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O alongamento da vida humana é um dos maiores êxitos conseguidos pela humanidade, sendo
o actual desafio primar a Qualidade de Vida. Deste modo, a Comissão Independente População e
Qualidade de Vida (1998), propôs, a todos os países, que o foco central da tomada das decisões
políticas seja a melhoria sustentada da qualidade de vida da população.
Apesar da esperança de vida ter vindo a aumentar, significativamente, nas últimas décadas, nos
Açores, sendo, para ambos os sexos, em 2001, de 73,6 anos, ao confrontarmo-la com a de
Portugal, no seu todo (76,9 anos), verificamos que os Açorianos estão a 3,3 anos de distância da
maioria dos Portugueses e a 4,6 anos, da maioria dos Europeus (78,2 anos) (Instituto Nacional de
Estatística, 2001). É muito tempo para não se viver!
Para além disso, verificamos que Portugal continua a registar elevada percentagem de pessoas
em situação de dependência, nomeadamente, da população com mais idade, de 1960 para 2000,
aumentou 10,5%, prevendo-se até 2030 o aumento de mais 11% (Robine, 2000/1). Apesar de não
termos dados relativos a esta situação, nos Açores, segundo referência dos enfermeiros da
prestação de cuidados, na comunidade, este número tem vindo a aumentar, significativamente.
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Gráfico 1- Tempo utilizado, pelos enfermeiros, na prestação de cuidados directos, aos clientes,
ao longo de todo o ciclo vital.
65 e mais Grávidas/
anos puerperas
21% 7%
0 - 10/12
anos
29%
50 - 64 anos
22%
19 - 49 anos 10/12 - 18
10% anos
11%
O Decreto Regulamentar Regional nº3/86/A define, como objectivo dos Centros de Saúde, a
promoção e vigilância da saúde, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da doença e a
reabilitação, do indivíduo, família e comunidade, estando vocacionados para o desenvolvimento de
actividades de promoção e protecção da saúde. Questionámos os participantes sobre: qual a área,
deste objectivo, privilegiada com a intervenção da enfermagem, com os clientes com 50 e mais
anos. Por unanimidade, todos foram da opinião que a área privilegiada é o tratamento, em que
clarifica a Enfermeira São e é aceite, por todos os outros Enfermeiros Chefes“...começamos a desinvestir
na prevenção, antes dos 20s, muito antes dos 20 anos, não é de forma voluntária, mas, só depois das patologias já estarem
instaladas, é que começamos, novamente, a investir, neste grupo etário...e no tratamento…”(568-575). Solicitámos,
também, que identificassem os factores que condicionam a tal situação e estratégias de mudança.
Através da análise de conteúdo, emergiram vários factores como: as POLÍTICAS DE SAÚDE
NACIONAIS E REGIONAIS, como expressa o Enfermeiro Pedro, com o acordo do grupo“...a
política de saúde (...), os cuidados de saúde primários, de facto, estão definidos no papel, mas, depois, na aplicação prática (...),
dá-se, exactamente, o contrário ...”(FGF 282-297), porque “... apela ao tratamento, preocupa-se, apenas, com a doença...”(FGE
clarifica o grupo do Enfermeiro João. Reforça de algum modo esta ideia a Enfermeira
409-412),
Leonor:“...em termos económicos, os Centros de Saúde são, sempre, prejudicados, em relação aos Cuidados Diferenciados, que
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absorvem a maioria das verbas disponíveis e...os recursos humanos, por muito que se fale em promoção de saúde e prevenção da
doença, as cotas são, sempre, maiores para os Hospitais...”(EH 188-198).
A nível Regional, como afirma a Enfermeira Maria de Deus“...não há directrizes específicas da Direcção
Regional de Saúde, para este grupo etário(...), em nenhuma área específica, tirando os cuidados continuados...”(EH 18-40).
