traços, que são proporções em relação à massa de cimento, temos:

Mc Ma Mb M água 1000
+ + + = (5)
M c .ρ c M c .ρ a M c .ρ b Mc Mc

Vemos na equação resultante até aqui as relações sobre a massa de cimento que no traço
representamos por:

1 : a : b : a/c, que substituindo em (5) fica:

1 a b 1000
+ + + a/c = (6)
ρc ρa ρb Mc

Isolando a massa de cimento finalmente obtemos a fórmula desejada:

4
1000
Mc = (7)
1 a b
+ + +a/c
ρc ρa ρb

É costume representar a massa de cimento contida em um m3 de concreto pela letra C,


maiúscula, então na formula substituiremos o símbolo Mc por C, ficando assim:

1000
C= (8)
1 a b
+ + + a/c
ρc ρa ρb

Na fórmula (8) não foi considerado nenhum teor de ar incorporado ao concreto, que em
concretos plásticos normais se situam por volta de 20 dm3 por m3 de concreto. Para
obtermos uma fórmula que considere o volume de ar incorporado ao concreto temos que
fazer:

Vc + Va + Vb + Vágua + Var = Vconc (9)

Repetindo os mesmo procedimentos feitos para obtenção da fórmula (8) temos:

Mc Ma Mb M água Var 1000


+ + + + = (10)
M c .ρ c M c .ρ a M c .ρ b Mc Mc Mc

Passando o termo que contém o volume de ar para o outro lado fica:

Mc Ma Mb M água 1000 Var


+ + + = − (11)
M c .ρ c M c .ρ a M c .ρ b Mc Mc Mc

Substituindo pelos parâmetros do traço (1 : a : b : a/c) temos:

1 a b 1000 − Var
+ + + a/c = (12)
ρc ρa ρb Mc

Isolando a massa de cimento obtemos a fórmula desejada:

1000 − Var
Mc = (13)
1 a b
+ + + a/c
ρc ρa ρb

Novamente, para seguirmos o costume de utilizamos a letra maiúscula C para


representarmos a massa de cimento por m3 substituimos Mc por C na fórmula ficando,
quando consideramos o volume de ar incorporado:

1000 − Var
C= (14)
1 a b
+ + + a/c
ρc ρa ρb

5
1.4 - CÁLCULO DAS DIMENSÕES DAS PADIOLAS

Padiolas são recipientes utilizados para a dosagem dos agregados em volume unitário
quando não é possível fazê-lo em massa. É utilizado para a dosagem de concretos, em
obras de menor responsabilidade. A padiola pode ser construída em madeira, compensado
ou aço, podendo ser feita para ser carregada por dois operários, ou montada sobre rodas
(estrutura semelhante à de carrinhos de mão), para poder ser transportada por somente 1
operário. Neste caso, montada sobre rodas, é preciso estar utilizando betoneira com
carregador, que permite a construção de uma pequena rampa para o acesso da padiola
sobre rodas.

No caso de padiola de padiola sobre rodas, a seção vertical que corta longitudinalmente a
padiola forma um trapézio como mostrado na figura abaixo, para facilitar o escoamento do
agregado para o carregador da betoneira.

Vista superior

e = 40 cm

Corte vertical

h = 35 cm

Li 15 cm

Ls

Para se obter uma fórmula para o cálculo da altura da padiola sobre rodas, sendo a variável
volume da padiola Vpad em dm3 e a medida de comprimento Li em dm, temos:

Vpad = 4 . Li . 3,5 + ((3,5 . 1,5)/2) . 4 (15)

simplificamos temos:

Vpad = 14 . Li + 10,5 (16)

14 . Li = Vpad – 10,5 (17)

Finalmente obtemos:

V pad − 10,5
Li = (sendo Li em dm) (20)
14

6
Se quisermos o valor de Li em centímetros, que é a unidade de medida usada pelo
carpinteiro, é só multiplicar o resultado da equação (20) pelo número 10.

A dimensão da seção horizontal de uma padiola para carregamento por dois operários
geralmente é de 45 x 35 cm, sendo a altura variável conforme o volume necessário para a
dosagem do traço. Uma padiola deve ser dimensionada para uma massa de agregados não
superior a 70 kg qualquer que seja o tipo de padiola.

1.5 - EXERCÍCIOS

Para resolução das questões, utilizar as características físicas dos materiais a seguir
indicadas.

Materiais Cimento Areia Fina Areia Grossa Brita 0 Brita 1 Brita 2


(12,5 mm) (19 mm) (25 mm)

Massa específica (kg/dm3) 3,14 2,63 2,62 2,78 2,75 2,75


3
Massa unitária (kg/dm ) - 1,50 1,52 1,38 1,40 1,43
Umidade (%) - 4,50 3,50 0,80 0,80 -
Inchamento (%) - 30 27 - - -

I - Calcular as quantidades de materiais a serem adquiridos para a execução de uma


estrutura cujo volume de concreto é 55 m3. O traço do concreto estudado para a obra é:
1 : 2,20 : 1,15 : 2,52 : 0,56 (cimento, areia grossa, brita 0, brita 2, água)

II - Utilizando o traço acima, que volume de fôrmas se encherá com o concreto de uma
betonada em que se utilizam 3 sacos de cimento ?

III - Quantas betonadas de um saco de cimento seriam necessárias para fabricar 1 m3 de


concreto ?
7
IV - Qual o percentual do volume de pasta (cimento + água) do concreto acima ?

V - Qual o percentual do volume de argamassa (cimento + areia + água) ?

VI - Uma obra solicitou 6 m3 de concreto a uma central. Quais as quantidades dos materiais
colocadas no caminhão betoneira para atender ao traço 1 : 2,0 : 3,5 : 0,5 (cimento, areia
fina, brita 0, água) ? obs.: Os materiais na central são medidos em massa úmida.

VII - Para os materiais medidos em volume, quais as dimensões das padiolas com seção
paralelepípeda e trapezoidal, para betonadas de 2 sacos de cimento, a serem
confeccionadas para o uso do traço acima (questão VI) ?

VIII - Fornecer as quantidades de materiais (cimento em sacos, areia, brita e água em


volume) que se deve adquirir para fabricar 200 m3 de concreto, sabendo-se que em cada
betonada utilizam-se as seguintes quantidades de materiais nas condições de canteiro:
cimento = 1 saco; areia fina úmida = 87 kg; brita 1 úmida = 36 kg; brita 2 úmida = 118 kg;
água adicionada = 25 l.

IX - Que volume de materiais são necessários para produzir 5 m3 de concreto, sabendo-se


que em cada betonada deste concreto usam-se: cimento = 1 saco; areia fina = 85 dm3; brita
1 = 52,8 dm3; brita2 = 83 dm3; água = 22 dm3, considerando-se as condições de canteiro ?

X - Dado o traço de concreto 1 : 2,15 : 1,85 : 2,80 : 0,62 (cimento, areia grossa, brita 0, brita
1, água), pede-se calcular a quantidade em massa dos materiais (agregados e água) a
serem colocados numa betoneira de 2 (dois) sacos de cimento, considerando:
a) Os agregados secos;
b) Os agregados na condição do canteiro.

XI - Para o mesmo traço do item anterior pede-se a quantidade dos materiais em volume,
considerando-se as condições do canteiro.

XII - Na fabricação de um concreto de traço (em massa de materiais secos) expresso como
1 : 2,20 : 4,50 : 0,60 (cimento, areia fina, brita 2, água) verificou-se que o concreto produzido
não correspondia ao volume esperado. Por um lapso, o encarregado não levou em
consideração a umidade e o inchamento dos materiais. Determine:
a) Qual o traço realmente utilizado se os materiais foram medidos em massa?
b) Qual o traço realmente utilizado se os materiais foram medidos em volume?

XIII - Qual o traço verdadeiro adotado (em massa de materiais secos) sabendo-se que os
materiais úmidos no canteiro foram:
- 2 sacos de cimento;
- 220 kg de areia grossa;
- 150 kg de brita 1;
- 250 kg de brita 2;
- 40 litros de água.

XIV - Calcular o traço de um concreto (em massa de materiais secos) em que se


misturaram:
- 1 saco de cimento;
- 1 padiola de areia fina (Li = 3,5 dm);
- 1 padiola de brita 1 (Li = 3,0 dm);
- 2 padiolas de brita 2 (Li = 2,1 dm);
- 24 litros de água.
8
Respostas:

I - 360 sacos de cimento; 33,2 m3 de areia grossa úmida (26,1 m3 seca); 15 m3 de brita 0;
31,8 m3 de brita 2.

II - Vconc = 0,46 m3.

III - 7 betonadas.

IV - Volume da pasta = 28,8 % do volume do concreto.

V - Volume da argamassa = 56,3 % do volume do concreto.

VI - 2112 kg de cimento; 4.414 kg de areia fina; 7.451 kg de brita 0; 807 litros de água.

VII –
Padiola de seção paralelepípeda:
Areia fina (3 padiolas) => L = 45 cm x e = 35 cm x h = 36,7 cm
Brita 0 (5 padiolas) => L = 35 cm x e = 40 cm x h = 32,2 cm

Padiola de seção trapezoidal:


Areia fina (3 padiolas) => e = 40 cm; h = 35 cm; Li = 33,8 cm; Ls = 48,8 cm
Brita 0 (5 padiolas) => e = 40 cm; h = 35 cm; Li = 28,7 cm; Ls = 43,7 cm

VIII - 1509 sacos de cimento; 109 m3 de areia fina; 38 m3 de brita 1; 125 m3 de brita 2; 38 m3
de água.

IX - 33 sacos de cimento; 2.805 dm3 de areia; 1.742 dm3 de brita 1; 2.739 dm3 de brita 2; 726
litros de água.