Opinião contrária tem o Secretário Regional dos Assuntos Sociais “…a política de saúde a este nível está
perfeitamente definida, está, perfeitamente, orientada para as diversas áreas e, em particular, para este segmento de cidadãos, …o
que é preciso é, por um lado, melhorar a acessibilidade e, por outro, promover a informação…” (821-872). Aliás as
orientações para «viver mais tempo e de forma mais saudável» contempladas no Plano Regional de
Saúde 2004-2006 (Secretaria Regional dos Assuntos Sociais, 2004), apesar de serem muito gerais,
direccionam-se exactamente para a educação: sensibilizar a população, para ter uma vida saudável;
insistir, de forma consequente, para que se ponha fim a comportamentos e dependências, que
encurtem a vida ou depreciem a sua qualidade e campanhas de luta, contra factores de risco
(tabaco, álcool, drogas ilícitas, obesidade, sedentarismo, acidentes rodoviários, de trabalho e
domésticos). Para além destas, existem directrizes para a promoção do envelhecimento saudável,
no Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas (Ministério da Saúde, 2004). Apesar deste
ter sido aprovado em 2004, continua sem ser implementado, nos Açores, o que vem confirmar que,
no papel, até, há directrizes, o que não ocorre é a sua aplicação, à prática, como referiram os
participantes. No entanto, segundo o Secretário Regional dos Assuntos Sociais “…até ao final deste ano,
é possível termos o plano todo estruturado e no próximo ano implementar… ” (973- 979).
O facto de não existirem metas/objectivos definidos, no Centro de Saúde, leva à não existência
de Projecto de Unidade de Saúde, despotencializando os projectos individuais dos enfermeiros,
ideia, bem patente, no discurso do grupo da Enfermeira Maria:“...não há um projecto de Unidade (...),
sentimos que estamos muito divididos, muito sozinhos, cada um está a trabalhar na sua direcção...e não temos aquela força de
grupo (...), às vezes, temos de ser ousados...e esta força, sozinhos, não a temos...claro, tudo o que é muito dividido é mais fraco (...),
portanto, perde-se tudo um bocadinho (...), se houvesse um projecto único e, se todos trabalhassem para aquele projecto, se calhar,
havia outra disponibilidade... para arranjar outras estratégias (...), devíamos trabalhar de forma concertada, haver um projecto de
equipa, era giro, era giríssimo, o nosso projecto, o projecto da nossa Unidade de Saúde (...) Assim, íamos ver os resultados
efectivos da nossa intervenção...e ter a sensação de todos estarem a trabalhar para o mesmo fim (...) podíamos ter mais sucesso,
fazemos coisas muito boas (...) se houvesse uma conjugação de esforços, era mais eficaz,...é uma questão de gestão da Unidade e
da Instituição...”(FGB 854-881). Por isso é que Kotler (2004), defende, como fundamental, existir, nas
organizações, orientações base, para que cada um actue com consistência, direcção e oportunidade,
para a concretização das metas da organização.
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Quanto aos adultos e idosos (...), vamos fazendo algumas coisas,...pouco, com os grupos vulneráveis, ou de risco (...) Devido à
junção dos serviços materno-infantis, aos médico-sociais (...), juntou-se a saúde materna e a saúde infantil e o tratamento (...) e isto
absorve, de tal maneira, o trabalho dos enfermeiros, que lhes resta muito pouco tempo para as actividades de prevenção primária,
propriamente dita, e daí o desinvestimento, neste grupo populacional...”(550-868).
Do exposto pelos Enfermeiros Chefes, concluímos que a enfermagem continua a apostar, numa
necessidade identificada, na década de 50, com a elevada taxa de mortalidade infantil, nos Açores,
mas que, já em 2003, a nível regional, apresentava o valor mais reduzido do país, 2,9%o (Instituto
Nacional de Estatística, 2003). As necessidades actuais são outras, nomeadamente, com a
população, com 50 e mais anos, como opina o grupo da Enfermeira Fátima:“...estas pessoas... deviam ser a
grande prioridade do Centro de Saúde. É a prioridade da actualidade… e há que consciencializar isto...”(FGD 489-502), como
defende o Conselho Internacional de Enfermeiros, o Conselho Internacional de Puericultores
(OMS, 2000) e a Comissão da União Europeia (1995). Mas, alerta a Enfermeira Catarina, “...nem
conhecemos esta população como devíamos, vamos intervindo com aquelas pessoas que nos aparecem, ou que nos vão dizendo: em
tal sítio, há uma senhora, assim, assim e nós vamos lá a casa, mas quantas necessitam dos nossos cuidados e não
sabemos?...”(FGC 324-326). Deste modo, como preconiza a Ordem dos Enfermeiros (2002) e expressa a
Enfermeira Maria, para a mudança “...temos de fazer um levantamento de cada pessoa, de cada local, é tão diferente de
um local, para o outro...”(FGE 463-477). Acrescenta o Enfermeiro Pedro,“... nós temos que começar a fazer
diagnósticos situacionais,...para sabermos quais são as situações prioritárias da nossa população, que exigem, da nossa parte,
intervenção preventiva...”(FGF 337- 346). Complementa o Secretário Regional dos Assuntos Sociais“…criámos
em cada Unidade de Saúde um Núcleo de Formação Profissional (…) que tem de ser dinâmico dentro das próprias instituições,
que tem de fazer o levantamento das suas necessidades, que tem de participar activamente no plano de actividades de cada
Unidade de Saúde e têm de propor medidas que levem, por um lado, a que se cumpram os objectivos do plano de actividades e por
outro que vão ao encontro das necessidades e daquilo que o próprio núcleo quer dinamizar, na sua comunidade (…) têm de ter
uma participação activa e interventiva junto das chefias e dos representantes dos Conselhos de Administração…”(911-956). A
partir daí, como referem os Enfermeiros Chefes:“...através da consulta de enfermagem, uma vez por ano(...),
convocar(...) um grupo de 4, 6 pessoas, por dia(...), avaliando parâmetros, despistando problemas, que a pessoa identifique, não
somos nós a identificar os problemas ou necessidades afectadas, mas, sim, as identificadas, pelo utente(...). Conforme a percepção
dele, então estabelecer o diagnóstico e intervenção e depois prever a avaliação, que é outra coisa que não fazemos(...) e, tentar
atribuir, «a cada família um enfermeiro»!...”(660-663). Esta é, também, a aposta da Ordem dos Enfermeiros
(2002), centrar a intervenção de enfermagem no cliente/família, sendo toda a unidade familiar alvo
do processo de cuidados, visando alterações de comportamento para a adopção de estilos de vida
saudáveis, compatíveis com a promoção de saúde.
A população activa, debate-se, ainda, com mais dificuldades, no acesso aos serviços de saúde,
como salientam vários grupos, nomeadamente, o da Enfermeira Leonor,“... com 50 e mais anos…há muita
população ainda activa,... se faltam um dia ao emprego é com muita dificuldade, só coisas de muita necessidade (...), mas, nós,
também, só abrimos durante o dia, enquanto eles estão a trabalhar (…) é tudo ao contrário…”(FGB 371-381). Daí que o
Secretário Regional dos Assuntos Sociais considere que “…Uma estratégia que se terá de implementar será
melhorar a acessibilidade destes cidadãos aos cuidados de saúde para que (…), possam ter outros incentivos …”(771-782).
Sugerem, ainda, as Enfermeiras Teresa e Margarida“…tem de haver alargamento do horário de trabalho...”(FGB
501-515) e “... autonomia, para gerir o nosso tempo...”(FGC 429-431).