X e XI
material traço correto material seco material nas condições de canteiro
massa úmida volume úmido
cimento 1 2 sacos 2 sacos 2 sacos
areia grossa 2,15 215 kg 222,5 kg 179,6 l
brita 0 1,85 185 kg 186,5 kg 134,1 l
brita 1 2,80 280 kg 282,2 kg 200,0 l
água 0,62 62 l 50,8 l 50,8 l

XII
a) 1 : 2,10 : 4,50 : 0,70
b) 1 : 1,69 : 4,50 : 0,68.

XIII - 1 : 2,12 : 1,49 : 2,50 : 0,49

XIV - 1 : 1,37 : 1,47 : 2,28 : 0,55

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2 - OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES DAS LEIS FUNDAMENTAIS

2.1 - REGRESSÃO LINEAR AOS MÍNIMOS QUADRADOS

Dada um conjunto de pontos conhecidos de coordenadas (x,y) que descrevem uma


tendência linear como da figura abaixo:

Y3
D3 Y = a.X + b

D1 , D2 , D3 , ... , Di , ..., Dn são os


Y2 D2
erros de previsão (desvios)
Y1
D1

X
X1 X2 X3

Figura 1 – Representação esquemática da regressão aos mínimos quadrados

Para obter os coeficientes “a” e “b” da equação da reta de regressão representativa de um


fenômeno linear é só obter:

X = média dos valores de “x”

Y = média dos valores de “y”

S xx = Σ in=1 ( X i − X ) 2

S xy = Σin=1 ( X i − X ).(Yi − Y )

E calcular os coeficientes “a” e “b” através das seguintes expressões:

S xy
a=
S xx

b = Y − a. X

Encontrados os valores dos coeficientes é só colocá-los na equação:

Y = a. X + b

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Para auxiliar a tarefa de encontrar os valores de X , Y , S xx e S xy , constrói-se uma tabela
seguindo o modêlo abaixo:

Ponto Xi Yi (Xi − X ) ( X i − X )2 (Yi − Y ) ( X i − X ).(Yi − Y )

1
2
3
4
5
6
7
8
M
n
X Y S xx = Σin=1 ( X i − X ) 2 S xy = Σin=1 ( X i − X ).(Yi − Y )

Resultados

Exercício de fixação:

Uma empresa produtora de blocos de concreto celular localizada na cidade de São Paulo
possui uma rede distribuidora por todo o interior do Estado. Realizou um estudo para
determinar qual a função que liga o preço do produto ao consumidor e a distância do
mercado consumidor da cidade de São Paulo. Os dados são os seguintes:

Preço
Yi 36,00 48,00 50,00 70,00 42,00 58,00 91,00 69,00
(R$/bloco)
Distância
Xi 50 240 150 350 100 175 485 335
(Km)

a) Estimar a reta de regressão para representar essa relação. (Resp.: p = 30,19 + 0,12.d)
b) Com base na equação da reta encontrada estime o preço ao consumidor numa nova
“praça” situada a 420 Km de São Paulo. (Resposta: R$ 80,58)
c) Calcule e organize em uma tabela os erros de previsão de cada praça.

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2.2 - LEI DE ABRAMS

fc

K1
fc = a/c
K2

a/c

Figura 2 – Curva de Abrams e a sua equação

Segundo a Lei de Abrams o principal parâmetro a provocar variações na resistência à


compressão do concreto “fc” é a relação “a/c”. A resistência varia segundo a expressão
mostrada na figura 2, sendo K1 e K2 constantes que dependem das características
particulares dos materiais utilizados em uma determinada mistura.

Num estudo de dosagem do concreto, para encontrarmos a equação representativa


daquelas misturas particulares a partir de alguns poucos pontos conhecidos (mínimo 3), é
preciso linearizar a equação para se utilizar o Método dos Mínimos Quadrados. Então, se:

K1
fc = a/c
K2

Linearizando, através de logarítimos, temos:

K1
log f c = log a/c
K2
log f c = log K 1 − log K 2
a/c

log f c = log K 1 − a c . log K 2

Reorganizando na forma da equação da reta temos:

log f c = (− log K 2 ). a c + log K 1

Y a X b

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Para obter a equação de Abrams particular fazemos uma regressão linear entre “log fc” e
“a/c” obtendo-se “a” e “b” como coeficientes da reta.

Se:

a = − log10 K 2

log K 2 = − a

K 2 = 10 − a

Então:

1
K2 =
10 a

Se:

b = log 10 K1

então:

K 1 = 10 b

Com os valores numéricos dos coeficientes K1 e K2 monta-se a Equação de Abrams. Para


se encontrar o valor da relação “a/c” necessária para uma resistência especificada faz-se:

log K 1 − log f c
a
c =
log K 2

Exercício resolvido:

Em um estudo de dosagem do concreto elaborou-se, para um dado conjunto de materiais,


concretos com relações “a/c” de 0,41 – 0,55 – 0,70, quando foram moldados corpos-de-
prova para ensaio de resistência à compressão aos 28 dias de idade, cujos resultados
obtidos foram, respectivamente, 38,0 MPa – 28,0 MPa – 20,0 MPa. Obter a equação de
Abrams desse concreto.

log f c = (− log K 2 ). a c + log K 1

Y a X b

a/c fc log fc
(MPa)

0,41 38,0 1,5798


0,55 28,0 1,4472
0,70 20,0 1,3010

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Ponto X Y (X − X ) (X − X )2 (Y − Y ) ( X − X ).(Y − Y )

1 0,41 1,5798 - 0,1433 0,0205 0,1371 - 0,0196

2 0,55 1,4472 - 0,0033 0,0000 0,0045 - 0,0000

3 0,70 1,3010 0,1467 0,0215 0,1417 - 0,0208

X Y S xx = Σ( X − X ) 2 S xy = Σ( X − X ).(Y − Y )
Resultados
0,5533 1,4427 0,0420 - 0,0404

S xy 0,04040
a= =− = −0,9619
S xx 0,0420

b = Y − a. X = 1,4427 − (−0,9619.0,5533) = 1,9749

log f c = (−0,9619). a c + 1,9619

- log K2 log K1

K 1 = 10 b = 101,9749 = 94,38

1 1
K2 = a
= −0,9619 = 9,16
10 10

94,38
fc =
9,16 a / c

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2.3 - LEI DE LYSE

Petrucci, baseado em Inge Lyse, estabeleceu afirma que . . . “para concretos plásticos de
mesma consistência, feitos com os mesmos materiais, a quantidade total de água por
unidade de volume é constante, independente do traço”.

Figura 3 – Teor de água em relação à quantidade de materiais secos é independente do


traço segundo a Lei de Lyse

Abatimento constante

H2O H2O H2O


pasta

Cimento Cimento
argamassa

Cimento

Areia
Areia Areia

Brita
Brita Brita

1:3 1:4 1:5

diminui a/c aumenta a/c


aumenta fc diminui fc
( + ) coeso ( - ) coeso
( + ) plástico ( - ) plástico
( + ) pasta ( - ) pasta
( - ) atrito ( + ) atrito
Figura 4 – Esquema de variação das propriedades reológicas do concreto de mesmo valor
de abatimento em função da variação do traço 1:m

Obs.: Na figura 4 o termo plástico significa capacidade da mistura fresca ser deformada sob ação de uma
força externa. A maior plasticidade das misturas mais ricas é conseqüência da redução do atrito interno.

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De acordo com a Lei de Lyse, para um determinado abatimento do concreto, o teor de água
a ser utilizado para sua elaboração depende das características particulares do cimento e
agregados utilizados. Essa regra também vale para concretos com aditivos plastificantes
desde que o teor de aditivo em relação ao teor de cimento seja mantido constante.

Denomina-se Teor de Água do Concreto, representado pela letra “H”, o valor da relação
“massa de água / massa de materiais secos” presentes na mistura. Assim sendo:

M água
H=
(M c + M a + M b )
obs.: Alguns autores preferem expressar o “H” em porcentagem da massa de
materiais secos. Para isso esse valor é multiplicado por 100%. O “H” também é
chamado por alguns autores de umidade da mistura.
Como:

M água Ma Mb
a
c = , a= , b=
Mc Mc Mc

Logo:

( a c ).M c
H=
( M c + a.M c + b.M c )

M c .( a c )
H=
M c .(1 + a + b)

Como o traço “m” é a soma das proporções de areia “a” e brita “b” em relação ao cimento,
ou seja:

m = a+b

Logo:

(a c )
H=
(1 + m)

Considerando “H” constante como afirma a Lei de Lyse e fazendo “m” como função de “a/c”
temos:

(a c )
1+ m =
H

(a c )
m= −1
H

1 a
m= .( c ) − 1
H

16
1
Chamando: K4 = e Fazendo: −1 = K3
H

Obtemos a equação de uma reta:

m = K 4 .( a c ) + K 3

Y a X b

Assim, a partir de um conjunto de pontos de coordenadas (a/c,m) podemos, através do


método dos mínimos quadrados, obter a equação que representa a variação do traço em
função da relação “a/c”.

Importante entender que substituir o valor da constante -1 por k3 significa aceitar a


possibilidade de se encontrar valores diferentes de -1 para essa constante da equação,
quando obtida através do método dos mínimos quadrados. Essa adaptação da Lei de Lyse
feita pelos autores melhora a capacidade da equação de prever o traço como função da
relação a/c.