Para além destes factores, questionam uns enfermeiros e afirmam outros, como é o caso do
grupo do Enfermeiro Miguel “…temos, como pano de fundo, o modelo biomédico...” (FGC 495-500) o que leva a
que, como acrescenta o grupo da Enfermeira Conceição,“...a nossa rotina diária tira-nos, completamente, da
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realidade e, leva-nos a ignorar as situações particulares das pessoas...”(FGD 625-630). Daí que, como expressa a
Enfermeira Luana, com vista à mudança “...temos de descer muito, muito, ao nível daquela pessoa...e ver qual é o seu
objectivo (...) e saber o que ela quer que eu lhe dê...” (FGB 757-798). Aliás, privilegiar a personalização da relação
é um dos aspectos salientados no Decreto Regulamentar Regional nº 3/86/A.
Defende a Ordem dos Enfermeiros (2002), que a qualidade dos cuidados exige reflexão, o que
evidencia a necessidade da criação de tempo apropriado, para reflectir os cuidados prestados.
Consciente desta situação, lança para discussão a Enfermeira Maria, outra das razões de se
perpetuar, ao longo dos tempos, a intervenção de enfermagem, no tratamento “...em equipa, não se
discutem essas coisas (...), não há uma organização para estas discussões...” (FGE 442-448). Deste modo, o Enfermeiro
António sugere, para a mudança, “...por exemplo: se todas as 6ªs feiras, da 1,30 às 2,30, ficasse definido para nos
reunirmos, criávamos este hábito, discutíamos e consciencializávamos a intervenção que temos, nesta área e o que tínhamos de
mudar, o facto de podermos partilhar é muito importante(...)para a melhoria da qualidade dos cuidados e a gente aprende, uns
com os outros...”(FGB 859-869). Há que ter, como defende Honoré (2004), abertura de espírito, olhar
crítico e atitude reflexiva para nos questionarmos sobre o que fazemos, na prática, sobre o que
muda, para descobrirmos aspectos escondidos e termos a certeza de que estamos a promover o
cuidar, a pessoa e a sua qualidade de vida. Daí que saliente, ainda, a Enfermeira Maria Teresa,“...o
enfermeiro deve realizar e divulgar trabalhos de investigação, nomeadamente, com esta população e, com base nesta, melhorar a
sua prática...”(FGF 609-614).
Mas, as deficiências não são só a nível do trabalho de equipa intrainstituição, tem a ver,
também, com o trabalho interinstitucional, condicionando a continuidade de cuidados, como
salientam as Enfermeiras São e Ana: “...podemos ter muito boas intenções, mas, sensibilizamos para irem fazer uma
mamografia, leva não sei quanto tempo, vão marcar o electrocardiograma, leva…, leva (…) Se se despista um problema visual….
Uh! Aí, então, é...é um problema. E dos dentes? (...), Acaba por ser uma frustração tão grande, investimos tanto e depois?(...). Não
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Garantir a articulação,
temos resposta, não há trabalho, em parceria,... nem continuidade de cuidados...”(FGA 850-858).
em tempo útil, entre os diferentes tipos de cuidados, o acesso rápido e gratuito, a todos os exames
complementares de diagnóstico, de natureza preventiva, sendo dada prioridade às solicitações dos
Cuidados Primários de Saúde, é uma das estratégias definidas no Plano Regional de Saúde 2004-
2006, mas, que, pelo que parece, não concretizada, na prática. Por isso, o grupo do Enfermeiro
José Vasco preconiza “...se queremos que as pessoas mudem comportamentos, elas têm de se sentir apoiadas, amparadas. É
preciso promover a continuidade de cuidados, na instituição e com outras instituições. Melhorar a qualidade de vida das pessoas
não deve ser, não pode ser, objectivo único da enfermagem. Tem de haver um grande trabalho, em equipa e efectivo, com técnicos
multidisciplinares (…) e com todos os recursos da comunidade...”(FGB 757-770), como concretiza a Enfermeira
Catarina, através de “...protocolos...”(FGA 432-433). Estas sugestões estão em perfeita sintonia com o
preconizado no “Programa Saúde 21”- “Midwife” (OMS, 2000), na meta 1 e 2.