2.4 - LEI DE MOLINARI

Molinari obteve uma equação que correlaciona o consumo de cimento por m3 de concreto
“C” com o traço bruto “m”, desde que as várias misturas de traços distintos possuam mesmo
abatimento e tenham sido dosados com o mesmo cimento e agregados. A equação tem a
seguinte forma:

10 3
C=
K 5 + K 6 .m

sendo: K5 e K6 coeficientes representativos de um conjunto particular de materiais (cimento e


agregados)

Essa equação é muito útil em estudos de dosagem pois permite obter o consumo de cimento
para qualquer traço desejado entre o intervalo de misturas do estudo. Para obtenção dos
valores numéricos K5 e K6 é necessário linearizar a equação para colocá-la na forma linear
(equação de uma reta), permitindo assim o uso do Método dos Mínimos Quadrados. Para
isso fazemos:

10 3
K 5 + K 6 .m =
C

Rearranjando, para o formato da equação da reta, temos:

10 3
= K 6 .m + K 5
C

Y a X b

17
3 - MÉTODO DE ESTUDO DE DOSAGEM DO IPT / EPUSP
3.1 - Fundamentos básicos do método

I – LEI DE ABRAMS: Para um certo conjunto particular de materiais, a resistência do


concreto é função da relação a/c.

k1
f cj = a/c
k2

II – LEI DE LYSE (adaptada => k3 ≠ -1): Para um certo conjunto particular de materiais, a
consistência do concreto, medida pelo abatimento do tronco de cone, é função da relação
água/materiais secos “H” (em porcentagem) e é independe do traço seco (1:a:b).

m = k 4 .( a c ) + k 3

III – TEOR IDEAL DE ARGAMASSA SECA: Para um certo conjunto particular de materiais,
existe um teor ideal de argamassa seca “α” (em relação unitária) que é independente do
traço (ou da resistência requerida).

(1 + a)
Por definição: α =
(1 + m)

Logo: a = α .(1 + m) − 1 , b = m−a

IV – CÁLCULO DO CONSUMO DE CIMENTO: O consumo de cimento (em kg por metro


cúbico de concreto) pode ser determinado a partir do ensaio de massa específica do
concreto ( ρ cf ) e do traço (1:a:b:a/c) através da expressão:

1000.ρ cf  1 a b a 
C= e Teor _ de _ ar _(%) = 100 − 0,1.C. + + + 
c
(1 + a + b + c )  ρc ρ a ρb 
a

V – LEI DE MOLINARI: O consumo de cimento de um concreto correlaciona-se com o valor


do traço seco “m” através de uma curva do tipo:

1000
C=
k 5 + k 6 .m

3.2- Principais Requisitos do Projeto Estrutural

- Resistência característica à compressão do concreto;


- Relação a/c máxima em função da agressividade do meio;
- Abatimento pelo ensaio do tronco de cone;
- Dimensão máxima característica do agregado.

3.3 - Dados Preliminares Necessários (para se fazer uma estimativa da relação água/materiais secos
“H” e do teor ideal de argamassa seca “α” antes da determinação experimental desses parâmetros)

- Conhecimento do tipo e classe do cimento a ser utilizado;


- Avaliação visual do tipo de agregado a ser utilizado e de sua dimensão máxima
característica.
18
3.4 - Etapas do Estudo de Dosagem

I - Ensaios preliminares => simples avaliação visual

II - Estimativa do “H” para um traço 1:5

III - Determinação experimental do teor de argamassa seca ideal “α” e da relação


água/materiais secos “H” de traço 1:5, acrescentando-se aos poucos cimento, areia e água
para o ajuste da trabalhabilidade. Fixa-se o “α” para todos os traços a serem dosados. O
valor de "H" encontrado serve como estimativa do valor real necessário para o abatimento.

IV – Mistura de 3 traços, sendo eles : 1:3,5 – 1: 5,0 – 1:6,5


Mede-se as massas específicas desses concretos e moldam-se corpos-de-prova para as
idades de 3, 7, 28 e 91 dias

V – Construção do diagrama de dosagem

3.5 - Recomendações quanto ao abatimento dos concretos

Abatimento (mm)
Elemento estrutural
Pouco armada Muito armada
Laje ≤ 60 + 10 ≤ 70 + 10
Viga e parede armada ≤ 60 + 10 ≤ 80 + 10
Pilar do edifício ≤ 60 + 10 ≤ 80 + 10
Paredes de fundação,
≤ 60 + 10 ≤ 70 + 10
sapatas, tubulões

observação.: Para aceitação do concreto na obra utiliza-se esses limites de + 10 mm. Entretanto, no Estudo
de Dosagem feito em laboratório, é possível e recomendável utilizar-se de uma faixa menor de
aceitação, de + 5 mm.

19
3.6 - Determinação da composição ideal entre agregados graúdos
- Considera como sendo a melhor composição aquela que produz o maior da massa unitária
no estado compactado seco

Tabela exemplo da determinação da composição “ideal” entre brita 1 e brita 2 através da


massa unitária no estado compactado seco
Massa
acréscimo Massa da unitária no
brita 2 brita 2 brita 1 mistura no
de brita 1 * estado
brita 1 + brita 2 (kg) (kg)
(kg)
recipiente compactado
(kg) 3
(kg/dm )
1,0 30  
0,9 30 3,33 + 3,33 24,50 1,63
0,8 30 7,50 + 4,17 24,80 1,65
(escolhido)
0,7 30 12,86 + 5,36 25,40 1,69
0,6 30 20,00 + 7,14 25,50 1,69
0,5 30 30,00 + 10,00
0,4 30 45,00 + 15,00
0,3 30 70,00 + 25,00
3
* Recipiente com volume de 15 dm

3.7 - Determinação experimental do teor ideal de argamassa seca de uma mistura com
30 kg de agregado graúdo

Tabela dos acréscimos de cimento e areia


Quantidade de areia Quantidade de cimento Quantidade de água Relação
Teor de Traço (kg) (kg) (kg) a/c
argamassa
(%) (1 : a : b) acréscimo Massa acréscimo Massa acréscimo Massa
na mistura total na mistura total na mistura total
35 1: 1,10 : 3,90  8,46  7,69
37 1 : 1,22 : 3,78 1,22 9,68 0,25 7,94
39 1 : 1,34 : 3,66 1,31 10,99 0,25 8,20
41 1 : 1,46 : 3,54 1,37 12,36 0,27 8,47
43 1 : 1,58 : 3,42 1,50 13,86 0,30 8,77
45 1 : 1,70 : 3,30 1,59 15,45 0,32 9,09
47 1 : 1,82 : 3,18 1,72 17,17 0,34 9,43
49 1 : 1,94 : 3,06 1,85 19,02 0,37 9,80
51 1 : 2,06 : 2,94 2,00 21,02 0,40 10,20
53 1 : 2,18 : 2,82 2,17 23,19 0,44 10,64
55 1 : 2,30 : 2,70 2,36 25,55 0,47 11,11
57 1 : 2,42 : 2,58 2,59 28,14 0,52 11,63
59 1 : 2,54 : 2,46 2,84 30,98 0,57 12,20
61 1 : 2,66 : 2,34 3,12 31,10 0,62 12,82
63 1 : 2,78 : 2,22 3,47 37,57 0,69 13,51
65 1 : 2,90 : 2,10 3,86 41,43 0,78 14,29

20
Tabela contendo os traços em função do teor ideal de argamassa encontrado

Teor de Traços desdobrados a partir dos traços brutos 1:3,5 , 1:5,0 e 1:6,5
argamassa 1:a:b
(%)
1:3,5 1:5,0 1:6,5
35 1 : 0,58 : 2,92 1 : 1,10 : 3,90 1 : 1,63 : 4,87
37 1 : 0,67 : 2,83 1 : 1,22 : 3,78 1 : 1,78 : 4,72
39 1 : 0,76 : 2,74 1 : 1,34 : 3,66 1 : 1,93 : 4,57
41 1 : 0,85 : 2,65 1 : 1,46 : 3,54 1 : 2,08 : 4,42
43 1 : 0,94 : 2,56 1 : 1,58 : 3,42 1 : 2,23 : 4,27
45 1 : 1,03 : 2,47 1 : 1,70 : 3,30 1 : 2,38 : 4,12
47 1 : 1,12 : 2,38 1 : 1,82 : 3,18 1 : 2,53 : 3,97
49 1 : 1,21 : 2,29 1 : 1,94 : 3,06 1 : 2,68 : 3,82
51 1 : 1,30 : 2,20 1 : 2,06 : 2,94 1 : 2,83 : 3,67
53 1 : 1,39 : 2,11 1 : 2,18 : 2,82 1 : 2,98 : 3,52
55 1 : 1,48 : 2,02 1 : 2,30 : 2,70 1 : 3,13 : 3,37
57 1 : 1,57 : 1,93 1 : 2,42 : 2,58 1 : 3,28 : 3,22
59 1 : 1,66 : 1,84 1 : 2,54 : 2,46 1 : 3,43 : 3,07
61 1 : 1,75 : 1,75 1 : 2,66 : 2,34 1 : 3,58 : 2,92
63 1 : 1,84 : 1,66 1 : 2,78 : 2,22 1 : 3,73 : 2,77
65 1 : 1,93 : 1,57 1 : 2,90 : 2,10 1 : 3,88 : 2,62

3.8 - Lubrificação da betoneira (caso o estudo se destine a concretos produzidos na obra)

O abatimento do concreto é muito sensível ao teor de pasta da mistura. Como a pasta


do concreto tende a aderir às paredes da betoneira, no caso de misturas de pequeno
volume, é recomendável fazer uma lubrificação prévia da mesma com um concreto traço
1:2:3, com 1 kg de cimento. Para isso, molha-se previamente a betoneira, acrescenta-se a
brita, um pouco de água e a areia. Acrescenta-se mais água até que se forme um concreto
que tenha aparência de um concreto com a trabalhabilidade que se pretende produzir.
Retira-se esse concreto com a betoneira em movimento, pára-se a betoneira e retira-se o
restante de concreto com uma colher de pedreiro, deixando-se uma camada de pasta
aderida por toda a cuba.

3.9 - Seqüência de mistura

No preparo dos concretos, após a lubrificação da betoneira, coloca-se primeiramente a brita,


um pouco de água, o cimento, mais água, a areia, mais água aos poucos até alcançar o
abatimento desejado. O ensaio de abatimento é feito quantas vezes for necessário.

21
4 – A CURVA DE GAUSS
Fenômenos naturais representados por variáveis aleatórias de tendência central possuem
boa aderência à Curva de Gauss. A resistência à compressão do concreto é um fenômeno
aleatório natural de tendência central, portanto, a Curva de Gauss é uma boa ferramenta
matemática para avaliação de riscos. Mas, primeiramente, é importante definir alguns
conceitos. Então vamos lá:

- Fenômeno natural: todo fenômeno governado por leis da natureza, ou seja, leis da física e
da química. Por exemplo: velocidade das moléculas de água dentro de um copo, altura das
pessoas, peso das pessoas, resistência do concreto, etc. Fenômeno não natural (ou social)
é todo aquele governado por decisões humanas. Por exemplo: Salário de presidentes de
empresas privadas, riqueza pessoal, taxa de suicídios entre adolescentes, etc.

- Variável aleatória: toda variável cujas alterações são resultantes da influência de vários
fenômenos agindo de modo independente ao mesmo tempo.

- Variável de tendência central: toda variável cujos valores tendem para um valor médio
sendo os desvios, em relação à média, na maioria das vezes relativamente pequenos.

- Avaliação de riscos: cálculo da probabilidade de ocorrência de um evento indesejável.


Por exemplo: Probabilidade de ser atingido por um raio, probabilidade de um jovem de 18
anos do sexo masculino estudante de engenharia civil bater o carro a cada ano,
probabilidade de uma betonada de concreto resultar numa resistência inferior à metade da
esperada, etc.

Um modo de descrever o comportamento probabilístico de eventos aleatórios é fazendo a


distribuição gráfica da ocorrência dos eventos na forma de um gráfico de barras verticais
conforme mostra a figura 1. Neste exemplo a categoria altura foi dividida entre 7 intervalos e
os todos os alunos foram classificados conforme suas alturas em um desses intervalos.
Essa classificação, ou seja, a computação do número de eventos (eixo y) ocorridos em
cada categoria (eixo x) é denominada de distribuição, pois é uma forma de distribuir, neste
caso, distribuir os resultados conforme a regra criada para classificá-los. Este tipo de
distribuição chama-se distribuição descontínua, porque qualquer dado “cabe” dentro de
um intervalo relativamente grande (não infinitesimal). Esses intervalos são como gavetas de
um armário onde as coisas são organizadas conforme seu tamanho. Se distribuirmos os
dados em intervalos infinitesimais, então a distribuição será denominada contínua.

44

22
18

8
5
1 2

131-140 141-150 151-160 161-170 171-180 181-190 191-200


Altura (cm)

Figura 1 – Distribuição do número de alunos de uma classe com 100 exemplares conforme a altura

22
Veja que, sendo a altura uma variável aleatória natural de tendência central, a maioria dos
alunos (44 %) possui altura entre 161 e 170 cm, intervalo que também deve conter o valor
médio da altura dos alunos. Observe também, pelo mesmo motivo, que não há nenhum
aluno com altura de na faixa de 1 milímetro ou com 10 km de altura. Em fenômenos não
naturais (sociais), como por exemplo, fenômenos econômicos, distribuições alargadas são
muito comuns.

O mesmo conjunto de dados do exemplo anterior pode ser distribuído em intervalos um


pouco menores, como mostra a figura 2. Observe como o desenho formado pela união das
colunas lembra a forma de um sino (ou chapéu). Podemos ir construindo outros gráficos com
intervalos cada vez menores se tivermos número suficiente de eventos para distribuir nos
intervalos. Imagine que ao invés da amostra do exemplo anterior estivéssemos trabalhando
com uma amostra de 100.000 estudantes brasileiros matriculados em um curso superior e
os intervalos de altura fossem de 1 mm. Então, um determinado exemplar, por exemplo um
certo aluno chamado João da Silva, se tivesse 1765 mm de altura, seria esse dado colocado
no intervalo que coubesse esse valor.

Figura 2 – Mesmos dados distribuídos em intervalos menores

Note que, quanto menor o intervalo, menor a porcentagem relativa do mesmo. Numa
distribuição com intervalos infinitesimais (contínua), a porcentagem de cada intervalo é
também infinitesimal e, desse modo, perde o sentido físico. No entanto, numa distribuição
com intervalos infinitesimais podemos, ao invés de perguntar o número de eventos dentro
daquele intervalo infinitesimal (que é aproximadamente zero), podemos perguntar qual o
número de eventos que está compreendido entre um conjunto de intervalos infinitesimais.
Por exemplo, qual o número de alunos com altura de no máximo 150 cm? Repare que na
figura 2 cada quadrado representa um exemplar, ou seja, um aluno. Logo a soma das
alturas das colunas dos intervalos que contêm os exemplares que satisfazem os quesitos da

23
pergunta corresponde ao número de alunos, e a resposta é 6, ou seja, como a amostra
possui 100 alunos, 6 % do número total de alunos possuem altura de no máximo 150 cm.

O exemplo da figura 2 foi proposto com uma amostra de 100 exemplares para facilitar a
compreensão. Entretanto, se a amostra tivesse, por exemplo, 200 exemplares, a curva teria
a mesma forma, a diferença é que seriam 200 quadrados, cada um deles representando um
exemplar. Do mesmo modo a amostra poderia ser formada por 758 exemplares e abaixo da
curva seriam então 758 quadrados, cada um representando um exemplar, ou qualquer outro
número. O que se pode perceber é que a área total abaixo da curva é formada pela soma de
todos os quadrados (toda a amostra), cada quadrado representando um exemplar. A
contagem do número de quadrados em um certo intervalo, dividido pelo total de exemplares,
vezes 100, dá a freqüência de valores nesse intervalo.

Em função dessa interpretação, ao invés de plotarmos a altura das colunas como número de
exemplares, podemos plotá-las em termos de porcentagem da amostra (freqüência), ou
como relação unitária, o que é mais comum. Desse modo, se a freqüência em um certo
intervalo (coluna ou soma de colunas) for, por exemplo, 0,23, isso significa que 23 % dos
eventos se dão com valores dentro de tal intervalo. A soma das freqüências de todas as
colunas de um mesmo gráfico dará sempre 1, ou seja, 100 %. Observe que até agora
estamos falando somente de gráficos de colunas.

Se os intervalos forem infinitesimais ainda assim o conjunto de colunas de largura


infinitesimal definirá um desenho na forma de sino. Essa forma pode ser descrita
matematicamente de vários modos. A equação preferida é da Curva de Gauss, porque é
relativamente simples, e também porque utiliza como coeficientes para particularização de
uma determinada amostra somente dois números. Esses números são a média de valores
da amostra e um índice de desvio, um número que representa a tendência apresentada pelo
fenômeno em desviar-se de sua média. Esse índice é denominado de desvio-padrão e tem
como origem histórica a Curva de Gauss. A função matemática que descreve a Curva de
Gauss, chamada de função densidade de probabilidade, possui a seguinte configuração:

( x − µ )2
1 −
f ( x) = e 2σ 2

σ 2π
onde:
f(x) = densidade de probabilidade (1) de eventos de valor x
µ = média da população;
σ = desvio-padrão da população.
(1)
Observação: Densidade de probabilidade não é o mesmo que
probabilidade (freqüência). Não há um sentido intuitivo para essa variável. A
probabilidade (freqüência) de ocorrência de eventos de valores dentro do
intervalo entre x e x + ∆x é de aproximadamente f(x).(x + ∆x), ou seja, a área
abaixo da curva entre x e x + ∆x.

Veja como é simples. Basta conhecer a média de uma população e sua tendência de desvio
em relação à média para podermos construir uma equação matemática que descreve a
ocorrência de eventos em qualquer intervalo não muito distante da média. Ou seja, basta o
valor da média e do desvio-padrão para podermos calcular probabilidades, calcular os riscos
de ocorrência de eventos indesejáveis. E melhor, não é preciso um número elevado de
dados para construir a equação. Com uns poucos resultados tem-se uma boa aproximação.
Quanto maior o número de dados melhor será a equação que descreve um fenômeno

24
particular. Com 30 resultados (tamanho de uma amostra) a precisão se torna praticamente
igual àquela conseguida com todo o universo (todos os eventos de um fenômeno analisado).

A Curva de Gauss não surgiu por acaso. Os matemáticos (não foi somente Gauss)
procuravam por uma equação que tivesse a forma de sino e que pudesse descrever a
distribuição estatística dos valores de um fenômeno aleatório a partir de sua média e de sua
tendência de desvio em relação à média. Conseguiu-se encontrar uma equação
relativamente simples, particularizada através da média “µ” e do índice “σ” que é função da
dispersão dos valores. Verificou-se que o índice “σ” poderia ser obtido a partir de uma
amostra que tivesse pelo menos de 30 resultados usando a seguinte equação:

( x1 − x ) 2 + ( x 2 − x ) 2 + ( x3 − x ) 2 + L + ( x n − x ) 2
σ=
n

onde:
x1 , x 2 , x3 , L, x n = valores de cada exemplar;
x = valor médio;
n = número de exemplares.