O grupo da Enfermeira Rita chama a atenção para a importância de se atender às preferências
dos enfermeiros,“...haver um grupo, totalmente voltado para esta área da promoção da saúde e prevenção da doença, deste
grupo populacional(...),com apetências, para ela. As apetências têm de ser aproveitadas, porque, assim, é que se
rentabiliza...”(FGD 661-685), pelo que considera o grupo da Enfermeira Teresa:“...fazer um levantamento… cada
enfermeiro dizer onde prefere trabalhar e direccioná-lo para a sua área de eleição, para que cada um invista, onde se sente
melhor...”(FGE 425-429).
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não há acompanhamento, no investimento, que fazemos, nesta área...”(FGE 382-394). Para além destes, salienta a
Representante da Ordem dos Enfermeiros “... nos Centros de Saúde, não há as coisas mais elementares e isto,
também, deve desmotivar um bocadinho, as pessoas ...” (74-78). A invisibilidade de mudança de comportamentos
dos clientes, como foi tema de discussão, no grupo da Enfermeira Bárbara, é outro factor
desmobilizador“...sentimos desmotivação por não conseguirmos aqueles resultados que queríamos(...),enquanto, no hospital
(...) vêem-se resultados rápidos,...nós, aqui, estamos, anos e anos e anos,...estamos, com as mesmas pessoas, anos...É preciso ter
fé... ” (FGA 757- 783). “...O preconceito de enfermeiro competente ser o enfermeiro do hospital...”(FGA 844-848) é outro
factor partilhado pelo Enfermeiro Manuel, com o qual concordou todo o grupo.
Motivar os enfermeiros para a mudança passa, como sintetizou, o Enfermeiro Luís Miguel,
“...precisamos de incentivo(...) isto pode passar por estarem presentes, nas acções …”(FGA 410-417), complementa a
Enfermeira Maria Rita “... os enfermeiros, quando começarem a ver a utilidade do seu trabalho, na comunidade..., o
reconhecimento que a enfermagem tem, por esta via,...vão aderir …”(EI 129-138).
Esta POPULAÇÃO de clientes com 50 e mais anos possui, também, uma série de
CARACTERÍSTICAS que condicionam a que seja privilegiado o tratamento, como salienta a
Enfermeira Maria, “... a própria população só vem quando está doente (…), por exemplo, se dizemos a uma cliente «não tem
aparecido!», elas dizem «Óh senhora enfermeira, o que vinha fazer? Não estou doente»,…ou então, «Para que é que eu hei-de
vir?…Já não tomo a pílula, nem estou grávida, …os meninos já são grandes!…»”(FGG 890-945). Será que não somos nós,
enfermeiros, a alimentar, nos clientes, esta concepção de enfermagem, pela nossa intervenção e
postura do dia-a-dia? Para contrariar esta situação, sugere o Enfermeiro Manuel,“...se as pessoas não
vêm ao nosso encontro,...vamos nós ao encontro das pessoas,...ir à comunidade, ir ao domicílio, fazer visitas domiciliárias...”(FGD
462-474), como preconiza o Decreto Regulamentar Regional nº3/86/A.
As crenças, que esta população possui, acerca da saúde, de tratamento, de prevenção da
doença, como refere a Enfermeira Catarina, também inviabilizam a intervenção adequada “... perante
uma situação de doença, recorriam ao vizinho x, ou ao amigo y (...) e este actuava (…) de forma correcta ou incorrecta. Era no
que eles acreditavam e, ainda hoje, continuam a acreditar, piamente (...), quando vêm, já a situação está complicada (…), para a
atitude preventiva, ainda não estão mentalizados, acham que os antecedentes familiares não são possíveis de serem impedidos(...).
São factores culturais e é muito difícil lidar com as mentalidades, tradicionalmente aceites, porque o avô fazia, a mãe, o pai
...”(FGD 230-352).