Esse valor “σ” é denominado de desvio-padrão da população. Se a amostra contiver


menos que 30 exemplares, então o desvio-padrão será chamado de desvio-padrão da
amostra, representado pela letra “S”, sendo seu valor obtido através da seguinte equação:

( x1 − x ) 2 + ( x 2 − x ) 2 + ( x3 − x ) 2 + L + ( x n − x ) 2
S=
n −1

A figura 3 mostra como o gráfico da função densidade de probabilidade pode ser utilizado
para cálculo de probabilidades. Note que para um certo fenômeno de média “µ” a
probabilidade de ocorrência de eventos com valores entre µ-2σ e µ+2σ é de 95,4%, pois a
área abaixo da curva entre esses valores de x é de 95,4 % da área total abaixo da curva que
representa a totalidade de eventos. Por exemplo, imagine que a média de altura de alunos
seja 170 cm e o desvio-padrão das alturas seja de 10 cm. Então, podemos afirmar que 95,4
% dos alunos possuirão alturas entre 150 e 190 cm. Ou podemos afirmar que somente 4,6
% dos alunos (100 % - 95,4 %) possuem alturas menores que 150 cm (µ-2σ) e maiores que
190 cm (µ+2σ). Ainda que somente 2,3 % dos alunos (4,6 % ÷ 2) possuem alturas menores
que 150 cm ou que somente 2,3 % dos alunos possuem alturas maiores que 190 cm. Do
mesmo modo podemos dizer que 68,3 % dos alunos possuirão alturas entre 160 cm (µ-1σ) e
180 cm (µ+1σ). Essa é uma propriedade da Curva de Gauss, não importa se a tendência de
desvio do fenômeno, em relação à média, é pequeno ou grande.

Figura 3 – Porcentagens das áreas abaixo da curva para intervalos entre + 1 σ e + 2 σ.

25
A figura 4 (a) mostra duas distribuições com médias diferentes, mas de mesmo desvio-
padrão. Poderia ser, por exemplo, a distribuição dos alunos do sexo feminino cuja média
seria µ1 e dos alunos do sexo masculino cuja média seria µ2. Em média os dois grupos,
separados por sexo, possuem alturas médias diferentes, mas ambos possuem desvios em
relação à média semelhantes. Esse é um exemplo bem próximo da realidade. A figura 4 (b)
mostra a distribuição de valores de três grupos de mesma média, mas com tendências de
desvios em relação à média diferentes. Um exemplo poderia ser a distribuição da variável
tamanho de pães produzidos por 3 diferentes fábricas de pães de fôrma. A fábrica com
melhor controle sobre a produção (melhor qualidade) possui um σ pequeno, enquanto a
fábrica com controle de qualidade ruim irá apresentar um σ grande.

a) Médias diferentes e desvios-padrão iguais. b) Médias iguais e desvios-padrão diferentes.


Figura 4 – Curvas de Gauss de diferentes amostras caracterizadas por suas médias e desvios-
padrão.

Percebe-se então que, para calcular probabilidades relacionadas a um fenômeno aleatório


que segue a distribuição de Gauss, basta calcular a área abaixo da curva de Gauss do
fenômeno, no intervalo de interesse. Seria fácil se a função de Gauss fosse integrável, mas
não é, pelo menos não por métodos matemáticos convencionais. Uma boa solução é utilizar
a capacidade dos computadores em realizar cálculos simples com grande rapidez. Para
calcular a área abaixo em um certo intervalo de interesse é só dividir essa área em vários
trapézios de altura de altura diminuta ∆x e fazer a soma. Quanto menor o ∆x maior precisão
se obtêm para o cálculo da área. Mas em tratando-se de cálculos probabilísticos precisão é
algo que não faz muito sentido. O que importa é que atualmente podemos fazer uma rotina
simples com uma planilha eletrônica para efetuar esses cálculos. Mas antigamente isso não
era possível. Para resolver o problema os matemáticos criaram um artifício. Inventaram a
Curva de Gauss Padronizada, ou Curva Normal de Probabilidade, ou simplesmente
Curva Normal.

A Curva Normal é uma curva de distribuição de um fenômeno abstrato qualquer cuja média
de valores é igual a zero e o desvio-padrão é igual a 1. Desse modo, o cálculo da área
abaixo da curva pode ser calculado em termos de quantidades de quadrados de lado σ, ou
seja, um quadrado desses mede 1 σ2. Unidades de medida podem ser polegadas, pés,
centímetros, km, etc., ou simplesmente sigma. Imagine um ladrilho cerâmico cujo lado mede
1 sigma. Imagine que você viva num país imaginário e a unidade de medida é o sigma (é
como o metro). Então o ladrilho cerâmico possui área de 1 sigma quadrado, ou 1 σ2.

O desvio-padrão ao quadrado, ou σ2, é chamado de variância. A área abaixo da curva de -∞


a +∞ em uma curva normal possui área de 1 σ2. Logo, se você souber a área abaixo da
curva normal em termos de frações de 1 σ2 , em qualquer intervalo de interesse em termos
de número de sigmas, você saberá automaticamente a freqüência de ocorrência de eventos
com valores nesse intervalo. A figura 5 mostra as Curvas de Gauss de quatro diferentes
amostras onde há diferenças em termos de médias e variâncias. Note que uma das
distribuições é a distribuição normal, pois possui a média igual a zero e o desvio-padrão
26
igual a 1. Na figura 6 vê-se a Curva Normal plotada de tal forma que o eixo da densidade de
probabilidade possui a dimensão igual a 1, ou 1 sigma. A escala dos dois eixos é de 0,1, ou
seja, cada quadrado possui lado de tamanho 0,1. Logo, a área abaixo da curva de - ∞ a + ∞
possui 100 quadrados.

Figura 5 – Curvas de Gauss de diferentes médias e variâncias.

1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
-3 -2 -1 0 1 2 3

Figura 6 – Curva normal com eixo das ordenadas de dimensão igual a 1 desvio-padrão.

Se podemos saber a freqüência de ocorrência de eventos de um fenômeno abstrato de


média µ = 0 e σ = 1 simplesmente contando os quadrados abaixo da curva dentro do
intervalo de interesse, podemos utilizar essa mesma curva para calcular a freqüência
provável de qualquer outra amostra com µ ≠ 0 e σ ≠ 1, desde que a amostra possua
distribuição na forma de sino, fazendo a padronização da variável x. Ou seja, passamos a
expressar a variável x em termos de desvio em relação à média, na forma de número de
desvios-padrão da própria amostra. Essa padronização é feita do seguinte modo:

Troca-se os valores de x pelo valor padronizado z fazendo:

xi − µ
zi =
σ
Por exemplo, caso se queira saber a freqüência provável de ocorrência de um evento de
valor entre x1 = 1,8 e x2 = 2,5 se a média da amostra é 2 e seu desvio-padrão é 0,71. Para
isso calcula-se as variáveis padronizadas z1 e z2 fazendo:

1,8 − 2 2,5 − 2
z1 = = −0,28 e z2 = = +0,70
0,71 0,71

27
A freqüência provável de ocorrência de um evento de valor entre x1 = 1,8 e x2 = 2,5 será a
mesma freqüência provável de ocorrência de um evento de valor entre z1 =-0,28 e z2 =+0,70
, que é facilmente obtido da curva normal. Mas não é preciso ter uma curva normal plotada
em um grande papel milimetrado e contar quadradinhos toda vez que precisar calcular uma
freqüência provável. Desde o começo, quando ainda não haviam computadores, os
matemáticos construíram as tabelas mostradas nas figuras 1 e 2 que contêm as freqüências
acumuladas entre -∞ e zi. Na tabela 1 estão as freqüências acumuladas para os casos em
que zi for negativo e na tabela 2 quando for positivo. Resultado do exemplo será 36,83 %.

Tabela 1 – Valores tabelados da freqüência acumulada da curva normal para valores de zi < 0.

P(z < zi) quando zi < 0

xi − µ
zi =
σ

Zi -0 - 0,01 - 0,02 - 0,03 - 0,04 - 0,05 - 0,06 - 0,07 - 0,08 - 0,09


- 0,0 0,5 0,4960 0,4920 0,4880 0,4840 0,4801 0,4761 0,4721 0,4681 0,4641
- 0,1 0,4602 0,4562 0,4522 0,4483 0,4443 0,4404 0,4364 0,4325 0,4286 0,4247
- 0,2 0,4207 0,4168 0,4129 0,4090 0,4052 0,4013 0,3974 0,3936 0,3897 0,3859
- 0,3 0,3821 0,3783 0,3745 0,3707 0,3669 0,3632 0,3594 0,3557 0,3520 0,3483
- 0,4 0,3446 0,3409 0,3373 0,3336 0,3300 0,3264 0,3228 0,3192 0,3156 0,3121
- 0,5 0,3086 0,3050 0,3015 0,2981 0,2946 0,2912 0,2878 0,2844 0,2810 0,2776
- 0,6 0,2743 0,2709 0,2676 0,2644 0,2611 0,2579 0,2546 0,2514 0,2483 0,2451
- 0,7 0,2420 0,2389 0,2358 0,2327 0,2297 0,2267 0,2237 0,2207 0,2177 0,2148
- 0,8 0,2119 0,2090 0,2061 0,2033 0,2005 0,1977 0,1949 0,1922 0,1895 0,1868
- 0,9 0,1841 0,1814 0,1788 0,1762 0,1736 0,1711 0,1686 0,1661 0,1636 0,1611
- 1,0 0,1587 0,1563 0,1539 0,1515 0,1492 0,1469 0,1446 0,1424 0,1401 0,1379
- 1,1 0,1357 0,1335 0,1314 0,1293 0,1272 0,1251 0,1231 0,1210 0,1190 0,1171
- 1,2 0,1151 0,1132 0,1113 0,1094 0,1075 0,1057 0,1039 0,1021 0,1003 0,0986
- 1,3 0,0969 0,0952 0,0935 0,0918 0,0902 0,0886 0,0870 0,0854 0,0839 0,0823
- 1,4 0,0808 0,0793 0,0779 0,0764 0,0750 0,0736 0,0722 0,0708 0,0695 0,0682
- 1,5 0,0669 0,0656 0,0643 0,0631 0,0618 0,0606 0,0594 0,0583 0,0571 0,0560
- 1,6 0,0549 0,0538 0,0527 0,0516 0,0506 0,0495 0,0485 0,0475 0,0466 0,0456
- 1,7 0,0446 0,0437 0,0428 0,0419 0,0410 0,0401 0,0393 0,0384 0,0376 0,0368
- 1,8 0,0360 0,0352 0,0345 0,0337 0,0330 0,0322 0,0315 0,0308 0,0301 0,0295
- 1,9 0,0288 0,0282 0,0275 0,0269 0,0263 0,0257 0,0251 0,0245 0,0239 0,0234
- 2,0 0,0228 0,0223 0,0218 0,0213 0,0208 0,0203 0,0198 0,0193 0,0188 0,0184
- 2,1 0,0180 0,0175 0,0171 0,0167 0,0163 0,0159 0,0155 0,0151 0,0147 0,0144
- 2,2 0,0140 0,0136 0,0133 0,0130 0,0126 0,0123 0,0120 0,0117 0,0114 0,0111
- 2,3 0,0108 0,0105 0,0103 0,0100 0,0097 0,0095 0,0092 0,0090 0,0087 0,0085
- 2,4 0,0083 0,0081 0,0079 0,0076 0,0074 0,0072 0,0070 0,0068 0,0067 0,0065
- 2,5 0,0063 0,0061 0,0060 0,0058 0,0056 0,0055 0,0053 0,0052 0,0050 0,0049
- 2,6 0,0048 0,0046 0,0045 0,0044 0,0042 0,0041 0,0040 0,0039 0,0038 0,0037
- 2,7 0,0036 0,0035 0,0034 0,0033 0,0032 0,0031 0,0030 0,0029 0,0028 0,0027
- 2,8 0,0027 0,0026 0,0025 0,0024 0,0024 0,0023 0,0022 0,0022 0,0021 0,0020
- 2,9 0,0020 0,0019 0,0018 0,0018 0,0017 0,0017 0,0016 0,0016 0,0015 0,0015
- 3,0 0,0014 0,0014 0,0014 0,0013 0,0013 0,0012 0,0012 0,0012 0,0011 0,0011
- 3,1 0,0011 0,0010 0,0010 0,0010 0,0009 0,0009 0,0009 0,0009 0,0008 0,0008
- 3,2 0,0008 0,0008 0,0007 0,0007 0,0007 0,0007 0,0007 0,0006 0,0006 0,0006
- 3,3 0,0006 0,0006 0,0005 0,0005 0,0005 0,0005 0,0005 0,0005 0,0005 0,0004
- 3,4 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0003 0,0003

28
Tabela 2 – Valores tabelados da freqüência acumulada da curva normal para valores de zi > 0.

P(z < zi) quando zi > 0

xi − µ
zi =
σ

Zi 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09


0,0 0,5 0,5040 0,5080 0,5120 0,5160 0,5199 0,5239 0,5279 0,5319 0,5359
0,1 0,5398 0,5438 0,5478 0,5517 0,5557 0,5596 0,5636 0,5675 0,5714 0,5753
0,2 0,5793 0,5832 0,5871 0,5910 0,5948 0,5987 0,6026 0,6064 0,6103 0,6141
0,3 0,6179 0,6217 0,6255 0,6293 0,6331 0,6368 0,6406 0,6443 0,6480 0,6517
0,4 0,6554 0,6591 0,6627 0,6664 0,6700 0,6736 0,6772 0,6808 0,6844 0,6879
0,5 0,6914 0,6950 0,6985 0,7019 0,7054 0,7088 0,7122 0,7156 0,7190 0,7224
0,6 0,7257 0,7291 0,7324 0,7356 0,7389 0,7421 0,7454 0,7486 0,7517 0,7549
0,7 0,7580 0,7611 0,7642 0,7673 0,7703 0,7733 0,7763 0,7793 0,7823 0,7852
0,8 0,7881 0,7910 0,7939 0,7967 0,7995 0,8023 0,8051 0,8078 0,8105 0,8132
0,9 0,8159 0,8186 0,8212 0,8238 0,8264 0,8289 0,8314 0,8339 0,8364 0,8389
1,0 0,8413 0,8437 0,8461 0,8485 0,8508 0,8531 0,8554 0,8576 0,8599 0,8621
1,1 0,8643 0,8665 0,8686 0,8707 0,8728 0,8749 0,8769 0,8790 0,8810 0,8829
1,2 0,8849 0,8868 0,8887 0,8906 0,8925 0,8943 0,8961 0,8979 0,8997 0,9014
1,3 0,9031 0,9048 0,9065 0,9082 0,9098 0,9114 0,9130 0,9146 0,9161 0,9177
1,4 0,9192 0,9207 0,9221 0,9236 0,9250 0,9264 0,9278 0,9292 0,9305 0,9318
1,5 0,9331 0,9344 0,9357 0,9369 0,9382 0,9394 0,9406 0,9417 0,9429 0,9440
1,6 0,9451 0,9462 0,9473 0,9484 0,9494 0,9505 0,9515 0,9525 0,9534 0,9544
1,7 0,9554 0,9563 0,9572 0,9581 0,9590 0,9599 0,9607 0,9616 0,9624 0,9632
1,8 0,9640 0,9648 0,9655 0,9663 0,9670 0,9678 0,9685 0,9692 0,9699 0,9705
1,9 0,9712 0,9718 0,9725 0,9731 0,9737 0,9743 0,9749 0,9755 0,9761 0,9766
2,0 0,9772 0,9777 0,9782 0,9787 0,9792 0,9797 0,9802 0,9807 0,9812 0,9816
2,1 0,9820 0,9825 0,9829 0,9833 0,9837 0,9841 0,9845 0,9849 0,9853 0,9856
2,2 0,9860 0,9864 0,9867 0,9870 0,9874 0,9877 0,9880 0,9883 0,9886 0,9889
2,3 0,9892 0,9895 0,9897 0,9900 0,9903 0,9905 0,9908 0,9910 0,9913 0,9915
2,4 0,9917 0,9919 0,9921 0,9924 0,9926 0,9928 0,9930 0,9932 0,9933 0,9935
2,5 0,9937 0,9939 0,9940 0,9942 0,9944 0,9945 0,9947 0,9948 0,9950 0,9951
2,6 0,9952 0,9954 0,9955 0,9956 0,9958 0,9959 0,9960 0,9961 0,9962 0,9963
2,7 0,9964 0,9965 0,9966 0,9967 0,9968 0,9969 0,9970 0,9971 0,9972 0,9973
2,8 0,9973 0,9974 0,9975 0,9976 0,9976 0,9977 0,9978 0,9978 0,9979 0,9980
2,9 0,9980 0,9981 0,9982 0,9982 0,9983 0,9983 0,9984 0,9984 0,9985 0,9985
3,0 0,9986 0,9986 0,9986 0,9987 0,9987 0,9988 0,9988 0,9988 0,9989 0,9989
3,1 0,9989 0,9990 0,9990 0,9990 0,9991 0,9991 0,9991 0,9991 0,9992 0,9992
3,2 0,9992 0,9992 0,9993 0,9993 0,9993 0,9993 0,9993 0,9994 0,9994 0,9994
3,3 0,9994 0,9994 0,9995 0,9995 0,9995 0,9995 0,9995 0,9995 0,9995 0,9996
3,4 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9997 0,9997

29
5 – O CONTROLE DE QUALIDADE DO CONCRETO
5.1. CONCEITO DE RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA DO CONCRETO – fck

Quando construímos uma estrutura, o fazemos baseados em uma expectativa de


durabilidade e segurança. Podemos construir estruturas para durar 10 anos ou 1000 anos,
mas quanto maior a exigência de durabilidade e menores forem os riscos admitidos, maiores
serão os custos da obra. A essência da engenharia é estabelecer o equilíbrio custo
admissível x segurança admissível. A engenharia utiliza as ferramentas da estatística para
projetar as estruturas e controlar a execução das obras de tal forma que esse equilíbrio se
mantenha.

A resistência à compressão do concreto é uma variável aleatória de tendência central. Logo,


os resultados dos ensaios de resistência à compressão de corpos-de-prova moldados
durante uma produção possuem distribuição de freqüências que aderem à Curva de Gauss.
Assim, a Curva de Gauss pode ser utilizada para estimar os riscos de uma produção de
concreto não atingir a resistência necessária ao bom desempenho de uma estrutura. Desse
modo é possível especificar as características de um traço do concreto de acordo com os
riscos que aceitamos correr. Também podemos, após realizada a produção, verificar se o
volume total produzido atende às especificações.

A Resistência Característica à Compressão do Concreto (fck) é o valor, segundo a


Curva de Gauss de Distribuição das Resistências, em relação a qual a probabilidade de
existência de valores mais baixos é de 5 %. Esse valor estatístico é que é especificado como
resistência à compressão do projeto. A Resistência Média (fc), relaciona-se com o fck
segundo a expressão:

fck = fc – 1,65.Sn
onde,
fck = Resistência característica à compressão do concreto em MPa;
fc = Resistência média à compressão do concreto em MPa;
Sn = Desvio-padrão (da população se n ≥ 30 exemplares ou da amostra se n < 30).

Observação: Costuma-se também incluir a letra “j” para indicar que a resistência se refere a
uma certa idade de “j” dias. Por exemplo, a resistência média fcj, aos 28 dias, é representada
pelo símbolo fc28.

A figura 1 ilustra um caso hipotético de produção de concreto cuja resistência média aos 28
dias resultou em fcj = 29 MPa, teve desvio-padrão Sn = 5,5 MPa e sua resistência
característica foi exatamente igual ao valor especificado em projeto, ou seja, fck = 20 MPa.

Figura 1 – Distribuição de freqüência de resistências em que o fck = 20 MPa, Sn = 5,5 MPa e fcj = 29 MPa.