A agravar esta situação, surge o facto de terem baixo nível de escolaridade, como
verbaliza a Enfermeira Rita“...são pessoas que não sabem ler, nem escrever e, claro que isto dificulta a passagem, de
qualquer mensagem...” (FGB 576-580). Como estratégia para a mudança, consciencializa a Enfermeira
Teresa “…temos que ser criativos, ver as pessoas a quem nos dirigimos (…) com temáticas apelativas e com estratégias
apelativas, também (...), fazendo campeonatos/torneios de jogos de cartas, falando em futebol, e ir introduzindo a mensagem para
a promoção da saúde..., poderíamos, nem sequer falar, tendo uns cartazes, panfletos bem feitos, a pessoa vendo, interioriza a
mensagem ...”(FGG 204-277).
“...Um dos factores de risco inalteráveis, é a idade (...). Nestas idades, surge uma situação que é a multipatologia...” (123-149),
opina um elemento do Conselho de Administração. Assim, “...os enfermeiros têm de se organizar no sentido de,
com certeza, assegurarem a prevenção secundária e disponibilizar enfermeiros para saírem fora dos seus «muros» de trabalho,
para irem ao encontro das pessoas (...), para a promoção da saúde e prevenção da doença deste grupo etário...” (FGF 327- 426),
sugere, como estratégia de mudança, o grupo da Enfermeira Margarida.
A Comissão das Comunidades Europeias (1999) considera que, actualmente, a maioria dos
idosos beneficia de melhores condições de vida do que no passado, mas, salienta a necessidade de
serem criadas políticas que reflictam, de forma mais adequada, a diversidade das situações, para
melhor mobilização dos recursos, minimizando os riscos da exclusão social, que promovam um
envelhecimento saudável e que limitem o aumento da dependência. Consciente desta situação, a
Enfermeira Leonor, complementada pelo grupo, alerta para “...um outro aspecto, que não podemos, de maneira
alguma, esquecer, tem a ver com a política social,... a esmagadora maioria dos nossos idosos aufere baixas pensões, o que não
contribui, de modo algum, para a sua qualidade de vida (...). O que nós enfermeiros podemos fazer para isso? Podemos fazer valer
a nossa opinião, junto das entidades competentes, que mais não seja como cidadãos, demonstrando que o pouco dinheiro, da
esmagadora maioria dos idosos, fica na farmácia e, por conseguinte, como é que podem ter uma alimentação equilibrada?...Como
é que podem ter acesso aos bens essenciais?...Como é que podem ter meios de recreação, ir a um restaurante,...ir a um teatro,...se
não têm para o essencial!...”(FGF 654-677). Com vista à garantia dos direitos de bem-estar socio-económico
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e da qualidade de vida da população, preconizados no artigo 81º, da Constituição da República
Portuguesa (Canotilho, J; Moreira, V, 1993) é fundamental a participação dos enfermeiros na
decisão e implantação das políticas, como defendido, na 2ª Conferência Interministerial de
Munique (OMS, 2000).
CONCLUSÃO
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sociedade em geral, nomeadamente, com idade mais avançada, possuem acerca do envelhecimento
e das pessoas idosas. Deste modo, a primeira mudança, que tem de ocorrer, é a nível de
mentalidades, para que se passe a dar prioridade mais elevada às politicas e à aplicação destas à
prática para a promoção da saúde e prevenção da doença, inclusivamente, das pessoas com 50 e
mais anos.
Os enfermeiros querem mudar e acreditam na mudança da sua prática, para a essência dos
Cuidados de Saúde Primários, com trabalho em rede, com todos os intervenientes, no processo e,
assim, contribuírem para que esta população seja cada vez mais saudável e tenha maior
longevidade, com melhor qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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- COMISSÃO DA UNIÃO EUROPEIA – DIRECÇÃO GERAL XV – Relatório e recomendações sobre linhas de orientação para
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- OMS – 2ª Conferência Interministerial de Munique – Declaração de Munique. Região Europeia da OMS, 2000.
- ORDEM DOS ENFERMEIROS – Divulgar padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem, enquadramento conceptual,
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- PORTUGAL. Ministério da Saúde. Direcção Geral da Saúde – Plano Nacional da Saúde 2004-2010: orientações estratégicas.
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