30
Resistência de Dosagem (fcd) é a resistência média especificada à compressão do
concreto, que relaciona-se com o fck segundo a expressão:

fcd = fck + 1,65.Sd sendo que: Sd = Kn.Sn


onde,
fcd = Resistência média especificada à compressão do concreto em MPa;
fck = Resistência característica à compressão do concreto em MPa;
Sd = Desvio-padrão de dosagem.

O Kn possui o seguinte valor, mostrado na tabela 1, em função do número “n” de


exemplares utilizado para o calculo do desvio-padrão da produção:

Tabela 1 – Kn em função do número de exemplares do cálculo de desvio-padrão da produção


n 20 25 30 50 200
Kn 1,35 1,30 1,25 1,20 1,10

A resistência média especificada, como vimos, é um valor calculado em função de um valor


adotado de desvio-padrão de dosagem, que por sua vez deve ser maior que o desvio-
padrão esperado da produção. Se tudo correr conforme o esperado, a resistência média do
concreto produzido ficará próxima da média especificada e a resistência característica
resultante (fckest) será maior que a resistência característica de projeto (fck).

O uso da tabela 3 existia na antiga NBR 6118 (1978) que a suprimiu em função da
responsabilidade pelos critérios de dosagem e controle de qualidade do concreto terem
passado totalmente para a NBR 12655 (2006). Entretanto essa norma falha ao prescrever a
utilização do valor do desvio-padrão simples quando deve utilizar o limite superior da faixa
de desvios-padrão prováveis referente à amostra estudada.

A figura 2 ilustra a distribuição de freqüências de um caso hipotético em que a resistência


característica estimada do lote é maior que a resistência característica especificada. E é
assim mesmo que tem que ser pois, se programarmos para produzir concretos cujo fck
esperado seja igual ao fck de projeto erraremos em 50 % dos casos.

Figura 2 – fckest = 25 MPa é maior que o fck de projeto que é 20 MPa.

31
Exercícios:

I - Certa usina de concreto produz um concreto de resistência à compressão média aos 28


dias de 25 MPa. O desvio-padrão estimado de seu processo de produção é de 3 MPa.
Considerando o desvio-padrão estimado como o desvio-padrão da produção determine o
valor da resistência característica desse concreto (fck), ou seja, a resistência para a qual 5%
dos resultados sejam menores que ele. Faça isso utilizando a tabela de freqüências da
Curva Normal.

II - Com os mesmos dados do problema anterior, mas um desvio-padrão de 5 MPa,


determine o fck.

III - Duas concreteiras A e B produzem concreto de fck = 20 MPa, mas a Concreteira A


possui desvio-padrão de 3 MPa e a Concreteira B de 7 MPa. Pergunta-se:
a) Qual a resistência média dos concretos produzidos por cada uma das usinas?
b) Qual concreteira gasta mais cimento para produzir concreto de fck = 20 MPa?
c) Qual a melhor concreteira sob o ponto de vista do consumidor?
d) Determine o valor da resistência à compressão para a qual 1 % dos resultados sejam
menores que ele.

IV - Dada uma produção de concreto de fck = 20 MPa e desvio-padrão de 5 MPa, determine


o valor de cálculo da resistência do concreto após utilizar o coeficiente de minoração do
concreto γc = 1,4 e calcule a probabilidade de ocorrência de betonadas com concretos de
resistência menor que a resistência de cálculo.

Observação:
Numa produção industrial define-se como lote toda uma quantidade do produto produzido,
quantidade esta que poderá ser aceita ou rejeitada pelo controle de qualidade conforme
demonstre estar conforme ou não conforme com os padrões estipulados pela fábrica. O
tamanho do lote depende da variabilidade do processo, dos custos de controle e dos custos
de rejeição. Uma amostra é um conjunto de exemplares (eventos) que representa um lote.

32
5.2. O CONTROLE DE ACEITAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO SEGUNDO A
NORMA NBR 12.655 (2006)

A norma NBR 12655 (2006) trata do preparo, controle e recebimento do concreto. No


texto a seguir extraímos os conteúdos mais importantes, especialmente os que tratam do
controle de aceitação. O texto e as numerações são os mesmos da NBR 12.655 (2006), não
possuindo relação com as numerações da apostila. O formato de letra monotype corsiva delimita
a parte da apostila cujos textos foram extraídos integralmente da NBR 12655 (2006).

(início)
. . . 5.6.3.1 – Condições de preparo do concreto

O cálculo da resistência de dosagem do concreto depende, entre outras variáveis, da condição de preparo do concreto,
definidas a seguir:

a) condição A (aplicável às classes C10 até C80); o cimento e os agregados são medidos em massa, a água de
amassamento é medida em massa ou volume com dispositivo dosador e corrigida em função da umidade dos
agregados;

b) condição B:
- aplicável às classes C10 até C25: o cimento é medido em massa, a água de amassamento é medida em volume
mediante dispositivo dosador e os agregados medidos em massa combinada com volume, de acordo com o exposto
em 5.4;

- aplicável às classes C10 até C20: o cimento é medido em massa, a água de amassamento é medida em volume
mediante dispositivo dosador e os agregados medidos em volume. A umidade do agregado miúdo é determinada
pelo menos três vezes durante o serviço do mesmo turno de concretagem. O volume de agregado miúdo é
corrigido através da curva de inchamento estabelecida especificamente para o material utilizado;

c) condição C (aplicável apenas aos concretos de classe C10 e C15): o cimento é medido em massa, os agregados são
medidos em volume, a água de amassamento é medida em volume e sua quantidade é corrigida em função da
estimativa da umidade dos agregados e da determinação da consistência do concreto, conforme disposto na
ABNT NBR NM 67 ou outro método normalizado.

. . . 5.6.3.3 Concreto com desvio-padrão desconhecido

No início da obra, ou em qualquer outra circunstância em que não se conheça o valor do desvio-padrão Sd, deve-se
adotar para o cálculo da resistência de dosagem o valor apresentado na tabela 6,de acordo com a condição de preparo
(ver 5.6.3.1), que deve ser mantida permanentemente durante a construção.

Tabela 6 – desvio-padrão a ser adotado em função da condição de preparo do concreto


Condição de preparo do concreto Desvio-padrão de dosagem (MPa)
A 4,0
B 5,5
C (1) 7,0
(1) Para a condição de preparo C, e enquanto não se conhece o desvio-padrão, exige-se para os concretos de classe

C15 o consumo mínimo de 350 Kg de cimento por metro cúbico de concreto.

. . . 6.2 – Ensaios de resistência à compressão

Os resultados dos ensaios de resistência, conforme a NBR 5739, realizados em amostras formadas como descrito em
6.2.1 e 6.2.2, devem ser utilizados para aceitação ou rejeição dos lotes.

33
6.2.1 Formação de lotes

A amostragem do concreto para ensaios de resistência à compressão deve ser feita dividindo-se a estrutura em lotes que
atendam a todos os limites da tabela 7. De cada lote deve ser retirada uma amostra, com número de exemplares de
acordo com o tipo de controle (ver 6.2.3).

Tabela 7 – Valores para a formação de lotes de concreto


Solicitação principal dos elementos da estrutura
Limites superiores
Compressão ou compressão e flexão Flexão simples
Volume de concreto 50 m3 100 m3
Número de andares 1 1
Tempo de concretagem 3 dias de concretagem (1)
(1) Este período deve estar compreendido no prazo total máximo de 7 dias, que inclui eventuais interrupções

para tratamento de juntas.

6.2.2 Amostragem

As amostras devem ser coletadas aleatoriamente durante a operação de concretagem, conforme a NBR NM 33. Cada
exemplar é constituído por dois corpos-de-prova da mesma amassada, conforme a NBR 5738, para cada idade de
rompimento, moldados no mesmo ato. Toma-se como resistência do exemplar o maior dos dois valores obtidos no ensaio
do exemplar.

6.2.3 Tipos de controle da resistência do concreto

Consideram-se dois tipos de controle de resistência: o controle estatístico por amostragem parcial e o controle do
concreto por amostragem total. Para cada um destes tipos é prevista uma forma de cálculo do valor estimado da
resistência característica, fckest , dos lotes de concreto.

6.2.3.1 Controle estatístico do concreto por amostragem parcial

Para este tipo de controle, em que são retirados exemplares de algumas betonadas de concreto, as amostras devem ser
de no mínimo 6 exemplares para os concretos do Grupo I (classes até C50, inclusive) e 12 exemplares para os concretos
do Grupo II (classes superiores a C50), conforme define a NBR 8953:

a) para lotes com números de exemplares 6 ≤ n < 20, o valor estimado da resistência característica à
compressão (fckest), na idade especificada, é dado por:

2.( f 1 + f 2 + L + f m−1 )
fck est = − fm
m −1

n
onde: m= . Despreza-se o valor mais alto de n, se for ímpar;
2

f1, f2, . . . , fm = valores das resistências dos exemplares, em ordem crescente.

Não se deve tomar para fckest valor menor que Ψ6.f1, adotando-se para Ψ6 os valores da tabela 8, em função da
condição de preparo do concreto e do número de exemplares da amostra, admitindo-se interpolação linear.
b) para lotes com número de exemplares n ≥ 20:

fckest = fcm – 1,65 . Sd

onde:
fcm é a resistência média dos exemplares do lote, em megapascals;

34
Sd é o desvio-padrão da amostra de n elementos, calculado com um grau de liberdade a menos [(n-1) no
denominador da fórmula] em megapascals.

Tabela 8 – Valores de Ψ6
Condição de Número de exemplares ( n )
preparo 2 3 4 5 6 7 8 10 12 14 ≥ 16
A 0,82 0,86 0,89 0,91 0,92 0,94 0,95 0,97 0,99 1,00 1,02
B ou C 0,75 0,80 0,84 0,87 0,89 0,91 0,93 0,96 0,98 1,00 1,02
Nota – Os valores de n entre 2 e 5 são empregados para os casos excepcionais (ver 7.2.3.3).

6.2.3.2 Controle do concreto por amostragem total (100%)

Consiste no ensaio de exemplares de cada amassada de concreto e aplica-se a casos especiais, a critério do responsável
técnico pela obra (ver 4.4). Neste caso não há limitação para o número de exemplares do lote e o valor estimado da
resistência característica é dado por:

a) para n ≤ 20, fckest = f1;

b) para n > 20, fckest = fi.

onde:

i = 0,05 n. Quando o valor de i for fracionário, adota-se o número inteiro imediatamente superior.

6.2.3.3 Casos excepcionais

Pode-se dividir a estrutura em lotes correspondentes a no máximo 10 m3 e amostrá-los com número de exemplares entre
2 e 5. Nestes casos, denominados excepcionais, o valor estimado da resistência característica é dado por:

fckest = Ψ6 . f1

onde: Ψ6 é dado pela tabela 8, para os números de exemplares entre 2 a 5.

6.2.4 Aceitação ou rejeição dos lotes de concreto

Os lotes de concreto devem ser aceitos, quando o valor estimado da resistência característica, calculado conforme 6.2.3,
satisfizer a relação:

fckest ≥ fck

Em caso de existência de não-conformidade, devem ser obedecidos os critérios estabelecidos na NBR 6118.

7 Recebimento do concreto

O concreto deve ser recebido, desde que atendidas todas as condições estabelecidas nesta norma.

Em caso de existência de não-conformidade, devem ser obedecidos os critérios estabelecidos na NBR 6118.

(fim)

35
5.3 ESTRATÉGIAS PARA O PLANO DE AMOSTRAGEM DO CONCRETO

Vimos que a NBR 12.655 (2006) admite amostragens parciais com diferentes tamanhos de
amostra. Para o engenheiro que deve planejar a amostragem fica a dúvida. Com quantos
exemplares devo formar a amostra parcial? Isso é função da relação entre custo do concreto
x custo de laboratório. Para amostras menores há que se ter uma resistência de dosagem
mais alta e vice-versa. A análise estatística não é muito simples e por isso não é
conveniente sua descrição na presente apostila. A alternativa que propomos aqui é uma
delimitação das regras da NBR 12.655 (2006) com o fim de facilitar a vida do engenheiro RT
da obra e evitar algumas interpretações errôneas da norma (coisa bastante comum), durante
a execução da obra, que possam resultar em amostras de tamanho insuficiente. A seguir
vamos às sugestões:

I - Concreto usinado (Betonadas em geral de 6 ou 8 m3)

a) Peças submetidas a esforços de compressão ou flexo-compressão (lotes de no máximo


50 m3)

Exemplos desse tipo de peça estrutural: pilares, vigas de transição, blocos de coroamento
de estacas ou tubulões, estacas tubulões, sapatas, etc.

Utilizar sempre AMOSTRAGEM TOTAL => moldar 1 exemplar (2 corpos-de-prova) de


cada betonada para ensaio aos 28 dias de idade.

b) Peças submetidas somente a esforços de flexão (lotes de até 100 m3)

Exemplos : vigas, lajes, etc.

Utilizar preferencialmente AMOSTRAGEM TOTAL mas pode ser economicamente


interessante utilizar AMOSTRAGEM PARCIAL => moldar 6 exemplares por lote (total de
12 corpos-de-prova).

II - Concreto produzido na obra com betoneiras de pequeno volume (menor que 6 m3)

Utilizar AMOSTRAGEM PARCIAL => moldar sempre 6 exemplares por lote (total de 12
corpos-de-prova).

Respeitar os seguintes limites:


- 1 semana por lote;
- Volume máximo por lote de 50 m3 para peças submetidas a esforços de compressão ou
flexo-compressão;
- Volume máximo por lote de 100 m3 para peças submetidas somente a esforços de
flexão.

III - Concreto usinado com complementações utilizando concreto produzido na obra

Além das amostras dos lotes de concreto usinado não esquecer de formar pelo menos
uma amostra composta por 6 exemplares a cada semana para o concreto complementar
produzido na obra. Distribuir essa amostragem durante a semana.

36
IV - Casos excepcionais

Mesmo sabendo-se que a NBR 12655 (2006) admite a formação de amostras parciais
com número de exemplares entre 2 e 5 para os casos de lotes com volumes menores que
10 m3 , isso não é recomendável na prática, pois aumenta-se consideravelmente o risco
de não aceitação automática de um lote conforme. A nossa recomendação é também
formar essa amostra com 6 exemplares.

Isso acontece, por exemplo, quando, após a concretagem e aceitação automática dos
concretos de vários pavimentos, passa-se à última concretagem, do conjunto barrilete-
caixa d’água. Com um volume menor que 10 m3 , pode-se optar por uma amostra menor
que 6 exemplares. No entanto, se o concreto utilizado for o mesmo que os anteriores, e
os fcks estimados com 6 exemplares foram somente ligeiramente superiores ao fck de
projeto, quando a amostra for reduzida, a probabilidade de não aceitação vai ser
aumentada consideravelmente. Para que isso não ocorra é necessário mudar o traço do
concreto a fim de produzi-lo com uma resistência média maior. Resumindo: Na prática é
mais fácil e mais barato fazer a amostragem com 6 exemplares e manter o mesmo traço.

Mudando de assunto. . .
Sobre o controle aceitação do concreto fresco observe o que diz a norma americana
ASTM C94/94M-04a – Standard Specification for Ready Mixed Concrete

. . . Tolerâncias para o Slump Nominal

Slump especificado (nominal) Tolerância


50 mm ou menos + 15 mm
50 a 100 mm + 25 mm
mais que 100 mm + 40 mm

37
Exercícios de Controle de Aceitação de Estrutura de Concreto
1) Durante um controle da resistência do concreto da estrutura de um edifício cuja
resistência característica aos 28 dias era 20 MPa, obteve-se os valores relacionados na
tabela abaixo para o concreto das lajes e vigas do 9o Pavimento Tipo que ao todo dava um
lote de concreto usinado. O volume total de concreto das lajes e vigas do Pavimento Tipo
era 96 m3 e foi totalmente misturado em caminhões betoneira de volume máximo de 6 m3.
Verifique se a estrutura será aceita automaticamente.

Resistência à compressão (MPa)


Exemplar
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
c.p. 1 20,0 22,5 21,2 24,2 25,0 23,8 22,9 21,3 27,2 26,1 22,4
c.p. 2 18,5 24,0 21,3 25,8 23,3 26,7 24,5 25,2 23,4 24,3 22,4

2) Verifique se a estrutura será aceita automaticamente para os mesmos dados do


problema anterior sendo a única diferença o fato de que o volume total de concreto das lajes
e vigas do Pavimento Tipo era de 66 m3.

3) Um edifício de 10 pavimentos é concretado usando concreto de fck de projeto de 20 MPa


produzido na obra em uma betoneira de volume útil de 2 m3. O cimento é medido em massa,
a água de amassamento é medida em volume mediante dispositivo dosador e os agregados
medidos em volume. A umidade do agregado miúdo é determinada pelo menos três vezes
durante o serviço do mesmo turno de concretagem. O volume de agregado miúdo é corrigido
através da curva de inchamento estabelecida especificamente para o material utilizado. As
vigas e lajes de cada pavimento formam um lote de 88 m3 em que são moldados 22
exemplares para ensaio à compressão cujo resultado à 28 dias do 4o andar é apresentado
na tabela abaixo. Verifique se a estrutura composta pelas vigas e lajes do 4o andar pode ser
aceita automaticamente.

Resistência à compressão (MPa)


Exemplar
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
c.p. 1 18,8 22,5 20,2 24,2 25,0 23,8 22,9 21,3 27,2 26,1 22,0
c.p. 2 18,5 24,0 20,3 25,8 23,3 26,7 24,5 25,2 23,4 24,3 22,5
Resistência à compressão (MPa)
Exemplar
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
c.p. 1 23,0 21,5 20,2 21,2 25,5 22,8 24,9 20,3 28,2 24,1 20,0
c.p. 2 19,5 25,0 21,3 22,8 24,3 23,7 25,5 25,2 25,4 23,3 20,6

4) Faça a mesma verificação do exercício anterior considerando que só tivessem sido


moldados os exemplares de 1 a 6 mostrados na tabela.

5) O conjunto de pilares do Pavimento Tipo do 3o andar de um edifício com fck = 20 MPa a


28 dias possui volume total de 5,6 m3. Eles foram concretados utilizando a produção de uma
betoneira de volume nominal 320 l (volume útil de 250 litros) e condição de preparo do
concreto tipo B. Foram moldados 2 exemplares cujos resultados do laboratório são
apresentados na tabela abaixo. Verifique se a estrutura composta pelos pilares do 3o andar
será aceita automaticamente.

Resistência à compressão (MPa)


Exemplar 1 2
c.p. 1 25,5 23,0
c.p. 2 24,3 19,5
38
6) Faça a mesma verificação anterior para o caso de terem sido moldados 3 exemplares
segundo a tabela abaixo:

Resistência à compressão (MPa)


Exemplar 1 2 3
c.p. 1 25,5 23,0 20,2
c.p. 2 24,3 19,5 22,3

7) Um edifício de 6 pavimentos terá sua estrutura executada em concreto produzido na obra


(fck = 20 MPa). Sabendo-se que a concretagem dos pilares, vigas e lajes de cada pavimento
será executada numa mesma etapa (volume total de 48 m3 por pavimento), que o ritmo de
execução da estrutura prevê a produção de um pavimento a cada 15 dias e que o volume
de produção de uma betonada é de 250 litros de concreto (para cada saco de cimento),
estabelecer um programa de controle da resistência do concreto, ou seja, número de lotes
por pavimento, número de betonadas por lote, número de exemplares por lote e em que
seqüência de moldagem.

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